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1 Módulo 1 Língua Brasileira de Sinais: conceitos importantes Apresentação do Módulo Neste módulo você estudará conceitos importantes que irão auxiliá-lo na aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Objetivos do Módulo Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: Definir o que é Libras; Compreender a trajetória histórica das línguas de sinais no mundo e no Brasil; Exercitar o alfabeto manual da Libras. Estrutura do Módulo Aula 1 O que é a Língua Brasileira de Sinais (Libras)? Aula 2 Principais aspectos históricos Aula 3 Hora da prática: exercitando o alfabeto Aula 1 O que é a Língua Brasileira de Sinais (Libras)? Para iniciar sua construção da aprendizagem, assista ao vídeo sobre as dificuldades que os deficientes auditivos enfrentam no seu dia a dia.

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Page 1: 1. Libras Modulo1 Compilado

1

Módulo 1 – Língua Brasileira de Sinais: conceitos importantes

Apresentação do Módulo

Neste módulo você estudará conceitos importantes que irão auxiliá-lo na aprendizagem da

Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Objetivos do Módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

Definir o que é Libras;

Compreender a trajetória histórica das línguas de sinais no mundo e no Brasil;

Exercitar o alfabeto manual da Libras.

Estrutura do Módulo

Aula 1 – O que é a Língua Brasileira de Sinais (Libras)?

Aula 2 – Principais aspectos históricos

Aula 3 – Hora da prática: exercitando o alfabeto

Aula 1 – O que é a Língua Brasileira de Sinais (Libras)?

Para iniciar sua construção da aprendizagem, assista ao vídeo sobre as dificuldades que os

deficientes auditivos enfrentam no seu dia a dia.

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2

Dificuldades no cotidiano dos deficientes

auditivos 1

Você já vivenciou situações como essas?

Tem parentes, vizinhos ou conhece alguém que já tenha passado por dificuldades desse

tipo?

Momentos como os apresentados no vídeo são cotidianamente vivenciados em todas as

instâncias públicas de atendimento ao cidadão por cerca de 6 milhões de brasileiras e

brasileiros que possuem deficiência auditiva. Em geral, as pessoas com deficiência auditiva

em nível severo e profundo 2

utilizam apenas a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como

forma de comunicação.

Embora a legislação, que você estudará mais adiante, determine a presença de intérpretes

da Libras em todas as instâncias públicas, boa parte dos serviços prestados ao cidadão

poderiam ser bem resolvidos se os servidores públicos tivessem conhecimento básico da

Língua Brasileira de Sinais (Libras), especialmente se relacionarmos tais conhecimentos às

atribuições dos agentes da segurança pública.

Os atendimentos realizados pelas polícias civil, militar e federal e pelo Corpo de

Bombeiros – ocorrências que, em geral, acontecem em ambientes externos às sedes

administrativas e em situações de rotina ou emergenciais com diversos níveis de

complexidade – ficariam inviabilizados caso dependessem de um intérprete para cada

ocorrência envolvendo pessoas com deficiência auditiva. Assim, o conhecimento da Libras

pelo maior número possível de agentes torna-se imprescindível.

1. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HZ79chg98Yc&feature=player_embedded, acesso em: 01

agosto 2012.

2

Acessa o arquivo Niveis de perda auditiva.pdf

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3

1.1. Vamos iniciar

Ainda hoje há quem, erroneamente, acredite que as línguas de sinais são apenas um

conjunto de pantomimas, compostas por uma combinação de gestos que permitem aos seus

usuários uma comunicação rudimentar (Hickok, Bellugi & Klima, 2001), ou que, ao se

comunicar, a pessoa surda esteja “escrevendo no ar” as palavras da língua oral por meio do

alfabeto digital, ou, ainda, que todos os sinais sejam icônicos, isto é, a representação no

espaço de seu referente.

Ao contrário, as línguas de sinais são sistemas altamente estruturados, constituídos de toda

a complexidade gramatical das línguas faladas, regras bem definidas e vários níveis de

estrutura linguística, como morfologia, sintaxe, semântica, pragmática; além de serem

dotadas de riqueza lexical e de sofrerem variações linguísticas.

Os itens lexicais, que nas línguas orais são chamados de palavras, são denominados

“sinais” (de onde deriva o nome Língua de Sinais). Eles podem ser icônicos ou arbitrários

e conseguem descrever toda a complexidade, concretude e abstração inerentes ao

pensamento humano. Veja, abaixo, exemplos de sinais icônicos e arbitrários.

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4

ICÔNICOS

CASA

CAVALO

ARBITRÁRIOS

AMIG@ TRABALHAR

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5

Quando se fala em línguas de sinais, refere-se a elas no plural porque, assim como as

línguas orais, elas não são universais. Cada país possui sua própria língua, que ainda sofre

as variações linguísticas geradas pelos regionalismos, gírias, linguagem em sentido

figurado ou códigos linguísticos próprios, como os das tribos urbanas, por exemplo

(Freitas, 2009).

É possível constatar, então, que as línguas de sinais são sistemas linguísticos independentes

das línguas orais.

E de onde elas vêm? Como surgiram as línguas de sinais?

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6

Qual é a terminologia correta?

Linguagem de sinais?

Língua dos sinais?

Língua de sinais?

O correto é “língua de sinais”, porque se trata de uma língua viva e, portanto, a quantidade

de sinais está em aberto, possibilitando o acréscimo de novos sinais. Quando se diz “língua

dos sinais”, fica implícito que a quantidade de sinais já está fechada.

Aula 2 – Aspectos históricos

2.1. Gestualismo X

Oralismo

A concepção das línguas de sinais como línguas é muito recente, embora muitos estudiosos

apontem que seu surgimento seja tão remoto quanto o surgimento da própria linguagem

humana. A imprecisão da origem se dá principalmente pelo fato de que essas línguas, até

bem pouco tempo, não apresentavam registros escritos. Para se ter uma ideia, o primeiro

livro conhecido em inglês que descreve a língua de sinais, escrito por J. Bulwer, é datado

de 1644 (Ramos, 2011), quase quatro mil anos depois do aparecimento dos primeiros

livros.

Apenas a partir de 1997, um grupo de pesquisadores vem desenvolvendo um processo de

representação gráfica das línguas de sinais, chamado Sign Writing ou Escrita de Sinais.

Veja, no quadro abaixo, um exemplo dessa escrita.

Bebê do gên. feminino Mulher Bebê

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7

Page 8: 1. Libras Modulo1 Compilado

8

Além da ausência de registros, as línguas de sinais sofreram, ao longo do tempo, todo o

impacto da rejeição social à qual as pessoas surdas foram historicamente submetidas. A

dificuldade de convivência com o diferente, marca da sociedade-padrão, relegou a pessoa

surda ao isolamento e à negação dos direitos básicos de cidadania.

Por muito tempo, desde a Idade Antiga, os surdos foram vistos como não passíveis de vida

em sociedade. A surdez era vista como um defeito ou patologia que os impediam de

exercer sua cidadania, sendo sua forma de comunicação o marco denunciador dessa

patologia.

Acreditava-se que, por não falarem, os surdos não tinham capacidade de raciocínio, de

aprendizagem ou mesmo de tomada de decisão, ficando suas escolhas a cargo de seus

tutores. Direitos básicos, como os de tirar documentos, receber herança, casar-se, constituir

família ou patrimônio, por exemplo, eram-lhes sumariamente negados.

Mas, a partir do final da Idade Média, evidencia-se um processo de reconhecimento do

indivíduo surdo como ser social, especialmente a partir de suas potencialidades educativas.

Familiares, educadores, filósofos e médicos buscaram compreender os processos de

aprendizagem dos surdos, oferecendo-lhes novas oportunidades de vida social.

Destaca-se, nesse movimento, Charles Michel de L’Epée, abade francês que, por volta dos

anos 1750, desenvolvia um trabalho de educação de surdos. L’Epée observou que os

surdos se comunicavam utilizando um conjunto de gestos com significado funcional e

lançou mão dessa comunicação para o desenvolvimento de estratégias pedagógicas

diferenciadas.

Fonte: Disponível

em:http://4.bp.blogspot.com/_wWHW1rCZRLQ/THwLED_ZobI/AAAAAAAAALU/nSzu

3AVTe3Q/s1600/classe001.png, acesso em: 01 agosto 2012.

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9

Abade Michel L’Epée Fonte3:

L’Epée priorizava a comunicação gestual como mecanismo de transmissão de

conhecimentos, como a leitura e escrita e as operações matemáticas básicas, além de

conteúdos socialmente relevantes.

Engajado na socialização do surdo, L’Epée registrava sistematicamente suas experiências e

as divulgava, com a expectativa de que a sociedade compreendesse que o desenvolvimento

individual e social do surdo dependia essencialmente do desenvolvimento de um canal

comunicativo adequado; nesse caso, o gestual.

Por esse trabalho, L’Epée ficou mundialmente conhecido como “pai dos surdos”, título que

permanece até os dias atuais.

Quase simultaneamente a L’Epée, mas em outra linha filosófica, o alemão Samuel

Heinicke trabalhava a produção da fala. Ele acreditava que os surdos precisavam

desenvolver a competência linguística oral e, o máximo possível, comportar-se dentro dos

padrões de normalidade, de modo a constituir o universo ouvinte como membro produtivo

(Capovilla, 2004).

Samuel Heinicke

4

Fonte: Disponível em:http://www.renzelberg.de/historyover/Heinicke3.jpg, acesso em 02 agosto 2012.

Para Heinicke, o desenvolvimento cognitivo provinha do uso da palavra e, portanto, a

comunicação gestual impedia o melhor desempenho social dos surdos, dificultando a

aprendizagem e tornando evidente sua deficiência.

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As divergências entre as duas abordagens educacionais se arrastaram por anos e marcaram

em definitivo as concepções de surdez, linguagem e pessoa surda, polarizando as

discussões em gestualismo e oralismo.

A corrente oralista, contudo, tinha maior aceitação social e, por isso, ganhava força como

estratégia educativa. A ideia de “normalizar” o surdo por meio do desenvolvimento da

competência linguística oral e do comportamento social, emocional e cognitivo semelhante

ao dos ouvintes caía bem aos olhos da sociedade que, apoiada principalmente por grupos

religiosos, imaginava estar equacionando o grande problema da exclusão do surdo. Na

verdade, hoje sabe-se que se mascarava a inabilidade dos grupos sociais majoritários em

lidar com o diferente. Tanto que a principal deliberação do II Congresso Internacional de

Instrução de Surdos, ocorrido em 1880, em Milão, Itália, foi o banimento da língua de

sinais.

Nesse Congresso, muitos estudiosos apresentaram casos bem sucedidos de reabilitação de

surdos por meio da aquisição da fala, sendo estes cruciais para a defesa de que o oralismo

fosse aclamado como o melhor método educacional para o surdo. Como consequência, a

partir de então, o uso dos sinais foi proibido nas escolas e, posteriormente, em outros

grupos sociais, como a igreja e as famílias.

Local onde foi realizado o Congresso em Milão, Itália.

Fonte:5

Essa proibição, equivocada, durou aproximadamente cem anos, mas seus efeitos são

percebidos até hoje, por exemplo: a baixa inserção dos surdos no mundo do trabalho, os

Fonte5: Disponível em:

http://www.milan1880.com/milan1880congress/venuegallery/Resources/frontanglerightf.jpeg, acesso em 02

agosto 2012.

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altos índices de reprovação e evasão escolar, o analfabetismo na língua escrita, a falta de

acesso aos serviços

públicos, entre outros

aspectos.

Alexander Graham Bell participou do Congresso de Milão e foi um grande defensor do

oralismo. Professor de Fisiologia da Voz, cientista influente e casado com uma surda,

Mabel, Graham Bell era declaradamente contrário ao uso dos sinais e às comunidades

surdas, e contribuiu de forma efetiva para o estabelecimento do oralismo no mundo.

2.2. Século XX

Ante os baixos avanços sociais dos surdos em relação às técnicas de ensino da fala e

considerando que eles, de fato, nunca deixaram de usar os sinais, pois o faziam às

escondidas nas associações de surdos, o oralismo entrou em declínio.

Já no século XX, por volta dos anos 1970, um grupo de surdos passou a reivindicar

publicamente o direito de voltar a se comunicar em sinais, propondo outra abordagem

educacional, que ficou conhecida como “comunicação total” ou “bimodalismo”.

A comunicação total permitia a utilização simultânea de gestos naturais, língua de sinais,

alfabeto digital, fala e aparelhos de amplificação sonora. Era um grande caldeirão de

técnicas e estratégias empregadas sem regras ou norteadores.

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Por um tempo, essa foi uma resposta melhor ao oralismo. Contudo, começou-se a

questionar qual língua estava sendo realmente utilizada e ensinada nas escolas. Se, por um

lado, havia o ganho da comunicação em sinais, por outro, esses sinais estavam sendo

transpostos para a estrutura da língua oral, o que, no Brasil, ficou conhecido como

português sinalizado.

Notícias do mundo surdo

Nem todo surdo faz leitura labial e, quando o faz, não consegue compreender todas as

palavras. Pesquisas feitas nos Estados Unidos constataram que, mesmo com anos de

treinamento de técnicas de oralização, uma pessoa surda só é capaz de captar cerca de 20%

da mensagem.

Fonte: Quadros, Ronice M. O contexto escolar do aluno surdo e o papel das línguas.

Disponível em: http://virtual.udesc.br/Midiateca/Publicacoes_Educacao_de_Surdos/artigo08.htm,

acesso em: 03 agosto 2012.

Nesse contexto, não se usava nem língua de sinais, nem língua oral adequadamente. A

compreensão do surdo acerca das coisas do mundo e da escola ficava fragmentada, pois ele

apenas entendia os sinais isoladamente. Um pouco mais adiante, você terá a oportunidade

de conhecer melhor a estrutura da língua de sinais.

Sem resultados significativos, a comunicação total também teve seus dias contados.

Porém, em uma luta contínua, na década de 1980, os surdos passaram a reivindicar um

idioma próprio: a língua de sinais.

Essa reivindicação tem sua legitimidade construída a partir dos anos 1960, quando as

pesquisas das neurociências começaram a oferecer as bases científicas que atribuíam às

línguas de sinais o papel de único instrumento capaz de dar conta das necessidades

comunicativas dos surdos (Ramos, 2011).

Os avanços dos estudos de neuroimagens por meio de exames, como a ressonância

magnética funcional e a tomografia computadorizada, por exemplo, permitiram analisar a

atividade sináptica das diversas regiões cerebrais, possibilitando a observação em tempo

real da funcionalidade do cérebro.

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Veja, a seguir, uma amostra da atividade neural nas regiões cerebrais relacionadas à

linguagem. À esquerda, sujeitos surdos usuários da Língua Britânica de Sinais (BSL); ao

centro, de ouvintes usuários de BSL e, à direita, de ouvintes usuários da língua inglesa

oral.

Fonte: MacSweeney et al., 2006.

Pelas imagens, é possível verificar a similaridade funcional das áreas da linguagem em

surdos e ouvintes que utilizam a língua de sinais e a língua oral. Estudos como esse

contribuíram para o reconhecimento das línguas de sinais como línguas independentes.

Nesse sentido, as análises sobre os aspectos funcionais da linguagem têm demonstrado

que, embora sejam de modalidades diferentes, as línguas orais e as de sinais apresentam

funcionamento análogo entre si, ativando as mesmas estruturas cerebrais tanto para

produção quanto para compreensão das mensagens.

Esses achados científicos contribuíram de forma sistemática para a compreensão do status

linguístico das línguas de sinais e, em consequência, para o surgimento de outra

abordagem educacional denominada “bilinguismo”, uma proposta sócio-antropológica da

surdez que se baseia na condição bilíngue e bicultural do surdo, que convive, em seu dia a

dia, com duas línguas: a língua de sinais e a língua oral de seu país, e duas culturas: a

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cultura da comunidade surda e a da comunidade ouvinte de seu país (Quadros, 2006).

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Importante!

O bilinguismo reconhece a língua de sinais como primeira língua (L1) da comunidade

surda – devendo o surdo, por meio dela, ter acesso aos conhecimentos socialmente

relevantes – e a língua oral do país como sua segunda língua (L2), empregada sobretudo

para registro.

Essa concepção também nos auxilia a compreender a internacionalidade das línguas, posto

que os registros escritos nas diversas línguas orais apresentam aos não surdos as

complexidades das línguas de sinais. Assim, podemos entender que a comunidade surda

britânica utiliza a British Sign Language (BSL); a francesa, a Language Française des

Signes (LFS); a comunidade estadunidense, a American Sign Language (ASL); e, claro, a

comunidade surda brasileira, a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Mas existe uma língua de sinais planejada, criada para, assim como o Esperanto, ser

utilizada por usuários de diferentes línguas em eventos internacionais comuns. Chamada de

Gestuno ou Língua Internacional de Sinais, essa língua é composta por um conjunto-

padrão de sinais que pode ser aplicado à gramática da língua de sinais de origem do

usuário.

2.3. E no Brasil?

A partir do século XIX, com a ascensão de D. Pedro II ao trono, o Brasil passa a

acompanhar os acontecimentos da Europa e Estados Unidos, inclusive aderindo à filosofia

oralista de educação de surdos. De certa forma, mesmo com suas limitações, o oralismo

trouxe ao país algumas alternativas à educação dos surdos, antes sem visibilidade.

Em 1875, foi inaugurado no Rio de Janeiro o primeiro Instituto Nacional de Surdos-

Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), precedido pelo Imperial

Instituto dos Meninos Cegos, criado em 1854, atual Instituto Benjamin Constant.

O INES é, hoje, a mais importante instituição de educação de surdos do país, atendendo a

aproximadamente 600 alunos, da educação infantil ao ensino médio, além de oferecer

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formação inicial e continuada em Libras a professores.

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Instituto Nacional de Educação de Surdos, Rio de Janeiro

Fonte: 6

A exemplo das demais comunidades surdas do mundo, no Brasil, em meados dos anos

1980, com base nas pesquisas de Lucinda Ferreira Brito, doutora em Linguística da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, deu-se início aos estudos da Língua Brasileira de

Sinais (Libras) e à adesão ao bilinguismo.

Como resultado desse movimento, em 2002, foi sancionada a Lei nº 10.436 7

que

reconhece e legitima a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como primeira língua (L1) da

comunidade surda brasileira.

Fonte: 6 Disponível em: http://www.ines.gov.br/institucional, acesso em 02 agosto 2012.

Fonte: 7 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10436.htm, acesso em 02 agosto

2012.

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Esse foi um passo importantíssimo, pois, ao reconhecer o status linguístico da Libras, a lei

garante que o acesso da pessoa surda aos conhecimentos socialmente relevantes deverá ser

por meio dela, determinando ainda que a língua portuguesa deverá ser o meio de registro.

Popularmente conhecida como Lei de Libras, a 10.436/2002 foi regulamentada pelo

Decreto nº 5.626/2005 8

que estabelece, entre outros aspectos, a inclusão da Libras como

componente curricular nos cursos de licenciaturas e fonoaudiologia das instituições

públicas e privadas de ensino superior e, ainda, a educação na modalidade bilíngue para os

surdos na educação básica, com garantias de atendimento qualificado e a presença de

intérprete na sala de aula.

Quantos surdos existem no Brasil?

Existem hoje, no Brasil, aproximadamente 6 milhões de pessoas com algum nível de perda

auditiva, dos quais 1 milhão têm grande dificuldade ou são incapazes de ouvir e cerca de

1250 pessoas surdocegas9

(IBGE, 2000).

Embora o número de pessoas que apresentam perda auditiva por exposição constante a

ruído esteja aumentando, as principais causas da surdez ainda são relacionadas a infecções,

como rubéola, sarampo ou meningite.

Aula 3 – Hora da prática: exercitando o alfabeto

Nesta aula prática você exercitará o alfabeto datilológico, mas antes saiba mais sobre ele.

3.1. Alfabeto datilológico

Fonte8: Disponível em: http://www.presidencia.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-

2006/2005/Decreto/D5626.htm, acesso em 02 agosto 2012.

9

SURDOCEGUEIRA.pdf,

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3.1. Alfabeto datilológico

Você sabe o que é datilologia? É a soletração de uma palavra utilizando o alfabeto digital

ou manual da língua de sinais.

O alfabeto manual da Libras tem sua base no alfabeto da Língua Francesa de Sinais e,

neste, cada sinal corresponde a uma letra (veja o quadro acima).

A datilologia é comumente usada para expressar substantivos próprios, também palavras

que não possuem sinal conhecido ou, ainda, palavras da língua portuguesa que foram

incorporadas à Libras e, por isso, são também soletradas, como “nunca”, “oi” e “reais”.

Importante!

É importante frisar que o emprego da datilologia não substitui o uso correto dos sinais,

pois, assim como no português, a Libras tem um léxico próprio, comunicado pelos sinais.

E é bom destacar que, como vimos no vídeo, a relação da pessoa surda com a língua

portuguesa é diferenciada.

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Notícias do mundo surdo

Nem mesmo os nomes das pessoas são expressos pela datilologia todas as vezes que são

mencionados.

As pessoas que fazem parte da comunidade surda (surdas ou não) ou famosa e autoridades

recebem um sinal específico, individual, uma espécie de apelido em Libras, para que não

seja necessária a soletração a cada vez que se referir a elas.

3.2. Dicas de alongamento para mãos e punhos Os exercícios de alongamento para mãos e punhos são importantes para a realização dos

sinais com maior desenvoltura. É recomendável realizá-los antes do início das atividades

práticas.

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Fonte:10

Disponível em: http://silviaparreira.blogspot.com/2011/04/exercicios-de-alongamento-para-as-

maos.html, acesso em 02 agosto 2012.

3.3. Exercitando

Assista ao vídeo e exercite o alfabeto manual.

Vídeo do alfabeto manual . Falta o videos

Para descontrair

Assista à linda interpretação, em Libras, para a música “Como é grande o meu amor por

você”11

, de Roberto Carlos. Aproveite para praticar, cantando junto com a intérprete!

Fonte: 11 Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=fR4gcgmF3lQ&feature=related, acesso em

02 agosto 2012.

Finalizando... Neste módulo você estudou que:

A concepção das línguas de sinais como línguas é muito recente, embora muitos

estudiosos apontem que seu surgimento seja tão remoto quanto o surgimento da

própria linguagem humana;

As línguas de sinais são independentes das línguas orais, possuem toda a

complexidade gramatical de qualquer língua oral e não são universais; cada país

possui sua própria língua de sinais;

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No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida oficialmente pela

Lei nº 10.436/2002 como a primeira língua da comunidade surda brasileira.

Como atividade prática, você exercitou o alfabeto manual da Libras, compreendendo que

sua utilização está associada aos substantivos próprios, palavras que não possuem sinal

específico ou que foram incorporadas da língua portuguesa.

Exercícios

1. Assinale a alternativa correta:

De acordo com os estudos realizados em nossa primeira aula, a Lei nº 10.436/2002:

( ) Reconhece a Libras como uma língua com estrutura gramatical própria e como

primeira língua da comunidade surda brasileira.

( ) Determina que a Língua Brasileira de Sinais substitua gradativamente a língua

portuguesa para as pessoas com deficiência auditiva.

( ) Orienta que o poder público e as empresas concessionárias de serviços públicos

ofereçam apoio ao uso e difusão da Libras.

( ) Determina que as instituições de ensino superior incluam, em seus cursos de

formação de professores, o ensino da Libras como componente curricular.

a) ( ) V, V, V, F

b) ( ) V, F, V, V

c) ( ) V, V, F, F

d) ( ) V, V, F, V

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2. Assinale a alternativa correta.

a) ( ) A Libras compõe um conjunto padronizado de sinais, que compõe a língua universal

das comunidades surdas do mundo.

b) ( ) Sob a ótica do bilinguismo, o indivíduo surdo não deve aprender a língua

portuguesa, pois sua primeira língua (L1) é a Libras.

c) ( ) Bilinguismo é uma abordagem educacional que compreende o sujeito surdo como

bilíngue e bicultural.

d) ( ) Em que pese a necessidade de uso e difusão da Libras, a abordagem oralista é a

mais indicada para os surdos, pois eles aprendem a se comportar como os ouvintes,

evitando o preconceito.

3. Faça um vídeo “escrevendo” seu nome completo, cidade e estado onde mora. Envie

para seu tutor no prazo definido.