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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Thatiana de Souza A INCLUsAo DA CRIAN<;:A SURDA NO ENSINO REGULAR

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANAThatiana de Souza

A INCLUsAo DA CRIAN<;:A SURDA NO ENSINO REGULAR

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Thatiana de Souza

A INCLUSAO DA CRIANC;A SURDA NO ENSINO REGULAR

Trabalho de concIudo de cu'-':> apresentado

como requitito parcial para a obtenyao do grau de

Kcenciada em Pedagogla, 4- VNAI do curse de

Pedagogia,da Faculd~e de Ci!ncias Human ••"

Letnu e Arte$, da UniWl'1idade Tuiuti do P'clrana.

Profes.or.a OIientadora: Elizabeth Hartog.

Curitiba

2005

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j£ Universidade Tuiuti do Parana/'

FACULDADE DE CI£NCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

Curso de Pedagogia

TERMO DE APROVAc;Ao

NOME DO ALUNO: THATIANA DE SOUZA

TITULO: A crianr:a surda no ensino regular

TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO APROVADO COMO REQUISITO PARCIAL

PARA A OBTEN<;:AO DO GRAU DE LlCENCIADO EM PEDAGOGIA, DO CURSO DE

PEDAGOGIA, DA FACULDADE DE CI£NClAS HUMANAS, LETRAS E ARTES, DA

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA.

MEMBRO~SDA MISSAO AVALIADORA:

PROF(a). ETH HARTOG

ORIENTAD (A);.....-;n~~PROF(a). DioNttoTRELA VIDAL

MEM[DABANCA I 1Q 13- ~k~ c:

,..fRO a) SUELI TEREZINHA CORA OLA

MEMBRO DA BANCA

DATA: 23/11 /200S

MEDIA: __Cf.QL!l<{t0

CURITIBA - PARANA

2005

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DEDICAT6RIA

Dedico este trabalho, com muito amor, ao meu filho Eduardo. Pais sua

exist~ncia deu sentido a minha vida e fez com que eu buscasse, com muito mais

empenho e dedicac;:ao a realizac;ao de meus sonhos.

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AGRADECIMENTOS

A op~ao peto curso de Pedagogia, despertou a curiosidade em conhecer

mars e methor a ser humano ern sua plenitude e complexidade.

A Gonclusao deste trabalho se dave a urn conjunto de falores, nos quais

estao inetusos: as amigas e companheiras inseparaveis do curso, as professores,

muitas vezes exigentes, mas sempre competentes, os familiares, sempre

compreensivQS nos rnomentos de aus~ncia, nos quais a justificativa era sempre as

trabalhos da faculdade.

Agradec;o principalmente a Deus que me ajudou a ter fon;as para tra9ar mais

esla etapa em minha vida.

Agradeyo aos meus pais, que atem de me darern 0 dom da vida, me

apoiaram nos mementos de alegria e de tristeza, de dificuldade e de viloria.

Agrad~ tambem ao meu marido Marcos, que esteve comigo durante esta

trajet6ria de quatro anos.

E finalmente agrad~o a minha professora orientadora Elizabeth Hartog, que

me auxilio na realiza9ao deste trabalho.

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SUMARIO

1 INTRODUCAO 07

2 FUNDAMENTACAO TEORICA 11

2.1 UM BREVE HIST6RICO DA INCLUsAO .....

2.2 A EDUCACAO INCLUSIVA ..

. 11

. 18

3 SURDEZ 22

3.1 CARACTERIZACAO DA SURDEZ... . .22

3.2 CAUSAS E PREVENCAO ... . .... .26

3.3 0 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA PESSOA SURDA... .. 27

3.4 0 PSICOSSOCIAL DO SURDO... . . 32

3.5 COMUNIDADE E CUL TURA SURDA. ..

3.6 A EDUCA<;:AO DE SURDOS .....

3.7 LIBRAS - LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS ....

. 33

. 35

.37

4 0 ALUNO SURDO NA ESCOLA REGULAR 40

6 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 43

6 RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO 46

CONSIDERACEOS FINAIS 49

REFERENCIAS 61

ANEXOS .

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RESUMO

Este trabalho e urn estudo sobre a inclusao da criam;a surda no ensina regular. No

primeiro momento apresenta pesquisa bibliognUica que possibilita 0 aprofundamento

tOOrico, identificando, par meio da analise de textos de diversos autores, os aspectos

fisicos, cognitivos, psicol6gicos, sociais e educacionsis da surdez. Em seguida

apresenta as resultados e analise de uma pesquisa de campo,realizada no mf3s de

outubro e aplicada atraves de questionluios a professores que atuBm no ens ina

regular e possuem alunos surdas em sala. Para delimita9aO do universo a ser

pesquisado, foram selecionadas oito escolas da rede Municipal e particular de

Curitiba. as objetivos desta monografia sao: conhecer as fatores que influenciam no

processo de inclusao da crian~ surds no ensina regular, bern como identificar se

escolas e professores estao devidamente preparados, a fim de garantir a

democracia educacional proposta pela inclusao.

Palavras-chave: Inclusao, surdez e democracia.

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1. INTRODUr;:Ao

Desde muito tempo as pessoas com defic~ncia v!m sofrendo com a

discriminac;ao e a exclusao social. Devida a isso, e apesar dos avanyos tecno16gicos

e cientificos, estas encontram dificuldades em se inserir nos processos socials, em

particular nos ambientes educativos e no trabalho, ja que exigem determinadas

habilidades que em muito5 casos 0 deficiente nAo possui. Nestes casas nao basta

que a pessoa adapte-sa ao ambiente, e necessaria que esta esteja preparado para

receber de forma eficiente a pessoa com necessidades especiais.

Atualmente, com 0 intuito de modificar a postura discriminativa apresentada

pela sociedade alraves da hist6ria, surgiu a proposta da educa~o inclusiva, que tern

como principal ideia, a mudanc;a na forma de enlender a pessoa deficiente,

propiciando uma ·sociec:lade para todos· (SASSAKI. 1999).

Anteriormente a proposta da inclusao, 0 relacionamento existente entre

sociedade e pessoas deficientes passou por diversas fases. Para compreender a

necessidade e importancia do processo de inclusil\o, faz se necessaria conhecer a

hist6ria que acompanhou a pessoa deficiente dentro da sociedade. Segundo a

evolu<;ao hist6rica a humanidade defrontou~se primeiro com a etaps do exterminio,

na qual a pessoa com deficilmcia nao tinha direito a vida.

Dessa indicary:io para 0 exterminio e ap6s a introduyAo do cristianismo na

sociedade a defici~ncia passou a 6tica filantr6pica e da segregac;ao institucional, em

que as pessoas com defici~ncia eram tidas como coitados, incapazes e invalid os.

Nesta fase, supondo-se as-sim que seria melhor, as pessoas com defici~ncia eram

segregadas do convivio social e trancafiadas em institui~oes.

Na atualidade, a sociedade esta se defrontando com novos paradigmas,

responsaveis p~r mudar as representa~Oes sociais em torno das pessoas com

deficillncia, garantindo que estas POdem.s~rticiPativas e capazes, desde que

~4 ,»>-(§~~.iU _<:S\\.::-· ••.•( .• 1 ;t1.:i,.'(/"~....':...7'

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sejam propiciados as condic;Oes, 0 respeito e a valoriza~ao de suas diferenvas e Ihes

sejam oferecidas oportunidades.

Nesta perspectiva, 0 papel da escola e de fundamental importAncia, na

medida em que forem ressaltados e efetivados as compromissos da ascola com

lodos e para todos.

Para exercer a inclusao, nao basta que uma escola aeeite urn aluno com

necessidades especiais em seu estabelecimento, e necessario que esta modifique

seu funcionamento, adapte sua estrutura e prepare seus profissionais a panto de

incluir todos as alunos.

A inclusAo de crianyas surdas no ensino regular e um fato, no entanto

existem muitos pontcs e lacunas que ainda devem ser obseNados, estudados e

aprimorados.

A defici~ncia auditiva e hoje urn dos problemas mais dificeis e desafiantes

para a educa~ao, pois a perda auditiva interfere tanto na recepCfao da linguBgem

quanta em sua produ~:io. Levando-se em considera~o de que vivemos em uma

socieclade composta quase que exclusivamente par individuos ouvintes e na qual 0

meio de comunic89:io mais cornu mente utilizado e a fala, se evidencia a

necessidade de oferecer uma educaCfao que se adapte as caract.erlsticas

apresentadas pela pessoa surda.

Este trabalho foi efetuado por meio de estudo bibliografico, concomitante

com pesquisa qualitativa, realizada com professores do en sino regular de oito

escolas do ens ina publico e privado da Cidade de Curitiba, que possibililou conhecer

e analisar as fatores que influenciam a inclusao de crian~as surdas no ensino

regular, bern como identificar se existem dificuldades na inclusao das mesmas.

Com a inten~o de realizar urn estudo acerca da hist6ria que envolve a

processo de inclusAo da pessoa deficiente na sociedade, no segundo capitulo deste

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trabalho, em que se inicia a fundamentayao te6rica, foi efetuada pesquisa relatando

fatos desde a epoca espartana, em que as pessoas deficientes eram eliminadas

(mortas), ate as tempos atuais, em que a proposta de inclusao se toma cada vez

mais presente. Entre as autores pesquisados para 0 desenvolvimento deste capitulo

inicial, destaca-se Romeo Sassaki, que em seu livre Klnclusao:Construindo uma

sociedade para todos" (1999), descreve passe a passe os desafios enfrentados

pelos deficientes denlro da sociedade. Neste mesma capitulo, compreendendo a

importancia da educa~ao no desenvolvimento humane e ap6s identificar 0 quanta

esla e influenciadora no processo de inclusao, realizou-se urn estudo acerca da

educat;:ao inclusiva, suas propostas, realizac;:oes e necessidades. Para a realiza~o

do segundo capitulo, os autores pesquisados de maior relevancia forarn:Stainback

(1999), Mazzota (1982) e Sassaki (1999).

A tim de aproximar-se do principal objetivo proposto por este trabalho, que econhecer os fatores que influenciam 0 processo de inclusAo da crianc;a surda no

ensino regular e identificar se escolas e professores estAo devidademente

preparados para garantir a democracia educacional proposta pela inclusAo, 0

terceiro capitulo evidencia ideias e conceitos que permitem 0 aprofundamento

te6rico da pesquisa, identificando os aspectos fisicos, cognitivos, psicol6gicos,

sociais e educacionais da surdez. Para tanto se pesquisou autores como Fontes

(1996), Goldfeld (1997), Skiliar (2001) e as teorias de Vygotsky, respensavel por

diversos estudos acerca da educa~o de crianyas surdas e 0 primeiro a considerar a

lingua de sinais urn sistemalingUisticoespecificoedeutiliza-lanaeducac;Ao.com 0

intuito de propiciar urn melhor desenvolvimento da crianya surda. A partir destes

estudos foi possivel verificar que para 0 aluno surdo desenvolver suas

potencialidades, inclusive a comunica~o e socializayao, faz-se necessario urn plano

de educayao especifico, que conte com a participayAo de uma equipe interdisciplinar

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e no qual 0 prepar~ dos profissionais inseridos nos processos educacionais seja de

fundamental importancia.

A identifica<;ao destas necessidades fez surgir 0 interesse em efetuar urn

trabalho de pesquisa qualitativa junto aos profissionais de escolas de ens ina regular

que atuam com alunos 5UrdOS, ja que e indispensavel verlfiear se estas escolas

estao preparadas para atender a esses educandos, uma vez que a estrutura e 0

prepare dos profissionais influem no desempenho do aluno surdo em sala de aula e

na conquista de sua cidadania frente a sociedade.

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2. FUNDAMENTACAO TEO RICA

2.1 UM BREVE HISTORICO DA INCLUsAO

Ha multo tempo a sociedade utiliza-se de praticas excludentes.

Segundo Sassaki (1999), iniciou-se com a exclusao social de pessoas que

possuiam alguma caracteristica que as diferenciava do restante da populacao.

Pessoas com defici!ncia eram condenadas ao abandono e a morte. Neste periodo a

exclusao ocorria de forma intensa, jil: que antigamente as pessoas que possuiam

qualquer tipo de defici~ncia eram consideradas invalidas, sem utilidade para a

sociedade e incapazes de trabalhar.

Sabre isso Mazzotta (1982) escreve, que par muito tempo a sociedade

marginalizou as pessoas com deficiancia, nao oferecendo nenhuma forma de

atendimento organizado, acreditando essencialmente na ideia de que estes erarn

incapazes e invalidos.

E passivel identificar tambem esse comportamento excludente nas antigas

civilizas;Oes, como e 0 caso da Gracia Antiga e da Roma Imperial, em que as

crians;as que nao nascessem perfeitas eram expostas em lugares publicos para

morrer. Essas culturas simplesmente eliminavam a pessoa com defici~ncia.

Fontes (1996), relata que a sociedade progrediu bastante no que diz respeito

aqueles que se desviam da norma padl"ao idealizada. Segundo ele, esla progressao

foi grande, mas lenta, desde a epoca espartana, quando se matavam os be~s

deficientes ou deformados.

o soci61ogo franres Robert Castel (apud GENTILI. 2001). afirma que

existem tr6s formas qualitativas de exclusAo:

• a supressao completa de uma comunidade, mediante pratica de expulsao ou

exterminio, como e 0 caso do Holocausto, perpretado pelo regime Nazista.

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• Segregar incluindo, que e responsavel por atribuir urn status especial a

determinada classe de individuos, que na.o sa.o exterminados, nem

enclausurados em instituittOes especiais, como e 0 casa dos sem-tetos, dos

inempregaveis e dos meninos de rus.

• A exclusao como mecanismo de confinamento, destino dado antigamente aos

leprosos; em nossa sociedade moderna 80s meninos delinqi.ientes, aos

indigentes, aos loucos e aos -deficientes-, escondidos em instituiyOes Kespeciais·.

Segundo Bueno (1993), antigamente os deficientes eram encaminhados a

a5il05 e hospicios, cnde permaneciam segregados e sem atent;;ao, au entao, viviam

como mendigos, sobrevivendo as custas da caridade publica.

Esls era com certeza uma forma de marginalizar as pessoas deficientes e

principalmente de sa ausentar de qualquer responsabilidade perante estas, que

necessitavam de adapta¢es sociais que possibilitassem seu pleno

desenvolvimento. Trancafiando-os em asilos ou hospicios, a sociedade escondia

uma reaJidade que para elas era inconcebivel, ja que a pr6pria familia do deficiente

envergonhava-se de sua condic;ao. Mata-Ios ja nao era mais passive1, pois 0

Cristianismo js se fazia presente e esta pratica iria contra os principios de Deus e

naquela epoca a solu9aO que parecia mais confortavel a todos era esconder estas

pessoas em instituiyOes, para que a sociedade nao fosse obrigada a "conviver com

este sofrimento". Para 0 governo esta tambem acabava sendo a soluyao ma;s

plausivel, pois nao teriam que destinar recursos que possibilitassem reabilitar estas

pessoas e adaptar a sociedade para recebe-Ios.

Foucault (apud, BUENO, 1993), escreve que os hosplcios, na verdade

eram locais de internac;ao de uma serie de "desajustados", a tal ponto que

adentravam seus muros usuarios de dragas, mulheres de condutas extrava.gantes,

visionarios e muitos outros. Neste periodo, a sociedade considerava que pessoas

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deficientes atrapalhavam 0 desenvolvimento do capitalismo e que necessitavam ser

enquadrados as suas exig~ncias, encaminhando-se para a internac;:a.o e para 0

trabalho foryado, manual e tedioso. Surdas e loucos, cegos e mendigos, todes

faziam parte do rnovimenta de segregayao dos divergentes.

Em oulros momentos da hi.IMa, segundo Sassaki (1999), foi adolada a

pratica de internar os Mdiferentes" em grandes instituic;:oes, junto com doentes e

idosos, excluindo-os completamente do convlvio com a sociedade.

Com 0 tempo, essas institui¢es passaram a S8 especializar no atendimento

de pessoas com defici~ncia e suas especificidades, oferecendo a estas, todos as

servic;os possiveis (ensina, trabalho), ja que a sociedade nao aceitava receber estas

pessoas nos servi9Qs existentes na comunidade. Essa pratica Sassaki (1999) define

como MSegrega-;;a.o Institucional", que tinha por objetivo prover, dentro das

instjtuj~Oes, todos os selVi~os possiveis para pessoas com defici~ncja. Foi neste

periodo, na decada de 60, que surgiu a Educa<;ao Especial, que pretendia

desenvolver e tornar produtivos individuos que ate pouco tempo gnao tinham

serventia para a sociedade-, ja que aos poucos se percebia que pessoas com

defici6ncia poderiam ser produtivas se recebessem escolariza~ao e treinamento

profissional.

o mesmo autor afirma que no final da decada de 60 surge 0 movimento de

integra~ao social, que inicia a insen;ao gradativa das pessoas com necessidades

especiais na sociedade, incluindo-as em atividades que envolviam educayao,

trabalho, familia e lazer. Essa e uma das diversas fases pelas quais passou a

movimenlo de inlegra,ao e que segundo Sassaki (1999), foi denominada

"Normaliza9aO·. 0 ITIOvimento da normalizayao defendia a ideia de que toda pessoa

com deficil!ncia devena ter direito de vivenciar urn padrao de vida normal a sua

cultura. r;\'VAD£ r,.l' "~:~\I", ~·,':iO' .•....

\'f~ .. j'~:~:V"-'

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Na decada de 80 a integrayao avanya. e 80 inves de tentar normalizar 0

ambiente em que vivem as deficientes, passa a inclui-Ios em situar;Oes normais do

cotidiano da sociedade, possibilitando a estes, par examplo, frequentar em

momentos especlfrcos as classes regulares, durante 0 almoc;:o. em materias como

musica ou em atividades extra curriculares. Esta pratica era denorninada

"Mainstreaming". termo ainda sem traduyao e que sign mea -levar a aluno com

necessidades especiais 0 mais proximo passive] dos servi90s educacionais

existentes na comunidade-. Apesar de significar urn avan90 em direyao a integrayao,

o -Mainstreaming· nao pennilia ao aluno deficiente pertencer verdadeiramente a

alguma turma, js que a mesmo podens estar colocado na aula de maternatica da 3-

serie, na aula de lenura da 2- serie e na de educa9ao fisica da 4~ sene. Ou seja, a

cnan9a estudava em uma escola comum, embora se tratasse de uma simples

coloca9aO fisica dele em diversas salas. Este processo estava associado ao

movimento de desinstitucionaliza9ao, tirar 0 deficiente das institui90es e integrti-Ios

em ambientes comuns, mesmo que estes ambientes nao tivessem que sofrer

nenhuma adapta~ao para recebll-Ios (id. /b.).

Sassaki (1999), escreve que no inicio dos anos 90, percebeu-se 0 fato de

que a tradicional pratica da integra9ao era ainda discriminativa e propiciava pouca

participa~o com igualdade de oportunidades e que as pessoas com deficilmcia, que

estavam inseridas na sociedade, eram aquelas que ja haviam alcam;ade um nivel

de compet~ncia compativel com os pad rOes vigentes, estando capacitados a

superar barreiras.

Na verdade, a integrayao social era responstlvel por inserir na sociedade

pessoas com defici~ncia, mas que de forma alguma satisfazia plenamente os

direitos de todas as pes50as com necessidades especiais, pais pouce au nada

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exigia da sociedade em termos de modifica~o de atitudes, de 8spayos fisicos, de

objetos e praticas sociais.

Assim, Sassaki (1999) afirma que no final dos anos 90, surge a movimento

pela inclusao social, que defende a ideia de que a socieclade dave S8 adaptar para

incluir em seus sistemas sociais pessoas com necessidades especiais e prepara-Ias

para assumir seu papel na sociedade. Neste pensamento, a sociedade deve S9

modificar, para ser capaz de atender as necessidades de seus membros e trocar a

finalidade tradicional de diagnosticar e separar pessoas, passando para a moderna

finalidade de oferecer parametros, em face dos quais as solu¢es sao buscadas

para todos, trazendo de volta, a verdadeira missao das institui900S - servir as

pessoas - e nao as pessoas tendo que S9 ajustar as instituiyOes.

° documento Educa<;ljo Para Todos (Parana,2001) explica que foi a partir

da Canfer~ncia Mundial sabre EducaC;ao para TocIos, realizada em 1990, na cidade

de Jantiem, na Tailandia, em que se consolidaram os compramissos etiCQs e

politicos, num esforyo coletivo dos organismos internacionais, para assegurar

educa~o basica de qualidade para todas as crian<;as, adolescentes, jovens e

adultos, independente de suas diferenc;as particulares.

Segundo a Declarac;a.o de Salamanca:

"As escolas devem ajustar-se a todas as crianc;as, independente das suas

condiyOes f;sicas, sociais, lingOisticas ou outras. Neste conceito devem incluir-se

crianc;as com defici~ncia au 5uperdatadas, crianc;as da rua au crianc;as que

trabalham 1 crianc;as de populac;Oes imigradas au nOmades, crianc;as de minarias

lingOisticas, etnicas au culturais e crianyas de areas au grupas desfavareciclos au

marginais."

Declara<;ljo de Salamanca (UNESCO, 1994).

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Em 1990 a ONU (OeclarayAo Universal dos Direitos Humanos) instituiu a

seguinte resolu~ao (45191)

'Constru~ao de urna sociedade para todes ate 0 ana de 2010'

Aprovada em 14 de dezembro de 90, esta resolu~a.o declara:

MA Assembleia Geral solicita ao secreta rio Geral uma. mudan~a no foco do

programa das Na~Oes Unidas sabre a defici~ncia, passando da conscientizat;ao

para a 39a.O, com 0 prop6sito de concluir com ~xito uma sociedade para todos por

volta do ano de 201 O.~

A inclusao deve ser urn processo de adequa<;ao da sociedade as

necessidades de seus membros, para que eles, uma vez incluidos, possam

desenvolver e exercer plenamente a sua cidadania.

Nesta perspectiva, com 0 intuito de melhor conceituar a Inclusao, segue

abaixo autores selecionados que possibilitarflo urna melhor compreensao acerca do

tema em questao.

Sassaki (1999) esereve que a inelusao social contribui para a construyao de

urn novo tipo de sociedade, por meio de transforrnayOes nos ambientes fisieos e na

mentalidade de todas as pessoas, portadoras au nao de necessidades especiais.

Werneck (1999), vA a inelusao como urn processo de eduear-ensinar em urn

mesmo grupo, erianc;:as com e sem necessidades edueativas espeeiais. Nesse

sentido, todas as escolas devern estar aptas, tanto em termos fisieos, quanto em

termos pedag6giees, para receber e atender todo tipo de aluno, respeitando suas

diferenyas e educando de acordo com 0 ritmo e as possibilidades de cada urn .

A mesma autora relata ainda que a inelusao e 0 earninho para se construir

urna sociedade para todes e que respeitar as diferenc;:as humanas ~torna a eidadao

aplo a eurnprir nossos deveres eivis, politicos, econOmicos, sociais, culturais e de

desenvolvirnento~

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Stainback (1999) escreve, que a socializac;:ao se faz necessaria em lodes as

momentos da vida, no sentido de orientar as ac;oes das pessoas, para que estas

alcancem sua real inclusao. ESla inclusi10 deve ser compreendida de diversas

maneiras, expressando diferentes fins e ideias como familia, escols e sociedade.

Desta forma a inclusao propOe urna revoluyao de valores e atitudes, que'

exige mudanC;:8s ns estrutura da sociedade e da propria educa~o escolar. Assim

sendo, a escola desempenha urn papel relevante no processo de inclusao das

pessoas com deficlt~ncia ao efetivar, ns pratica, 0 que preconiza a artigo 58 da lei n.

9394/96 de Diretrizes e Bases ds EduC8c;::iO,quando diz que lodas as crianC;:8s,

sempre que possivel, devem aprender juntas, independente de suss dificuldades e

diferen~s, partindo da convic~o de que "tod05 os educandos sa.o capazes de

aprender" (BRASIL, 1996).

A inclusAo e urn direito de todos, independente de qual seja a motivo que as

faz serem excluidos. Deficl~ncias, diferen9as sociais e econOmicas, nada justifica

excluir do convivio social normal cidadaos que p05suem as mesmos direitos

garantidos a lodos pela lei, ao contra rio, e necessaria que a sociedade e a governo

se mobilizem para garantir que estes estejam inclusos de forma adequado em todos

os processos sociais.

As diferenyas estarao sempre presentes no convivio humane, chegou a hera

de aceita-Ias e principalmente adaptar a sociedade para inclui-Ias de forma

democratica, abelindo qualquer tipa de discriminay8.o e preconceito

Dentro do abjetiva a qual me proponha estudar, faz-se impartante efetuar

algumas considerayOes sabre a "Educayao Inclusiva~.

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2.2 A EDUCAcAo INCLUSIVA

A educa~o dave sar compreendida como todas as relayoos estabelecidas

da pessoa com 0 mundo, com 05 Qutros e consigo. Nessa sentido, a educaC;ao dave

ser construida para contribuir no prncesso de evoluc;a.o hist6rica de cada pessoa,

tendo como eixo a aprendiz~em e como objetivo 0 conhecimento.

Na sociedade atual, a ascola possui cada vez mais um numero maior de

fun90es. Devido a sua complexidade, exige participa9M nao .6 do gov8rno federal,

estadual e municipal, mas de toda a comunidade, que sera responsBvel pela

elaborac;Ao de urn projeto ped896gico que venha de enconlro com as necessidades

educativas de lodes as alunos.

Neste sentido Mazzotta (1982) explica que e necessaria valorizar 0 homem

com Hum tim em si-, para que este exista como passoa. Embera 0 processo

educativo tenha uma grande variedade de significados, possui a missao de dar

plenitude ao homem, possibilitande e favorecendo a crescimento do ser humane,

que e ilimitado, de acordo com as possibilidades de cada um. Devido a isso, a

educat;ao deve favorecer , pela diversidade de oportunidades 0 crescimento pessoal

individual.Assim, a principal via para 0 desenvolvimento desta educat;ao basica e a

escola e sua at;ao deve desenvolver-se de modo a assegurar "urna base cornurn de

conhecimentos indispensaveis para lodos", atendendo as diferen9as individuais das

alunos.

Segundo a docurnenta "EduC89aO Inclusiva: Linhas de a<;ao para 0 Estado

do Parana~, e necessaria pensar em propostas pedag6gicas que garantarn e

assegurem 0 acesso ~ escola de qualquer criantya, adolescente, jovern au adulto,

para nelas, se apropriarern dos bens culturais histaricamente acumulados e para

construirem conhecimentos, compet~ncia critica e reflexiva (PARANA, 2001).

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Segundo Carvalho (2000), a proposta de educal'ao inclusiva refere-se a uma

escola de melhor qualidade para todos. Urna escola que possibilite 0 exercicio da

cidadania. Nessa escola a diferenl):8 deixa de ser urna marea que a individuo

carrega porque e negro, deficiente, pobre, pertencente a grupos minorTttJrios QU usa

Qutros c6digos comunicativos. A diferen98 faz parte do nossa cotidiano e nao deve

dar origem as desigualdades de opol1unidades.

Nas escolas, as diferenyBs individuais esta.o sempre presentes e "s atenc;ao

elldiversidade e a eixQ norteador do paradigma da eduCByaO inclusiva", isto e, urna

educat;Ao de qualidade para todos, a tim de evitar r6tulos, preconceitos,

mecanismos de exclusao de alunos que, par diversas razOes, Gontrariam as

expectativas do sistema educacional eseelar e acabam discriminados e em situa9ao

de desvantagem (PARANA, 2001).

Para que estas diferenyas sejam respeitadas e necessario que as escolas

passem por um redimensianamento de sua arquitetura escolar, envolvendo seus

profissionais em amplo processo de discussAo, estudo e reflexao sobre a inclusAo.

Stainback (1999) v~ a educayao COfTK) urna questAo de direitos humanos, e

os individuas com defrci~ncia devern fazer parte das escolas, as quais devem mudar

seu funcionamento incluindo todos as alunos. Para Stainback (1999), a ens ina

inclusivo e a pratica da inclusAo de lodos - independente de seu talento, defici~ncia,

origem socioeconOmica ou origem cultural - em escolas e salas de aulas

provedoras, onde todas as necessidades des alunos sao satisfeitas.

E passivel tambem observar claramente esta mesma conceP9Ao a respaito

da educayao inclusiva, na Declarayao de Salamanca:

~O principio da inclusAo consiste no reconhecimento da necessidade de se

caminhar rumo a 'escola para todos' - urn lugar que inclua lodos os alunos, celebre

as diferenyas, ap6ie a aprendizagem e responda as necessidades individuais."

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Declara<;ao de Salamanca (UNESCO, 1994).

~undo Stainback (1999), a educa~o inclusiva e uma realidade e a cada

dia ganha novos adeptos. Assim, a escote dave sensibilizar e treinar os recursos

humanos e organizar recursos materiais e fisicos. Preparando, desta forma a

comunidade para incluir 0 futuro trabalhador, sensibilizando pais e alunos para urn

papel mais aliva em prol de uma escola e uma sociedade para todos.

Nesta perspectiva Blanco (1998), caleca que a educa~a.o inclusiva deve ser

uma 8yaO da escole comum e impliea em transformar a eduC8yaO comum no seu

conjunto, oferecendo escolas de qualidade, para todos, com todes e entre todos.

A escola representa para a crianc;a uma instituit;(ao de suma importancia.

Portanto, deve-se reconhecer 0 seu papel como veicul0 para a educayao social

dessas crianyas. respeitando suas diferenyas. como condic;Ao para sua inclusAo na

sociedade.

E na escola que a crianc;a tern acesso a maior quantidade de possibilidades

de interaC;ao social.

A interat;:a.o social em situat;:Oes diversas e uma das estrategias mais

importantes para a promot;:ao de aprendizagem pelas crianc;as. Assim cabe ao

professor desenvolver situat;:6es de conversa, brincadeira ou aprendizagem

orientadas que garantam a troca entre as crianyas. de forma a que possam

comunicar-se e expressar-se, demonstrando seus modos de agir. de pensar e de

sentir, em urn ambiente acolhedor, que propicie a confianC;8 e a alta estima. A

existancia de urn ambiente acolhedor nao significa eliminar as conflitos. disputas e

diverglmcias presentes em qualquer tipo de interat;:ao social, nem tao pouco de partir

para uma atitude de super prot~ao, mas pressupoo que a professor fornec;a

elementos afetivos e de linguagem, para que as crianyas aprendam a conviver

buscando soluC;6es mais adequadas para as situac;Oes as quais se defrontam

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diariamente. As intera<;Oes sociais sao de fundamental importancia para a garantia

de urn desenvolvimento saudtlvel e pleno, pois e par meio desta que as crian9as

obterao referenciais sociais responsaveis par seu desenvolvimento cognitiv~ e

signico. Segundo Lopes (2000) signico e toda representa9ao mental construida ao

longo da exist~ncia de urn individua, par meio de intercambios culturais. 0 autor

explica que as signos "representam urn veiculo intermediario entre a a~o humana e

o seu pensamento".

Incluir a passoa com necessidades educativas especiais nas classes

regulares representa urn avan«o hist6rico em rela<;a.o ao movimento de integraC;ao

que pressupunha algum tipo de treinamento do deficiente para permitir sua

participa~o no processo educativo comum.

Para urn melhor entendimento, faz se importante destacar que as pes seas

com necessidades educativas espeeiais cempreendem as que apresentam altas

habilidades, as ehamadas superdotadas; deficiancia fisiea au motora - os

paraplegicos, tetrapll~gicos au paralisados; deficiancias visuais - as cagos ou com

visao subnormal; auditivas - os surdos; defici~ncia mental; e condutas tipicas de

sindromes e quadros psicol6gicos, neurol6gicos ou psiquiatricos. Ha ainda pessoas

com defici~ncias multiplas.

a objetivo deste trabalho foi de pesquisar especifieamente as criam;as

surdas, sua inclusi!io no ensine regular e as fatores que innuenciam este processo.

Visando refletir sobre este tema, nos proximos capitulos evidenciam-se algumas

ideias e conceitos que permitem 0 aprofundamento te6rieo da pesquisa.

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3.SURDEZ

3.1 CARACTERIZACAo DA SURDEZ

A audiyao e geralmente medida e de.crita em decibeis (dB). uma medida

relativa da intensidade do som. Fontes (1996), explica que zero decibel representa

urna audiyao normal e uma perds auditiva de ate 25 decibeis nao pode ser

considerada urna defici~ncia significativa. Quanta maior a numero de decibeis

necessarios para que urna passoa posss responder ao som, maior a perda auditiva.

Assirn, e necessario distinguir a crian~a surda, daquela com audi<;a.o reduzida. A

crianrya que possui audi<;ao reduzida €I aquala que, com 0 auxilio do aparelho

auditivo ainda consegue compreender a fala, enquanto que a surda nao.

Par outro lado, Dias (1995), escreve que se pode considerar surda a pessoa

que possui urna perda, maior ou menor, na percepryao normal dos sons.

a conceito de surdez e bem diversificado, variando de acordo com 0 autor

consultado. Assim podemos eonceituar surdez segundo os autores abaixo

relacionados:

Lemes (1996). afirma que .urdaz designa qualquer tipo de perda de audiyao,

seja ela parcial ou total e que a mesma refere-se a individuos cuja audi~o na.o e

normal.

Para Dias (1995), surdez e a aus~ncia, difieuldade, inabilidade para ouvir,

sons especificos (tons puros), ambientais (ruidos familiares) e os sons da fala

humana (tons complexes). Em 1996 0 mesmo autor escreve que a audiyao esta

ligada a urn comportamento auditiv~ e a integridade neurol6gica, biopsieol6gica e

perfeita funva.o das estruturas auditivas centrais e perifericas.

Silverman (ill BALLANTYNE .1995) confirma que toda pessoa que apresenta

urna perda media aeirna de 25 dB, ao se eonsiderarem freqUancias de 500, 1000 e

2000 Hz t~m defici~ncia auditiva.

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A perda auditiva pode variar de leve a profunda, au seja, a individuo pade

cuvir com dificuldacte ou naD cuvir som algurn.

Segundo Lopes (1997), as perdas de aUdit;:ao podem ser classificadas

segundo a localizac;ao topografica (condutiva, neurossensorial, mista, central e

funcional), mas que basicamente sao dais as principais: perdas condutivas e perdas

sensoria neurais ou de percepr;:8o.

A perda condutiva reduz a intensidade do som que alcanya 0 ouvido interno,

cnde carneya 0 nerva auditivo. Este tipo de perda auditiva ocorre no ouvido externo

e S8 da devido a rna formac;ao do aparelho auditivD externo ou qualquer Dutra

condic;:ao que obstrua a sequencia das vibrac;6es ou que as impec;a de chegar ao

nerva auditivo. Para chegar ao ouvido interno, as ondas de som do ar precisam

passar atraves do canal externo do ouvido extemo ate 0 timpano, qualquer condic;ao

que impec;a esta passagem pode causar uma perda condutiva de audiC;ao.

Dias (1996) escreve que a perda condutiva a determinada por patologias

localizadas no ouvido externo (medio), como por exemplo: corpo estranho no ouvido

extemo (graos, insetos, introduzidos no conduto auditiv~), rna formaC;ao da orelha,

do conduto auditivo externo (estreitamento). e tambam da cadeia ossicular,

perfuragao da membrana timpanica.

A mesma autora efetua ainda explicaC;Qes a cerca da perda auditiva

neurossensorial, informando que esta a determinada por lesOes na c6clea e ou no

nerva caclear e que a perda mista ocarre quando a lesao afeta ao mesmo tempo 0

ouvido madia e 0 ouvido interno.

Lopes (1996), afirma que uma perda neurossensorial ou sens6rio-neural a

causada par problemas do ouvido interno au do nervo auditiv~, responsavel par

transmitir 0 impulso ao carebra. Ja a perda auditiva central a causada por lesao no

tronco cerebral e ou cortical.

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o mesmo autor explica que a perda auditiva do tipo central e rara e pouco

definida. Pessoas com esta cteficiencia apresentam audiC;;8o normal. Mas naD

entendem 0 que lhes e dilo. Na perda auditiva funcional, 0 paciente naD apresenta

lesoes organicas. A dificuldade para ouvir pade ser de fundo emocional ou psiquico.

As perdas auditivas podem ser ainda classificadas de acordo com 0 grau.

Davis e Silvermann (apud DIAS, 1995) elaboraram uma classifica,ao

baseada na media obtida da soma do limiar encontrado em 500, 1000 e 2000 Hz.

Segundo eles as graus de surdez podem ser:

Leve (26 a 40dB): Nao percebe as fonemas, isso altera a compreensao das

palavras; voz fraca e distante, naD e ouvida; a aquisiC;;80 da linguagem normal elenta; mais tarde tera dificuldades na leitura e au na escrita.

• Moderada (41 a 70 dB): Percebe a voz com certa intensidade; pode ocorrer

atraso na linguagem e alterat;:ao articulatoria; discrimina~o de sons e dificil em

lugares ruidosos;

• Severa (71 a 90 dB): Identifica ruidos familiares (predominando os graves;

percebe voz forte (grave): a familia necessita orientay8.o precoce pra auxiliar 0

rendimento da crianc;a; compreensao verbal associada a grande aptidao visual);

Profunda (acima de 90 dB): nao percebe a voz humana sem estimulo

adequado:nao ha feedback auditiv~; maior facilidade para perceber as pistas

visuais;

Marchesi (1995) explica que 0 grau de intensidade da perda auditiva e

o que possivelmente tera maior influencia no desenvolvimento das crianyas

surd as, nao somente nas habilidades Iinguisticas, mas tambem nas

cognitivas, socia is e educacionais.

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Segundo Correa (1999) 0 grau de perda aUditiva e dividido em

categorias: de leve a profunda. As caracteristicas dessas perdas variam de

casa a caso, podendo ser unilaterais au bilaterais.

A crian~a com perda auditiva, podera apresentar dificuldades na

aquisic;:ao de linguagem oral e dificuldactes na escata. Quando a deficii!mcia

auditiva e leve, com grau de pards entre 20 a 40 dB, a crianC;:3 tera dificuldade

em discriminar sons ds fala, leitura au escrita. Essa perda, embora posss

ocasionar problemas fonoarticulat6rios, nao impede a aquisic;:ao normal da

linguagem.

Uma crianc;a com perda moderada apresentara vocabulariD limitado e

dificuldades no usa da linguagem oral. Ja a crianya com perda profunda

apresenta impossibilidade no desenvolvimento ds fala espontanea, no

entanto, desde que nao apresentem outros comprometimentos possuem

capacidade integra para adquirir uma lingua, desde que acampanhada per

prafissionais capacitados, utilizanda aparelhos auditivos adequados e tendo a

apaia familiar.

Independente da grau au tipo de surdez apresentada pela crianc;;a,

sera sempre necessaria um acampanhamento especializada, adaptayao da

Projeto Politico Pedag6gica e do curricula, assim como aferta de recursos

materiais e metodal6gicos especificos que proporcionem uma inclusao

adequada.

o treinamento e especializaC;;ao de professores e funcionarios tornam-

se necessarias e a conscientizayao de todos, inclusive alunos, eindispensavel.

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3.2 CAUSAS E PREVENCAO

De acordo com a documento wEducac;ao par todosR (PARANA, 1998) a surdez

podes ser causada por diversos fatores, entre eles se destacam:

Pre~natais :

• Rubeola Intra-uterina (nos tr~s primeiros meses de gestacyao)

T6xicoplasmose;

• Citornegalovirus;

Diabetes;

• Sitilis;

Irradia,30;

• Hereditariedade, incompatibilidade sanguinea (fatcr Rh);

• Hip6xia;

• Drogas atot6xicas;

• Alcoolismo materna;

Peri-Nata is:

• An6xia/Hip6xia;

Parto traumatico;

• Parto prematuro;

• Drogas otot6xicas;

• Infeccyao materna externa na hora do parto (herpes);

POO-Natais:

Hip6xiaJAn6xia;

• Infecy~o;

Orogas atot6xicas;

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• Eristroblastose fetal;

Sarampol Caxumba InfantiV Meningitel Encefalitel Ruido induzido)

Moores (apud FONTES, 1996), apresenta como sendo cinco as principals

causas identificadas para a surdez infantil: hereditariedade, rubeola materna,

nascimento premature, meningite e incompatibilidade de sangue entre mae e filho.

Ja as deficiancias auditivas menDS graves 5;10 frequentemente causadas pela olite

media, uma infecc;ao comum do ouvido media ns infAncia.

Segundo a Organizac;ilo Mundial de Salide (OMS) a preven,ao de surdez

pade ocorrer em trl$ niveis diferentes.

No primeiro nivel de prevenC;ao estao inclusas lodas as medidas tamadas

para reduzir a ocorr~ncia de urn defeito.

o segundo inclui medidas para reduzir a transic;a.o do defeito para a

incapacidade.

E 0 terceira nivel inclui lodas as medidas lamadas para reduzir a transic;ao

da incapacidade para a deficj~ncia.

A prevenC;ao, sempre que possivel, deve ser priorizada, com 0 intuito de

diminuir 0 indice de defici~ncias. Nos paises em desenvolvimento, a incid~ncia de

defici~ncias, poderia ser reduzida em 50%, se medidas de prevenc;ao fossem

aplicadas de maneira adequada e eficaz. (FONTES, 1996)

3.30 OESENVOLVIMENTO COGNITIVO OA PESSOA SURDA

Segundo Fontes (1996) a defici~ncia auditiva e um dos problemas mais

dificeis e desafiantes para a educaC;30, ja que a perda auditiva interfere tanto na

receps;ao da linguagem quanta na sua produc;ao. Como a linguagem interfere em

quase todas as dimens6es do desenvolvimento, a incapacidade de ouvir e falar pode

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dificultar 0 ajustamento social e acad~mico.Os atmsos severos e 6bvios do

desenvolvimento da linguagem da crian<;a surda, colocam urna questao para as

educadores e psic6logos: Pooe 0 pensarnento operar independentemente da

linguagem? E possivel uma crianr;a demonstrar sua capacidade de pensar, sem ter

que utilizar 0 meio de comunicar;ao da linguBgem faJada au eserita?

o autor aponta para 0 fatc de que surgiram dais pontcs de vista

noladamenle diferenles. Furth (aplId FONTES. 1996) afirma que 0 pensamenlo

inteligente nao necessita de urn sistema lingliistico de simbolos e sim que a

linguagem depende da inleligancia. Whorf (aplId FONTES, 1996) afirmou que 0

desenvolvimento intelectual da crian93 e determinado pela sua experi~ncia com a

lingua{;Iem e esta e responsavel pela aquisiC;ao de conceitos. Para provar sua teoria

Furth efetuou diversos testes, no qual verificou que as crianyas surdas eram

capazes de organizar um pensamento l6gico sem a presen<;a forte da linguagem.

No entanto, outros pesquisadores como Schlesinger e Meadow, 1972;

Silverman (1967), verificaram que as crianc;as surdas que haviam adquirido alguma

linguagern tinham urn desempenho rnelhor do que aquelas com linguagem limitada

(id.ib).

As questOes que se referem ao desenvolvimento cognitivo da pessoa surda

acabam apresentando~se de forma controversa.

A ich~iamais comumente explorada pela psicologia e a de que a perturba<;;ao

psicofisiol6gica global que afeta a surdo, acaba provocando urn retardo, relacionado

a irnpossibilidade de alcan~ar urn pensamento abstrato.

No entanto, a maior dificuldade encontrada na surdez esta na aquisi~ao da

linguagem ou na perturba~o que ala provoca no desenvolvimento global.

Muitos estudos apontam que as dificuldades des surdas acantecem pela fata

de as linguas arais serem as (micas utilizadas pela grande maiaria das

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a lingua oral espontaneamente, evidencia-se a necessidade de introduzir a Lingua

de Sinais desde a inicio da educac;a.o, que com~a ainda em casa, quando este

adquire as primeiros conceitos.

Neste aspecto Fontes (1996) afirma que, atualmente, tanto educadores

como pesquisadores, acreditam que a crianc;:a surda pode pensar com 16gica sem

urn sistema de linguagem, mas que este auxilia a crianc;a na solu~o de problemas

ou no desempenho acad~mico.

Na atualidade sa.o muitos os avanc;os tecnol6gicos e cientificos oferecidos

para 0 diagn6stico, reabilitayao, educac;a.o e socializac;ao da pessoa surda.

Houve epocas em que a surdez esteve associada a defici~ncia mental,

devido a falta de preparo dos profissionais e sociais que discriminavam e

marginalizavam a pessoa surda.

o atraso cognitivo anteriormente caracterizado pela surdez, se dava devido

ao fator comunicativo, jf! que por na.o ouvir, a pessoa surda apresentava

dificuldades em desenvolver a linguagem, principal reguladora do pensamento.

Para garantir um desenvolvimento emocional, social e cognitivo dentro da

normalidade etaria , e necessaria que a crian-;(a surda receba estimula-;(iio precoce,

que deve ter inicio ainda nos primeiros anos de vida, dentro do ambiente familiar.

Esta estimulayao deve abranger aspecto educativos, estimula<;ao sensorial e

programas com atividades comunicativas, que possibilitem 0 desenvolvimento da

linguagem na crianya. Caso a pessoa surda nao seja submetida a uma educa<;ao

especializada, a mesma pode sofrer conseqU~ncias emocionais que podem afeta-Ia

psiquicamente como: medo, inseguran<;a pela falta de informayOes importantes, etc.

Estes fatores, normalmente levarn a pessoa surda a desenvolver caracteristicas de

personalidade que nao condizem com os pad rOes estabelecidos.

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Para Fontes (1996) a progresso cognitiv~ de crianc;;as com defici~ncia

auditiva,depende da idade do inieio da surdez, do grau de perda auditiva, e da

quantidade de instrw;ao intensiva que recebem durante as estAgios de crescimento.

o mesmo autor explica que 0 problema de comunicac;:ao da crianc;:a surda,

que acarreta limitac;;Oes de urn modo de comunicaC;;ao com outras pessoas e

limitayOes progressivas no desenvolvimento normal da lingua.gem, afeta gravemente

as processes de desenvolvimento da crianc;;a, bern como as areas de realizac;:ao

acad~mica, ajustamento social e pessoa! e ajustamento ocupacional.

Segundo padrOes de "normalidade- educacional, urna crianc;;a tipica de 4

anos ja domina a maior parte das propriedades sintaticas da linguagem, enquanto

que a crianya surda tern problemas serios de sintaxe. Outro problema normalmente

apresentado por crian9Bs surdas e a atraso na aqulsic;Elo de alguns concellos mals

abstratos.

Como apresenlam graves problemas de expressao de linguagem, nao e

surpreendente que as crianc;as sUrdas experimentem sarios problemas de realizac;Elo

academica. Segundo Gentile (apud FONTES, 1996), resultados de testes realizados

em mil crianc;as , mostram que aos oito (8) anos de idade crianc;as deficientes

audltivas obtinham escares em torna do nivel de segunda serie em leitura e

computac;ao aritrnetica. Aos dezessete (17) anos de ldade, as crianc;as obtinham

escores em leitura correspondentes ao nivel de quarta serie, e de sexta serie em

computac;Elo arltmetica.

De acardo com estudas apresentados par Fontes (1996), a maiaria das

crianc;as surdas e seriamente retardada em termos educacionais. As habilidades de

teltura da malaria dos adultos nao excedem a nlvel de quarta au quinta serie e

apenas 10 par canto sao capazes de realizac;ao nos assuntos acad~icos.

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Lopes (2000), afirma que as diferen~as lingGisticas existentes nos meios em

que crianyas surdas se encontram, determina seu desenvolvimento. Segundo 0

autor, a aprendizagem precede 0 desenvolvimento e 0 meio em que a crianya vive e

de fundamental impo~ncia.

Estas considerac;Oes ficam mais evidentes quando comparadas crianyas

surctas com pais ouvintes e criant;;;as surda! com pais surdos, au que participam de

urna comunidade surda. A crian~a que convive com pessoas que utilizam uma

linguagem gestual para comunicar·se com ela, em particular a LIBRAS, apresentam

urn desenvolvimento cognitiv~ e acad6mico bem superior a aquelas que convivem

somente com Quvintes, que nao utilizam a Lingua de Sinais.

A qualidade da comunjca~o, neste casa em urn plano gestual, estabelecida

entre pais e filhos, professores e alunos, influenciam decisivamente na forma de

como as crianc;as surdas, tornam mais complexos seus pensamentos e process am

novas informa~es.

Lopes (2000) explica que as atrasos no desenvolvimento cognitivos

apresentados por grande parte das crian9as surdas se dao devido a ayao

~preconceituosa" existente no meio em que esle esta inserido, que utiliza deficiancia

como justificativa para as atrasos apresentados. !:. necessaria perceber a surdez

como uma diferenya cultural, 0 que deve iniciar~se denlro da pr6pria familia. A

mesma nao deve comportar~se de forma assistencialista, pais acarretara um

elemento dificultador no desenvolvimento do surdo em niveis etarios iguais au

semelhanles ao de crianyas ouvintes da mesma faixa elaria.

Segundo Skiliar (2000), as problemas de atraso no desenvolvimento escolar

de crianyas surdas podem ser explicado devido ao modelo clinico terapautico da

surdez, que surgiu em carta momenta da hist6ria e que se mantem intacto em boa

parte do mundo. Neste momenta toda a educa9ao das crian9as surdas esteve

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voltada unicamente a aprendizagem da lingua oral, qualquer Qutro objetivo, fosse ou

nao peda,g6gico, como par exemplo a aquisi~ao da lingua escrita, constituia urn

problema de segunda ou terceira ordem. lodes as estrategias educativas estavam

voltadas em estrategias e recursos de indole reparadora e corretiva, ja que se

acreditava erroneamente que a surdez afetava de modo direto a compet~ncia

lingOistica das criant;(Bs surdas, estabelecendo urna equivocada identidade entre a

linguagem e a lingua oral. Para os estudiosos da epoca, 0 desenvotvimento

cognitivo estava condicionado ao maior ou menor conhecimento que tinharn as

crianv8s sUrdas ds lingua oral.

3.4 0 PSICOSOCIAL DO SURDO

Esser (1995) afirma que a psicologia da pessoa surds esla relacionada com

a perda auditiva, ja que ocorrem mudanyas na sua comunicayao e

conseqUenternente na sua linguagem.

Segundo Carvalho (1995) a comunica9iio e urn dos fatores de integrayao do

ser humano, significa participayao, lnformayao, aviso, transmissao, convivllncia. Foi

a necessidade de comunicar-se que levou 0 ser humano a conviver em grupos.

Para suprir esta necessidade, as pessoas sUrdas desenvolveram uma forma

sinalizada de comunlcayao, que passui um modelo cultural diferente dos ouvintes

(CARVALHO, 1995).

Para um bom desenvolvimento pslcossocial da crianya surda e necessario

que primeiramente esta seja aceita, pelos ouvintes, com suas diferenyas. Ah~m de

ser conslderada em nossas politicas, a aceitayao social do surdo, deve ocorrer

tambem dentro da familia, ja que antes de saber da surdez do filho, esta interage

com ale fazendo-o senlir, perceber ernoyOes e a cultura do meio (LOPES, 2000).

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Nos aspectos sociais existem tend~ncias para a integrayao, mas ao mesmo

tempo sente~se a exclusao porque a realiza<;ao pessoal e profissional ainda elimitada, ja no familiar e necessaria primeiramente a aceitac;ao dos pais e familiares,

que devem buscar integrar 0 mais cede passivel, a criant;(8 na sociedade,

possibilitando meios de comunicac;ao adequados e efetivando sua insen;;a.o em urna

comunidade surda.

3.5 COMUNIDADE E CUL TURA SURDA

Segundo a lingUista surda Padden (1989), "comunidade e urn sistema social

geral, no qual urn grupo de pessoas vive juntas, compartilham metas comuns e

partilham cartas responsabilidades umas com as outras· .

Segundo Padden (1989) urna 'Comunidade Surds" e urn grupo de pessoas

que mora em uma mesma localizac;ao, compartilha metas comuns e trabalha para

alcan~-Ias. Nesta comunidade pode haver pessoas ouvintes e surdas, que nao sao

culturalmente surdaS.Membros de uma cultura surda se comportam como pessoas

surdas, usam a lingua de sinais e compartilham entre si das crenc;;:as de pessoas

surdas. As pessoas que participam desta comunidade partilham um sistema de

signos, ou seja, a mesma lingua, permitindo a interayAo entre seus membros.

A pessoa surda possui imensa dificuldade, ata mesmo em conseqO~ncia de

suas caracteristicas fisicas, de desenvolver a IinguClgem oral, e isso, na maioria das

vezes faz com que esta fique isolada do restante da sociedade, j~ que a grande

maioria utiliza~se desta forma de comunicayao.

Incluir a passoa surda em urna comunidade a de suma importancia para

garantir seu born desenvolvimento social, psicol6gico e emocional. Para tanto enecessario que primeiramente seus familiares, que na grande maiaria das vezes sao

Duvintes, possibilitern a passoa surda um maiar cantata com sua cultura,

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comunicando-se com esle par meio de sua Lingua Natural (a LIBRAS) e permitindo

que 0 rnesma conviva com Qutros surdos.

Os pais, educadores e sociais, na maioria das vezes esperam que 0 surd 0,

par meio de urna educaS;ao Oralista e de imposic;Oes da cultura Quvinte, torne-se urn

ouvinte tambern, e esla nao aceitac;Ao da surdez e que faz com a pessoa surda

apresente atrasos em seu desenvolvimento.

Goldfeld (1997), relata como exemplo de respeito a cultura surda 0 caso de

urna tribe indigena brasileira, cnde existem alguns surdos cong~nitos. Os indios

ouvintes sao bilingues e as surdos monotingues. Para as membros desta tribo a

surdez nao e percebida com urn fata Iragico e as pesSQilS surdas nao vivem isoladas

, ja que lodos as Quvintes se comunicam em com elas em lingua de sinais.

No Brasil, as comunidades surdas tilm como fatores principais de integrac;a.o

a libras, os espartes e a lazer.

Mediante pesquisa foi passivel identificar que na Brasil ainda naa ha estudas

da cultura surda. No entanto, convivendo urn pouca cam 0 surda e passivel perceber

diferen~s, coma por exemplo: as pessoas surdas preferem um relacianamento mais

intimo com autra pessoa surda do que com pessoas auvintes; as piadas contadas

pelas pessoas surdas sao incornpassiveis para pessoas ouvintes e vice-versa. 0

surda, do seu sil~ncio, tern urn modo pr6prio de olhar 0 rnundo no qual os conceitos

representam expressoes faciais e corpora is. Como fala com as maos, evita usa-las

desnecessariamente e quando as usam, passuem uma agilidade e leveza que

dificilmente um ouvinte peden; alcan""r (PEREIRA, 2(02).

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3.6A EDUCA<;;Ao DE SURDOS

o primeiro passe para iniciar urn estudo acerea da Educavao de Surdos econhecer a hist6ria e as filosofias educacionais utilizadas ao longo des anos na

educayao de pes seas surd as.

Goldfeld (1997) explica que no decorrer da hist6ria, a ideia que a sociedade

fazia sabre as 5urdOS, geraJmente apresentava aspectos negativos.

As pessoas acreditavam que 0 sUrdo era uma pessoa primitiva e que por

i550 nao poderia ser educado.

Esla situ8yaO 56 comevou a modificar-se a partir do seculo XVI, quando

surgiram as primeiro educadores de sUrdas.

Segundo Goldfeld (1997), os educadores criaram diferentes metodologias

para a educ8ytio de surdos. Alguns utilizavam apenas a lingua oral, Qutros

defendiam a lingua de sinais, que e uma lingua espa<;o-visual criada atraves de

gerayOes pele comunidade surds e havia ainda os que criaram c6digos visuais que

nao se configuravam como uma lingua, para faeilitar a comunica~o com seus

alunos surdos.

A mesma autora relata que ainda no seculo XVI, 0 monge beneditino , Pedro

Ponce de Leon, ensinou quatro surdos, utilizando-se de uma metodologia

educacional que incluia datilologia (representa930 manual des letras do alfabeto),

escrita e oralizaya.o e ainda criou uma escola de professores para surdos. Em 1750,

na Fran9a, surge Abade Charles Michel de L'Epee, responsavel pela criayao dos

"Sinais Met6dicos", uma combina9aO da Lingua de Sinais com a gramatica francesa

e transformou sua casa em uma eseola publica para surdos.

A autora explica que foi nesta mesme epoca que surgiram, par meio de

Samuel Heinick, na AJemanha, as primeiras n~oes da filosofia educacional Oralista,

filosofia que rejeitava a lingua de sinais e utilizava apenas a lingua oral na educayao

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das crianr;as surda, por acreditar que esta era ideal para integrar 0 surdo na

comunidade geral (Id. ib.).

Goldfeld (1997) relata que essas duas metodologias se confrontaram e

foram submetidas a analise da comunidade cientifica da epoca. Lepeel apresentou

argumentos mais fortes e a metodologia Oralista, naquele momento, foi vetada. Fa1

esse 0 periodo mais fertil na hist6ria da educayAo de surdas, com a aumento de

escolas para surdas e a utiHzayao da Lingua de Sinais, que permitia a ales dominar

diversos assuntos e exercer varias profissOes.

Sacks (apud, GOLDFELD, 1997) relata que:

"Ene perloclo que agora parece urna especie e epoca aurea nahi5t6fia dos surelcs lestemunhou a r4>ida cri~ de e$COlas para surdo"de urn modo geral dirigido. por proies.sores surdos, em toda. 0 mundocivilizaclo, a saida doill aurdos da negligencia e da obscuridade, suaemancipacoo e cidadania, a rapida oonquiata de posl¢es de emjn~ja eresponsabiHdade - escritores surdos, engenheiros surdos., fiI~ros surdoa,antes inoonceblveis, tomaram...se aubitamente ~veis". (1989,p.37)

Com os avane;os tecnol6gicos, que facilitavam a aprendizagem da fala pelo

surdo, a partir de 1860 0 metodo Oralista comeya a ganhar for.a, sendo utilizado

como metodologia de ensino para sUrdos p~r diversos profissionais, alguns ate

mesmo acreditavam que lingua de sinais era prejudicial para a aprendizagem da

lingua oral.

Segundo Goldfeld (1997) em 1860, as duas metodologias de educa<;l!o de

sUrdos, anteriormente citadas, volta ram a se confrontar, no Congresso Internacional

de Educadores de Surdos. Oesta vez a metodologia Oralista venceu e a Lingua de

Sinais foi proibida dentro das instituiyOes educacionais.

Neste momento a educaC;ao dos surdos deu uma reviravolta em sentido

oposto a do secuto dezoito e 0 aprendizado da lingua oral pas sou a ser 0 grande

objetivo dos educadores de surdos. As disciplinas escolares, como hist6ria,

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geografia e matematica, foram relegadas a segunda plano e ocorreu uma

significativa queda no nivel de escolarizac;Ao dos surdas (id. ib.).

Esta situac;ao permaneceu ate a decada de 60, quando William Stokoe

publicou urn artigo que demonstrava que a Lingua de Sinais possuia as mesmas

caracteristic8S das lingu8s orais. Ap6s esta public8yaO surgiram diversas pesquisas

sobre a Lingua de Sinais e sua utiliz8C;aOna educac;ao e vida dos surdos, retornando

novamente a Lingua de Sinais como metodologia para a educac;ao de sUrdas (id.

ib.).

Em 1968, surgiu a filosofia da Comunicac;:ao Total, que utilizava todas as

formas de comunicac;ao possiveis na educa9ilo de surdas.

No Brasil, atualmente estas tras abordagens metodol6gicas sao utilizadas no

trabalho com surdos. k3 diferentes abordagens causam muitas disc6rdias e conflitos

entre os profissionais que a seguem.

Os relatos aeima explicitad05 evidenciam a necessidade da utilizayao da

Lingua de Sinais na ecluca9flo de 5urdos, ja que esta e responsBvel par um melhor

desenvolvimento cognitivo, emocional e social do surdo.

o proximo capitulo traz informa~s sobre a da Lingua Brasileira de Sinais,

a LIBRAS e sua utiHza9a.o na educayAo de crianc;:as surdas no Brasil.

3.7 LIBRAS - LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS

A!J ingressar na escola regular a crianc;:a surda enfrenta seu maior desafio: a

barreira da comunicac;:ao.

Segundo Strobel (1998) a dificuldade imposta pela barreira sensorial faz com

que os surdos sintam necessidade de recorrer a outros ·caminhos~ para desenvolver

suas habilidades lingOisticas: a Lingua de Sinais.

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E importante citar primeiramente, que a LIBRAS - Lingua Brasileira de

Sinais, 56 passou a ser considerada verdadeiramente uma lingua par meio da Lei

10.436, aprovada em 24 de abril 2002.

A Lingua de Sinais nao e universal, cada pais tern a sua. Assim como

existem v~rias lingua! orais estrangeiras, h~ diferentes Unguas de Sinais e cada

urna delas passui seu nome, par exemple: ASL - Lingua de Sinais Americana: LSB

- Lingua de Sinais Brttanica e a de nossa pais e chamada de LIBRAS - Lingua

Brasileira de Sinais.

Atualmente, no Brasil, com as estudos efetuados par diversos lingUistas,

descobriu-se que a Lingua de Sinais e tao rica e complexa em aspectos gramaticais

como as Unguas Orais.

Strobel (1998) explica que a crianc;a surna utiliza a LIBRAS

espontaneamente, enquanto que a Lingua Oral ela precisa aprender. Segundo ela,

para ter um desenvolvimento semelhante ao da crianc;a ouvinte e necessaria que a

surdo tenha cantata com a LIBRAS desde cedo.

Permitir que a cnanya surda tenha acesso a LIBRAS, possibilitara que esta

assimile melhor as conteudos apresentados na escola e desenvolva-se

intelectualmente e emocionalmente, a que facilita a aprendizagem, ampliando a

autoconfianc;a e permitindo uma inclusao mais s61ida ell sociedade.

Sabre isso Fernandes (2004) explica que nAo e suficiente garantir ao surdo a

aquisil'ao e utilizayao da Lingua de Sinais, e necessaria toda urna refonmulayao

curricular, na qual a lingua natural dos surdos esteja presente em todos os contextos

de aquisic;a.o e acesso a informaC;ao, seguido da aprendizagem da Lingua

Por1uguesa, como segunda lingua, isto e, oferecer uma educaC;ao BilingOe para

surdos. Para tanto,muitas aC;Oesdevem ser tomadas no sentido de desenvolver esta

metodologia em sala de aula e uma delas e a dominio efetivo da lingua de Sinais

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par parte d05 professores de surdas, ja que esta e indispensavel ao

encaminhamento de questoes essenciais a pratica pedag6gica, como e 0 casa da

Lingua Portuguesa, par exemple.

A pessoa com defici~ncia auditiva tambem pode utilizar outras tecnicas para

compreender 0 que Ihe e dito, como e 0 casa da "Leitura Orofacial~ au leitura labial,

na qual 0 deficiente auditivo I~ a posiyao dos labios e capla as sons que 0

interlocutor esta produzindo. Esla tecnica e utH em casas nos quais 0 Quvinte nao

conhece a LIBRAS.

Para compreender urn pouco mais a realidade em que se encontra a

educayao oferecida a crian9Bs surdas no ensina regular, desenvolveu-sB

levantamento bibliografico que sera descrito no pr6ximo capitulo.

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4.0 ALUNO SURDO NA ESCOLA REGULAR

Os discursos mais atuais evidenciam urna urgl!ncia em incluir qualquer

aluno, independente de sua singularidade (surdo, cago, paralisado cerebral, etc) na

escola regular.

Silva (2001) relata que 0 argumento mais invocado neste sentido e a

DeclaralfSo de Salamanca. No entanto, seu artigo 19, que afirma que as politicas

educacionais deveriarn levar em considerac;a.o as diferen9ss e as situayOes

individuais, evidenciando a importAncia da utilizayAo da lingua de Sinais na

comunicaC;ao com as surdos, acabou ficando no esquecimento.

Segundo a mesma autora (ib. id.) as 6rgaos governamentais legitimam 0

compromisso com a inclusao social, mas nao disponibilizam recursos para tanto. Urn

exemplo e 0 caso do usc da Lingua de Sinais para 0 surdo, pois Ihes afirmam direito

de usa, mas apenas recomendam que pais e professores aprendam essa lingua,

ficando a criteria da Instituit;Ao.

Tartuci (2002) relata estudos realizados com sujeitos surdos no ensino

regular. Par meio destes estudos foi passivel identificar que as procedimentos

metodol6gicos e curriculares utilizados no ensino regular voltados unicamente para a

cultura ouvinte, permitem transformar a aluno sUrdo em excelente "copista" au em

uma criany8 que apenas Ksimulaw a vivencia do processo de letramento. Segundo

ela esta ~simulayao" provoca efeitos prejudiciais tanto no conjunto da educayAo

escoJar de alunos surdos, como para sua formaya.o enquanto pessoa. Neste jogo de

encenayao a ~ser aluno" 'esta vinculado a aprendizagem de 8yOes que sa.o

acess6rios e nao estao no nucleo de elaboray08s de conhecimentos que deveriam

estar sendo concretizados na escoJa (id. ib).

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Segundo Tartuci (2002) neste estudo toi possivel verificar nitidamente a

desconsjdera~o das peculiaridades de linguagem da pessoa surda. Os professores

observados a.giam em suas aulas como se naD tivessem urn aluno surdo em sala:

passavam atividades no quadro, falando e explicando de costas para a turma; nao

se dirigiam ao surdo e nem buscando verificar se este estava entendendo. Ou seja,

nao havia nenhuma altera'tao da aula realizada para Quvintes, 0 professor trata a

lodos ~igualmente".

Sabre i550 Skliar afirma que KUm dos maio res problemas, e a confusao que

sa faz entre democracia e tratamento" igualitario", Quando 0 surdo e tratado da

mesma maneira que urn Quvinte, ele fica em desvantagem."(PARANA. 2001)

Tartuci (2002) explica que com estas consideravres na.o pretende sugerir

que a dispasiyao docente para ° dialogo e problematica frente ao surdo, mas que

esta e adequada ao ouvinte. Segundo ela 0 aluno ouvinte pede interagir com 0

professor, compartilhando ideias, dialogando e chegando a certo entendimento, ja

com 0 aluno sUrdo, por falta de uma lingua comum, nao parece haver expectativa de

urna compreensAo mutua. Ent~o as aulas seguern como se todos fossem ouvintes, e

a surdez e esquecida. Quanto ao relacionamento com os colegas ouvintes, a autora

descreve que em alguns momentos pode ser observada uma timida tentativa

intera9ao par parte do aluno ouvinte, p~r meio de gest05, expressao facial ou esc rita,

mas que no entanto, verificou-se que na grande maioria das turmas atras do aluno

surdo, fica urn lugar v8zio, 0 que evidencia um certo isolamento.

Neste cenario de intera90es limitadas, 0 aluno surdo participa da rotina das

aulas, por meio de encenay6es do ~ser aluno". que inclui abrir e fechar cadernos,

olhar atentamente para 0 professor (como se entendesse 0 que esta fala), guardar 0

material e copiar, copiar e copiar. Este simular ser aluno, provoca urn deficit de

aprendizaQem multo grande. Esta aflrma9ao pcxle ser comprovada por de estudos

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realizados em alunos surdos, que apesar de seus quatorze (14) a dezessete (17)

anos de bancos escolares. na regular e especial, nenhum e capaz de uma produyao

textual independente au mesmo de expressar par meio da escrita. aquisiC;oes das

diversas areas do conhecimento (id. ib.)

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6 METODOLOGIA

A escola democratica e hoje urn dos assuntos mais presentes nas

discuss6es efetuadas per profissionais da area educacionai.

A democracia implica no respeito as peculiaridades de cada atuno, seu ritmo

de aprendizagem e necessidades particulares.

Enquanto acad~mica do curso de Ped~ogia, esla pesquisadora obteve

informa90es diversificadas acerca da inclusao de crian9CJs com necessidades

educativas especiais no ensina regular e na sociedade. Paf meio destas

informayOes foi possivel identificar que a surdez e urna das defici~ncias mais

desafiantes para a eduC8yaO, pois e a que mais diretamente afeta 0

desenvolvimento cognitivo, afetivD, social e educacional de urna criam;a. 0 objetivo

deste estudo parte do interesse em verificar quais sao as fatores que mais

interferem no processo de inclusao da crianc;.a surda no ensino regular, bern como

identificar se na atualidade as esc-olas e seus profissionais estilo aptos para garantir

o sucesso deste processo.

Este estudo foi realizado por meio de levantamento bibliografico,

concomitante com dados qualitativos obtidos na pesquisa de campo, atraves da

aplica9aO de questionarios a professores que atuam no ensino regular.

No primeiro momento, realizou-se pesquisa bibliografica que possibilitou 0

aprofundamento te6rico do trabalho, identiflCando, atraves da analise de textos de

diversos autores os aspectos fisicos, cognitivos, psicol6gicos, sociais e educacionais

da surdez.

A partir disso, foi elaborado urn questionario com abordagem qualitativa, que

foi aplicado a professores que atuam no ensine fundamental e que possuern alunos

surdos em sala. 0 principal objetivo desta pesquisa era conhecer a realidade

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enfrentada por estes professores, identifiear sa estes estao aptos para atuar no

processo de inclusao da crianya surda, sa recebem apaio e formac;:ao diferenciada e

especializada e quais sao as dificuldades e au facilidades encontradas pelos

mesmas. Segundo Silva (1997) s6 e passivel abler esle lipa de dado par meia de

uma pesquisa qualitativa, pois somente esta proporciona a compreensao dos

aspectos da experillncia humana, vivenciada em uma determinada situayAo.

Para delimitac;:ao do universo a ser pesquisado, foram selecionadas (8) oito

escolas da rede Municipal e particular de Curitiba, que oferecem ensina fundamental

e media e que possuem crianC;:8ssurdas em processo de inclusao. as questionarios

(cram aplicados no rres de Qutubro de 2005.

Por meio desta pesquisa pretende-se contribuir com 0 processo de inclusao

da crian9a surda no ensino regular, identificando fatores indispensaveis para a

efetivayao da democracia no ambiente escolar.

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S RESUL TAOO OA PESQUISA DE CAMPO

o que se relata neste capitulo foi coletado par meio de questionario (anexo),

aplicado com 0 objetivo de validar as informay6es relativas ao desenvolvimento

cognitivo, afetivo, social e educacional decorrentes da surdez, bern COrT'K)

dernonstrar. atraves das viv~ncias relatadas pelos professores entrevistados quais

sao as fatores que infiuenciam no processo de inclusao do aluno surdo no ens ina

regular.

Entre as professores entrevistactos apenas dois (2) possuem especializa9ao

em DeficiE!!ncia Auditiva, as Qutros seis (6) tam formaC;ao em Pedagogia e Qutras

areas da educac;ao, como Artes Visuais e Hist6ria.Todos as professores tern pelo

menos urn aluno surdo em processo de inclusao na sala de aula.

A seguir, apresentam-se as perguntas que constavam no questionario e as

respostas obtidas.

Na questao inicial, que aborda se 0 profissional recebeu orientayao ou

capacitac;:ao especffica para trabalhar com crianc;:as surdas, e se sim qual, cinco (5)

dos profissionais que responderam ° questionario afirrnaram nunca ter recebido

orientayllo para trabalhar com a crian9a surda em sala de aula, ja dais (2)

responderam que sua especializac;:ao em Defic~ncia Auditiva e a (mica capacitac;:ao

especifica para 0 trabalho com crianc;:as surdas, e que mesmo assim nao e voltado

para a ensino regular e sim para a Educac;:ao Especial e apenas urn (1) relatou ja ter

recebido cursos de capacitat;(Ao disponibilizados na escola e orientac;:ao da

instilui930 de reabililayllo freqUentada palo aluno.

A segunda questao pretendia verificar se existem dificuldades no trabalho

com crianc;:as surdas e quais sao elas. Nesta questao lodos os enlrevistados

responderam positivamente, no entanto, ao exemplificar estas dificuldades as

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respostas variaram em: comunica~o, relacionamento interpessoal, avaliayao e

en sine da UnQua Portugues8.

Ao responderem a terceira questao que verificava qual iniciativa tomaram

para solucionar estas dificuldactes, as respostas dadas fcram de acorda com a

dificuldade relatada:

• Comunicac;Ao: criayao de urna sinalizac;Ao alternativa para comunicar-se com

o aluno; falar 0 mais pausadamente possivel, olhando sempre que passivel

para 0 aluno; solicitar auxilio dos colegas.

• Avaliac;;ao: Levar em considerac;Ao a dificuldade do aluno e nao aplicar a

mesma avaliayao; auxiliar 0 aluno nos momentos em que esle realiza as

provas.

• Relacionamento interpessoal: Conversar com as alunos ouvintes; conversar

com a Pedagoga; orientar a aluno; conversar com as pais.

• Ensino da lingua Portuguesa: trabalho individual com a utilizaya.o da lingua

Brasileira de Sinais ; realizat;ao de c6pias; encaminhamento para a sala de

recursos; reforyo escolar.

Ainda na mesma questao, questionava-se sa os profissionais haviam

recebido orientat;aO e apoio de terceiros para solucionar estas dmculdades, apenas

(3) responderam positivamente, um informou que participou de cursos de

capacrtat;ao oferecidos pela pr6pria inslituit;ao, outro relatou ter recebido orientat;{)es

da Pedagoga da escola e 0 ultimo respondeu que receba orientat;ao do Centro de

Reabilitat;ao freqUentado pelo aluno.

Na quarta pergunta, em que se questionava a adaptat;aO do curriculo e

metodologias para 0 ensino da criant;a surda, os professores foram unanimes em

responder que 0 curriculo escolar nao esla adaptado para a criant;a surda. Sendo

importante destacar a resposta de um dos professores que informou que 0 Projeto

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Politico Pedag6gico de sua escola nao faz referencia alguma 80 sluno com

defici~ncia auditiva. Referente a metodologia, as professores responderam que as

adaptac;;Oes fcram feitas por eles mesmos, com 0 objetivo de atender as

necessidades do aluno.

A quinta pergunta buscava verificar de que forma professores, funcionarios e

alunos comunicam-se com a crianya surds. Cinco (5) dos entrevistados

responderam que a comunicac;;a.o S8 da por meio de gestos, dais (2) informaram que

e bem rest rita jf! que naD sabem LIBRAS e um (1) relateu que a ser atraves da

Lingua Oral, pois 0 aluno possui residua auditivD.

Na sexls pergunta, que questionava se existe acompanhamento e

orientayao por parte de alguma lnstituiyao de Reabilitayao e de que forma ocorre a

comunicac;;a.o entre esta instituic;;ao e a escola, apenas 3 (3) dos entrevistades

responderarn ter conhecimento a respeito da instituic;:ao freqOentada pelo aluno e

que a comunicac;ao entre esta e a escola se ds per meio de relat6rios e reunioes

periOdieas, no entanto somente um (1) infermou receber apoio e erientaya.o plena

por parte da instituil):ao.

A setima pergunta questionava quanto ao desenvolvirnento cognitiv~ e social

do aluno em questao. No aspecto cognitivo, todes os professores informaram haver

dificuldades p~r parte do aluno, principalmente no que diz respeito a apreensao d~

conceitos abstratos e desenvolvimento da Lingua Portuguesa. Ja no aspecto social,

quatro (4) dos entrevistados responderam nao ter percebido nenhuma dificuldade de

relacionarnenta com os colegas e 0 restante infarmou que percebem que as

barreiras impostas pela comunicac;:aa aeabarn isalando urn pouco 0 a Iuno.

Na oitava pergunta, que buscou verificar quais as principais barreiras e ou

dificuldades encontradas pela crianc;a surda no ens ina regular, todos os professores

responderam que e a aus~ncia de urna pessoa, neste easo urn interprete, que saiba

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comunicar-se atraves da Lingua de Sinais com este aluno, pais muitos n.ao possuem

residuos auditivos e nern sempre e conseguem efetuaf leitura labial.

A nona pergunta questionou as profissionais quanta as medidas adotadas

pela escola para ultrapassar au resolver estas dificuldades. Atraves das respostas

dadas pelos professores, fai passivel identificar que na grande maiaria das vezes a

escala acaba par nao trazer soluyOes para este tipo de problema, apenas dais (2)

dos entrevistados responderam positivamente, urn (1) infonnou que a escola oferece

cursos de capacitayao para a professor e 0 outro que a escola procura ajuda da

institui<;ao frequentada pelo aluno.

Na decima e ultima questao perguntou-se finalmente se as profissionais

consideram a ensina regular apta para incluir a crianya surda. Tooos responderarn

que apesar de todo 0 esfon;:o realizado para tornar a inclusao urna realidade a

escola regular ainda nao esta preparada para atender as necessidades

apresentadas pela crianc;a com defici~ncia auditiva. Segundo eles e necessario

efetuar mudan~s curriculares, adaptac;ao de recursos e principalmente capacitac;a.o

adequada aos professores, que deve dominar a Lingua de Sinais e as metodologias

necessarias para atuar em sala de aula com urn aluno surdo.

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CONSIDERACOES FINAlS

A escola e urn dos suportes basicos para 0 pleno desenvolvimento de urn

ser humano, e nela que se efetuam 0 maior numero de interayOes sociais e e par

meio dela que nos apropriamos, mais intensamente, des conhecimentos

historicamente acumulados pela humanidade.

o processo de inclusao propOe uma educayao na qual Mtodos", independente

de suas diferenc;as, devem aprender juntos e no qual as escatas precisam estar

aptas para atender as diferentes necessidades, propiciando uma educac;ao de

qualidade para todes. Ou seja, para exercer a inclusao, nao basta que uma escola

aceite urn aluno com necessidades especiais em seu estabelecimento, it necessaria

que esta modifique seu funcionamento, adapte sua estrutura e prepare seus

profissionais a ponto de incluir todos os alunos.

Ha muito tempo a crian~ surda encontra ....se, de alguma forma, inclusa no

ens ina regular, mas a conclus:lio deste trabalho permitiu verificar a quanto esta

inclus~o ainda e deficitaria, pais na grande maiaria dos casos, oferece apenas uma

colocayao fisica do aluno deficiente auditiv~ em sala de aula.

Se levadas em considerayAo as propostas efetuadas pelo processo de

inclus~o, que segunda a lei ja esta em vigor, pode-se afirmar que este processo, em

se falando da educay~O de alunos surdos, permanece ainda no papel.

A pesquisa bibliografica efetuada para a realizay:lio deste trabalho

possibilitou identificar as caracteristicas e necessidades educacionais apresentadas

pela pessoa surda. Ja a pesquisa de campo, permitiu verificar que estas

caracteristicas nao estao sendo respeitas e nem as necessidades supridas.

Por meio das respostas obtidas com a aplicay~o do questionario, verlficou-

se a atual inefici~ncia do processo de inclusao, no que se refere a crianc;a surda no

ensino regular. As escolas nada au muito pouco fizeram para adaptar-se as

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necessidades educativas dos alunos com defici~nc;a auditiva. Seus recursos na.o

fcram ampliados, 0 curricula nao foi modificado e nem tao pouco as professores

estao sendo capacitados para atuarem de forma eficaz com alunos surdas em sala

de aula.

A defjci~ncia auditiva e urn dos problemas mais dificeis e desafiantes para a

educar;ao, ja que esta interfere na aquisiyao ds linguagem, que segundo Vygotsky

(apud GOLDFELD, 1997) e a maior responsavel pelo desenvolvimento cognitivo do

ser humano. Para abter urn pleno desenvolvimento cognitiv~, psiquico, social e

educacional e necessario que a criantya surda desenvolva a linguagem e ista 56 sera

possivel com a utilizac;:ao da LIBRAS, Lingua natural do surdo e que permite a este

desenvolver canceitos e adquirir conhecimentos que atraves da Lingua Oral, nao

seria passivel.

Para garantir 0 acesso, a parman~ncja e sucesso do aluno com deficiancia

auditiva a educayilo regular, e preciso que 0 ambiente ascolar passe par algumas

transformayOes que favoreyam sua participayao em situayoes e formas de ensino

cada vez mais adequada.

Para que os surdos tenham seus planas direitos de cidadAos respeitados em

sala de aula, e necessario oferecer recursos e metodologias inevadoras e

apropriadas. Assim , dentro da atual realidade, oferecer uma educayAo que

possibilite a este ating;r uma eficiente participac;ao na sociedade. Somente desta

forma, a inclust:io tao preconizada em leis e teerias podera ser ampla e legitima.

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Anexo

Questionario aplicado a professores do ensino regular

Iniciais do nome:

FormayAo profissional:

Numero de crianc;as com defici~ncia auditiva em sala de aula:

1. Recebeu orientaC;Ao ou capacita<;ao especifica para trabalhar com crian9as

surdas?Qual?

2. Existem dificuldades no trabalho com crian93s surd as? Quais sao elas?

3. Que iniciativas tomou para solucionar estas dificuldades? Recebeu orientac;ao e

ou apoio de terceiros?

4. 0 curriculo e metodologias aplicados em sala de aula, estAo adaptados para a

crianya surda?

5. De que forma professores, funcionarios e alunos comunicam-se com esta (s)

criam;;a?

6. Existe acompanhamento e orienta9Ao por parte de alguma instituiyao de

reabilitayao? Como funciona a comunicayao entre esta instituiC;;aoe a escola?

7. Como e 0 desenvolvimento cognitivo e social deste aluno?

8. Quais as principais barreiras e dificuldades encontradas pela crianc;;a surda no

ensino regular?

9. Quais medidas foram tomadas pela escola para ultrapassar ou resolver esta

dificuldade?

10.0 ensino regular encontra-se adaptado para incluir a crianc;;a surda? Par que?