jornal a notícia por quem vive - ed. 5

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Cidade de Deus Novembro ‐ Dezembro de 2012 ‐ Ano III ‐ No 5 Você conhece a dislexia? A dislexia afeta muitas crianças e pode aparecer na idade escolar. Fique atento. Como vão as obras na Cidade de Deus? O Bairro Maravilha já está atuando com obras na CDD, mas como está o andamento? Qual a qualidade dessa intervenção? Moradores pedem cuidado com CIEP que também é EDI Moradores do Pantanal II pedem melhorias para o CIEP Luiz Carlos Prestes – que também funciona como um EDI – e seu entorno. A área está em total abandono. 16 E MAIS... Editorial................................................................2 Banco Comunitário da Cidade de Deus.........................4 GAL ACOPROVI recebe certificação do UNICEF ...............5 Cidade de Deus e Maré na Rio+20...............................7 A militância poética na Cidade de Deus...................... 10 Livro Registro Eterno de Nossas Memórias.................. 12 Charges e receitas.................................................. 13 Casa de Cultura Cidade de Deus................................ 14 Feira de saúde da Cidade de Deus............................. 16 10 anos ASVI........................................................ 16 03 09

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Quinta Edição do Jornal Comunitário A notícia por quem vive, retratando a realidade da Cidade de Deus.

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A N O T Í C I A P O R Q U E M V I V E | N O V E M B R O ‐ D E Z E M B R O 2 012Cidade de DeusNovembro ‐ Dezembro de 2012 ‐ Ano III ‐ No 5

Você conhece a dislexia?A dislexia afeta muitas crianças e pode aparecer na idade escolar. Fique atento.

Como vão as obras na Cidade de Deus?O Bairro Maravilha já está atuando com obras na CDD, mas como estáo andamento? Qual a qualidade dessa intervenção?

Moradores pedem cuidado com CIEP que também é EDIMoradores do Pantanal II pedem melhorias para o CIEP Luiz Carlos Prestes – que também funciona como umEDI – e seu entorno. A área está em total abandono.

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E MAIS...Editorial................................................................2

Banco Comunitário da Cidade de Deus.........................4

GAL ACOPROVI recebe certificação do UNICEF...............5

Cidade de Deus e Maré na Rio+20...............................7

A militância poética na Cidade de Deus......................10

Livro Registro Eterno de Nossas Memórias..................12

Charges e receitas..................................................13

Casa de Cultura Cidade de Deus................................14

Feira de saúde da Cidade de Deus.............................16

10 anos ASVI........................................................16

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Editorialpor SOLTEC ‐ UFRJ

Muito trabalho emais um jornalestá nas ruas daCidade de Deus

Mais uma vez vem às ruas ojornal A notícia por quem vive.Este jornal é resultado de muitotrabalho, esforço e dedicação decada membro que o compõe,todos moradores da Cidade deDeus. Todos moradoresinteressados em trocar com seusvizinhos e mostrar para osolhares externos o que se passanesta favela para além do olharda grande mídia comercial (osjornais mais acessados nasbancas, as redes de televisão).

Nesta edição, o leitor vai

saber como anda a situação deabandono do CIEP Luiz CarlosPrestes, um dos EDIs (Espaços deDesenvolvimento Infantil) daPrefeitura, na matéria de Mariado Socorro. Também vai ver quala real situação dos moradorescom as obras do BairroMaravilha, segundo o olhar deCilene Vieira, repórter do jornal.E vai ainda saber como anda ofuncionamento do BancoComunitário inaugurado em2011 na Cidade de Deus, emmatéria de Joana Campos.

A Cidade de Deus participou,em junho, do evento da ONU quereuniu diversos países paradiscutir questõessocioambientais, a Rio +20.Aqui, o leitor poderáacompanhar o evento nas fotosde Angélica Ponciano. E ainda

conhecer a Casa de Cultura daCidade de Deus, o sarau Poesiad'Esquina, saber como foi aparticipação da comunidade naFLUPP (Festa Literária das UPPs)e na FLIP (Festa LiteráriaInternacional de Paraty). Sãotantas coisas que a Cidade deDeus tem para contar!

Acompanhe o jornal A notíciapor quem vive. Leia. Divulgue.Colabore como repórter, conheçaeste grupo e esta propostaindependente. O jornal está nainternet, no site do PortalComunitário da Cidade de Deus.É só visitarwww.cidadededeus.org.br e nosenviar uma mensagem. A CDDsempre teve voz, agora tem poronde gritar.

Expediente Novembro a Dezembro de 2012FUNDADORES:

Ariana Apolinário, Celso AlexandreAlvear, Cilene Vieira, Dara Bandeira,Dayse Vieira, Felipe Brum, Joana daConceição Campos, João Carlos Souza,José Alberto, Julcinara Vilela,Landerson Soares, Leila Martiniano,Maria Angélica Ponciano, MaríliaGonçalves, Mônica Rocha, Rita deCássia, Rosalina Britto, Valéria Barbosada Silva

Membros do jornal:

Maria Angélica Ponciano, Cilene Vieira,Felipe Brum, Joana da ConceiçãoCampos, José Alberto, Julcinara Vilela,Mônica Rocha, Rosalina Britto

Colaboradores:

Valéria Barbosa, Wellington de Moraes França, Ana de Almeida Ribeiro, AndersonAugusto de Souza Pereira, Maria Luiza Tavares Benício

Revisão de textos:

Marília Gonçalves, Camille Perissé e Amanda Azevedo

Diagramação:

Isis Reis

Agradecimentos:

Ao Bairro Educador e, especialmente, aos diagramadores deste jornal: Isis Reis,nesta edição, Diana Helene, Alan Tygel e César Campos nas demais.

Apoio:

CDD, SOLTEC/UFRJ e ASVI

Este jornal foi diagramado utilizando somente programas de computador livres:Scribus, Gimp, LibreOffice e Ubuntu. Use Software Livre!!

Visite o Portal da CDD >> http://www.cidadededeus.org.br

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Como estão as obras na Cidade de Deus?por Cilene Regina Vieira da Cruz

Segundo informações dosmoradores, as obras da Cidade deDeus iniciaram em julho de 2011,para que as necessidades fossemsupridas na comunidade,acabando com as valas de esgotoque corriam em algumas partesdela. Mas tem alguns problemasque não estão agradando osmoradores. Várias ruas estãosendo quebradas de uma só vez,dificultando o trâmite dapopulação; os paralelepípedos,que já têm quase meio século deexistência, estão sendo retiradose não sabemos para onde estãosendo levados. Nessa

substituição, o material que estásendo posto é de umainferioridade tão grande que,quando um automóvel subir acalçada, o mesmo se rachará.

O que nos preocupa demais éo desperdício de material,algumas calçadas são feitasnuma semana e na outra já étudo quebrado novamente paraser refeito. Há buracos abertosnas ruas com a tubulação dasredes fluviais junto a máquinasque ficam ligadas durante horas,nos trazendo uma poluiçãosonora horrível, que mal dá paraficarmos dentro de casa. Sem

falar da quantidade de poeira aque estamos expostos, com umagrande probabilidade de nossascrianças e idosos contraíremdoenças respiratórias. Entãomudaremos para outraproblemática que é a saúde, que,infelizmente, está doente.

Essas obras de melhorias naCidade de Deus não sãogratuitas, não. Pagamos osnossos impostos para obtermosconquistas em todos os sentidos:Saúde, Educação, Habitação eLazer.

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O Banco pratica a EconomiaSolidária, serve para promover odesenvolvimento local,financiando a produção e oconsumo, formando redes locaisde produtores, consumidores eatores sociais. É o primeirobanco na Cidade do Rio deJaneiro que fortalece a históriada comunidade de lutas emelhorias.

A moeda se chama “CDD”,para espelhar a identidade dosmoradores e sua comunidade,fortalecendo suas lutas econquistas. Serve para estimularo consumo local gerando redesempreendedoras, pois só se podegastar a moeda “CDD” nocomércio local.

Já existem várias moedas emcirculação: um CDD vale um real(R$ 1,00) e mais de 170comerciantes já aderiram àmoeda. O objetivo é que todospossam fazer o mesmo.

Os empreendimentoscadastrados podem fazer a trocado real pelo CDD no BancoComunitário. Esta moeda só éválida na comunidade da Cidadede Deus.

Qualquer morador pode ir aoBanco Comunitário e solicitar atroca do real por CDD, comotambém pode fazerempréstimos.

Os consumidores ganhamdescontos na rede deempreendedores cadastrados epoderão comprar em outrosempreendimentos, fazendoassim a moeda circular,estimulando o comércio local eeconomizando.

Para solicitar a adesão temque se dirigir ao BancoComunitário, ele funciona comocorrespondente Bancário daCaixa Econômica Federal. Podemser pagas contas e receberbenefícios, contribuindo para acirculação do dinheiro nopróprio bairro e para odesenvolvimento sustentável dacomunidade.

O funcionamento é das 9h as17h. Venha e participe!

Banco Comunitário da Cidade de Deuspor Dona Joana

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Em 2008 foi criado na Cidadede Deus o GAL ACOPROVI – Grupode Articulação Local AmigosComunitários Promotores da Vida.O grupo, formado por oitoinstituições locais, tinha comoobjetivo pensar junto com acomunidade, a partir dolevantamento de demandas comrelação a saúde, educação, lazer,etc., soluções para essasnecessidades da CDD, a fim deque pudessem conquistar umespaço e os moradores setornassem protagonistas de suahistória.

O GAL ACOPROVI é formadopelas seguintes instituições: ASVI(Associação Semente da Vida),Grupo de Teatro Raiz daLiberdade, CIA TREVO, CoopforteCDD, CDI Comunidade ASVI, CRASElis Regina, CIEP Luiz CarlosPrestes e ABOSEP (AssociaçãoBeneficente Obra Social Estrela daPaz).

Foi realizada, a partir de 2009,

uma “consultinha”, com criançase adolescentes, e uma“consultona”, com os adultos, afim de se descobrir quais eramessas demandas. Depois, foi feitoum fórum para que, juntos,instituições e moradoreslançassem propostas paramelhorar a qualidade de vida dacomunidade.

Após intenso trabalho, unindoforças das diversas instituições,no final de 2011 foramapresentados os resultados emum último fórum, onde asrespostas de uma nova consultaforam avaliadas.

No dia 31 de Maio de 2012,após 3 anos de intensa ação,articulação e dedicação para quetodas as crianças e todos osadolescentes da cidade pudessemcrescer e se desenvolver comsaúde, aprender mais, ter acesso àcultura, se divertir, praticaresportes e estar sempreprotegidos contra qualquer tipo

de violência, o GAL ACOPROVI,junto com mais 42 GALs, foireconhecido pelo UNICEF comuma certificação pela sua atuaçãona comunidade. Essa certificaçãoassinada pela UNICEF mostra oempenho que o grupo teve aolongo dos 03 anos desenvolvendodiversos projetos na comunidadedentro das demandas apontadasdesde o seu início.

O GAL ACOPROVI não tem umendereço fixo, pois ele vem apartir de várias instituições, masoutras informações podem serencontradas no blog http://por‐dentrodacidade.blogspot.com.br/

Saiba mais sobre a Plataforma dosCentros Urbanos:http://www.unicef.org/brazil/pt/where_13615.htm

GAL ACOPROVI recebe certificação do UNICEFpor Julcinara Vilela

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Antecipando a Rio +20, ascomunidades Cidade de Deus eMaré realizaram nos dias 15 e 16de junho a Jornada de EducaçãoSocioambiental, no Ciep JoãoBatista dos Santos e na Praça Pe.Julio Grooten, na Cidade deDeus. Lá foram discutidos ostemas: educação, cultura,economia, saúde, sociedade emeio ambiente.

A Jornada aproveitou o

acontecimento em que a cidadedo Rio de Janeiro foitemporariamente a capitalmundial das Nações Unidas,quando recebeu dirigentesmundiais e suas comitivas, paraelaborar e assinar o documentosobre a “SustentabilidadeAmbiental do Planeta”, a Rio+20, que aconteceu entre os dias20 e 22 de junho. Paralelamente,os povos de diversos países

também faziam exposiçõesculturais e discutiam o futuro doplaneta em diversas partes doRio, na Cúpula dos Povos.

A Cidade de Deus e a Marépromoveram palestrasabordando: a urbanização defavelas; a sustentabilidade;conflitos ambientais urbanos;participação comunitária; saúdepública e meio ambiente;políticas de prevenção; gestão de

Cidade de Deus e Maré na Rio +20por Maria Angélica Ponciano

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Rio +20 na Cidade de Deus: o que não deu certopor Cilene Regina Vieira da Cruz

resíduos e inclusão social doscatadores de materiaisrecicláveis; Economia Solidária eeconomia verde no contexto dasfavelas; responsabilidadesocioambiental e práticas degestão empresarial sustentável;educação socioambiental e, porfim, relatos de experiências.Ocorreram as oficinas

Opinião

Nos dias 15 e 16 de junho de2012, aconteceu a Jornada deEducação Socioambiental Cidadede Deus e Maré rumo à Rio +20.

Neste evento aconteceramvárias atividades, comopalestras, teatro, dança, música,oficina de artes, entre outros.Devido a esta jornada, realizadanuma sexta‐feira, que foi oprimeiro dia da Rio +20, aparticipação da comunidade foimuito pequena. Sentimos umagrande deficiência na divulgação

da Jornada, que mesmo tendosido realizadas várias reuniõespara a organização, na práticanão aconteceu como deveria.

O material para divulgação sóchegou na semana do evento eem pequena quantidade, nãocontemplando todas asinstituições participantes. Oevento aconteceu em doisespaços – no CIEP João Batista ena Praça principal da Cidade deDeus –, mas os artistas que seapresentaram na praça tiveram

que concorrer com o barulho doscarros e chamar o público paraassistir as apresentações, já que,pela falta de divulgação, opúblico não foi satisfatório.

Mesmo com toda aprecariedade, os artistasmostraram o que fazem demelhor para exibir para o seupúblico, em especial levar umpouco de cultura e lazer para aCidade de Deus.

“Estratégias para práticas deEducação Ambiental”,“Planejamento Ambiental nasFavelas”, “Consumo x Consumo”,“Educação Indígena” e “Oficinade Memória”.

Ainda teve feira de artesanatocom materiais recicláveis. Nosintervalos se sucederamapresentações culturais: danças,

músicas, peças teatrais,audiovisuais, artes plásticas,desfiles com materiaisrecicláveis e exposição detrabalhos das escolas. O eventoreuniu alunos das escolas, dascomunidades e visitantes,mostrando que asustentabilidade pode, muitobem, vir deste tipo de atividade.

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por Maria do Socorro Melo Brandão

Moradores pedem cuidado com CIEP que também é EDI

Já foram várias tentativas debuscar melhorias. Em 2010, aárea foi visitada por algunsrepresentantes do poder públicopara fins de mapeamento e parasaber junto aos moradores quaisas suas demandas, suasnecessidades. Os moradorespediram melhorias para umapracinha que fica próximo àescola e era muito utilizada paraque as professoras fizessem

atividades com os estudantes.Após essa visita, soubemos

que haveria melhorias e que ascasas na frente do CIEP seriamretiradas, pois estavam numaárea de risco. Em meados de2011 soubemos que a RegiãoAdministrativa seria responsávelpor um projeto já aprovado paraa área.

Como o ano de 2012 iniciou enada foi realizado, no dia 1º de

maio, o Zelador do Jornal Extraesteve na mesma praça para maisuma vez junto com os moradoressolicitar melhorias para a área.Houve grande mobilização dosmoradores com muitassolicitações etc..

Hoje, estamos em no final de2012 e o que observamos? Quenada foi feito. Quem chega àescola se depara com a área emfrente cheia de mato, entulhos,lixo, etc., podendo levar para osmoradores da área e osestudantes da escola váriasdoenças como, por exemplo, adengue.

Queremos maior atenção paraa área e mais cuidado com oacesso a escola, pois, além disso,o CIEP agora também é umEspaço de DesenvolvimentoInfantil (EDI) e atualmente aescola tem aproximadamente570 estudantes.

Maria do Socorro Melo Brandão

Gestora de Núcleo do BairroEducador Cidade de Deus.

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Você conhece a dislexia?por Cilene Regina Vieira da Cruz

Dislexia: “Dificuldades de ler,soletrar ou até mesmo identificaras palavras mais simples. Muitomais do que preguiça, falta deatenção ou má alfabetização,pessoas com esses sintomaspodem ter dislexia.” (EduardoPetrossi)

“Crianças com o diagnósticode dislexia estão mais propensasa desenvolver sintomasdepressivos, da mesma formaque correm mais riscos de teralgum transtorno psicológico naidade adulta”. Essas sãoconclusões de um trabalho dedissertação de mestrado doneuropsicólogo Ricardo Francode Lima, da UNICAMP.

Lima chegou a esse resultadoao avaliar 31 crianças comdiagnósticos de dislexia ecompará‐las com resultado deavaliação realizada com outras30 crianças, estudantes de umaescola pública de Campinas (SP),sem nenhum tipo de problema desaúde.

“Em geral, os gruposenvolvidos na questão nãoatentam para este tipo deavaliação, mas ignorar estesaspectos no trabalho da dislexiapode acarretar consequênciasemocionais graves, inclusivefazer com que o transtornopermaneça ao longo dos anos”,afirma Lima ao Jornal daUNICAMP.

Ainda segundo o estudo, ossintomas depressivos podem

estar relacionados a funçõescognitivas, isto é,comportamentos relacionados aoconhecimento. A evidência,portanto, indica a necessidadede avaliação e intervenção nestaárea, como forma de diminuir osofrimento da criança comdislexia na escola, por exemplo.

As crianças estudadas tinhamentre 7 e 14 anos de idade, sendoque o grupo com dislexia foiatendido no Hospital dasClínicas da Unicamp durante 3anos. “Quando a criança chegacom a hipótese, só na minha áreasão realizadas seis sessões deuma hora, para observar opaciente. Após avaliações detodos os membros da equipe, éque a hipótese se confirma ounão”, explica Lima ao jornal.

“Dos casos atendidosanualmente no Hospital dasClínicas, em apenas 2% odiagnóstico é confirmado. Noentanto, essas crianças muitasvezes possuem apenasdificuldades escolares de ordempedagógica e não um distúrbiorelacionado ao sistema nervosocentral, que leva a criança adesenvolver o défcit noaprendizado”, afirma oneuropsicólogo.

Pelos padrões internacionais,no transtorno específico deaprendizagem, a criançaapresenta comportamento naaquisição e desenvolvimento nalinguagem escrita. Mas, no

trabalho do estudioso, ele dáatenção também para asavaliações dos sintomasemocionais, uma vez que oestudo indica a vulnerabilidadedas crianças disléxicas pelasdificuldades apresentadas naescola. “As crianças semprerelatam sentimentos de que nãoconseguem vencer as suaslimitações, se sentem inferioresem relação as outras,comparando o seu desempenhocom o de seus pares. Em algunscasos podem até apresentarhumor deprimido e ideiassuicidas”, complementa.

Diante desse quadro, opesquisador faz um alerta: "Ospais precisam estar atentos aesta questão e se munir deinformações para lidar com asituação".

Então, pais e responsáveis,assim que perceberem que seusfilhos, sobrinhos, netos eafilhados sinalizam dificuldadesno aprendizado, é importanteprocurar a OrientaçãoEducacional e Pedagógica onde acriança estuda, para ajudar nãosó as crianças, mas também seusfamiliares.

Matéria baseada em texto eapuração de Raquel do CarmoSantos publicado no Jornal daUNICAMP em agosto de 2011.

Disponível emhttp://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/agosto2011/ju501_pag8.php#

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O grupo POESIA DE ESQUINA,formado por moradores da CDD,realiza mensalmente no TICO’S BAR& KARAOKE – esquina da Carmelocom a Edgard Werneck – umencontro de poetas e pessoas quecurtem escutar, ler e degustarpoemas e petiscos bemacompanhados com vinho, cerveja,refri, sorvete, paqueras e familiares.

Para melhor acomodar o público,que aumenta a cada evento, osorganizadores passaram a montarmesas e cadeiras na rua em frente aobar tendo que interditá‐laparcialmente ao trânsito de motos ecarros.

Fazem parte da equipe deprodução do Sarau Poesia deEsquina e do fanzine PalavraSolta: Viviane de Sales, WellingtonFrança, Mônica Rocha, DJ Fulano,Ricardo Rodrigues e RosalinaBrito.

“A ação é parte de umplanejamento que inclui consultapopular local com um abaixo‐assinado e ofícios à RegiãoAdministrativa e ao comando daUPP. Tudo documentado eautorizado tintim por tintim. Mesmo

assim, sempre encontramosobstáculos vindos do céu e da terra.Temporais e engarrafamento.Moradores e não moradores que, vezpor outra, dizem, dando carteirada:‘sabe com quem você está falando?’ou ‘Quer ver como eu quebro esseteu ofício?’, constrangendoconvidados e obrigando a abrirespaço aos seus carrões turbinadosalegando direitos de ir e vir, etc. etal”, declara o escritor WellingtonGuaranny, fundador do sarau emparceria com a poetisa e estudantede Ciências Sociais na PUC, Vivianede Sales.

Uma edição especial do POESIADE ESQUINA aconteceu – a de nº9 ‐ na Quadra do Coroado natarde de sábado de 1º desetembro deste ano. Faz parte deum conjunto de ações culturais,exposições e debates parareflexões sobre os impactossociais do filme Cidade de Deus,de Fernando Meirelles (nos seusdez anos de lançamento) eestudos sobre as influências dacultura na formação das diversasidentidades da comunidade.

Assim, o jornal A NOTÍCIA PORQUEM VIVE abre espaço nesta ediçãopara uma série de entrevistas commoradores da Rua Carmelo eentorno, com destaque paraopiniões dos dois lados: os quegostam de poesia e aprovam ofechamento da rua para o evento eos que não concordam com ainterdição, expondo suas razões.

A primeira entrevista foi com SeuAntônio, 79 anos, capixaba, casadocom Dona Maria Valdinéia. Ele vivena Cidade de Deus desde 1968. Atéos 15 anos de idade foi criado emfazendas. Pai da Rosineide, daRosenir, do Antônio Mauricio, daAndreia, da Carla Patrícia e doDenílson. Cinco passarinhos, quatrotartarugas, uma rã. Um soberbo péde café, uma rechonchuda moita deacerola. Lindas e bem cuidadas,plantas ornamentais completam apoesia do lar e da família desteflamenguista e cultivador desonhos.

ANPQV – O senhor gosta depoesia. Já teve participação emsaraus?

Seu Antônio – Na minhajuventude costumava participar nosfins de semana de rodas de amigospara contar histórias, piadas edeclamar poemas. Não escrevia, masapreciava os encontros. No tempo deinfância era difícil aprender ler eescrever. Minhas primeiras leiturasforam histórias em quadrinhos. Osgibis da Marvel e da Disney.

ANPQV – E além destesencontros, que outras atividadesocupavam seu tempo de lazer?

Seu Antônio – Gostava muito degafieira. Ia a todos os bailes. Lá sedançava samba, bolero, tango eoutros ritmos. Agora, aposentado.Filhos criados, prefiro viajar comminha esposa.

A militância poética na Cidade de Deuspor Wellington de Moraes França

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ANPQV‐ Como o senhor entendea importância de se despertardesde cedo o prazer pela poesia,seja falada ou escrita?

Seu Antônio – Muito bom.Incentiva o estudo da leitura.

ANPQV – E o que o Sr. Senhoracha do movimento literário e darealização de um sarau de poesianas ruas da Cidade de Deus?

Seu Antônio – Um movimentopela literatura na Cidade de Deuspode lutar, por exemplo, pelamelhoria da qualidade de ensinocom a vinda para a Cidade de Deusde uma escola de ensino médio dedia. Tem à noite, mas não temdurante o dia.

Eu só fui aprender melhor a ler echegar à 4ª série com a ajuda daProfessora Yara, sobrinha deconsideração, que junto com minhafilha (bióloga), administra oALFAZENDO, aliás, também sou umdos criadores desta ONG que trata daeducação e do meio ambiente.

O Sarau Poesia de Esquinaacontece mensalmente commicrofone aberto ao público eentrada franca.

Uma publicação, O PALAVRASOLTA divulga o evento e publicatextos dos participantes. Édistribuído dentro e fora da CDD.

Interessados podem postar seustextos ou conversar com aorganização no Facebook pelo E‐mail:[email protected]

ANPQV – E o senhor é contra oua favor de fechar a Rua Carmelopara eventos literários?

Seu Antônio – Aqui na TravessaAquim, de vez em quando fechamospara eventos sem problemas. A RuaCarmelo, por ser uma das principaisvias de acesso é muitomovimentada. Cada lado tem suasrazões que devem ser respeitadas.Seria bom se ela fosse fechada devez em quando como lazer para ascrianças. Por mim não temproblema. Tem outras ruas parapassar! Quanto ao Francisco, queconheço há muito anos, no lugardele abriria a porta do bar para olado da Edgard Werneck. Melhorariao espaço e não precisaria mais tomarparte da Rua Carmelo, evitandoconflitos.

SEGUNDA ENTREVISTA

A despedida da residência do Sr.Antônio se deu de formaemocionante e com aquele gostinhode quero mais. Mas havia pressa paraencontrar alguém com pensamentocontra o fechamento da esquina darua para carros e abertura para apoesia da Cidade de Deus lançada aomundo.

Encontramos então o Sr. GeraldoPerpétuo, que diz: “Pode pôr aí noseu Jornal! Sou contra!”.

Deu um pouco de trabalho, mas aconversa acabou recheada decuriosos causos e boas eemocionantes descobertas musicaise poéticas. Mas... bem, terá que ficarpara a próxima edição do jornal.

Wellington de Moraes França ‐graduado em Administração,Professor. Autor do livro depoemas TEMPORAIS – CBJE 2012.

Pai da Mariana e do WellingtonJunior – Diretor da Casa deCultura Cidade de Deus,colaborador convidado para oJornal A NOTÍCIA POR QUEM VIVE.

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Em foco a literatura das favelassendo fonte de inspiração para duaspublicações: o Poesia Favela,movimento que nasce do curso demestrado da UERJ em 2010; e “OsGrande Mestres Comunitários da Cidadede Deus – Fazedores de Destino”. Comoproduto de um evento, o livro “PoesiaFavela In Livro” é lançado em 2012 naUERJ. O segundo livro, saindo naprimeira quinzena de agosto para oPelourinho, Bahia, para o sarau BemBlack, tem como objetivo a valorizaçãoda arte e compromisso de 10 idosos daCDD.

Estes dois livros tem em comum ocompromisso com a voz oprimida depessoas das favelas cariocas. Crianças,jovens e idosos são protagonistas,escritores do livro Poesia Favela. Nolivro dos mestres estão as explicaçõespara a manutenção do sentimento líriconas comunidades; o compromisso dapessoa mais velha e experiente com ascausas sociais e desenvolvimento local.

Vários atores fizeram parte doprocesso de criação destas obras.Entrevistamos a professora da UERJ,Mirna Aragão de Medeiros.

Como surgiu a proposta do livropoesia favela?

Eu comecei a trabalhar no LerUERJ(programa de leitura da UERJ) emagosto de 2010 e o projeto do eventopoesia favela já estava em construção.Lembro‐me do professor Victor Hugo(coordenador do LerUERJ) dizendo:"Mirna, hoje à noite vai ter uma reuniãopara a organização de um evento quevai reunir a poesia da periferia aqui naUERJ, você se interessa em participar?".Participei da reunião, me encantei como projeto e "mergulhei de cabeça" naorganização do evento Poesia Favela.Depois veio a ideia de 'eternizar' aquelemomento tão especial vivido por tantaspessoas em outubro de 2010 de formaimpressa. Então eu, o professor VictorHugo A. Pereira e a professora AdrianaFacina nos mobilizamos para que essesonho se tornasse realidade.

Quais foram os maioresdesafios da sua equipe?

Tivemos muitos desafios paraque esse sonho se concretizasse. Oprimeiro foi reunir todo material dosautores, contactar todo mundo, e osegundo foi selecionar as poesias dovaral de poesias, que eram todasinspiradoras, mas não havia espaço nolivro para o conjunto total, pois orecurso financeiro que conseguimospossibilitava um formato de livro de 180a 220 páginas. A participação da AlineDeyques e a Ana Paula Martins nesseprocesso foi muito importante. Oterceiro, a confecção do dvd, comoconciliar o dvd e o livro no mesmoespaço. Mas no final ficou tudoperfeito!!! Além de tudo, é claro,acreditar e acreditar sempre que iria darcerto no final.

Quais as suas grandes surpresas?Quando será feito o Poesia Favela 2?

Tive muitas surpresas no decorrerdo processo. A primeira foi trabalharem conjunto com o pessoal da EditoraEncantarte, localizada no HospitalPsiquiátrico Nise da Silveira. Fiqueiencantada com o trabalho e dedicaçãodeles em tornar o nosso livro muitoalém de especial. Outra grata surpresafoi o resultado do livro, que ficou lindotanto esteticamente quanto em termosde conteúdo. E o que tem me chamadomuita atenção é o retorno das pessoasquanto ao livro, a alegria de ver otrabalho publicado. Gostaríamos muitoque o Poesia Favela 2 acontecesse, masainda não temos previsão.

O que tem em comum o PoesiaFavela e o livro Os Grandes MestresGuardiões da Cidade de Deus ‐Fazedores de Destino?

Acho que é um grande sonhorealizado em ambos os livros, e o fato determos uma visão da periferia juntocom a poesia antes não conhecida pelogrande público.

O senhor Belmiro Carlos Nunes,superintendente da Cruzada do Menor,fala com orgulho sobre a participaçãodos jovens do curso de Introdução aoMercado de Trabalho da ONG Cruzada doMenor no evento e livro Poesia Favela.

“A participação dos jovens no

projeto Poesia Favela é uma provaeloquente de que os jovens quandoincentivados e apoiados têm capacidadede mostrar ao mundo a suaversatilidade, a sua capacidade desurpreender aqueles que não convivemcom o dia a dia das comunidades.

São artistas natos, pedrassemipreciosas, precisando apenas deum pouco mais de apoio, que é o que aCruzada procura fazer.

A prova disso está no livro PoesiaFavela que mostra um pouco da artedesses jovens, que têm muito paramostrar pro mundo.”

Para a jornalista Gizele Martins,responsável pelo jornal “O Cidadão” daMaré e uma das juradas na fase inicialdo concurso de poesias organizado pelaCruzada do Menor, que resultou naindicação da participação dos jovens eseus poemas no evento e livro PoesiaFavela, “participar dessa construção foiuma grande experiência. Li diversashistórias maravilhosas. As poesiasfalavam com a alma sobre a vida e ahistória de cada um, sobre a história dafavela. Parabenizo aos jovens por teremparticipado com tanta dedicação destaconstrução, com certeza deve ser umagrande emoção ver suas histórias, seutrabalho dentro de um livro. Parabenizotambém quem projetou e construiu estahistória que vai ficar guardada paramuitas e muitas outras gerações queabrirão o livro e se deliciarão comtantas histórias de jovens talentososmoradores de favela.”

O livro Os Grandes Mestres Guardiõesda Cidade de Deus – Fazedores deDestino, tem em seu enredo histórias devida de idosos moradores da Cidade deDeus compromissados com a suacomunidade, responsável pelo repassecultural, empreendedorismo, resgatecultural e de memória, verdadeirosmestres do saber.

O senhor Severino Gomes, um doscitados na obra, com brilho nos olhosdá o seu relato: “Fiquei muito feliz emfazer parte do livro, foi uma emoçãomuito grande pois eu vi que as minhasatitudes como cidadão não passaramdespercebidas. O trabalho que venho

Livro Registro Eterno de Nossas Históriaspor Valéria Barbosa

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fazendo desde 1970, desde que chegueiaqui na CDD, desde a construção daCasa da Paz até a transformação doboteco em Centro Cultural Tupiara estáregistrado. Eu me senti valorizado ereconhecido sabendo que, mesmoquando estamos abandonado pelogoverno, vale a pena fazer a nossa partee se tornar uma pessoa que realmentequer fazer o bem pela comunidade.

A Senhora Jandira Tavares,catequista durante longos anos na

Igreja Pai Eterno São José, professorade dança, Teatro das Crianças daquelaépoca é uma das Mestres do livro. Entrerisos e lágrimas resume em um frasetoda a sua felicidade. “Eu nunca penseique alguém fosse escrever um livrosobre a minha vida. Muito linda a minhahistória”.

Para a autora do livro independentesobre os Grandes Mestres e destamatéria, Valéria Barbosa, cabe umaafirmação: este é apenas o 1° dos

muitos livros que escreverei sobre asnossas histórias. Este livro retrata deforma lúdica uma pequena parte dahistória de dez personalidades daCidade de Deus.

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Uma história, tantas vidasA Casa de Cultura nasceu a

partir das atividades sociais daParóquia Pai Eterno e São José,que desenvolve ações desolidariedade nesta comunidadehá muitos anos; a começar pelosaudoso Padre Júlio Grooten epor todos os outros missionáriosdo Sagrado Coração que por aquideixaram parte de suas vidas.

A Casa fica na Travessa Jessé,nº 84, na casa onde moraram asirmãs Carmelitas da DivinaProvidência e, muitos anosantes, o saudoso e querido Pe.Júlio. Algumas pastoraispassaram a cuidar deste espaçoque carecia de constantesreformas. A casa onde morou oPe. Júlio deu lugar à sede daPastoral da Criança e o outroprédio começou a ser utilizadocom oficinas de arte eartesanato, além de abrigar umpequeno acervo de livros.

Estas pequenas atividadesderam origem ao sonho de umespaço cultural, para o resgateda memória da nossacomunidade, com espaçosadequados para atividadesartísticas, culturais e de geraçãode renda. Além de tudo, arte ecultura são direitos de todos!Direito de ter acesso aos bensartísticos e culturais e departilhar das suas riquezas epotencialidades.

Assim, o trabalho teve iníciocom oficinas de arte eartesanato, depois surgiramparcerias com instituições comoSENAC Rio, SUDERJ e SESI: aulasde capoeira, ginástica, karatê,dança folclórica, dança de salãoe vários cursosprofissionalizantes.

Um desafio e as parceriasCom o tempo, veio o desafio

da manutenção da estrutura.Foram feitas algumas reformasemergenciais. Para isso,utilizamos ajuda financeira deuma associação italiana, Ca’Forneletti, que muito temcolaborado com as obras sociaisda nossa Paróquia.

Hoje a Casa de Culturadesenvolve várias atividadespara a comunidade. As parceriasse ampliaram e algumas precisamser fortalecidas. As maisrecentes são o Núcleo deEducação de Adultos da PUC‐Rioe o Observatório de Favelas coma implementação do ProjetoSolos Culturais.

Uma boa iniciativa foi acriação dos “Amigos da Casa deCultura”. É um grupo de pessoasde dentro e fora da comunidadeque estão contribuindomensalmente para que nossasatividades possam continuar.

O EstatutoOutro passo importante

nestes dois últimos anos temsido o processo de elaboração,aprovação e regulamentação doEstatuto da Casa, que seencontra em fase de conclusão.O registro viabilizará aelaboração de projetos ecaptação de recursos que irãofomentar as atividades econsolidação da Casa. Um dosprojetos prioritários é aimplantação de uma cozinhaindustrial que vai permitir aprodução de uma alimentaçãoalternativa, bem como aqualificação, oempreendedorismo e a geraçãode renda nessa área.

O Projeto Pedagógico daCasa de Cultura Cidade de Deus

É uma demanda recorrente dacoordenação e colaboradores daCasa a necessidade deconstruirmos uma unidade depensamento e ação nodesenvolvimento das atividadesque se realizam na Casa. Comesse objetivo, no ano de 2012,estamos nos propondo adesenvolver o processo deConstrução Coletiva daIdentidade da Casa de CulturaCidade de Deus, através dareflexão de três grandesquestões: Quem somos? O quefazemos? Como cuidamos daCasa? O projeto de resgate eregistro da memória vaicomeçando a tomar corpo.

O Café CulturalEscolhemos iniciar o registro

da memória desta comunidadeCidade de Deus e de sua gente noambiente de um Café Cultural. OCafé Cultural, portanto, é umaação da Casa, onde recebemos osamigos que fizeram e continuamfazendo a história deste lugaratravés de suas lutas, suasestratégias de produção esuperação das desigualdadessociais, suas formas artísticas eliterárias de expressão. No CaféCultural passa um outro filme“Cidade de Deus”, tão realquanto o de Fernando Meirelles,mas com uma outra face – umacidade feita de homens emulheres corajosos,trabalhadores, talentosos eempreendedores, gente que fazhistória. É esta outra face daCidade de Deus que se revela noCafé Cultural. Essas históriasestão dispersas e grande parte

Casa de Cultura Cidade de Deus: Arte de cuidar da vidapor Ana de Almeida Ribeiro, Anderson Augusto de Souza Pereira, Maria Luiza Tavares Benício

"A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte!" (Titãs)

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II FESTIVAL PONTO DE CULTURA ITINERANTE CIDADE DE DEUSpor Cilene Regina Vieira da Cruz

O Ponto de Cultura Itinerante daCidade de Deus é um Coletivo deartistas formado na comunidade, noano de 2010. Apoiado pela SecretariaEstadual de Cultura do RJ, dentro doProjeto mais Cultura (MINC), o Coletivoreúne canto, artes cênicas, artesplásticas, audiovisual, música, dança eliteratura. A Casa de Santa Ana,instituição presidida por Maria deLourdes Braz é a proponente doprojeto. Em 2011, o grupo se capacitouem elaboração e formatação de projetosculturais, através de semináriospromovidos pelo próprio Ponto, e peloCurso Cultura Portátil, realizado pelaFarmanguinhos/Fiocruz. Nestasegunda etapa, o grupo tem porobjetivo articular e transmitir seusprocessos criativos, no intuito de levarà comunidade reflexões e propostasrelativas ao ambiente e à história daCidade de Deus, promovendo assim arecuperação, caracterização emanutenção da cultura local.

Está sendo realizado um circuito deeventos com apresentação coletiva,que ao longo do ano se estenderá atodas as áreas da Cidade de Deus.

O II Festival Ponto de CulturaItinerante da CDD se realizou no dia 17de março, sábado, de 15h às 19h, naQuadra do Karatê. Um evento DAcomunidade PARA a comunidade! Este

II Festival foi tudo de bom para aCidade de Deus.

A começar pelo CoralIntergeracional e pelo grupo de Balé daCasa de Santa Ana, que seapresentaram maravilhosamente bem,fazendo com que o público interagissecom o que foi apresentado. Asapresentações tiveram direção musicalde Neuma Morais e coordenação deMaria de Lourdes Braz.

O Grupo Teatral Raiz da Liberdadeapresentou o espetáculo “As Largadas”,de autoria e direção de Victor Costa,com as atrizes Dayse Vieira e CileneVieira, que puderam mostrar arealidade da solidão e a falta dosfamiliares quando a idade vaiavançando. Mas existe a solidariedadede alguns para reverter a situação. Opúblico ficou bem atento e gostandodo que viu.

O artista plástico Gilmar Ferreira eseu curador Roberto Cabral deramoficina de Artes para quem quisesseexpressar seus dons artísticos atravésda pintura. Dessa forma todas asgerações interagiram harmonicamente.

A escritora Jurema Batistaapresentou seu livro “Sem passar pelavida em branco”, mostrando aimportância da mulher na sociedade,em especial a mulher negra, que, emsua maioria, é chefe de família nas

comunidades de baixa renda.O professor de artes marciais e

escritor Wellington mostrou algumastécnicas de defesa pessoal, e o públicoficou muito impressionado com o queviu. Wellington fechou a suaapresentação recitando algumaspoesias suas.

A Companhia de Dança Trevoapresentou o espetáculo “Pesadelo”,com direção e coreografia de LúcioSantos. Os bailarinos deram um showde interpretação, com um trabalhocorporal magnífico que chamou aatenção de todos os presentes.

Os cineastas Julio Pécly e PauloSilva mostraram alguns curtasmetragens, que o público gostoubastante.

Neste II Festival fizemos concursosde dança e de artes plásticas com umapremiação simbólica. Os integrantesadoraram participar desse evento.

FICHA TÉCNICAProdução de Base: Wilson Carlos de FreitasProdução Executiva: Paulo Silva e Lúcio SantosAdministração: Luciano BouçasCoordenação Geral: Maria de Lourdes BrazConsultoria Técnica: Juliana Mattar (Far‐

manguinhos / FIOCRUZ)

delas guardadas apenas dememória por seus protagonistas,os antigos moradores da Cidadede Deus.

A ideia da Casa é reunir estamemória dispersa e quasesempre oral, e registrá‐la, porescrito e por imagens, para quetodos possam conhecer melhor ahistória deste lugar econhecendo‐a, orgulhar‐se delae das pessoas que a construírame assim, se perceberem tambémcomo sujeitos que fazem epodem interferir nesta história.

O Café Cultural também é umlugar de conviver, partilhar ealegrar‐se. Um lugar onde cada

um pode mostrar o que gosta esabe fazer – um lugar ondecantamos, tocamos alguminstrumento musical,apresentamos nossas poesias,contamos “causos”, preparamose saboreamos bons quitutes,tudo isso acompanhado de umbom e amigo café...

A história contada através dasfotos da comunidade – outraação que vem se materializandoé a pesquisa de fotos antigas dacomunidade junto a seuspróprios moradores. Esta açãoserá feita por um grupo dejovens colaboradores da Casa,integrantes da Comissão de

Multimídia, ligados à Pastoral deComunicação da Paróquia PaiEterno e São José.

Queremos agradecer a todos etodas que, nessa caminhada emmutirão, têm doado tempo,trabalho, oração e muito, muitoamor para manter vivo estesonho e torná‐lo realidade. Evocê, que quer fazer parte destemutirão, entre em contatoconosco!

E‐mail:[email protected]

Telefone: 3432‐0582

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A Feira de Saúde é uma açãoda Casa de Cultura, ligada àParóquia Pai Eterno e São José –Cidade de Deus, e aconteceanualmente. Tem como objetivoprincipal o debate e a proposiçãode políticas públicas voltadaspara a saúde e o bem estar dacomunidade.

Já em sua VI edição, a Feira,nestes dois últimos anos,assumiu um caráter diferenciadodas primeiras edições, quandoapenas a Paróquia e a Associação

Feira da Saúde da Cidade de Deus

Patrocínio:

Apoios:

ASVI completa 10 anos. Parabéns!por Cilene Regina Vieira da Cruz

A Associação Semente da Vidada Cidade de Deus (ASVI CDD)comemorou 10 anos de atividadesna comunidade no dia 26 de Agostode 2012. No dia 16 de Setembro, ainstituição realizou uma feijoadacomemorativa, recebendo váriosparceiros, amigos, crianças,adolescentes e seus pais na quadrada Escola de Samba deJacarepaguá. Houve também aparticipação de várias entidadesapresentando os seus trabalhos,como dança com a CompanhiaTrevo, apresentação do Projeto REI,

apresentação da orquestra deviolinos com a Agência do Bem,assessoria da Escola SESC ao lindodesfile dos jovens usando roupasdo Brechic, ao som de pagode. Tevetambém poesia com o Poesiad'Esquina, Banda LAMARCA,apresentação do novo layout doPortal Comunitário da Cidade deDeus (www.cidadededeus.org.br),oficina de pintura com GilmarFerreira, entre outros. Foi um diamuito bonito na história destainstituição. Agradecemos a todosque participaram e apoiaram.

Semente da Vida (ASVI),organização não governamental(ONG) local, cuidavam de suaorganização e as atividades eramconcentradas em apenas um dia.

Hoje, a Feira da Saúde éresultado de um trabalhocoletivo que reúne cerca de 30instituições locais, públicas eprivadas que se juntaram àspastorais sociais da Paróquiapara participarem daorganização/preparação doevento, formando uma grande

rede de parceiros.A Feira é um espaço onde

acontecem, durante alguns dias,rodas de conversas comespecialistas ligados aos temas,exposições de artes e deprodutos artesanais emanifestações culturais. A VIIFeira da Saúde já está sendopreparada em reuniões semanaise acontecerá de 07 a 11 denovembro de 2012, na Praça doLazer, em frente à Paróquia PaiEterno e São José.