jornal o cidadão 51

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1 O Cidadão RIO DE JANEIRO • ANO IX • Nº51 • JULHO/AGOSTO 2007 www.jornalocidadao.net 3 Samu já atende à comunidade 10 Difi culdades dos moradores especias 16 História da Rua da Proclamação 20 Cemear ajuda crianças Pan 2007 Pan 2007 População questiona os População questiona os bilhões gastos pelo governo bilhões gastos pelo governo para realização dos jogos para realização dos jogos

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jornal comunitario da Maré

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1O Cidadão

RIO DE JANEIRO • ANO IX • Nº51 • JULHO/AGOSTO 2007www.jornalocidadao.net

3Samu já atende à comunidade10 Difi culdades

dos moradores especias 16 História

da Rua da Proclamação20Cemear

ajuda crianças

Pan 2007Pan 2007População questiona os População questiona os bilhões gastos pelo governo bilhões gastos pelo governo para realização dos jogospara realização dos jogos

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2 O Cidadão

EDITORIALPan-Americano não foi sinônimo de investimento no esporte de base

O Cidadão é uma publicação do CEASMCentro de Estudos e Ações Solidárias da Maré

Sede Timbau: Praça dos Caetés, 7 - Morro do TimbauTelefones: 2561-4604

Sede Nova Holanda:Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 - Nova HolandaTelefone: 2561-4965

DireçãoAntonio Carlos Vieira • Cláudia Rose Ribeiro

Edson Diniz • Eliana S. SilvaMaristela Klem • Lourenço Cezar

Coordenadora Geral: Rosilene MatosEditora: Cristiane BarbalhoCoordenadores de Edição:

Flávia Oliveira • Aydano André MottaCoordenadora de Reportagem: Carla Baiense

Revisão: Viviane CoutoAdministrador: Hélio Euclides

Reportagem: Cristiane BarbalhoGizele Martins • Hélio Euclides

Renata Souza • Rosilene Matos Silvana Sá • Vinicius Zepeda

Colaborou nesta edição: Rede Memória

Jornalista Responsável:Ellen de Matos (Reg. 27574 Mtb)

Ilustrações: JhenriPublicidade: Elisiane Alcantara

Projeto Gráfico e Diagramação: José Carlos BezerraDiagramação: Fabiana Gomes da Silva

Criação do Logotipo: Rosinaldo LourençoCapa: Fotos de Cristiane Barbalho

Repórter Fotográfi co: Hélio Euclides Distribuição: Maria Matilde (coordenadora)

Carla de Almeida • Charles AlvesJefferson Kione • Rosilene Matos

José Diego dos Santos • Rosilene Ferreira Luiz Fernando de Souza

Fotolitos / Impressão: EdiouroTiragem: 20 mil exemplares

Correio eletrônico: [email protected]@yahoo.com.br

Página virtual: www.jornalocidadao.net

ELES LÊEM O CIDADÃO

Acima, Sebastião Santos, de 50 anos, coordenador da Área de Comunicação do Viva Rio. À direita, o treinador Ademar Francisco, conhecido como Barba, Francisco, de 56 anos, morador da Vila do Pinheiro.

FOTOS DE HÉLIO EUCLIDES

Todos concordam que esporte é fun-damental na vida do ser humano. Ele ajuda a manter a saúde física e mental e

ainda contribui para a socialização das crianças e dos jovens. Porém, mesmo recebendo um even-to de tamanha importância no mundo esportivo, os investimentos nos atletas brasileiros e nos equipamentos públicos indispensáveis à vida humana - e, também, à prática esportiva -, como saúde, educação e segurança foram deixados de lado pelos nossos governantes. Foi absurdo o gasto de bilhões para a realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro, com a cons-trução de arenas esportivas e estádios de futebol, enquanto a base do esporte e a população sofrem com a falta de investimento. Sem falar das obras feitas para o Pan que serão desmontadas depois do evento. Nem isso ficará para a população.

Não temos nada contra a competição. Mas devemos lembrar que o Brasil tem uma das piores distribuições de renda do mundo. A desigualdade no país envergonha a qualquer brasileiro. Por que, em vez de gastar rios de dinheiro na realização dos jogos, nossos go-

vernantes não fi zeram uma competição mais modesta e usou o restante dos recursos para o desenvolvimento geral do estado? Por que a saúde, a educação e a segurança não recebem investimentos parecidos?

Além disso, não devemos esquecer que, por causa dos Jogos, algumas comunidades foram removidas e mendigos, retirados das ruas. Houve vasto policiamento na cidade. Tudo para trans-mitir uma falsa sensação de segurança e mostrar ao mundo que o Brasil consegue organizar um grande evento esportivo. A melhoria não foi sen-tida pela população, porque nossos governantes fizeram obras de maquiagem. O Rio de Janeiro não sofreu nenhuma mudança profunda na sua estrutura social. A população deve lutar e exigir dos governantes o mesmo empenho que tiveram no Pan para melhorar a vida da população.

O CIDADÃO ainda traz nessa edição repor-tagens que retratam o cotidiano dos mareenses, como a que mostra os campos de futebol da Maré e suas histórias. E conta um pouco do coti-diano dos moradores portadores de necessidades especiais. Boa leitura!

Rua Nova Jerusalém, 345 BonsucessoTel:3882-8200 / Fax:2280-2432

A impressão deste Jornal foi possível graças ao apoio da

O Instituto Telemar apoia o jornal O Cidadão

O Programa de Criança Petrobras atende a diversas escolas públicas da maré.Promove ofi cinas e atividades que se tornam extensão da sala de aula.

Uma conquista dos moradores da Maré

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3O Cidadão

ARTIGO

Ajudando na construção de um novo bairro MaréDurante esses oito anos, com muito

sacrifício, o jornal O CIDADÃO procurou sempre informar a todos

os leitores sobre temáticas que realmente interessam aos moradores da Maré, mos-trando notícias que nunca serão estampa-das na “grande” mídia. Além disso, bus-cou denunciar os problemas, identifi car as alternativas encontradas em cada comuni-dade para eles e ajudou a cobrar soluções por parte de nossos governantes.

Por diversas vezes tivemos uma au-sência de periodicidade, mas nunca esque-cemos do compromisso com a Maré e o respeito na composição das notícias. Infe-lizmente, por motivos fi nanceiros, o jornal tem grandes difi culdades de ser manter. A cobrança sempre foi muito grande quando o jornal atrasava. Se por um lado fi cáva-mos felizes, pois a comunidade sentia falta do jornal, por outro fi cávamos tristes, pois a maior parte da comunidade não tinha noção das difi culdades que enfrentávamos para colocar o jornal na rua, como falta de equipamentos básicos e de bolsas para equipe. É importante que a comunidade perceba o quanto é difícil trabalhar com a comunicação comunitária. Contudo, o em-penho de sua equipe de jovens residentes no bairro nunca deixou que a situação fi -casse evidente em suas matérias.

Assim como as crianças, a comunica-ção é uma ciência não exata, que neces-sita de transformações a cada instante. E vocês, moradores, puderam acomPanhar ao longo do tempo as nossas transforma-ções. Iniciamos num tamanho bem menor

do que o existente e fomos nos moldan-do sempre com o objetivo de melhorar o formato para o leitor. Sem esquecer do design, que evoluiu para um jornal co-munitário de excelência, misturando uma fórmula de entretenimento, notícias, utili-dade pública, lembranças e a valorização do morador e do comércio local.

Como toda criança que passa pela infância, o jornal ainda precisa de muita maturidade, mas sabemos também que a

ajuda de vocês moradores é importantís-sima para esse amadurecimento. Daqui para frente, precisamos que vocês assu-mam que o jornal não é só da equipe, nem do Ceasm. Ele é da comunidade. E como isso pode acontecer? Acontece quando vocês sugerem matérias, quando vocês utilizam o jornal para reclamar os seus direitos, quando vocês nos escrevem fa-

zendo críticas e sugestões para a melhoria do jornal. É em busca de aumentar essa parceria que queremos caminhar agora, ou seja, aumentando ainda mais o vínculo que nos impede de fugir das característi-cas de um veículo comunitário.

Mas estamos em um momento de fes-ta. E como é bom olhar para trás e per-ceber quantos momentos de tristeza e de alegria. Contudo, nesses oito anos, o prin-cipal sentimento é de agradecimento a todos que de alguma forma contribuíram com cada página, palavra e até letra, co-locada no jornal. Como num aniversário, esse é o instante de dar o primeiro peda-ço do bolo, e sem dúvida, será para cada leitor, que ajuda a construir uma nova Maré nas linhas do jornal O CIDADÃO. Muito obrigado também pela confi ança da Ediouro, da Oi Futuro e da Petrobrás, nossos parceiros/patrocinadores.

E para comemorar esses oito anos trazemos uma edição especial, em que alguns leitores e especialistas na área da comunicação falam sobre a importância do jornal para a Maré e, por que não di-zer, para a cidade do Rio de Janeiro. O resultado foi animador, conferimos e re-passamos nessas páginas depoimentos que exaltam a criação e a continuidade desse meio de comunicação criativo, de qualidade e, acima de tudo, um dos porta-dores da voz do morador. E que venha o ano nove e a comemoração futura de edi-ções centenárias.

A Equipe

Qual a importância do CQual a importância do CIDADÃOIDADÃO??HÉLIO EUCLIDES

“Hoje o jornal traz o dia-a-dia, mostrando as difi culdades sociais, sendo o retrato do

bairro. Fala dos preconceitos dos governantes que não dão

atenção à área da Maré e revela que a violência não é a principal

notícia”

HÉLIO EUCLIDES“O CIDADÃO é o exemplo bem su-cedido de comunicação comunitária. Eu gosto muito, serve de pesquisa na Faculdade de Comunicação (ECO) e no Rio de Janeiro. É um objeto de integração com a universidade. Não pode fi car na mão de um grupo só, deve estar sempre em formação e re-novação para não acabar”

Raquel Paiva, professora da UFRJ e pesquisadora do CNPQ

Marcelo Dias, carteiro comunitário do Conselho de Moradores da Vila do Pinheiro

“Depoimentos que exaltam a criação e a continuidade desse meio de comunicação criativo, de qualidade e, acima de tudo, porta-voz do mareense”

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4 O Cidadão

“Querida da minha infância, eu garotão dirigindo am-bulância”, como na música

cantada por Moreira da Silva, as crianças brincam de socorrer os outros. Na vida real, o trabalho é levado a sério. Foi-se o tempo em que, ao chamar uma ambulân-cia, o que aparecia era um Opala branco, sem conservação e mal aparelhado. Ago-ra com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, mas conhecido por Samu, as coisas mudaram. As viaturas estão pron-tas para qualquer tipo de atendimento, com importantes diferenças. As básicas trazem um técnico em enfermagem, que

socorre os casos menos graves. As avan-çadas vêm com um médico, para atendi-mentos mais urgentes.

O programa Samu foi implantado há cer-ca de dois anos e meio, pelo governo federal, mas é administrado pela Secretaria Estadual de Saúde. Na cidade do Rio de Janeiro, há 62 ambulâncias, espalhadas em 28 pontos, para chegarem mais rapidamente. Com três bases

próximas à Maré: Ilha do Governador, Fun-dão e Hospital Geral de Bonsucesso. Quando acionado, o serviço envia a ambulância para resgate e salvamento, pela manhã, à tarde ou à noite. Em média, são 7.900 atendimentos mensais. Com cerca de 40% dos atendimen-tos estão relacionados a doenças cardiovas-culares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

SAÚDE

Samu pede passagem para atendimentoServiço de ambulâncias de urgência transporta pacientes com qualidade

HÉLIO EUCLIDES

Ambulâncias do Samu: esperança de vida para muitos moradores da Maré que precisam de atendimento médico

Qual a importância do CQual a importância do CIDADÃOIDADÃO??ARQUIVO PESSOAL

“O jornal veio unir as comuni-dades, nunca sonhei que podia

existir isso. Morei em Cabo Frio. Lá o jornal de bairro é voltado

para os políticos. Aqui o jornal é para o povo, e joga para cima os

moradores”

HÉLIO EUCLIDES“O CIDADÃO cumpre um papel muito importante na Maré, na me-dida em que dá voz ao morador, tantas vezes retratado na mídia através de estereótipos e precon-ceitos. O direito à representação é, como o próprio jornal prega, um direito de todo cidadão”

Carla Baiense, jornalista e colaboradora do CIDADÃO Paulo Roberto, carteiro comunitário do Salsa e Merengue

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5O Cidadão

Qual a importância do Qual a importância do CIDADÃOCIDADÃO??ARQUIVO PESSOAL

“O grande mérito do O CIDADÃO é estar a serviço da Maré. Se você ler

uma matéria no jornal e comparar com outra sobre o mesmo assunto

veiculada nas corporações de mídia, perceberá a diferença. Ele é um im-

portante veículo para a afi rmação da identidade de quem vive na Maré”

ARQUIVO PESSOAL“É ferramenta de cidadania - o nome do jornal não foi escolhido por acaso - abordar de forma crítica e responsável as condições dos ser-viços públicos de educação, saúde, transportes, por exemplo, ajudando na construção da identidade local, a ‘identidade mareense’”

Flávia Oliveira, colunista do “Globo” e colaboradora do CIDADÃO

Marcelo Salles, editor do jornal alternativo Fazendo Média

Hoje o maior problema do programa na Maré é a difi culdade de acesso. “Não temos objetivo de olheiro, tampouco so-mos uma armadilha. O ideal é alguém ir até a porta da comunidade para receber a ambulância”, comenta o coordenador geral do Samu, Eduardo Ferreira, de 49 anos. O condutor, Rafael Ramos, de 24 anos, está há cinco meses no trabalho, e também reclama. “É muito complicado, estamos sendo abordados, esculachados, revistados. Tiramos até os sapatos e a viatura é vasculhada. Meu único papel é socorrer vidas”, relata.

Maria Lúcia, de 50 anos, enfermeira do Samu, explica que o brasileiro muitas ve-zes “guarda a doença” em casa e só vai ao hospital em estado grave. “Muitos acham que (ambulância) é táxi. Como a cultura não é de prevenção, cuida-se da ferida, não da causa. Mas não culpo o povo, que não tem dinheiro nem para comer, imagine para comprar remédio”, diz a enfermeira. Ela agora vê seu trabalho facilitado pela insta-lação de uma central de regulação. Nasce assim um elo entre as ambulâncias e os hos-pitais, criando vagas nas unidades.

Daniel dos Santos, de 25 anos, sofreu uma lesão na coluna durante um jogo de futebol no campo do Conjunto Esperan-ça. Recebeu socorro de uma unidade do Samu. “O atendimento foi show de bola. Muito atenciosos, eles só foram embora quando viram que eu fi caria internado. E ainda ligaram no outro dia para saber como eu es tava” , conta Da-niel. Para acionar o serviço de ambulân-cia existem duas formas. A primeira, discando 192, número do Samu. A segunda é 193, do grupamento de so-corro de emergência do Corpo de Bombeiro. Ambos tra-

balham em conjunto. Eles apelam para que se evite o trote telefônico. “Isso atra-palha, pois deixamos de ajudar a quem

precisa de fato”, diz Eduardo

Ferreira.

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6 O Cidadão

SERVIÇO

UFRJ se volta para a MaréUniversidade monta escritório de atendimento gratuito em diversas áreas

O Núcleo Interdisciplinar de Ações para a Cidadania (Niac) é o novo projeto da

UFRJ, coordenado pelas Faculda-des de Direito e Arquitetura e Ur-banismo, pelo Instituto de Psicolo-gia e pela Escola de Serviço Social. Inaugurado em 25 de junho, é volta-do para o atendimento gratuito aos moradores da Maré. O coordenador do Núcleo, professor Marcos Silva, informou que a intenção do projeto

é exPandir sua atuação para outras comunidades: “Manguinhos pode-rá ser atendida a partir do ano que vem”.

Para Silva, a vantagem principal do Niac é ser interdisciplinar. Quem busca ajuda é atendido por uma equipe das três áreas: direito, psico-logia e serviço social. Alguém que

precise da ajuda de um advogado, por exemplo, pode-rá também ser atendido por um psicó-logo ou por um assisten-te social, de-pendendo do caso. “Depois do aten-dimento, os entre-v i s t a d o -res conver-sam entre si e o caso pode ser direcionado a uma área espe-cífi ca ou continuar interdisciplinar”, diz Silva.

O núcleo tem estrutura para aten-der 40 novos casos por semana. Os atendimentos da Faculdade de Ar-quitetura e Urbanismo serão voltados para o desenvolvimento de projetos públicos, como urbanização de pra-cinhas, construção de áreas de lazer, entre outros. Os atendimentos são feitos pelos alunos de graduação da universidade, mas eles têm o suporte de uma equipe de profissionais.

Qual a importância do CQual a importância do CIDADÃOIDADÃO??ARQUIVO PESSOAL

“O jornal é bom por ser informativo,

falando tudo referente à saúde.

Exclarece ao moradoro que acontece

na Maré”

HÉLIO EUCLIDES

“Afirmar que todo cidadão tem o direito de comunicar sig-nifica garantir a proposta da democratização da comunica-ção. Este projeto político vem sendo realizado pelo jornal O CIDADÃO”

Leonel Aguiar, professor do Departamento de Comunicação Social e coordenador do curso de Jornalismo da PUC-Rio

Laura Cristina, moradora da Comunidade Marcílio Dias

Para participarO primeiro atendimento é feito de

segunda a sexta-feira, das 13h às 17h. Novas visitas são agendadas de acordo com a disponibilidade da pessoa e da equipe que vai acomPanhar o caso. O telefone para contato é o 2598-9268. Outras informações podem ser obtidas no site www.pr5.ufrj.br/niac. htm. O núcleo fi ca na Praça da Prefeitura Uni-versitária, no prédio anexo da PR-5.

“O caso pode ser direcionado a uma área específi ca ou continuar interdisciplinar”Marcos SilvaCoordenador do Niac

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7O Cidadão

Ação Comunitária lança moda afro-brasileiraArte étnica conquista Fashion Business

AÇÃO COMUNITÁRIA DO BRASIL Rua 11, na quadra 5 – Vila do João. Tel: 3868-7056 www.acaocomunitaria.org.br RIO DE JANEIRO Sede: Rua da Candelária, 4, Centro – Tel/fax: 2253-6443

tande do SEBRAE peças confeccionadas a base de Batik e Tye Dye, técnicas afri-canas de pintura em tecido.

O espaço abre novos modos de in-serção de arte desenvolvida em Comu-nidades, mostrando a criatividade dessa população, geralmente pouco notada. Neste sentido, o trabalho de incubação empreendedora realizado pela ACB/RJ em seus núcleos Vila do João e Cidade Alta, foi fundamental para que a ONG participasse da empreitada.

A gerente da Assessoria de Projetos Especiais do SEBRAE-Rio, Márcia Ma-nhães explica que: “A idéia deste espaço é contribuir para a inserção dos artesãos no mercado da moda, com o resgate da cidadania e com a promoção de resulta-dos de impacto social”.

A Gestora em RH, Márcia Queiroz vê o espaço como meio de dar visibilidade a novas concepções de arte, nascidas

Texto: Cris AraujoA tarde de artesanato vivo do estande

Empreendedorismo Social do SEBRAE ga-nhou um clima afro com a participação da Arte Étnica da Ação Comunitária do Brasil/RJ (ACB/RJ). Na ocasião, a artesãs desta ofi cina participaram do quadro “Artesanato Vivo” do estande confeccionando as Bonecas Banto.

O sucesso da linha de produtos de Arte Étnica contou com a originalidade da Moda Étnica, que levou para o es-

Informe Publicitário

muitas vezes da necessidade fi nanceira e revela: “Gostei do trabalho desenvol-vido nas roupas e da bonequinha. Achei muito bonitinha, delicada!”.

Quem marcou presença no estande foi o vocalista do grupo O Rappa, Fal-cão. O artista fi cou encantado, tanto com as peças expostas no espaço, quanto as histórias por trás delas. O que de acordo com o vocalista, servirá de inspiração para o novo trabalho da banda, em fase de produção.

A arte étnica busca resgatar as raízes afro que formam a identidade brasileira, para tanto, possui um linha de produtos específi ca sobre o tema. Nela incluem-se as bio-jóias, as bo-necas banto, feitas com retalhos de Pano oriundos do núcleo de moda, que agora lança a marca Moda Étnica, com roupas inspiradas na cultura africana, em suas cores e modelos.

Foto: Ronaldo Breve

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8 O CidadãoANÚNCIOS

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9O Cidadão

ESPORTE

Boleiros da MaréAs histórias dos campos de futebol do bairro

A partir desta edição, O CIDADÃO começa a viajar pelos espaços de peladas das comunidadesda

Maré para contar as histórias de nossos boleiros. O primeiro giro é por Marcílio Dias e Praia de Ramos. Os campos são ainda amadores, mas no quesito garra dos jogadores não devem nada a outras

arenas. Afi nal, os atletas até pagam para exibirem seus talentos e deixarem o cam-po sem situação de jogo.

Em Marcílio Dias , o campo fi ca atrás da Associação de Moradores. Ele foi criado em 1993 e há seis anos pas-sou por uma reforma para construção de uma quadra ao lado. “No passado tinha alagamento. Então, nos unimos e colo-camos vários caminhões de areia. Lem-bro com saudade do Flakelson, um dos times da época”, conta Luis Cláudio, de 28 anos. Outro fato marcante foi a insta-lação dos refl etores dentro do campo e a colocação do alambrado. Antes disso, um atleta não enxergou um poste e ba-teu de frente.

O campo é um incentivo à rapaziada. Para a emoção ser maior, os peladeiros es-peram um dia a instalar grama sintética.

Na Praia de Ramos, os peladeiros corriam atrás da bola já nos anos 70. Havia dois campos : um na praia , outro na rua. O último tinha marca-ção feita por cordas e trave de madeira.

Além disso, os jogos eram sempre in-terrompidos para a passagem de carros. “Recebíamos gente de fora. Era jogo o dia todo. Aqui era um local de forma-ção de craques”, revela o ex-jogador Nivaldo João, o Godoy. Em 2000 os

espaços se unifi caram. No sistema de mutirão, o campo virou soçaite, com menor dimensão. Com a construção do Piscinão, o velho campo ganhou grama sintética. Os freqüentadores fazem questão de ressaltar que a reforma já completou três anos, mas até hoje não houve uma manutenção.

FOTOS DE HÉLIO EUCLIDES

Crianças utilizam o campo de futebol society de areia da comunidade Marcílio Dias como área de lazer

Qual a importância do CQual a importância do CIDADÃOIDADÃO??HÉLIO EUCLIDES

“O Jornal é um meio muito importante de informação do

nosso bairro, o jornal é um im-portante meio de cultura infor-

mativa e escrita, veículo em que as pessoas podem se expressar

suas felicidades e necessida-des”

HÉLIO EUCLIDES“O CIDADÃO tem uma coisa que agra-da, a diagramação. O visual de alguns jornais me incomoda e aterroriza. O texto para chamar atenção deve ter um aspecto interessante e não dar arrepio, o JB, por exemplo, não me agrada. O CIDADÃO chama atenção pelo formato e por suas matérias diversificadas”

Miriam Magalhães, professora de Jornalismo e Comunicação Comunitária da Unisuam

Marilene Lopes da Silva, moradora do Conjunto Esperança

Ex-jogador, Godoy em frente ao campo do Piscinão

“ Era jogo todo dia. Aqui era um local de formação de craques”Nivaldo João, o GodoyEx-jogador de futebol

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10 O Cidadão

Qual a importância do CQual a importância do CIDADÃOIDADÃO??HÉLIO EUCLIDES

“Gosto do jornal, porque ele va-loriza os moradores e, também,

quando ele fala de cidadania. Acho que ele deve continuar

fazendo o seu papel, que é o de esclarecer sempre as pessoas

sobre a nossa realidade”

CRISTIANE BARBALHO“Sou fã desse trabalho. Acho bonito, com cara de trabalho jornalístico. Esse jornal costuma ser igual à marca, um trabalho para O CIDADÃO”

Paulo César, professor de Comunicação Empresarial e Assessoria de Imprensa da Unisuam

Flávio Aguiar Rodrigues, presidente da Associação de Moradores da Nova Maré

GERAL

Dificuldades no caminho dos portadores de necessidades especiaisFalta de recursos fi nanceiros e até preconceito dos pais prejudicam tratamento e socialização

Os versos das canções de Leonardo atraem fãs de todo o Brasil e tam-bém, têm lugar cativo no aparelho

de DVD de uma fã especial: Silvinha, como é conhecida no Parque União, onde mora. Aos 29 anos, ela adora ouvir música e, desde que nasceu, é portadora de paralisia cerebral, distúrbio que causa difi culdade na fala e nos movimentos. Silvinha não anda. Porém, seu raciocínio é igual ao de qual-quer pessoa. Ela não é a única portadora de necessidades especiais da Maré. Na Vila do Pinheiro vive Matheus Fernando, de 4 anos, que tem feito exames para diagnosticar sua doença. Os médicos suspeitam de paralisia.

Silvinha mora com a mãe, dona Marilene, o pai e a irmã. Por dez anos, fez tratamento no hos-pital público Oscar Clark, na Tijuca, e estudou numa escola pública especial de lá. Infelizmente, o custo de transporte, sempre de táxi, tornou-se alto demais para a familia e os estudos foram in-terrompidos no fim da quarta série. Apesar disso, ela hoje conversa com seus pais e amigos - que entendem seu modo de falar - lê muito, vê tele-visão e ouve música, seu hobby preferido.

Mas o amor dedicado pela família à Silvinha não é realidade geral na Maré.

Muitos pais de portadores de necessidades especias ainda preferem escondê-los.“Tem uma moradora da vizinhança que perdeu sua fi lha há uns seis anos. Acho que a menina, que devia ter uns 12 anos, tinha paralisia também. Eu quase não a via. Eu, dona-de-casa, só a vi umas duas vezes no colo dos pais, saindo de casa à noite para ir à igreja”, lamenta Marilene.

Já os pais de Matheus Fernando têm procurado ajuda. O garoto está fazendo fisioterapia no Hospital Ger-al de Bonsucesso e é acompanhado por fonoaudiólogos da clínica social (gratuita) da Universidade Suam. Aos quatro anos, ainda engatinha e não fala. Desde bebê sofre de problemas respiratórios e várias alergias que o le-

Silvinha com a mãe, Marilene: a jovem é uma das muitas mareenses que convivem com o drama da paralisia cerebral

HÉLIO EUCLIDES

Page 11: jornal o cidadão  51

11O Cidadão

Qual a importância do CQual a importância do CIDADÃOIDADÃO??WESLEY DE OLIVEIRA

“É um mecanismo de exPansão de conhecimento da Maré e ainda es-tabelece a importância da cultura

e história das comunidades.E nos oferece a oportunidade educacio-nal nos trazendo leitura, conheci-mento e informação de maneira a

formar verdadeiros Cidadãos.”

HÉLIO EUCLIDES“Em ‘O CIDADÃO’, reza o expediente, sou ‘Consultor editorial’. Meia ver -da de. Até ajudo, mas sobretudo a -pren do, com a turma talentosa, res-ponsável por um veículo essencial a uma população esquecida pelo ‘an dar de cima’. No expediente, de-ve ria ser ‘honrado-aprendiz-que-dá-uma-força’. Viva ‘O CIDADÃO’!”

Aydano André Motta, jornalista do jornal O Globo e coloborador do jornal O CIDADÃO

Jeferson Almeida do Carmo, morador da Vila do João.

A Prefeitura do Rio de Janei-ro informa que o acesso às escolas municipais é garantido por lei a to-dos os alunos, independentemente de suas condições físicas. Nas imediações da Maré existem clas-ses especiais nos Cieps Hélio Sch-midt, Gustavo Capanema, Samora Machel, Elis Regina e Leonel Bri-zola e nas escolas municipais Prof. Josué de Castro, Teotônio Vilela e Armando Salles de Oliveira. Há também as escolas especiais, que atendem alunos com deficiências múltiplas e necessidades de adap-tação extrema, como o Especial

Rotary, na Ilha, e o anexo do Ciep Yuri Gagarin, em Bonsucesso.

Quanto à saúde, há o Instituto Municipal Nise da Silveira, no Enge-nho de Dentro, e o Centro de Apoio Psicossocial Infantil (CAPSi) Maria Clara Machado, em Piedade. Há ain-da outros dois CAPSis, na Taquara e em Sulacap, que atendem pacientes de até 18 anos. Para mais informações, li-gue Tele-Saúde (2273-0846) ou acesse www.saude.rio.rj.gov.br. A ouvidoria da Secretaria Municipal de Educação atende no 2503-2000 ou via e-mail ([email protected]), de se-gunda a sexta, das 9h às 18 h.

Prefeitura garante acesso à educação e saúde

vam constantemente a internações em hospitais. “Ele toma remédios fortes, como calmantes para poder dormir. Pa-rece um bebê, de tão frágil”, conta a prima, Gizele Martins.

“Tem uma moradora da vizinhança que perdeu sua fi lha há uns seis anos. (...) Eu quase não a via. Eu, dona-de-casa, só a vi umas duas vezes no colo dos pais, saindo de casa à noite para ir para a igreja”Marilene, mãe de SilvinhaMoradora do Parque União

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O Cidadão12 O Cidadão

Esporte faz bem para o corpo e para a alma. O próprio jornal O CIDADÃO divulga e apóia todas as iniciativas liga-

das ao esporte na Maré. No entanto, é impossí-vel não notar a insatisfação de uma boa parte da

população brasileira diante dos grandes investi-mentos em tecnologia de primeiro mundo para as competições do Pan, enquanto equipamen-tos públicos básicos para sobrevivência da população, como segurança, edu-cação e saúde estão a beira de um colapso. Isso sem falar no gas-to para a realização dos jo-gos na cidade, que exce-deu, em muito, a previ-são inicial.

“O governo gastou muito com o Pan, mas com que a gente pre-cisa, como hospitais e remédios, não gas-tou nada. Quando acabar o Pan eles vão estar cheios de dinheiro e nós não.

Além disso, sou aposentada e só tenho au-

mento de 3% ao ano. Isso é um absurdo”, relata Derly do Espírito Santo, de 66 anos, mora-dora da Baixa do Sapateiro.

Os governos federal, estadual e municipal, juntos, gastaram cerca de R$ 4 bilhões de reais. Esse valor é 20 vezes supe-rior ao gasto nas edições

anteriores. Com o dinheiro público foram construídas arenas es-portivas, campo de fu-

tebol e ginásios olímpi-cos iguais aos que existem

em países de primeiro mun-do. Contudo, restam algumas dúvidas. O que acontecerá com essas construções após

as competições? De onde veio o dinheiro que excedeu a pre-

visão? Por que não houve um diálogo maior com

a população para que

jun-to com as obras

do Pan, outras medi-das fossem tomadas no sentido de melhorar a vida da população?

Segundo a assessora da Secretária de Espor-te e Turismo, Mônica Magalhães, os apartamen-tos do conjunto de edifícios da Vila do Pan, fi-

nanciados pela Caixa Econômica, foram ven-didos durante a construção. E seus proprietários tomarão posse depois dos jogos. Já as instala-ções esportivas permitirão ao Rio sediar a final da Copa de 2014, caso ela seja no Brasil, e habilitam a cida-de a lutar pelas olimpí-adas de 2016. Infe-lizmente esse tipo de planejamento prévio não acontece em outros setores da sociedade, como nos hospitais, na segurança e na educação, funda-mentais para o cresci-mento e o desenvolvi-mento de um país.

A assessora ainda afir-ma que o governo

não conside-ra ter tido fal-ta de diálogo

com a popula-ção. “Esse diálo-

go existe desde o início. Prova disso são os inúmeros pro-jetos sociais vinculados ao Pan, com recursos do go-

CAPA

Pan-Americano: qual olegado social?Governos gastam muito mais dinheiro do que o previsto nos jogos do Rio de Janeiro

Para o Pan, tem dinheiro, mas quando o Pan acabar vai tudo embora, como as patrulhas da Linha Amarela” Verônica Freitas de SouzaMoradora do Conjunto Bento Ribeiro Dantas

O atletismo é um dos esportes mais nobres do Pan-americano e das Olimpíadas e existe desde da Grécia Antiga

CHRISTOPHE LIBERT

AS

IF A

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Page 13: jornal o cidadão  51

O Cidadão 13

verno federal e participação do estado, ainda em andamento”, afirma. E completa. “Os projetos vão beneficiar mais de 500 mil jovens, através de uma série de cursos e programas esportivos que visão a inclusão social”.

Porém alguns moradores da Maré questio-nam o valor alto dos gastos com as obras.“ Para o Pan tem dinheiro, mas quando o Pan acabar vai tudo embora, como as patrulhas que estão aqui na Linha Amarela”, desabafa a morado-ra do Conjunto Bento Ribeiro Dantas, Verônica Freitas de Souza, de 21 anos. “Além disso, os in-vestimentos feitos para o Pan, com certeza, não continuarão nos próximos meses”, diz.

De uma forma geral, todos acreditam que o investimento no Pan não era prioridade. Esse é o caso de Vanessa Cristina da Silva, de 25 anos, moradora da Vila do João. Para ela, o governo deveria in- vestir mais em

escolas e hospi-tais. “Vi na televi-

são que tem hospitais que

estão fe-chados

e ma-terni-dades q u e n ã o

t e m lugar

para as crianças recém-nascidas por falta de di-nheiro”, afirma. A moradora do Morro do Tim-bau Ellen Damiana, de 33 anos, concorda com a colocação de Cristina. “Acho o gasto que o go-verno teve uma ‘porcaria’. Eles deveriam ter in-vestido o dinheiro na saúde, pois tem tantos hos-pitais precisando de macas e remédios”, relata.

Uma boa comparação é o dinheiro investido na construção dos complexos esportivos. O in-vestimento nessa construção foi oito vezes supe-rior ao que será utilizado para a revitalização do Complexo do Alemão por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Esse programa do governo visa a recu-peração de algumas comunidades no Rio de Ja-neiro e de outras partes do Brasil.

Mas há moradores que estão de acordo com a ação do governo. “O dinheiro foi gasto com esporte e isso foi uma coisa boa”, afirma o mo-rador da Baixa do Sapateiro Andembergue Ma-chado Silva, de 16 anos. Já para Edileuza Fer-reira da Costa, de 41 anos, moradora da Baixa do Sapateiro, o dinheiro gasto valerá a pena se trouxer melhorias para a população. “Se o in-vestimento vai trazer algum beneficio para nós, como na saúde, é bom. Porque foi feito um in-vestimento alto e muito dinheiro foi utilizado. Com esse dinheiro poderia melhorar a educação e a saúde”, conclui.

Segurança dos JogosDurante o ano,

comunidades popu-lares, como a Maré, sofrem com o desca-so do poder público. Mas com o objeti-vo de garantir a tran-qüilidade dos atletas e dos turistas duran-

te os jogos Pan-Ameri-canos, o estado reforçou o policiamento dentro dessas áreas. A finalida-de era evitar contratem-pos nas principais vias de

acesso ao Aeroporto Tom Jo-bim, na Ilha do Governador, e a Vila do Pan, na Barra da Tijuca. Essa ação

contou com 20 mil policiais.

O governo federal aplicou R$ 562 mi-lhões para a segurança durante os jogos. Segundo a Secretaria Nacional de Segu-rança Pública, 75% dos equipamentos fi -carão no Rio após o Pan.

Para garantir a tranqüilidade durante os jo-gos, a cidade do Rio de Janeiro recebeu 1.500 veículos, 24 novas aeronaves, 18 mil rádios di-gitais, 18 mil agentes de segurança, além de um Sistema de Monitoramento Integrado (600 câ-meras), Rede Segura de Inteligência, Controles de Acesso, Central única de Comando e Contro-

le. E mais oito Centros Regionais de Comando e Controle, armamentos letais e não-letais e equi-pamento antibomba.

As 600 câmeras foram instaladas nos lo-cais de competições e nas principais vias de acesso, além de pontos estratégicos. Isso tudo é para garantir a segurança de atletas e turistas. E ainda a imagem de um país tranqüilo no ex-terior. O Ministério da Defesa usou R$ 3 mi-lhões na segurança dos aeroportos da cidade para transmitir uma “sensação de segurança” durante o evento.

Outra coisa que causou estresse aos mora-dores da Maré foi a passagem dos comboios dos atletas. Segundo Verônica Freitas, moradora do Conjunto Bento Ribeiro Dantas, quando passa-vam as comitivas dos atletas que vinham do ae-roporto, a Linha Amarela parava. “Os policiais, em vez de utilizar apenas a faixa destinada a eles, fechavam a pista toda e passavam devagar”, con-tou ela.

o seu grande

“O dinheiro foi gasto com esporte e isso foi uma coisa boa”Andembergue Machado SilvaMorador da Baixa do Sapateiro

Vanessa Cristina e Verônica: contra os gastos do governo

CRISTIANE BARBALHO

Page 14: jornal o cidadão  51

O Cidadão

Remoção na MaréIntervenções: para garantir “sossego” durante os Jogos, governo ameaçou deslocar algumas favelas

Com a preparação do Rio de Janeiro para os Jogos Pan-Americanos, o governo fez muitas obras. Foram

melhoradas as pistas de trânsito, as ruas e os lugares turísticos. As favelas também passa-ram por uma intervenção do estado. Ao con-trário dos outros lugares, elas passaram por mudanças violentas e desleais como as remo-ções. Tudo foi feito com uma única preocu-pação, a de recepcionar os turistas da melhor forma possível.

Na Maré tivemos dois ca-sos de remoção. No f i n a l

de 2005, na comunidade de Mandacaru. E o outro, agora no início do ano, próximo à co-munidade Vila do Pinheiro, junto ao Canal do Cunha. Em Mandacaru a situação foi contor-nada, moradores que já estavam ali há anos fi -zeram protestos, abaixo-assinado, foram às ruas e à Prefeitura para buscar os seus direi-tos. Com isso, conseguiram não ser removi-dos. A Prefeitura na época queria pagar uma

indenização

que variava entre R$ 800 e R$ 5 mil por cada barraco.

Para as pessoas que moram perto do Ca-nal do Cunha, há cerca de seis meses, a si-tuação é ainda pior. Antes elas estavam em-baixo da ponte, próximo ao Canal, mas a Serla os tirou e pôs uma cerca no local. Eles construíram seus barracos do outro lado da cerca e a responsabilidade agora é da Pre-feitura.

Segundo o presidente da Associação de Moradores da Vila do Pinheiro, Ui-lian Gonçalves Silva, de 35 anos, o que está acontecendo com os mo-radores é uma injustiça. “Eles es-tão num regime de miséria total. O que sei é que os órgãos públicos os

abandonaram e os deixaram à pró-pria sorte. A maior causa disso tudo é que os dois lados querem maquiar a Li-

nha Vermelha por causa do Pan, pra quando o chefe de estado passar ali, achar tudo boniti-nho”, conclui.

CAPA

“Eles estão no regime de miséria total”Uilian GonçalvesPresidente da Associação de Moradores da Vila do Pinheiro

Barracos de madeira servem de abrigo para moradores que foram retirados de área controlada pela Serla: as construções foram erguidas a alguns metros do antigo local

HÉLIO EUCLIDES

O Cidadão14

Page 15: jornal o cidadão  51

15O Cidadão

www.ediouro.com.br Nas livrarias.

MUITO LONGE DE CASA.MEMÓRIAS DE UM MENINO-SOLDADO.

Brincando de soldado. Mas de verdade.

Trezentas mil crianças-soldado, lavagem cerebral, entorpecentes, abusos dos senhores da guerra, mortes. Uma narrativa convincente, com uma linguagem bem-acabada, da visão do inferno por quem esteve lá e conseguiu sair com vida.

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Page 16: jornal o cidadão  51

16 O Cidadão

SABOR DA MARÉMaçã do amor da Gabriela

RENATA SOUZA

Gabriela vende maçã do amor em frente a sua casa

Qual a importância do CQual a importância do CIDADÃOIDADÃO??HÉLIO EUCLIDES “O CIDADÃO é muito importante,

pois atinge toda a Maré, divulgando a história do bairro, fatos guardados na memória de antigos moradores. Além de cultura, lazer e in te ra ti vi da -

des que ajudam os jovens a se man-terem mais informados sobre a co-munidade. Parabéns ao CIDADÃO,

desejo muito tempo de caminhada”

ARQUIVO PESSOAL

“O meu ponto de vista sobre o O CIDADÃO, é sempre positivo, apóio qualquer meio de comuni-cação que vier da comunidade e que seja para ela própria. E o papel da mídia é esse, o de mos-trar a verdade. O jornal melhorou muito”

Charles Gonçalves Guimarães, presidente da Associação de Moradores da Baixa do Sapateiro

Bruno Oliveira, estudante de informatica da Uerj e morador da Nova Holanda.

Localizada na Baixa do Sapateiro, a Rua da Proclamação é cortada pela Av. Brasil e pela rua do Ser-

viço, seguindo até Bonsucesso. Pouco povoada por moradores, possui muitas empresas e, por isso, muitos problemas de infra-estrutura e asfalto na região.

Robson Alves, de 41 anos, nascido e criado na Rua da Proclamação conta que depois de obras feitas na tubulação de es-goto, fi cou tudo esburacado. “Minha irmã caiu no bueiro e, por isso, levou vários pontos”, alertou o comerciante.

Em conversa com o presidente da Associação de Moradores da Baixa do Sapateiro Charles Gonçalves Guimarães, de 48 anos, ele nos aponta os vários pro-blemas do local e a difi culdade de resol-vê-los. Um deles é que a rua não é toda asfaltada e isso faz com que suba muita poeira principalmente quando os carros passam. Já a comerciante Valéria Ferraz, de 26 anos, reclama da velocidade dos ve-ículos. “Eles passam muitas vezes em alta

velocidade, temos que ter vários quebra-molas nessa rua”, fi naliza.

O morador José Fellipe, de 51 anos, conta que existem pessoas que moram na Proclamação há seis décadas. Elas consi-deram o lugar muito calmo e por isso não a trocam por nada.“Resido aqui desde que nasci e me sinto orgulhoso em ver que os visinhos se ajudam até hoje e sempre que há ocasião temos festas na rua”, afi rma.

Um outro ponto citado pelo presidente da Associação de Moradores é a falta de atenção do poder público com a comuni-dade. “O poder público pouco olha para gente”, afi rma. E devido aos problemas emergenciais Charles se comprometeu em tapar os buracos que existem na região.

RUA

Rua da ProclamaçãoComunidade sofre com trecho esburacado e falta de área de lazer para as crianças

Buraco no meio da rua atrapalha vida dos moradores

VINICIUS ZEPEDA

O CIDADÃO convoca os mora-dores para contar aqui a história da Rua da Proclamação, inclusive com a explicação para o nome, os relatos serão divulgados na próxima edição.

Ingredientes:- 1 quilo de açúcar- 1 colher (sopa) de cremor de tár-taro- 1 colher (sopa) de corante verme-lho bordô- 1 copo americano de água

Modo de fazer:Misturar todos os ingredientes e por

fim colocar a água. Levar ao fogo brando até levantar fervura. Está pron-to quando estiver em ponto de fio. A quantidade de maçã vai ao gosto de cada um.

“Quem quiser saborear é só dar uma passadinha na tenda, que fica na Via C/4, nº 86 - Vila do Pinheiro”

Page 17: jornal o cidadão  51

17O CidadãoANÚNCIOS

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18 O CidadãoANÚNCIOS

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19O Cidadão

Qual a importância do CQual a importância do CIDADÃOIDADÃO??HÉLIO EUCLIDES

“O ‘CIDADÃO’ já nos identifi ca de cara, afi nal somos o que?

se não cidadãos. Um jornal que sintetiza através de suas maté-

rias os anseios e alegrias de um bairro que cresce tanto em área

espacial quanto em cultura.Parabéns”

ARQUIVO PESSOAL

“O Jornal ‘O CIDADÃO’ tem sua fagulha lançada em cada possi-bilidade de cada processo, como força que irrompe da comuni-cação comunitária. Parabéns e continue alimentando o coração da história da Maré e do Rio”

Adair Rocha, professor de Comunicação Comunitária da PUC e representante do Ministério da Cultura no Rio

André Lucena, pintor de obras de arte e morador do Parque Rubens Vaz

O que pinta no Museu da Maré

O Museu da Maré expõe muitas obras de diversos artistas do Brasil. No dia 12 de julho foi aberta a exposição O Que Pinta na Maré - Arte Local, reunindo sete artistas de diversas comuni-dades que mostram os seus trabalhos, refletindo no pincel, o dia-a-dia do bairro. O espaço será dedicado até o dia seis de setembro, para arte da localidade. “Isso é o coletivo. Temos que dar continuidade a essa integração das obras de fora com as daqui”, disse um dos coordenadores, Luiz Antonio, de 39 anos. Um dos objetivos da mostra é trazer mais moradores para o museu, que em três meses recebeu mais de 10.000 vi-sitantes.

Jovens discutem a realidade

Na manhã do dia 19 de maio, jo-vens e adolescentes do curso prepa-ratório do Ceasm, no Morro do Tim-bau, reuniram-se para discutir sobre cidadania, violência, preconceito, cultura, família e o atual papel da mídia. Todos os assuntos debatidos surgiram de um fanzine com falas de jovens de algumas favelas do Rio de Janeiro e de outras cidades.

Cine Maré apresenta mais um filme

No dia 30 de junho às 18 horas no Largo IV Centenário, na Baixa do Sapateiro, foi apresentado o fil-me “Tapete vermelho” pelo movi-mento Cinemaré. O objetivo é levar aos moradores Maré diversos filmes que tratem da realidade de cada um. Depois de cada sessão é realizado, como aconteceu em “Tapete verme-lho”, um debate com a participação dos moradores.

HÉLIO EUCLIDES

COMO VOVÓ JÁ DIZIA Frio assa maisPode parecer maldade tirar a roupa

do bebê com mais freqüência justamen-te quando está frio. Mas isso é neces-sário para evitar assaduras, cujo risco aumenta no inverno. Sob temperaturas mais baixas, a eliminação de líquidos pelo suor é menor, por isso a tendência, em todas as faixas etárias, é urinar mais. “Se a fralda não for trocada mais vezes, maior será o tempo de contato entre a pele do bebê e o xixi, condição respon-

sável pelo aparecimento da assadura”, explica o dermatologista pediátrico Antônio Carlos Madeira de Arruda, da Sociedade de Pediatria de São Paulo. E mais: as roupas extras necessárias para manter o bebê quentinho abafam a região, o que eleva ainda mais o ris-co, diz o médico.

Fonte: Folhinha do Sagrado Coração de Jesus - Editora Vozes

Ceasm realiza festa junina na Maré

A Casa de Cultura da Maré reali-zou mais uma festa junina. O evento aconteceu no dia 14 de julho e con-tou com muitas barraquinhas. A fes-ta foi dividida em dois momentos. A parte da tarde foi dedicada as crian-ças e a noite aos jovens e adultos. A comemoração contou, também, com a apresentação de um grupo de dança que foi convidado para a festa junina.

Visitante admira quadros na exposição do Museu da Maré

Curso de Formação Política na Maré

Do dia 30 de junho a primeiro de julho aconteceu na Casa de Cultu-ra da Maré, o curso de Formação da Classe Trabalhadora. O evento terá duração de um ano e teve início na Escola Florestan Fernandes em São Paulo. As aulas aconteceram uma vez por mês, intercalando os espa-ços da Casa de Cultura da Maré e a UFRJ da Praia Vermelha.

ACONTECEU NA MARÉ

Page 20: jornal o cidadão  51

20 O Cidadão

GERAL

“Cemeando” esperançaInstituição atende crianças desde a Educação Infantil, até o fi nal do Ensino Fundamental

O Centro Educacional do Menor para Assistência e Reintegração (Cemear) atende crianças de quatro a 16 anos,

em período integral. Além das matérias de Edu-cação Infantil e Ensino Fundamental, o Cemear desenvolve várias oficinas, que trabalham o cor-po e a criatividade dos alunos. Atende 250 crian-ças. Dessas, pelo menos 70% são da Maré. Fun-dado em 1993, o Cemear funcionava como abri-go e escola de menores. Com o Estatuto houve a necessidade de descontinuação do abrigo. Em contrapartida, a instituição pôde aumentar o nú-mero de crianças beneficiadas.

Para o assessor da diretoria do Cemear, Adolfo Breder, a maior dificuldade é a escassez de recursos, apesar do patrocínio da Petrobras e da Läkarmissionen, uma instituição internacio-

nal. As famílias que procuram o Cemear passam por uma fase de inscrição, com entrevista feita por assistentes sociais. Há, então, uma triagem, na qual são selecionadas as famílias que mais ca-recem de recursos.

A equipe realiza encontros com as famílias das crianças para acomPanhamento psicológico, visando ao desenvolvimento dos alunos. Nor-malmente eles chegam à instituição com défi-

cit de aprendizagem e desacreditados. “Após o período de adaptação eles passam a não querer mais sair do projeto. Mas não conseguimos so-zinhos. É necessária a parceria com a família”, ressalta a assistente social da instituição, Ales-sandra Fogaça.

Breder critica o fato de as crianças não terem direito ao RioCard. “Fazemos a nossa parte aju-dando na formação dessas crianças, mas, infeliz-

Qual a importância do CQual a importância do CIDADÃOIDADÃO??ARQUIVO PESSOAL

“O CIDADÃO é um meio onde todo mundo dá a sua opinião. O jornal dá informações importan-

tes aos moradores da Maré”

CRISTIANE BARBALHO

“O CIDADÃO é uma iniciativa muito estranha à mídia, porque é produzido por pessoas da própria Maré. É exa-tamente este tipo de meio de comuni-cação que a mídia dá menos visibili-dade e, não por acaso, uma das mais importantes frentes de ação. Lá, o Caveirão não recebe maquiagem”

Gustavo Barreto, editor da publicação alternativa consciencia.net

Jenifer Gabriele Ferreira, moradora do Morro do Timbau

MARCO DAVI

Crianças atendidas pelo projeto Cemear realizam atividade na instituição: educação infantil é a prioridade

CURSOS

O Cidadão

dá dicas

de cursos

GeografiaO curso de graduação em Geogra-

fia habilita o aluno como Bacharel com vistas à carreira acadê-mica nas universidades ou em instituições de pesquisas,

órgãos de planejamento e de-senvolvimento econômico - regional e setorial, podendo, ainda, atuar em indústrias ex-trativas e em serviços públi-

cos como o IBGE. Após a conclu-são do Bacharelado, o aluno pode obter a Licenciatura em Geografia mediante complementação pedagó-gica.

Duração: 8 a 10 semestres.

Curso: Pode ser encontrado na UFRJ, UERJ e UFF.

Page 21: jornal o cidadão  51

21O Cidadão

Qual a importância do CQual a importância do CIDADÃOIDADÃO??ARQUIVO PESSOAL

“O CIDADÃO é um jornal infor-mativo muito importante para

a Maré, que deixa a população atualizada sobre as situações e problemas vividos em cada

comunidade. E ainda expõe os benefícios que cada uma

oferece”

HÉLIO EUCLIDES“Para mudar esta sociedade profundamente injusta é preciso quer milhares de pessoas se en-volvam neste projeto. A função do jornal O CIDADÃO é essa: ser uma ferramenta na construção de uma nova sociedade”

Vito Giannotti, coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação

Ronaldo Juvino da Silva, morador do Conjunto Pinheiro

mente, o governo não faz a parte dele. Isso difi-culta o trabalho e força o afastamento de muitas crianças que moram longe e acabam não tendo dinheiro para a passagem”, lamenta. As crianças do projeto não são atendidas com RioCard por-que, pela legislação, somente as crianças que es-tudam em instituições públicas de ensino têm di-reito ao benefício. Não é o caso do Cemear, uma instituição privada.

As inscri-ções para a educa-ção de nível infantil e fundamental se-rão feitas no mês de outubro, na se-de do Cemear: rua Júlio Ribeiro, 378 – Bonsucesso (atrás do supermerca-do Guanabara).

Em paralelo ao Cemear, um outro projeto se inicia. É a Academia da Ci-dadania e do Talento (ACT), que visa a capacitar profi ssionalmente maiores de 18 anos. Os cursos oferecidos são de telemarketing e gastronomia, ambos gratuitos. A instituição já recebe inscrições para novas turmas. Há oferta de 120 vagas para telema-rketing. Um call center mo-delo está sendo instalado e em breve os alunos terão

oportunidade de aprender a prática dos atendi-mentos.

Eduardo Dias, aluno de gastronomia, diz que já teve oportuni-

dade de aprender coisas úteis ao trabalho. “Fizemos um bufê para 80 pessoas e to-dos gostaram muito. Isso

dá crédito ao Cemear e também aos alu-nos”, diz. A ACT tem apoio da empresa Callmunity, e recebe também patrocínio da Petrobras. Outras informações podem

ser obtidas através do tele-

f o n e 2290-5444.

Um espaço para os adultos

Ligue e Anuncie!

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22 O Cidadão

As cartas ou sugestões para o jornal devem ser enviadas para o Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré - Jornal O CIDADÃO (Praça dos Caetés, 7, Morro do Timbau, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 21042-050)

CARTASPÁGINA DE RASCUNHO

Priscila precisa do seu voto

A moradora da Vila do João Priscila Xavier precisa do seu voto. Ela treina karatê há cinco anos e já ganhou 60 medalhas, como no Campeonato Sul-Americano. Porém a menina, de13 anos, não tem patro-cinador para continuar sua vitoriosa caminhada. Ela disputa com mais dois esportistas R$100 mil para pod-er competir e treinar.

Entre no site: www.samsung-noPan.com.br e responda por que Priscila merece o patrocínio. Ajude nossa atleta. A votação vai até 25 de agosto-. Participe e não perca a opor-tunidade de criar uma nova medal-hista olímpica.

Errata:Na página 6, dona Marilene Nunes

é moradora da Nova Holanda, Con-tadora de História e não revela sua idade.

A cidade é um ninho de formigasOnde um atropela o outro,Onde um briga com o outro,Onde todo mundo vive num buraco.

A cidade é esmagadaPelas mãos da injustiça,Alguns morrem por nadaE ninguém percebe;

FormigueiroE quando percebem, corremPara não serem mortos também.

A cidade é escuraE há alguns cegos E os que não sãoLevam vantagens.

Jeferson Machado – Nova HolandaTurma 801 do Preparatório do Ceasm

10 anos do CeasmDe 15 a 18 de agosto o Ceasm vai

comemorar seus dez anos com várias atividades abertas à comunidade:

- Debates e apresentações culturais.- Abertura da exposição sobre os dez anos.- No sábado, dia 18, grande festa no Ceasm

Timbau, a partir das 19h.Venha participar com a gente. Essa história

também é sua!

Page 23: jornal o cidadão  51

PiadasPiadas

© Revistas COQUETEL 2007

12

Solução

PALAVRAS CRUZADAS DIRETASwww.coquetel.com.br

5

1 2 3 4

5 6 7 8 9 7 3 1 10

5 4 7 2 9 1 11 7

12 10 5 6 13 12 4

9 1 2 7 10 7

7 8 1 6 10 5 14

1 10 10 1 9 1 4

11 7 9 4 1 10

15 7 14 12 1 4 8 5

3 7 8 9 11

7 1 1 4 7

1 10 2 5 3 12 9 3 1

12 9 8 7 4 1 3

15 5 4 7 13 5 10 7

U

BH

Continenteque abriga

os EUAComover

Trago debebidaEstado

vegetativo

Quese com-

prometeua casar

Ladeira(abrev.)Tipo de

sanduíche

Unidadesde vendado papelhigiênico

Antônimode

"criticado"

Ingre-diente doquindim

Pôr emlista

ComboioferroviárioHabitaçãoindígena

Mau (?),sinal de

algo ruimArgolas

Cerimôniareligiosa

Animalabatido nomatadouro

Cenário defestasjuninas(bras.)

Redação(abrev.)

Causasofrimento

Objeto se-melhanteao leque

A família(fig.)

Antecedeo "M"

País cujacapital éSantiago

O cartãoenviado

pelo turistaLigeiro;veloz

(?)Moreira,locutor

brasileiro

País cujacapital éBuenosAires

Temperodo feijãoResso-nância

Espaçode 365

dias

Tico-(?),ave

Formaçãocapilar

(?) house,casa dejogos

eletrônicos

Verdadei-ro; real

Resolva esta Direta, sabendo que letras iguais correspondem a números iguais.As letras que não se repetem já estão impressas.

AGNLEMOCIONAR

ELOGIADOTREMVTL

IAGOUROOCARES

ARRAIALDOILAR

POSTALCENOBCIDOAALHO

ARGENTINATICOLAN

PELOVERO

EM

A pulga fora de casa- O senhor não se importa de chegar esse cachorro mais para longe? - disse uma senhora sentada ao lado do homem no banco de jardim. - Já estou sentido uma pulga no sapato!- Vem pra perto de mim, Joli - res-pondeu o homem. - A moça aí tem pulgas.

Barrados da Festa- O dono de uma festa resolveu mandar todos os penetras embora, mas de forma educada, pois não queria dar vexame. Disse ao microfone:- Por favor, os convidados do noivo queiram se colocar à minha direita.Muitas pessoas se dirigiram para a direita do anfi trião. Ele voltou a dizer:- Agora os convidados da noiva quei-ram se colocar à minha esquerda.Novamente, muitas pessoas se dirigiram à sua esquerda. E então ele disse:- E agora, os que estiverem à minha direita e à minha esquerda, peço-lhes, por favor, que se retirem, porque esta não é uma festa de casamento, e sim de batizado.

Trabalho X SorteA dona-de-casa e o mendigo:- Puxa, mas o senhor me parece tão forte e sadio, por que será que não consegue achar trabalho?- Sei não, madame! Acho que é pura sorte!

A galinha do vizinhoO vizinho corre até a cerca de arame que separa as duas propriedades e grita para o dono da casa ao lado:- Ô João! O seu cachorro está levando uma galinha do meu quintal. Faço o favor de chamá-lo!E o João muito tranqüilo responde:- Por que você não chama a sua galinha?

Page 24: jornal o cidadão  51

Este espaço representa a história dos moradores da Maré. Envie sua história, perguntas e suges-tões para a Rede Memória na Casa de Cultura da Maré. Endereço: Av. Guilherme Maxwell, 26, em frente ao SESI. Tel.: 3868-6748 ou para o e-mail: [email protected] matéria referente a esta página é de exclusi-va responsabilidade do projeto Rede Memória.

Amigo leitor, o que tem a ver um bar localizado na rua Aspicuelta, 533, na Vila Madalena, em São Paulo com a

história da Maré? Você arrisca um palpite?Em 2003, algumas pessoas da Rede

Memória foram a São Paulo participar de um seminário internacional sobre memó-ria e mudança social.

Numa das noites, um grupo de particiPan-tes do seminário foi conhecer a Vila Madale-na, um famoso bairro da cidade, de intensa vida noturna. Esse bairro tem um número muito grande de bares e restaurantes, por isso o grupo fi cou indeciso com relação ao lugar onde iria fi car. Passaram duas vezes diante de um pequeno bar, que tinha a estrutura de uma casa baixa de varanda e chamava atenção por ter todas as suas paredes forradas com foto-grafi as. Como o preço ali era mais interessan-te, o pessoal resolveu entrar.

O bar se chamava São Cristóvão, numa homenagem ao clube carioca, cuja sede social fi ca no bairro do mesmo nome e a sede náuti-ca, na Maré, próximo ao Parque União. Gran-de coincidência! Mas não foi a única.

Quando o grupo entrou, percebeu que todas as fotos tinham como tema o futebol. E logo na parede de entrada, num local de destaque,o pessoal da Rede Memória viu uma grande foto. Todos fi caram admirados! Era uma fotografi a em preto e branco, que retra-tava um grupo de crianças jogando futebol

numa área alagada. Havia barracos de ma-deira construídos sobre palafi tas e, ao fundo, parte de um morro com casas de alvenaria e a fachada de um grande galpão.

Não demorou para um dos integrantes do grupo, nascido no Morro do Timbau, reco-nhecer o local: era a Praia de Inhaúma, com crianças brincando num campinho do areal junto aos barracos da antiga Favela do Rala-Côco. Ao fundo, estavam as casas da Travessa Conrado das Neves e o galpão do Café, onde hoje funciona uma igreja Universal.

Imediatamente perguntaram se o pessoal do bar não teria uma cópia, mas a resposta foi negativa. Assim, restou apenas a possibilida-de de tirar uma foto daquela foto, o que foi feito.Talvez o desejo de trazer aquela imagem tenha sido tão forte que acabou resultando numa foto de muito boa qualidade, que hoje faz parte do acervo do Museu da Maré e está exposta no tempo da água.

Mais tarde, descobriu-se que a foto é de autoria do consagrado fotógrafo Evan-dro Teixeira, e tinha feito parte de um ca-lendário cujo tema era o futebol. Graças à feliz coincidência, mais uma pedaço da nossa história está preservado.

Amigo leitor, se depois dessa história toda, você quiser ver a foto de perto, só dar um pulinho no bar São Cristóvão e apreciar os detalhes da imagem com uma cerveja bem gelada ou um bom copo de vinho ou refrige-rante. Mas, não querendo esnobar, mesmo sem bebida, a fotografi a fi cou muito mais bo-nita aqui no nosso museu. Vem conferir!

Uma feliz coincidência

Bar São Cristóvão localizado na Vila Madalena, em São Paulo, tem em sua parede foto da comunidade da Maré

Crianças na favela do Rala-Côco, removida na década de 1970. No local foi construída a comunidade Bento Ribeiro Dantas

FOTOS DE REDE MEMÓRIA DA MARÉ