cidadão completo 31

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Jornal-laboratório produzido pelos alunos de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul - Ano IX - Número 31 - Agosto de 2008 Mulheres que têm filhos deficientes lutam por direitos básicos e ainda precisam lidar com o preconceito. Vera de Camargo não conseguiu que seu filho, portador de atraso de desenvolvimento psicomotor, fosse atendido em nenhuma instituição, e decidiu fundar a Associação Mantenedora de Mães Especiais (AMME), que há nove anos presta assistência a pessoas com deficiência. Página 7 O Hospital e Maternidade Leonor Mendes Barros, localizado no Belenzinho, é considerado um centro de referência na coleta e estocagem de leite materno. De- senvolvido pelo governo estadual, o programa dos Bancos de Leite Humano (BLH) faz a coleta de leite excedente de mães em período de amamentação para atender recém-nascidos e bebês com problemas cau- sados pela falta de leite. Página 5 Mães especiais O Clube Atlético Juventus, localizado na Mooca, é o pioneiro no futebol femini- no do país. Desde 1982, o clube tem revelado muitos talentos, como Thais Duarte e Ingrid Carolina, que garantiram vaga no Mundial Feminino Sub-17, que será rea- lizado na Nova Zelândia entre 28 de outubro e 16 de novembro de 2008. Página 8 Elas são motoristas, policiais, engenheiras. Enfrentaram o preconceito e hoje disputam vagas antes destinadas exclusivamente aos homens. Mas ainda há muito para ser conquistado: em geral, elas recebem salários inferiores aos dos homens e demoram mais tempo para conseguir emprego. Página 4 Luta desigual Luta desigual Meninas de chuteira Meninas de chuteira A motorista de lotação Luíza Magno Miranda Treino do futebol feminino no Juventus Leite salvador A cada ano, cresce o número de mulheres que se submetem a cirurgias plásticas no Brasil. A queda nos preços e a facilidade no pagamento são alguns dos atra- tivos. Os médicos alertam que, antes de fazer qual- quer tipo de cirurgia, a interessada deve pesquisar e escolher uma clínica de sua confiança. Algumas mu- lheres acreditam que, ao fazer uma plástica, é possível ter um corpo igual às modelos de revistas. Página 6 Mulheres no crime Corpo perfeito De acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), nos últimos seis anos a popula- ção carcerária feminina aumentou cerca de 50%. As drogas estão entre os principais motivos dos roubos e furtos cometidos por mulheres que, em sua maio- ria, tinham um emprego regular quando cometeram o delito. Página 2 Paulo Medeiros Taila de Farias Seme Amaral EDIÇÃO MULHER

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Page 1: Cidadão completo 31

Jornal-laboratório produzido pelos alunos de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul - Ano IX - Número 31 - Agosto de 2008

Mulheres que têm filhos deficientes lutam por direitos básicos eainda precisam lidar com o preconceito. Vera de Camargo não conseguiu

que seu filho, portador de atraso de desenvolvimento psicomotor, fosseatendido em nenhuma instituição, e decidiu fundar a Associação Mantenedora

de Mães Especiais (AMME), que há nove anos presta assistência a pessoas comdeficiência. Página 7

O Hospital e Maternidade Leonor Mendes Barros,localizado no Belenzinho, é considerado um centro dereferência na coleta e estocagem de leite materno. De-senvolvido pelo governo estadual, o programa dosBancos de Leite Humano (BLH) faz a coleta de leiteexcedente de mães em período de amamentação paraatender recém-nascidos e bebês com problemas cau-sados pela falta de leite. Página 5

Mães especiais

O Clube Atlético Juventus, localizado na Mooca, é o pioneiro no futebol femini-no do país. Desde 1982, o clube tem revelado muitos talentos, como Thais Duartee Ingrid Carolina, que garantiram vaga no Mundial Feminino Sub-17, que será rea-lizado na Nova Zelândia entre 28 de outubro e 16 de novembro de 2008. Página 8

Elas são motoristas, policiais, engenheiras. Enfrentaram o preconceito e hojedisputam vagas antes destinadas exclusivamente aos homens. Mas ainda há muitopara ser conquistado: em geral, elas recebem salários inferiores aos dos homens edemoram mais tempo para conseguir emprego. Página 4

Luta desigualLuta desigual

Meninas de chuteiraMeninas de chuteira

A motorista de

lotação Luíza

Magno Miranda

Treino do

futebol feminino

no Juventus

Leite salvador

A cada ano, cresce o número de mulheres que sesubmetem a cirurgias plásticas no Brasil. A queda nospreços e a facilidade no pagamento são alguns dos atra-tivos. Os médicos alertam que, antes de fazer qual-quer tipo de cirurgia, a interessada deve pesquisar eescolher uma clínica de sua confiança. Algumas mu-lheres acreditam que, ao fazer uma plástica, é possívelter um corpo igual às modelos de revistas. Página 6

Mulheres no crime

Corpo perfeito

De acordo com o Departamento PenitenciárioNacional (Depen), nos últimos seis anos a popula-ção carcerária feminina aumentou cerca de 50%. Asdrogas estão entre os principais motivos dos roubose furtos cometidos por mulheres que, em sua maio-ria, tinham um emprego regular quando cometeramo delito. Página 2

Paulo Medeiros

Taila de Farias

Seme Amaral

EDIÇÃOMULHER

Page 2: Cidadão completo 31

PÁGINA 2 - AGOSTO DE 2008

POLÍCIA

Elas também cometem crimesPolíticas de encarceramento não evoluem no mesmo ritmo do registro de delitos

Kênia Honda

PREÇO – Mulheres pagam caro pelos erros cometidos no crime

Kênia Honda

A mulher vem conquistandoimportantes espaços na sociedadebrasileira, inclusive nos índices decriminalidade. As violações, normal-mente por roubo ou furto, têmcomo um dos principais motivosas drogas, delitos sem tanta gravi-dade, mas que deixam um rastrode sofrimento.

Segundo dados do Departa-mento Penitenciário Nacional (De-pen), pouco mais de 5% da popu-lação carcerária é composta pelo sexofeminino. À primeira vista, umdado sem tanta importância, masconsiderando o crescimento de cer-ca de 50% dos últimos seis anos,podemos perceber que no futuroessa estatística será bem maior, poisnão existem medidas de recupera-ção específicas. Apesar da diferença,elas são expostas às mesmas condi-ções disciplinares que os homens.

Os motivos são muitos e, deacordo com o psicólogo HélioBraunstein, as drogas estão em pri-meiro lugar. Cerca de 60% das en-

trevistadas por ele assumem que jáforam ou são usuárias de algum tipode entorpecente ou de bebidas al-coólicas, sendo que a maconha é amais utilizada. Em segundo lugar,está a influência de amigos e apenasem terceiro, o dinheiro, pois apesarde profissões de baixa valorizaçãosocial, a maioria estava empregadaquando cometeu o delito.

Braunstein, em sua tese de dou-torado pela USP, com o título Mu-lheres encarceradas, passou mais deseis anos na Penitenciária Femininado Butantã colhendo dados. Lá, elepôde perceber a predominância dejovens entre 19 e 29 anos, sendoque quase 85% possuem até o ensi-no fundamental como nível de es-colaridade.

Suas pesquisas mostram diasrotineiros, cercados de regras, o so-frimento é nítido. Segundo ele, ra-ramente se vêem comportamentosmais alegres. De acordo com umasecretária (que preferiu omitir a iden-tidade), que passou dois meses naprisão, as principais dificuldades sãoa saudade dos familiares, a má ali-mentação e os rigorosos horários.“Eu tinha que dormir cedo, às 17horas”, comenta ela. Apesar daslembranças ruins, elas não apreci-am as visitas, pois não querem queos filhos as vejam presas.

O psicólogo diz que o encarcera-mento é uma das realidades que en-volvem a condição da mulher emnossa sociedade e esta realidade estácada vez mais presente. A preocupa-ção agora é fazer com que as tarefasde reeducar, ressocializar e reintegrarsejam realizadas de forma eficiente,o que, de acordo com suas pesqui-sas, não está ocorrendo. Elas mos-tram que instituições prisionais nãosão capazes de atender esses termos,pois tratam isso de forma minimi-zada, descontínua e improvisada.

Jornal-laboratório do Curso deComunicação Social (Jornalismo)da Universidade Cruzeiro do Sul

Ano IX - Número 31 - Agosto de 2008Tiragem: 3 mil exemplares

Telefone para contato: 6137-5706

ReitoraSueli Cristina Marquesi

Pró-reitor de GraduaçãoCarlos Augusto Baptista de Andrade

Pró-reitor de Pós-graduação e PesquisaLuiz Henrique Amaral

Pró-reitor de Extensão e Assuntos ComunitáriosRenato Padovese

Coordenador do Curso de Comunicação SocialCarlos Barros Monteiro

Professores-orientadoresCecília Luedemann, Dirceu Roque de Sousa,

Flávia Serralvo, Luciana Rosa e Valmir Santos.

EDITORIAL

A mulher carrega consigo inú-meros estereótipos passados de gera-ção para geração, mas em meio a issoela criou forças para lutar por seusdireitos, batalhas travadas dia-a-diaque foram tomando grandes propor-ções até mudar conceitos hoje vistoscomo antiquados. O direito ao voto, apílula, a inserção no mercado de tra-balho foram passos cruciais para suaafirmação e reconhecimento nos maisdiversos setores da sociedade.

Por isso, nesta 31º edição do jor-nal Cidadão, teremos a mulhercomo tema principal. Ao seu redor,os assuntos abordados serão variados,deixaremos um pouco de lado esta ima-gem de frágil, submissa e daremos lu-gar à mulher moderna que, mesmo emmeio a dificuldades, busca e conquis-ta seu lugar.

Nesta idéia, os alunos do 6º se-mestre de Jornalismo da Unicsul fo-ram às ruas à procura de histórias einformações pertinentes. Não é umarotina fácil. São mães que enfrentamtudo e todos para dar melhores condi-ções de vida aos seus filhos tão espe-ciais, além de se preocuparem com osdemais. A solidariedade torna-se umato natural não só com estranhos,mas também com aqueles que vivemlado a lado, enfrentado problemas desaúde que deixam marcas eternas.

O futebol ganhou espaço com asjogadoras brasileiras premiadas comoas melhores do mundo, mas ainda hámuito que evoluir, pois grande parteda população ainda desconfia da boaqualidade delas no esporte, o que nãoas impede de continuar e provar o con-trário, assim como no mercado de tra-balho, onde elas ignoram o preconcei-to e ocupam cargos importantes, an-tes dominados pelos homens, obtendosucesso e respeito profissional. Exem-plo disso são a policial Cristina Ric-ciarelli, a engenheira Marianne Ben-cini Silva e a motorista de lotaçãoLuíza Magno Miranda, entrevista-das nesta edição.

Destaque também para as cam-panhas de doação de leite materno e acriação dos bancos de leite humanopara atender mães com dificuldadespara amamentar seus filhos.

Neste dia-a-dia maçante, algumasmulheres acabam se desviando e fa-zendo parte de uma minoria poucoconhecida: as que cometeram algumtipo de delito - os motivos são vários eas histórias, surpreendentes, que fe-rem esta imagem de fragilidade.

Mas em meio a tudo isso elas nãodeixam de lado a vaidade, caracterís-tica própria e companheira insepará-vel. Bom, assunto é o que não faltapara este ser tão enigmático.

Boa leitura.

“Ninguémnasce mulher,

torna-se mulher”Simone Beauvoir

Quando um crime justifica outro“Fui investigada, assumi o que fiz, não neguei nada a ninguém e não me arrependo”

Aos 79 anos, Maria Isabel(como prefere ser identificada) nosconta o que a fez matar seu padras-to na sua juventude. Nascida numapequena cidade da região sul, pró-xima à divisa com o Paraguai, elaficou órfã de pai ainda na adoles-cência. Sua família passou por mui-tas dificuldades. A mãe casou-se no-vamente e quando tudo parecia me-lhorar um golpe de violência trans-formou de maneira trágica o desti-no de Maria Isabel.

Aos 16 anos, ela passou a sermolestada sexualmente pelo pa-drasto: “Ele casou com ela e come-çaram os abusos, mas eu não con-tei para ela... ele era bom para ela,não deixava faltar nada em casa...tive medo de contar e ela se separardele e nós voltarmos a passar difi-

culdades...”Porém, não foi possível susten-

tar essa situação e aos 18 anos elaresolveu relatar para sua mãe o queestava passando com o padrasto:“Ela não acreditou em mim e meexpulsou de casa... eu não tive esco-lha, virei prostituta num cabaré...”

O padrasto de Maria Isabel erafreqüentador da casa onde ela tra-balhava. Depois que saiu de casa,descobriu que ele passou a violen-tar sua mãe e tomou conhecimentodos crimes cometidos por ele comoutras seis mulheres antes de se ca-sar, inclusive com a própria irmã.Era um homem extremamente vio-lento e abusava de suas amigas pros-titutas também. “Numa noite, eleusou tanto sexualmente minha mãee bateu tanto nela que ela caiu doen-te numa cama. Depois daquela noi-te, ela nunca mais andou”, diz.

Como se não bastasse tudo quejá havia passado, tomar conhecimen-to desses fatos levaram Maria Isa-bel a premeditar o assassinato dopadrasto para dar um fim na situa-ção que alimentava sua revolta.Conviver com a presença de umhomem sem escrúpulos e tomarconhecimento das atrocidades co-metidas por ele a deixava mais deci-dida a cometer o crime. “Prepareitudo. Amarrei ele e fui cortando empedaços, dizendo: isso foi por mim,isso pela minha mãe, isso por todasas outras mulheres. Deixei ele lá, es-correndo..., depois terminei enfor-cando. Eu matei e não neguei paraninguém, me vinguei por todas asmulheres que ele violentou...”

Maria Isabel foi investigada pelapolícia. Os antecedentes criminais doseu padrasto foram levantados e ocrime foi abafado, pois naquela re-

gião imperava a política dos coro-néis que geralmente mantinhamboas relações com as cafetinas. “Na-quela época, quando era constatadoque um homem violentava mulhe-res, tudo era acobertado. A própriadona da casa onde eu trabalhavatomou as providências junto às au-toridades para deixar tudo limpo.”Alguns meses depois, Maria Isabelconheceu um homem que a tirouda prostituição e se casou com ela.“Vivi com esse homem e cuidei deleaté ele morrer. Sempre foi muitobom para mim, nunca me levan-tou nem a voz.”

O crime prescreveu e hoje elavive com familiares num sítio. Trazno olhar marcas de sofrimento, masconvicção nas palavras quando afir-ma não ter se arrependido do quefez. Faz questão de dizer: “Eu falopara as mulheres que apanham, quesofrem abusos sexuais, para daremseu grito de liberdade. Façam algu-ma coisa, se mexam. Hoje em diatudo é muito diferente, porque, searranhar, já vai preso. Não fiquemagüentando caladas. Não incentivoa violência, acho que tudo pode serresolvido na base da conversa. Seeu tivesse falado na primeira vez,talvez não teria chegado a tanto etudo poderia ter sido evitado.”

Aldrey Mére

Page 3: Cidadão completo 31

AGOSTO DE 2008 - PÁGINA 3COMPORTAMENTO

Lei protege mulher de violência domésticaRespaldo jurídico e psicológico são boas medidas para diminuir o número de agressões

Aldrey MèreTomás LombardiVirginia Delfino

A maioria dos casos de violên-cia familiar aparenta ser uma sim-ples reação a determinados compor-tamentos como adultério ou mes-mo fruto de um estado alterado deconsciência. Porém, por trás dessamáscara de vidro da bebida e dasdrogas ilícitas, se esconde geralmen-te um passado recheado de expe-riências moralmente danosas.

De acordo com a psicóloga Eli-zabeth Boldi, que atua há mais de11 anos na Fundação Estadual doBem Estar do Menor (Febem), aviloência doméstica pode ser con-seqüência de situações vividas na in-fância. “Em geral, todo abusadorfoi abusado de certa forma”, expli-ca. Essa situação se atrela ao fato deos pais não darem atenção na horadas brigas e discussões para ascrianças que estão inseridas no seiofamiliar. “Possivelmente a pessoaque agride vivenciou de alguma for-

“Ele é um péssimo marido, mas um bom pai”Fabíola LoyollaRodrigo Moreira

Wagner Di Palma

O cenário que aparentementesoa como lugar comum na cabeçadas pessoas ao ouvir falar de umcrime de violência doméstica podeser pior do que parece. A falta deorientação jurídica e psicológica geraum caos que fere a constituição fa-miliar. A Lei Maria da Penha, nú-mero 11.340, de 7 de agosto de2006, cria mecanismos que ajudama mulher a ter um aparato jurídicopor trás da difícil decisão de denun-ciar seu agressor.

A violência doméstica e fami-liar contra a mulher se caracterizaem qualquer ação ou omissão ba-seada no gênero que lhe causemorte, lesão, sofrimento físico, se-xual ou psicológico e dano moralou patrimonial no espaço domés-tico, com ousem vínculo fa-miliar, no âmbi-to da família, ouem qualquer re-lação íntima deafeto no qual oagressor convivaou tenha convi-vido com a ofen-dida.

A delegada da 5ª Delegacia deDefesa da Mulher, na Zona Lestede São Paulo, Marli Maurício Tava-res, que possui mais de dez anos

de experiênciaem violência do-méstica, fala so-bre os benefí-cios que a leitrouxe para asmulheres víti-mas de agres-são. “A Lei res-

palda melhor a mulher e pune demaneira mais severa o agressor”,comenta Marli. A punição pela Leinúmero 9.099, de 1995, para lesãocorporal dolosa de natureza leve era

de até um ano, agora a pena máxi-ma é de até três anos de detenção.O que acontece é que houve a subs-tituição do TC (Termo Circunstan-ciado de Ocorrência Policial), pelaLei Maria da Penha e as delegaciaspassaram a autuar o agressor emflagrante delito, não só pela agres-são, mas também pelo crime deameaça. A mulher, ao tomar co-nhecimento da Lei, percebe que temum respaldo maior, condições desolicitar medidas de proteção de ur-gência, como a retirada imediata do

agressor do lar ou a proibição decontato físico ou por qualquer meiode comunicação com ela e seus fa-miliares.

Na maior parte das ocorrênciasregistradas, os agressores cometemos delitos sob o efeito de bebidasalcoólicas ou substâncias entorpe-centes, e essas últimas sofreram au-mento nos últimos anos. Segun-do a delegada, “nós, que trabalha-mos com violência contra a mu-lher, percebemos que em todas asidades o consumo de outras subs-

tâncias entorpecentes aumentou decinco anos para cá. Até para pes-soas de 40, 50 anos”. Os casos depessoas que cometem a agressãosem estar nessas condições tam-bém acontecem, porém em umnúmero bem mais reduzido.

Quando a vítima toma a deci-são de denunciar o agressor e vaiaté uma Delegacia da Mulher, elarecebe toda a orientação e prote-ção necessárias para poder seguiradiante com sua decisão, sem so-frer nenhuma ameaça por parte doagressor. A Lei prevê uma integra-ção maior entre outros órgãos esecretarias, o que resulta em umarede sintonizada de atendimentoà vítima de violência doméstica efamiliar, no aspecto assistencial,judicial, atendimento psicológico eabrigos. Esse amparo é extendidoaos filhos da vítima, que muitasvezes presenciam as cenas de agres-são dentro de casa, sofrem agres-sões físicas e até abusos sexuais.

Fotos Tomás Lombardi

EQUIPE - Profissionais da 5ª Delegacia de Defesa da Mulher

ma isso dentro de casa”, ressaltaElizabeth.

O maior perigo encontra-se nascrianças mais novas. As informaçõesmais importantes para a formaçãodo possível adulto que ela se torna-rá se processam na fase da primeirainfância. Esta fase, compreendidaentre zero e sete anos, é primordialpara a aprendizagem da criança. Équando as informações são arma-

zenadas em uma área que a psicolo-gia chama de memória mnemôni-ca. No futuro, o sujeito reproduz,mesmo que inconscientemente,boa parte da infância vivida nessaidade. Portanto, é necessária muitaatenção na hora de expor as criançasa fatos que possam marcá-las de for-ma negativa.

Outro ponto que não pode dei-xar de ser lembrado é o fato de um

grande número de mulheres serconivente com seus agressores. “Émuito comum ouvir de uma mu-lher que o marido bate nela, masnão deixa faltar comida para os fi-lhos. Ou seja, ele é um péssimomarido, mas um bom pai”, afirmaa psicóloga.

Com medidas que chegaramjuntamente com a Lei Maria da Pe-nha, é previsto que a mulher nãopode desistir da ocorrência depoisde ter decidido processar criminal-mente. Isso pode ocorrer na fasejudicial do processo, mas não se re-pete o fato de vítimas que retiram aqueixa logo após retornar para casae “entrarem em um acordo” comseu agressor.

Na tentativa de reduzir esse pro-blema, que ainda está presente emmuitos lares brasileiros, é precisoincentivar a denúncia da agressãodentro de casa e, mais do que isso,ter consciência de que os filhos po-dem levar essa experiência por todaa vida e até repetir os atos violentosquando possuírem uma família.

Lesão corporal, estupro, aten-tado violento ao pudor, rapto,ameaça, calúnia, difamação e in-júria. A Delegacia de Defesa daMulher também atua em casosde separação de casais, pensão ali-mentícia, partilha de bens e bus-ca de filhos.

BRINQUEDOTECA - Espaço para as crianças dentro da delegacia

Maria da Penha Maia é umabrasileira que lutou durante noveanos para que seu agressor fossecondenado. Com 60 anos e trêsfilhas, hoje ela é líder de movi-mento de defesa dos direitos dasmulheres, vítima emblemáticada violência doméstica.

Quem é

“A Lei respalda

melhor a mulher e

pune de maneira

mais severa

o agressor”

Casos atendidos

Delegacias deDefesa da Mulher

da Zona Leste5ª Delegacia

Rua Dr. Corintho BaldoínoCosta, 400, Vila Zilda.Fone: 2293-3816.7ª Delegacia

Rua Dríades, 50, 2° andar,Vila Jacuí.Fone: 6154-1362.8ª Delegacia

Av. Osvaldo Valle Cordeiro, 190,Jardim Brasília.Fone: 6742-1701.

Page 4: Cidadão completo 31

PÁGINA 4 - AGOSTO DE 2008 TRABALHO

Mulheres disputam cargos masculinos

Fernanda BlanesFrancis BresciaRaquel ZambonTaila de Farias

Um olhar sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro

MARIANNE – A engenheira civil supervisionando obras de fundação

A entrada das mulheres no mer-cado de trabalho teve início durantea Primeira Guerra Mundial, quan-do a partida dos homens para oscampos de batalha fez com que elasassumissem os negócios da famí-lia. Entretanto, foi somente a partirde 1970 que o público femininoconsolidou sua conquista de espa-ço no cenário profissional.

Apesar da coragem por enfren-tarem uma jornada diária dupla –dividida entre o trabalho e os cui-dados com o lar –, o esforço dasmulheres não parece ser tão reco-nhecido quanto o dos homens narealidade brasileira.

Segundo dados da FundaçãoSistema Estadual de Análise deDados (Seade) referentes a 2007, aparticipação das mulheres no mer-cado de trabalho em São Paulo caiude 55,4% para 55,1%. Elas ganha-ram uma média de R$ 5,42 por horatrabalhada, enquanto os homens re-ceberam R$ 6,96. Já o tempo mé-dio para conseguir um emprego os-cilou em torno de 21 meses para asmulheres e apenas 13 meses paraos homens.

Se as desi-gualdades nomercado de tra-balho são tãoevidentes, elasse tornam aindamais acentuadasquando nos re-ferimos a mu-

lheres que ocupam cargos tipicamen-te masculinos.

Um exemplo desta realidade éLuíza Magno Miranda, 43 anos, quetrabalha como motorista de lota-ção na linha Tatuapé-Jardim Ivã. Naprofissão desde 2006, Luíza afirmagostar muito do que faz. De fato,ela já havia atuado anteriormenteem um ramo dominado por ho-mens: era montadora de toca-fitas

em uma empresamultinacional.

A motoristaconta que já so-freu preconceitopelo caminhoprofissional esco-lhido. Certa vez,um passageiroentrou no lotaçãoe perguntou seuma mulher real-mente iria dirigir.Ela respondeu,em tom de brin-

cadeira: “O senhor tem seguro devida?”. No final da viagem, o pas-sageiro acabou lhe dando os para-béns por seu modo de conduzir.Luíza mora com o marido e os doisfilhos, que aprovam sua profissão.Ela garante que continuará dirigin-do, e levando seu dia-a-dia commuita leveza e feminilidade.

A mooquense Cristina Riccia-relli, 42 anos, ganha a vida traba-lhando como policial. Ela ingres-sou na profissão há 20 anos, moti-vada por uma relação tempestuosaque mantinha com o ex-marido.

Cristina afirma ter sido discri-minada no início da carreira. Os co-legas a consideravam fraca e despre-parada, especialmente quando tinhade enfrentar perseguições nas ruas.Sua família também não apoiavaseu trabalho, pois julgava-o extre-mamente perigoso. Porém, a poli-cial não deixou que as críticas a aba-lassem – ela lutou por amor à pro-fissão e acabou até mudando regras

dentro da Po-lícia.

Na épocaem que Cristi-na iniciou suacarreira, as po-liciais eramobrigadas ausar cortes decabelo extre-mamente cur-tos. Ela con-versou comum superior arespeito e dis-

se que seria uma tristeza cortar seuscabelos por causa de seu filho pe-queno, que adorava brincar com eles.A partir daí, as policiais receberamautorização para manter os fios lon-gos, contanto que os prendessemem coques.

Sua força e competência acaba-ram por modificar a opinião dosque a rodeavam. Atualmente, a po-licial continua sua carreira atuandono TRE à paisana. Seu marido edois filhos têm muito orgulho dela.

Já Marianne Bencini Silva, 30anos, possui uma história profis-sional bastante peculiar. Ela inicioucarreira em uma empresa familiarque fabricava artefatos de cimento.E foi visitando obras, coletando di-mensões e orçando pedidos que eladescobriu suavontade de estu-dar engenharia ci-vil. Hoje, ela tra-balha em um im-portante escritó-

CRISTINA – Mudando as regras da Polícia

Fotos Ana Carolina Contri

LUÍZA – Dia de trabalho no lotação

Percentual do rendimento da mulher emcomparação ao do homem – Janeiro 2008

n Em São Paulo, o salário damulher equivale a 83,78% dovalor recebido pelo homem.n No ano de 2007, a taxa de de-semprego feminina ficou em17,8% , e a masculina, em12,3%. Do total de vagas cria-das neste período, apenas 30%foram ocupadas por mulheres.

rio de engenha-ria, onde acom-panha obras nacapital e no in-terior paulista,fiscalizando aexecução dasfundações eprestando con-

sultoria de solos.A engenheira afirma não ter

problemas em trabalhar cercadapor pedreiros e construtores. Oúnico preconceito que ela diz tersofrido não ocorreu pelo fato deser mulher, e sim pela falta de ex-periência no início da carreira.

Solteira e sem filhos, Mariannerecebe total apoio dos pais em suasdecisões. Segundo ela, o maior or-gulho dos dois foi vê-la colocar pelaprimeira vez o capacete branco, sím-bolo da profissão dos engenheiros.

O artigo 7° da ConstituiçãoBrasileira proíbe diferenças de sa-lários, de exercício de funções e decritério de admissão por motivode sexo, idade, cor ou estado civil.Essas mulheres são grandes exem-plos para a sociedade brasileira,pois provam que talento nada tema ver com gênero.

Visitando obras,

Marianne descobriu

sua vontade

de estudar

engenharia civil

Luíza garante que

continuará dirigindo e

levando seu dia-a-dia

com muita leveza e

feminilidade

Fonte: IBGE

Page 5: Cidadão completo 31

“Precisamos de

doações para

estocar leite

suficiente e depois

distribuí-lo.”

AGOSTO DE 2008 - PÁGINA 5SAÚDE

Doação de leite humano ajuda a salvar vidasBancos de leite são responsáveis pela coleta e distribuição do alimento necessário aos bebês

Natália FernandesPaulo Medeiros

Todos os anos, a Secretaria deEstado da Saúde realiza uma cam-panha para reforçar a doação de leitematerno e aumentar o número dedoadoras nos Bancos de Leite Hu-mano (BLH) do Estado. O projetovisa coletar leite excedente de mu-lheres em período de amamenta-ção para ajudar a salvar vidas de re-cém-nascidos e bebês doentes in-ternados.

De acordo com a Secretaria daSaúde, há leite humano estocadonos BLH para atender a demandade consumo deum mês quandoo ideal é que hajaleite materno osuficiente paraaté quatro mesesde utilização. NoEstado de SãoPaulo, há 50Centros especia-lizados que, juntos, coletam umamédia de 1,5 mil litros de leite hu-mano por mês. Desse resultado,cerca de 7% correspondem ao leitearrecadado no Hospital e Materni-dade Leonor Mendes Barros, Cen-tro de Referência Paulista de BLH,localizado no Belenzinho.

Os BLH são unidades ligadas aum hospital materno ou infantil,responsáveis por promover e incen-tivar a doação de leite e todo o pro-cesso que o envolve.

Segundo a coordenadora doBLH do Hospital MaternidadeLeonor Mendes de Barros, Maria

Fotos Paulo Medeiros

José Guardia Mattar, o leite estoca-do alimenta preferencialmente be-bês prematuros, doentes, interna-dos nos Cuidados Intermediários(CI) ou Unidade de Terapia Inten-siva (UTI). “O leite ajuda na re-cuperação e no desenvolvimentodos recém-nascidos prematuros oudoentes de forma mais rápida e efi-caz, por isso a preferência para estescasos mais delicados”, revela.

O leite humano, após ser cole-tado, passa por um processo depasteurização, é submetido a con-troles de qualidade, estocado e de-pois distribuído aos recém-nasci-dos e bebês impossibilitados de

receber direta-mente o leite doseio materno.“Após a avalia-ção do controlede qualidade doleite e a partir daquantidade decalorias de cadaum, é feita a dis-

tribuição, de acordo com cada ne-cessidade. Bebês menores e maismagros recebem leite com alto ín-dice de calorias, e as crianças compeso e altura padrão ficam com oleite menos calórico”, explica a co-ordenadora.

“O BLH do Leonor funcionacomo um banco convencional. Pre-cisamos de doações para estocar lei-te suficiente e depois distribuí-lo”,diz Maria José. Por mês, o BLH doCentro de Referência Paulista rece-be cerca de 105 litros de leite, prove-nientes de uma média de 70 doa-doras mensais. Esse material arre-

EXEMPLO - Hospital Leonor Mendes de Barros é referência em doações de leite humano em São Paulo

cadado serve para abastecer cerca de390 beneficiados.

Segundo a coordenadora, acampanha realizada pela Secretariade Saúde é importante para a cons-cientização das mães e a conseqüen-te manutenção do estoque dos ban-cos de leite, principalmente no pe-ríodo de férias. “As doações costu-mam cair no final de ano, quandoas famílias viajam. Nesse períodoos BLH ficam com sua capacidademenor e por isso as campanhas aju-dam a manter o volume de leite ar-mazenado”, completa.

ALEITAMENTO

O aleitamento é um processoimportante para mães e bebês. Otrabalho realizado no projeto en-globa desde instrução alimentar,com dicas do que a mãe deve ounão comer durante a amamentação,até o auxílio para extração do leite.

Os BLH reforçam a idéia de queamamentar é uma ação de extremaimportância para mães e filhos. Nosprimeiros seis meses de vida, o leitematerno é a única fonte de alimen-to necessária para a saúde do bebê,

já que contém todos os nutrientesresponsáveis pelo seu desenvolvi-mento. Para a mãe, este período re-força o vínculo afetivo com o filho,além de diminuir a incidência docâncer de mama e de ovário.

Os bancos de leite possuemprofissionais que ajudam mães comdificuldade na amamentação. Pro-blemas como rachaduras nas ma-mas, ocasionadas devido à maneiraincorreta de amamentar, empedra-mento do leite e dores são resolvi-dos com a parceria feita entre mãese orientadoras.

A importância de um simples gestoBruna Toledo

A necessidade de leite do BLHpara a filha recém-nascida fez comque a mamãe de primeira viagem,Lidiane Pereira, observasse a im-portância deste simples gesto. “Sópassei a me interessar pela doaçãode leite quando minha filha preci-sou e hoje sei o quanto essa atitu-de ajuda vidas”, revela.

Após um parto prematuro, desete meses, no Hospital Materni-dade Leonor Mendes de Barros, apromotora de viagens acompanhaa recuperação de sua filha, hoje in-ternada no CI (Cuidados Interme-diários) do hospital. “Nos primei-ros dias não conseguia retirar meuleite, mas com a ajuda das instru-toras do BLH e com força de von-tade superei esse desafio. O pro-cesso de retirada do leite envolveo fator psicológico, por isso é pre-

ciso tranqüilidade para que aospoucos se acostume”. Lidiane es-clarece ainda que a dor é causadaapenas no início da extração, e ocor-re quando a retirada do leite não éfeita da forma correta. “Achava quenão tinha leite, o aleitamento meajudou a ver o quanto essa expe-riência é simples e hoje tenho leiteo suficiente para alimentar minhafilha e doar o excesso”, diz.

“É muito gratificante se saberque está ajudando a quem preci-sa”, confirma a nova mamãe, quepretende continuar com a doação.“Assim como minha filha preci-sou, sei que há muitas outrascrianças que necessitam apenas dofundamental para sobreviver e porisso quero doar leite enquanto ti-ver”, promete.

Para finalizar, a promotora deviagens destaca que todas as mãesem fase de amamentação devem

imaginar que poderia ser seus fi-lhos precisando de ajuda. “O fatode saber que um bebê está crescen-do e se recuperando com a suadoação é o incentivo para que essesimples ato se torne um hábito”,conclui.

COMO DOAR

Todas as mães que se encon-tram em período de amamentaçãopodem doar o leite produzido emexcesso em qualquer Banco de Lei-te Humano. A coleta do leite deveser feita diretamente no BLH ouem domicílio. Nos casos em que amãe deseja fazer a retirada em casa,é necessário comparecer a qualquerbanco de leite e adquirir frascos es-terilizados para o depósito domaterial. O leite coletado precisa sercongelado imediatamente e enca-minhado o mais rápido possível

ESTOQUE - Leite armazenado atende 390 crianças por mês

para um BLH.Para doar, as mães não podem

consumir bebidas alcoólicas, fu-mar ou tomar remédios. Uma ali-mentação balanceada, com carnesmagras, verduras e frutas, e aindao cuidado com o excesso de leitede vaca, café, ovos e refrigerantesgarantem o sucesso na doação.

BLH referência da cidade de SãoPaulo - Hospital MaternidadeLeonor Mendes de BarrosAvenida Celso Garcia, 2.477, 3ºandar - BelenzinhoAtendimento das 7 às 19 horasFone: (11) 2692-4068E-mail: [email protected]

Serviço

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PÁGINA 6 - AGOSTO DE 2008 SAÚDE

Cresce número de cirurgias plásticasVaidade e bem-estar impulsionam o avanço de intervenções estéticas entre as mulheres no Brasil

Douglas Terenciano

Aquino: sempre um novo desafio

A procura pela cirurgia plásticatem aumentado muito na últimadécada, geralmente por mulheres de20 a 40 anos. Algumas decidem fa-zer a cirurgia depois do nascimentode um filho, e outras, apenas porvaidade. Atualmente, as cirurgiasplásticas não são mais privilégioapenas das classes A e B – a quedanos preços e a facilidade no paga-mento têm aumentado o númerode mulheres com menor poderaquisitivo que aderem a esse tipode cirurgia.

Dono de uma clínica de estéticano Tatuapé, Jonathas Aquino, 34anos, está formado há dez anos eespecializou-se em cirurgias plásti-cas há cinco. “Para a cirurgia ser bemsucedida, é necessário que o médicoseja cirurgião e que exista a empatiacom o mesmo”, explica o médico,que coloca músicas durante a cirur-gia para relaxar suas pacientes. En-

tre as intervenções maisprocuradas estão a dermo-lipectomia no abdômen,para mulheres que fizeramtrabalho de parto recente, eprótese mamária e lipoas-piração, para aquelas maisvaidosas.

É possível separar aspacientes por período: nosmeses de janeiro e dezem-bro, as principais interessa-das são mães e professo-ras; de maio a setembro, sãomulheres que desejam exi-bir uma nova aparência.“Elas procuram esses me-ses porque é necessário fi-car três meses sem tomarsol, para voltar bem no ve-rão”, comenta Aquino.

O médico alerta que,antes de fazer qualquer tipode cirurgia, a interessada deve pes-quisar e escolher uma clínica de suaconfiança. “Ter a indicação do espe-

cialista também ajuda muitona escolha do profissional, épor isso que não trabalhocom marketing.” Porém, ape-nas a indicação não é suficien-te – é preciso saber se a cirur-gia é viável ou não. “Cada ci-rurgia é única, um novo de-safio. Pode-se dizer que vai depessoa para pessoa, porexemplo, existem seios maisfáceis e outros mais compli-cados para fazer a mesma ci-rurgia”, ressalta Aquino.

O especialista explica quea relação médico-paciente émuito importante, as consul-tas antes da cirurgia são extre-mante necessárias, para que

todas as dúvidas sejam tiradas.“Existem pessoas que procuram aplástica achando que é possível ficarigual à modelo da revista”, revela.Durante a consulta, o médico podeanalisar psicologicamente a pacien-te e explicar até onde é possível che-gar. “Já aconteceu de uma mulherquerer fazer uma cirurgia para con-seguir reconquistar seu marido”, re-corda. Nestes casos, Aquino explicaque é preciso ter jogo de cintura econtornar a situação. “Geralmentesão essas pacientes que não gostamdo resultado, às vezes por não al-cançar o objetivo, às vezes por nãose sentirem bem com a mudança”,avalia o cirurgião.

Tão importante quanto a con-sulta médica, a indicação do espe-cialista, a certeza de ser cirurgião e aempatia, é o cuidado pós-operató-

rio. “Estudamos muito parachegar aonde chegamos, en-tão posso garantir que sabe-mos do que estamos falan-do. Se passamos uma dietaou dissemos que é necessáriousar uma cinta, siga as orien-tações”, lembra.

Para Aquino é melhor tra-balhar com a estética, mas ex-plica que pode trabalhar coma cirurgia reconstrutora tam-bém. “A formação é a mes-ma, são cinco anos de espe-cialização, durante dois anosé um trabalho geral e os ou-tros três, plástica. Neste pe-ríodo, trabalhamos mais a re-construtora, por causa doshospitais públicos. É questãode satisfação pessoal mesmo.Gosto de trabalhar com a ma-moplastia e lipoaspiração, tal-

vez por ser o que mais faço”, finali-za o médico.

O Cidadão conversou comduas mulheres de diferentesfaixas etárias que se submete-ram a cirurgias plásticas. Umadelas é a estudante TábataGarcia, 25 anos, que passoupor uma lipoaspiração e sediz contente com o resulta-do. “Minha auto-estima ficouelevada, me sinto muitobem”, comenta. Ela diz ain-da que não esconde o moti-vo que a levou a fazer a cirur-gia: “Por pura vaidade, fiz acirurgia somente por estética.Segui uma ótima dieta quemeu médico me passou e as-sim que perdi peso realizei acirurgia”. Para ela, a parte maisdifícil de fazer a cirurgia foi o

Mulheres mostram como vencer o câncer de mamaBruna ToledoKênia Honda

Dados do Instituto Nacional doCâncer (INCA) revelam que em2008 surgirão no Brasil cerca de49.400 novos casos de câncer demama. O número é grande, mas aschances de cura também são. De acor-do com o médico Ruy Mascarenhas,que atua no Instituto do Câncer Dr.Arnaldo, um dos principais passospara que isso aconteça é o diagnós-tico precoce. Outro ponto impor-tante, segundo Mascarenhas, é quea mulher está mais colaborativa,procurando atendimento e lidandomelhor com a situação.

Conviver com esse mal não éfácil e requer muita força. A famíliade Maria Ercilia dos Santos, 79 anos,

lidou muito bem com a situação.Além de Maria, suas duas filhas,Célia, 58 anos, e Vilani, 56 anos, e aneta Cristiane, 35 anos, tiveram cân-cer de mama. Apesar dos danos fí-sicos e psicológicos, três delas já con-seguiram vencer a doença, que é umadas mais temidas pelo sexo femini-no. Vilani recebeu o diagnóstico háseis meses e continua com o trata-mento através da hormonioterapia,que impede o crescimento do tu-mor.

Célia e sua mãe dizem que a par-te mais difícil era a quimioterapia eseus efeitos colaterais, mas hoje, comos avanços da medicina, existeminjeções que minimizavam conside-ravelmente o mal-estar e ajudam narecuperação do paciente.

Estar com a auto-estima eleva-

da é fundamental em todos os ca-sos. Maria Ercilia, por exemplo,manteve-se sempre de bom humore confiante. “A baixa estima faz comque o sistema imune caia, dificulta-do mais o tratamento”, explicaMascarenhas.

Segundo Damiana de Carvalho,76 anos, que também conviveu coma doença, o que mais a ajudou foi oapoio de seus parentes. “A cura é afamília. Eu recebia visita até as 9horas da noite”, diz ela. Todas asentrevistadas foram unânimes a res-peito da importância da fé na pos-sibilidade de cura. Segundo elas, épreciso acreditar firmemente na re-cuperação. Mascarenhas recomendaa suas pacientes que mantenham aesperança sempre. Enquanto elaexistir, haverá luta.

Menna: pazes com o espelhoTábata: aumento da auto-estima

PERSEVERANÇA - Mulheres lutam contra a doença sem perder

Kênia Honda

Fotos Douglas Terencianopós-operatório. “Apesar de sentirmuita dor, ficar com marcas roxasno corpo, o pós-operatório foi bome teve boa cicatrização”, finaliza.

Outra mulher, mais experientee não menos vaidosa, é a secretáriaMenna Pinaff, 47 anos, mãe de doisfilhos. Desde o nascimento da se-gunda filha, ela pensa em fazer acirurgia de abdominoplastia. “Apósduas gestações, mesmo fazendodieta, o corpo não voltava ao nor-mal, o que me deixava muito des-confortável em relação a minha apa-rência”, diz. Ela destaca que valeu apena fazer a cirurgia, seu bem estarmudou desde então. “Ao fazer aspazes com o espelho, você acaba re-fletindo por fora o quanto está bemconsigo mesmo”, comenta a secre-tária. Assim como a estudante, Men-na ficou com trauma do pós-ope-ratório. “Foi a pior parte da cirurgia,ficava praticamente o dia inteiro dei-tada, mal podia levantar e andar”,finaliza.

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AGOSTO DE 2008 - PÁGINA 7MULHERES

Mães especiais superam dificuldadesMulheres encontram em seus filhos uma nova visão da vida

Alexsandro MonteiroAndréa JocysThiago Rufino

Apesar das dificuldades encon-tradas pelas mães de crianças espe-ciais, o apoio de profissionais e ins-tituições pode transformar a reali-dade dessas famílias, trazendo umanova perspectiva, que ajuda a lidarcom as experiências do dia-a-dia e aacabar com o preconceito.

A maior luta dessas mulheres égarantir “direitos básicos: saúde,educação e socialização”, diz Vera deCamargo, 56 anos, fundadora daAssociação Mantenedora de MãesEspeciais (AMME) e mãe de Mar-celo de Camargo, 26 anos, portadorde atraso de desenvolvimento psi-comotor (ADNPM). Como seu fi-lho não se enquadrava nos critériosde elegibilidade das instituições exis-tentes, há nove anos começou oprojeto que “presta assistência àspessoas com deficiência, promoven-do a inclusão através de ações so-ciais, de habilitação, reabilitação, la-

zer e cultura”, explica Vera. Atual-mente a AMME atende 80 criançase adolescentes em período integral,desenvolvendo oficinas pedagógi-cas, formação profissional e acom-panhamento de psicólogos e fisio-terapeutas.

No caso de Silvia Saldanha, 42anos, o maior empecilho no trata-mento de sua filha Janete, 25 anos,que tem paralisia cerebral, é a loco-moção. “Ela fez tratamento duran-te muito tempo, mas resolvi pararporque, além da dificuldade detransporte, via a minha filha triste enão apresentava melhora. Quandoeu questionei o médico se o trata-mento apresentaria bom resultado,ele se isentou da responsabilidadedo acompanhamento”, diz Silvia.

Com o passar do tempo, Janetedesenvolveu algumas habilidades epreferências. “Ela associou algumaspalavras para as suas principais ne-cessidades como fome e banho. Ja-nete gosta de ouvir Xuxa o dia todo;não gosta de futebol e nem de mú-sica sertaneja, ela é muito boazinha,

não me dá trabalho”, relata.A experiência da maternidade

trouxe diversas mudanças na vidadessas mulheres. “Como ser huma-no, ela me fez amadurecer bastante,porque eu fui uma adolescente re-belde, dei trabalho aos meus pais.Ela me ajudou a crescer. Quandodescobri que estava grávida deveriater entrado em pânico, porque eraadolescente. Mas fiquei feliz, por-que temos uma ligação muito for-te”, diz Silvia.

Em casos em que a deficiêncianão afeta muito o desenvolvimen-to da criança, a mãe não encontradificuldades na busca de acompa-nhamento adequado. Terezinha daSilva, 45 anos, encontrou em umaescola pública boas condições parao aprendizado de seu filho Rafael,19 anos. “Nós tentamos umaEMEI porque achávamos que lá aalfabetização seria um pouco maisleve, comparada com a primeira es-cola particular onde ele não acom-panhou. Na época, insisti tanto como médico para que fossem feitos to-“Ele se relaciona bem com as pessoas”, conta Terezinha

Lívia Maturana

“Janete é alegria, me tornou um ser humano melhor”, diz Silvia

Kamila Otelinger

dos os exames, mas nenhum delesacusou algum problema.”

Atualmente Rafael está na séti-ma série e tem uma rotina sem res-trições; anda de bicicleta e ajuda seupai no serviço. O convívio com ou-tras crianças ajuda no seu desenvol-vimento. “A interação foi funda-mental. Ele sempre fala e se lembradas pessoas, mesmo que fiquemosmuito tempo distantes. Nesse pon-to, ele tem uma facilidade muitogrande”, diz Terezinha.

O convívio com essa realidadetrouxe outra percepção para a famí-lia. “Não tínhamos preconceito, ape-nas encarávamos de maneira diferen-te. Sempre fui uma pessoa religiosa,portanto tenho outro conceito. Mas,quando você convive com isso, pas-sa a encarar o ser humano de uma

forma diferente. Nós crescemos prin-cipalmente no lado humano”.

Segundo o psicólogo junguia-no Antônio José de Souza, “a figu-ra materna é importante na aquisi-ção da identidade da criança que in-terage com o universo externo apartir do ‘olhar’ da mãe”. Ele afir-ma que mães capazes de adminis-trar melhor as dificuldades da vidacriam em torno da criança um espa-ço “maternante” capaz de possibi-litar afeto e segurança. Crianças comalguma deficiência exigem mais des-se ambiente.

Souza complementa que “asmães nem sempre lidam bem comalguma deficiência, sobretudo seessa deficiência for apenas um sin-toma de ambiente hostil. Em todoo caso recomenda-se uma psicote-rapia à mãe tendo em vista o inves-timento emocional e até físico queela terá que empenhar. Ao consta-tar uma deficiência, o papel da fa-mília é se reorganizar através da com-preensão, do diálogo e do cuidado.A base estrutural da família funda-mentada nas ações citadas evita oestresse e o abandono”.

Em casos como os das mãesVera, Silvia, Terezinha e tantas ou-tras que tiveram dificuldade paraencontrar acompanhamento ade-quado, existem instituições e pro-fissionais que prestam atendimen-to especializado para mães e filhos.Na AMME, é necessária apenas ainscrição para que o caso seja enca-minhado para uma triagem.

n Associação Mantenedora de Mães Especiais (AMME). Aceita voluntáriospara eventos, captação de recursos e doações espontâneas.Av. dos Remédios, 1.157, Osasco, Tel: (11) 3096-9514.site: www.amme.org.brn UNICSUL (Anália Franco) - Núcleo de Estudos e Atendimento Psicológico(NEAP). Rua Prof. João de Oliveira Torres, 306, São Paulo, Tel: (11) 2268-0867.

SAÚDE

85% de atingidos por LERs são mulheresRafael Pazin

Gilberto Munhoz

Especialistas afirmam quemulheres são as principais vítimasdas Lesões por Esforço Repetiti-vo (LERs). De acordo com a fi-sioterapeuta Bruna de Souza Fer-rari, isso ocorre porque geralmen-te as mulheres são mais atarefadase preocupadas do que os homens.Elas acumulam diversas tarefasdurante o dia, realizando ativida-des em casa, no trabalho e algu-mas ainda dispõem de tempo parase dedicar aos estudos. A fisioterapeuta Bruna Ferrari

A procura por auxílio médicoocorre, na maioria dos casos, noestágio 2, em que as dores se tor-nam freqüentes mas regridem comrepouso, o que não ocorre em eta-pas mais avançadas. A faixa etáriamais atingida está entre 20 e 30 anos,como é o caso da dona-de-casa Ka-rin Solano da Silva, que fez sua pri-meira visita ao médico aos 24 anos.“As dores começaram a aparecersempre que terminavam os afaze-res domésticos”, diz ela.

Ao contrário do que muitospensam, as lesões têm cura, porém

“necessitam ser diagnosticadas nosprimeiros estágios”, explica Bruna.

Hoje, cerca de 60% dos casos emque são seguidas as indicações detratamento há cura. Contudo, exigeboa disciplina e condições psicoló-gicas favoráveis. Karin teve dificul-dade para seguir o tratamento por-que um dos procedimentos era aimobilização temporária de um dosbraços, o que impossibilitaria a con-tinuidade de suas tarefas – fato quea levou a não seguir as indicaçõesmédicas.

Para prevenir o surgimento das

lesões, médicos indicam a realiza-ção de alongamentos diários paraacelerar a circulação sangüínea e au-mentar a quantidade de oxigêniodisponível para os músculos tra-balharem.

Atualmente empresas incenti-vam a prática de exercícios dentro doambiente de trabalho, a fim de mini-mizar os danos causados pela jorna-da de trabalho extensa. As ferramen-tas utilizadas são a ginástica laboral eum sistema de computador que en-tra em stand-by automaticamentepara que a pessoa se exercite.

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PÁGINA 8 - AGOSTO DE 2008 ESPORTES

Mulheres estão cada vez mais presentes no esporte que era de domínio masculino

Douglas TerencianoMarco Antônio Oliveira

SONHO - Meninas em busca de uma vida melhor com a profissionalização no futebol feminino

Fotos Seme Amaral

O Clube Atlético Juventus, lo-calizado na Mooca, investe no fu-tebol feminino desde 1982 e éconsiderado o pioneiro do país.Hoje conta com cerca de 60 garo-tas entre 5 e 25 anos, que sonhamcom um futuro no esporte, quehá alguns anos era praticamentede domínio masculino. Algumasmeninas, na maioria de baixa ren-da, vêm do interior e até mesmode fora do Estado para tentar asorte no futebol.

A treinadora e responsável pelofutebol feminino do Juventus,Magali Fernandes, 43 anos, nosconcedeu uma entrevista, na qualcomenta a evolução do esporte nopaís. A treinadora destaca que o clu-be tem uma grande preocupaçãocom os estudos das meninas. “OJuventus oferece bolsas integraisem colégios par-ticulares para asmais jovens ecurso superiorpara as que pos-suem mais ida-de”. Assim, oclube espera queas garotas nãosofram comuma possível desilusão no espor-te e podem seguir suas carreiras pro-fissionais. Segundo a treinadora, asmeninas tiveram um “ano brilhan-te” pelo clube em 2007, conquis-tando títulos importantes como oCampeonato Paulista Universitá-rio, Campeonato GEBS Infantil eainda um vice no GEBS Juvenil.

Atualmente, há duas atletas noJuventus que foram vice-campeãssul-americanas sub-17 com a sele-ção brasileira, e garantiram vaga noMundial que será realizado na NovaZelândia, em novembro: ThaisDuarte e Ingrid Carolina (veja ma-téria ao lado).

Magali, que desde 1995 exerce afunção de treinadora, orgulha-se em

Prática do futebol feminino cresce no país

PROMESSA - Thais e Ingrid são esperanças de futuro no clube

Atualmente no Juventus háduas atletas que foram vice-cam-peãs sul-americanas sub-17 com aseleção brasileira no Chile e garanti-ram vaga no Mundial que será reali-zado na Nova Zelândia, em novem-bro: Ingrid Carolina Frisan e ThaisDuarte Guedes, 14 e 15 anos, res-pectivamente.

Ambas se entusiasmam em di-zer o quanto foi importante partici-par do campeonato sul-americano.“Aprendi muito lá no Chile, foi umagrande troca de experiências”, lem-bra Thais. Já Ingrid destaca que issopode trazer benefícios na formaçãodelas. “Sem dúvida isso ajuda ain-da mais em nossa carreira, uma ex-periência internacional é sempre im-portante”, diz.

O futebol feminino não é dife-rente do masculino quando se tratade futuro profissional, tanto lácomo cá as garotas sonham em jo-gar no exterior devido às melhorescondições de estrutura e as valori-zações salariais. “Tenho vontade,sim, de fazer minha base no Brasil,mas meu grande sonho mesmo é

jogar na Europa”, comenta Ingrid.Thais vai mais longe: “Meu objeti-vo é jogar na Europa, o Brasil aindaestá longe de ser a elite do futebolfeminino mundial.” Apesar de oBrasil ser considerado o país do fu-tebol e ter pouquíssimos clubes dis-postos a oferecer e incentivar o fu-tebol feminino, e já foi pior, comen-tam as meninas. “O futebol, há al-

guns anos, era coisa de homem. Seuma mulher fosse vista jogandobola, seria mal falada com certeza”,emenda Ingrid.

Sobre a questão de ídolos noesporte, ambas são unânimes emcitar Kaká, no masculino, e Marta,no feminino. “O que a Marta e oKaká estão fazendo no futebolnos últimos anos é incrível”,

Garotas sonham com futuro através da chuteiraacrescenta Thais. Kaká e Marta fo-ram eleitos pela FIFA os melho-res jogadores de futebol do mun-do em 2007 pelas belas perfor-mances em campo.

A família tem um papel funda-mental na vida das meninas, atépara apoiar e entender que seguiruma carreira no futebol femininonão é o mesmo que aparecer emjogos ao vivo e participar de pro-gramas esportivos aos domingos,como acontece com o masculino,porém disso as garotas não têm doque reclamar. “Meus pais incentivambastante e sempre que podem acom-panham os jogos”, relata Ingrid.Com Thais não é diferente: “Mi-nha família me apóia e isso é muitoimportante, principalmente quan-do vou fazer viagens e ficar algunsdias sem vê-los, essa é a parte maisdificil de querer seguir esta carreira.”Ela ainda deixa um recado para asgarotas que sonham com um futu-ro profissional no futebol femini-no: “Não desista, não pare de crer,os sonhos de Deus jamais vãomorrer.”

dizer que for-mou boa partedas jogadoras daseleção brasileirav i c e - c a m p e ãmundial, per-dendo para aAlemanha nadecisão em 2007.

Entre elas está Cristiane Oliveira,eleita a terceira melhor jogadora defutebol do mundo pela FIFA no

ano passado.Lembra tam-bém que o fute-bol femininoevoluiu no país,porém aindatem um longocaminho a per-correr em relaçãoaos outros países europeus. “NaAlemanha, o futebol é evoluídoporque as jogadoras recebem salá-

A treinadora Magali Fernandes

“Na Alemanha,

o futebol é evoluído

porque as jogadoras

recebem salário e

todas têm contrato.”

“Se o Brasil tiver

estrutura,

não perde para

ninguém no futebol

feminino.”Para saber informações so-

bre peneiras, entre em contatodiretamente com a treinadoraMagali Fernandes pelo telefone6165-7937, de terça à sexta-feira,das 14 às 17 horas.

rio e todas têmcontrato”, co-menta Magali.

Apesar de oJuventus contarcom patrocíniode instituiçõeseducacionais e deempresas como

o Grupo Empresarial Trofa, no res-tante do Brasil a situação é bem di-ferente, já que são poucas as empre-

sas dispostas a investir no esporte.“Falta patrocínio no futebol femi-nino. As garotas, para serem pro-fissionais, têm que ser registradas, eisso tem um custo”, explica.

Mesmo com todos os proble-mas, a treinadora vê com bons olhoso crescimento do futebol femininono país e garante que o Brasil, comum pouco mais de incentivo, podeaté se tornar uma potência mundialno esporte. “Se o Brasil tiver estru-tura, não perde para ninguém nofutebol feminino”.

Um dos principais empecilhosque as mulheres sofriam era o pre-conceito. Até pouco tempo atrás,futebol era praticamente um espor-te masculino, e hoje, com o sucessoda seleção brasileira e recentementetendo sido Marta eleita a melhor jo-gadora do mundo, tem diminuídoesse problema. “Antigamente asmeninas jogavam escondidas dospais e agora os próprios pais as le-vam para os treinos”, finaliza a trei-nadora Magali.

Serviço