jornal martim-pescador 141

8
MAIO/JUNHO 2016 Número 141 Ano XII Tiragem 3.000 exemplares www. jornalmartimpescador.com.br Irene Quirino (esq.),ao lado de sua neta Dani e a nora Lili, em Ilha Diana-Santos, ensina sua receita de marisco lambe-lambe. Pág. 6 O Coletivo Percutindo Mundos apresentou o espetáculo “A mulher que voava com os peixes” no Museu de Pesca de Santos em maio. Pág.3 Pescadores artesanais estiveram presentes para discutir a legislação da rede de emalhe na reuniâo da APA Marinha Litoral Centro. Pág.2 Capitão do gelo Capitão do gelo O capitão uruguaio Eduardo Delfin fala sobre a pesca na Antártida. Pág. 8 A dançarina Célia Faustino

Upload: isabela-carrari

Post on 02-Aug-2016

236 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

JORNAL MARTIM-PESCADOR 141 Maio/Junho 2016 - Número 141 - Ano XII - Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo.

TRANSCRIPT

www.jornalmartimpescador.com.br

MAIO/JUNHO 2016Número 141

Ano XII

Tiragem 3.000exemplares

www. jornalmartimpescador.com.br

Irene Quirino (esq.),ao lado de sua neta Dani e a nora Lili, em Ilha Diana-Santos, ensina sua receita de marisco lambe-lambe. Pág. 6

O Coletivo Percutindo Mundos apresentou o espetáculo “A mulher que voava com os peixes” no Museu de Pesca de Santos em maio. Pág.3

Pescadores artesanais estiveram presentes para discutir a legislação da rede de emalhe na reuniâo da APA Marinha Litoral Centro. Pág.2

Capitão do geloCapitão do gelo

O capitão uruguaio Eduardo Delfin falasobre a pesca na Antártida. Pág. 8

A dançarina Célia Faustino

Maio/Junho 20162

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral: Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

DefesosCamarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis, F. brasiliensis e F. subtilis),

sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri), branco (Litopenaeus schmitti), santana ou vermelho (Pleoticus muelleri) e barba-ruça (Artemesia longinaris)

01/03/16 a 31/05/16Lagosta vermelha (Panulirus argus) e lagosta verde (P. laevicauda)

01/12/15 a 31/05/16Sardinha (Sardinella brasiliensis) 15/06/16 a 31/07/16 e 1/11/16 a 15/02/16

(tamanho mínimo de captura 17 cm)

MoratóriasCherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2015 a 6/10/2023

(Portaria Interministerial no 14)Mero (Epinephelus itajara) 06/10/15 a 06/10/23

(Portaria Interministerial no 13)Tubarão-raposa (Alopias superciliosus)- tempo indeterminado

Tubarão galha-branca (Carcharinus longimanus)-tempo indeterminadoRaia manta (família Mobulidae) - tempo indeterminado

Marlim-azul ou agulhão-negro (Makaira nigricans)- comercialização proibidaMarlim-branco ou agulhão-branco (Tetrapturus albidus) –

comercialização proibidaSaiba mais sobre a legislação de pesca em:

www.jornalmartimpescador.com.br (legislação)

APA Marinha discute pesca de emalhe

A regulamentação da pes-ca de emalhe foi discutida na 11a reunião extraordinária do Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro-APA-MLC dia 3 de maio. Pescado-res artesanais de Santos, São Vicente, Bertioga, Guarujá, Praia Grande e Peruíbe estive-ram presentes para participar dos debates. A discussão têm o intuito de estabelecer re-gulamentação regionalizada para a atividade.

A gestora da APAMLC, Ana Garcia, explicou que a regulamentação da pesca de emalhe foi discutida em 22 reuniões que tiveram início em 25 de outubro de 2011. Nesses encontros, pesquisa-dores do Instituto de Pesca, IBAMA, Projeto Tamar, Pro-jeto Biopesca e Universida-de Santa Cecília e UNESP CLP realizaram apresentações específicas sobre o emalhe abordando temas como a operacionalização, petrecho e impactos da pesca de emalhe.No decorrer das reuniões, foi publicada a Instrução Norma-tiva Interministerial nº12, de 22/08/2012, que dispõe sobre critérios e padrões para o or-denamento da pesca praticada com o emprego de redes de emalhe nas águas jurisdicio-nais brasileiras das regiões Sudeste e Sul. Em seu pará-grafo 6º foi proibida a pesca de emalhe com embarcações motorizadas a partir da distân-cia de 1 milha náutica a partir da costa. Considerando-se que na INI nº 12 há possibilidade de discutir regionalmente a regulamentação de ema-lhe, a APAMLC continuou a discussão propondo definir distâncias a partir de costões rochosos, praias arenosas e desembocaduras de rios para colocação das redes de emalhe que permitiria a

Filho de peixe, peixinho é. O menino José Luiz, 6 anos,

acompanha o pai, o pescador Júnior Mendes, na reunião da APAMLC, e fica atento ao jogo

de video game de pescaria. Vai treinando, José Luiz!

continuidade da atividade por pescadores artesanais e ainda garantiria a proteção dessas áreas sensíveis e importantes para a fauna marinha. Após várias reuniões da CT Pesca, foi elaborada uma minuta de regulamentação com as distâncias sugeridas e ainda devido a pleito da Colônia de Pescadores de Peruíbe, foram sugeridas distâncias

diferenciadas para esse muni-cípio das outras cidades. Isto devido à existência de várias unidades de conservação de proteção integral no municí-pio, além de proibição de 800 metros para arrasto motori-zado das praias pelo Zonea-mento Ecológico-Econômico da Baixada Santista, medidas que já restringem a pesca em vários locais. Ao final da

reunião do Conselho Gestor foi aprovada a distância de proibição de pesca até 500 metros de distância da linha de praias arenosas, 250 metros de costões rochosos, e 1 milha náutica (1852 metros) das desembocaduras de rios, em direção ao mar e 1000 (mil) metros nas margens adjacen-tes. Estas são as sugestões para serem adotadas na Área de Proteção Ambiental Mari-nha do Litoral Centro (que vai de Bertioga a Peruíbe), exceto na região de Peruíbe que terá outras especificações. A seguir será feito um laudo técnico na Câmara Temática de Pesca-CT Pesca, que será encaminhado para o Ministério do Meio Ambiente-MMA e para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento--MAPA, que irão avaliar a viabilidade de uma regula-mentação diferente da editada pela INI nº 12 do MPA/MMA no Litoral Centro. A gestora ressaltou que a proposta de regulamentação para o ema-lhe na APAMLC depende da análise do MMA e MAPA, e isso poderá demorar bastante tempo, portanto enquanto isso a INI nº 12 está vigente e deve ser cumprida pelos pescadores. A primeira discussão sobre o assunto na CT Pesca aconte-ceu dia 31 de maio. Segundo a gestora Ana Garcia, o laudo técnico é muito importante para embasar a solicitação de regu-lamentação diferenciada para a APAMLC. Inclusive a INIº 12 prevê que a regulamentação possa ser discutida regional-mente. Depois que o laudo for realizado, será enviado para aprovação no conselho gestor e depois vai para Se-cretaria de Pesca inserida no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimente--MAPA.

O pesquisador Roberto da Graça Lopes coordena a reunião da CT Pesca da APAMLC

Edson Claudio, Tsuneo Okida e Bolivar Barbanti presentes à reunião da APAMLC

A gestora Ana Garcia coordena a reunião do conselho gestor da Apa Marinha Litoral Centro

Maio/Junho 2016 3

Dança no Museu de Pesca

Trilhas, canoagem, visi-tas a comunidades caiçaras, tudo isso é tema para agra-dáveis passeios organizados pela Caiçara Expedições--Agência de Viagens e Tu-

rismo. Alguns dos passeios programados incluem a Tri-lha da Ruína em Santos, explorando a Mata Atlântica, dia 12 de junho.

Uma caminhada pela

Estrada Velha de Santos (Caminhos do Mar, São Bernardo e Cubatão) está programada no dia 28 de agosto.

Para conhecer mais so-

bre os roteiros, acesse: www.blogcaicara.com/ www.caica-raexpedicoes.com/ [email protected]/ Fa-cebook: caicaraexpedicoes.fanpage/ tel: 13 3466.6905.

O Coletivo Percutindo Mundos apresentou o espetá-culo de dança “A mulher que voava com os peixes” dia 21 de maio no Museu de Pesca de Santos. Participaram Márcio Barreto, Célia Faustino e Fer-

nando Ramos. “A mulher que voava com os peixes é uma in-vestigação sobre a identidade cultural caiçara, onde atração e repulsa, corpo e projeção, degradação e poética, espaço e movimento se mesclam para

a criação de um mito moderno representado por estados que transitam entre o ir e o ficar, o habitar e o não-habitar, a identidade e a não-identidade”, afirma Barreto. “A partir do mito da ´terra sem males´ - de

origem guarani, a pesquisa traça um paralelo entre a busca da felicidade, seus caminhos bifurcantes e o embate entre realidade e sonho, memória e desmemoria”, acrescenta o artista.

Neste mês de comemo-ração a São Pedro, padroeiro dos pescadores, vamos falar desta classe tão tradicional de trabalhadores do mar.

Populações caiçaras são comunidades de pescado-res artesanais localizadas no litoral dos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, cujos mem-bros tiram desta atividade a sobrevivência da família. Esta comunidade surgiu da miscigenação entre índios, europeus e negros e desen-volveu uma cultura particu-lar e pratica regularmente as atividades de pesca. Segun-do a FAO a pesca artesanal é uma pesca tradicional que envolve trabalho familiar como forma de subsistência ou comercialmente orienta-da, utilizando relativamente pouco capital e energia, e que emprega ou não, em-barcações pequenas para viagens curtas e próximas à costa.

São pescadores artesa-nais, o mariscador, o caran-guejeiro, o catador de algas e o pescador que utiliza canoas, barcos ou jangadas para a captura de peixes e camarões, fazendo uso de técnicas de rendimento relativo e sua produção é destinada ao mercado. No Brasil a pesca artesanal surgiu devido à falência econômica do café e açúcar, porém é considerada uma

das atividades mais antigas da terra.

A variação no uso de aparelhos está relacionada com o tipo de ambiente explorado e as espécies--alvo, sendo a rede de espera uma das mais utilizada. Existindo outras técnicas: tais como, vara, picaré, tarrafa, linhada, zangare-lho e arrasto de camarão. Dessa forma, o zangarelho é utilizado para a captura da lula, o arrasto de fundo para algumas espécies de camarão. O picaré para a tainha, betara e a corvina, a tarrafa na captura dos peixes enquanto que as tar-rafas de malhagem pequena são utilizadas na captura de camarões. As espécies mais comuns pescadas pelos pescadores artesanais são: pescadas, bagres, espadas, corvinas, robalos e pampos.

Nesta atividade, comu-mente os conhecimentos são passados de pais para filhos que transmitem a importância da conserva-ção e do desenvolvimento sustentável para as presentes e futuras gerações. Porém é de fundamental importância a necessidade de um plano de manejo e conservação dos recursos naturais, para que se torne sustentável a pesca e a permanência das comunidades e que promova a valorização do pescador tradicional.

Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo

A tradição da pesca artesanal

caiçara

Turismo diferente

Márcio Barreto, Célia Faustino e Fernando Ramos se apresentam no Museu de Pesca

Maio/Junho 20164

Coluna

OUVIDORIA EMBRAPORT: 0800 779-1000

[email protected] www.terminalembraport.com.br

Voluntários da Embraport participam da Quermesse

da Gota de Leite

A Embraport, um dos maiores e mais modernos ter-minais portuários privados do país, instalado na margem esquerda do Porto de Santos (SP), está cedendo voluntários para participar da edição de 2016 da Quermesse da Gota de Leite, tradicional evento beneficente que ocorre na cidade de Santos.

Cerca de 50 funcionários que integram as equipes ope-racionais do terminal foram divididos em cinco finais de semana (dias 13, 20 e 27 de maio e 3 e 6 de Junho) e estão dedicando um pouco do seu tempo de trabalho para ajudar na barraca mantida pela Nurex (Núcleo de Reabilitação do

Excepcional São Vicente de Paulo), entidade que auxilia crianças e adultos com necessidades educativas especiais.

Como parte do trabalho, os voluntários trabalham na organização e apoio da cozinha, que envolve as tarefas de preparação dos lanches e bebidas e atendimento aos clientes do evento.

A iniciativa integra o Programa de Voluntariado criado pela empresa em 2014 e que estimula que os integrantes dediquem parte de suas horas de trabalho para participar de ações voluntárias em prol de causas sociais e ambientais junto à comunidade da região.

Cientistas, estudantes, representantes de ONGs, entre outros, se reuniram de 24 a 29 de abril em Penedo, Alagoas, para discutir estudos sobre tubarões e raias. A SBEEL-Sociedade Brasileira para Estudo de Elasmobrânquios e a Universidade Federal de Alagoas-UFAL-Unidade de Ensino Penedo realizaram a nona reunião da sociedade com ampla participação da comunidade científica. “Foram cerca de 150 participantes e 105 resumos apresentados, inclusive de estudos realizados em outros países”, afirma o professor Claudio Sampaio, da UFAL.

Sampaio presidiu a reunião, com a participação ativa de toda diretoria da SBEEL e da professora Taciana Kramer Pinto, da Unidade de Ensino de Penedo da UFAL. Na avaliação do pro-fessor, o evento produziu muitos resultados. “Do ponto de vista científico, a reunião mostra a diversidade de estudos realizados no Brasil, muitos empregando metodologia não destrutiva, ou seja, não é mais necessário sacrificar os animais, atraindo a atenção de muitos jovens pesquisadores, Ongs e estudantes”, explica. “Do ponto de vista prático, a SBEEL se fortalece com os novos associados e parceiros, tanto que um edital de fomento a pesquisa foi lançado durante o evento, com recursos do Insti-tuto Linha D'Água um edital voltado a ações de sensibilização, educação e a divulgação científica relacionada aos tubarões e às raias”, acrescenta.

Assim, projetos que tenham associação com estas temáticas poderão receber apoio. Todas essas ações estão associadas a um Plano de Ação Nacional para conservação dos tubarões e raias ameaçados de extinção. Paralela ao evento aconteceu a 1ª Oficina de Monitoria do Plano de Ação Nacional dos Tubarões e Raias Marinhos Ameaçados de Extinção (Pan-Tubarões), a oficina foi promovida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Ministério do Meio Ambiente (MMA), com apoio da Unidade de Ensino Penedo e dos seus cursos de Engenharia de Pesca e de Biologia. Contou ainda com a participação de membros do Grupo de Assessoramento Técnico (GAT) e de observadores de instituições parceiras presentes na IX Reunião da Sociedade Brasileira para o Estu-do dos Elasmobrânquios- SBEEL, que contribuíram para as discussões. “A Universidade Federal de Alagoas, Unidade de Ensino Penedo, comemora sua primeira década de existência e esses eventos marcam esse período festivo, demonstrando a importância da implantação da UFAL no interior do Estado de Alagoas”, acrescenta Sampaio.

A realização de eventos como esses na cidade de Penedo aquecem a economia local, além de proporcionar aos visitantes um encontro com sua cultura, beleza natural e culinária. Ao final do evento, o professor Otto Bismarck Gadig, doutor na Universidade Estadual Paulista-Unesp, foi eleito novo presidente da SBEEL, sucedendo o professor Ricardo Rosa, doutor na Universidade Federal da Paraíba.

A reunião foi realizada pela SBEEL e UFAL, com o apoio do Instituto Linha D´Água, WWF, Oceana e Prefeitura de Pe-nedo. O livro de resumos da reunião encontra-se em fase final de obtenção do ISBN e estará disponível no site: www.sbeel.org.br. A X reunião da SBEEL será realizada pela Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa, em 2018.

Salvem os tubarões!A velha guarda da SBEEL, professores Rosangela Lessa, Otto Gadig, Ricardo Rosa e Alberto Amorim

Maio/Junho 2016 55

O Pan Tubarões aborda 12 es-pécies ameaçadas (IN MMA nº 05/2004) que estão distribuídas ao longo do litoral brasileiro até o limite mais externo de sua Zona Econômica Exclusiva (ZEE). São elas: tubarão--quati (Isogomphodon oxyrhynchus), cação-anjo-liso (Squatina occulta); viola (Rhinobatos horkelii); tubarão--peregrino (Cetorhinus maximus); cação-cola-fina (Mustelus schmitti),

cação-anjo-de-espinho (Squatina guggenheim), tubarão-bico-doce (Galeorhinus galeus), tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum), tubarão--limão (Negaprion brevirostris), peixe-serra ou espadarte (Pristis pectinata), peixe-serra ou espadarte (Pristis pristis) e tubarão-baleia (Rhincodon typus).

As ações previstas no Pan Tu-barões também buscam beneficiar

oito espécies sobreexplotadas ou ameaçadas de sobreexplotação (IN MMA nº 05/2004 e IN MMA nº 52/2005), bem como outras 35 que tiveram seu estado de conservação validado como ameaçadas nas oficinas de avaliação do estado de conservação das espécies da fauna brasileira promovidas pelo ICMBio e presentes na portaria interministe-rial n° 445/2014.

Das mãos de Timaia Santeiro saem belas esculturas em madeira. Entre santos, cabeças africanas, en-tre outras imagens, o artista aos 55 anos de idade completa 40 anos na profissão iniciada na Escola de Arte de Penedo-Alagoas, com o mestre Antonio Pedro. Antonio Francisco Santos nasceu em Lagoa Comprida, município de São Brás, Alagoas, e ganhou o apelido de Timaia por sua habilidade como cantor. “A arte de santeiro em Penedo começou com padres franciscanos há 300 anos atrás”, explica o artista. Ele pertence à quinta geração de santeiros locais, e já formou cinco alunos que garantem a continuidade desta atividade. Dos sete filhos que teve com a esposa

Caldinho de AlagoasSaborear as comidas típicas de

Penedo, Alagoas, à beira do Rio São Francisco, é um prazer para o paladar e para os olhos. Difícil é escolher uma entre tantas comidas típicas, como a pilombeta (peixe de estuário servido fritinho como tira--gosto), os caldinhos, as peixadas com pirão, o camarão... e para os mais ousados, os pratos feitos com carne de jacaré, proveniente de cria-tório. Tudo isto pode ser encontrado no restaurante Forte Maurício de Nassau, na praça Barão de Penedo, no Centro histórico da cidade. O prédio do restaurante foi construído no século XVIII sobre as ruínas do Forte Maurício de Nassau, holandês que ocupou a cidade de 1637 a 1647. Gustavo Lisboa de Almeida e a esposa Vera Lúcia dirigem o local, e é das mãos de Vera que saem as mais deliciosas receitas salgadas e ainda doces como a ambrosia. Aqui ela ensina o preparo do caldinho de feijão, e do especial caldinho de camarão que pode também se transformar em pirão.

Caldinho de camarãoIngredientes: ½ kg de camarão-

-branco limpo/3 punhados de coco ralado/3 copos de água/2 tomates picados/1 cebola grande picadinha/Pimenta-de-cheiro a gosto/Coentro picado a gosto/Sal/1 pitada de colo-rau/cominho

Preparo: Para se obter o leite

Proteção aos tubarões e raias ganha reforço com o sucesso da IX

Reunião da SBEEL, em Penedo-Alagoas

Penedo fica à beira do rio São Francisco

Quem visitou Penedo, Alagoas, para a reunião da SBEEL, pode apreciar a beleza da cidade

histórica, sua culinária e seu artesanato Salvem os tubarões!

PAN-Tubarões

A arte santeira

Penedo das tradições

Restaurante Forte Maurício de Nassau (dir.) ao lado da Prefeitura

Os caldinhos de camarão e feijão

Gustavo e Vera dirigem o restaurante Forte Maurício de Nassau

de coco, bater no liquidificador o coco ralado com água e depois coar na peneira. Colocar o leite de coco na panela e acrescentar camarão, tomates picados, cebola, pimenta--de-cheiro, coentro picado, cominho e colorau. Acrescentar mais água e salgar a gosto. Deixar 15 minutos no fogo. O caldinho já está pronto para ser saboreado. Pode-se também usar esse caldo para fazer um delicioso pirão, acrescentando a farinha de mandioca e mexendo até dar a con-sistência desejada.

Caldinho de feijãoIngredientes:2 xícaras (chá) de

feijão mulatinho (carioca)/9 xícaras (chá) de água para o cozimento/1 pedaço de charque cortado em pe-daços (sem gordura)/1 cebola grande picada/4 dentes de alho picados/Pimenta-de-cheiro a gosto/1 pitada de cominho

Preparo: Cozinhar feijão com o charque por cerca de 1 hora e meia. Se necessário, acrescentar mais água quente no final. Bater no liquidifi-cador. Reservar. Refogar à parte a cebola e o alho picados, a pimenta--de-cheiro e o cominho. Misturar no caldinho, acrescentar uma pitada de colorau e deixar no fogo por mais 10 minutos. Provar e retificar o sal, se necessário.

Maria Neusa, o jovem Newfrance, de 27 anos, seguiu a carreira do pai. A esposa também se incumbe de finalizar as esculturas passando cera e betume da Judeia. Entre tantas imagens feitas em 40 anos, Timaia tem sua preferência pela Deusa da

Justiça, exposta no Forum de Pene-do. Quem quiser conhecer de perto a arte de Timaia pode visitar o Ponto de Cultura e Saberes Populares , na Praça Padre Veríssimo em Penedo, Alagoas. Ou ainda visitar sua página www.facebook.com/timaiasanteiro.

A esposa

de Timaia Maria

Neusa

Timaia e as esculturas de santos

Maio/Junho 20166

Tradição de família

Diana, fica!Os artesanais já estão acostu-

mados a contar com o atendimento do Escritório Regional de Pesca de Santos-ERPA, localizado no Terminal Pesqueiro Público-TPPS, na Ponta da Praia. Chefiado pela bióloga Diana Gurgel Cavalcanti estava subordinado ao Ministério da Pesca, mas com sua extinção passou para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA. Com a ameaça de fechamento do ERPA, pescadores artesanais reali-zaram um abaixo-assinado pedindo sua continuidade.

O documento foi entregue à superintendência do Ministério da Agricultura, em nome de Sebastião Buff Blumer Bastos. Segundo João do Espírito Santo, presidente da Colônia de Pescadores Z-23 de Bertioga, o escritório é de grande utilidade para os pescadores, e atende várias cidades pesqueiras como Santos, Guarujá, Cubatão, São Vicente, Bertioga, Ilhabela, Ca-naneia, Registro entre outras regiões que precisam dos seus serviços. No abaixo-assinado, os pescadores afirmam que o ERPA “é de supra importância para o ministério, onde ajuda no ´desafogamento` de pro-cessos da superintendência de São Paulo, também ajuda na diminuição A pesca é uma tradição de fa-

mília para Irene de Sousa Quirino nascida e moradora em Ilha Diana, na área continental de Santos.

A neta Daniela que completou 15 anos em março, já aprendeu a pescar, atividade que gosta de fazer nas horas vagas. Seus cinco filhos,

três homens e duas mulheres, tam-bém aprenderam a pescar desde cedo.

Irene divide conosco sua receita de marisco lambe-lambe, que tem uma consistência quase de sopa e pode ser comida usando a casca do marisco, como manda a tradição.

Na Semana Mundial do Brincar, dia 26 de maio, em Ilha Diana, na área continental de Santos, foram feitas brincadeiras com descobertas

na Ilha destinadas a apresentar as possibilidades de brincadeiras tradicionais ao ar livre, com educadores e coordenadores do

Programa Escola Total – SEDUC (Secretaria de Educação de Santos)

Pescadores pedem a permanência do Escritório Regional da Pesca em Santos

de demandas da mesma, fora ajuda a pescadores que não tem condições de sair de sua região para regulariza-ção de seus documentos”. O ERPA foi criado pelo antigo Ministério da Pesca e Aquicultura em 2000, e já prestou ajuda a milhares de pesca-dores. Hoje a pesca passou para o Ministério de Agricultura, Pecuária

e Abastecimento-MAPA, que por medidas de contenção de despesas pretende fechar o ERPA, deixando apenas um escritório funcionando na capital para atender a demanda do Estado de São Paulo Inteiro, o que inclui mais de 40 mil pescadores. Pescadores prevêm uma situação caótica se o ERPA for fechado.

Receita de marisco lambe-lambe da Irene

Ingredientes:3 kg de marisco/1 kg de arroz/2 tomates picados/1 pimentão

picado/2 cebolas e dois dentes de alho picados/salsinha e coentro a gosto picados/água

Preparo:Lavar os mariscos na água, escovando bem a casca, e deixar de

molho por uma hora. Escorrer a água e colocá-los numa panela no fogo para que abram. Os que não abrirem devem ser separados e jo-gados fora. Tirar a casca de cerca de 20 mariscos e reservar. Refogar a cebola e o alho, acrescentar o pimentão e tomate. Acrescentar os mariscos sem casca. Mexer. Jogar os mariscos com casca e cobrir com água quente. Acrescentar o arroz e mexer. Se necessário jogar mais água quente até o arroz ficar molinho.

Diana Gurgel, chefe do ERPA, mantém atendimento de qualidade para os pescadores artesanais

João do Espírito Santo, presidente da Z-23, enfatiza a importância do ERPA

Irene Quirino ensina sua receita de marisco lambe-lambe

Maio/Junho 2016 7

Renovação de licenças está parada

PERÍODOS EM QUE APESCA DE TAINHA É PERMITIDA

• Cerco (traineira): entre 01/06 e 31/07

• Emalhes de Superfície e Anilhado: entre 15/05 e 31/07 • Pesca desembarcada ou embarcações sem motor: entre 01/05 e 31/07

É permitido capturar a tainha com tarrafa e pescar no interior dos estuários

FICA PROIBIDO: Pescar fora dos períodos estabelecidos acima, conforme a modalidade

Pescar nas barras* entre 15/03 e 15/09, em qualquer modalidade (exceto tarrafa) Pesca com cerco (traineira) a menos de 5 milhas náuticas da costa**

Pesca desembarcada de emalhe fixo ou deriva no raio de 150m ao redor de costões rochosos, ilhas e lajes Pesca desembarcada de emalhe fixo ou deriva nas praias, utilizando calões (fixos),

estacas ou instrumentos de fixação Pesca de emalhe de superfície ou anilhado por barcos motorizados na 1ª milha náutica

Veja mais detalhes em www.jornalmartimpescador.com.br (legislação-períodos de pesca da tainha APAMs-2016)

O pescador Gélio Santos Souza, de Praia Grande, se queixou da proibição do uso de rede boiada. Ele explica que fica difícil pegar peixes que passam na superfície como tainha, sororoca, anchova. Gélio acredita que a proibição aconteceu pelo temor de que os barcos atropelem a rede. Ele justifica dizendo que as redes são sinalizadas, inclusive à noite com lâmpadas, para evitar acidentes.

Após o fechamento do Minis-tério da Pesca o mar não está para peixe. “O problema mais sério no momento é a licença dos barcos”, afirma Júnior Mendes, pescador de arrastão de praia, durante reunião da Câmara Temática de Pesca da APA Marinha Litoral Centro-APA-MLC dia 31 de maio. A emissão da renovação do Certificado de Registro e Autorização de Pesca das embarcações que deve ser feita anualmente está parada.

O presidente da Colônia de Pescadores Z-5 de Peruíbe, Anto-nio Prado, também fez a mesma queixa durante a reunião do Con-selho Gestor dia 3 de maio. Am-bos solicitaram que a APAMLC encaminhe uma manifestação ao Ministério da Agricultura, Pecu-ária e Abastecimento-MAPA, que

responde hoje pela Pesca, a fim de agilizar a emissão deste docu-mento primordial para quem quer trabalhar na pesca.

Há queixas também com a demora na renovação das cartei-ras de pescador RGP (Registro Geral de Pesca). “O pescador vai passar por marginal”, argumenta Júnior, referindo-se a trabalhar sem documentação em dia. “Está tudo um entrave”, lamenta. A gestora da APAMLC, Ana Garcia, contatou os presidentes das colô-nias de pescadores pedindo que formalizem a queixa por escrito, para poder encaminhar o pedido de esclarecimentos e solicitar agilidade no processo de emissão desses documentos ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento-MAPA.

Praia Grande também vai ter a Semana da Cultura Caiçara de 25 a 31 de maio. A Câmara Municipal da cidade aprovou dia 25 de maio o projeto de lei para sua criação,

que deve ainda ser homologado. “Acredito que este passo será muito importante para o fomento econômi-co cultural nesta área”, afirma Virna Gomes, chefe da Divisão de Difusão

Cultural da Sectur. A comemoração na Praia Gran-

de não coincidirá com a Semana de Cultura Caiçara de Santos que acontece de 15 a 20 de março.

Proibição de rede boiada

dificulta pesca

Semana da Cultura Caiçara

O presidente da Colônia Z-5, Antonio Prado, se queixa da dificuldade da renovação da licença das embarcações

Jorge Damião, Gélio dos Santos Souza Alves e Antonio Alves de Souza

Maio/Junho 20168

Pescando por cerca de dois meses na Antártida e passando apenas 10 dias em terra antes empreender nova viagem, o capitão Eduardo Delfin, 54 anos, conclui que passou a maior parte de sua vida no mar. “Em terra me estresso um pouco”, explica, referindo-se à agitação do trânsito, e às notícias, entre outras peculiaridades urbanas. Mas sua vida como pescador começou bem cedo, no Lago Rincón Del Bonete, próximo a Vinoles, depar-tamento de Tacuarembó, no Uruguai, onde nasceu. Com cinco anos de idade já recebia do pai e o do avô os ensinamentos básicos da pescaria. Em 1977 começou sua vida profissional como marinheiro e cursou a Escuela Técnica Superior Marítima. A profis-são não teve continuidade na família, pois o filho Anibal, de 34 anos, seguiu a carreira de engenheiro de sistemas.

Eduardo praticou diversos tipos de pesca no Uruguai e em 2011 co-

meçou suas viagens para a Antártida, trabalhando para uma companhia norueguesa sediada no Uruguai. Para a pesca da merluza negra com espinhel de fundo, Eduardo e uma tripulação de 16 homens usam um barco especial, chamado de classe A, de 47 metros e 25 centímetros de casco, feito de ferro. É necessário também uma licença especial, pois poucos países tem essa permissão de pesca, que deve seguir várias regulamentações. “Na Antártida o mar é muito calmo, o problema é chegar lá, enfrentamos muitas tempestades no caminho”, conta o capitão. “Às vezes as placas de gelo não deixam avançar, aí temos que esperar”, conta Eduardo. A pesca em águas geladas foi a realização de um sonho, pela beleza de entrar em contato com um ambiente tão especial. “Temos que seguir muita regulamen-tação para fazer a pesca na Antártida”, enfatiza Eduardo. Uma das exigências

Capitão do geloO uruguaio Eduardo Delfin navega com sua tripulação

em águas da Antártica em busca da merluza negraé que todo lixo seja trazido para terra. Assim ele é congelado em tanques para transporte. “Todos os anzóis são numerados e se algum pássaro for encontrado morto com anzol, o barco do proprietário é multado”, diz Eduardo. “Além disso, inspetores da Comissão para Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos sobem a bordo da embarcação para verificar se todas as exigências são cumpridas”, acrescenta. “Também levamos em todas viagens dois observadores científicos a bordo, é obrigatório”, explica. Através do estudo dos peixes verificam do que estes animais se alimentam, seu peso e grau de maturação sexual. “Também observam se nenhum lixo é atirado ao mar, e se os peixes pequenos são liberados”, conta.

Eduardo divide seu tempo entre outras diversidades de pesca de março a agosto nas Ilhas Geórgia, e de agosto a novembro em águas argentinas e uruguaias. Em dezembro parte para a Antártida, quando as águas começam a descongelar, a ali permanece até fevereiro. Pesca no Mar de Ross, ao sul da Nova Zelândia, aproveitando a temperatura do “verão” local, de -8 graus centígrados. O barco possui aquecimento ambiente e também nos canos para a água não congelar, e a tripulação tem que usar roupas especiais. “Quando a chuva cai é necessário tirar rapidamente com uma pá a água que se transforma imedia-tamente em gelo”, alerta Eduardo. Os pescadores tomam muito cuidado

para não cair no mar, pois com a baixa temperatura da água a morte é instantânea.

A tripulação é formada pelo capi-tão, segundo-mestre, pescadores, dois motoristas e um cozinheiro. O traba-lho não para, dia e noite. É feito em dois turnos, quando os trabalhadores se revezam para se alimentar, trabalhar e dormir. O peixe depois de limpo é separado por tamanho e congelado. Os tamanhos podem ultrapassar 40 qui-los, mas os de 7 a 9 quilos que obtêm o melhor preço. A maior quantidade vai para fábrica e em menor para restaurantes. Eduardo explica que a produção é quase toda exportada para os Estados Unidos, Coreia e Japão. A carne é vendida no atacado a US$30 o quilo, chegando ao varejo a US$60 o quilo. “Aproveitamos para comer

merluza negra no mar, em terra é muito cara”, explica o capitão. No Uruguai a merluza negra não é muito consumida, pois o país não tem muita tradição de comer pescado. Como bons gaúchos apreciam mais a carne de vaca e de ovelha.

Apesar de sua atração pelas águas geladas da Antártida, Eduardo se en-cantou pelo Brasil, quando veio pela primeira vez em 1981. “Gosto muito do Brasil, das pessoas, da cultura brasileira e da temperatura agradável”, confessa. “O mar também é mais cal-mo para trabalhar”, acrescenta. Aqui se encantou com a paranaense Mirian numa viagem a Itajai, que é mais um motivo para o capitão das águas geladas vir ao Brasil, neste agradável clima tropical para seu descanso em seus curtos intervalos longe do mar.

Em seus tempos de lazer Eduardo gosta de vir ao Brasil