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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO MESTRADO PROFISSIONAL DE SISTEMA DE GESTÃO ALEXANDER AUGUSTO MENEGHETTI A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA COMPORTAMENTAL PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA Niterói 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO TECNOLÓGICO

MESTRADO PROFISSIONAL DE SISTEMA DE GESTÃO

ALEXANDER AUGUSTO MENEGHETTI

A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA COMPORTAMENTAL PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA

Niterói 2010

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ALEXANDER AUGUSTO MENEGHETTI

A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA COMPORTAMENTAL PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de concentração: Gestão de Meio Ambiente.

Orientadora: Hilda Maria Rodrigues Alevato, D.Sc

Niterói 2010

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ALEXANDER AUGUSTO MENEGHETTI

A IMPORTÂNCIA DA AUDITORIA COMPORTAMENTAL PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INDÚSTRIA PETROQUÍMICA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de concentração: Gestão de Meio Ambiente.

Aprovada em.____ de ____________ 2010.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________

Gilson Brito Alves Lima, D.Sc. Universidade Federal Fluminense

__________________________________________________________ Roberta Cavalcanti Pereira Nunes, D.Sc.

Universidade Federal de Juiz de Fora

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Dedico este trabalho

À minha mãe Zenith Fassarella Meneghetti, pela dedicação incondicional a mim e à minha

avó Zelinda Fassarella, in memorium, que me ensinou a ser um homem integro e honrado.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por iluminar meus caminhos na busca e no aproveitamento das

oportunidades de crescimento como ser humano, como cidadão e como profissional,

possibilitando-me contribuir para o desenvolvimento do Brasil.

Agradeço à minha mãe, que me ensinou o caminho da retidão e da perseverança, como

o único capaz de levar ao sucesso duradouro.

À Dra. Hilda Alevato, minha orientadora competente e paciente, pela confiança e

apoio com que me conduziu na realização deste trabalho.

Aos eternos amigos Luciana Santana, José Luiz Vieira, Bruno Varela, Helio Fonseca e

Andre Serpa que jamais deixaram de me apoiar e torcer pelo meu sucesso.

À empresa DuPont do Brasil S.A, pelo reconhecido investimento na capacitação

profissional de seus funcionários e em especial ao Mário Rabelo e Aurélio Nogueira, ao

condescender o patrocínio deste projeto.

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RESUMO

Essa dissertação apresenta um estudo relacionado à redução dos acidentes de trabalho,

através da identificação e tratamento dos atos inseguros e das condições inseguras em uma

empresa petroquímica. Através de um estudo de caso, o presente trabalho mostra a

importância da atuação no fator pessoal para que a gestão do desempenho de SMS seja eficaz.

Como exemplo desta atuação cita-se a capacidade em identificar, analisar e minimizar a

exposição aos riscos, a fim de garantir a produtividade sem prejuízo da saúde e da integridade

física das pessoas. Para atingir estes padrões em SMS, são necessários componentes

importantes como o comportamento e a atitude dos empregados em todos os níveis e áreas de

atuação, bem como a aproximação do conhecimento técnico-operacional e do humano,

associando-os no cotidiano das organizações. Conforme a literatura, os acidentes de trabalho

em geral são causados por falhas humanas, dos quais cerca de 95% ocorrem devido a atos

inseguros e condições inseguras (OR-OSHA, 2006). Portanto, este trabalho compreende uma

análise de desvios identificados nas atividades de campo de uma Unidade referente a uma

grande empresa petroquímica. Também ao longo deste estudo, evidencia-se que a

identificação e o tratamento dos atos inseguros e das condições inseguras são de suma

importância para a gestão em SMS, considerando que além de trabalhar preventivamente as

anomalias, atuam na preservação da vida dos trabalhadores, que é o objetivo principal de

todas as iniciativas no campo.

Palavras-chave: Fator humano. Auditoria comportamental. Cultura de segurança. Percepção de risco.

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ABSTRACT

This dissertation presents a study related to the reduction of industrial accidents, through the identification and treatment of unsafe acts and unsafe conditions in a petrochemical company. Through a case study, this work shows the importance of acting in the personal factor, with a view to the management of the performance of SHE becomes is effective. How, for example of this scenario, we can mention the ability to identify, analyze and minimize exposure to risks in order to ensure the productivity without prejudice to the health and physical integrity of persons. To achieve these SHE standards, it’s required some important components as the behavior and attitude of employees at all levels and areas of expertise, and the closeness of the technical and operational knowledge and the human concepts, involving them in the daily lives of the organizations. The causes of work accidents in general are caused by human error; it shows that about 95% due to unsafe acts (OR-OSHA, 2006). Therefore, this work includes the analysis of some deviations from the field’s activities, from a unit of a large petrochemical company. Also throughout this study, it is possible to show that the identification and treatment of unsafe acts and unsafe conditions are of paramount importance to the management on SHE, in addition to work on preventive of anomalies, operates in preserving worker’s lives, which is the main goal.

Keywords: Human factor. Behavioral audit. Safety culture. Risk perception.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Causas diretas e indiretas dos acidentes ..................................................................38

Figura 2 - Pirâmide de Heinrich ..............................................................................................39

Figura 3 - Os cinco fatores na sequência do acidente – Teoria do dominó..............................39

Figura 4 - Ocorrência da lesão devido a fatores precedentes ...................................................40

Figura 5 - A interrupção da sequência do acidente ..................................................................41

Figura 6 - Teoria de Bird e Loftus de pré-contato e pós-contato .............................................41

Figura 7 - Pirâmide de Frank Bird JR (1966)...........................................................................43

Figura 8 - Pirâmide de ICNA (1969)........................................................................................44

Figura 9 - Fatores responsáveis pela segurança e saúde ocupacional ......................................49

Figura 10 - Atuação comportamental responsável ...................................................................52

Figura 11 - Os cinco fatores pessoais .......................................................................................54

Figura 12 - Forças internas e externas que influenciam o nível de cultura de segurança. .......56

Figura 13 - Cultura organizacional e valores............................................................................59

Figura 14 - Trabalho de conscientização do empregado através da auditoria comportamental

..........................................................................................................................................74

Figura 15 - Modelo de cartão de auditoria comportamental ....................................................78

Figura 16 - Ações sistêmicas ....................................................................................................80

Figura 17 - Atuações reativas e pró-ativas ...............................................................................81

Figura 18 - Fluxograma da estrutura da empresa. ....................................................................85

Figura 19 - Pirâmide de causas.................................................................................................90

Figura 20 - Fluxo de identificação e tratamento dos desvios na “Unidade X”. .......................92

Figura 21 - Fluxograma do processo de gestão de SMS. .........................................................94

Figura 22: Desvio da subcategoria A.1 – Mudança de posição ...............................................98

Figura 23: Desvio da subcategoria A.2 – Parando o serviço....................................................99

Figura 24: Desvio da subcategoria A.3 – Ajustando EPI.......................................................100

Figura 25: Desvio da subcategoria A.4 – Adequando o serviço ............................................101

Figura 26: Desvio da subcategoria B.1 – Bater contra/ ser atingido por................................103

Figura 27: Desvio da subcategoria B.2 – Ficar preso.............................................................104

Figura 28: Desvio da subcategoria B.3 – Risco de queda ......................................................105

Figura 29: Desvio da subcategoria B.4 – Risco de queimadura.............................................106

Figura 30: Desvio da subcategoria B.5 – Risco de choque elétrico .......................................107

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Figura 31: Desvio da subcategoria B.6 – Inalar contaminantes .............................................108

Figura 32: Desvio da subcategoria B.7 – Absorver contaminantes........................................109

Figura 33: Desvio da subcategoria B.8 – Ingerir contaminantes............................................110

Figura 34: Desvio da subcategoria B.9 – Postura inadequada ...............................................111

Figura 35: Desvio da subcategoria B.10 – Esforço inadequado.............................................112

Figura 36: Desvio da subcategoria C.1 - Cabeça ...................................................................114

Figura 37: Desvio da subcategoria C.2 – Sistema respiratório ..............................................115

Figura 38: Desvio da subcategoria C.3 – Olhos e face...........................................................116

Figura 39: Desvio da subcategoria C.4 – Ouvidos .................................................................117

Figura 40: Desvio da subcategoria C.5 – Mãos e braços .......................................................118

Figura 41: Desvio da subcategoria C.6 – Tronco ...................................................................119

Figura 42: Desvio da subcategoria C.7 – Pés e pernas...........................................................120

Figura 43: Desvio da subcategoria D.1 – Impróprias para o serviço .....................................122

Figura 44: Desvio da subcategoria D.2 – Usados incorretamente..........................................123

Figura 45: Desvio da subcategoria D.3 – Em condições inseguras........................................124

Figura 46: Desvio da subcategoria E.1 – Inadequado ............................................................126

Figura 47: Desvio da subcategoria E.2 – Não existem procedimentos escritos .....................127

Figura 48: Desvio da subcategoria E.3 – Adequados e não seguidos ....................................128

Figura 49: Desvio da subcategoria F.1 – Local sujo ..............................................................130

Figura 50: Desvio da subcategoria F.2 – Local desorganizado..............................................131

Figura 51: Desvio da subcategoria F.3 – Local com vazamento e poluição ambiental .........132

Figura 52: Ações de prevenção e correção na “Unidade X” ..................................................143

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LISTA DE GRÁFICOS

Grráfico 1 - Acidentes de trabalho registrados no Brasil nos últimos anos .............................16

Gráfico 2: Acidentes do trabalho: proporção entre causas humanas e casos fortuitos.............62

Gráfico 3: Total de desvios registrados em 2008 ...................................................................134

Gráfico 4: Desvio por categoria..............................................................................................143

Gráfico 5: Tipos de lesões - com e sem afastamento. ............................................................145

Gráfico 6: Acidentes com afastamento por atividade.............................................................146

Gráfico 7: Acidentes com afastamento – Localização da lesão. ............................................147

Gráfico 8: Número de acidentes por função...........................................................................149

Gráfico 9: Contraposição dos desvios, TFCA e TFSA na “Unidade X’ em 2006 e 2007 .....150

Gráfico 10: Contraposição da TFCA, TFSA e desvios ..........................................................152

Gráfico 11: Taxas de acidentes na “Unidade X” em 2006, 2007 e 2008. ..............................153

Gráfico 12: Taxas de frequência de acidentes x metas traçadas no decorrer dos anos. .........154

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tipos de pesquisas científicas................................................................................21

Quadro 2: A evolução do trabalho............................................................................................30

Quadro 3: Evolução histórica das legislações trabalhistas brasileiras......................................35

Quadro 4: Campanha: A vida não tem preço .........................................................................136

Quadro 5: Campanha: Análise de anomalias de SMS............................................................138

Quadro 6: Campanha: Alerta máximo....................................................................................139

Quadro 7: Campanha: Ferramenta e equipamento na obra, por que causam acidentes?........140

Quadro 8: Campanha: Mexa-se com segurança .....................................................................141

Quadro 9: Campanha: Atitudes simples e perigosas ..............................................................142

Quadro 10: Campanha: Movimentação de carga ...................................................................146

Quadro 11: Campanha: Cuidado com as mãos.......................................................................148

Quadro 12: Campanha: Segurança no uso de esmerilhadeiras e lixadeiras ...........................149

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Desvios por média mensal – Ano de 2008 .............................................................135

Tabela 2: Metas projetadas x taxas realizadas........................................................................155

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LISTA DE SIGLAS

APR Análise Preliminar de Risco

AST Análise de Segurança da Tarefa

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

DDSMS Diálogo Diário de Segurança, Meio Ambiente e Saúde

ELAT Grupo de Eletricidade Atmosférica

EPI Equipamento de Proteção Individual

FIPE Fundação Instituto de Pesquisa Econômica

FUNDACENTRO Fundação do Ministério do Trabalho e Emprego

HHER Horas Homem de Exposição ao Risco

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

ISO International Organization for Standardization

LV Lista de Verificação

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NBR Norma Brasileira

NCA Número de Acidentados com Afastamento

NR Norma Regulamentadora

NSA Número de Acidentados sem Afastamento

OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Series

OIT Organização Internacional do Trabalho

OR OREGON – Conducting an accident investigation.

OSHA Occupational Safety and Health Administration

PIB Produto Interno Bruto

PT Permissão de Trabalho

SEBRAE Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas

SGI Sistema de Gestão Integrada

SMS Segurança do Trabalho, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional

TFCA Taxa de Frenquência de Acidentes Com Afastamento

TFSA Taxa de Frenquência de Acidentes Sem Afastamento

VCP Verificação de Conformidade dos Procedimentos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................15

1.1 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA .......................................................15

1.2 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO E JUSTIFICATIVA .................................................17

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA......................................................................................18

1.3.1 Objetivo geral..............................................................................................................18

1.3.2 Objetivos específicos...................................................................................................18

1.4 QUESTÕES DA PESQUISA.......................................................................................19

1.5 METODOLOGIA DE PESQUISA ..............................................................................19

1.5.1 Aspectos introdutórios ...............................................................................................20

1.5.2 Pesquisa aplicada ao estudo.......................................................................................21

1.6 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ...............................................................................23

1.7 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO .................................................................................23

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................25

2.1 DEFINIÇÕES...............................................................................................................25

2.1.1 Acidente do trabalho ..................................................................................................25

2.1.2 Anomalia .....................................................................................................................25

2.1.3 Ato inseguro ................................................................................................................26

2.1.4 Caso fortuito................................................................................................................26

2.1.5 Condição insegura ......................................................................................................26

2.1.6 Desvios .........................................................................................................................26

2.1.7 Lesão com afastamento ..............................................................................................27

2.1.8 Lesão sem afastamento...............................................................................................27

2.1.9 Quase acidente ou incidente ......................................................................................27

2.1.10 Perigo ...........................................................................................................................28

2.1.11 Risco .............................................................................................................................28

2.1.12 Sistema de gestão de SMS ..........................................................................................28

2.2 A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO.............29

2.2.1 O trabalho ...................................................................................................................29

2.2.2 Desenvolvimento da segurança industrial................................................................32

2.2.3 Alguns marcos históricos em relação à segurança e saúde do trabalho ................36

2.3 FATOR HUMANO ......................................................................................................60

2.3.1 A influência do comportamento humano nos acidentes .........................................60

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2.3.2 Comportamento seguro e comportamento de risco.................................................61

2.3.3 Percepção do risco ......................................................................................................63

2.4 AUDITORIA COMPORTAMENTAL ........................................................................66

2.4.1 Os princípios da auditoria comportamental ............................................................68

2.4.2 Categorias avaliadas na auditoria comportamental ...............................................69

2.4.3 Subcategorias avaliadas na auditoria comportamental ..........................................72

2.4.4 O processo da auditoria comportamental ................................................................76

2.4.5 Indicadores ..................................................................................................................82

3 ESTUDO DE CASO ...................................................................................................85

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA........................................................................85

3.1.1 Governança corporativa ............................................................................................87

3.2 AUDITORIA COMPORTAMENTAL – APLICAÇÃO .............................................91

3.2.1 Gestão corporativa para tratamento dos desvios identificados..............................94

3.2.2 Registros fotográficos das observações de campo ...................................................95

3.2.3 Categoria A: Reação das pessoas ..............................................................................97

3.2.4 Categoria B: Posição das pessoas ............................................................................102

3.2.5 Categoria C: EPI ......................................................................................................113

3.2.6 Categoria D: Ferramentas e equipamentos............................................................121

3.2.7 Categoria E: Procedimentos ....................................................................................125

3.2.8 Categoria F: Ordem, limpeza e arrumação ...........................................................129

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...........................................................................133

4.1 INDICADORES DE AUDITORIA COMPORTAMENTAL....................................133

4.1.1 Discussão dos indicadores de auditoria comportamental .....................................136

4.2 TRATAMENTO DOS INDICADORES REATIVOS DE ACIDENTES .................144

4.2.1 Tipos de lesões...........................................................................................................144

4.2.2 Acidente por atividades............................................................................................145

4.2.3 Localização da lesão .................................................................................................147

4.2.4 Número de acidentes por função.............................................................................148

4.3 DESVIOS TRATADOS X TAXAS DE FREQUÊNCIA DE ACIDENTES ............150

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................157

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................160

ANEXO 1 - DIRETRIZES CORPORATIVAS DE SMS .................................................167

ANEXO 2 – MODELO DE CARTÃO DE AUDITORIA COMPORTAMENTAL. .....172

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15

1 INTRODUÇÃO

1.1 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO-PROBLEMA

Segundo os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT)1 , entre 1,9 e 2,3

milhões de pessoas morrem anualmente em todo o mundo devido a acidentes de trabalho. São

6.000 mortes diárias, três a cada minuto, sendo esse índice maior que a média de mortes em

acidentes de trânsito e nas guerras. Considerando que os acidentes de trabalho comprometem

cerca de 4% do PIB, estima-se que no Brasil sejam gastos cerca de R$ 32 bilhões por ano em

consequência dos acidentes de trabalho, além das inúmeras mutilações e transtornos

econômicos, psicológicos e sociais a que os trabalhadores ficam vulneráveis

(FUNDACENTRO, 2008).

As últimas estatísticas divulgadas pelo Ministério da Previdência Social (2009)

mostram os alarmantes números de acidentes do trabalho no Brasil. Ao aumento do número

de casos registrados nos últimos anos (Gráfico 1), deve-se considerar que no período de 2003

a 2008 a população desocupada reduziu-se em 29,4%2, incidindo diretamente nos casos de

acidentes relatados. Como agravante, porém, deve-se considerar que os trabalhadores

informais representam mais de 50% da força de trabalho brasileira (FIPE, 20033), o que

poderia elevar significativamente esta estatística oficial.

Esses acidentes expõem sua face mais cruel quando se observa que as perdas deles

decorrentes atingem não somente as empresas, mas principalmente os próprios acidentados e

suas respectivas famílias, gerando graves problemas sociais, tais como encargos para a

previdência social e diminuição da população economicamente ativa.

Por isso, os acidentes de trabalho são considerados hoje um grave problema para a

nação, justificando o trabalho dos prevencionistas que têm se dedicado à compreensão de suas

causas, olhando com mais atenção para fatores que, até então, tinham sido pouco tratados nas

práticas e programas de segurança do trabalho, tais como a atitude, o comportamento e a

percepção dos riscos no ambiente organizacional.

1 Fonte: http://www.fundacentro.gov.br/dominios/CTN/noticias.asp?Cod=704 Acesso em: 20/05/2008 2 Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1307&id_pagina=1 Acesso em: 23/11/2009. 3 Fonte: http://www.mtb.gov.br/observatorio/778_Tema_44.pdf - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. Acesso em: 30/05/2008

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16

Acidentes de Trabalho Registrados no Brasil

747.663

659.523

499.680 512.232465.700

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

2004 2005 2006 2007 2008

Gráfico 1 - Acidentes de trabalho registrados no Brasil nos últimos anos Fonte: Ministério da Previdência Social (2009).

Durante as atividades laborais, um grande número de acidentes ocorre devido a atos e

condições inseguras praticadas nas empresas. Assim, muitos desses acidentes poderiam ser

evitados se houvesse investimentos, por parte das organizações, na prevenção e no

desenvolvimento da percepção de risco dos trabalhadores. Por isso, é importante discutir

alguns fatores intervenientes no processo de gestão de SMS especialmente o fator humano,

tais como a percepção de risco e o comportamento dos trabalhadores.

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1.2 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO E JUSTIFICATIVA

O empregador, nos últimos anos, passou a preocupar-se mais com SMS, devido aos

custos diretos e indiretos que um acidente pode representar para sua empresa.

Conforme já vimos, a realidade da segurança do trabalho em nosso país não é

satisfatória. As estatísticas divulgadas pelo Ministério da Previdência Social (2008) indicam

que os números de acidentes do trabalho no Brasil são alarmantes, tendo estes um custo

altíssimo aos cofres públicos, além de matar milhões de pessoas. Isso, sem contar as sub

notificações que são bastante elevadas.

Partindo destas constatações é necessário entender que em segurança do trabalho não

há como negociar. A segurança deve ser intrínseca em todas as áreas e atividades das

empresas.

Assim, este trabalho se justifica porque em prevenção saber “enxergar” o risco é um

fator a ser considerado, uma vez que a prevenção está vinculada à capacidade das pessoas de

se relacionar com os perigos de forma cuidadosa, evitando acidentes e doenças.

Os trabalhadores, geralmente por não avaliarem os perigos aos quais estão expostos,

produzem comportamentos inseguros, que propiciam acidentes. Quando não percebe

adequadamente o risco da tarefa, o homem fica altamente vulnerável e é neste momento que

mais se expõe a acidentes e até morte.

Diante destas constatações, cabe ressaltar que muitas pesquisas, estratégias e técnicas

vêm sendo desenvolvidas e empregadas na gestão de SMS em empresas. Como exemplo, é

possível citar APR (Análise Preliminar de Risco), AST (Análise de Segurança da Tarefa), LV

(Lista de Verificação), VCP (Verificação de Conformidade dos Procedimentos) entre outras

(ARAÚJO, 2004). Apesar das reduções obtidas no número de acidentes de trabalho nas

organizações que as implementaram, estas ferramentas geralmente atuam nos processos

operacionais e não propriamente nas pessoas.

Assim, esta pesquisa busca mostrar a importância da Auditoria Comportamental como

ferramenta preventiva para a redução dessas anomalias na Unidade em estudo. Considera-se,

portanto, que para um trabalho de prevenção ser eficaz, “é necessária atuação nos atos

inseguros e nas condições inseguras, pois todo acidente, seja ele grave ou não, começa com

um pequeno desvio” (ARAÚJO, 2004, p.186).

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18

1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.3.1 Objetivo geral

Analisar a Auditoria Comportamental como ferramenta preventiva com o objetivo de

redução de acidentes do trabalho.

1.3.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos desse trabalho são:

• Apontar a necessidade de atuação no fator humano para a eficácia da gestão do

desempenho de SMS;

• Discutir a importância da conscientização para a força de trabalho com relação à cultura

de segurança através de ações voltadas para a disseminação da percepção de risco dos

trabalhadores;

• Discutir a complexidade do tratamento das anomalias baseadas na atitude e

comportamento dos trabalhadores, na atuação preventiva aos desvios identificados.

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1.4 QUESTÕES DA PESQUISA

As questões que este trabalho pretendeu responder são:

• O reconhecimento e o tratamento dos atos inseguros e das condições inseguras através da

ferramenta “Auditoria Comportamental” contribuem para a redução de acidentes de

trabalho?

• Quais as dificuldades/facilidades, vantagens/desvantagens da implementação de

sistemáticas que visem à identificação e tratamento dos desvios?

• Como é realizado o processo de desenvolvimento da percepção dos riscos no ambiente

organizacional?

• A Auditoria Comportamental pode ser considerada uma ferramenta eficaz para a

prevenção de acidentes do trabalho na indústria petroquímica?

1.5 METODOLOGIA DE PESQUISA

Este item apresenta a metodologia empregada para analisar a Auditoria

Comportamental como ferramenta, ressaltando a importância da atuação no fator humano

para a prevenção de acidentes do trabalho na indústria petroquímica. O estudo usou como

parâmetro a evolução das taxas de acidentes sem afastamento (TFSA) e das taxas de acidentes

com afastamento (TFCA) de uma Unidade de uma empresa do setor.

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1.5.1 Aspectos introdutórios

De acordo com Lakatos & Marconi (1994, p.40), o método científico pode ser

conceituado como:

O conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Kourganoff (1990, p.15) define que:

A pesquisa é o conjunto de investigações, operações e trabalhos intelectuais ou práticos que tenham como objetivo a descoberta de novos conhecimentos, a invenção de novas técnicas e a exploração ou a criação de novas realidades.

Richardson (1999) salienta ainda que a metodologia corresponde a regras previamente

estabelecidas para a utilização do método científico.

Selltiz (1965, apud Conejero, 2006) agrupa os objetivos de uma pesquisa científica em

quatro blocos, que podem ser assim definidos:

i) Familiarizar-se com o fenômeno em estudo ou conseguir uma nova compreensão deste, de

maneira a poder formular o problema de pesquisa mais preciso ou criar novas hipóteses;

ii) Apresentar precisamente as características de uma situação, um grupo ou um indivíduo

específico;

iii) Verificar a frequência com que algo ocorre ou com que está ligado a alguma outra coisa;

iv) Verificar uma hipótese de relação causal entre variáveis.

Definidos os enfoques de uma pesquisa, Tognetti (2006) esclarece que a pesquisa pode

ser utilizada para atingir os seguintes objetivos:

• Gerar e adquirir novos conhecimentos sobre si mesmo ou sobre o mundo em que vive;

• Obter e/ou sistematizar a realidade empírica (conhecimento empírico);

• Responder a questionamentos (explicar e/ou descrever);

• Resolver problemas;

• Atender às necessidades de mercado.

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Tognetti (2006) esquematiza os tipos de pesquisas científicas quanto aos seus

objetivos e modalidades, conforme exposto no Quadro 1.

Tipo de pesquisa Objetivos Modalidade

Exploratória

• Conhecer mais e melhor o problema; • Elaborar hipóteses; • Aprimorar idéias; • Descobrir intuições.

• Levantamentos bibliográficos; • Entrevistas; • Web sites; • Estudo de caso.

Descritiva • Descrever características de população ou fenômenos, por exemplo; • Estabelecer relações entre variáveis.

• Estudos etnográficos, por exemplo; • Levantamentos de opiniões, de atitudes, crenças etc.

Explicativa

• Identificar variáveis que determinam a ocorrência do fenômeno; • Explicar a razão do fenômeno, investigar relações de causa e efeito.

• Experimental • Quase experimental.

Quadro 1 – Tipos de pesquisas científicas Fonte: Tognetti (2006), adaptado pelo Autor.

1.5.2 Pesquisa aplicada ao estudo

Considerando os objetivos propostos para o presente estudo, a opção por uma pesquisa

do tipo exploratória mostrou-se mais adequada.

Dado que um estudo exploratório é direcionado para uma área em que o conhecimento

é ainda limitado e, portanto, é um campo de estudos em que ainda não foram formuladas

todas as questões relavantes, a tarefa inicial é resenhar o material bibliográfico disponível,

procurando perceber as questões que dele podem ser derivadas (SELLTIZ, 1965 apud

CONEJERO, 2006).

Nesse sentido, Malhotra (2001) esclarece que uma pesquisa exploratória deve

proporcionar maior compreensão do problema enfrentado pelo pesquisador, neste caso, a

importância de atuar no fator humano para a diminuição dos acidentes e suas implicações. A

adoção do formato de pesquisa exploratória tem também o objetivo de discutir o problema

proposto para prover critérios e compreensão, permitindo a descoberta de idéias e intuições.

No caso dessa dissertação, a pesquisa exploratória, através do estudo de caso, será usada para

definir o problema com maior precisão, identificando cursos relevantes de ação e propostas

futuras de trabalho.

Num primeiro momento, este trabalho desenvolveu-se através da revisão de literatura,

seguindo os seguintes passos:

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i) Levantamento bibliográfico a bases de dados referenciais e textuais;

ii) Consulta a acervos técnicos de instituições de ensino;

iii) Pesquisas específicas em literatura técnica, sites especializados em organizações e

instituições de pesquisas, periódicos e artigos visando à fundamentação teórica para

elaboração da revisão de literatura;

iv) Coleta de dados através de documentos públicos divulgados pela empresa em estudo, e

outras instituições consultadas.

Essa etapa visou à fundamentação teórica para um estudo de caso que, segundo Yin

(2005), trata de questões do tipo “como” e “por que”, além de outras explicações sobre o tema

em investigação, em situação real. Sem exigir controle sobre eventos comportamentais, o

estudo de caso focaliza acontecimentos contemporâneos. Tognetti (2006) considera que essa

abordagem de pesquisa corresponde ao estudo aprofundado e exaustivo de um ou de poucos

objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado.

O estudo de caso é um “método” específico de pesquisa de campo. Estudos de campo

são investigações de fenômenos à medida que ocorrem, sem qualquer interferência

significativa do pesquisador. Seu objetivo é compreender o evento em estudo e ao mesmo

tempo desenvolver teorias e concepções mais genéricas a respeito dos aspectos característicos

do fenômeno observado (FIDEL, 1992).

O estudo de caso consiste, enfim, em uma investigação detalhada de uma ou mais

organizações, ou grupos dentro de uma organização, com vistas a prover uma análise do

contexto e dos processos envolvidos no fenômeno em estudo. A abordagem de estudo de caso

não é um método propriamente dito, mas uma estratégia de pesquisa e, portanto, podem-se

empregar vários procedimentos - qualitativos, quantitativos, ou ambos (HARTLEY, 1994).

O estudo de caso é particularmente apropriado para pesquisadores individuais, pois dá

a oportunidade para que um aspecto de um problema seja estudado em profundidade dentro

de um período de tempo limitado (BELL, 1989). O mesmo autor afirma ainda que a grande

vantagem do estudo de caso é permitir ao pesquisador concentrar-se em um aspecto ou

situação específica e identificar, ou tentar identificar, nos diversos processos que interagem no

contexto estudado.

Para a segunda etapa do estudo, o trabalho de campo, foram seguidos os seguintes

passos:

i) Levantamento de Unidades da “Empresa X” que utilizam a ferramenta Auditoria

Comportamental em seu processo de gestão de SMS;

ii) Escolha da Unidade a ser estudada dentre as alternativas levantadas;

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iii) Contato com a liderança da Unidade para autorização da realização da pesquisa na

área operacional, utilização de seu banco de dados e coleta de imagens no campo;

iv) Estabelecimento de visitas de rotina à Unidade a ser estudada;

v) Levantamento no banco de dados da “Unidade X” dos aspectos referentes à Auditoria

Comportamental;

vi) Registros fotográficos evidenciados no momento da utilização da ferramenta Auditoria

Comportamental.

Por fim, foram analisados os elementos recolhidos no trabalho de campo à luz da

fundamentação teórica.

1.6 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Este estudo desenvolveu-se com o apoio de um trabalho de campo realizado em uma

Unidade, filial de uma empresa de gás e energia (“Empresa X”), que utiliza a Auditoria

Comportamental como ferramenta preventiva visando à redução dos acidentes de trabalho.

O critério de escolha do local deu-se em função da Unidade ser a que utiliza a

Auditoria Comportamental há mais tempo dentro da “Empresa X”, possibilitando uma melhor

análise para a verificação dos resultados.

Outro fator importante para a seleção da Unidade é relacionado ao tipo de atividade

desenvolvida, baseada na construção e montagem industrial, o que envolve um grande

quantitativo de pessoas que, em momentos de pico, chegou a atingir cerca de 7.000

trabalhadores dos mais variados graus de instrução e funções desempenhadas.

1.7 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O trabalho foi estruturado em uma parte teórica, sendo realizado um levantamento de

informações e pesquisas bibliográficas iniciado pela evolução da engenharia de segurança do

trabalho. Em seguida, a pesquisa mostra a necessidade de estudar o fator humano para uma

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mudança de cultura de segurança na organização. Focaliza ainda a percepção de risco dos

empregados, bem como seus conhecimentos e comportamento.

A outra parte é relacionada ao estudo de caso, sendo realizado com base em

informações, através das observações de campo, desenvolvidas na Unidade de produção, no

norte do Brasil “Unidade X”, de uma grande indústria petroquímica. Nesta etapa foram

utilizadas informações da empresa, banco de dados da companhia (TFCA, TFSA, por

exemplo), bem como demais registros que estão listados ao longo do trabalho.

A estrutura geral desse estudo está dividida em 5 capítulos, a saber:

Capítulo 1 – Introdução

Apresenta o trabalho descrevendo o problema vinculado à pesquisa, os objetivos, as

questões propostas, a metodologia, a delimitação, sua justificativa e relevância, e encerrando

com a descrição da estrutura do trabalho referenciada na atual etapa.

Capítulo 2 – Revisão de Literatura

A revisão de literatura está dividida em 5 itens principais: primeiro item (2.1)

apresenta definições importantes para o entendimento do trabalho. O segundo (2.2) trata da

evolução histórica da engenharia de segurança. Expostos o desenvolvimento da segurança do

trabalho, o próximo item (2.3) aborda os aspectos culturais relacionados à segurança, seguido

pelo item (2.4) que aborda o fator humano. O capítulo se encerra com o item (2.5) que

apresenta a ferramenta da Auditoria Comportamental em que se baseiam as questões desta

pesquisa.

Capítulo 3 – Estudo de caso

Apresenta a caracterização da empresa campo de estudo do presente trabalho e a

aplicação prática da ferramenta Auditoria Comportamental através de registros fotográficos e

da gestão corporativa dos desvios identificados na Unidade.

Capítulo 4 – Resultados e discussões

Apresenta os resultados obtidos na Unidade em estudo através do tratamento dos atos

e das condições inseguras. Discussões paralelas apoiadas pela base teórica abordam a

contribuição da atuação na base da pirâmide para a redução de acidentes de trabalho na

Unidade. Este capítulo traz também a análise dos dados e tabelas disponibilizados pela

empresa.

Capítulo 5 – Considerações finais

São apresentadas algumas das conclusões e contribuições do presente trabalho.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 DEFINIÇÕES

A seguir serão conceituados alguns termos e expressões que servirão como base para

melhor compreensão do presente estudo.

2.1.1 Acidente do trabalho

A NBR 14.280, define acidente do trabalho como uma ocorrência imprevista e

indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, que provoca lesão

pessoal ou de que decorre risco próximo ou remoto dessa lesão.

O acidente inclui tanto ocorrências em relação a um momento determinado, quantas

ocorrências ou exposições contínuas ou intermitentes, que só podem ser identificadas em

termos de período de tempo provável.

A lesão inclui tanto lesões traumáticas e doenças, quanto efeitos prejudiciais mentais,

neurológicos ou sistêmicos, resultantes de exposições do trabalho.

Nos períodos destinados à refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras

necessidades fisiológicas – no local de trabalho ou durante este – o empregado é considerado

no exercício do trabalho, assim como, os acidentes ocorridos nos deslocamentos de casa para

o trabalho, ou do trabalho para casa (acidentes de trajeto).

2.1.2 Anomalia

Desvio acentuado de um padrão normal; anormalidade, desigualdade, irregularidade

(NBR 14.280).

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2.1.3 Ato inseguro

Ação ou omissão que, contrariando preceito de segurança, pode causar ou favorecer a

ocorrência de acidente (NBR 14.280).

2.1.4 Caso fortuito

Caso fortuito é acontecimento imprevisto e inevitável. Aquilo a que não se pode

resistir, exemplo, uma inundação, terremotos, maremotos, furacões e descargas atmosféricas,

ou seja, raios (PROCESSO CIVIL, Vol. 2, p. 320–321, RT, 1975).

2.1.5 Condição insegura

É a condição do ambiente de trabalho que oferece perigo e/ou risco ao trabalhador

(SEBRAE, 2008). Exemplo: Insuficiência de espaço para o trabalho; iluminação inadequada;

equipamento com defeito; escada defeituosa; má arrumação e falta de limpeza; falta de

proteção em máquina e equipamento; passagens perigosas etc.

2.1.6 Desvios

Fazendo uma analogia entre atos inseguros e condições inseguras, alguns autores,

como Araújo (2004), preferem chamar esta combinação de “desvios”.

Segundo este autor, portanto, desvio é qualquer ação ou condição, que tem potencial

para contribuir, direta ou indiretamente, danos às pessoas, ao patrimônio (próprio ou de

terceiros), ou impacto ao meio ambiente.

DESVIOS = (Atos Inseguros) + (Condições Inseguras).

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Neste trabalho será utilizada a expressão “desvios” para tratar, de forma genérica, as

situações que podem potencializar a ocorrência de acidentes, impactando o desempenho do

sistema de gestão de SMS. Os desvios também são definidos como comportamentos inseguros

(ARAÚJO, 2004).

2.1.7 Lesão com afastamento

Lesão pessoal que impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao do

acidente ou de que resulte incapacidade permanente.

Esta lesão pode provocar incapacidade permanente total, incapacidade permanente

parcial, incapacidade temporária total ou morte (NBR 14.280).

2.1.8 Lesão sem afastamento

Lesão pessoal que não impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao

do acidente, desde que não haja incapacidade permanente.

Esta lesão não provoca a morte, incapacidade permanente total ou parcial ou

incapacidade temporária total, exige, no entanto, primeiros socorros ou socorros médicos de

urgência (NBR 14.280).

2.1.9 Quase acidente ou incidente

Fato não desejado que poderia causar perda humana ou material. Os quase acidentes

são alertas de que o acidente está para ocorrer.

(NOTA: Um incidente que não ocasiona doença, lesão, dano, ou outra perda é também

referenciado como “quase-acidente”. O termo “incidente” inclui “quase-acidentes”) (OHSAS

18001:2007).

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2.1.10 Perigo

Fonte ou situação que apresenta uma capacidade potencial de causar dano à saúde e à

integridade física do homem e, dando à propriedade, ao meio ambiente ou uma combinação

desses efeitos como, por exemplo: vazamentos, princípio de incêndio, explosões, entre outros

(OHSAS 18001, 2007).

2.1.11 Risco

Combinação da probabilidade da ocorrência (frequência) com as consequências

(gravidade) de um determinado evento perigoso. Ao se relacionar à frequência com a

gravidade, teremos uma matriz de risco que pode ser: desprezível, baixo, moderado, sério ou

crítico (OHSAS 18001, 2007).

2.1.12 Sistema de gestão de SMS

Conjunto de elementos dinamicamente relacionados, que interagem entre si para

funcionar como um todo integrando segurança, meio ambiente e saúde (OHSAS 18001,

2007).

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2.2 A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

2.2.1 O trabalho

O trabalho é uma invenção humana – seja como realização que faz história, seja como

fardo, obrigação. O trabalho é uma mercadoria cujo preço varia de acordo com a sociedade

(ARANHA, 2000, p. 20).

Nos impérios grego e romano, o trabalho manual era escravista e desvalorizado, a

única atividade de importância era dada ao saber, à atividade teórica, às idéias, à filosofia e à

ciência. Para Platão, por exemplo, a finalidade dos homens livres era justamente a

“contemplação das idéias” (ALBORNOZ,1994, p.58).

A concepção de trabalho como fonte de identidade e auto-realização humana, foi

constituída a partir do Renascimento, entre os séculos XIV e XV. O trabalho adquire então

um significado intrínseco, “as razões para trabalhar estão no próprio trabalho e não fora dele

ou em qualquer de suas consequências” (ALBORNOZ,1994, p.59).

Segundo Dowbor (2002), a forma do trabalho evoluiu de acordo com as atividades,

com as técnicas e com a organização da sociedade. De caçador, o homem passou a

gerenciador. Deixou de usar o arado para usufruir de máquinas mais sofisticadas. A vida

nômade e simples foi trocada por uma vida alicerçada no poder e no consumo de bens

materiais.

Dowbor (2002, p. 107 –109) esquematiza a evolução no mundo do trabalho ao longo

dos tempos. O Quadro 2 mostra essa evolução:

Período Atividades

3000 a 2701 a. C Caça e colheita primitivas, trabalho com pedra e primeiros objetos de metal. Comunidades nômades.

2700 a 601 a. C Grandes culturas da Antiguidade: pirâmides e outras grandes obras. Uso intenso do trabalho escravo. Expansão da agricultura e do sedentarismo.

600 a 201 a. C Presença da Grécia: surgimento da ciência, da filosofia e da teoria científica, apoiadas no trabalho dos agricultores e dos escravos.

200 a. C a 400 d.C Roma: infra-estrutura urbana com ruas, arquedutos, organização social verticalizada, trabalho escravo.

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Período Atividades

400 – 1400 Idade Média: produção agrícola e artesanal, ciência concentrada nas ordens religiosas, relações de trabalho centradas no sistema de servidão.

1400 – 1600 Renascença: Leonardo da Vinci, surgimento da cultura urbana, expansão das artes, expansão das atividades comerciais e bancárias, formação das organizações de artesãos.

1600 – 1750 Formação das bases científicas da era moderna, com física, química, medição do tempo e expansão das atividades de ensino. Início da manufatura, trabalho domiciliar, pagamento por tarefa.

1750 – 1840

Revolução Industrial na Inglaterra: produção têxtil, máquinas, energia a carvão e vapor, expansão da manufatura. Organização da sociedade em função do capital, com a propriedade privada dos meios de produção e a concentração dos trabalhadores em fábricas.

1840 – 1900

Indústria pesada, siderurgia, estradas de ferro, motor elétrico e de combustão, telefonia. Explosão científica, urbanização intensa, generalização da forma salarial de inserção nos processos produtivos. O colonialismo joga grande parte das populações do planeta no atraso econômico.

1900 – 1970

A ciência e a técnica se juntam na transformação dos processos produtivos. Consumo de massa, trabalho padronizado, em fatias, com taylorismo e fordismo. Aprofunda-se o fosso entre países ricos e pobres, surge o chamado Terceiro Mundo. Experiências de gestão social centralizada pelo Estado.

1970 – século XXI

A ciência passa a determinar os processos produtivos. Expansão dos serviços, presença crescente das políticas sociais, intensificação geral do conhecimento nas atividades humanas. Generalização da escolaridade. Toyotismo, produção flexível, surgimento de novas relações sociais de trabalho, com terceirização, subcontratação e trabalho autônomo. Consolidação da “fratura social mundial” entre países ricos e pobres

Quadro 2: A evolução do trabalho Fonte: Dowbor (2002, p. 107 –109), adaptado pelo Autor.

Através do trabalho, o homem transforma a natureza e as relações no meio em que

vive. Pode modificar as coisas à sua volta, inclusive a ele mesmo. Constrói e reconstrói suas

idéias e, consequentemente, sua subjetividade, pois por meio do trabalho ele aprende. E isso

se pode comprovar pelas diferentes formas que o trabalho assumiu historicamente.

O trabalho faz o homem transcender sua individualidade, pois através da atividade o

homem interage com ele mesmo, com os outros seres e com a natureza que, pouco a pouco,

vai se modificando. O ato laboral confere ao homem sentido à vida e é um dos mecanismos

capazes de deixar o homem realizado e fazer com que tenha objetivos e expectativas.

De acordo com Antunes (2003b, p. 168), o mundo do trabalho, nas últimas décadas,

principalmente depois dos anos 70, sofreu diversas transformações, acarretando sérios

problemas para a classe trabalhadora. Ele diz que “a crise afetou tanto a materialidade da

classe trabalhadora, a sua forma de ser, quanto a sua subjetividade, o universo dos seus

valores, do seu ideário, que pautam suas ações e práticas corretas”.

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O trabalho traz realização para o ser humano porque é o meio através do qual o

indivíduo se relaciona, troca idéias, aprende e, consequentemente, socializa-se. A riqueza das

nações é produto da força de trabalho do homem e o trabalho ainda ocupa posição central na

análise da sociedade contemporânea.

2.2.1.1 Os primórdios da medicina do trabalho

A preocupação com a saúde do trabalhador permeia a história desde milênios

passados. O primeiro relato apontando a associação de doença ao trabalho foi com Hipócrates,

(460 – 375 a.C.), relacionando quadros de cólicas abdominais ao trabalho com chumbo

(GONÇALVES, 2001 apud AMORIM, 2003, p.15).

A doença oriunda do trabalho foi evidenciada pela primeira vez no século XVI, mais

precisamente em 1556, com Geor Bauer, médico, responsável das minas de carvão. Em sua

obra “De Re Metallica”, ele retratou o trabalhador das extrações minerais argentíferas e

auríferas, propenso a desenvolver a “Asma dos Mineiros”, hoje identificada como “silicose” –

doença dos pulmões causada pela inalação de poeiras que contenham sílica (MACIEL, 2001).

Em 1567, Aureolus Theophrastus Bombastus Von Hohenheim, o famoso Paracelso,

publica o livro “Von Der Bergsucht und anderen Bergkrankheiten”, em que relaciona

Trabalho e Doença, destacando os principais sintomas da doença causada pela intoxicação

pelo mercúrio (FERNANDES, 2000).

No século XVII, podemos citar Bernardino Ramazzini, que dedicou parte da sua vida

a visitar locais de trabalho, observando trabalhadores e discutindo com eles os seus problemas

de saúde. Considerado o pai da Medicina do Trabalho, em 1700 publica sua principal obra,

intitulada “De Morbis Artificum Diatriba” (As Doenças dos Trabalhadores), onde relaciona

cerca de 56 doenças com o tipo do trabalho exercido e na qual sistematiza as observações que

fez, tendo sido um enorme avanço para o conhecimento da época (FERNANDES, 2000).

Entretanto, somente 60 anos após a publicação, os estudos de Ramazzini passam a ser

conhecidos, valorizados e aplicados, coincidentes ao advento da revolução industrial

transcorrida na Inglaterra (FERNANDES, 2000).

Em meados do século XVIII, inicia-se na Inglaterra a Revolução Industrial,

caracterizando-se pela passagem da manufatura à indústria mecânica. A introdução de

máquinas fabris multiplica o rendimento do trabalho e aumenta a produção global. A

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Inglaterra adianta sua industrialização em relação ao continente europeu e sai na frente na

expansão colonial. A partir da utilização das máquinas movidas à força de moinhos acionados

por energia hidráulica e/ou vapor ocorreu a industrialização, o que proporcionou a primeira

interação entre o Capital e o Trabalho (BIAVASCHI, 2005).

Desenvolvendo-se num processo desordenado, no qual a mão de obra era abundante e

inexperiente, as fábricas foram sendo instalados em locais inadequados como galpões e

armazéns e até em estábulos desativados, onde homens, mulheres e crianças eram colocados

para trabalhar sob condições desumanas: ausência de ventilação, ruídos elevados,

equipamentos desprovidos de proteção, jornadas de trabalho indefinidas, iluminação

inadequada e instalações sanitárias inexistentes, contribuindo para o desencadeamento de um

elevado número de mortes e situações de invalidez, diante de um sistema que admitia

inclusive a “comercialização” de crianças para o trabalho (MACIEL, 2001).

Até o século XVIII, praticamente não se pensava em nenhuma ação, atitude ou medida

de prevenção a acidentes do trabalho, havia apenas preocupação com reparação de danos à

saúde e integridade física dos trabalhadores e não havia uma legislação trabalhista focada

especificamente na proteção do trabalhador.

2.2.2 Desenvolvimento da segurança industrial

Somente em torno de 1950, constata-se a realização de estudos mais consistentes na

área da Segurança Industrial, principalmente nos Estados Unidos, onde as primeiras leis sobre

indenização de acidentes do trabalho fizeram com que os empresários criassem serviços de

segurança industrial na tentativa de minimizar seus custos nesse setor. A essa idéia básica de

aumentar a proteção e diminuir as despesas com seguros, deu-se o nome de “Gerência de

Riscos”. Esta se constituiu numa forma de incentivar as organizações a tomarem medidas

efetivas para reduzirem seus níveis de riscos com acidentes (DE CICCO, 1984).

O canadense John Fletch, em 1970, incrementou o escopo proposto por Frank Bird Jr.,

ampliando um pouco a extensão do enfoque e acrescentando a palavra “total”, criando o

método “Controle Total de Perdas” ou Total Loss Control, no sentido de englobar também as

questões de proteção ambiental, de segurança patrimonial e de segurança do produto (DE

CICCO, 1984).

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Paralelamente a tudo isso, Willie Hammer, fundamentado nas metodologias utilizadas

nos programas aeroespaciais americanos, começou a desenvolver ferramentas para auxiliar,

principalmente, na identificação e avaliação de riscos, às quais se deu a designação de

Engenharia de Segurança de Sistemas (DE CICCO, 1984).

2.2.2.1 Legislação trabalhista

Em 1802 foi criada na Inglaterra a primeira lei de proteção aos trabalhadores, “Lei de

Moral e Saúde dos Aprendizes”, como resposta às pressões da opinião pública. Robert Peel,

do Parlamento Britânico, liderou a comissão de inquérito que conseguiu a aprovação desta lei

(QUELHAS & BITENCOURT, 1998) que determinava:

• Limite de trabalho equivalente a 12 horas por dia;

• Proibição do trabalho noturno;

• Ventilação obrigatória;

• Lavagem da fábrica pelo menos duas vezes por ano.

Em 1830 ocorreu um fato que é considerado o marco da criação do serviço de

medicina do trabalho em todo mundo. Robert Dernham, proprietário de uma indústria têxtil,

sensibilizado pelas condições precárias às quais estavam submetidos seus trabalhadores

menores, solicitou ao médico Robert Baker, nomeado pelo governo britânico como Inspetor

das Fábricas, apoio para desenvolver melhorias nas condições de trabalho e de saúde de seus

trabalhadores (MACIEL, 2001).

Em 1831 foi estabelecida uma Comissão de Inquérito, coordenada por Michael

Saddler, que contribuiu de forma positiva para que, em 1833, fosse estabelecido o “Factoring

Act”, considerada a primeira legislação realmente eficiente na área da proteção ao

trabalhador. Apresentava como melhorias, as seguintes medidas (MACIEL, 2001):

• Proibição do trabalho noturno para menores;

• Jornada diária de 12 horas, com semana de 69 horas no máximo;

• Escolas para todos os trabalhadores menores de 13 anos de idade;

• Idade mínima para o trabalho a partir dos 9 anos e acompanhamento médico para

atestar que o desenvolvimento da criança correspondia à sua idade cronológica.

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Em sequência aos acontecimentos, foi criado o “Factory Inspctorate”, Órgão do

Ministério do Trabalho Britânico. Sua função foi a de realizar o exame pré-admissional, o

exame médico periódico, o estudo de doenças causadas por agentes químicos potencialmente

perigosos e a notificação e investigação de doenças profissionais, principalmente nas fábricas

de pequeno porte que não dispusessem de serviço médico próprio (MACIEL, 2001).

Nesta época, a maioria dos proprietários acreditava que a melhoria das condições de

trabalho em suas indústrias aumentaria custos que, desta forma, os colocaria em desvantagem

em relação à concorrência. Assim, procuravam persuadir os políticos a não apoiar qualquer

projeto direcionado a essas melhorias (VIEIRA, 1994).

Em 1926 começa o trabalho de prevenção com o norte-americano H. W. Heinrich, que

será abordado mais adiante.

Em 11/10/1946 foi criada, na França, uma Lei que torna obrigatória a existência dos

serviços médicos em estabelecimentos industriais e comerciais independente do número de

funcionários. Este passo constitui grande avanço para o desenvolvimento da Segurança

Industrial (MACIEL, 2001).

2.2.2.1.1 A experiência brasileira

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) é o órgão executivo responsável pela

representação política e social do governo referente a assuntos relacionados com as interfaces

envolvidas nas relações de trabalho. Através do seu gabinete e das demais secretarias, atua no

campo das relações políticas, acompanhando o andamento dos projetos em tramitação no

Congresso Nacional, providenciando a publicação oficial e divulgando as matérias

relacionadas com a área de atuação do governo para as questões de trabalho.

O Quadro 3 apresenta uma síntese da evolução histórica das legislações trabalhistas

brasileiras.

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Legislação Proposição Decreto Lei 3.724, de 15/01/1919 Primeiro diploma legal de proteção ao trabalhador acidentado. Tornou

compulsório o Seguro Contra Acidentes do Trabalho em certas atividades.

Decreto 24.637, de 10/07/34 Modificou a legislação de Acidente do Trabalho Decreto-Lei 7.036, de 10/11/44 Reformou a legislação sobre o Seguro de Acidente do Trabalho Leis nº 5.316, de 14/09/67 Integrou o seguro de Acidente do Trabalho na Previdência Social Lei nº 6.367, de 19/10/76 Ampliou a cobertura previdenciária de Acidente do Trabalho Decreto nº 79.037, de 24/12/76 Regulamentou a Lei nº 6.367, de 19/10/76

Aprovou o novo Regulamento do Seguro de Acidente do Trabalho – SAT

Lei nº 8.213, de 24/07/91 Institui o Plano de Benefícios da Previdência Social, (parcialmente alterada pela Lei 10.403, de 08/01/2002)

Decreto nº 357, de 07/12/91 Regulamentou a Lei nº 8.213, de 24/07/91 Aprovou o Regulamento dos Benefícios da Previdência Social

Decreto nº 611, de 21/07/92 Deu nova redação ao Regulamento dos Benefícios da Previdência Social

Decreto nº 2.172, de 05/03/97 Aprovou o Regulamento dos Benefícios da Previdência Social. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,

O capítulo II – Dos Direitos Sociais - (Art. 6º e 7º) faz referência à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de Saúde, Higiene e Segurança (inciso XXII – artigo 7º da Constituição da República Federativa do Brasil, de 05/10/88 e Seguro Contra Acidente de Trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado quando incorrer em dolo ou culpa (inciso XXVIII – art. 7º CF/88).

Consolidação das Leis do Trabalho – CLT

Dedica o seu Capítulo V, Título II, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, em sua Seção XV, art. 200, de acordo com a redação dada pela Lei 6.514, de 22/12/77. É, ainda, um dos instrumentos mais eficazes, sobretudo quando se fala em prevenção de acidentes.

Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho

Publicadas inicialmente pela Portaria MTb 3.214 de 08/06/78 e que vêm sendo continuamente atualizada pela edição de Portarias complementares do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE.

Outras leis Incorporam-se às leis brasileiras as Convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho), quando promulgada por Decretos Presidenciais. As Convenções Internacionais são promulgadas depois de submetidas e aprovadas pelo Congresso Nacional. “Além da legislação ordinária, existe um conjunto de Leis, Decretos, Portarias e Instruções Normativas que complementam o ordenamento jurídico desta ma téria”.

Quadro 3: Evolução histórica das legislações trabalhistas brasileiras Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) http://www.mte.gov.br/legislacao/default.asp. Acesso em 11/01/2010.

Cabe observar que o primeiro decreto estabelecendo alguma proteção ao trabalhador

brasileiro acidentado foi promulgado em 1919, três décadas após a abolição da escravatura no

Brasil ocorrida em 1888. Nessa questão, convenções internacionais e leis posteriores

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ampliaram os direitos trabalhistas, resguardando cada vez mais o empregado e atribuindo

deveres ainda mais restritivos aos empregadores, o que fez as empresas procurarem por novas

ferramentas preventivas de acidentes decorrentes das atividades laborais.

2.2.3 Alguns marcos históricos em relação à segurança e saúde do trabalho

Nos itens a seguir são elencados alguns marcos históricos no campo de SMS e a

referência de seus respectivos autores, através da seguinte sequência:

• Organização cientifica do trabalho (Taylor);

• Acidente com danos à propriedade – acidente sem lesão (Heinrich);

• Controle de danos (Frank Bird);

• Dados estatísticos sobre acidentes pessoais e materiais (ICNA);

• Controle total de perdas (John Fletcher);

• A importância do fator humano na engenharia de segurança (Willie Hammer);

• Cultura da segurança.

O esclarecimento desses enfoques será importante para a compreensão dos conceitos

expostos nesta pesquisa.

2.2.3.1 Organização científica do trabalho

Em 1878, o engenheiro norte americano, Frederick Winslow Taylor, depois de ter

feito aprendizagem como modelador e mecânico, conseguiu o seu primeiro emprego nas

oficinas de construção de máquinas Midvale Steel Company, na qual, após três anos, iniciou

um estudo minucioso e científico do tempo necessário para execução de algumas espécies de

trabalho (TAYLOR, 1990).

Em 1895, já como integrante da “American Society of Mechanical Engineers”,

apresentou seu trabalho intitulado “A Piece State System” (Um Sistema de Gratificação por

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Peça), no qual descrevia um sistema de administração e direção por ele criado e desenvolvido,

sustentando que este continha princípios de administração que deveriam ser a base de

qualquer modalidade criteriosa de remuneração aos operários (TAYLOR, 1990).

Em 1896, passou a trabalhar na “Bethlehem Steel Works”, tendo como principal

objetivo aperfeiçoar os métodos dos diversos setores da fábrica, fundamentando-se nas

conclusões de seus estudos. Assim, após três anos e meio de aplicação, Taylor conseguia

realizar com 140 homens o trabalho que antes era de 400 a 600 trabalhadores, proporcionando

uma economia de 78.000 dólares ao ano, no período referente aos últimos seis meses

(TAYLOR, 1990).

Em 1903, publicou a sua obra célebre “Shop Management” (Administração de

Oficinas), na qual ressaltou os riscos que os gerentes estão sujeitos ao tentar substituir o velho

sistema de administração pelo novo. Sua mais conhecida publicação ocorreu em 1911, com o

livro “Principles of Scientífic Management” (Princípios de Administração Científica),

estabelecendo como principal objetivo da administração: “assegurar o máximo de

prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado”. Sendo

que, “o máximo de prosperidade somente pode existir como resultado do máximo de

produção” (TAYLOR, 1990, p. 32).

2.2.3.2 Acidentes com danos à propriedade - acidentes sem lesão

Em 1926, Herbert William Heinrich, tentando obter informações sobre os gastos

adicionais que as empresas haviam tido além das indenizações pagas pelo seguro, iniciou uma

pesquisa na qual chamou de “custos diretos” os gastos da companhia seguradora com a

liquidação de acidentes e de “custos indiretos” as perdas sofridas pelas empresas em termos

de danos materiais e de interferências na produção (LAGO, 2006).

Com este estudo, em 1931, Heinrich mostrou a relação 4:1 (custos indiretos: custos

diretos) explicou que os custos indiretos eram cerca de 4 vezes maiores do que os custos

diretos para a indústria (LAGO, 2006). Neste mesmo ano, H. W. Heinrich publicou um livro

sobre segurança industrial, defendendo que acidentes resultavam de atitudes inseguras e

condições inseguras, alimentando a idéia de que os fatores humanos contribuíam mais para a

ocorrência dos acidentes do que as condições inseguras. Com base nesta teoria o autor

delineou em seu livro o resultado da análise de 75.000 mil acidentes concluindo que 88% de

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todos os acidentes industriais são causados pelos atos inseguros das pessoas (HEINRICH &

GRANNISS, 1959, p. 21).

A teoria de Heinrich sobre o estudo das causas dos acidentes foi uma das primeiras

abordagens científicas sobre este assunto, influenciando o pensamento empresarial da época

(THEOBALD, 2005). Mais tarde, sua posição marcaria a mudança de cultura organizacional

das grandes empresas no desenvolvimento de boas práticas de segurança e saúde ocupacional,

valorizando o trabalho dos profissionais de segurança.

Foi Heinrich quem introduziu pela primeira vez a idéia de “acidentes com danos à

propriedade”, ou seja, acidentes sem lesão, em relação aos acidentes com lesão incapacitante

(CETESB, 2004). Sob este enfoque são considerados todos aqueles acidentes que, de uma

forma ou de outra, comprometem os andamentos normais de uma atividade, provocando

danos materiais.

Na Figura 1 são apresentadas as causas diretas e indiretas dos acidentes, segundo

Heinrich (1959):

Figura 1 - Causas diretas e indiretas dos acidentes Fonte: Heinrich (1959), adaptado pelo Autor.

De acordo com a pirâmide de Heinrich (Figura 2), observa-se que para cada acidente

com lesão incapacitante, correspondem 29 acidentes com lesões menores e outros 300

acidentes sem lesão.

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Figura 2 - Pirâmide de Heinrich Fonte: DE CICCO e FANTAZZINI (1988), adaptado pelo Autor.

Heinrich (apud HEMÉRITAS, 1981), em sua obra "Industrial Accident Prevention",

aponta que os acidentes de trabalho, com ou sem lesão, são devidos à personalidade do

trabalhador, à prática de atos inseguros e à existência de condições inseguras nos locais de

trabalho. Supõe-se, desta forma, que as medidas preventivas devem ater-se ao controle destes

três fatores causais. Neste ponto, pode-se ter uma idéia da importância e do não esquecimento

dos mecanismos tradicionais, pois o reconhecimento e identificação das causas podem ser

realizados através da coleta de dados durante a investigação dos acidentes.

Também foi proposta por Heinrich, na década de 30, a “Teoria do Dominó”,

objetivando descrever a sequência de ocorrência de um acidente. Nessa teoria, o acidente é

representado por série de 5 pedras de dominó (Figura 3), posicionadas de tal forma que a

queda de uma desencadeia a das demais colocadas à sua frente (HEINRICH, 1959).

1 2 3 4 5 Figura 3 - Os cinco fatores na sequência do acidente – Teoria do dominó Fonte: Heinrich (1959), adaptado pelo Autor.

Lesão Incapacitante

Lesão não Incapacitante

Acidente sem Lesão

1

29

300

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De acordo com essa teoria, as pedras indicam cinco fatores que resultam em lesão

(HEINRICH, 1959):

1. Herança genética e ambiente social - desatenção, teimosia e outros traços

indesejáveis do caráter poderiam ser passados através da herança genética. O

ambiente poderia desenvolver traços indesejáveis do caráter ou interferir na

educação e ambos poderiam causar falhas nas pessoas;

2. Falha das pessoas – falhas herdadas ou adquiridas pelas pessoas, como desatenção,

temperamento violento, excitabilidade, ignorância das práticas seguras etc.

Poderiam causar atos inseguros ou existência de riscos físicos ou mecânicos;

3. Ato inseguro junto e/ou risco mecânico e físico – desempenho inseguro das

pessoas, tais como trabalhar embaixo de cargas suspensas.

4. Acidente – Eventos tais como ser atingido por um objeto projetado. Quando

envolve pessoas podem causar lesões.

5. Lesão – fratura, corte etc. São resultantes dos acidentes.

Segundo Heinrich (1959, p.40), “cada fator deveria atuar sobre o anterior, evitando

assim o acidente e consequentemente a lesão. Sendo estes fatores interdependentes, podem ser

comparados a uma fila de dominós, posicionados sequencialmente”.

A Figura 4 mostra que problemas na herança genética ou falha das pessoas, em

conjunto com atos inseguros, podem acarretar em acidentes com ocorrência de lesão.

Figura 4 - Ocorrência da lesão devido a fatores precedentes Fonte: Heinrich (1959), adaptado pelo Autor.

Segundo Heinrich (1959, p.39) “se retirada uma das peças da sequência seria

interrompida a cadeia de eventos, evitando desta forma o acidente”, conforme ilustra a Figura

5.

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Figura 5 - A interrupção da sequência do acidente Fonte: Heinrich (1959), adaptado pelo Autor.

A terceira pedra da série introduziu a noção de ato inseguro e condição insegura como

fatores que precedem diretamente a ocorrência do acidente propriamente dito e a da lesão. De

acordo com a teoria, nas origens imediatas do acidente as ações do trabalhador (ou de seus

colegas) e atos inseguros assumem papel de destaque a ser contemplado na prevenção.

Em 1976, a Teoria do Dominó sofreu uma evolução proposta por Bird e Loftus, que

trabalharam com auxílio de Heinrich para atualizar esta teoria. A versão revisada da Teoria do

Dominó foi publicada no livro Gerenciamento de Controle de Perdas, evidenciando a

importância da “gestão” sobre a prevenção dos acidentes. A proposta era a separação em

ações de pré-contato e ações de pós-contato (THEOBALD, 2005).

A Figura 6 ilustra a proposta feita por Bird em que separa as ações de pré-contato e

ações de pós-contato.

Figura 6 - Teoria de Bird e Loftus de pré-contato e pós-contato Fonte: Theobald (2005), adaptado pelo Autor.

Assim a fase que antecede o evento acidental é chamada por ele de pré- contato, e a

fase posterior, de pós-contato.

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Conforme o autor, a falta de controle gerencial desencadeia o acidente e as perdas. Um

bom programa de segurança, portanto, deve contemplar ações para as três fases da cadeia.

Exemplo de falhas no pré-contato: programa inadequado, padrões inadequados, falha

em atingir os padrões, falta de conhecimento, ocorrência de erros etc. Exemplos de ações para

o pré-contato: evitar causas básicas e causas imediatas, inspeções, treinamento de

empregados, normas e os próprios programas com seus padrões e índices de avaliação.

Exemplos de ações para o contato: amenizar as consequências, relatos de acidentes pessoais,

relato de acidente materiais, medidas de controle etc. Exemplos de ações para o pós-contato:

evitar a propagação e promover a pronta recuperação, organização de combate a emergências,

planos de auxílio mútuo, reparação, substituição, salvatagem, primeiros socorros etc.

2.2.3.3 Controle de danos

Além da contribuição supracitada, Frank Bird também elaborou a chamada teoria de

“Controle de Danos”. Em 1966, baseado em uma análise de 90.000 acidentes ocorridos na

Luckens Steel, onde trabalhou durante um período de mais de 7 anos, Bird Jr. observou que,

do total, 145 acidentes foram incapacitantes, 15.000 foram acidentes com lesão e 75.000

foram acidentes com danos à propriedade. Assim, Bird Jr. chegou à proporção entre acidentes

pessoais e com danos à propriedade conforme ilustra a Figura 7, a seguir.

Para cada acidente com lesão incapacitante, ocorriam 100 pequenos acidentes com

lesões não incapacitantes e outros 500 acidentes com danos à propriedade (DE CICCO &

FANTAZZINI, 1988).

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Figura 7 - Pirâmide de Frank Bird JR (1966). Fonte: DE CICCO e FANTAZZINI (1988), adaptado pelo Autor.

Segundo Bird (1931, apud OLIVEIRA, 1991), a forma de se fazer segurança é através

do combate a qualquer tipo de acidente e a redução das perdas materiais libera novos recursos

para a segurança.

Mais tarde, os estudos de Bird foram denominados de “Controle de Perdas” e os

programas gerenciais como Administração do Controle de Perdas, cuja visão, foi bastante

ampliada pelos estudos de Fletcher, que incorporou outros fatores como: proteção ao meio

ambiente, qualidade, projeto, confiabilidade etc (OLIVEIRA, 1991).

2.2.3.4 Dados estatísticos sobre acidentes pessoais e materiais

Seguindo aos estudos de Bird, a Insurance Company of North América – ICNA –

analisou e publicou em 1969 um resumo estatístico de dados levantados junto a 297 empresas

que empregavam cerca de 1.750.000 pessoas, onde foram obtidos 1.753.498 relatos de

ocorrências. Esta amostra, consideravelmente maior que outras análises, propiciou chegar a

uma relação mais precisa que a de Bird e Heinrich quanto à proporção de acidentes, além de

incluir um fato novo: os “quase acidentes” (SANTOS, 2005).

Cabe aqui ressaltar a importância da inclusão dos acidentes sem lesão ou danos

visíveis, pois, por serem quase acidentes, os mesmos nos revelam situações com risco

Lesão

Lesão Não Incapacitante

Acidente Com Dano à Propriedade

1

100

500

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potencial de ocorrência de acidente sem que tenha havido, ainda, a perda pessoal ou não

pessoal.

Os resultados apresentados pela ICNA são importantes para a evolução da engenharia

de segurança do trabalho, mesmo sabendo que seu objetivo na época era exclusivamente

econômico-financeiro. Entretanto, sua proposta visa não só evitar as perdas materiais, mas

também para evitar as perdas pessoais, já que se o acidente "quase ocorreu", a perda também

"quase aconteceu" e, se realmente ocorresse, poderia ser tanto material como pessoal.

Na Figura 8 é apresentada a Pirâmide de ICNA.

Figura 8 - Pirâmide de ICNA (1969). Fonte: DE CICCO e FANTAZZINI (1988), adaptado pelo Autor.

A figura representa as proporções obtidas pela ICNA e demonstram que, para cada

acidente com lesão grave associam-se 10 acidentes com lesão leve, 30 acidentes com danos à

propriedade e 600 acidentes sem lesão ou danos visíveis: os “quase acidentes” (SANTOS,

2005).

2.2.3.5 Controle total de perdas

John A. Fletcher e Hugh M. Douglas propuseram em 1970 o estabelecimento de

programas de Controle Total de Perdas, ou seja, a aplicação dos princípios do Controle de

Danos de Bird a todos os acidentes com máquinas, materiais, instalações, meio ambiente etc,

mas não deixando de lado as ações de prevenção de lesões. Seu objetivo era reduzir e eliminar

Lesão Incapacitante

Lesão Não Incapacitante

Acidente Com Dano à Propriedade

Acidente Sem Lesão ou Danos Visíveis (Quase Acidente)

1

10

30

600

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todos os acidentes que pudessem interferir ou paralisar o sistema. A preocupação destes

programas estabelecidos por Fletcher era com todo e qualquer tipo de evento que interferisse

negativamente no processo produtivo, prejudicando a utilização plena do pessoal, máquinas,

materiais e instalações.

A filosofia de Fletcher é a que mais se aproxima dos programas de segurança

contemporâneos. Cabe ressaltar que, apesar de generalizar as atividades para outros campos

não pessoais, os acidentes pessoais são obrigatoriamente parte integrante dos programas de

segurança que seguem esta filosofia.

2.2.3.6 Importância do fator humano na engenharia de segurança

Apesar do grande avanço ocorrido com as propostas de Controle de Danos de Bird e

Controle Total de Perdas de Fletcher, as mesmas incluíam somente práticas administrativas,

quando os problemas de prevenção de perdas também exigiam e exigem soluções de ordem

técnica.

A partir de 1972, Willie Hammer atentou para a necessidade de dar um enfoque sob o

ponto de vista de engenharia às abordagens de administração e de controle de resultados

preconizados por Heinrich, Bird, Fletcher e outros

Os estudos de Hammer vieram ajudar a compreender melhor o erro humano,

demonstrando que muitos são provocados por projetos e/ou materiais deficientes e, por este

mesmo motivo, devem ser debitados à organização e não ao executante, ou seja, o operário.

A concepção de todas essas idéias, até aqui discutidas, norteia os atuais modelos de

gestão de SMS. Em praticamente todos os debates propostos sobre o assunto, evidencia-se a

importância do fator humano para o sucesso dos programas de segurança do trabalho das

organizações.

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2.2.3.7 Cultura da segurança.

Segundo a definição pioneira do antropólogo britânico Edward Burnett Tylor (1871),

citada por (In KAHN, 1975, p.29), a cultura seria “o complexo que inclui conhecimento,

crenças, arte, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como

membro da sociedade”. À medida que um grupo de pessoas se reúne para desenvolver uma

determinada atividade, esse grupo inicia também a construção de seus hábitos, sua linguagem

e sua cultura. Falar em cultura implica falar sobre a capacidade de adaptação do indivíduo à

realidade do grupo no qual está inserido.

Hall (1978, p.80) afirma que “a cultura possui três características: ela não é inata, e

sim aprendida; suas distintas facetas estão inter-relacionadas; ela é compartilhada e de fato

determina os limites dos distintos grupos. A cultura é o meio de comunicação do homem.”

Fleury e Fischer (1989, p.117) propõem que:

A cultura é concebida como um conjunto de valores e pressupostos básicos expresso em elementos simbólicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto age como elemento de comunicação e consenso, como oculta e instrumentaliza as relações de dominação.

Assim, pode-se dizer que cultura é um conjunto complexo e multidimensional de tudo

o que constitui a vida em comum nos grupos sociais. Seria ainda um conjunto de modos de

pensar, de sentir e de agir, mais ou menos formalizados, os quais, tendo sido aprendidos, são

partilhados pela maioria das pessoas.

Para Araújo (2004), a cultura de uma forma geral, não depende da educação escolar,

envolve também aspectos sociais relacionados à formação, valores e princípios que se formam

na estrutura familiar, mas pode sofrer grandes influências do meio social em que o indivíduo

está inserido.

Scott Geller (1994) pondera que a cultura de segurança requer atenção contínua em

três domínios:

• Fatores ambientais: em que se inclui equipamento, ferramentas, layout e

temperatura etc;

• Fatores pessoais: tais como atitudes, crenças e personalidade;

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• Fatores comportamentais: práticas de segurança e de riscos no trabalho, indo além

das obrigações para garantir a segurança de outra pessoa.

Segundo Scott (1994) esses fatores são dinâmicos e interagem. Mudanças num fator

podem, no final, causar impacto nos outros dois. Em outras palavras, quando os empregados

decidem agir com segurança, seus comportamentos frequentemente resultam em mudanças

ambientais com a consolidação da cultura da segurança, tão importante para o êxito dos

programas de gestão implementados nas organizações.

Comparando-se os estudos de Heinrich e de Bird, já citados, a respeito da efetividade

das ações na base da pirâmide, com os preceitos dos sistemas de gestão, percebe-se perfeita

convergência quanto à importância da cultura da segurança.

Para implementar um sistema de gestão de SMS eficaz é necessário entender mais o

elemento humano, identificando seus valores e crenças, bem como estudar seus hábitos e

atitudes. Esta abordagem deve ser priorizada porque o “homem” é o único elo que não se

pode eliminar em qualquer processo da empresa (CARVALHO, 2003).

As experiências vividas e o conhecimento adquirido ao longo do tempo ajudam na

mudança de alguns hábitos e atitudes das pessoas. Portanto, esses dois conjuntos de elementos

(experiências/conhecimentos e hábitos/atitudes) são necessários para garantir o aprendizado

dos trabalhadores, sendo imperativo que os valores de SMS estejam cada vez mais presentes

nos princípios de negócios da organização, assim como sua cultura da segurança.

2.2.3.7.1 Cultura da segurança nas organizações

O interesse pelo estudo da cultura organizacional aumentou consideravelmente a partir

da década de 1980 e existem autores que defendem esse conhecimento, argumentando que

através dele é possível atuar de forma estratégica e mais eficiente dentro de uma organização.

A título de exemplo, veja o que alguns deles dizem sobre a cultura:

• Proporciona o tema central em volta do qual o comportamento dos

funcionários se torna coeso (GREGORY, 1983);

• É um fator crítico, que os executivos devem usar para dirigir o rumo de suas

organizações (SMIRCICH, 1983);

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• Gera um padrão de valores e crenças compartilhadas, normas de

comportamento e uma forma de controle dos funcionários (WILKINS;

OUCHI, 1983);

• Ajuda a estabelecer determinadas práticas; por exemplo, auxiliando na

compreensão das características das pessoas que são mais adequadas à

organização (DOWNEY, 1987);

• Estabelece a lógica do que pode e do que não pode ser feito (HARRISON,

1972);

• É uma forma de padrão coletivo da mente, que distingue os membros de um

grupo em relação a outros grupos (HOFSTEDE, 1991).

O conceito de cultura organizacional ainda é amplamente discutido entre inúmeros

especialistas da área. Para Schein (apud Fleury et al. 1996, p.20):

Cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionou bem o bastante para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas.

Complementando o pensamento de Schein, "Cultura Organizacional" não é um

conceito vago e inútil para a alta gerência; ela é uma chave para que ambientes de trabalho em

empresas de qualquer porte tenham êxito. Todo local de trabalho tem uma cultura própria,

criada a partir da personalidade do empreendedor, do ambiente ou de uma mescla entre esses

dois aspectos. Ela pode ser boa, ruim ou indiferente, e exerce uma enorme influência sobre o

comportamento daqueles que escolhem fazer parte dessa empresa. Todos são influenciados

por um sentido tácito de cultura e, embora raramente a cultura seja algo que se discuta

abertamente, sem sombra de dúvida ela exerce um poder extraordinário. Seus valores

essenciais são uma influência harmoniosa e estes mudam apenas com grande esforço e

consenso; a cultura é nada menos do que a alma da empresa.

Scott Geller, (1994), concentra-se na aplicação da ciência do comportamento a

problemas de organização, especialmente na área da segurança do trabalho, meio ambiente e

saúde. Para ele os fatores comportamentais e pessoais representam a dinâmica humana da

segurança ocupacional. Esta discussão examina 10 princípios básicos que sustentam os

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procedimentos humanos para se alcançar uma cultura de segurança nas organizações. A seguir

são apresentados os 10 princípios de Scott Geller (1994):

Princípio 1: A cultura, e não as normas e regulamentos, deve direcionar o procedimento de

segurança.

Participação, compromisso e comportamentos pró-ativos são muito mais visíveis em

empregados que trabalham para conseguir resultados em objetivos compartilhados do que

entre aqueles que tentam alcançar objetivos definidos por outros.

Princípio 2: Princípios relacionados ao pessoal e ao comportamento determinam o sucesso.

Os fatores que contribuem para que haja prevenção de acidentes em locais de trabalho

podem ser classificados como: ambientais, pessoais e comportamentais conforme verificado

na Figura 9. Fatores comportamentais são atividades observáveis; fatores pessoais são

sentimentos ou atitudes não observáveis. Aplicação em grande escala e longo prazo de

intervenção em comportamento requer que os próprios empregados apliquem as técnicas. Para

que isso ocorra, os empregados precisam compreender os princípios e se sentirem

confortáveis aplicando-os para evitar acidente do trabalho.

Figura 9 - Fatores responsáveis pela segurança e saúde ocupacional Fonte Scott Geller (1994), adaptado pelo Autor.

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Princípio 3: Focalização no processo e não no resultado.

Focalizar nos resultados em vez de focalizar no processo é o mesmo que tentar jogar

golfe ou tênis prestando mais atenção no placar do que na bola. Os profissionais de segurança

focalizam sua atenção nos resultados em vez de focalizar nos processos (comportamentos e

atitudes) responsáveis por este resultado.

Princípio 4: O comportamento é direcionado por ativadores e motivado por consequências.

O modelo Ativador, Comportamento e Consequência (ACC) representa a sequência

típica de eventos na atividade humana e ilustra a natureza da influência externa. Ativadores

são atos que precedem comportamentos e direcionam outros. Consequências seguem

comportamentos e determinam que comportamentos vão ocorrer. Ativadores e consequências

para motivar comportamento ou estão naturalmente presentes no ambiente, ou são produzidos

e acrescentados ao meio para mudar ou manter certos comportamentos. Quando os

empregados entendem o modelo ACC, eles não só percebem porque comportamentos

inseguros são relativamente comuns, mas reconhecem que os ativadores (lembretes de

segurança) e consequências (feedback de apoio e correção) são necessários para se iniciar e

manter práticas de segurança no trabalho.

Princípio 5: Focalizar em alcançar o sucesso e não em evitar o fracasso.

As pessoas preferem trabalhar para conseguir o sucesso em vez de evitar o fracasso.

Por exemplo, os empregados se sentem “livres” quando acompanhados por reforço positivo,

ocorrendo o contrário, quando controlados por reforço negativo. Por isso, se eles tiverem

escolha, vão provavelmente escolher uma situação de reforço positivo. Além disso, os

empregados muitas vezes fazem “corpo mole” e assumem uma posição reativa (em vez de

pró-ativa) quando eles se sentem controlados por reforços negativos.

Princípio 6: Observação e feedback levam aos comportamentos seguros.

Além de colocar a segurança orientada para resultados e focalizada no processo, a

observação e a apresentação diária da frequência de certos comportamentos no trabalho são os

processos-chave de intervenção para mudança de comportamento. Em outras palavras, se

todos os participantes de uma área de trabalho observarem periodicamente as práticas de seus

colegas de serviço e fornecerem feedback de apoio para os comportamentos seguros e

feedback corretivo para os comportamentos inseguros, os registros de segurança que

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resultarem disso serão exemplares. Mas uma observação eficaz e um processo de feedback

exigem um treinamento substancial dos empregados e um sistema que mantenha indivíduos e

equipes cientes da necessidade de se manter observação comportamental regular e, também,

de se realizar sessões de feedback. Os empregados devem querer e ser capazes para se

constituírem em “treinadores de segurança” eficazes.

Princípio 7: Feedback eficaz acontece por treinamento relativo a comportamento e a fatores

pessoais.

Quando o treinamento focaliza o comportamento de outro e considera os sentimentos

daquela pessoa durante o processo de feedback, princípios da psicologia baseada no

comportamento e na pessoa são aplicados. As cinco letras de COACH (treinador) funcionam

como um recurso para lembrar dos aspectos chaves do treinamento de segurança.

(C – “communication” = comunicação);

(O – “observation” = observação);

(A – “analysis” = análise);

(C – “change” = mudança);

(H – “help” = ajuda).

Esses aspectos não só capacitam os empregados, mas, também, fazem com que eles se

sintam confortáveis com o processo, tanto agindo, quanto reagindo.

O feedback deve ser dado sobre cada situação específica para evitar possíveis

interferências e embaraços. Além disso, feedback corretivo é mais eficaz se for identificado

um comportamento seguro alternativo, e se forem discutidas possíveis soluções para eliminar

comportamentos inseguros. Quer dando feedback de apoio ou corretivo, um treinador deve

ouvir atentamente.

Princípio 8: Observações e treinamento são processos básicos da atuação comportamental

responsável.

Observações interpessoais e feedback são duas técnicas poderosas para mudar o

comportamento profissional. Contudo, essas técnicas não podem levar a uma melhoria de

segurança em larga escala, a menos que muitas pessoas usem. Pelo fato de uma cultura de

segurança exigir que todos estejam envolvidos, os empregados devem compreender os

princípios por detrás das técnicas e desenvolver e praticar observações relevantes de

comportamento e habilidades de treinamento de segurança.

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No entanto, conhecimento, habilidade e destreza não são suficientes, para os

indivíduos irem além de suas meras obrigações. Os empregados devem estar motivados e

dispostos para alcançar uma cultura de segurança.

Figura 10 - Atuação comportamental responsável Fonte: Scott Geller (1994), adaptado pelo Autor.

Conforme demonstrado na Figura 10 os comportamentos da Atuação Comportamental

Responsável (ACR) podem focalizar aspectos ambientais, pessoais e comportamentais da

segurança. Assim, quando os empregados melhoram e redistribuem os recursos numa

tentativa de beneficiar a segurança (limpar um respingo, coletar o lixo, substituir uma

proteção de maquinário defeituoso, conduzir uma auditoria sobre a segurança ambiental etc.),

eles estão demonstrando um comportamento da ACR focalizado ambientalmente.

A tentativa de fazer outra pessoa se sentir melhor (intervindo numa crise, ouvindo

ativamente numa comunicação um a um, verbalizando reconhecimento positivo em relação a

alguém) representa um comportamento da ACR no domínio pessoal. Essas ações podem

aumentar a auto-estima e o senso de participação dos colegas de trabalho e influenciar o

indivíduo a preocupar-se ativamente pela segurança de outra pessoa.

Contudo, dentro de uma cultura de segurança, aspectos do comportamento exigem a

maior atenção possível. A ACR focalizada no comportamento consiste em tentar influenciar o

comportamento de um colega de trabalho na direção da segurança (através de feedback de

recompensa ou passando um comportamento desejável, conduzindo uma Auditoria

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Comportamental sobre a segurança). Esse enfoque requer interação pessoal com os colegas de

trabalho, que pode ser difícil e até mesmo mais desconfortável do que a ACR focalizada no

ambiente.

Princípio 9: Auto-estima, participação e “empowerment” aumentam a atuação

comportamental responsável para a segurança.

O modelo ACC (Ativador – Comportamento – Consequência) é aplicável a

comportamentos ACR incipientes. Eles podem ser reforçados diretamente, como ilustrado

pelas técnicas de agradecimento descritas anteriormente. Ativadores podem ser estabelecidos

para aumentar a propensão individual ou disposição para a ACR. A Figura 11 ilustra esse

princípio e postula que o comportamento ACR é influenciado por três estados pessoais ou

expectativas: auto-estima, participação e empowerment.

• Auto-estima: “Eu tenho valor”.

As pessoas precisam se sentir bem com elas mesmas antes de começarem a agir em

favor da segurança dos demais.

• Participação: “Eu faço parte de uma equipe”.

As pessoas que se sentem participantes de um grupo coeso vão provavelmente se

preocupar ativamente, não só com os membros de seu próprio grupo, mas, também,

com os de fora.

• Empowerment: “Eu faço a diferença”.

Uma perspectiva psicológica do empowerment focaliza as percepções ou atitudes de

um indivíduo como resultado da delegação de poder ou responsabilidade. Assim,

receber autorização ou responsabilidade (da gerência) é bem diferente de se sentir

responsável ou autorizado. Conforme apresentado na Figura 11, a seguir, o modelo

ACR propõe que a consciência do empowerment é aumentada pelas percepções de

controle pessoal, auto-eficiência e otimismo. Uma atitude de empowerment aumenta a

motivação para “fazer a diferença”.

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Figura 11 - Os cinco fatores pessoais Fonte: Scott Geller (1994), adaptado pelo Autor.

Princípio 10: Considerar a segurança um valor e não apenas uma prioridade.

Quando perguntadas se a segurança deve ser uma prioridade, muitas pessoas

respondem “sim”. Mesmo assim, imediatamente concordam que o ideal seria que a segurança

fosse um valor em vez de uma prioridade. Isso ocorre porque as prioridades mudam com

frequência, dependendo da situação; os valores, no entanto, permanecem constantes.

Fazer da segurança um valor em toda uma cultura coletiva é naturalmente uma tarefa

difícil, não pode ser realizada da noite para o dia. Nenhuma ação do tipo “faça rápido e não

pergunte” pode ser implementada para isso. Usando os princípios citados como base, pode-se

desenvolver uma cultura coletiva onde todos se comprometam a dar à segurança o “status de

valor”.

Esses princípios devem ser entendidos e aceitos por todos. Os empregados devem

ajudar a desenvolver o processo de segurança (ou plano de ações) para colocar os princípios

em ação. Segundo Scott Geller (1994), os princípios implicam em cinco domínios de

procedimentos ou intervenção, cada um exigindo planos de ação separados:

• Observação interpessoal e feedback (Princípios 3, 4 e 6): Deve-se desenvolver um

sistema para se obter auditorias comportamentais de práticas de trabalho em

andamento e para partilhar feedback comportamental útil.

• Treinamento de segurança para feedback interpessoal (Princípios 7 e 8): Os

empregados devem se sentir confortáveis, dando e recebendo feedback

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comportamental. Isso requer comunicação, treinamentos regulares e um sistema em

que os empregados sintam-se engajados.

• Incentivos e recompensas (Princípios 3, 4 e 5): Incentivos (ativadores) e

recompensas (consequências) influenciam certos comportamentos. Programas de

recompensa baseados nos efeitos podem motivar os empregados a esconder

acidentes e nutrir a crença de que o indivíduo pouco pode fazer para influenciar a

segurança coletiva.

• Técnica para aumentar atuação comportamental responsável (Princípios 3 e 9):

Certos estados pessoais aumentam a disposição do indivíduo para ir além de suas

obrigações para agir na segurança de outra pessoa. Esta disposição pode ser

melhorada através de técnicas e/ou intervenções. Os próprios empregados podem

definir fatores que aumentam/diminuem esses estados pessoas. Portanto, eles

podem desenvolver planos de ação para melhorar a atuação comportamental

responsável.

• Avaliar fatores ambientais, comportamentais e pessoais (Princípios 1, 2 e 3): Uma

melhoria contínua de longo prazo requer monitoramento simultâneo de

desempenho. Uma vez que os fatores ambientais, comportamentais e pessoais

determinam o desempenho na segurança, esses domínios precisam ser avaliados

periodicamente. Auditorias comportamentais e ambientais podem ser feitas

diariamente; pesquisas de fatores pessoais (opiniões, atitudes, expectativas) devem

ser feitas uma ou duas vezes por ano. Entrevistas individuais e grupos-foco podem

ser usados com mais frequência para obter estimativas de fatores pessoais e

descobrir maneiras de melhorar a aceitabilidade, a eficácia e a validade social dos

procedimentos de segurança.

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2.2.3.7.2 Cultura e gestão de SMS

Araújo (2004) explica que o caminho para o sucesso de qualquer sistema de gestão de

SMS, passa pela necessidade de estabelecer e sedimentar uma cultura de segurança dentro da

empresa. Assim, para que o sistema de gestão de SMS tenha êxito há a necessidade de

identificar programas e ações sistemáticas visando cultuar a gestão responsável dos negócios,

tendo por base valores e princípios que irão fazer a diferença na forma de condução do

sistema de gestão de SMS.

O nível de cultura de segurança pode ser influenciado por forças internas e externas

(Figura 12) provenientes das partes interessadas como, por exemplo, os acionistas, sindicatos,

órgãos de fiscalização, ONG, entre outros (ARAÚJO, 2004, p.80).

Figura 12 - Forças internas e externas que influenciam o nível de cultura de segurança. Fonte: Araújo (2004), adaptado pelo Autor.

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Araújo (2004) diz que um programa de SMS visa influenciar hábitos, atitudes e

comportamentos. A palavra mudança sempre estará presente na implementação da cultura,

por isso é tão difícil estabelecer um nível a ser alcançado; sempre existirá espaço para a

melhoria contínua. Muitas organizações, como DuPont, Petrobras, Unilever, Shell, entre

outras, têm mostrado interesse crescente na implementação de uma cultura da segurança como

parte integrante do sistema de gestão.

Implementar “cultura da segurança” não é algo que se impõe por vontade da alta

administração, ainda que não possa prescindir do envolvimento desta. Na verdade é um

processo gradativo, resultado de ações sistemáticas, pré-definidas e participativas, visando

modificar e direcionar valores, hábitos e atitudes dos colaboradores em todos os níveis

hierárquicos. O que a alta administração pode e deve fazer, é dar o exemplo para os

empregados, bem como apoiá-los nestas mudanças, através de treinamentos, valorização e

motivação, apoio social aos funcionários, campanhas de reconhecimento de atitudes pró-

ativas etc.

2.2.3.7.3 Mudança de cultura de segurança

Segundo os princípios de Scott Geller (1994), a atuação no conhecimento e na atitude

das pessoas estará trabalhando na mudança da cultura de segurança dos empregados.

Luckesi (1996), afirma que o conhecimento é a explicação, a elucidação da realidade,

e decorre de um esforço de investigação para descobrir aquilo que está oculto, que não está

compreendido ainda. Só depois de compreendido em seu modo de ser é que um objeto pode

ser considerado conhecido. Ter conhecimentos não é compreender a realidade retendo

informações, mas utilizando-se destas para desvendar o novo e avançar, porque, quanto mais

competente for o entendimento do mundo, mais satisfatória será a ação do sujeito que o

detém.

Na era do conhecimento, as organizações necessitam, cada vez mais, se conscientizar

da importância de seus recursos humanos e suas motivações. Isso faz a diferença no mundo

competitivo. O gerenciamento do conhecimento é tão importante quanto o gerenciamento das

finanças, pois as organizações competem com base na sua habilidade de criar e utilizar

conhecimento influenciando as mudanças de atitude dos trabalhadores (DRUCKER, 1997).

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Do latim aptitudinem, atitude, através do italiano attitudine, significa uma maneira

organizada e coerente de pensar, sentir e reagir em relação a grupos, questões, outros seres

humanos, ou, mais especificamente, a acontecimentos ocorridos em nosso meio circundante

(KARDEC, 1978). Para o mesmo autor, “atitude é um dos conceitos fundamentais da

psicologia social. Faz junção entre a opinião (comportamento mental e verbal) e a conduta

(comportamento ativo) e indica o que interiormente estamos dispostos a fazer” (idem, p.7).

Segundo Jean Meynard (apud KARDEC, 1978, p. 7) atitude “é uma disposição ou

ainda uma preparação para agir de uma maneira de preferência a outra. As atitudes de um

sujeito dependem da experiência que tem da situação à qual deve fazer face”. Pode-se dizer

também que é a “predisposição a reagir a um estímulo de maneira positiva ou negativa”.

Huffman et al (2003) dizem que a atitude possui três componentes básicos:

componentes cognitivos, que são os nossos pensamentos e crenças; componentes afetivos, que

são os nossos sentimentos e emoções; componentes comportamentais, que são as nossas

tendências para reagir.

Baseado nestes componentes, o sucesso da implantação de um sistema de gestão de

SMS será tão mais eficaz quanto mais adequada for à consideração deste tripé em que se

estruturam as atitudes do trabalhador.

Conforme explorado nas considerações sobre o fator humano (2.3, a seguir), as

mudanças de comportamento estão relacionadas às mudanças de atitudes. Não basta o

indivíduo saber e querer, mas deve também ter oportunidade, condições e ser estimulado a

praticar um novo comportamento (BITTENCOUT, 2008).

A mudança do comportamento do grupo, porém, não depende apenas da mudança de

alguns indivíduos, trata-se de modificar costumes, tradições e culturas em todos os níveis da

organização.

A Figura 13 mostra como é realizada a consolidação da cultura de segurança na

empresa exemplificada no estudo de Fleming e Lardner (1999).

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Meta zero AcidentesMeta zero Acidentes

Figura 13 - Cultura organizacional e valores. Fonte: Fleming, e Lardner (1999), adaptado pelo Autor.

Conforme a figura ilustra, para diminuir as perdas, é necessária a atuação na cultura

organizacional, com firmeza da alta liderança (gerenciamento e supervisão), no início,

mostrando o seu comprometimento (FLEMING e LARDNER, 1999) através de treinamento e

metas de desempenho, regras e procedimentos, controles e acompanhamentos, além de

disciplina operacional na primeira fase de redução de desvios. Esta fase, também é chamada

de fase dependente, ou seja, a força de trabalho está dependente do sistema.

Na segunda fase, “si mesmo”, existe um processo iniciado na primeira fase, que

começa a se consolidar. A força de trabalho passa a ter o conhecimento e o comprometimento

para os procedimentos corporativos de SMS, estabelecidos pela organização. O

reconhecimento de pessoas é valorizado, a força de trabalho fica mais independente da

supervisão.

Na terceira fase, “equipe”, a valorização passa para o conjunto da força de trabalho e o

cuidado com “si mesmo” da fase anterior passa para cuidado com a equipe, através de ajuda e

proteção mútuas. O orgulho com os resultados passa a ser da equipe. A força de trabalho

assume uma postura de interdependência, ou seja, um depende do outro.

O comportamento seguro de um trabalhador, de um grupo ou de uma organização, é

definido por Bley, Turbay e Junior (2005) como sendo a capacidade de identificar e controlar

os riscos numa atividade no presente, de forma a reduzir a probabilidade de ocorrências

indesejadas no futuro, para si e para os outros.

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2.3 FATOR HUMANO

Araújo (2004) destaca o aspecto comportamental do indivíduo quando lembra que a

organização é feita por pessoas, não sendo possível implementar um sistema de gestão de

SMS sem entender o indivíduo na sua plenitude, identificar seus valores, ambições,

ansiedades, motivações e frustrações.

2.3.1 A influência do comportamento humano nos acidentes

Conhecer as variáveis que estão interligadas na ocorrência dos acidentes é

indispensável para trabalhar sua redução. Independente do tamanho da empresa ou de sua

atividade, as organizações são compostas de pessoas, que participam direta ou indiretamente

dos processos produtivos, podendo transpor hábitos de comportamento, analisar e reagir

diferentemente às situações nas quais estão envolvidas.

Neste sentido, qualquer atuação corretiva e/ou preventiva de acidentes deve sempre

considerar, em plano destacado, as variáveis atitudinais e sociais de toda a força de trabalho

para que os objetivos possam ser plenamente alcançados.

Segundo Scott Geller (1994) a segurança do trabalho com foco no comportamento

humano, quando corretamente implementada, é o passo para a mudança de cultura de

segurança e obtenção da melhoria contínua.

Krause (1995, p. 31) estabelece que:

O comportamento seguro é uma função de vários fatores: sistema de gerenciamento, força de trabalho, planta física, maquinário, processo produtivo e o produto. Assim, o aumento na frequência dos comportamentos de risco influencia a ocorrência das lesões. Muitas lesões que requeiram primeiros socorros acontecerão antes das lesões mais sérias, as quais serão seguidas pelas fatalidades.

Em todo processo de gerenciamento de SMS, observa-se que o ser humano está

sempre presente nas causas dos acidentes. Muitos estudos, conforme demonstrado por Coleta

(1991) procuram explorar e indicar formas de prevenir acidentes através de influências sobre

o comportamento humano.

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2.3.2 Comportamento seguro e comportamento de risco

Os psicólogos Bley, Junior e Turbay (2005), no artigo intitulado “Comportamento

seguro - Ciência e Senso Comum na Gestão dos Aspectos Humanos em Saúde e Segurança no

Trabalho” inferem que, com relação à prevenção de acidentes, os profissionais de segurança

dividem os tipos de comportamentos como seguros e inseguros. Sendo assim, os mesmos

autores descrevem que o adjetivo “seguro” é utilizado para se referir àquilo que o trabalhador

faz e que contribui para a não ocorrência de acidentes. O artigo aponta ainda como exemplos

de comportamentos seguros comumente utilizados: usar os equipamentos de proteção

individual; utilizar as proteções de máquinas; não entrar em áreas não permitidas e o uso

adequado de ferramentas e equipamentos. Ao contrário, os comportamentos “de risco” são

aqueles que contribuem para que os acidentes aconteçam. Estes são também chamados de

“atos inseguros4” que Benite (2004) cita alguns exemplos que podem ser: permanecer sobre

cargas suspensas; operar máquinas sem estar habilitado ou autorizado; deixar de usar os

equipamentos de proteção individual (EPI); remover proteções de máquinas; entrar em áreas

não permitidas; utilizar ferramentas de maneira inadequada etc.

O acidente de trabalho é, portanto, um fenômeno determinado por vários fatores, da

mesma forma que os comportamentos relacionados com a segurança também são

considerados como determinados por múltiplas causas, internas e externas ao indivíduo

(BLEY; TURBAY; JUNIOR; 2005).

Assim, Bley, Turbay e Júnior (2005) argumentam que pelo fato da percepção de risco

caracterizar-se como complexa e diversa, a “falha na percepção de risco” tem sido vista como

uma grande “incógnita” nas discussões a respeito de Sistemas de Gestão de SMS. Nesse

tocante, os mesmos autores, associam a esta questão outros fatores e sugerem algumas

indagações: como motivar para a prevenção? Como melhorar o controle dos riscos? Como

conscientizar as pessoas? Como comprometê-las com o processo?

A prática nos permite verificar que grande parte das respostas já é debatida nas

ciências humanas e sociais há alguns anos. Porém, é razoável considerar que para tornar o

ambiente de trabalho mais seguro, é necessário promover a aproximação do conhecimento

4 Atos Inseguros: São as causas de acidentes do trabalho que residem exclusivamente no fator humano, isto é, aqueles decorrentes da execução de tarefas de uma forma contrária às normas de segurança.

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humano e técnico, associando-os, no cotidiano das organizações (BLEY; TURBAY; JUNIOR;

2005).

A falha relacionada ao comportamento inseguro das pessoas (desvios) está ligada a

95%, dos acidentes de trabalho (Gráfico 2), incluindo acidentes catastróficos como por

exemplo: Bhopal, Herald of Free Enterprise, Exxon Valdez, Chernobyl, Three-Mile Island,

Piper Alpha, Challenger, entre outros (OR OSHA, 2006).

Gráfico 2: Acidentes do trabalho: proporção entre causas humanas e casos fortuitos

Fonte: OR-OSHA (2006), adaptado pelo Autor.

Em alguns casos, o que a princípio pode ser configurado como “caso fortuito”, depois

de uma análise mais detalhada, fica evidenciado ser caso nos quais as falhas estão na gestão

do comportamento humano. Um bom exemplo do que está sendo discutido é o ranking das

cidades brasileiras que são mais atingidas por raios, elaborado pelo Grupo de Eletricidade

Atmosférica (ELAT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE): dos 3.183

municípios de nove estados avaliados, São Caetano do Sul (SP) ocupou a primeira posição.

Logo, uma descarga atmosférica em uma indústria desta região é algo previsível, então nada

mais coerente que um sistema de pára raios nas empresas desta área.

Outro exemplo é o caso do Japão, em que os terremotos, por ser algo previsível, fazem

com que prédios e pontes, quando construídos, já sejam projetados com um sistema de molas

para este tipo de evento indesejável. Mas, para se alcançar este tipo de prevenção é importante

ter experiências anteriores que contribuam na base de construção da percepção de risco das

pessoas.

5% Devido a casos fortuitos

95% Devido ao comportamento e atitudes

das pessoas

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2.3.3 Percepção do risco

Segundo Wiedemann (1993, p. 3), a percepção de riscos é definida como:

Habilidade de interpretar uma situação de potencial dano à saúde ou à vida da pessoa, ou de terceiros, baseada em experiências anteriores e sua extrapolação para um momento futuro, habilidade esta que varia de uma vaga opinião a uma firme convicção.

A percepção de riscos é baseada principalmente em imagens e crenças e tem raízes,

em uma menor extensão, em alguma experiência anterior como, por exemplo, acidentes que

um motorista já teve, o conhecimento de desastres anteriores, a relação com informações

sobre a probabilidade de um desastre ocorrer etc.

O autor diz também que o ponto de partida de qualquer estudo de percepção de riscos

é o quanto difere a interpretação de uma pessoa leiga5, da interpretação por parte de um

especialista.

Para Slovic (1979), a percepção de riscos da população é, geralmente, bastante distinta

daquela dos especialistas, sobretudo cientistas. Suas interpretações baseiam-se muito mais em

suas próprias crenças e convicções do que em fatos e dados empíricos, elementos que

constituem a base de construção da percepção de riscos de técnicos e cientistas.

Entretanto, no cotidiano, existe muita confusão na hora de definir risco ou perigo que

parecem ser sinônimos. Geralmente são usados os dois termos para expressar uma coisa só,

mas a norma OHSAS 18001, 2007, explica que perigo “é uma situação, conjuntura, que

ameaça a existência ou os interesses de uma pessoa ou coisa” e risco “a possibilidade de

correr perigo”.

O perigo sempre irá existir. Porém, através de uma atuação adequada (controle), o

risco será pequeno. Mas se a atuação for inadequada (sem controle) o risco será grande. Em

outras palavras, se tivermos uma gestão de SMS eficaz, com controles apropriados e

contínuos, o risco de ocorrer um acidente será pequeno.

5 Entendida aqui como aquela que não adquiriu conhecimentos específicos sobre o objeto em questão, ao longo se sua trajetória de vida para

um determinado perigo

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2.3.3.1 Fatores que influenciam na percepção de risco

Nos ambientes de trabalho existem, portanto, situações de maior ou menor potencial

de risco. O desenvolvimento da percepção individual e coletivo do risco contribui

significativamente para o aumento do nível de atenção da equipe e da organização.

Segundo Araújo (2004, p. 138), porém, a percepção de risco não pode atuar sozinha

neste contexto. Entender as motivações que levam ao comportamento fora do padrão, em

condições reconhecidamente de alto risco, mesmo estando consciente das consequências e de

sua gravidade, é essencial para a segurança no trabalho. Sob esta óptica, a garantia para uma

atitude segura depende de uma série de aspectos que devem estar presentes durante a

execução de uma atividade de alto risco. Por exemplo:

a) Capacidade individual para executar a tarefa;

b) Padrão de segurança exigido pela organização;

c) Equipamento e ferramentas adequadas;

d) Planejamento da produção;

e) Compromisso gerencial e dos supervisores;

f) Acesso à informação atualizada;

g) Expectativa da consequência;

h) Motivação para trabalhar de forma segura;

i) Monitoramento constante das condições de trabalho;

j) Disciplina organizacional;

k) Responsabilidade individual;

l) Equilíbrio emocional.

Ainda segundo Araújo (2004, p.139) para uma atitude segura no trabalho, dentre

outros tópicos, é importante manter a atenção sobre:

a) Quais os perigos inerentes a cada atividade? (Conhecimento);

b) O que eu sei a respeito destas situações de perigo? (Informação);

c) Quais são os fatos objetivos relacionados? (Barreiras);

d) Foram experimentadas situações no passado? (Experiência);

e) Qual a possibilidade de ocorrerem lesões e qual a gravidade delas?

(Expectativa);

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f) O que fazer para controlar situações de emergência? (Recursos);

g) Vale à pena correr o risco? (Motivação);

h) Existem condições físicas e emocionais para dominar a situação? (Controle).

Para Araújo (2004), se a organização não implementar ferramentas que possibilitem a

avaliação, identificação, análise e divulgação dos riscos, certamente entrará numa zona

nebulosa da gestão baseada na tentativa e erro e, aí, as chances de insucesso serão maiores.

Nesta situação provavelmente conviverá com um ambiente de baixo grau de cultura de

segurança, falta de conhecimento dos cenários de acidentes e, consequentemente, dos

mecanismos de prevenção e controle de emergência.

Quanto menor o nível de informação, conhecimento, experiência e dependendo dos

valores de SMS, mais propensa estará a pessoa à ilusão de invulnerabilidade, influenciando a

tomada de decisão. Neste momento poderá ocorrer a opção pelo não atendimento ao

procedimento como forma de ganhar tempo e diminuir os esforços. Logo, identificar o nível

de conscientização dos colaboradores não é uma tarefa fácil.

O grande desafio das organizações é chegar num estágio no qual as pessoas adotem

posturas pró-ativas, de forma a influenciar o comportamento coletivo e a reduzir a ilusão da

invulnerabilidade, aumentando a cultura de segurança. Veja algumas ações importantes que

podem colaborar para esta situação desejável, segundo Araújo (2004, p. 142):

a) Treinar e incentivar a participação dos colaboradores no processo de

identificação, análise e avaliação dos perigos (Conscientização);

b) Disponibilizar recursos para a execução do trabalho seguro (Tecnologia);

c) Estabelecer mecanismos participativos para elaborar e atualizar os

procedimentos (Informação);

d) Reconhecer e premiar o comportamento seguro (Motivação);

e) Implementar ações para minimizar comportamentos abaixo do padrão

(Segurança voluntária reforçada por atos consequentes);

f) Implementar intervenções para corrigir os desvios organizacionais e fatores

potenciais de acidentes (Melhoria contínua);

g) Mostrar as consequências operacionais e disciplinares pelo não cumprimento dos

procedimentos (Ação Disciplinar);

h) Divulgar o resultado da investigação de acidentes (Retorno de informação).

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A própria gerência e a supervisão podem estabelecer e influenciar na cultura de

segurança, orientando e dando exemplos positivos com relação ao atendimento dos

procedimentos da organização criados com a participação dos colaboradores. O ditado

popular “o exemplo vem de cima” se enquadra perfeitamente na cultura de segurança.

O modelo de comportamento dos supervisores e gerentes, portanto, irá influenciar a

equipe e os objetivos de segurança que se deseja alcançar. É importante que a equipe se

comporte de forma conscientemente segura. Por isso, devem-se criar condições técnicas e

organizacionais para proporcionar conhecimento suficiente dos riscos existentes no local de

trabalho.

A relação entre a ocorrência dos acidentes e a falha humana nada tem a ver com uma

conclusão simplista e, às vezes, mal intencionada das investigações de acidentes que

procuram culpar o acidentado e geram toda a polêmica em torno das terminologias, até então

usadas: “atos inseguros” e “condições inseguras” (ARAÚJO, 2004, p. 150).

Por isso, é importante reconhecer a possibilidade da falha humana e utilizar

ferramentas e tecnologias para minimizar sua ocorrência, porém, não de forma isolada e sim

dentro do contexto do sistema de gestão. Deve-se estar consciente de que a falha humana é

esperada, pois existem limitações físicas e psicológicas, além da dificuldade natural em se

adaptar a um ambiente de trabalho muitas vezes hostil e perigoso.

2.4 AUDITORIA COMPORTAMENTAL

A visão de falha no comportamento humano vem sendo considerada como um dos

fatores contribuintes mais freqüentes nas análises de acidentes, fazendo parte inclusive do

modelo da “Teoria do Dominó”, conforme já foi visto neste estudo, para compor a dinâmica

de um evento indesejável. Wickens, Gordon e Liu (1998) abordam esta falha no

comportamento pelo termo “erro humano” e mostram que se refere a algum tipo de imperícia

ou negligência do trabalhador em muitos acidentes. Esta imperícia ou negligencia do

trabalhador, segundo Wickens, Gordon e Liu (1998, p.427), é traduzida na forma do erro

humano como “(...) um comportamento humano inapropriado que diminui o nível de

eficiência ou segurança do sistema, que pode ou não resultar em um acidente ou dano”. Ou

seja, a falha no comportamento humano, ainda que tenha como resultante apenas um desvio

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ou um quase acidente, carece de um estudo mais detalhado para identificar os antecedentes

que conduzem a este comportamento inapropriado.

Com o objetivo de tratar essa problemática, ao longo dos anos, muitos processos têm

sido apresentados. Também foram propostas algumas ferramentas para identificar e atuar

preventivamente na ocorrência de acidentes, antes da perda acontecer. Uma dessas propostas

é a Auditoria Comportamental que é uma ferramenta de gestão estruturada através de uma

abordagem em que, quando identificado o desvio em curso, se procede à cautelosa interrupção

deste, buscando em seguida a conscientização do trabalhador para os riscos envolvidos na

atividade e possíveis consequências para sua integridade e do meio ambiente (DUPONT,

2003).

Araujo (2004) complementa a importância da Auditoria Comportamental

mencionando que a mesma visa identificar e registrar comportamentos inseguros, sendo uma

ferramenta para conduzir a operação de forma segura. Também afirma que grande parte dos

acidentes estão relacionados ao comportamento inseguro dos colaboradores, mas ressalta que

a Auditoria Comportamental não deve ser usada para mostrar a culpabilidade dos

trabalhadores.

Ao longo de certo período de aplicação da referida ferramenta, tem-se um banco de

dados que atuará na base das pirâmides já apresentadas neste estudo. O trabalho incisivo das

abordagens começa a poder ser estudado e investigado dentro do Sistema de Gestão de SMS

integrado na organização, conforme preconizam as Normas NBR ISO 14001:2004 e OHSAS

18001:2007.

Um dos objetivos da Auditoria Comportamental é tornar o processo de observação

rotineiro e sistêmico, mostrando aos colaboradores os resultados e as formas de melhoria. A

implementação de um processo de Auditoria Comportamental permite que os colaboradores

recebam informações efetivas sobre a forma de como realizar suas tarefas, destacando os

aspectos positivos que podem contribuir para a melhoria do desempenho de SMS (ARAÚJO,

2004).

A Auditoria Comportamental realizada periodicamente permite acompanhar a

evolução das ocorrências registradas, possibilitando observar as tendências e, assim, constatar

a eficácia das melhorias preventivas. Esse estudo de tendência é importante para identificar o

desempenho abaixo do padrão desejado, reconhecendo sinais prematuros de que algo pode

não estar de acordo com o sistema de gestão de SMS (ARAÚJO, 2004).

Quando esta atuação tem como foco a conscientização do elemento humano, o

trabalho agrega outros valores, que além da interrupção do desvio pontual, o qual poderia

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causar um acidente, também envolve uma abordagem buscando a sensibilização e a

aprendizagem do trabalhador.

Nesse caso, existe uma tendência na mudança da cultura de segurança do empregado,

seja através da melhora na percepção de risco, na motivação (com elogio devido ao seu

trabalho seguro), na conscientização, ou até mesmo na troca de experiência entre o auditor e o

auditado, sendo estes princípios semelhantes aos de Scott Geller, já mencionado

anteriormente.

2.4.1 Os princípios da auditoria comportamental

Araújo (2004) diz que as Auditorias Comportamentais funcionam melhor quando:

• Gerentes/Coordenadores/Supervisores fazem auditorias regularmente;

• São utilizadas para verificar o desempenho de SMS dos empregados;

• Todos os trabalhadores estão envolvidos com a utilização da ferramenta;

• Todos fazem auditorias regularmente e fazem acompanhamento;

• Os dados são analisados e determinam as ações para tratamento dos desvios.

Conforme a ponderação de Scott Geller (1994), aumentar a conscientização,

sensibilização e motivação sobre SMS além de ser muito complexo, é desafiador. Mas uma

maneira para ajudar a atingir este objetivo é a liderança passar um tempo no local de trabalho

falando com as pessoas sobre o tema. Segundo o mesmo autor, comportamentos e atitudes

que possam causar riscos às pessoas, ao meio ambiente e ao patrimônio são frequentemente

resultados da falta de consciência sobre os riscos reais. Ou então, falta de sensibilidade para

imaginar as consequências desses riscos, ou ainda, falta de motivação para minimizar os

riscos.

Analisando os documentos dos treinamentos da empresa DuPont, que é especializada

em Auditoria Comportamental, encontramos que uma boa auditoria inclui examinar também o

que está correto. É praticamente impossível um auditor saber de tudo. Muitas pessoas podem

relutar em fazer auditorias, porque não são especialistas nas operações que devem observar.

Porém, não é necessário ser um especialista em uma operação para fazer uma boa auditoria

(DUPONT, 2005).

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Nas inspeções, a maioria das pessoas tende a observar as condições, em vez de como

as pessoas estão trabalhando. É importante lembrar que grande parte dos acidentes tem como

causa o comportamento e a atitude das pessoas, e é isso que prega a Auditoria

Comportamental.

2.4.2 Categorias avaliadas na auditoria comportamental

Ao fazer uma Auditoria Comportamental, é útil organizar o que procurar. Desta forma,

a ferramenta considera seis categorias:

• Reações das pessoas;

• Posições das pessoas (Perigos de Acidentes);

• Equipamento de proteção individual (EPI);

• Ferramentas e equipamentos;

• Procedimentos;

• Ordem, limpeza e Arrumação.

Além de facilitar o planejamento de ações, verificando em quais categorias são

evidenciados mais desvios, estas categorias podem ajudar a focalizar o que procurar, bem

como as perguntas a serem feitas a si mesmo ou aos outros.

A seguir, as categorias são descritas resumidamente, de acordo com o que sugerem os

documentos da empresa DuPont (2003).

2.4.2.1 Reação das pessoas

É importante observar como as pessoas reagem quando o auditor entra em uma área.

Por exemplo, será que alguém parece estar desconfortável, colocando os óculos de proteção

ou abaixando seu protetor facial; mudando rapidamente sua posição corporal; re-arrumando o

trabalho; parando de trabalhar completamente; ou colocando as luvas nas mãos?

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Este tipo de reação da pessoa geralmente mostra que ela talvez estivesse fazendo

alguma coisa errada, mas tendo plena consciência de seu erro. Saber o que é certo e não fazê-

lo, sugere que o trabalhador não acredita ou não dá o devido valor, aos procedimentos de

segurança.

2.4.2.2 Posição das pessoas

Podem ser observadas diversas possibilidades em relação à posição das pessoas, como por

exemplo:

• Alguém corre perigo de se ferir ao puxar ou erguer objetos pesados?

• Alguém está em uma posição em que possa cair, ficar preso, colidir com algo ou

ser atingido?

• Alguém pode estar em contato com contaminantes? Inalando, absorvendo,

ingerindo?

• A posição ou o movimento repetitivo do empregado pode, com o tempo, causar

fadiga ou ferimento? (Questão ergonômica).

• Alguém parece estar fatigado ou estressado?

2.4.2.3 EPI (equipamentos de proteção individual)

Exemplos de itens a observar:

• Os empregados estão utilizando o equipamento de proteção requerido?

• O EPI fornece proteção adequada contra a exposição dos empregados a

substâncias nocivas?

• Os empregados estão utilizando os EPI’s apropriadamente?

• Caso contrário, por que não?

• O equipamento é inconveniente para manipular ou usar?

• O EPI está em boas condições de manutenção e de higiene?

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2.4.2.4 Ferramentas e equipamentos

Exemplos:

• Ferramentas feitas “em casa” (não projetadas corretamente) ou adaptadas estão

sendo utilizadas?

• Os equipamentos e ferramentas são adequados para o trabalho? Eles previnem

contra riscos desnecessários? São recomendados para a área de trabalho?

• Estão sendo utilizados apropriadamente?

• Estão em boas condições de uso?

2.4.2.5 Procedimentos

Exemplos:

• Existe procedimento prescrito para o trabalho? Os procedimentos são adequados?

O empregado conhece o procedimento?

• Os procedimentos estão escritos, disponíveis e atualizados?

• Os empregados estão seguindo os procedimentos?

• A disposição de resíduos está adequada?

• O empregado conhece os riscos da sua atividade?

2.4.2.6 Ordem, limpeza e arrumação

Exemplos:

• O local de trabalho estar limpo e arrumado?

• Os materiais e ferramentas são guardados apropriadamente?

• Produtos químicos estão estocados adequadamente?

• Há isolamento das áreas?

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• Há produto químico derramado ou vazando no solo?

• Há outro tipo de poluição ambiental?

Ainda segundo os documentos da empresa DuPont (2005) consultados, é salutar que o

auditor escute, toque e cheire, além de olhar, uma mudança no nível de barulho, uma vibração

ou um odor podem indicar um problema de SMS em potencial. Os documentos recomeedam

também observar a hora do dia ou da noite e quão alerta o empregado parece estar.

Mesmo não sendo comum, o auditor poderá encontrar área em que não observará

prática insegura. Neste caso, pode utilizar a auditoria como uma oportunidade para falar com

o pessoal da área sobre os aspectos positivos de SMS, conversando sobre as atitudes corretas

e louváveis que foram observadas.

2.4.3 Subcategorias avaliadas na auditoria comportamental

De acordo com o material de treinamento da DuPont (2005), as seis categorias

trabalhadas na Auditoria Comportamental possuem divisões denominadas de subcategorias,

que são utilizadas para que os desvios identificados sejam agrupados a fim de facilitar os

estudos de tendência e focar as ações preventivas:

A. Reação das pessoas:

1. Mudança de posição;

2. Parando o serviço;

3. Ajustando EPI;

4. Adequando o serviço.

B. Posição das pessoas:

1. Bater contra/ser atingido por;

2. Ficar preso;

3. Risco de queda;

4. Risco de queimadura;

5. Risco de choque elétrico;

6. Inalar contaminantes;

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7. Absorver contaminantes;

8. Ingerir contaminantes;

9. Postura inadequada;

10. Esforço inadequado.

C. EPI:

1. Cabeça;

2. Sistema respiratório;

3. Olhos e face;

4. Ouvidos;

5. Mãos e braços;

6. Tronco;

7. Pés e pernas.

D. Ferramentas e equipamentos:

1. Impróprios para o serviço;

2. Usados incorretamente;

3. Em condição insegura.

E. Procedimentos:

1. Inadequados;

2. Não existem procedimentos escritos;

3. Adequados e não estão seguidos.

F. Ordem, limpeza e arrumação:

1. Local sujo;

2. Local desorganizado;

3. Local com vazamentos e poluição ambiental.

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2.4.3.1 Técnica empregada na Auditoria Comportamental

Ao observar alguém trabalhando de forma insegura, a técnica da Auditoria

Comportamental recomenda que se utilizem as seguintes etapas para a abordagem, tendo

como ápice a conscientização do empregado, conforme ilustrado na Figura 14.

Figura 14 - Trabalho de conscientização do empregado através da auditoria comportamental Fonte DuPont (2005), adaptado pelo Autor.

Ainda de acordo com o material de treinamento de auditores da DuPont (2005), são

recomendadas as seguintes etapas de desenvolvimento da técnica “Auditoria

Comportamental”:

Etapa 1: A rapidez com que é parada uma prática insegura depende da percepção do grau de

risco e da habilidade do auditor tem de pará-lo com segurança.

Etapa 2: Nesta etapa, comenta-se com o empregado o que ele estava fazendo corretamente.

Isto ajuda a demonstrar que o auditor não está agindo como “polícia”, pegando

práticas inseguras, mas de forma sincera, interessado na segurança das pessoas e na

proteção do meio ambiente, e que está reconhecendo um bom desempenho de SMS.

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Etapa 3: A parte mais difícil desse pequeno contato é levantar os problemas sobre SMS. O

auditor pode levantar os problemas comentando ou questionando.

Etapa 4: Nesta etapa o auditor precisa questionar ao empregado sobre como o trabalho

poderia ser feito com maior segurança e cuidados com o meio ambiente. O objetivo

é escutar as idéias do trabalhador. Então é importante obter o acordo de empregado

em trabalhar dessa outra forma mais segura. O ideal é que a solução venha dele.

Etapa 5 e 6: Poderia parar aqui, mas o auditor terá um contato mais efetivo em melhorar a

conscientização em SMS e influenciar no comportamento se continuar, abrindo essa

discussão de SMS sobre o trabalho como um todo. Perguntando sobre outros riscos

associados à tarefa, local de trabalho, outros aspectos de SMS e pedindo sugestões, o

auditor vai aumentar o entendimento do empregado e o seu próprio entendimento e,

provavelmente vai encorajá-lo para:

• Identificar novos riscos;

• Olhar para SMS como sua própria responsabilidade;

• Dar alguma sugestão que não se tenha conseguido ver;

• Ser capaz de assumir a responsabilidade de SMS.

Etapa 7: Agradecer ao empregado.

No momento em que o auditor for conversar sobre o desvio, alguns critérios devem ser

considerados para o questionamento e comentário, conforme recomendação (DUPONT,

2005).

• Se for comentar:

� Exponha a sua preocupação com o que possa acontecer de inesperado;

� Focalize nos efeitos, não nos atos / práticas;

Ao comentar, expresse as suas preocupações e evite, neste momento, entrar em detalhe

de como o trabalho deve ser feito. Por exemplo, é melhor dizer “eu estou preocupado com a

possibilidade de você se cortar segurando a faca dessa maneira” do que dizer “você não

deveria estar cortando desse jeito” ou “você não deveria fazer assim”, essas duas últimas

maneiras parecem repressão e dão um sentimento de inferioridade ao empregado.

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A vantagem de questionar é que isso ajuda o empregado a pensar o que poderia

acontecer para ele mesmo como resultado da maneira como ele está trabalhando; isso mostra

que o auditor deseja envolvê-lo ativamente nos aspectos de SMS no local de trabalho.

• Se for perguntar.

� Pergunte para esclarecer;

� Pergunte para aprender.

Se for perguntar algo, o auditor deve evitar o constrangimento do empregado. O ponto

chave é que a abordagem seja realmente uma questão entre colegas que estão analisando,

juntos, uma situação.

Por exemplo: Na abordagem da Auditoria Comportamental o auditor pergunta ao

trabalhador: “O que acontece se você tocar neste equipamento quente”? É claro que a resposta

do trabalhador será - me queimar! O auditor deveria enfocar as consequências desta

queimadura, ou seja, “Se você encostar-se a esta maquina vai se queimar e que consequências

esta queimadura poderá trazer para você no seu dia a dia, e como podemos evitar que isto

ocorra?”

2.4.4 O processo da auditoria comportamental

Segundo Araújo (2004), o processo da Auditoria Comportamental não é apenas chegar

ao local e fazer observações. É mais que isso. Existem algumas recomendações dos

especialistas, como por exemplo:

1. Programar a auditoria. Isto estabelece que a auditoria seja uma atividade importante,

sendo possível o planejamento adequado;

2. Mentalizar (de maneira prévia) o local e as atividades para imaginar quais os possíveis

desvios que podem ser encontrados;

3. Observar as pessoas trabalhando no local de trabalho. Embaixo, em cima, nos lados,

dentro, atrás;

4. Conversar com os empregados a respeito de:

� Boas práticas em SMS observadas;

� Possíveis consequências dos desvios observados;

� Formas de realizar o trabalho corretamente;

� Como eliminar os riscos da atividade que o trabalhador está desempenhando;

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� Questione-os sobre outros aspectos ou riscos de SMS;

� Agradeça-lhes.

5. Documentar a auditoria;

6. Estabelecer um plano de ação. Tomar ações corretivas e definir tendências do programa;

7. Fazer acompanhamento. Sem o acompanhamento e ações corretivas, a auditoria não está

completa;

É importante que estas auditorias sejam programadas, refletindo, por exemplo, em

qual área será realizada, o horário que pode ser mais crítica a atividade (içamento de carga,

chegada de material, concretagem, trabalho em altura etc). Nas primeiras vezes que a

Auditoria Comportamental se realizar, os documentos consultados recomendam que o auditor

seja acompanhado por um profissional de SMS, pois este, como “guardião dos conceitos”

estará mais familiarizado com o processo.

2.4.4.1 Anotações e registros

Geralmente, para os registros das Auditorias Comportamentais é utilizado um cartão

de auditoria, contendo as categorias e as subcategorias, conforme exemplifica a Figura 15:

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Figura 15 - Modelo de cartão de auditoria comportamental Fonte: Procedimento Geral da Empresa X, adaptado pelo Autor.

Além das categorias, o preenchimento das subcategorias é importante para que as

análises de tendências sejam mais específicas e favoreçam os encaminhamentos consequentes.

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2.4.4.1.1 Tratamento dos desvios

Os desvios do sistema de gestão de SMS se materializam na forma de acidentes que,

muitas vezes, são antecipados por comportamentos inseguros, conforme já foi dito. Os sinais

de que algo não vai bem podem passar despercebidos nas organizações pela inexistência de

ferramentas de avaliação sistemática para identificar e analisar a incidência destes desvios, de

modo a implementar as intervenções necessárias (ARAÚJO, 2004).

Conforme está sendo apontado, a “Auditoria Comportamental” é uma ferramenta de

gestão que não se propõe apenas a identificar os desvios, mas também a tratá-los e contribuir

para o desenvolvimento da cultura de segurança.

Assim, uma vez identificados os desvios, a próxima etapa será a consolidação dos

dados visando o efetivo tratamento destes. O estudo pormenorizado dos mesmos também será

viabilizado pelo lançamento dessas informações no banco de dados da organização.

De acordo com Date (1990), o propósito principal a ser alcançado pelos sistemas de

bancos de dados é oferecer recursos que visem manter os dados organizacionais e torná-los

disponíveis quando solicitados. Com a adoção de sistemas de banco de dados, as empresas

podem dispor de uma ferramenta eficiente para tratamento e disseminação de informações,

superando assim todas as limitações impostas pelos sistemas anteriores. Para a Auditoria

Comportamental, o estudo dessas informações será fundamental para o efetivo tratamento dos

desvios.

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Figura 16 - Ações sistêmicas Fonte: DuPont. (2005), adaptado pelo Autor.

Conforme representado na Figura 16, para que as ações sejam eficazes na redução de

acidentes, é necessário agir no tratamento dos desvios através de ações sistêmicas, oriundas de

planos de ação estabelecidos.

Existe a necessidade de investigar e encontrar as causas da ocorrência dos desvios e

trabalhar nessas causas (através de treinamento, procedimentos, disciplina operacional,

comunicação, motivação etc). Cico & Fantazzini (1988) alertam, contudo, que para o seu

funcionamento, é necessário que os gestores tenham clareza de quais são os comportamentos

de risco existentes, quais comportamentos seguros deseja estimular, por que as pessoas agem

de determinada forma, o que é preciso fazer para tornar a mudança desejável pelas pessoas.

Se os gestores não atuarem na identificação dos riscos provenientes da organização,

bem como os trabalhadores das suas atividades, as ações que serão implantadas para o

tratamento de riscos inerentes poderão ser comprometidas. Para atingir resultados satisfatórios

na prevenção de riscos, primeiramente é necessário identificá-los para atuar, posteriormente,

em seu controle ou até mesmo sua eliminação.

Os desvios não tratados irão, eventualmente, levar a um aumento de acidentes. Logo, é

necessário a identificação e o controle dos mesmos. Desta forma, a probabilidade da

ocorrência destes acidentes será reduzida, pois todos os acidentes, sejam eles graves ou não,

começam com um simples desvio.

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A figura do iceberg dá uma idéia de que os desvios devem ser buscados, pois,

geralmente, os acidentes e os quase acidentes são fáceis de visualizar. Porém, os desvios estão

escondidos “embaixo d’água” e devemos “mergulhar” para encontrá-los. Este “mergulhar”

significa ir ao encontro deles, com ferramentas e técnicas adequadas.

Utilizando a Figura 17, a seguir, observa-se que a ponta do iceberg é de fácil

visualização, ficando à mostra todos os eventos indesejáveis: fatalidade, ferimentos, doenças

ocupacionais, danos ao meio ambiente, danos materiais ou perda de produto.

Figura 17 - Atuações reativas e pró-ativas Fonte: DuPont (2005), adaptado pelo Autor.

Como lembra Alevato et al (2008), indicadores bem elaborados auxiliam no

desenvolvimento de uma visão mais transparente dos pontos que devem ter atuações

prioritárias e a partir dos quais deverão ser estabelecidos planos de ações sistêmicos buscando

o tratamento dos desvios.

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2.4.5 Indicadores

Para os profissionais de SMS, é fundamental conhecer a dimensão humana dos

processos produtivos e sua influência nas atividades desenvolvidas, a fim de garantir a

produtividade sem prejuízo da saúde e integridade física do trabalhador. Também é essencial

distinguir os riscos inerentes às atividades desempenhadas, pois o que não se conhece, não é

passível de planejamento, de medição, de análise, de correção, de controle, logo, não é

passível de gerenciamento (ARAÚJO, 2004).

No que tange ao reconhecimento de cenário, a produção e análise de indicadores é,

portanto, ferramenta imprescindível, uma vez que possibilita o estabelecimento de um quadro

de referência, a partir do qual, será monitorado o efetivo Sistema de Gestão de SMS. A

análise de parâmetros é importante para o estabelecimento das “falhas latentes” do processo,

porque estas permanecem inativas até potencializarem-se em “falhas ativas” que culminam

em acidentes.

A medição é a primeira etapa que leva ao controle e para que isso seja possível é

necessário o estabelecimento de indicadores. Estes correspondem a parâmetros quantitativos

e/ ou qualitativos, que detalham resultados ou cenários alcançados dentro de um prazo

delimitado de tempo, numa atividade específica. Dentro de uma organização, estes

indicadores expressam um cenário real, de forma que seja possível observar e/ ou mensurar

um dado evento (ALEVATO et al, 2008 ).

Destacam-se, a seguir, alguns indicadores que serão úteis para a compreensão deste

estudo. Os indicadores em tela são os da Auditoria Comportamental, da Taxa de Frequência

de Acidentes com Afastamento (TCFA) e da Taxa de Frequência de Acidentes sem

afastamento (TSFA). A abordagem dos mesmos no trabalho de campo subsidiará os

resultados e conclusões desta dissertação.

2.4.5.1 Indicadores de auditoria comportamental

O Processo de Auditoria Comportamental gera indicadores para permitir a análise

crítica dos resultados, das tendências e o planejamento e execução das ações de correção e

prevenção sistêmicas. Estes indicadores são geralmente utilizados para o estabelecimento de

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objetivos de desempenho em SMS, de forma a buscar continuamente o aprimoramento dos

resultados de determinado ambiente de trabalho.

Estes indicadores correspondem aos desvios observados e tratados da área

operacional, onde são contempladas as categorias e suas respectivas subcategorias, conforme

foi visto nos itens 2.4.2 e 2.4.3.

2.4.5.2 Indicadores da taxa de frequência de acidentes com afastamento

A TFCA corresponde ao número de acidentados com afastamento (NCA) por milhão de

horas-homem de exposição ao risco (HHER), incluindo acidentes de trajeto.

Sua fórmula de cálculo é definida por:

TFCA = NCA x 1.000.000 / HHER, onde:

NCA = número de acidentados com afastamento (lesão com afastamento), no período

considerado.

HHER = horas-homem de exposição ao risco, no período considerado = HH + HHC

HH = Número total de horas trabalhadas acumuladas até o mês considerado. É

calculado da seguinte forma: HH = NE * n * 2000 / 12, onde:

NE = Número médio de empregados próprios e requisitado até o mês.

n = número correspondente ao mês

HHC = Número total de horas trabalhadas acumuladas até o mês considerado. É

calculado da seguinte forma: HHC = NC * n * 2000 / 126, onde:

NC = Número médio de Contratados até o mês.

n = número correspondente ao mês

6 O valor 2000/12 representa uma estimativa prevista na NBR 14.280 (Cadastro de acidente do trabalho - Procedimento e classificação) do no de horas-homem mensais de exposição ao risco para cada empregado.

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2.4.5.3 Indicadores da taxa de frequência de acidentes sem afastamento

A TFSA é a relação entre a força de trabalho (número de empregados próprios e

contratados) acidentada com lesão, sem afastamento (NSA), por milhão de horas/homem

trabalhadas. Somente serão computados acidentes que geram atendimento (procedimento)

médico.

Sua fórmula de cálculo é definida por:

TFSA = NSA/(HH + HHC) x 1.000.000, onde:

NSA = número de acidentados sem afastamento (lesão sem afastamento), ocorrido no

período considerado. É a soma dos casos de primeiros socorros, tratamento médico e retorno

com restrição.

HHER = horas-homem de exposição ao risco, no período considerado = HH + HHC

HH = Número total de horas trabalhadas acumuladas até o mês considerado, pelos

empregados próprios e pelos contratados, excluindo-se os cedidos e licenciados. É calculado

da seguinte forma: HH = NE * n * 2000 / 12, onde:

NE = Número médio de empregados próprios e requisitados até o mês.

n = número correspondente ao mês

HHC = Número total de horas trabalhadas acumuladas até o mês considerado, pelos

contratados. É calculado da seguinte forma: HHC = NC * n * 2000 / 12, onde:

NC = Número médio de Contratados até o mês.

n = número correspondente ao mês

Assim, considerando o objetivo geral desta pesquisa, a “Unidade X”, na qual se

desenvolveu o estudo de caso relatado a seguir, servirá como apoio para a análise da

Auditoria Comportamental como ferramenta preventiva para diminuição dos acidentes de

trabalho.

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3 ESTUDO DE CASO

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

O presente trabalho foi desenvolvido numa Unidade de uma empresa que atua na área

petroquímica. Visando resguardar o sigilo das informações, chamaremos a mesma de

“Unidade X”. A estrutura organizacional da matriz é segmentada em diversas unidades

conforme ilustra o organograma da Figura 18.

Figura 18 - Fluxograma da estrutura da empresa. Fonte: Estrutura corporativa. Adaptado pelo Autor

A escolha desta Unidade se deu em função do pesquisador ter atuado na mesma como

consultor de SMS do período de 2005 a 2008, além da unidade ser a que utiliza a ferramenta

Auditoria Comportamental há mais tempo dentro da Empresa, possibilitando uma melhor

análise para a verificação dos resultados.

Os primeiros contatos foram feitos com o gerente do empreendimento e o gerente de

SMS da Unidade em estudo.

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O trabalho de campo desenvolveu-se desde o início de 2006 ao final de 2008. O banco

de dados de Auditoria Comportamental da “Unidade X” foi disponibilizado ao pesquisador

para colaborar no desenvolvimento desta pesquisa.

Durante o desenvolvimento desta pesquisa foram utilizadas as seguintes análises:

• Ano 2008 - para a avaliação através dos indicadores obtidos pelo processo de

Auditoria Comportamental.

• Ano 2007 - para discutir e representar o tratamento aplicado pela “Unidade X” em

função dos acidentes e incidentes não evitados.

• Anos 2006, 2007 e 2008 - para mostrar os resultados do processo de gestão de SMS

através dos indicadores de TFCA e TFSA contrapostos com os indicadores de

Auditoria Comportamental representados pelos desvios observados e tratados na

Unidade.

Como consultor desta unidade, o pesquisador acompanhou diversas Auditorias

Comportamentais quando, na ocasião, registrou, através de fotografias, os exemplos de

desvios descritos no item 3.2.2.

A Unidade geradora das informações levantadas, aqui denominada “Unidade X”, tem

como produto principal atividades de Construção e Montagem Industrial, voltada para obras

de novos empreendimentos. Foi criada em fevereiro de 2005, devido à necessidade de

implementação de projetos da Empresa, específicos para a região Norte do país, no setor de

transporte dutoviário, gás e energia.

Para execução de suas atividades, a “Unidade X” adota como insumo a contratação de

mão de obra terceirizada através de empresas especializadas. Quando da realização do estudo,

esta modalidade de prestação de serviços representava aproximadamente 85% de toda força

de trabalho da Unidade, estimada à época em aproximadamente 7.000 empregados. Este fato

é particularmente importante para a compreensão desse estudo, uma vez que o desempenho

dos indicadores das empresas parceiras incide nos indicadores da própria contratante, a

“Unidade X”, e consequentemente nos indicadores de toda a sua Matriz.

A Unidade tem por objetivo construir os empreendimentos garantindo o cumprimento

das legislações pertinentes, das diretrizes e das orientações corporativas deliberadas. Sendo

assim, a Empresa, matriz da Unidade X, caracteriza-se como uma sociedade de economia

mista originada no Brasil. Constituída sob a forma de sociedade anônima e vinculada ao

Ministério de Minas e Energia do governo brasileiro, é dirigida por um Conselho de

Administração, com funções deliberativas e por uma Diretoria Executiva. Atua sob a

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condução de seu Estatuto Social que regulamenta o objeto, a administração e o funcionamento

da empresa, bem como o relacionamento entre os acionistas (PETROBRAS, 2008).

Opera de forma integrada no Brasil e em outros países, com estratégias de negócios

focadas em exploração e produção de petróleo, refino, transporte e comercialização de

combustível, petroquímica, distribuição, gás e energia e biocombustíveis (PETROBRAS,

2008).

Todas as estruturas subordinadas à Empresa são alinhadas à governança corporativa, à

política de SMS e às diretrizes deliberadas pela mesma.

3.1.1 Governança corporativa

Dentro de uma companhia, o plano estratégico é um processo gerencial que permite

estabelecer o direcionamento a ser seguido pela organização dando a ela sustentabilidade

empresarial. A partir do seu plano estratégico, uma companhia está apta a obter respostas

mais consistentes para três questões fundamentais à sustentabilidade: Onde estamos? Aonde

queremos chegar? Como vamos fazer para chegar? Respondendo a essas questões a empresa

favorece sua capacidade de continuar existindo.

Por si só, o planejamento estratégico reflete a capacidade de fazer o que tem de ser

feito, obtendo a melhor relação entre recurso, processos e resultados. Tem por principio

básico a capacidade de ser flexível e passível de re-planejamento7. Deve acompanhar as

tendências do mercado de forma que sua premissa básica seja: o cenário mudou, a estratégia

precisa ser revisada.

Nessa direção, o processo da governança corporativa na Empresa tem como ponto de

partida o estatuto social, aprovado pelo conselho de administração que, orientado pelo Plano

Estratégico, baseia suas decisões nas diretrizes de governança corporativa e nos regimentos

internos da instituição (PETROBRAS, 2008).

A companhia também é orientada pelo Comitê de Gestão de Segurança, Meio

Ambiente e Saúde, ligado ao Comitê de Negócios que define as estratégias de investimentos

em SMS a serem adotados pela empresa. Em 2008, por exemplo, a companhia investiu R$ 2,4

bilhões em segurança do trabalho, R$ 1,7 bilhão em ações de proteção ao meio ambiente e R$

7 Fonte: <www.tj.ro.gov>. Acesso em 28/01/2009.

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365 milhões em saúde, totalizando R$ 4,5 bilhões o investimento em SMS (PETROBRAS,

2008).

Ao final deste mesmo ano, 93% das unidades certificáveis no Brasil e no exterior

estavam em conformidade com as normas ISO 14001 (relativa a meio ambiente) e BS 8800

ou OHSAS 18001 (relativas à segurança e saúde), recebendo as respectivas certificações,

concedidas por organismos nacionais e internacionais. Além disso, 52 Unidades operacionais

dentre 59 passaram pelo processo interno de avaliação da gestão, que mensura a aplicação das

práticas de SMS na companhia (PETROBRAS, 2008). Vale ressaltar que as unidades que não

passaram pelo processo interno de avaliação são unidades novas, e ainda estão em fase de

implantação do sistema de gestão.

Sendo assim, as iniciativas relacionadas à segurança do trabalho, meio ambiente e

saúde dos trabalhadores da Empresa são direcionadas pela Política e Diretrizes Corporativas

de SMS que integram o processo de gestão da companhia.

3.1.1.1 Política de segurança do trabalho, meio ambiente e saúde

A Empresa adota como compromisso desenvolver suas atividades, preservando o meio

ambiente no qual opera, a segurança e a saúde dos seus colaboradores, prestadores de serviços

e comunidades vizinhas (PETROBRAS, 2008).

Com base na mesma fonte, sua liderança considera esta política como parte integrante

de seus negócios e, portanto, prioritária em toda sua linha gerencial, assegurando sua difusão,

compreensão e cumprimento em todos os níveis da organização. Em linhas gerais, os tópicos

da Política de SMS adotada pela Empresa são:

1. Educar, capacitar e comprometer os trabalhadores com as questões de SMS,

envolvendo fornecedores, comunidades, órgãos competentes, entidades representativas

dos trabalhadores e demais partes interessadas;

2. Estimular o registro e tratamento das questões de SMS e considerar, nos

sistemas de consequência e reconhecimento, o desempenho em SMS;

3. Atuar na promoção da saúde, na proteção do ser humano e do meio ambiente

mediante identificação, controle e monitoramento de riscos, adequando a segurança de

processos às melhores práticas mundiais e mantendo-se preparada para emergências;

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4. Assegurar a sustentabilidade de projetos, empreendimentos e produtos ao longo

do seu ciclo de vida, considerando os impactos e benefícios nas dimensões econômica,

ambiental e social;

5. Considerar a ecoeficiência das operações e produtos, minimizando os impactos

adversos inerentes às atividades da indústria.

Em consonância com sua política, a Empresa definiu diretrizes de SMS que norteiam

suas ações em toda sua cadeia produtiva. Para cada diretriz são associados requisitos

específicos que delimitam os compromissos da empresa (Anexo 1). Ao todo, a companhia

adota 15 diretrizes corporativas de SMS (PETROBRAS, 2008), sendo elas:

1. Liderança e Responsabilidade

2. Conformidade Legal

3. Avaliação e Gestão de Riscos

4. Novos Empreendimentos

5. Operação e Manutenção

6. Gestão de Mudanças

7. Aquisição de Bens e Serviços

8. Capacitação, Educação e Conscientização

9. Gestão de Informações

10. Comunicação

11. Contingência

12. Relacionamento com a Comunidade

13. Análise de Acidentes e Incidentes

14. Gestão de Produtos

15. Processo de Melhoria Contínua

Alinhada à política de SMS e às diretrizes corporativas da matriz, a Unidade em

estudo utiliza a ferramenta Auditoria Comportamental para a identificação e tratamento dos

desvios (formados pelo binômio atos inseguros/ condições inseguras), como forma de

prevenir acidentes de trabalho.

Para tanto, utiliza os mesmos preceitos da pirâmide de Herbert William Heinrich e de

Frank Bird Jr., cuja apresentação consta na Revisão de Literatura deste trabalho.

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Nesta Empresa, as ações de SMS realizadas na base da pirâmide têm como objetivo a

convergência a prevenção de acidentes do trabalho. A pirâmide utilizada possui 5 camadas,

sendo seu topo composto pelos acidentes fatais e na base os desvios. Através da representação

da Figura 19, é possível visualizar que os acidentes fatais; os acidentes com afastamento; os

acidentes sem afastamento e os acidentes com perdas materiais são classificados como

atuações corretivas, pois a lesão ou a perda já aconteceu. Ao contrário, a atuação sobre os

desvios encontrados na base são classificadas como preventivos, pois neste caso não houve

qualquer tipo de perdas, sejam elas humanas, ambientais ou materiais.

Figura 19 - Pirâmide de causas Fonte: DuPont (2005), adaptado pelo Autor.

Acidente Fatal

Acidente Com Afastamento

Acidente Com Perda Material ou Quase Acidente

DESVIOS

Acidente Sem Afastamento

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3.2 AUDITORIA COMPORTAMENTAL – APLICAÇÃO

Por ser elemento essencial para este estudo, um dos focos desta pesquisa é o fator

humano, associando os aspectos de comportamento, percepção de risco e mudança de cultura

de segurança dos trabalhadores. Retomando os preceitos básicos da Auditoria

Comportamental descritos no referencial teórico, este item detalha a aplicação da ferramenta

na Unidade em estudo a partir de informações coletadas nas visitas à Unidade.

Essencialmente, o processo é delimitado através de duas fases principais, conforme

segue:

• 1º Fase: Compreende a identificação, correção pontual e registros dos desvios,

utilizando como ferramenta a Auditoria Comportamental. Os desvios são identificados e

corrigidos pontualmente através da abordagem com o empregado. Em seguida, são

realizadas as anotações de campo, que servem como suporte para a alimentação do banco de

dados;

• 2º Fase: Compreende a gestão para o tratamento dos desvios. Depois de alimentado, o

banco de dados passa a ser analisado, gerando relatórios e indicadores da Auditoria

Comportamental. Os resultados evidenciados são avaliados no comitê de SMS da Unidade,

que geram planos de ação para tratamento das anomalias, objetivando a minimização da

ocorrência de acidentes de trabalho.

Nesse sentido, o fluxo de identificação e tratamento de desvios na “Unidade X” é

exemplificado de acordo com a Figura 20. A ilustração mostra de forma sintetizada o

processo de identificação e tratamento dos desvios dentro da Unidade estudada, através de 5

(cinco) etapas.

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Figura 20 - Fluxo de identificação e tratamento dos desvios na “Unidade X”. Fonte: Procedimento Corporativo da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Etapa 1 – A primeira ação tomada na aplicação da ferramenta Auditoria Comportamental é

definir a rota ou área a ser auditada, sendo de importância fundamental que cada auditor

respeite todas as normas, regras e avisos de SMS da área, pois a educação pelo exemplo é um

dos pilares da ferramenta Auditoria Comportamental. No local escolhido, as pessoas são

observadas na execução de seus serviços por alguns segundos antes de iniciar a abordagem

comportamental para identificar os desvios da categoria “reação das pessoas”. Em seguida,

são observados outros comportamentos, práticas ou condições inseguras.

Etapa 2 – Em casos de comportamento ou prática insegura é aplicada a abordagem, na qual o

auditor comportamental interrompe o desvio e inicia o trabalho de conscientização e

aprimoramento da percepção de risco do empregado sobre o desvio que está cometendo. Na

Unidade em estudo este processo acontece da seguinte forma, segundo entrevista com o

Gerente de SMS:

• Observar, atrair a atenção, interromper o comportamento ou prática insegura,

com cuidado para não provocar um acidente, apresentar-se de forma amigável,

deixando o empregado à vontade e tentando criar uma atmosfera de empatia e

confiança;

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• Comentar sobre os pontos positivos e seguros do empregado, tais como EPI,

organização, boas práticas de SMS observadas etc., elogiando-o por isso;

• Questionar o empregado sobre o(s) desvio(s) que ele estava praticando, as

possíveis consequências dos desvios e sobre a forma segura de realizar o trabalho;

• Conseguir a concordância do empregado sobre como trabalhar de maneira

segura e para a correção dos desvios identificados;

• Perguntar sobre outras práticas de trabalho da atividade do empregado e sobre

outros riscos em SMS de sua tarefa;

• Pedir sugestões para melhoria em SMS no ambiente de trabalho;

• Agradecer ao auditado.

Etapa 3 – Nesta etapa são anotados os desvios identificados no momento da Auditoria

Comportamental. A classificação correta dos desvios nas categorias e subcategorias

estabelecidas para o sistema da “Unidade X”, e que constam no modelo de cartão, (Anexo 2),

é muito importante para a análise e a tomada de ações sistêmicas de correção e prevenção. As

anotações são feitas no cartão, de preferência após o término da mesma.

Quando é preciso anotar na frente do auditado, é explicado ao mesmo o que está

sendo feito e por que, deixando bem claro o aspecto positivo da auditoria e a praxe de não

anotar nomes de pessoas.

Etapa 4 – O processo de Auditoria Comportamental na “Unidade X” gera indicadores para

permitir a análise crítica dos resultados, das tendências e o planejamento e execução das ações

de correção e prevenção sistêmicas. Tais indicadores ajudam a identificar os aspectos

positivos e as oportunidades de melhorias em SMS nas frentes de trabalho, proporcionando o

estabelecimento de planos de ação, pontuais e sistêmicos, cuja finalidade é evitar a

reincidência dos eventos indesejáveis.

Estes indicadores, portanto, serão utilizados para o estabelecimento de objetivos de

desempenho em SMS de forma a buscar continuamente o aprimoramento dos resultados de

cada área e, consequentemente, de toda “Unidade X”.

Etapa 5 – Os resultados das auditorias são consolidados e discutidos mensalmente nas

reuniões do comitê de gestão de SMS da Unidade, cujas atribuições são definidas conforme

procedimentos da gestão corporativa da empresa.

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3.2.1 Gestão corporativa para tratamento dos desvios identificados

Com base no Procedimento Corporativo da Empresa, a representação da Figura 21

favorece a visualização do processo de gestão de SMS na Unidade, sob o enfoque da

construção de indicadores da Auditoria Comportamental e o tratamento dispensado às

anomalias registradas:

Figura 21 - Fluxograma do processo de gestão de SMS. Fonte: Procedimento Corporativo da Empresa

Indicadores da Auditoria Comportamental

COMITÊ DE GESTÃO Responsáveis em ajudar na análise e na

elaboração do plano de ação.

Análise dos indicadores

Elaboração de planos de ação

Implementação dos Planos de Ação pelos Gerentes Setoriais de C&M juntamente com SMS, com apoio e

responsabilidade de todas as áreas e funcionários envolvidos.

SIM

Melhoria Contínua

NÃO Elaborar nova análise e novo plano de ação

Processo de Gestão de SMS na Empresa sob o enfoque dos indicadores de Auditoria Comportamental

Análise da eficácia do Plano de Ação estabelecido pelo comitê.

Resultados foram eficazes?

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A orientação do fluxograma mostra que os indicadores da Auditoria Comportamental

são discutidos nas reuniões mensais do Comitê de SMS, nas quais são confrontados às metas

estratégicas da empresa. Nessas oportunidades, a gerência de construção e montagem é

responsável pela apresentação dos dados obtidos nas obras sob sua gestão, cabendo à gerência

de SMS a responsabilidade por assessorá-los, esclarecendo dúvidas, ajudando na realização

das análises dos dados levantados, bem como consolidando e repassando as informações ao

gerente geral.

O princípio básico desse processo, segundo o gerente de SMS da Unidade em estudo,

é que, bancos de dados bem alimentados e indicadores analisados corretamente contribuem

para a elaboração de planos de ação eficazes. Tais planos devem assumir, preferencialmente,

características de ações sistêmicas, colaborando na tomada de decisões a serem

implementadas nas respectivas áreas.

A gerência de SMS, através desse processo, participa ativamente nas decisões das

campanhas e dos treinamentos que serão necessários à força de trabalho, além de envolver os

responsáveis e comprometê-los com os resultados almejados.

Periodicamente, a eficácia dos planos é analisada. Dependendo de seu desempenho

são submetidos a uma nova elaboração visando à melhoria contínua do sistema.

Estabelecidas as bases dos tratamentos dispensados aos atos e condições inseguras, a

seguir serão mostrados alguns desvios observados pelo pesquisador, durante o trabalho de

campo dentro da Unidade em estudo. Estes foram organizados por categoria e subcategorias,

conforme a ferramenta Auditoria Comportamental, já comentadas anteriormente.

3.2.2 Registros fotográficos das observações de campo

As fotos a seguir ilustram cada uma das categorias e suas respectivas subcategorias,

sendo avaliadas de acordo com os critérios da Auditoria Comportamental. Algumas delas

foram tiradas em condições reais de ocorrência, porém, outras fotos são simulações para

ajudar no exemplo e entendimento do que foi observado pelo pesquisador.

Para cada categoria e subcategoria, seja de atitude, utilização imprópria de

equipamento, não seguimento de procedimentos etc. Foram registrados desvios e a forma

correta em desempenhar o trabalho.

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Em todos os momentos a identidade das pessoas foi preservada nesta pesquisa, por

motivos éticos. Além disso, o objetivo da ferramenta preceitua a não exposição diante de

lideranças ou colegas de trabalho, já que seu principal objetivo é trabalhar a percepção de

risco e a conscientização do trabalhador.

Esta pesquisa teve total colaboração da gerência de SMS nas visitas às áreas, coleta de

informações no banco de dados e fotos para ilustração, tendo sua utilização autorizada pelo

gerente geral da “Unidade X”.

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3.2.3 Categoria A: Reação das pessoas

CATEGORIA A

REAÇÃO DAS PESSOAS

DESCRIÇÃO

Neste caso, é importante observar como as pessoas reagem quando um auditor

comportamental entra em uma área para a realização da auditoria. Por exemplo, será

que alguém parece estar desconfortável, colocando os óculos de proteção ou

abaixando seu protetor facial naquele momento; ou mudando rapidamente sua posição

corporal; rearrumando o trabalho; parando de trabalhar completamente; ou ligando um

fio terra ou trancando um equipamento?

SUBCATEGORIAS:

A.1 – MUDANDO DE POSIÇÃO

A.2 – PARANDO O SERVIÇO

A.3 – AJUSTANDO EPI

A.4 – ADEQUANDO O SERVIÇO

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3.2.3.1 Subcategoria A1: Mudança de posição

Figura 22: Desvio da subcategoria A.1 – Mudança de posição Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

Este desvio dentro da subcategoria mudança de posição, que está categorizado como

reação das pessoas mostra na foto à esquerda o funcionário não utilizando o corrimão ao

descer e subir escadas dentro da Unidade. Existe oportunidade de melhoria na conscientização

em SMS deste empregado.

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3.2.3.2 Subcategoria A.2: Parando o serviço

Figura 23: Desvio da subcategoria A.2 – Parando o serviço Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

Na subcategoria parando o serviço, dentro da categoria reação das pessoas, o desvio

foi constatado quando o funcionário paralisou o serviço somente depois de perceber a

presença do auditor. Na abordagem da Auditoria Comportamental, ele comentou que sabia

sobre o risco que seu colega de trabalho estava exposto, mas não tomou nenhuma medida para

evitar. No momento da abordagem da Auditoria Comportamental foi solicitado que o

funcionário saísse do local de risco, seguindo o serviço com segurança.

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3.2.3.3 Subcategoria A.3: Ajustando EPI

Figura 24: Desvio da subcategoria A.3 – Ajustando EPI Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

Na subcategoria ajustando EPI, da categoria reação das pessoas, o funcionário estava

agindo sem segurança ao colocar suas mãos próximas a serra. A forma correta é utilizar o

cabo de extensão como EPI para minimizar o risco de acidente, mas este funcionário somente

ajustou o EPI, depois de perceber que estava sendo observado pelo auditor no momento da

Auditoria Comportamental.

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3.2.3.4 Subcategoria A.4: Adequando o serviço

Figura 25: Desvio da subcategoria A.4 – Adequando o serviço Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

Este desvio que pertence à subcategoria adequando o serviço, dentro da categorização

reação das pessoas. Observa-se na foto à esquerda, que o funcionário está posicionando a

tubulação com as mãos, enquanto a forma correta de executar esta atividade é com o cabo

guia, conforme demonstrado na foto à direita. A reação do funcionário acontece quando ele

percebe que está sendo observado e neste momento muda a forma de executar o serviço,

deixando de utilizar as próprias mãos para usar o cabo guia.

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3.2.4 Categoria B: Posição das pessoas

CATEGORIA B

POSIÇÃO DAS PESSOAS

DESCRIÇÃO

Geralmente mostra pessoas expostas ao perigo devido à sua posição, como por

exemplo:

• Alguém corre perigo de se ferir ao puxar ou erguer objetos pesados?

• Alguém está em uma posição em que possa cair, ficar preso, colidir com algo ou ser

atingido?

• Alguém pode estar em contato com contaminantes? Inalando, absorvendo,

ingerindo?

• A posição ou o movimento repetitivo do empregado pode, com o tempo, causar

fadiga ou ferimento? (Questão ergonômica)

• Alguém parece estar fatigado ou estressado?

SUBCATEGORIAS:

B.1 – BATER CONTRA / SER ATINGIDO POR

B.2 – FICAR

B.3 – RISCO DE QUEDA

B.4 – RISCO DE QUEIMADURA

B.5- RISCO DE CHOQUE ELÉTRICO

B.6- INALAR CONTAMINANTES

B.7 – ABSORVER CONTAMINANTES

B.8 – INGERIR CONTAMINANTES

B.9 – POSTURA INADEQUADA

B.10 – ESFORÇO INADEQUADO

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3.2.4.1 Subcategoria B.1: Bater contra/ ser atingido por

Figura 26: Desvio da subcategoria B.1 – Bater contra/ ser atingido por Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

O desvio que pertence à subcategoria bater contra /ser atingido por, que está

categorizado como posição das pessoas, é evidenciado quando o funcionário transita por local

deficitário de sinalização, podendo ocasionar um acidente de trabalho (foto à esquerda). Este

desvio é tratado quando o local recebe a sinalização adequada, possibilitando que o

funcionário visualize o obstáculo ao transitar pela área operacional, minimizando o risco de

acidente (foto à direita).

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104

3.2.4.2 Subcategoria B.2: Ficar preso

Figura 27: Desvio da subcategoria B.2 – Ficar preso Fonte: Arquivos do pesquisador

Este desvio está dentro da subcategoria ficar preso, categorizado como posição das

pessoas. A foto da esquerda mostra os funcionários trabalhando em local de grande risco de

desmoronamento, pois se trata de uma escavação sem escoramento das paredes. Já na foto da

direita, existe um escoramento adequado para a execução da atividade. Com isso, o risco de

desmoronamento e dos funcionários ficarem presos está controlado.

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3.2.4.3 Subcategoria B.3: Risco de queda

Figura 28: Desvio da subcategoria B.3 – Risco de queda Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

Na subcategoria risco de queda, dentro da categoria posição das pessoas, o desvio

ocorre devido à obrigatoriedade na utilização do cinto de segurança para todos os trabalhos

acima de 2 metros de altura. Neste caso, os funcionários estão dentro de uma área onde os

trabalhos são realizados acima desta altura e por este motivo, a utilização deste tipo de EPI é

fundamental. Na foto da esquerda extraída dos arquivos do pesquisador, o funcionário

trabalha sem a utilização do cinto de segurança, proporcionando um alto potencial de risco em

sofrer um acidente. Já o funcionário a direita está utilizando seu EPI de forma correta

controlando assim o risco de queda.

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3.2.4.4 Subcategoria B.4: Risco de queimadura

Figura 29: Desvio da subcategoria B.4 – Risco de queimadura Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

Dentro da subcategoria risco de queimadura e Categorizado como posição das

pessoas, este desvio mostra uma atividade que apresenta muitas fagulhas devido ao trabalho

com solda, podendo ocasionar queimaduras em trabalhadores que transitam no local. Já a foto

da direita mostra a situação após identificação e tratamento do desvio, um local sinalizado,

com área segura para trânsito de trabalhadores, evitando o risco de queimadura por parte dos

transeuntes.

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107

3.2.4.5 Subcategoria B.5: Risco de choque elétrico

Figura 30: Desvio da subcategoria B.5 – Risco de choque elétrico Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

Na subcategoria risco de choque elétrico, dentro da categoria posição das pessoas,

este desvio mostra uma instalação elétrica contendo fiação desencapada e aparentemente sem

uma manutenção adequada, contendo um grande risco de choque para quem utilizá-la (foto à

esquerda). Na outra foto, além de mostrar um quadro elétrico com todos os fios encapados e

com uma manutenção adequada, o trabalho realizado pelo funcionário é feito com EPI

adequado.

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3.2.4.6 Subcategoria B.6: Inalar contaminantes

Figura 31: Desvio da subcategoria B.6 – Inalar contaminantes Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

O desvio pertence à subcategoria inalar contaminantes, sendo categorizado como

posição das pessoas. A foto da esquerda mostra um funcionário trabalhando em local que

possui vapores que podem ser tóxicos e sem a utilização de uma máscara protetora facial. A

foto da direita mostra um funcionário exercendo uma atividade que proporciona uma possível

inalação de poeira, porém o mesmo encontra-se com uma proteção respiratória adequada.

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3.2.4.7 Subcategoria B.7: Absorver contaminantes

Figura 32: Desvio da subcategoria B.7 – Absorver contaminantes Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

O desvio pertence à subcategoria absorver contaminante, dentro da categorização

posição das pessoas. A foto à esquerda, onde os funcionários estão trabalhando em local com

contaminante e sem estarem paramentados com os EPI adequados, diferente da foto à direita

na qual os funcionários estão com as vestimentas adequadas, logo o risco de absorver

contaminantes está controlado.

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3.2.4.8 Subcategoria B.8: Ingerir contaminantes

Figura 33: Desvio da subcategoria B.8 – Ingerir contaminantes Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

Pertencente à subcategoria ingerir contaminantes, este desvio que está categorizado

como posição das pessoas. Evidencia-se na foto da esquerda, onde o armazenamento dos

produtos é inadequado, com produtos de limpeza junto com alimentos. A foto da direita

mostra a arrumação correta dos produtos, com sua devida separação.

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3.2.4.9 Subcategoria B.9: Postura inadequada

Figura 34: Desvio da subcategoria B.9 – Postura inadequada Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

Este desvio está dentro da subcategoria postura inadequada, categorizado como

posição das pessoas. A postura que os funcionários pegam determinado objeto dentro do local

de trabalho, para a realização de determinadas tarefas, é um grande gerador de acidentes, pois

uma postura inadequada causa incômodo ao trabalhador, risco de se acidentar, além de gerar

doenças ocupacionais. Já na foto à direita, os trabalhadores estão pegando uma peça com a

postura adequada, ou seja, trabalhando de forma ergonomicamente correta.

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3.2.4.10 Subcategoria B.10: Esforço inadequado

Figura 35: Desvio da subcategoria B.10 – Esforço inadequado Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

Este desvio da subcategoria esforço inadequado e categorizado como posição das

pessoas. O funcionário da foto à esquerda está cometendo um desvio ao transportar uma peça

em seu próprio ombro. Neste momento, ele está praticando um esforço inadequado podendo

inclusive se acidentar. Na foto à direita, os funcionários transportam as peças no carrinho de

forma adequada. No caso, mesmo a peça sendo pesada seu esforço ao transportá-la é

apropriado.

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3.2.5 Categoria C: EPI

CATEGORIA C

EPI

DESCRIÇÃO

A falta da utilização dos EPI ou sua utilização de forma inadequada são desvios na

área operacional ou obra, como por exemplo:

• Os colaboradores estão utilizando o equipamento de proteção requerido?

• O EPI fornece proteção adequada contra a exposição dos trabalhadores a substâncias

nocivas?

• Os trabalhadores estão utilizando os EPI’s apropriadamente? Caso contrário, porque

não? O equipamento é inconveniente para manipular ou usar?

• Ele está em boas condições de manutenção e de higiene?

SUBCATEGORIAS:

C.1 – CABEÇA

C.2 – SISTEMA RESPIRATÓRIO

C.3 – OLHOS E ROSTO

C.4 – OUVIDOS

C.5 – MÃOS E BRAÇOS

C.6 – TRONCO

C.7 – PÉS E PERNAS

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114

3.2.5.1 Subcategoria C.1: Cabeça

Figura 36: Desvio da subcategoria C.1 - Cabeça Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

Na foto à esquerda tem-se um desvio pertencente à subcategoria cabeça, na categoria

EPI. Dentro de uma área operacional onde existe movimentação de cargas e equipamentos

suspensos, a utilização de proteção para a cabeça (capacete) é obrigatória. Já na foto à direita,

a funcionária está utilizando corretamente seu EPI, inclusive o capacete.

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115

3.2.5.2 Subcategoria C.2: Sistema respiratório

Figura 37: Desvio da subcategoria C.2 – Sistema respiratório Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

Na foto à esquerda o funcionário não utiliza nenhum tipo de EPI (máscara de proteção,

luvas e óculos de proteção) para a execução de sua atividade, gerando um desvio que está

dentro da subcategoria sistema respiratório na categoria EPI. Na foto da direita, o

funcionário está dentro de uma unidade onde existe a probabilidade de ocorrer um vazamento

de gases tóxicos, por este motivo, a utilização deste tipo de EPI é fundamental, mesmo que

este vazamento nunca aconteça.

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3.2.5.3 Subcategoria C.3: Olhos e face

Figura 38: Desvio da subcategoria C.3 – Olhos e face Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

Este desvio que está na subcategoria olhos e face dentro da categorizado EPI, mostra

um empregado utilizando o maçarico em sua atividade com uma pessoa auxiliando-o ao lado,

sem a utilização dos EPI adequados (foto à esquerda). Na foto à direita, o funcionário trabalha

de forma segura utilizando os equipamentos de proteção corretamente, inclusive o protetor

fácil, luvas e capacete.

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3.2.5.4 Subcategoria C.4: Ouvidos

Figura 39: Desvio da subcategoria C.4 – Ouvidos Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

Na Unidade pesquisada o uso de protetor auricular é item obrigatório devido à

existência de ruído acima do limite permitido pela Norma Regulamentadora. Na foto à

esquerda, é evidenciado um desvio que está categorizado como EPI dentro da subcategoria

ouvido, pelo fato do empregado não utilizar seu protetor auricular, já na foto da direita sua

utilização é feita adequadamente.

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3.2.5.5 Subcategoria C.5: Mãos e braços

Figura 40: Desvio da subcategoria C.5 – Mãos e braços Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

O desvio da foto à esquerda pertence à subcategoria mãos e braços, na categoria EPI.

Existe devido à não utilização de proteção adequada (luvas). Neste caso tem-se a

probabilidade de ocorrer queimadura, e por este motivo a utilização deste tipo de EPI é

fundamental conforme demonstrado na foto da direita.

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3.2.5.6 Subcategoria C.6: Tronco

Figura 41: Desvio da subcategoria C.6 – Tronco Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

A não utilização de proteção para o tronco (avental de proteção) gera um desvio da

subcategoria tronco, pertencente à categoria EPI. O empregado da foto à direita utiliza todos

os EPI para o desenvolvimento de sua atividade de forma segura.

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3.2.5.7 Subcategoria C.7: Pés e pernas

Figura 42: Desvio da subcategoria C.7 – Pés e pernas Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

O desvio da subcategoria pés e pernas, que está dentro da categoria EPI, ocorreu

devido à obrigatoriedade na utilização de proteção para os pés e pernas nas áreas

operacionais. Neste caso, os funcionários estão expostos ao risco de perfuração do membro

inferior, e por este motivo, a utilização deste tipo de EPI (botas de segurança) é fundamental

para sua segurança, conforme estão os empregados da foto à direita.

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3.2.6 Categoria D: Ferramentas e equipamentos

CATEGORIA D

FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS

DESCRIÇÃO

A utilização de ferramentas e equipamentos inapropriados são desvios na área

operacional ou obra, como por exemplo:

• Ferramentas feitas “em casa” (não projetadas corretamente) ou adaptadas estão

sendo utilizadas?

• São equipamentos/ferramentas corretos para o trabalho? Eles previnem contra riscos

desnecessários? São adequados para a área de trabalho?

• Estão sendo utilizados apropriadamente?

• Estão em condições seguras?

SUBCATEGORIAS:

D.1 – IMPRÓPRIO PARA O SERVIÇO

D.2 – USADOS INCORRETAMENTE

D.3 – EM CONDIÇÕES INSEGURAS

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3.2.6.1 Subcategoria D.1: Impróprias para o serviço

Figura 43: Desvio da subcategoria D.1 – Impróprias para o serviço Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

Um trabalhador utiliza um objeto para abrir a lata, provocando um desvio que está na

subcategoria imprópria para o serviço, dentro da categoria ferramentas e equipamentos. Este

desvio aconteceu devido à improvisação de ferramentas de trabalho, tornando-as impróprias

para o serviço e consequentemente aumentando o risco de acidente, ao contrário da foto da

direita, onde o funcionário utiliza a ferramenta adequada para realizar sua atividade de forma

segura.

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3.2.6.2 Subcategoria D.2: Usados incorretamente

Figura 44: Desvio da subcategoria D.2 – Usados incorretamente Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

É importante que todos os trabalhadores saibam utilizar corretamente as ferramentas

para realização de seu serviço, pois as mesmas, usadas de forma incorreta, geram riscos no

desenvolvimento de suas atividades. Na foto à esquerda, o funcionário bate com suas próprias

mãos para fazer a fixação da ferramenta na estrutura, provocando um desvio da subcategoria

usados incorretamente, pertencente à categoria ferramentas e equipamentos. Já na foto à

direita, o funcionário utiliza a ferramenta corretamente. Observa-se que seu rosto e tronco

ficam afastados da ferramenta, além de não estar batendo com as mãos para a fixação na

estrutura.

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124

3.2.6.3 Subcategoria D.3: Em condições inseguras

Figura 45: Desvio da subcategoria D.3 – Em condições inseguras Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

Todas as ferramentas e equipamentos devem estar em bom estado de utilização e

quando armazenados, deve ser feito em local apropriado. Na foto à esquerda, as tomadas

elétricas e fios estão em péssimo estado de conservação, sem contar com o local em que se

encontram (dentro da água), gerando um desvio da subcategoria em condições insegura que

está na categoria ferramentas e equipamento. Na foto da direita, o cilindro de gás encontra-se

em local arejado, fixado adequadamente, protegendo-o de queda, além de possuir o capacete

de proteção em caso de rompimento da válvula.

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3.2.7 Categoria E: Procedimentos

CATEGORIA E

PROCEDIMENTOS

DESCRIÇÃO

• Existe procedimento para o trabalho? Os procedimentos são adequados?

• Os colaboradores conhecem o procedimento?

• Os procedimentos estão escritos, disponíveis e atualizados?

• Os colaboradores estão seguindo os procedimentos?

• A disposição de Resíduos está adequada?

• O trabalhador conhece os riscos de sua atividade?

SUBCATEGORIAS:

E.1 – INADEQUADOS

E.2 – NÃO EXISTEM PROCEDIMENTOS ESCRITOS

E.3 – ADEQUADOS E NÃO SEGUIDOS

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3.2.7.1 Subcategoria E.1: Inadequados

Figura 46: Desvio da subcategoria E.1 – Inadequado Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

Este desvio da subcategoria inadequada, pertencente à categoria procedimento,

ocorreu quando o funcionário (foto à esquerda) fica pendurado na estrutura para executar o

serviço, porém, ao ser observado pelo auditor, ele é abordado (Auditoria Comportamental)

explicando a forma segura em realizar o serviço. Observa-se na foto à direita, que depois da

aplicação da Auditoria Comportamental o funcionário executa a atividade de forma segura, ou

seja, utilizando a escada.

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3.2.7.2 Subcategoria E.2: Não existem procedimentos escritos

Figura 47: Desvio da subcategoria E.2 – Não existem procedimentos escritos Fonte: Arquivos do pesquisador

O desvio da subcategoria não existe procedimentos escritos, pertence à categorização

procedimento. Para todas as atividades que expõem o trabalhador ao risco e sendo estes

trabalhos rotineiros, deve existir um procedimento por escrito e conhecido por toda a força de

trabalho. Na foto da esquerda, existem duas pessoas que estão dentro da empresa executando

a atividade em cima do caminhão. Eles deveriam estar utilizando EPI adequados, como

capacete, uniforme, luvas, cinto contra quedas, entre outros. Mesmo sendo funcionários

terceirizados, qualquer acidente que venha a acontecer dentro da empresa, a responsabilidade

também recai nesta. Ao serem abordados na Auditoria Comportamental, foi evidenciado que

não existe nenhum procedimento para este tipo de atividade, além de não terem consciência

do risco que estavam correndo. Na foto à direita, observa-se o funcionário utilizando todos os

EPI (capacete, luvas, uniformes), equipamentos adicionais para sua segurança, como cabo

guia, evitando ficar próximo da carga, além do cabo de movimentação com cinto contra

quedas, içado a um cabo de segurança, impedindo possível queda do caminhão. Este

funcionário, ao ser abordado no momento da Auditoria Comportamental, explicou que existia

o procedimento na sua área para tal atividade, onde foi treinado a exercer esta função e que o

procedimento deve ser cumprido.

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3.2.7.3 Subcategoria E.3: Adequados e não seguidos

Figura 48: Desvio da subcategoria E.3 – Adequados e não seguidos Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

Este desvio da subcategoria adequado e não seguido pertence à categoria

procedimentos. Caso o procedimento não seja adequado, este deverá ser revisado. Observa-se

que, na foto à esquerda, um funcionário encontra-se exposto a um grande risco, com a

possibilidade de pedras e entulhos caírem sobre ele. Outro risco existente nesta foto é a

possibilidade de queda do outro funcionário. Para a execução deste tipo de trabalho, existem

normas e procedimentos auxiliando a forma correta e segura , mas nem sempre são seguidos.

Na foto da direita, existe uma área em obras que deve ser vistoriada antes do início das

atividades, onde é observada a existência de uma PT (Permissão para o Trabalho), que tem

como objetivo preservar a integridade do pessoal, dos equipamentos, do meio ambiente e a

continuidade operacional.

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3.2.8 Categoria F: Ordem, limpeza e arrumação

CATEGORIA F

ORDEM, LIMPEZA E ARRUMAÇÃO

DESCRIÇÃO

• O local de trabalho é limpo e arrumado?

• Os materiais e ferramentas são guardados apropriadamente?

• Produtos químicos estão estocados adequadamente?

• Há isolamento das áreas?

• Não há produto químico derramado ou vazando no solo?

• Não há outro tipo de poluição ambiental?

SUBCATEGORIAS:

F.1 – LOCAL SUJO

F.2 – LOCAL DESORGANIZADO

F.3 – LOCAL COM VAZAMENTO E POLUIÇÃO AMBIENTAL

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3.2.8.1 Subcategoria F.1: Local sujo

Figura 49: Desvio da subcategoria F.1 – Local sujo Fonte: Registros fotográficos das observações de campo e arquivos do pesquisador

Este desvio pertencente à subcategoria local sujo que está dentro da categoria

procedimentos. Todo local por onde transitam pessoas deve estar limpo e organizado, para

minimizar o risco de ocorrerem acidentes. Observa-se que na foto à esquerda existe

oportunidade de melhoria em relação à limpeza e organização deste local, podendo inclusive

provocar acidente, caso alguém tropece em algum objeto espalhado pelo chão, como por

exemplo, os fios. Já na foto à direita, o local encontra-se limpo, organizado e bem sinalizado.

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3.2.8.2 Subcategoria F.2: Local desorganizado

Figura 50: Desvio da subcategoria F.2 – Local desorganizado Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

Desvio pertencente à subcategoria local desorganizado, que está dentro da categoria

procedimentos. Todo local de trabalho deve ser organizado, não somente para facilitar na hora

de encontrar um material, como também para minimizar o risco de um acidente, como

mostrado na foto da esquerda. Já na foto da direita, após identificação e tratamento do desvio,

aparece o mesmo local, só que mais organizado, facilitando assim o deslocamento de

materiais.

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3.2.8.3 Subcategoria F.3: Local com vazamento e poluição ambiental

Figura 51: Desvio da subcategoria F.3 – Local com vazamento e poluição ambiental Fonte: Registros fotográficos das observações de campo

Desvio da subcategoria local com vazamento e poluição ambiental, que está dentro da

categoria procedimentos. Onde existir a possibilidade de um vazamento/ derramamento de

produto químico deve haver uma forma de contê-lo. A foto da esquerda mostra um local

completamente poluído devido à falta de contenção do produto armazenado. Já a foto da

direita, mostra um tipo de contenção que se ocorrer um vazamento, o produto químico não

afetará o solo, pois existe uma contenção.

Todos os desvios exemplificados nestes tópicos relatam parte da sequência dos registros

acompanhados pela Auditoria Comportamental.

Como já foi dito, a partir dessas observações, os desvios são apontados nos cartões

apropriados e lançados no banco de dados, quando são consolidados gerando os indicadores e

os planos de ação necessários, que servirão de auxílio no trabalho de gestão de SMS da

Unidade.

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133

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O item resultados e discussões será abordado em três momentos:

• Primeiro momento: avaliação através dos indicadores obtidos pelo processo de Auditoria

Comportamental referentes ao ano de 2008.

• Segundo momento: será discutido e representado o tratamento aplicado pela “Unidade X”

em função dos acidentes e incidentes não evitados referentes ao ano de 2007.

• Terceiro momento: serão apresentados os resultados do processo de gestão de SMS

através dos indicadores de TFCA e TFSA contrapostos com os indicadores de Auditoria

Comportamental representados pelos desvios observados e tratados na Unidade durante os

anos 2006, 2007 e 2008.

Em todos os momentos serão traçadas discussões paralelas que irão colaborar para as

conclusões dessa pesquisa.

4.1 INDICADORES DE AUDITORIA COMPORTAMENTAL

Conforme já foi comentado, para a avaliação através dos indicadores obtidos pelo

processo de Auditoria Comportamental, serão utilizados como base os dados gerados em

2008. Foram analisados mensalmente os desvios críticos e sistêmicos ocorridos na Unidade

estudada, tornando possível a elaboração dos planos de ação e os tratamentos dispensados a

cada categoria, cujas análises identificaram requerer maior atenção.

Segundo o gerente de SMS da “Unidade X”, a análise pormenorizada dos indicadores

da Auditoria Comportamental auxilia no reconhecimento dos itens críticos associados aos

fatores humanos, seja pela sua conscientização em SMS ou pela percepção dos riscos das

atividades laborais, além de ajudar a direcionar as ações necessárias de tratamento dos desvios

observados nas obras. Este trabalho é realizado pelas gerências de construção e montagem e

pela gerência de SMS, e suas deliberações realizadas mensalmente por ocasião do comitê de

SMS da Unidade.

Page 136: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp150178.pdf · Figura 2 - Pirâmide de Heinrich ... Figura 6 - Teoria de Bird e Loftus de

134

Utilizando o preceito que desvios identificados e tratados auxiliam na diminuição de

acidentes, tem-se no Gráfico 3, o primeiro ganho da Auditoria Comportamental. No ano de

2008 foram 47.303 desvios identificados nas obras da Unidade pelos auditores

comportamentais e tratados antes da ocorrência de um possível acidente.

1830

2380

12823

2584

16571

11115

Reação das Pessoas

Posição das Pessoas

EPI

Ferramentas e Equipamentos

Procedimentos

Ordem, limpeza e arrumação

Desvios observados por categoria na "Unidade X" em 2008

Total = 47.303 Desvios

Gráfico 3: Total de desvios registrados em 2008 Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

A Tabela 1 expressa os resultados mensais das categorias e subcategorias de Auditoria

Comportamentos em termos percentuais e detalha os desvios registrados em 2008, nos

permitindo identificar diversos “retratos” da realidade vivenciada no campo.

Page 137: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp150178.pdf · Figura 2 - Pirâmide de Heinrich ... Figura 6 - Teoria de Bird e Loftus de

135

Percentual dos indicadores de Auditoria Comportamental registrados no ano de 2008 (Desvios: média mensal)

Categoria Subcategoria de Desvios Jan

%

Fev

%

Mar

%

Abr

%

Mai

%

Jun

%

Jul

%

Ago

%

Set

%

Out

%

Nov

%

Dez

% Total

Mudando de Posição 0,12 0,07 0,09 0,12 0,06 0,11 0,10 0,17 0,23 0,20 0,05 0,20 1,51

Parando o serviço 0,03 0,03 0,01 - 0,01 0,02 0,00 0,00 0,01 0,02 0,04 0,04 0,22

Ajustando EPI 0,09 0,14 0,12 0,13 0,13 0,21 0,19 0,17 0,11 0,17 0,18 0,28 1,93

Rea

ção

das

pess

oas

Adequando o serviço 0,02 0,01 0,01 0,03 0,02 0,04 0,02 0,03 0,02 0,00 0,00 0,01 0,21

Resultado por categoria Reação das Pessoas/ ano 2008 3,87

Bater contra/ser atingido por 0,13 0,09 0,11 0,14 0,23 0,16 0,16 0,17 0,14 0,07 0,11 0,26 1,77

Ficar preso 0,00 - - 0,02 0,00 0,02 - 0,00 0,01 - - 0,01 0,07

Risco de queda 0,08 0,07 0,08 0,12 0,17 0,13 0,22 0,09 0,19 0,11 0,23 0,21 1,69

Risco de queimadura - 0,00 0,01 - 0,00 0,05 0,00 - - 0,00 0,02 0,01 0,10

Risco de choque elétrico 0,01 - - - 0,00 0,00 0,01 - 0,02 0,01 0,01 0,03 0,08

Inalar contaminantes - 0,02 - - - 0,01 - 0,01 0,01 0,02 - - 0,04

Absorver contaminantes - - - - - 0,00 - - - - - 0,00 0,01

Ingerir contaminantes - - - - 0,00 - - 0,01 - - 0,00 - 0,01

Postura inadequada 0,06 0,03 0,06 0,07 0,18 0,11 0,12 0,08 0,07 0,08 0,06 0,11 1,05

Pos

ição

das

pes

soas

Esforço inadequado 0,01 0,00 0,01 0,00 0,01 0,00 0,01 - 0,01 - 0,04 0,08 0,19

Resultado por categoria Posição das Pessoas/ ano 2008 5,03

Cabeça 0,59 0,54 0,66 0,61 0,69 0,65 0,92 0,86 0,84 0,84 1,01 1,07 9,27

Sistema respiratório 0,04 0,02 0,02 0,04 0,04 0,04 0,09 0,13 0,10 0,07 0,07 0,10 0,76

Olhos e rosto 0,24 0,31 0,28 0,37 0,39 0,50 0,51 0,71 0,42 0,54 0,58 0,68 5,54

Ouvidos 0,19 0,20 0,23 0,16 0,27 0,43 0,37 0,58 0,40 0,30 0,30 0,27 3,69

Mãos e braços 0,15 0,25 0,25 0,17 0,29 0,37 0,44 0,47 0,35 0,33 0,36 0,60 4,04

Tronco 0,13 0,07 0,14 0,15 0,17 0,21 0,21 0,24 0,17 0,14 0,23 0,27 2,12

EP

I

Pés e pernas 0,22 0,04 0,14 0,10 0,13 0,14 0,14 0,23 0,17 0,12 0,14 0,12 1,69

Resultado por categoria EPI/ ano 2008 27,11

Impróprias para o serviço 0,08 0,17 0,07 0,08 0,19 0,15 0,26 0,23 0,16 0,19 0,12 0,25 1,95

Usados incorretamente 0,02 0,03 0,04 0,03 0,04 0,08 0,10 0,04 0,04 0,05 0,04 0,02 0,54

Fer

ram

enta

s e

equi

pam

ento

s

Em condições inseguras 0,24 0,23 0,27 0,22 0,24 0,29 0,22 0,28 0,19 0,26 0,23 0,31 2,97

Resultado por categoria Ferramentas e Equipamentos/ ano 2008 5,46

Inadequados 0,28 0,24 0,77 0,51 0,78 0,53 1,02 1,09 1,57 0,82 0,87 0,75 9,25

Não existem procedimentos escritos 0,01 0,02 0,09 0,27 0,02 0,05 0,09 0,09 0,05 0,03 0,02 0,04 0,79

Pro

cedi

men

tos

Adequados e não seguidos 1,22 1,57 2,14 1,59 1,99 2,45 2,64 2,75 1,86 2,25 2,21 2,32 24,99

Resultado por categoria Procedimentos/ ano 2008 35,03

Local sujo 0,35 0,40 0,68 0,66 0,40 0,73 1,06 0,98 0,85 0,94 0,83 1,20 9,09

Local desorganizado 0,51 0,47 0,72 0,62 1,17 1,12 2,19 1,62 1,06 1,27 1,68 1,29 13,70

Ord

em, l

impe

za

e ar

rum

ação

Local com vazamentos e poluição

ambiental 0,14 0,02 0,04 0,01 0,02 0,03 0,03 0,07 0,05 0,03 0,08 0,18 0,71

Resultado por categoria Ordem, limpeza e Arrumação/ ano 2008 23,50

Total geral das Categorias e Subcategorias 100

Tabela 1: Desvios por média mensal – Ano de 2008 Fonte: Banco de dados da “Unidade X”.

Page 138: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp150178.pdf · Figura 2 - Pirâmide de Heinrich ... Figura 6 - Teoria de Bird e Loftus de

136

A análise a seguir mostra o tratamento das anomalias na Unidade em estudo. As ações

são deliberadas em conjunto pelas gerências nas reuniões de comitê de gestão, conforme já foi

citado no item 3.2. Algumas das “campanhas” aqui citadas, são complementadas por

treinamentos, folders, vídeos, filmes, workshop , palestras com empresas especializadas etc.

4.1.1 Discussão dos indicadores de auditoria comportamental

Retomando os dados da Tabela 1 e examinando os resultados por categoria/

subcategoria versus mês, tem-se:

Categoria reação das pessoas: No mês de janeiro, os resultados demonstram que a maioria

dos desvios ocorreu na subcategoria “mudando de posição”. Essa tendência foi mantida ao

longo do ano, sendo somente superado pela subcategoria “ajustando EPI”, item mais crítico.

Uma análise mais aprofundada dessa constatação sugere que os trabalhadores já conhecem a

conduta correta quanto ao uso do EPI, porém, não estão suficientemente sensibilizados quanto

ao risco. Fato esse corroborado pela atitude de mudança de posição diante dos auditores, ou

seja, em algum momento podem estar conscientes de que cometem um desvio, contudo, ainda

necessitam de um trabalho mais intenso quanto à conscientização dos riscos inerentes a suas

atividades laborais. Com base nesta análise foi implementada pela gerência de SMS a

campanha A vida não tem preço, apresentada no Quadro 4:

Logotipo Campanha Justificativa/ orientação

Objetivo Formas de divulgação

A vida não tem

preço!

Demonstrar o VALOR

(importância) em SMS.

Trabalhar na

conscientização em SMS

com a força de trabalho,

explicando que o

equipamento de proteção

deve ser utilizado em

todo o momento para

sua própria proteção.

• DDSMS para os

trabalhadores;

• Apresentação de

campanhas de SMS

para toda força de

trabalho.

Quadro 4: Campanha: A vida não tem preço Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Page 139: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp150178.pdf · Figura 2 - Pirâmide de Heinrich ... Figura 6 - Teoria de Bird e Loftus de

137

Esta campanha teve como público toda força de trabalho e o objetivo foi conscientizá-

los da importância em atuar na prevenção. Foram utilizadas, apresentações de palestras com

material elaborado pela gerência de SMS, além de DDSMS (Diálogo, Diário de Segurança,

Meio Ambiente e Saúde) antes do início das atividades na obra. Vale ressaltar que esta

campanha é realizada mensalmente na Unidade.

Categoria posição das pessoas: Esta categoria que indica a vulnerabilidade das pessoas

quanto à posição física assumida em determinada atividade, revela sua criticidade em relação

à subcategoria “bater contra/ ser atingido por” que apresentou maior percentual de ocorrências

no ano de referência. Seguido pelo “risco de quedas”, essa categoria também se revela de

grande preocupação, devido à natureza da gravidade da exposição do trabalhador que pode se

colocar em condição de risco iminente de morte através de uma queda. Essa análise revela a

necessidade de campanhas focadas na conscientização da seriedade e responsabilidade do

empregado em relação à sua própria segurança.

Nesta categoria, também cabe a observação de alguns desvios não terem sido

identificados em diversos meses do ano. Não é propósito da Auditoria Comportamental

estabelecer que determinados desvios devam ocorrer, ao contrário, a divisão das categorias e

subcategorias é elemento padrão aplicável a qualquer atividade e a ocorrência ou não de

determinados desvios será mais ou menos relevante de acordo com a natureza do trabalho

envolvido. Contudo, é fundamental analisar a não existência destes desvios nas obras, pois é

importante saber se não existe realmente o desvio ou se este não está sendo evidenciado pelos

auditores. A inexpressiva participação das subcategorias “ingerir, absorver ou inalar

contaminantes” é coerente com as atividades de campo de um empreendimento que, a

depender do seu estágio (um período em que não estão sendo realizados serviços de pintura,

por exemplo), é pouco suscetível a este tipo de ocorrência.

Nunca é demais salientar que os auditores que vão a campo são pessoas qualificadas e

treinadas para perceber os riscos e desvios praticados na sua área de abrangência. Com base

nos dados coletados foi lançada pela gerência de SMS a campanha Análise de anomalias de

SMS (Quadro 5, a seguir).

Page 140: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp150178.pdf · Figura 2 - Pirâmide de Heinrich ... Figura 6 - Teoria de Bird e Loftus de

138

Logotipo Campanha Justificativa/ orientação Objetivo Formas de divulgação

Análise de

anomalias de

SMS

Mostrar os desvios mais freqüentes das

categorias e algumas ações para

tratamento.

Oferecer

orientações para

aperfeiçoar a

percepção de risco

dos empregados

referente às suas

atividades.

Criação de vídeo para ser

usado como uma espécie

de "briefing”, com

instruções e exemplos.

Quadro 5: Campanha: Análise de anomalias de SMS Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Foi criado pela gerência de SMS, um vídeo para ser usado como uma espécie de

"briefing" para toda força de trabalho. Os supervisores reúnem sua equipe para a apresentação

do vídeo, que dura aproximadamente 10 minutos. Da mesma forma, seu conteúdo deve ficar à

disposição da equipe para ser consultado sempre que necessário. Com ele, o supervisor tem

instruções e exemplos essenciais para mostrar os desvios mais frequentes desta categoria,

além de fazer recomendações para evitar novas ocorrências.

Categoria EPI: Conforme visto no Tabela 1, essa categoria é a segunda colocada no ranking

dos desvios observados no ano de 2008, correspondendo a 27,11% das ocorrências. Dentro

desta categoria, a subcategoria mais crítica é o item cabeça.

Nesse tocante, é importante lembrar que a Unidade em estudo desenvolve atividades

voltadas para a construção civil, cuja rotina se caracteriza pelo risco constante de queda de

objetos. O baixo grau de instrução da maioria dos trabalhadores torna o trabalho de

conscientização verdadeiramente árduo com necessidade de treinamentos e campanhas

recorrentes e de longo prazo. A elevada exposição em que o trabalhador se coloca,

principalmente na cabeça, membro vital do corpo humano, reflete a pouca percepção de risco

em relação à sua própria segurança. Outras subcategorias de grande concentração de desvios

são “olhos e rosto” e “mãos e braços”.

Ampliando o estudo para o setor da construção civil brasileiro, talvez este seja um

foco que explique os alarmantes índices de morte, cegueira e mutilações dos trabalhadores do

país. Contudo, focando a gestão da “Unidade X”, a análise dos indicadores, pelo Comitê de

SMS, subsidia a elaboração de planos de ação que prevêem campanhas, temas de DDSMS,

treinamentos, notificações de empresas contratadas etc.

Page 141: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp150178.pdf · Figura 2 - Pirâmide de Heinrich ... Figura 6 - Teoria de Bird e Loftus de

139

Logotipo Campanha Justificativa/ orientação

Objetivo Formas de divulgação

Alerta Máximo

Análise realizada

identificou que os

desvios referentes à

EPI estavam entre os

mais críticos dentro da

Unidade, 27, 11%,

além de haver

recorrência.

Trabalhar a percepção

de risco dos

empregados nas suas

atividades.

• Apresentação DDSMS antes das atividades na área;

• Apresentação de campanhas de SMS para a força de trabalho.

Quadro 6: Campanha: Alerta máximo Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Uma dessas campanhas foi “Alerta Máximo” (Quadro 6), cujo objetivo foi mostrar aos

empregados a importância na utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI),

trabalhando a conscientização e a percepção de risco nas suas atividades. Foram utilizados

treinamentos sobre o assunto, ministrados pela equipe de SMS, além de DDSMS (Diálogo,

Diário de Segurança, Meio Ambiente e Saúde), antes do início das atividades na obra. Vale

ressaltar que esta campanha é realizada mensalmente na Unidade.

Categoria Ferramentas e Equipamentos: Esta categoria, evidenciada no Tabela 1 como

quarta colocada no ranking dos desvios no ano de 2008 (5,46% das ocorrências), retrata como

fator crítico a subcategoria “Em condições inseguras” com o percentual de 2,97%. É

importante salientar que, a exemplo das demais categorias, as subcategorias mais

problemáticas tendem a se manter ao longo de todo o período.

Assim, quando se percebe que o uso de ferramentas e equipamentos ocorre em

condições inseguras deve ser reforçado com o trabalhador um treinamento específico para sua

atividade com instruções claras e práticas do uso adequado de seus instrumentos de trabalho.

Uma das causas de acidentes pode ser atribuída, portanto, a um erro de interpretação ou

mesmo excesso de autoconfiança do empregado que considera seus próprios recursos como

adequados e suficientes.

Ainda nesta categoria, a segunda subcategoria com maior número de desvios é a

“Impróprias para o serviço”. Neste caso, o auditor e responsáveis pela obra verificaram com a

empresa contratada como os seus empregados estão sendo treinados e o motivo do uso de

ferramentas e equipamentos impróprios para o serviço. Esta subcategoria vai além da

responsabilidade do próprio trabalhador, estendendo-se a hierarquias superiores responsáveis

pelo fornecimento do material de trabalho.

Page 142: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp150178.pdf · Figura 2 - Pirâmide de Heinrich ... Figura 6 - Teoria de Bird e Loftus de

140

Logotipo Campanha Justificativa/ orientação

Objetivo Formas de divulgação

Ferramentas e

equipamentos na

obra, por que

causam acidentes?

As condições precárias

das ferramentas e

equipamentos

utilizados nas obras

geram grande número

de desvios,

possibilitando a

ocorrência de

acidentes.

Mostrar aos empregados

a utilização correta das

suas ferramentas e

equipamentos, além de

sua manutenção.

• Material de

orientação em

DVD com

arquivos de vídeo;

• Banner e cartazes;

• Apresentação e

treinamento de

empresas

fornecedoras das

ferramentas e

equipamentos.

Quadro 7: Campanha: Ferramenta e equipamento na obra, por que causam acidentes? Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Foi criado um material de treinamento pela gerência de SMS, focando atuar no

conhecimento dos empregados na utilização das suas ferramentas e equipamentos, além de

conscientizá-los sobre a importância de sinalizar aos seus supervisores as condições de

manutenção das mesmas. Esta campanha também contemplou palestras de empresas parceiras

das quais são compradas as ferramentas e equipamentos. Os supervisores verificam a

necessidade do treinamento para sua equipe, solicitando a aplicação ao setor de SMS.

Categoria procedimentos: Para a análise dessa categoria, torna-se oportuno registrar que,

alinhado às diretrizes corporativas de SMS, todos os trabalhos executados na empresa em

estudo seguiram procedimentos previamente elaborados de acordo com a atividade exercida.

Assim, quando se observa a subcategoria “Não existem procedimentos escritos” fatalmente já

se constata uma falha na gestão na qual não há responsabilidade direta do trabalhador

envolvido na atividade.

Neste caso, o trabalho de conscientização se estendeu até a liderança responsável pelo

serviço, pois a esta é atribuída o encargo de elaborar, treinar e disseminar os procedimentos

entre os seus subordinados. O mesmo se presta para a subcategoria “Adequada e não

seguidos”.

Num empreendimento, deve haver um constante acompanhamento e

comprometimento dos líderes responsáveis pela obra para que as atividades transcorram de

acordo com o previsto e descrito nos procedimentos. Assim, não obstante a responsabilidade

dos trabalhadores é veemente a gravidade da categoria “Procedimentos” ter sido posicionada

Page 143: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp150178.pdf · Figura 2 - Pirâmide de Heinrich ... Figura 6 - Teoria de Bird e Loftus de

141

em primeiro lugar no ranking dos indicadores da Auditoria Comportamental, conforme

Tabela 1.

Tal fato revela que o trabalho na base da pirâmide, só será bem sucedido com o

envolvimento e comprometimento de toda liderança em seus diferentes graus hierárquicos.

Logotipo Campanha Justificativa/ orientação

Objetivo Formas de divulgação

Mexa-se com

segurança

Esta categoria é a líder

dos desvios observados

nas obras.

Estimular a liderança em

elaborar procedimentos

para as atividades

críticas.

• Apresentação de DDSMS antes das realizações das atividades;

• Palestra de prevenção sobre o tema para a fiscalização, supervisor e força de trabalho;

• Banners, cartazes e faixas para divulgação nas áreas.

Quadro 8: Campanha: Mexa-se com segurança Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Com base nesta análise foi implementada a campanha “Mexa-se com segurança”, na

qual o objetivo era estimular os líderes em elaborar procedimentos/padrões ou diretrizes

pertinentes aos trabalhos mais críticos, para uso da força de trabalho. Esta campanha é de

relevância, pois, em 2008, ocorrências dessa natureza representaram 35,03% do total dos

desvios apontados na Auditoria Comportamental. Esta categoria é a líder dos desvios

observados nas obras. Para a divulgação desta campanha foram utilizadas palestras, DDSMS

e banners, conforme citado no Quadro 8.

Categoria limpeza e arrumação: Terceira colocada no quadro geral de desvios apresenta a

subcategoria “Local desorganizado” como a de pior desempenho, com 13,7% dos desvios.

Seguida pela subcategoria “Local sujo”, esta categoria reflete questões sócio comportamentais

em que os hábitos rotineiros dos trabalhadores tendem a se refletir em seu ambiente de

trabalho. A não observância desse quesito favorece a ocorrência de acidentes, poluição,

doenças, acúmulo de vetores e diversos outros inconvenientes.

Também há de se ressaltar a importância que a contratada forneça ambientes

adequados de trabalho, independente da localização do empreendimento. Um recurso

utilizado pela contratante, “Unidade X”, foi estipular em diretrizes contratuais os requisitos

mínimos para a alocação das frentes de obras, principalmente, refeitórios, alojamentos,

Page 144: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp150178.pdf · Figura 2 - Pirâmide de Heinrich ... Figura 6 - Teoria de Bird e Loftus de

142

almoxarifados e área de acondicionamento de resíduos. Contudo, mesmo com o fornecimento

dos recursos necessário, a manutenção adequada dos locais do empreendimento necessita de

trabalho contínuo na arrumação, limpeza e extinção de pontos de vazamento e poluição

ambiental, além, é claro, da própria conscientização dos trabalhadores envolvidos.

Logotipo Campanha Justificativa/ orientação

Objetivo Formas de divulgação

Atitudes simples e

perigosas

Pequenos detalhes não

observados podem causar

acidentes, que algumas

vezes podem gerar

afastamento do empregado

ou até mesmo acidente

fatal.

Chamar a atenção

dos trabalhadores

para detalhes

(simples e

perigosos) das

obras, que podem

ocasionar

acidentes. E

reforçar a

importância da

Auditoria

Comportamental e

do DDSMS.

• Apresentação de

DDSMS antes das

realizações das

atividades;

• Palestra de

prevenção sobre o

tema para a

fiscalização,

supervisor e força de

trabalho;

• Banners, cartazes e

faixas para

divulgação nas

áreas.

Quadro 9: Atitudes simples e perigosas Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Análise realizada identificou que 23,50% dos desvios ocorridos na “Unidade X” no

decorrer de 12 meses ocorreram em situações bastantes “simples”. Pequenos detalhes não

observados podem causar acidentes. Alguns exemplos dessas situações são locais de trabalhos

desorganizados, local sujo, pontas de vergalhões desprotegidas, material interferindo em rota

de fuga etc. Com base nesta análise foi implementada a campanha “Atitudes simples e

perigosas”, na qual o objetivo foi reforçar a importância das auditorias comportamentais;

estimular os encarregados/supervisores a direcionarem os DDSMS aos riscos das atividades e

chamar atenção dos trabalhadores para detalhes (simples e perigosos) das obras. A forma de

divulgação está citada no Quadro 9.

Os dados do Tabela 1 expressam a sustentação da tendência do ano de 2008 quanto ao

ranking dos desvios registrados. Nos três anos de referência, as categorias mais críticas foram

atribuídas à EPI, Procedimentos e Ordem, Limpeza e Arrumação que se revezaram ano a ano

em relação às suas posições dentre as categorias. As demais categorias apresentaram

comportamento análogo em todos os anos estudados, ficando as categorias Ferramentas e

Page 145: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp150178.pdf · Figura 2 - Pirâmide de Heinrich ... Figura 6 - Teoria de Bird e Loftus de

143

Equipamento, Posição das Pessoas e Reação das Pessoas em terceiro, quarto e quinto lugares,

respectivamente.

Gráfico 4: Desvio por categoria Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

É interessante registrar que a Auditoria Comportamental é uma ferramenta que prioriza a

prevenção de acidentes através da intensiva atuação na base da pirâmide (Figura 52).

Figura 52: Ações de prevenção e correção na “Unidade X” Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Contudo, pelo fato de envolver pessoas com diferentes graus de conhecimento e

cultura, nenhuma ferramenta garante a total eliminação de anomalias. Outro fator relevante é

DESVIOS POR CATEGORIA

ANOS: 2006/ 2007/ 2008

3,8

9%

4,2

6%

3,8

7%

7,4

9%

5,4

4%

5,0

3%

32,3

5%

31,3

8%

27,1

1%

12,1

3%

7,4

5%

5,4

6%2

5,7

8%

33,6

9%

35,0

3%

18,3

7%

17,7

9%

25,5

0%

2006 2007 2008

Reação das Pessoas Posição das Pessoas EPI Ferramentas e Equipamentos Procedimentos Ordem, limpeza e arrumação

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144

a alta rotatividade de trabalhadores na Unidade, dificultando a consolidação da cultura de

segurança das pessoas envolvidas. Nestes casos, como parte do sistema de gestão de SMS,

também é feito o tratamento dos acidentes registrados nos níveis superiores da pirâmide,

conforme demonstrado no tópico a seguir.

4.2 TRATAMENTO DOS INDICADORES REATIVOS DE ACIDENTES

Conforme já foi comentado, os dados dos indicadores reativos de acidentes expostos a

seguir são referentes ao ano de 2007 e cumprem a função de exemplificar o processo de

levantamento das anomalias nas obras da “Unidade X” e as respectivas ações decorrentes da

análise desses dados. Ressalta-se que este tipo de trabalho está sendo desenvolvido na

Unidade desde o ano de 2006.

4.2.1 Tipos de lesões.

Evidenciando os tipos de lesões, os números abaixo foram segmentados entre acidentes com

afastamento e sem afastamento.

a) Nos casos de acidentes com afastamento, as principais sequelas geradas foram:

• 32% - Fraturas;

• 20% - Contusão e Esmagamento;

• 17 % - Cortes, Lacerações e Feridas contusas;

• 11% - Outras lesões (não especificadas).

b) Para os acidentes sem afastamento as principais sequelas geradas foram:

• 32% - Corte, Laceração e Ferida contusa;

• 27% - Contusões e Esmagamento;

• 21% - Outras Lesões.

Os gráficos abaixo expressam em termos percentuais a incidência desses casos:

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Gráfico 5: Tipos de lesões - com e sem afastamento. Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

4.2.2 Acidente por atividades

Dentre as anomalias registradas, o pesquisador, juntamente com a equipe de SMS da

Unidade, fez um levantamento de acidentes por atividades desenvolvidas. A partir da análise

gráfica, foi observado que grande percentual dos acidentes está concentrado nas atividades de

Movimentação Manual, conforme descrito abaixo:

ACIDENTES COM AFASTAMENTO

Tipo de lesão

32%

17%5%

11%

20%

8%7%

FRATURA

CORTE, LAC., FERIDA CONTUSA

QUEIMADURA

OUTRAS LESÕES

CONTUSÃO, ESMAGAMENTO

DISTENSÃO, TORÇÃO, LUXAÇÃO

AMPUTAÇÃO

ACIDENTES SEM AFASTAMENTO

Tipo de lesão

4%

32%

6%

21%

27%

6%4%

FRATURA

CORTE, LAC., FERIDA CONTUSA

QUEIMADURA

OUTRAS LESÕES

CONTUSÃO, ESMAGAMENTO

DISTENSÃO, TORÇÃO, LUXAÇÃO

CORPO ESTRANHO NO OLHO

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Gráfico 6: Acidentes com afastamento por atividade Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor. Com base na análise dos indicadores, foi observado que os planos de ação deveriam

atuar mais especificamente nestas atividades críticas. Em decorrência, a Unidade implantou

no canteiro de obras a campanha de “Movimentação de Carga” (Quadro 10) além da inclusão

deste tema no DDSMS antes do início das atividades.

Logotipo Campanha Justificativa/ orientação

Objetivo Formas de divulgação

Movimentação

de Carga

Dos acidentes com

afastamento ocorridos na

Unidade em 2007, a

movimentação de carga

teve o maior índice.

Prevenir a

ocorrência de

acidentes, incidentes

e desvios nas obras

• Treinamento em Movimentação de Carga (Manual e Mecanizada), para os fiscais, supervisores e trabalhadores da área.

Quadro 10: Campanha: Movimentação de carga Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Esta campanha teve a finalidade de difundir o grande risco gerado por este tipo de

trabalho e como proceder para atuar na prevenção. Em um determinado período cerca de 35%

dos acidentes na unidade aconteceram em movimentações de cargas. Esta campanha teve sua

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divulgação através de material orientativo onde se descreveu técnicas de segurança e

sugestões de melhores práticas para a realização das atividades.

4.2.3 Localização da lesão

Detalhando ainda mais os dados referentes aos acidentes com afastamento, foram

analisadas as partes do corpo onde estas lesões ocorreram com mais frequência, sendo

identificado que 40% destas ocorreram nos membros superiores, das quais 19% foram nas

mãos. Outras localizações das lesões estão definidas no Gráfico 6:

Gráfico 7: Acidentes com afastamento – Localização da lesão. Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

A partir desta constatação, a Unidade identificou a necessidade em atuar na prevenção de

Acidentes com as Mãos (Quadro 11) o que resultou na campanha “Cuidado com as Mãos”.

ACIDENTES COM AFASTAMENTO

Localização da lesão

40%

8%9%

25%

2%

16% MEMBRO SUPERIOR

CABEÇA

TRONCO

MEMBRO INFERIOR

APARELHO RESPIRATÓRIO

PARTES MÚLTIPLAS

ACIDENTES COM AFASTAMENTO

Localização da lesão

46%

17%

6%

25%

1% 5%

MEMBRO SUPERIOR

CABEÇA

TRONCO

MEMBRO INFERIOR

APARELHO RESPIRATÓRIO

PARTES MÚLTIPLAS

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148

Logotipo Campanha Justificativa/ orientação

Objetivo Formas de divulgação

Cuidado com as

mãos

Grande percentual de

acidentes ocorridos na

Unidade tem

conseqüência nas mãos.

Conscientizar a

força de trabalho

sobre os perigos de

lesão nas mãos.

• Treinamento para toda a força de trabalho. São utilizados vídeos e folder.

Quadro 11: Campanha: Cuidado com as mãos Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Através da análise dos indicadores reativos de acidentes na Unidade, verificou-se que

40% ocorreram nos membros superiores e que 19% destas lesões foram nas mãos. Esta

campanha contemplou treinamento para a força de trabalho, focando a prevenção para este

tipo de acidentes. O objetivo foi reduzir as ocorrências e conscientizar a força de trabalho

sobre os perigos de lesão nas mãos durante a realização das atividades.

4.2.4 Número de acidentes por função.

É muito expressivo relacionar os acidentes por função desempenhada. Assim, quando

analisados os relatórios de acidentes com afastamento em 2007, estes apontaram que 38% dos

acidentados pertencem às funções de ajudante, esmerilhador e soldador conforme ilustrado

abaixo. Porém, sabemos que estas são as funções que estão mais expostas ao risco – HHER

(Homem Hora Exposto ao Risco), o que evidentemente aumenta a possibilidade de destaque

nas estatísticas.

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Acidente com Afastamento por Função - Percentual

11%

7%

6% 6%

3% 3% 3% 3% 3% 3% 3%

1% 1% 1% 1% 1% 1% 1% 1% 1% 1%

20%

4%4%4%4%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

Ajudan

te

Esmer

ilhad

or

Soldad

or

Eletric

ista

Caldeire

iro

Mon

t. And

aimes

Encana

dor

Serve

nte

Mot

orist

a

Homem de

áre

a

Mec

ânico

Jatis

ta

Mar

inhe

iro

Pedre

iro

Op. M

áquinas

Opera

dor E

levad

or

Pintor

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ariqu

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Solda

Eng. C

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Técn. C

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Acoplad

or

Isola

dor

Oficial

de

Serviç

os

Aj. Sold

a

Lubr

ificad

or

Gráfico 8: Número de acidentes por função. Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

A análise desenvolvida nesta pesquisa sugere que identificar as funções com os

maiores índices de anomalias propicia resultados mais eficazes, uma vez que direciona as

ações de SMS focando especificamente em grupos de trabalhadores que virão a receber

orientações peculiares a suas atividades.

Logotipo Campanha Justificativa/ orientação

Objetivo Formas de divulgação

Segurança no uso de

esmerilhadeiras e

lixadeiras

Nas obras são observados

muitos desvios nessas

atividades.

Apoiar na

prevenção de

acidentes nas obras

da “Unidade X”

• Treinamento para os fiscais, supervisores e trabalhadores desta atividade (Sgurança no uso de Esmerilhadeira). Além da realização do DDSMS antes da realização dos serviços.

Quadro 12: Campanhas: Segurança no uso de esmerilhadeiras e lixadeiras Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Em 2007, cerca de 10% dos acidentes ocorreram em atividades com equipamentos

elétricos portáteis, principalmente lixadeiras e esmerilhadeiras, além disso, nas obras são

observados muitos desvios nessas atividades. Em decorrência, a gerência de SMS implantou

no canteiro de obras a campanha “Segurança no uso de esmerilhadeiras e lixadeiras”,

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4.3 DESVIOS TRATADOS X TAXAS DE FREQUÊNCIA DE ACIDENTES

Para esse momento do estudo foram utilizados os dados das Auditorias

Comportamentais realizadas no período correspondente aos anos de 2006, 2007 e 2008, com

análise mensal dos desvios e das taxas de frequência de acidentes, ponderando a contribuição

desta ferramenta para o desempenho de SMS da Unidade estudada.

A contraposição dos gráficos retoma a ponderação levantada anteriormente, em que, o

aumento no número de desvios observados e tratados influencia nos resultados dos acidentes

como um todo. Observe o comportamento das curvas das taxas de frequência de acidentes

projetadas na curva de desvios, no Gráfico 9.

Gráfico 9: Contraposição dos desvios, TFCA e TFSA na “Unidade X’ em 2006 e 2007 Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

As áreas 1, 2, 3 e 4 sombreadas do Gráfico 9 expressam os aspectos mais acentuados das

taxas de frequência de acidentes em relação aos desvios identificados e tratados.

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Na delimitação da Área 1 observa-se uma quantidade pouco expressiva de desvios se

comparado com a Área 2. Projetando essa curva para a TFCA e TFSA, verifica-se a relação

inversamente proporcional aos desvios. Pois, enquanto a quantidade de registros de desvios

apresentou valor tão expressivo, a TFCA e a TFSA foram reduzidas em 89% e 87,5%

respectivamente.

Analisando as projeções do ano de 2007, percebe-se as tendências do ano anterior, onde se

registrou aumento no número de desvios identificados e tratados na Unidade, tendo como

resultado uma redução de 56,2% na TFCA e na TFSA em 54,6%, além de ser mantida a tendência

de queda nestas taxas de acidentes.

Se estes dados forem analisados para os dois anos simultaneamente, os resultados são

ainda mais expressivos, pois nos anos de 2006 e 2007 temos que os registros de desvios passaram

de 5.608 para 64.992 casos, representando um aumento de 59.384 desvios observados e tratados,

tendo para o mesmo período redução na TFCA de 18,85 para 0,35 (98,1%) e a TFSA também

reduziu de 53,54 para 7,13 (86,7%).

Fazendo um estudo isolado para o ano de 2008, também foi constatado que nos períodos

em que os desvios sofreram tratamentos mais intensificados, as taxas de acidentes mostraram

queda, sendo claramente evidente nos primeiros meses, nos quais os números de desvios

observados e tratados eram menores e as taxas de acidentes com afastamento estavam elevadas,

diferente dos meses de junho, julho e agosto, quando os desvios observados e tratados eram

maiores e as taxas de acidentes com afastamento menores, conforme Gráfico 10.

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Gráfico 10: Contraposição da TFCA, TFSA e desvios

Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Referentes aos resultados das taxas de acidentes para o período de toda pesquisa (2006,

2007 e 2008), constatou-se que as taxas de acidentes dentro da Unidade estudada tiveram uma

queda acentuada, tendo no início 2006 a TFCA em 18,85, sendo reduzida para 0,28 no final de

2008, havendo uma redução nesta taxa de acidente com afastamento em 98,5% em um período de

3 anos. Fazendo a mesma análise para a TFSA, que em 2006 era de 53,54, foi reduzido para 5,23

no final de 2008, com uma redução de 90,2%.

TFSA

6,29

4,42 4,23 4,26 4,243,87 3,96

4,44,89

5,2 5,13 5,23

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

TFSA

TFCA

0,520,59 0,6

0,46

0,360,3

0,250,21

0,25 0,27 0,3 0,28

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

TFCA

2356 2376

3329

2947

3621

4087

5270 5246

4304 41954504

5068

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Desvios

DE

SVIO

T

FSA

T

FC

A

ÁREA 6 ÁREA 5

Ano de 2008

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Gráfico 11: Taxas de acidentes na “Unidade X” em 2006, 2007 e 2008. Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

Todos esses resultados expressam que o processo de melhoria contínua na “Unidade X”

tem sido incrementado a cada ano na medida em que são projetadas metas cada vez mais

restritivas em relação às taxas de acidentes registradas. Perfazendo um breve histórico dessas

projeções (Gráfico 11), verifica-se que os resultados obtidos têm correspondido às expectativas

dos gestores uma vez que, as taxas de acidentes a partir do final de 2006 tiveram o primeiro sinal

de conformidade com a meta estabelecida, tendo uma redução acentuada nas taxas de acidentes

seja com afastamento ou sem afastamento, salientando que no decorrer dos outros anos esta queda

é continuada e permanece perene no decorrer de 2008.

Taxa de Acidente Com Afastamento - TFCA 2006 2007 e 2008

18

,85

9,5

4

7,8

5

6,9

5

6,4

2

5,9

6

4,6

8

3,6

4

2

1,3

0,9 1,0

5

1,0

5

0,6

4

0,4 0,5

4

0,8

0,7

7

0,5

9

0,5

6

0,4

6

0,3

9

0,3

3

0,3

5

0,5

2

0,5

9

0,6

0,4

6

0,3

6

0,3

0,2

5

0,2

1

0,2

5

0,2

7

0,3

0,2

8

Meses

Taxa de Acidentes Sem Afastamento - TFSA 2006 2007 e 2008

53,5

4

33,3

8

35,3

1

38,2

1

35,0

3

32,7

6

25,7

3

20

11,0

1

7,1

3

5,4

1

4,1

8 8,4

9

8,3

4

8,8

6 13,1

9

15,7

2

14,6

2

12,9

5

11,8

9,7

4

8,5

8

7,5

3

7,1

3

6,2

9

4,4

2

4,2

3

4,2

6

4,2

4

3,8

7

3,9

6

4,4 4,8

9

5,2

5,1

3

5,2

3

Meses

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Gráfico 12: Taxas de frequência de acidentes x metas traçadas no decorrer dos anos. Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

No ano de 2006, a meta fixada para a TFSA na Unidade era 15. Neste mesmo ano, o

maior valor atingido foi 53,54, resultado bem distante do esperado. O mesmo ano encerrou

com um valor de 4,18, já apresentando uma diminuição expressiva na TFSA e abaixo da meta

estabelecida. Fazendo a mesma análise para a TFCA, a meta do ano era 0,90 sendo 17,95 o

maior valor atingido pela Unidade. Em contrapartida seu menor índice ficou em 0,90

encerrando o ano dentro da meta estabelecida.

Em 2007, a meta estipulada para a TFSA era 10. Seu maior valor foi 15,72 e o menor

7,13, sendo atingida a meta em sete meses no decorrer deste ano. Para a TFCA a meta era

0,70 e na Unidade ficou entre 0,90 e 0,40, estando dentro da meta dez meses durante 2007.

Referente ao ano de 2008, a meta da TFSA era 8,0 e sua conformidade com SMS

ocorreu durante todo ano (maior 6,29 e menor 3,87), o mesmo aconteceu com a TFCA, onde a

meta estipulada era 0,65, ficando (maior 0,6 e menor 0,21), evidenciando um sistema de

gestão eficaz e condizente com as expectativas oriundas das ações adotadas na Unidade.

53,54

33,38 35,31 38,21 35,03 32,7925,73

20

11,017,13 5,41 4,18

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meta TFSA

8,49 8,34 8,86

13,1915,72 14,62

12,95 11,89,74 8,58 7,53 7,13

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meta TFSA

6,29

4,42 4,23 4,26 4,24 3,87 3,96 4,4 4,89 5,2 5,13 5,23

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meta TFSA

18,85

9,547,85 6,95 6,24 5,96

4,68 3,642 1,3 0,9 1,05

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meta TFCA

0

0,64

0,40,54

0,8 0,77

0,59 0,560,46

0,39 0,33 0,35

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meta TFCA

0,520,59 0,6

0,460,36

0,30,25 0,21 0,25 0,27 0,3 0,28

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Meta TFCA

TFSA TFCA 20

06

2007

20

08

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Tabela 2: Metas projetadas x taxas realizadas Fonte: Banco de dados da “Unidade X”, adaptado pelo Autor.

A Tabela 2, alinhada com os resultados expressos no Gráfico 12, foi disposta para facilitar

a visualização da redução das taxas de acidentes com afastamento e das taxas de acidentes sem

afastamento na Unidade, referente aos anos 2006, 2007 e 2008 que correspondem ao período da

pesquisa.

Apesar de se constatar uma acentuada queda no número de acidentes (Gráfico 11), é

importante apresentar algumas ponderações observadas durante o estudo:

• É evidente que a ferramenta Auditoria Comportamental foi favorável para a redução dos

acidentes na Unidade. Porém, os acidentes não foram eliminados em sua totalidade,

revelando que existem oportunidades para futuras pesquisas sobre o assunto;

• É importante demonstrar aos trabalhadores que a ferramenta Auditoria Comportamental

não tem objetivo de procurar culpados ou penalizá-los;

• Trata-se de uma ferramenta de prevenção que serve para auxiliar na gestão de SMS. Caso

o empregado não compreenda claramente os objetivos da Auditoria Comportamental ela

poderá ser vista como um instrumento de repressão comprometendo a reflexão dos valores

disseminados pela ferramenta através das abordagens do auditor em campo e o

desenvolvimento da cultura da segurança;

• As diferenças (formação, cultura, experiência etc.) entre os trabalhadores na Unidade é

mais um desafio a ser superado no trabalho de desenvolvimento da cultura em SMS;

• O envolvimento e comprometimento dos trabalhadores e da alta liderança são essenciais

para a eficácia da ferramenta;

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• Outro fator relevante observado foi à alta rotatividade de funcionários existente neste

setor. Pois, conforme já explicado, a maioria da força de trabalho se trata de empregados

contratados, o que dificulta o processo de desenvolvimento de cultura de segurança em

curso.

Contudo, mesmo com algumas considerações, foi observado, após o trabalho de

campo, que a ferramenta Auditoria Comportamental se mostrou eficaz para a redução no

número de acidentes de trabalho na “Unidade X”, conforme abordado nas conclusões a seguir.

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157

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir de todos os dados estudados nessa pesquisa, a redução do número de

acidentes na “Unidade X” é uma realidade. O desempenho explicitado através das análises

indica que a tendência dessas reduções – que se mantêm constantes, ao longo do período – é

resultado de um diagnóstico eficaz das informações obtidas, bem como das decisões e ações

implementadas.

Enquanto os dados estatísticos das atividades voltadas para a área da construção civil

no Brasil apontam para a deterioração das condições de trabalho, conforme abordado no

Capítulo 1, o caso estudado revela outra face dessa realidade. Tal prerrogativa fornece

subsídios para enfatizar a importância da atuação nos desvios para mitigação de anomalias

decorrentes das atividades laborais.

Com isso, essa dissertação mostra que o tratamento sistêmico dos desvios na base da

pirâmide colabora para a redução no número de acidentes, salientando que quanto mais

desvios identificados e tratados, menor a probabilidade de ocorrência de anomalias.

Entretanto, é necessário que esta atuação seja cotidiana, pois a maioria dos acidentes tem

origem nos atos simples e nas condições inseguras, e a dinâmica de uma obra propicia este

cenário de risco. Os resultados analisados confirmam, portanto, a comprovação teórica da

linha defendida por Heinrich e Bird, que em suas pesquisas argumentam que a atuação

sistêmica sobre os desvios na base piramidal influencia diretamente nos resultados das

camadas superiores de sua estrutura, com a redução da probabilidade da ocorrência de

acidentes, conforme ilustrado na Revisão de Literatura e no trabalho de campo.

A partir deste entendimento torna-se claro que para atingir a excelência em SMS é

necessário atuar também na cultura dos empregados, de forma a conscientizá-los,

comprometê-los com o processo, melhorar o controle dos riscos e motivar a prevenção. Não

basta um belo discurso e boas intenções, é necessário estabelecer objetivos, estratégias, ações

e formas de avaliar e monitorar o desempenho das iniciativas.

A Unidade em estudo mostra interesse crescente na implementação de uma cultura de

segurança como parte integrante do sistema de gestão. No entanto, implementar cultura de

segurança não é algo que se impõe por vontade da alta administração. Na verdade, é um

processo gradativo, resultado de ações sistemáticas, pré-definidas e participativas, visando

modificar e direcionar valores, hábitos e atitudes dos colaboradores em todos os níveis

hierárquicos. Assim, sabe-se que nos tempos atuais, para a obtenção de um trabalho eficaz em

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158

gestão de SMS, é necessário integrar toda a organização num esforço conjunto, objetivando a

proteção ao empregado, resguardando sua saúde e sua vida além de assegurar a

competitividade das empresas no mercado através do fortalecimento de sua imagem como

empresa socialmente responsável.

Cada pessoa é diferente das outras, com seus hábitos, valores, capacidades, aspirações,

personalidade etc. e é necessário considerar a história individual do trabalhador, sua estrutura

familiar, os aspectos sócio-culturais, econômicos, políticos etc. Nessa linha, deve-se

considerar que o ser humano é um elemento sempre presente na organização, não importa se

de forma direta ou indireta. Além disso, a alteração da cultura de segurança significa

modificar valores, crenças e uma série de outras variáveis, pois a mudança na forma de pensar

e de agir dos trabalhadores reflete-se consequentemente em seu comportamento. Logo, uma

mudança de tal porte, para ser processada, necessita de ações estruturadas, bem planejadas e

implementadas ao lado de um período de tempo razoavelmente longo, além do aporte de

recursos profissionais qualificados para tal fim. De outra forma, não adianta ter um sistema de

gestão certificado se a organização não possui colaboradores motivados e convencidos de que

suas atitudes são fundamentais para transformar e manter um ambiente onde valores de SMS

façam parte do pensamento organizacional.

Outro fato a se considerar é que as organizações devem buscar conhecer o nível em

que se encontra a percepção de risco dos seus trabalhadores. Essa recomendação procede

porque a percepção de risco é mais um elemento importante para a compreensão dos aspectos

relacionados à prevenção dos acidentes do trabalho. Além disso, os diferentes níveis de

formação dos empregados da construção civil são mais um desafio a ser superado no trabalho

do desenvolvimento da cultura em SMS, além da alta rotatividade de funcionários existente

neste setor.

Esse estudo também mostrou que os dados de indicadores reativos nas organizações

não devem ser desprezados, uma vez que estes norteiam atuações mais pontuais em relação

aos problemas e suas especificidades. Constatou-se também que a utilização adequada destes

dados tende a propiciar a diminuição dos acidentes, favorecendo ações preventivas dentro do

processo de gestão de SMS.

Assim, a partir dos aspectos estudados neste trabalho, se reforça a necessidade de que

a segurança do trabalho está ligada, de modo consistente, a todos os aspectos do trabalho,

especialmente àqueles referentes à produtividade, qualidade, lucratividade e eficiência. Dessa

forma, segurança no trabalho abrange um conceito mais amplo que necessita ir além do uso

de equipamentos de proteção individual (EPI). Segurança no trabalho deve ser um valor que

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os empregados incorporem em qualquer atividade, apesar das urgências ou exigências de

tarefas.

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ANEXO 1 – DIRETRIZES CORPORATIVAS DE SMS

Nº DIRETRIZ CONCEITO REQUISITOS

1 Liderança e

Responsabilidade

A “Empresa X”, ao

integrar segurança, meio

ambiente e saúde à sua

estratégia empresarial,

reafirma o compromisso

de todos seus empregados

e contratados com a busca

de excelência nessas

áreas.

• Difusão e promoção, em todos os níveis, da política corporativa de SMS, seus valores e metas. • Exercício da liderança pelo exemplo, de modo a assegurar o máximo comprometimento da força de trabalho com o desempenho em SMS. • Responsabilização de cada unidade pelo seu desempenho em SMS, o que será avaliado por meio de indicadores e metas. • Definição clara, em cada unidade, das atribuições e responsabilidades relacionadas ao desempenho em SMS. • Integração, em cada unidade, do desempenho em SMS às suas metas de produção e rentabilidade. • Acompanhamento e avaliação do desempenho em SMS das empresas contratadas. • Difusão de valores que promovam a qualidade de vida da força de trabalho dentro e fora da empresa.

2 Conformidade

Legal

As atividades da empresa

devem estar em

conformidade com a

legislação vigente nas

áreas de segurança, meio

ambiente e saúde

• Verificação permanente do atendimento à legislação e adoção, quando necessário, de medidas destinadas à pronta correção de eventuais não-conformidades. • Acompanhamento das mudanças que venham a ocorrer na legislação relacionada a SMS de modo a promover a adequação das atividades da empresa, bem como permitir a identificação de novos cenários. • Atendimento aos preceitos legais e regulamentares durante todo o ciclo de vida das instalações e operações da empresa, bem como verificação de seu cumprimento por parte de contratados, fornecedores e parceiros. • Manutenção de uma política de cordialidade e colaboração com os órgãos competentes.

3 Avaliação e

Gestão de Riscos

Riscos inerentes às

atividades da empresa

devem ser identificados,

avaliados e gerenciados

de modo a evitar a

ocorrência de acidentes

e/ou assegurar a

minimização de seus

efeitos

• Implementação de mecanismos que permitam, de forma sistemática, identificar e avaliar a frequência e as consequências de eventos indesejáveis, visando a sua prevenção e/ou máxima redução de seus efeitos. • Implementação de mecanismos para priorização dos riscos identificados, bem como a documentação, a comunicação e o acompanhamento das medidas adotadas para controlá-los. • Incorporação de processos de avaliação de risco a todas as fases dos empreendimentos e produtos, incluindo os relacionados à proteção da força de trabalho, comunidades vizinhas e consumidor final. • Realização de avaliações de risco periódicas ou à medida que se identifiquem mudanças nos processos. • Implementação de gestão de riscos de acordo com sua natureza e magnitude, nos diversos níveis administrativos.

4 Novos

Empreendimentos

Os novos

empreendimentos devem

estar em conformidade

com a legislação e

• Adoção de práticas e tecnologias que assegurem aos novos empreendimentos padrões de excelência ao longo de todo seu ciclo de vida, desde sua concepção, projeto, construção e pré-operação até sua eventual desativação. • Implementação de mecanismos que assegurem a

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Nº DIRETRIZ CONCEITO REQUISITOS

incorporar, em todo o seu

ciclo de vida, as melhores

práticas de segurança,

meio ambiente e saúde.

conformidade dos novos empreendimentos com as especificações de seus projetos e recomendações das avaliações de risco. • Análise, aprovação e documentação de eventuais mudanças nos projetos originais e verificação de suas implicações relacionadas a SMS. • Consideração, em cada novo empreendimento, dos impactos sociais, econômicos e ambientais decorrentes de sua implantação. • Incentivo à implantação de projetos que incorporem o conceito de sustentabilidade, a utilização de mecanismos de desenvolvimento limpo e a otimização do uso de insumos como água, energia e materiais.

5 Operação e

Manutenção

As operações da empresa

devem ser executadas de

acordo com

procedimentos

estabelecidos e utilizando

instalações e

equipamentos adequados,

inspecionados e em

condições de assegurar o

atendimento às exigências

de segurança, meio

ambiente e saúde.

• Adoção de práticas operacionais seguras, que preservem a saúde da força de trabalho e reduzam ao máximo os riscos de acidentes. • Verificação e atualização sistemáticas de todos os procedimentos operacionais, observadas as recomendações provenientes das avaliações de risco. • Implementação de mecanismos que permitam, com a máxima rapidez, a identificação, caracterização e correção dos casos de não-conformidade com os procedimentos estabelecidos. • Execução das atividades de inspeção e manutenção de acordo com os procedimentos estabelecidos, de modo a manter o controle sobre seus riscos. • Execução de programas específicos de inspeção, teste e manutenção associados a sistemas de segurança, integridade e proteção das instalações, de modo a assegurar sua confiabilidade. • Identificação, análise e monitoramento de impactos causados pelas atividades da empresa à saúde e ao meio ambiente, buscando a contínua redução de seus efeitos. • Implementação de mecanismos que preservem a saúde da força de trabalho, buscando assegurar-lhe, sempre que necessário, diagnóstico precoce, atendimento imediato, interrupção de exposição, limitação de dano e reabilitação.

6 Gestão de

Mudanças

Mudanças, temporárias ou

permanentes, devem ser

avaliadas visando a

eliminação e/ou

minimização de riscos

decorrentes de sua

implantação.

• Implementação de mecanismos que permitam avaliar e controlar riscos inerentes a mudanças, desde a fase de planejamento até sua efetiva incorporação ao processo. • Formalização dos processos de mudança por meio de descrição, avaliação e documentação, bem como de sua necessária divulgação. • Garantia de que as mudanças atendam às exigências legais e aos procedimentos estabelecidos, bem como preservem a integridade da força de trabalho, das instalações e a continuidade das operações. • Identificação de novas necessidades eventualmente decorrentes das mudanças, como capacitação da força de trabalho, intensificação de treinamentos e revisão de procedimentos e planos de contingência.

7 Aquisição de Bens

e Serviços

O desempenho em

segurança, meio ambiente

• Inclusão, no processo de contratação, de exigências específicas de SMS, bem como verificação de seu cumprimento durante todas as etapas das atividades a

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Nº DIRETRIZ CONCEITO REQUISITOS

e saúde de contratados,

fornecedores e parceiros

deve ser compatível com

o do sistema da “Empresa

X”.

serem desenvolvidas. • Garantia de que materiais e produtos a serem adquiridos atendam às exigências estabelecidas de SMS. • Avaliação de desempenho em SMS de contratados de acordo com critérios claramente definidos nos respectivos contratos. • Acompanhamento das empresas contratadas no que se refere a seu desempenho em SMS, tomando as medidas necessárias para a correção de eventuais não conformidades. • Implementação de medidas visando estimular a adoção, pelas empresas contratadas e parceiros, das melhores práticas em SMS. • Integração do desempenho de contratados no conjunto de indicadores de SMS de cada unidade.

8 Capacitação,

Educação e

Conscientização

Capacitação, educação e

conscientização devem

ser continuamente

promovidas de modo a

reforçar o

comprometimento da

força de trabalho com o

desempenho em

Segurança, meio ambiente

e saúde.

• Comprometimento explícito da gerência com a política e valores de SMS, de modo a sensibilizar a força de trabalho para seu cumprimento. • Levantamento de necessidades e implementação, em todos os níveis, de programas de capacitação, educação e conscientização em SMS. • Implementação de programas que estimulem a adoção de comportamentos seguros, saudáveis e de respeito ao meio ambiente, dentro e fora da empresa. • Avaliação periódica da capacitação da força de trabalho com relação às exigências de SMS. • Implementação de mecanismos que promovam a melhoria constante da capacitação da força de trabalho.

9 Gestão de

Informações

Informações e

conhecimentos

relacionados a segurança,

meio ambiente e saúde

devem ser precisos,

atualizados e

documentados, de modo a

facilitar sua consulta e

utilização.

• Implementação de mecanismos que garantam o registro, atualização, armazenamento e recuperação de informações relacionadas a SMS, bem como de mecanismos que estimulem a participação da força de trabalho nesse processo. • Garantia de que esse sistema contemple, entre outros, os seguintes aspectos: o Política, valores, objetivos e programas de SMS; o Legislação vigente e ações decorrentes de auditorias; o Indicadores de desempenho; o Informações coletivas de saúde e exposiçãoocupacional; o Avaliação e gestão de riscos; o Planos de contingência; o Investimentos realizados e seus benefícios. • Observância do princípio de confidencialidade, de modo a preservar informações estratégicas da empresa e de natureza pessoal envolvendo a força de trabalho. • Implementação de mecanismos que garantam a difusão de novas práticas e melhorias de desempenho em SMS. • Implementação de mecanismos que considerem opiniões, sugestões e dúvidas de terceiros e/ou partes interessadas, prestando, quando necessário, os devidos

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170

Nº DIRETRIZ CONCEITO REQUISITOS

esclarecimentos. 10 Comunicação As informações relativas

a segurança, meio

ambiente e saúde devem

ser comunicadas com

clareza, objetividade e

rapidez, de modo a

produzir os efeitos

desejados.

• Manutenção de canais permanentes de comunicação com os órgãos reguladores e demais partes interessadas, bem como com os veículos de comunicação. • Manutenção de canais permanentes de comunicação com a força de trabalho e comunidades vizinhas, de modo a mantê-las informadas sobre os riscos decorrentes das atividades da empresa, bem como das medidas adotadas para sua redução. • Garantia de que denúncias, reclamações e sugestões relacionadas a SMS sejam registradas, analisadas e esclarecidas. • Observância dos princípios de hierarquia e competência no que se refere à divulgação de informações que possam representar risco para qualquer atividade da empresa. • Apresentação periódica no Relatório Anual e em outros meios de comunicação de informações consolidadas sobre o desempenho em SMS.

11 Contingência As situações de

emergência devem estar

previstas e ser enfrentadas

com rapidez e eficácia

visando a máxima

redução de seus efeitos.

• Garantia de que os planos de contingência de cada unidade estejam avaliados, revisados e atualizados, bem como integrados aos planos de contingência regionais e corporativo da empresa. • Desenvolvimento de programas de esclarecimento e treinamento junto às comunidades potencialmente expostas a riscos, visando sua incorporação aos planos de contingência. • Adequação dos planos de contingência às variações de risco eventualmente identificadas. • Consideração, nos planos de contingência, dos impactos sociais, econômicos e ambientais decorrentes de possíveis acidentes. • Implementação de mecanismos que assegurem a atualização, divulgação e pronto acesso aos planos de contingência por parte da força de trabalho, órgãos governamentais e não governamentais, comunidades e demais partes interessadas. • Realização periódica de treinamentos e exercícios simulados com a participação de todos os envolvidos e posterior avaliação dos resultados.

12 Relacionamento

com a

Comunidade

A empresa deve zelar pela

segurança das

comunidades onde atua,

bem como mantê-las

informadas sobre

impactos e/ou riscos

eventualmente

decorrentes de suas

atividades.

• Avaliação dos eventuais impactos que as atividades da empresa possam causar às comunidades, tanto do ponto de vista de SMS como social e econômico, de modo a evitá-los ou reduzir ao máximo seus efeitos indesejáveis. • Garantia de que essa avaliação acompanhe todo o ciclo de vida das atividades. • Manutenção de canais de comunicação com as comunidades vizinhas de modo a mantê-las informadas sobre planos de contingência, considerando, nesse processo, opiniões, sugestões e preocupações por elas manifestadas. • Implementação de programas de esclarecimento e treinamento junto às comunidades potencialmente expostas a riscos, de modo a estimular seu comprometimento com as medidas de prevenção e contingência.

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171

Nº DIRETRIZ CONCEITO REQUISITOS

• Implementação de programas de saúde e educação ambiental junto às comunidades vizinhas, bem como de ações que promovam seu desenvolvimento sustentável.

13 Análise de

Acidentes e

Incidentes

Os acidentes e incidentes,

decorrentes das atividades

da empresa devem ser

analisados, investigados e

documentados de modo a

evitar sua repetição e/ou

assegurar a minimização

de seus efeitos

• Implementação de procedimentos que permitam a identificação, registro e análise das causas dos acidentes e a quantificação das perdas. • Implementação de procedimentos que permitam a identificação e tratamento de não-conformidades eventualmente capazes de causar acidentes. • Obrigatoriedade de comunicação imediata de acidentes e de pronta atuação sobre suas consequências. • Obrigatoriedade do registro de acidentes no respectivo indicador de desempenho. • Incorporação às atividades da empresa das lições extraídas dos acidentes visando à melhoria constante dos sistemas de prevenção. • Acompanhamento das medidas corretivas e/ou preventivas adotadas, de modo a se certificar de sua eficácia. • Garantia de que, em acidentes graves, a investigação tenha participação externa à da unidade onde ocorreu e da área corporativa de SMS.

14 Gestão de

Produtos

A empresa deve zelar

pelos aspectos de

segurança, meio ambiente

e saúde de seus produtos

desde sua origem até a

destinação final, bem

como empenhar-se na

constante redução dos

impactos que

eventualmente possam

causar.

• Incorporação a todos os produtos da empresa de valores relacionados a SMS, desde a escolha de materiais, produção, embalagem e transporte até seu destino final. • Fornecimento de informações adequadas e atualizadas sobre esses produtos, de forma a permitir sua utilização segura e/ou redução de eventuais riscos. • Atribuição de prioridade ao desenvolvimento de produtos que atendam da melhor forma às exigências de SMS.

15 Processo de

Melhoria

Contínua

A melhoria contínua do

desempenho em

segurança, meio ambiente

e saúde deve ser

promovida em todos os

níveis da empresa, de

modo a assegurar seu

avanço nessas áreas.

• Atualização periódica da política, diretrizes e metas de SMS de modo a manter sua conformidade com o Plano Estratégico da empresa. • Implementação de programa corporativo de avaliação da gestão de SMS visando seu constante aperfeiçoamento. • Implementação de planos de ação, com base nos resultados dessas avaliações, visando a prevenção e/ou correção de eventuais desvios. • Aderência às normas internacionais de certificação em SMS e suas respectivas atualizações.

Fonte: http://www2.petrobras.com.br/meio_ambiente/portugues/diretrizes/index.htm

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172

ANEXO 2 – MODELO DE CARTÃO DE AUDITORIA COMPORTAMENTAL.

FRENTE DO CARTÃO

As Categorias e Subcategorias devem ser mantidas para todo o Sistema da “Empresa X”.

Fonte: Banco de dados da “Unidade X”

Observações

Descrição dos Desvios Comportamentais Ação / Recomendação (Opcional)

Reconhecimento de Trabalho Seguro

Condição Insegura

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VERSO DO CARTÃO

Estes campos podem ser alterados de acordo com a necessidade do usuário. Embora opcional,

a entrada da descrição dos desvios ajuda na análise crítica pelo grupo de SMS ou pelo

responsável da área auditada.

Fonte: Banco de dados da “Unidade X”

Observações

Descrição dos Desvios Comportamentais Ação / Recomendação (Opcional)

Reconhecimento de Trabalho Seguro

Condição Insegura

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