jornal martim-pescador 109

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Janeiro 2013 Número 109 Ano IX Tiragem 3.000 exemplares Paulinho do Cavaco, Waldeni e Dilermando da Cuíca mantêm viva a tradição musical da família Jesus em Guarujá. Pág. 3 BONS DE SAMBA O Imaginário Coletivo de Arte apresenta “Estudos para o Azul” no Sesc Santos. Pág. 8 O chef Fábio Negrini dá a receita do gravlax, tradicional prato escandinavo. Pág. 7 Manoel Messias dos Santos fala da arte de tecer e entralhar redes. Pág. 6

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Page 1: JORNAL MARTIM-PESCADOR 109

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Janeiro 2013Número 109Ano IX

Tiragem 3.000exemplares

Paulinho do Cavaco, Waldeni e Dilermando

da Cuíca mantêm viva a tradição

musical da família Jesus em Guarujá.

Pág. 3

BONS DE SAMBAO Imaginário Coletivo de Arte apresenta “Estudos para o Azul” no Sesc Santos. Pág. 8

O chef Fábio Negrini dá a receita do gravlax, tradicional prato escandinavo. Pág. 7

Manoel Messias dos Santos fala da arte de tecer e entralhar redes. Pág. 6

Page 2: JORNAL MARTIM-PESCADOR 109

Janeiro 20132

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

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Impressão: Diário do Litoral: Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

APAS MARINHASTrês áreas de proteção ambiental (APAS) marinhas

foram criadas em outubro de 2008 a partir de decretos as-sinados pelo governador José Serra (PSDB). O objetivo é disciplinar o uso de recursos ambientais, ordenar a pesca, o turismo recreativo e as atividades de pesquisa. Cada uma das três unidades de conservação tem seu próprio conselho

gestor, composto por 12 representantes do governo e 12 da sociedade civil. Desde sua criação em março, as reuniões têm sido mensais para debater temas relacionados a or-denamento pesqueiro, programas de educação ambiental, pesquisa, proteção e fiscalização. Além dos conselhos foram criadas Câmaras Temáticas nas áreas de Pesca, Planeja-

mento & Pesquisa, e Educação & Comunicação.As APAS pertencem ao grupo de Unidades de Uso Susten-

tável do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC. Além das três APAS Marinhas também foi criado o Mosaico das Ilhas e Áreas Protegidas que reúne as três novas unidades de conservação e outras já existentes.

DefesosCherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2005 a 6/10/2015

Mero (Epinephelus itajara) 17/10/2012 a 17/10/2015Bagre rosado (Genidens genidens, Genidens barbus, Cathorops agassizii) 01/01/2013 a 31/03/2013

Caranguejo guaiamum (Cardisoma guanhumi) 01/10 a 31/03Lagosta vermelha (Panulirus argus) e lagosta verde (P. laevicauda)

01/12/2012 a 31 de maio de 2013Mexilhão (Perna perna) 01/09 a 31/12

Ostra – 18/12/2012 a 18/02/2013Sardinha (Sardinella brasiliensis)-15/06 a 31/07/12 (recrutamento)

01/11/12 a 15/02/13 (desova)Piracema na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná (IN 25 do Ibama) de 1/11/2012 a 28/02/2013

Proteção à reprodução natural dos peixes, nas áreas de abrangência das bacias hidrográficas do Sudeste (IN 195) de 1/11/12 a 28/02/13

Pargo (Lutjanus purpureus) 15/12/2012 a 30/04/2013

Pescador artesanal: Procure a Colônia de Pescadores mais próxima para ter sempre

sua documentação atualizada. Além de representar e defender os direitos e interesses dos pescadores artesanais relativo ao setor da

pesca, as colônias podem:• Requerer ou renovar a licença de pescador profissional (RGP)

• Requerer ou renovar a licença e registro de seu barco• Requerer benefícios sociais como: aposentadoria rural,

auxílio-natalidade,auxílio-enfermidade, auxílio-reclusão, seguro-defeso

Conselho gestor será atualizado

Cursos de operador de robôs subaquáticos

Acesse: www. jornalmartimpescador.com.br

Orientação previdenciária na Z-3

O pescador ou o familiar que ne-cessitar de orientação previdenciária em assuntos como aposentadoria do pescador artesanal, aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e am-paro assistencial ao idoso (a partir de 65 anos de idade) ou ao portador de deficiência física ou mental inca-pacitante para o trabalho, pode com-parecer à Colônia Z-3, em Itapema, Guarujá. Convidado pela Colônia Z-3, o advogado Luiz Henrique da Cunha

Jorge estará esclarecendo dúvidas comuns e prestando orientação acerca das dificuldades enfrentadas pelos beneficiários no dia 26 de fevereiro de 2013, a partir das 14:00 horas. Em alguns casos específicos, não há necessidade de estar contribuindo com o INSS. Os interessados em receber orientações no assunto devem agendar a visita pelo telefone: (13) 3352.6820. A Colônia Z-3 Floriano Peixoto fica na Rua Itapema 15, Guarujá, SP.

A primeira reunião de 2013 do Conselho Gestor da Apa Marinha Litoral Centro-APAMLC aconte-ce dia 5 de fevereiro, às 9 h no auditório do Instituto de Pesca de Santos. Um dos assuntos será a atualização do Conselho Gestor

para o biênio 2013-2014. Outros assuntos em debate são: moção do Conselho Gestor sobre Nor-mas INMETRO para petrechos de pesca, Informes Plano de Mane-jo, Informes CT Pesca, Informes GT Pesca Responsável, Moção

do Conselho Gestor para Pre-feituras de Santos e São Vicente solicitando a regulamentação de uso do arrastão de praia na Baía de Santos.O Instituto de Pesca fica na av. Bartolomeu de Gusmão, 192, Ponta da Praia, Santos.

Aposentadoria do pescador artesanal – ter idade mínima de 60 anos para homem e 55 para a mulher, além da comprovação do efetivo trabalho como pescador(a) artesanal em regime de economia familiar por mais de 15 anos.

Aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença – estar pagando o INSS ou ter registro em carteira de trabalho (contribuição pelo em-pregador), além de estar acometido por doença que incapacita para o trabalho, com afastamento médico superior a 15 dias.

Amparo assistencial ao por-tador de deficiência física ou men-

tal – estar acometido por doença/deficiência física ou metal que causa a incapacidade para o traba-lho. Não há necessidade de estar pagando o INSS, mas não pode estar recebendo outro benefício do INSS (pensão por morte, por exemplo)

Amparo assistencial ao Idoso – ter idade mínima de 65 anos e não estar recebendo outro benefício do INSS (pensão por morte, por exemplo)

Fonte: Dr. Luiz Henrique da Cunha Jorge - advogado especiali-zado em Direito Previdenciário.

Pescador, saiba quem tem direito à aposentadoria e amparo assistencial

O NUTECMAR-Núcleo de Tecnologia Marinha e Ambiental oferece em janeiro e fevereiro cursos de operadores de ROVs (Remotely Operated Vehicles). Esses equipamentos são subma-rinos não-tripulados, operados à distância por um piloto na su-perfície. O emprego mais conhe-cido desses robôs subaquáticos acontece no mercado offshore de exploração de petróleo e gás, onde são encarregados de realizar vistorias e montagens de equipamentos a grandes pro-fundidades.

Podem também ser utilizados em inspeção de pontes, barra-gens, represas, condutos e tur-binas de hidrelétricas, inspeções de cascos de navios e pesquisas científicas.

Já na indústria pesqueira, possibilita o monitoramento das populações de peixes para estudos de hábitos migratórios, localização concreta da área de desova, entre outros.

Para mais informações, entre em contato pelo email [email protected] ou

pelo telefone (13) 3345-6766Endereço: Avenida General San Martin, 148

Ponta da Praia - Santos

Cursos de Introdução ao roV* Data: 21, 22 e 23 de janeiro (segunda a quarta).

* Horário: 9h00 às 18h00.* Máximo: 10 alunos.

PIloto de MICro roV* Data: 24, 25, 26 e 28 de janeiro (quinta, sexta, sábado e segunda).

* Horário: 9h00 às 18h00.* Máximo: 10 alunos.

PIloto aVançado de MICro roV* Data: 29, 30, 31 de janeiro e 1 de fevereiro

(terça a sexta).* Horário: 3 dias das 9h00 às 18h00

e último dia das 9h00 às 12h00.* Máximo: 6 alunos.

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Janeiro 2013 3

FAMílIA JESuS,

A arte do músico, grande so-lista de cavaquinho e compositor, Durvalino de Jesus, se espalhou como semente em toda sua família. Ao falecer em 2009, aos 79 anos, sabia que o samba não ia morrer. Três dos oito filhos nascidos deram continuidade ao conjunto regional que fundara na década de 50. Paulo Josué, o Paulinho do Cavaco, 43 anos, pegou gosto no cavaquinho, Waldenir, o Ni, 55, se especializou nos instrumentos de percussão, e Dilermando, 59, virou mestre na cuíca e no pandeiro. Durvalino nasceu em Monte Cabrão, na área continental de Santos, e na mocidade mudou-se para Vicente de Carvalho, em Guarujá. Músico auto-didata, fazia rabeca e viola no canivete, era luthier, assim como seu pai. “A gente morava na beira da maré, na rua Salgado Filho”, lembra-se Ni. “Lídio Correa, compadre do pai, e o velho Elói, gostavam de cantar e tocar ali no quintal de casa, de frente para o estuário, e a gente em volta, só escutando”, conta. “Aprendemos de orelhada, como dizia o velho”, explica. Ni ainda recorda das músi-cas que cantavam na época, e arrisca uma estrofe de Nelson Gonçalves: “Dolores Sierra, que vive em Bar-celona/Na beira do cais/O navio apitou/Paguei a despesa/E a história se encerra/Adeus, Barcelona/Adeus, Dolores Sierra”. “Assim era fácil aprender, afinal quem não gosta de boa música?”, pergunta Ni. “O pai ia em festas de casamento e os noi-vos queriam que ele tocasse a valsa ao vivo, pediam valsa e boleros”, recorda Dilermando. Durvalino to-cava em festas, botequins, no circo e na Radio Cacique, onde chegou a

Terceira geração de músicos do Guarujá mantém a tradição musical

Quando olhei a terra ardendoNa aventura embarqueiDesafio esperança sonho ou realidadeOlha amor a construção já me esperaEu sou mais um trabalhadorErguendo pilares rompendo fronteirasEm busca do meu EldoradoViajei ao som do atabaqueSou negro NagôEu sou de Aruanda, eu bato tamborNa força da fé meu rei XangôBahia de São Salvador

com o samba no sangue

acompanhar Sílvio Caldas e o sa-xofonista Saraiva. Os filhos dizem que Durvalino gostava da boemia, às vezes saia de casa na sexta-feira e só voltava no domingo, tocando lá e cá. Acompanhou também os blocos de carnaval Chorões Santistas e Sonhadores do Itapema, na década de 60. Saía com seu regional no carnaval na av. Thiago Ferreira, em Vicente de Carvalho. Na década de 70, Dilermando começou a frequen-tar o Grêmio Recreativo da Escola de Samba Mocidade Amazonense, e logo fazia parte da bateria. Hoje a família toda desfila na escola, até a mãe, dona Dirce, na ala das baianas.

Foi em 1974, quando os antigos companheiros do regional de Durva-lino foram morrendo, que os filhos se juntaram ao pai no grupo Quina e Ás. Além da família, participavam

do conjunto, os amigos Mariano, Quinho, Franki e Jacaré. No início de 2000, começaram outro grupo, Família Jesus e Amigos, formada por parentes e amigos. “Todo mundo que vem e sabe tocar, toca”, explica o Paulinho. Agora se apresentam toda semana, sábado é no bar do Cabeça, na saída da catraia em Vicente de Carvalho das 16 às 20h. Cantam em festas, churrascada e eventos. Sempre samba, seresta, choro, samba de raiz. Ni gosta de incluir no repertório músicas anti-gas, como Boneca de Pano, de Assis Valente, e até cantarola o início da canção: “Gingando num cabaré/Poderia ser boneca de louça/Tão moça mas não é”.

O grupo agora comemora, pois o samba-enredo que os irmãos Pau-linho do Cavaco e Dilermando da Cuíca e parceiros compuseram para

a Escola de Samba Mocidade Ama-zonense foi o escolhido entre outras 12 composições para representar a escola na passarela do samba em 2013. Os desfiles estão programados para domingo dia 10/2, em Santos, e terça-feira dia 12/2 em Guarujá. Dilermando, que até o ano passado saia em três escolas, este ano sai só na Amazonense. “O pique não dá mais”, conta. Mas em compensação a família se multiplica no samba. Vitor, 18, filho de Dilermando, toca cuíca e afoxé, e Wagner, 34, filho

de Ni, toca percussão. “Meu neto Vinicius, vai fazer quatro anos e já faz zoeira com cavaquinho”, explica Ni. “Não pode deixar acabar. Eles serão nossos discípulos e na frente vão contar a nossa história”, con-clui Ni. Assim a família Jesus vai jogando a semente do samba para as próximas gerações, seguindo a voz de Alcione na composição de Edson Conceição e Aloísio: “Não deixe o samba morrer/não deixe o samba acabar/o morro foi feito de samba/ de samba prá gente sambar.”

TRECHO DO SAMBA ENREDO DA MOCIDADE AMAZONENSE 2013Oxente Cabra da Peste Mocidade Amazonense Abraça os Filhos do NordesteCompositores: Bira Moreno, Paulinho do Cavaco, Erasmo, Adilson, Dilermando da Cuíca, Noquinha e Mário SoaresIntérpretes: Bolinha e Adilson MocidadeCavaco: Paulinho Violão 7 cordas: Dario

Componentes do Quina e Ás em 1990: Mariano, Dilermando, Quinho, Durvalino, Waldenir e Jacaré

Durvalino de Jesus e seu filho Dilermando

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Janeiro 20134

É NATAl NA VIlA!

A chuva não tirou o brilho das comemorações de Natal dos moradores da Vila dos Pescadores, em Cuba-tão, dia 22 de dezembro. Também pudera, com tanta pipoca, cachorro-quente, bolo, paçoquinha, refrigerante e brincadeiras!E no final, Papai Noel chegou para a alegria da criançada. Para conseguir reunir cerca de mil crianças, e muitos adultos, foi necessária a colaboração de muitos voluntários, com doações de materiais e trabalho.

O evento foi realizado pela Associação dos Direitos da Cidadania, Ação Social, Cultura e Esporte da Vila dos Pescadores, presidida por Rogério dos Santos. Muitas entidades também ajudaram na concretização do projeto, como a Capatazia da Colônia de Pescadores Z-1, coor-denada por Santina Barros. Também apoiaram o evento: Alpina Briggs, Extra Farma, Instituto de Pesca de Santos, Supermercado Krill, Sérgio Calçados, G40, Central Bike, ABS Imóveis, PMC, Transpetro, La Massa Andrade, Sintercub, Auto Posto Manezinho, Bar do Erasmo, Su-permercado Pérola, Bar do Juarez, Scorch Estamparia, Bicicletaria do Mineiro, Bety Carvalho Eventos, Bar e Mercearia do Chico, Secult, Cursan, Ivan Calçados, Barbearia RB, Cantina Tia Jô, Terraplanagem Arantes, Avicultura Vila Nova, CMT, Calçados Dois Irmãos, Chico da Adega, Bazar Estrelas.

Coluna

MEIO AMBIENTECIDADANIA É TEMA DA 5ª EDIÇÃO DA ECOFÉRIAS

OuvIDOrIa EmbraPOrT: 0800 362-7276

[email protected] www.terminalembraport.com.br

Nos meses de janeiro e julho, as crianças da Ilha Diana aproveitam suas férias escolares para aprender sobre educação ambiental com o Eco-férias. O programa é uma iniciativa de responsabilidade social da Embra-port e está na sua 5ª edição. Desta vez, o assunto escolhido é a Cidadania. O objetivo é inserir na comunidade noções do tema para que saibam quais são os seus direitos e deveres perante a sociedade, garantindo assim um futuro justo e sustentável.

O programa ocorre em janeiro às terças e quintas-feiras, das 08h00 às 11h30, na Brinquedoteca da Comuni-dade. Por meio de brincadeiras lúdi-cas, como rodas de conversa, música, pintura, leitura e vídeos educativos, os pequenos aprendem sobre ética, voto, direitos e deveres.

No primeiro encontro, realizado no dia 8 de janeiro, as crianças acei-taram bem o assunto e ficaram em-polgados com a atividade de criação de um partido e com a votação para escolha do grupo que melhor identi-fica a turma. “Fizeram cartazes para a campanha e panfletagem, reproduzin-do como fazem os políticos”, conta Silvia Castro, bióloga responsável pela execução do programa.

Ainda na programação, está pre-visto o plantio de sementes em gar-rafa pet, uma expedição fotográfica pela ilha e a entrega de certificados no final das atividades.

O canal do rio Furado, ramificação entre os rios Dia-na e Sandi, ficará bloqueado parcialmente até o final de fevereiro de 2013 por causa da construção da ponte que fará a interligação entre as áreas do

Terminal Embraport. Durante este período, as

embarcações poderão utilizar o canal para a navegação em uma faixa de aproximadamen-te 5 metros. A área bloqueada ficará sinalizada com boias

amarelas, seguindo exigências da Capitania dos Portos.

Por questões de segurança, solicitamos encarecidamente que barqueiros e pescadores da região tenham atenção neste trecho. Os pontos de

sinalização estão amarrados por cabos de aço podendo causar danos e acidentes às embarcações e aos pescadores. Pedimos para não ultrapassar, em nenhuma hipótese, a bar-reira sinalizada.

ATENÇÃO PESCADORES

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Janeiro 2013 55

É NATAl NA VIlA! NATAl EM VICENTE DE CARVAlHO

O presidente da Colônia de Pescadores Z-3 em Vicente de Carvalho, Guarujá, Edson dos Santos Cláudio, reuniu seus associados para comemorar o Natal, dia 21 de dezembro.

Os polvos e as lulas são moluscos marinhos perten-centes à classe dos cefalópo-des. O polvo mede de 0,5 m a 5,40 m, sendo o polvo comum a espécie mais numerosa, que alcança em média 70 cm. As lulas variam de 1,5 cm a cerca de 10 m, sendo que a mais comum atinge 70cm. Ambas as espécies se movimentam por tentáculos, sendo que os polvos habitam águas profundas e as lulas águas superficiais.

O pescado de um modo geral é um alimento rico em ácidos graxos, ômega3, que são importantes para a saúde, porém para se beneficiar deste alimento é imprescindível tomar alguns cuidados, desde o momento da compra até o preparo deste alimento. O pescado é muito suscetível à deterioração devido sua ri-queza em água, que favorece o desenvolvimento e sobre-vivência de microrganismos e presença de gorduras que propicia o desencadeamen-to das reações de oxidação (ranço) que é responsável pela alteração na coloração e aroma, o que reduz o tempo útil de aproveitamento. Nas lulas a deterioração é do tipo fermentativa e ocorre por con-ta do alto teor de carboidratos (glicogênio) e menor teor de nitrogênio. A qualidade do pescado reside no seu frescor e esta deve ser a exigência número um do consumidor, que deve sempre observar atentamente o aspecto e odor, mesmo que o local assegure boas condições, pois são produ-tos altamente perecíveis. (con-tinua na próxima edição)

Como escolher polvo e lula saudáveis - I

Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo.

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Janeiro 20136

Messias e as mil redesAos 78 anos, Manoel Messias

dos Santos já perdeu a conta de quantas redes fez e outras tantas que entralhou. Apesar de morar em Itapema, Guarujá, desde a década de 50, nasceu em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, de pai sergipano e mãe alagoana. Aprendeu cedo as artes da pesca. Além do pai, avós e amigos, seu irmão adotivo Antonio dos Santos, o Siri do Ganso, 12 anos mais velho, foi o que mais lhe pas-sou ensinamentos. A estranheza do apelido do irmão vem da destreza de Antônio em pescar siris, e o ganso de estimação que o acompanhou por 10 anos, até na pesca. “O ganso foi até candidato a vereador em Guarujá”, lembra-se Messias de uma época em que até o rinoceronte chamado Cacareco se consagrou na memória popular como candidato a vereador em São Paulo. Mas não foi apenas siri que o irmão ensinou Messias a pescar. “Aprendi a pescar camarão, caranguejo, e peixe na tarrafa, rede e cerco. “Peixe era a base, até hoje não falta”, explica, afirmando que a tradição da pesca continua mesmo em épocas que a pessoa se dedique a outra atividade. ”Sempre pesquei para alimentar a família, quando tinha bastante, vendia”, explica. “Pescador que não sabe nem fazer uma rede, nem remendar um buraco no pano morto da rede, que não sabe fazer tarrafa, esse não é pescador”, afirma. Pois foi aos oito anos de idade que começou a aprender todas as artes ligadas à pesca. “Naquela época ainda se usava a fibra do tucum, que podia depois ser tingida com a tinta da casca de jacaterão, que dava uma cor marrom averme-lhada”, conta. “Dava muito trabalho tecer”, confessa. Depois veio o nái-lon, e mais tarde começaram a usar as redes feitas em São Paulo, além das importadas. Também trabalhou muitas vezes fazendo rede de cabo de aço para descarga de navio, ou para imobilizar carga. Hoje não tece mais, não compensa, pois as redes importadas da China são muito baratas. Antes as redes eram tecidas a mão na bitola desejada. “Hoje é moderno, tudo de náilon, já vem pronto”, explica. Messias ainda se entretem fazendo o entralhe, ou seja, encaixando chumbo e cortiça

na panagem pronta. Após sofrer acidente, atropelado por um carro, está há um ano e oito meses parado, sem pescar ou realizar qualquer ou-tro trabalho. “Pensei que não fosse andar mais”, diz. Agora, ensaiando os primeiros passos conta que se distraiu durante o longo tempo de repouso entralhando redes. Apesar de muito habilidoso, a vista cansada não lhe permite entralhar as redes com rapidez. Sua sabedoria vai se perder com o tempo, pois nenhum de seus descendentes se interessou em aprender nem a pesca, nem a arte de tecer redes. Com a ex-esposa Eliete, com quem casou aos 26 anos, teve seis filhos, e adotou mais dez. “Da última vez que contei tinha 46 netos e 13 bisnetos, e daqui a pouco vem os tataranetos”, comenta. De todos seus descendentes, ninguém quis ser pescador, ou aprender as artes da profissão. “Eles não qui-seram, é uma coisa muito sofrida”, conclui. Afinal, além do trabalho pesado, tem os perigos do mar. Messias sobreviveu a dois naufrá-gios, um na praia de Torres, no Rio Grande do Sul e outro na entrada da barra de São Vicente, em São Paulo, por causa da correnteza muito forte. Hoje tem uma chatinha de alumínio de 5 metros, a de 6 metros foi rou-bada de dentro da própria colônia de pescadores, depois de estourarem o cadeado. Roubo é coisa que aconte-ce, até de rede. Uma vez uns amigos deixaram a rede de espera no estu-ário de Santos, com dois faróis na poita para prender e marcar posição, e ficaram vigiando de longe. “Eles cochilavam um pouco, acordavam, viam os faróis acesos, e dormiam mais um pouco”, conta. Quando chegaram lá, só encontraram as poitas e os faróis, a rede foi levada de fininho! “Eu não deixo a rede na espera, eu sei quanto custa”, explica se referindo ao valor de cerca de 2 mil reais por uma rede. Apesar de todas as dificuldades, não vê a hora de melhorar de saúde para voltar a pescar. “Só que agora não pesco mais sozinho, vou sempre com mais um companheiro”, explica. Mas, longe do mar ele não fica. “Minha a vida é o mar, eu amo”, confessa Messias, como todo bom pescador criado na maré.

Antigo pescador conta como as tradicionais artes vão se perdendo com o tempo

Messias mostrapanagem para o puçá feita à mão

Equipamentos necessários para tecer, remendar ou entralhar rede

A casca do jacaterão era usada para tingir redes

Page 7: JORNAL MARTIM-PESCADOR 109

Janeiro 2013 7

Representantes de terminal portuário se reúnem com pescadores

Acesse: www. jornalmartimpescador.com.br

Em dezembro, representantes do Empreendimento Terminal Brites se reuniram com pesca-dores da Colônia de Pescadores Z-3, em Vicente de Carvalho, para comunicar o andamento do projeto. O empreendimento tem como objetivo expandir a capa-cidade das instalações portuárias da Baixada Santista, com a im-plantação de um terminal privati-vo na área continental de Santos. A construção será localizada na margem esquerda do Canal de Santos, no Largo de Santa Rita, entre as ilhas Barnabé e Bagres, e integra o Parque Portuário-Industrial da Baixada Santista, fora da área sob jurisdição do Porto Organizado (CODESP). A audiência pública aconteceu dia 22 de abril de 2010 e a licença prévia 399/11 para a construção foi concedida pelo Ibama em abril de 2011.

O empreendimento, pertence à empresa Triunfo Participações e Investimentos – em associação

com outras duas companhias, terá capacidade para movimentar 870 mil contêineres, 2 mil toneladas de graneis sólidos e 4,5 mil toneladas de etanol. Está prevista a cons-trução de dois berços para cargas gerais conteinerizadas e um berço compartilhado para granel líquido e sólido.

Havia previsão de construção de duas pontes de acesso aos berços, mas segundo a empresa apenas uma será construída. Re-presentantes dos empreendedores afirmaram que será permitida a navegação embaixo da referida ponte, permitindo assim passagem aos barcos de pescadores. Entre os programas ambientais proje-tados, está previsto um Programa de Apoio à Pesca. O objetivo é monitorar a atividade pesqueira quanto às suas características de captura e socioeconômicas, para proposição de ações para capa-citar as comunidades pesqueiras para que tenham alternativas aos impactos projetados.

Uma receita escandinava de sal-mão, que remonta à Idade Média, re-zava que o peixe deveria ser enterrado salgado na areia, abaixo da linha da maré alta. Feita pelos pescadores da época, deixava o produto ligeiramen-te fermentado. O modo de preparo, chamado de gravlax, que significa salmão enterrado, persiste até hoje, com pequenas variações. Fábio Negri-ni, administrador de empresas e chef de cozinha, nos ensina em detalhes as formas de preparo. Apaixonado pelo mar, Negrini, que é também velejador, tem especial interesse na culinária de pescados. Nascido em São Paulo em

1973, mora desde 2001 em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo. Em 2003 passou a dirigir o restaurante Max Pa-ladar, localizado na av. São João, 243, próximo ao centro de Ilhabela. Ali uma deliciosa seleção de pratos com frutos do mar é servida, variando durante a semana. Nela estão incluídos paella, moqueca, bobó de camarão, camarão na moranga, entre outros. A receita do gravlax, Negrini aprendeu de um chef austríaco durante um curso de gastronomia no SENAC, onde pode desenvolver suas habilidades culiná-rias. Mas a paixão pela gastronomia, Fábio confessa, é de família.

Peixe com sabor escandinavo

INgrEDIENTEs:1 salmão de 4 kg200 g de sal grosso400 g de açúcar mascavo4 folhas de louro1 colher (chá) de pimenta-do-reino branca6 colheres (sopa) de dil seco ou fresco 2 colheres (sopa) de noz moscada2 colheres (sopa) de canela em pó1 dose (50 ml) de conhaque Cream-cheesePão suecoPapel-filmePapel-toalha

PrEParO:Eviscerar o peixe, tirar escamas, cabeça e fazer dois filés, mantendo a pele. Reservar. Misturar numa travessa: sal, açúcar, dil, louro, pimenta, noz mosca-da, canela e depois passar no processador. (não use liquidificador). Forrar uma tábua com papel-filme, sem tirar do rolo. Ajeitar um dos filés por cima e espalhar a mistura. Quando estiver bem distribuída sobre a carne do salmão, despejar o conhaque. Colocar o outro filé por cima e enrolar no papel

filme que estava ajeitado embaixo do filé. Continuar enrolando o papel em diagonal, de maneira bem firme, quando chegar na ponta dos filés, voltar e enrolar mais uma vez, e depois mais uma vez. É

Importante que fique apertado para vedar bem. Deixar na geladeira

por dois dias, dentro de uma forma. Depois, retirar o papel-filme, lavar os filés em água filtrada, escorrer, e acaba de secar com papel-toalha. Jogar mais uma camada de dil e deixar mais meia hora

na geladeira. Cortar um pouco mais grosso que o

carpaccio, começando da cabe-ça para o rabo. Cortar até chegar na

pele, e depois delicadamente desprender a carne. É importante que a pele fique pois dá mais firmeza na hora de cortar. Servir o salmão fatiado por cima de pedaços de pão sueco (ou torrada escura), forrado com uma camada de cream-cheese. Depois de pronto, o gravlax deve ser guardado em geladeira e consumido em até três dias.

GRA

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Chef Fábio Negrini é especialista em frutos do mar

O recadastramento de pescado-res artesanais para o Registro Geral de Pesca-RGP poderá ser feito por internet no site do Ministério da Pesca e Aquicultura-MPA (www.mpa.gov.br) a partir de 1o de fevereiro de 2013. Cada pescador terá o prazo de um mês para fazer o preenchimento de seus dados a partir da data de seu aniversário. Quem nasceu em janeiro só poderá fazer em janeiro de 2014, o que não afeta a validade de seu registro. Mais de 1 milhão de pescadores artesanais no Brasil serão beneficiados pela medida. Se-gundo técnicos do MPA esta é uma chance de corrigir possíveis erros

existentes nos registros anteriores. As informações necessárias para o preenchimento incluem, entre outros: nome completo, data de nascimento, CPF, nacionalidade, número de identidade, NIT/NIS, carteira profissional, endereço, grau de escolaridade, se o pescador está embarcado ou desembarcado, nome da embarcação, arqueação bruta, produto que pesca, local, unidade da Federação, colônia de filiação, e se o pescador possui vínculo empregatício. Será possí-vel visualizar a foto que consta no documento e se houver algum erro, a foto correta poderá ser anexada à

nova carteira. Após o preenchimen-to o pescador deverá imprimir o cadastro e assinar. Se o requerente for analfabeto, a assinatura será feita a rogo, ou seja, outra pessoa preenche o nome do pescador, e duas testemunhas assinam. Não é necessário ser feito em cartório. Esse documento deverá ser entregue a uma das colônias de pescadores, ou no escritório da Superintendência do MPA. Ali, tanto analfabetos como alfabetizados deverão deixar a impressão digital de seu polegar direito, feito através de um sistema chamado digiselo. Após a entrega o pescador receberá um protocolo com

o NUP (número do processo), que possibilitará rastrear o documento. A carteira definitiva será entregue num prazo máximo de 60 dias após a entrega do protocolo. Ao longo de 2013, pouco mais de um milhão de pescadores receberão o documento, que facilita a fiscalização, a conces-são de empréstimos e o combate à falsificação. Produzida em material resistente, impermeável, a carteira possui tecnologia QR Code para o acesso a informações dos pescadores diretamente do sistema do MPA. Embora o sistema para preenchi-mento só comece a funcionar dia 1o de fevereiro, a partir de 23 de

janeiro ele estará no ar no site www.mpa.gov.br. Mesmo que o pescador não saiba fazer o cadastramento via internet, pode pedir auxílio a amigos e parentes. Presidentes de colônias de pescadores também se mostraram dispostos a auxiliar os interessados para fazer o preenchimento em suas sedes. Em relação à contribuição sindical, prevista em lei, continua obri-gatória para os pescadores artesanais. Segundo técnicos do MPA, o profis-sional que tem vínculo empregatício também poderá obter a carteira de artesanal. Também aposentados, na pesca ou em outras profissões terão esse direito.

Recadastramento poderá ser feito por internet

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Janeiro 20138

Torneios de pesca oceânica além de liberar peixes, colaboram com cientistas em projetos de estudos de migração e crescimento

PESCARIA DO FuTuRO

Dia 11 de janeiro, o Núcleo de Pesquisa do Movimento - Imaginário Coletivo de Arte apresentou "Estudos para o azul" no Sesc Santos. O trabalho é um processo de pesquisa que mergulha no universo paguniano trazendo a tona referências como o teatro de Arrabal (“Fando e Lys”), Samuel Beckett (“Esperando Godot”) e a "música nova" de Gilberto Mendes entrelaçadas pela música-cinema do Percutindo Mundos. Através da multilinguagem (dança/música/teatro/literatura) a pesquisa traça um paralelo entre os últimos anos de vida de Pa-trícia Galvão em Santos, para onde se mudou em 1954, e as atuais perspectivas da arte no uso dos espaços urbanos, trazendo a tona ques-tionamentos sobre a vanguarda e a procura de

novos caminhos de expressão na relação com o público. Inspirado no livro “De Pagu a Pa-trícia Galvão – o último ato” de Márcia Costa, o processo desdobra-se em cada intervenção. Criação e direção: Célia Faustino Dramaturgia e direção musical: Márcio Barreto Intérpretes-criadores: Célia Faustino, Márcio Barreto, Alessandro Atanes, Maria Tornatore, Marília Fernandes. Realização: Núcleo de Pesquisa do Movimento - IMAGINÁRIO Coletivo de Arte A próxima apresentação acontece dia 25/01 às 19h (entrada do SESC) e 20h (sala da internet). Às 20h15 acontece o debate "Mundo Móvel" com Márcia Costa e intérpretes-criadores. En-dereço do SESC Santos-Rua Conselheiro Ribas, 136 - Santos /SP (entrada franca).

A parceria com projetos de pes-quisa mudou a cara dos torneios de pesca oceânica do século 21. Hoje, sailfish, marlim-azul e marlim-bran-co, chamados de peixes-de-bico, raramente são embarcados. Ao invés do peixe, os pescadores trazem em terra o filme que mostra o momento em que o animal foi liberado em alto-mar, com pequena marca para estudos de migração e crescimento. Esses peixes se aproximam da costa brasileira de outubro a fevereiro, quando acontecem os campeonatos de pesca oceânica. O marlim-azul, o maior de todos os peixes-de-bico, pode chegar a mais de 600 quilos, o marlim-branco a 100 quilos e o sailfish a mais de 50 quilos. Em 1992, ano em que a parceria do Yacht Club de Ilhabela-YCI com o Projeto Marlim foi iniciada, um marlim-branco foi devolvido ao mar por Luisinho de Moraes durante o torneio. Em 1997 o mesmo peixe foi recapturado por um barco atuneiro frente ao Cabo de Santa Marta, em Santa Catarina. Essa informação ajudou os cientistas a traçar a rota de migração da espécie e sua taxa de crescimento no período. Desde o início da década de 90 que o projeto de pesquisa conta com o auxílio dos pescadores esportivos do Yacht Club de Ilhabela, Iate Clube do Rio de Janeiro, Iate Clube do Espírito Santo

e Iate Clube de Barra do Una. Para o diretor de pesca do YCI,

Laurent Blaha, pescadores que até alguns anos atrás não eram favo-ráveis à liberação de peixe, hoje são os mais engajados no projeto. “Hoje, o prazer de soltar o peixe faz parte da pescaria”, complementa. Laurent acredita que essa mudança na pesca esportiva e ações para controlar a pesca predatória podem ter efeitos positivos para aumentar a abundância do peixe. “Quem sabe um dia vamos voltar a ter a abundância de peixes que tínhamos há décadas atrás?”, questiona. Ela cita o exemplo de Miami, EUA, onde além da introdução do pesque & solte na pesca esportiva e a colo-cação de recifes artificiais, a venda do peixe-de-bico está proibida, e as águas voltaram a ser piscosas como na década de 50.

O Projeto Marlim, que trabalha com o apoio dos pescadores espor-tivos, é coordenado pelo professor Alberto Amorim, do Instituto de Pesca de Santos, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do ESP, e o biólogo Eduardo Pimenta da Universidade Veiga de Almeida-UVA, campus Cabo Frio-RJ. “Nos dois últimos anos, concentramos nossos esforços na coleta de larvas de peixes-de-bico no Rio de Janeiro e Ilhabela, em São Paulo”, explica

Amorim. O trabalho é feito pelo professor e seus alunos de mestrado, Roberta Schmidt, Tiago Rodrigues, Cassia Malafaia e Yaury Coutinho. “A análise morfológica já indicou a presença de larvas de peixes-de-bico nas coletas do Rio de Janeiro”, comenta. Em abril, as amostras serão analisadas em parceria do Instituto de Pesca com o professor Alexandre Hilsdorf da Universidade de Mogi das Cruzes e com o professor Mahmood Shivji, diretor do Guy Harvey Research Institute, Nova Southeastern University, FL, EUA. “O estudo do DNA é como o RG do peixe”, explica Amorim. Estabele-cendo o código genético da larva é possível comparar com um banco de códigos genéticos criados com amostras coletadas em diversas partes do mundo, e desta maneira localizar as áreas de ocorrência de espécies de determinadas variabi-lidades genéticas. Isso auxilia na obtenção de maior conhecimento das espécies e também na criação de legislação e ações para conservação em nível mundial. Esse projeto conta ainda com a parceria do pro-fessor Fabio Hazin da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Até o momento, o trabalho de coleta de larvas tem sido feito com a renda de doação de pescadores esportivos e da venda do livro Peixes-de-bico do

Estudos para o Azul: Pagu em sons, teatro e dança

O grupo de intérpretes-criadores se apresentou em janeiro no Sesc

Atlântico, escrito pelos professores Amorim e Pimenta e a jornalista Christina Amorim, lançado em 2011 (saiba mais em www.vivamar.com.br).

Os resultados do Projeto Mar-lim foram a introdução do pesque e solte (catch & release) e marque & solte (tag & release) nos torneios esportivos de pesca oceânica, que

permitiram estudos de crescimento e migração destes peixes. O trabalho forneceu subsídios para a criação da Instrução Normativa SEAP no 12/2005, que proíbe a comercializa-ção de marlim-azul e marlim-branco. Os estudos das larvas dos peixes-de-bico abrem horizontes para obtenção de mais conhecimento que gera me-lhores ações conservacionistas.

O sailfish é o peixe que simboliza a cidade de Ilhabela

larva de 2,6 mm

larva de 11,8 mm

Coleta de larvas de peixes é

feita a bordo de lancha de pesca esportiva