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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
ATUALIZA
MARCELE CAVALCANTE DE ALMEIDA
INTELIGÊNCIA, EMOCÃO E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO
TRABALHO DE ENFERMAGEM
SALVADOR - BAHIA
2011
ATUALIZA PÓS-GRADUAÇÃO
MARCELE CAVALCANTE DE ALMEIDA
INTELIGÊNCIA, EMOCÃO E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO
TRABALHO DE ENFERMAGEM
SALVADOR – BAHIA
2011
MARCELE CAVALCANTE DE ALMEIDA
INTELIGÊNCIA, EMOCÃO E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
NO TRABALHO DE ENFERMAGEM
Monografia apresentada à Atualiza Associação Cultural, como requisito para obtenção do título de Especialista em Enfermagem do Trabalho, sob orientação do Prof. Fernando Reis do Espírito Santo.
SALVADOR – BAHIA
2011
MARCELE CAVALCANTE DE ALMEIDA
INTELIGÊNCIA, EMOCÃO E INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO
TRABALHO DE ENFERMAGEM
Monografia para obtenção do grau de especialidade em Enfermagem do Trabalho.
Salvador, 08 de dezembro de 2011.
EXAMINADOR:
Nome:_________________________________________
Titulação:______________________________________
PARECER FINAL: ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Dedico está pesquisa a meu Esposo Fabiano e a minha filha Vanessa, pela dedicação e compreensão.
Agradeço a Deus, que me deu forças para chegar até aqui; à minha família pela oportunidade, aos professores e colegas que contribuíram para o meu conhecimento, a minha prima Cintia que muito contribuiu para realização dessa pesquisa.
O trabalho é a atividade pela qual o homem domina as forças naturais, humaniza a natureza; é a atividade pela qual o homem se cria a si mesmo. Como, então, o trabalho – de condição natural para a realização do homem – chegou a tornar-se seu algoz? Como ele chegou a se transformar em uma atividade que é sofrimento, uma força que é impotência, uma procriação que é castração?
Marx – O Capital
RESUMO
Este estudo trata da importância de entender e lidar com as próprias emoções, de forma a
contribuir para o desenvolvimento inteligente do indivíduo. Estudos científicos definem como
Inteligência Emocional esta capacidade de autocontrole, resiliência, habilidades sociais,
consciência, confiabilidade, integridade e motivação. A intima associação da Inteligencia
Emocional e o trabalho de enfermagem qualificado vêm evoluindo continuamente com a
aplicabilidade de 'portáteis' habilidades que se refletem nas principais qualidades exigidas por
um sistema de saúde em constante pressão. Estes incluem a capacidade de trabalhar
eficazmente em equipe, a capacidade de reconhecer e responder apropriadamente ao seus
sentimentos e dos outros e a capacidade dos outros e a si próprio. Tendo com objetivo
principal evidenciar a influencia da utilização da inteligência emocional por parte do
enfermeiro e a relação no seu exercício profissional. Este trabalho exploratório e documental
foi desenvolvido tendo como base estudos cientificos da área e de áreas afins. Pode se
concluir; com esta pesquisa, que o desenvolvimento da Inteligência Emocional nos permite
controlar adequadamente as nossas emoções, além de promover uma boa produtividade, um
bom relacionamento, sensação de bem-estar, e sobre tudo mais lealdade e compromisso com
nós próprios e com a enfermagem.
Palavras-chave: emoções, Inteligência Emocional, autocontrole, consciência.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................7
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A TRIOLOGIA DA MENTE..................................................................................10
2.2 INTELIGÊNCIA ....................................................................................................12
2.2.1 Evolução do Conceito...............................................................................13
2.2.2 As abordagens à Inteligência a partir do Século XX................................15
2.2.3 Perspectiva Desenvolvimentista...............................................................21
2.2.4 Perspectiva Cognitivista...........................................................................22
2.3 EMOÇÃO................................................................................................................26
2.3.1 Abordagens às emoções...........................................................................28
2.3.1.1 Charles Darwin: A abordagem evolutiva..................................28
2.3.1.2 William James: A abordagem corporal.....................................32
2.3.1.3. Aristóteles: A abordagem conceptual.......................................34
2.3.2 O cérebro Emocional/ Cérebro Racional..................................................35
2.3.3 Controle Emocional..................................................................................36
2.3.4 Ideias Precursoreas da Inteligência Emocional........................................37
2.3.4.1 Inteligencias “Quentes”.............................................................37
2.4 PRECURSORES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL........................................39
2.4.1 Inteligência Social....................................................................................39
2.4.2 Inteligência Prática...................................................................................40
2.4.3 Inteligências Pessoais...............................................................................41
2.4.4 A Neurobiologia.......................................................................................42
2.5 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL............................................................................43
2.5.1 A Primeira Definição de Inteligência Emocional.....................................44
2.5.2 Evolução do Estudo da Inteligência Emocional.......................................44
2.5.3 Utilização da Inteligência Emocional.......................................................47
2.6 MODELOS DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL...............................................49
2.6.1 Modelos Mistos........................................................................................49
2.6.1.1 Modelo de Goleman..................................................................49
2.6.1.2 Modelo de Bar-On....................................................................51
2.6.2 Modelos de aptidões (Habilidades).............................................52
2.6.2.1 O Modelo de Mayer e Salovey.................................................52
2.7 ENFERMAGEM:UM BRE VE HISTÓRICO.......................................................53
2.7.1 Trabalho de enfermagem e inteligência emocional..................................55
3. METODOLOGIA...............................................................................................................58
3.1 Tipo de Pesquisa......................................................................................................58
3.2 Coleta de Dados......................................................................................................59
3.3 Aspectos Éticos da Pesquisa...................................................................................59
3.4 Análise e Discussão..dos Dados.............................................................................59
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................66
REFERÊNCIAS..................................................................................................................67
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8
1. INTRODUÇÃO
Apresentação do Objeto de Estudo
Mayer e Salovery (1997) definem inteligência emocional como um construto que envolve a
capacidade de percepção, avaliar e expressar emoções; a capacidade de aceder ou gerar
sentimentos facilitadores do pensamento; a capacidade de compreender as emoções e o
conhecimento emocional; e a capacidade de regular as emoções para promover o crescimento
emocional e intelectual.
Este trabalho busca mostrar qua a Inteligência Emocional está a emergir como uma variável
influente num vasto domínio de áreas profissionais: de fato, tem sido, tema de investigação
em áreas como a liderança, o desempenho e as relações no contexto laboral, as diferenças de
gênero, os cuidados de saúde e a enfermagem (CHERNISS, 1999). Especificamente, verifica-
se um interesse crescente na Inteligência Emocional com variável mediadora nas práticas de
enfermagem (SHOULTZ e CODIER, 2007).
No contexto hospitalar, em particular, as permanentes remodelações do sistema de cuidados
de saúde, este trabalho tem como objetivo primordial o aumento da qualidade dos serviços
prestados ao doente, funcionam como um impulsionador da transformação dos paradigmas de
atuação dos diferentes agentes que compõem este macrossistema, nomeadamente os
enfermeiros (CHERNISS, 1999).
A sociedade atual exige, cada vez mais, que os enfermeiros sejam capazes de desempenhar o
processo de cuidados com maior eficácia, que tenham maior nível de conhecimentos, maior
9
capacidade de dar resposta aos problemas da população, isto é, que tenham maior
competência, tanto para ensinar como para dar resposta técnica e cultural, e, sobretudo
Inteligência Emocional ao lidar com as dificuldades provenientes da profissão (MAGÃO,
1992).
Infelizmente muitos profissionais da área de enfermagem desconhecem a importância do
auto-controle das suas emoções e da correta utilização da inteligência emocional no cotidiano,
acarretando com isso dificuldades pessoais e profissionais. A necessidade de ampliação de
estudos e acompanhamento de cursos que instrução os profissionais da área de enfermagem é
sem dúvida uma deficiência na formação da pessoa e do profissional.
Num mundo em constante mudança, requer-se que o homem tenha a capacidade de se adaptar
a novas situações. A adaptabilidade do ser humano já deixou de ser sinônimo de inteligência e
passou a estar relacionada mais amplamente com a capacidade de resposta do individuo ao
meio. As exigências do meio não são puramente intelectuais ou cognitivas. Grande parte
dessas exigências é emocional. E, assim, cada vez mais pertinentes que os indivíduos tenham
capacidade de responder adequadamente às exigências emocionais do meio: que sejam
emocionalmente inteligentes.
Justificativa
A inteligência emocional refere-se à capacidade para reconhecer o significado das emoções e
das relações, e para raciocinar e resolver problemas com base nessas emoções. Isto é, a
Inteligência emocional está envolvida na capacidade para perceber emoções, assimilar
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sentimentos relativos a emoções, compreender a informação dessas emoções e geri-las
(MAYER e SALOVEY, 1997)
Justificativa se a realização deste estudo ao se buscar ampliar o conhecimento sobre o tema,
incentivar novos estudos, além indicar condições que favoreçam o melhor desempenho dos
profissionais nas áreas interpessoais e intrapessoais.
Problema
O que diz a literatura sobre a ifluencia da utilização da inteligência emocional e sua relação
no exercício profissional da enfermagem?
Objetivo
Evidenciar a influencia da utilização da inteligência emocional por parte do enfermeiro e a
relação no seu exercício profissional.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A TRIOLOGIA DA MENTE
Mayer e Salovey (1997) referem que os psicólogos, desde o século XVIII, reconhecem que a
mente está tripartida em cognição (ou pensamento), afeto (incluindo emoção) e motivação.
Hilgard (1980) acrescenta que cognição, emoções e motivações, desde que consideradas de
forma equilibrada, podem proporcionar uma visão completa e global da mente.
Mayer, Salovey e Caruso (2000) descrevem e interpretaram estes três elementos:
- A cognição permite aprender a partir do ambiente e a solucionar problemas mediante novas
situações. Isto se verifica com regularidade para satisfazer certas necessidades ou na
manutenção de emoções positivas, constituindo um processo contínuo, que envolve o
processamento de informação intencional e flexível, apoiado na aprendizagem e na memória
(RODRIGUES, 2010).
- As emoções presume-se que tenham evoluído entre os mamíferos de forma a sinalizar e dar
resposta a alterações nas relações entre os indivíduos e o ambiente. As emoções não seguem
uma lógica temporal, respondendo, antes a mudanças externas nas relações ou, então, a
percepções internas dessas relações. Para além deste aspecto, organizam e fornecem respostas
comportamentais básicas às relações (RODRIGUES, 2010).
- As motivações básicas são a fome, a sede, a necessidade de contato social e os desejos
sexuais. As motivações são responsáveis por levarem o organismo a executar atos simples de
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modo a satisfazer necessidades de sobrevivência e reprodutoras. Na sua forma mais básica, as
motivações seguem uma lógica temporal e são satisfeitas de forma específicas
(RODRIGUES, 2010).
Estas duas esferas, cognitiva e afetiva, foram consideradas em oposição, as emoções eram
vistas como forças irracionais. Existem, de fato, algumas situações em que a mente é
sobrecarregada por experiências emocionalmente intensas. No entanto, estas emoções,
particularmente intensas, poderão interromper um determinado processamento e canalizar a
atenção para outro estimulo mais importante e significativo. Assim, as emoções auxiliam a
cognição a estabelecer prioridades às tarefas (Mayer e Salovey, 1997).
Nas últimas décadas tem-se atribuído grande relevo ao campo da cognição e do afeto, que
tenta compreender de que forma a emoção pode modificar o pensamento e este, por sua vez, a
emoção. Á medida que os psicólogos “cognitivistas” investiram nesta investigação, surge um
marco no estudo da interação entre a emoção e a cognição. Segundo Mayer et al. (2000),
passou-se de uma tônica na psicopatologia dos humores e pensamentos para a idéia de que as
emoções se poderiam adaptar aos pensamentos.
Da interação entre as emoções e a cognição podem resultar alguns comportamentos que se
traduzam em demonstrações de inteligência emocional (RODRIGUES, 2010). Este conceito
implica algo que se relaciona com a interação entre emoção e cognição (MAYER et al, 2000).
Segundo Mayer e Solovey (1997), as definições de inteligência emocional deverão ligar
emoção e inteligência de maneira a que o significado dos dois conceitos seja resguardado.
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Tal como se verifica, a compreensão do conceito de IE requer explorar os dois termos que o
compõem: inteligência e emoção (MAYER E SALOVEY, 1997).
2.2 INTELIGÊNCIA
As noções de Inteligência diferem ao longo do tempo, entre culturas e mesmo dentro de uma
mesma cultura (MAYER et al., 2000). Segundo Sternberg (1990), existem tantas definições
de inteligência quantos os investigadores e teóricos da inteligência que existam. Pinto (2001)
reafirma esta idéia ao colocar que a definição de inteligência compreende um leque alargado
de perspectivas.
Se para alguns investigadores a inteligência constitui um conceito unitário, para outros, é
impensável falar-se de um conceito único, optando por considerar a existência de inteligências
(RODRIGUES, 2010). A falta de consenso generalizado sobre a uniformização do conceito
de inteligência transformou-se numa das problemáticas do conceito de inteligência
transformou-se numa das problemáticas mais controversas e estudadas ao longo dos anos
(MORAIS, 1996).
O Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (2001) atribui ao vocábulo inteligência
um conjunto de asserções, entre as quais se salientam:
• Capacidade do ser humano para pensar, conceber, apreender e julgar;
• Habilidade, destreza demonstrada na ação;
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• Função que tem por objeto o conhecimento (sensação, associação, memória,
imaginação e razão).
Rodrigues (2010) coloca que para melhor compreender a diversidade de definições que
envolvem o conceito de inteligência, é importante situar no tempo cada perspectiva e procurar
um fio condutor que ilumine essa perspectiva diacrônica.
2.2.1 Evolução do Conceito
Richardson (1991) fornece uma perspectiva histórica acerca das várias abordagens à
inteligência desde a Antiguidade.
• Na Grécia Antiga, já tinham ocorrido tentativas para relacionar as “raízes físicas”,
com as “funções mentais” (GARDNER, 1983). Pitágoras e Platão afirmavam que a
mente estaria no cérebro.
- Platão procurou responder a questões sobre a quantidade e classificações de inteligência,
assim como sobre o modo como estes indicadores poderiam qualificar as pessoas para o
desempenho de determinados papéis na sociedade. Este filósofo defendia uma espécie de
reprodução eugênica, através da qual a atividade reprodutora deveria apenas ocorrer entre
seres humanos marcadamente superiores na sua inteligência (RICHARDSON, 1991).
- Aristóteles considerava que a inteligência era uma propriedade comum aos cidadãos,
excluindo, deste modo, os escravos. Richardson (1991) afirma que, segundo o filósofo
ateniense, a virtude intelectual devia o seu nascimento e crescimento ao ensino, pelo que
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requer experiência e tempo. Tal como refere Fonseca (1998), a preocupação com a definição
de inteligência já teria influenciado Aristóteles, que dividiu as funções mentais em categorias
estáticas e dinâmicas, em que o processo de pensamento encerrava componentes emocionais e
morais ou éticos.
• Na Idade Média, o conceito de inteligência esteve ligado a questões éticas, políticas e
sociais. Filósofos e Teólogos, como São Tomás de Aquino e Santo Agostinho definem
inteligência como uma dádiva divina inata e adquirida (FONSECA, 1998):
- Santo Agostinho distinguia os estudantes “brilhantes” dos “preguiçosos”. Richardson
(1991) relembra que foi nesta época que o ensino foi institucionalizado, pelo que se
postulava acerca da distinção entre várias formas e funções da inteligência. Esta tentativa
de caracterizar a inteligência levou à diferentes sugestões como a existência de uma
hierarquia de inteligências separadas: inteligência passiva versos ativa (sensorial versos
cognitiva) e potencial versos adquirida.
- Duns Scotus identifica uma capacidade cognitiva com dois processos: um “intuitivo”,
usado na apreensão imediata da realidade e outro “abstrato” que iria além do aqui e agora
– beyond here and now (RICHARDSON, 1991).
• No século XVI há que distinguir as contribuições de René Descartes e John Locke:
- Descartes considerou que a capacidade para formular um julgamento e distinguir a
verdade da mentira é, por natureza, igual em todos os homens (RICHARDSON, 1991). A
diversidade de opiniões não assentava na maior ou menor racionalidade de uns ou outros,
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mas somente provinha do fato dos nossos pensamentos passarem por diferentes canais e
nem sempre todos considerarem os mesmo objetos. Não é suficiente possuir boas
capacidades mentais; o essencial é aplicá-las bem.
- John Locke, precursor do Iluminismo do séc. XVIII, considerava que as práticas é o que
levam às principais diferenças na força mental. A natureza não é a raiz dessas diferenças,
mas sim o desejar, o querer. O ensejo de melhorar as capacidades mentais e de usar
corretamente essas capacidades é o que mais suscita o aparecimento de diferenças
(RICHARDSON, 1991).
• No século XIX, Herbert Spencer procurou caracterizar a inteligência relacionando-a
com as funções orgânicas dos seres vivos e a evolução dos seres desde a vida orgânica
à vida psíquica. Spencer introduziu uma idéia de adaptação: se o ajustamento entre a
ordem interna e externa for completo, a adaptação é também completa e a vida é
proporcionalmente elevada e prolongada (RICHARDSON, 1991).
• No final do século XIX e início do século XX três nomes destacaram-se no estudo da
inteligência: Galton, Binet e J. Cattell. A importância destes autores assenta na
influencia posterior das suas concepções, o uso dos seus instrumentos de medida e as
investigações que estimulara e desencadearam (ALMEIDA, 1983).
2.2.2 As abordagens à Inteligência a partir do Século XX
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• Sir Francis Galton (1822-1911)
Galton concebeu uma das primeiras e mais amplas tentativas de medida das diferenças
intelectuais dos indivíduos. Segundo Almeida (1983), a concepção de Galton é claramente
marcada pela sua formação em biologia e a influência da teoria da “evolução das espécies” de
Darwin.
Gardner (1983) explica ainda que, no campo das diferenças individuais, Galton destacou-se
por ter desenvolvido métodos estatísticos que permitiam classificar os indivíduos em termos
das suas capacidades físicas e intelectuais.
Segundo Almeida (1983), Galton partiu do pressuposto de que quanto mais baixo fosse o
nível de aptidão intelectual de um individuo, menor seria a sua capacidade de discriminação
sensorial e coordenação motora, pelo que estas duas capacidades constituíam um bom índice
das reais capacidades intelectuais. Estas estariam, assim, constrangidas pelo espaço que o
discernimento sensorial lhes permita.
• Alfred Binet (1857-1911)
Inicialmente Binet tentou avaliar a inteligência através da mensuração dos tacos físicos,
afetivos, sensoriais e analise de caligrafia (ANASTASI, 1988). Para ele a inteligência
funcionava, por um lado, como um referente à percepção do mundo exterior e, por outro, à
memorização e evocação dessa percepção (Binet, 1910, cit. por ALMEIDA, 1983).
18
Binet poderá ser justamente considerado como o “iniciador” do estudo da inteligência e da
sua medida (ALMEIDA, 1983). Para ele, a constatação de um nível intelectual não tem
qualquer interesse se não se fizer acompanhar de uma interpretação das causas que o
produziram. Este esforço de interpretação pressupõe evidentemente a inserção dos resultados
no seu contexto e uma preocupação globalizante e compreensiva por parte do psicólogo
Para Almeida (1983), perante um problema concreto um indivíduo demonstra que é
inteligente quando:
� Compreende do que trata o problema, a sua natureza e os dados existentes;
� Inventa uma ou mais soluções adaptadas ao fim em vista;
� Constrói as tentativas reais ou mentais do processo a seguir;
� Critica os processos e os resultados, prováveis ou reais.
• James McKeen Cattell (1860-1944)
James Cattell, o autor da designação “teste mental”, prosseguiu na tentativa de medir as
capacidades sensoriais, perceptivas e motoras. Utilizando um conjunto de 10 testes cobriu
uma área diversificada de capacidades: tempo de reação, velocidade de movimento, nomeação
de cores, comparação de pesos, memória, entre outros (ALMEIDA, 1983).
• Charles Spearman (1863-1945)
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A teoria de Spearman, que data do início do século XX, é conhecida pela teoria de fator geral,
dos dois fatores ou bifatorial. Segundo o autor, toda a atividade intelectual exprime
basicamente um fator geral (g), comum a toda a atividade mental (fator central único), e
fatores específicos (s) e essa atividade individualizada. Qualquer teste mede (g) embora em
graus diferentes e reconhece-se o caráter absoluto e permanente do fato (g), em contraste com
a relatividade dos fatores específicos (GLEITMAN, 1993).
Segundo Gleitman (1993), Spearman desenvolveu a primeira versão da análise fatorial, uma
técnica estatística a partir da qual se pode extrair o fator comum partilhado para todos os
testes. Esse fator seria conforme o mesmo autor a inteligência geral ou (g), um atributo mental
que é invocado em qualquer tarefa intelectual que o individuo tem de desempenhar.
Atualmente, a teoria de Spearman, ou teoria dos dois fatores, não possui uma aceitação
generalizada. Contudo, conserva o conceito de fator (g) ou inteligência geral, já que traduz a
capacidade básica que os indivíduos possuem para estabelecer relações ou, mais
precisamente, a facilidade para pensar de forma abstrata (RODRIGUES, 2010).
Esta teoria segundo Almeida (1983), comporta três leis:
1) A apreensão de experiências – todo o conhecimento começa, inevitavelmente, com a
experiência sensorial;
2) A educação da relação – a apresentação mental de quaisquer duas ou mais situações,
tende a evocar imediatamente uma relação entre elas;
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3) A educação dos correlatos – após a descoberta de relações entre “termos”, estas
podem também constituir-se em “fundamentos” para outras relações, e assim
sucessivamente.
• L.L. Thurstone (1887-1955)
Thurstone criou novas e poderosas técnicas estatísticas para extrair os fatores básicos, a que
chamou “aptidões mentais primárias” (Gleitman, 1993). Thurstone defendia a inexistência de
qualquer fator intelectual único subjacente à realização de todos os testes intelectuais
(Almeida, 1983). Quando uma determinada aptidão esta envolvida na realização de uma
variedade de testes, faz sentido falar-se em aptidões fundamentais, básicas ou primárias, ou
mesmo em fatores de grupo, que seriam as componentes primarias da aptidão mental
(RODRIGUES, 2010).
Thurstone apresenta sete fatores (Almeida, 1983):
� Espacial (S) – capacidade para visualizar objetos num espaço bi ou tridimensional;
� Velocidade Perceptiva (P) – capacidade para rapidamente e com acuidade visualizar
pequenas diferenças ou semelhanças entre um grupo de figuras;
� Numérico (N) – capacidade para lidar com números e efetuar rapidamente operações
aritméticas simples;
� Compreensão Verbal (V) – capacidade para compreender idéias expressas por
palavras;
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� Fluência Verbal (W) – capacidade para produzir rapidamente palavras;
� Memória (M) - capacidade para evocar estímulos como por exemplos pares de
palavras ou frases anteriormente apresentadas;
� Raciocínio (R) - capacidade para resolver problemas lógicos.
A inteligência constitui objeto de estudo para outros autores que defendem uma
concepção de inteligência geral, denominada “Teoria da Hierarquia Intelectual”. Esta
designação estava relacionada com a hierarquização, do tipo “arvore genealógica”, de
quatro níveis de comportamento intelectual (ANASTASI, 1988):
� O primeiro nível correspondia ao fator (g) de Spearman;
� O segundo nível era composto pelos principais fatores grupais ou de grandes
grupos: fator verbal educativo e fator perceptivo mecânico;
� O terceiro nível incluía os fatores grupais secundários ou de pequenos grupos;
�
� O quarto nível compreendia os múltiplos fatores específicos possíveis (leitura,
ortografia, ciências, matemática, entre outros).
Ao longo do séc. XX, segundo Rodrigues (2010), algumas teorias sobre a inteligência
ocuparam um lugar de destaque no universo da investigação científica, tendo em conta a visão
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epistemológica na qual fundamentaram os seus pressupostos. De forma sucinta, abordaremos
algumas dessas teorias.
2.2.3 Perspectiva Desenvolvimentista
• Jean Piaget (1896-1986)
Toda a abordagem desenvolvimentista está associada a Jean Piaget, psicólogo suíço que
iniciou, em 1920, a sua carreira de investigador, ao interessar-se pelos erros que as crianças
cometiam, quando respondiam a ítens de Testes de Inteligência. Piaget considerou que aquilo
a que se deve dar importância, não é à precisão e à correção da resposta que a criança fornece,
mas sim ao seu raciocínio (GARDNER, 1983).
Na perspectiva desenvolvimentista, segundo Morais (1996), a inteligência é concebida não
como uma entidade estável, mas como um percurso lento e progressivo de equilíbrio
cognitivo, decorrente dos processos de assimilação e de acomodação a que o individuo está
sujeito, quando em interação com o meio.
Segundo Piaget, a inteligência comporta uma séria de estádias diferentes, numa seqüência
invariante, sem que tal invalide a possibilidade de ocorrências de eventuais “décalages” intra
e inter-estádios (ALMEIDA, 1983).
Almeida (1983) destaca a observação de Piaget em 1973 ao afirmar que o desenvolvimento
psíquico que se inicia com o nascimento e termina na idade adulta, é comparável ao
crescimento orgânico: tal como este, consiste essencialmente numa marcha para o equilíbrio.
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Este equilíbrio progressivo, ou adaptação cada vez mais perfeita, é conseguida através do
concurso de dois mecanismos contínuos e complementares: assimilação e acomodação
(ALMEIDA, 1983). Por assimilação, entende-se o esforço da criança no sentido da
“incorporação” do mundo exterior às estruturas já construídas.
A acomodação é um mecanismo em sentido contrário, ou seja, a criança modifica-se a si
própria (nos seus conhecimentos ou estruturas possuídas), ou reajusta-se para se adaptar à
situações novas que surjam. A importância e o sentido do fator equilibração, resultante do
“jogo” destes mecanismos, funcionaria na teoria como um “fator geral” a toda a atividade
mental (ALMEIDA, 1983).
2.2.4 Perspectiva Cognitivista
Após a vigência da abordagem dos testes de inteligência durante cerca de 40 anos, seguida da
dominância da teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget por aproximadamente 20 anos,
começou a delinear-se uma nova forma de estudo nos anos 70 e 80, frequentemente designada
por “psicologia do processamento de informação” ou “ciência cognitiva”. Os seguidores
desta abordagem procuram estudar a fundo os fenômenos molares explicados por Piaget e
outros teóricos cognitivistas, através de metodologias similares às dos psicólogos
experimentais (ALMEIDA, 1983).
Ao longo dos anos 60, e fundamentalmente nos EUA, a abordagem da inteligência orientou-se
por princípios bem diferentes da perspectiva tradicional ou psicometrica que consagraram a
corrente cognitivista como a mais referenciada nos nossos dias (RODRIGUES, 2010)
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Esta viragem está relacionada com aspectos metodológicos de observação e com uma nova
perspectiva teórica do problema, como caracterizada pelo fato de se procurar enfatizar mais os
seguintes aspectos (ALMEIDA, 1983):
� A definição de inteligência e a delimitação do conceito e não o uso e aperfeiçoamento
das características psicometricas dos intrumentos;
� Acentua-se mais “o que é” do que “quem a tem”;
� Os processos cognitivos, subjacentes aos diferentes resultados e necessários à
definição do conceito de inteligência, ao contrario dos resultados em si mesmo ou dos
produtos finais do trabalho intelectual;
� A utilização prática, em termos de intervenção psicológica preventiva ou promotora de
desenvolvimento humano, dos conhecimentos adquiridos.
Sternberg agrupa os vários estudos na corrente cognitiva sob quatro designações (ALMEIDA,
1983):
• Tarefas correlacionadas com a cognição – procurem identificar e isolar tarefas
simples subjacentes ao processamento de informação pelo cálculo de parâmetros
quantitativos;
• Componentes cognitivos – os sujeitos são observados quanto à capacidade de
realização de tarefas usualmente encontradas em testes estandardizados de aptidão;
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• Treino cognitivo – procura-se conhecer a possibilidade de aumentar o nível de
realização dos sujeitos nas várias atividades cognitivas, através do incremento de
treinos e aprendizagens muito específicas e pontuais bem como a forma da sua
concretização;
• “Conteúdos” cognitivos – consistem em comparar a realização de sujeitos “peritos” e
“iniciantes” em tarefas complexas.
Os dois autores mais representativos das abordagens cognitivistas da inteligência são
Sternberg e Gardner, pelo que se expõem sucintamente as idéias defendidas por ambos.
• Robert J. Sternberg
Sternberg sugere que a inteligência deveria ser considerada como um “auto-governo mental”
(FONSECA, 1998), desenvolvendo um paralelismo interessante entre a inteligência e as
funções do governo de um país. Sternberg (1988) parte do princípio de que a inteligência nos
fornece meios para nos governarmos a nós próprios, de modo que os nossos pensamentos e
ações se organizem de forma coerente e intencional, tendo em consideração tanto as nossas
necessidades internas como as necessidades do meio ambiente.
Sternberg (1988, 1994) desenvolveu uma perspectiva própria no estudo da inteligência,
denominada análise componencial. Este “método”, que pretende aceder aos processos
subjacentes à realização das tarefas cognitivas, consiste em dois tipos de análise:
26
• Análise intensiva da tarefa – pela compreensão, o mais detalhada possível, de um
conjunto de tarefas simples ou sub-tarefas que entram na resolução.
• Análise extensiva da tarefa – através da integração dos elementos recolhidos na usa
análise intensiva e em que medida aquelas “sub-tarefas” explicam a tarefa global.
O autor aponta para três grandes componentes da inteligência:
� Metacomponentes – usados para decidir um assunto, planear, monitorizar e
avaliar uma tarefa;
� Componentes de desempenho – usados na pesquisa necessária para a
realização de uma tarefa;
� Componentes de aquisição de conhecimento – usados na concretização das
tarefas.
• Howard Gardner
Segundo Goleman (1995), Gardner propõe que não existe apenas um tipo único, monolítico,
de inteligência que seja crucial para o êxito na vida, mas antes um amplo espectro de
inteligências, com sete variedades principais. A palavra-chave nesta visão de inteligência é
múltipla: o modelo de Gardner vai muito para além do conceito padrão de quociente de
inteligência como um fator único e imutável.
27
As sete inteligências múltiplas são (GARDNER, 1983): lingüística; musical; lógico-
matemática; espacial; corporal-cinestésica; intrapessoal e interpessoal.
Gardner (1983) sugere, através da sua teoria das inteligências múltiplas, que a aquisição e a
expressão da informação se espalha por trajetórias evolutivas particulares pelos sete tipos de
inteligência que consubstanciam, no seu topo holístico e sistémico, os processos e as
estruturas cognitivas humanas por meio das quais ela se manifesta.
2.3 EMOÇÃO
Todas as emoções são, essencialmente, impulsos para agir, planos de instância para enfrentar
a vida que a evolução instilou em nós. A própria raiz da palavra emoção é motere do latim
“mover”, com o prefixo “e-“ o que resulta em “mover para”, sugerindo que a tendência para
agir está implícita em todas as emoções (GOLEMAN, 1995). Tal como Goleman (1995)
refere, o fato de que as emoções conduzem à ação torna-se perfeitamente óbvio quando
observamos animais ou crianças: é só entre os adultos “civilizados” que tantas vezes
encontramos essa grande anomalia no reino animal: emoções – impulsos básicos para agir –
divorciadas da óbvia reação.
Para Escada (2003), a raiz etimológica do vocábulo emoção encontra-se no latim movere, ao
qual se juntou o prefixo e e-movere = mover para). O significado que lhe esta subjacente
representa um movimento de exteriorização ou a tendência natural e intuitiva para agir
perante determinadas situações. As emoções colocam o individuo em movimento, abrigam-no
a reagir perante as perturbações que o quotidiano lhe coloca, accionam mecanismos de
28
comportamento, alteram a ordem das coisas, agitam, provocam desordem motim ou tumulto
interior (CHABOT, 1998).
Emoção é um sistema organizado de respostas que coordena e organiza mudanças
fisiológicas, perceptivas, experiências e cognitivas em experiências coerentes de humores e
sentimentos, como felicidade, raiva, tristeza e surpresa (MAYER, CARUSO e SALOVEY,
2000).
As emoções, segundo Chabot (1998), desempenham um papel fundamental no equilíbrio e na
saúde do ser humano, uma vez que estas tanto nos podem dominar, como fazer-nos felizes,
tanto podem iluminar a nossa experiência como torná-la obscura. Apesar de tudo, as emoções
existem mesmo e temos de saber viver e lidar com elas.
O usa o termo emoção para Damásio (1994) denotar um conjunto de mudanças que ocorrem
quer no corpo, quer no cérebro e que normalmente é originado por um determinado conteúdo
mental.
Mayer et al. (2000) afirma que as emoções são internas no sentido em que são também
privadas e que surgem para responder a modelos internos de relações com outras pessoas ou
situações. Para os autores as emoções são acontecimentos internos que coordenam vários
subsistemas psicológicos incluindo respostas fisiológicas, cognição e atenção consciente. As
emoções surgem tipicamente em resposta às mudanças nas relações das pessoas.
Para Parkinson (1996), as emoções tipicamente ocorrem em contextos sociais e interpessoais
durante as operações-mútuas. Assim, em muitos casos, as emoções podem ser melhor
29
entendidas como interações entre as pessoas, ao invés de simplesmente como uma resposta do
indivíduo a um estímulo particular.
Solomon (1993) coloca que a emoção é um julgamento básicas sobre nós mesmos e nosso
lugar no nosso mundo, a projeção dos valores e ideais, estruturas e mitologias, segundo a qual
vivemos e pela qual aquirimos experiências de nossas vidas.
2.3.3 Abordagens da emoções
Dentre as várias abordagens, aquelas que mais influenciaram as atuais definições de
“emoção” e as que constituíram a base para as teorias contemporâneas das emoções foram a
abordagem biológica de Darwin, a abordagem corporal de James e a abordagem conceptual
de Aristóteles.
2.3.3.1 Charles Darwin: A abordagem evolutiva
Normalmente, quando se estuda as emoções busca-se explicar porque elas estão presentes nos
seres humanos de hoje. Na abordagem evolutiva, no entanto, centra-se no contexto histórico
de como as emoções se desenvolveram (JOHNSON, 2009).
Para Johnson (2009), ela começa por esclarecer algumas terminologias. A evolução é
simplesmente "mudar com o tempo geracional". Mudar para uma característica pode ocorrer
por causa da seleção natural chance, deriva genética, ou porque o traço é geneticamente
relacionada com alguma outra característica. Um traço é uma adaptação se for produzido pela
seleção natural (RICHARDSON, 1996).
30
A teoria evolutiva de Charles Darwin, e todo o processo de seleção natural e adptativa foi
trazida por ele para desvendar o estudo das emoções em si. Ele tinha um interesse nas
expressões emocionais como prova possível da evolução da espécie humana, a continuidade
do comportamento humano com o de outros animais e as bases físicas da mente. Um dos
grandes exemplos desta afirmação pode ser encontrado no seu livro publicou em 1872 sobre
as emoções – The expression of the Emotion in Man and Animals (OATLEY e JENKINS,
2002).
A idéia principal de Darwin acerca das expressões da emoção era que estes derivam de
hábitos que no nosso passado evolucionário ou individual tiveram utilidade. Estes hábitos
baseavam-se em mecanismos similares a reflexos. Algumas dessas ações ocorrem “quer
sejam úteis quer não e são despoletados involuntariamente em circunstâncias análogas às que
desencadearam os hábitos originais” (OATLEY e JENKINS, 2002).
Deste modo, a perspectiva de Darwin assenta no fato de que as emoções possuem uma
qualidade primitiva e involuntária; constituindo, sobretudo, elos com o nosso passado, com a
nossa própria espécie e com a nossa própria história individual (JOHNSON, 2009).
Para Jonhson (2009), a posição evolutiva foi desenvolvida em três diferentes grupos. O
primeiro consiste na alegação de que as emoções são o resultado da seleção natural que
ocorreu com os primeiros hominídeos. O segundo também afirma que as emoções são
adaptações, mas sugere que a seleção tenha ocorrido muito mais cedo. Finalmente, o terceiro
sugere que as emoções são históricas, e não dependem das adaptadoes das emoções.
31
As teorias do primeiro grupo afirmam que as emoções foram selecionados no primeiros
hominídeos. A maioria destas teorias sugerem que esta seleção ocorreu em resposta aos
problemas que surgiram por causa do ambiente social em que estes organismos viveram
(NESSE, 1990).
O período de tempo durante o qual essa seleção poderia ter ocorrido normalmente não é
especificado com precisão. Segundo Wood e Collard, (1999) o prazo geral se inicia após a
linhagem humana ter se divergido da dos grandes macacos, 5 a 8 milhões de anos atrás, e
continua até o aparecimento de Homo sapiens, que era pelo menos 150 mil anos atrás .
Adeptos desta posição sugerem que cada emoção deve ser entendida como um conjunto de
programas que orientam cognitivos, fisiológicos e processos comportamentais, quando um
tipo específico de problema é encontrado (NESSE, 1990) . Para o mesmo autor as emoções
são modos especializados de operação moldado pela seleção natural para ajustar os
parâmetros fisiológicos, psicológicos e comportamentais do organismo de forma a aumentar a
sua capacidade e tendência para responder adaptativamente às ameaças e oportunidades
característica de tipos específicos de situações.
Em contraste com as teorias que afirmam que as emoções são o resultado de seleção natural
que ocorreu em primeiros hominídeos, outra posição é que a seleção ocorreu muito mais cedo,
e assim as adaptações são compartilhados por uma ampla coleção de espécies de hoje
(JOHNSON, 2009). Plutchik (1980, 1984), afirma que há oito emoções básicas, cada uma é
uma adaptação, e todas as oito são encontradas em todos os organismos.
32
De acordo com Plutchik (1984), as emoções são semelhantes aos traços como o DNA ou os
pulmões de ar de respiração dos animais, características que são tão importantes que surgiram
de uma vez e foram conservada desde então. No caso das emoções, ele chama de adaptações
básicas necessárias a todos os organismos na luta pela sobrevivência individual e sugere que a
seleção ocorreu na era cambriana, 600 milhões de anos atrás. Os oito adaptações são a
incorporação, a rejeição, destruição, proteção, reprodução, reintegração, orientação e
exploração.
Plutchik (1980) é responsável por mais do que apenas esses oito emoções. Outras emoções,
diz ele, são combinações de duas ou três dessas emoções básicas, ou um destas oito emoções
vividas em uma intensidade maior ou mais suave. Alguns exemplos são: a raiva e nojo que de
misturos formariam o desprezo, medo e tristeza juntos originaria o desespero, e com relação
aos níveis de intensidade, incômodo é uma forma mais branda de raiva.
Estas adaptações são, em certo sentido, os tipos de comportamentos animais. Conforme
Plutchik (1980) o termo "emoção" é apenas uma maneira particular de descrever esses
comportamentos em humanos. No entanto, ele reconhece que os mesmos comportamentos
não são encontrados em todas as espécies. As emoções que aparecem em humanos são mais
complexas do que aquilo que são encontrados em espécies inferiores, mas os padrões
funcionais básicos permanecem invariáveis em todos os animais, até e incluindo os seres
humanos.
O terceiro grupo sugere que as emoções são históricas. Segundo Johnson (2009), uma
alternativa para este ponto é simplesmente identificar as características que estão presentes em
um determinado intervalo de ancestralidade comum. De acordo com Griffiths (1997, 2004),
33
algumas emoções devem ser identificadas e, então, classificadas dentro destes períodos. Esta
característica pode ser ligeiramente diferente de espécie para espécie, mas é uma característica
única, pois todas as ocorrências pode ser rastreada até um ancestral comum.
Griffiths (1997) sugere que este método de classificação pode identificar as emoções que são
realizadas por mecanismos semelhantes em espécies diferentes. Ao invés de simplesmente
focando as funções das emoções, este tipo de análise é mais útil para a psicologia e
neuropsicologia, porque estas ciências estão interessados em identificar os mecanismos que o
comportamento da unidade (Griffiths, 2004).
2.3.1.2 William James: A abordagem corporal
A teoria desenvolvida por William James em 1884 consideram que a experiência subjetiva da
emoção é a tomada de consciência das nossas próprias mudanças corporais, na presença de
algum estímulo desencadeador (GLEITMAN, 1993).
Oatley e Jenkins (2002) afirmam que podemos tomar a teoria de James como uma advertência
de que não somos espíritos desincorporados. Agitando o corpo, as nossas emoções mostram-
nos que algo importante está acontecendo. Quando as emoções são grosseiras elas são
associadas a distúrbios corporais.
Além disso, e segundo Oatley e Jenkins (2002), James propôs que as emoções dão “cor e
calor” à vivência. Sem estes efeitos da emoção, tudo seria “baço”. Os autores relembram que
esta idéia de que a emoção dá cor à vivência permaneceu nos entendimentos psicológicos da
emoção, por exemplo, na idéia de que estas cores podem ser agradáveis ou desagradáveis e
34
que as emoções, com os seus próprios estados de sentimento, podem ser coisas a procurar ou
evitar.
James descreve as mudanças corporais seguidas diretamente da percepção do fato excitante
[isto é, a emoção causando evento], e o nosso sentimento das mesmas alterações à medida que
ocorrem as emoção. Assim, de acordo com James, quando o tipo apropriado de estímulo é
percebido (que é um urso), isso automaticamente faz com que uma resposta do corpo
(tremores, levantou a freqüência cardíaca, e assim por diante), e consciência do indivíduo
sobre esta resposta do corpo é o medo (JOHNSON, 2009).
Para Prinz (2004), a emoção é o estado mental que é causada pelo retorno do corpo. Ele faz
uma distinção entre o que este estado mental registra e o que ele representa. De acordo com
Prinz, uma emoção registra a resposta do corpo, mas representa informações simples sobre o
que cada emoção é sobre, por exemplo, o medo representa perigo, tristeza representa a perda
de algo valioso, a raiva representa ter sido humilhada.
A vantagem do que é colocado por Prinz (2004) em comparaçao com James é que ele
incorpora uma explicação plausível da intencionalidade das emoções em uma teoria de
feedback somáticas. Para Prinz, o estado mental (a emoção) é causada pela atividade corporal,
mas, ao invés de ser sobre a atividade física, a emoção é outra coisa, ou seja, elas são peças
simples de informação que representam o estado mental.
2.3.1.3. Aristóteles: A abordagem conceptual
35
Aristóteles lançou algumas das fundações da psicologia das emoções européia e americana
(OATLEY e JENKINS, 2002). O filósofo considerava que as emoções estão ligadas à ação e
que derivam daquilo em que acreditamos. Segundo Oatley e Jenkins, um motivo pelo qual a
abordagem de Aristóteles é importante consiste no fato de, noutras abordagens, as emoções
serem vistas como simplesmente nos aconteceram (como é sugerido por Darwin e James)
(OATLEY e JENKINS, 2002, p 32/33)
2.3.2 O Cérebro Emocional/ Cérebro Racional
Segundo Martin e Boeck (1997), a conjugação das emoções e da razão, baseia-se
principalmente, nas interações entre as três zonas do cérebro situadas umas sobre as outras: o
bolbo raquidiano, o sistema límbico e o neocórtex.
• O bolbo raquidiano
Este compartimento do cérebro é a sua parte mais antiga e primitiva tendo surgido como um
prolongamento da medula espinal. É responsável pela realização de funções vitais, ainda que
de forma inconsciente, como por exemplo, a respiração e o metabolismo. Controla,
igualmente, os instintos e os reflexos. Ao mesmo tempo, o bolbo raquidiano interage com as
regiões do cérebro que se formaram mais tarde. Assim, muitas coisas que aprendemos através
das camadas mais jovens do cérebro, vão-se tornando automatizadas e incluídas no bolbo
raquidiano (MARTIN e BOECK, 1997).
• Sistema Límbico e Amígdala (Cérebro Emocional)
36
O sistema límbico é considerado como o centro emocional do cérebro, envolvendo o bolbo
raquidiano, permitindo registrar e memorizar informações. O sistema límbico é formado por
um conjunto de estruturas, núcleos e conexões fibrosas, sendo as suas estruturas mais
importantes o córtex límbico e a sua zona periférica, o conjunto hipotálamo e a amígdala
(MARTIN e BOECK, 1997).
O hipotálamo, em conjunto com certas partes do córtex, armazena os conhecimentos de fatos
e contextos das nossas vidas, ao passo que a amígdala se reserva aos assuntos emocionais. O
sistema límbico encontra-se constantemente em interação com o neocórtex e o hipotálamo
(MARTIN e BOECK, 1997).
• O neocórtex (Cérebro Racional)
Situado por cima do bulbo raquidiano e do sistema límbico, encontra-se o neocórtex. Esta
estrutura é responsável pela nossa habilidade de pensar de forma abstrata, compreender e nos
desenvolver conscientemente de forma complexa. Este, por si só, não seria mais do que um
eficiente computador. No entanto, todas as outras atividades por si desenvolvidas, só podem
ser conduzidas e levadas a cabo em combinação com o sistema límbico e com o bolbo
raquidiano (MARTIN e BOECK, 1997).
O cérebro humano além das zonas anteriormente descritas inclui ainda, um conjunto
diversificado de vias nervosas e de circuitos muito flexíveis entre os neurônios que fazem a
ligação das diferentes zonas do cérebro. No entanto, durante várias décadas, muitos cientistas
eram da opinião de que estas zonas tinham vidas independentes, sem qualquer relação entre
elas (MARTIN e BOECK, 1997).
37
A visão convencional da neurociência, como refere Goleman (1997), sugeria que às
informações recolhidas nos órgãos dos sentidos eram numa primeira fase transmitidas ao
tálamo, passando seguidamente para outras zonas de processamento do neocórtex, onde os
sinais eram reconstruídos para formar objetos e sons, tal como os percebemos. Assim, os
sinais eram separados por significados, no sentido de permitir que o cérebro reconhecesse o
que cada objeto realmente era e qual o seu significado. Do neocórtex os sinais eram
direcionados para o sistema límbico, e, a partir daí, a resposta correta irradiada pelo cérebro.
Segundo Goleman (1997) LeDoux descobriu a existência de um pequeno grupo de memórias
que ligam diretamente o tálamo à amígadala. Com esta descoberta passava-se a processar uma
espécie de circuito de atalho, proporcionando um caminho mais curto, em que um número
reduzido de neurônios que ligam diretamente o tálamo à amigdala, para além dos que seguem
o caminho principal até ao córtex, permitem à amígdala receber entradas diretas dos sentidos
e iniciam as respostas antes que elas fossem registradas no neocórtex.
2.3.3 Controle Emocional
O controle emocional assume um papel fundamental no sucesso individual e/ou coletivo nas
diferentes atividades profissionais, daí a importância do desenvolvimento do nível de
inteligência emocional, na medida em que esta envolve a capacidade de cada pessoa em se
motivar a si própria e persistir, independentemente das contrariedades e prestações, de
controlar os impulsos, de regular o seu próprio estado de espírito e impedir que o desanimo
domine a sua faculdade de pensar, de sentir empatia e de ter esperanças (GOLEMAN, 1997).
Mahoney e Myers (1989) colocam que este processo da avaliação cognitiva das situações e a
capacidade dos indivíduos para lidarem com as suas emoções assumem um papel
38
determinante no comportamento do ser humano. Cruz (1996), concorda, mas salienta que o
desenvolvimento das emoções é muito complexo, por um lado devido aos múltiplos objetivos
em curso num determinado momento, e por outro pelas mudanças que podem ocorrer de um
momento para o outro e podem determinar, definir e pôr em prática novos objetivos
Esta complexidade no entendimento e controle das emoções ocorrem segundo LeDoux (2000)
porque elas acontecem e desencadeiam-se no nosso cérebro sem, no entanto, sabermos
exatamente a sua origem, podendo alterar-se ou repentinamente e as suas causas podem ser
evidentes ou desconhecidas. O mesmo autor afirma que apesar das emoções fazerem parte de
nós próprios, podem também, ter a sua própria ordem do dia, que pode ser cumprida sem a
intervenção voluntária do próprio sujeito.
Relativamente às vantagens que constituiriam para o ser humano a compreensão cientifica das
emoções, LeDoux (2000) refere a proporcionar-nos-ia uma reflexão sobre o modo como
operam a maior parte dos aspectos mais pessoais e ocultos da mente, e simultaneamente,
ajudar-nos-ia compreender o que pode estar errado, quando esta parte da vida mental vacila.
2.3.4 Idéias Precursoreas da Inteligência Emocional
2.3.4.1 Inteligencias “Quentes”
A categorização de inteligências “quentes” advém do fato de operarem em cognições
“quentes”, que lidam com assuntos de importância pessoal e emocional para o individuo.
39
O estudo do processamento “quente” refere-se ao que sucede quando informação emocional é
processada pelo sistema intelectual (MAYER e MITCHELL, 1998). O processamento de
informação “quente” é importante porque:
• A informação é mais frequentemente emocional do que não emocional;
• Existe informação não emocional;
• Tal processamento poderá ser particularmente vulnerável a pressões por parte do resto
da personalidade.
A Inteligência Emocional tal como defendida por Mayer, Salovey e Caruso (2004) refere-se
especificamente à combinação cooperativa de inteligência e emoção, encontrando-se
enquadrada na classe das inteligências “quentes” da qual fazem parte:
• A inteligência social
• A inteligência prática
• As inteligências pessoais
Neste sentido, pode-se considerar que os principais precursores do conceito de Inteligência
Emocional foram exatamente às inteligências “quentes”, bem como algumas descobertas no
campo da Neurobiologia.
40
2.4 PRECURSORES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
2.4.1 Inteligência Social
• E.L. Thorndike
E.L. Thorndike originalmente distinguiu a inteligência social das outras formas de
inteligência, e definiu-a como sendo capacidade para compreender e gerir homens, mulheres –
e agir com sabedoria em relacionamentos com outros (MAYER E SALOVEY, 1993).
Uma das mais antigas e influêntes divisões da inteligência foi exatamente proposta por
Thorndike em 1920 e consistia em três grandes classes de capacidades (MAYER E
SALOVEY, 1998):
� Inteligências abstratas, analíticas, e/ou verbais, que incluem medidas de vocabulário,
fluência verbal e a capacidade para detectar semelhanças e para pensar logicamente;
� Inteligências mecânicas, de desempenho, visuo-espaciais e/ou sintéticas, que incluem
as capacidades para reunir objetos, reconhecer e construir desenhos ou padrões;
� Inteligências sociais e/ou práticas, que incluem a capacidade das pessoas para se
relacionarem com outros.
Historicamente o conceito de inteligência social teve algumas dificuldades no seu
desenvolvimento para parecer ter tão elevadas correlações com os restantes subgrupos. O
raciocínio das pessoas acerca das situações sociais aproxima-se tanto das outras duas áreas
41
que se tornava complicado tratar o raciocínio social como sendo separado dos outros
(MAYER e SALOVEY, 1997).
2.4.2 Inteligência Prática
Em 1976, Neisser segundo Sternberg (1990) propôs a distinção entre capacidades acadêmicas
e práticas, que subjazem aos vários tipos de tarefas associadas com a escala e o mundo real.
Para ele, os problemas acadêmicos são: formulados por outros; bem definidos; completos na
informação que fornecem; caracterizados por terem apenas uma resposta correta;
caracterizados por terem apenas um meio para obter a resposta correta; desenquadrados das
experiências comuns e pouco ou nenhum interesse intrínseco.
Por outro lado, e segundo o mesmo autor, os problemas práticos são: não formulados ou
necessitam de reformulação; de interesse pessoal; com falta de informação necessária para a
sua resolução; relacionados com a experiência diária; mal definidos; caracterizados por várias
respostas corretas e por múltiplos meios para resolver o problema.
A abordagem de Neisser despontou o interesse de Sternberg (1990), que realizou alguns
estudos no sentido de averiguar que o conceito de inteligência existiria entre leigos e
estudiosos do assunto. Sternberg (1990) descobriu que se tratava de concepções muito
próximas e que englobavam três aspectos: a capacidade para resolver problemas práticos; a
capacidade ou aptidão verbal e as competências sociais (capacidade para se dar bem com as
outras pessoas).
42
Sternberg propôs, por sua vez, o conceito de inteligência prática. O conceito de inteligência
prática de Sternberg é uma forte componente da teoria das inteligências para o sucesso
(HEDLUND e STERNBERG, 2000). Pessoas com esta capacidade reconhecem as suas forças
e fraquezas e capitalizam as suas forças enquanto que compensam ou corrigem as suas
fraquezas. Estas podem ser associadas a três grandes componentes: analítica, criativa e
prática.
A inteligência prática, como componente da inteligência para o sucesso é a capacidade para
atingir objetivos pessoalmente valorizados através da adaptação ao ambiente, da modulação
(ou mudança) do ambiente ou da seleção de um novo ambiente (HEDLUND e STERNBERG,
2000).
2.4.3 Inteligências Pessoais
De entre os psicólogos provenientes da abordagem cognitivas, surge mais uma idéia de
“inteligência quente”: as inteligências pessoais de Gardner (1993) Este autor considera que a
inteligência intrapessoal se relaciona com o desenvolvimento dos aspectos internos da pessoa
e contem a capacidade de, no momento, distinguir sentimentos, atribuindo-lhes códigos
simbólicos e, apoiando-se neles, procura compreender e guiar o próprio comportamento. Por
outro lado, a sua definição de inteligência interpessoal, volta o sujeito para fora, ou seja, para
os outros.
Tal como a inteligência social, as inteligências pessoais de Gardner incluem o conhecimento
acerca de si próprio e dos outros. Um dos aspectos das inteligências pessoais associa-se a
43
sentimentos e está relativamente próximo do que Salovey e Mayer (1990) designam a
Inteligência Emocional.
Segundo Goleman (1995) Gardner dá-nos uma definição resumida das inteligências pessoais
como a inteligência interpessoal é a capacidade de compreender as outras pessoas; o que é que
as motiva, como é que funcionam, como trabalhar cooperativamente com elas. A inteligência
intrapessoal (...) é uma capacidade correlativa, voltada para dentro. É a capacidade de
criarmos um modelo correto e verídico de nós mesmo e de usar esse modelo para funcionar
eficazmente na vida.
2.4.4 A Neurobiologia
Na década de 80 verificou-se um grande aumento da investigação, no âmbito da interação
normativa entre emoção e pensamento. Por outro lado, estudos na neuropsicologia e na
neurobiologia sobre a inter relação da emoção e cognição também contribuíram para um
crescente interesse destes processos (MAYER, et al., 2004).
Damásio (1994) buscando entender as interações biológicas e neurais coloca que os
sentimentos parecem depender de um delicado sistema com múltiplomponentes que é
indissociável da regulação biológica e que a razão parece depender de sistemas cerebrais
específicos, alguns dos quais processam sentimentos. Assim, pode existir um elo de ligação,
em termos anatômicos e funcionais, da razão aos sentimentos e destes ao corpo.
Reconhecer a importância das emoções nos processos de raciocínio, não implica que a razão
assuma um papel menor, nem tão pouco que deve passar para segundo plano. Acrescentado
44
que pelo contrario, ao verificarmos a função alargada das emoções, é possível realçar os seus
efeitos positivos e reduzir o seu potencial negativo (DAMÁSIO, 1994)
2.5 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
O estudo da Inteligência Emocional imergiu, parcialmente, da pesquisa na área da cognição e
do afeto, dos conceitos de inteligência social, prática e das inteligências pessoais, assim como
das descobertas no campo da neurobiologia (MAYER et al., 2000).
Salovey e Mayer no seu artigo pioneiro de 1990, afirmam que tal como é o caso da
inteligência social, a inteligência emocional e uma sub-parte das inteligências pessoais de
Gardner. A inteligência emocional não inclui o sentido geral de si próprio nem a avaliação
dos outros. Foca, antes, no reconhecimento e uso das próprias emoções e dos estados
emocionais alheios para resolver problemas e regular comportamentos (MAYER E
SALOVEY, 1990). De fato, os autores consideram que o seu conceito de Inteligência
Emocional se sobrepõe ao conceito de Gardner (1983) de “inteligência intrapessoal”
(MAYER e SALOVEY, 1993).
Aliás, para Goleman (1995), Salovey redefine as inteligências pessoais de Gardner na sua
definição básica de Inteligência Emocional, distribuindo essas capacidades por cinco
domínios principais: conhecer as nossas próprias emoções; gerir as emoções; motivar-nos a
reconhecer as emoções dos outros.
45
2.5.1 A Primeira Definição de Inteligência Emocional
Em 1990, Salovey e Mayer definiram pela primeira vez inteligência emocional como um tipo
de inteligência social que envolve a capacidade de monitorizar as próprias emoções e as dos
outros, de discriminar emoções e usar a informação para guiar o pensamento e ações.
Segundo os mesmo autores, o alcance da Inteligência Emocional inclui a avaliação e
expressão verbal e não-verbal das emoções, a regulação das emoções em si próprio e nos
outros, e a utilização do conteúdo emocional na resolução de problemas.
Mayer e Salovey consideram que a Inteligência Emocional é um tipo de processamento de
informação emocional que inclui a avaliação correta das próprias emoções e das dos outros, a
correta expressão bem como a regulação adaptativa das emoções de modo a melhorar a vida.
Quem possui este tipo de inteligência é considerado um individuo emocionalmente ajustado e
competente (MAYER, DIPAOLO e SALOVEY, 1990).
2.5.2 Evolução do Estudo da Inteligência Emocional
A título de resumo do anteriormente exposto, sugere-se a proposta de Mayer, que considera
que o século XX se poderá dividir em cinco períodos de diferentes considerações históricas e
filosóficas sobre a emoção e o pensamento (MAYER et al., 2001):
1. De 1900 a 1969 – O estudo psicológico da inteligência e das emoções era separado:
• Na área da inteligência desenvolviam-se, exploravam-se e compreendiam-se os
primeiros testes. A inteligência era vista como a capacidade para levar a cabo
46
raciocínios abstratos e investigavam-se diversas explicações biológicas da
Inteligências;
• Na área das emoções, questionava-se sobre o que surgiria primeiro: se as
mudanças fisiológicas ou se a emoção. Por outro lado, ponderava-se entre a
origem cultural ou universal das emoções.
2. De 1970 a 1989 – Período no qual os psicólogos incidiram no modo como emoções e
pensamentos se influênciam mutamente:
• A inteligência e a emoção, até ao momento considerado como campos
separados, passam a ser estudados no novo campo da “cognição e afeto”. Estes
estudos podem ser considerados como os precursores da Inteligência
Emocional;
• Surgimento da teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner, e entre elas, das
inteligências pessoais;
• Alguma pesquisa neubiologica no que se refere às conexões entre emoções e
cognições;
• Uso ocasional do termo “Inteligência Emocinal”.
3. De 1900 a 1993 – Emergência do tópico Inteligência Emocional:
47
• Neste período, Mayer e Salovey publicaram uma série de artigos sobre
Inteligência Emocional;
• Publicação do primeiro estudo com a medida de aptidão da Inteligência
Emocional;
• Desenvolvimento de mais fundamentos para o conceito da Inteligência
Emocional na área da Neurobiologia.
4. De 1994 a 1997 – Período durante o qual o conceito de Inteligência Emocional foi
popularizado:
• Goleman publica o livro “Inteligência Emocinal”;
• Disseminação do conceito Inteligência Emocional no âmbito científico e não
cientifico;
• Publicação de varias escalas de personalidade sob a designação de testes de
“quociente emocional” (QE) ou de Inteligência Emocional.
5. Desde 1998 – Atual pesquisa e clarificação do conceito de Inteligência Emocional:
• Aprofundamento da pesquisa e clarificação do conceito de Inteligência
Emocional;
48
• Introdução de novos instrumentos de medida do conceito;
• Primeiros artigos peer-reviewed sobre o tema.
2.5.3 Utilização da Inteligência Emocional
Na utilização da Inteligência Emocinal, Mayer e Salovey (1990), referem-se especificamente:
• Planejamento flexível - As flutuações de humor ajudam as pessoas a pensar no futuro
tendo em conta diferentes resultados; isto permite que as pessoas elaborem um maior
número de planos futuros para si próprios, o que lhes dá vantagem em futuras
oportunidades;
• Pensamentos criativo – o humor também poderá ajudar na resolução de problemas
devido ao impacto que tem na organização da memória e no uso das informações nela
armazenadas. Uma maior clareza na categorização da informação poderá ter um
impacto positivo na resolução criativa de problemas;
• Atenção redirecionada pelo humor - quando as pessoas dão atenção aos seus
sentimentos, poderão ser desviadas de um determinado problema para outro de maior
importância. Os indivíduos podem aprender a rentabilizar essa capacidade para focar a
atenção em estímulos do ambiente que sejam mais relevantes. Em vez de meramente
interromper atividades cognitivas em curso, a emoção poderá ajudar os indivíduos a
redefinir prioridades na atenção às exigências internas e externas;
49
• Emoções motivadoras - os humores poderão ser usados para motivar a perseverança
em tarefas desafiantes. As pessoas podem usar os “bons” humores para aumentar a
confiança nas suas capacidades e persistir face à obstáculos e a experiências aversivas.
Indivíduos com atitude positiva face à vida constroem experiências interpessoais que
levam a melhores resultados e recompensas para os próprios e para os outros.
Para Goleman (1997) a inteligência emocional consiste na capacidade da pessoa se motivar a
si mesma, de superar as frustrações, de controlar os impulsos e adiar a recompensa, de regular
o seu próprio estado de espírito e impedir que o desânimo subjugue a faculdade de pensar; de
sentir empatia e de ter esperança.
Segundo Martin e Boek (1997), a Inteligência Emocional engloba qualidades como: a
compreensão das nossas emoções, a capacidade de nos colocarmos no lugar dos outros e a
capacidade de controlarmos as nossas próprias emoções para podermos melhorar a nossa
qualidade de vida. Por sua vez, Fernandez-Berrocal (2007), refere que as componentes básicas
da inteligência emocional são, em geral, a percepção e a expressão das emoções, o
entendimento das mesmas e a capacidade para neutralizar as mais negativas.
De acordo com Bar-On (2001), indivíduos com elevados níveis de Inteligência Emocional
têm inúmeras vantagens sobre indivíduos com baixos níveis de Inteligência Emocional. Estas
vantagens envolvem o conhecimento emocional, a resolução de problemas, a regulação do
estado de espírito, a empatia e a habilidade para prevenir a angústia e, ainda, a habilidade para
pensar de uma forma clara. Estas qualidades são muito desejáveis e importantes para se viver
com sucesso, incluindo o empenho para atingir metas pessoais.
50
A Inteligência Emocional é compreendida como um tipo de inteligência relacionada com a
intercepção entre a emoção e a cognição (MAYER et al., 2000). Atualmente, coexistem vários
modelos de Inteligência Emocional, o que conduz a polêmica relacionada com o fato de
algumas teorias, que assentam nesse conceito, se referirem especificamente à relação entre
emoção e inteligência, enquanto outros vão mais alem (MAYER et al., 2004).
O grupo de Mayer (MAYER, et al., 1999) refere uma distinção entre modelos mistos, que
integram, para além de capacidades cognitivas, alguns traços de personalidade, com a
intenção de reunir numa só entidade o que parece ser uma variedade de traços que conduzem
ao sucesso, e modelos de aptidões (habilidades), que descrevem apenas capacidades
relacionadas com a inteligência.
2.5.4 MODELOS DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
2.5.4.1 Modelos Mistos
Os modelos mistos, na linha de Goleman e de Bar-On, que consideram as aptidões mentais e
uma variedade de outras características como a motivação, a atividade social e determinadas
qualidades pessoais (auto-estima, felicidade, empatia, entre outras) como uma entidade única.
2.5.4.1.1 Modelo de Goleman
O modelo de Goleman é provavelmente o mais popular dos modelos de Inteligência
Emocional e encontra-se descrito em dois livros: “Inteligência Emocional” (GOLEMAN,
1995) e “Trabalhos com Inteligência Emocional” (GOLEMAN, 1998).
51
Este modelo propõe alterar o conceito de Inteligência Emocional de forma a incluir, além de
habilidades emocionais, habilidades sociais, tornando-o mais abrangente, e passíveis de ser
aplicado no contexto laboral (GOLEMAN, 1998).
Goleman propôs quatro áreas de competência que serviriam como fundamento para as
capacidades adquiridas. Seguidamente e de forma sucinta, passa-se a desenvolver cada uma
das áreas (GOLEMAN, 1998; GOLEMAN, 2001):
� Auto-consciência - engloba a compreensão dos sentimentos e uma correta auto-
avaliação dos mesmos;
� Auto-gestão – traduz a capacidade de regular sentimentos perturbadores, como a
ansiedade e a raiva, e para inibir a impulsividade emocional;
� Consciência social - implica no conhecimento profundo de pessoas e de grupos,
abordando a empatia, orientação para o serviço e consciência organizacional;
� Gestão de relações – salienta um quadro mais complexo e pressupõe a indução de
respostas desejadas no outro. Engloba as influências-táticas de natureza interpessoal,
manipulação de conflitos, liderança-administração de grupos, sensibilidade para as
necessidades de desenvolvimento dos outros, comunicação, catalisador de mudanças,
construção de veículos e colaboração e trabalho de equipe.
52
Segundo Goleman (1998), as competências da Inteligência Emocional se características por
serem independentes na forma de desempenho do trabalho; interdependentes na interação com
as outras; hierárquicas; necessárias mais não suficientes e genéricas.
2.5.4.1.2 O Modelo de Bar-On
Segundo Shemueli (2005), este modelo apóia-se em competências que procuram explicar o
relacionamento de uma pessoa com outras que a rodeiam, bem como o meio onde está
inserida.
Bar-On (1997) identificou a como:
� Capacidade intrapessoal que avalia a auto-identificação geral da pessoa, a
autoconsciência emocional, a auto-realização e a independência emocional;
� Capacidade interpessoal, que se refere à empatia, à responsabilidade e às relações
sociais;
� Adaptabilidade ou capacidade que a pessoa tem para avaliar de forma correta a
realidade e adaptar-se a novas situações, bem como encontrar soluções para os
problemas do quotidiano;
� Gestão das emoções ou a capacidade para suportar a pressão a que está sujeito e de
controlar os impulsos pessoais;
� Humor geral relativo ao estado de ânimo.
53
2.5.4.2 Modelos de aptidões (Habilidades)
Para Mayer, Salovey e Caruso, (2000) os modelos de aptidões são provavelmente os únicos
que correspondem, de fato, à Inteligência Emocional, uma vez que a descrevem como uma
forma de inteligência, obdecendo aos critérios empíricos para tal: os problemas mentais têm
uma resposta certa ou errada, as competências medidas apresentam correlação positiva entre
si, como acontece com as aptidões mentais em geral, e o seu nível aumenta com a idade e com
a experiência.
2.5.4.3 O Modelo de Mayer e Salovey
O modelo teórico de Inteligência Emocional desenvolvido por Mayer e Salovey focaliza a
aptidão centrada no processamento emocional da informação e nas capacidades relacionadas
com esse processamento. Este modelo abrange quatro grandes áreas, ou ramos, sendo que o
aparecimento de cada ramo é sucessivo ao longo da vida.
� Ramo 1. - Percepção das emoções ou a habilidade para identificar sentimentos, avaliar
e expressar emoções com precisão e diferenciar expressões emocionais reais e falsas
(CARUSO et al., 2002). Verifica-se este ramo quando as crianças aprendem a
identificar os seus estados emocionais e a distingui-los dos estados emocionais dos
outros. Durante o seu crescimento, tornam-se cada vez mais consistentes na
identificação das próprias sensações corporais, assim como do meio envolvente.
� Ramo 2 – a facilitação emocional ou assimilação das emoções constitui a habilidade
para usar emoções, no sentido de conduzir a atenção para eventos importantes, para
54
aceder ou gerar emoções que facilitem a tomada de decisão (CARUSO et al., 2002). Á
medida que a pessoa vai evoluindo no seu processo de crescimento, as emoções
começam a moldar e a melhorar o pensamento, canalizando a atenção para mudanças
significativas (MAYER e SALOVEY, 1997).
� Ramo 3 – A compreensão emocional consiste na habilidade para identificar e
compreender emoções, não só as mais simples como as mais complexas, bem como
reconhecer as suas causas, compreender as relações entre elas e o seu percurso entre os
diferentes estados emocionais (CARUSO et al., 2002).
� Ramo 4 – A administração/gestão de emoções consiste na habilidade para controlar as
emoções, o que permite um crescimento emocional e intelectual. Este ramo implica
uma atenção especifica tanto aos estados emocionais positivos como aos negativos e
uma gestão adequada das emoções individuais e das emoções dos outros (CARUSO et
al., 2002).
2.7 ENFERMAGEM: UM BREVE HISTÓRICO
A enfermagem antes de sua institucionalização como profissão era exercida por leigos os
quais prestavam cuidados aos doentes. No período antes de Cristo, registra-se o preparo de
pessoas, que possuíam alguma habilidade e conhecimentos, inclusive sobre o preparo de
remédios (SILVA, 1989).
Na Roma antiga, a Enfermagem, assim como a Medicina, era indigna dos cidadãos romanos,
sendo então, exercida por estrangeiros ou escravos. Na Idade Média, entre os séculos XI e
XII, os cuidados aos doentes passaram para as mãos dos religiosos. Quase sempre era a
55
mulher prestava o cuidado ao doente, portanto o trabalho de enfermagem estava na sua
origem associada ao trabalho feminino, pouco valorizado socialmente (SILVA, 1989).
Com o advento do século XIII, deu-se o que poderia chamar de introdução da Enfermagem
nos hospitais, por meio das religiosas, cujo trabalho era revestido na filosofia de amor ao
próximo. Tal concepção da Enfermagem permanece por muitos séculos, exercida por
religiosas que não possuíam conhecimentos científicos que pudessem fundamentar as
atividades de enfermagem (SILVA, 1989).
Entre os séculos XVII e XVIII, surgiram as organizações hospitalares, originadas das
congregações religiosas, e a partir daí, começou a se designar Matron para o elemento
feminino que dirigia o serviço de Enfermagem e a Sister para a mulher encarregada das
enfermeiras (SILVA, 1989).
No século XIX, a Enfermagem se institucionaliza na Inglaterra. Neste contexto estão o
período de guerra e o surgimento de Florence Nightingale, considerada a precursora da
Enfermagem Moderna (GIOVANINI, 1995).
No Brasil, no século XIX, a brasileira Ana Justina Ferreira Néri, conhecida como Ana Néri,
destacou-se por seu abnegado cuidado aos soldados feríodos durante a Guerra do Paraguai.
Por seu esmerado espírito de dedicação e incansável assistência dispensada aos soldados, ao
final da guerra foi condecorada pelo Governo brasileiro (MUNARI e RODRIGUES, 1997).
A ideologia da Enfermagem desde sua origem, e, em particular a de Ana Néri para os
brasileiros, significa: abnegação, obediência e dedicação, marcando profundamente a
56
profissão e até pouco tempo atrás o enfermeiro teria de ser alguém disciplinado e obediente
(MUNARI e RODRIGUES, 1997).
2.7.1 Trabalho de enfermagem e inteligência emocional
O trabalho tem um papel fundamental na inserção dos indivíduos no mundo, contribuindo
para a formação de sua identidade – a construção da subjetividade − e permitindo que os
mesmos participem da vida social, sendo elemento essencial para a saúde (DIAS, 1999).
A Enfermagem é um caso paradigmático de integração harmoniosa dos saberes provenientes
quer das ciências naturais, quer das ciências humanas. O seu objeto de estudo é o Homem
encarado de uma forma holística, ou seja, vê o doente como um Todo (físico, psíquico e
espiritual) e não só a soma de todos os seus órgãos em funcionamento. A enfermagem vê as
pessoas como seres totais, que possuem família, cultura, têm passado e futuro, crenças e
valores que influenciam as suas experiências de saúde e doença (CARVALHO, 2006).
Para Lopes (2001) estas representações sociais estão intimamente ligadas às competências e
capacidades individuais de cada profissional de enfermagem, ou seja, está em estreita relação
com o saber ser, saber estar e o saber fazer. No entanto, há que salientar que o saber fazer em
enfermagem tem que ser sustentado pelos saberes científicos, sendo esta incorporação que vai
oferecer a possibilidade de uma prestação de cuidados de enfermagem baseada na
metodologia científica.
Por conseguinte, o exercício profissional da enfermagem centraliza-se na relação interpessoal
entre um enfermeiro e uma pessoa ou entre um enfermeiro e um grupo de pessoas, família ou
57
comunidade. Tanto o enfermeiro como as pessoas que recebem os cuidados de enfermagem
possuem quadros de valores, crenças e anseios de natureza individual, fruto das diferentes
condições ambientais em que vivem e se desenvolvem, o que leva à constituição, por parte do
doente, de diferentes representações ou imagens socioprofissionais do enfermeiro
(McQUEEN, 2004).
É reconhecido que os profissionais de enfermagem, no seu quotidiano profissional, se
envolvem em situações laborais com conotação emocional. Apesar de só recentemente o
conceito de Inteligência Emocional ter aparecido na literatura de enfermagem, o seu valor
começa agora a ser reconhecido nos cuidados de saúde, sugerindo-se as vantagens em
associar a Inteligência Emocional a este tipo de trabalho, o qual exige uma componente
emocional aos seus profissionais (McQUEEN, 2004).
Deste modo, o significado das emoções no trabalho de enfermagem começa a ser
progressivamente valorizado, pois embora a enfermagem envolva competência técnicas e
cognitivas, aumenta o reconhecimento de que são as competências entra e interpessoais que
melhor respondem às complexas exigência dos modernos sistemas de saúde (BELLCAK,
1999).
Druskat e Wolff (2001) enfatizam o seu valor no trabalho de equipe. O trabalho de equipe é
usual na enfermagem, não apenas com pares do mesmo serviço, mas também na cooperação
com outros profissionais do sistema de saúde (McQUEEN, 2004). A Inteligência Emocional
de uma equipe não é meramente a soma da Inteligência Emocional de cada individuo. Ao
invés, a Inteligência Emocional é gerada no seio da equipe ao mesmo tempo que as normas
são criadas, a confiança mútua se desenvolve e a identidade do grupo é formada.
58
Druskat e Wolff (2001) sugerem que estas qualidades providenciam a base para a cooperação
e a colaboração de fato. Estas características são necessárias nos complexos sistemas de
cuidados de saúde envolvidos nos hospitais, cuidados primários, setores voluntários ou
independentes, constatando-se que grupos com eleva Inteligência Emocional podem ser
benéficos em equipes que sejam responsáveis pelo cuidar do doente.
59
3. METODOLOGIA
3.1 Tipo de Pesquisa
O presente trabalho constitui uma pesquisa qualitativa do tipo exploratória documental. A
opção pelo método qualitativo, é justificada pela sua pertinência diante da temática. Este
método permite analisar o objeto em suas múltiplas relações, envolvendo as suas condições
sociais, econômicas e culturais (MINAYO, 1994).
Segundo Gil (1999), eleger categorias significa agrupar elementos, idéias ou expressões em
torno de um conceito capaz de abranger todos esses elementos. Esse tipo de organização, de
um modo geral, pode ser utilizado em qualquer tipo de análise em pesquisa qualitativa.
Exploratória, pois tem como finalidade, especialmente quando se trata de pesquisa
bibliográfica, propiciar maiores informações sobre determinado assunto. Sendo assim esse
tipo de pesquisa tem como objetivo propiciar maior familiaridade com a temática, com vistas
a torná-lo mais explicito (MINAYO, 1994).
Este trabalho também é documental, pois disponibiliza de materiais que não receberam ainda
um tratamento analítico, ou que ainda podem ser re-laborados de acordo com os objetivos da
pesquisa (GIL, 2002).
60
3.2 Coleta de dados
Foram considerados para análise, textos extraídos de livros, boletins, periódicos, revistas,
além de artigos e outras publicações cientificas, que se referissem ao tema.
O levantamento do material foi iniciado em abril/10 e se prolongou até jul/11. Todos os
materiais foram revistos pela autora desse trabalho com a finalidade de selecionar os que
podiam ser considerados fundamentais.
3.3 Aspectos éticos da pesquisa
O presente estudo seguirá a Resolução n° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que trata e
regulariza as diretrizes e normas envolvendo pesquisa com seres humanos, contemplando seus
princípios: autonomia, confiabilidade, não maleficência, benevolência e justiça.
3.4 Análise e Discussão dos dados
A análise dos dados constitui o núcleo central da pesquisa. De acordo com Barros e Lehfeld
(1999), o objetivo da análise é tentar tornar evidentes as relações existente entre o fenômeno
estudado e outros fatores, assim como a correlação com o referencial teórico utilizado.
O material coletado foi, inicialmente, submetido a uma leitura, para posteriormente fazer um
estudo avaliativo com o objetivo de verificar a propriedade das informações a serem
registradas. O critério de seleção do material utilizado neste trabalho teve como base as
diferentes opiniões dos autores sobre o tema, de onde foram extraídas as idéias principais de
cada texto lido, sendo excluídos todos os textos, livros, boletins, periódicos, revistas e outras
61
publicações que continham dados irrelevantes sobre o assunto da pesquisa. Com os dados já
coletados teve-se a preocupação de identificarem-se as convergências e divergências entre os
autores.
Durante a jornada evolutiva a inteligência e a emoção foram instrumentos determinantes para
o sucesso da espécie humana. Para Tanuma (2011) a inteligência é fundamentalmente ação e,
como tal, comporta etapas que envolvem a compreensão, invenção, direção e crítica. As
atitudes reflexivas acompanharam a inteligência em todo o percurso ao longo de todo o
processo de construção mental, assegurando uma ligação entre os meios utilizados e o
objetivo a atingir.
As nossas emoções foram sábias guias para nos conduzir ao progresso e nos proteger de
situações adversas, contudo, há novos horizontes de realidades nos defrontando e surgindo
com celeridade impossível de ser acompanhada pela branda marcha evolutiva (TANUMA,
2011).
Segundo Keltner et al., (2006) as emoções ao longo de todo esse processo da evolução
parecem desempenhar uma função importante, o que levou muitos a pensar que a certas
emoções foram selecionados para lidar com determinados problemas e desafios que os
organismos regularmente encontravam. Para os mesmos autores as emoções têm as
características de adaptação; são eficientes, respostas coordenadas que ajudam a organismos
de reproduzir, para proteger a prole, para manter alianças de cooperação, e para evitar
ameaças físicas.
62
Quando uma emoção se desencadeia tem como objetivo a preparação e adaptação do
organismo para atingir níveis de bem-estar aceitável, tendo conseqüências diretas na alteração
do estado do corpo e nas estruturas cerebrais a que corresponde. Algumas das componentes
das emoções, nomeadamente a expressiva, são visíveis e presenciáveis facilmente, enquanto
outras, como as manifestações psicofisiologicas, seriam mais difíceis de descobrir (PINTO,
2001).
De acordo com Damásio (2000) poderíamos falar de algumas emoções básicas ou primárias
como o medo, a raiva, a surpresa, a tristeza a felicidade ou a aversão, representadas por uma
programação inata, e de emoções mais complexas, consideradas de emoções sociais ou
secundárias, como, por exemplo, a simpatia, o embaraço, a vergonha, a culpa, o orgulho, a
inveja, a gratidão, a admiração e o desprezo, que decorrem de aprendizagem ao longo da vida.
Martin e Boeck (1997) colocam que as nossas emoções se enquadram em duas “mentes”,
emocional e racional, funcionam na maior parte das vezes, em equilíbrio e harmonia,
conjugando as suas maneiras diferentes de saber, para nos guiar. Assim, pode-se dizer que
estas duas “mentes”, na maior parte das vezes, estão coordenadas, no sentido de estabelecer
um equilíbrio entre o pensamento e o sentimento. Segundo os mesmos autores existe então
uma interligação entre “sentir” e “pensar”, na qual o pensamento é o responsável pelo grau de
profundidade e sensibilidade com que podem sentir.
A compreensão e análise de emoções (conhecimento emocional) incluem desde a capacidade
de rotular emoções, englobando a capacidade de identificar diferenças e nuances entre elas
(como gostar e amar), até a compreensão da possibilidade de sentimentos complexos, como
63
amar e odiar uma mesma pessoa, bem como as transições de um sentimento para outro, como
a de raiva para a vergonha, por exemplo (MAYER, SALOVEY & CARUSO, 2000).
A aplicabilidade dessa compreensão emocional vai além dos limites do nosso ser. Segundo
Ribeiro (1995) um dos pontos mais interessantes é a utilização na emoção no mecanismo de
comunicação. Para o mesmo autor, comunicar-se é uma arte, é um fenômeno primordialmente
emocional. A palavra pode ser racional, mas o tom da voz é pura emoção, e é ela
verdadeiramente quem exerce a função de transmitir nossos sentimentos.
Um elogio pode soar como uma ofensa grave se for pronunciada com uma dose de emoção
descontrolada, podendo ser interpretada como ofensa. Portanto, à medida que discussões se
acaloram, a comunicação fica ruidosa, tons de voz sobem que faces se enrubescem que
paciências se esgotam, há que se ter cautela (SEYMOUR E SHERVINGTON , 2001).
Giddens (2001) salienta a importância da associação das ações verbais com a comunicação
não verbal ou “linguagem corporal”, como por exemplo, a expressão facial da emoção. Para
Ribeiro (1995) quando se abordam as temáticas das emoções e da inteligência emocional, é
inevitável fazer referência aos estudos sobre expressões faciais, que evidenciam as mudanças
fisiológicas decorrentes de determinada emoção.
Ser emocionalmente inteligente significa ter a capacidade de manter o autocontrole, sem
guardar magoas ou alimentar o ódio em relação a outrem, ainda que tenhamos sofrido
agressões físicas ou psicológicas. Quando guardamos rancor ou alimentamos ódio em relação
a outrem, tendemos a somatizar tais sentimentos negativos, os quais acabam se manifestando
64
em nosso organismo, na forma de doenças físicas e problemas que afetam nossa saúde física e
mental (TANUMA, 2011).
Neste contexto podemos utilizar o conceito de inteligência emocional proposto por Mayer e
Salovey (1990). Para os autores a inteligência emocional é a habilidade para identificar e
controlar os próprios sentimentos e emoções, usando a informação obtida para guiar o
pensamento e a ação. As habilidades envolvidas na inteligência emocional incluem a
identificação e a compreensão das emoções no próprio e nos outros; a expressão e a regulação
das emoções; e o uso das expressões emocionais de forma adaptativa.
Goleman (1999) define Inteligência Emocional como a capacidade de reconhecer os nossos
sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerirmos bem as emoções em nós e nas
nossas relações. Para o mesmo autor a criação da Inteligência Emocional se deve à associação
das inteligências pessoais: interpessoal (capacidade de compreender as outras pessoas) e
intrapessoal (capacidade correlativa, voltada para dentro)de Gardner.
Goleman (2006) refere que o seu modelo da inteligência emocional encaixa sem dúvida, na
inteligência social, na medida em que o homem é um ser social, vive em constante interação
com o mundo onde se insere. Para o mesmo autor é fundamental que se estabeleça a
consciência social (o que sentimos a respeito dos outros) e a facilidade social (permite uma
interação eficaz e sem problemas com os outros).
Goleman (1999) menciona que, McClelland descobriu que as competências surgem em
aglomerados, ou seja, os profissionais de sucesso possuem um vasto leque de competências
nas áreas que compõem a inteligência emocional. Considerando que grande parte dos
65
trabalhos desenvolvidos nas organizações são realizados por equipes, as aptidões da
aprendizagem emocional como a cooperação e o agir com eficiência e harmonia assumem um
papel relevante.
A Inteligência Emocional está a emergir como uma variável influente num vasto domínio de
áreas profissionais: de fato, tem sido, tema de investigação em áreas como a liderança, o
desempenho e as relações no contexto laboral, as diferenças de gênero, os cuidados de saúde e
a enfermagem (CHERNISS, 1999). Especificamente, verifica-se um interesse crescente na
Inteligência Emocional com variável mediadora nas práticas de enfermagem (SHOULTZ e
CODIER, 2007).
Carper (1997) passa a estudar as competências na construção da identidade em enfermagem e
as relações com os outros, entende que uma autêntica relação pessoal requer a aceitação na
sua liberdade e criatividade, bem como a identidade da pessoa não ser fixa.
A Inteligência Emocional nos enfermeiros implica, segundo Akerjordet e Severinsson (2004)
em importantes competências pessoais e interpessais no seu uso terapêutico do servir, reflexão
critica e estimulação da procura de uma compreensão aprofundada da identidade profissional
do enfermeiro. Os autores acrescentam que esta capacidade de combinar emoção e
inteligência vai facultar o uso das emoções como suporte na resolução de problemas e na
tomada de decisões, o que a ajuda a viver uma vida com plenitude.
Druskat e Wolff (2001) enfatizam o seu valor no trabalho de equipe. O trabalho de equipe é
usual na enfermagem, não apenas com pares do mesmo serviço, mas também na cooperação
66
com outros profissionais do sistema de saúde (McQUEEN, 2004). A IE de uma equipe não é
meramente a soma da Inteligência Emocional de cada individuo.
A literatura mostra que pessoas com um nível superior de Inteligência Emocional vivem as
suas vidas com mais saúde, maior felicidade e maior produtividade (AKERJORDET e
SEVERINSSON, 2004) e, segundo Abraham (2004), os indivíduos considera os mais
resilientes e auto-controlados emocionalmente, recompensam as organizações em que
exercem atividade com maior compromisso, diligencia e segurança.
Weisinger (2001) considera que incentivando e fortalecendo a confiança e a tenacidade, bem
como a flexibilidade, o otimismo, o entusiasmo, são algumas fontes que podem ajudar a
contribuir para que as pessoas possam se motivar no local de trabalho e assim como
desempenhar suas atividades de maneira menos cansativa e enfadonha.
Neste contexto, e, mesmo com todos os limites na construção da imagem do enfermeiro, o
exercício da sua profissão distingue-se pela formação e experiência profissional, mas também
pela sua capacidade de entender e respeitar os outros, num quadro relativo à pessoa que
recebe os cuidados, sendo que a satisfação dos utentes é a sua resposta à avaliação, à imagem
que têm da qualidade dos cuidados que são prestados durante a experiência que têm num
serviço de saúde (AKERJORDET e SEVERINSSON, 2004).
67
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se com este trabalho que o controle emocional assume um papel fundamental no
sucesso individual e/ou coletivo nas atividades dos profissionais de enfermagem, daí a
importância de desenvolver a inteligência emocional, na medida em que esta envolve a
capacidade de cada pessoa em se motivar a si própria e persistir, independentemente das
contrariedades e prestações, de controlar os impulsos, de regular o seu próprio estado de
espírito e impedir que o desanimo domine a sua faculdade de pensar, de sentir empatia e de
ter esperanças.
Indivíduos com elevados níveis de Inteligência Emocional têm inúmeras vantagens. Estas
vantagens envolvem o conhecimento emocional, a resolução de problemas, a regulação do
estado de espírito, a empatia e a habilidade para prevenir a angústia e, ainda, a habilidade para
pensar de forma clara. Estas qualidades são muito desejáveis e importantes para se viver com
sucesso, incluindo o empenho para atingir metas pessoais.
Embasado em estudos científicos pode se concluir que ser emocionalmente inteligente
significa ter a capacidade de manter o autocontrole, sem guardar magoas ou alimentar o ódio
em relação a outrem, ainda que tenhamos sofrido agressões físicas ou psicológicas. Quando
guardamos rancor ou alimentamos ódio em relação a outrem, tendemos a somatizar tais
sentimentos negativos, os quais acabam se manifestando em nosso organismo, na forma de
doenças físicas e problemas que afetam nossa saúde física e mental (TANUMA, 2011).
68
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