hipotireoidismo e sua relaÇÃo com a gestaÇÃo...

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ATUALIZA-ASSOCIAÇÃO CULTURAL ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA JULLIANA ALMEIDA GAMA DE MOURA HIPOTIREOIDISMO E SUA RELAÇÃO COM A GESTAÇÃO: consequências para as mulheres e seus filhos SALVADOR 2011

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ATUALIZA-ASSOCIAÇÃO CULTURAL

ESPECIALIZAÇÃO EM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA

JULLIANA ALMEIDA GAMA DE MOURA

HIPOTIREOIDISMO E SUA RELAÇÃO COM A

GESTAÇÃO: consequências para as mulheres e seus filhos

SALVADOR

2011

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JULLIANA ALMEIDA GAMA DE MOURA

HIPOTIREOIDISMO E SUA RELAÇÃO COM

GESTAÇÃO: consequências para as mulheres e seus filhos

SALVADOR

2011

Monografia apresentada a Atualiza Associação Cultural, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Enfermagem Obstétrica, sob orientação do Professor Fernando Reis do Espírito Santo.

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RESUMO

Sabe-se que a tireóide é o órgão que controla o metabolismo corporal. Hipotireoidismo é quando esse metabolismo está mais lento que o normal, pela diminuição nos níveis dos hormônios da tireóide. A gestação induz mudanças fisiológicas na função tireoidiana materna. Uma mulher normal consegue encarar essa nova fase da gravidez com tranqüilidade. Mas se por uma doença auto-imune, deficiência de iodo no organismo ou algum outro fator que comprometa a função tireoidiana resulte num hipotireoidismo gestacional, complicações para mãe e desenvolvimento do feto serão ocasionadas. Vários estudos têm demonstrado que mulheres portadoras de hipotireoidismo apresentam dificuldade para engravidar e, as que conseguem, geralmente não levam a gravidez até o fim ou têm filhos com retardo mental. O objetivo deste estudo é evidenciar, a partir da literatura, complicações que o hipotireoidismo causa às gestantes e seus futuros filhos. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e os resultados mostram que se as mulheres hipotireóideas apresentarem diagnóstico e tratamento precoces, pode haver redução de abortamentos e do número de crianças que nascem portadoras de retardo mental.

Palavras-chave: hipotireoidismo; gestação, tratamento.

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ABSTRACT

It is known that the tireóide is the organ that controls the corporal metabolism. Hipotireoidismo is when that metabolism is slower than the normal, for the decrease in the levels of the hormones of the tireóide. The gestation induces physiologic changes in the function maternal tireoidiana. A normal woman gets to calmly face that new phase of the pregnancy. But if for a solemnity-immune disease, iodine deficiency in the organism or some other factor that it commits the function tireoidiana results in a hipotireoidismo gestacional, complications for mother and development of the fetus will be caused. Some studies have demonstrated that carrying women of hipotireoidismo present difficulty to engravidar e, obtain them, generally they do not obtain to take the pregnancy until the end or have children with mental retardation. The objective of this study is to show, from the literature, complications that the hypothyroidism causes pregnant women and their future children. One is about a bibliographical research and the results show that if the hipotireóideas women to present precocious diagnosis and treatment, can have reduction of abortions and the number of children who are born carrying of mental retardation.

Word-key: hipotireoidismo; gestation, treatment.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------- 6

CAPÍTULO 1

1.1 A TIREÓIDE --------------------------------------------------------------------------------- 8

1.2 O HIPOTIREOIDISMO -------------------------------------------------------------------11

1.3 A TIREÓIDE E A GRAVIDEZ --------------------------------------------------------- 16

CAPÍTULO 2

2.1 CONSEQUÊNCIAS DO HIPOTIREOIDISMO PARA AS MULHERES ---- 22

2.2 CONSEQUÊNCIAS DO HIPOTIREOIDISMO PARA AS CRIANÇAS ----- 28

2.3 TRATAMENTO DO HIPOTIREOIDISMO GESTACIONAL ------------------ 34

CONSIDERAÇÕES FINAIS --------------------------------------------------------------- 38

REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------- 40

INTRODUÇÃO

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As primeiras dosagens sanguíneas dos hormônios da tireóide começaram a

ser feitas no mundo na década de 60. Na década de 1970 a metodologia diagnóstica

para disfunção tireoidiana surgiu para médicos, sem, portanto, passar de simples

suspeitas. Déficit de raciocínio, distúrbio de comportamento, indisposição severa,

sonolência ou insônia, ganho ou perda de peso importante, distúrbios menstruais

sem causa ginecológica aparente, ou qualquer outro sintoma que sugerisse qualquer

disfunção tireoidiana era seguido de solicitação dos exames recém-criados para

detecção da causa dessas alterações. Esses exames, porém, ainda eram muito

caros e muitos viam um desperdício investir em algo ainda incerto. Porém, a partir

de 1980, solidificou-se a idéia de que não poderiam mais ficar passivos diante dos

fatos, aguardando por uma forte suspeição da doença, pois assim inúmeros

diagnósticos deixariam de ser feitos e, consequentemente, diversos males já

estariam arraigados em muitos organismos.

O hipotireoidismo pode ser definido como a diminuição da função tireoidiana

e, hoje em dia, pode-se afirmar que crianças que nascem com essa disfunção

certamente sofrerão de deficiência mental, caso não sejam tratadas até a 6ª semana

de vida.

A gravidez pode ser definida como o período entre a concepção e o

nascimento de um indivíduo. Para os animais irracionais, esse período nada mais

significa do que dar continuação à espécie, através da reprodução. Para os seres

humanos significa muito mais que isso: é um divisor de águas na vida de qualquer

pai ou mãe responsável. Especialmente para a mulher, o sentimento de carregar no

seu ventre uma nova vida, é um momento único e especialmente emocionante na

vida.

Tendo em vista esse contexto e considerando o baixo número de estudos a

respeito da associação entre gravidez e hipotireoidismo (já que uma mulher

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hipotireóidea pode ter dificultado ou adiado seu sonho de ser mãe, ou ainda, de

conseguir levar até o fim sua gravidez)m pergunta-se: quais as conseqüências do

hipotireoismo para as mulheres e seus filhos?

Na tentativa de responder essa questão este trabalho pretende evidenciar, a

partir da literatura, as conseqüências que o hipotireoidismo traz para as mulheres

durante a gestação, como também para seus futuros filhos, na tentativa de contribuir

e incentivar novas pesquisas com relação ao tema.

Trata-se de um estudo de cunho bibliográfico, que tem como vantagem

permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla

do que aquela que poderia pesquisar diretamente, além de permitir apreender o

objeto de estudo a partir de uma descrição histórica de material já produzido por

estudiosos da área, além de aprofundar outros aspectos do referido objeto. Portanto,

a pesquisa bibliográfica coloca o pesquisador em contato direto com aquilo que já foi

escrito, permitindo-o acompanhar os avanços de um determinado assunto.

As informações contidas nesse estudo estão distribuídas em capítulos

específicos, assim descritos: o primeiro capítulo trata sobre a tireóide, sua definição,

localização e função orgânica; o hipotireoidismo, definindo-o e descrevendo, de

acordo a literatura científica, as conseqüências desse distúrbio para o organismo; e

finalizando o capítulo, é abordada de que maneira a tireóide age na gravidez. No

segundo capítulo são abordadas as conseqüências do hipotireoidismo para

mulheres que pretendem engravidar, para as que já são gestantes, como também os

efeitos para o feto e as crianças ; por fim, é feita uma rápida abordagem sobre o que

a literatura traz para o melhor tratamento dessa doença.

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CAPÍTULO 1

1.1 A TIREÓIDE

Certa vez um renomado endocrinologista da capital baiana comparou a

importância da tireóide para o nosso organismo à mesma que o motor tem para o

bom funcionamento de um carro. Já Nascimento (2006), em seu livro Tireóide para

todos, prefere iniciar sua obra chamando-a de “terrorista”.

A tireóide é um órgão vital para o bom funcionamento do metabolismo

humano. Segundo Brunner (2002) é um órgão em forma de borboleta, localizado na

parte inferior do pescoço, anterior à traquéia, logo abaixo da saliência do osso,

conhecida como “pomo de Adão”, consistindo de dois lobos laterais ligados por um

istmo. Conseguimos imaginar quão elevada é a atividade metabólica da tireóide

quando analisamos outra citação do mesmo autor, que diz ser cinco vezes maior o

fluxo de sangue para a tireóide do que para o fígado.

Nascimento (2006) concorda: “Sob a sua custódia está a velocidade do

metabolismo basal (energia mínima despendida para manter as funções vitais), o

qual, para se encontrar em um padrão ótimo, necessita de quantidades normais dos

hormônios da tireóide”.

A tiroxina (T4), a triiodotironina (T3) e a calcitonina são os três hormônios

produzidos pela tireóide. Os dois primeiros são os responsáveis por controlar a

atividade metabólica celular, crescimento e desenvolvimento normais do organismo.

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O T4 mantém o organismo em um estado de equilíbrio. O T3 é cerca de cinco vezes

mais potente e apresenta uma ação metabólica mais rápida. “Eles aceleram os

processos metabólicos por aumentarem o nível de enzimas específicas que

contribuem para o consumo de oxigênio e por alterarem a responsividade dos

tecidos aos outros hormônios”. (BRUNNER, 2002).

Ainda segundo o mesmo autor, os hormônios tireoidianos influenciam a

replicação celular (importante no desenvolvimento cerebral), são necessários ao

desenvolvimento normal e, através de seus amplos efeitos sobre o metabolismo

celular, influenciam todos os principais sistemas orgânicos.

A calcitonina, o outro hormônio produzido pela tireóide, é secretado em

resposta aos elevados níveis plasmáticos de cálcio, e reduz o nível plasmático de

cálcio por aumentar sua deposição no osso.

O TSH (hormônio tireotrófico), hormônio liberado pela hipófise, é que controla

a velocidade de liberação dos hormônios tireoidianos T3 e T4, através de um

eficiente sistema de retro alimentação negativa (ou “feed-back”). Assim, se o

organismo diminui o consumo dos hormônios tireoidianos, o TSH se eleva e estimula

a tireóide a produzir seus hormônios. Ao contrário, se houver uma grande

quantidade de hormônio tireoidiano circulante, a hipófise fica suprimida para

liberação do TSH. Isso é o que os autores chamam de eixo hipotálamo-hipófise-

tireóide. Também através desse sistema, o TSH é regulado pela TRH (hormônio

liberador de tireotrofina), com a conseqüente diminuição da secreção de hormônios

tireoidianos. Assim, pequenas alterações nas concentrações livres desses

hormônios resultam em grandes alterações séricas de TSH, tornando-o o melhor

indicador de alterações discretas da produção tireoidiana.

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Em seu estudo, Pereira (2003) afirma ser o T4 o hormônio segregado

preferencialmente pela tireóide, sendo o T3, metabolicamente mais ativo,

proveniente da desiodação periférica de T4 por ação das enzimas desiodases tipos I

e II. “Mais de 99% da T3 e T4 circulam no plasma ligadas a proteínas de transporte,

das quais a TBG é a mais importante. No entanto, são as formas livres destes

hormônios que atuam sobre os tecidos alvos, onde exercem os diferentes efeitos

metabólicos”, afirma o autor.

Muitas vezes, pode-se resumir o metabolismo somente à quantidade de

calorias que um indivíduo gaste ou não durante o dia. È muito mais que isso. Para

Nascimento (2006), o metabolismo responde principalmente pelo nível de

normalidade de todas as funções celulares do organismo.

Imaginemos que o nosso corpo, em dado momento, necessite de determinada velocidade nas funções orgânicas, seja nas células produtoras de hormônio do crescimento, nas células da musculatura intestinal, nas células do cérebro, ou em qualquer outro órgão ou sistema – a falta do hormônio tireoidiano levará lentidão na ação dessas células, e seu excesso provocará o contrário. (NASCIMENTO, 2006)

E o iodo? Porque se ouve tanto relacionar a quantidade que ingerimos desse

elemento com o funcionamento da tireóide? Bem, a importância desse elemento

químico já começa a partir da estrutura da glândula tireóide, pois o T3 e T4 contêm

átomos de iodo ligados às suas moléculas (o T4 contém 4 átomos de iodo em cada

molécula e o T3 contém apenas 3), sendo essencial para que a tireóide sintetize

seus hormônios. O T3 e T4 são produzidos e armazenados na tiróide até que haja

uma necessidade da glândula os liberar para dentro da corrente sanguínea. Além

disso, todo iodo ingerido através dos alimentos é ativamente captado pela tireóide,

que retém 90% do total corpóreo. Para Nascimento, se o organismo não possui uma

quantidade suficiente de iodo, ele lança mão de outros recursos para captar esse

elemento químico a partir da dieta. Se a dieta for pobre nesse elemento químico

ocorre um aumento no número de células da tireóide na tentativa de prover o

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organismo dos tão necessários hormônios tireoidianos. Consequentemente, poderá

haver aumento de tamanho do órgão, levando a um desconforto clínico e social ao

paciente.

Pereiras (2003) reforça em seu estudo a importância do iodo quando afirma

que “a presença do iodo em quantidade suficiente é fundamental para a síntese de

hormônio tireoidiano".

Para Brunner (2002), o principal emprego do iodo no nosso corpo é pela

tireóide, sendo o principal distúrbio na deficiência de iodo a alteração da função

tireoidiana; o iodo ingerido na dieta é absorvido para dentro do sangue no trato

gastrointestinal.

A glândula tireóide é extremamente eficiente na captação de iodo a partir do sangue e para concentrá-lo dentro das células. Aqui os íons iodeto são convertidos em moléculas de iodo, as quais reagem com a tiroxina (um aminoácido) para formar os hormônios tireóideos. (BRUNNER, 2002)

1.2 O HIPOTIREOIDISMO

Não deveríamos chamar alguém de preguiçoso ou desanimado sem antes

consultarmos os resultados dos seus exames laboratoriais. Ele pode estar com

algum distúrbio metabólico, por exemplo, e acredito que ele não pediu por isso. Um

exemplo desses distúrbios é o hipotireoidismo, onde uma disfunção da tireóide a

leva a produzir uma quantidade menor dos hormônios tireoidianos de que o

organismo precisa para manter equilibrado o seu metabolismo, podendo afetar todas

as funções orgânicas.

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A queda nos níveis normais dos hormônios da tireóide faz com que a

capacidade funcional de todas as células diminua, pois quanto menor a quantidade

desses hormônios, maior é o déficit funcional para cada tipo celular no nosso

organismo. Ou seja, se a produção de T3 e T4 for insuficiente, a conversão dos

alimentos em energia e a manutenção da temperatura corpórea são afetadas e toda

a atividade vital torna-se lenta e inadequada. Diz-se então, que há hipotireoidismo.

Os vários autores concordam que pode ocorrer o hipotireoidismo por diversas

causas. Segundo Brunner, a causa mais comum em adultos é a doença de

Hashimoto. Nascimento concorda quando afirma que essa doença acomete de 6% a

14% da população mundial e a descreve como a doença auto-imune da tireóide.

Segundo o mesmo autor “a doença auto-imune é quando ocorre um erro

interpretativo por parte do sistema imunológico, e este passa a reconhecer como

estranho um órgão do próprio organismo, sem se saber com exatidão o motivo”.

É o que ocorre com a tireóide no caso desse tipo de doença: seus próprios

anticorpos começam a atacá-la. Uma sugestão de Nascimento (2006) é a de que

esse ataque estaria relacionado a um possível excesso de iodo no organismo

humano. Uma vez em excesso, “a capacidade de eliminação desse elemento pelo

organismo estaria prejudicada e, portanto, os órgãos do corpo humano o

abrangiriam por mais tempo que o habitual, até que sua concentração no sangue

fosse reestabelecida”, diz o médico.

O mesmo ainda afirma que esse excesso provocaria uma antipatia do sistema

imunológico ao iodo, e sendo a tireóide o principal sítio de armazenamento desse

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elemento, o sistema imunológico iniciaria um processo de destruição da glândula.

“Essa agressão evolui com destruição da estrutura da tireóide de forma lenta e

irreversível, levando a um déficit funcional da tireóide em um período de 10 anos em

cerca de 90% dos casos”. (NASCIMENTO, 2006). Outros autores, porém, afirmaram

ser raro hoje em dia o hipotireoidismo causado pela deficiência de iodo no

organismo (necessário para a produção dos hormônios tireoidianos), já que

atualmente os produtores de sal são obrigados por lei a adicionar iodo ao produto

industrializado.

Outras causas citadas do hipotireoidismo são: nascimento sem a glândula ou

parte dela; tratamento para hipertireoidismo com administração via oral de uma dose

de iodo (o iodo radioativo); uso de cloridrato de amiodarona para tratamento de

algumas arritmias cardíacas, do lítio para depressão, cortisona para asma,

dopamina e outras drogas; e a retirada cirúrgica da glândula, em casos de suspeita

de câncer.

De acordo Brunner (2002), existem três tipos de hipotireoidismo: primário,

quando se refere à disfunção da própria glândula (podendo ser permanente ou

transitório); secundário, quando é causada por insuficiência da hipófise ou

hipotálamo; e terciário, se houve distúrbio do hipotálamo resultando na secreção

inadequada do TSH. Nascimento, além desses três tipos, ainda classificou o

hipotireoidismo em clínico e subclínico. No último caso, o paciente não apresenta

sintomas da doença (formas brandas), apesar de apresentar evidência laboratorial

da mesma. O hipotireoidismo clínico seria a associação entre as queixas

características da doença com as alterações dos exames laboratoriais. O mixedema

é a forma mais grave da doença, segundo os autores.

Mixedema refere-se ao acúmulo de mucopolissacarídeos no trato subcutâneo e em outros tecidos intersticiais; embora o mixedema ocorra no hipotireoidismo duradouro, o termo é utilizado de forma apropriada apenas para descrever os sintomas extremos do hipotireoidismo grave”. (BRUNNER, 2002)

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Por fim, não posso deixar de citar os principais sintomas dessa doença. Os

autores citaram praticamente os mesmos sintomas, que são sutis e graduais e

podem ser confundidos com os de um quadro de depressão; alguns autores

acrescentaram apenas um ou outro sintoma diferente. Em seu site, o conhecido Dr.

Drauzio Varella pontuou os seguintes: cansaço, depressão, adinamia (falta de

iniciativa), pele seca e fria, prisão de ventre, diminuição da freqüência cardíaca,

decréscimo da atividade cerebral, voz mais grossa, mixedema, diminuição do

apetite, sonolência, reflexos mais vagarosos, intolerância ao frio, alterações

menstruais e na potência e libido dos homens.

Brunner (2002) ainda acrescenta queda de cabelo, face sem expressão,

irritabilidade, apatia, fala lenta, aumento de tamanho dos pés e mãos e surdez. Além

desses, o mesmo autor diz que um hipotireoidismo avançado pode produzir

alterações da personalidade e cognitivas, ventilação inadequada, apnéia do sono,

derrame pleural, derrame pericárdico, nível aumentado de colesterol sérico, doença

da artéria coronária e função ventricular esquerda deficiente. Se a tireóide produz

menos hormônios, o metabolismo fica lento, diminuindo a retirada de gordura

(colesterol e triglicerídeos) do sangue. Resultado: o colesterol se deposita nas

artérias e no coração, aumentando os riscos de infarto e outras doenças cardíacas.

Quando não tratado, o hipotireoidismo poderá acarretar anemia, baixa

temperatura corpórea e insuficiência cardíaca. Essa condição poderá evoluir para

confusão mental, estupor e coma (coma mexedematoso), uma complicação

potencialmente letal na qual a respiração torna-se lenta, o indivíduo apresenta

convulsões e o fluxo sanguíneo cerebral diminui. O coma mixedematoso pode ser

desencadeado pela exposição ao frio e também por uma infecção, um traumatismo

e drogas que deprimem a função cerebral (como sedativos e tranqüilizantes). É o

que confirma Brunner (2002), quando afirma que o coma mixedematoso descreve o

estágio mais grave, mais extremo do hipotireoidismo, no qual o paciente está

hipotérmico e inconsciente.

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O estímulo respiratório do paciente é deprimido, resultando em hipoventilação alveolar, retenção progressiva de CO2, narcose e coma. Esses sintomas, em conjunto com o colapso cardiovascular e choque, requerem terapia agressiva e intensiva, quando o paciente deve sobreviver. Mesmo com a terapia inicial vigorosa, no entanto, a mortalidade é alta. (BRUNNER, 2002)

Antigamente atribuía-se o papo (ou bócio) à um mal, que tinha sua origem

fundamentada em superstições, como engolir grãos verdes de café. Hoje, sabe-se

que o bócio nada mais é do que o crescimento acentuado da glândula tireóide,

ocorrência comum do hipotireoidismo.

Segundo Nascimento (2006), um homem com hipotireoidismo pode ter a

libido e a capacidade de ereção comprometidos. No caso da mulher, não causa

infertilidade, como também vários distúrbios menstruais, desde discretos atrasos até

grandes períodos sem menstruação. Ele afirma que mesmo pequenos distúrbios

hormonais tireoidianos podem alterar a função ovariana, fazendo com que o mesmo

não libere o óvulo esperado para aquele mês. “Mesmo mínimas alterações

laboratoriais são causas claras de infertilidade”, afirma o autor.

Já Ziegel (1986), afirma que “o fato de que as mulheres hipotireóideas

apresentem fertilidade reduzida é uma crença popular”. O mesmo autor, porém,

acredita que existe uma probabilidade menor dessa mulher levar a gravidez a termo.

Ainda para Nascimento (2006): “... alterações simples dos níveis hormonais

tireoidianos podem levar a depressão, irregularidade menstrual, ganho de peso,

queda de cabelos, infertilidade, frigidez sexual, impotência”.

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1.3 TIREÓIDE E GRAVIDEZ

A gestação traz muitas mudanças para a função tireoidiana materna. A

glândula aumenta de volume, vascularização, captação de iodo e sofre alteração da

secreção dos hormônios. Segundo Freitas (2006), já no início da gestação há uma

demanda aumentada de iodo “em conseqüência do fluxo plasmático renal e da taxa

de filtração glomerular que geram aumento da depuração renal do iodo”. O mesmo

autor ainda afirma que a síntese de hormônio tireoidiano só inicia a partir do 2º

trimestre da gestação, havendo um aumento da demanda de iodo para o feto antes

desse período.

Já foi falado que o iodo em quantidade suficiente é fundamental para a

síntese de hormônios tireoidianos, mas durante a gravidez essa necessidade

aumenta, porque além de as tireóides materna e fetal precisarem ser estimuladas,

as perdas de iodo para o feto e o aumento da depuração renal, tornam o balanço

negativo. Pereiras (2003) afirma: “estima-se que a grávida necessite de um aporte

de cerca de 200mg de iodo inorgânico por dia, que corresponde a um acréscimo de

25% em relação às necessidades da população em geral”.

Ainda de acordo o mesmo autor, durante a gravidez são produzidas

alterações importantes nos parâmetros bioquímicos tireoidianos, devido o aumento

do volume plasmático, da taxa de filtração glomerular, das exigências metabólicas e

o hiperestrogenismo. Grávidas residentes em áreas com carência de iodo podem

atingir um volume tireoidiano duas vezes maior do que ante da gestação. “Isso

ocorre devido as reservas tireoidianas estarem diminuídas, ocasionando uma

produção hormonal insuficiente para satisfazer as necessidades”. (Pereiras, 2003)

De acordo o autor, isso explica uma diminuição acentuada as frações livres de T3 e

T4 e o conseqüente aumento de TSH, provocando um aumento do volume da

tireóide em 20 a 35% dos casos, devido a estimulação prolongada desse hormônio.

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Segundo Maciel (2008), a captação iódica pela glândula tireoidiana fetal se

inicia por volta da 10ª a 12ª semana de gestação e permanece baixa até a metade

da gestação, quando a captação de iodo e as concentrações de T4 começam a

aumentar. A autora afirma que a gravidez está associada com a necessidade

aumentada de secreção hormonal pela tireóide desde as primeiras semanas após a

concepção.

“Para que esta maior demanda ocorra, a gestação induz uma série de alterações fisiológicas que afetam a função tireoidiana e, portanto, os testes de avaliação da função glandular. Para as mulheres grávidas normais que vivem em áreas suficientes em iodo, este desafio em ajustar a liberação de hormônios tireoidianos para o novo estado de equilíbrio e manter até o término da gestação, geralmente ocorre sem dificuldades” (MACIEL, 2008)

Os autores concordam que os distúrbios tireoidianos são comuns em

mulheres adultas em fase reprodutiva e que isso se deve principalmente à

deficiência de iodo, que ainda ocorre em extensas áreas do planeta, ou a alterações

imunológicas, em áreas suficientes desse elemento. As repercussões da disfunção

tireoidiana na gestação são ainda maiores, tendo em vista as profundas alterações

hormonais e imunológicas que ocorrem neste período, bem como a dependência

dos hormônios tireoidianos e do iodo maternos evidenciada no feto.

Na gravidez, a resposta imunológica está diminuída para tolerar os antígenos

fetais, protegendo a mãe e o feto de uma potencial destruição mútua “As alterações

imunológicas da gravidez são iniciadas pela placenta e pela passagem

transplacentária de células fetais que são capazes de modular as respostas

imunológicas maternas locais e sistêmicas”. (Pereiras, 2003). O autor ainda afirma

que variações hormonais podem alterar a ação dos linfócitos T, responsáveis pela

resposta imune do organismo durante a gravidez.

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Os hormônios tireoidianos são transportados no sangue por três proteínas:

TBG, transtirretina e albumina. A TBG é a responsável pelo transporte de T3 e T4 e,

de acordo Costa (2004), tem sua concentração aumentada já nas primeiras

semanas após a concepção (induzidos pelo elevado nível de estrógeno), com pico

na 21ª semana, mantendo-se assim até o final da gravidez. Como conseqüência, há

aumento nos níveis de T3 e T4 total, com tendência a situar-se no limite superior da

normalidade.

O autor ainda afirma que no primeiro trimestre o aumento no nível de

gonadotrofina coriônica (HCG) estimula a tireóide materna, acompanhada por uma

inibição do eixo hipófise-tireóide. O autor afirma que entre a 8ª e a 14ª semana de

gestação há uma diminuição transitória no nível de TSH , coincidindo com o pico na

concentração de hCG. “Em aproximadamente 20% das grávidas normais são

observados níveis de TSH no limite inferior da normalidade, sendo os níveis de hCG

significativamente maiores em comparação com 80% das grávidas que mantêm os

níveis de TSH inalterados”, comentam os autores.

Pereiras (2003) concorda, pois afirma em seu estudo que há um aumento

progressivo dos níveis sanguíneos de HCG, desde o momento da concepção até o

fim do 1º trimestre. O autor acredita existir uma analogia entre esse hormônio e o

TSH, pois isso explica a estimulação do receptor de TSH e conseqüente estimulação

dos hormônios tireoidianos. Assim, no fim do 1º trimestre há aumento de T3 e T4

totais e diminuição de TSH.

Assim como afirma Maciel (2008) que ocorre estimulação direta da tireóide

materna no 1º trimestre da gestação, pelas concentrações elevadas de HCG. Esse

aumento é acompanhado pela inibição do eixo hipotálamo-hipófise e, em face da

reatividade cruzada com o receptor de TSH promove aumento temporário de T4

livre.

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Ainda segundo a autora, no início da gestação há um aumento da

concentração da proteína transportadora de T4 (TBG), devido os níveis elevados de

estrógeno.

“Este aumento rápido e marcante da TBG é acompanhado por tendência à diminuição do T4 e T3 livres e resulta estímulo do eixo hipotálamo-hipófise-tireóide. Estas alterações nas concentrações de T4 livre seguidas de aumento de TSH para novo equilíbrio não usualmente detectadas nos testes de rotina, porém, nas mulheres gestantes que vivem em áreas carentes em iodo, ficam bem evidentes” (MACIEL, 2008)

É consenso dos autores concordarem que por volta de 12 meses após o parto

a maioria das alterações imunológicas regressa à normalidade. Pereiras (2003)

porém, defende que a presença de células fetais no organismo materno pode

persistir durante anos, para além do que ele chama “período de tolerância

imunológica”, constituindo um estímulo imunológico e contribuindo para a

preponderância das doenças autoimunes, nomeadamente da tireóide, no sexo

feminino.

Sabe-se que a placenta controla a transferência de iodo e hormônios

tireoidianos da mãe para o feto, podendo aumentar ou diminuir as quantidades de

T4 e T3 transferidas, garantindo o aporte de T3 ao líquido amniótico, pois como cita

Freitas (2006), a tireóide fetal só começa a produção de T4 na 10ª semana.

Pereiras (2003) confirma, quando cita que a barreira placentária é permeável

ao iodo, aos hormônios tireoidianos, aos anticorpos tirepodianos (Trab) e aos

fármacos antitireoidianos de síntese; e é impermeável ao TSH.

O mesmo autor ainda confirma que há produção de hormônios tireoidianos

pelo feto, já que a desiodase tipo II, presente na placenta, é o responsável pela

manutenção de níveis locais adequados de T3; sendo que a do tipo III transforma T3

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e T4 em metabólitos inativos, fornecendo iodo para a síntese fetal de hormônios

tireoidianos. “O acréscimo de atividade da desiodase tipo III durante a gravidez é

mais um fator que contribui para a ativação do eixo hipotálamo-hipofisário e

conseqüente aumento da secreção de TSH” (Pereiras, 2003)

Sobre esse aspecto, Maciel (2008) afirma que durante toda a gestação ocorre

modificação do metabolismo dos hormônios maternos por meio de sua desiodação

pela placenta. Ela afirma não haver modificação da desiodase tipo I durante a

gestação, enquanto a do tipo II é expressa na placenta, pois sua atividade

representa mecanismo homeostático para manter a produção maior de T3 local,

quando as concentrações de T4 maternas são reduzidas. A placenta contém

grandes quantidades de desiodases tipo III que convertem T4 em T3 reverso e T3

em T2. “Esta alta atividade durante a vida fetal pode explicar as concentrações

baixas e altas de T3 reverso, que são características do metabolismo dos hormônios

tireoidianos fetais”, cita o autor.

Para Ziegel (1986), o hormônio tireoidiano é essencial para o crescimento e

desenvolvimento normais do feto, especialmente antes da 12º semana de gestação,

quando o feto começa a produzir seu próprio hormônio. Para o autor a tireóide fetal

já está bem desenvolvida na 6ª semana e começa a funcionar entre a 9ª e 12ª

semanas gestacionais.

Vários autores citam que o surgimento da tireóide fetal surge por volta da

terceira semana de gestação, na base da língua, que posteriormente migra em

direção caudal. Por volta da 4ª semana desenvolve-se a estrutura típica lobulada da

glândula. Pereiras (2003) diz: “Na oitava semana as células ainda apresentam uma

organização tubular, mas já são capazes de produzir tiroglobulina (Tg), a proteína

que depois de iodada serve de base para a síntese dos hormônios tireoidianos”.

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O mesmo autor termina afirmando ser a tireóide fetal capaz de captar iodo já

por volta da décima semana e, na vigésima, secretar T3 e T4, dando início ao

funcionamento do eixo hipotálamo-hipófise-tireóide. A partir daí, o feto já consegue

satisfazer suas necessidades hormonais, pois até então dependia totalmente da

passagem desses pela placenta, mecanismo fundamental para assegurar um

ambiente hormonal adequado para um normal desenvolvimento do seu sistema

nervoso central.

CAPÍTULO 2

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2.1 CONSEQUÊNCIAS DO HIPOTIREOIDISMO PARA AS MULHERES

Os hormônios tireoidianos desempenham um importante papel na

manutenção do funcionamento normal do sistema reprodutivo da mulher. Assim,

mulheres que estejam tendo problemas para engravidar ou tenham história familiar

de doença da tireóide devem visitar o médico terem a tireóide examinada,

principalmente em caso de história de endometriose e ovário policístico.

Os autores concordam que a doença da tireóide pode trazer riscos à mulher.

Freitas (2006), por exemplo, afirma que o hipotireoidismo aumenta a incidência de

abortamento, pré-eclâmpsia e descolamento prematuro de placenta. Se não tratado,

o hipotireoidismo ainda pode elevar os níveis de colesterol e aumentar as chances

de algum problema cardíaco.

Em seu estudo, Alberti (2007) afirma que distúrbios em um sistema hormonal

influenciam a regulação do outro sistema, como ocorre com o hipotireoidismo e a

tireotoxicose ou na ação estimulante da gonadotrofina coriônica.

“A relação entre hormônios da tireóide e o sistema reprodutor feminino

pode ter por base a presença de uma subunidade comum ao hormônio

estimulador da tireóide, ao hormônio folículo estimulante e ao hormônio

luteinizante, denominada subunidade alfa, que possui estrutura semelhante

à subunidade alfa da gonadotrofina coriônica” (ALBERTI, 2007)

A tireóide materna tem o desafio de ajustar a produção hormonal durante a

gravidez e manter um equilíbrio até o parto. Uma tireóide normal não encontra

dificuldades para manter esse equilíbrio. No entanto, quando a glândula está com

sua capacidade funcional prejudicada, como no caso da doença auto-imune e/ou

deficiência de iodo, o estresse dessa doença é suficiente para causar o

hipotireoidismo gestacional em algumas mulheres.

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O Fato de que as mulheres hipotireóideas apresentem fertilidade reduzida é

uma crença popular, embora não documentada. Afetada ou não a sua capacidade

de conceber há uma probabilidade muito menor de levar a gravidez a termo. Há uma

incidência aumentada de abortamento, bem como de trabalho de parto prematuro e

de nascimento de bebês com grandes deficiências físicas e mentais. Mesmo

períodos transitórios de hipotireoidismo podem ameaçar a evolução da gravidez.

Alguns autores citam como efeito do hipotireoidismo para mulheres alterações

menstruais, abortos naturais e infertilidade. Para Maciel (2008), o diagnóstico clínico

durante a gestação do hipotireoidismo pode ser difícil por confundir-se os sintomas

com os de uma gravidez normal, como cansaço, aumento de peso, queda de

cabelos, constipação intestinal e intolerância ao frio. “Cerca de 20% a 30% das

mulheres não apresentam qualquer sintoma, apesar de testes de função tireoidiana

claramente normais”, afirmam os autores.

Essa dificuldade do diagnóstico do hipotireoidismo gestacional também é

citada por Freitas (2006), que só acrescenta o fato de geralmente também ocorrer

anemia normocítica por diminuição da eritropoiese. O autor ainda associa a

hipertensão gestacional com o parto pré-termo, baseado em estudos que mostram

haver uma incidência aumentada de hipertensão gestacional em mulheres grávidas

com hipotireoidismo clínico e subclínico, sendo mais grave no primeiro caso.

Segundo Freitas (2006), existe alta incidência de gestantes com hipotireoidismo

associado à hipertensão, baixo peso neonatal, parto prematuro, alta incidência de

abortamento e descolamento prematuro de placenta. Já que, para o autor, isso se

confirma após a significativa diminuição da incidência de hipertensão gestacional ao

se administrar levotiroxina (hormônio tireoidiano) nessa gestante.

Em conformidade, Maciel (2008) afirma que a confirmação se dá a critério

laboratorial, quando o TSH aparece elevado e o T4 normal ou diminuído, a depender

da idade gestacional. O mesmo autor salienta que “como as concentrações de T4

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livre diminuem durante a gestação, recomenda-se cuidado na interpretação de seus

valores e que cada laboratório estabeleça sua faixa de normalidade para cada

trimestre de gestação”.

Nascimento também confirma ser o TSH o grande comandante das funções

tireoidianas e que discreta elevação nos seus níveis, mostra que a tireróide está com

dificuldade na produção de seus hormônios.

Freitas (2006) acrescenta que em áreas onde há deficiência de iodo, essas

alterações são clinicamente relevantes, podendo levar à formação de bócio nas

gestantes, como uma tentativa manterem o eutireoidismo, e podendo levar ao

hipotireoidismo se houver doença tireoidiana auto-imune subjacente. “O

hipotireoidismo ocorre em 2% a 4% das mulheres ao entrarem na gestação. A causa

mais comum é a tireoidite auto-imune crônica (tireoidite de Hashimoto)”, afirma o

autor.

Já Ziegel (1986) afirma que as alterações tireoidianas na gravidez sugerem

hipertireoidismo (excesso de hormônios), apesar de na realidade a atividade

hormonal permanecer normal. Afirma o autor que “na gravidez a tiróide mostra uma

vascularização aumentada, uma hiperplasia e uma tendência para um moderado

aumento de volume”, além de a concentração de T3 e T4 estar aumentada. O

mesmo autor afirma, ainda, que se houverem períodos de hipotireoidismo, mesmo

que transitórios, estes podem ameaçar a evolução da gravidez.

Almeida (2005) também associa ao hipertireoidismo, e não ao

hipotireoidismo, uma série de complicações maternas, como pré-eclampsia,

eclampsia e malformações fetais. Mas sabe-se que em presença de hipotireoidismo,

o desenvolvimento de uma gravidez é mais difícil. Esse impedimento é iniciado na

concepção, que é mais rara do que em mulheres normais, em decorrência de ciclos

anovulatórios freqüentes.

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Sabe-se que o hipotireoidismo não tratado na gravidez pode causar parto

prematuro, pré-eclâmpsia (ocorre após a 20ª semana de gestação e há aumento de

pressão arterial e inchaço devido retenção de líquidos e problemas nos rins) e

descolamento prematuro de placenta (quando a placenta se separa da parede

interna do útero antes do nascimento do bebê).

A relação entre a doença funcional da tireóide e a infertilidade feminina, além

dos mais variados distúrbios menstruais, é muito bem estabelecida por Nascimento.

“No item infertilidade, o hipotireoidismo é a causa mais desprezada quando

se procuram culpados. Pequenos transtornos nos níveis hormonais

tireoidianos são capazes de desestabilizar a maquinaria ovariana, e o

esperado óvulo daquele mês pode não vir, assim como a ovulação de

muitos meses seguintes; porém, realizando-se exames da função

tireoidiana descobre-se quem estaria comprometendo a burocrática

seqüência de eventos que culminam com a liberação do óvulo”.

(NASCIMENTO, 2006)

Mesmo mínimas alterações laboratoriais, que até pouco tempo atrás

provocavam discussões, se deveriam ou não ser tratadas, são causas claras de

infertilidade. Nascimento (2006) cita casos de mulheres que após muitas tentativas

frustradas de gravidez, descobrem níveis alterados de hormônios tireoidianos

através de exames laboratoriais, o que sugere uma relação causal entre

hipotireoidismo ainda não diagnosticado laboratorialmente e a infertilidade.

Sabe-se que abortamento é o processo pelo qual há a expulsão do concepto

antes de sua viabilidade ter sido alcançada. De acordo Alberti (2007), as doenças

tireoidianas também podem ser causa de aborto e tidas como a segunda maior

doença endócrina mais comum na gestação. Para os autores uma causa seria a de

que “a depuração renal de iodo em mulheres grávidas eleva-se devido ao aumento

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do ritmo de filtração glomerular”. Além disso, sabemos que o iodo e as iodotironinas

são transferidos ao feto. “Como resultado, a concentração sérica de iodo cai, o que

pode levar a uma tireoideopatia transitória”, dizem os autores.

Para os mesmos autores existe sim uma alta taxa de abortos registrados no

primeiro trimestre de gravidez das mulheres com hipotireoidismo. Eles dizem que

“estudos recentes apontam para o risco aumentado de abortamentos espontâneos

associados à presença de anticorpos maternos contra a tireóide,

independentemente da idade materna e estado funcional da tireóide”. Esses ainda

citam estudos que comprovam que mesmo aquelas gestantes portadoras de

hipotireoidismo em tratamento, apresentaram abortamento duas vezes maior do que

aquelas mulheres sem distúrbios endócrinos.

Para alguns autores, não há diferença nas taxas de abortamento ente

pacientes hipotireóideas e eutireóideas. Por outro lado, há trabalhos que

encontraram maior número de abortamentos nas pacientes com hipotireoidismo.

Conforme afirma Alberti (2007),

Conclui-se que o hipotireoidismo, mesmo quando tratado, pode associar-se a um risco maior de abortamento. É importante salientar que a elevada taxa de abortamentos pode ser devida a um controle terapêutico inadequado da dose de tiroxina. No entanto, esse transtorno não é uma barreira para uma boa capacidade reprodutiva.

Carneiro (2003) afirma que, nas mulheres, o hipotireoidismo causa diminuição

da libido e queixas constantes de irregularidade do ciclo menstrual, sendo que em

alguns casos o fluxo menstrual é tão intenso que pode haver hemorragia. Além

disso, há a infertilidade, como conseqüência do estado de anovulação. “Entretanto,

se a mulher permanece fértil, podem haver relatos de abortamentos espontâneos”,

afirma o autor.

Essa situação também é citada por Nascimento, que diz ser muito comum a

associação ente hipotireoidismo e a ocorrência de aborto. Alterações discretas nos

níveis hormonais tireoidianos são responsáveis por aborto espontâneo. “Mesmo

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dentro da variação da normalidade laboratorial para os hormônios da tireóide, vários

estudos demonstram que durante a gravidez os valores hormonais seguros são

diferentes daqueles que se apresentam fora do processo gestacional”, diz o autor.

O mesmo autor ainda afirma que quanto mais altos os níveis de TSH, pior é a

situação funcional da tireóide e mais observados são com relação a infertilidade e

aborto. Ele sugere níveis seguros de TSH entre 2,5 e 3,0 mU/ ml

Além disso, Freitas (2006) relata que a presença de anticorpos

antitireoidianos no início da gestação também aumenta a morbidade na gestação.

Estudos demonstraram uma clara associação entre freqüência de abortamento e presença de anticorpos antitireoidianos. Essa associação poderia ser explicada por 3 fatores: 1) aumento do estado imunológico da mãe em relação ao feto, sendo o anticorpo tireoidiano apenas um marcador; 2) maior idade nas mulheres com anticorpos positivos nos estudos avaliados; ou 3) maior presença de hipotireoidismo subclínico associado a anticorpos positivos. (FREITAS, 2006)

Outro fator importante é abordado por Maciel (2008), que cita vários estudos

indicando o aumento na incidência de hipertensão gestacional em mulheres que

apresentam hipotireoidismo. “O tratamento do hipotireoidismo, com normalização

dos testes de função tireoidiana, diminui significativamente a incidência de

hipertensão gestacional”.

Também para Costa, a principal complicação relacionada ao hipotireoidismo é

a hipertensão arterial. “Mulheres com abortos no primeiro trimestre de gestação

apresentam níveis elevados de anti-TPO em comparação com aquelas que não o

tiveram. O período gestacional representa um estresse para a glândula tireóide”, diz

o autor.

Rezende cita que é a alta a incidência de abortamentos e partos prematuros

em mulheres com hipotireoidismo. Para eles, as gestantes que apresentam nos

primeiros meses de gravidez apatia, sonolência, cefaléia e frio excessivo, deve-se

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suspeitar de hipotireoidismo. “Nesses casos, deve-se investigar sempre a função

tireoidiana, pois estamos em presença de forma subclínica da moléstia... tal

exploração deve ser rotineira em todas as formas de abortamento sem causa

aparente”, relata o autor.

2.2 CONSEQUÊNCIAS DO HIPOTIREOIDISMO PARA AS CRIANÇAS

Carneiro (2003) assinala que a integridade da função tireoidiana materna é

importante no desenvolvimento fetal e que hormônio, anticorpos e drogas usados

pela mãe cruzam a barreira placentária, podendo ocasionar disfunção na tireóide

fetal. “Nos filhos de mães com doenças tireoidianas, podem ocorrer no período

neonatal imediato problemas no funcionamento da glândula tireoidiana, devido à

passagem de anticorpos e de drogas pela via transplacentária”, afirma o autor.

Para Campos (2009), o hipotiroidismo congênito é uma das causas

preveníveis mais comuns de retardo mental. Existem evidências de que os

hormônios tireoidianos tem importância no desenvolvimento neurológico antes do

início da produção fetal de hormônios tireoidianos. Se isto for verdade, uma redução

dos níveis maternos de hormônios tireoidianos, devido por exemplo a uma tireoidite

autoimune, poderia explicar a maior incidência de déficit neurológico em crianças

nascidas de mães hipotireoidianas.

Este também é o mecanismo proposto para o retardo mental mais severo

encontrado em crianças com a forma neurológica de cretinismo endêmico, onde

tanto a mãe quanto o feto são hipotireoidianos devido à deficiência de iodo.

Confirmação disso é a citação de Maciel (2008): “Baixas concentrações maternas de

T4 podem resultar em déficit neurológico irreversível na criança”.

O hipotireoidismo congênito, adquirido no período fetal, por deficiência de

hormônios tireoidianos da mãe, pode atingir o recém-nascido. Os sintomas mais

comuns são: choro rouco, falta de apetite, insônia, resfriados, icterícia e constipação.

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É consenso dos autores que se não detectado e tratado precocemente, o

hipotireoidismo pode provocar graves alterações no crescimento e desenvolvimento.

As conseqüências mais sérias se produzem no Sistema Nervoso, com tremores,

falta de coordenação motora e alterações mentais que causam retardamento do

desenvolvimento mental.

É evidente que a passagem do hormônio tireoidiano pela placenta seja

essencial para o crescimento e desenvolvimento normais do feto, especialmente

antes do período em que o feto é capaz de sintetizar a sua própria tiroxina

(aproximadamente na 12ª semana de gestação).

Nascimento (2006) afirma que o hipotireoidismo na infância leva

especialmente a transtornos no crescimento, pois se sabe que a liberação e ação do

hormônio do crescimento tem participação do hormônio tireoidiano. “Mesmo

deficiência discreta nos hormônios tireoidianos leva a tais transtornos, o que torna

imprescindível a pesquisa de hipotireoidismo em casos de déficit de crescimento”,

afirma o autor. Além disso, ele cita a puberdade tardia e a lentidão de raciocínio

como indicadores da deficiência em idade escolar.

Para Campos (2009), as doenças tireoidianas maternas mediadas por

anticorpos parecem ter um papel etiológico no hipotireoidismo congênito. “Anticorpos

maternos do tipo Trab são responsáveis por aproximadamente 2 a 5% dos casos de

hipotireoidismo congênito. A passagem de tiroxina via transplacentária da mãe para

o feto pode preservar o ritmo de crescimento até o nascimento”. A autora ainda

afirma que o crescimento linear após o nascimento se desacelera anormalmente, a

não ser que o tratamento seja instituído. A diminuição da velocidade do crescimento

pode ser um efeito direto do hipotireoidismo.

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Os vários autores são unânimes quanto aos efeitos do hipotireoidismo ao feto

e seu desenvolvimento. Mulheres que apresentam hipotireoidismo na gestação

podem ter bebês menor que o tamanho normal, nascidos prematuros (antes da 37ª

semana de gestação), capacidade mental diminuída, icterícia por tempo maior que o

normal, aparentar cansaço o tempo todo, constipação e problemas alimentares. Em

crianças mais velhas, o crescimento de ossos e dentes pode ser atrofiado. Podem

ocorrer problemas de aprendizagem ou atraso da puberdade. O hipotireoidismo em

meninas adolescentes pode levar a menstruação freqüente e forte a ponto de causar

anemia. Uma comprovação é a citação de Campos (2009):

“Recém nascidos severamente afetados (com os menores índices de

tiroxina), podem mostrar os sinais e sintomas clássicos de hipotireoidismo:

icterícia prolongada, problemas de alimentação, constipação, hérnia

umbilical, aumento da fontanela posterior, macroglossia e hipotonia; ECG

com complexos de baixa voltagem; manifestações neurológicas com

traçado evidenciando complexos de baixa amplitude e lentas, além de

aumento das respostas evocadas, tanto visuais como auditivas”.

(CAMPOS, 2009)

Freitas (2006) concorda que o impacto desse distúrbio na gestação é

considerável. “A incidência de mortalidade perinatal e de malformações congênitas

atingem 20% no hipotireoidismo não tratado, e cerca de 60% das crianças

sobreviventes têm evidências de comprometimento cognitivo ou do crescimento”.

Esse autor acredita que filhos de mães com T4 livre normal apresentam índice de

desenvolvimento psicomotor maior que os filhos de mães com índice de T4 abaixo

do normal. “A T4 livre materna baixa no 1º trimestre da gestação, é um fator de risco

importante para o comprometimento do desenvolvimento psicomotor da criança”,

afirma o autor.

Segundo Costa (2004), a disfunção tireoidiana está relacionada a um grande

número de complicações para o desenvolvimento do feto, sendo o baixo peso fetal o

mais freqüente. Ainda de acordo Costa, a presença de mal formações congênitas

(como prematuridade, baixo peso ao nascimento e sofrimento fetal) foram

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observados nas gestantes com uso adequado hormônio tireoidiano, além de casos

de natimortos.

Conforme afirma Costa (2004), o desenvolvimento intelectual dos filhos das

mães com hipotireoidismo pode ser comprometido:

Tem sido demonstrado em vários estudos que filhos de mães com hipotireoidismo descompensado durante a gestação podem apresentar significativamente decréscimo do quociente de inteligência (QI). Aproximadamente 20% dessas crianças têm níveis de QI igual ou menor a 85, mostrando desta forma a importância da avaliação da função tireoidiana antes ou durante o início da gestação. (COSTA, 2004)

Estudos comprovam que crianças mais severamente afetadas os níveis de QI

estão ligeiramanete mais baixos do que em crianças normais, o que pode ser

resultado de efeitos do hipotireoidismo fetal. Esses estudos mostram também uma

freqüência maior de retardo no desenvolvimento motor, incoordenação, retardo no

desenvolvimento a fala e problemas no rendimento escolar.

Comprovando o citado acima, Campos (2009) cita em seu estudo que uma

das possíveis causas do hipotireoidismo congênito ocorre nas situações onde a

transferência materna de hormônios tireoidianos pela placenta é reduzida, podendo

ocorrer algum dano cerebral. Portanto, o feto tireoidiano pode ser parcialmente

protegido pela passagem transplacentária de hormônio tireoidiano materno. “Outra

explicação potencial para QI’s reduzidos pode ser um tratamento sub-ótimo nos

primeiros 2 a 3 anos de vida, período no qual o cérebro é criticamente dependente

de tiroxina para desenvolver-se normalmente”, afirma a autora.

Já Nascimento (2006) discorda parcialmente dessa afirmação. Ele cita um

estudo apresentado num congresso de endocrinologia em 2001, em Denver nos

Estados Unidos, que concluiu que “mães que por algum motivo atravessavam a

gravidez com déficits discretos da tireóide sem tratamento geravam crianças normais

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sob todos os aspectos anatômicos e cognitivos”. De acordo o estudo o problema é

que quando essas crianças atingiam entre 7 e 9 anos de idade, apresentavam QI

inferior ao de crianças de mães que haviam atravessado a gravidez sem qualquer

distúrbio dos hormônios tireoidianos.

Segundo o mesmo autor, crianças que nascem com hipotireoidismo devem

iniciar o tratamento no máximo até a sexta semana de vida ou certamente ela

sofrerá de deficiência mental. O hipotireoidismo infantil leva a transtornos de

crescimento, já que se sabe ter ligação entre os hormônios tireoidianos e a liberação

e ação do hormônio do crescimento. “Além disso, pode ocasionar a lentidão de

raciocínio, que pode ser indicadora da deficiência tireoidiana em crianças em fase

escolar”, finaliza o autor.

Freitas (2006), concordando com o descrito acima, diz que resultados de

testes neuropsicológicos em crianças entre 7 e 9 anos, filhas de mães que

apresentaram TSH elevado no 1º trimestre de gravidez, apresentaram desempenho

cognitivo significativamente inferior ao de crianças de mães com TSH normal.

Pereiras (2003) afirma estar associada a carência grave de iodo materna com

o cretinismo, atraso do desenvolvimento e patologia auditiva na criança.

Essa relação também é encontrada no estudo de Almeida (2005), que diz:

Níveis inapropriadamente baixos de hormônios tireoidianos para o feto podem ocasionar alterações no seu desenvolvimento, principalmente no que diz respeito ao sistema nervoso central, e mesmo o hipotireoidismo materno leve pode ter impacto desfavorável na capacidade intelectual dos filhos destas pacientes.

Ziegel (1986) ainda cita como uma das possíveis causas do hipotireoidismo

infantil o tratamento para o hipertireoidismo materno, pois essas drogas atravessam

a placenta e têm o potencial de afetar adversamente a função tireoidiana fetal,

induzindo hipotireoidismo e causando bócio no feto.

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Campos (2009) afirma que não o QI reduzido, como também outras seqüelas

neurológicas, estão associadas com hipotireoidismo congênito. A autora acredita

que os sintomas do hipotireoidismo não são evidentes ao nascimento,

desenvolvendo-se gradualmente nos primeiros anos de vida. Ela refere estudos que

deixaram claro “que menos da metade dessas crianças tinha sinais suficientes para

permitir um diagnóstico clínico antes dos 3 meses de idade, consequentemente, a

maioria das crianças sofria de algum tipo de retardo mental”. A mesma ainda refere

que a presença de hipotireoidismo em qualquer momento até os 2 anos idade pode

ocasionar dano irreversível ao sistema nervoso em desenvolvimento. Algumas das

seqüelas citadas são: incoordenação motora fina e grosseira; ataxia; hipotonia ou

hipertonia; dificuldade de concentração; dificuldades na fala; perda auditiva sensório-

neural; e estrabismo.

Em seu estudo, Campos (2009) refere estudos realizados no Pittsburg

Children’s Hospital, sobre a relação inversa entre a idade na ocasião do diagnóstico

clínico e início do tratamento, e o QI. Os resultados mostram que quando o

hipotireoidismo foi diagnosticado antes dos 3 meses de idade, o QI médio foi de 89;

entre 3 e 6 meses o QI médio caiu para 71; depois dos 6 meses de idade caiu para

54. Além de um QI reduzido, outras seqüelas neurológicas estavam associadas ao

hipotireoidismo congênito, as quais já foram citadas no parágrafo anterior.

Estudos retrospectivos deixaram claro que menos da metade dessas crianças

tinha sinais suficientes para permitir um diagnóstico clínico antes dos 3 meses de

idade; consequentemente, a maioria das crianças sofria de algum grau de retardo

mental.

“Esse pequeno grau de dano irreversível ao Sistema Nervoso Central pode

ser devido ao hipotireoidismo fetal, que ocorre entre o diagnóstico e a

normalização dos níveis de T4 ou a um tratamento inadequado nos

primeiros 2 a 3 anos de vida. Se estas observações se confirmarem, elas

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poderão fornecer evidências indiretas de que os hormônios tireoidianos

fetais são necessários para um desenvolvimento normal do SNC. O SNC

do feto estaria sob maior risco quando houvesse concomitância de

hipotireoidismo fetal e materno”. (CAMPOS, 2004)

Enfim, não há como evitar. Quando o problema do hipotireoidismo for

diagnosticado é necessário manter um controle rigoroso durante toda a gestação,

pois pode interferir no crescimento do feto, provocar aborto, parto prematuro e até

levar a morte do bebê. Afinal, o Sistema Nervoso Central do feto está sob maior

risco quando há concomitância entre hipotireoidismo fetal e materno.

2.3 TRATAMENTO DO HIPOTIREOIDISMO GESTACIONAL

Como o hipotireoidismo é a falta de hormônio tireoidiano, seu tratamento é

feito com a reposição desse hormônio, na forma de comprimidos tomados por via

oral. “Parece-nos justificável o uso do hormônio tireoidiano em casos suspeitos, mas

não comprovados, de hipotireoidismo, que apresentam, além de alterações

menstruais, história de abortamentos repetidos”, afirma Rezende (2005).

Assim, como o hipotireoidismo materno exige total substituição da tireóide sob

forma de hormônio exógeno, diversos autores concordam que o melhor tratamento

para tal distúrbio é a reposição dos hormônios tireoidianos com Levotiroxina-T4 (L-

T4).

Maciel (2008), por exemplo, diz que uma boa evolução da gravidez nas

mulheres com hipotireoidismo dependerá dos esforços para identificá-la e tratá-la

adequadamente. “Elas deverão alcançar o eutireoidismo o mais rápido possível e,

idealmente, deverão estar em eutireoidismo antes da concepção”, diz a autora.

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A mesma acredita que a mulher deve iniciar a reposição hormonal mesmo

antes de engravidar com L-T4 na dose de 150mg/ dia, devendo ser mensuradas as

concentrações de TSH e T4 1 mês após o início do tratamento. Ela relatou os

resultados de um estudo que revelou ter sido fundamental o tratamento adequado

para a evolução das gestações, pois quando foram tratadas inadequadamente,

ocorreram 60% de abortos nas pacientes com hipotireoidismo declarado e 71% nas

que apresentavam hipotireoidismo subclínico. Além disso, nas gestantes com

tratamento adequado, a freqüência de parto a termo foi de 100% nas que

apresentavam hipotireoidismo declarado, sem ocorrer aborto. Isso nos faz concluir q

evolução das gestações não depende da presença ou ausência do distúrbio, nem do

seu tipo, mas se houve tratamento adequado.

Freitas (2006) justifica tal tratamento: “A normalização dos testes de função

tireoidiana com reposição de L-T4 diminui significativamente a incidência de

hipertensão gestacional, que também se associa a uma alta incidência de baixo

peso neonatal e de parto pré-termo”, afirma o autor.

Alberti (2007) fez referências a autores que também acreditam nesse tipo de

tratamento: “o risco de abortamento é duas vezes maior em presença de

hipotireoidismo não tratado e a terapia de reposição hormonal traz um bom resultado

no que se refere à perda gestacional”, relata o autor.

Como vimos, a dose administrada deve ser ajustada de acordo com os níveis

de TSH, mantendo-os nos níveis mais normais possíveis. Para Costa (2004), as

mulheres que já apresentavam hipotireoidismo antes da gestação devem receber

um acompanhamento mais cuidadoso, com o monitoramento de TSH e T4 livre a

partir do 1º trimestre e revisados a cada 6 a 8 semanas, até o final da gestação,

retornando à dose habitual após o parto. “A avaliação correta do hipotireoidismo

antes e durante a gestação é fundamental para evitar as conseqüências para as

mães e desenvolvimento dos fetos”.

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Campos (2009) ainda relata como objetivo do tratamento com L-T4, deve ser

a elevação dos níveis de T4 para a faixa normal o mais rápido possível, evitando os

efeitos do hipotireoidismo ao cérebro em desenvolvimento, no intervalo entre o

nascimento e a restauração do eutireoidismo. “... atualmente uma dose inicial de 10

a 15mg/ kg/ dia é recomendada, dose esta que deverá aumentar o nível de T4 sérico

para valores acima de 10mg/ dL em uma semana”, reforça a autora.

Freitas (2006) também concorda com essa afirmação, quando refere que o

tratamento deve ser feito com L-T4 de acordo os níveis de TSH e T4. Em ralação às

mulheres que faziam reposição antes da gestação, ele indica aumento de 25% a

50%, também de acordo com os resultados dos exames. “Diversos estudos têm

mostrado haver necessidade de reposição de L-T4 na gestação”.

Para Rezende (2005), o tratamento deve ser iniciado com dosagens baixas,

com doses de 100 a 200 mg por dia, com periódico monitoramento dos níveis de

TSH e T4 livre, T3 e T4 durante a gestação.

Nas crianças o tratamento é parecido com o dos adultos. A dosagem de L-T4

é de acordo o peso da criança, numa dose média de 100 mg ao dia, em jejum,

aumentando-se progressivamente. “Se o tratamento for iniciado com a dose plena

pode ocasionar mudança brusca no comportamento, gerando dificuldades escolares

e mais raramente cefaléia grave, simulando quadro de pseudomotor cerebral”,

afirma Carneiro (2003).

Pessoas com hipotireoidismo devem seguir o tratamento correto, com o uso

da L-T4 na dose mais adequada para cada situação. Assim, manterão os níveis de

TSH dentro dos valores normais e terão uma vida saudável e completamente

normal. No entanto, se o hipotireoidismo não for tratado corretamente, ele pode se

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tornar um problema sério de saúde, comprometer a capacidade de a pessoa realizar

suas tarefas e até mesmo representar um risco de vida em casos extremos.

Para fechar o sub-capítulo tratamento, é importante salientar a importância do

teste do pezinho para o diagnóstico precoce do hipotirepodismo congênito em

recém-nascidos e seu conseqüente tratamento. Esse teste é feito entre o primeiro e

o quinto dia pós-parto, a partir de gotas de sangue colhidas do pezinho do bebê em

papel filtro, por meio das quais, dezenas de doenças podem ser diagnosticadas. Se

for fornecido hormônio tireoidiano logo após o nascimento ou até seis meses após o

parto, nenhum déficit se estabelecerá, nenhuma tristeza ou frustração fará parte da

vida ou dos relacionamentos dessa criança. “Nenhum outro diagnóstico pode

modificar tanto o futuro de uma criança quanto o de hipotireoidismo congênito. Dado

o diagnóstico e iniciado o tratamento em até seis semanas após o nascimento, a

vida da criança trilhará o caminho da normalidade”, encerra Freitas (2006).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi o de identificar as conseqüências do

hipotireoidismo para as mulheres e seus filhos e a partir daí incentivar mais

pesquisas científicas na área podendo ajudar mulheres portadoras desse distúrbio

que estejam gestantes ou pretendam engravidar.

Constatamos no decorrer da pesquisa que existem sim influências dos

distúrbios da tireóide na gestação. Os diversos autores deixaram evidente a

importância de se investigar e detectar, através dos exames laboratoriais, quem

apresenta ou não a doença, para que a partir daí possa ser iniciado o tratamento de

reposição dos hormônios da tireóide e diminuir o número de abortamentos e de

crianças que nascem portadoras de deficiências, filhos de mães hipotireóideas.

Descobrimos o quanto os hormônios tireoidianos são imprescindíveis para

que o sistema nervoso chegue ao estágio de equilíbrio ideal entre as suas células e

forneça as condições ideais ao desenvolvimento da inteligência. A falta de tais

hormônios vai impedir que esse equilíbrio seja alcançado, e com isso o

estabelecimento da capacidade intelectual, articulação e interpretação de idéias

estarão muito comprometidos. Assim, quanto mais hormônio tireoidiano faltar, mais

alterado será esse quadro.

Isso significa que se a mãe não se cuidar, o filho pode nascer sem a tireóide

ou com defeitos na glândula, diminuindo a produção dos hormônios. Por esse motivo

é que ressaltamos a importância da realização do teste do pezinho, pois, através

desse exame, os médicos identificam o problema no recém-nascido e podem iniciar

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imediatamente um tratamento, que deve durar até o terceiro ano de vida. Caso

contrário, o pequeno corre o risco de sofrer seqüelas irreversíveis, como

deformações físicas, atraso no crescimento e até danos cerebrais no futuro.

A conclusão do estudo é a de que uma simples avaliação laboratorial dos

níveis de TSH e T4 e a reposição com L-T4 conseguem normalizar os níveis

hormonais da tireóide e diminuir tantos efeitos graves da doença. O que mais chama

a atenção é a falta de informação geral sobre o tema. Seja por parte dos

profissionais de saúde, como principalmente da população, pouco ainda se sabe

como a doença afeta a mulheres e seus filhos.

A intenção é informar, principalmente, às mulheres que sonham com a

maternidade, mas que possuem no histórico obstétrico repetidos abortos, ficarem

alerta da possibilidade de serem portadoras de hipotireoidismo. Se as mesmas

procurarem um profissional de saúde e, se for diagnosticado e tratado corretamente,

não será mais uma barreira para a realização de seus sonhos.

Enfim, diante de tantos riscos, espera-se que esse trabalho possa contribuir

para a divulgação e sensibilização de profissionais e pesquisadores para maior

aprofundamento no estudo, pesquisa e divulgação do tema. E ainda, que possa

despertar nas pessoas sentimentos de alerta e atenção sobre um assunto muito

comum, mas ignorados por muitos: a tireóide. Esta, uma vez comprometida em seu

funcionamento, desencadeia doenças graves, mas que podem ser evitadas e

tratadas.

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