introdução à engenharia de segurança do trabalho-modulo1

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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO Editoração e Revisão: Editora Prominas e Organizadores Coordenação Pedagógica INSTITUTO PROMINAS Impressão e Editoração APOSTILA RECONHECIDA E AUTORIZADA NA FORMA DO CONVÊNIO FIRMADO ENTRE UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES E O INSTITUTO PROMINAS. MÓDULO – 1

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Apostila introdutoria a EST

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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE

SEGURANÇA DO TRABALHO

Editoração e Revisão: Editora Prominas e Organizadores

Coordenação Pedagógica

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Impressão e

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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................... 03 UNIDADE 2 – EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO .................................................................................................... 06 UNIDADE 3 – O ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO TRABALHO NO CONTEXTO CAPITAL-TRABALHO ..................................................................... 24 UNIDADE 4 – ACIDENTES .................................................................................. 26 UNIDADE 5 – RISCOS DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES LABORAIS ................. 33 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 34 ANEXO ................................................................................................................ 37

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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

Bem-vindos ao curso!

A Saúde e a Segurança do e no Trabalho caracterizam-se pela adoção de

estratégias que levam os trabalhadores a desenvolverem atitudes conscientes para

o trabalho seguro durante a realização de suas atribuições. Visa, ainda, implantar

preceitos e valores de segurança, no esforço de integrá-los à qualidade do trabalho

e do meio ambiente, à produção e ao controle de custos das empresas (SENAC,

2006).

Os Serviços de Segurança e Saúde no Trabalho das organizações exigem a

formação de profissionais adequadamente preparados para a busca da qualidade,

pressupondo a melhoria das condições dos ambientes de trabalho a fim de reduzir

os níveis de risco e de proporcionar proteção aos trabalhadores, o que acarreta o

aumento da produtividade e da competitividade das organizações.

O Brasil, lamentavelmente, ainda é destaque em número de acidentes de

trabalho e incidência de doenças ocupacionais, conforme indicam as estatísticas,

estando sistematicamente entre os países que mais registram acidentes de trabalho

no mundo. Essa posição poderia ser ainda pior se todos os acidentes ocorridos

fossem registrados e se o universo de trabalhadores abrangidos pelas estatísticas

não estivesse aquém da força real de trabalho existente no País.

O Anuário Estatístico da Previdência Social publicado em 2005 apresentou o

seguinte quadro evolutivo dos acidentes de trabalho de 1996 a 2004.

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Fonte: www.previdenciasocial.gov.br/estatisticas

Dos 458.956 acidentes acontecidos no Brasil em 2004, 17.778 ocorreram na

região Norte; 44.401 no Nordeste; 107.213 no Sul; 29.722 no Centro-Oeste e

259.842 no Sudeste, sendo que destes 170.036 foram em São Paulo.

Constata-se, assim, a necessidade cada vez maior da formação de

profissionais em nível técnico e superior, possibilitando o exercício de suas

atividades, de acordo com as normas legais, para responder às exigências

decorrentes das formas de gestão, de novas técnicas e tecnologias e da

globalização nas relações econômicas, o que vêm transformando a sociedade e a

organização do trabalho. Estas práticas exigem desses profissionais a atuação em

equipes multiprofissionais, com criatividade e flexibilidade, atendendo a diferentes

situações em diversos tipos de organizações, permanentemente sintonizados com

as transformações tecnológicas e socioculturais (SENAC, 2006).

Nesta apostila veremos sobre a evolução da Engenharia de Segurança do

Trabalho que envolve seus aspectos econômicos, políticos e sociais bem como a

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história do prevencionismo; o papel das entidades públicas e privadas; assim como

o papel do engenheiro de segurança do trabalho no contexto capital-trabalho.

Noções introdutórias sobre acidentes, fator pessoal de insegurança, ato inseguro,

classificação, causas dos acidentes, consequências, a lesão pessoal, o prejuízo

material, agentes e fontes de lesão também fazem parte do arcabouço. Finalizamos

com a apresentação dos riscos das principais atividades laborais.

Esta apostila não é uma obra inédita, trata-se de uma compilação de autores

e temas introdutórios à engenharia de segurança no trabalho e tomamos o cuidado

de disponibilizar ao final da mesma, várias referências bibliográficas que podem

complementar o assunto e sanar possíveis lacunas que vierem a surgir.

Desejamos bons estudos a todos!

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UNIDADE 2 – EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

A história situa as pessoas no tempo e no espaço, leva a reflexões sobre a

evolução da vida, dos acontecimentos, como chegamos aqui e quais as perspectivas

podemos reservar para o futuro, portanto, vamos conhecer um pouco da história do

trabalho, dos acidentes e as relações de segurança no trabalho. O foco, na

realidade, centra-se na história do prevencionismo que decorre de aspectos

econômicos, políticos e sociais.

2.1 Aspectos econômicos, políticos e sociais

Relações de trabalho na sociedade primitiva

Devido às inter-relações entre homem e trabalho, torna-se imprescindível

discorrer sobre sua história.

A disciplina segurança no trabalho foi concebida para prevenir os acidentes

que atingem direta e indiretamente o trabalhador, por meio da segregação ou

eliminação dos riscos gerados pelas condições dos locais de trabalho e pelas

tecnologias empregadas, de modo a promover, continuamente, medidas para

prevenção de acidentes, doenças e otimização das condições e do meio ambiente

de trabalho.

Por meio do trabalho, o homem atendeu e continua atendendo às suas

necessidades bio-psico-sociais e construindo os bens que sustentam as bases da

vida material em suas dimensões econômica, política, social, religiosa e cultural.

Nos tempos mais remotos, o trabalho humano era restrito a tarefas que

tinham como finalidade assegurar, essencialmente, a proteção do grupo e sua

sobrevivência, desta forma, a caça e a pesca eram as atividades preponderantes. A

vida era marcada pelo nomadismo e pela transumância, ou seja, o homem primitivo

não vivia fixado num local determinado. Por evidenciar um espírito eminentemente

gregário, detectou-se no homem primitivo os indícios da presença de uma noção,

mesmo que muito rústica, de segurança e proteção coletiva (BRASIL, 2002).

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De acordo com Oliveira (2000), a transumância foi o fenômeno que

possibilitou ao homem passar de caçador, nômade, para uma outra fase, intitulada

coletora, passando a se valer de outras fontes de alimentos, como tubérculos, frutos

silvestres e leguminosas.

O fato do homem primitivo se abrigar em cavernas ou no cume das

montanhas, buscando um modo de proteção contra as intempéries, animais de

grande porte e até mesmo de inimigos, merece destaque neste início de curso, pois

revela comportamentos em busca de medidas de proteção coletiva, como requisito

básico para a própria sobrevivência e do grupo (BRASIL, 2002).

Como esses grupos se abrigavam em cavernas próximas a cursos d’água,

sementes e raízes presentes nos restos de alimentos jogados à terra começavam a

se reproduzir e, por conseguinte, a lhes proporcionar uma outra fonte de alimento,

nascendo dessa experiência a agricultura.

Com a evolução da agricultura, criaram-se as bases necessárias a uma nova

experiência de vida – o pastoreio. Através das atividades relacionadas com o

pastoreio, o homem passou a dispor de animais não somente como fonte de

alimento, mas também como meio de tração. A agricultura permitiu o aumento

populacional do homem e o tornou sedentário, isto é, fixado em uma base territorial

onde se encontram as terras cultivadas e as primeiras edificações, onde se

formaram as primeiras cidades, nações e impérios. Por este novo paradigma, o

homem é liberado da transumância penosa, abrindo caminho à agropecuária

(BRASIL, 2002).

A agropecuária marcou um dos estágios mais significativos da evolução

humana, não só porque facilitou ao homem a obtenção dos meios necessários à

vida, como a alimentação e a habitação, mas, principalmente, por ter lhe

proporcionado um dos primeiros modelos de organização e economia que vai

estimular a produção de excedentes.

No entendimento de Oliveira (2000), quando o homem passou a produzir

mais do que era necessário ao consumo diário e desenvolveu a ideia de guardar

esse excedente para consumo posterior, nasceram as trocas e a noção de posse.

Por meio das trocas, o intercâmbio entre povos diferentes tornou-se possível. A

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noção de propriedade, a princípio grupal, depois privada, mudou radicalmente os

paradigmas da vida humana.

O advento da propriedade privada levou o homem a construir uma outra

forma de vida calcada na organização e no controle. A família monogâmica e o

Estado, que surgiram em virtude dessa mudança, passaram a dar sustentação a

esse novo estilo de vida. Da propriedade privada ao escravismo foi apenas uma

questão de tempo (BRASIL, 2002).

Das lutas travadas contra seus inimigos, emerge naturalmente no homem a

necessidade de se proteger, portanto, ele começa a adotar as primeiras medidas de

proteção individual e coletiva. Cave (1986 apud BRASIL, 2002) afirma que a forma

mais antiga de proteção individual adotada pelos nossos ancestrais foi o “escudo”. O

homem primitivo sabia que entre ele e o perigo havia a necessidade de se antepor

uma barreira para sua defesa. Foi bastante natural também pensar que essa

barreira pudesse ser carregada pelo homem de um local para outro.

Em seguida, o homem adota também o capacete para proteção da cabeça

nas lutas contra seus inimigos e, mais tarde, em estádios mais avançados da

história, os guerreiros adotam armaduras de metal, composta por elmo, couraça e

cota de malha. Associadas a essas práticas nasciam também os inconvenientes e

até os primeiros casos de rejeição ao uso (BRASIL, 2002).

Quando o homem se conscientizou de que a riqueza acumulada era oriunda

da terra e de braços que a cultivavam, começou a poupar da morte os vencidos de

guerra e a transformá-los em produtores de excedentes – os escravos – que, a

princípio, produtores de bens, em pouco tempo vieram a se transformar em um

deles, sendo transacionados como qualquer outro bem de consumo. É importante

destacar que o rebaixamento de cidadão à condição de escravo, segundo costumes

e normas adotadas por civilizações na Idade Antiga e no período medieval, podia se

dar por questões políticas e até mesmo pelo inadimplemento de uma dívida. Na

condição de escravo nenhum tipo de direito ou defesa, nem mesmo religiosa, era

assegurado ao indivíduo. Ao escravo só restava ser produtivo e leal ao seu dono. A

única preocupação de seu dono era a de evitar que ele adoecesse ou tivesse morte

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prematura, pois assim deixaria de explorá-lo ao máximo de sua resistência física

(OLIVEIRA, 2000).

A partir deste período e em decorrência do novo contexto vivenciado pelo

grupo humano, compreende-se o desinteresse e a inexistência de registros

históricos relacionados com a segurança do trabalhador, uma vez que os trabalhos

mais pesados ou de mais elevado risco eram destinados a escravos. Além disto, na

cultura greco-romana, o trabalho se relacionava em sua origem filosófica ao

rebaixamento humano, porque ligava o indivíduo à matéria, daí ser também

sinônimo de castração, de sofrimento, humilhação, expiação e de afastamento dos

deuses (BRASIL, 2002).

Para se ter uma dimensão mais clara do descaso com os registros sobre as

questões ligadas à proteção do trabalhador à época, mesmo Hipócrates (460-375

a.C. apud MENDES, 1996), no momento em que descreve com particular agudeza o

quadro clínico da intoxicação saturnina, encontrado em um trabalhador mineiro,

omite totalmente o ambiente de trabalho e a ocupação no seu clássico “Ares, Águas

e Lugares”. Inúmeros ensinamentos são dedicados às relações entre ambiente –

incluindo clima, topografia, qualidade da água e mesmo organização política e

saúde, sem haver qualquer menção às condições em que o trabalho era realizado.

Ramazzini (2000) cita a preocupação de Lucrécio em Roma, um século

antes do início da Era Cristã, já perguntando a respeito dos cavadores das minas:

“Não viste ou ouviste como morrem em tão pouco tempo, quando ainda tinham tanta

vida pela frente?”. O mesmo ocorre com Plínio, o Velho (23 a 79 d.C. apud

MENDES, 1996), autor da obra De História Naturalis, que, após visitar alguns locais

de trabalho, principalmente galerias de minas, descreve impressionado o aspecto

dos trabalhadores expostos ao chumbo, ao mercúrio e a poeiras.

Mendes (1996) menciona a iniciativa dos escravos de utilizarem à frente do

rosto, à guisa de máscaras rústicas, panos ou membranas de bexiga de carneiro

para atenuar a inalação de poeiras.

Na Europa, do ponto de vista do trabalho, especificamente do trabalho

manual, a transformação do escravismo em feudalismo mudou pouco a vida das

pessoas. Os escravos e os trabalhadores romanos, com o feudalismo,

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transformaram-se em servos de gleba, tão miseráveis quanto antes. O único ganho

foi o de não serem mais vendidos como mercadoria qualquer, ficando, porém,

vinculados ao senhor feudal (BRASIL, 2002).

Os primeiros registros de casos de acidentes e doenças e os seus

respectivos nexos com o trabalho ocorreram na Idade Média e foram efetuados por

médicos que atendiam pacientes nas corporações de ofícios. Hunter (apud

NOGUEIRA, 1981) afirma que, em 1556, Georg Bauer, mais conhecido pelo seu

nome latino de Georgii Agricolae, publica o livro De Re Metallica, onde eram

relatados estudos sobre os diversos problemas relacionados à extração de minérios

argentíferos e auríferos e sua fundição.

Conforme as observações de Agricolae, em algumas regiões extrativas, “as

mulheres chegavam a casar sete vezes, roubadas que eram de seus maridos, pela

morte prematura encontrada na ocupação que exerciam”. O próprio Agricolae já

sabia como estes problemas poderiam ser evitados. Não se tratava de uma questão

médica e sim de um problema de natureza tecnológica, decorrente do processo de

trabalho utilizado, cuja modificação, acrescida da introdução de meios para melhorar

a ventilação no interior das minas, poderia, como medida profilática, proteger os

trabalhadores da inalação de poeiras nocivas.

O mesmo Hunter (apud NOGUEIRA, 1981) assinala também a publicação,

no ano de 1567, da primeira monografia sobre as relações entre trabalho e doença,

de autoria de Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, mais conhecido

pelo nome de Paracelso. Seu autor nasceu e viveu durante muitos anos em um

centro da Boêmia, sendo numerosas as suas observações relacionando métodos de

trabalho ou substâncias manuseadas e doenças, destacando-se, por exemplo, que,

em relação à intoxicação pelo mercúrio, os principais sintomas dessa doença

profissional, a despeito de sua importância, ali se encontram assinalados. Estes

trabalhos pioneiros permaneceram praticamente ignorados por mais de um século e

não tiveram qualquer influência sobre a segurança ou a saúde do trabalhador

(BRASIL, 2002).

Em 1700, era publicada em Módena, na Itália, a primeira edição de um livro

que iria ter notável repercussão em todo o mundo. Tratava-se da obra De Morbis

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Artificum Diatriba – as doenças dos trabalhadores – de autoria do médico italiano

Bernardino Ramazzini, mais tarde justamente cognominado o “Pai da Medicina do

Trabalho”. Neste famoso tratado, o autor descreve uma série de mais de 50 doenças

relacionadas a profissões diversas. Às perguntas hipocráticas fundamentais na

anamnese médica, propõe Ramazzini que se acrescente mais uma: “Qual é a sua

ocupação?” De acordo com o autor, tal pergunta é considerada oportuna e é mesmo

necessário lembrar ao médico que trata um homem do povo, que dela se vale para

chegar às causas ocasionais do mal, a qual nunca é posta em prática, ainda que o

médico a conheça. Entretanto, se a houvesse observado, poderia obter uma cura

mais feliz (RAMAZZINI, 2000).

Brasil (2002) ressalta que a importância do trabalho de Ramazzini não pôde

ser devidamente avaliada na época. Realmente, ainda predominavam as

corporações de ofício, com número de trabalhadores relativamente pequeno e um

sistema de trabalho muito peculiar. Os casos de doenças profissionais eram poucos,

assim, não obstante as corporações não raro disporem de médicos que deviam

atender seus membros, tais profissionais praticamente ignoraram o trabalho de

Ramazzini, cuja importância só seria reconhecida quase um século mais tarde.

Revolução Industrial e acidentes do trabalho

Os impactos da Revolução Industrial ocorrida na Europa, notadamente na

Inglaterra, França e Alemanha, principalmente sobre a vida e a saúde das pessoas,

têm sido objeto de importantes estudos. Historiadores sociais, cientistas políticos,

economistas e outros têm enfocado este período da história, principalmente de 1760

a 1850, com detalhes descritivos e analíticos extremamente minuciosos e

perspicazes, até porque o fenômeno, em sua natureza, tem se repetido em outras

regiões e épocas, sem que as lições mais duras e cruéis tivessem sido aprendidas.

Hunter (apud MENDES, 1996), afirma que toda a sorte de acidentes graves,

mutilantes e fatais, além de intoxicações agudas e outros agravos à saúde, atingiram

os trabalhadores, incluindo crianças de cinco, seis ou sete anos e mulheres,

preferidos que eram – crianças e mulheres – pela possibilidade de lhes serem pagos

salários mais baixos.

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Nogueira (1981) enfatiza que a Revolução Industrial foi um marco inicial da

moderna industrialização que teve a sua origem com o aparecimento da primeira

máquina de fiar. Até então, a fiação e tecelagem de tecidos tinham constituído uma

atividade doméstica tradicional, com uma produção apenas suficiente para atender

às necessidades do próprio lar e com um pequeno excesso que era vendido, a preço

elevado, em regiões onde estas atividades não eram desenvolvidas. O advento das

máquinas, que fiavam em ritmo muitíssimo superior ao do mais hábil artífice, tornou

possível uma produção de tecidos em níveis, até então, não imaginados.

Até o advento das primeiras máquinas de fiação e tecelagem, o artesão fora

dono dos seus meios de produção. O custo relativamente elevado das máquinas,

porém, não mais permitiu ao próprio artífice possuí-las, desta forma, essas máquinas

eram adquiridas pelos detentores do capital, antevendo as possibilidades

econômicas dos altos níveis de produção. A burguesia necessitava empregar

pessoas para fazer as máquinas funcionarem, surgiram, assim, as primeiras

manufaturas, fábricas de tecidos, e com elas, uma marcante dicotomia entre o

capital e o trabalho (BRASIL, 2002).

As primeiras máquinas de fiação e tecelagem necessitavam de força motriz

para acioná-las e esta foi encontrada na energia hidráulica. As primeiras fábricas

foram instaladas em antigos moinhos. A localização não permitia uma expansão

adequada da nascente indústria, que era obrigada a instalar-se apenas junto a

cursos d’água. A invenção da máquina a vapor e seu aperfeiçoamento no ano de

1760 por Scott James Watt, permitiram a instalação de fábricas em outros lugares

mais favoráveis ao comércio. Naturalmente as grandes cidades, onde existia

abundante mão-de-obra com salários aviltados, foram escolhidas como locais

favoritos para o funcionamento das indústrias. Huberman (1976) destaca que a

introdução da máquina a vapor do Sr. Watt era tão importante para os ingleses que,

“no ano de 1800, essas máquinas se encontravam em uso em 30 minas de carvão,

22 minas de cobre, 28 fundições, 17 cervejarias e 8 usinas de algodão”.

Galpões, estábulos e velhos armazéns, eram rapidamente transformados em

fábricas, colocando-se no seu interior o maior número possível de máquinas de

fiação e tecelagem. Nas grandes cidades inglesas, o baixo nível de qualidade de

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vida e as famílias com numerosa quantidade de filhos, garantiam um suprimento

fácil de mão-de-obra com míseros salários, sendo aceitos, como trabalhadores, não

só homens, mas também mulheres e mesmo crianças, sem quaisquer restrições

quanto ao estado de saúde e desenvolvimento físico.

Intermediários inescrupulosos percorriam as grandes cidades inglesas

arrebanhando crianças que lhes eram vendidas por pais miseráveis e,

posteriormente, revendidas a cinco libras por cabeça aos empregadores que,

ansiosos por obter um suprimento inesgotável de mão-de-obra barata, se

comprometiam a aceitar uma criança débil mental para cada 12 crianças sadias

(NOGUEIRA, 1981).

A improvisação das fábricas e a mão-de-obra constituída principalmente por

crianças e mulheres resultaram em problemas ocupacionais extremamente sérios. O

número de acidentes do trabalho era aterrorizante, provocados por máquinas sem

qualquer tipo de proteção e movidas por engrenagens e correias expostas, sendo

que as mortes, principalmente de crianças, eram muito frequentes.

Inexistindo limites de horas de trabalho, homens, mulheres e crianças

iniciavam suas atividades pela madrugada, abandonando-as somente ao cair da

noite. Em muitos casos o trabalho continuava mesmo durante a noite em fábricas

precariamente iluminadas por bicos de gás. As atividades profissionais eram

executadas em ambientes fechados, com ventilação extremamente escassa. Os

ruídos provocados pelas máquinas primitivas atingiam limites altíssimos, tornando

impossível até mesmo a audição de ordens e comandos, o que muito contribuía para

aumentar o número de acidentes (BRASIL, 2002).

Não é, pois, de estranhar-se, que doenças de toda a ordem se alastrassem

entre os trabalhadores, especialmente entre as crianças, doenças tanto de origem

não ocupacional (principalmente as infectocontagiosas, como o tifo europeu, que era

chamado de febre das fábricas), quanto de origem ocupacional, cujo número

aumentava à medida que se abriam novas fábricas e novas atividades industriais

eram iniciadas (MENDES, 1996).

As primeiras medidas de proteção ao trabalhador, adotadas nas fábricas

inglesas, eram de natureza estritamente médica. Nascia uma preocupação

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direcionada à higiene pessoal nos locais de trabalho, por conseguinte, também

relacionada com a saúde dos trabalhadores.

Inexistiam relatos sobre iniciativas destinadas à segurança no trabalho,

entendida como medidas de natureza educativa, técnica ou legal, voltadas para

melhoria do ambiente de trabalho, proteção coletiva e individual, segregação ou

eliminação de fontes de riscos de acidentes, proteção e otimização de máquinas,

ferramentas e equipamentos (BRASIL, 2002).

No início do século XIX, na Inglaterra, a dramática situação dos

trabalhadores não poderia deixar indiferente a opinião pública e, por essa razão,

criou-se no Parlamento britânico, sob a direção de Sir Robert Peel, uma comissão

de inquérito que, após longa e tenaz luta, conseguiu que, em 1802, fosse aprovada

a primeira lei de proteção aos trabalhadores: “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”,

que estabelecia o limite de 12 horas de trabalho por dia, proibia o trabalho noturno,

obrigava os empregadores a lavar as paredes das fábricas duas vezes por ano e

tornava obrigatória a ventilação destas. Tal lei não resolvia senão parcela mínima do

problema e assim foi seguida de leis complementares surgidas em 1819, em geral,

pouco eficientes devido à forte oposição dos empregadores.

Em 1830, quando as condições de trabalho das crianças ainda se

mostravam péssimas, a despeito dos diversos documentos legais, Robert Dernham,

proprietário de uma indústria têxtil inglesa, que se sentia perturbado diante das

péssimas condições de trabalho dos seus pequenos trabalhadores, procurou Robert

Baker, famoso médico inglês, pedindo-lhe conselho sobre a melhor forma de

proteger a saúde dos mesmos. Baker vinha já há bastante tempo se interessando

pelo estudo do problema da saúde dos trabalhadores. Conhecedor que era da obra

de Ramazzini dedicava grande parte de seu tempo a visitar fábricas e a tomar

conhecimento das relações entre trabalho e doença, o que levou o governo

britânico, quatro anos mais tarde, a nomeá-lo Inspetor Médico de Fábricas (BRASIL,

2002).

Diante do pedido do empregador inglês, Baker aconselhou-o:

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Coloque no interior de sua fábrica o seu próprio médico, que servirá de intermediário entre você, os seus trabalhadores e o público. Deixe-o visitar a fábrica, sala por sala, sempre que existam pessoas trabalhando, de maneira que ele possa verificar o efeito do trabalho sobre as pessoas. E se ele verificar que qualquer dos trabalhadores está sofrendo a influência de causas que possam ser prevenidas, a ele competirá fazer tal prevenção. Dessa forma você poderá dizer meu médico é a minha defesa, pois a ele dei toda a minha autoridade no que diz respeito à proteção da saúde e das condições físicas dos meus operários. Se algum deles vier a sofrer qualquer alteração da saúde, o médico unicamente é que deve ser responsabilizado.

Surgia, assim, o primeiro serviço médico industrial em todo o mundo (OLIVEIRA,

1998).

A iniciativa daquele empregador, movida até pelo temor de ser

responsabilizado pelos infortúnios laborais, veio mostrar a necessidade urgente de

medidas de proteção aos trabalhadores, pelo que, em 1831, uma comissão

parlamentar de inquérito, elaborou um cuidadoso relatório, concluído do seguinte

modo:

Diante desta Comissão desfilou longa procissão de trabalhadores – homens e mulheres, meninos e meninas. Abobalhados, doentes, deformados, degradados na sua qualidade humana, cada um deles era a clara evidência de uma vida arruinada, um quadro vivo da crueldade do homem para com o homem, uma impiedosa condenação daqueles legisladores que, quando em suas mãos detinham poder imenso, abandonaram os fracos à capacidade dos fortes (MENDES, 1996).

O impacto deste relatório sobre a opinião pública foi tremendo, e assim, no

ano de 1833, foi baixado na Inglaterra o Factory Act 1833, que deve ser considerada

como a primeira legislação realmente eficiente no campo da proteção ao

trabalhador. Aplicava-se a todas as empresas têxteis onde se usasse força

hidráulica ou a vapor; proibia o trabalho noturno aos menores de 18 anos e restringia

as horas de trabalho destes a 12hs por dia e 69 por semana; as fábricas precisavam

ter escolas, que deviam ser frequentadas por todos os trabalhadores menores de 13

anos; a idade mínima para o trabalho era de nove anos, e um médico devia atestar

que o desenvolvimento físico da criança correspondia à sua idade cronológica

(NOGUEIRA, 1981).

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O grande desenvolvimento industrial da Grã-Bretanha levou ao

estabelecimento de uma série de medidas legislativas, destacando-se a criação do

Factory Inspectorate, primeiro órgão do Ministério do Trabalho britânico, com função

de proceder ao exame médico pré-admissional, ao exame médico periódico, ao

estudo de casos de doenças causadas por agentes químicos potencialmente

perigosos e à notificação e investigação de doenças profissionais, especialmente em

fábricas pequenas, que não dispunham de serviço médico próprio (BRASIL, 2002).

Observada por Oliveira (1988), a expansão da Revolução Industrial no resto

da Europa resultou, também, no aparecimento progressivo dos serviços médicos de

empresa industrial em diversos países, sendo que em alguns deles, foi dada tal

importância a esses serviços que sua existência deixou de ser voluntária, como de

princípio na Grã-Bretanha, para tornar-se de imediato obrigatória.

Nos Estados Unidos, a despeito da industrialização ter-se desenvolvido de

forma acentuada, a partir da segunda metade do século XIX, os serviços médicos

nas empresas permaneceram praticamente desconhecidos, não dando os

empregadores nenhuma atenção especial aos problemas de saúde dos seus

trabalhadores. No entanto, o aparecimento, no início do século XX, da legislação

sobre indenizações em casos de acidentes do trabalho, levou os empregadores a

estabelecerem os primeiros serviços médicos de empresa industrial naquele país,

com o objetivo básico de reduzir o custo das indenizações, através de cuidado

adequado dos casos de acidentes e doenças profissionais. Desses relatos se

conclui que, mesmo na Europa e nos Estados Unidos, a conscientização dos

empregadores precisava ser impulsionada pela coerção da lei, pois continuava

inexistindo, salvo raríssimas exceções, interesse em preservar a saúde ou a vida

dos trabalhadores (BRASIL, 2002).

No final do século XIX, no dia 15 de maio de 1891, a Encíclica do Papa Leão

XIII, De Rerum Novarum, conclama os povos no sentido da justiça social,

influenciando legisladores e estadistas para o avanço da proteção social. A Encíclica

mencionada, no Capítulo 22, asseverou ser absolutamente necessário

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aplicar a força e autoridade das leis, dentre outros casos, contra os patrões que esmagam os trabalhadores sob o peso de ônus iníquos, ou desonram, neles, a pessoa humana, por condições indignas e degradantes ou, ainda, que atentam contra a saúde destes por um trabalho desproporcionado com a sua idade e sexo.

Mais adiante, no capítulo 27 desta mesma Encíclica, a censura contra os

abusos dos empregadores é clara:

Não é justo nem humano exigir do homem tanto trabalho a ponto de fazer pelo excesso de fadiga embrutecer o espírito e enfraquecer o corpo. A atividade do homem, restrita como a sua natureza, tem limites que se não podem ultrapassar (apud OLIVEIRA, 1998).

Proteção ao trabalhador no mundo contemporâneo

No período que coincide com a Primeira Guerra Mundial, manifestações e

reivindicações ocorridas em diversos congressos de trabalhadores levaram à

Conferência da Paz de 1919, organizada pela Sociedade das Nações, a criar, pelo

Tratado de Versalhes, a Organização Internacional do Trabalho – OIT. Esta

organização foi criada com o propósito de dar às questões trabalhistas um

tratamento uniformizado, com fundamento na justiça social. O preâmbulo da

constituição da OIT enfatiza que “existem condições de trabalho que implicam para

grande número de indivíduos misérias e privações, e que o descontentamento que

daí decorre põe em perigo a paz e harmonia universais.” (SUSSEKIND, 1994).

Já na primeira reunião da OIT, no ano de 1919, foram aprovadas seis

convenções, com visíveis propósitos de proteger à saúde e integridade física dos

trabalhadores, tratando de limitação da jornada de trabalho, desemprego, proteção à

maternidade, trabalho noturno das mulheres, idade mínima para admissão de

crianças e o trabalho noturno dos menores.

O eco dessas convenções, posteriormente, levou representantes da

Organização Internacional do Trabalho – OIT – e da Organização Mundial da Saúde

– OMS – a se reunirem para deliberar e estudar com maior ênfase o assunto. Em

1950, a Comissão Conjunta OIT/OMS sobre saúde ocupacional estabeleceu, de

forma muito ampla, os objetivos da saúde ocupacional. Em junho de 1953, a

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Conferência Internacional do Trabalho adotou princípios, elaborando a

Recomendação n° 97, sobre a Proteção à Saúde dos Trabalhadores em Locais de

Trabalho, e insistiu com os Estados-membros, no sentido de que os mesmos

incrementassem a criação de serviços médicos nos locais de trabalho. Em junho de

1959, a 43ª Conferência Internacional do Trabalho, reunida em Genebra, Suíça,

estabeleceu a sua Recomendação n° 112, que tomou o nome de “Recomendação

para os Serviços de Saúde Ocupacional” (BRASIL, 2002).

2.2 A história do prevencionismo

Enquanto o termo Prevenção significa trabalhar as causas de um acidente

acontecido, visando criar mecanismos e procedimentos que impossibilitem o

acontecimento de novos e futuros acidentes vinculados às causas do anterior,

prevencionismo por sua vez, significa o estudo dos ambientes de trabalho e

comportamento humano respectivos de cada atividade, tendo como objetivo, a

eliminação da potencialidade de acontecimento de incidentes e acidentes, ou seja,

colocar em prática a expressão que preceitua a profissão do Especialista em Higiene

e Segurança do Trabalho: “o desafio é impedir que o suor de um trabalhador se

transforme em sangue”.

O prevencionismo em seu mais amplo sentido evoluiu de uma maneira

crescente, englobando um número cada vez maior de fatores e atividades, desde as

precoces ações de reparação de danos (lesões) até uma conceituação bastante

ampla, onde se buscou a prevenção de todas as situações geradoras de efeitos

indesejados ao trabalho.

De todo modo, embora as abordagens modernas assemelham-se em seus

objetivos de controle e prevenção de danos, elas diferem em aspectos básicos,

existindo algumas correntes que explicam tais diferenças.

Enquanto uma corrente, como é o caso do Controle de Danos e do Controle

Total de Perdas, baseados em aspectos administrativos da prevenção e aliados às

técnicas tradicionais e outras mais recentes, enfatizam a ação administrativa de

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controle, a outra corrente procura dar um enfoque mais técnico da infortunística,

buscando para problemas técnicos, soluções técnicas.

Esta última corrente é o que foi denominado de Engenharia de Segurança

de Sistemas, sendo uma metodologia para o reconhecimento, avaliação e controle

dos riscos ocupacionais, com ferramentas fornecidas pelos diversos ramos da

engenharia e oferecendo novas técnicas e ações para preservação dos recursos

humanos e materiais dos sistemas de produção.

Ao se analisar mais a fundo as abordagens de Controle de Danos e Controle

Total de Perdas de Bird e Fletcher (1974 apud ALBERTON, 1996), respectivamente,

chega-se a conclusão que os mesmos estão baseados unicamente em práticas

administrativas, carecendo de estudos e soluções técnicas, como o é exigido pelos

problemas inerentes à Prevenção de Perdas na Segurança do Trabalho.

A mentalidade de dar um enfoque técnico à Engenharia de Segurança

fundamentou-se em 1972 pelos trabalhos de um especialista em Segurança de

Sistemas, o engenheiro Willie Hammer. Seus trabalhos foram embasados nas

técnicas utilizadas na força aérea e nos programas espaciais norte-americanos onde

atuava.

Foi da reunião destas técnicas, que sem dúvida oferecem valiosos subsídios

na preservação dos recursos humanos e materiais dos sistemas de produção, que

nasceu a Engenharia de Segurança de Sistemas.

Desta forma, a grande maioria das técnicas hoje empregadas na Engenharia

de Segurança surgiram ligadas ao campo aeroespacial, vindas dos norte-

americanos, o que é bastante lógico devido a necessidade imprescindível de

segurança total em uma área onde não podem ser admitidos riscos. Estas técnicas,

inicialmente desenvolvidas e dirigidas ao campo aeroespacial, automotivo, militar

(indústria de mísseis) e de apoio, puderam ser levadas a outras áreas, com

adaptações, podendo ter grandes e significativas aplicações em situações da vida

em geral.

As técnicas de Segurança de Sistemas começaram a tomar forma ainda na

década de 60, sendo criadas e apresentadas paulatinamente ao prevencionismo na

década de 70. Desde esta época um leque de diferentes técnicas vem buscando sua

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infiltração, sendo utilizadas como uma ferramenta eficaz no combate à infortunística,

embora ainda hoje, passadas mais de três décadas, existe pouca literatura à

respeito, principalmente quanto a sua aplicação na prevenção do dia-a-dia ou na

adapatação destas para aplicação nas empresas, projetos e segurança em geral.

Segundo De Cicco e Fantazzini (1994), a Engenharia de Segurança de

Sistemas foi introduzida na América Latina pelo engenheiro Hernán Henriquez

Bastias, sob a denominação de Engenharia de Prevenção de Perdas, e pode ser

definida como

uma ciência que se utiliza de todos os recursos que a engenharia oferece, preocupando-se em detectar toda a probabilidade de incidentes críticos que possam inibir ou degradar um sistema de produção, com o objetivo de identificar esses incidentes críticos, controlar ou minimizar sua ocorrência e seus possíveis efeitos.

2.3 A participação das entidades públicas e privadas

Em se tratando da área de Segurança do Trabalho, abaixo temos os órgãos e

suas competências:

À Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) compete:

I - formular e propor as diretrizes da inspeção do trabalho, inclusive do

trabalho portuário, priorizando o estabelecimento de política de combate ao trabalho

forçado e infantil, bem como a todas as formas de trabalho degradante; II - formular

e propor as diretrizes e normas de atuação da área de segurança e saúde do

trabalhador; III - participar, em conjunto com as demais Secretarias, da elaboração

de programas especiais de proteção ao trabalho; (...) VIII - formular e propor as

diretrizes para o aperfeiçoamento técnico-profissional e gerência do pessoal da

inspeção do trabalho; IX - promover estudos da legislação trabalhista e correlata, no

âmbito de sua competência, propondo o seu aperfeiçoamento; (...) XI - acompanhar

o cumprimento, em âmbito nacional, dos acordos e convenções ratificados pelo

Governo brasileiro junto a organismos internacionais, em especial à OIT, nos

assuntos de sua área de competência; (...) XIII - baixar normas relacionadas com a

sua área de competência.

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Ao Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST) Subordinado a

SIT, cabe:

I - subsidiar a formulação e proposição das diretrizes e normas de atuação da

área de segurança e saúde no trabalho; II - planejar, supervisionar, orientar,

coordenar e controlar a execução das atividades relacionadas com a inspeção dos

ambientes e condições de trabalho; III - planejar, coordenar e orientar a execução do

Programa de Alimentação do Trabalhador e da Campanha Nacional de Prevenção

de Acidentes do Trabalho; IV - planejar, supervisionar, orientar, coordenar e

controlar as ações e atividades de inspeção do trabalho na área de segurança e

saúde; V - subsidiar a formulação e proposição das diretrizes para o

aperfeiçoamento técnico-profissional e gerência do pessoal da inspeção do trabalho,

na área de segurança e saúde; (...) VII - supervisionar, no âmbito de sua

competência, a remessa da legislação e atos administrativos de interesse da

fiscalização do trabalho às Delegacias Regionais do Trabalho.

As Delegacias Regionais do Trabalho:

Tem como objetivo principal coordenar e controlar, na área de sua jurisdição,

a execução das atividades relacionadas com a fiscalização do trabalho, a inspeção

das condições ambientais de trabalho e a orientação ao trabalhador.

A Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho –

FUNDACENTRO tem como objetivo:

Produzir e difundir conhecimento sobre Segurança e Saúde no Trabalho e

Meio Ambiente, para fomentar, entre os parceiros sociais, a incorporação do tema

na elaboração e gestão de políticas que visem o desenvolvimento sustentável com

crescimento econômico, promoção da equidade social e proteção do meio ambiente.

Pode-se dizer que esta fundação é o braço técnico do Ministério do Trabalho

e Emprego com atribuições bastante definidas no campo da pesquisa e

assessoramento técnico.

O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

(INMETRO):

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É uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior, que atua como Secretaria Executiva do Conselho

Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro), colegiado

interministerial, que é o órgão normativo do Sistema Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro).

O INMETRO tem como missão prover confiança à sociedade brasileira nas

medições e nos produtos, através da metrologia e da avaliação da conformidade,

promovendo a harmonização das relações de consumo, a inovação e a

competitividade do País.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT:

Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o

órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária

ao desenvolvimento tecnológico brasileiro.

É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único Foro

Nacional de Normalização através da Resolução nº 07 do CONMETRO, de

24.08.1992.

São objetivos da normalização:

• Economia – proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e

procedimentos;

• Comunicação – proporcionar meios mais eficientes na troca de informação

entre o fabricante e o cliente, melhorando a confiabilidade das relações

comerciais e de serviços;

• Segurança – proteger a vida humana e a saúde;

• Proteção do Consumidor – prover a sociedade de meios eficazes para aferir a

qualidade dos produtos;

• Eliminação de Barreiras Técnicas e Comerciais – evitar a existência de

regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países,

facilitando assim, o intercâmbio comercial (ABNT, 2012).

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Encontramos na Norma Regulamentadora NR 4 - SERVIÇOS

ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO

TRABALHO as especificações em seus mínimos detalhes do papel das empresas,

quer sejam públicas ou privadas.

As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta

e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos

pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, manterão, obrigatoriamente,

Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho,

com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no

local de trabalho. (Alterado pela Portaria SSMT nº 33, de 27 de outubro de 1983).

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UNIDADE 3 – O ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO TRABALHO NO CONTEXTO CAPITAL-TRABALHO

3.1 O papel e as responsabilidades do Engenheiro de segurança do trabalho

De uma maneira normativa e prescritiva, os Engenheiros de segurança são

especialistas que têm como objetivo prevenir a ocorrência de acidentes e doenças

dentro da empresa. Externos às situações de trabalho, agem sobre as máquinas e

sistemas (projeto de sistemas de proteção), sobre os trabalhadores (treinamentos) e

sobre as normas e procedimentos.

As responsabilidades do Engenheiro de Segurança do Trabalho, enquanto

integrante do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho –

SESMT, também estão estabelecidas na Norma Regulamentadora nº 4, dentre as

quais destacam-se:

• aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança do trabalho ao

ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e

equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali existentes à saúde

do trabalhador;

• colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas

instalações físicas e tecnológicas da empresa;

• responsabilizar-se tecnicamente pela orientação quanto ao cumprimento do

disposto nas NR aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus

estabelecimentos;

• promover a realização de atividades de conscientização, educação e

orientação dos trabalhadores;

• esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e

doenças ocupacionais, estimulando-os em favor da prevenção;

• analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes e

doenças ocupacionais ocorridos na empresa ou estabelecimento.

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3.2 O contexto capital-trabalho

Se tomarmos como parâmetro a crise econômica que vem se tornando

crescente em vários países, podemos considerar que o momento é de muita

reflexão e ponderação, e para o Engenheiro de Segurança do Trabalho é momento

de perceber que sua atuação vai além das normas e prescrições da profissão. O

ambiente de trabalho está sofrendo pressões, existem casos específicos que ele

precisa ficar atento, pois nesses momentos de crise, as relações entre capital e

trabalho acabam ficando discrepantes e, muitas vezes, insatisfatórias para ambos os

lados. Amenizar conflitos deve ser, então, uma das habilidades a ser desenvolvida

por esse profissional.

Embora pareça, ao contrário de outras engenharias, a Engenharia de

Segurança do Trabalho não é uma ciência exata. Sobre ela existem vários olhares.

Ela relaciona um leque abrangente de ideias multifuncionais, com diversos setores.

Lida com pessoas, com equipamentos, com gerenciamento, com liderança e acaba

por ser um elo entre empregados e empregadores, devendo ser coerente e

equilibrado em suas ações e atitudes.

Enfim, as organizações empresariais, por meio de seu Engenheiro de

Segurança, têm como responsabilidade integrar o cuidado para com a saúde e a

segurança do trabalhador com a preservação do meio ambiente. Este profissional,

portanto, precisa estar sempre se atualizando, observando as várias perspectivas,

os horizontes que vão surgindo, sem esquecer a importância de equilibrar as

relações entre o capital e o trabalho.

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UNIDADE 4 – ACIDENTES

O paradigma cultural predominante no Brasil em relação à SST baseia-se na

visão de que o sistema técnico é confiável e o ser humano constitui o elo frágil da

corrente. As falhas humanas são consideradas decorrentes de fatores individuais e

do desrespeito às normas prescritas, fruto de decisões “conscientes” dos

trabalhadores. Nesse contexto, as medidas adotadas quase sempre se resumem a

punições e a “treinamentos” (BRASIL, 2010).

A realidade brasileira em SST é extremamente heterogênea. Gera desde

eventos adversos de diagnóstico evidente até situações complexas que demandam

estudos aprofundados. Em situações de incidência elevada de acidentes do

trabalho, geralmente os problemas são identificados com relativa facilidade. Nesses

casos, o desrespeito à legislação é flagrante e as ações de prevenção são óbvias.

Em sistemas com baixa incidência de acidentes, sua ocorrência depende da

combinação de múltiplos fatores que, por não se apresentarem de forma explícita na

situação de trabalho habitual, dificilmente são identificados por meio das avaliações

de segurança clássicas (BRASIL, 2010).

Muitas são as definições de acidente, e variam segundo o enfoque que pode

ser legal, prevencionista, ocupacional, estatístico, previdenciário, entre outros, como

veremos nesta introdução ao curso de Engenharia de Segurança do Trabalho.

4.1 Conceituação e classificação

ACIDENTE é um evento indesejável e inesperado que produz desconforto,

ferimentos, danos, perdas humanas e/ou materiais. Um acidente pode mudar

totalmente a rotina e a vida de uma pessoa, modificar sua razão de viver ou colocar

em risco seus negócios e propriedades (UNESP, 2010). Ao contrário do que muitas

pessoas imaginam, o acidente não é obra do acaso e nem da falta de sorte.

Denomina-se SEGURANÇA, a disciplina que congrega estudos e pesquisas

visando eliminar os fatores perigosos que conduzem ao acidente ou reduzir seus

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efeitos. Seu campo de atuação vai desde uma simples residência até complexos

conglomerados industriais (UNESP, 2010).

Sob o ponto de vista dos especialistas em Segurança, os acidentes são

causados por fatores conhecidos, previsíveis e controláveis. Milhares podem ser as

causas de um simples acidente, entretanto, todas elas podem ser agrupadas em

duas categorias:

• Condição Insegura;

• Ato Inseguro.

Outras definições importantes que balizam todo o conteúdo são:

EVENTO ADVERSO – qualquer ocorrência de natureza indesejável

relacionada direta ou indiretamente ao trabalho, incluindo:

ACIDENTE DE TRABALHO: ocorrência geralmente não planejada que resulta

em dano à saúde ou integridade física de trabalhadores ou de indivíduos do público.

Exemplo: andaime cai sobre a perna de um trabalhador que sofre fratura da

tíbia.

INCIDENTE: ocorrência que sem ter resultado em danos à saúde ou

integridade física de pessoas tinha potencial para causar tais agravos.

Exemplo: andaime cai próximo a um trabalhador que consegue sair a tempo e

não sofre lesão.

CIRCUNSTÂNCIA INDESEJADA: condição, ou um conjunto de condições,

com potencial de gerar acidentes ou incidentes.

Exemplo: trabalhar em andaime fixado inadequadamente (instável).

TRABALHADOR – pessoa que tenha qualquer tipo de relação de trabalho

com as empresas envolvidas no evento, independentemente da relação de

emprego.

INDIVÍDUO DO PÚBLICO – pessoa que não sendo trabalhador sofra os

efeitos de eventos adversos originados em processos de produção ou de trabalho,

tais como visitantes, transeuntes e vizinhos.

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PERIGO – fonte ou situação com potencial para provocar danos.

RISCO – exposição de pessoas a perigos. O risco pode ser dimensionado em

função da probabilidade e da gravidade do dano possível.

4.2 Causas de acidentes: fator pessoal, ato inseguro

As pessoas reconhecem com maior facilidade as condições inseguras, que

os atos inseguros. Por exemplo, um indivíduo ao abalroar o veículo que vai a sua

frente, facilmente atribuirá a causa do acidente a: defeito nos freios; parada brusca

do veículo dianteiro; pista molhada, entre outros. Este mesmo indivíduo terá muita

dificuldade em admitir que a causa foi um ato inseguro decorrente de não ter

mantido a mínima distância necessária, em relação ao veículo da frente, para uma

parada de emergência.

Estatisticamente sabe-se que os atos inseguros são responsáveis por mais

de 90% dos acidentes das mais diversas naturezas. Uma condição insegura

normalmente é o resultado do ato inseguro de alguém ao longo do

desencadeamento do acidente.

A implosão parcial de um shopping center, devido ao vazamento de GLP1, é

o resultado de uma condição insegura criada pelo ato inseguro daqueles que não

deram tratamento técnico adequado ao projeto e ao local.

O ato inseguro normalmente decorre de situações tais como:

• Excesso de confiança;

• Agir sem ter conhecimento específico do que está fazendo;

• Não valorizar medidas ou dispositivos de prevenção de acidentes;

• Exceder limites de máquinas, veículos ou do corpo humano;

• Uso de veículos para fins de demonstração e não transporte;

• Imprudência e negligencia;

1 Gás Liquefeito de petróleo – uma mistura de gases de hidrocarbonetos geralmente usados como

combustível.

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• Improvisações.

No Brasil, os acidentes nas rodovias são causadores de milhares de mortos

e feridos vindo a seguir os acidentes na construção civil e na indústria.

Nos países desenvolvidos, medidas preventivas e de segurança de caráter

individual ou coletivo são aplicadas e praticadas pela maioria de seus cidadãos, ao

passo que nos países em desenvolvimento ainda são largamente inexistentes ou

ignoradas. Em alguns destes países a legislação apresenta alguns absurdos como

compensação monetária pela exposição ao risco (periculosidade, insalubridade),

fazendo com que empregados e empregadores concentrem suas atenções no custo

da exposição e não na eliminação da mesma (ST, 2006).

Estes conceitos apresentados não só parecem como realmente podemos

considerar como primários, mas infelizmente a maior parcela da população não se

preocupa com a segurança como deveria, daí as estatísticas manterem-se altas,

necessitando de uma política e programas de educação para a segurança nos vários

tipos de trabalho.

São vários os princípios de segurança que já salvaram muitas vidas, sendo

relacionados abaixo os mais básicos e simples de seguir.

1. Reconhecer suas limitações

Não tente realizar um trabalho para o qual você não está qualificado. A falta

de conhecimentos e o jeitinho podem trazer consequências lamentáveis. Seu corpo

também tem limitações, ele só pode alcançar até determinada altura e levantar

determinado peso.

2. Ler os manuais antes de operar algo

Entenda a intenção do fabricante de determinado dispositivo e para quê e

dentro de que limites foi projetado para atuar. Os manuais não foram feitos para

serem usados só em caso de dúvidas e sim permitir a correta utilização de

determinado dispositivo.

3. Usar ferramentas apropriadas

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Cada ferramenta tem limitações e um propósito específico de utilização. As

ferramentas e máquinas têm uma maneira inesperada e violenta de protestarem

quando ao seu uso inadequado.

4. Usar o método apropriado

Não utilize improvisações ou de nenhum método para realizar determinada

tarefa, trabalho ou atividade.

5. Seguir regulamentos, sinalizações e instruções

Eles foram idealizados para protegê-lo. Um sinal de pare, pode indicar que

naquele local muitas pessoas já se acidentaram.

6. Usar bom senso e moderação

Existe uma grande diferença entre eficácia e pressa. Um ritmo consistente e

progressivo permitirá atingir os objetivos a médio e longo prazo.

7. Valorizar sua vida e a dos outros

Haja e pense como ser humano que é, não permita que o instinto prevaleça.

4.3 Condições ambientais de segurança

Quanto às condições de ambiente de segurança podemos definir como a

condição do meio que causou o acidente ou contribuiu para a sua ocorrência;

incluindo a atmosfera do local de trabalho até as instalações, equipamentos,

substâncias e métodos de trabalho empregados.

Na identificação das causas do acidente é importante evitar a aplicação do

raciocínio imediato, devendo ser levados em consideração fatores complementares

de identificação das causas de acidentes. Tais causas têm a sua importância no

processo de análise, como, por exemplo, a não existência de Equipamento de

Proteção Individual (EPI), mas não são suficientes para impedir novas ocorrências

semelhantes.

Para a clara visualização deve-se sempre perguntar o “por quê”, ou seja, por

que o empregado deixou de usar o EPI disponível? Liderança Inadequada?

Engenharia Inadequada?

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É indispensável também a apuração das “causas gerenciais”, como a “falta de

controle” – inexistência de padrões ou procedimentos, como ventilação inadequada,

empilhamento inadequado e proteção coletiva inadequada ou inexistente.

4.4 Consequências do acidente

Dentre as consequências dos eventos adversos que levam aos acidentes

temos os tipos:

• Fatal – morte ocorrida em virtude de eventos adversos relacionados ao

trabalho;

• Grave – amputações ou esmagamentos, perda de visão, lesão ou doença que

leve a perda permanente de funções orgânicas (por exemplo:

pneumoconioses fibrogênicas, perdas auditivas), fraturas que necessitem de

intervenção cirúrgica ou que tenham elevado risco de causar incapacidade

permanente, queimaduras que atinjam toda a face ou mais de 30% da

superfície corporal ou outros agravos que resultem em incapacidade para as

atividades habituais por mais de 30 dias.

• Moderado – agravos à saúde que não se enquadrem nas classificações

anteriores e que a pessoa afetada fique incapaz de executar seu trabalho

normal durante três a trinta dias.

• Leve – todas as outras lesões ou doenças nas quais a pessoa acidentada

fique incapaz de executar seu trabalho por menos de três dias.

• Prejuízos – dano a uma propriedade, instalação, máquina, equipamento,

meio-ambiente ou perdas na produção.

4.5 Lesão pessoal e prejuízo material

O acidente é, por definição, um evento negativo e indesejado do qual resulta

uma lesão pessoal ou dano material. Essa lesão pode ser imediata (lesão

traumática) ou mediata (doença profissional). Assim, caracteriza-se a lesão quando

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a integridade física ou a saúde são atingidas. O acidente, entretanto, caracteriza-se

pela existência do risco.

A lesão pessoal inclui tanto lesões traumáticas e doenças, quanto efeitos

prejudiciais mentais, neurológicos ou sistêmicos, resultantes de exposições do

trabalho. Quanto ao prejuízo material este é decorrente de danos materiais, perda

de tempo e outros ônus resultantes de acidente do trabalho, inclusive danos ao

meio ambiente (NBR 14280)

AGENTE DA LESÃO – É o local, o ambiente, o ato, enfim, o que possa ser o

causador da lesão.

A FONTE DA LESÃO – É o objeto que, agindo sobre o organismo, provocou a

lesão. Pode ser uma coisa, substância, energia ou movimento do corpo que

diretamente provocou a lesão.

Torna-se importante estabelecer como foi o contato entre a pessoa lesionada

e o objeto ou movimento que a provocou (queimadura, corte, fratura, etc.) e sua

localização que permite, muitas vezes, identificar a fonte da lesão e indicar, também,

certas frequências em relação a alguns fatores de insegurança para os

procedimentos necessárias à sua futura prevenção.

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UNIDADE 5 – RISCOS DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES LABORAIS

Os riscos ocupacionais afetam diretamente a Saúde do Trabalhador,

expondo-o a adoecimentos e acidentes de trabalho. A portaria nº 25 (29/12/1994)

classifica os principais riscos ocupacionais em:

� riscos químicos (poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores e

substâncias compostas ou produtos químicos em geral);

� riscos biológicos (vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas e bacilos);

� riscos ergonômicos e de acidentes (esforço físico intenso, levantamento e

transporte manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido

de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e

noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade,

arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção,

ferramentas inadequadas ou defeituosas, probabilidade de incêndio ou

explosão, entre outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico

ou acedentes);

� riscos físicos (ruídos, vibrações, radiações ionizantes, radiações não

ionizantes, frio, pressões anormais, umidade e calor) (BRASIL, 2004).

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REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS BÁSICAS GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa (org.). Legislação de Segurança e Medicina do Trabalho. 2 ed rev atual e ampl. São Paulo: Método, 2008. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO – OIT. Declaração da OIT sobre os princípios e direitos fundamentais no trabalho, 86ª. Sessão, Genebra, junho de 1998. Disponível em: <www.oitbrasil.org.br/.../declaracao_da_oit_sobre_principio_direitos_fundamentais.pdf > REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Conteúdos diversos. Disponível em: http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_pagina=931

ALBERTON, Anete. Uma metodologia para auxiliar no gerenciamento de riscos e na seleção de alternativas de investimentos em segurança. Florianópolis: UFSC, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14.280. Cadastro de Acidentes de Trabalho. Disponível em: http://xa.yimg.com/kq/groups/1217392/917403278/name/NBR-14.280

BARREIROS, D. Gestão da segurança e saúde no trabalho: estudo de um modelo sistêmico para as organizações do setor mineral. 2002. Tese (Doutorado em engenharia) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.

BENITE, A. G., Sistemas de Segurança e Saúde no Trabalho para Empresas Construtoras. 2004. Dissertação (mestrado em engenharia) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.

BRASIL, Luiz Augusto Damasceno. Segurança no trabalho em cursos de nível técnico da educação profissional. Brasília: UCB, 2002 (Dissertação de Mestrado).

BRASIL. Ministério da Saúde. Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção, e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília (DF): Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Saúde; 1990

BRASIL. NR 4 - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D308E21660130D26E7A5C0B97/nr_04.pdf

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35

BSI (BRITISH STANDARDS INSTITUTION). Guia para sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional - British Standard 8800:1996. Londres, 1996.

COSTA, Maria Carolina Maggiotti. A gestão da segurança e saúde no trabalho: a experiência do arranjo produtivo local do setor metal-mecânico da região paulista do grande ABC. São Paulo: Centro Universitário SENAC, 2006 (dissertação de mestrado).

COUTO, Hudson de Araújo; ANGIOLETTI, Giandomenico. Os 10 mandamentos para implantar um sistema de gerenciamento de segurança eficaz, consistente e compatível com a coplexidade dos tempos atuais. Informativo 69. Disponível em: <http://www.ergoltda.com.br/index.htm> Acesso em: 18 ago. 2010.

D`AZEVEDO, Rita Teixeira. Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho – A nova versão da Norma OHSAS 18001 (2007 VS. 1999). Disponível em: <http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=7&cid=20781&bl=1&viewall=true>

DE CICCO, Francesco, FANTAZZINI, Mario Luiz. Avaliação de riscos. Revista Proteção - Suplemento especial n.5, Novo Hamburgo, n.31, julho, 1994.

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FUNDACENTRO. Institucional. Disponível em: http://www.fundacentro.gov.br/conteudo.asp?D=ERCA&C=1&menuAberto=1

HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 11 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

INMETRO. O que é o INMETRO. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/inmetro/oque.asp

MENDES, René (Org.). Patologia do trabalho. Rio de Janeiro: Atheneu, 1996.

NOGUEIRA, Diogo Pupo. Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho - Histórico. In: Curso de Engenharia do Trabalho. São Paulo: FUNDACENTRO, 1981.

OLIVEIRA, João Cândido de. Do Tripalium ao Trabalho. In: LIMA, Dalva Aparecida (Org.). Educação, segurança e saúde do trabalhador. São Paulo: Social Democracia Sindical, 2000.

OLIVEIRA, Sebastião Geraldo. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 2ª ed. São Paulo: LTr, 1998.

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ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT). Diretrizes Sobre Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho – Programa de Saúde no Trabalho. Genebra – Brasília, 2002.

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RAMAZZINI, Bernardino. As doenças dos trabalhadores. Tradução de Raimundo Estrêla. 3 ed. São Paulo: FUNDACENTRO, 2000.

SEGURANÇA NO TRABALHO. Princípios de segurança que já salvaram vidas (2006). Disponível em: <http://clubedasegurancadotrabalho.blogspot.com/2006/05> Acesso em: 23 ago. 2010.

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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL – SENAC – SP. Segurança no trabalho (2006). Disponível em: <www.sp.senac.br>

SILVA, Ricardo Alexandre Santana da. Implantação de sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho, baseado na OHSAS 18000 (2008). Disponível em: <http://www.webartigos.com/> Acesso em: 23 ago. 2010.

SIT. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Quem é quem. Disponível em: http://www2.mte.gov.br/institucional/quem_e_quem_sit.asp

SÜSSEKIND, Arnaldo. Convenções da OIT. São Paulo: LTr, 1994.

UNESP. Curso Cipa. Disponível em: <http://www.bauru.unesp.br/curso_cipa/artigos/1_acidentes.htm> Acesso em: 17 jul. 2010.

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ANEXOS

DECLARAÇÃO DA OIT SOBRE OS PRINCÍPIOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS

NO TRABALHO

Considerando que a criação da OIT procede da convicção de que a justiça

social é essencial para garantir uma paz universal e permanente;

Considerando que o crescimento econômico é essencial, mas insuficiente,

para assegurar a equidade, o progresso social e a erradicação da pobreza, o que

confirma a necessidade de que a OIT promova políticas sociais sólidas, a justiça e

instituições democráticas;

Considerando, portanto, que a OIT deve hoje, mais do que nunca, mobilizar

o conjunto de seus meios de ação normativa, de cooperação técnica e de

investigação em todos os âmbitos de sua competência, e em particular no âmbito do

emprego, a formação profissional e as condições de trabalho, a fim de que no

âmbito de uma estratégia global de desenvolvimento econômico e social, as políticas

econômicas e sociais se reforcem mutuamente com vistas à criação de um

desenvolvimento sustentável de ampla base;

Considerando que a OIT deveria prestar especial atenção aos problemas de

pessoas com necessidades sociais especiais, em particular os desempregados e os

trabalhadores migrantes, mobilizar e estimular os esforços nacionais, regionais e

internacionais encaminhados à solução de seus problemas, e promover políticas

eficazes destinadas à criação de emprego;

Considerando que, com o objetivo de manter o vínculo entre progresso

social e crescimento econômico, a garantia dos princípios e direitos fundamentais no

trabalho reveste uma importância e um significado especiais ao assegurar aos

próprios interessados a possibilidade de reivindicar livremente e em igualdade de

oportunidades uma participação justa nas riquezas cuja criação têm contribuído,

assim como a de desenvolver plenamente seu potencial humano;

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Considerando que a OIT é a organização internacional com mandato

constitucional e o órgão competente para estabelecer Normas Internacionais do

Trabalho e ocupar-se das mesmas, e que goza de apoio e reconhecimento

universais na promoção dos direitos fundamentais no trabalho como expressão de

seus princípios constitucionais;

Considerando que numa situação de crescente interdependência econômica

urge reafirmar a permanência dos princípios e direitos fundamentais inscritos na

Constituição da Organização, assim como promover sua aplicação universal.

A Conferência Internacional do Trabalho,

1. Lembra:

a) que no momento de incorporar-se livremente à OIT, todos os Membros

aceitaram os princípios e direitos enunciados em sua Constituição e na Declaração

de Filadélfia, e se comprometeram a esforçar-se por alcançar os objetivos gerais da

Organização na medida de suas possibilidades e atendendo a suas condições

específicas;

b) que esses princípios e direitos têm sido expressados e desenvolvidos sob

a forma de direitos e obrigações específicos em convenções que foram

reconhecidas como fundamentais dentro e fora da Organização.

2. Declara que todos os Membros, ainda que não tenham ratificado as

convenções aludidas, têm um compromisso derivado do fato de pertencer à

Organização de respeitar, promover e tornar realidade, de boa fé e de conformidade

com a Constituição, os princípios relativos aos direitos fundamentais que são objeto

dessas convenções, isto é:

a) a liberdade sindical e o reconhecimento efetivo do direito de negociação

coletiva;

b) a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório;

c) a abolição efetiva do trabalho infantil; e,

d) a eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação.

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3. Reconhece a obrigação da Organização de ajudar a seus Membros, em

resposta às necessidades que tenham sido estabelecidas e expressadas, a alcançar

esses objetivos fazendo pleno uso de seus recursos constitucionais, de

funcionamento e orçamentários, incluída a mobilização de recursos e apoio

externos, assim como estimulando a outras organizações internacionais com as

quais a OIT tenha estabelecido relações, de conformidade com o artigo 12 de sua

Constituição, a apoiar esses esforços:

a) oferecendo cooperação técnica e serviços de assessoramento destinados

a promover a ratificação e aplicação das convenções fundamentais;

b) assistindo aos Membros que ainda não estão em condições de ratificar

todas ou algumas dessas convenções em seus esforços por respeitar, promover e

tornar realidade os princípios relativos aos direitos fundamentais que são objeto

dessas convenções; e,

c) ajudando aos Membros em seus esforços por criar um meio ambiente

favorável de desenvolvimento econômico e social.

4. Decide que, para tornar plenamente efetiva a presente Declaração,

implementar-se-á um seguimento promocional, que seja crível e eficaz, de acordo

com as modalidades que se estabelecem no anexo que será considerado parte

integrante da Declaração.

5. Sublinha que as normas do trabalho não deveriam utilizar-se com fins

comerciais protecionistas e que nada na presente Declaração e seu seguimento

poderá invocar-se nem utilizar-se de outro modo com esses fins; ademais, não

deveria de modo algum colocar-se em questão a vantagem comparativa de qualquer

país sobre a base da presente Declaração e seu seguimento.

I. OBJETIVO GERAL

1. O objetivo do seguimento descrito a seguir é estimular os esforços

desenvolvidos pelos Membros da Organização com o objetivo de promover os

princípios e direitos fundamentais consagrados na Constituição da OIT e a

Declaração de Filadélfia, que a Declaração reitera.

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2. De conformidade com este objetivo estritamente promocional, o presente

seguimento deverá contribuir a identificar os âmbitos em que a assistência da

Organização, por meio de suas atividades de cooperação técnica, possa resultar útil

a seus Membros com o fim de ajudá-los a tornar efetivos esses princípios e direitos

fundamentais. Não poderá substituir os mecanismos de controle estabelecidos nem

obstar seu funcionamento; por conseguinte, as situações particulares próprias ao

âmbito desses mecanismos não poderão discutir-se ou rediscutir-se no âmbito do

referido seguimento.

3. Os dois aspectos do presente seguimento, descritos a seguir, recorrerão

aos procedimentos existentes; o seguimento anual relativo às convenções não

ratificadas somente suporá certos ajustes às atuais modalidades de aplicação do

artículo 19, parágrafo 5, e) da Constituição, e o relatório global permitirá otimizar os

resultados dos procedimentos realizados em cumprimento da Constituição.

II. SEGUIMENTO ANUAL RELATIVO ÀS CONVENÇÕES FUNDAMENTAIS NÃO

RATIFICADAS

A. Objeto e âmbito de aplicação.

1. Seu objetivo é proporcionar uma oportunidade de seguir a cada ano,

mediante um procedimento simplificado que substituirá o procedimento quadrienal

introduzido em 1995 pelo Conselho de Administração, os esforços desenvolvidos de

acordo com a Declaração pelos Membros que não ratificaram ainda todas as

convenções fundamentais.

2. O seguimento abrangerá a cada ano as quatro áreas de princípios e

direitos fundamentais enumerados na Declaração.

B. Modalidades

1. O seguimento terá como base relatórios solicitados aos Membros em

virtude do artigo 19, parágrafo 5, e) da Constituição. Os formulários de memória

serão estabelecidos com a finalidade de obter dos governos que não tiverem

ratificado alguma das convenções fundamentais, informação sobre as mudanças

que ocorreram em sua legislação e sua prática, considerando o artigo 23 da

Constituição e a prática estabelecida.

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2. Esses relatórios, recopilados pela Repartição, serão examinadas pelo

Conselho de Administração.

3. Com o fim de preparar uma introdução à compilação dos relatórios assim

estabelecida, que permita chamar a atenção sobre os aspectos que mereçam em

seu caso uma discussão mais detalhada, a Repartição poderá recorrer a um grupo

de peritos nomeados com este fim pelo Conselho de Administração.

4. Deverá ajustar-se o procedimento em vigor do Conselho de Administração

para que os Membros que não estejam nele representados possam proporcionar, da

maneira mais adequada, os esclarecimentos que no seguimento de suas discussões

possam resultar necessárias ou úteis para completar a informação contida em suas

memórias.

III. RELATÓRIO GLOBAL

A. Objeto e âmbito de aplicação.

1. O objeto deste relatório é facilitar uma imagem global e dinâmica de cada

uma das categorias de princípios e direitos fundamentais observada no período

quadrienal anterior, servir de base à avaliação da eficácia da assistência prestada

pela Organização e estabelecer as prioridades para o período seguinte mediante

programas de ação em matéria de cooperação técnica destinados a mobilizar os

recursos internos e externos necessários a respeito.

2. O relatório tratará sucessivamente cada ano de uma das quatro

categorias de princípios e direitos fundamentais.

B. Modalidades

1. O relatório será elaborado sob a responsabilidade do Diretor-Geral sobre

a base de informações oficiais ou reunidas e avaliadas de acordo com os

procedimentos estabelecidos. Em relação aos países que ainda não ratificaram as

convenções fundamentais, referidas informações terão como fundamento, em

particular, no resultado do seguimento anual antes mencionado. No caso dos

Membros que tenham ratificado as convenções correspondentes, estas informações

terão como base, em particular, os relatórios (memórias) tal como são apresentados

e tratados em virtude do artículo 22 da Constituição.

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2. Este relatório será apresentado à Conferência como um relatório do

Diretor-Geral para ser objeto de uma discussão tripartite. A Conferência poderá

tratá-lo de um modo distinto do inicialmente previsto para os relatórios aos que se

refere o artigo 12 de seu Regulamento, e poderá fazê-lo numa sessão separada

dedicada exclusivamente a esse informe ou de qualquer outro modo apropriado.

Posteriormente, corresponderá ao Conselho de Administração, durante uma de suas

reuniões subsequentes mais próximas, tirar as conclusões de referido debate no

relativo às prioridades e aos programas de ação em matéria de cooperação técnica

que deva implementar durante o período quadrienal correspondente.

IV. FICA ENTENDIDO QUE:

1. O Conselho de Administração e a Conferência deverão examinar as

emendas que resultem necessárias a seus regulamentos respectivos para executar

as disposições anteriores.

2. A Conferência deverá, em determinado momento, reexaminar o

funcionamento do presente seguimento considerando a experiência adquirida, com a

finalidade de comprovar se este mecanismo está ajustado convenientemente ao

objetivo enunciado na Parte I.

3. O texto anterior é o texto da Declaração da OIT relativa aos princípios e

direitos fundamentais no trabalho e seu seguimento devidamente adotada pela

Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho durante a Octogésima

sexta reunião, realizada em Genebra e cujo encerramento foi declarado em 18 de

junho de 1998.

É FÉ DO QUAL foi assinado neste décimo nono dia de junho de 1998.

Presidente da Conferência

JEAN-JACQUES OECHSLIN

O Diretor Geral da Oficina Internacional do Trabalho

MICHEL HANSENNE OIT 2001