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José António Faria Araújo Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção José António Faria Araújo Outubro de 2011 UMinho | 2011 Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção Universidade do Minho Escola de Engenharia

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José António Faria Araújo

Análise dos Acidentes de Trabalho do TipoQuedas em Altura na Indústria daConstrução

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ção

Universidade do MinhoEscola de Engenharia

Outubro de 2011

Tese de MestradoEngenharia Humana

Trabalho efectuado sob a orientação doProfessor Doutor Alberto Sérgio SáRodrigues Miguel

José António Faria Araújo

Análise dos Acidentes de Trabalho do TipoQuedas em Altura na Indústria daConstrução

Universidade do MinhoEscola de Engenharia

DECLARAÇÃO

Nome: José António Faria Araújo

Endereço electrónico: [email protected] Telefone: 253 817 792 / 967 136 235

Número do Bilhete de Identidade: 12301492

Título dissertação: Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da

Construção

Orientador: Professor Doutor Alberto Sérgio Sá Rodrigues Miguel

Ano de conclusão: 2011

Designação do Mestrado: Mestrado em Engenharia Humana

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA TESE/TRABALHO (indicar, caso tal seja

necessário, nº máximo de páginas, ilustrações, gráficos, etc.), APENAS PARA EFEITOS DE

INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE

COMPROMETE;

Universidade do Minho, …. / …. / ……..

Assinatura: ………………………………………………………………………………………….

Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção

ii

“How do you calculate the correct reliability or risk for a system? How do you resolve arguments

over the credibility of the estimates you have provided? How can you be sure that you have correctly

modeled the components and systems and have included the correct environmental and stress

factors? How can you clearly communicate the results? Actually, the answer is… you can not.”

(Michael V. Frank)

Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção

iii

Aos meus Pais e Irmão

Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção

iv

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer ao estimado Professor Doutor Sérgio Miguel, orientador desta tese de

mestrado, pela dedicação e disponibilidade que demonstrou, sem esquecer os conhecimentos que

me transmitiu durante o meu Mestrado em Engenharia Humana.

Quero agradecer ao Eng.º Emanuel Gomes, ao Inspector Luís Almeida, bem como aos

restantes funcionários da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), Delegação de Braga,

pela enorme simpatia que demonstraram durante as visitas efectuadas, e pelos esclarecimentos

prestados.

Quero também agradecer às empresas Seravate, Lda., Alsina, Catari, Lda., Equipleva, Lda.,

Grupo Vendap, HR Protecção, S.A., Montaluga, Lda., ODIN WORKWEAR, S.A. e à Tecniquitel pelos

catálogos facultados, referentes a equipamentos de protecção.

Muito obrigado também aos meus colegas e amigos, que sempre me apoiaram nesta etapa.

Finalmente, gostaria de agradecer, e muito, aos meus pais e irmão, que sempre me

incentivaram e deram forças nos tempos mais difíceis do meu mestrado.

Resumindo, gostaria de agradecer a todos, que mesmo com participação reduzida, me

ajudaram na elaboração deste trabalho.

Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção

v

RESUMO

Os acidentes de trabalho constituem um problema que preocupa todos os técnicos de Segurança e

Higiene do Trabalho. Um acidente de trabalho, quando occorre, pode provocar graves lesões no(s)

trabalhador(es) sinistrado(s), bem como enormes prejuízos materiais para as entidades

empregadoras. Apenas a análise dos acidentes permite a criação de mecanismos para minimizar, e

se possível evitar, a futura ocorrência dos mesmos.

O projecto em questão pretende avaliar a sinistralidade laboral em Portugal, designadamente qual o

sector de actividade mais atingido e qual o tipo de acidente mais frequente. Identificam-se as

causas que contribuem para a ocorrência de acidentes do tipo queda em altura e comparam-se os

métodos EEAT e WAIT com o método proposto pela OIT, em 1962. Finalmente, identificaram-se os

vários tipos de equipamentos utilizados na protecção deste tipo de acidentes, bem como a

legislação existente.

Tendo em consideração estes objectivos, utilizaram-se quatro técnicas de investigação: Pirâmide de

Acidentes, Árvore de Falhas (ou Causas), Causas e Circunstâncias de Acidentes de Trabalho /

Estatísticas Europeias de Acidentes de Trabalho (EEAT) e Método WAIT.

A aplicação destes métodos permitiu constatar que o sector de actividade que apresenta um maior

índice de gravidade é o da Pesca, contrariando a ideia geral de que os sectores das Indústrias

Transformadoras e da Construção seriam os mais gravosos. Relativamente à causa do acidente, no

sector da Construção, área de estudo deste trabalho de investigação, identificou-se, principalmente,

a perda, total ou não, do controlo da máquina.

As causas que mais contribuem para a ocorrência de acidentes do tipo queda em altura são,

principalmente, a ausência / não utilização de equipamento de protecção (colectiva e individual) e,

também, frequentemente, a deficiente formação ou ausência de verificação do estado do material.

Finalmente, através da comparação do método proposto pela OIT com os métodos EEAT e WAIT,

assumiu-se que, embora seja menos elaborado e disponibilize menos informação, é suficiente para

caracterizar o acidente e fornece indicações de maior interesse para a respectiva análise.

Palavras-chave: Pirãmide de Acidentes, Árvore de Falhas, Causas e Circunstâncias,

Estatísticas Europeias de Acidentes de Trabalho (EEAT), Método de Investigação de Acidentes de

Trabalho (WAIT).

Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção

vi

ABSTRACT

The work accidents are a problem that concerns all Occupational Safety at Hygiene Practitioners. A

work accident, when takes place, can cause serious injuries(s) to the employee(s), as well as huge

material losses for employers. The accidents’ analysis allows the creation of mechanisms to

minimise, and if possible to avoid, the future occurrence of them.

The main goal of this project is to evaluate the occupational accidents in Portugal, in terms of the

most affected activity sector, as well as the most common type of accident. The causes that

contribute to the occurrence of fall from height were identified, and a comparison between the ESAW

and WAIT methods and the ILO method (published in 1962), was established. Finally, legislation and

available equipment used to prevent this kind of accidents were identified.

To fulfil these purposes, four investigation techniques were used, respectively: Accident Pyramid,

Fault Tree Analysis, Causes and Circumstances of Accidents on Work / European Statistics on

Accidents at Work (ESAW), and WAIT method.

Using these methods, it was observed that the activity sector with higher severity rate was the

Fishing Sector, contradicting the general idea that Manufacturing Industry and Construction Sector

would be the worse sectors. Regarding the type of accident in the field of the Construction Sector,

the object of this research work, it was found that it is essentially due to the loss of control (total or

partial) of machinery.

The causes that most contribute to accidents like falling from height are, mainly, the absence / non-

use of protection equipment (collective and individual), and also, often, the poor training or lack of

equipment check-up.

Finally, by means of the comparison between the ILO method and ESAW and WAIT methods, it was

found that, although less elaborated and providing less information, it is adequate to characterise

the accident and can deliver useful tips for its analysis.

Keywords: Accident Pyramid, Faut Tree Analysis, Causes and Circumstances, European

Statistics on Accidents at Work (ESAW), Work Accidents Investigation Technique (WAIT).

Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção

Índice

vii

ÍNDICE

RESUMO ............................................................................................................................................... v

ABSTRACT ............................................................................................................................................ vi

LISTA DE SIGLAS .................................................................................................................................. ix

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................... x

ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................................. xii

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 1

1.1. Evolução da Sinistralidade Laboral em Portugal ............................................................................. 4

1.2. Organização do Trabalho e Conteúdos .......................................................................................... 8

2. OBJECTIVOS .............................................................................................................................. 9

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................... 11

3.1. Métodos de Análise de Acidentes ................................................................................... 11

3.2. Pirâmide de Acidentes .................................................................................................... 13

3.3. Árvore de Falhas (Causas) .............................................................................................. 16

3.4. Estatísticas Europeias de Acidentes de Trabalho ......................................................... 19

3.5. Método de Investigação WAIT ........................................................................................ 23

4. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO ........................................................................................ 27

4.1. Selecção e definição da amostra ................................................................................... 27

4.2. Métodos estatísticos utilizados para a análise do problema de investigação ............ 31

4.2.1. PIRÂMIDE DE ACIDENTES ............................................................................................ 32

4.2.2. ÁRVORE DE FALHAS (OU CAUSAS) ............................................................................... 33

4.2.3. ESTATÍSTICAS EUROPEIAS DE ACIDENTES DE TRABALHO ............................................. 34

4.2.4. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO WAIT ................................................................................ 39

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ............................................................................. 41

5.1. Metodologias Utilizadas .................................................................................................. 41

5.2. Pirâmide de Acidentes .................................................................................................... 41

5.3. Árvore de Falhas .............................................................................................................. 54

5.4. Estatísticas Europeias de Acidentes de Trabalho ......................................................... 59

Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção

Índice

viii

5.5. Método de Investigação WAIT ........................................................................................ 78

6. QUEDAS EM ALTURA – LEGISLAÇÃO E EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO ......................... 84

7. CONCLUSÕES .......................................................................................................................... 88

8. PROPOSTAS DE TRABALHO FUTURO ..................................................................................... 93

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................... 95

ANEXOS ............................................................................................................................................. 99

ANEXO 1 – MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO WAIT: QUESTIONÁRIO PADRÃO .......................................... 100

ANEXO 2 – JORNAL OFICIAL DA UNIÃO EUROPEIA (9 DE JULHO DE 2011) ...................................... 104

ANEXO 3 – EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO E CONSELHOS .......................................................... 131

Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção

Lista de Siglas

ix

LISTA DE SIGLAS

Siglas Significado

3CA Control Change Cause Analysis

ACT Autoridade para as Condições do Trabalho

AEB Accident Evolution and Barrier function

CAE Classificação das Actividades Económicas

EEAT Estatísticas Europeias de Acidentes de Trabalho

FTA Fault Tree Analysis

GEP Gabinete de Estratégia e Planeamento

HSG245 Health and Safety Executive

MORT Management Oversight and Risk Tree

NUTS Nomenclature of Territorial Units for Statistics

OIT Organização Internacional do Trabalho

PSS Plano de Segurança e Saúde

SHT Segurança e Higiene do Trabalho

SCAT Systematic Cause Analysis Technique

UE União Europeia

WAIT Work Accident Investigation Technique

Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção

Índice de Figuras

x

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Consequências de um acidente de trabalho 2

Figura 2 – Representação esquemática dos custos directos e indirectos 3

Figura 3 – Acidentes de trabalho mortais por Sector de Actividade 5

Figura 4 – Acidentes de trabalho mortais por Sector de Actividade, média 2006-2008 6

Figura 5 – Causas de acidentes de trabalho mortais 7

Figura 6 – Causas de acidentes de trabalho mortais, média 2006-2008 7

Figura 7 – Pirâmide de acidentes, segundo Heinrich 14

Figura 8 – Pirâmide de acidentes, segundo Frank Bird Jr. 14

Figura 9 – Pirâmide de acidentes, segundo Skiba 14

Figura 10 – Exemplificação de uma pirâmide de acidentes 15

Figura 11 – Modelo de “Acidentes Organizacionais” 25

Figura 12 – Acidentes de trabalho mortais por Sector de Actividade 28

Figura 13 – Causas de acidentes de trabalho mortais 29

Figura 14. – Modelo esquemático da Pirâmide de Acidentes 32

Figura 15 – Modelo simplificado da Pirâmide de Acidentes 33

Figura 16 – EEAT: Modelo Esquemático 38

Figura 17 – WAIT: Fases 39

Figura 18 – Sector A: Agricultura, produção animal, caça e silvicultura 43

Figura 19 – Sector B: Pesca 43

Figura 20 – Sector C: Indústrias extractivas 43

Figura 21 – Sector D: Indústrias transformadoras 43

Figura 22 – Sector E: Produção e distribuição de electricidade, gás e água 43

Figura 23 – Sector F: Construção 43

Figura 24 – Sector G: Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos

automóveis, motociclos e de bens de uso pessoal e doméstico 44

Figura 25 – Sector H: Alojamento e restauração (restaurantes e similares) 44

Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção

Índice de Figuras

xi

Figura 26 – Sector I: Transportes, armazenagem e comunicações 44

Figura 27 – Sector J: Actividades financeiras 44

Figura 28 – Sector K: Actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às

empresas 44

Figura 29 – Sector L: Administração Pública, defesa e segurança social «obrigatória» 44

Figura 30 – Sector M: Educação 45

Figura 31 – Sector N: Saúde e acção social 45

Figura 32 – Sector O: Outras actividades de serviços colectivos, sociais e pessoais 45

Figura 33 – Sector P: Actividades das famílias com empregados domésticos e

actividades de produção das famílias para uso próprio 45

Figura 34 – Proposta de Pirâmide de Acidente 50

Figura 35 – Acidentes de trabalho no sector da Indústria da Construção 53

Figura 36 – Acidente padrão do tipo “Queda em Altura de um andaime” 55

Figura 37 – Acidente padrão do tipo “Queda em Altura de um telhado” 56

Figura 38 – 1.ª Fase do Método de Investigação WAIT 79

Figura 39 – Proposta de Pirâmide de Acidente 88

Análise dos Acidentes de Trabalho do Tipo Quedas em Altura na Indústria da Construção

Índice de Tabelas

xii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) – Região Norte 30

Tabela 2 – Árvore de Falhas - Símbolos 34

Tabela 3 – EEAT: Varíaveis 35

Tabela 4 – Número de acidentes de trabalho (mortais e não-mortais) nos diversos

sectores de actividade, no triénio 2005 – 2007 42

Tabela 5 – Rácio dos acidentes de trabalho nos diversos sectores de actividade, no

período 2005 - 2007 47

Tabela 6 – Ordem decrescente de gravidade na ocorrência de acidentes de trabalho,

nos diversos sectores de actividade, no triénio 2005 - 2007 48

Tabela 7 – Acidentes de Trabalho totais e mortais, no triénio 2005 - 2007 49

Tabela 8 – Percentagem de ocorrência de Acidentes Mortais, no triénio 2005 – 2007 49

Tabela 9 – Acidentes de trabalho, segundo a variável do Eurostat “Desvio” 51

Tabela 10 – Método EEAT (Fases e Variáveis) 59

Tabela 11 – Análise dos acidentes segundo o EEAT 62

Tabela 12 – OIT (1998) e EEAT (2001): Variáveis 65

Tabela 13 – Sector da Indústria da Construção (NACE Rev.1) 69

Tabela 14 – Sector da Indústria da Construção (NACE Rev.2) 70

Tabela 15 – Níveis preconizados nos diferentes NUTS 71