humanizacao saude novo modismo

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  • 7/24/2019 Humanizacao Saude Novo Modismo

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    BARROS, R. B.; PASSOS, E. Humanizao na sade: um novo modismo?. Intera!e "

    #omuni!ao, Sade, Edu!ao, So Pau$o, v. %, n. n.&', (. )*%")%+, --.Reer/n!ias adi!ionais:

    Brasi$0Portu1u/s; 2eio de divu$1ao: Im(resso; ISS30ISB3: &+&+)*).

    Humanizao na sade: um novomodismo?

    Regina Benevides prof.Depto de Psicologia da U

    !duardo Passos prof. Depto de Piscologia da U

    A!om(an4amos o de5ate em torno do tema da 4umanizao no !am(o da sade,

    im(u$sionado re!entemente (e$a !onstruo da Po$6ti!a 3a!iona$ de Humanizao da ateno e da

    1esto na sade 7P3H8, !om a 9ua$ estivemos im($i!ados em --) e --+ na (osio de

    inte1rantes da e9ui(e da Se!retaria Ee!utiva 7SE8 do 2inistrio da Sade 72S8.

    Ainda 9ue timidamente, este tema se anun!ia desde a sade !om

    !ontro$e so!ia$, (ro!urando intererir nas a1endas das (o$6ti!as (5$i!as de sade. @e --- a

    --, o Pro1rama 3a!iona$ de Humanizao da Ateno Hos(ita$ar 7P3HAH8 ini!iou aes em

    4os(itais !om o intuito de !riar !omit/s de 4umanizao vo$tados (ara a me$4oria na 9ua$idade da

    ateno ao usurio e, mais tarde, ao tra5a$4ador. Cais ini!iativas en!ontravam um !enrio am561uo

    em 9ue a 4umanizao era reivindi!ada (e$os usurios e a$1uns tra5a$4adores e, no m6nimo,

    se!undarizada 79uando no 5ana$izada8 (e$a maioria dos 1estores e dos (roissionais. Os

    dis!ursos a(ontavam (ara a ur1/n!ia de se en!ontrar outras res(ostas > !rise da sade,

    identii!ada (or muitos !omo a$/n!ia do mode$o SDS. A a$a era de es1otamento. @e ato, !ada

    (osio neste de5ate se sustenta !om as suas razes. Por um $ado, os usurios (or reivindi!arem

    o 9ue de direito: ateno !om a!o$4imento e de modo reso$utivo; os (roissionais, (or $utarem (or

    me$4ores !ondies de tra5a$4o. Por outro $ado, os !r6ti!os >s (ro(ostas 4umanizantes no !am(o

    da sade denun!iavam 9ue as ini!iativas em !urso se reduziam, 1rande (arte das vezes, a

    a$teraes 9ue no !4e1avam eetivamente a !o$o!ar em 9uesto os mode$os de ateno e de

    1esto institu6dos. a$e desta!ar 9ue entre os anos &%%% e --, a$m do P3HAH, a$1umas outras

    aes e Pro1ramas oram (ro(ostos (e$o 2inistrio da Sade vo$tados (ara o 9ue tam5m a$i ia se

    deinindo !omo !am(o da 4umanizao !ontornado (e$o de5ate so5re 5us!a da 9ua$idade na

    ateno ao usurio. A(enas (ara !itar a$1uns, desta!amos a instaurao do (ro!edimento de #arta

    ao Dsurio 7&%%%8, Pro1rama 3a!iona$ de Ava$iao dos Servios Hos(ita$ares F P3ASH 7&%%%8;

    Pro1rama de A!reditao Hos(ita$ar 7--&8; Pro1rama #entros #o$a5oradores (ara a Gua$idade e

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    Assist/n!ia Hos(ita$ar 7---8; Pro1rama de 2odernizao eren!ia$ dos randes

    Esta5e$e!imentos de Sade 7&%%%8; Pro1rama de Humanizao no Pr"3ata$ e 3as!imento 7---8;

    3orma de Ateno Humanizada de Re!m"3as!ido de Baio Peso F 2todo #an1uru 7---8,

    dentre outros. Ainda 9ue a (a$avra 4umanizao no a(area em todos os Pro1ramas e aes e

    9ue 4aa dierentes intenes e o!os entre e$es, (odemos a!om(an4ar uma t/nue re$ao 9ue vai

    se esta5e$e!endo entre 4umanizao"9ua$idade na ateno"satisao do usurio.

    A 4umanizao, e(ressa em aes ra1mentadas e numa im(re!iso e ra1i$idade do

    !on!eito, v/ seus sentidos $i1ados ao vo$untarismo, ao assisten!ia$ismo, ao (aterna$ismo ou

    mesmo ao te!ni!ismo de um 1eren!iamento sustentado na ra!iona$idade administrativa e na

    9ua$idade tota$. Para 1an4ar a ora ne!essria 9ue d/ direo a um (ro!esso de mudana 9ue

    (ossa res(onder a ustos anseios dos usurios e tra5a$4adores da sade, a 4umanizao im(e o

    enrentamento de dois desaios: !on!eitua$ e metodo$J1i!o.

    Desafio conceitual3o (odemos retomar o !on!eito de 4umanizao sem !onsiderar o !enrio no 9ua$ e$e

    vem 1an4ando desta9ue !res!ente em Pro1ramas no !am(o da sade (5$i!a. Ca$ !on!entrao

    temti!a indi!a o 9ue (oder6amos !4amar de um modismo 9ue, en9uanto ta$, (adroniza as aes e

    re(ete modos de un!ionar de orma sintomti!a. 3este sentido, (oss6ve$ airmar 9ue a

    4umanizao 1an4a, no in6!io dos anos ---, um as(e!to de !on!eito"sintoma.

    Estamos !4amando de !on!eito"sintoma a noo 9ue (ara$isa e re(roduz um sentido

    dado. K !omo ta$ 9ue o tema da 4umanizao se re(roduziu em seus sentidos mais esta5i$izados

    ou institu6dos, (erdendo, assim, o movimento (e$a mudana das (rti!as de sade do 9ua$ esta

    noo adveio, movimento 9ue se !onunde !om o (rJ(rio (ro!esso de !riao do SDS nos anos&%'- e &%*-. Sa5emos, (or outro $ado, 9ue a $uta (e$a 4umanizao das (rti!as de sade

    estava !o$o!ada na (auta do movimento eminista na d!ada de L-, 1an4ando e(resso no

    de5ate em torno da sade da mu$4er 7#arnot, --; #osta, --+; ieira, --; A$meida, &%*+8. @os

    anos &%L- aos &%*-, (odemos, ento, a!om(an4ar o movimento instituinte (e$a mudana das

    (rti!as de sade. Este movimento !4e1a aos anos ---, en!ontrando ou se !4o!ando !om o 9ue,

    (aradoa$mente, de$e resu$ta: ormas institu6das, mar!as ou ima1ens vazias, s$o1ans sem a

    ora do movimento instituinte. K assim 9ue a 4umanizao se a(resenta !omo um !on!eito"

    sintoma (resente em (rti!as de ateno: a8 se1mentadas (or reas 7sade da mu$4er, sade da

    !riana, sade do idoso8 e (or n6veis de ateno 7assist/n!ia 4os(ita$ar8; 58 identii!adas aoeer!6!io de !ertas (roisses 7assistente so!ia$, (si!J$o1o8 e a !ara!ter6sti!as de 1/nero 7mu$4er8;

    !8 orientadas (or ei1/n!ias de mer!ado 9ue devem =o!ar o !$iente e =1arantir 9ua$idade tota$ nos

    Servios.

    A(ontar este !arter sintomti!o do !on!eito de 4umanizao im(e 9ue, ao mesmo

    tem(o, identii9uemos o 9ue a6 se (ara$isa, mas tam5m a9ui$o 9ue insiste !omo 6ndi!e de um

    movimento 9ue no se es1ota, sua a!e (ositiva. #o$o!ar em an$ise o !on!eito"sintoma (ermitir

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    a retomada de um (ro!esso (e$o 9ua$ se az a !r6ti!a ao 9ue se instituiu nas (rti!as de sade

    !omo o =5om 4umano, i1ura idea$ 9ue re1u$aria as e(eri/n!ias !on!retas.

    A ne!essidade de re!o$o!ao do (ro5$ema da 4umanizao o5ri1a"nos, ento, a orar os

    $imites do !on!eito resistindo a seu sentido institu6do. #ontra uma idea$izao do 4umano, o

    desaio (osto o de redeinir o !on!eito de 4umanizao a (artir de um =reen!antamento do

    !on!reto 7are$a, --)8 ou do =SDS 9ue d !erto ). Esta !r6ti!a ao Homem !omo i1ura"idea$

    desen!arnada e ao seu so5revMo re1u$atJrio, $on1e de a5andonar todo e 9ua$9uer (rin!6(io de

    orientao, !o$o!a em 9uesto as (rti!as norma$izadoras a(ostando, em !ontraste, na

    =normatividade do vivo !omo !a(a!idade menos de se1uir do 9ue de !riar normas 7#an1ui$4em,

    &%'*8. K neste sentido 9ue a 4umanizao no (ode ser (ensada a (artir de uma !on!e(o

    estat6sti!a ou de distri5uio da (o(u$ao em torno de um (onto de !on!entrao norma$ 7moda8.

    O 9ue 9ueremos deender 9ue o 4umano no (ode ser 5us!ado a$i onde se deine a maior

    in!id/n!ia dos !asos ou onde a !urva norma$ atin1e sua !s(ide: o 4omem norma$ ou o 4omem"

    i1ura"idea$, metro"(adro 9ue no !oin!ide !om nen4uma eist/n!ia !on!reta.Partir das eist/n!ias !on!retas ter 9ue !onsiderar o 4umano em sua diversidade

    normativa e nas mudanas 9ue e(erimenta nos movimentos !o$etivos. Ca$ desidea$izao do

    Homem 7Benevides N Passos, --8 d !omo direo o ne!essrio re(osi!ionamento dos sueitos

    im($i!ados nas (rti!as de sade. Assim, redeinindo o !on!eito, tomamos a 4umanizao !omo

    estrat1ia de interer/n!ia nestas (rti!as $evando em !onta 9ue sueitos so!iais, atores !on!retos

    e en1aados em (rti!as $o!ais, 9uando mo5i$izados, so !a(azes de, !o$etivamente, transormar

    rea$idades transormando"se a si (rJ(rios neste mesmo (ro!esso. Crata"se, ento, de investir, a

    (artir desta !on!e(o de 4umano, na (roduo de outras ormas de interao entre os sueitos

    9ue !onstituem os sistemas de sade, de$es usuruem e ne$es se transormam, a!o$4endo taisatores e omentando seu (rota1onismo.

    2as a redeinio do !on!eito de 4umanizao deve 1an4ar outra am($itude 9uando

    estamos im($i!ados na !onstruo de (o$6ti!as (5$i!as de sade. Aina$, de 9ue nos serve este

    esoro !on!eitua$ se isso no resu$tar em a$terao nas (rti!as !on!retas dos Servios de sade,

    na me$4oria da 9ua$idade de vida dos usurios e na me$4ora das !ondies de tra5a$4o dos

    (roissionais de sade? 3este sentido, im(e"se um outro desaio, o da a$terao dos modos de

    azer, de tra5a$4ar, de (roduzir no !am(o da sade.

    Desafio metodol"gico

    Guando a$amos de modos de azer estamos >s vo$tas !om o (ro!esso de !onstruo de

    uma (o$6ti!a (5$i!a 9ue no (ode se manter a(enas !omo (ro(ostas, Pro1ramas, (ortarias

    ministeriais. @a (o$6ti!a de 1overno > (o$6ti!a (5$i!a no 4 uma (assa1em !i$ e 1arantida.

    #onstruir (o$6ti!as (5$i!as na m9uina do Estado ei1e todo um tra5a$4o de !oneo !om as

    oras do !o$etivo, !om os movimentos so!iais, !om as (rti!as !on!retas no !otidiano dos

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    Servios de sade 7Benevides N Passos, --8. 3este sentido, a Po$6ti!a de Humanizao sJ se

    eetiva uma vez 9ue !onsi1a sintonizar =o 9ue azer !om o =!omo azer, o !on!eito !om a (rti!a,

    o !on4e!imento !om a transormao da rea$idade. Os termos (ostos a9ui em !ontraste no

    (odem ser entendidos !omo o(ostos, mas $i1ados numa re$ao de (ressu(osio re!6(ro!a. Se

    teoria e (rti!a se distin1uem, mas no se se(aram, somos $evados, ento, a inverter uma

    airmao do senso !omum de 9ue !on4e!emos, teorizamos, deinimos !on!eitos (ara em se1uida

    a($i!"$os a uma rea$idade. Se1uindo a indi!ao institu!iona$ista 7ourau et a$., &%''a; &%''58

    (re!iso transormar a rea$idade (ara !on4e!/"$a. E de 9ue rea$idade estamos a$ando? A9ue$a das

    (rti!as de sade e, mais es(e!ii!amente, das (rti!as de !onstruo de (o$6ti!as de sade !om

    9ue estamos envo$vidos ao airmar a im(ortn!ia do de5ate em torno da 4umanizao.

    Cransormar os modos de !onstruir as (o$6ti!as (5$i!as de sade im(e o enrentamento

    de um modus operandira1mentado e ra1mentador, mar!ado (e$a $J1i!a do es(e!ia$ismo e do

    9ue se su(e !omo es(e!ii!idade da 4umanizao em determinadas reas. Entretanto, azer este

    movimento de mudana da $J1i!a da ra!iona$idade t!ni!o"5uro!rti!a nas (rti!as de sade e de!om(artimenta$izao0individua$izao taQ$orista dos (ro!essos de tra5a$4o, sem(re (oder

    in!orrer no ris!o da deesa de um sentido de 4umanizao to am($o 9ue a!a5aria (or se !onundir

    !om o 9ue (rin!6(io do SDS. Ca$ (eri1o a(ontado (or !r6ti!os da 4umanizao 9ue a entendem

    !omo a(enas re(etindo o (rin!6(io da inte1ra$idade. @e ato, o (rin!6(io da inte1ra$idade um

    anseio 9ue o SDS e$e1e !omo uma das direes"norte do sistema de sade. Assim, no !a5eria

    mesmo (ensar numa =(o$6ti!a da inte1ra$idade !omo airma Ru5en 2attos em entrevista > REC"

    SDS 7io!ruz, --8. Dma (o$6ti!a no (ode se !onundir !om um (rin!6(io e a 4umanizao !omo

    (o$6ti!a (5$i!a de sade deve estar eetivando, no !on!reto das (rti!as de sade, os dierentes

    (rin!6(ios do SDS. Dma (o$6ti!a se orienta (or (rin!6(ios, mas est !om(rometida tam5m !ommodos de azer, !om (ro!essos eetivos de transormao e !riao de rea$idade.

    Se a 4umanizao no (ode ser tomada !omo um (rin!6(io, mas se (ro(e !omo (o$6ti!a,

    (or9ue sua eetividade no se az en9uanto (ro(osta 1era$ e a5strata. 3o entanto, no 5asta

    deender o !arter es(e!6i!o e !on!reto das (rti!as de 4umanizao, (ois tom"$as em sua

    es(e!ii!idade (ode in!orrer no ris!o de re(etir a tend/n!ia a !om(artimenta$izao e iso$amento

    das aes !omo, (or eem($o, a se(arao entre a 4umanizao do (arto e a 4umanizao das

    emer1/n!ias. @a6 a di6!i$ 9uesto: 9ua$ o sentido de uma (o$6ti!a de 4umanizao 9ue no se

    !onunda !om um (rin!6(io do SDS, o 9ue a tornaria am($a e 1enri!a, nem a5strata (or9ue ora

    das sin1u$aridades da e(eri/n!ia, nem 9ue a!eite a !om(artimenta$izao, mas 9ue se airme!omo (o$6ti!a !omum e !on!reta nas (rti!as de sade?

    O SDS uma !on9uista 9ue se e(ressa, sem dvida, !omo (ro(osio 1era$ e a5strata

    na orma do teto da $ei, das (ortarias e normativas. 3o entanto, o (roeto e$e mesmo do SDS no

    (ode su(ortar uma eist/n!ia des!o$ada do ($ano das e(eri/n!ias !on!retas no 9ua$ o movimento

    instituinte da Reorma Sanitria ez va$er a a(osta em mudanas nas (rti!as de sade. K a idia

    de =ni!o, en!ontrada no SDS, 9ue indi!a o ti(o de (roeto e, so5retudo, a orma de sua

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    im($antao no so!ius. Dm Sistema de sade (ara ser ni!o (re!isa im($antar"se !omo um ($ano

    !omum 9ue !one!ta dierentes atores no (ro!esso de (roduo de sade. K neste sentido 9ue os

    (rin!6(ios do SDS no se sustentam numa mera a5strao, sJ se eetivando (or meio da mudana

    das (rti!as !on!retas de sade.

    2as !omo 1arantir esta im($antao? Rea$izar mudanas dos (ro!essos de (roduo de

    sade ei1e tam5m mudanas nos (ro!essos de su5etivao, isto , os (rin!6(ios do SDS sJ se

    en!arnam na e(eri/n!ia !on!reta a (artir de sueitos !on!retos 9ue se transormam em sintonia

    !om a transormao das (rJ(rias (rti!as de sade. A(ostar numa Po$6ti!a 3a!iona$ de

    Humanizao do SDS deinir a 4umanizao !omo a va$orizao dos (ro!essos de mudana dos

    sueitos na (roduo de sade. H, (ortanto, uma inse(ara5i$idade entre estes dois (ro!essos, o

    9ue az da 4umanizao um !ata$isador dos movimentos instituintes 9ue insistem no SDS.

    @evemos, ainda, desdo5rar a (er1unta anterior ar1indo o 9ue estamos desi1nando !omo

    (ro!essos de mudana su5etiva. #omo rea$izar estas mudanas? A 4umanizao en9uanto

    (o$6ti!a de sade se !onstrJi !om as direes da inse(ara5i$idade entre ateno e 1esto e datransversa$idade. Cais direes indi!am o =!omo azer desta (o$6ti!a 9ue se !on!retiza !omo

    =te!no$o1ias re$a!ionais. K a (artir da transormao dos modos de os sueitos entrarem em

    re$ao, ormando !o$etivos, 9ue as (rti!as de sade (odem eetivamente ser a$teradas.

    2udamos as re$aes no !am(o da sade 9uando, (or um $ado, e(erimentamos a

    inse(ara5i$idade entre as (rti!as de !uidado e de 1esto do !uidado. #uidar e 1erir os (ro!essos

    de tra5a$4o em sade !om(em, na verdade, uma sJ rea$idade, de ta$ orma 9ue no 4 !omo

    mudar os modos de atender a (o(u$ao num Servio de sade sem 9ue se a$terem tam5m a

    or1anizao dos (ro!essos de tra5a$4o, a dinmi!a de interao da e9ui(e, os me!anismos de

    ($aneamento, de de!iso, de ava$iao e de (arti!i(ao. Para tanto so ne!essrios arranos edis(ositivos 9ue interiram nas ormas de re$a!ionamento nos Servios e nas outras eseras do

    sistema, 1arantindo (rti!as de !o"res(onsa5i$izao, de !o"1esto, de 1ru(a$izao 7#am(os,

    ---8.

    Por outro $ado, no 4 !omo mudar as ormas de re$a!ionamento nas (rti!as de sade

    sem 9ue aumentemos os 1raus de !omuni!ao, de !one!tividade e de inter!esso 7@e$euze,

    &%%8 intra e inter1ru(os nos Servios e nas outras eseras do sistema. #4amamos de

    transversa$idade 7uattari,&%*&8 o 1rau de a5ertura 9ue 1arante >s (rti!as de sade a

    (ossi5i$idade de dieren!iao ou inveno, a (artir de uma tomada de (osio 9ue az dos vrios

    atores, sueitos do (ro!esso de (roduo da rea$idade em 9ue esto im($i!ados. Aumentar os1raus de transversa$idade su(erar a or1anizao do !am(o assentada em !Jdi1os de

    !omuni!ao e de tro!as !ir!u$antes nos eios da verti!a$idade e 4orizonta$idade: um eio verti!a$

    9ue 4ierar9uiza os 1estores, tra5a$4adores e usurios e um eio 4orizonta$ 9ue !ria !omuni!aes

    (or estames. Am($iar o 1rau de transversa$idade (roduzir uma !omuni!ao mu$tivetoria$izada

    !onstru6da na inter!esso dos eios verti!a$ e 4orizonta$.

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    3a 9ua$ii!ao do SDS, a 4umanizao no (ode ser entendida !omo a(enas mais um

    Pro1rama a ser a($i!ado aos diversos Servios de sade, mas !omo uma (o$6ti!a 9ue o(ere

    transversa$mente em toda a rede SDS. O ris!o de tomarmos a 4umanizao !omo mais um

    Pro1rama seria o de a(roundar re$aes verti!ais em 9ue so esta5e$e!idas normativas 9ue

    devem ser a($i!adas e o(era!iona$izadas, o 9ue si1nii!a, 1rande (arte das vezes, eetuao

    5uro!rti!a, des!ontetua$izada e dis(ersiva, (or meio de aes (autadas em 6ndi!es a serem

    !um(ridos e metas a serem a$!anadas inde(endentes de sua reso$utividade e 9ua$idade.

    #om isto, estamos nos reerindo > ne!essidade de adotar a 4umanizao !omo (o$6ti!a

    transversa$ 9ue atua$iza um !onunto de (rin!6(ios e diretrizes (or meio de aes e modos de a1ir

    nos diversos Servios, (rti!as de sade e instn!ias do sistema, !ara!terizando uma !onstruo

    !o$etiva. A 4umanizao !omo (o$6ti!a transversa$ su(e ne!essariamente u$tra(assar as

    ronteiras, muitas vezes r61idas, dos dierentes n!$eos de sa5er0(oder 9ue se o!u(am da

    (roduo da sade. Entendemos, entretanto, 9ue ta$ situao de transversa$idade no deve

    si1nii!ar um i!ar ora, ou ao $ado, do SDS. A 4umanizao deve !amin4ar, !ada vez mais, (ara se!onstituir !omo vertente or1ni!a do Sistema Tni!o de Sade omentando um (ro!esso !ont6nuo

    de !ontratao, de (a!tuao 9ue sJ se eetiva a (artir do a9ue!imento das redes e orta$e!imento

    dos !o$etivos 7Passos N Benevides, --+8. 2as, sua airmao !omo (o$6ti!a transversa$ deve

    1arantir o !arter 9uestionador das verti!a$idades (e$as 9uais estamos, na sade, sem(re em ris!o

    de nos ver !a(turados.

    O !onronto de idias, o ($aneamento, os me!anismos de de!iso, as estrat1ias de

    im($ementao e de ava$iao, mas (rin!i(a$mente o modo !omo tais (ro!essos se do, devem

    !on$uir na !onstruo de tro!as so$idrias e !om(rometidas !om a (roduo de sade, tarea

    (rimeira da 9ua$ no (odemos nos urtar. @e ato, a tarea se a(resenta du($a e ine9u6vo!a:(roduo de sade e (roduo de sueitos. #onstruir ta$ (o$6ti!a im(e, mais do 9ue nun!a, 9ue o

    SDS sea tomado em sua (ers(e!tiva de rede, !riando e0ou orta$e!endo me!anismos de

    !o$etivizao e (a!tuao sem(re orientados (e$o direito > sade 9ue o SDS na !onstituio

    5rasi$eira !onso$idou !omo !on9uista. K no !o$etivo da rede SDS 9ue novas su5etividades

    emer1em en1aadas em (rti!as de sade !onstru6das e (a!tuadas !o$etivamente, reinventando

    os mode$os de ateno e de 1esto.

    Se (artimos da !r6ti!a ao !on!eito"sintoma, !on!$u6mos airmando a 4umanizao !omo

    um !on!eito"e(eri/n!ia 9ue, ao mesmo tem(o, des!reve, intervem e (roduz a rea$idade nos

    !onvo!ando (ara mantermos vivo o movimento a (artir do 9ua$ o SDS se !onso$ida !omo (o$6ti!a(5$i!a, (o$6ti!a de todos, (o$6ti!a (ara 9ua$9uer um, (o$6ti!a !omum.

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    #A2POS, , U, S. Humanizao na sade: um (roeto em deesa da vida?. Intera!e "#omuni!ao, Sade, Edu!ao, So Pau$o, v. %, n. n.&', (. )%*"+-), --. Reer/n!ias adi!ionais:Brasi$0Portu1u/s; 2eio de divu$1ao: Im(resso; ISS30ISB3: &+&+)*).

    Humanizao na sade:um (roeto em deesa da vida?

    #asto $agner de %ousa &ampos' prof. Depto. De (edicina Preventiva e %ocial) aculdade

    de &i*ncias (+dicas da Unicamp.

    A (roessora Re1ina Benevides, o (roessor Eduardo Passos e eu temos uma 4istJria de!o$a5orao a!ad/mi!a e (o$6ti!a 5astante (rodutiva. Assim, de5ater o arti1o Humanizao na

    sade: um novo modismo? somente mais uma eta(a de um $on1o di$o1o 9ue viemosenta5u$ando nos $timos dez anos.Parto da !onstatao (or e$es a(resentada de 9ue os (rin!6(ios 1erais ou as diretrizes

    1enri!as de uma (o$6ti!a, in!$usive no !aso do SDS, devem ser eaminados em sua !on!retude,ou sea, arti!u$ados !om a des!rio dos modos !omo (oderiam ser $evados > (rti!a. Assim,(artindo do (rin!6(io da Inte1ra$idade ou da Humanizao (odem ser armadas (o$6ti!as am($as ourestritivas e (roetos reormistas ou med6o!res. A dis!usso de (rin!6(ios a5stratos termina,re9entemente, em de!$araes undamenta$istas e em em5ates (uramente ideo$J1i!os. Dm va$ora(resentado em !onronto a outros. Por outro $ado, (rin!6(ios e diretrizes so im(ortantes (ara!om(or ima1inrios utJ(i!os e indi!ar novos rumos e o5etivos (ara as (o$6ti!as. 3este sentido, ode5ate so5re Humanizao deve !ontem($ar estas duas dimenses: sua !a(a!idade de (roduzirnovas uto(ias, mas tam5m o de intererir na (rti!a rea$mente eistente nos sistemas de sade.

    Os autores a(resentam a 4umanizao !omo um =!on!eito"sintoma 9ue, em determinadas

    !ir!unstn!ias, (oderia se transormar em um =!on!eito"e(eri/n!ia. Sintoma de 9u/, !a5eria(er1untar? A moda da Humanizao seria a(enas um movimento dema1J1i!o tendente asim($ii!ar !on$itos e (ro5$emas estruturais do SDS? Ou re$etiria uma tend/n!ia rea$ do sistema desade (ara desva$orizar o ser 4umano. Provave$mente as duas !oisas v/m a!onte!endo. Semdvida, 4 um (ro!esso de 5uro!ratizao e, em muitos !asos, at mesmo de em5rute!imento dasre$aes inter(essoais no SDS, 9uer seam re$aes entre (roissionais, 9uer sea destes !om osusurios. H evid/n!ias dessa de1radao tanto em e(isJdios !omo o da !rise da ateno4os(ita$ar no Rio de Vaneiro ou em (es9uisas 9ue indi!am modos de un!ionamento dos servios!om 5aio 1rau de envo$vimento das e9ui(es em sua tarea (rimria 9ue (roduzir sade. A essa!onstatao muitos tem a(osto o dia1nJsti!o 1enri!o de servios desumanizados. @a6, (arae($i!aes sim($istas 4 um !amin4o a5erto: a re!eita seria a !ate9uese ou a sensi5i$izao dostra5a$4adores de sade (ara 9ue adotassem (osturas e !om(ortamentos =!uidadores F mais umneo$o1ismo inventado !omo sa6da m1i!a (ara um !onteto !om($eo.

    #ada um destes !on!eitos"diretrizes tem uma (oten!ia$idade im($6!ita em seu modo de(roduo. Inte1ra$idade nos remete (ara o mundo dos sistemas de sade, inte1rao de sa5eres ede t!ni!as. Ainda 9ue (ossa a5ri1ar 9ua$9uer outra dis!usso, 9ue inte1ra$ si1nii!a total,inteiro e global; ou sea, o mundo, o universo e suas !er!anias. Humanizao !arre1a esta mesmaam5i1idade. @evero, (ortanto, ser dis!utidos a!o($ados aos (roetos !on!retos e$a5orados emseu santo nome. @e 9ua$9uer modo, me sinto atra6do (e$a uti$izao do !on!eito"s6nteseHumanizao. Isto (or9ue e$e a$a diretamente so5re os seres 4umanos e me (are!e 9ue um dos1randes (ro5$emas da $J1i!a dominante !ontem(ornea o es9ue!imento das (essoas. Po$6ti!ase!onMmi!as t/m sido ava$iadas de a!ordo !om sua !a(a!idade de (roduzir !res!imento ou

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    esta5i$idade monetria e no ne!essariamente de me$4orar as !ondies de vida das (essoas. Aordenao do es(ao ur5ano 4 muito deiou de $ado a (reo!u(ao !om o 5em"estar das(essoas. Em sade !omum a reduo de (essoas a o5etos a serem mani(u$ados (e$a !$6ni!a ou(e$a sade (5$i!a. O 4umano diz res(eito ao Sueito e > !entra$idade da vida 4umana.

    A Humanizao tem re$ao estreita !om dois outros !on!eitos muito ortes em meu (er!urso!omo (es9uisador e sanitarista: o de deesa da vida e o de Paidia. A deesa da vida um Jtimo

    !ritrio (ara orientar a ava$iao de (o$6ti!as (5$i!as. K tam5m um o5etivo (ermanente, umameta !entra$ a ser 5us!ada (or 9ua$9uer (o$6ti!a ou (roeto de sade. O !on!eito Paidia aindamais radi!a$, (or9ue nos em(urra a (ensar modos e maneiras (ara o desenvo$vimento inte1ra$ dosseres 4umanos, seam e$es doentes, !idados ou tra5a$4adores de sade. Sem(re 9ue a$o emHumanizao estou !o$ando nesta (a$avra"va$or o tema de deesa da vida e o de Paidia.

    Rosana Ono!Wo no arti1o Humano demasiado humano: uma abordagem do mal-estar nainstituio hospitalar !riti!ou o vis antro(omJri!o (resente 9uando denominamos a inustia, ae($orao, o ma$ e a (erversidade !omo sendo atri5utos desumanos. A desumanizao eistentenos servios de sade um (roduto 4umano, ainda 9uando resu$te de uma !om5inao de(ro5$emas estruturais !om (osturas a$ienadas e 5uro!ratizadas dos o(eradores 7Ono!Wo #am(os,--+8. Aina$ as estruturas so!iais so tam5m (roduto 4umano e, em tese, (oderiam ser reeitasmediante tra5a$4o e esoro 4umano. H de ato um (aradoo nessa !ara!terizao. @e 9ua$9uermodo, tende"se a 9ua$ii!ar de desumanas re$aes so!iais em 9ue 4 um 1rande dese9ui$65rio de

    (oder e o $ado (oderoso se a(roveita desta vanta1em (ara des!onsiderar interesses e deseos dooutro, reduzindo"o a situao de o5eto 9ue (oderia ser mani(u$ado em uno de interesses edeseos do dominante. Partindo deste (ressu(osto, no 4 !omo 4aver (roeto de Humanizaosem 9ue se $eve em !onta o tema da demo!ratizao das re$aes inter(essoais e, emde!orr/n!ia, da demo!ra!ia em instituies. 3o SDS a Humanizao de(ende, (ortanto, doa(ereioamento do sistema de 1esto !om(arti$4ada, de sua etenso (ara !ada distrito, servio e(ara as re$aes !otidianas. Envo$ve tam5m outras estrat1ias diri1idas a aumentar o (oder dodoente ou da (o(u$ao em 1era$ rente ao (oder e a autoridade do sa5er e das (rti!as sanitrias.a$orizar a (resena de a!om(an4antes nos (ro!essos de tratamento, 5em !omo modii!ar asre1ras de un!ionamento de 4os(itais e outros servios tam5m em uno de direitos dosusurios. 2e!anismos (reventivos e 9ue dii!u$tem o a5uso de (oder so essen!iais >4umanizao. A (redominn!ia de sa6das ur6di!as, pos factum, um sintoma da (erversidade deinstituies e das normas vi1entes.

    A Humanizao, !onsiderando"a nesta (ers(e!tiva, uma mudana das estruturas, da ormade tra5a$4ar e tam5m das (essoas. A 4umanizao da !$6ni!a e da sade (5$i!a de(ende deuma reorma da tradio mdi!a e e(idemio$J1i!a. Dma reorma 9ue !onsi1a !om5inar ao5etivao !ient6i!a do (ro!esso sade0doena0interveno !om novos modos de o(erarde!orrentes da in!or(orao do sueito e de sua 4istJria desde o momento do dia1nJsti!o at o dainterveno. O tra5a$4o em sade se 4umaniza 9uando 5us!a !om5inar a deesa de uma vida mais$on1a !om a !onstruo de novos (adres de 9ua$idade da vida (ara sueitos !on!retos. 3o 4!omo rea$izar esta s6ntese sem o !on!urso ativo dos usurios, no 4 sa5er t!ni!o 9ue rea$ize (orsi sJ este ti(o de inte1rao.

    A 4umanizao de(ende ainda de mudanas das (essoas, da /nase em va$ores $i1ados >deesa da vida, na (ossi5i$idade de am($iao do 1rau de desa$ienao e de transormar o tra5a$4oem (ro!esso !riativo e (razeroso. A reorma da ateno no sentido de a!i$itar a !onstruo dev6n!u$os entre e9ui(es e usurios, 5em !omo no de e($i!itar !om !$areza a res(onsa5i$idadesanitria so instrumentos (oderosos (ara mudana. 3a rea$idade, a !onstruo de or1anizaes9ue estimu$em os o(eradores a !onsiderar 9ue $idam !om outras (essoas durante todo o tem(o, e9ue estas (essoas, !omo e$es (rJ(rios, t/m interesses e deseos !om os 9uais se deve !om(or, um !amin4o orte (ara se !onstruir um novo modo de !onviv/n!ia.

    A Humanizao (oder a5ar!ar um (roeto !om este teor. Ou no. @e 9ua$9uer modo, um!on!eito 9ue tem um (oten!ia$ (ara se o(or a tend/n!ia !ada vez mais !om(etitiva e vio$enta daor1anizao so!ia$ !ontem(ornea. A Humanizao tende a $em5rar 9ue ne!essitamos deso$idariedade e de a(oio so!ia$. K uma $em5rana (ermanente so5re a vu$nera5i$idade nossa e dosoutros. Dm a$erta !ontra a vio$/n!ia.

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    #omo diria o uiz Odori!o, a Humanizao (roduz uma Xtenso (aradi1mti!aY 7Andrade, --+8entre a rieza da ra!iona$idade e!onomi!ista ou administrativa ou mesmo do (ra1matismo (o$6ti!o!om a (reo!u(ao em or1anizar"se um mundo (ara a 4umanidade. Guando se a$a muito em4umanizao i!a mais di6!i$ es9ue!er"se da $J1i!a em deesa da vida. Ainda 9ue sea sem(re(oss6ve$.

    A 4umanizao !omo !on!eito"e(eri/n!ia. Este o desaio, este o !amin4o (ara !onstruo

    de sentido e de si1nii!ado (ara (o$6ti!as de 4umanizao, assim nos ensinaram Re1ina eEduardo.

    Refer*ncias

    O3O#ZO #A2POS, R. Humano, demasiado 4umano: uma a5ordae de$ ma$"estar em $a institu!iJn4os(ita$aria. In: SPI3EI, H. 7Or1.8 %alud &olectiva. Buenos Aires: u1ar Editoria$, --+. (.&-)"&.

    A3@RA@E, . O. , dilema da intersetorialidade: um estudo de !aso, orta$eza e #uriti5a --+.Cese 7@outorado8 " @e(artamento de 2edi!ina Preventiva e So!ia$, a!u$dade de #i/n!ias2di!as, Dniversidade de #am(inas, #am(inas.

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    ESCA@O, @. #omentrio so5re o teto =Humanizao na sade: um novo modismo?. Intera!e" #omuni!ao, Sade, Edu!ao, So Pau$o, v. %, n. n.&', (. )%")%', --. Reer/n!ias adi!ionais:Brasi$0Portu1u/s; 2eio de divu$1ao: Im(resso; ISS30ISB3: &+&+)*).

    &oment-rio sore o te/to 0Humanizao nasade: um novo modismo12

    Denise #astaldo 3ssociate Professor) acult4 of 5ursing and Department of Pulic Healt6

    %cience) acult4 of (edicine) Universit4 of 7oronto) &anad-.

    Este !omentrio a(resenta as re$ees 9ue a $eitura do teto de Re1ina Benevides e EduardoPassos me sus!itaram. Es!revo uma 9uase"res(osta, a!res!entando a$1umas novas idias a9uestes 9ue (ara mim i!aram (endentes, numa tentativa de di$o1o. A(Js des!rever !omo $eio oteto dos autores, (assarei >s tr/s 9uestes 9ue !onsidero im(ortantes dis!utir: &. a re$atividade ediversidade na 4umanizao !omo (ro5$emti!as; . a tenso entre o individua$ e o !o$etivo no

    (ro!esso de mudana so!ia$; e ). a (roduo de 4umanizao !omo (rti!a numa so!iedadeortemente desumanizada.

    Benevides e Passos mostram"se !r6ti!os da ri1idez de !on!eitos, !omo o !on!eito"sintoma de4umanizao (or9ue =(ara$isa e re(roduz um sentido dado e est ra1mentado na (rti!a (or(ro1ramas, n6veis de ateno e (roisses, entre outros. Esta orma de (ensar !onduz a uma!r6ti!a da norma$izao, (ois no !a(tura a sin1u$aridade de nen4um indiv6duo em (arti!u$ar, e datend/n!ia de se idea$izar as(e!tos de nossa 4umanidade, en9uanto o 9ue !riativo, re!i!$ado oumar1ina$ re9entemente re!4aado (e$o sistema. Ao a(ostar na diversidade normativa e numare$eo 9ue !ontem($e vrios !o$etivos, os autores !r/em 9ue as (essoas se transormariam ao(arti!i(ar de estrat1ias de mudana so!ia$. 3o 9ue tan1e > 4umanizao !omo (o$6ti!a (5$i!a,su1erem 9ue ne!essrio su(erar a5straes (ara 9ue a (o$6ti!a !4e1ue aos atores so!iais eestes e(erimentem ormas de se re$a!ionar em !o"1esto !om o sistema, no 9ua$ a (roduo desade sea tam5m (rodutora de su5etividades.

    2in4a (rimeira reao ao teto oi (ensar 9ue o (edido de diversidade e va$orizao dadierena no !om5inava !om o vo!5u$o =Homem (ara des!rever os seres 4umanos de am5osos seos e distintas orientaes seuais. Pessoa$mente, no (er!e5o a 4umanidade em suadiversidade na (a$avra 4omem, sea e$a !om mais!u$a ou mins!u$a. A se1uir, numa re$eo um(ou!o mais detida, (er!e5i 9ue min4a reao ao teto era de in!redu$idade nas (ro(ostas de4umanizao a$i $evantadas (or sua re$atividade, (e$a aus/n!ia de uma des!rio e($6!ita dosva$ores e ti(os de su5etividades deseados (e$a (o$6ti!a de 4umanizao, um (ro5$ema re9enteem tetos de orientao (Js"estrutura$ista e (Js"moderna. Re!on4eo 9ue os autores a(ontam(ara a !o"1esto, tro!as so$idrias e !om(rometidas, mas estes so va$ores de (ro!esso mais do9ue eeitos deseados. Ou sea, (re!iso 4umanizar (or9ue o sistema !onsiderado 4oe, (ora$1uns " entre e$es os ormu$adores da (o$6ti!a " !omo desumano, inade9uado, inei!iente et!.3este !onteto, no estamos a$ando de (roduo de su5etividades em 1era$, mas de a$1uns ti(os

    de su5etividade e, assim, o (ro!esso de 4umanizar"se no menos (res!ritivo 9ue 9ua$9ueroutro, mesmo 9uando e($i!ita a diversidade !omo va$or 9ue deve orientar o (ro!esso de4umanizar"se.

    A !riao de su5etividades o!orre 4oe nas (rti!as do !otidiano do SDS e este (ro!esso, desu5etividades !riadas e re"!riadas, 1era 1rande (arte da resist/n!ia ao 9ue se (ro(e !omo4umanizao. Ine$izmente, re!eio 9ue se izssemos (reva$e!er o (ensamento dos7as8(roissionais 9ue tra5a$4am (ara o SDS 4oe, a$m de uma J5via diversidade de o(inies, ta$veznos de(arssemos !om muitos 9ue (ensam 9ue sistema (5$i!o =assim mesmo, 9ue !om asatuais !ondies de tra5a$4o e os $imites edu!a!ionais e inan!eiros da (o(u$ao =a 1ente az o9ue (ode. Esta uma su5etividade, a de v6tima do sistema ou da situao. Outra a su5etivao

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    de (rivi$1ios, na 9ua$ a$1uns mdi!os7as8 se (er!e5em menos res(onsveis (or !um(rir 4orrio9ue outros (roissionais, (ois e$es =(re!isam ter um me$4or sa$rio. Ou sea, o SDS, desde sua!riao, !o$a5ora na (roduo de ormas de (ensar e (rati!ar !uidados e tratamentos de doenase, neste (ro!esso, se (roduzem su5etividades individuais 9ue t/m muitas !ara!ter6sti!as!om(arti$4adas no !o$etivo.

    Dma outra $a!una no teto, tam5m derivada de seu re$ativismo, a aus/n!ia de reer/n!ias a

    !on$itos e sistemas de (rivi$1ios. Su(on4o 9ue o atendimento desumanizado sea 5eni!o (araa$1uns, (ois se a desumanidade na ateno osse ruim (ara todas as (essoas envo$vidas ter6amos (resen!iado mudanas mais a5ran1entes. A$m disso, o dis!urso da va$orizao dadierena tem, > (rimeira vista, um !arter imo5i$izador, se no or mediado (or va$ores e($6!itos.#omo se deve res(eitar todas as dierenas 7in!$usive as 9ue desumanizam o sistema8 e estasa(ontam (ara !amin4os distintos na im($ementao de (ro1ramas e (rti!as, na mi!ro"6si!a dasre$aes de (oder do !otidiano torna"se di6!i$ ustii!ar uma orma de atuao so5re outra, (oreem($o: va$orizar o 4orrio 9ue mais !onveniente > (o(u$a!ao 9ue aos tra5a$4adores.

    Esta !r6ti!a no se deve ao ato de 9ue eu i1nore os o5etivos e va$ores !$aramente deinidos(ara o SDS, os 9uais servem de mar!o (ara o desenvo$vimetno da (o$6ti!a de 4umanizao.Cam5m entendo 9ue no !otidiano dos servios a traduo de (rin!6(ios !omo universa$idade ouinte1ra$idade ne!essitam do 9ue os autores des!reveram !omo (o$6ti!as transversais 9ue audem a!on!retizao de (rti!as 4umanizadas. 3o entanto, 4umanizar e($i!itar a1endas e !on$itos.

    Por eem($o, na 1esto de dierenas de 1/nero, !omo tra5a$4ar o a!o$4imento e o su(orteemo!iona$ se no nos reerimos ao (a(e$ so!ia$ 9ue est atre$ado >s mu$4eres nesta rea (or9uevivemos numa so!iedade !om mar!ados va$ores (atriar!ais? Ou, !omo res(onder a 9uestes dedesi1ua$dade de 1/nero viven!iadas (e$as !$ientes se estas tam5m (ermeiam as re$aes detra5a$4o, ta$vez de ormas mais sutis?

    Os eem($os 9ue uti$izei at o momento remetem a meu se1undo (onto. Dm dos (oss6veisresu$tados de um (ro!esso !o$etivo de 5us!a de 4umanizao nos servios (ode ser uma ru(turanas re$aes da e9ui(e, (ois su5etividades anta1Mni!as se !onso$idam no 1ru(o. Ca$vez isso sea(arte do (ro!esso 9ue os autores des!revem !omo !onstruo !o$etiva, mas ten4o dii!u$dade deentender a sintonia do (ro!esso de indiv6duos e !o$etivos 9ue e$es re$atam. Parto da (remissa 9uedis!ursos dominantes e emer1entes !onstituem as su5etividades de (essoas 9ue (arti!i(am deum mesmo (ro!esso e 9ue e$as transormaram suas su5etividades de maneiras d6s(ares no(ro!esso de tentar atin1ir um mesmo o5etivo. Assim, uma vez mais, a!redito 9ue a noo de

    !on$ito ou !o"eist/n!ia de ru(turas e !ontinuidades 9ue !o"eistem na (roduo de su5etividades(ode ser ti$ (ara entender o (ro!esso de 5us!a de (rti!as e vises de mundo mais (rJimas aum sistema de sade 4umanizado (ara usurios7as8 e (roissionais.

    A $tima 9uesto 9ue me o!orre a (artir da $eitura do teto a de 9ue a (o$6ti!a de 4umanizaotem diante de si um desaio in!omensurve$: o de 4umanizar numa so!iedade onde (reva$e!emtantas e to (roundas ormas de inustia e vio$/n!ia no !otidiano, a desumanidade > 5rasi$eira. O!o$onia$ismo, transormado no $timo s!u$o em um a!entuado !$assismo, e as (ersistentese(e!tativas de su5servi/n!ia da (o(u$ao e!onomi!amente desavore!ida, ou ne1ra, oueminina, (or (arte de muitos em nossa so!iedade (ermeiam as re$aes do !otidiano a (onto deser muito di6!i$ distin1ir eterioridade e interioridade neste (ro!esso. #onsidero tam5mim(ortante $em5rar 9ue o a!esso a servios de sade de 9ua$idade a(enas um entre mais deuma dezena de determinantes so!iais da sade, !omo distri5uio e9itativa de renda, in!$usoso!ia$, !ondies de tra5a$4o e edu!ao... A$m disso, os servios de sade so res(onsveis(or a(enas &- a &[ de todos os !uidados de sade 9ue o!orrem nas so!iedades de (a6ses ditosdesenvo$vidos, estando a !ar1o da so!iedade a maior (arte dos !uidados.

    Para !on!$uir, 9uero ressa$tar 9ue em muitos (ontos !on!ordo !om os autores, mas !omoa!ad/mi!a !a5e a mim azer !r6ti!as (ara a(rimorar ormas de teorizar e (rati!ar a (romoo dasade. Em s6ntese, su1iro 9ue a teoria desenvo$vida (or Benevides e Passos se 5enei!iaria demaior ateno aos !on$itos e tenses 9ue o (ro!esso de 4umanizao (oder desen!adear,in!$usive nos (ro!essos de (roduo de su5etividades, de uma (auta de diversidade (araasse1urar a in!$uso so!ia$, o 9ue 5eni!o (ara a sade de toda (o(u$ao e, ina$mente, deuma re$eo do si1nii!ado da (ro(osta de 4umanizao do SDS no !onteto da desumanidade

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    dos determinantes so!iais da sade, aos 9uais a maioria da (o(u$ao 5rasi$eira est su5metidaem seu !otidiano.

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    @ESA3@ES, S. . O (roeto ti!o"(o$6ti!o da 4umanizao, !on!eitos, mtodos e identidade.Intera!e " #omuni!ao, Sade, Edu!ao, So Pau$o, v. %, n. n.&', (. +-&"+-), --. Reer/n!iasadi!ionais: Brasi$0Portu1u/s; 2eio de divu$1ao: Im(resso; ISS30ISB3: &+&+)*).

    , pro8eto +tico'pol9tico da 6umanizao)conceitos) m+todos e identidade

    %uel4 erreira Deslandes Pesuisadora) ;,&RUdemandas e a partil6a de decis=es entre profissionais) gestores e usu-rios7@es$andes, --+; --; Benevides N Passos, --8. Pensar a !omuni!ao traz im($6!ita a tareade dis!utir (o$iti!amente os dierentes !a(itais e a1entes envo$vidos nesta (ro(osta e os meios de!omuni!a5i$idade 7!omun4o e ne1o!iao de sentidos e inter(retaes8.

    2uito a(ro(riadamente Re1ina e Eduardo a$ertam 9uanto ao !onteto rea$ onde se insere as7im8(ossi5i$idades desta (ro(osta: um mode$o de assist/n!ia se!u$armente 4ierar9uizado,ra1mentado e !a$!ado numa $J1i!a t!ni!o"5uro!rti!a.

    emos ainda 9ue o !on!eito de 4umanizao se a$in4a a uma srie de (ro(ostas de reviso ede mudana das re$aes entre e9ui(es, (roissionais, 1estores e usurios dos servios. A a(ostanas =te!no$o1ias re$a!ionais !$ara. a$a"se do em(re1o das te!no$o1ias de es!uta, a!o$4imento,di$o1o e ne1o!iao (ara a (roduo e 1esto do !uidado.

    A Po$6ti!a 3a!iona$ de Humanizao 7P3H8 7Brasi$, --+8, (or sua vez, no demar!a um!on!eito, 4a5i$mente airma a(enas um =entendimento do seu !o$etivo de ormu$adores:

    Assim, entendemos Humanizao !omo: va$orizao dos dierentes sueitosim($i!ados no (ro!esso de (roduo de sade: usurios, tra5a$4adores e1estores; omento da autonomia e do (rota1onismo desses sueitos;aumento do 1rau de !o"res(onsa5i$idade na (roduo de sade e desueitos; esta5e$e!imento de v6n!u$os so$idrios e de (arti!i(ao !o$etiva no(ro!esso de 1esto; identii!ao das ne!essidades de sade; mudana nosmode$os de ateno e 1esto dos (ro!essos de tra5a$4o tendo !omo o!o asne!essidades dos !idados e a (roduo de sade; !om(romisso !om a

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    am5i/n!ia, me$4oria das !ondies de tra5a$4o e de atendimento. 7Brasi$,--+, (. 8

    Esta o(o semiJti!a e (o$6ti!a evita o e!4amento de uma deinio (ro1ramti!a, !erto. Poroutro $ado, no (ossi5i$ita a vin!u$ao !om uma =ima1em"o5etivo !$ara, a$m de (ermitir aidentii!ao destas assertivas !om vrios (rin!6(ios e orientaes disseminados (e$o mode$o de

    (o$6ti!as e (rti!as de sade 9ue o SDS 5us!a !onstruir 7va$orizao dos sueitos, (ro!essos de1esto (arti!i(ativa e so$idria, (rota1onismo dos sueitos, aes de sade !entradas nasne!essidades reais de sade das (o(u$aes e dos indiv6duos, demo!ratizao das re$aes8. A(rimeira vista, (are!e a$tar nesta deinio uma identidade do 9ue 5us!a desi1nar.

    A $eitura do do!umento (ermite (er!e5er 9ue, de ato, os itens desta (ro(osio rea(are!em!omo a$1uns dos (rin!6(ios da mesma Po$6ti!a. Se a deinio do !on!eito 1an4a a orma de uma(ro(osio =(rin!i(ia$ista o 9ue isso (ode nos indi!ar? Aventuro !omo es(e!u$ao 9ue o deseoda transversa$idade 9ue a (o$6ti!a a$mea ento se am($ia, dado 9ue este !on!eito"(rin!6(io (odeestar (resente em vrios n6veis da (roduo de !uidados de sade, da re!e(o do usurio >1esto e ($aneamento das aes. #ontudo, um e$emento desta (ro(osio iso$ado 7va$orizaodos sueitos, omento de autonomia e (rota1onismo et!8 no (are!e 1arantir a identidade de um(roeto de 4umanizao, (ois sua a($i!ao estaria a5erta a inmeras (ossi5i$idades de $eiturasorma$izantes e 5uro!ratizadas.

    Re1ina e Eduardo assumem este di$ema: uma (o$6ti!a no (ode ser 1enri!a a (onto de se!onundir !om os (rJ(rios (rin!6(ios do SDS, nem !air na es(e!ii!idade de uma deinioorto(edi!amente re1u$adora. A(ontam um e$emento dieren!ia$ do 9ue (oderia ser um eioidentitrio da (ro(osta de 4umanizao: (ro!essos de su5etivao transormadores, isto ,envo$vendo sueitos !o$etivos 9ue nas (rti!as !on!retas e !otidianas transormam o modo de(roduzir !uidados de sade, transormando"se a si tam5m. @a6 a estrat1i!a (osio 9ue a(ro(osta de 4umanizao (assa a desrutar ao ter o estatuto de uma Po$6ti!a. A1$utina um (odermo5i$izador de de5ate e de aes 9ue no 4averia se osse vista !omo mais uma diretriz dasaes de sade.

    Ao (ensar nesses (ro!essos de su5etivao vo$tamos ao o1o das interaes, das re$aesa!e"a"a!e 9ue !onstrJi o !otidiano do 9ue !ostumamos !4amar de =assist/n!ia. 2as, !omosa5emos, este (roeto somente se rea$iza se or tomado !omo um modo de 1esto, um modo derea$izar a ateno em sade, umapra!is. #are!e, (ortanto, de estrat1ias no sJ de (roduo,

    mas de re(roduo deste mode$o. 3este sentido o investimento na ormao de (roissionais e1estores estrat1ia im(ortante, mas !ua sustenta5i$idade se d a (artir da disseminao deme!anismos ideo$J1i!os !ontra"4e1emMni!os e de a$ianas 9ue 1arantam adeso e a !ontinuidadede ta$ (roeto.

    #a5e ainda inda1ar, 9ua$ mode$o se desea? #ertamente esta res(osta sJ (oss6ve$ a (artir dem$ti($as vozes e e(resses. A P3H 7Brasi$, --+8 deende !omo =mar!as a serem atin1idas umatendimento reso$utivo e a!o$4edor, !om5atendo a des(ersona$izao a 9ue so su5metidos osusurios dos servios, 1arantindo"$4es os seus direitos institu6dos em =!Jdi1os dos usurios, a$mde 1arantir edu!ao (ermanente aos (roissionais 5em !omo a (arti!i(ao nos modos de1esto.

    Sem entrar na ar1umentao destas mar!as (ro(ostas, 9ue (or si sJ dariam $on1a re$eo,(enso 9ue dois desaios se a(resentam > !onstruo deste mode$o e, !onse9entemente, aosseus a1entes: a (roduo de um !uidado orientado (e$o re!on4e!imento de (essoa 7o sentido deser mem5ro, de (erten!imento a um ethos, a uma !u$tura, a um 1ru(o 9ue deine os (rJ(riossi1nii!ados do =eu8 e de sueito 7o sentido de uma identidade a (artir de uma 5io1raia sin1u$ar,arti!u$ada a uma !u$tura, !a(az de dotar de $e1itimidade a autonomia de !ada um8. Res1ato a6 a!ru!ia$idade da (o$itizao do estatuto de (essoa e de sueito. A deinio de (essoa (assa (e$ore!on4e!imento e res(eito a outros e distintos reeren!iais !u$turais. A noo de sueito nos $anaao dis!urso ti!o da autonomia, das es!o$4as e de!ises > $uz das !ondies de 1/nero, (osioso!ia$ e etnia0raa. K sem(re o(ortuno (er1untar 9uem 1oza do statusde (essoa e de sueito nas(rti!as de assist/n!ia (restada nos servios de sade? Guais !a(itais de (rota1onismo eautonomia os dierentes atores usuruem? Guais as mar1ens e me!anismos de ne1o!iao e

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    am($iao destas ronteiras? Penso 9ue 5us!ar enrentar estas 9uestes , !omo 5em (ontuamRe1ina e Eduardo, !riar as 5ases de um movimento rea$mente instituinte do (roeto de4umanizao em !onteto ao iderio do SDS.

    Refer*ncias:

    Benevides, R.; Passos, E. A 4umanizao !omo dimenso (5$i!a das (o$6ti!as de sade. &i*nc.%ade &olet.) v.&-, n.), --. 7no (re$o8.

    Brasi$. 2inistrio da Sade. --+. Pol9tica 5acional de Humanizao. @is(on6ve$ em:4tt(:00(orta$.saude.1ov.5r0saude0area.!m?id\area])%-. A!esso em: ev. --.

    #asate, V. #.; #orr/a, A. Z. Humanizao do atendimento em sade: !on4e!imento vei!u$ado na$iteratura 5rasi$eira de enerma1em.Rev. ?at'3m. !nfermag., v.&), n.&, (.&-"&&, --.

    @es$andes, S. . An$ise do dis!urso oi!ia$ so5re 4umanizao da assist/n!ia 4os(ita$ar. &i*nc.%ade &olet., v.%, n.&, (.'"&), --+.

    @es$andes, S. . A Jti!a de 1estores so5re a 4umanizao da assist/n!ia nas maternidadesmuni!i(ais do Rio de Vaneiro. &i*nc. %ade &olet., v.&-, n.), --. 7no (re$o8.Pu!!ini, P. C.; #e!6$io, . #. O. A 4umanizao dos servios e o direito > sade. &ad. %ade

    Plica, v.-, n., (.&)+"), --+.

    BARROS, R. B.; PASSOS, E. Humanizao na sade: um novo modismo? R($i!a. Intera!e "#omuni!ao, Sade, Edu!ao, So Pau$o, v. %, n. n.&', (. +-+"+-L, --. Reer/n!ias adi!ionais:Brasi$0Portu1u/s; 2eio de divu$1ao: Im(resso; ISS30ISB3: &+&+)*).

    R+plica

    Regina Benevides!duardo Passos

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    HentreHosHanimaisHestran4osHeu

    Hes!o$4oHosHumanos Arna$do Antunes

    Nunca escrevemos ss, no apenas porque podemos fazer um texto em parceria (como onosso caso), mas tambm e, sobretudo, porque em qualquer situao escrevemos paraalgum, sempre acompanhados e provocados por esse outro que, geralmente, se mantminvisvel! o leitor" # um privilgio, portanto, escrever na sesso $ebates da revista%nterfaces, quando podemos dar visibilidade ao plano de interlocuo que faz do texto umarealizao de muitos" &er 'asto agner, $enise 'astaldo e uel* $eslandes comodebatedores nos auxilia na tarefa sempre incompleta de construo de argumentos acerca deum tema complexo como o da humanizao da sa+de" ais ainda, ter estes debatedores quese colocam ao lado para pensar o tema prazer e certeza do compromisso de construo dasa+de p+blica no -rasil".amos tomar como caminho, nesta rplica, no uma discusso individualizada com cadaum dos debatedores, cu/os textos mais que comentar, propuseram inflex0es singulares eclarificadoras para o problema em debate" 1xtrairemos algumas linhas que atravessam ostextos e que, acreditamos, nos auxiliam no esclarecimento das idias"

    Linha 1: Desnaturalizao e no relativismo

    $efendemos a humanizao como um conceito2experi3ncia que enquanto tal exige a crtica4 maneira sintom5tica com que ele vem se apresentando no campo da sa+de" %r do conceito2sintoma ao conceito2experi3ncia realizar a desnaturalizao de pr5ticas ditashumanizantes que perderam a fora de problematizao do /5 institudo" $esnaturalizar oconceito de humanizao imp0e, portanto, apontar para o /ogo de foras, de conflitos ou depoder que institui sentidos hegemonizados nas pr5ticas concretas de sa+de, apostando, emcontrapartida, na criao de um novo modo de fazer"ais do que um novo ob/etivo ou uma nova meta, este modo de fazer pressup0e, ento, umreposicionamento dos su/eitos implicados no processo de produo de sa+de, criando2se ascondi0es para a crise de uma sub/etividade assu/eitada a padr0es /5 cristalizados empr5ticas de sa+de no democr5ticas, com baixo padro de responsabilizao e demanuteno de privilgios de classes socio2culturais, de g3nero, de categorias profissionais,etc"6 operao de desnaturalizao desestabiliza as formas dadas e os seus sentidossedimentados, fazendo aparecer o plano de produo tanto das pr5ticas institudas nocampo da sa+de quanto dos su/eitos comprometidos com a reproduo dessas pr5ticas" &alplano se caracteriza, de fato, por uma multiplicidade de determinantes, de maneira que estasobredeterminao nos impede de supor uma relao de causalidade linear que garantiria a

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    primazia de qualquer um dos vetores (econ7micos, culturais, de g3nero, tnicos, etc) e,conseq8entemente, uma homogeneidade dos efeitos" o muitos determinantes, sendom+ltiplos tambm os seus efeitos, o que torna o campo da sa+de uma realidade complexa eheterog3nea, onde convivem diferentes pr5ticas, diferentes valores e diferentes atores"9airamos assim num relativismo: 6firmar que a aposta da humanizao do ; se faz

    atravs da produo de sub/etividades nos levaria a ter que equivaler, igualar os diferentesatores presentes no campo:

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    ateno e equidade na distribuio dos recursos com participao em todas as instBncias"reencantamento do concreto? que o conceito de humanizao deixa odomnio abstrato dos princpios para se atualizar como poltica p+blica agindo nos e peloscoletivos" @ que o conceito sintetiza, portanto, uma dupla face da concretude na qual eleest5 sempre inscrito! a das pr5ticas e a dos su/eitos"=umanizar a sa+de nos compromete no com regras abstratas, que poderiam conduzir a umfundamentalismo dos princpios do ;, mas 4 alterao das pr5ticas de sa+de e dossu/eitos a implicados"o exatamente nestas pr5ticas (concretas) e com estes su/eitos (concretos) que o processode mudana pode garantir a continuidade do movimento instituinte do ;" eguir estemovimento significa, por outro lado, manter2se numa atitude de resist3ncia no duplosentido da palavra! de oposio e de criao" Desistimos quando nos opomos ao modocomo o socius est5 organizado de maneira a reproduzir valores, pr5ticas e institui0escompetitivas e violentas"