jornal cidadão completo

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Jornal-laboratório produzido pelos alunos de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul Ano XII - Número 38 - Maio de 2011 Movimento Passe Livre Reajuste resulta em atos de protesto na capital paulistana. Milhares de pessoas vão às ruas em busca de negociação sobre o valor decretado pela Prefeitura da cidade. Página 3 Sociedade civil critica nova tarifa de ônibus Parques urbanos administrados pela Prefeitura de São Paulo são locais ideais para lazer e cultivo das áreas verdes. Os parques da Zona Leste chamam atenção pela diversidade de atrações, fauna e flora, mas deixam a desejar pela falta de consciência ambiental de seus frequentadores. Páginas 4 e 5 Um raio-x dos parques da região Com iniciativa inédita no mundo, Brasil é o único país a oferecer peças teatrais em alta definição via internet. Com baixo custo e grande comodidade, os interessados podem adquirir ingressos virtuais de grandes espetáculos e assisti-los pelas 24 horas seguintes à compra. Página 7 Assista a peças de teatro em casa Considerado o carro-chefe de muitas emissoras de televisão, o jornalismo policial gera críticas e divergências entre profissionais da área. Página 2 Sensacionalismo abre discussão sobre qualidade na TV O Carnaval 2011 contou com a presença da Unidos de São Miguel, escola que encontra dificuldades para os ensaios, mas mantém bom desempenho na avenida. Página 8 Unidos de São Miguel é exemplo de organização popular Jaqueline Bonfim Ítalo Silva

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Page 1: Jornal cidadão completo

Jornal-laboratório produzido pelos alunos de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do SulAno XII - Número 38 - Maio de 2011

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Reajuste resulta em atos de protesto na capital paulistana. Milhares de pessoas vão às ruas em busca de negociação sobre o valor decretado pela Prefeitura da cidade. Página 3

Sociedade civil critica nova tarifa de ônibus

Parques urbanos administrados pela Prefeitura de São Paulo são locais ideais para lazer e cultivo das áreas verdes. Os parques da Zona Leste chamam

atenção pela diversidade de atrações, fauna e flora, mas deixam a desejar pela falta de consciência ambiental de seus frequentadores. Páginas 4 e 5

Um raio-x dos parques da regiãoCom iniciativa inédita no mundo, Brasil é o único país a oferecer

peças teatrais em alta definição via internet. Com baixo custo e grande comodidade, os interessados podem adquirir ingressos virtuais de grandes

espetáculos e assisti-los pelas 24 horas seguintes à compra. Página 7

Assista a peças de teatro em casa

Considerado o carro-chefede muitas emissoras de

televisão, o jornalismo policial gera críticas e divergênciasentre profissionais da área.

Página 2

Sensacionalismo abre discussão sobre

qualidade na TV

O Carnaval 2011 contou com a presença da Unidos de São Miguel, escola que encontra

dificuldades para os ensaios, mas mantém bom desempenho na

avenida. Página 8

Unidos de São Miguel é exemplo de organização popular

Jaqu

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e B

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Ítalo Silva

Page 2: Jornal cidadão completo

PÁGINA 2 - MAIO DE 2011

A notícia que gera audiência na TVJornalismo policial se confunde com sensacionalismo e causa discussões entre especialistas

Banco de Im

agens

A falta de opção e a guerra pela audiência

O jornalismo policial sensaciona-lista no Brasil já protagonizou muitas histórias de injustiça, calúnia e julga-mento indevido e, por esses e outros motivos, tem sido alvo de discussões entre especialistas há décadas. Con-siderado o carro-chefe de muitas emissoras de televisão, teve seus primeiros jornais na França, Ingla-terra e Estados Unidos em meados do século XVII. Naquela época, o destaque a assuntos violentos como crimes hediondos garantiam a atenção do público.

De lá para cá, pouca coisa mudou. Devido à grande concorrência, em es-pecial na televisão, veículos de comu-nicação apostam em programas sensa-cionalistas, nos quais crimes diversos são expostos de maneira exagerada sob a euforia de seus apresentadores, numa linguagem dirigida às classes C, D e E. “Por serem exibidos no final da tarde (por volta das 18 horas), du-rante o chamado horário de rotação, esses programas têm a função de elevar os índices de audiência, de ‘alavancar’ a au-d i ênc i a pa r a , mais tarde, ‘pas-sar o bastão’ para os programas da faixa nobre, quando a classe AB e a família chegam em casa para ver televisão”, comenta a professora Flávia Serralvo, pesqui-sadora da área.

No Brasil, o sensacionalismo foi transformado em um trunfo na corri-da pela audiência, causando controvér-sia junto à opinião pública. O uso de imagens apelativas, a repetição exausti-va de uma notícia e o julgamento ante-cipado dos possíveis réus são recorren-tes em coberturas sensacionalistas. Ao longo de sua pesquisa, desenvolvida entre 2004 e 2006, a professora verifi-cou características que são peculiares ao telejornalismo policial, tais como: precariedade técnica; apresentadores como representantes do modelo da instância justiceira, porta-vozes dos problemas vividos pela população; coloquialismo e erros gramaticais; maniqueísmo; preconceito, sarcasmo e humor negro, mesmo quando se trata de situações extremamente trágicas; o riso com fins de consolo e amenização; presença de elementos grotescos; linha editorial fundamentada no “quanto pior, melhor”; suscitação do medo no telespectador; hierarquização de sujeitos: identificam-se apenas as au-toridades e especialistas entrevistados, enquanto pessoas comuns são tratadas como anônimos.

O soldado da Polícia Militar Dio-go de Souza Martins vivenciou uma história de conflito com o jornalis-

História do jornalismo policialJornalismo policial é um seg-

mento do jornalismo. Suas pri-meiras coberturas ocorreram por volta do século XIX em jornais sensacionalistas da Inglaterra e dos Estados Unidos. Por se tratar de fatos criminais, judiciais e de segu-rança pública e, muitas vezes, lidar com criminosos, é considerada uma especialização de alto risco para os profissionais da área.

Porém, a cobertura policial vem se expandindo ao longo dos anos, e diversos profissionais do jornalismo se interessam pelo seg-mento. Para aqueles que querem seguir essa carreira, é recomen-dável a leitura do livro A sangue frio, de Truman Capote. A obra da década de 60 é considerada uma das mais importantes da reporta-gem policial.

Diogo Souza, Policial Militar do Estado de São Paulo

mo na véspera da Páscoa, em 2008, em uma perse-guição a crimino-sos no bairro do Capão Redondo, Zona Sul de São

Paulo. Martins relata que um crimino-so, para distrair a atenção dos policiais, atirou em um morador que passava pela rua de bicicleta, carregando dois ovos de Páscoa. Após o ocorrido, a polícia foi socorrer a vítima baleada e os criminosos fugiram do local. Foi veiculado pela mídia que o morador foi baleado pela polícia inocentemente na véspera da Páscoa. No dia seguinte, houve protestos e manifestações de moradores do bairro contra a polícia. “Eles mostram apenas o que querem”, argumenta Martins.

O soldado da Polícia Militar José Alves discorda de Martins. Para ele, existem programas de jornalismo policial que são verdadeiros, mostram a realidade e o cotidiano da polícia e são autorizados pelo Comando Geral da Polícia Militar.

Para a professora Flávia, espe-cialista no assunto, o jornalismo investigativo pode ser útil, não só ao interesse do poder público, mas no que diz respeito à divulgação de injustiças e fraudes de qualquer esfera da sociedade.

Uma das contribuições mais sig-nificativas do jornalismo policial, além de participação da sociedade em mobilizações e manifestações, é também a resolução de casos que, pressionados pela TV, são soluciona-dos com rapidez, ou seja, o jornalismo sensacionalista pode vir a influenciar a população a ser formadora de opinião.

EDITORIAL

A presente edição do Cida-dão está de cara nova. Tratam-se de editorias novas que acompa-nharam as necessidades do leitor moderno em meio à sociedade da informação. Nosso passeio pela Zona Leste começa com a editoria Urbano e uma verdadeira radiografia do aumento da tarifa na cidade de São Paulo.

Você acompanhará a evolução do valor da tarifa ao longo dos anos e entenderá as inúmeras manifestações populares em tor-no deste assunto. Outro tema em destaque diz respeito à preser-vação do Meio ambiente. A ideia é compreender qual a condição dos parques mais populares da Zona Leste; a situação de iluminação, segurança, conservação e limpeza de cada um.

Para saber a localidade destes parques, vias de acesso e as suas principais formas de lazer e en-tretenimento é possível recorrer a página Infografando. Com todas essas abordagens modernas, não poderia faltar a editoria Ciência e tecnologia.

Nela, você entende como a tecnologia tem modificado os hábitos de consumo do brasileiro e ainda se previne de crimes vir-tuais. A internet também é foco na editoria Página midiática. Lá, o tea-tro é democratizado por meio da rede mundial, mas também é alvo de polêmica no meio dramaturgo.

Para finalizar, acompanhe a matéria sobre a Escola de Samba Unidos de São Miguel na editoria de Memória; e a matéria sobre jorna-lismo sensacionalista na editoria De olho na imprensa. Como todas essas editorias foram feitas com dedicação e empenho, só resta lhe desejar:

Boa leitura!

De cara nova

DE OLHO NA IMPRENSA

Elizabete FariasJennifer Muricy

Jessica CardosoRoseane Ferreira

Roseane Ferreira

“Eles mostramapenas o que querem.”

Professores-orientadoresDirceu Roque de Sousa,

Flávia Serralvo e Regina Tavares.

Também participaramdesta edição os alunos:

Mariana Barbosa, MaurícioNoronha, Renata Pereira e

Sheila Procópio.

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismoda Universidade Cruzeiro do Sul

Ano XII - Número 38 - Maio de 2011Telefone para contato: (11) 2037-5706

Tiragem: 3 mil exemplaresImpressão: Jornal Última Hora (11) 4226-7272

ReitoraProfa. Dra. Sueli Cristina Marquesi

Pró-reitor de GraduaçãoProf. Dr. Luiz Henrique Amaral

Pró-reitor de Pós-graduação e PesquisaProf. Dr. Danilo Antonio Duarte

Pró-reitor de Extensão eAssuntos Comunitários

Prof. Dr. Renato PadoveseCoordenador do

Curso de JornalismoProf. Ms. Carlos Barros Monteiro

Page 3: Jornal cidadão completo

MAIO DE 2011 - PÁGINA 3

SP tem tarifa de ônibus mais cara do paísReajuste de 11,11% afeta a vida de muitas pessoas e gera manifestações por toda a capital

Arquivo

LUTA - Cerca de 3,5 mil pessoas se dirigem ao Teatro Municipal de São Paulo em manifestação contra o aumento da tarifa; desde o reajuste, atos mobilizam a cidade com frequência

URBANO

Bruna SalesRoseane Costa

Com o aumento da passagem de ônibus, em vigor desde o dia 5 de janeiro deste ano, a capital paulista tem a tarifa mais cara do país. O reajuste de 11,11% decretado pelo prefeito Gilberto Kassab supera a in-flação da cidade, que ficou em 5,83%, segundo cálculo da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Agora, cada cidadão que precisar se locomover pela cidade por meio do transporte público, seja em função de trabalho ou lazer, não pagará o valor de R$2,70, e sim de R$3,00.

Este é o terceiro reajuste da tarifa durante os dois mandatos de Kassab, sendo a primeira em novembro de

2006, alterando o valor da passagem de R$2,00 para R$2,30; a segunda em janeiro de 2010, passando de R$2,30 para R$2,70, e a última em janeiro deste ano, aumentando para R$3,00. De acordo com a Secretaria de Transportes, o último reajuste trará novos benefícios aos usuários de transporte, tais como: a extensão da validade do Bilhete Único de duas para três horas e a renovação de 65% da frota de ônibus, com a substituição de 9,5 mil ônibus por veículos novos, mais seguros e maiores.

A cidade de São Paulo ocupa a primeira posição no ranking de tarifa mais alta. Está à frente, inclusive, de cidades como Florianópolis (R$2,80), Campo Grande, Cuiabá (R$2,50) e Rio de Janeiro (R$2,40). Este fato

vem mobilizando diversos movimen-tos sociais, entre eles o MPL (Movi-mento Passe Livre) que já realizou dez manifestações com o objetivo de barrar o aumento da tarifa. Segundo a estudante Nina Capello Marcon-des, militante do MPL, é funda-mental que todos tenham acesso ao transporte públi-co gratuitamente para desfrutar dos serviços bá-sicos que ele oferece. “Uma vez que o transporte coletivo é um direito de todos, ele não pode ser pensado ou entendido como fonte de lucro das empresas, mas sim como uma neces-

sidade básica e diária da população”, afirma Nina.

Segundo ela, o MPL defende a transformação na lógica da mo-bilidade urbana, com o objetivo

de impulsionar ações que forta-leçam a luta por um “transporte público de verda-de”, gratuito e de qualidade para a população e fora da iniciativa pri-vada. Na década

de 90, Lucio Gregori, ex-secretário de Transportes de São Paulo formulou o primeiro projeto de gratuidade no transporte coletivo, mas este não entrou em vigor. Em seu terceiro ato,

o MPL se manifestou em frente a Câ-mara Municipal de São Paulo e obte-ve contato com o presidente da Casa, José Police Neto. “As manifestações cresceram, demonstramos que tem muita gente disposta a mudar isso”, conta Lucas Monteiro de Oliveira, estudante e militante do MPL. Os estudantes que compõem o MPL afir-mam que este é um movimento social autônomo e independente, contando com o apoio de distritos como Capão Redondo e Cidade Tiradentes e do bairro M’Boi’Mirim. “Sempre relem-bramos as vitórias conquistadas em outras cidades, como Florianópolis e Vitória, que através da mobilização popular nas ruas, conseguiram barrar o aumento das tarifas, mesmo depois de consolidado”, afirma Oliveira.

“A maneira mais impactante de atingir a

vida das pessoas é mexer no bolso delas.”

O impacto do reajuste do transporte públicoDados governamentais indicam

que aproximadamente 39 milhões de brasileiros não têm acesso aos meios de transporte coletivo, devido também ao alto valor das tarifas. Estudos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística) revelam que o transporte coletivo é o terceiro maior gasto no orçamento de uma família, ficando atrás apenas de habitação e ali-mentação. “Essas informações eviden-ciam que cada vez menos pessoas têm acesso ao transporte coletivo e isso vem reduzindo o espaço urbano no qual podem mover-se e serem livres”, afirma Nina Capello Marcondes.

Segundo o economista Marcus Eduardo de Oliveira, todo aumento da tarifa está diretamente ligado ao ajustamento de preços. “É preciso co-nhecer a planilha de custos da empresa e verificar os motivos reais na hora de se propor um aumento de valores”, afirma o economista. Além disso, ele diz ser óbvio o envolvimento de outras empresas no reajuste da tarifa. “Não restam dúvidas de que ocorre uma pressão das empresas beneficiárias sobre a administração pública, ou seja, sobre a Prefeitura”, afirma Oliveira.

O valor da tarifa de transporte público vem desajustando a vida de algumas pessoas. Nilton Sérgio Costa Santos, segurança e morador de Ferraz de Vasconcelos, município de São Pau-lo, é uma delas. Diariamente ele utiliza sua bicicleta para chegar ao local de tra-balho e pedala 15 quilômetros. “Decidi trabalhar de bicicleta para aumentar a renda, a condução está muito cara, os ônibus são lentos e lotados. No final

do mês, economizo R$ 184,00”, diz o segurança, que abdicou do transporte público há seis anos.

Santos não é a única pessoa a reclamar do valor alto da tarifa. Segun-do Antônio Ribeiro, cobrador de ônibus e funcionário da empresa CS Brasil há quatro anos, são inúmeras as reclamações dentro dos transportes, onde as pessoas demonstram indig-nação tanto com as condições de uso, como pelo valor da tarifa. “Elas falam coisas do tipo ‘Seu patrão vai ficar rico, hein?’ ou ‘Caramba, já aumentou de novo?’ e ficam reclamando como se a gente pudesse fazer alguma coisa”, afirma Ribeiro. Ele diz ainda que não há grandes melhoras nos veículos, além da extensa carga horária. “Eu

trabalho 12 horas por dia. Saio de casa 1h30, entro no primeiro ônibus às 3h30, almoço às 12h00 e retorno para casa às 14h30”, conta o cobrador.

De acordo com Oliveira, o im-pacto do reajuste na vida das pessoas pertencentes a classes menos favoreci-das é um fato consolidado no país. “A maneira mais impactante de atingir a vida das pessoas é mexendo no bolso delas. A inflação é o câncer que devora a capacidade da sociedade em adquirir bens e serviços”, afirma o economista.

As principais regiões metropoli-tanas da capital que tiveram reajuste foram Guarulhos (de R$ 2,65 para R$ 2,90), Santo André (de R$ 2,65 para R$ 2,90), São Caetano (de R$ 2,30 para R$ 2,75) e Diadema (R$ 2,50 para R$ 2,80).ESPERA - Passageiros aguardam ônibus no Terminal Itaquera

Roseane C

osta

Page 4: Jornal cidadão completo

PÁGINA 4 - MAIO DE 2011

Parques sofrem com a falta de cuidadosO lixo dos usuários tira parte da beleza e do equilíbrio ambiental dos parques da Zona Leste

Karen N

eves

A população degrada a natureza jogando lixo, roupas e até um guarda-chuva na grama

Os parques urbanos têm a fina-lidade de manter em conservação um determinado perímetro de área verde, contribuindo para a qualidade do ambiente e podem ser uma boa al-ternativa para a arborização da cidade. O modelo dos parques urbanos serve para a integração da comunidade que reside em volta do parque, eles con-tam com oficinas, playground, centro de convivência e telecentros.

Embora todos os benefícios que estes parques trazem à população, muitas destas áreas verdes, que são cercadas pela Prefeitura, estão aban-donadas. Nestes locais, são encontra-dos lixos ao pé das árvores e roupas espalhadas pela grama. Muitas vezes, moradores das proximidades contri-buem para a depredação destas áreas. “Já tive oportunidade de ver o cuida-do de funcionários na coleta de lixo e limpeza do Parque do Carmo. Somos nós, que por maus hábitos, jogamos uma latinha aqui e ali, quebramos de galhos a torneiras. São agressões silenciosas ao manto verde”, conta Nil Dutra, operadora da loja Paulinas.

Em alguns parques também há problemas com a segurança devido ao vandalismo. O problema vai desde lixeiras quebradas até o roubo das torneiras dos banheiros. “Sempre há casos de furtos das torneiras, já foi colocada torneira de plástico na tentativa de diminuir, mas não adian-tou. A administradora do parque vai à delegacia prestar queixa toda vez que some alguma coisa do parque”, conta a estagiária que trabalha no Parque Chácara das Flores, Leandra Rossi.

Os parques estão em constante manutenção, mas segundo os funcio-nários dos parques há a necessidade de maior contribuição dos moradores da região. “Todos os dias a equipe faz a limpeza. A vizinhança no entorno melhorou na contribuição para preservar o parque mas podem co-

Parque do Carmo: área verde exuberante de 1,5 milhão de m2 é destaque na Zona Leste

laborar mais, declara Tatiana Nunes, encarregada da empresa que cuida da limpeza do parque, composta por 14 funcionários.

Um bom exemplo de partici-pação e ajuda ao meio ambiente vem da artista plástica Luha. Ela é frequentadora dos parques da Zona Leste e em suas visitas recolhe folha-gens, sementes, cascas de árvores e gravetos caídos. Com estes materiais ela desenvolve obras variadas, como quadros, balaios, enfeites, colares que chamam a atenção para a natu-reza e sua preservação. Nas visitas ao parque, uma coisa tem preocupado a artista plástica: os visitantes não

MEIO AMBIENTE

Mirian FreitasThais Gonçalves

colaboram com a preservação do parque. “Enquanto recolho algumas folhas para transformar em arte, vejo pessoas do meu lado jogando resí-duos de suas refeições fora da lixeira. A natureza nos dá beleza e ar puro, nós vamos até seus espaços sagrados e deixamos sujeira que leva muito tempo para se decompor”, lamenta.

Luha ainda comenta sobre os parques em que notou mais falta de cuidado por parte da população. “Em todos os parques há falta de respeito ecológico devido a falta de cons-cientização ambiental dos usuários. Frequento muito mais o parque Eco-lógico do Tietê. Mas notei diversidade

Ter contato com a natureza;Curtir o ar livre;Jogar bola;Brincar com cachorro;Andar de bicicleta, patins e skate;Caminhar ou correr;Ficar deitado na grama;Assistir a shows e a peças teatrais;Bater um papo debaixo de alguma árvore;Fazer piquenique;Fazer um churrasco com os amigos;Descontrair um pouco, esquecer da vida;Praticar esportes.

Plantas e flores não devem ser arrancadas;Jogue o lixo nas lixeiras respeitando as divisões de reciclagem: metal, papel, plástico e orgânico;Evite perturbar e alimentar os animais;Não faça inscrições em árvores;Prefira o som das aves e do vento batendo nas folhas, evite aparelhos sonoros;Leve sacolas para jogar o seu lixo.

O que as pessoas gostam nos parques

Como conservar os parques

Boas dicas para o usuárioAnselmo Duarte

vegetal no Parque Chico Mendes e Parque do Carmo, que proporcionam tanto lazer e colírio verde”.

A UMAPAZ - Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz , é uma colaboradora dos Núcleos Descentralizados da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente e dos diretores de parques em atividades de educação ambiental. Ela oferece atividades de sensibilização das pessoas para o meio ambiente e o convívio de uma forma geral, como o tai-chi, as danças circulares, a contação de histórias, por exemplo. Além de realizar atividades de educação ambiental nos parques,

são oferecidos cursos e programas em locais adequados para que se expanda na cidade a consciência de que todos fazem parte da saúde ambiental e social e precisamos cuidar do espaço público e das relações estabelecidas. “Compreendendo que faz parte da comunidade, da vida e o sentido da cidadania, o cidadão morador ou vi-sitante da cidade e frequentador dos parques participará ativamente do cui-dado desse espaço público. O exemplo pessoal é a melhor forma de expandir comportamentos que preservam o ambiente e as relações”, reponde a diretora da UMAPAZ, Rose Marie Inojosa, quando questionada sobre como os frequentadores dos parques podem contribuir para a preservação e equilíbrio ecológico das áreas verdes.

Parque do Carmo

Localizado na avenida Afonso de Sampaio e Souza, 951, em Itaquera, foi inaugurado pelo prefeito Gilberto Kassab em 2000. Um dos destaques do parque é um monumento para comemorar o Centenário da Imigra-ção Japonesa idealizado pelo escultor Kota Kinutani, que forma um jardim com sete pedras. No centro da obra, há uma pedra vermelha, representan-do o “País do Sol Nascente”. A área total do parque é de 1,5 milhão de m².

Chácara das Flores

Com 41.737, 54m², o parque localizado na estrada Dom João Nery, 3.551, no Itaim Paulista, possui diversidade de aves, como sanhaçus, sabiás, canário-sapé, cambacicas, piá-cobra, gavião-peneira, joãoteneném, relógio e a espécie de primata sagui-de-tufo-branco. Outras opções de lazer são o galpão coberto para jogos, quadra poliesportiva, playground, deck para contemplação e pátio de descanso, trilhas, pista de cooper e caminhada e aparelhos de ginástica. O parque existe desde 2002.

Italo Silva

Page 5: Jornal cidadão completo

MAIO DE 2011 - PÁGINA 5INFOGRAFANDO

Parques oferecem lazer e saúdePaulistanos têm como opção exercitar-se em áreas verdes da região

Texto: Laerte CondeTabelas: Mariana Tavares

Rodovia Airton Senna, km 17, sentido Rio de Janeiro

Parque do TietêHistórico

Inaugurado em 1972, o Parque Ecológico do Tietê possui hoje uma área de 14 milhões de m2. Fica localizado nas margens da rodovia Ayrton Senna,

sentido SP/Rio, altura do km 15,5.Atividades e lazer

Campos de futebol, quadras poliesportivas, ciclovias, pista de bicicross, raia de atletismo, passeios de pedalinho, trilha, piscinas e playgrounds.

Visitação: de segunda-feira a domingo, das 8 às 17 horas.

Vias de acesso

Transporte público

2735-10- JD keralux

Ônibus/Linha Destino

Descer em frente ao parqueAutomóvel ou excursões

Ingrid Cam

pos

Ingrid Cam

pos

Gisele M

artins

Fabiola Ferreira

Jacu-Pêssego/Nova Trabalhadores e Av. Prof. João Batista Conti

Parque Raul SeixasHistórico

Inaugurado em 21 de outubro de 1989 e remanescente da fazenda da família Lorgati, o parque fica na rua Murmúrios da Tarde, no bairro José Bonifácio. Possui uma área de 33 mil m2.

Atividades e lazer

Quadras poliesportivas, quiosques, paraciclo, sanitários, aparelhos de ginástica, lago, nascente, quadra de bocha e

playgrounds, Casa de Cultura. Visitação: das 6 às 18 horas.Vias de acesso

Transporte público

3742-10 Jardim Laranjeira

Ônibus/Linha Destino

Descer em frente ao parqueAutomóvel ou excursões

Av. Salim Farah Maluf, Av. Pires do Rio

Parque Chico MendesHistórico

Inaugurado em 1989, o Parque Chico Mendes possui hoje uma área de 61,6 mil m2. Localiza-se na rua Cembira, Vila

Curuçá, Zona Leste da cidade de São Paulo.Atividades e lazer

Playground, pista de cooper, lago, trilhas, córregos, nascente, churrasqueiras, coreto, viveiro de aves, Casa de Cultura e Centro de Convivência. Visitação: segunda a domingo, das 7 às 18 horas.

Vias de acesso

Transporte público

Vila Matilde 273-N

Ônibus/Linha Destino

Descer em frente ao parqueAutomóvel ou excursões

R. Dr. Luís Aires - Av. Marginal Tietê

Parque do PiqueriHistórico

Com uma área de 97,2 mil m2, o Parque do Piqueri localiza-se na rua Tuiuti, no bairro do Tatuapé. Foi fundado em 1927

pelo conde Francisco Matarazzo.Atividades e lazer

Bicicletário, pista de cooper, campos de bocha oficial, futebol de areia, malha oficial, quadra de vôlei de areia, quadras

poliesportivas, aparelhos de ginástica e playgrounds.Vias de acesso

Transporte público

3301-10 - Terminal São Miguel

Ônibus/Linha Destino

Parada próximo ao parqueAutomóvel ou excursões

Av. Afonso de Sampaio E Sousa

Parque do CarmoHistórico

Inaugurado em 1976, o Parque do Carmo possui uma área superior a 1,5 milhão de m2. Fica localizado na avenida Afonso de Sampaio e Souza,

951, em Itaquera, Zona Leste de São Paulo.Atividades e lazer

Anfiteatro, palco para shows, bicicletário, churrasqueiras, quiosques, lanchonete, aparelhos de ginástica, campo de futebol, ciclovia, mesas para jogos, pista de

cooper e playgrounds. Visitas: diariamente, das 6 às 18 horas.

Vias de acesso

Transporte público

3789-10 direção a Cid. Tiradentes

Ônibus/Linha Destino

Descer em frente ao parqueAutomóvel ou excursões

Paula Gonçalves

Ranking extensão territorialPosição Área em m2Parque

1° lugar2° lugar3° lugar4° lugar5° lugar

TietêCarmoPiqueri

Chico MendesRaul Seixas

14 milhões1,5 milhão

97,2 mil61,6 mil33 mil

Ainda que a vida do paulistano seja extremamente corrida, cheia de pressões no trabalho e dissabores; na terra da garoa não se abre mão do pra-zer de estar com a família e os amigos. Para a maioria, os finais de semana são sagrados, pois é o momento de relaxar e se divertir, seja numa pelada, fa-zendo um pi-quenique ou, pasmem, fa-zendo ativi-dades físicas para colocar a saúde em dia. É co-mu m , n o s finais de sema-na, notar pessoas de todas as idades praticando ativida-des das mais diversas nos parques municipais, que se tornam verdadei-ras academias.

A assiduidade desses atletas anônimos é tão grande que vários par-ques já disponibilizam equipamentos seme-lhantes aos da academia para satisfazer e atrair esse público, além das pistas de corrida e das ciclovias. Cada parque com uma administração própria e subsidiada pela prefeitura tem se preo-cupado em oferecer conforto, segu-rança e muitas novidades nas áreas de cultura e lazer. Somente na Zona Leste de São Paulo temos aproximadamente 21 parques municipais, alguns mais estruturados e outros menos. Mas, todos eles são muito frequentados nos finais de semana. Confira nesta página alguns parques da sua região.

Page 6: Jornal cidadão completo

PÁGINA 6 - MAIO DE 2011

Tecnologia muda consumo do brasileiroCompras virtuais competem com mercado tradicional conforme avanço da tecnologia no país

Banco de Im

agens

Modelos de compra pela internet conquistam consumidor brasileiro

Pesquisas recentes apontam que o comércio eletrônico teve alta de 27,4% no país. Os consumidores adquirem desde livros, CDs, DVDs, eletrodomésticos a viagens e pacotes em spas. “Cada vez mais o brasileiro está adaptado à compra na inter-net, porém ainda há resistência em relação a produtos da linha branca (eletrodomésticos)”, afirma o econo-mista Guilherme Medeiros.

Nas últimas décadas, pelo menos três modelos de compra via inter-net surpreenderam o consumidor brasileiro. Algumas empresas aliam lojas físicas também à venda de seus produtos em grandes portais; outras apostam em um modelo unicamente virtual; outras ainda utilizam um mo-delo de vendas que vem ganhando maior destaque no mercado online, chegando a ter descontos de até 90%: as compras coletivas. Um nú-mero mínimo de compradores é pré-estabelecido, l ança - s e uma oferta e a venda do produto só é concretizada se o número de consumidores for atingido.

O grupo pio-neiro desse pro-jeto no Brasil é o Peixe Urbano, que surgiu no início de 2010 com o objetivo de desenvolver um modelo de negócios “ganha-ganha”, que alavan-casse o poder de mobilização da inter-net para trazer benefícios à sociedade,

Usuários devem ter cuidados com e-mails

colocando em contato os me-lhores prestado-res de serviços de cada cidade e um número grande de consumidores interessados em conhecer novos estabelecimentos perto de suas re-sidências. “Um dos fatores do grande sucesso das compras co-

letivas tem a ver com as características do consumidor brasileiro de utilizar bastante a internet, as redes sociais, de compartilhar novidades rapidamente, e de sair. Isso faz com que tudo se

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Andressa MouraFelipe Leandro

espalhe muito rápido”, afirma Leticia Leite, diretora do Peixe Urbano.

Além do comodismo que as lojas virtuais oferecem, preços inusitados e produtos que em lojas físicas não estão a venda, muitas também eliminam a cobrança de frete, o que chama a aten-ção do consumidor. “Normalmente, antes de finalizar qualquer compra, pesquiso nos sites e quase sempre eles têm alguma vantagem que a loja física não tem, e acabo finalizando a compra virtualmente mesmo”, conta Claudomiro Silva, mecânico industrial.

Entre as desvantagens em adqui-rir produtos pela internet apontadas pelos consumidores, estão as preocu-pações em receber o que corretamen-te foi comprado e, em alguns casos, não ter o direito de troca.

Embora uma das maiores agên-cias de viagens online do país afirme que “todos os seus consultores são aptos a fazer o que for necessário para contornar a situação para o bem maior dos clientes”, grande parte dos consumidores reclama quanto à prestação de serviço quando erros acontecem. “Em caso de desistência da compra, é muita dor de cabeça e raramente tudo dá certo, desde a devolução, troca, até o estorno do pagamento”, diz Matheus Medola, designer gráfico.

Seguindo as novas estatísticas so-bre o comércio eletrônico, especialis-tas acreditam que nos próximos anos o mercado ainda pode ser palco de um número ainda maior de novos produ-tos e modelos de negócios. “A internet

Banco de Im

agens

Número de crimes virtuais cresce no país

Confira algumas dicas do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) para se proteger na hora das compras virtuais: Além do e-mail, verifique se

a loja oferece outros meios (tele-fone, endereço) para que possa encontrá-la caso aconteça algum problema. As administradoras de cartão de crédito também podem ajudar na localização da empresa. Imprima todos os procedi-

mentos realizados para a compra, assim como a confirmação do pedido, que muitas vezes é enviada por e-mail. Se possível, também solicite à empresa um fax ou uma confirmação por escrito de que a aquisição foi feita. Evite pagar antecipadamen-

te pela encomenda. Cuidado com promoções.

Lembre-se que muitas vezes ao preço do produto ainda será soma-do o valor de sua postagem (frete). Ao comprar num site es-

trangeiro, não deixe de verificar as taxas de importação e o valor do frete. Procure saber também se a empresa tem representantes no Brasil.

Dicas parasua proteção

“A internet é muito ampla, nela você pode vender qualquer coisa e com isso as pessoas vão

criando novas ferramentas que cada vez

mais acostumam usar.”Guilherme Medeiros

Adriano Alves

Acompanhando a tendência de evolução da tecnologia, os criminosos também adotaram novas formas para atingir objetivos ilícitos, por meio dos chamados crimes cibernéticos. Esse tipo de crime é cometido por meios tecnológicos, e atualmente atingem grande parte da população brasileira, que é 5ª no ranking mundial com mais conexões de internet. Segundo estudo do instituto Nielsen Online, de outubro de 2009 a outubro de 2010, o número de usuários ativos cresceu 13,2%, o que representa 41,7 milhões de pessoas. Ainda de acordo com estatísticas do Cert.br, em 10 anos o número de incidentes registrados pulou de 99,3 mil para 328,3 mil.

Neste contexto, os criminosos ganharam novas ferramentas para se aproveitar da inexperiência de muitos usuários da internet, como explica o delegado Higor Vinicius Nogueira Jorge, especialista em crimes cibernéticos e professor de análise de inteligência da Acadepol. “Temos visto muitos casos de criminosos que utilizam programas de spam, ou seja, que enviam e-mails em massa que geralmente possuem como anexos programas maliciosos ou contendo links que direcionam o usuário a um

site que tenha algum programa com esta finalidade. Este tipo de programa pode ser um keylogger, que registra todas as teclas digitadas, também pode ser um trojan horse, que permite a utilização do computador da vítima de forma remota e a inclusão de diversos tipos de vírus que produzem danos ao computador da vítima. Boa parte das invasões tem a finalidade de obter informações confi-denciais da vítima, como por exemplo, dados do cartão de crédito, da conta e senhas”, explica Jorge.

Os crimes virtuais ainda podem ser classificados como exclusivamen-te cibernéticos, quando praticados somente na web, ou abertos, quando

há a possibilidade de acontecer também em âmbito real, como a pedofilia, por exemplo.

O internauta Eduardo Fonseca já foi vítima de worms (mensagens que, quando clicadas, se espalham por to-dos os contatos) pelo MSN (programa que permite conversa entre usuários em tempo real). “Cliquei sem querer e meu MSN chamava conversas com mensagens para clicar no link. Avisei o máximo de amigos que pude”, conta. Esses são os crimes exclusivamente cibernéticos. Nogueira destaca que a difusão desses crimes é muito comum, principalmente pela inserção de fotos e alguns vídeos em sites. Ele diz que

essas situações geralmente são resol-vidas e os autores presos e indiciados. “Recentemente tivemos a oportuni-dade de participar de investigações relacionadas à difusão de vídeos com pornografia infantil no Youtube, cujos autores foram devidamente identifica-dos. Para evitar essa situação, indico o diálogo franco e aberto, além da mo-nitoração das atividades dos filhos”, afirma o delegado.

A outra classificação de crimes cibernéticos são as ações atípicas que são aquelas que causam transtorno ao usuário, como a disseminação de um vírus pela rede. Estas ações não são consideradas criminosas, o que acaba atrapalhando a ação da polícia, deixando-a de mãos atadas.

Algumas atitudes devem ser to-madas quando uma pessoa perceber que foi vítima desses tipos de crime. Bruno Aguiar, criador do blog “cri-mesciberneticos.com”, diz o que deve ser feito. “Se a ameaça realmente se concretizou, se você foi vítima de um crime, sugiro procurar os meios legais convencionais, registrar um boletim de ocorrência na delegacia, procurar o banco se for fraude bancária e reunir o maior número possível de provas salvando todos os arquivos que tiver sobre o crime. Caso seja para fazer denúncia, pode fazer para o Minis-

tério Público Federal”, aconselha. É importante ressaltar que todas as uni-dades da polícia civil e polícia federal atendem a esse tipo de ocorrência. A polícia civil destaca que umas das dificuldades de se investigar esses crimes é a demora dos provedores de internet e de serviços de informação em fornecerem os dados que interes-sam à investigação. Outro empecilho encontrado pelas autoridades é o fato de muitas lan houses não registrarem as pessoas que acessam a internet nos estabelecimentos, mesmo existindo uma lei que as obriguem a isso.

“Acredito que existam dois pro-blemas para serem abordados sobre esta questão. O primeiro é que algumas atividades nocivas contra usuários de internet devem ser crimi-nalizadas para que se iniba a prática das mesmas. A outra, é que muitas vezes os integrantes do Judiciário, do Ministério Público e de órgãos da segurança pública não estão adequa-damente preparados para lidar com a persecução de crimes cibernéticos. Neste sentido, defendemos a aprova-ção da lei sobre crimes de informática (Lei Azeredo) e esperamos que haja um melhor investimento na prepa-ração de todos os funcionários que tenham contato com crimes virtuais,” finaliza Jorge.

é muito ampla, nela você pode vender qualquer coisa e com isso as pessoas vão criando novas ferramentas que cada vez mais as pessoas acostumam usar. E com isso a economia gira trazendo coisas melhores para quem acessa a internet e assim fidelizando o cliente”, conclui Medeiros.

Page 7: Jornal cidadão completo

MAIO DE 2011 - PÁGINA 7PÁGINA MIDIÁTICA

Agora, o teatro pode ser visto em casaDividindo opiniões, um novo projeto chega para inovar e questionar o atual quadro cultural do Brasil

Nathalia AlvesSandra Mesquita

Peças teatrais disponibilizadas via internet têm provocado uma revolu-ção no mundo cultural. No ar, desde março de 2010, o Teatro em Casa é um projeto que está surpreendendo o mercado cultural e tem divido opiniões entre atores, produtores e espectadores.

Os espetáculos são disponibiliza-dos em alta definição via internet após a aquisição de ingressos virtuais. Os valores variam de R$10,00 a R$40,00 e são aceitas diversas formas de paga-mento, tais como: cartões de crédito, débito, transferência bancária e boleto. Quem compra os créditos virtuais tem acesso à peça durante as 24 horas seguintes à aquisição dos ingressos, podendo ver o espetáculo quantas vezes desejar durante esse período.

Em um país onde as desigualdades não se dão apenas no campo social e econômico, mas também no cultural, muitos são os fatores que despertam interesse nesse tipo de iniciativa. Milhares de pessoas nunca foram a um teatro e, segundo o Ministério da Cultura, aproximadamente 95% da população brasileira não têm acesso a atrações desse tipo. Os principais motivos que geram o afastamento entre a população e o teatro estão re-lacionados à distância e à classe social.

Dados do IBGE de 2006 mostram que apenas 21% dos municípios bra-sileiros têm teatro ou salas de espetá-culo, sendo mais da metade loca-lizada na região sudeste. Além dessas dificulda-des, para assistir uma produção ao vivo, o espectador pode pagar até R$80,00.

A nova opção entrou no ar na data em que é comemorado o Dia Internacional do Teatro (27 de março). Com um investimento de R$10 milhões, a proposta principal é incentivar a cultura e a arte, além de promover a inclusão sociocultural e criar o primeiro acervo digital de teatro do Brasil.

As peças são gravadas com plateia e os equipamentos utilizados são espe-cíficos para não atrapalhar o desempe-nho dos atores. As captações das ima-gens ocorrem em São Paulo e no Rio de Janeiro, entretanto, Santa Catarina também já foi palco de gravação. As equipes variam conforme a produção

Bastidores de gravação de um dos espetáculos sendo realizada por empresa especializada

teatral. “Podemos gravar com até 12 câmeras profissionais. Quanto maior a produção, maior o número de pessoas envolvidas”, informa Jefferson Casti-lhos, produtor da empresa responsável

pela veiculação das peças teatrais.

Apesa r da inquietação no me io t e a t r a l , Márcio Santos, gerente de pro-jetos da compa-nhia, garante que o objetivo não é

desestimular a ida das pessoas ao teatro: “Não queremos dividir, muito menos extinguir a sensação de se vivenciar uma apresentação ao vivo, muito pelo contrário, temos ciência de que isso é impossível e inigualável.” Santos também ressalta a importância de levar esses espetáculos além do eixo Rio-São Paulo. Ainda segundo ele, no início, o projeto causou estranheza e desconfiança. Convencer os atores e produtores de que o objetivo não era tirar o público do teatro foi um dos principais desafios.

Há os que aprovam a iniciativa e os que discordam. A advogada Bian-ca Coutinho, que vai ao teatro com

regularidade, diz que experimentou a nova opção por indicação, e além de aprovar, recomenda. “É válido pelo conforto e comodidade”. A advoga-da conclui ressaltando que apesar de recomendar, não abre mão de assistir o espetáculo ao vivo.

Já a dentista Denise Garcia, que abandonou a profissão por amor ao tea-tro, mesmo não tendo assistido a uma apresentação on line, rejeita o projeto: “Não concordo. Teatro é vida ao vivo, é a plateia ali presente, é o abrir da cor-tina, é a adrenalina, a emoção passada ali na sua frente, é o erro sem cortes, é o pulsar único”, enfatiza a atriz.

O produtor teatral Marcelo Go-mes compartilha do mesmo pensa-mento que Denise Garcia, enquanto o ator, comediante e co-produtor Nelson Freitas, um dos protagonistas do Programa Zorra Total, aprova o novo método.

Para Gomes, a gravação não dá

certo, desestimula a ida das pessoas ao teatro. Freitas defende outra ideia. “É privilégio de poucos a ida ao teatro. Além dos ingressos serem caros para sustentar as produções, o número de salas está cada vez menor. Não acredito que te-nha influência no resultado final, pois quem prefe-re a magia do tea-tro, vai continuar a frequentá-lo”. Ele ainda ressalta o fato de proporcionar acesso à cultu-ra para um número maior de pessoas.

Há também quem aponte o lado positivo e o negativo. Elisa Carneiro, atriz, afirma que ao mesmo tempo em que serve como forma de divul-gação, traz um risco para os artistas. “Ao se transmitir a peça na íntegra, se torna muito mais cômodo vê-la na internet a se deslocar para um teatro. E vamos combinar, brasileiro adora uma comodidade”, observa Elisa.

Lucas de Francesco, também ator, concorda com Elisa. Completa afirmando que não teria problema em atuar sendo gravado, apesar de contrapor que não seria mais teatro,

54 % dos teatros estão concen-trados nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minais Gerais (Funarte, 2009). Apenas 21,2% dos municípios brasileiros têm teatros e/ou salas de espetáculo (IBGE/Munic, 2006). 98,7% dos consumidores têm práticas culturais em seu domícilio, enquanto apenas 40,6% têm práticas culturais externas (Datafolha, 2008). Os ingressos de cinema são considerados baratos quando com-parados aos do teatro por 41% dos

Atual quadro cultural do Brasilentrevistados (Datafolha, 2008). Enquanto 68% e 40% dos entre-vistados frequentaram, respectiva-mente, cinemas e shows nos últimos 90 dias, apenas 25% frequentaram teatros (Quantinet, 2010). 84% afirmaram que vão ao teatro menos que gostariam (Quantinet, 2010). Os principais motivos identifi-cados para a baixa frequência ao teatro são os preços altos, falta de acesso a bons espetáculos, distância e falta de tempo (Quantinet, 2010).

Quantidade de teatros noBrasil por regiõesSão 1.249 teatros divididosnas 5 regiões do país, sendo:

Fonte: CTAC (Centro Técnico de Artes Cênicas, Funarte)

Aline M

aciel / Jaqueline Bonfim

Fabiana Chagas / Tam

ires Freitas

e sim TV ou cinema. “Teatro é pre-sença. Se não tem público, não tem teatro”, finaliza Francesco.

A empresa transmissora fez acordo com as companhias teatrais.

Caso desejem, as mesmas poderão vetar a veiculação de suas peças nas cidades ou Esta-dos onde estão em cartaz. “Fica a critério das com-panhias bloquea-rem ou não o

acesso no Estado onde estejam se apresentando, assim as produtoras e os atores não se sentiriam lesados quanto ao esvaziamento dos salas”, explica a produtora Mônica de Francesco.

Somente no Brasil, já são 41,7 mi-lhões de internautas, o que favorece a disseminação dessa nova proposta. Fernanda Pires, fotógrafa e jornalista, assistiu pela primeira vez a uma apre-sentação teatral on line. A nova usuária relatou sua experiência: “Há uma grande facilidade na aquisição dos ingressos e uma variedade enorme de gêneros. Quanto ao fato de assistir em casa ou no teatro, atores são atores, seja aonde for”, conclui Pires.

Divulgação

“Além dos ingressosserem caros, o número

de salas estácada vez menor.”

“Teatro épresença. Se não

tem público,não tem teatro.”

“Não queremos dividir, muito menos extinguir a

sensação de se vivenciar uma apresentação ao vivo.”

Page 8: Jornal cidadão completo

PÁGINA 8 - MAIO DE 2011

Olha a Unidos de São Miguel aí, genteCidadão traz à tona a história de uma das mais tradicionais escolas de samba da Zona Leste

Luma C

arla

Da dir. para esq. Dárcio, Maria de Lourdes, Sínthia e componentes da Unidos de São Miguel segurando a bandeira

Ao final de cada partida de fute-bol, jogadores amadores se reuniam para a comemoração de mais um jogo com animadas rodas de samba. Foi assim que a GRCES (Grêmio Recreativo Cultural e Escola de Sam-ba), mais conhecida como Unidos de São Miguel, nasceu em 25 de junho de 1977. Uma escola de samba loca-lizada na Vila Curuçá, no bairro de São Miguel. A escola leva o nome do próprio bairro e tem como símbolo maior a igreja de São Miguel Paulista.

Após anos de desfile, mesmo com pouca estrutura, a Unidos de São Miguel chegou ao grupo de maior destaque no Carnaval, o grupo especial, em 1994. Depois disso, a escola entrou em decadência, che-gando ao grupo IV, que é o último, e hoje desfila pelo grupo II, tendo como principal objetivo o acesso ao grupo especial.

Apesar de o bairro ter muito or-gulho da escola de samba, existe pou-co envolvimento entre os dois, a escola não possui estruturas para elaboração das fantasias e realiza-ção dos ensaios, sendo obrigada a ensaiar debaixo do viaduto Jacu Pêssego. Cerca de 700 pessoas parti-ciparam do desfile desse ano. A renda estabelecida pela prefeitura foi de R$ 60 mil, insuficiente para a realização dos preparativos.

“Eu acho que São Miguel deve-ria dar mais apoio, quando vamos

para a avenida levamos o nome do bair ro e o símbolo maior, que é a igreja de São Miguel. Não temos ajuda da população nem do comérc io, as pessoas não vêem o sacrifício

que uma escola de samba tem, é com-plicado, mas fazer o que, né? Então, a gente vai levando na raça”, lamenta Maria de Lourdes da Silva, diretora da Unidos de São Miguel.

Mesmo com pouca ajuda da

MEMÓRIA

Bruna AmorimJéssica Arena

Rômulo Magalhães

subprefeitura, a escola de samba ainda tinha um envolvimento com a comunidade num trabalho social, onde dava apoio aos analfabetos que desfilavam pela escola, ensinando-os a ler e escrever. “A gente doava materiais, montamos salas de aula, biblioteca e quem era o professor? Era eu”, diz o destaque principal da escola de samba, Dárcio Regis.

Além dos gastos, a escola não tem ajuda de colaboradores e a subprefeitura não fornece espaço para meios de divulgação. Apesar de todas as dificuldades sofridas pela escola, seus membros continuam de-dicando seu tempo para a conquista

As raízes e influências do CarnavalCaroline Féria

A comemoração carnavalesca apa-rece no Brasil com os portugueses, no século XVII, com influência de festas carnavalescas que aconteciam na Eu-ropa. As realizadas no Brasil eram em forma de brincadeira, ora alegre, ora violenta, recebendo o nome de en-trudo (veja box), as pessoas atiravam

objetos agressivos umas nas outras.Com o passar do tempo, o Car-

naval do Rio de Janeiro começa a se inovar, sendo realizado em 1840 o primeiro baile. Em 1846, surge o Zé Pereira, um grupo de folia de rua com bumbos e tambores.

Mais adiante, aparecem os cor-dões, as sociedades carnavalescas, os blocos, os ranchos e os corsos, que

se tornaram populares no início do século XX. As pessoas se fantasia-vam e decoravam seus carros, fazen-do grupos para desfilar nas ruas das cidades, dando origem aos carros alegóricos existentes até hoje, sen-do assim todos esses movimentos abrem portas em 1929 à fundação da primeira escola de samba, Deixa Falar, no bairro carioca do Estácio.

Meu canto está no ar Pra encantar de novoVai meu samba, meu tesouroÉ melodia na boca do povo

Olha São Miguel aíEstou feliz, de bem com a vidaVem por cima da canção, seduzir a

avenidaTem cantigas de ninar, vem ser

criançaDeixa o sonho te levar Na escola, em forma de liçãoNo passeio

Canta que faz bem ao coraçãoEu sou cantor, sou o tenorE o meu show é no chuveiroKaraokê sou nota 100Eu solto a voz e não tem

pra ninguém

Cantam, apaixonados,enamorados em sedução

Cantam, embriagados,desesperados, na solidão

Canta o índio, na tribo do PajéE na religiosidade, adoração e féNa arquibancada,

pra fazer o campeãoE no canto pelo seu direito,

canta forte o cidadão.

Samba enredo 2011“Quem canta, todosos males espanta”

O Carnaval brasileiro é des-cendente do “entrudo” por-tuguês. O dicionário diz que entrudar significa molhar com água, empoar de goma ou talcos, fazer peça. E a farra era esta mesmo. No século 17, os foliões se armavam de baldes e latas cheias de água. E todos acabavam molhados. Até Dom Pedro II se divertia jogando água nos nobres. Acontecia aqui antes do início da Quaresma e durava três dias, do domingo até a terça-feira gorda.

Com o passar dos anos, a brincadeira foi ficando mais agressiva. As pessoas jogavam água suja, farinha e talco, lambu-zando as roupas dos brincalhões. Limões, laranjas e ovos eram ati-rados em quem estivesse na rua.

Logo, surgiu uma lei proi-bindo o entrudo em diversas regiões. Em 1854, um chefe de polícia do Rio de Janeiro deter-minou que a partir daquela data o entrudo tinha de “ser seco para não estragar as roupas mais cus-tosas e cuidadas e não provocar desordens e confusão”. O entru-do a seco, então, se transformou no Carnaval.

O que é o entrudo?Chegando o fim do século XIX,

com cantos e danças feitas ao ritmo de percussão e ao som de bandas, é a partir de 1899, com o surgimento do abre-alas, da maestrina Chiquinha Gonzaga, que a folia é animada por composições elaboradas para ela: marcha-rancho, o samba, a marchi-nha, a batucada e o samba-enredo, no Rio de Janeiro; o frevo, de rua ou de salão, em Pernambucano.

A escola Deixa Falar foi criada pelo sambista Ismael Silva. Após al-guns anos, a escola passa a se chamar Estácio de Sá e é nesse momento que o Carnaval começa a ganhar um novo formato, surgindo novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Desencadeando assim, os primeiros campeonatos, organizados em ligas, para saber qual escola de samba era mais bonita e animada.

No Brasil, o Carnaval é democrá-tico. Enquanto no Rio de Janeiro e São Paulo, os destaques são os bailes de salão e os desfiles das escolas de samba, em Salvador, há o predomínio do som de trios elétricos e blocos afro-brasileiros de afoxé. Em Per-nambuco, a festa fica por conta dos blocos de frevo e maracatu. Isso para citar apenas alguns exemplos por este extenso território da alegria, que é o Brasil durante o Carnaval.Bonecos de Olinda levando humor e descontração para todos no Carnaval em Pernambuco

“Eu sou Unidos de SãoMiguel, sou destaque de

grandes escolas, mas minha paixão pela

Unidos fala mais alto.”

Divulgação

de novos títulos.“Eu sou Unidos de São Miguel,

eu nasci e me criei dentro de São Miguel, desde meus quatro anos de idade sou da Unidos, eu sou destaque de grandes escolas, mas a minha pai-xão pela Unidos de São Miguel fala mais alto”, diz Regis.

Neste ano, a escola foi para a avenida com o enredo “Quem canta, todos os males espanta”. Os diretores da escola esperavam ter bom de-sempenho no desfile para que poder desfilar pelo grupo I em 2012.

Maria de Lourdes se emociona ao dizer que sua mãe é uma das fundadoras da escola e, mesmo com

tantos problemas, passa o dia inteiro costurando as fantasias para ver tudo na avenida, cheio de brilho e energia. “Agora, eu pergunto, vale a pena tudo isso? Não tenho a mínima dúvida, ninguém consegue explicar qual é a emoção de tudo isso”, conclui.