inclusao pelo credito

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124 O Consumo Consciente do Dinheiro e do Crédito www.akatu.org.br Inclusão pelo crédito O financiamento aos pequenos empreendedores de baixa renda dá oportunidade de sobrevivência a quem está fora do mercado de trabalho e da economia formal Sem conta em banco nem acesso a crédito, sem capital próprio, mas dono de um pequeno e promissor negócio. Para crescer, esse pequeno empreendedor depende de uma forma de financiamento que só há poucos anos vem ganhando força no Brasil: o microcrédito. “O microcrédito é um empréstimo voltado para a atividade econômica produtiva e está baseado na necessidade de dar recursos financeiros à população de baixa renda”, explica José Caetano Lavorato, presidente da Abcred (Associação Brasileira de Gestores e Operadores em Microcrédito). Dessa forma, pessoas que perderam o emprego — ou nunca conseguiram um — encontram uma maneira de sobreviver, seja com um carrinho de cachorro-quente, uma máquina de costura ou um pequeno salão de beleza. “Assim, há condições para que as pessoas reforcem a renda da família, o que tem conseqüências positivas na sua alimentação, na saúde e na educação dos seus filhos”, conta Lavorato. Uma das características desse tipo de financiamento é a figura do agente de crédito, que visita os pequenos empreendedores, dimensiona o quanto eles precisam para crescer e planeja como conseguirão pagar a dívida. Os empréstimos podem ir de R$ 50 até o máximo de R$ 5.000. Acompanhar de perto os tomadores de crédito tem um alto custo, o que traz dificuldades a quem viabiliza esses empréstimos — geralmente uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), que não tem fins lucrativos. Nesse mercado, é difícil sobreviver, mas não impossível. Um bom exemplo disso é o Programa Crédito Solidário, mantido pela prefeitura de São Paulo por meio da OSCIP São Paulo Confia. Com recursos da própria prefeitura e mais seis empresas e instituições, a São Paulo Confia concedeu mais de 40.000 empréstimos entre 2001 e 2005. A melhor notícia é que, a partir de 2005, várias mudanças na estratégia de atuação permitiram a redução de um enorme déficit operacional e, em 2006, as contas da OSCIP já estavam equilibradas. Uma das medidas tomadas para reduzir a inadimplência foi a adoção do grupo solidário, em que o empréstimo é concedido a um grupo de 4 a 7 empreendedores. Se algum deles não conseguir pagar sua parte da dívida, os outros devem se responsabilizar por ela. Assim, todos fiscalizam uns aos outros para saber se as parcelas estão sendo pagas corretamente. Para Paulo Collozzi, presidente da São Paulo Confia, o microcrédito “é uma ferramenta de distribuição de renda fundamental para qualquer país que pretenda diminuir a pobreza e gerar condição de vida melhor para a população. E o mais importante de tudo é que estamos fazendo isso de maneira sustentável, não é um dinheiro que a prefeitura dá a fundo perdido.” Para saber mais: Site da Abcred (Associação Brasileira dos Dirigentes de Entidades Gestoras e Operadoras de Microcrédito, Crédito Popular Solidário e Entidades Similares): www.abcred.org.br Site da ABSCM (Associação Brasileira de Sociedades de Crédito ao Microempreendedor): www.abscm.com.br Página do site do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) com informações sobre microcrédito: www.sebrae.com.br/br/parasuaempresa/microcredito.asp O microcrédito produtivo é destinado exclusivamente ao financiamento de pequenos negócios, e apóia empreendedores de baixa renda. Os empréstimos variam entre R$ 50 e R$ 5.000. O dinheiro só pode ser investido no próprio negócio, e sua utilização é acompanhada pelos agentes de crédito.

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Page 1: Inclusao pelo credito

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O Consumo Consciente do Dinheiro e do Crédito

www.akatu.org.br

Inclusão pelo créditoO financiamento aos pequenos empreendedores de baixa renda dáoportunidade de sobrevivência a quem está fora do mercado de trabalhoe da economia formal

Sem conta em banco nem acesso a crédito, sem capital próprio, mas dono de um pequenoe promissor negócio. Para crescer, esse pequeno empreendedor depende de uma forma definanciamento que só há poucos anos vem ganhando força no Brasil: o microcrédito.“O microcrédito é um empréstimo voltado para a atividade econômica produtiva e está baseadona necessidade de dar recursos financeiros à população de baixa renda”, explica JoséCaetano Lavorato, presidente da Abcred (Associação Brasileira de Gestores e Operadoresem Microcrédito). Dessa forma, pessoas que perderam o emprego — ou nunca conseguiramum — encontram uma maneira de sobreviver, seja com um carrinho de cachorro-quente, umamáquina de costura ou um pequeno salão de beleza. “Assim, há condições para que as pessoasreforcem a renda da família, o que tem conseqüências positivas na sua alimentação, na saúdee na educação dos seus filhos”, conta Lavorato.

Uma das características desse tipo de financiamento é a figura do agente de crédito, que visitaos pequenos empreendedores, dimensiona o quanto eles precisam para crescer e planeja comoconseguirão pagar a dívida. Os empréstimos podem ir de R$ 50 até o máximo de R$ 5.000.Acompanhar de perto os tomadores de crédito tem um alto custo, o que traz dificuldades aquem viabiliza esses empréstimos — geralmente uma OSCIP (Organização da Sociedade Civilde Interesse Público), que não tem fins lucrativos. Nesse mercado, é difícil sobreviver, mas nãoimpossível. Um bom exemplo disso é o Programa Crédito Solidário, mantido pela prefeitura deSão Paulo por meio da OSCIP São Paulo Confia. Com recursos da própria prefeitura e maisseis empresas e instituições, a São Paulo Confia concedeu mais de 40.000 empréstimos entre2001 e 2005. A melhor notícia é que, a partir de 2005, várias mudanças na estratégia de atuaçãopermitiram a redução de um enorme déficit operacional e, em 2006, as contas da OSCIP jáestavam equilibradas.

Uma das medidas tomadas para reduzir a inadimplência foi a adoção do grupo solidário, emque o empréstimo é concedido a um grupo de 4 a 7 empreendedores. Se algum deles nãoconseguir pagar sua parte da dívida, os outros devem se responsabilizar por ela. Assim, todosfiscalizam uns aos outros para saber se as parcelas estão sendo pagas corretamente. Para PauloCollozzi, presidente da São Paulo Confia, o microcrédito “é uma ferramenta de distribuição derenda fundamental para qualquer país que pretenda diminuir a pobreza e gerar condição de vidamelhor para a população. E o mais importante de tudo é que estamos fazendo isso de maneirasustentável, não é um dinheiro que a prefeitura dá a fundo perdido.”

Para saber mais:• Site da Abcred (Associação Brasileira dos Dirigentes de Entidades Gestoras e Operadoras de

Microcrédito, Crédito Popular Solidário e Entidades Similares): www.abcred.org.br

• Site da ABSCM (Associação Brasileira de Sociedades de Crédito ao Microempreendedor):www.abscm.com.br

• Página do site do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)com informações sobre microcrédito: www.sebrae.com.br/br/parasuaempresa/microcredito.asp

• O microcréditoprodutivo é destinadoexclusivamente aofinanciamentode pequenosnegócios, e apóiaempreendedoresde baixa renda.

• Os empréstimosvariam entre R$ 50 eR$ 5.000.

• O dinheiro só podeser investido nopróprio negócio, esua utilização éacompanhada pelosagentes de crédito.

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