junho de 2005

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2 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005 DUAS PALAVRAS Propriedade, Redacção e Administração Federação Nacional dos Professores Rua Fialho de Almeida, 3 1070-128 LISBOA Tels.: 213819190 - Fax: 213819198 E-mail: [email protected] Home page: http://www.fenprof.pt Director: Paulo Sucena Chefe de Redacção: Luís Lobo Conselho de Redacção: António Avelãs e Manuel Grilo (SPGL), António Baldaia (SPN), Fernando Vicente (SPRA), Nélio de Sousa (SPM), Luís Lobo (SPRC), Manuel Nobre (SPZS), Teresa Chaveca (Ensino Superior) Coordenação: José Paulo Oliveira [email protected] | [email protected] Paginação e Grafismo: Tiago Madeira Composição: Idalina Martins e Lina Reis Revisão: Inês Carvalho Impressão: SOCTIP - Sociedade Tipográfica, S.A. Estrada Nacional, nº 10, km 108.3 - Porto Alto 2135-114 Samora Correia Tiragem média: 68 000 ex. Depósito Legal: 3062/88 ICS 109940 O “JF” está aberto à colaboração dos professores, mesmo quando não solicitada. A Redacção reserva- se, todavia, o direito de sintetizar ou não publicar quaisquer artigos, em função do espaço disponível. Os artigos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. SINDICATO DOS PROFESSORES DA GRANDE LISBOA R. Fialho de Almeida, 3 - 1070-128 Lisboa Tel.: 213819100 - Fax: 213819199 E-mail: [email protected] Home page: www.spgl.pt SINDICATO DOS PROFESSORES DO NORTE Edif. Cristal Park R. D. Manuel II, 51-3º - 4050-345 Porto Tel.: 226070500 - Fax: 226070595 E-mail: [email protected] Home page: www.spn.pt SINDICATO DOS PROFESSORES DA REGIÃO CENTRO R. Lourenço Almeida de Azevedo, 20 3000-250 Coimbra Tel.: 239851660 - Fax: 239851666 E-mail: [email protected] Home page: www.sprc.pt SINDICATO DOS PROFESSORES DA ZONA SUL Av. Condes de Vil’Alva, 257 7000-868 Évora Tel.: 266758270 - Fax: 266758274 E-mail: [email protected] SINDICATO DOS PROFESSORES DA REGIÃO AÇORES R. João Francisco de Sousa, 46 9500-187 Ponta Delgada - S. Miguel Tel.: 296205960 - Fax: 296629498 Home page: www.spra.pt SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA Edifício Elias Garcia, R. Elias Garcia, Bloco V-1º A - 9054-525 Funchal Tel.: 291206360 - Fax: 291206369 E-mail: [email protected] Home page: www.smembers.netmadeira.com/spm/spm SINDICATO DOS PROFESSORES NO ESTRANGEIRO Sede Social: Rua Fialho de Almeida, 3 1070-128 Lisboa Tel.: 213833737 - Fax: 213865096 E-mail: [email protected] Membros da FENPROF A Luís Lobo lguma comunicação social (como é o caso do Público de 5 de Junho), comentado- res encartados e membros do Governo e da maioria parlamentar têm-se desdobrado em esforços para denegrir a imagem da admi- nistração pública portu- guesa, particularmente dos seus trabalhadores. A estra- tégia é sempre a mesma. Como não conseguem justi- ficar a justiça das medidas anunciadas pelo Governo é preciso atacar, mentir, espezinhar a classe que é alvo dessas medidas para que o senso comum julgue que, afinal, até é provável que o país tenha de seguir por tão maus caminhos. Bastou apenas um conselho de ministros para que todos ficássemos a saber que os nossos novos governantes, em nome da “maior justiça social” que defendem, aumentassem a idade e o tempo de serviço para a aposen- tação (em vez de a diminuir em todos os sectores), congelassem as progressões na carreira, roubassem o tempo de serviço e se preparem para rever as carreiras dos corpos especiais, transformando-as em autênticos filtros ao acesso ao mais elevados índices salariais. No caso dos professores e educadores portugueses, as medidas assumem ainda um carácter mais escandaloso, tendo em conta que também são ameaçados pelo corte à remuneração dos trabalhadores com horário- zero (apesar de todos estarem a exercer funções docentes nas suas escolas) e pelo impedimento de os professores não terem serviço lectivo distribuído no ano em que se aposentam. Convém, a este propósito lembrar que esta medida que foi proposta pelo go- verno de então é perfeitamente justificável e corresponde a uma diminuição da despesa do ME (evita pagar subsídios pelo exercício de funções depois de autorizada a aposentação) e ao interesse dos alunos (evita a substituição do professor na data em que se aposenta). Mas, claro, esse nunca foi o problema. O que se passa, então? Passa-se que onde os trabalhadores vêem direitos, Sócrates e seus ministros lêem privilégios. No entanto, Sócrates esquece-se de dizer que só ele já nomeou 18 secretárias para o seu gabinete, 14 adjuntos e 13 assessores e que o seu governo já indigitou para diversas funções 459 boys. Falta dizer que o mesmo que vem beatamente propor medidas de austeridade duríssimas para a administração pública e para todos os portugueses aufere mensal- mente 5.000 contos (falando em escudos) só por ser governador do Banco de Portugal. Falta falar, isso sim de privilégios, como os atribuídos por este governo a Fernando Gomes, na GALP, com um vencimento de 3.000 contos por mês, ou a Nuno Cardoso, nas Águas de Portugal, com uma situação semelhante à do outro ex-presidente da Câmara Municipal do Porto. Que o fim das subvenções vitalícias ilibe de perdas, no entanto, todos os que tenham hoje 8 anos de parlamento, mas que mesmo assim tantos protestos tem gerado, nomeadamente entre a bancada da maioria. Ou falta ainda dizer que há ex-deputados que por terem “9 anos de casa” receberam um subsídio de reinte- gração de 62.000 euros ou de 48.000 euros caso tenham permanecido 7 anos no parla- mento. E Campos e Cunha? O Ministro das Finanças (coitado) foi obrigado, por lei, a acumular 8.200 euros de reforma vitalícia do Banco de Portugal (6 anos de vice-gover- nador) com os míseros 6.200 euros de mi- nistro das Finanças. Terríveis obrigações! É caso para perguntar a Jorge Sampaio porque não dirigiu o apelo de patriotismo a estes figurões que com os nossos impostos e os nossos descontos vão enchendo os bolsos e a pança da sua prosperidade. [email protected] Os pançudos no poder

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Jornal da FENPROF - Junho de 2005

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Page 1: Junho de 2005

2 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

DUAS PALAVRAS

Propriedade, Redacção e AdministraçãoFederação Nacional dos ProfessoresRua Fialho de Almeida, 31070-128 LISBOATels.: 213819190 - Fax: 213819198E-mail: [email protected] page: http://www.fenprof.pt

Director: Paulo Sucena

Chefe de Redacção: Luís Lobo

Conselho de Redacção: António Avelãs e ManuelGrilo (SPGL), António Baldaia (SPN), FernandoVicente (SPRA), Nélio de Sousa (SPM), Luís Lobo(SPRC), Manuel Nobre (SPZS), Teresa Chaveca(Ensino Superior)

Coordenação: José Paulo [email protected] | [email protected]

Paginação e Grafismo: Tiago Madeira

Composição: Idalina Martins e Lina Reis

Revisão: Inês Carvalho

Impressão: SOCTIP - Sociedade Tipográfica, S.A.Estrada Nacional, nº 10, km 108.3 - Porto Alto2135-114 Samora CorreiaTiragem média: 68 000 ex.Depósito Legal: 3062/88ICS 109940

O “JF” está aberto à colaboração dos professores,mesmo quando não solicitada. A Redacção reserva-se, todavia, o direito de sintetizar ou não publicarquaisquer artigos, em função do espaço disponível.Os artigos assinados são da exclusivaresponsabilidade dos seus autores.

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Membrosda FENPROF

A

Luís Lobo

lguma comunicaçãosocial (como é o casodo Público de 5 deJunho), comentado-res encar tados e

membros do Governo e damaioria parlamentar têm-sedesdobrado em esforços paradenegrir a imagem da admi-nistração pública portu-guesa, particularmente dosseus trabalhadores. A estra-tégia é sempre a mesma.Como não conseguem justi-ficar a justiça das medidasanunciadas pelo Governo é preciso atacar,mentir, espezinhar a classe que é alvodessas medidas para que o senso comumjulgue que, afinal, até é provável que o paístenha de seguir por tão maus caminhos.

Bastou apenas um conselho de ministrospara que todos ficássemos a saber que osnossos novos governantes, em nome da “maiorjustiça social” que defendem, aumentassema idade e o tempo de serviço para a aposen-tação (em vez de a diminuir em todos ossectores), congelassem as progressões nacarreira, roubassem o tempo de serviço e sepreparem para rever as carreiras dos corposespeciais, transformando-as em autênticosfiltros ao acesso ao mais elevados índicessalariais. No caso dos professores e educadoresportugueses, as medidas assumem ainda umcarácter mais escandaloso, tendo em contaque também são ameaçados pelo corte àremuneração dos trabalhadores com horário-zero (apesar de todos estarem a exercerfunções docentes nas suas escolas) e peloimpedimento de os professores não teremserviço lectivo distribuído no ano em que seaposentam. Convém, a este propósito lembrarque esta medida que foi proposta pelo go-verno de então é perfeitamente justificável ecorresponde a uma diminuição da despesa doME (evita pagar subsídios pelo exercício defunções depois de autorizada a aposentação)e ao interesse dos alunos (evita a substituiçãodo professor na data em que se aposenta).Mas, claro, esse nunca foi o problema.

O que se passa, então? Passa-se que ondeos trabalhadores vêem direitos, Sócrates eseus ministros lêem privilégios. No entanto,

Sócrates esquece-se de dizer que só ele jánomeou 18 secretárias para o seu gabinete,14 adjuntos e 13 assessores e que o seugoverno já indigitou para diversas funções459 boys. Falta dizer que o mesmo que vembeatamente propor medidas de austeridadeduríssimas para a administração pública epara todos os portugueses aufere mensal-mente 5.000 contos (falando em escudos) sópor ser governador do Banco de Portugal.Falta falar, isso sim de privilégios, como osatribuídos por este governo a FernandoGomes, na GALP, com um vencimento de3.000 contos por mês, ou a Nuno Cardoso,nas Águas de Portugal, com uma situaçãosemelhante à do outro ex-presidente daCâmara Municipal do Porto. Que o fim dassubvenções vitalícias ilibe de perdas, noentanto, todos os que tenham hoje 8 anosde parlamento, mas que mesmo assim tantosprotestos tem gerado, nomeadamente entrea bancada da maioria. Ou falta ainda dizerque há ex-deputados que por terem “9 anosde casa” receberam um subsídio de reinte-gração de 62.000 euros ou de 48.000 euroscaso tenham permanecido 7 anos no parla-mento. E Campos e Cunha? O Ministro dasFinanças (coitado) foi obrigado, por lei, aacumular 8.200 euros de reforma vitalícia doBanco de Portugal (6 anos de vice-gover-nador) com os míseros 6.200 euros de mi-nistro das Finanças. Terríveis obrigações!

É caso para perguntar a Jorge Sampaioporque não dirigiu o apelo de patriotismo aestes figurões que com os nossos impostose os nossos descontos vão enchendo osbolsos e a pança da sua prosperidade.

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Os pançudos no poder

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JORNAL DA FENPROF 3JUNHO 2005

SUMÁRIO

ENSINO SUPERIOR E INVESTIGAÇÃOComentários ao Programa do Governoem 4 apontamentos32

JUNHO 2005

CONFERÊNCIA DE IMPRENSAFENPROF e FNE anunciam luta conjuntacontra medidas aprovadas em Conselho de Ministros4CONFERÊNCIA DA CGTP-IN“Todos em defesa dos Serviços Públicos”6CÓRDOVA, DE 29 DE OUTUBRO A 1 DE NOVEMBROAvançam os trabalhos preparatóriosdo Fórum Social Ibérico para a Educação10ENCONTRO SOBRE OS AGRUPAMENTOS DE ESCOLAS“Há que analisar, avaliar e mudara realidade imposta”11

27ENCONTRO DE DOCENTES DAS IPSS E MISERICÓRDIASApostar com coragem na defesa e reforço dos direitose na valorização da profissão30

CONGRESSO DO SPMReafirmar a identidade docente35

15

JANELA ABERTAParvos, nós?37AGENDA CULTURALNão fique em casa38

DOSSIER entregue no MEQuestões prioritárias16 Breve explicação

16 Duas medidas de grande urgência• Suspensão dos exames previstospara o 9º ano de escolaridade

• Regularização do calendário escolarda educação pré-escolar

17 Relação negociale representatividade sindical

18 Estabilidade de empregoe profissional dos docentesConcursos para o ano 2005/2006

20 Rede Escolar e Agrupamentosde Escolas

21 Financiamento do EnsinoProfissional

23 Educação ao Longo da VidaEnsino Recorrente

24 Ensino Artístico

25 Valorizar o Ensino Portuguêsno Estrangeiro

25 Ensino Particular e Cooperativo

ESTUDO DE EUGÉNIO ROSAOs portugueses pagam as pensõesprincipescas de titulares de cargos políticos

Page 3: Junho de 2005

4 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

FENPROF e FNE anunciam luta conjuntacontra medidas aprovadas em Conselhode MinistrosA FENPROF (Federação Na-cional dos Professores) e aFNE (Federação Nacional dosSindicatos de Educação)divulgaram no passado dia 7de Junho, em conferência deimprensa (foto) as lutas que,em conjunto, se propõemlevar a cabo.

s dirigentes da FENPROF e da FNE,respectivamente Paulo Sucena eJoão Dias da Silva, sublinharam noencontro com a comunicação so-cial que só em diálogo se pode partir

para o encontro de soluções, destacandoque as organizações sindicais "estãodisponíveis para negociar".

No fecho desta edição do “JF”, estavatudo a postos para a concentração (8 deJunho, 18h30) de uma delegação sindicalconjunta à residência oficial do PrimeiroMinistro, num derradeiro esforço partaencontrar perspectivas de diálogo cons-trutivo. Se essa não for a intenção doGoverno, decorrerão greves nos dias 20(área da DREC), 21 (área da DREL), 22 (áreada DREN) e 23 (área das DREA, DREAlg eR.A. da Madeira e R. A. dos Açores).

Ofensiva contra o Estatutoda Carreira Docente

Como foi salientado na conferência deimprensa, FENPROF e FNE rejeitam asgravosas decisões tomadas no Conselho deMinistros de 2 de Junho (ver contra-capa),no âmbito de uma ofensiva contra oEstatuto da Carreira Docente, nomea-damente o congelamento e o afunlilamentoda progressão na carreira, a perda de tempode serviço (para se atingir o topo de carreiraseriam agora necessários 27 anos e meio,

em vez dos anteriores 26) e o agravamentoda aposentação.

Paulo Sucena, António Avelãs, AbelMacedo e Mário Nogueira, em repre-sentação da FENPROF; e João Dias da Silva,Carlos Guimarães, José Ricardo Coelho eConceição Alves Pinto, pela FNE, cons-tituíram a Mesa deste encontro com aimprensa, em que foi igualmente condenada

O

a política de ataque do Governo ao conjuntodos trabalhadores da Administração Pública.

Com essa política, observaram ossindicalistas, o Executivo de Sócrates queresconder o fracasso da acção contra afraude fiscal. Este Governo, acrescentaram,é incapaz de formular políticas capazes defomentar o emprego e o desenvolvimentodo País.

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JORNAL DA FENPROF 5JUNHO 2005

Paulo Sucena (Secretário Geral da FENPROF)EDITORIAL

JORNAL DA FENPROF 5JUNHO 2005

Nem no reino cadaveroso

Um nosso intelectual de primeira água adjecti-vou o Portugal Salazarista de “Reino Cada-veroso”, tendo em conta o obscurantismo vividonaqueles tempos e a mistificação que algunsbisbórias da cultura promoviam com o

objectivo de degradar a inteligência da oposiçãoportuguesa ao regime fascista de partido único que,como tal, era detentor de toda a verdade.

Nestes tempos de violência neoliberal consu-bstanciada no pensamento único orientado no sentidode “explicar” aos povos e às nações que o rumo daHistória é o do neoliberalismo expandido pelaglobalização capitalista, inspirada no deus maisdesumano que alguma vez foi apresentado aos traba-lhadores – as vítimas primeiras desta política –, demiurgodo desemprego, do emprego precário, dos baixos salários,da perda de direitos dos trabalhadores, do recrudescimentoda pobreza, a classe docente tem-se visto atacada damaneira mais ignóbil que se pode imaginar.

A primeira linha de argumentação dos próceresdeste ataque é sustentada por uma mentira inquali-ficável – a de que os educadores e docentes portu-gueses são trabalhadores protegidos por inaceitáveis–regalias e privilégios que os discriminam positiva einjustamente dos outros trabalhadores.

Na verdade, o que acontece é que aquelas “regalias”e “privilégios” mais não passam do que direitosarduamente conquistados ao longo dos anos. Há trintae cinco anos atrás mais de 80% dos docentesportugueses não ganhavam nas férias, isto é, durantedois meses e meio, período em que não podiam alienaras suas responsabilidades sociais e familiares, que iamdesde o pagamento da renda da casa até ao sustentodas famílias, tinham que “inventar” as condições quelhes permitissem viver, no mínimo, no limiar dadignidade profissional e social. A luta desenvolvidapelos educadores e professores que culminou, apósconfrontos extremamente violentos com diversosgovernos, desde o período fascista até à última décadado século XX, com a publicação do ECD, vê-se hojeconspurcada pela opinião ignara, mentirosa e caluniosado governo e de alguns produtores de opinião.

Colegas, permaneçam calmos porque não vou falarde um dos donos de hipermercados que infestam ocomércio português devido à opção que mantenho,

desde a juventude, de apenas comentar a opinião dealguém que a manifeste publicamente. Porém, talsujeito não passa de um ninguém, pelo menosontologicamente, porque não pode ofender tãogravemente um grupo profissional indispensável aodesenvolvimento da sociedade portuguesa com talvazio de princípios éticos, sociais, políticos e outros.Belmiro é um vazio, é um heterónimo do nada que é asua substância humana.

Mas pior do que todos os belmiros deste mundo éo discurso dos governantes que para o serem precisam,na maioria dos casos, dos professores e educadoresdesde a infância até à juventude em que frequentavam,melhor ou pior, o ensino superior. A violência dosataques aos docentes portugueses, que são os que oPaís tem e não podem ser substituídos da noite para odia, apesar da FENPROF há longos anos chamar aatenção do poder político para a necessidade demelhorar a sua formação inicial e contínua, nãopoderia gerar outra reacção daqueles profissionais quenão fosse a de responder com igual violência à dasmentiras e calúnias que sobre eles impenderam.

A dignidade humana, social e profissional dosdocentes - desde a educação de infância ao ensinosuperior (onde mais de 70% dos docentes exercem asua profissão com vínculo precário) - não poderia gerarnas escolas portuguesas uma reacção diferentedaquela que a FENPROF e a FNE se fizeram eco quandoanunciaram a greve de toda a classe a desenvolverentre os dias 20 e 23 de Junho, período que o Governodeixou a estas organizações sindicais para manifestaro descontentamento e revolta dos docentes pelainiquidade das medidas contra si perpetradas, semqualquer negociação com os seus sindicatos, peloGoverno português.

A greve não é uma aspiração dos sindicatos, é umaconsequência das erradas políticas do Governo. O seua seu dono! Quem nos dera a nós, professores, queum Governo que tantas expectativas gerou não asfrustrasse tão subitamente.

Ainda há tempo para tudo corrigir, mas isso com-pete ao Governo. A FENPROF, como sempre, manifestaa sua disponibilidade para negociar e alterar asnefastas medidas impostas por quem governa um país,constitucionalmente, democrático.

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6 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

“Há que lutar pela concretização dasmudanças necessárias na sociedadeportuguesa. As mudanças nãoacontecem se os trabalhadores e aspopulações não se mobilizarem” e

“é necessário um novo contexto social,político e económico na União Europeia, éessencial um novo modelo de desenvol-vimento” - as palavras são de ManuelCarvalho da Silva e foram proferidas naintervenção final da Conferência sindical“Todos em defesa dos Serviços Públicos”,realizada no passado dia 18 de Maio numaunidade hoteleira de Lisboa.

As funções do Estado e a realidade daAdministração Pública estiveram em análisenesta iniciativa que reuniu cerca de 400delegados (285 homens e 112 mulheres),oriundos de todas as regiões do País. PauloSucena, secretário-geral da FENPROF, estevena Mesa que dirigiu os trabalhos deste encontro

que registou em vários momentos a abordagemda temática educativa, por exemplo no que tocaàs questões da autonomia, gestão das escolase financiamento. Entre os participantes,encontravam-se vários dirigentes dos Sindi-catos de Professores.

Segundo a resolução da Conferência,aprovada por unanimidade, “o Programa doGoverno não assume a ruptura com algumasdas fundamentais linhas de força, anterior-mente adoptadas pelos executivos de direitasobre o Estado e a Administração Pública”,como se está a confirmar com as nefastasdecisões e as ameaças do Executivo nestasúltimas semanas.

A Conferência, que registou 28 interven-ções, afirmou “a imperiosa necessidade deuma mudança profunda de políticas paraque o Estado retome as suas funções deprestador de serviços públicos, garantindoa sua universalidade. Este objectivo exige a

SERVIÇOS PÚBLICOS - CONFERÊNCIA DA CGTP-IN

“Todos em defesa dos Serviços Públicos”

mobilização dos trabalhadores para que oEstado cumpra o seu papel e as suasfunções, assegurando os meios para apromoção do desenvolvimento do País comaprofundamento da democracia económica,social e cultural; para a salvaguarda deserviços públicos de qualidade; e também,para que concretize os princípios constitucionaisda igualdade e da justiça social.”

Além da resolução, foi aprovado, tambémpor unanimidade, um “documento enquadrador”de 44 páginas, organizado em quatro capítulos:a evolução das funções do Estado e o conceitode serviço público; prioridades do Estado parauma política de desenvolvimento económico esocial; descentralização e regionalização;questões laborais e profissionais dos trabalha-dores da Administração Pública. A resolução eeste “documento enquadrador” foram enrique-cidos por vários contributos apresentados pelosdelegados.

• Que o Governo interrompa o processo de privatizações em curso, bemcomo as parcerias público/privada.

• O fim da criação injustificada de institutos públicos, fundações, empresasmunicipais e entidades de carácter empresarial.

• Uma mudança profunda de política para que o Estado cumpra as suasfunções e realize a democracia económica, social e cultural e concreti-ze os princípios da igualdade e da justiça social.

• Uma profunda mudança política para que o Estado retome as suasfunções de prestador dos serviços públicos, como é próprio dum EstadoSocial.

Do “documento enquadrador” aprovado na conferência sindical “Todos em Defesa

dos Serviços Públicos”

O movimento sindical exige:

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JORNAL DA FENPROF 7JUNHO 2005

A ofensiva neo-liberal sobreo papel do Estado tem tam-bém procurado retirar daesfera das ideologias e dafundação dos sistemas polí-ticos a discussão sobre aexistência dos Serviços Pú-blicos e a submissão de umconjunto de funções essenciaisà vida dos cidadãos à acçãodo Estado, querendo que essareflexão se faça apenas combase em pressupostos deordem económica dos paísesou financeira do Estado.

o fazê-lo, este novo formato docapitalismo cria a ideia de que nãoé possível o Estado continuar aassumir as suas responsabilidadessociais, pois, ao fazê-lo, desequilibra

as contas públicas, ao mesmo tempo quedefende a necessidade de o Estado deixar asua função de impulsionador do desenvol-vimento económico e social e transfere paraos trabalhadores do sector público aresponsabilidade das crises económicas dosEstados e orçamentais dos governos.

Como para grandes males, grandesremédios, o capitalismo reassume a suavelha cruzada desumana e promotora dasustentabilidade e progresso dos grandesgrupos financeiros e empresariais, que seconfundem e apoiam, e apresenta aprivatização dos serviços como a salvaçãopara as crises, alegando ao mesmo tempoque dessa forma os cidadãos ficarão melhorservidos.

Funções do Estadoe Administração Pública

Foi contra esta caracterização dasituação presente que a CGTP-IN realizou aConferência Sindical “Funções do Estado e

Mais igualdade e justiça socialLuís Lobo (Membro do Secretariado Nacional da FENPROF)

ADirigentes dos Sindicatos de Professores presentes na Conferência “Todos em Defesa dos Serviços Públicos”

A dinâmica neo-liberal em curso no plano mundial, assente na ideiade “menos Estado, melhor Estado” tem provocado mudançasprofundamente negativas na concepção e na organização do Estado.Ataca-se, sobretudo, a sua função social com vista a fazer apropriarpelo sector privado actividades não mercantis que envolvem elevadosrecursos financeiros, como a saúde, a segurança social e a educação

Da resolução aprovada na conferência sindical “Todos em Defesa dos Serviços Públicos”.

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8 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

Administração Pública”, assumindo ocombate pela maior e melhor intervençãodo Estado nas diversas áreas sociais comoquestão essencial e apresentando propostasmuito concretas para a acção do governo.Fê-lo sem conhecer as medidas recen-temente anunciadas por José Sócrates, asquais vêm mesmo reforçar as preocupaçõesdos trabalhadores em geral e mostram averdadeira face de um governo de conti-nuidade, que apresenta medidas em tudoidênticas às apresentadas por Santana Lopesdurante a campanha eleitoral, apesar derejeitadas pelo actual primeiro-ministro noperíodo que antecedeu as eleições.

O Documento Enquadrador, aprovado naConferência, trata os seguintes aspectos:

1. A Evolução do Estado e o conceito deserviço público;

2. Prioridades do Estado para uma políticade desenvolvimento económico e social;

3. Descentralização e Regionalização;4. Questões laborais e profissionais dos

trabalhadores da administração pública.Trata-se de um texto estratégico, como

já referimos, que estabelece uma relaçãoapertada entre fiscalidade e financiamentodas funções sociais do Estado e que nega aideia de que os processos de privatização járealizados ou em curso se tenham trans-formado em mais valias para o povo,acusando os grandes interesses económicosde colher dividendos, nomeadamente emsectores chave que tendo estado sob adependência do Estado estão agora entre-gues ao sector privado: transportes públicos,energia, serviços postais e telecomu-nicações. Nestes sectores não passou afazer-se mais investimento, apresentamcada vez mais lucros, não houve reduçãodos preços, aumentou-se a instabilidade deemprego de muitos trabalhadores e redu-

ziram-se os efectivos, ao mesmo tempo quese provocou uma redução da receita fiscaldo próprio Estado.

Fiscalidade e financiamentoda acção do Estado

Quanto à fiscalidade, antecipou clara-mente as medidas anunciadas pelo governopara afirmar, primeiro, a necessidade damanutenção do esforço fiscal em níveis, apesarde tudo, ainda abaixo da média europeia,sendo que o factor de crescimento em matériada receita fiscal tem de ser realizado a partira solidariedade inexistente de sectores dapopulação que fogem ao fisco ou o enganamdesmesuradamente e sem controlo.

Sobre esta matéria refira-se que osgovernos têm actuado de forma pro-teccionista em relação às empresas, tendopermitido que só nos últimos anos nãosejam cobrados em média 11,4 mil milhõesde euros de impostos, que os tribunaistenham em “stock” mais de 3 milhões deprocessos que correspondem a um acu-mulado de 15 mil milhões de euros deimpostos não cobrados. Tudo isto aconteceno mesmo país em que Sócrates vem pedirmais sacrifícios aos que, já pela sua naturezade classe, não podem deixar de fazersacrifícios - os trabalhadores assalariados- defendendo o ainda maior aumento doIVA e reduzindo as prestações sociais pordoença ou aumentando a idade de aposen-tação na administração pública, em nomede uma pretensa necessidade de anular,progressivamente, o défice orçamental quese verificará no final do corrente ano.

Conferência aprova Resolução

A par do documento enquadrador aConferência aprovou uma Resolução que

constata que:- “A di-

nâmica neo-liberal em curso, noplano mundial assente na ideia de‘menos Estado. Melhor Estado’ tem pro-vocado mudanças profundamente negativasna concepção e organização do Estado”;

- “Portugal não ficou imune a estasevoluções, num mundo cada vez maisglobalizado. Confrontamo-nos com umaofensiva global promovida por sucessivosGovernos que vai contra princípios funda-mentais estabelecidos na Constituição, con-tra o Estado Social e as conquistas do 25de Abril”;

- “Está hoje em causa o Estado Social:um Estado que deve garantir serviçospúblicos essenciais à colectividade; redis-tribuir rendimentos, tornando as sociedadesmais justas e coesas; assegurar a solida-riedade entre as gerações; proteger aspessoas face aos riscos sociais; possibilitaruma intervenção activa para assegurar umaestratégia de desenvolvimento”;

E exige que:- “O Estado deve garantir um forte,

dinâmico e moderno sector público, aprestação de serviços públicos de quali-dade”, designadamente, a existência doServiço Nacional de Saúde, de um SistemaPúblico de Educação e de Ensino dequalidade para todos, um Sistema deSegurança Social público, universal e umsistema público de distribuição da água.

Na Resolução aprovada no dia 18 deMaio, a CGTP-IN insistia na constatação deque “o Programa do actual Governo não as-sume a ruptura com algumas das funda-mentais linhas de força, anteriormenteadoptadas pelos executivos de direita sobreo Estado e a Administração Pública”. Estedocumento reivindicativo defende, ainda,

que é imperiosa a necessidade demudança de políticas; necessidadeessa que exige um Estado comfunções de prestador de serviçospúblicos, única forma de garantir asua universalidade.

A Resolução acaba com umforte apelo à mobilização dostrabalhadores “para que o Estadocumpra o seu papel e as suas fun-ções”, tendo em vista uma demo-cracia económica, social e cultural,a salvaguarda de serviços públicosde qualidade e maior igualdade ejustiça social.

É urgente e necessário caminhar naconstrução da autonomia das escolas,assente na descentralização e numamatriz organizacional democrática eparticipada por toda a comunidade esco-lar (alunos, pais, encarregados de educa-ção, professores, trabalhadores nãodocentes e meio envolvente das escolas),que valorize os saberes profissionais dosprofessores e o seu importante papel nofuncionamento das organizações escolares.

Do “documento enquadrador” aprovado na conferência

sindical “Todos em Defesa dos Serviços Públicos”

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JORNAL DA FENPROF 9JUNHO 2005

Posição da CGTP-IN sobre o défice das contas públicas

A CGTP-IN recusa frontal-mente uma política que, emnome da redução do déficeorçamental, aliena o desenvol-vimento do país, faz recairtodo o custo dos sacrifíciossobre os trabalhadores e aparte mais vulnerável dapopulação e enfraquece osvalores da coesão e da solida-riedade. Tomando posiçãosobre a questão do défice dascontas públicas, a Centralchama a atenção para osperigos de uma política quenão ataque os reais problemasdo país, passando de novo afactura aos trabalhadores.

agenda política e social é hojedominada pelo elevado déficeorçamental, entretanto confirmadopelo Primeiro Ministro, e pelasmedidas com vista à sua redução a

médio prazo.“É notória a pressão, vinda de sectores

liberais, no sentido da urgente necessidadede se tomarem medidas radicais de cortesna despesa pública, incluindo salários e

segurança social. Os mais influentes órgãosde comunicação social têm dado um grandedestaque a estas medidas o que pode terum efeito condicionador de escolhas políticasem assuntos de vital importância para apopulação e os trabalhadores”, observa a Inter.

Sintomas de corrupção

A Central “não nega as dificuldadeseconómicas, mesmo que considere que osproblemas orçamentais continuam a não tera mesma gravidade que outros problemascom que o país se debate”. Lembra, apropósito, que “desemprego assume umnível recorde nos últimos oito anos”. A CGTP-IN chama ainda a atenção para a destruiçãodo aparelho produtivo, a deslocalização deempresas, o elevadíssimo nível de endi-

vidamento dos portugueses, um insus-tentável défice externo, numa conjunturamarcada ainda por “ evidentes sintomas decorrupção em larga escala”.

Destacando que “o défice orçamental éinsustentável mas também não é susten-tável reduzir o défice público à custa dodesenvolvimento do país”, a Centralsublinha que “não haverá verdadeira saídase não houver uma ruptura com o actualmodelo de crescimento, ou seja se nãohouver um corte com políticas económicase sociais erradas.”

É necessário apostarno aparelho produtivo

Para a Inter, “o facto de a situaçãoorçamental do país ser grave não autoriza

Vem aí a factura… Pagam os do costume

ACalcula-se que a fuga e evasão fiscais envolvam 11,4 mil milhões deeuros; entretanto, os processos fiscais em tribunal abrangem 15 mil milhões de euros em3 milhões de processos, alerta a CGTP-IN. Em nota divulgada recentemente, a Centralesclarece que “não está contra o aumento de receitas para combater o défice orçamental. Háque tomar medidas no âmbito do sistema fiscal bem como na segurança social e combater asério a economia clandestina e informal.”“Consideramos que, entre outras, se devem tomar medidas para: combater a fuga e a fraudefiscal; reduzir o nível de benefícios fiscais; tributar os sinais exteriores de riqueza; proceder aoenglobamento dos rendimentos; terminar com o sigilo bancário; pôr ordem na actual situaçãode multiplicidade de taxas nos descontos para a segurança social; penalizar as empresas querecorrem às reformas antecipadas por via do subsídio de desemprego, sem qualquer justificação”,conclui a Inter.

SERVIÇOS PÚBLICOS - CONFERÊNCIA DA CGTP-IN

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10 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

que se faça tábua rasa da origem dasituação actual nem que se não avaliem aspolíticas económicas erradas”.

Acrescenta nota divulgada recen-temente pela CGTP-IN: “O nosso aparelhoprodutivo está esmagado entre, por um lado,países avançados com quem não conse-guimos competir em termos de qualidadee, por outro, países que apresentam tãobaixos custos salariais que será um suicídioprocurar competir em termos de baixar ovalor da nossa força de trabalho.”

“Essa gravidade”, acrescenta “tambémnão pode ser justificação para defender umapolítica de sacrifícios para alguns, comoesmagadoramente vêm fazendo influentesfazedores de opinião.“

“É sabido”, lê-se mais adiante, “que estaperspectiva conduz a fazer incidir os cus-tos dos ajustamentos nos trabalhadores eem geral nos que têm menos podereconómico na nossa sociedade. Foi assimcom o Governo PSD. Consideramos que nãodeve ser assim com o actual Governo.”

Segurança Social

A CGTP-IN reconhece que existemdificuldades financeiras na segurança so-cial, mas isso também não autoriza a quenão se faça qualquer reflexão sobre ascausas dessa situação. “Sempre dissemosque não é viável continuar uma política quefaz recair todo o custo das reestruturaçõesdas empresas na segurança social com umapolítica de reformas antecipadas, o quepassa pela pressão patronal para ostrabalhadores aceitarem rescisões pormútuo acordo”, refere a CGTP-IN, queconsidera “preocupantes os sinais de quese pretende fazer recair os sacrifícios sobreos trabalhadores e a população maisvulnerável.”

Profundasdesigualdades

“É bom ter presente que a sociedadeportuguesa é atravessada por profundasdesigualdades. Somos um dos países daUnião Europeia com maiores desigualdadese não é a dimensão do défice que pode fazeresquecer esta realidade: há fuga e fraudefiscais, um elevado nível de economiaclandestina, um excessivo peso de impostosindirectos, um fraco grau de eficácia dalegislação de trabalho, um elevado peso dosempregos precários”, regista a IntersindicalNacional.

erca de 2 000 pessoas são esperadasem Córdova, na Andaluzia, entre 29de Outubro e 1 de Novembro desteano, para participarem no FórumSocial Ibérico para a Educação

(FSIPE). A iniciativa está a ser preparada comgrande dinamismo e promete contribuir para“a consolidação de uma rede mundial de lutacontra a mercantilização da Educação e pelademocratização efectiva do direito àeducação pública de qualidade para todos”.

O objectivo do Fórum, cujo comitéorganizador esteve reunido no primeiro fim-de-semana de Junho em Lisboa (foto), é“tornar possível um amplo debate em queparticipem todos os sectores sociais, com afinalidade de incluir todas as perspectivase de colocar a educação como prioridade eresponsabilidade de toda a sociedade”.

No encontro de Córdova, cidade onde secruzam tradições, saberes e culturas, estarãorepresentadas associações e federaçõesrepresentativas de diferentes sectores (docentes,pais e encarregados de educação), entidadesculturais, escolas, universidades, institutos,movimentos sociais, sindicatos e confederaçõessindicais, fóruns sociais, organizações nãogovernamentais, movimentos pedagógicos, en-tre outras entidades, registando-se novasadesões em cada semana que passa.

O FSIPE, observa o documento-projecto, “fazparte do processo do Fórum Social Mundial, quese iniciou em 2001 e que veio a transformar-seno mais amplo espaço de articulação deiniciativas sociais, de desenvolvimento depensamento crítico e de construção dealternativas à ordem neoliberal, sob a convicçãocomum de que “outro Mundo é possível”.

Os dinamizadores do FSIPE sublinham quea educação, além de “um direito universal”, é“um bem público, ao qual todos os cidadãostêm o direito de aceder em condições deigualdade”, direito esse que os governos eadministrações têm o dever de garantir.

Em Córdova, “o debate será desenvolvidoem três temáticos fundamentais: Educaçãoe Globalização; Cidadania e Educação;Educação como Direito Universal”, como nosafirmou Ana Gaspar, do SecretariadoNacional da FENPROF e membro do comitéorganizador do FSIPE.

O comité organizador integra váriasentidades dos dois países. Do lado português: aFENPROF, a Confederação Nacional dasAssociações de Pais (CONFAP), a FERLAP(Federação Regional de Lisboa das Associaçõesde Pais); a FERSAP (Federação Regional deSetúbal das Associações de Pais); o InstitutoPaulo Freire; Movimento da Escola Moderna; aUnião de Mulheres Alternativa e Resposta(UMAR); a LOC (Liga Operária Católica); o Centrode Investigação e Intervenção Educativa; e aAPEI (Associação de Profissionais de Educaçãode Infância), entre outras.

Do lado espanhol: Asociación Enseñantescom Gitanos; CGT (Confederación General delTrabajo); Confederación Intersindical Galega;Confederación Estatal de los Movimientos deRenovación Pedagógica; Consejo Internac-ional del Foro Mundial de Educación;Federación de Enseñanza de CC.OO; STEC-STEs - Unión Sindical de Trabajadores de laEnseñaza de Cataluña, entre outras.

O Jornal da FENPROF, o seu suplementopara o Ensino Superior (JF/Sup) e o site daFederação (www.fenprof.pt) acompanharãoa par e passo os trabalhos preparatóriosdesta iniciativa, “espaço aberto ao aprofun-damento da reflexão, o debate democráticode ideias, a formulação de propostas, a livretroca de experiências e a articulação paraacções eficazes”, tendo em vista “a constru-ção de uma sociedade centrada no serhumano”, que “não se conforme com asdesigualdades sociais e que se oponha aoracismo, ao sexismo e à exclusão social”.

JPO

Avançam os trabalhos preparatóriosdo Fórum Social Ibérico para a Educação

Córdova, de 29 de Outubro a 1 de Novembro

C

JUNHO 2005

Page 10: Junho de 2005

JORNAL DA FENPROF 11JUNHO 2005

“É praticamente impossívelobter resultados positivos,chegar a boas práticas peda-gógicas, nos mega-agrupa-mentos de escolas; há queanalisar, avaliar e mudar arealidade imposta”, destacouPaulo Sucena na intervenção deabertura do Encontro Nacionalque a FENPROF realizou no dia20 de Maio, no Auditório daReitoria da Universidade do Porto.

esta iniciativa, a FENPROF divulgouos resultados de um estudo rea-lizado sobre a organização efuncionamento dos agrupamentosde escolas (ver mais adiante),

trabalho que contou com a colaboraçãoespecializada de docentes da área dainvestigação nas ciências sociais, nomea-damente da Faculdade de Psicologia eCiências da Educação da Universidade doPorto. Segundo o estudo e as intervençõesouvidas no Encontro, é negativa a avaliaçãoque os professores e educadores fazem

dessa nova realidade imposta de formaautocrática e ilegal.

Além de Paulo Sucena, o período damanhã, em Mesa presidida por FranciscoAlmeida, do SN da Federação e membro daDirecção do SPRC, registou as intervençõesde Manuela Mendonça, do SecretariadoNacional da FENPROF e dirigente do SPN,que apresentou um breve historial doprocesso de (re)constituição dos agrupa-mentos; e de Licínio Lima, docente daUniversidade do Minho, cuja comunicação,atentamente seguida pelos presentes, tevecomo tema central “O agrupamento deescolas como novo escalão da adminis-tração desconcentrada”.

“Os educadores e professores tornaram--se especialistas na resistência”, observouLicínio Lima, que alertou para as conse-quências da “reconcentração do poder”,lembrando que, cada vez mais, “a efectivadirecção da Escola está no ME e nos seusórgãos centrais”.

A sessão da tarde, presidida por JacintaVital, começou com a apresentação dosresultados do estudo, do qual se podemdestacar, de forma sucinta, quatro questõesfundamentais:

1. A avaliação relativa à criação dosagrupamentos constituídos antes de 2003é claramente positiva, em contraste comuma maioria de opiniões negativas no caso

“Há que analisar, avaliar e mudara realidade imposta”

Encontro Nacional sobre os Agrupamentos de Escolas

dos agrupamentos criados após 2003;2. Os objectivos apontados pela admi-

nistração para a (re)constituição dosagrupamentos não foram alcançados, sendosignificativo que, dos vinte aspectosexplicitados no questionário, nenhum tenhaobtido uma avaliação positiva quanto aograu de concretização;

3. O sector da educação/ensino e oexercício ou não de cargos estão na base dealguma diversidade de opiniões em relaçãoao impacto no terreno dos agrupamentos;

4. Os professores do 1º Ciclo do EnsinoBásico têm opinião mais negativa sobre arealidade actual, considerando que esteprocesso contribui para a menorização destesector de ensino.

Seguiu-se um painel dedicado à divul-gação de dinâmicas de constituição efuncionamento de agrupamentos, reveladaspor David Martins, presidente da Assembleiado Agrupamento de Escolas do Vale doÂncora; Henriqueta Oliveira, presidente daComissão Instaladora do Agrupamento Ver-tical da Lousã; Hortênsia Mendes, presi-dente do Conselho Executivo da EB 1 MariaMáximo Vaz (concelho de Odivelas); e JoséFilipe Estevéns, EBI/JI de Pias (Serpa),presidente da Direcção do Sindicato dosProfessores da Zona Sul.

JPO

N

Dirigentes da FENPROF e Licínio Lima,docente da Universidade do Minho, numadas mesas do Encontro Nacional sobre osAgrupamentos de Escola

DOSSIER - AGRUPAMENTOS DE ESCOLAS

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12 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

Encontro Nacional sobre agrupamentos de escolas

Apresentação de um estudo realizado pela FENPROF

Professores descontentes

Para a FENPROF, a associaçãode escolas pode ser umasolução com potencialidadesnuma rede dispersa de jardinsde infância e escolas do 1ºCEB, podendo contribuir paracombater o isolamento, favo-recer novas dinâmicas detrabalho pedagógico e odesenvolvimento de projectoseducativos comuns.

reestruturação da rede escolar deveresultar do levantamento dasnecessidades educativas de cadaconcelho e envolver a comunidadeeducativa na procura das soluções

mais ajustadas aos diversos contextosregionais e locais. Por isso nunca se colocouà FENPROF a questão de defender a criaçãode agrupamentos “horizontais” em detri-mento dos “verticais” ou vice-versa - nãohá um modelo organizativo ideal e único. Éno contexto local que devem se encontraras soluções.

É tendo por base este pressuposto quea FENPROF considera inaceitável o processode (re)constituição de agrupamentos deescolas, decidido pelo anterior governo econcretizado de forma autocrática pelasDirecções Regionais de Educação, em es-pecial do Norte e do Centro do país no finaldo ano lectivo 2002/2003. Este processotraduziu-se na imposição administrativa deum modelo de formato único, assente emagrupamentos “verticais” de grande dimen-são, sem racionalidade pedagógica, à reveliadas comunidades educativas e das leisvigentes.

Depois de ter realizado, no final de 2003,um estudo de avaliação sobre esse processo,que comprovou as inúmeras irregularidadese ilegalidades cometidas pela adminis-tração, a FENPROF considera que é ne-

cessário agora aprofundar o debate emtorno dos efeitos desta nova realidadeorganizacional na administração do sistemaeducativo e no funcionamento das escolas.Para o efeito, recolheu um conjunto de

dados de avaliação junto de 1156 pro-fessores e educadores a leccionar emEscolas do Ensino Básico e Jardins deInfância enquadrados em AgrupamentosHorizontais ou Verticais.

A

A avaliação relativa à criação dos agrupamentos constituídosantes de 2003 é claramente positiva, em contraste com umamaioria de opiniões negativas no caso dos agrupamentoscriados após 2003

DOSSIER - AGRUPAMENTOS DE ESCOLAS

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JORNAL DA FENPROF 13JUNHO 2005

Os objectivos apontados pela administração para a (re)constituição dos agrupamentos não fo-ram alcançados, sendo significativo que dos vinte aspectos explicitados no questionário, nenhumtenha obtido uma avaliação positiva quanto ao grau de concretização

Deste estudo, cujo erro máximo desondagem não ultrapassa 3% na gene-ralidade das questões colocadas, ressaltam,numa primeira análise, algumas conclusõesque importa analisar e aprofundar, nomea-damente as três que aqui destacamos.

Já em Março de 2001, no Relatório Glo-bal da 1ª fase do programa de AvaliaçãoExterna da aplicação do Decreto-Lei n.º 115-A/98, elaborado pela Faculdade de Psico-logia de Ciências da Educação da Univer-

sidade de Lisboa, se constatava que “faltoudesde o início uma noção clara doscontornos políticos em que a criação dosagrupamentos se inseria, bem como doscritérios e opções que deveriam serconsiderados na sua concretização”, peloque as Direcções Regionais conduziram esteprocesso “por tentativa e erro, com mais oumenos sensibilidade e bom senso”. Apesardisso, foi possível alguma flexibilidade natipologia dos agrupamentos, fazendo

“depender as soluções concretas dascondições específicas do terreno”.

Ora, os desenvolvimentos posteriores,em particular os que ocorreram em 2003,acabaram com qualquer tentativa desolução diferenciada e contextualizada,frustrando expectativas e fomentandoconflitos. Neste quadro, urge analisar eavaliar a realidade criada e encontrar asalternativas para os problemas identificadosneste e noutros estudos.

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14 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

O processo de recentralizaçãopolítica e administrativa daeducação, operado a partir do XVGoverno Constitucional, caracte-rizou-se pela combinação, apa-rentemente paradoxal, de estra-tégias de reconcentração (des-critas em texto anterior) comestratégias de desconcentração,estas sobretudo em torno do“reordenamento da rede deofertas educativas”.

lógica de verticalização impostaquase generalizadamente aos agru-pamentos de escolas já constituídose também àqueles que vieram a serformados na sequência do Despacho

n.º 13.313 do então Secretário de Estadoda Administração Educativa, representou aprincipal solução desconcentradora. Contra-riando o estabelecido na Lei de Bases de1986 e também no Decreto-Lei n.º 115-A/98, o referido Despacho impõe unilateral-mente um dado modelo de agrupamentodas escolas, imposição que foi interpretada

Licínio Lima comenta o processode recentralização políticae administrativa da Educação

de forma especialmentezelosa por certos directoresregionais de educação,tendo um deles admitidopublicamente que, no âm-bito da sua Direcção Re-gional, a respectiva condu-ção do processo terá sido“pelo menos, musculada”.Em pouco tempo, de facto,12.663 estabelecimentos deeducação e ensino foramreduzidos a 765 agrupa-mentos, dos quais 85,5% detipo vertical, segundo dados doME relativos a finais de 2004.

Objecto de um processo de erosão, cadaescola agrupada passou à categoria de“subunidade de gestão”, vendo os seusórgãos de representação e gestão (ainda quemínimos, em muitos casos) deslocalizadospara a escola-sede do agrupamento, semse poder descortinar qualquer ganho emtermos de “reforço” da sua autonomia. Aoinvés, o que terá saído reforçado terá sidoo carácter periférico da escola, já nãoapenas face aos órgãos do poder central,mas também face à própria sede doagrupamento, a qual se constitui como averdadeira “unidade de gestão”. Mais do querepresentar os interesses, amplificar asvozes ou reforçar a autonomia das escolasagrupadas, a escola-sede passará sobretudoa representar a administração central juntodas escolas-outras, assumindo-se como onível mais estratégico da administraçãodesconcentrada; um novo escalão quepoderá vir a dispensar facilmente os próprioscoordenadores educativos.

Esta estratégia de desconcentraçãoradical é acompanhada por novos instru-mentos de gestão da informação que vêmsendo desenvolvidos há já vários anos,configurando uma situação de taylorismoinformático que cava um ainda maior fossoentre a concepção e a execução, reduzindofrequentemente os órgãos de gestão esco-lar a simples dispositivos ao serviço daburocracia central para quem mais e melhor

informação possibilitam maior controlo.Apuramento de vagas de professores,requisições de pessoal, resultados daavaliação dos alunos, para além de ofícios-circulares e outras directivas, entre tantosoutros elementos, são agora processadoselectronicamente e estandardizados, porvezes sujeitos a datas bem fixadas e, até, apreenchimentos com prazos estabelecidosaté ao minuto. A capacidade de hiper-produção de regras aumentou conside-ravelmente, tipificando a realidade escolaratravés dos mesmos códigos e das mesmascategorias, criando um clima de vigilânciapermanente e um sentimento de insegu-rança proporcional à incapacidade que ossistemas altamente centralizados eviden-ciam para, de forma inteligente e célere,corrigirem os seus próprios erros.

O prometido reforço da autonomia daescola parece cada vez mais uma miragem. Oreforço do controlo central sobre as escolas é,pelo contrário, uma realidade quotidiana-mente testemunhada nas periferias, bemcomo a gestão da crise de financiamentopúblico, que frequentemente assenta na difícil(e por vezes mesmo impossível) partilha dosrecursos próprios da escola-sede, sempreescassos, com as escolas agora agrupadas emseu torno. Não sendo plausível uma reestru-turação global dos agrupamentos existentes,pelo menos no futuro próximo, importará sa-ber o que irá o XVII Governo Constitucionalfazer com eles. Como corrigir os erroscometidos, como ultrapassar resistências eobstáculos, como aproveitar o seu potencialorganizacional e educativo em termosassociativos-autonómicos?

Só devolvendo protagonismo aosactores locais, reforçando efectivamente aautonomia dos agrupamentos (e não apenasdas suas sedes), admitindo a pluralidade desoluções e a diversidade de morfologias, serápossível vir a contrariar as lógicas raciona-lizadoras-centralizadoras e a ganharcredibilidade e legitimidade políticas juntodas actuais periferias escolares.

“A Página”, nº 145, Maio 2005

A

OPINIÃO

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JORNAL DA FENPROF 15JUNHO 2005 JORNAL DA FENPROF 15JUNHO 2005

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16 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

Breve explicaçãoFENPROF decidiu enviar ao Ministério da Educação um dossier contendo umconjunto de questões que considera de carácter prioritário, algumas anecessitarem de resposta muito urgente, que pretende venham a ser agendadaspara efeitos de negociação com o Ministério da Educação.Ao agendamento deverá corresponder uma calendarização que tenha em contaa prioridade conferida às questões apresentadas sendo, deste modo, retomada

a relação institucional entre o Ministério da Educação e a FENPROF, no domínio danegociação.Para além das questões abordadas, a FENPROF considera indispensável – pelo quemanifestou inteira disponibilidade para debater e emitir posição – que se desenvolvamprocessos negociais em torno das matérias que na reunião realizada entre o Ministérioda Educação e a FENPROF, no passado dia 18 de Abril, foram referidas pela SenhoraMinistra como merecedoras de medidas concretas no curto prazo, a saber: introduçãodo Inglês no 1º Ciclo do Ensino Básico, reforço do ensino da Matemática no 1º Ciclo,ocupação dos tempos livres dos alunos e formação e qualificação de adultos.A FENPROF aguarda, pois, que seja indicada a Secretaria de Estado competentepara a negociação de cada um dos assuntos referidos neste dossier, bem como amarcação das primeiras reuniões negociais.

28. Abril. 2005

O Secretariado Nacional da FENPROF

FENPROF reafirma a suaposição favorável à sus-pensão dos exames de 9ºano previstos para o finaldo presente ano lectivo.A forma completamente

desastrosa como se iniciou o anoem curso, com atrasos muitosignificativos na colocação deprofessores, criou situaçõesextremamente diferenciadasentre escolas e mesmo entrealunos da mesma escola.

Algumas escolas propuseramao Ministério da Educação inicia-tivas específicas no sentido derecuperarem os atrasos verifi-cados, mas porque a soluçãoexigia a colocação de maisprofessores, ou o aumento docrédito global de horas, nãoforam autorizadas a avançar comessas iniciativas.

Perante esta situação, aFENPROF reafirma, uma vezmais, a sua proposta de sus-pensão dos exames previstospara os alunos matriculadosno 9º ano de escolaridade, noano lectivo de 2004-05.

Duas medidasde grande urgência

Suspensão dos examesprevistos para o 9º ano de escolaridade

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A

16 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

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JORNAL DA FENPROF 17JUNHO 2005

Regularização do calendário escolarda educação pré-escolar

Educação Pré-Escolar é consi-derada, em diploma legal, como aprimeira etapa da educação básica.Contudo, a forma como nos últimosanos o calendário escolar tem sidoestabelecido para este sector de

educação, nega, de facto, aquele conceito.Ao aumentar o número de dias lectivos

e reduzir as pausas a simples interrupçõesda actividade docente, tem-se negado apossibilidade dos educadores de infânciausufruírem de períodos destinados àavaliação e à preparação de actividades,como se dificulta, por vezes impedindo, asua participação em reuniões dos órgãosdos agrupamentos em que se integram osseus jardins de infância

A FENPROF não aceita que através doaumento de dias lectivos na Educação Pré--Escolar se pretenda suprir outras carên-cias, designadamente as que decorrem deuma ainda frágil resposta social, porque

do domínio público a insusten-tatibilidade da situação sindical nogrupo profissional docente. Organi-zações de cariz sindical florescemcomo cogumelos, como o compro-vam as mais recentes nascenças: o

SPES (Sindicato dos Professores doEnsino Superior), o SIPE (SindicatoIndependente dos Professores e Educa-dores), o SMP-NOVUM (Sindicato Moder-no dos Professores) e o SNPES (Sindicatodos Professores do Ensino Secundário).

A elas se juntam outras como a ASPL,o SNPL, a AS Pró-Ordem, o SPLIU, oSEPLEU, o SIPPEB ou o SINAPE, entreum conjunto largo de organizações que sereclamam sindicalmente representativasdos docentes.

No nosso país não se encontraminstituídos, como em Espanha, França ouItália, processos de medição da represen-tatividade sindical, pelo que todas asorganizações existentes, ainda que semum número razoável de associados, sãoinstitucionalmente consideradas em pé deigualdade, designadamente para efeitos denegociação, o que é verdadeiramenteinadmissível.

Esta situação de intensa pulverizaçãonão dignifica a actividade sindical, comonão beneficia a classe docente que, bempelo contrário, é prejudicada com a

Relação negociale representatividade sindical

tais carências jamais poderão ser su-peradas desta forma.

Por fim, e este aspecto não é irrele-vante, esta situação põe em causadireitos dos educadores de infânciaconsagrados no seu estatuto de carreira,por col idir com a possibi l idade deusufruírem de períodos de interrupção daactividade docente iguais aos dos seus

situação. Também no capítulo negocial, amorosidade que resulta da auscultação detão elevado número de organizações, tornamuito extensas e exaustivas as rondasnegociais. Além disso, há situaçõesestranhas que, salvo melhor justificação,se nos afiguram irregulares. Por exemplo,como pode o Presidente de uma asso-ciação sindical (que usufrui de todas asprerrogativas de um sindicato) ser Vice--presidente de outra organização sindical?Como podem surgir dirigentes com redu-ção total de serviço em organizaçõessem processos eleitorais conhecidos, ecom dirigentes que poucos dias antes

não eram sequer associados daquelasorganizações?

A ausência de uma fiscalização efectivaneste domínio tem permitido situações quese afiguram irregulares, eticamentecondenáveis e sindicalmente inaceitáveis.

Perante este problema, a FENPROFconsidera imprescindível, no imediato, afiscalização rigorosa de todas as organi-zações sindicais docentes, designa-damente no que respeita a processos deconstituição, eleições, estatutos e regula-rização junto do Ministério do Trabalhoprincipalmente da situação dos seusdirigentes com redução parcial ou total deserviço docente.

A FENPROF considera ainda necessá-rio que nos processos negociais que seavizinham, o relacionamento institucionalentre o Ministério da Educação e aFENPROF seja diferente do que seestabelecerá com outras organizações decariz alegadamente sindical, tendo emconta que a Federação Nacional dosProfessores é constituída por sete sindi-catos – SPN, SPRC, SPGL, SPZS, SPRA,SPM e SPE – que no seu conjunto contamcom mais de setenta mil docentes sindi-calizados, desde a Educação Pré-Escolarao Ensino Superior, sendo inquestio-navelmente a maior e mais representativaorganização sindical docente portuguesa.

A

É

colegas do ensino básico e por impediro gozo de todos os dias de férias porparte dos educadores com mais tempode serviço.

Assim, a FENPROF reafirma a po-sição de exigência de um calendárioescolar para a Educação Pré-Escolarigual ao que for definido para todo oEnsino Básico.

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18 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

Apesar de reconhecer que o

concurso para o próximo ano

escolar não tem levantado

problemas de maior do ponto

de vista técnico, a FENPROF

entende dever assinalar al-

guns aspectos que pertur-

baram o processo e relati-

vamente aos quais o Minis-

tério da Educação foi alertado

em devido tempo não tendo,

contudo, acautelado devida-

mente os problemas.

Aviso de Abertura

a análise realizada pela FENPROFao Aviso de Abertura do concursonº 1413-A/2005 publicado em 11de Fevereiro constatam-se algu-mas discrepâncias entre este textoe a legislação que regulamenta os

concursos:1. A explicitação que é feita no ponto

2.7 do Aviso de Abertura, quer relativa-mente à qualidade em que o serviçodocente foi prestado nos dois últimos anosanteriores ao concurso, quer relativamenteà explicitação que é mencionada sobre atutela das escolas públicas em que omesmo foi prestado, extravasa comple-tamente o disposto no Decreto-Lei nº 35/2003 de 27 de Fevereiro com as alteraçõesque lhe foram introduzidas pelo Decreto--Lei nº 20/2005 de 19 de Janeiro.

Efectivamente o disposto na alínea a)do nº 2 do artigo 13º do Decreto-Lei nº 35/2003 apenas refere que os candidatos aoconcurso externo são posicionados na 1ªprioridade desde que sejam profissio-nalizados e tenham prestado num dosdois anos lectivos imediatamenteanteriores ao concurso funções emestabelecimentos de educação ou deensino públicos.

Apesar de toda a controvérsia geradadesde o ano anterior sobre esta matéria, oMinistério da Educação manteve a situação,razão pela qual se prevê um significativonúmero de reclamações e recursos deprofessores atingidos por esta interpretação.

2. Outra questão extremamente com-plexa refere-se à não admissão e exclusãodos candidatos ao concurso interno eexterno declarados incapacitados para oexercício de funções docentes, pela juntamédica regional (ponto 6.6 do XIII). Istoé, relativamente aos eventuais candidatosao concurso interno, o Ministério daEducação entende que, embora o con-curso seja a única forma de mobilidadepara os docentes, há uma parte deles (osque estão sem componente lectiva pormotivo de doença) que perdem essedireito. Esta matéria é omissa nos diplomasque regulamentam o concurso.

Relativamente a este problema aFENPROF defendeu e continua a defenderque o concurso preveja a mobilidade detodos os docentes, enquanto se manti-verem na respectiva carreira. No sentidode evitar a atribuição de horários lectivosa docentes que os não vão efectivamenteocupar, exigimos que fosse explicitada, emsede de candidatura, a situação “semcomponente lectiva atribuída por motivo dedoença”. Quanto aos docentes dos Qua-dros de Zona Pedagógica, a situação é amesma, para os que pertencerem a QZPafastados das suas residências, encon-tram-se igualmente impossibilitados de seaproximarem.

Também sobre esta matéria o Minis-tério da Educação não se pronunciou,desconhecendo os professores que seencontram nesta situação os mecanismosde que disporão para se aproximarem dassuas residências. Reconhecendo-se a sua

Estabilidade de empregoe profissional dos docentesConcursos para o ano 2005/2006

N

ok

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precária situação de saúde, seria legítimo queconhecessem as regras a que ficarão sujeitos.

Alteração de normasde candidatura

No primeiro período de candidatura,entre 7 e 18 de Março, os candidatos aoconcurso externo, quando candidatos àcontratação, ao manifestarem preferênciasapenas por QZP, apenas podiam fazê-lono campo 4.5.6 até ao número limite de115, quando o limite de preferênciaspossíveis é de 148. Constatou-se, contudo,que nos períodos seguintes aquele limitecaiu, podendo os candidatos manifestarpreferências até ao limite de 148.

Apesar do alerta da FENPROF para oproblema, até à data o Ministério daEducação não se pronunciou. Não éaceitável que num concurso nacional tenhahavido oportunidades diferentes para umdeterminado grupo de docentes, tornando--se obviamente necessário encontrarsolução para a questão.

Erros na apresentaçãodas candidaturas

Relativamente ao significativo númerode erros e invalidações de candidaturasque ocorreram, a FENPROF reconheceque alguns serão da responsabilidade dosdocentes, mas a maioria é da responsa-bilidade do Ministério da Educação devidoao tardio e a alguma falta de escla-recimento aos docentes e às escolas sobreaspectos da candidatura e da sua vali-dação. No que respeita ao processo devalidação, constata-se que muitas dasinvalidações das escolas prendem-se comaspectos completamente inócuos para oprocessamento de graduação dos do-centes em concurso. Apesar disso, deacordo com o aviso de abertura doconcurso, os “erros” detectados constituemmotivo de exclusão.

Neste contexto, a FENPROF consi-dera necessário encontrar mecanismosque possibilitem a resolução de boa partedos problemas para momento anterior aoperíodo de reclamações para que as listasgraduadas provisórias se aproximem omais possível da realidade. A não serassim, o período de reclamações cons-tituirá mais um momento de enormeinstabilidade para candidatos e escolas.

Despacho nº 6365/2005de 24 de Março:

Acesso à profissionalizaçãodos docentes com habilitação própria

A publicação do citado despacho pre-tende resolver o problema da chamada àprofissionalização dos docentes contratadoscom habilitação própria. Tais docentes, deacordo com o diploma que regulamenta osquadros e concursos poderão, a curto prazo,

ser impedidos de se candidatarem aosconcursos nacionais, o que merece o maisvivo desacordo da FENPROF.

Embora a publicação do citado des-pacho constitua um avanço relativamenteà situação actualmente existente, o seuconteúdo e o conjunto das condiçõesimpostas aos docentes são de tal modorestritivas que a FENPROF propõe que oMinistério da Educação agende umareunião para o cabal esclarecimento dasnormas do despacho e a negociação dealgumas alterações que se impõem, bemcomo a garantia da sua aplicação já nopróximo ano lectivo.

Decreto-Lei nº 20/2005de 19 de Janeiro

Sobre a legislação que regulamentaos concursos nacionais, a FENPROFreitera a necessidade de rever o citadodiploma em matérias relevantes para aestabilidade do corpo docente e dasescolas, nomeadamente a negociação demecanismos que conduzam à vinculaçãodos professores profissionalizados ou comhabilitação própria que servem o sistemahá vários anos.

Por outro lado, a estabilização do corpodocente nas escolas exige, antes de tudo,o redimensionamento dos quadros deescola, adequando-os às necessidadespermanentes das escolas e a criação deincentivos à fixação em zonas isoladas oudesfavorecidas. A FENPROF consideraigualmente importante o redimensiona-mento da área geográfica dos quadros dezona pedagógica. A par destas questões,é igualmente necessário e urgente rever alegislação sobre a definição dos grupos dedocência e respectivas habilitações,

adequando-os à realidade actual.

Docentesde Técnicas Especiais

Apesar das sucessivas alterações aodiploma que regulamenta os concursosnacionais, o Ministério da Educaçãocontinuou a ignorar a situação caricata queanualmente vivem os docentes contra-tados de Técnicas Especiais que apesarde possuírem, em variadíssimos casos, umnúmero muito significativo de anos deserviço e estarem de acordo com oEstatuto da Carreira Docente, dispensadosde realizarem profissionalização, estãoimpedidos de concorrer aos concursosnacionais e, neste contexto, estão sujeitos,ano após ano, à contratação por ofertadirecta de escola. Esta é uma matériasobre a qual a FENPROF propõe que oMinistério da Educação agende umareunião com a máxima urgência.

Docentes vinculadoscom habilitação suficiente

do grupo de Educação Física

Estes docentes, abrangidos pelosDecretos-Lei 210/97, 66/2000 e 109/2002,continuam sem ver resolvida a suasituação profissional, já que o respectivocompletamento de habilitação através daUniversidade Aberta esteve bloqueadodesde 1997 e continua, no momentoactual, com muitos constrangimentos, querao nível do seu financiamento, quer aonível da própria oferta das cadeiras doplano de estudos da respectiva licen-ciatura. A agravar este quadro, paira sobreestes docentes, que na sua esmagadoramaioria já realizaram as cadeiras da

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profissionalização, a ameaça de passagemà carreira técnico-profissional no final dopróximo ano lectivo. A FENPROF defendeque se encontrem soluções que acautelema situação profissional destes docentes(muitos deles com 30 ou mais anos deserviço e 60 ou mais anos de idade),nomeadamente através da sua consi-deração como profissionalizados, à luz doque está consagrado no artigo 5º doDecreto-Lei 66/2000.

Complementos de formaçãopara docentes bacharéis

Desde 1999 que milhares de educa-dores e professores bacharéis tiveramacesso à formação complementar. Dessaforma, valorizaram-se do ponto de vistaacadémico, profissional e remuneratório,obtendo o grau de licenciatura e garantindoo reposicionamento na carreira docente de

acordo com a sua nova habilitação.Contudo, um número significativo de

docentes em exercício não teve, até aomomento, acesso a essa formação com-plementar. Esta situação tem afectado, demodo particular, os professores dos 2.º e3.º ciclos do Ensino Básico e do EnsinoSecundário, ainda que haja igualmenteeducadores de infância e professores do1.º ciclo do Ensino Básico que aguardamtambém o acesso a essa mesma formaçãocomplementar.

Neste quadro, a FENPROF não podedeixar de lamentar uma situação criada emantida por anteriores equipas do Minis-tério da Educação, exigindo, pois, aorganização, no mais curto espaço detempo possível, de cursos de comple-mento de formação, na quantidade ediversidade necessárias para atender àssolicitações do sistema e dos docentesinteressados.

A FENPROF considera que a rees-truturação da rede escolar, prin-cipalmente nas zonas rurais, deveser assumida como uma preocu-pação central do sistema educativo,

dado o grau de degradação de muitosedifícios, a falta de condições de trabalhoe o isolamento de alunos e professores.Esta reestruturação da rede deve resultardo levantamento das necessidades edu-cativas de cada concelho e envolver a

Rede Escolare Agrupamentosde Escolas

comunidade educativa na procura dassoluções mais ajustadas aos diversoscontextos regionais e locais. Não hásoluções ideais que sirvam a todos. Nolocal é que têm que se encontrar assoluções.

2. Sempre que a opção, colectivamenteassumida, implicar o encerramento deescolas e a concentração de alunos emoutro estabelecimento de ensino, o que

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tem acontecido nalgumas zonas comescolas do 1º ciclo do ensino básico, háque salvaguardar diversas condiçõespara garantir que as crianças passem afrequentar uma escola melhor do que aque tinham, passem a ter acesso a umconjunto de recursos e respostaseducativas de que não dispunham,acautelando ao mesmo tempo ascondições de deslocação dos alunos, aonível da segurança, da duração dospercursos e das distâncias a percorrer.

3. Tal como consagra a LBSE, aplanificação da rede deve ter em vistaa imprescindível humanização de es-paços escolares, o que deverá passarpela aposta em escolas básicas esecundárias de média dimensão, ondeo número de alunos de cada turma sejadeterminado em função de critérios denatureza pedagógica e não, comoacontece agora, em função de critériosmeramente administrativos.

4. Quanto aos agrupamentos deescolas, a FENPROF considera que aassociação de escolas pode ser umasolução positiva numa rede tão dispersacomo a que caracteriza o 1º ciclo doensino básico e a educação pré-escolar,podendo potenciar novas dinâmicas detrabalho pedagógico e o desenvol-vimento de projectos educativos co-muns. Mas também aqui não há solu-ções ideais, há soluções organizativasque favorecem mais a consecução dedeterminadas finalidades educativas, esão essas que têm que ser encontradaslocalmente.

A FENPROF considera inaceitável aforma como foi conduzido o processo de(re)constituição de agrupamentos deescolas no norte e no centro do país nofinal do ano lectivo 2002/2003 – pro-cesso que se traduziu na imposição deum modelo de formato único: agru-pamentos verticais de grande dimensão,ignorando, e em muitos casos con-trariando, dinâmicas locais e a vontadedas comunidades educativas e até dasautarquias. Foi um processo de mámemória, que se caracterizou porinúmeras prepotências, irregularidadese ilegalidades, como a FENPROF, aCONFAP, a ANMP e, ainda recen-temente, o Provedor de Justiça fizeramquestão em denunciar.

5. Tendo realizado um estudo deavaliação sobre o processo de reorde-namento da rede escolar e sobre osefeitos desta nova realidade orga-nizacional na administração do sistemaeducativo e no funcionamento dasescolas, a FENPROF exige também aoGoverno uma avaliação institucional doimpacto no terreno destes (mega)agrupamentos e soluções/alternativaspara os problemas identificados.

om excepção das escolas daRegião de Lisboa e Vale do Tejo(RLVT), as escolas profissionaissão financiadas através do FundoSocial Europeu (FSE) e de umacomponente de comparticipação

nacional, assegurada pelo Ministério daEducação e pela Segurança Social. Oregime de adiantamentos que vigoroudurante os primeiros anos foi substituídopelo de reembolsos sem que se tivesseem conta a natureza das escolas profissi-onais e o seu funcionamento. A partir dapublicação do novo regime jurídico dasescolas profissionais, estipulado pelo

Financiamentodo Ensino Profissional

Decreto-Lei nº 4/98, de 8 de Janeiro, opróprio regime de reembolsos sofreu umaalteração significativa, criando dificuldadesacrescidas a estas escolas. Num primeiromomento, os pedidos de reembolsoapresentados eram quase de imediatopagos, procedendo-se a acertos noreembolso seguinte e /ou no saldo final. Apartir do início da aplicação do QCA III cadapedido de reembolso é analisado autono-mamente, sendo frequente que umadespesa realizada e paga pelas insti-tuições apenas seja reembolsada três ouquatro meses depois, na melhor dashipóteses.

Apesar de ser consensual a importância e o papel do ensino

profissional no sistema educativo e o reconhecimento do

mérito evidenciado pelas escolas profissionais, estas

enfrentam graves problemas decorrentes dos modelos de

financiamento que lhes estão a ser aplicados. Muitas escolas

profissionais estão endividadas perante a banca e não cumprem

os seus compromissos com terceiros, nomeadamente com os

formadores/professores (muitos com vários meses de salários em

atraso) e com os alunos.

C

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Como a esmagadoramaioria das escolas pro-fissionais são assegu-radas por entidades eassociações de utilidadepública sem fins lucra-tivos, que não possuemmeios financeiros com-patíveis com este sistemade financiamento, está averificar-se o seu estran-gulamento progressivo,porque entre a realizaçãoe o pagamento de umadespesa e o seu reem-bolso, têm que aguardarvários meses. Muitas de-las têm que recorrer àbanca para tentar fazerface aos muitos compro-missos assumidos e paragarantirem o seu fun-cionamento. Este quadroé agravado pelo facto dosjuros bancários não se-rem considerados elegí-veis no âmbito do PRO-DEP.

Por outro lado, o mo-delo de financiamentoaplicado às escolas pro-fissionais da RLVT (regiãonão abrangida pelos fun-dos comunitários), desde2003/2004 agravou aindamais a precária situaçãodestas escolas, uma vezque o valor das bolsasatribuído pela Direcção Geral de FormaçãoVocacional é claramente insuficiente parao normal funcionamento destas ins-tituições. O Ministério da Educaçãoreconheceu já este facto, ao aprovar,através da Portaria nº 246/2005, de 9 deMarço, novas regras de financiamento paraestas escolas a partir do ano lectivo 2005/2006. Sendo esta uma medida de sentidopositivo, resta agora saber se os critériose os montantes do financiamento destenovo modelo irão respeitar os valores reaisdos custos dos cursos e se não colocarãoem causa, uma vez mais, o desen-volvimento dos projectos educativos dasescolas e o seu funcionamento.

Sob pena de começarmos a assistir aorápido encerramento de escolas pro-fissionais e à destruição do subsistema doensino profissional, a FENPROF con-sidera da máxima urgência a tomada demedidas que permita alterar e/ouagilizar a aplicação dos fundos co-munitários às escolas profissionais.Entre outras medidas, poderá re-gressar-se ao regime de adiantamentosou ao pagamento dos pedidos dereembolso na data da sua recepção nosServiços, com os necessários acertos

nos reembolsos seguintes, como severificava anteriormente. A generalidadedas escolas não terá certamente qualquerproblema quanto à sua viabilidade finan-ceira, se receberem a tempo e horas osmontantes a que têm direito e de queprecisam para o seu normal funcio-namento.

Só assim será possível desenvolveruma estratégia correctiva e reforçar aaposta no ensino profissional. Só destaforma será possível criar as condições paraque os professores e formadores dasescolas profissionais tenham acesso auma carreira digna e valorizada e a umcontrato de trabalho específico.

Contudo, a verdadeira aposta nodesenvolvimento e valorização doensino profissional passa, funda-mentalmente, pela crescente ofertapública de cursos profissionais. Éurgente, por isso, que o Estado e oMinistério da Educação assumam as suasresponsabilidades nesta matéria, criandotodas as condições, em termos finan-ceiros, humanos e materiais, para queos cursos profissionais possam sergeneralizados, com qualidade e su-cesso, nas escolas públicas.

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FENPROF regista com agrado aintenção do Ministério de Educa-ção, manifestada na reunião de 18de Abril de 2005, de destacar comomarcas da sua actuação “apostar

na qualificação dos adultos e, de

uma forma geral, dos activos”, aguar-dando, por esse motivo, propostas con-cretas que se orientem nesse sentido.

A FENPROF tem defendido que aresposta aos baixos índices de escola-ridade da população portuguesa deveráassentar numa vasta gama de oportu-nidades de aprendizagem tendo em contao necessário equilíbrio entre as diferentesofertas quer ao nível do público-alvo, querdos desenhos curriculares, quer, ainda, aonível dos recursos disponíveis.

Esta questão foi, mais uma vez, objectode análise no Encontro de QuadrosSindicais sobre Educação de Adultos,promovido pela FENPROF no dia 26 deNovembro de 2004.

A Educação de Adultos em Portugalnos últimos anos tem merecido da parteda FENPROF uma atenção e reflexãocontínuas e tem constituído um campopermanente de reivindicação perante asvárias equipas ministeriais que, infeliz-mente, pouco fizeram para responder aoapelo da sociedade portuguesa no sentidode se inverter uma situação caracterizadapelas baixíssimas taxas de escolarizaçãoda sua população jovem e adulta. Contudo,nos últimos anos tem sido reduzida a ofertado Ensino Recorrente nas escolas públi-cas, tendo mesmo, em 2002/2003 sidoencerrados cursos nocturnos em 34

Educação ao Longo da VidaEnsino Recorrente

escolas da Grande Lisboa o que im-possibilitou milhares de jovens de osfrequentar, para além de ter originado umaumento muito grande do número dehorários-zero naqueles estabelecimentosde ensino.

Independentemente de uma análisemais aprofundada das diversas ofertas deeducação de adultos, entre as quais asdesenvolvidas pelos Centros de Reconhe-cimento, Validação e Certificação deCompetências, a FENPROF consideraurgente, no imediato, que sejam consi-deradas as seguintes medidas:

1. Avaliação do primeiro ano doEnsino Secundário Recorrente pormódulos: O sucesso de um novo modelodepende de uma avaliação rigorosa econstante. É necessária a criação deuma comissão de acompanhamentoque possa avaliar regularmente o novomodelo e possibilite a introdução dealterações/adaptações julgadas necessá-rias. A precipitação na generalização deexperiências tem conduzido a resultadosfrancamente maus. O caso da genera-lização do SEUC, em 1995, ao EnsinoSecundário constitui um exemplo a nãorepetir. A importância desta avaliação étanto mais pertinente quanto não houvenenhum período de experimentação dareforma curricular em curso. Perante osdados já conhecidos, a FENPROF consi-dera imprescindível a existência dasseguintes condições:

- Permeabilidade entre diferentesmodelos e sistemas de Ensino;

- Criação de um regime de equi-

Avalências para fazer face à coexistência dosdiferentes modelos (por unidades capita-lizáveis, por módulos, Ensino Regular,Ensino Profissional, RVCC, CEF …);

- Adaptações dos horários nocturnospara suportar, por exemplo, 15 unidadesde 90 minutos sem ultrapassar a cargahorária semanal anteriormente existente(19 horas /23horas);

- Homologação e adaptação de progra-mas, principalmente os das disciplinas quenão têm a mesma carga horária do EnsinoRegular;

- Elaboração de guias de apren-dizagem/manuais adaptados a estemodelo de ensino;

- Reduções para o desempenho decargos, nomeadamente o de coordenadorpedagógico da turma, o de director decurso tecnológico e o de director de cursoartístico especializado;

- Formação contínua específica paraleccionar neste modelo.

2. Reestruturação do Ensino BásicoRecorrente, especificamente do 3º ciclo,já que o sistema de ensino era o mesmo doque o do Ensino Secundário – Sistema deEnsino por Unidades Capitalizáveis (SEUC).

3. Adaptações a introduzir no regimede faltas (o mesmo do ensino regular) demodo a responder à especificidade destepúblico-alvo que trabalha e tem vidafamiliar.

4. Alargamento da rede de escolaspúblicas com oferta de ensino re-corrente que facilite a frequência destepúblico-alvo respeitando os projectoseducativos de cada escola.

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iploma que cria os quadros emodos de acesso nas Escolas deMúsica dos Conservatórios, noInstituto Gregoriano e na Escolade Dança do Conservatório Na-cional.

Este diploma tem vindo a ser negociadoao longo dos últimos anos. Ainda recente-mente foi de novo apresentado às escolasenvolvidas um projecto para apreciação.Estão claramente identificados os pontosde consenso e os de divergência. AFENPROF tem acompanhado o processojuntamente com as escolas envolvidas ejá apresentou o seu parecer. Há todas ascondições para uma conclusão imediata esatisfatória deste processo. Com ele searticula a possibilidade de profissiona-lização dos docentes nestas escolas.

Situação profissional dos “profes-sores acompanhadores” na Escola deDança do Conservatório Nacional

Um número restrito de músicos desem-penha na EDCN a tarefa de acompanharinstrumentalmente as aulas de dança.Contratados como “professores-acom-panhadores” nas mesmas condições decontrato de professores contratados, nãotêm contudo qualquer acesso à carreira ouprofissionalização. Tem sido questionadaa sua “classificação” como professores,indefinição que tem implicado a ausênciade qualquer solução profissional. Pode

Ensino Artísticodiscutir-se se devem ser integrados nacarreira docente, na carreira técnicasuperior da Função Pública ou se deve sercriada uma carreira própria. A situação éconhecida pelo núcleo de ensino artísticodo ME. Urge tomar decisões.

Habilitações para o ensino da Músi-ca no 2º ciclo e Ensino Secundário, bemcomo nas escolas particulares

Está instalada há anos enorme confusãoneste domínio, de que têm resultado situaçõesinadmissíveis tais como a anulação decolocações em quadros de escolas, aanulação de estágios pedagógicos e o“abaixamento” de níveis remuneratórios.Situações que tornam imperiosa a criação demedidas clarificadoras.

Complemento de formação dosprofessores de Educação Musical

Há muitos destes professores, porta-dores dos antigos cursos dos conser-vatórios a que não correspondiam quais-quer graus “académicos”, que foram“equiparados” a bacharéis para carreira evencimentos, mas não para prosse-guimento de estudos. Os esforços paraque pudessem ter acesso aos “comple-mentos de formação” fracassaram umavez que foi considerado não estaremabrangidos pelos critérios de financia-mento previstos para essa operação. Urgedesbloquear a possibilidade de acesso ao10º escalão da carreira docente.

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JORNAL DA FENPROF 25JUNHO 2005

FENPROF reconhece e considera importantes os vários modelos de ensino quecontribuem para a promoção e divulgação da Língua e Cultura Portuguesas noEstrangeiro, como o Ensino do Português Língua Estrangeira, os Leitorados, asCátedras, a Cooperação com os Países de Língua Oficial Portuguesa e o Ensinodo Português Língua e Cultura de Origem.

Mas, no respeito pelos preceitos constitucionais e pelas ComunidadesPortuguesas residentes no estrangeiro, é fundamental manter e melhorar o modelo quetem assegurado o Ensino de Português Língua e Cultura de Origem (para alguns,Português Língua Materna).

Estamos conscientes da necessidade de adaptar esta modalidade de ensino às novasexigências sociais e que é fundamental que se definam objectivos e reformulemprogramas, sempre em acordo com os países de acolhimento. As novas tecnologias aoserviço deste ensino poderão constituir um compromisso essencial de uma estratégiade desenvolvimento, associando-as às práticas tradicionais de um ensino directo. Paraisso, é desejável que, através da via do diálogo, da concertação, da negociação e semprecom os professores, se criem plataformas de entendimento que facilitem, aproveitandoos recursos disponíveis, uma melhor promoção e divulgação da Língua e CulturaPortuguesas no Estrangeiro.

A FENPROF defende, pois, que se protejam os direitos educacionais dos cidadãosportugueses e seus descendentes que vivam e trabalhem no estrangeiro e exige aresolução de diversos problemas relacionados com o exercício da docência no ensinoportuguês no estrangeiro, designadamente a actualização das tabelas salariais dosprofessores, uma cobertura social idêntica de todos os docentes, a rentabilização daexperiência adquirida e da qualificação profissional dos docentes.

Valorizar o EnsinoPortuguês no Estrangeiro

s docentes do Ensino Particular eCooperativo bem como os dasInstituições Particulares de Soli-dariedade Social e MisericórdiasPortuguesas exercem uma funçãode interesse público e têm os

direitos e estão sujeitos aos deveresinerentes ao exercício da função docente.

Quer o Estatuto do Ensino Particular eCooperativo (Dec-Lei nº 553/80), quer aLei Quadro da Educação Pré-Escolarestabelecem como princípio, no querespeita aos docentes, a criação decondições de exercício e de valorizaçãoprofissionais idênticas aos colegas aexercerem no Ensino Público.

A FENPROF tem sempre pautado asua actuação tendo como referênciaaqueles princípios, contribuindo assim paraa defesa da dignificação e estabilidade dosector.

Contudo, pouco se tem avançado naresolução dos problemas com que osdocentes se defrontam, o que conse-quentemente tem prejudicado a qualidadedo ensino ministrado neste sector.

Assim, no que respeita ao EnsinoParticular e Cooperativo, a ausência depublicação de Portarias de Extensãorespeitantes aos Contratos Colectivos deTrabalho do sector desde o ano lectivo

Ensino Particular e Cooperativo

A

O

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2000/2001, retidas no Ministério daEducação, é uma situação que muito nospreocupa pelas desigualdades que criaentre os vários estabelecimentos de ensinoe consequentemente entre os docentesque neles trabalham.

Quanto às IPSS’s, estas, através dasrespectivas Uniões (União das IPSS’s,União das Misericórdias Portuguesas eUnião das Mutualidades Portuguesas)celebraram com o Governo em Maio de1998, um protocolo de cooperação atravésdo qual acordaram o processo de envol-vimento dos estabelecimentos de edu-cação pré-escolar das IPSS’s no Programade Expansão e Desenvolvimento daEducação Pré-Escolar, passando osmesmos a integrar a Rede Nacional deEducação Pré-Escolar (Lei nº 5/97 eDecreto-Lei nº 147/97).

No âmbito desse protocolo, começaram

as IPSS’s a receber do Ministério daEducação e Ministério do Trabalho e daSolidariedade subsídios para as res-pectivas componentes, educativa e sócio-educativa.

Este apoio financeiro concedido peloEstado às IPSS’s tem vindo a ser actua-lizado, por um Acordo, uma Adenda eposteriormente por Despachos Conjuntosministeriais publicados em Diário daRepública (Despachos nº 19 e nº 20/2003publicados em 10 de Janeiro de 2003,Despachos nº 27 e nº 28/2004, publicadosem 29 de Dezembro de 2003 e os Des-pachos nº 113 e nº 115/2005 de 7 de Fe-vereiro de 2005).

Ora, quer o Protocolo quer os des-

pachos subsequentes pressupõem aaplicação das Tabelas Salariais dosEducadores de Infância constantes doContrato Colectivo de Trabalho para oEnsino Particular e Cooperativo.

Pela acção dos Educadores de Infânciaque trabalham nestas Instituições, apoia-dos pelos vários Sindicatos da FENPROF,um número significativo de Instituições jáaplica as tabelas do Ensino Particular eCooperativo.

Mesmo assim, existe ainda um númerosignificativo de IPSS’s que se recusam afazê-lo.

Assim, é de toda a conveniência arápida clarificação, por parte do actualGoverno, desta situação pois estão emcausa a aplicação e respectiva fiscalizaçãodos dinheiros públicos e o cumprimento daLei Quadro da Educação Pré-Escolar.

Também na área da formação, os

docentes do Ensino Particular e Cooperativoe das IPSS’s se deparam com inúmerosobstáculos no acesso à profissionalizaçãoem serviço, ao completamento de formaçãoe à formação contínua.

Perante esta realidade, a FENPROFaguarda a marcação de uma reunião detrabalho para análise das questões jámencionadas, mas também de outras queafectam este sector e cuja solução tem sidosucessivamente adiada, nomeadamenteno que respeita à contagem de tempo deserviço dos educadores de infância, aoscomplementos de formação dos docentesque não possuem o grau de bacharelato,às autorizações de leccionação e àaposentação.

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JORNAL DA FENPROF 27JUNHO 2005

10% da população activa estádesempregada em Portugal everificou-se destruição líquidade emprego no 1º trimestre de2005

Resumo deste estudo*

No 1º trimestre de 2005, o desempregooficial atingiu em Portugal 412.600portugueses, mas o desemprego corrigido,muito mais próximo da realidade, calculadocom dados publicados pelo INE, atingiu548.900.

Na mesma data a taxa oficial dedesemprego era de 7,5%, enquanto a taxade desemprego corrigida atingiu 10%,portanto um valor, pela primeira vez emPortugal, de dois dígitos.

No 1º trimestre de 2005, pela primeiravez também durante muitos trimestres,verificou-se uma diminuição líquida deemprego, pois, de acordo com dadospublicados pelo INE, o emprego total emPortugal era, no 1º Trimestre de 2005, infe-rior ao existente no 4º Trimestre de 2004,em 39.600 postos de trabalho. Portanto,contrariamente ao que o governo PSprometeu – criação líquida de mais 150.000postos de trabalho – o que se está a verificaré uma destruição líquida de postos detrabalho pois o seu número, passou, entreo 4º Trim. 2004 e 1º Trim. 2005, de 5.133.900para 5.094.400.

A análise dos dados publicados pelo INErevela também que a destruição de empregoestá atingir não apenas as profissões de“qualificação de banda estreita e de baixaescolaridade” como sucedeu nos anosanteriores, embora continuem a ser ostrabalhadores destas profissões os maisatingidos pelos despedimentos (76.300 en-tre 4º Trim. de 2003 e o 4º Trim. de 2004; e48.700 entre o 4º Trim. de 2004 e o 1º Trim.de 2005), mas também começa a atingir ostrabalhadores de “qualificação e esco-laridade média” (menos 31.700 postos detrabalho entre o 4º Trim. de 2004 e o 1ºTrim. de 2005) e mesmo algumas profissões

de “elevada escolaridade e qualificação”(entre o 4º Trim. de 2004 e o 1º Trim. de2005, os postos de trabalhado de “espe-cialistas das profissões intelectuais ecientíficas” diminuíram em 11.400).

Os dados do INE também revelam que,entre o 4º Trimestre de 2001 e o 1º Trimestrede 2005, o desemprego total aumentou93,5% , mas o desemprego de longa duração(o com mais de 25 meses) cresceu 190,4%,ou seja, mais do dobro. Por outro lado, opeso de desemprego de longa duração temcrescido muito representando actualmentemais de um quarto do número total dosdesempregados. O desemprego com umaduração superior a um ano já abrangemetade dos desempregados, quando no 4ºTrimestre de 2001 correspondia a 37,2% donúmero oficial total desempregados.

Entre Janeiro de 2001 e Junho de 2004,portanto em 3,5 anos, o número depensionistas com reforma antecipadacresceu em 17.848, o que dá uma média de5.100 por ano, portanto um crescimento quenão é muito elevado. Ao suspender asreformas antecipadas num contexto decrescimento rápido do desemprego, dedestruição líquida de emprego, e do nãocumprimento da promessa de criaçãolíquida de 150.000 postos de trabalho, o

Os portugueses pagam as pensõesprincipescas de titulares de cargos políticos

governo está apenas a transformar pen-sionistas com reforma antecipada, emdesempregados com ou mesmo sem subsí-dio de desemprego.

Contrariamente ao que se pretendefazer crer, as pensões que estão a provocarescândalo são pagas de uma forma directaou indirecta pelo Orçamento do Estado,contribuindo para agravar o défice. E istoporque as pensões vitalícias dos políticossão pagas directamente pelo OE que todosos anos transfere para a CGA as impor-tâncias necessárias. As pensões principescaspagas pelos Fundos de Pensões do Bancode Portugal, da CGD, e de outras empresaspúblicas são também em grande partepagas, embora de uma forma indirecta, peloOE. E isto porque os lucros (dividendos) dasempresas públicas constituem por leireceitas do Orçamento do Estado, e comouma parte desses lucros são utilizados parafinanciar esses Fundos de Pensões quepagam essas pensões, a parte que éentregue ao OE é menor, o que contribuipara agravar o défice. Pode-se dizer que sãoos portugueses que estão a pagar, destaforma, uma grande parte dessas pensõesembora o não saibam.

ESTUDO

Eugénio Rosa (Economista)

* O estudo completo pode sersolicitado para: [email protected]

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28 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

Como mostram os dados do quadro, quesão dados divulgados respectivamente peloInstituto de Informática e Estatística daSolidariedade (IIES do MSST) e nas Esta-tísticas da Segurança Social, o número dereformas antecipadas não têm aumentadoda forma que se pretende fazer crer (quadroao lado).

Como mostram os dados anteriores,entre Janeiro de 2001 e Junho de 2004,portanto em 3,5 anos, o número depensionistas com reforma antecipadacresceu em 17.848, o que dá uma média de5.100 por ano.

Para além disso, interessa ter presenteque a reforma antecipada só é possíveldepois dos 55 anos e desde que se tenha 30ou mais anos de descontos e, por cada anode idade compreendida entre a idade que otrabalhador se reformou e os 65 anos, otrabalhador perde o correspondente a 4,5%do valor da pensão a que tinha já direito senão se verificassem descontos É certo quepor cada três anos de descontos a mais dos30 anos é reduzido nos anos de descontoum ano. Mas mesmo assim, a redução novalor da pensão é muito grande.

Por exemplo, um trabalhador com 55anos e com 30 anos de descontos. Se sereformar com 55 anos, a pensão a que teriadireito se não sofresse qualquer redução napensão seria o correspondente a 60% dochamado salário pensionável (a média dos10 melhores salários anuais actualizadosdos últimos 15 anos). Com a redução (4,5 x10) receberá apenas o correspondente a33% do salário pensionável. Se se reformarcom a idade de 57 anos e 33 anos dedescontos, teria direito, se não sofresse aredução na pensão, a 66% do saláriopensionável; com redução (4,5% x 7,descontando já um ano por três mais 3 anosde descontos para além dos 30), ficaráapenas com 45% do salário pensionáveldepois de 33 anos de descontos para aSegurança Social. São perdas muitoelevadas, nomeadamente para traba-lhadores de baixos salários.

No entanto, mesmo sujeitando-se a umaelevada perda, existiam trabalhadores (emmédia 5.100 por ano) que recorriam aantecipação da reforma, as mais das vezesporque eram considerados pelas empresas“velhos para trabalharem” e, findo o períodoa que tinham direito ao subsídio, e com aexclusão social a que eram sujeitos, viam--se compelidos a reformarem-se antes dotempo.

FONTE: Jan 2001 e Jan 2002: Instituto de Informática e Estatística da SolidariedadeJan 2004 e Junho 2004: Estatísticas da Segurança Social – MTSS

Pensionistas por reforma antecipada

Suspensão de reformas antecipadas com aumento do desemprego

Agora com a decisão do governo emsuspender as reformas antecipadas, e numasituação de grave crise de emprego(destruição líquida de emprego e aumentorápido do desemprego) enfrentarão natural-mente a seguinte situação: no lugar deserem pensionistas por reforma antecipadasserão desempregados com direito a subsídiode desemprego (durante algum tempo) edepois desempregados sem direito aqualquer subsídio de desemprego (o restodo tempo). Poupanças à custa de uma maiormiséria. A intenção parece ser também deagravar ainda mais o conflito social e deobter assim os aplausos da direita e dosdefensores do pensamento dominante decariz neoliberal que dominam actualmenteos media.

Um atentado à inteligênciados portugueses

Nos últimos dias tem-se assistido a umespectáculo triste de membros do governo(e não só) que têm defendido situações deprivilégio que, comparadas com a situaçãoda esmagadora maioria do Povo Português,com o atraso em que se encontra o País ecom os sacrifícios que são pedidos aosportugueses, o menos que se poderá dizer éque são chocantes. E o argumento maisutilizado quer pelos próprios beneficiáriosdesses privilégios quer pelos seus defensoresé que essas pensões são “legais e legítimas”.

Em relação à legalidade interessalembrar que muitas vezes são os própriosbeneficiários que elaboram as propostas e

DATA NÚMERO DE PENSIONISTAS POR REFORMA ANTECIPADA

Janeiro 2001 57.258

Janeiro 2002 60.773

Janeiro 2004 69.343

Junho 2004 75.106

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JORNAL DA FENPROF 29JUNHO 2005

“Desenvolver campanhasde sensibilização junto dasempresas e dos trabalhadoressobre o papel da formação e osrespectivos direitos e deveres,com abordagem específica anível sectorial”, é uma dasorientações da proposta sobreformação profissional, “com vistaa um acordo bipartido”, envol-vendo os parceiros sociais, que aCGTP-IN divulgou recentementeem conferência de imprensa.

A Central propõe a criação da“Caderneta” de Formação Pro-

fissional, a qual permitirá o registoda formação recebida pelo trabalhador ao longo da sua carreira profissional, aomesmo tempo que sublinha a necessidade de garantir que, em cada empresa, aformação contínua abranja, em cada ano, pelo menos:15% dos trabalhadores(empresas até 9 postos de trabalho); 20% (de 10 a 99 postos de trabalho); 25%(100 a 249); 40% (mais de 250).

Para a CGTP-IN há que “concretizar o direito dos trabalhadores a um númeromínimo de 35 horas de formação anual a partir de 2006”.

Um mínimo de 35 horas de formação em 2006

Com vista a concretizar o direito dos trabalhadores a um número mínimo de 35horas de formação anual certificada a partir de 2006, a Inter aponta vários caminhos,como por exemplo:

• Desenvolver, com carácter de prioridade a formação assegurada pela empresa,através da sua elevação progressiva;

• Garantir, aos trabalhadores que não tenham acesso à formação certificadaprevista na lei assegurada pela empresa, a concessão de tempo e o pagamentodos custos com a formação desenvolvida por sua iniciativa;

• Adoptar medidas, necessariamente complementares, que facilitem o acessoindividual à formação pelos trabalhadores, através, nomeadamente, do “cheque-formação” (destinado a casos de formação específica), da “conta individual deaprendizagem” e das bolsas individuais de formação.

Aprendizagem ao longo da vida

Segundo a Intersindical Nacional, os parceiros sociais devem comprometer-sea estabelecer planos diferenciados sectoriais e a inserir a Aprendizagem ao Longoda Vida e a formação contínua como matérias prioritárias na negociação colectiva.

“Proceder à elaboração dos diagnósticos de necessidades de competências anível nacional, regional ou sectorial que servirão de base à elaboração e aprovaçãodo primeiro Programa Plurianual de Formação Profissional” e “ao levantamentoexaustivo da oferta formativa em todo o território nacional, com vista à suaarticulação e à criação de uma base de dados nacional, a ser disponibilizada naInternet”, são outras direcções realçadas na proposta da Central, que, naturalmente,chama também a atenção para a necessidade de “desenvolver a contrataçãocolectiva”.

“Apresentar, ao Conselho Consultivo Nacional para a Formação Profissional,uma proposta de revisão do Sistema Nacional de Certificação Profissional, comvista a ajustar o sistema de certificação às exigências da estratégia de Aprendizagemao Longo da Vida, simplificando e agilizando mecanismos, promovendo aconstrução de referenciais de competências comuns entre ensino e formação eequivalência de certificados, no sentido de uma dupla certificação, e reconhecendoe validando, de forma sistemática e disseminada territorialmente, competênciasadquiridas por vias não formais e informais”, é também proposta da CGTP-IN.

Propostas da CGTP-IN no âmbitoda formação profissional

obtêm a sua aprovação quando nãomesmo as aprovaram. É uma legalidadeque se ajusta às conveniências privadas.Quanto ao problema da legitimidade eletem sido mal colocado. A ilegitimidaderesulta não só de acumular uma ou váriaspensões com a remuneração de ministro,ou de professor ou de um empregoprivado como sucede em muitos casos,mas também por ser uma pensão de umavalor elevadíssimo (no caso 8.000 euros),paga a partir dos 49 anos, que se obtémapenas com 6 anos de serviço. E é precisoter presente que regimes como estesvigoravam e devem continuar a vigorarno Banco de Portugal pois não houveconhecimento que tenha sido alterado(certamente o dr. Victor Constâncio seráum dos futuros beneficiários), na CGD(teve-se recentemente um “feliz” econhecido contemplado, o eng. MiraAmaral) e certamente em muitas em-presas públicas. E contrariamente ao quese pode pensar estes privilégios contri-buem para agravar o défice orçamental.Para concluir isso basta ter presente oseguinte: as pensões com aqueles valoressão pagas por Fundos de Pensões doBanco de Portugal, da CGD, de outrasempresas públicas (porque estas sãoapenas a ponta do “iceberg”). EstesFundos de Pensões são em grande partefinanciados com uma parte dos lucrosdessas empresas, que são consideradoscustos e deduzidos nos lucros. E os lucros(dividendos) são, por lei, receitas doOrçamento do Estado. Por ex., entre 2000e 2003, o Banco de Portugal pagou aoEstado 136,7 milhões de euros dedividendos (pág. 39, do relatório deAuditoria feita pelo Tribunal de Contasque está disponível no seu “site”). Logose uma parte dos lucros são utilizadospara financiar Fundos de Pensões quepagam aquelas pensões, logo são entre-gues menos dividendos ao OE. Comoconsequência o défice aumenta, logopode-se dizer com legitimidade que,embora de um forma indirecta, essaspensões são pagas pelo OE, agravandoo défice que agora todos temos de pagarcom mais impostos. Recorde-se que hápoucos dias os media deram a conhecerque pelo simples facto de uma parcelado Fundo de Pensões da CGD ter sidotransferido para a CGA para reduzir odéfice orçamental de 2004, a Caixa, du-rante dois anos, não pagará IRC aoEstado sendo, como é evidente, por isso,mais elevado o défice orçamental.

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30 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

“A profissão docente é hojeuma das profissões maisexigentes pela complexidadede que se reveste o actoeducativo mas também pelaresponsabilidade social quedesempenha pelo que deveriamerecer o efectivoreconhecimento de toda asociedade. Ter consciênciadesta realidade implica saberque esta é uma profissãoexigente no cumprimento dosseus deveres mas quetambém tem que reforçar osdireitos capazes devalorizarem a profissão nosseus diversos aspectos”,sublinha a resoluçãoaprovada no EncontroNacional de Docentes dasIPSS e das Misericórdias, quea FENPROF realizou nopassado dia 6 de Maio, numaunidade hoteleira de Lisboa.

ACÇÃO REIVINDICATIVA

Apostar com coragem na defesa e reforçodos direitos e na valorização da profissão

Resolução aprovada no Encontro Nacionalde Docentes das IPSS e Misericórdias

“Organização e funcionamento dojardim de infância: componente educativae componente sócio-educativa”, “as com-petências do director pedagógico” e “asresponsabilidades e direitos dos educadorescomo docentes”, abordando áreas como aformação, a aplicação do Protocolo deCooperação, carreira, remunerações econtratação colectiva, estiveram no centrodo debate deste Encontro, enriquecido pelacomunicação da Drª Luísa Homem, docenteda Escola Superior de Educação (ESE) deLisboa, que falou sobre “a Educação deInfância, a profissão de educador e osprofissionais nas IPSS”.

“Sendo o acto educativo um só e queapenas tem que ser adequado aos diversosníveis etários das crianças e jovens, oEncontro Nacional dos Educadores deInfância que trabalham nas IPSS’s eMisericórdias, promovido pela FENPROF,reafirma a profunda convicção de que oexercício da sua profissão deve estarpautado pelas mesmas condições denatureza sócio-profissional e remuneratória

que todos os colegas que trabalham nosoutros subsistemas de educação e ensino”,observa a resolução aprovada nestainiciativa da FENPROF.

Mais adiante, pode ler-se:“Essa exigência é tanto mais justa

quanto a Lei-Quadro da Educação Pré-Es-colar determina que aos Educadores deInfância que exerçam funções na redeprivada e solidária devem ser, progre-ssivamente, proporcionadas idênticascondições de exercício e de valorizaçãoprofissional.

“Esta exigência é tanto mais pertinentequanto o Protocolo de Cooperação visandoa expansão e desenvolvimento da EducaçãoPré-Escolar, assinado entre o Governo, aUnião das Instituições Particulares deSolidariedade Social, a União das Mise-ricórdias Portuguesas e a União dasMutualidades Portuguesas, atribui àsInstituições integradas na Rede Nacional daEducação Pré-Escolar as verbas necessáriaspara pagar aos educadores segundo a tabelasalarial em vigor no Ensino Particular eCooperativo.

“Contudo, apesar deste enquadramentolegal e dos dinheiros públicos distribuídos,em muitos estabelecimentos de EducaçãoPré-Escolar sob a tutela daquelas Insti-tuições não se cumprem as condições detrabalho minimamente adequadas nem éatribuído às educadoras o vencimento deacordo com a tabela do EPC (Ensino Par-ticular e Cooperativo).“

Justas reivindicações

Os educadores presentes no EncontroNacional exigem que:

a) seja nomeado ou eleito um DirectorPedagógico, o qual tem de ser obriga-toriamente um Educador de Infância, emcada estabelecimento de Educação Pré-Es-colar da Rede Nacional, no âmbito da

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JORNAL DA FENPROF 31JUNHO 2005

aplicação da Lei-Quadro da Educação Pré--Escolar;

b) seja garantida a formação contínuaao pessoal docente e não docente dosestabelecimentos de Educação Pré-Escolar;

c) seja cumprido o estipulado noProtocolo de Cooperação no que respeitaao direito a um vencimento de acordo coma tabela em vigor no Contrato Colectivo deTrabalho do EPC;

d) seja contado todo o tempo de serviçoprestado em diferentes valências em par-ticular o que for exercido em creches;

e) sejam aplicadas aos docentes doEnsino Particular, das IPSS’s e das Mise-ricórdias as mesmas condições de apo-sentação que usufruem os colegas do ensinopúblico;

f) seja aplicado nas IPSS’s e Mise-ricórdias o calendário escolar definido peloMinistério da Educação;

g) seja respeitado escrupulosamente ohorário de trabalho estipulado na respectivaConvenção Colectiva;

h) sejam respeitados os direitos sociaisinscritos na Lei Geral do Trabalho nomea-damente o direito à maternidade e aassistência à família, em particular aosfilhos menores.

A resolução destaca ainda:“Tendo em conta que o Ministério da

Educação é responsável pela tutela peda-gógica dos estabelecimentos de educaçãoe ensino em Portugal, e o Governo res-ponsável pela aplicação dos dinheirospúblicos, os participantes no EncontroNacional dos Docentes das InstituiçõesParticulares de Solidariedade Social e dasMisericórdias exigem que o Ministério daEducação e o Governo exerçam a fisca-lização necessária para que nos esta-belecimentos de educação pré-escolar darede nacional, dependentes das IPSS’s e dasMisericórdias se cumpram todas as regrasde natureza pedagógica e que os dinheirosdestinados à componente educativa, e emparticular os que se referem ao pagamentodos vencimentos dos educadores, sejamverdadeiramente aplicados nos fins legal-mente estipulados

“Respeitar os direitos sócio-profissionaisdos educadores de infância é não só, emmuitos casos, uma exigência legal como umelemento de valorizar a profissão docente.Por isso, as educadoras de infância mani-festam a sua determinação em lutar por elese defendê-los.”

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32 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

1. O Financiamento e a aplicaçãodo Processo de Bolonha

A aplicação do Processo de Bolonhaencontra-se inquinada pela forte descon-fiança das instituições de que será apro-veitada para reduzir a responsabilidade doEstado pelo financiamento do Ensino Su-perior. De facto, a orientação do Governoanterior era a de forçar a duração do 1º cicloo mais possível a ser de 3 anos (exceptuandoos casos de formações destinadas aoexercício de profissões regulamentadas), oque, apesar das tentativas da Ministra paratranquilizar as instituições de ensino supe-rior, levou a que se criasse a convicção deque iriam ser exigidas aos alunos propinasde mestrado (hoje de montantes muitoelevados - da ordem do custo real) sedesejassem frequentar o 2º ciclo. Como este2º ciclo irá ter, em muitos casos, grandessobreposições com os anos terminais dasactuais licenciaturas, no que se refere aobjectivos formativos, uma situação destascorresponderia a transferir para os estudan-tes e para as suas famílias os custos daquiloque hoje o Estado já suporta.

A este respeito, o Programa do Governo,apesar de referir que “as universidades e ospolitécnicos terão a garantia de que apassagem para uma estrutura em dois ciclosde estudos não representará, por si só,diminuição do funcionamento públicodisponível”, deixa algumas dúvidas porque

Comentários ao Programa do Governoem 4 apontamentos João Cunha Serra (Membro do Secretariado Nacional da FENPROF)

Ensino Superior e Investigação

mais adiante refere o compromisso de “nãoaumentar, a preços constantes, o valor daspropinas de frequência do primeiro ciclo eadequar o valor das propinas à novanatureza do 2º ciclo”.

Uma leitura benevolente deste compro-misso pode levar a concluir-se que aspropinas do 2º ciclo serão tais que os cus-tos acrescidos que provenham de umaprocura do 2º ciclo superior àquela queactualmente se verifica nos mestrados serãopagos pelos estudantes e pelas suas famílias,através de propinas mais elevadas do queas do 1º ciclo, mas ainda assim mais baixasdo que as actualmente praticadas nosmestrados. Isto é, as “poupanças” feitas coma redução da duração dos cursos delicenciatura serviriam para financiar umaredução das propinas no 2º ciclo, relativa-mente às hoje em vigor nos mestrados.

Ora, se esta é a proposta do Governo - econviria que houvesse uma clarificação -ela não se coaduna com a necessidade dealargar e democratizar o acesso ao 2º ciclo,pois a elevação do valor das propinas napassagem do 1º para o 2º ciclo irá afastarmuitos alunos do prosseguimento dosestudos. É, aliás, interessante verificar queBolonha acentua a sequência: 1º, 2º ciclo -e não licenciatura, mestrado - com a ideiade que o 2º ciclo completa o 1º. Portanto,um estudante, logo após ter terminado o 1ºciclo, ou depois de algum tempo a trabalhar,irá frequentar o 2º ciclo, eventualmente

noutra instituição do país ou do estrangeiro.A Declaração de Bolonha aponta assim

claramente no sentido do acentuar atendência para a universalização do acessoao ensino superior, tanto no que se refereao 1º ciclo, como, especialmente, ao 2º ciclode estudos. Este desiderato, conforme aosobjectivos da “Estratégia de Lisboa”, éfundamental para a elevação da qualificaçãoda nossa população activa e para o desen-volvimento cultural, social e económicosustentável do país. Ele não será atingívelsem que o Estado se responsabilize pelofinanciamento do Ensino Superior Público,em particular pelos dois ciclos de estudos,sob pena de se acentuarem os efeitos muitonegativos, já denunciados por responsáveisdas instituições, de que o aumento daspropinas, concretizado pelo 1º Governo PSD/PP, levou milhares de alunos a abandonaremos seus estudos, ou a terem que passar àsituação de estudantes-trabalhadores.

Uma importante questão, relativamenteà qual não há qualquer compromisso noPrograma do Governo, é a da desejáveleliminação do conteúdo do Programa deEstabilidade e Crescimento, que o Governotem que apresentar em Bruxelas (Maio), dacláusula que afirma que não haverá, até 2007,qualquer aumento nominal de financiamentopara o ensino superior. Esta limitação, apersistir, levantará as mais sérias dúvidas sobreo efectivo empenho do Governo neste sectorestratégico para o desenvolvimento do país,

ENSINO SUPERIOR

No Ensino Superior Público, o Programa doGoverno nada aponta para a correcção dosgraves problemas da precariedade deemprego e do estrangulamento dos quadros

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JORNAL DA FENPROF 33JUNHO 2005

pois significará a certeza do prosseguimentode uma acentuada redução em termos reaisdos recursos disponíveis.

Ainda quanto a Bolonha, anote-se comopotencialmente muito positiva a posiçãoexpressa no Programa de que será seguido“o modelo de organização por ciclos, comum primeiro ciclo de estudos de duraçãonão inferior a seis semestres”. Se istosignificar que o Governo não irá forçar asinstituições a reduzirem a duração dos seuscursos de licenciatura, obrigando-as auniformizar essa duração ao mínimoproposto por Bolonha (3 anos), independen-temente das necessidades impostas pelosobjectivos culturais, científicos e profissio-nais das formações (definidos com audiçãode representantes da sociedade nelasinteressados), e das limitações da formaçãocom que os alunos ingressam do secundário,então estaremos no bom caminho. O SPGLe a FENPROF têm vindo a bater-se por issoe continuarão a fazê-lo.

2. A Qualidade e o Futurodo Sistema de Ensino Superior

É positivo que no Programa do Governotenha caído o entusiasmo apologético quetransparecia no Programa do PS quanto aosistema binário (universidades/politécnicos):“O PS é favorável ao sistema binário”. OPrograma afirma uma posição que seaproxima muito da posição que o SPGL e aFENPROF têm defendido, ao referir valorizar“a articulação entre instituições commissões distintas e funções diversificadas”,e ao defender que “a coexistência deformações e ambientes de ensino e pesquisade perfil típico daqueles tradicionalmenteassociados a universidades e de perfiltradicionalmente associado a politécnicosconstitui uma riqueza de que não devemosabdicar”. O Programa refere logo depois:“mas isso deve ser conseguido garantindoo relacionamento mais estreito entre ossubsistemas universitário e politécnico,valorizando a excelência em ambos”, o quepode ser uma forma mitigada de o Governodizer que pretende perpetuar a existência ea separação dos subsistemas, embora comum relacionamento mais estreito, orien-tação que difere da que o SPGL e a FENPROFtêm defendido, não no que concerne àcooperação institucional que têm advogadoe às exigências da sua qualidade, mas noque se refere à proposta que de há muitofazem de se caminhar para um sistemaintegrado e diversificado.

Deve registar-se, no entanto, como

especialmente positivo, aquilo que se dizimediatamente a seguir: “Em particular, apossibilidade de concessão de graus deixaráde estar fixada por critérios unicamenteadministrativos, para passar a depender dasatisfação de requisitos, exigentes ecomuns, de qualidade”.

Este compromisso coincide com aquiloque o SPGL e a FENPROF vêm reclamando hámuito. Resta saber se o Governo vai ou nãoatribuir condições de igualdade de oportu-nidades, designadamente no que se refere afinanciamento, às instituições universitáriase politécnicas, para se desenvolverem comqualidade e relevância social acrescidas. Éfundamental que seja posta em prática umapolítica de discriminação positiva e deincentivos à qualidade, baseada em processostransparentes de prestação de contas e deavaliação com critérios adequados e ampla-mente partilhados.

Quanto ao Ensino Superior Particular eCooperativo (ESPC), o Programa do Governoé substancialmente omisso. Para além daideia geral de apoio a iniciativas privadasno ensino superior, surge apenas a afir-mação de que “o Ministério da tutela devezelar pelo cumprimento dos requisitos dequalidade para cursos e instituições e daresponsabilidade própria das instituiçõesprivadas face aos seus alunos”. Espera-seque esta afirmação de cumprimento dasfunções de regulação que, note-se, se deveaplicar igualmente ao Ensino SuperiorPúblico, seja para levar a sério e não persistaa atitude de omissão que na prática temrepresentado cumplicidade para com a faltade qualidade e para com inúmeros atropelosà legalidade que se têm verificado.

3. A Situação Profissional dos Docentes

Regista-se como muito negativo o factode nada se referir quanto ao corpo docentedo ensino particular e cooperativo que con-tinua a ser tratado de forma prepotente eindigna por muitas entidades instituidorasdo ESPC. O Programa nada adianta quantoàs exigências que o SPGL e a FENPROF têmapresentado relativamente à existência emtodas as instituições de corpos docentespróprios, adequadamente qualificados, comuma carreira docente paralela à dosdocentes do Ensino Superior Público(exigência da própria lei que não é cum-prida) e com condições dignas de contra-tação e de vinculação estável. Sem que estasexigências sejam contempladas é ilusóriofalar-se de que se vai “zelar pelo cumpri-mento dos requisitos de qualidade”.

No Ensino Superior Público, o Programa,embora refira a intenção de rever osestatutos de carreira com o objectivo de“estabelecer um único estatuto que acolhaperfis docentes diversificados, mas comequivalência no topo da carreira, quepremeie o bom desempenho em todas asdimensões da profissão docente e quefacilite a mobilidade entre os diversos perfise instituições, entre carreiras docente e deinvestigação e entre carreiras académicase actividades profissionais fora do ensino”,nada aponta para a correcção dos gravesproblemas da precariedade de emprego edo estrangulamento dos quadros.

Quanto à valorização nas carreirasdocentes da vertente pedagógica essa temsido também uma proposta defendida peloSPGL e pela FENPROF.

4. A Ciência e Investigação

Quanto à ciência e à investigação, sec-tor onde surgem os compromissos maisquantificados, o Programa é bastanteambicioso no que se refere a investimento,a crescimento do número de doutorados ea aumento do emprego científico, sendo porisso positivo. Fica contudo a dúvida sobrese o desenvolvimento económico e socialdo país vai permitir alcançar as metas quedele dependem e que se inserem naconcretização da “Estratégia de Lisboa”,mesmo já depois da redução que levou nasua inicial ambição. A este respeito, não seráapenas o MCIES que ficará sob escrutínio,mas o Governo como um todo.

Os temas actuais do Ensino Superior e dainvestigação têm estado presentes em váriasiniciativas promovidas pela FENPROF e pelosseus sindicatos

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34 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

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FENPROF acompanhou com viva inquietação a situação dos professores contratados nocontexto da cooperação do Estado Português com as Repúblicas Democráticas de Timor, daGuiné-Bissau, de Cabo Verde e de S. Tomé e Príncipe, aos quais foi negada a possibilidadede, reunindo as condições para o efeito, se candidatarem na 1ª prioridade ao concursoreferido em tópico.

Nesse sentido, procurou interpretar a justeza das propostas apresentadas pelosprofessores e representá-los junto do Ministério da Educação, tendo por finalidade aresolução do problema sinalizado.

Foi com satisfação que a Federação tomou conhecimento da Nota Informativa doSenhor Secretário de Estado Adjunto e da Educação.

De acordo com o ponto 5. da referida Nota Informativa, o Ministério da Educação as-sume a resolução da situação dos candidatos que comprovadamente se considerem afectadospor não lhes ter sido considerada a 1ª prioridade que propunham. Como os candidatos terãouma graduação em concurso inferior à que lhes seria atribuída se tivesse sido considerada a1ª prioridade que legitimamente reclamavam, todos os candidatos abrangidos pela NotaInformativa deverão recorrer imediatamente após à saída das listas de colocações.

Para além do recurso agora previsto, os candidatos que indicaram a 2ª prioridadedevem apresentar reclamação logo que sejam publicadas as listas provisórias de graduação.Nessa reclamação deverão requerer a alteração para a 1ª prioridade, para sinalizaremdesde já a sua intenção de apresentar o recurso hierárquico atrás referido.

Os candidatos que não viram validada a candidatura por motivo desta natureza deverãoapresentar reclamação, requerendo a sua integração na 2ª prioridade para que a candidaturaseja aceite e, no espaço reservado a texto livre (terá 700 caracteres disponíveis) indicarque irá ser apresentado recurso hierárquico após a publicação das listas definitivas decolocação, tendo em vista a sua integração na 1ª prioridade. O pedido de integração na 2ªprioridade assume assim um carácter meramente administrativo, para que o sistema assumaa admissão das candidaturas.

Os professores que reúnam as condições necessárias serão considerados em concursona 1ª prioridade, com a graduação correspondente. Os que tiverem comprovadamentedireito a uma colocação serão então colocados, mesmo que outro candidato tenha jáobtido colocação na mesma preferência.

A FENPROF, em nota divulgada pelo Secretariado Nacional no passado dia 9 de Maio,salientava que iria preparar textos de apoio às reclamações mencionadas e minutas paraa elaboração dos recursos hierárquicos, ao mesmo tempo que saudava os professores que,com determinação, proporcionaram a solução encontrada e manifesta toda a suadisponibilidade para continuar a acompanhar este assunto.

Professores CooperantesAtribuição da 1ª prioridade no concurso externo ao abrigo doDecreto-Lei nº 35/2003, de 27 de Fevereiro, aos professoresque exercem funções docentes no âmbito de iniciativas decooperação do Estado Português

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A taxa de desemprego au-

mentou para 7,5 por cento no

primeiro trimestre do ano, o

que equivale a 413 mil indiví-

duos oficialmente sem em-

prego, indicou o Instituto Na-

cional de Estatística (18 de

Maio).

A taxa de desempregocresceu 1,1 pontos percentuaisem relação ao primeiro trimestrede 2004 e 0,4 pontos percentuaisface ao trimestre anterior.

O acréscimo trimestral nataxa de desemprego resultou doefeito conjugado da diminuiçãode 0,3 por cento na populaçãoactiva e do aumento de 5,9 porcento da população desempre-gada, revela o INE.

O aumento do desempregofoi particularmente acentuadoentre as mulheres, com a taxa afixar-se em 8,6 por cento, ou seja,mais 0,7 pontos percentuais faceao trimestre anterior e mais 1,2pontos percentuais em relaçãoao trimestre homólogo transacto.

No primeiro trimestre de 2005,o Alentejo manteve a posição deregião com o índice mais elevadodesemprego, com uma taxa de9,3 por cento.

Taxa de desempregoaumentou para 7,5%no 1º trimestre

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JORNAL DA FENPROF 35JUNHO 2005

8º CONGRESSO DOS PROFESSORES DA MADEIRA

arranque deu-se com a intervenção docoordenador do SPM, que abordouvárias das questões “quentes” como agestão das escolas - mantinha-se o re-gime chumbado pelo Tribunal Consti-tucional em 2003 -, a aceitação

«pacífica e obediente» da Reforma do EnsinoSecundário e da introdução de exames no 9º ano,para além dos problemas crónicos como oinsucesso e abandono escolares, os índices deanalfabetismo e a baixa qualificação dapopulação activa.

A denúncia do «clima de silenciamento,intimidação e perseguição que se vive nos locaisde trabalho contra aqueles que ousam discordar[...], mesmo que na defesa dos direitos profissi-onais, princípios pedagógicos e bem-estar dosseus educandos» foi matéria que fez correr muitatinta nos órgãos de comunicação social.

O Secretário Regional da Educação nadadisse na sua intervenção sobre as questões maissensíveis. Explanou aspectos da demografia e darede escolar e também da empregabilidade esituação profissional dos docentes na Região.

Carlos Alberto Torres (Universidade daCalifórnia - EUA), na conferência temática deabertura, exortou os professores a assumir anatureza política da sua prática, a seremeducadores democráticos radicais, politicamentecomprometidos, que lutam pela justiça social,buscam a paz e a solidariedade.

Na conferência de encerramento, Rubem

Reafirmar a identidade docenteUm grande encontro no Funchal

Nélio de Sousa (Membro da Direcção do SPM)

Alves, pedagogo e pensador brasileiro, foi a cerejaem cima do bolo do 8º Congresso dos Professoresda Madeira. Exortou os docentes a «aprender adesafiar a burocracia» e a olhar para o outroespelho que «dá vida e alegria ao professor: oolhar das crianças.» Mais que um exímiocomunicador, Rubem Alves é um poeta, umfeiticeiro da palavra. Recebeu um longo aplauso,em pé, de 750 congressistas e convidadospresentes.

Para além da vertente reivindicativa -aprovação das moções, intervenções sectoriaise de sócios -, a componente formativa foipreponderante no congresso e contou comoutros oradores como António Nóvoa, AntónioTeodoro, Idália Sá Chaves, Inácia Santana, JoãoBarroso, Manuel Sarmento, Maria José Camacho,Pedro Silva e Rui Trindade. O workshop do EnsinoSuperior teve como protagonistas AlbertoAmaral, João Cunha Serra e Nuno Nunes (vice-reitor da Universidade da Madeira).

Nos discursos de encerramento, PauloSucena, secretário-geral da FENPROF, deixou umdesafio aos professores e ao sindicato: «trans-formar a Região Autónoma da Madeira numaterra sem amo», e Marília Azevedo, vice-coordenadora do SPM, sublinhou o nosso «papeldemocrático e político» na defesa da escolapública.

O congresso terminou, na noite de 14 deMaio, com o concerto de Sérgio Godinho,acompanhado de Vitorino e Camané.

Quando jornalistasescrevem que «nada nestecongresso falhou oufaltou» ou «com a classeque vi até fico confiantena mudança» está muitodito sobre o 8º Congressodos Professores da Ma-deira, que decorreu noFunchal entre os dias 12 e14 de Maio, sob o lema“Identidade eProfissionalidade Docente:Novos Desafios”.

O

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36 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

INTERNACIONAL

Comité Nacional de Cuba da Orga-nização Mundial para a EducaçãoPré-Escolar (OMEP) e o Centro deReferência Latino-Americano paraa Educação Pré-Escolar (CELEP) têm

tudo a postos para a realização, no Paláciodas Convenções, em Havana, de 10 a 15 deJulho, do Seminário da OMEP/VII EncontroInternacional de Educação Inicial e Pré-Es-colar do CELEP.

“O processo educativo para o desenvol-vimento da infância: pertinência e quali-dade”, é o tema central do evento, quedecorrerá a par da Assembleia Mundial eda reunião do Comité Executivo da OMEP.

A realização do Seminário desta orga-nização, que se realiza pela primeira vez naregião do Caribe, pretende mostrar as basesteóricas e metodológicas da educaçãocubana para a infância (até aos 6 anos) e asua dinâmica organizativa.

”Conhecer o estado actual da educaçãoinicial e pré-escolar no mundo actual, assuas convergências e divergências; propor-cionar o intercâmbio de experiências sobreas diferentes formas de organização do

Tema de encontro internacionalem Cuba de 10 a 15 de Julho

Educação Pré-Escolar

Educadores portugueses interessados ainda estãoa tempo de se inscreverem

Os educadores portugueses interessados em participar ainda estão a tempo. Devem con-tactar com urgência Elizabeth Rodríguez através do mail [email protected] telefone 213849130 ou ainda do telemóvel 968376000.

processo educativo e sua avaliação; edemonstrar a importância do educadorcomo elemento essencial de um processoeducativo de qualidade, pedagogicamenteapoiado”, são também objectivos centraisda iniciativa, como sublinha Ana MaríaSiverio Gómez, presidente do comitéorganizador.

O programa científico contempla umdiversificado conjunto de conferênciastemáticas, simpósios, painéis de discussão,mesas redondas, oficinas, foros e ainda aapresentação de temas livres. Os partici-pantes terão, assim, a oportunidade decontactar investigações e experiênciasadquiridas em diferentes realidades. Estáassegurada a participação de destacadaspersonalidades académicas e de investi-gadores de diversos países.

Paralelamente, decorrerá uma exposiçãocom a presença de editoras, entidades eempresas com actividade relacionada como tema do encontro.

Não foi esquecido um programa deactividades sociais e turísticas, aberto atodos os participantes.

O

O Departamento de Estudos Romanís-ticos da Universidade da Madeira, emparceria com a Fundação Carlo Collodi, estáa organizar o Congresso Internacional “A

Literatura e as Artes em torno da Criança”,que decorrerá 27 a 29 de Outubro próximo,naquela Universidade.

Este Congresso integra-se na exposiçãoOs anos do Pinóquio, realizada por iniciativaconjunta das duas entidades.

“Imagem da liberdade e da criatividade,a criança, como Pinóquio, deslumbra-se como mundo, partindo à descoberta dos senti-mentos, do mundo e do livro. A literaturaalimenta-se do imaginário fértil da criança esustenta os seus sonhos”, sublinham osorganizadores, que acrescentam:

“A criança na obra do artista“ – poeta,escritor, pintor, escultor – pode ser alegoriada vida, da alegria e do sofrimento, davontade de “ser” e da repressão, da ousadiae do medo. O mosaico das criações artísticasem torno da criança ficará mais enriquecidocom a viagem de Pinóquio pelo mundolusófono, permitindo uma revisitação: outrosleitores, outras paragens, outras mundivi-dências e outras crianças.”

O Congresso abordará as seguinteslinhas temáticas: imagens da infância naliteratura e na arte até ao século XVIII; onascimento e desenvolvimento da literaturamoderna para a infância; a infância naliteratura em geral ; imagem da/para a criançana arte moderna e contemporânea; arecepção de Pinóquio nos países lusófonos;Pinóquio nas várias línguas; linguagem ecognição na literatura infantil.

Está prevista uma mesa-redonda subor-dina ao tema “Que cidade para a criança

hoje?” O programa global e definitivo serádivulgado em 7 de Outubro.

A comissão organizadora do Congressointegra os seguintes elementos: AlineBazenga (Presidente do Departamento deEstudos Romanísticos da UM); Ana IsabelMoniz (Pró-Reitora para os Assuntos Cultu-rais); Luísa Antunes Paolinelli; Celina Mar-tins e Naidea Nunes.

Contactos: Secretariado do Congresso [email protected] ; Luísa Antunes Paolinelli [email protected] ; Naidea Nunes Nunes [email protected] ; Celina Martins - [email protected];[email protected]. Fax:+351 291 705249.Endereço: Congresso “A Literatura e asArtes em torno da Criança”, Departamentode Estudos Romanísticos, Universidade daMadeira, Caminho da Penteada, 9000 - 390Funchal

“A Literatura e as Artesem torno da Criança”Colóquio internacional em preparação

36 JORNAL DA FENPROF

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JORNAL DA FENPROF 37JUNHO 2005

JANELA ABERTAMário David Soares (Membro do Secretariado Nacional da FENPROF)

NParvos, nós?

esta época que nos querem fazercrer de pensamento único, isto é,que nos querem retirar o direito apensar pela nossa própria cabeça,vale a pena afirmar o nosso direito

à diferença e, sobretudo, a nossa indignaçãoquando nos querem fazer passar porestúpidos ou, mais prosaicamente, por bur-ros. Esta frase não vem a propósito do quequeria hoje falar, mas é uma reacção àsmedidas do governo para combater o déficedas contas públicas.

Retirando do maior segredo aquilo quetoda a gente já sabia (e que o primeiroministro e todos os outros ministros, oseconomistas do PS e de todos os outrospartidos, em particular os do PSD e do PP,já sabiam de cor e salteado antes, durantee depois das eleições...) o governo veiosolenemente dizer ao País que os portu-gueses (esses que não têm fortuna parapagar com facilidade mais 2% do IVA, essesque não têm carro para ir fazer compras aEspanha onde o IVA é mais barato 5%, essesque não têm médicos amigos para asconsultas feitas a tempo e horas, esses quecantam entusiasmados o hino nacional,esses...) tinham que fazer outra vez maissacrifícios porque o défice era ENOOORME.

Pronto, os portugueses perceberam.Claro que o governo podia ir buscar dinheiro,desta vez, a outro sítio; claro que a maltaque gosta pouco dos políticos (sem sabermuito bem porquê porque vota sempre nosmesmos) fica contente com o fim dasreformas vitalícias para aqueles; a malta atépercebe (mas não pode aceitar) que secongelem salários e promoções, aumentose pensões, subsídios de Natal e refeições.Até aqui a gente percebe porque é dinhei-rinho à vista de uns e disponível nos bolsosde outros. Mas aumentar a idade da reformados funcionários públicos de 60 para 65anos que é que tem a ver com o combateao défice em 4 anos? Que é que pensa oPrimeiro Ministro? Que a malta é parva ouquê? Que a malta não percebe que ele àboleia do défice nos está a lixar ainda maisdo que a Manela Ferreira Leite já fez? Estáa fazer de nós burros? Julga que a maltanão sabe fazer contas?

Mas neste ponto uma coisa é certa:apesar da sua maioria absoluta, o PS vai terà perna toda a Administração Públicaporque, fique certo engenheiro Sócrates, amalta não se vai calar. E as maiorias,absolutas ou relativas, são como as marés,vão e vêm e, como dizia um amigo meu, hámais marés que marinheiros.

E já agora aqui deixo uma pergunta bemdemagógica que é para mostrar que eutambém sei da poda: quanto ganha por mêso senhor José Manuel Fernandes, director deo “Púbico”, comentador permanente datelevisão e da rádio, especialista emeconomia, educação, higiene alimentar,política agrícola, europeia, norte-americana,mundial, em saúde, ambiente, pescas esubmarinos e muitas outras especialidades,para continuar a encher-nos a cabeça de queos funcionários públicos são uns malandrosque ganham muito e trabalham pouco?Quanto ganha ele para dizer que 700 euroscom subsídio de férias e de Natal é umaenormidade que não pode continuar em Por-tugal por causa dos 2 milhões de pobres que,quem sabe se por responsabilidade dosfuncionários públicos, existem em Portugal?

Mas não era disto que eu queria falar,mas sim de um dos slogans mais em modanesta época de pensamento único - outilizador pagador. Ou será antes o pagadorutilizador? Ou o utilizador não pagador? Ouo pagador não utilizador? Fica então para o

próximo mês por-que queria deixar-vos a citação deuma frase da Co-missão a propósitode uma sua Reco-mendação relativa àsOrientações Geraispara as Políticas Eco-nómicas dos Esta-dos-Membros e quevem de encontro aoque eu escrevi no mês passado apropósito da produtividade. Repito, a frase éda Comissão presidida pelo senhor DurãoBarroso:

“O crescimento da produtividaderegista uma tendência decrescente hávárias décadas. Durante os últimos dezanos, esta tendência pode explicar-se, emparte, pelo regresso de um númerosignificativo de trabalhadores poucoqualificados ao mercado de trabalho.Todavia, uma grande parte da diminuiçãoda produtividade deve-se aos reduzidosinvestimentos por parte das empresas e aoabrandamento do ritmo dos progressos eda inovação tecnológicos”.

Oh deuses! Mas será que em Portugalnenhum governante, nenhum patrão sabeisto e querem continuar a “vender-nos” apolítica de baixos salários como forma deaumentar a produtividade?

Apesar de tudo ainda não nos tiraram as férias. Falo de férias a sério e nãoaqueles períodos em que nos fartamos de trabalhar e que se chamam interrupção das actividadeslectivas e que o senhor José Manuel Fernandes acrescenta aos nossos 22 dias úteis de fériasreais. Por isso aqui deixo uma sugestão que vai para além das férias, mas que as pode incluir.

Recentemente participei, em representação da FENPROF, no Congressso do SNES - Françaonde me propuseram que divulgasse a seguinte mensagem:

“Professores de francês (com alunos dos 11 aos 18 anos) de França, Antilhas, Guiana Francesa,Reunião e da Polinésia desejam contactar outros professores para correspondência pessoal,profissional, escolar...e troca de alojamento e férias.”

Se alguém estiver interessado deve escrever paraSNES Echanges - Roger Charles Le BretonSyndicat National des Enseignements de Seconde degré46, avenue d’Ivry - 75647 PARIS CEDEX 13fax - 00.33.1.40.63.29.68email : [email protected] a situação familiar, idade, disciplinas que lecciona, línguas que fala, gostos e

hobbies... ou as características do vosso domicílio, a região de acolhimento, etc. | MDS

JORNAL DA FENPROF 37JUNHO 2005

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38 JORNAL DA FENPROF JUNHO 2005

Teatro BienalPara as escolas

Porto Alegrepela Seiva Trupe

Três portuguesesna Bienal de Praga

LisboaPhotoA festa da fotografia

fotografia está em festa na capitalportuguesa até finais do próximo mêsde Agosto, com a segunda edição daLisboaPhoto . As primeiras exposiçõesforam inauguradas no passado dia 18de Maio no Museu de Arte Antiga e na

Cordoaria Nacional.O cartaz desta edição envolve 15 núcleos

expositivos mas também um programa paralelocom cerca de 20 exposições em galerias e escolasde arte que foram convidadas a expor fotografiae vídeo. Aqui registamos dois desses núcleos:

Estados da Imagem - Instantes e IntervalosTrata-se da exposição colectiva central da

bienal, com obras recentes de 11 criadores

estrangeiros como Jeff Wall,James Coleman ou ChantalAkerman, e do portuguêsPedro Costa, e pode serapreciada até 21 de Agostono Centro Cultural de Belém(Pç. do Império), de terça-feira a domingo, das 10h00às 19h00.

Segundo os seus comis-sários, Raymond Bellour eSérgio Mah, esta mostra temcomo tema central o movi-mento e o tempo e as suasrepresentações no "fotográfico". As obrasapresentadas são de criadores que se movi-mentam em diversos domínios da imagem eque têm diferentes abordagens e modelos deprodução e exibição das suas criações.

Helmar LerskiO trabalho mais emblemático de Helmar

Lerski - "Metamorfoses pela Luz" – dá vida a

uma das exposições indivi-duais da Lisboaphoto . Estápatente até 3 de Julho, naCulturgest (CGD), de segun-da a sexta-feira das 10h00às 19h00, sábados, domin-gos e feriados das 14h00 às20h00.

"Metamorphosen desGesichts/Metamorfoses pelaLuz" é uma série de 120provas "vintage" acom-panhadas de pequenosobjectos que se nos apre-

sentam como um estudo de um mesmo rosto,em grande plano.

Lerski (1871-1956), nascido em Estrasburgo,utilizou a fotografia e o cinema no seu trabalhodurante as vanguardas das décadas de 20 e 30.O trabalho de Lerski tem vindo a ser reconhecido,particularmente no domínio do retrato.

A não perder, especialmente pelos amantesda fotografia.

Os artistas plásticos portugueses RuiToscano, Nuno de Campos e Isabel Simõesparticipam na II Bienal de Artes Plásticasde Praga, que decorre até ao dia 15 deSetembro, divulgou a galeria CristinaGuerra, em Lisboa."Expanded Painting" e "Acción Directa" sãoos temas principais da Bienal de Praga, queacolhe diversos módulos de exposições einclui o trabalho dos artistas Rui Toscano,Nuno de Campos e Isabel Simões, numcolectivo de mais de 100 criadoresrepresentativos das várias tendências daarte contemporânea. Apresentar a pintura,"da mais tradicional à mais transgressora",incidindo no diálogo que esta arte estabelececom outras – como a escultura ou ainstalação –, é um dos objectivos da bienal. |O Primeiro de Janeiro, 26 de Maio de 2005

AGENDA CULTURAL

Histórias lú-dicas e cul-turais da ci-dade do Portoe do Norte doPaís em geralsão abordadasnesta peça le-

vada à cena pela Seiva Trupe. Emexibição até 30 de Junho no Café-Teatro do Campo Alegre, Rua dasEstrelas, na Invicta, terça a sábado,às 21h30, domingos às 16h00.Em palco: António Reis, AntónioPedro, Fernando Landeira, JoanaEsteves, Joana Moraes, Jorge Lou-reiro, Paula Sá, Patrícia Franco, NunoCaçote e Gabriel Pinto.Mais informações pelo telefone226063000.

A

"Num jardim extraordinário, uma velha senhora, Vó Framboesa,espera os netos. Quer oferecer-lhes algo que seja excepcional esimples ao mesmo tempo...Tem uma ideia - vai contar-lhes comofunciona a natureza, o seu jardim..Aparece então a Senhora Lúcia, uma toupeira que é amiga de VóFramboesa. Esta conta-lhe a sua ideia... A toupeira concorda emfazer-lhe companhia ao longo de uma estranha viagem...Descem abaixo de terra, a casa da Senhora Lúcia, e discutem ocrescimento das raízes e dos tubérculos que se vêem no tecto, e quesão os mesmos vegetais que crescem no jardim de Vó Framboesa.No fim da viagem, Vó Framboesa já pode voltar para dentro decasa - está feito! - e os seus netos estão mesmo a chegar..."

"O Sonho do Jardim" regressa ao Inatel-Delegação de Coimbra(junto à estação ferroviária de Coimbra A) de 25 de Junho a 30de Julho com sessões diárias para as escolas de 2ª-feira a 6ª-feira pelas 10h30 e 14h30. Sessões para o público em geral todasas 6ª-feiras às 21h30 e sábados às 15h. Este espectáculo tambémestá disponível para itinerância(Marcações e Informações para: Telm: 91 843 11 55 ou 96 860 89 29)Ficha Artística:Texto: Daniel Simon; tradução, adaptação e encenação: JoséGeraldo; consultor científico: Prof. Drª. Helena Freitas; cenografia,adereços, bonecos, figurinos e imagem: Zenel Laci; interpretação:Helena Faria e Hugo Gama; música:Cool Dada; design gráfico: VictorTorres; produção executiva: Cláudia doVale; produção: Camaleão-AssociaçãoCultural. Duração: 45 minutos

"O Sonho do Jardim" no INATEL de Coimbra

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JORNAL DA FENPROF 39JUNHO 2005

Bienal Internacionalde Arte Jovem em Vila Verde

Literatura Arte

Maria Bethâniaem Lisboa e no Porto

Música

Vila Verde, no dis-trito de Braga, aco-lhe a 4ª edição daBienal Internacionalde Arte Jovem, en-tre 10 de Junho e 9de Julho. O Muni-cípio local e a Asso-ciação de Artistas deVila Verde assegu-ram a organizaçãodo evento, que contacom vários apoios,nomeadamente daBiblioteca ProfessorMachado Vilela, Casa da Cultura e EscolaProfissional Amar Terra Verde. A pro-gramação é variada e merece uma visitaatenta.

Os sucessos de 40 anos de uma brilhante carreira,a par de uma homenagem ao imortal Viníciusde Moraes, são “ingredientes” de sobra paragarantirem o êxito dos espectáculos com MariaBethânia em Portugal no mês de Julho. Aprestigiada intérprete brasileira estará nosColiseus nos dias 18, 19 e 20 (Lisboa, segunda,terça e quarta-feira, 22h00) e 23 e 24 (Porto,sábado e domingo, 22h00). Bilhetes (a partir de20 euros) à venda nos locais habituais (FNAC,ABEP, Alvalade, Coliseus, Multibanco e Ticketline– telef. 210036300). Mais informações: telef.213156554

A polifonia doRenascimento,Romantismo,Expressionismoe Modernismoportuguês sãoalguns dos seispercursos te-

máticos a apresentar na próxima TemporadaGulbenkian de Música para 2005/2006,anunciou a Fundação. Esta temporada oferece83 programas distribuídos por 128 espectáculosentre Outubro deste ano e Junho de 2006.

Um dos percursos temáticos atravessa apolifonia do Renascimento e vai até JohannSebastian Bach, passando pelos franco-flamengos quinhentistas, interpretados peloHuelgas Ensemble, e pelos polifonistas portu-gueses do mesmo período, que serão inter-pretados pelo Coro Gulbenkian.

Outra das propostas nesta temática é aapresentação dos Neue Vocalsolisten Stuttgart,que deverão traçar pontes entre os compositores

Gesualdo e Sciarrino, unindo num mesmo universoas vanguardas do Maneirismo e da actualidade.

A “Viena das primeiras décadas do séculoXX: Da Tradição Romântica à VanguardaExpressionista”, cidade que se assumiu como umdos grandes pólos de inovação da músicaeuropeia, é outra proposta musical.

O programa parte da herança de Brahms(Holzmair/Vignoles, Tretiakov/Bashmet/Gutman/Lobanov, entre outros), os ciclos de canções(Holzmair/Vignoles) e as sinfonias (Gewandhaus/Chailly) de Gustav Mahler.

“A identidade e cosmopolitismo na Europa Cen-tral: Do Nacionalismo Oitocentista às Rupturas doModernismo” é outro dos percursos da temporada,que sugere linguagens musicais cujas raízesmergulham nas respectivas tradições étnicas.

Entre essas propostas serão interpretadosSmetana (Orquestra Gulbenkian/Axelrod/Kodama) e Dvórak (Orquestra Gulbenkian/Slatkin/Camilo, Orquestra de Câmara Europa/Schiff), Martinú, Janácek, Bartók e Kodály.

Outro grupo temático apresenta a música

do russo Dmitri Chostakovitch (1906-1975),apresentado como um “caminho solitário namúsica do século XX, aclamado como “artistado povo” da então URSS, mas também forçadopela burocracia soviética a autocriticar-se pelosaspectos mais vanguardistas da sua obra.

Nos “Clássicos do século XX e a criação mu-sical dos nossos dias” o programa destacaKarlheinz Stockhausen, que regressa a Lisboa13 anos após a sua última actuação, paraapresentar duas cenas de “Sonntag”, a óperaconclusiva do ciclo “Licht”, a cuja produção aFundação esteve associada.

A programação inclui ainda a quarta ediçãodo workshop da Orquestra Gulbenkian paraJovens Compositores Portugueses.

A concluir as propostas da Gulbenkian paraa música, surge a temática “Os dois pilares doModernismo Português”, que visa assinalar ocinquentenário da morte de Luís de FreitasBranco (1890-1955) e o centenário do nasci-mento de Fernando Lopes Graça (1906-1994).|Lusa, 30/05/2005

Temporada da Gulbenkian propõeseis percursos temáticos para 2005/2006

Apresentada antologiade escritores madeirensesem língua italianaA antologia de escritores madeirenses "Nostalgia deigiorni atlantici" , de António Fournier, foi apresentadarecentemente no Funchal, no âmbito do ColóquioInternacional "Arquipélagos do Desejo", organizadopela autarquia funchalense. A obra, que reúnetrabalhos literários de 28 autores madeirenses,pretende recriar "o imaginário insular" e mostrar "umaimagem mais profunda" da Madeira, como o próprioexplicou à agência “Lusa”.O livro engloba textos já editados e textos que forampropositadamente elaborados para esta Antologia, numtotal de 28 escritores entre os quais sobressaem nomescomo Herberto Hélder, Helena Marques, José Tolentinode Mendonça, José Agostinho Baptista, Viale Moutinho,Ana Teresa Pereira e Ângela Caires, entre outros.O objectivo da antologia é "traçar o mapa imaginárioinsular madeirense através dos textos como se estesfossem uma superfície legível onde se reflectissem certasideias, as coordenadas do imaginário, do que significaviver numa ilha", diz o autor.

A Antologia foi já apresentada noinício do mês, na feira do livrode Turim, na Universidade enuma livraria de Pisa e aindanum festival literário em Asti.Segundo António Fournier, aobra será apresentada até Se-tembro em outras cidades do

Norte de Itália, nomeadamenteem Génova, Bérgamo e Bolonha.

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