jurisprudÊncia stj 5

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Superior Tribunal de Justiça AgRg no RECURSO EM HABEAS CORPUS 48.271 - RS (2014/0126730-1) RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHER AGRAVANTE : FERNANDO JOSÉ CUNHA CABRAL ADVOGADO : MARCELO BENITES CABRAL E OUTRO(S) AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PACIENTE : SÉRGIO GONZALEZ EMENTA PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. MATÉRIA DE PROVA. AUTORIA DE GRAVAÇÕES TELEFÔNICAS. CONTROVÉRSIA FÁTICA. DEBATE INVIÁVEL EM SEDE DE HABEAS CORPUS. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. I - É pacífico na jurisprudência deste colendo STJ e do eg. STF que a via estreita do writ não se revela campo processual adequado ao reexame de matéria fático-probatória. II - No caso dos autos, o v. acórdão objeto do recurso interposto ajusta-se à orientação jurisprudencial desta eg. Corte. Ao examinar a questão, destacou que "A existência de divergência entre [...] o Ministério Público Federal, que sustenta que as gravações teriam sido realizadas por um dos interlocutores, e, de outro, a defesa do paciente, aduzindo que se trata de interceptações telefônicas efetuadas por terceiro e, portanto, ilícitas, impede que se trânsito ao pedido de reconhecimento da ilicitude dos elementos probatórios impugnados, tendo em vista a limitação cognitiva que se de observar na via do habeas corpus, bem assim a impossibilidade de que esta Corte substitua-se, no tempo, ao juízo da causa, que diferiu a análise da questão para a sentença" (fl. 99, e-STJ). Agravo regimental desprovido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental. Os Srs. Ministros Gurgel de Faria, Reynaldo Soares da Fonseca, Newton Trisotto (Desembargador Convocado do TJ/SC) e Leopoldo de Arruda Raposo Documento: 1417717 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 25/06/2015 Página 1 de 12

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Inteiro teor Jurisprudência STJ

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  • Superior Tribunal de Justia

    AgRg no RECURSO EM HABEAS CORPUS N 48.271 - RS (2014/0126730-1) RELATOR : MINISTRO FELIX FISCHERAGRAVANTE : FERNANDO JOS CUNHA CABRAL ADVOGADO : MARCELO BENITES CABRAL E OUTRO(S)AGRAVADO : MINISTRIO PBLICO FEDERAL PACIENTE : SRGIO GONZALEZ

    EMENTA

    PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. MATRIA DE PROVA. AUTORIA DE GRAVAES TELEFNICAS. CONTROVRSIA FTICA. DEBATE INVIVEL EM SEDE DE HABEAS CORPUS. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

    I - pacfico na jurisprudncia deste colendo STJ e do eg. STF que a via estreita do writ no se revela campo processual adequado ao reexame de matria ftico-probatria.

    II - No caso dos autos, o v. acrdo objeto do recurso interposto ajusta-se orientao jurisprudencial desta eg. Corte. Ao examinar a questo, destacou que "A existncia de divergncia entre [...] o Ministrio Pblico Federal, que sustenta que as gravaes teriam sido realizadas por um dos interlocutores, e, de outro, a defesa do paciente, aduzindo que se trata de interceptaes telefnicas efetuadas por terceiro e, portanto, ilcitas, impede que se d trnsito ao pedido de reconhecimento da ilicitude dos elementos probatrios impugnados, tendo em vista a limitao cognitiva que se h de observar na via do habeas corpus, bem assim a impossibilidade de que esta Corte substitua-se, no tempo, ao juzo da causa, que diferiu a anlise da questo para a sentena" (fl. 99, e-STJ).

    Agravo regimental desprovido.

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos os autos em que so partes as acima indicadas,

    acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justia, por unanimidade,

    negar provimento ao agravo regimental.

    Os Srs. Ministros Gurgel de Faria, Reynaldo Soares da Fonseca, Newton

    Trisotto (Desembargador Convocado do TJ/SC) e Leopoldo de Arruda Raposo Documento: 1417717 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 25/06/2015 Pgina 1 de 12

  • Superior Tribunal de Justia

    (Desembargador convocado do TJ/PE) votaram com o Sr. Ministro Relator.

    Braslia (DF), 16 de junho de 2015 (Data do Julgamento).

    Ministro Felix Fischer

    Relator

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  • Superior Tribunal de JustiaAgRg no RECURSO EM HABEAS CORPUS N 48.271 - RS (2014/0126730-1)

    RELATRIO

    O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Trata-se de agravo

    regimental interposto por SRGIO GONZALEZ, em face da deciso que negou provimento

    ao recurso ordinrio interposto.

    Na ocasio, restou consignado no decisrio que "a existncia de dvidas

    sobre a origem da gravao existente nos autos, impede que a questo seja dirimida na

    presente sede processual, pois firme a orientao desta Corte no sentido de que o

    habeas corpus no se revela cabvel ao pretendido reexame da matria ftico-probatria

    (HC 213.128/ES, Sexta Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe 14/05/2015, v.g.)" (fl. 172,

    e-STJ).

    No presente recurso de agravo sustenta-se que "A pretensa divergncia no

    ocorre. Trata-se to somente de mero equvoco do representante ministerial no parecer

    de fls. 6.970 da ao penal originria, o qual foi encampado sem maiores cuidados pelo

    parecer do representante do parquet no presente remdio herico, e que agora,

    equivocadamente tambm foi encampado pelo Senhor Ministro Relator. E tal vai de

    encontro atuao, posio e documentao emitida pelo prprio Ministrio Pblico em

    todo processado originrio no que tange prova a qual se busca a declarao de

    ilicitude. A respeitvel deciso agravada est equivocada vez que resta provado de

    forma inquestionvel e suficiente, que as gravaes em questo foram realizados pelo

    reprter Giovani Grizotti da RBSTV, e que este no foi um dos interlocutores das

    conversas interceptadas. A pretensa divergncia premissa falsa, e no pode ser

    utilizada como argumento de complexidade probatria onde tal no ocorre" (fls.

    182-183, e-STJ).

    Aduz ainda que "As conversas gravadas pelo reprter da RBSTV no foram

    conversas onde um dos partcipes para futura defesa, ou que para proteger-se de crime

    gravou-as. Mas foi, sim conluio entre o referido reprter e um dos interlocutores para

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  • Superior Tribunal de Justiaarmar emboscada contra o outro, com o fim de 'valorizar' pretensas suas denncias que

    acabaram desmascaradas na ao penal originria. No caso no h que se dizer que as

    gravaes e transcries admitidas pelo juzo da ao penal originria (boletim JF/RS

    172/2013), sejam meras gravaes de conversas prprias por um dos interlocutores.

    Est fartamente registrado no presente habeas corpus que o que ocorreu foi ESCUTA E

    GRAVAO POR TERCEIRO DE COMUNICAO TELEFNICA ALHEIA EM

    LOCAL DIVERSO DA REALIZAO DAS LIGAES TELEFNICAS, o que

    caracteriza interceptao telefnica sem autorizao judicial prvia " (fls. 183-184,

    e-STJ).

    Ao final, requer o provimento do recurso "por no ocorrer a alegada

    divergncia quanto a quem gravou as conversas interceptadas, o que importaria em

    limitao cognitiva em sede de habeas corpus no ocorre" para "decretar a ilicitude das

    gravaes telefnicas arrecadadas pelo Ministrio Pblico do Estado do Rio Grande do

    Sul, no auto de arrecadao de fl. 71, do anexo 1, da ao penal originria, bem como

    das fitas das reportagens produzidas que delas se utilizaram, tudo bem identificado no

    Boletim JF/RS 159/2013, bem como quaisquer outras provas originadas das referidas

    interceptaes ilegais, ou delas derivadas [...]" (fl. 188, e-STJ).

    o relatrio.

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  • Superior Tribunal de JustiaAgRg no RECURSO EM HABEAS CORPUS N 48.271 - RS (2014/0126730-1)

    EMENTA

    PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINRIO EM HABEAS CORPUS. MATRIA DE PROVA. AUTORIA DE GRAVAES TELEFNICAS. CONTROVRSIA FTICA. DEBATE INVIVEL EM SEDE DE HABEAS CORPUS. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

    I - pacfico na jurisprudncia deste colendo STJ e do eg. STF que a via estreita do writ no se revela campo processual adequado ao reexame de matria ftico-probatria.

    II - No caso dos autos, o v. acrdo objeto do recurso interposto ajusta-se orientao jurisprudencial desta eg. Corte. Ao examinar a questo, destacou que "A existncia de divergncia entre [...] o Ministrio Pblico Federal, que sustenta que as gravaes teriam sido realizadas por um dos interlocutores, e, de outro, a defesa do paciente, aduzindo que se trata de interceptaes telefnicas efetuadas por terceiro e, portanto, ilcitas, impede que se d trnsito ao pedido de reconhecimento da ilicitude dos elementos probatrios impugnados, tendo em vista a limitao cognitiva que se h de observar na via do habeas corpus, bem assim a impossibilidade de que esta Corte substitua-se, no tempo, ao juzo da causa, que diferiu a anlise da questo para a sentena" (fl. 99, e-STJ).

    Agravo regimental desprovido.

    VOTO

    O EXMO. SR. MINISTRO FELIX FISCHER: Presentes os pressupostos

    de admissibilidade, conheo do agravo.

    No presente caso, tenho que a deciso de fls. 168-173 deve ser mantida por

    seus prprios fundamentos, a seguir transcritos:

    "Trata-se de recurso ordinrio em habeas corpus , interposto em favor de SRGIO GONZALEZ, contra v. acrdo proferido nos autos do HC

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  • Superior Tribunal de Justia0007284-56.2013.404.0000/RS, pelo eg. Tribunal Regional Federal da 4. Regio , assim ementado (fl. 99, e-STJ):

    "PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PEDIDO DE DECLARAO DE ILICITUDE DE GRAVAES TELEFNICAS. CONTROVRSIA ACERCA DA FORMA DE PRODUO DA PROVA. IMPOSSIBILIDADE DE REVOLVIMENTO PROBATRIO NA VIA ELEITA.

    A existncia de divergncia entre, de um lado, o Ministrio Pblico Federal, que sustenta que as gravaes teriam sido realizadas por um dos interlocutores, e, de outro, a defesa do paciente, aduzindo que se trata de interceptaes telefnicas efetuadas por terceiro e, portanto, ilcitas, impede que se d trnsito ao pedido de reconhecimento da ilicitude dos elementos probatrios impugnados, tendo em vista a limitao cognitiva que se h de observar na via do habeas corpus, bem assim a impossibilidade de que esta Corte substitua-se, no tempo, ao juzo da causa, que diferiu a anlise da questo para a sentena."

    No presente recurso ordinrio, busca o recorrente, em sntese, o reconhecimento da ilicitude das gravaes telefnicas realizadas, ao argumento de terem sido gravadas por reprter de empresa jornalstica que no participou dos dilogos registrados.

    Afirma que no h que se falar em complexidade probatria, ante a existncia de farta documentao, o que permitiria a anlise da questo na via eleita.

    O Ministrio Pblico Federal, ao opinar na causa (fls. 158-165, e-STJ), manifestou-se pelo no provimento do recurso diante da impossibilidade de reexame de matria ftico probatria em sede de habeas corpus .

    o relatrio.Decido . Inicialmente, vale consignar que a orientao jurisprudencial deste eg.

    Superior Tribunal de Justia e a do eg. Supremo Tribunal Federal entendem que a gravao ambiental telefnica realizada por um dos interlocutores, ainda que sem autorizao judicial e mesmo sem o conhecimento de uma das partes, vlida para fins de prova em sede de processo penal.

    Nesse sentido, destaco:

    "PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRPRIO.OPERAO "URAGANO". CORRUPO ATIVA. GRAVAO AMBIENTAL. CAPTAO DE UDIO E IMAGEM REALIZADA POR UM DOS INTERLOCUTORES. DESCONHECIMENTO DO OUTRO (ORA PACIENTE). CONVERSA GRAVADA NA RESIDNCIA DO ACUSADO.LICITUDE DA PROVA. TRANCAMENTO DA AO PENAL. IMPOSSIBILIDADE.CONSTRANGIMENTO ILEGAL NO

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  • Superior Tribunal de JustiaEVIDENCIADO.

    1. A jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia, acompanhando a orientao da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, firmou-se no sentido de que o habeas corpus no pode ser utilizado como substituto de recurso prprio, sob pena de desvirtuar a finalidade dessa garantia constitucional, exceto quando a ilegalidade apontada for flagrante, hiptese em que se concede habeas corpus de ofcio.

    2. O acrdo hostilizado encontra-se em harmonia com a jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia no sentido de que a gravao ambiental realizada por um dos interlocutores, sem o consentimento do outro, lcita, ainda que obtida sem autorizao judicial, podendo ser validamente utilizada como elemento de prova, uma vez que a proteo conferida pela Lei n. 9.296/1996 se restringe s interceptaes de comunicaes telefnicas .

    3. No caso, a gravao ambiental ocorreu no domiclio do paciente, com o conhecimento de um dos interlocutores ex-secretrio de governo que agiu na condio de informante e colaborador , sendo realizada com a devida autorizao judicial. Na ocasio, o acusado convidou o servidor pblico municipal a entrar e permanecer na sua residncia, no restando evidenciado na hiptese o carter secreto da conversa captada, tampouco a obrigao jurdica de sigilo.

    4. As garantias previstas no art. 5, XII, da Constituio Federal tm por objetivo preservar a dignidade da pessoa humana e o direito intimidade da vida privada. Tal restrio, contudo, no deve prevalecer sobre o interesse pblico, tendo em vista que as garantias constitucionais no podem servir para proteger atividades ilcitas ou criminosas, sob pena de inverso de valores jurdicos.5. Habeas corpus no conhecido." (HC 222.818/MS, Quinta Turma , Rel. Min. Gurgel de Faria , DJe 25/11/2014).

    "RECURSO ESPECIAL. ARTIGO 214 C/C O ART. 224, "A", DO CP (ANTIGA REDAO). ART. 619 DO CPP. VIOLAO NO CARACTERIZADA. GRAVAO DE CONVERSA EM TERMINAL TELEFNICO PRPRIO, COM AUXLIO DE TERCEIRO . PODER-DEVER DE PROTEO DO FILHO MENOR. PROVA LCITA . ADMISSIBILIDADE. PALAVRA DA VTIMA. DIVERGNCIA JURISPRUDENCIAL. FALTA DE INDICAO DO DISPOSITIVO FEDERAL. SMULA 284/STF. REGIME PRISIONAL INICIAL. MATRIA NO PREQUESTIONADA. SMULA 211/STJ.RECONHECIMENTO DE FLAGRANTE ILEGALIDADE. CONCESSO DE HABEAS CORPUS DE OFCIO.

    1. No existe a violao ao artigo 619 do Cdigo de Processo Penal quando o acrdo recorrido decidiu a controvrsia de

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  • Superior Tribunal de Justiaforma fundamentada, sem incorrer em qualquer omisso.

    2. A teor do disposto no artigo 157 do Cdigo Penal so inadmissveis as provas ilcitas, assim consideradas as que violam direito material do ru, devendo ser desentranhadas do processo, de modo a conferir efetividade ao princpio do devido processo legal e a tutelar os direitos constitucionais de qualquer acusado no processo penal.

    3. No caso concreto, a genitora da vtima solicitou auxlio tcnico a terceiro para a gravao de conversas realizadas atravs de terminal telefnico de sua residncia, na qualidade de representante civil do menor impbere e investida no poder-dever de proteo e vigilncia do filho, no havendo ilicitude na gravao. Dada a absoluta incapacidade da vtima para os atos da vida civil - e ante a notcia de que estava sendo vtima de crime de natureza hedionda - a iniciativa da genitora de registrar conversa feita pelo filho com o autor da conjecturada prtica criminosa se assemelha gravao de conversa telefnica feita com a autorizao de um dos interlocutores, sem cincia do outro, quando h cometimento de delito por este ltimo, hiptese j reconhecida como vlida pelo Supremo Tribunal Federal (...)" (REsp 1026605/ES, Sexta Turma , Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz , DJe 13/06/2014).

    "AGRAVOS REGIMENTAIS. RECURSO ESPECIAL. AO PENAL. CRIMES DE FORMAO DE QUADRILHA E CONCUSSO. DISSDIO PRETORIANO. AUSNCIA DE COMPROVAO E DEMONSTRAO. ALEGAO DE OFENSA A DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL. INADEQUAO DA VIA ELEITA. CRIME IMPOSSVEL. NO OCORRNCIA. FLAGRANTE ESPERADO. POSSIBILIDADE. INTERROGATRIO DOS RUS. NULIDADE NO CONFIGURADA. APLICAO DA LEI PROCESSUAL NO TEMPO. CONCLUSES ACERCA DA MATERIALIDADE E AUTORIA DOS CRIMES.DOSIMETRIA DA PENA. FIXAO DA PENA BASE EM PATAMAR SUPERIOR AO MNIMO LEGAL. REEXAME DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. INADEQUAO DA VIA ELEITA. SUFICINCIA DA FUNDAMENTAO DO ACRDO EXARADO EM SEDE DE EMBARGOS DE DECLARAO (...)

    4. Tanto o STF, quanto este STJ, admitem ser vlida como prova a gravao ou filmagem de conversa feita por um dos interlocutores, mesmo sem autorizao judicial, no havendo falar, na hiptese, em interceptao telefnica, esta sim sujeita reserva de jurisdio (v.g.: do STJ - APn 644/BA, Relatora Min. ELIANA CALMON, Corte Especial, DJe 15/02/2012; do STF - RE 583.937 QO-RG/RJ, Relator Min.CEZAR PELUSO, Plenrio, DJe 18/12/2009) (...)" (AgRg no REsp 1196136/RO, Sexta Turma , Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora Convocada do TJ/PE), DJe 17/09/2013)

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  • Superior Tribunal de JustiaDo eg. STF , o seguinte precedente:

    "PROCESSUAL CIVIL. SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. COMPROVAO TARDIA DE TEMPESTIVIDADE. POSSIBILIDADE. MATRIA DECIDIDA PELO TRIBUNAL PLENO NO RE 626.358 AGR, MIN. CEZAR PELUSO, DJE DE 23/08/2012. INTERPOSIO DE RECURSO CONTRA DECISO QUE D PROVIMENTO A AGRAVO DE INSTRUMENTO. POSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL QUE DISCUTE O PRPRIO CONHECIMENTO DO RECURSO. GRAVAO TELEFNICA REALIZADA POR UM DOS INTERLOCUTORES. LICITUDE. POSSIBILIDADE DE UTILIZAO COMO PROVA EM PROCESSO JUDICIAL. PRECEDENTES.

    1. pacfico na jurisprudncia do STF o entendimento de que no h ilicitude em gravao telefnica realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro, podendo ela ser utilizada como prova em processo judicial.

    2. O STF, em caso anlogo, decidiu que admissvel o uso, como meio de prova, de gravao ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro (RE 583937 QO-RG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, DJe de 18-12-2009).

    3. Agravo regimental a que se nega provimento."(AI 602724 AgR-segundo, Segunda Turma , Rel. Min. Teori

    Zavascki , DJ-e de 22-08-2013).

    Na hiptese dos autos, o recorrente busca afastar o enquadramento do caso aos precedentes transcritos, uma vez que, segundo sustenta, a gravao telefnica em referncia teria sido feita por uma pessoa (reprter jornalstico) que no participou dos dilogos gravados .

    No entanto, conforme consignado no v. acrdo recorrido e, tambm, na douta manifestao do Ministrio Pblico Federal, existe controvrsia ftica sobre quem teria sido o autor dessas gravaes.

    Destaco, do douto parecer ministerial, essa especfica passagem: "Sustentou o recorrente que as gravaes telefnicas foram realizadas por

    jornalista que no teria participado dos dilogos gravados.Por outro lado, o Juzo de origem, rgo mais prximo dos fatos,

    asseverou haver informaes de que as gravaes foram 'realizadas por um dos interlocutores' (fl.95 e-STJ) (...)

    Nesse particular, a existncia de dvidas sobre a origem da gravao existente nos autos, impede que a questo seja dirimida na presente sede processual, pois firme a orientao desta Corte no sentido de que o habeas corpus no se revela cabvel ao pretendido reexame da matria ftico-probatria (HC 213.128/ES, Sexta Turma , Rel. Min. Nefi Cordeiro , DJe 14/05/2015, v.g.).

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  • Superior Tribunal de JustiaAssim, por ajustar-se orientao jurisprudencial desta eg. Corte

    Superior de Justia, no h que se falar em flagrante ilegalidade no v. acrdo recorrido, razo pela qual, nego provimento ao presente recurso ordinrio.

    P. e I."

    Assim, mantenho a deciso monocrtica ora questionada e, por conseqncia,

    nego provimento ao agravo.

    o voto.

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  • Superior Tribunal de Justia

    CERTIDO DE JULGAMENTOQUINTA TURMA

    AgRg no

    Nmero Registro: 2014/0126730-1 PROCESSO ELETRNICO RHC 48.271 / RSMATRIA CRIMINAL

    Nmeros Origem: 00072845620134040000 148261 200471000186907 72845620134040000

    EM MESA JULGADO: 16/06/2015

    RelatorExmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER

    Presidente da SessoExmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER

    Subprocurador-Geral da RepblicaExmo. Sr. Dr. ANTNIO AUGUSTO BRANDO DE ARAS

    SecretrioBel. MARCELO PEREIRA CRUVINEL

    AUTUAO

    RECORRENTE : FERNANDO JOS CUNHA CABRALADVOGADO : MARCELO BENITES CABRAL E OUTRO(S)RECORRIDO : MINISTRIO PBLICO FEDERALPACIENTE : SRGIO GONZALEZCORRU : AIRTON ROLIM ARAJOCORRU : ANTNIO CARLOS SONTAGCORRU : ANTNIO CARLOS COELHOCORRU : CARLOS AUGUSTO RODRIGUES BICACORRU : EDEGAR VIEIRA ROLIMCORRU : EVANDRO VARGAS DOS SANTOSCORRU : IVAN LUIZ PEDROZOCORRU : JOO BATISTA SILVEIRA DA SILVACORRU : JORGE LUIZ VIEIRA ROLIMCORRU : MRIO HAASCORRU : NILTON REGINALDOCORRU : PAULO RENATO PACHECOCORRU : SLVIO RENATO MEDEIROS PIRESCORRU : TNIA ELIZABETE AULERCORRU : THAS REGINA DA SILVA

    ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislao Extravagante - Crimes contra a Ordem Tributria

    AGRAVO REGIMENTAL

    AGRAVANTE : FERNANDO JOS CUNHA CABRALADVOGADO : MARCELO BENITES CABRAL E OUTRO(S)AGRAVADO : MINISTRIO PBLICO FEDERALPACIENTE : SRGIO GONZALEZ

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  • Superior Tribunal de Justia

    CERTIDO

    Certifico que a egrgia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epgrafe na sesso realizada nesta data, proferiu a seguinte deciso:

    "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental."Os Srs. Ministros Gurgel de Faria, Reynaldo Soares da Fonseca, Newton Trisotto

    (Desembargador Convocado do TJ/SC) e Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador convocado do TJ/PE) votaram com o Sr. Ministro Relator.

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