1. libras modulo1 compilado
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Módulo 1 – Língua Brasileira de Sinais: conceitos importantes
Apresentação do Módulo
Neste módulo você estudará conceitos importantes que irão auxiliá-lo na aprendizagem da
Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Objetivos do Módulo
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:
Definir o que é Libras;
Compreender a trajetória histórica das línguas de sinais no mundo e no Brasil;
Exercitar o alfabeto manual da Libras.
Estrutura do Módulo
Aula 1 – O que é a Língua Brasileira de Sinais (Libras)?
Aula 2 – Principais aspectos históricos
Aula 3 – Hora da prática: exercitando o alfabeto
Aula 1 – O que é a Língua Brasileira de Sinais (Libras)?
Para iniciar sua construção da aprendizagem, assista ao vídeo sobre as dificuldades que os
deficientes auditivos enfrentam no seu dia a dia.
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Dificuldades no cotidiano dos deficientes
auditivos 1
Você já vivenciou situações como essas?
Tem parentes, vizinhos ou conhece alguém que já tenha passado por dificuldades desse
tipo?
Momentos como os apresentados no vídeo são cotidianamente vivenciados em todas as
instâncias públicas de atendimento ao cidadão por cerca de 6 milhões de brasileiras e
brasileiros que possuem deficiência auditiva. Em geral, as pessoas com deficiência auditiva
em nível severo e profundo 2
utilizam apenas a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como
forma de comunicação.
Embora a legislação, que você estudará mais adiante, determine a presença de intérpretes
da Libras em todas as instâncias públicas, boa parte dos serviços prestados ao cidadão
poderiam ser bem resolvidos se os servidores públicos tivessem conhecimento básico da
Língua Brasileira de Sinais (Libras), especialmente se relacionarmos tais conhecimentos às
atribuições dos agentes da segurança pública.
Os atendimentos realizados pelas polícias civil, militar e federal e pelo Corpo de
Bombeiros – ocorrências que, em geral, acontecem em ambientes externos às sedes
administrativas e em situações de rotina ou emergenciais com diversos níveis de
complexidade – ficariam inviabilizados caso dependessem de um intérprete para cada
ocorrência envolvendo pessoas com deficiência auditiva. Assim, o conhecimento da Libras
pelo maior número possível de agentes torna-se imprescindível.
1. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HZ79chg98Yc&feature=player_embedded, acesso em: 01
agosto 2012.
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Acessa o arquivo Niveis de perda auditiva.pdf
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1.1. Vamos iniciar
Ainda hoje há quem, erroneamente, acredite que as línguas de sinais são apenas um
conjunto de pantomimas, compostas por uma combinação de gestos que permitem aos seus
usuários uma comunicação rudimentar (Hickok, Bellugi & Klima, 2001), ou que, ao se
comunicar, a pessoa surda esteja “escrevendo no ar” as palavras da língua oral por meio do
alfabeto digital, ou, ainda, que todos os sinais sejam icônicos, isto é, a representação no
espaço de seu referente.
Ao contrário, as línguas de sinais são sistemas altamente estruturados, constituídos de toda
a complexidade gramatical das línguas faladas, regras bem definidas e vários níveis de
estrutura linguística, como morfologia, sintaxe, semântica, pragmática; além de serem
dotadas de riqueza lexical e de sofrerem variações linguísticas.
Os itens lexicais, que nas línguas orais são chamados de palavras, são denominados
“sinais” (de onde deriva o nome Língua de Sinais). Eles podem ser icônicos ou arbitrários
e conseguem descrever toda a complexidade, concretude e abstração inerentes ao
pensamento humano. Veja, abaixo, exemplos de sinais icônicos e arbitrários.
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ICÔNICOS
CASA
CAVALO
ARBITRÁRIOS
AMIG@ TRABALHAR
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Quando se fala em línguas de sinais, refere-se a elas no plural porque, assim como as
línguas orais, elas não são universais. Cada país possui sua própria língua, que ainda sofre
as variações linguísticas geradas pelos regionalismos, gírias, linguagem em sentido
figurado ou códigos linguísticos próprios, como os das tribos urbanas, por exemplo
(Freitas, 2009).
É possível constatar, então, que as línguas de sinais são sistemas linguísticos independentes
das línguas orais.
E de onde elas vêm? Como surgiram as línguas de sinais?
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Qual é a terminologia correta?
Linguagem de sinais?
Língua dos sinais?
Língua de sinais?
O correto é “língua de sinais”, porque se trata de uma língua viva e, portanto, a quantidade
de sinais está em aberto, possibilitando o acréscimo de novos sinais. Quando se diz “língua
dos sinais”, fica implícito que a quantidade de sinais já está fechada.
Aula 2 – Aspectos históricos
2.1. Gestualismo X
Oralismo
A concepção das línguas de sinais como línguas é muito recente, embora muitos estudiosos
apontem que seu surgimento seja tão remoto quanto o surgimento da própria linguagem
humana. A imprecisão da origem se dá principalmente pelo fato de que essas línguas, até
bem pouco tempo, não apresentavam registros escritos. Para se ter uma ideia, o primeiro
livro conhecido em inglês que descreve a língua de sinais, escrito por J. Bulwer, é datado
de 1644 (Ramos, 2011), quase quatro mil anos depois do aparecimento dos primeiros
livros.
Apenas a partir de 1997, um grupo de pesquisadores vem desenvolvendo um processo de
representação gráfica das línguas de sinais, chamado Sign Writing ou Escrita de Sinais.
Veja, no quadro abaixo, um exemplo dessa escrita.
Bebê do gên. feminino Mulher Bebê
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Além da ausência de registros, as línguas de sinais sofreram, ao longo do tempo, todo o
impacto da rejeição social à qual as pessoas surdas foram historicamente submetidas. A
dificuldade de convivência com o diferente, marca da sociedade-padrão, relegou a pessoa
surda ao isolamento e à negação dos direitos básicos de cidadania.
Por muito tempo, desde a Idade Antiga, os surdos foram vistos como não passíveis de vida
em sociedade. A surdez era vista como um defeito ou patologia que os impediam de
exercer sua cidadania, sendo sua forma de comunicação o marco denunciador dessa
patologia.
Acreditava-se que, por não falarem, os surdos não tinham capacidade de raciocínio, de
aprendizagem ou mesmo de tomada de decisão, ficando suas escolhas a cargo de seus
tutores. Direitos básicos, como os de tirar documentos, receber herança, casar-se, constituir
família ou patrimônio, por exemplo, eram-lhes sumariamente negados.
Mas, a partir do final da Idade Média, evidencia-se um processo de reconhecimento do
indivíduo surdo como ser social, especialmente a partir de suas potencialidades educativas.
Familiares, educadores, filósofos e médicos buscaram compreender os processos de
aprendizagem dos surdos, oferecendo-lhes novas oportunidades de vida social.
Destaca-se, nesse movimento, Charles Michel de L’Epée, abade francês que, por volta dos
anos 1750, desenvolvia um trabalho de educação de surdos. L’Epée observou que os
surdos se comunicavam utilizando um conjunto de gestos com significado funcional e
lançou mão dessa comunicação para o desenvolvimento de estratégias pedagógicas
diferenciadas.
Fonte: Disponível
em:http://4.bp.blogspot.com/_wWHW1rCZRLQ/THwLED_ZobI/AAAAAAAAALU/nSzu
3AVTe3Q/s1600/classe001.png, acesso em: 01 agosto 2012.
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Abade Michel L’Epée Fonte3:
L’Epée priorizava a comunicação gestual como mecanismo de transmissão de
conhecimentos, como a leitura e escrita e as operações matemáticas básicas, além de
conteúdos socialmente relevantes.
Engajado na socialização do surdo, L’Epée registrava sistematicamente suas experiências e
as divulgava, com a expectativa de que a sociedade compreendesse que o desenvolvimento
individual e social do surdo dependia essencialmente do desenvolvimento de um canal
comunicativo adequado; nesse caso, o gestual.
Por esse trabalho, L’Epée ficou mundialmente conhecido como “pai dos surdos”, título que
permanece até os dias atuais.
Quase simultaneamente a L’Epée, mas em outra linha filosófica, o alemão Samuel
Heinicke trabalhava a produção da fala. Ele acreditava que os surdos precisavam
desenvolver a competência linguística oral e, o máximo possível, comportar-se dentro dos
padrões de normalidade, de modo a constituir o universo ouvinte como membro produtivo
(Capovilla, 2004).
Samuel Heinicke
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Fonte: Disponível em:http://www.renzelberg.de/historyover/Heinicke3.jpg, acesso em 02 agosto 2012.
Para Heinicke, o desenvolvimento cognitivo provinha do uso da palavra e, portanto, a
comunicação gestual impedia o melhor desempenho social dos surdos, dificultando a
aprendizagem e tornando evidente sua deficiência.
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As divergências entre as duas abordagens educacionais se arrastaram por anos e marcaram
em definitivo as concepções de surdez, linguagem e pessoa surda, polarizando as
discussões em gestualismo e oralismo.
A corrente oralista, contudo, tinha maior aceitação social e, por isso, ganhava força como
estratégia educativa. A ideia de “normalizar” o surdo por meio do desenvolvimento da
competência linguística oral e do comportamento social, emocional e cognitivo semelhante
ao dos ouvintes caía bem aos olhos da sociedade que, apoiada principalmente por grupos
religiosos, imaginava estar equacionando o grande problema da exclusão do surdo. Na
verdade, hoje sabe-se que se mascarava a inabilidade dos grupos sociais majoritários em
lidar com o diferente. Tanto que a principal deliberação do II Congresso Internacional de
Instrução de Surdos, ocorrido em 1880, em Milão, Itália, foi o banimento da língua de
sinais.
Nesse Congresso, muitos estudiosos apresentaram casos bem sucedidos de reabilitação de
surdos por meio da aquisição da fala, sendo estes cruciais para a defesa de que o oralismo
fosse aclamado como o melhor método educacional para o surdo. Como consequência, a
partir de então, o uso dos sinais foi proibido nas escolas e, posteriormente, em outros
grupos sociais, como a igreja e as famílias.
Local onde foi realizado o Congresso em Milão, Itália.
Fonte:5
Essa proibição, equivocada, durou aproximadamente cem anos, mas seus efeitos são
percebidos até hoje, por exemplo: a baixa inserção dos surdos no mundo do trabalho, os
Fonte5: Disponível em:
http://www.milan1880.com/milan1880congress/venuegallery/Resources/frontanglerightf.jpeg, acesso em 02
agosto 2012.
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altos índices de reprovação e evasão escolar, o analfabetismo na língua escrita, a falta de
acesso aos serviços
públicos, entre outros
aspectos.
Alexander Graham Bell participou do Congresso de Milão e foi um grande defensor do
oralismo. Professor de Fisiologia da Voz, cientista influente e casado com uma surda,
Mabel, Graham Bell era declaradamente contrário ao uso dos sinais e às comunidades
surdas, e contribuiu de forma efetiva para o estabelecimento do oralismo no mundo.
2.2. Século XX
Ante os baixos avanços sociais dos surdos em relação às técnicas de ensino da fala e
considerando que eles, de fato, nunca deixaram de usar os sinais, pois o faziam às
escondidas nas associações de surdos, o oralismo entrou em declínio.
Já no século XX, por volta dos anos 1970, um grupo de surdos passou a reivindicar
publicamente o direito de voltar a se comunicar em sinais, propondo outra abordagem
educacional, que ficou conhecida como “comunicação total” ou “bimodalismo”.
A comunicação total permitia a utilização simultânea de gestos naturais, língua de sinais,
alfabeto digital, fala e aparelhos de amplificação sonora. Era um grande caldeirão de
técnicas e estratégias empregadas sem regras ou norteadores.
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Por um tempo, essa foi uma resposta melhor ao oralismo. Contudo, começou-se a
questionar qual língua estava sendo realmente utilizada e ensinada nas escolas. Se, por um
lado, havia o ganho da comunicação em sinais, por outro, esses sinais estavam sendo
transpostos para a estrutura da língua oral, o que, no Brasil, ficou conhecido como
português sinalizado.
Notícias do mundo surdo
Nem todo surdo faz leitura labial e, quando o faz, não consegue compreender todas as
palavras. Pesquisas feitas nos Estados Unidos constataram que, mesmo com anos de
treinamento de técnicas de oralização, uma pessoa surda só é capaz de captar cerca de 20%
da mensagem.
Fonte: Quadros, Ronice M. O contexto escolar do aluno surdo e o papel das línguas.
Disponível em: http://virtual.udesc.br/Midiateca/Publicacoes_Educacao_de_Surdos/artigo08.htm,
acesso em: 03 agosto 2012.
Nesse contexto, não se usava nem língua de sinais, nem língua oral adequadamente. A
compreensão do surdo acerca das coisas do mundo e da escola ficava fragmentada, pois ele
apenas entendia os sinais isoladamente. Um pouco mais adiante, você terá a oportunidade
de conhecer melhor a estrutura da língua de sinais.
Sem resultados significativos, a comunicação total também teve seus dias contados.
Porém, em uma luta contínua, na década de 1980, os surdos passaram a reivindicar um
idioma próprio: a língua de sinais.
Essa reivindicação tem sua legitimidade construída a partir dos anos 1960, quando as
pesquisas das neurociências começaram a oferecer as bases científicas que atribuíam às
línguas de sinais o papel de único instrumento capaz de dar conta das necessidades
comunicativas dos surdos (Ramos, 2011).
Os avanços dos estudos de neuroimagens por meio de exames, como a ressonância
magnética funcional e a tomografia computadorizada, por exemplo, permitiram analisar a
atividade sináptica das diversas regiões cerebrais, possibilitando a observação em tempo
real da funcionalidade do cérebro.
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Veja, a seguir, uma amostra da atividade neural nas regiões cerebrais relacionadas à
linguagem. À esquerda, sujeitos surdos usuários da Língua Britânica de Sinais (BSL); ao
centro, de ouvintes usuários de BSL e, à direita, de ouvintes usuários da língua inglesa
oral.
Fonte: MacSweeney et al., 2006.
Pelas imagens, é possível verificar a similaridade funcional das áreas da linguagem em
surdos e ouvintes que utilizam a língua de sinais e a língua oral. Estudos como esse
contribuíram para o reconhecimento das línguas de sinais como línguas independentes.
Nesse sentido, as análises sobre os aspectos funcionais da linguagem têm demonstrado
que, embora sejam de modalidades diferentes, as línguas orais e as de sinais apresentam
funcionamento análogo entre si, ativando as mesmas estruturas cerebrais tanto para
produção quanto para compreensão das mensagens.
Esses achados científicos contribuíram de forma sistemática para a compreensão do status
linguístico das línguas de sinais e, em consequência, para o surgimento de outra
abordagem educacional denominada “bilinguismo”, uma proposta sócio-antropológica da
surdez que se baseia na condição bilíngue e bicultural do surdo, que convive, em seu dia a
dia, com duas línguas: a língua de sinais e a língua oral de seu país, e duas culturas: a
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cultura da comunidade surda e a da comunidade ouvinte de seu país (Quadros, 2006).
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Importante!
O bilinguismo reconhece a língua de sinais como primeira língua (L1) da comunidade
surda – devendo o surdo, por meio dela, ter acesso aos conhecimentos socialmente
relevantes – e a língua oral do país como sua segunda língua (L2), empregada sobretudo
para registro.
Essa concepção também nos auxilia a compreender a internacionalidade das línguas, posto
que os registros escritos nas diversas línguas orais apresentam aos não surdos as
complexidades das línguas de sinais. Assim, podemos entender que a comunidade surda
britânica utiliza a British Sign Language (BSL); a francesa, a Language Française des
Signes (LFS); a comunidade estadunidense, a American Sign Language (ASL); e, claro, a
comunidade surda brasileira, a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Mas existe uma língua de sinais planejada, criada para, assim como o Esperanto, ser
utilizada por usuários de diferentes línguas em eventos internacionais comuns. Chamada de
Gestuno ou Língua Internacional de Sinais, essa língua é composta por um conjunto-
padrão de sinais que pode ser aplicado à gramática da língua de sinais de origem do
usuário.
2.3. E no Brasil?
A partir do século XIX, com a ascensão de D. Pedro II ao trono, o Brasil passa a
acompanhar os acontecimentos da Europa e Estados Unidos, inclusive aderindo à filosofia
oralista de educação de surdos. De certa forma, mesmo com suas limitações, o oralismo
trouxe ao país algumas alternativas à educação dos surdos, antes sem visibilidade.
Em 1875, foi inaugurado no Rio de Janeiro o primeiro Instituto Nacional de Surdos-
Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), precedido pelo Imperial
Instituto dos Meninos Cegos, criado em 1854, atual Instituto Benjamin Constant.
O INES é, hoje, a mais importante instituição de educação de surdos do país, atendendo a
aproximadamente 600 alunos, da educação infantil ao ensino médio, além de oferecer
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formação inicial e continuada em Libras a professores.
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Instituto Nacional de Educação de Surdos, Rio de Janeiro
Fonte: 6
A exemplo das demais comunidades surdas do mundo, no Brasil, em meados dos anos
1980, com base nas pesquisas de Lucinda Ferreira Brito, doutora em Linguística da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, deu-se início aos estudos da Língua Brasileira de
Sinais (Libras) e à adesão ao bilinguismo.
Como resultado desse movimento, em 2002, foi sancionada a Lei nº 10.436 7
que
reconhece e legitima a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como primeira língua (L1) da
comunidade surda brasileira.
Fonte: 6 Disponível em: http://www.ines.gov.br/institucional, acesso em 02 agosto 2012.
Fonte: 7 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10436.htm, acesso em 02 agosto
2012.
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Esse foi um passo importantíssimo, pois, ao reconhecer o status linguístico da Libras, a lei
garante que o acesso da pessoa surda aos conhecimentos socialmente relevantes deverá ser
por meio dela, determinando ainda que a língua portuguesa deverá ser o meio de registro.
Popularmente conhecida como Lei de Libras, a 10.436/2002 foi regulamentada pelo
Decreto nº 5.626/2005 8
que estabelece, entre outros aspectos, a inclusão da Libras como
componente curricular nos cursos de licenciaturas e fonoaudiologia das instituições
públicas e privadas de ensino superior e, ainda, a educação na modalidade bilíngue para os
surdos na educação básica, com garantias de atendimento qualificado e a presença de
intérprete na sala de aula.
Quantos surdos existem no Brasil?
Existem hoje, no Brasil, aproximadamente 6 milhões de pessoas com algum nível de perda
auditiva, dos quais 1 milhão têm grande dificuldade ou são incapazes de ouvir e cerca de
1250 pessoas surdocegas9
(IBGE, 2000).
Embora o número de pessoas que apresentam perda auditiva por exposição constante a
ruído esteja aumentando, as principais causas da surdez ainda são relacionadas a infecções,
como rubéola, sarampo ou meningite.
Aula 3 – Hora da prática: exercitando o alfabeto
Nesta aula prática você exercitará o alfabeto datilológico, mas antes saiba mais sobre ele.
3.1. Alfabeto datilológico
Fonte8: Disponível em: http://www.presidencia.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Decreto/D5626.htm, acesso em 02 agosto 2012.
9
SURDOCEGUEIRA.pdf,
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3.1. Alfabeto datilológico
Você sabe o que é datilologia? É a soletração de uma palavra utilizando o alfabeto digital
ou manual da língua de sinais.
O alfabeto manual da Libras tem sua base no alfabeto da Língua Francesa de Sinais e,
neste, cada sinal corresponde a uma letra (veja o quadro acima).
A datilologia é comumente usada para expressar substantivos próprios, também palavras
que não possuem sinal conhecido ou, ainda, palavras da língua portuguesa que foram
incorporadas à Libras e, por isso, são também soletradas, como “nunca”, “oi” e “reais”.
Importante!
É importante frisar que o emprego da datilologia não substitui o uso correto dos sinais,
pois, assim como no português, a Libras tem um léxico próprio, comunicado pelos sinais.
E é bom destacar que, como vimos no vídeo, a relação da pessoa surda com a língua
portuguesa é diferenciada.
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Notícias do mundo surdo
Nem mesmo os nomes das pessoas são expressos pela datilologia todas as vezes que são
mencionados.
As pessoas que fazem parte da comunidade surda (surdas ou não) ou famosa e autoridades
recebem um sinal específico, individual, uma espécie de apelido em Libras, para que não
seja necessária a soletração a cada vez que se referir a elas.
3.2. Dicas de alongamento para mãos e punhos Os exercícios de alongamento para mãos e punhos são importantes para a realização dos
sinais com maior desenvoltura. É recomendável realizá-los antes do início das atividades
práticas.
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Fonte:10
Disponível em: http://silviaparreira.blogspot.com/2011/04/exercicios-de-alongamento-para-as-
maos.html, acesso em 02 agosto 2012.
3.3. Exercitando
Assista ao vídeo e exercite o alfabeto manual.
Vídeo do alfabeto manual . Falta o videos
Para descontrair
Assista à linda interpretação, em Libras, para a música “Como é grande o meu amor por
você”11
, de Roberto Carlos. Aproveite para praticar, cantando junto com a intérprete!
Fonte: 11 Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=fR4gcgmF3lQ&feature=related, acesso em
02 agosto 2012.
Finalizando... Neste módulo você estudou que:
A concepção das línguas de sinais como línguas é muito recente, embora muitos
estudiosos apontem que seu surgimento seja tão remoto quanto o surgimento da
própria linguagem humana;
As línguas de sinais são independentes das línguas orais, possuem toda a
complexidade gramatical de qualquer língua oral e não são universais; cada país
possui sua própria língua de sinais;
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No Brasil, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida oficialmente pela
Lei nº 10.436/2002 como a primeira língua da comunidade surda brasileira.
Como atividade prática, você exercitou o alfabeto manual da Libras, compreendendo que
sua utilização está associada aos substantivos próprios, palavras que não possuem sinal
específico ou que foram incorporadas da língua portuguesa.
Exercícios
1. Assinale a alternativa correta:
De acordo com os estudos realizados em nossa primeira aula, a Lei nº 10.436/2002:
( ) Reconhece a Libras como uma língua com estrutura gramatical própria e como
primeira língua da comunidade surda brasileira.
( ) Determina que a Língua Brasileira de Sinais substitua gradativamente a língua
portuguesa para as pessoas com deficiência auditiva.
( ) Orienta que o poder público e as empresas concessionárias de serviços públicos
ofereçam apoio ao uso e difusão da Libras.
( ) Determina que as instituições de ensino superior incluam, em seus cursos de
formação de professores, o ensino da Libras como componente curricular.
a) ( ) V, V, V, F
b) ( ) V, F, V, V
c) ( ) V, V, F, F
d) ( ) V, V, F, V
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2. Assinale a alternativa correta.
a) ( ) A Libras compõe um conjunto padronizado de sinais, que compõe a língua universal
das comunidades surdas do mundo.
b) ( ) Sob a ótica do bilinguismo, o indivíduo surdo não deve aprender a língua
portuguesa, pois sua primeira língua (L1) é a Libras.
c) ( ) Bilinguismo é uma abordagem educacional que compreende o sujeito surdo como
bilíngue e bicultural.
d) ( ) Em que pese a necessidade de uso e difusão da Libras, a abordagem oralista é a
mais indicada para os surdos, pois eles aprendem a se comportar como os ouvintes,
evitando o preconceito.
3. Faça um vídeo “escrevendo” seu nome completo, cidade e estado onde mora. Envie
para seu tutor no prazo definido.