jornal martim-pescador 140

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MARÇO/ABRIL 2016 Número 140 Ano XII Tiragem 3.000 exemplares www. jornalmartimpescador.com.br Turismo Turismo de base comunitária de base comunitária Aniversário de Danielle agita Ilha Diana em Santos. Págs. 4 e 5 Intercâmbio entre moradores de Caruara e Ilha Diana fortalece o turismo de base comunitária. Pág. 8 Nas águas de março navegamos na Semana da Cultura Caiçara. Pág. 3 Os pesquisadores Eduardo Sanches e Venâncio Azevedo falam sobre aquicultura. Pág. 7

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Março/Abril 2016 - Número 140 - Ano XII - Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo.

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Page 1: JORNAL MARTIM-PESCADOR 140

www.jornalmartimpescador.com.br

MARÇO/ABRIL 2016Número 140

Ano XII

Tiragem 3.000exemplares

www. jornalmartimpescador.com.br

TurismoTurismode base comunitáriade base comunitária

Aniversário de Danielle agita Ilha Diana em Santos. Págs. 4 e 5

Intercâmbio entre moradores de Caruara

e Ilha Diana fortalece o turismo de base

comunitária. Pág. 8

Nas águas de março navegamos na Semana da Cultura Caiçara. Pág. 3

Os pesquisadores

Eduardo Sanches e Venâncio Azevedo

falam sobre aquicultura.

Pág. 7

Page 2: JORNAL MARTIM-PESCADOR 140

Março/Abril 20162

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

Av. Dino Bueno, 114 Santos - SP

CEP: 11030-350Fone: (013) 3261-2992www.jornalmartimpescador.com.br

Jornalista responsável: Christina Amorim MTb: 10.678/SP [email protected] e ilustração: Christina Amorim; Diagramação: cassiobueno.com.br; Projeto gráfico: Isabela Carrari - [email protected]

Impressão: Diário do Litoral: Fone.: (013) 3226-2051Os artigos e reportagens assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal ou da colônia

EXPEDIENTE Órgão Oficial da Federação de Pescadores do Estado de São Paulo

Presidente Tsuneo Okida

DefesosCamarão-rosa (Farfantepenaeus paulensis, F. brasiliensis e F. subtilis), sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri), branco (Litopenaeus

schmitti), santana ou vermelho (Pleoticus muelleri) e barba-ruça (Artemesia longinaris) 01/03/16 a 31/05/16Bagre rosado (Genidens genidens, Genidens barbus, Cathorops agassizii)

01/01/16 a 31/03/16Lagosta vermelha (Panulirus argus) e lagosta verde (P. laevicauda) 01/12/15 a 31/05/16

Pargo (Lutjanus purpureus) 15/12/15 a 30/04/16

MoratóriasCherne-poveiro (Polyprion americanus) 06/10/2015 a 6/10/2023

(Portaria Interministerial no 14)Mero (Epinephelus itajara) 06/10/15 a 06/10/23 (Portaria Interministerial no 13)

Tubarão-raposa (Alopias superciliosus)- tempo indeterminadoTubarão galha-branca (Carcharinus longimanus)-tempo indeterminado

Raia manta (família Mobulidae) - tempo indeterminadoMarlim-azul (agulhão-negro) – Makaira nigricans- comercialização proibida

Marlim-branco (agulhão-branco) - Tetrapturus albidus –comercialização proibida

APA Marinha discute arrastão de praia

Samarco não apresenta proposta de acordo para pescadores

artesanais de Anchieta

Pescador,

Autorização de Pesca será feita nas superintendências

Reunião em abril aborda PEA da Petrobras

A gestora da APAMLC, Ana Garcia, em reunião do Conselho Gestor

Na reunião de 5 de abril do Conselho Gestor-CG da APAMLC representantes da Petrobras falaram sobre o Pro-grama de Educação Ambiental--PEA para a Baía de Santos (de Maricá-RJ a Florianópolis-SC). Um diagnóstico já foi feito, abrangendo 132 comunidades, sendo 122 de pesca artesanal e 8 de agricultura familiar. O programa está previsto para ter início na área da APA Marinha Litoral Centro (que vai de Pe-ruíbe a Bertioga) no começo de 2017. Também informa-ram que um Programa de

Monitoramento Pesqueiro será desenvolvido com in-formações coletadas do Rio de Janeiro a Santa Catarina. O programa atualmente é feito com dados de captura do Estado de São Paulo pelo Instituto de Pesca-Secretaria de Agricultura e Abastecimen-to do Estado de São Paulo (In-forme da Produção Pesqueira Marinha e Estuarina do Estado de São Paulo em: www.pesca.sp.gov.br).

Haverá uma reunião ex-traordinária do CG dia 3 de maio próximo para discutir a

Resolução que dispõe sobre as distâncias para a colocação das redes de emalhe a partir dos costões rochosos, praias areno-sas e barras de rio da APAMLC. Foi ressaltada durante a reunião a importância da participação dos pescadores artesanais que atuam na área da APAMLC para contribuição na construção da proposta, que foi iniciada em meados de 2011. Adicio-nalmente, foi solicitado que os presidentes das Colônias de Pescadores informassem seus pescadores para participarem da reunião.

Dia 3 de maio, às 9h, será discutida a legislação da rede de emalhe durante a reunião do Conselho Gestor da APA Marinha Litoral Centro-APAMLC. Na oca-sião será feita a apreciação e votação da minuta de Resolução que dispõe sobre as distâncias para a colocação das redes de emalhe a partir dos costões rochosos, praias arenosas e barras de rio da APAMLC. Local: Auditório do Museu de Pesca, av.Bartolomeu de Gusmão, 192, Ponta da Praia, Santos. Mais informações: (13) 3567-1506/ (13)3567-1495.

A partir de 8 de março, a renovação do Certificado de Registro e Autorização de Pesca das embarcações será feita ex-

clusivamente pelas Superinten-dências Federais de Agricultura (SFAs), em todos os estados e no Distrito Federal. No Brasil

há cerca de 40 mil embarcações que necessitam deste documento para operar. O registro deve ser renovado uma vez por ano.

Apesar do esforço do juíz da 1ª Vara Cível da Co-marca de Anchieta (ES) para uma conciliação, a empresa Samarco não apresentou pro-posta para o pagamento das ações movidas pelos pesca-dores artesanais da região. Concessionária de porto no município, a multinacional não responde apenas pela recente tragédia de Mariana (MG). Na cidade capixaba, onde promove beneficiamento de minérios an-tes embarcá-los para exportação, é processada por danos devido a dragagens no Terminal Marítimo

de Ponta de Ubu e inovações em usina de pelotização no município de Anchieta (ES). O resultado foi a paralisação da atividade pesqueira para centenas de profissionais.

“A Samarco argumenta que a situação que a empresa passa neste momento faz com que priorize as ações de Mariana e as suas vítimas, mas seguiremos adiante para garantir o ressarcimento aos pescadores”, afirma Emer-son Gomes, advogado da Pugliese e Gomes Advocacia e responsável pelas ações.

Em audiência realizada no último dia 22 de março ficou acertado que as partes, con-forme sugestão da Comarca, estabelecerão tratativas para acelerar o rito dos processos, fazendo com que as sentenças cheguem no menor tempo possível. “São várias ações com a mesma causa contra a Samarco que tramitam na 1ª Vara da Comarca de Anchieta e um possível acordo refletirá em todas”, afirma Gomes.

Fonte: André Seben-As-sessoria de Imprensa Pugliese e Gomes Advocacia

Uma proposta de revisão do tamanho da malha das redes de arrastão de praia, pesca regu-lamentada pela Resolução SMA n° 51, foi apresentada na 43ª reunião da Câmara Temática de Pesca da APA Marinha Litoral Centro, pela conselheira Carolina Bertozzi do Projeto Biopesca. A conselheira informou que haveria a necessidade de retomar a discussão do tamanho da malha do arrastão de praia, mesmo que a proposta inicial já tivesse sido aprovada pelo Conselho Gestor. Para funda-mentar sua proposta, a bióloga apresentou o trabalho intitu-lado “A pesca de arrasto de praia na ilha de São Vicente” de Fagundes et al. (2007) na 42 a reunião do Conselho Gestor de 16 de fevereiro. A explanação abordou a revisão do tamanho da malha do petrecho e o modo de operação do arrasto-de--praia, considerando a impor-tância de se direcionar mais estudos voltados para as artes de pesca praticadas na zona de arrebentação, como o arrastão--de-praia. Após o assunto ser discutido pelos participantes da reunião do Conselho Gestor, houve votação, decidindo que

a Resolução SMA nº 51 fosse encaminhada para publicação no Diário Oficial da forma como já fora aprovada anteriormente pelo Conselho Gestor, com a prer-rogativa de que seriam levadas para a pauta da Câmara Temática de Pesca as discussões sobre a forma correta de operação das redes de arrastão e o acompa-nhamento da arte de pesca, bem como possíveis readequações no projeto de caracterização das artes de pesca, realizado pela APA Marinha Litoral Centro e Instituto de Pesca.

Durante a reunião do Con-selho Gestor foram atualiza-das as informações referentes à captura do caranguejo-uçá. Apesar das autorizações já

expedidas, a quantidade de pescadores que solicitaram a licença ainda é muito infe-rior à quantidade de licenças previstas pela Portaria CBRN n° 04/2015, que é de 210 pescadores, indicando a ne-cessidade de dar continuidade ao trabalho de mobilização e informação junto aos catadores de caranguejo-uçá. As infor-mações também continuam disponíveis nas Colônias de Pescadores, ASPE, ALPESC, no Instituto de Pesca, CBRN de Santos e na sede da APA Mari-nha Litoral Centro, atualmente localizada no bairro do Japuí, em São Vicente, que podem orientar durante os horários comerciais.

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Celebração caiçara

PERÍODOS EM QUE A PESCA DE TAINHA É PERMITIDA

Música, fotografia, dan-ça, gastronomia, literatura e muito mais. A Semana da Cultura Caiçara, que acon-teceu de 15 a 20 de março, veio em sua terceira edição para marcar a identidade caiçara no cenário santista. O projeto é de valorização e divulgação dessa tradicional cultura e suas relações com a contemporaneidade. A aber-tura aconteceu no Sesc-Santos dia 15 de março, ao som do grupo Percutindo Mundos e Lívio Tragtenberg, em ho-menagem (in memoriam) ao maestro Gilberto Mendes. Ainda se apresentaram o Coral Zanzalá, Carrossel de Baco (Danilo Nunes), Boi de conchas, Grupo Marulhos. A festa se espalhou pela cidade em diversos eventos culturais esportivos e turísticos. A exposição fotográfica Rastros mostrou um pouco do univer-so caiçara, em seu cotidiano, personagens tradicionais e festividades, sob a ótica das fotógrafas Catharina Apoliná-rio, Isabel Carvalhaes, Chris-tina Amorim e Isabela Carrari.

A mostra estará em cartaz de segunda à sexta-feira das 8 às 18h no Museu de Imagem e Som de Santos na av. Pinheiro Machado, 48, no piso térreo do Teatro Municipal. A sema-na foi criada sob a iniciativa do vereador Sandoval Soares através da lei 2.920/ 2013. Além de Gilberto Mendes (1922-2016), a semana ho-menageou o artista plástico Francisco Telles (1943-2016). Para estimular o uso de in-gredientes típicos da gastro-nomia caiçara, a Forneria 7° Avenida, em Santos, serviu a pizza Caiçara Amorim, feita com taioba e palmito, e chopp extraído da grumixama, fruta típica do litoral.

Realização: Prefeitura de Santos.

Co-realização: Secre-taria de Cultura, Turismo, Esportes, Meio Ambiente, Comunicação, FAMS, MISS, Monumento Nacional Ruínas do Engenho São Jorge dos Erasmos, Oficinas Culturais do Estado de São Paulo, SESC Santos.

Toninho Lancha (com a filha Adélia) admira a foto do seu pai, pescador Tonico Lancha, na exposição Rastros

O secretário de Cultura Fábio Nunes, entre as fotógrafas Isabel Carvalhaes, Catharina Apolinário, Isabel Carrari e Christina Amorim

Márcio Barreto

(acima) e Célia

Faustino (abaixo)

do Grupo Percutindo

Mundos

• Cerco (traineira): entre 01/06 e 31/07 • Emalhes de Superfície e Anilhado: entre 15/05 e 31/07 • Pesca desembarcada ou embarcações sem motor: entre 01/05 e 31/07 É permitido capturar a tainha com tarrafa e pescar no interior dos estuários

FICA PROIBIDO: Pescar fora dos períodos estabelecidos acima, conforme a modalidade Pescar nas barras* entre 15/03 e 15/09, em qualquer modalidade (exceto tarrafa)

Pesca com cerco (traineira) a menos de 5 milhas náuticas da costa** Pesca desembarcada de emalhe fixo ou deriva no raio de 150m ao redor de costões

rochosos, ilhas e lajes Pesca desembarcada de emalhe fixo ou deriva nas praias, utilizando calões (fixos),

estacas ou instrumentos de fixação Pesca de emalhe de superfície ou anilhado por barcos motorizados na 1ª milha náutica Veja mais detalhes em www.jornalmartimpescador.com.br (legislação-períodos de

pesca da tainha APAMs-2016)

Apoio: Arte no Dique, Associação Caiçara de Cano-agem, Caiçara Expedições, Caiçara Home Brew, Cestas da Terra, Estação Bistrô Res-taurante Escola, Forneria 7° Avenida, Feira de Orgânicos, Imaginário Coletivo de Arte, Jornal Martim-Pescador, Oca Restaurante.

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Coluna

OUVIDORIA EMBRAPORT: 0800 779-1000

[email protected] www.terminalembraport.com.br

Programa Voluntário Embraport doa ovos de páscoa para crianças da comunidade

A Embraport, por meio do seu Programa de Volun-tariado, promoveu no mês de março um dia recheado de alegria para mais de 100 crianças da cidade de Santos.

Os voluntários, divididos em três grupos de aproxi-madamente 15 pessoas, entregaram cerca de 400 ovos de chocolate para alunos da rede municipal de ensino da área continental de Santos (Unidades da Ilha Diana e Monte Cabrão) e também para crianças assistidas pela APAE Santos (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).

Além das entregas feitas pelos integrantes, um total

de 500 ovos também foi doado para o Fundo Social de Solidariedade de Santos, entidade que atende diversas instituições da cidade.

O Programa Voluntário Embraport teve início em 2014 e neste período já realizou mais de duas mil horas de trabalhos junto à diversas entidades assistenciais da Baixada Santista.

Por meio desta iniciativa, a Embraport reafirma seu compromisso com a sustentabilidade estimulando que seus integrantes dediquem parte de tempo de trabalho em prol de causas sociais.

Dani, 15 anosIlha Diana, na área continental de Santos, esteve em festa.

Dia 5 de março, Danielle festejou seu aniversário de 15 anos (completado dia 4), e comemorou com parentes e amigos. Dani é descendente das mais antigas e tradicionais famílias de Ilha Diana, Quirino, Alves, Silva, Souza e Hipólito. Filha de Kátia Adriana da Silva Alves e Nelson de Souza Quirino, tem como avós Walter Quirino e Irene de Souza Quirino, Adriano da Silva Alves e Geni Hipólito Alves.

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Dani, 15 anos

Parece que foi ontem Dani em 2010...

...com os pais...

...e com amigos em 2006... ...e em 2007

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Uma das causas de contamina-ção de alimentos está relacionada com a presença de pragas, tais como: moscas, ratos, baratas, formigas, etc. Alguns estudos revelaram que a mosca é uma das principais fontes de micro-orga-nismos patogênicos. A Salmonella é responsável pelas infecções intestinais, diarreia, desidratação e em alguns casos pode levar o consumidor à morte. A Salmonella sp pode ficar hospedada até 35 dias no intestino. Outros agentes importantes são a Escherichia coli e Campylobacter, segun-do a Organização Mundial de Saúde há mais de 100 patógenos que relacionam com as moscas. A transmissão por estes agentes pode ocorrer através: das super-fícies de contato, da regurgitação da comida e a da defecação. São considerados portadores naturais de patógenos, e os agentes são carregados nas patas do inseto e os eliminam no pescado ou em qualquer alimento.

Nos países tropicais, como é o caso do Brasil, devido à ocorrência de temperaturas altas e maior umi-dade, ocorre consequentemente maior crescimento da vegetação, fazendo com que a população de pragas aumente. Para evitar a presença de moscas pousando no pescado exposto em feira livre, supermercado, peixaria, entrepos-to, mercado municipal e cozinha industrial, é necessário que a matéria-prima esteja bem fresca, resfriada (com gelo) e protegida dos contaminantes. A proteção pode ser feita utilizando um balcão frigorífico refrigerado. As pragas contaminam o pescado destinado

ao consumo humano, por isso é importante limpeza e higiene diárias para manutenção da saúde pública. Nas cozinhas domésticas o pescado deve ser armazenado em geladeira e ser retirado à medida que vai sendo utilizado no preparo dos pratos.

As moscas domésticas uti-lizam para a sua reprodução e perpetuação as fezes humanas e de animais, águas residuais, matéria orgânica em decomposição (lixo) e inclusive o próprio alimento destinado ao consumo humano.

Como medida preventiva pode-se destacar a importância da higiene: evitar acúmulo de lixo, manter portas e janelas tela-das, evitar resíduos de alimentos nos pratos, limpar rapidamente qualquer resíduo de líquido que derrame, guardar os alimentos em recipientes fechados, despejar os resíduos em lixeiras providas de pedais e, hermeticamente fe-chadas, para evitar manipulações inadequadas. O lixo deve ser retirado diariamente.

O adeus de Beto

Augusto Pérez Montano - Médico Veterinário, membro da Comissão de Aquicultura do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo

Contaminação do pescado pelas moscas

Colonia Z-3 tem novo presidente

Nosso querido Beto Cama-rão, tradicional pescador da rua Japão em São Vicente, faleceu dia 15 de fevereiro de 2016, deixando muitas saudades. Sua viúva, Neide Aparecida Encar-nação, antiga companheira de pescarias, diz que é muito triste perder o parceiro de mais de 30 anos de convivência.

Neide acompanhou o com-panheiro até os últimos momen-tos de sua luta contra o câncer. Beto acabou falecendo seis me-ses antes de completar 70 anos. Neide saiu de Mogi das Cruzes em outubro de 1985 para viver com o companheiro na Rua Japão e com ele aprendeu a pescar. Em outubro de 2010 se-laram sua união casando-se na Igreja de São Pedro Pescador, em São Vicente.

Roberto Mário Ruiz So-brinho ganhou o apelido por conta de sua maestria e de seu pai na pesca do camarão. Seu Mariano, o pai, nascido na Ilha de Barnabé, em Santos, antigo reduto de pescadores, tinha o apelido de Rei do Ca-marão, pois navegava por rios e gamboas e conseguia achar o crustáceo em várias estações do ano. A pesca estava no sangue, pois seu tio, Tonico Lancha, foi o mais famoso pescador da rua Japão, ensinando a arte para muitos iniciantes.

Beto aprendeu a pescar com o pai, ainda na canoa de um pau só. “Naquela época, motor era raridade, coisa de rico”, dizia, referindo-se a tempos anterio-res à década de 70. “Os antigos eram da ́ turma do remo´, Clau-demiro Nobre, Tonico Lancha, meu pai e meu avô”, sempre lembrava. Beto colocou motor no barco de alumínio na déca-da de 70. Com o esforço para remar, os pescadores mais an-tigos eram magros, não tinham barriga. “Não tinha pescador barrigudo”, dizia Beto. “A minha geração se espelhou nos pescadores mais velhos”, afirmava.

Beto, aluno de uma escola de antigos pescadores que pra-ticavam a pesca sustentável, partiu e deixa saudades de um tempo de fartura dos peixes, quando a profissão sempre passava de pai para filho.

Fábio Nascimento assumiu a presidência da Colônia Z-3 em Vicente de Carvalho, Guarujá, em fevereiro de 2016.

Na equipe estão o vice-pre-sidente, José Rodrigues, o Pas-sarinho, e o tesoureiro Luciano. Fábio substitui Edson Cláudio dos Santos, que esteve 16 anos à frente da entidade.

Edson comandou a Z-3 por 16 anos Beto e Neide, na rua Japão

Beto viveu sempre junto ao mar

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Peixes ameaçados de extinção se multiplicam em cativeiroCrescer e MultiplicarSopa de

piranha do Pantanal

(para 8 pessoas)

Aquicultura de precisão

2 kg de piranhas inteiras limpas4 tomates grandes picados4 cebolas grandes picadas4 dentes de alho picados1 pimentão verde médio picado1 maço médio de salsinha picada1 maço médio de cebolinha picada½ maço de hortelã picada½ maço de coentro picado2 folhas de louro Pimenta e colorau a gostoFarinha de trigo para engrossar dissolvida em água friaSal a gosto

Preparo:Preparo: Colocar as piranhas limpas dentro da panela de pres-são. Cobrir com água e deixar por 40 minutos no fogo após a panela apitar. Acrescentar mais um pouco de água e liquidificar.Coar. Acrescentar todos os ingre-dientes e deixar por meia hora em fogo médio. Misturar a farinha numa xícara em água fria, mexer bem, e ir despejando aos poucos e mexendo bem até engrossar. Sirva com torradas. A receita pode ser feita também com peixes de tamanho médio, como tilápia.

No futuro, a piscicultura de-senvolvida pelo Instituto de Pesca em Ubatuba deve rumar para uma aquicultura de precisão. Será um novo modelo que utilizará ferra-mentas tecnológicas visando ampliar

a produtividade com redução de impacto ambiental. Isso se dá pelo melhor aproveitamento dos insu-mos e consequentemente melhorias substanciais no processo produtivo. Um exemplo dentro deste modelo

é a simplificação do processo de fornecimento de alimento, que pode ser feito de forma automática e com-putadorizada.

A alimentação é feita em dife-rentes horários do dia por aparelho

especial programado para realizar a operação. Uma melhor adequação da quantidade de alimento é feita, evitando desperdício e depósitos indesejáveis de comida no fundo do tanque.

A aquicultura é a esperança de recuperar espécies que vão se tor-nando escassas na natureza. Com essa ideia, pesquisadores do Institu-to de Pesca, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, deram início à criação de garoupas no Laboratório de Piscicultura Marinha, localizado na praia do Itaguá, em Ubatuba/SP. O zootecnista Eduardo Sanches, que agora conta também com a co-laboração do oceanógrafo Venâncio Azevedo neste projeto, começou os estudos a dez anos, mantendo peixes em tanques-rede no mar. Sanches explica que o preço elevado da garoupa-verdadeira (Epinephelus marginatus) estimulava a pesca e os pescadores já observavam a dificuldade em encontrar os peixes. “Diante da demanda dos pesca-dores, quis avaliar possibilidade de iniciar a criação da garoupa, oferecendo um al ternat iva à captura”, explica Sanches. “Os pescadores tinham interesse na espécie já que a mesma fazia parta da cultura culinária da região litorânea”, acrescenta. “Depois fui ampliando o projeto, incorporando a criação de outras espécies de peixes tais como os badejos, as ciobas e os ariocós”, conta. Atualmente, até o mero (que está com sua captura proibi-da, sendo considerada uma espécie ameaçada de extinção), também tem seu lugar no laboratório. O projeto que teve início com 10 tanques-rede agora é desenvolvido em laboratório climatizado com modernos equipa-mentos. São 10 tanques de fibra de vidro, alguns com mais de 30 mil litros de capacidade, com sistemas de filtragem de água e alimenta-dores automáticos, que fornecem a comida dos peixes de maneira programada. “Antes buscávamos as matrizes no mar, com licença do ICMbio”, explica Sanches. “Hoje,

Experimente a famosa receita do chef Antônio Bahiano, de Mato Grosso do Sul. Presente à Feipes-ca 2016, o chef prepa-rou sua especialidade, também chamada de Viagra Pantaneiro, para centenas de visitantes.

entusiasmados em ver os filhotes nascidos em cativeiro. Ficam mais impressionados vendo os pequenos peixes se alimentando de ração”, comemora o zootecnista. A garoupa--verdadeira, por ser uma espécie hermafrodita, matura inicialmente como fêmea e após um determinado tempo inverte o sexo, maturando como macho. O projeto mantém um banco de sêmen de diversas espécies de peixes marinhos, utilizado como ferramenta para ampliar a diversi-dade genética dos peixes nascidos em cativeiro. Os estudos posterio-res, visando avaliar a engorda da garoupa-verdadeira, mostraram que o peixe leva até 12 meses atingir 1 kg e de três a quatro anos para maturar sexualmente. A tecnologia de engorda destes peixes tem sido divulgada para os interessados que vem iniciando seus cultivos. Em um breve futuro o projeto espera ver pescadores artesanais da região criando peixes e dando início a uma nova cadeia produtiva. “O pescador traz os peixes de seu tanque-rede e os vende diretamente ao turista. Ga-nha dinheiro com a produção e ainda divulga a atividade, aproveitando o potencial turístico da região”, afirma Sanches. Os pioneiros criadores de peixe no mar chegam a dizer que o peixe vale mais vivo do que morto, pelo grande interesse das pessoas em visitar a criação. Diferente da atividade de pesca, a criação de peixes reduz a incerteza quanto a produção. Segundo Sanches, “O criador chama o cliente e sabe quan-to de peixe tem em seus tanques".

Para Sanches a aquicultura é uma excelente alternativa para o abastecimento do mercado de pes-cado. Esta atividade já é responsável por metade da produção de pescado no mundo. Um conhecimento que deve ser divulgado para os pescado-res artesanais que podem considerar isto como mais uma fonte de renda.

para a maioria das espécies do pro-jeto, não dependemos mais disso, usamos os peixes que nasceram em cativeiro para gerar novos filho-tes”, conclui. O objetivo do projeto continua sendo definir protocolos de cultivo e formar reprodutores para futuros trabalhos de produção de formas jovens. No laboratório, alunos de cursos de pós-graduação realizam experimentos visando de-finir técnicas de manejo alimentar (projeto financiado pela FAPESP

processo 2014/07886-7), aprimorar os equipamentos de filtragem de água e mais recentemente, buscar a definição de perfis hematológicos de cada espécie. Com isto, será possível melhorar o bem estar das espécies em cativeiro. Todo este cuidado é retribuído pelos peixes com repro-duções e novos nascimentos em cativeiro.

Os resultados apontam um pro-jeto bem sucedido. “Hoje os pes-cadores vem nos visitar e ficam

Garoupa-verdadeira Epinephelus marginatus

Garoupa-verdadeira nascida em cativeiro

O pescador Barroso é colaborador do Projeto do Instituto de Pesca

Tanques de criação na Base do Instituto de Pesca em Ubatuba

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Ilha Diana e Caruara, unidas pelo turismo

Dois bairros da área continental de Santos estão vivenciando uma experiência diferente: conhecer a co-munidade vizinha e seu potencial de turismo. Tudo isso é o preparo para a formação de monitores em Turismo de Base Comunitária. Dia 14 de março, 24 moradores de Caruara visitaram a Ilha, conhecendo tudo que um turista quer

ver. A começar pelo passeio que sai de barco próximo à Praça da Alfândega, no centro de Santos. Em 20 minutos de trajeto é possível avistar o antigo prédio da Base Aérea de Santos, rodeado de coqueiros e muitos pássaros e árvores do mangue que exibem suas poderosas raízes. Os visitantes foram recebidos com um gostoso café da manhã,

conheceram a rua principal da Ilha e sua história. Depois de um passeio de barco pelo mangue puderam saborear o almoço preparado pelas moradoras.

Dois dias depois, 24 moradores de Ilha Diana foram recebidos em Caruara. Conheceram sua história, suas trilhas, seu artesanato e sua gastronomia, que inclui deliciosos

Lygia Mesquita é artesã em Caruara

Moradoras de Caruara se preparam para embarcar para Ilha Diana

Oficina de artes em Caruara

Renato Marchesini e José Carlos da Silva Barros

Um dos pioneiros na área de pesquisa em aquicultura, pesca em águas marítimas e continentais, o Instituto de Pesca (IP), completou 47 anos dia 8 de abril. Órgão de pesquisa da Secre-taria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, estende seu raio de ação em cidades do litoral e do interior. Para celebrar a data, o IP organizou um ciclo de palestras abordando recursos hídricos, ética na pesquisa científica e experimentação animal. Também foram feitas homenagens aos servidores aposentados que ajudaram a escrever a história do Instituto. A cerimônia de comemoração do aniversário do IP foi realizada na sede do Instituto, localizada no Parque da Água Branca, em São Paulo. (saiba mais sobre o IP em : www.pesca.sp.gov.br)

doces caseiros. “Fazer intercâmbio de duas comunidades que tem foco no turismo comunitário é a realiza-ção de um sonho”, afirma Renato Marchesini, coordenador da Caiçara Expedições e um dos organizadores da iniciativa. As visitas aconteceram durante a Semana da Cultura Caiçara. Para José Carlos da Silva Barros, especialista em economia solidária e um dos incentivadores do Turismo de Base Comunitária-TBC de Caruara, a Semana teve uma importância muito significativa para o projeto. “Foi a primeira experiência oficial, antes de receberem um grupo de 43 turistas do SESC Goiás”, explica. As visitas enriqueceram o conhecimento dos mo-radores e essa troca de experiências trará bons frutos nos próximos encontros. O planejamento, organização e execução do projeto vêm sendo desenvolvido através de Comissões formadas para o Desenvolvimento do Turismo de Base Comunitária Caruara. Foram criadas co-missões de gastronomia, cultura, visitas

monitoradas, artesanato, comunicação e financeiro, integradas por representantes da administração pública, estudantes e administração da escola Judoca Ricardo Sampaio, artesãos, pescadores, repre-sentantes dos pequenos comércios e empreendimentos locais, e moradores interessados. Consolidou-se assim o fortalecimento do protagonismo local, tendo como base a escola Judoca Ricardo Sampaio, sob a coordenação da diretora Nurcy Cordeiro. O projeto conta com o apoio da Caiçara Expedi-ções, Prefeitura Municipal de Santos e UniSantos.

Mais informações: Caiçara Expe-dições: www.caicaraexpedicoes.com/

Te l : ( 1 3 ) 3 4 6 6 . 6 9 0 5 / ( 1 3 ) 98113.4819.

Instituto de Pesca completa 47 anosO secretário da Agricultura, Arnaldo Jardim discursa no evento

Leonardo Chagas