a notícia por quem vive 6ª edição

16

Upload: camille-pereira

Post on 10-Feb-2016

220 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

É com imenso orgulho que anunciamos a sexta edição do jornalA Notícia Por Quem Vive, com um novo projeto gráfico (feito pelo Laboratório Universitário de Publicidade Aplicada – LUPA/UFRJ) e após vencer uma longa campanha de captação de recursos! Saiba como começou a ideia dessa campanha no endereço da internet catarse.me/anoticiaporquemvive e pela página no Facebook facebook.com/JornalANoticiaPor QuemVive. O próximo jornal (nº7) já será impresso com o dinheiro das doações, e será reservado nele um espaço de agradecimento com os nomes dos colaboradores.

TRANSCRIPT

Cidade de Deus Setembro - Outubro de 2013 Ano V Edição nº 6

Os amigos dos movimentos sociais de que Dona Joana participou prestam umacalorosa homenagem com muito carinho

Cilene Vieira e Cleonice Dias fazem uma homenagem a Dona Joana, maranhense, pedagoga(aposentada), integrante ativa do Comitê Comunitário da Cidade de Deus, Jornal A notícia Por QuemVive e Projeto Mata Atlântica/Fiocruz, falecida em junho de 2013. Leia mais na página 11 .

Dia 10 de agosto de 2013, oPortal Comunitário da Cidadede Deus comemorou quatroanos. Leia mais sobre o Portal eesse evento na matéria deValéria Barbosa, na página 3.

Saiba como a Cidade de Deusse preparou para a JornadaMundial da Juventude (JMJ-2013) por meio dos textos efotos de Maria AngélicaPonciano, na página 4.

Iniciativas independentes tentam sevoltar ao cuidado do idoso naCidade de Deus. Confira a entrevistaque fizemos com Rute NoemiSouza, assistente social do projetoJustiçaComunitária, na página 14.

E mais...Você sabia que os alimentos garantem uma boa saúde? página 5Do Jornal ao vídeo: vivendo a notícia na Cidade de Deus página 6O Projeto Bairro Educador e sua transformação página 8Poesia sem letras página 9Nosso corpo não envelhece página12Cidade de Deus cuidando do seu idoso? Como? página14Cidade de Deus tem voluntária reconhecida pela Natura página 15Nosso jornal página16

Expediente Setembro a Outubro 2013

2

É com imenso orgulho queanunciamos a sexta edição do jornal ANotícia Por Quem Vive, com umnovo projeto gráfico (feito peloLaboratório Universitário dePublicidade Aplicada – LUPA/UFRJ)e após vencer uma longa campanhade captação de recursos! Saiba comocomeçou a ideia dessa campanha noendereço da internetcatarse.me/anoticiaporquemvive epela página no Facebookfacebook.com/JornalANoticiaPorQuemVive. O próximo jornal (nº7) jáserá impresso com o dinheiro dasdoações, e será reservado nele umespaço de agradecimento com osnomes dos colaboradores.Bom, por onde começamos a

apresentação desta edição? Podemosdizer que nos últimos três meses,muita coisa aconteceu na Cidade deDeus, no Rio, no Brasil. Coisas quenos afetaram diretamente.Mestre Miúdo, um dos moradores

mais antigos da comunidade e figuraconhecida na Cidade de Deus – como

ele mesmo afirmou no minidocumentário produzido pela Vostok(veja mais na matéria de ValériaBarbosa (p.) – infelizmente não teve achance de ver a campanha no ar.Faleceu antes mesmo que o filmefosse finalizado.Pouco tempo depois, Rosalina,

fundadora e membro do jornal, perdeubrutalmente seu irmão. Luiz Antôniofoi espancado em uma boate gay emJacarepaguá (RJ) e acabou nãoresistindo.No dia 12 de junho, Dona Joana,

também fundadora e membro dojornal, grande comunicadora populardo Rio de Janeiro, faleceu aos 71anos. Não é possível descrever aqui,em palavras, o tamanho de nossatristeza. Na página 11 , você poderá leruma homenagem a essa guerreira.Em meio a isso tudo, em junho,

protestos eclodiram pelo Rio e peloBrasil. Foi muito difícil pensar (oufazer alguém pensar) em qualqueroutra coisa que não fosse o momentoque vivíamos – a beleza de ver o povo

nas ruas e, por outro lado, o horror daviolência direcionada à populaçãoindignada. Mas A Notícia Por QuemVive não parou: os membros seguiramna produção da sexta edição e acampanha, que ainda não haviaconseguido bater a meta pré-estabelecida, foi reformulada econtinuou até conseguir atingi-la.Após tudo isso, esse jornal, feito

por moradores da Cidade de Deus,segue cumprindo seu dever de dar vozà população da favela. Nas próximaspáginas, confira também as matériassobre o aniversário do Portal da Cidadede Deus (página 3), sobre o Sarau dePoesias do Centro Cultural Tupiara(página 9), sobre a JMJ (página 4),merenda escolar (página 5), atransformação do projeto BairroEducador (página 8) idosos (página 14)e jovens (página 3) na CDD, entreoutros assuntos!Por fim, agradecemos a Gestão

Social do Laboratório FarmacêuticoFederal Farmanguinhos/ Fiocruz, queviabilizou a impressão desta edição.

Editorialpor Soltec-UFRJ

Fundadores:Ariana Apolinário, Celso AlexandreAlvear, Cilene Vieira, Dara Bandeira,Dayse Vieira, Felipe Brum, Joana daConceição Campos, João Carlos Souza,José Alberto, Julcinara Vilela, LandersonSoares, Leila Martiniano, Maria AngélicaPonciano, Marília Gonçalves, MônicaRocha, Rita de Cássia, Rosalina Brito,Valéria Barbosa da Silva

Membros do jornal:Maria Angélica Ponciano, Cilene Vieira,Felipe Brum, Joana da ConceiçãoCampos, Julcinara Vilela, Rosalina Brito,Valéria Barbosa

Colaboradores:Cleonice Dias, juventudeASVI, MonicaMaria, Priscilla Babo Scopel deAmorim

Revisão de textos:AmandaAzevedo, Camille Perissé, Isis Reis, Marília Gonçalves e RenataMelo.

Diagramação:Isis Reis

Agradecimentos:Ao Bairro Educador e, especialmente, aos diagramadores deste jornal: Isis Reis, nestaedição, Diana Helene, Alan Tygel e César Campos nas demais.

Apoio:CDD, SOLTEC/UFRJ, Farmanguinhos/Fiocruz eASVIEste jornal foi diagramado utilizando somente programas de computador livres:Scribus, Gimp, LibreOffice e Ubuntu. Use software livre!

Nosso jornal faz parte do Portal da Cidade de Deus. Acesse www.cidadededeus.org.br.

3

Portal Comunitário da Cidade de Deus: quatro anos de muita comunicaçãopor Valéria BarbosaNo dia 10 de agosto, comemoramos

o aniversário do Portal Comunitário daCidade de Deus. Momentos onde as

O que é um Portal?

Nosso Portal é um espaçovirtual, como se fosse uma casacom várias portas, e em cada portamorasse um morador: estemorador representando uma ONG.O Portal é composto pelas

ONGs que atuam na Cidade deDeus, que ali, naquele espaçovirtual, mostram para o mundo aimportância de suas ações em proldos moradores da comunidade.No dia do aniversário, a Casa

Emilien Lacay, uma das ONGsque atuam no Portal, acolheu osamigos. Todos contribuíram paraa grandeza do momento, quando,além de festejarem no evento, seuniram para fortalecer ainda maiseste importante trabalho.

Acesse: www.cidadededeus.org.br

pessoas que fazem o Portal se reunirampara celebrar o sucesso desta ação decomunicação comunitária.

Jovens da Cidade de Deus: Pensando e AgindoPor Jovens Comunicadores da Semente da ASVI CDDNo ano de 2012, tivemos mais

um grupo de jovens queparticiparam do Projeto Agência deRedes para Juventudes e pensaramem projetos, construíram e agora,após passarem por uma banca,foram selecionados para colocar emprática os seus projetos com recursode dez mil reais.Iremos citar dois projetos:1 –MovimentosProjeto criado e idealizado pelo

jovem Adany Lima e que recebeu aadesão de Fabricio Jefferson eJessyca Casé.Tem como Ação Principal um

intercâmbio de dança com aulasabertas em parceria com grupos dedanças emAulões Abertos, porque a

dança é uma das formas maisreconhecidas de expressão dasperiferias.Vale saber que o projeto já

acontece no espaço da AssociaçãoSemente da Vida – ASVI CDD noperíodo da noite durante a semana,oferecendo oficinas de dança paraadolescentes e jovens.2 – SPA Esportivo – Qualidade

de Vida Cidade de DeusProjeto criado e idealizado por

Caroline Ribeiro, Jessica Melo eMarcos Mello, que visa cuidar dasaúde e bem estar da melhor idade.Nós, enquanto adolescentes do

Projeto Jovens Comunicadores daSemente, estamos felizes em saberdesses projetos, pois como ficamos

sabendo são jovens, moradores dacomunidade, que durante algunsanos fizeram parte dos projetos daASVI”.Hoje, somos nós que temos 12,

13, 14 ou 16 anos que estamospassando por essa capacitaçãovisando o nosso desenvolvimentofuturo.Queremos alertar aos

adolescentes que oportunidadestemos bastante, mas, se nãoaproveitarmos, ficará difícilalcançarmos os nossos objetivos.Parabéns a esses

adolescentes/jovens que construírame agora irão colocar seus projetosem desenvolvimento pensando emmelhorias para a Cidade de Deus.

4

Jornada da Juventude RIO-2013: Cidade de Deus se preparou; poucos vierampor Maria Angélica PoncianoColaboração de Monica Maria (coordenadora do setor de hospedagem)A Paróquia Pai Eterno e São

José, na Cidade de Deus, sepreparou para receber em julho,entre os dias 23 e 28, mais dequatro mil jovens para celebrarmais uma edição da JornadaMundial da Juventude (JMJ). Esteevento acolheria dois milhões defieis na cidade do Rio de Janeiro(JMJ Rio-2013).A JMJ foi criada pelo Papa

João Paulo ll em 1985 e consistenuma reunião de pessoas católicas,sobretudo jovens. O encontro écelebrado a cada dois ou três anosnuma cidade escolhida. Durante aJornada Mundial da Juventude,acontece eventos como catequeses,adorações, missas, momentos deorações, palestras, partilhas eshows. Tudo isso em diversaslínguas.Na esperança de um mundo

melhor está a juventude sadia, com

valores, responsáveis e, acima detudo, voltada para Deus e para opróximo.Todos foram convidados a

acolher esses jovens em suasresidências, acolher quemprecisasse de um espaço paraestender seus colchonetes e tomarbanho. Os peregrinos acolhidosteriam uma rotina a ser feita:acordar e sair às sete horas para ocafé no local de encontro de iníciode seus compromissos diários,voltando às dez da noite. Elesseriam cadastrados pelas paróquiasde origem. E não teriam muitocusto para o acolhedor.A Paróquia divulgou na Cidade

de Deus: “Nosso apelo é que todoo povo de Deus abra seu coraçãopara acolher esse jovens.”Para ajudar a Jornada Mundial

da Juventude, foram vendidas rifase camisas. A igreja fez rifa de

cesta, sorteada pela loteria federal,no valor de dois reais. As camisasbrancas custavam quinze reais, eas coloridas, dezoito.

A comunidade de cristãosconseguiu mobilizar cerca dequinhentos moradoresacolhedores, além das instituições.A animação era tanta que muitosfizeram obras para receber umgrupo grande de peregrinos queestava destinado para a Cidade deDeus. Porém, próximo à Jornada,a Paróquia foi avisada que nãoiria mais acolher os jovens. Foilida uma carta de agradecimentopara os paroquianos. Chegaramapenas cerca de 60 peregrinos,que foram bem recebidos. Houve,na semana da JMJ, uma Missa deAção de Graça em agradecimento.

Jovens da CDD também se sentiam mobilizados

Vários eventos religiosos na Cidadede Deus antecederam a Jornada. O temada Campanha da Fraternidade deste anofoi: “Eis-me aqui, Envia-me!” (Is: 6,8),que respondia ao chamado da JornadaMundial da Juventude Rio-2013 (JMJ)“Envia Senhor”. A Campanha daFraternidade 2013, além do temaprincipal, tinha subtemas para se refletir epraticar (por exemplo, o subtema“Fraternidade e Juventude”).O encontro “Jovem na Quaresma”

também fez com que as Pastorais daJuventude trabalhassem intensamente nacampanha, aprofundando-se nos temaspara a preparação da JMJ.Bote Fé CDD foi outro evento

promotor da Jornada Mundial daJuventude Rio-2013, executada pela

Paróquia Pai Eterno e São José emdiversas comunidades, no sentido devisar o evento maior com o Papa.Segundo Marcos, um dos envolvidos nacampanha,“Bote Fé é a alegria,animação, palestra, reflexão, oração emissa”.Os participantes da Pastoral da

Juventude refletiram sobre como é serjovem ontem e hoje: “Deus cria igual nadiferença” foi o tema de um dosencontros. Na interpretação dasrespostas, os jovens de Deus são comunsde mudança de comportamento, e a lutaé maior na visão da Fé. E esses encontrosforam realizados aos sábados a tarde.

Barraca de alimentação do "Bota Fé"Jovens no evento “Bota Fé”, na Cidade deDeus, em março de2013

5

Você sabia que os alimentos garantem uma boa saúde?Por Dona Joana*Hoje as escolas já utilizam

uma alimentação balanceada,orientada pela nutricionista.Conversando com alunos de

escola municipais, meinformaram que a alimentaçãoda escola é boa, que o cardápioé variado, e que eles sãoestimulados a comer osalimentos oferecidos. Algunsalunos comem de acordo com acomida que gostam: se não fordo gosto deles, eles vãocomprar um lanche que sejamais gostoso. Se a escola nãotem cantina, eles comem acomida da escola.Alguns alunos de 12 a 15

anos preferem lanchar porquesentem vergonha de comer norefeitório da escola, dizem que

é “pagar mico”. Uns nãocomem por terem nojo, poracharem que a comida é malfeita e não tem gosto.Em algumas escolas,

segunda-feira o cardápio é ovo,arroz e feijão. Quando temalgum problema na escola, amerenda é substituída porbiscoito, Danoninho ouTodynho.Obs: A escola para ser boa,

depende da direção.Alerta aos pais: A vitalidade

do corpo depende do que secome, do estilo de vida e até daboa alimentação, por isso, ajudemseus filhos a se alimentarembuscando os alimentos naturais eevitando os artificiais,industrializados, que não fazem

bem à saúde das pessoas,principalmente dos nossos filhos.O consumo dos

refrigerantes, frituras e oexcesso de produtosindustrializados não fazem bempara o desenvolvimento e saúdedos nossos jovens.Ofereçam na alimentação

diária sucos de frutas naturaisda época, legumes e verduras,para garantir e manter uma boasaúde.Os bons costumes são

aprendidos em casa.Vamos incentivar nossos

filhos a garantirem uma boasaúde através de suaalimentação.Dica: Prevenir é melhor que

curar.

Jovens no evento “Bota Fé”, na Cidade deDeus, em março de2013

Procissão do evento “Bota Fé”, na Cidade deDeus, em março de2013

* Esta foi a última contribuição de Dona Joana ao nosso jornal. Sentiremos sua falta...Veja a homenagemque fizemos a ela na página 11.

6

O jornal a Notícia Por QuemVive vem, ao longo de 2013,ganhando mais força paracontinuar o seu trabalho decomunicação comunitária naCidade de Deus.Em quatro edições, as

impressões foram financiadaspelo Ministério daCultura/Território da Paz, aúltima com a ajuda de amigos. Agrande preocupação de comomanter as futuras impressões doJornal faz com que a equipe cadavez mais procure formas derecursos financeiros para darcontinuidade a esta forma deexpressão do local.Marília Gonçalves, uma das

colaboradoras do Jornal, revelouentre amigos a sua preocupaçãocom a necessidade de recursospara as impressões, elestrouxeram a grande novidade:criar um vídeo de divulgação doJornal com o objetivo de receberrecursos para as próximasedições. A equipe, de cara,aprovou.Foram convidadas pessoas da

comunidade ou membros daequipe do Jornal, gente querespeita e vive a Cidade de Deuspara comporem este vídeo. Omaterial ficou muito interessante,tanto que já se idealiza ir além dovídeo de divulgação para umvídeo de apresentação do Jornal.Este vídeo, depois da sua

edição, foi publicado no siteCatarse buscando pessoas quequisessem colaborar com doaçõespara a manutenção do jornal.Catarse é um site com afinalidade de divulgar projetos esensibilizar pessoas simpáticasaos mesmos para efetuarem

Do Jornal ao vídeo: vivendo a notícia na Cidade de DeusPor Valéria Barbosadoações.O roteiro do vídeo e filmagem

foram feitos por: Pedro Nobrega;Thiago e Yuri Samico, a quemnós, equipe do Jornal A NotíciaPor Quem Vive, agradecemos.Thiago contou como surgiu a

ideia de criar um vídeo dedivulgação do Jornal A NotíciaPor Quem Vive: “A ideia surgiuda Marília. Ela já sabia e mefalava vez ou outra que ouniverso que se refere à Cidadede Deus e ao Jornal era muito ricoe daria um documentário. Maistarde surgiu a ideia de buscarfundos para a continuidade doJornal por meio de financiamentocoletivo. Então, o grupoprecisaria de um vídeo. Como eu,Pedro e Yuri estávamos montandoa Vostok – que é uma produtorade narrativas -, Marília veio nospropor a ideia. Pouco depoisfizemos uma reunião para ver se“daríamos pé” pra fazer o projeto,se realmente, conseguiríamosfazer algo interessante –principalmente do ponto de vistanarrativo – e se seria realizável demodo prático. Chegamos numponto. Trabalhamos comhistórias, não com publicidade. Epensamos num modo de fazer umdocumentário que fosse maisgeral, que falasse da história daCidade de Deus do ponto de vistade seus moradores – fonte quenem sempre é levada em conta. AMarília falou uma frase marcanteque nos inspirou e guiou nesseprocesso de criação de umaidentidade de primeiro roteiropara o filme: “Esse (quemparticipa do Jornal A Notícia PorQuem Vive) grupo querreescrever a história da CDD”.

Sabemos do estigma criado pelagrande mídia com os favelados e,principalmente, com osmoradores da Cidade de Deus.Sabemos também como o filmeacabou reforçando essa ideologiade violência e marginalização deseus moradores. A partir daí,surgiu a ideia do filme. Vimosque poderíamos fazer algo comuma história (narrativa) dequalidade. Vamos tentando”.Para Pedro Nobrega, o que

mais lhe chamou a atenção nosrelatos foi a relação das pessoascom o lugar.“A paixão e a dedicação dos

entrevistados pela Cidade deDeus é algo que eu jamais poderiasentir por nenhum lugar ondemorei. Então, de certa forma, saídas entrevistas com essa sensaçãode nunca ter tido uma casa. Querodizer, o espaço físico eu sempretive, e minha família também,mas essa sensação de realmentepertencer a um lugar que nãotermina nas paredes da sala - umacomunidade - foi algo que euprovavelmente só senti nostempos de faculdade, nunca nasminhas vizinhanças. E acho queas pessoas da Cidade de Deus (oupelo menos os entrevistados) têmnoção da riqueza dessaexperiência, o que me deixafeliz.”Este mesmo sentimento de

pertencimento com o local foipercebido por Yuri Samico.“Sem dúvida, [há] o senso de

coletividade. Todos osentrevistados demonstraram emseus discursos umcomprometimento notável com acomunidade, com sua evolução,seu melhoramento, seu futuro.

7

Uma preocupação que não éindividual, mas coletiva. Foi umaoportunidade de conhecer maissobre a Cidade de Deus eprincipalmente de ter o contatocom alguns de seus moradores,conhecendo melhor suas visões esuas ações junto à comunidade.Quem apenas passa pela Cidadede Deus, não consegue ter noçãodo quão complexo é esse lugar.As deficiências e os problemas dacomunidade são evidentes e é umalento saber que existem pessoasque lutam todos os dias pelomelhoramento da qualidade devida, pela cultura e pela memóriada Cidade de Deus”.Thiago nos relatou que

chamou muito a sua atenção “Osenso de coletividade dosmoradores da CDD, a capacidadede se reinventar e a vontade demelhorar. Aprendemos muito comcada entrevistado.”Segundo Pedro, o trabalho

ainda não acabou. “Por enquanto,posso dizer que foi umaexperiência gratificante conhecer

mais de perto a cultura e aspessoas da Cidade de Deus, sentiro contraste com a minhaexperiência pessoal. . . O trabalhotem fortalecido também minhaconvicção sobre a importância decriar cada vez mais pontes entreas diferentes partes do Rio deJaneiro e tornar os moradores dacidade mais interessados narealidade de sua riqueza e não naimagem vendida para os turistas”.Yuri Samico nos revela quais

são os possíveis desdobramentospara o material adquirido nasentrevistas.“O material captado permitiria

uma versão estendida do vídeo,que poderia ser exibida para finseducativos e culturais junto àcomunidade, numa tentativa devalorizar a história da cidade dedeus e de seus moradores,principalmente os mais idosos.”Segundo Thiago, além do

vídeo para o pedido definanciamento que teve cerca de 5minutos – e que também servecomo apresentação do Jornal -,

“gostaríamos de fazer uma versãoestendida que contemplassemelhor as histórias de todos osentrevistados. Não podemosprometer esse desdobramento,mas vamos tentar. Nesse caso, seconseguíssemos fazer, podíamostentar colocar o vídeo paraconcorrer em alguns festivais, porexemplo. Acho que tem potencialpra isso. Esse trabalho representaum desafio digamos, maistécnico, de criar narrativas paradocumentários. Esse trabalhosignificou mais um passo danossa produtora, um aprendizadonas relações de trabalho e umaproximidade maior e de granderiqueza com nossos amigos doJornal e alguns grandesmoradores da CDD” - concluinosso parceiro.

Yuri Samico, Thiago Dantas e PedroNobrega, da Vostok

Yuri Samico, Thiago Dantas e Pedro Nobrega, da Vostok, gravam cenaspara o vídeo com Mestre Miúdo

8

O Projeto Bairro Educador e sua transformaçãoPor Priscilla Babo Scopel de Amorim (Gestora de Projetos dos Bairros EducadoresMangueira e Jacaré) e Maria do Socorro Melo Brandão (Presidente da ASVI CDD)Durante algum tempo, falamos

das ações do Projeto BairroEducador nas escolas da Cidadede Deus, mas como a proposta doJornal A Notícia Por Quem Vive élevar conhecimento aosmoradores da comunidade, fomosalém dos muros da Cidade deDeus, procurando saber como oprojeto atuou em outrascomunidades, pois temos quevalorizar todas as ações que vempara beneficiar o nossomunicípio.Vale lembrar que na Cidade de

Deus o projeto foi realizado nasEscolas do Amanhã: E.M.PedroAleixo, CIEP Luiz Carlos Prestes,E.M. Professoranda LeilaBarcellos de Carvalho, E.M.JoséClemente Pereira e E.M.AlbertoRangel.Dentro das metas propostas

pelo projeto realizado nas escolasem que ele foi executadoestavam: Realização de açõesenvolvendo outras escolas eparceiros; Incentivo àparticipação das escolas emfóruns locais; realizações deencontros mensais parafortalecimento do Grêmio;incentivo à criação de núcleos defamílias dentro das escolas comobjetivos diversos (desde areunião de mães para aprenderema desenvolver atividades até acontribuição dos responsáveis nodia a dia da escola); realizaçõesde apropriação da cidade comaulas-passeio; realização deatividades dentro e fora da escolaenvolvendo famílias e elaboraçãode plano de trabalho com TrilhaEducativa que levassem ações

para os estudantes em paralelocom o PPP – Projeto PolíticoPedagógico da escola.No blog, vocês poderão

encontrar várias açõesdesenvolvidas pelo projeto naCidade de Deus:http://bairroeducador.blogspot.

com.br/search/label/BE%20Cidade%20de%20DeusAgradecemos a Priscilla Babo,

gestora do projeto nos Bairros daMangueira e Jacaré, que enviou acontribuição relatando como foi aatuação do projeto nessas áreas.“O Bairro Educador foi um

Projeto da Secretaria Municipalde Educação do Rio de Janeiro,executado pelo Centro Integradode Estudos e Programas para oDesenvolvimento Sustentável –CIEDS, no período de 2010 a2013. Seu público principal eramas Escolas do Amanhã, Programaidealizado para as UnidadesEscolares da Rede Municipal quepossuíam baixo IDEB eencontravam-se situadas em áreasconflagradas; porém, outrasEscolas, que estavam no entornodas U.Es contempladas passarama integrar o conjunto de colégiosatendidos.Dentre as principais demandas

realizadas pelo Bairro Educador,contamos com a adequação dasações educativas ao ProjetoPolítico Pedagógico (PPP) ePlanejamento Pedagógico Anual(PPA) de cada Escola, a aberturadas mesmas aos atores locais parao diálogo entre comunidade eentorno, bem como maiorparticipação familiar no cotidianoescolar. A apropriação da cidade e

do bairro e a promoção de redespara a reflexão acerca darealidade local também forampontos estratégicos alimentadosna dinâmica de trabalho do BE.Graças a estas e outras ações

estratégicas chegamos aresultados expressivos, poisconsideramos as percepções dalocalidade em nossos planos detrabalho. Nos Bairros EducadoresMangueira e Jacaré, por exemplo,as especificidades de cada umforam levadas em consideração epudemos alicerçar seus pontosfortes e amenizar seus pontosfracos.Dentro desse panorama,

ressaltamos na Mangueira arealização de uma Feira deServiços na Escola MunicipalHumberto de Campos, tendocomo principal público a própriacomunidade e como principalagente, os atores e Instituiçõesatuantes na mesma. O repasse deinformações sobre como acessarcada serviço era seu objetivoprimordial, pois percebemos quea Comunidade Mangueirensepossui dificuldades em relação àarticulação e à manutenção deuma rede.Ainda na Mangueira,

destacamos outras duas práticas.Uma relacionada à EscolaMunicipal José Moreira da Silva,que atendeu a demanda sobreredução da violência nas relaçõesestabelecidas entre os estudantes,através dos Jogos Cooperativos. Asegunda, realizada na EscolaMunicipal Morro dos Telégrafos,hoje EDI Morro dos Telégrafos.Nesta, os estudantes da Educação

99

Poesia sem letras

Por Valéria Barbosa e Cilene VieiraÉ preciso cada vez mais investir

na educação do nosso país. Quantasvezes escutamos este discurso?São criadas formas de manter a

criança no ambiente escolar,mudanças em turnos, escolas maisequipadas, estratégias pensando nodiscurso político dedesenvolvimento educacional,porém o ser infantil é delegado asvielas, becos, esquinas sem quehaja de fato um trabalho voltadopara este cidadão.Uma educação cujo IDEB –

Índice de Desenvolvimento éescolar Brasileiro atinge a média3.3 e há comemoração no avanço,já intimida o nosso olhar para ascrianças que estão abaixo destamédia e com certeza emvulnerabilidade do risco social.Enquanto as politicas públicas

não unirem educação ao contextodo indivíduo, e investir em umaequipe multidisciplinar, a criançasomente por estar na escola nãogarantirá o seu desenvolvimento.Quer um país melhor

desenvolvido? Abrace as famílias,

montem programas onde estafamília participe da vida escolar doseu filho e aprenda a lidar com apotencialidade da criança e com assuas próprias limitações.São tantas as questões que

envolvem a carência que ascrianças vivem neste país e naCidade de Deus /Rio de Janeiro,não é diferente, em um localconhecido como Pantanal fomostocados na questão do letramentodas crianças.No dia 19 de janeiro de 2013,

dia do 2° aniversário do CentroCultural Tupiara, os dirigentes doespaço promoveram uma lindacomemoração com os seusatendidos, nesta comemoração alémdo delicioso lanche servido tiverama presença da Folia de Reis com oMestre Rui Reis e um sarau depoesias.Para o sarau, Valéria Barbosa,

poetisa e pedagoga, preparou umvaral, vários pequenos poemas,onde cada criança escolheria o seu,o leria e o penduraria no varal, alémde incentivar a criação. Dar voz a

poesia era o foco.O sarau foi o ponto de destaque

mais de 30 crianças participaramcom entusiasmo, porem, ali ficouregistrado que muito há por fazerem prol da alfabetização dascrianças de nossa comunidade.Das 30 crianças que

participaram ativamente do sarauapenas uma sabia ler com fluidez,outras aparentando mais de 11 anosliam sem segurança e titubeandonas letras e palavras, mas a maioriasequer sabia ler, foi detectado queuma das crianças jamais frequentoua escola.A assistente social, ativista e arte

educadora, Cilene Regina Vieira,ficou muito sensibilizada com asituação daquelas crianças, quemesmo sem o domínio da leitura eda escrita, demostravam aesperança no brilho de seus olharesbem como o desejo de participaremlendo. A criança que dominava aleitura encheu o espaço decidadania lendo os poemasdiscretamente no ouvido das outrasque repetiam o poema e ficavam

Infantil participaram da TrilhaEducativa “Pequenos Ouvintes,Futuros Leitores” que baseavasuas ações no incentivo aocontato com o universo literário,tanto por parte dos estudantes,quanto por parte dos familiares,por conta da necessidade deaproximar a primeira infância doletramento. Ambas as práticasalcançaram seus objetivos deforma plena, sendo a primeiraretratada no livro Práticas do

Bairro Educador, lançado este anoe maturado desde o ano anterior.Em relação à segunda, a propostafoi aceita para exposição no ICongresso Internacional deEnvolvimento dos Alunos naEscola: Perspectivas da Educaçãoe Psicologia.Já em relação ao bairro do

Jacaré, sua potencialidade depromoção de redes e doenvolvimento das famílias noprocesso de ensino e aprendizado

foi levada em consideração e umClube de Mães foi estruturadoconsistentemente. Hoje, sem apresença do Bairro Educador, asparticipantes do referido Clube járealizam interlocução com osatores sociais recém chegados epromovem no CIEP ChancelerWilly Brandt um bazar paraangariar fundos que atendam àsdemandas especificas da própriaUnidade, além de participaremefetivamente da rotina escolar.

10

felizes pelo que ouviam.O que podemos fazer quanto

poetas, líderes, educadores, pelascrianças da nossa comunidade? Asletras precisam encontrar ascrianças para se tornarem de fatopoesia.É preciso fazer um

levantamento e saber em queescolas aquelas crianças estão

matriculadas, e promover comurgência reforço escolar. Somenteum reforço; e as questões sociaisgritantes que percebemos? Nãopodemos repetir a forma de ação dopoder público, o tempo não espera ea criança cresce.Abrimos este espaço para pedir

para moradores com formação emserviço social, psicólogos,

pedagogos, professores,profissionais voltados para odesenvolvimento local, que venhase juntar a nós como voluntários,uma hora por semana pode fazeruma grande diferença na vida destae de várias crianças que sãoatendidas no Centro CulturalTupiara.

Poesia sem letras: crianças e adolescentes participamde sarau no Centro Cultural Tupiara

O sarau aconteceu no dia 19 de janeiro de 2013, dia do2° aniversário do Centro Cultural Tupiara

11

Os amigos dos movimentos sociais de que Dona Joana participou prestamuma calorosa homenagem com muito carinho

Por Cilene Vieira e Cleonice DiasJoana da Conceição Campos,

maranhense, pedagoga (aposentada),integrante ativa do ComitêComunitário da Cidade de Deus,Jornal A notícia Por Quem Vive eProjeto Mata Atlântica/Fiocruz.Essa senhora sempre deu umbanho de disposição quanto àparticipação em movimentossociais. É com o coração apertadoque falo sobre essa grande amigaque no mês de junho nos deixou(faleceu). Porém, deixou umlegado de que a união semprepoderá transformar e fortalecer osmovimentos sociais queacreditamos e doamos nossotempo para que sobrevivam,mesmo com as dificuldades quesurgem cotidianamente.No dia das mães (treze de

maio) recebi um telefonema dealguém com uma voz baixa,cansada, me dedicando feliz diadas mães. Era D. Joana. Pergunteicomo ela estava. Ela respondeu-me que a sua saúde não estavabem. Mas estava se recuperandoda endemia. Perguntou pelopessoal do Jornal e se nós játínhamos conseguido verba paraimprimir a nossa sexta edição. Aresposta foi negativa. Mas eladisse que em breveconseguiríamos mostrar o que aCidade de Deus produz paratransformar a sociedade.Uma grande amiga de D.

Joana, Cleonice Dias, que semprefez a diferença nos movimentossociais em Cidade de Deus, aindamais quando a problemática eracom as mulheres. Hoje ela éintegrante do Projeto MataAtlântica/Fiocruz e deixou seu

recado para aqueles que nãotiveram a honra de conhecer anossa querida amiga.. .“Joana, ou Dona Joana, como

sempre foi chamada, era umamaranhense de bravuraincomensurável. Esteve na

Fiocruz- no Campus MataAtlântica (localizado na antigaColônia Juliano Moreira), naTaquara desde 2010 nos várioscursos, oficinas e seminários epré-conferências livres ligadosaos temas de desenvolvimentocomunitário e saúde, saúdeambiental e educação. Semprecontundente, exigia sempreclareza e viabilidade de proposta.Já não queria mais saber de

discursos e sim de ações, trazendoda vivência comunitária ascontribuições nos debates. . . Umafirmeza, delicada, um sorrisodesafiador e já depois, quando asaúde estava comprometida.. . sefaltava, era lamentando ejustificando sempre, e tem mais,buscando novos conteúdos.. . Dali

surgiu novas articulações e lá sefoi Joana.. . Incansável fazendonovas redes de luta: VilaAutódromo tinha sua presençafiel na defesa do direito de viver emorar, onde os governos e osricos empresários tentam

manobras para impedir e removeros que ali habitam.”Joana tinha algo que jamais

deveremos esquecer. Para além damilitância, se preocupava comcada pessoa de modo especial.Cuidando de se aproximar nasdificuldades, adversidades. . . Erado tipo que nos ensinava cuidadosde bem estar, posturas de altivez,otimismo nas dificuldades. . . Setem algo extremamente marcante,era sua presença altiva e elegante,até nos últimos momentos.Exemplo de vigor ético.Incansável Joana.

Dona Joana, em imagem para o vídeo de nossa campanha para arrecadarfundos para a impressão das próximas edições do jornal

12

Nosso corpo não envelhecePor Felipe Zoohler BrumDe tudo que está escrito nessa

matéria, você deve aceitar comoverdadeiro somente aquilo que seusprincípios ou sua religião permitem,do contrário considere apenas comotolice de quem a escreveu, não entreem conflito consigo mesmo, pois aciência só estudará nosso corpocom essa visão daqui a 500 anos.Deixando de lado a parte

espiritual, que muitos acreditam, e aenergia vital, o nosso “eu” vivo quetem começo, meio e fim, econsiderando como nosso corpoapenas essa parte material “carnal”que nós vemos, tocamos, pegamos,medimos, pesamos, estragamos,consertamos e dissemos que somosnós ou é fulano.Nosso corpo, essa matéria não

tem começo, meio e fim, a matériavai passando por nós, vai fluindopor nós com uma velocidade eintensidade tão grande que nós nãopercebemos, pois não paramos parapensar, “Nós não pensamos no quesabemos.”A matéria passa por nós e não

envelhece em nós, é renovada atodo instante.Assim como uma onda do mar

não é uma porção de água que vemdo meio do oceano até a praia, é sóuma energia que se desloca e a cadaporção de água por onde passamos,nós chamamos de onda, no final aenergia não tem para onde ir,levanta a última porção de água earrebenta na areia e acaba a energia,pois ela não existe sem matéria.No nosso corpo dissemos que a

matéria passa pela energia que somosnós. Quando morremos vemosapenas um corpo, que é a últimaporção de matéria que estavapassando por nós naquele momento.

Vendo em detalhes porelementosElemento AR - O volume de ar

que inspiramos por dia é mais quedez vezes o volume do nosso corpo,o tamanho do nosso corpo.Com certeza o ar que inspiramos

hoje não estará mais no nosso corpodaqui a dois dias, essa matériapassou por nós, fez parte do nossocorpo durante algum tempo, dessamatéria nada mais restou, passoupor nós e foi embora, nãoenvelheceu.Como o ar tem pouco peso e em

relação ao nosso peso éinsignificante, nós não damos muitovalor ao ar como matéria, entãodeixamos o ar de lado.Elemento ÁGUA – Três quartos

(3/4) do nosso corpo é água,comparando grosseiramente umquilograma é igual a um litro, umapessoa que pesa oitenta quilos terásessenta litros de água em seu corpoe apenas vinte quilos de matériasólida. Se ela beber dois litros deágua por dia, em um mês (trintadias) terá trocado toda a água doseu corpo.É fácil entender a água, pois nós

a vemos, tocamos, sentimos. A águaatravessa nosso corpo de dentropara fora em toda a área. A águaentra pela boca e sai por todo ocorpo, da cabeça ao dedão do pé.Nós suamos, com maior ou menorintensidade, um pouco sai pelarespiração e outra parte sai pelasvias urinárias. Em geral, a água nãose desfaz, entra como água,atravessa nosso corpo e sai comoágua.Sem notar, nós trocamos mais

da metade do nosso corpo emapenas um mês.

Essa matéria fez parte do nossocorpo durante algum tempo, passoupor nós e foi embora, não nosenvelheceu.Elementos SÓLIDOS – É

apenas um quarto (1 /4) do nossocorpo, porém um pouco mais difícilde compreender, vou falar no gerale da maneira mais simples para quetodos possam compreender.O sal de cozinha que comemos

atravessa nosso corpo como a água,ele é solúvel em água, sedesmancha e aparece novamentecomo vemos no suor, a roupa ficacom manchas brancas e arenosas, ésal e é sólido. Sai na urina, maslágrimas, na saliva, outros saisseguem o mesmo caminho.Nós somos orientados a repor os

sais que perdemos, é só fazerexercícios físicos.Essa matéria fez parte do nosso

corpo durante algum tempo, passoupor nós e foi embora, nãoenvelheceu em nós.O cálcio dos nossos olhos

também é trocado, nós temos queingerir cálcio para repor o queperdemos, quando por algummotivo nós não retemos o cálcionecessário acontece a osteoporose,“o osso vai indo embora”.As unhas crescem e vão embora

(cortamos).Os cabelos crescem e vão

embora (cortamos).Nós exalamos gordura, a pele

fica oleosa, o cabelo fica oleoso.Outros elementos se

transformam em energia, que égasta para aquecer nosso corpo,quando falamos, caminhamos,fazemos esforço.Físico: se pararmos de comer, os

músculos vão sumindo sem que

13

vejamos para onde foram, viram“energia”.Nós gostamos de marcar o

tempo, então, a grosso modo, nóstrocamos de corpo a cada ano,alguns elementos mais elementosmais vezes que outros.

ComparaçãoÉ como se alguém compra um

carro novo e a cada dia troca alguns

componentes, de maneira que noprazo de um ano todos oscomponentes sejam trocados,alguns mais vezes que os outros.Qualquer pessoa que viu o carro

no primeiro dia e vir depois, semprevai dizer que é o mesmo carro, podepassar dez anos nesse troca-troca.Sabendo que na verdade nada temdo carro comprado inicialmente, só

a aparência é a mesma, é aquelemodelo, aquela cor.Assim é o nosso corpo, ele passa

por nós, NÃO ENVELHECE EMNÓS.Para pensar: Se trocamos de

corpo, porque uma tatuagempermanece tanto tempo? A respostaestá no texto acima... Leianovamente.

FLUPP & FLIP

Nos dias 9 e 11 de julho de 2012,o FLUPP Pensa chegou à reta finalcom uma programação memorável,em que extrapolava uma rede localpara estabelecer conexões globais. Aprimeira delas foi com suainspiradora direta, a FLIP – FestaLiterária Internacional de Paraty(http://www.flip.org.br). Através daparceria inédita, autores estrangeirossubiram os morros dos Prazeres e doCantagalo para encontrar os novosautores do FLUPP Pensa e leitores

por Rosalina Britoem mesas abertas ao público egratuitas durante o evento. Foi nomorro do Cantagalo, no espaçoCriança Esperança, o encerramentoda FLUPP & FLIP, numa festaliterária recheada de cultura, com aparticipação de escritoresinternacionais como: David Trueba;Malcolm Barral; a portuguesa DulceMaria Cardoso; e Teju Cole,escritor, fotógrafo e historiador dearte nigeriano-norte-americano.Eu também estava lá! Eu e a

nossaAna Maria Machado, escritorade mais de 100 livros infantis. Elaocupa a cadeira número um da ABL– Academia Brasileira de Letras, aqual preside durante o biênio 2012-2013. Para quem não sabe o que foia FLUPP: um encontro literário denovos escritores de favelas.Encontro do qual eu também fuiuma das participantes. Saiba mais nolink:http://flupp2.hospedagemdesites.ws/fluppensa/.

Eu, Rosalina Brito, nova escritora, e Ana MariaMachado, escritora de mais de 100 livros infantis

Escritores internacionais DavidTrueba (à esquerda) eMalcolm Barral (à direita)

14

Cidade de Deus cuidando do seu idoso? Como?

Por Valéria BarbosaHá uma preocupação muito

grande com a situação da pessoaidosa na Cidade de Deus. Segundodados do IBGE/2010 a Cidade deDeus tem 4.000 pessoas idosas.Não há uma pesquisa efetiva

sobre a condição real em quevivem estes idosos. Asinformações sobre idosos quevivem sozinhos e são dependentesde cuidados de vizinhos, filhos,pessoas da igreja, chegam e sãocompartilhadas em conversasinformais e nos encontros da rede.No dia 20 de março este tema

foi pauta de um encontro entre aJustiça Comunitária, agentescomunitários, representantes deONGs, idosos e pessoassensibilizadas com esta situação.Entrevistamos a senhora Rute

Noemi Souza, assistente social doprojeto Justiça Comunitária.

ANPQV: Como foi percebidapela Justiça Comunitária ademanda de um atendimentodirecionado a pessoa idosa?Rute: Quando dividimos os 30

agentes comunitários do projeto

em quatro grupos, com temáticasescolhidas por eles (saúde,infância e juventude, cultura eidosos) e cada grupo começou a searticular para atuar, fomospercebendo que no grupo dosidosos a demanda era enorme, poisa cada minuto aparecia um caso deidoso abandonado, precisando selocomover e sem condições paratal, seja por falta deacompanhante, financeira e/oupor não ter condições físicas.Começamos a pesquisar e a

procurar pessoas engajadas dacomunidade para nos situarpoliticamente sobre a real situaçãodo idoso na comunidade e se haviaa inserção do poder público compolíticas específicas para essademanda.Percebemos que não, mas,

também percebemos que havialutas isoladas voltadas para oidoso que poderiam seraglutinadas para fortalecer omovimento.Nessa caminhada, então,

passamos a discutir sobre a

possibilidade de lutar junto com asvárias entidades da comunidade,para reivindicar do poder público,a criação na comunidade, de umEspaço de Referência do Idoso(ERI) que minoraria a situação devulnerabilidade e abandono (emmuitos casos) dos idososdependentes da Cidade de Deus.

ANPQV: Neste encontropromovido pela JustiçaComunitária ficou decididaalguma linha de ação?Rute: O encontro foi

profundamente positivo.Resolvemos que faremos umapesquisa na comunidade, aindaque por amostragem, para termosessa resposta. Ainda tiramos umacomissão que estruturará essaatividade de levantamento dedados. Outra estratégia será nosentido de começarmos a darvisibilidade a essa luta para quemais pessoas possam se engajar e'aumentar o coro'. Duas outrasreuniões já estão agendadas comodesdobramento.

Reunião entre Justiça Comunitária, representantes deONGs, idosos e pessoas interessadas

Na avaliação de Rute Noemi Souza, encontro foi positivoe terá como desdobramento outras reuniões

15

Cidade de Deus tem voluntária reconhecida pela NaturaPor Julcinara Vilela de Castro Porf írioEm 2012, quando a Natura

lançou o Programa AcolherComunidades do Rio de Janeiro nascomunidades pacificadas,convidando pessoas para contar suahistória e como suas ações sociaisestão transformando a suacomunidade, a presidente Maria doSocorro Melo Brandão daAssociação Semente da Vida –ASVI CDD se interessou, masdemorou em enviar quase perdendoo prazo de envio.“A Natura, por meio do Acolher

Comunidades, quer reconhecer eapoiar pessoas que, com muitacriativa e amor, estão buscandosoluções para melhorar ascomunidades do Rio de Janeiro.Uma das iniciativas do programa éo oferecimento de apoio técnico efinanceiro, que visa aprimorar aatuação e ação social dosselecionados.” – dizia o convite.Após sua inscrição no

Programa, que foi realizada emOutubro de 2012, a presidenteMaria do Socorro, que também évoluntária da instituição, recebeu anoticia de que estava entre os 40selecionados que iriam concorrer afinal. Uma representante da Naturavisitou a instituição, mas comobjetivo principal de ouvir maisdetalhes da história contada no atoda inscrição.Então, em dezembro de 2012,

mais precisamente no dia 18 de

Dezembro de 2012, quando toda aequipe da ASVI estava reunidanuma reunião de avaliação do ano,recebemos a noticia de que a nossapresidente estava entre os 7reconhecidos do Programa, sendoque na categoria Crescente.Os reconhecidos foram: dois da

Cidade de Deus, dois da Rocinha(um na categoria Semente e outroCrescente), um do Morro dosMacacos como Crescente, um doPavão-Pavãozinho, como Crescentee um do Andaraí, como Semente.Abaixo definimos melhor as

categorias, pois os escolhidos para aCategora Semente receberão ovalor de R$ 5.000,00 e osCrescentes receberão o valor de R$15.000,00:

Ações Categoria Semente• Com estratégias, iniciativas ou

atividades que já estejam emandamento, porém nãonecessariamente estruturadas;• Com potencial de impacto

social;• Com boa compreensão de

futuro da ação social;• Com potencial de

consolidação.

Ações Categoria Crescente• Com estratégias, iniciativas ou

atividades estruturadas econsolidadas;• Com impacto social e/ou

ambiental demonstrável;• Com bom nível de

profissionalização e estruturação;• Com potencial de crescimento

e/ou disseminação.Em Janeiro, a Natura designou

uma equipe que visitou a ASVI efilmou o dia a dia da presidenteMaria do Socorro para um mini-documentário que foi exibido nodia 13 de Março de 2013 nosintervalos do programa “Hoje emDia”, na Rede Record. Além defilmarem as atividades queaconteciam, também colheram osdepoimentos de Bruna Cristina,uma de nossas monitoras e deJurema Werneck, que écoordenadora de Criola,organização voltada para ofortalecimento de mulheres,adolescentes e mulheres negras quefez parte do Comitê julgador.Agora é a expectativa é de como

será investido o recurso e como sedará o apoio técnico para ainstituição.Nós, enquanto voluntários da

ASVI e moradores da Cidade deDeus, estamos orgulhosos de teruma voluntária da instituição comesse reconhecimento, pois issopoderá trazer muitas oportunidadesfuturas. Parabenizamos a Maria doSocorro e torcemos para que outrosreconhecimentos aconteçam.

16

Nosso jornal

Por Valéria BarbosaHá um leão emplumado dentro do moçoQue estufa o peito e ruge por acreditar em si.Um leão comandando uma tropaConvencendo um quartel.Há um leão emplumado no moçoCom o ranger macio e a vivacidade da águiaCentraliza, alisa, gira e torna a correr em sentido de alerta pelo comum.Pelo seu comum.Há um leão pronto para os fleche da máquina esquecida no gabinete.Quer o seu trono e palestraQuer plateia na plenáriaDe que otária?Quer o que acha ser seu por conquistarQuer compactuar no proveito próprio usando o outro em sua caça.Há um leão emplumado dentro do moço, mas cadê o seu pelo?Está no espelho dançando em pavão.E o povão?

Apoio