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1 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL LAVINIA LIDIA RAMOS QUIREZA DE VASCONCELOS TÉCNICAS DE DESMAME UTILIZADAS NA UTI-A DO HOSPITAL GERAL GOVERNADOR JOÃO ALVES FILHO-SE Salvador 2011

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL

LAVINIA LIDIA RAMOS QUIREZA DE VASCONCELOS

TÉCNICAS DE DESMAME UTILIZADAS NA UTI-A DO HOSPITAL GERAL GOVERNADOR JOÃO

ALVES FILHO-SE

Salvador 2011

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V331t Vasconcelos, Lavínia Lídia Ramos Quireza de

Técnicas de desmame utilizadas na UTI-A do Hospital Geral Governador João Alves Filho- SE / Lavínia Lídia Ramos Quireza de Vasconcelos. – Salvador, 2011.

52f.; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Reis do Espírito Santo Monografia (pós-graduação) – Especialização Lato Sensu

em Fisioterapia em UTI, Universidade Castelo Branco, Atualiza Associação Cultural, 2011.

1. Fisioterapia em UTI 2. Desmame 3. Insuficiência

respiratória I. Espírito Santo, Fernando Reis II. Universidade Castelo Branco III. Atualiza Associação Cultural IV. Título.

CDU 615.8

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Adriana Sena Gomes CRB 5/ 1568

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LAVINIA LIDIA RAMOS QUIREZA DE VASCONCELOS

TÉCNICAS DE DESMAME UTILIZADAS NA UTI-A DO HOSPITAL GERAL GOVERNADOR JOÃO

ALVES FILHO-SE

Monografia apresentada à Universidade Castelo Branco e à Atualiza Associação Cultural como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Fisioterapia em UTI sobre orientação do Professor Dr. Fernando Reis do Espírito Santo.

Salvador 2011

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FOLHA DE APROVAÇÃO

LAVINIA LIDIA RAMOS QUIREZA DE VASCONCELOS

TÉCNICAS DE DESMAME UTILIZADAS NA UTI-A DO HOSPITAL GERAL GOVERNADOR JOÃO ALVES

FILHO-SE Monografia apresentada à Universidade Castelo Branco e à Atualiza Associação Cultural como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Fisioterapia em UTI. EXAMINADOR: ________________________________________ Prof. Dr. Fernando Reis do Espírito Santo

PARECER FINAL:

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À minha família, especialmente à minha mãe, forte incentivadora, e a todos amigos e colegas de trabalho da UTI-Adulto do Hospital Geral Governador João Alves Filho- HGJAF que muito contribuíram com seus relatos para elaboração deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe por seu incentivo na elaboração e conclusão deste trabalho, além de

ter contribuído com comentários e observações importantes.

À toda equipe médica da UTI do HGJAF.

Aos queridos amigos que compõem a equipe de fisioterapia da UTI do HGJAF.

À Coordenação Médica da UTI do HGJAF.

À Coordenação de Fisioterapia do HGJAF.

À minha irmã Clarissa, que auxiliou na digitação e formatação do presente trabalho.

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RESUMO Este trabalho aborda as formas de retirada do paciente do aparelho de respiração artificial e seu objetivo é identificar a técnica de desmame mais utilizada pelos profissionais de saúde na UTI-A do Hospital Governador João Alves Filho- HGJAF, em Sergipe. Para este fim embasado na literatura científica, exprime-se o conceito e explicita Ventilação Mecânica; identifica os casos em que se indica o seu uso; elucida a definição de desmame ventilatório; aborda as técnicas empregues e critérios de execução deste procedimento; e enumera as possibilidades de erros desta prática. Para a elaboração deste trabalho, optou-se por uma pesquisa exploratória e descritiva, utilizando estudo de campo/coleta de dados através da aplicação de questionários aos profissionais da unidade em estudo. Os resultados mostram que não há um consenso quanto a melhor técnica a ser empregada no desmame, embora existam alguns estudos na área que apontam equidades ou superioridade em certos pontos de uma sobre outras, mas sem nada conclusivo. Entretanto é importante ter conhecimento das técnicas empregues, formas de aplicação, vantagens, indicações, desvantagens, atualizações e ajustes a fim de assegurar um maior embasamento técnico e uma assistência mais eficiente, adequada, proporcionando uma intervenção mais segura, coesa e eficaz. Pela pesquisa realizada, constataram-se que diversos fatores, a exemplo do quadro clínico do paciente, interferem na escolha do tipo de técnica a ser utilizada e que no Hospital Geral Governador João Alves Filho, em Sergipe, são observados estes fatores a fim de se usar a técnica mais adequada para cada caso. Destaca-se a prevalência do uso da técnica de PSV- Pressão de Suporte Ventilatório no processo de desmame na unidade.

Palavras-Chave: Insuficiência Respiratória. Desmame. Ventilação Não-Invasiva.

8

ABSTRACT This monographic text has as subject the Techniques of Weans Used in the Uti-A of the General Hospital João Alves Son-IF. Its objective is to identify to which the technique of wean more used for the professionals of health in the UTI It of the General Hospital Governing João Alves Son, in Sergipe, to appraise Acute Respiratory Insufficience. For this, to give to the concept of Ventilation Mechanics; to identify the cases where if it indicates its use; to define weans ventilatório; to approach the techniques of this procedure; e to enumerate the possibilities of errors of this practical. For the elaboration of this work, it was proceeded a research that, how much to the objective, it is classified in exploratory and how much to the delineation in bibliographical. It does not have a consensus how much the best technique to be used in weans it, even so some studies in the area that point equities or superiority in certain points of one on others, but without nothing conclusive exist. However it is important to have knowledge of the techniques, forms of application, advantages, indications, disadvantages, updates and adjustments in order to assure a bigger basement technician and a more efficient assistance, adjusted, providing to an intervention more insurance, efficient cues and. For the carried through research, they had evidenced that diverse factors, the example of the clinical picture of the patient, intervene with the choice of the type of technique to be used and that in the General Hospital Governing João Alves Son, in Sergipe, case is observed these factors in order to use the technique most adequate for each. Word-Key: Respiratory insufficience. It weans. Not-Invasive ventilation.

9

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Critério para a escolha do método de desmame 34

Gráfico 2 Utilização do Teste da Respiração Espontânea 35

Gráfico 3 Da realização do TRE 35

Gráfico 4 Tubo T como desmame 36

Gráfico 5 Utilização do desmame SIMV 37

Gráfico 6 Utilização do CPAP como desmame 37

Gráfico 7 Desmame com o método PSV 38

Gráfico 8 Utilização de outra técnica de desmame 39

Gráfico 9 Método usado com maior frequência 40

Gráfico 10 Frequência do uso de VNI 40

10

LISTA DE SIGLAS CPAP - Ventilação por Pressão Positiva Contínua

CV - Capacidade vital

FR- Freqüência respiratória

HGJAF.- Hospital Geral Governador João Alves Filho

PaCO2 - Pressão arterial de gás carbônico

PaO2 - Pressão arterial de oxigênio

PIMAX -Pressão inspiratória máxima

PS - Pressão de suporte

PSV - Ventilação com Pressão de Suporte

SIMV -Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada TRE - Teste de Respiração Espontânea

UTI – Unidade de Tratamento Intensivo

VD/ VT- Relação espaço morto/volume corrente

VE - Ventilação Espontânea

VM- Ventilação Mecânica

VT - Volume corrente

VVM - Ventilação voluntária máxima

CPAP – Pressão Positiva Contínua nas vias aéreas

BRAP – Pressão Positiva Bifísica nas vias aéreas

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Parâmetros para Indicação da Ventilação Mecânica 18

Tabela 2 - Critérios para dar início ao desmame da VM 21

Tabela 3 - Índices Preditivos de Sucesso no Desmame 21

Tabela 4 - Falhas e Possíveis Causas 30

12

SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................. 12

1.REFERENCIAL TEÓRICO: 14

1.1 Ventilação Mecânica ............................................................................. 14

1.1.1 Conceito............................................................................................... 14

1.1.2 Indicações............................................................................................ 16

1.2 Desmame Ventilatório............................................................................. 19

1.2.1 Conceito............................................................................................... 19

1.2.2 Índices Preditivos ................................................................................ 20

1.2.3 Técnicas de desmame ........................................................................ 23

- Teste de Respiração Espontânea (TRE) ............................................. 24 - Tubo T .................................................................................................. 24 - Ventilação com Pressão de Suporte ( PSV) ........................................ 25 - Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada ( SIMV)................... 26 - Pressão Positiva Contínua em Vias Aéreas ( CPAP)........................... 27

1.2.4 A VNI no desmame ............................................................................. 28

1.2.5 Possíveis causas de falhas ................................................................. 29

2.METODOLOGIA: 31

2.1 Tipo de Pesquisa.... ................................................................................ 31

2.2 Local da Pesquisa.................................................................................... 32

2.3 Sujeitos da Pesquisa............................................................................... 32

2.4 Instrumentos da Pesquisa....................................................................... 32 2.5 Apresentação e Análise dos Resultados............................................... 33

13

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 41

REFERÊNCIAS ................................................................................ 43

APÊNDICE ....................................................................................... 46

14

INTRODUÇÃO

- Apresentação do objeto de estudo:

A Ventilação Mecânica (VM) pode ser definida como recurso utilizado para

manutenção da oxigenação e/ou da ventilação de pacientes de maneira artificial até

que estes estejam capacitados a reassumi-las, utilizando para esse fim

equipamentos específicos- ventiladores mecânicos. Apesar de ser uma intervenção

fundamental e muitas vezes imprescindível na regressão de quadros que necessitem

de suporte ventilatório é um procedimento invasivo e não isento de complicações,

trazendo consigo repercussões cardiovasculares, musculares e respiratórias o que

torna oportuno o rápido reconhecimento da reversibilidade do processo agudo e a

adequada definição do momento adequado e da forma eficaz do retorno a

Ventilação Espontânea (VE), ou seja, o Desmame.

O desmame é definido por Knobel (2004, p.119), “como o processo de redução

gradual do suporte ventilatório até a retomada da VE”.

De acordo com Oliveira et al (2002, p.22), o processo do desmame, ainda hoje,

permanece como um desafio importante para os profissionais envolvidos no

tratamento de pacientes graves dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Estudos e ensaios na área, como os de Ely et al (996) e Esteban et al (1999), , têm

demonstrado que o desmame gera repercussões diretas na evolução clínica do

paciente submetido à VM, promovendo diminuição do tempo gasto no processo do

desmame, bem como no tempo de permanência sob VM, acarretando uma redução

no número de traqueostomias, reintubações e no custo total da internação dos

pacientes, culminando numa diminuição e /ou evitando complicações e efeitos

deletérios associados ao uso da VM, aumentando a quantidade e a qualidade de

15

vidas salvas. Assim, todo esforço deve ser empregue na tentativa de aprimorar o

processo de desmame, evitando falhas e o insucesso.

- Justificativa:

O Desmame é um evento relativamente novo dentro da história da Medicina e,

portanto, ainda carente de embasamento científico, constituindo-se num dilema para

os profissionais de Terapia Intensiva na sua prática clínica, não havendo ainda um

consenso quanto a melhor técnica a ser empregue.

A tendência atual é fugir do empirismo no processo de desmame, associando-o cada

vez mais a ciência, com desenvolvimento de estudos e produções científicas

relacionados com o momento e melhor forma de executá-lo, agregando maior gama

de resultados positivos e mais eficiência e acurácia na abordagem e condução

deste processo.

“O tempo gasto no desmame é maior que 40% (quarenta por cento) do tempo total

da ventilação mecânica a que é submetido o paciente e é surpreendente que este

processo ainda continue sendo manejado de forma empírica, sem adequado

embasamento técnico e científico.” (ESTEBAN et al, 1997)

“O desmame já foi definido como sendo uma decisão arbitrária baseada em

julgamento e experiência. Porém evidências revelam que este julgamento e

experiência estão longe de se mostrarem completos: a prática atual do desmame

mostra que o empirismo se torna insuficiente e inadequado”(OLIVEIRA et al, 2002,

p.23- grifo do autor).

16

- Problema:

Qual a forma de desmame ventilatório empregue na UTI-A do Hospital Geral

Governador João Alves Filho.

- Objetivo:

Identificar qual a técnica de desmame mais utilizada pelos profissionais de saúde

envolvidos diretamente neste processo na UTI-A do Hospital Geral Governador João

Alves Filho, em Sergipe.

- Estrutura do trabalho:

A estrutura deste trabalho se encontra dividida em duas partes. A primeira –

Referencial Teórico divide-se em : Ventilação Mecânica – conceitua este recurso,

esclarecendo seu uso, objetivo e implicações, além de discorrer sobre suas

indicações e Desmame Ventilatório- dá o conceito desta prática, trata sobre as suas

técnicas, critérios de escolha e forma de uso, e aponta as falhas que podem ocorrer

neste processo. A segunda parte – Metodologia apresenta o tipo de pesquisa,

caracteriza o locum da pesquisa, seus sujeitos, instrumento da pesquisa e

amostragem dos resultados através de gráficos e análises críticas do tema.

17

REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 VENTILAÇÃO MECÂNICA 1.1.1 CONCEITO

A Ventilação Mecânica constitui-se numa das modalidades terapêuticas mais

utilizadas e estudadas nas Unidades de Terapia Intensiva, contribuindo em muito

para aumentar a sobreviva dos pacientes nessas unidades.

Para Carvalho; Toufen Júnior; Franca (2007, p. 55), “A ventilação mecânica (VM) ou,

como seria mais adequado chamarmos, o suporte ventilatório, consiste em um

método de suporte para o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória

aguda ou crônica agudizada.”

Denomina-se ventilação a entrada e saída de ar pelo sistema respiratório,

possibilitando a troca gasosa necessária à manutenção dos níveis de gases

sanguíneos em valores compatíveis com a vida.

Em condições normais, essa tarefa é executada espontaneamente pelo indivíduo

através da musculatura respiratória específica principalmente o diafragma,

recebendo o nome de ventilação espontânea (VE). Quando o indivíduo não se

encontra apto a executar esta tarefa, utiliza-se a VM que é uma técnica para

executar artificialmente esse fluxo de ar aos pulmões.

Assim, a VM pode ser definida como método de suporte ventilatório, onde uma

ventilação é conseguida com a aplicação de pressão positiva nas vias aéreas

através da utilização de um ventilador mecânico, que intermitentemente “bombeará”

ar, insuflando as vias aéreas com volumes de ar (volume corrente-VT) e

posteriormente, possibilitando sua saída, assegurando as trocas gasosas

18

necessárias a manutenção da vida, até que se resolva o fator causal e o indivíduo

encontre-se apto a reassumir sua ventilação.

A VM se faz através da utilização de aparelhos que, intermitentemente, insuflam as vias respiratórias com volumes de ar (volume corrente- VT). O movimento do gás para dentro dos pulmões ocorre devido geração de um gradiente de pressão entre vias aéreas superiores e alvéolos, podendo ser conseguido por um equipamento que diminua a pressão alveolar (ventilação por pressão negativa) ou que aumente a pressão da via aérea proximal (ventilação por pressão positiva) (CARVALHO; TOUFEN JÚNIOR; FRANCA, 2007, p. 55).

A ventilação mecânica ou ventilação artificial consiste em uma modalidade de

suporte ventilatório em que os gases são movimentados por meio de uma máquina

para o interior e para o exterior dos pulmões, com o uso de pressão negativa ou

positiva. A ventilação mecânica dá condição de uma ampla variação de aplicação

técnica a depender do estado do paciente (CHICAYBAN, 2004).

Vale ressaltar, que a ventilação mecânica por pressão negativa não é utilizada na

prática clínica atualmente, não sendo portanto alvo de aprofundamento no presente

trabalho.

Os conhecimentos sobre os mecanismos de lesão pulmonar e os avanços

tecnológicos dos ventiladores mecânicos permitiram o desenvolvimento de vários

modos de ventilação priorizando a manutenção de uma adequada troca gasosa e a

preservação da microestrutura pulmonar. A correta compreensão das técnicas

ventilatórias é fundamental para a escolha do modo apropriado de ventilação para

cada situação uma vez que a ventilação mecânica inapropriada pode provocar

sérias lesões pulmonares tão ou mais graves que aquelas que justificaram o seu

uso.

A VM pode ser invasiva ou não invasiva a depender da interface empregue. A VM

invasiva apresenta modalidades controladas, assisto-controladas, assistidas,

mandatória intermitente ou espontâneas, através de cânulas oro ou nasotraqueais

ou de traqueostomia. A VM não-invasiva utiliza como interface para sua execução-

máscara facial ou nasal e modalidades espontâneas, destacando-se CPAP-

Ventilação com Pressão Positiva Contínua nas Vias aéreas e BIPAP- Ventilação

com Pressão Positiva Bifásica nas Vias Aéreas.

19

Um mesmo paciente poderá receber modalidades diferentes de ventilação

mecânica, de acordo com sua melhora ou piora, seu quadro clínico e estratégia

ventilatória.

O desmame do respirador, por exemplo, é um processo que envolve alterações de

modalidade de ventilação mecânica.

Segundo Esteban et al (1994), em seu estudo realizado em variadas unidades de

Terapia Intensiva espanholas, houve uma prevalência de 39% (trinta e nove por

cento) de pacientes em VM e especificamente no Brasil, cerca de 42% (quarenta e

dois por cento), com porcentagens variáveis quanto ao modo assisto-controlado,

cerca de 55% (cinquenta e cinco por cento).

1.1.2 INDICAÇÕES

Indica-se a VM em diferentes situações clínicas em que o paciente está acometido

de insuficiência ou falência respiratória, não tendo capacidade de manter os valores

dos gases sanguíneos (oxigênio e gás carbônico) em níveis adequados

(CARVALHO; TOUFEN JÚNIOR; FRANCA, 2007, p. 55).

As principais indicações de VM são: reanimação devido à parada cardiorespiratória;

hipoventilação e apnéia levando a elevação na Pressão arterial de gás carbônico

(PaCO2) culminando com acidose respiratória; hipoxemia com grave diminuição da

Pressão arterial de oxigênio (PaO2); alterações na mecânica respiratória; trabalho

muscular respiratório aumentado e fadiga muscular; comando respiratório instável;

prevenção de complicações respiratórias.

A PaCO2 é o reflexo da ventilação alveolar, e sua elevação- acidose respiratória,

demonstra hipoventilação alveolar, que pode estar associada a lesões no centro

respiratório, intoxicação ou abuso de drogas, na embolia pulmonar na forma aguda,

ou cronicamente nos pacientes portadores de doenças com limitação crônica ao

fluxo aéreo em fase de agudização e na obesidade mórbida.

20

A hipoxemia é resultado das alterações na relação ventilação/perfusão e da

dificuldade de difusão do oxigênio através da membrana alvéolo-capilar. A queda da

PaO2 é um dos achados mais comuns na falência respiratória e uma das indicações

da VM é reverter a hipoxemia elevando o valor da PaO2 a valores aceitáveis.

Alguns dos indicadores do estado de oxigenação utilizados para se iniciar a VM são a diferença alvéolo-arterial de oxigênio (DA-aO2) e as relações da pressão arterial de oxigênio com a fração inspirada de oxigênio( PaO2/FiO2) e da pressão alveolar de oxigênio com a pressão parcial arterial de oxigênio( PAO2/PaO2).” (CARVALHO, 2003, p.58)

A mensuração de alguns parâmetros da mecânica respiratória auxiliam na indicação

da instituição de VM, são estes Volume corrente (VT); Volume minuto (VM);

Capacidade vital (CV); Ventilação voluntária máxima (VVM); Pressão inspiratória

máxima (Pimáx); Pressão expiratória máxima (Pemáx); Freqüência respiratória (FR);

Relação espaço morto/volume corrente (VD/VT).

A fadiga, que é a incapacidade da musculatura em gerar trabalho efetivo, pode levar

à incapacidade de manter a ventilação alveolar. O início precoce da VM poderá

impedir a instalação da fadiga ou oferecer condições de repouso muscular para

revertê-la.

A fadiga muscular respiratória pode ser provocada pelo aumento da demanda

metabólica desencadeada por febre, atividade físico, infecção; aumento da

resistência pulmonar (asma, enfisema), redução na complacência pulmonar

(Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), atelectasia) , fatores obstrutivos

intrabrônquicos, restrição pulmonar, alterações na parede torácica, aumento na

pressão intraabdominal, dor, distúrbios neuromusculares e aumento do espaço

morto.

De acordo com Carvalho (2003, p. 61), “O quadro clínico de um paciente com

trauma craniano, acidente vascular cerebral, intoxicação exógena e abuso de drogas

é o mais sensível para se indicar a VM.”

A VM está indicada como profilaxia em casos de pós-operatório de cirurgia de

grande porte, como andar superior de abdomem, cirurgia torácica de grande porte,

21

estados de choque, caquexia, intoxicações exógenas, deformidades torácicas,

obesidade mórbida e tórax instável.

Os critérios para que se aplique VM variam segundo os objetivos que se pretende

atingir. Em urgência, principalmente quando o risco de óbito não possibilita avaliação

adequada da função respiratória, a impressão clínica é soberana para a indicação,

complementada por alguns parâmetros de laboratório, conforme tabela 01.

Tabela 01- Parâmetros para Indicação da Ventilação Mecânica

Medidas Valor Normal Indicação de VM

Volume corrente (ml/kg) 5 a 8 < 5

Capacidade vital (ml/kg) 65 a 75 < 50

Capacidade residual funcional (% do valor previsto)

50 a 60 < 10

Frequência respiratória (ipm) 12 a 20 > 35

Pressão inspiratória máxima (cmH2O) 80 a 120 <- 25

Pressão expiratória máxima (cm H2O) 80 a 100 < + 25

Volume minuto (L/min) 5 a 6 > 10

Ventilação voluntária máxima (L/min) 120 a 180 < 2 x VM

Relação espaço morto / volume corrente (%) 0,25 a 0,40 > 0,60

PaO2 (mmHg) 75 a 100 < 50

PaCO2 (mmHg) 35 a 45 > 50

D A-a O2 (FiO2= 1,0) (mmHg) 25 a 80 > 350

PaO2/ FiO2 (mmHg) > 300 < 200

PaO2/PAO2 ( mmHg) 0,75 <0,15

Shunt intrapulmonar (%) < 5 > 20

Fonte: Carvalho, Toufen Júnior; Franca, 2007. (Adaptado).

Atualmente, quase todos os ventiladores artificiais possuem telas pelas quais é

possível visualizar, ao longo do tempo, as curvas de volume, fluxo e pressão,

permitindo plena monitorização do paciente.

22

1.2. DESMAME VENTILATÓRIO

1.2.1 CONCEITO

O desmame é definido por Knobel (2004, p.119) “como o processo de redução

gradual do suporte ventilatório até a retomada da VE”.

O termo desmame relaciona-se ao processo de transição da ventilação artificial para

espontânea nos pacientes que permanecem em VM por tempo superior vinte e

quatro horas. (CARVALHO; TOUFEN JÚNIOR; FRANCA, 2007)

Para Azeredo (2002, p. 50), “O desmame é o termo comumente empregado, na

rotina de Terapia Intensiva, para conceituar o protocolo clínico da retirada rápida ou

gradual e definitiva do paciente do ventilador mecânico.”

Atualmente, seguindo o conceito de abreviação e rápida descontinuação da VM, o

nome desmame que tem uma conotação duradoura, lenta, relacionada com

desmame do leite materno, tende a ser substituído por interrupção ou liberação da

VM. (CARVALHO, 2003).

O processo de transição da VM para VE, desmame deve ser otimizado ao máximo a

fim de evitar/ minimizar os riscos associados à VM, reduzir custos e tempo de

internação, aumentando a eficiência e qualidade da assistência.

Retirar o paciente da VM pode ser mais difícil que mantê-lo. O processo de retirada do suporte ventilatório ocupa ao redor de 40% do tempo total de VM. Alguns autores descrevem o desmame como a área de penumbra da terapia intensiva e que mesmo em mãos especializadas pode ser considerada uma mistura de arte e ciência (GOLDWASSER, 2007, p. 1).

Atualmente, a maior dos doentes ventilados mecanicamente não apresenta

dificuldade para o desmame. A maneira como a equipe se comporta, assim como o

seu bom desempenho diagnóstico e terapêutico é essencial para manter os doentes

considerados de difícil desmame e conduzi-los a um desmame com sucesso, eficaz,

23

prevenindo e evitando complicações, insucessos e repercussões negativas à sua

clínica. (BORGES, ANDRADE JR. LOPES, 1999).

1.2.2 ÍNDICES PREDITIVOS

A maioria dos pacientes submetidos ao suporte ventilatório mecânico pode ser fácil

ou rapidamente retirada da VM, assim que ocorra regressão do evento agudo

motivador. A dificuldade reside ainda em 5 a 30% (cinco a trinta por cento) dos

indivíduos que não conseguem ser removidos numa primeira ou segundas tentativas

(CARVALHO, 2003, p.272).

Em um estudo realizado por Esteban et al (1994, p.16), observou-se que 42%

(quarenta e dois por cento) do tempo total de uso da VM era gasto com desmame.

Este número aumentou para 57% (cinqüenta e sete por cento) em pacientes com

DPOC, 48% (quarenta e oito por cento) nos com Insuficiência Cardíaca, 26% (vinte e

seis por cento) nos politraumatizados e 19% (dezenove por cento) nos com IAM.

A resolução ou melhora do evento agudo, responsável pela deterioração da função

respiratória e condições clínicas gerais satisfatórias, como estabilidade

hemodinâmica, adequado nível de consciência e boa reserva cardiovascular,

indicam que o paciente poderá ser rapidamente retirado da VM. III Consenso

Brasileiro de Terapia Intensiva.

Sabe-se que o processo de desmame não é simples e implica outras questões e

pré-requisitos, principalmente quanto à determinação do momento certo e como

iniciá-lo, como se vê na tabela 02.

24

Tabela 2 - Critérios para dar início ao desmame da VM

Fonte: Carvalho, Toufen Júnior; Franca, 2007 e Knobel, 2004. (adaptação)

A adoção de critérios preditivos (Tabela 3) para o desmame pode auxiliar na

avaliação e na seleção dos pacientes aptos em sustentar a VE imediata e daqueles

que necessitem de diminuição gradual deste suporte.

Tabela 3 - Índices Preditivos de Sucesso no Desmame

Fonte: Carvalho, Toufen Júnior; Franca, 2007.

O volume corrente (VC) caracteriza um parâmetro tão útil quanto prático. Sua

mensuração anterior e posteriormente a uma triagem do desmame ou extubação

promove maior segurança a equipe na avaliação do desempenho muscular, além de

ser um bom indicativo de circunstâncias predisponentes ao fracasso como estados

de hipertermia, espaço morto aumentado ou elevação da impedância do sistema; a

capacidade vital (CV), assim como o volume corrente, serve como reforço aos dados

do desmame, mas necessita, no entanto, de total colaboração do paciente.

Parâmetros Níveis Requeridos

Evento agudo que motivou a VM Reversibilidade ou controle do processo Presença de estímulo (drive) respiratório

Sim

Avaliação hemodinâmica Correção ou estabilização do débito cardíaco Drogas vasoativas ou agentes sedativos

Com doses mínimas

Equilíbrio àcido-básico 7,30 < ph < 7, 60 Troca gasosa pulmonar PaO2 > 60 mmHg com FiO2 – 0,40 e Peep- 5cmH2O Balanço Hídrico Correção de sobrecarga hídrica Eletrólitos séricos (Na, K, Ca, Mg) Valores normais

Intervenção cirúrgica próxima Não Controle Radiológico Sem novas imagens radiológicas

Volume Corrente 5ml/kg

Ventilação Voluntaria Máxima 50-250 L/mim Freqüência Respiratória < 35ipm

Pressão Inspiratória Máxima < - 25 cmHg FR/ VT ( Índice de Tobin) < 105 Capacidade Vital- CV > 10 a 15 ml /kg ( aceitável)

25

De acordo com Carvalho (2000, p. 284), freqüência respiratória –FR é o mais

sensível, porém menos específico índice preditivo.

A pressão inspiratória máxima continua sendo largamente usada por sua

capacidade preditiva do insucesso e da detecção precoce da fadiga muscular

quando seu valor é inferior a -20 cmH2O. Resultados obtidos por Sarah e

Lahsminarayan (apud Carvalho, 2000, p. 283) utilizando 100 pacientes utilizando

Pimax mostraram que os com Pimax superior a – 30 cmH2O foram extubados com

sucesso, enquanto que aqueles com valores das mesmas superiores a – 20 cm H2O

foram incapazes de manter a VE.

O volume minuto é bastante útil na mesma proporção do volume corrente, sua

mensuração é mais precisa quando calculada pelo volume corrente a cada minuto, é

a medida de carga da musculatura respiratória. De acordo com Carvalho, (2000, p.

284) considera-se que valores superiores a 10-15 L/min associa-se ao fracasso do

desmame.

A relação de freqüência respiratória pelo volume corrente ou índice de Tobin

(FR/VT), também conhecido como índice de ventilação rápida e superficial

atualmente é considerado, de acordo com Carvalho (2000, p.288), o melhor método

preditivo de desmame. Valores superiores a 105 ipm/L associa-se ao fracasso no

desmame.

A ventilação voluntária máxima- VVM- é o volume total do ar inspirado e expirado

durante um minuto com esforço máximo. Caracteriza o parâmetro mais prático, pois

não necessita de aparelhagem complexa para obtenção, quando há colaboração

total do paciente sua mensuração é bastante útil na avaliação do desempenho

diafragmático, isoladamente, porém é de difícil mensuração.

26

1.2.3 TÉCNICAS DE DESMAME

Existe uma gama de ensaios e métodos de desmame, assim como suas

associações, porém apesar de vários estudos e ensaios clínicos não há um

consenso, quanto a melhor, mais adequada ou mais eficaz técnica.

Segundo Dias et al (2001, p.50) para uma adequada e eficiente condução do

desmame, principalmente nos pacientes considerados de desmame difícil

(portadores de patologias pulmonares prévias, cardiopatias, disfunção de múltiplos

órgãos, com tempo prolongado de VM, dentre outros), faz-se necessário um perfeito

entendimento de todos os fatores ligados ao sucesso e insucesso de um desmame,

assim como uma boa familiaridade com as novas técnicas ventilatórias empregues

no desmame.

Diversas técnicas são utilizadas para suspensão do suporte ventilatório, seja por

interrupção abrupta ou pela retirada de forma gradativa do suporte, exigindo esforço

progressivo do paciente.

Em um estudo de coorte prospectivo e multicêntrico com mais de cinco mil

pacientes, Esteban et al (1999) constatou que o método de desmame mais usado foi

o teste de respiração espontânea , 78% (setenta e oito por cento). Entre os métodos

de redução gradual, os mais utilizados foram: SIMV (Ventilação Mandatória

Intermitente Sincronizada) associada a PS (Pressão de Suporte), 22% (vinte e dois

por cento); PSV (Ventilação com Pressão de Suporte) com 21% (vinte e um por

cento) e SIMV isolada 8,5% (oito e meio por cento).

Realizando um estudo comparativo com quatro métodos de desmame- SIMV, PSV,

Tubo T gradual, Tubo T abrupto, Esteban et al (1995), constatou que a taxa de

entubação foi três vezes mais rápida no Tubo T do que na SIMV e duas vezes mais

rápida que a PSV. Assim, a taxa de sucesso foi maior com o Tubo T do que com a

SIMV ou a PSV, não existindo diferença significativa entre a taxa de sucesso do

Tubo T abrupto ou gradual.

27

- Teste de Respiração Espontânea (TRE)

Este teste é útil para identificar a capacidade de desmame, avaliar se o paciente

possui ou não condições de ser retirado da VM.

Realizado através do tubo endotraqueal diretamente, sob CPAP- Ventilação por

Pressão Contínua Positiva (CPAP) (menor que 5 cmH2O) ou ainda PSV (de 7

cmH2O). O primeiro tipo, consiste em respirações espontâneas através do tubo

endotraqueal conectado a uma peça em forma de T (Tubo T) por um período de

trinta minutos a duas horas. Pode ser feito sem retirar o paciente do ventilador,

através do uso de CPAP ou ainda com baixo nível de PS. Recomenda-se um teste

de trinta minutos a duas horas de respiração espontânea para eleger o paciente apto

à extubaçao. (CARVALHO; TOUFEN JÚNIOR; FRANCA, 2007).

Deve ser interrompido ao primeiro sinal de fadiga, descompensação ou desconforto.

Pode ser realizado em qualquer outro método de desmame em que exista

insegurança da possibilidade de extubação (BORGES et al, 1999, p.2)

Segundo relato de Carvalho; Toufen Júnior; Franca, (2007), além do sucesso no

teste, a extubação do paciente deve ser avaliada considerando o nível de

consciência, grau de colaboração e capacidade de eliminar secreções dentre outras.

- Tubo T

Nesta técnica o paciente é retirado do ventilador e adaptado a uma fonte de oxigênio

suplementar. O paciente passa a respirar espontaneamente através do Tubo T,

realizando esforços inspiratórios. (ESTEBAN et al., 1995 ; SUE, 2005).

Pode ser realizada de forma abrupta ou gradual. A forma abrupta é indicada aos

pacientes com pouco tempo de VM, baixa dependência ao suporte ventilatório, que

não apresentem complicações pulmonares e possuam condições clínicas e

28

gasométricas satisfatórias. Na forma gradual são usados períodos progressivos de

respiração espontânea alternados com suporte ventilatório. O desmame é

considerado concluído após duas horas de estabilidade clínica e funcional em VE

(BORGES, 1999)

A duração das sessões com Tubo T deve ser aumentada dependendo das

condições clínicas do paciente (observar sinais clínicos de estabilidade, nível de

consciência e dinâmica ventilatória). Entre uma sessão e outra, no caso do

intermitente o paciente deve ser reconectado ao ventilador mecânico, no modo

assisto-controlado ou em pressão de suporte, com parâmetros que garantam seu

conforto.(ESTEBAN et al, 1995; BONGARD; DARRYL, 2005)

Vale ressaltar que esta técnica requer uma observação intensa do paciente, com

relação à presença de sinais de insuficiência respiratória, fadiga ou outros sinais de

intolerância (FR, PMV, FC, Sat. O2....). Tem como inconveniente a falta de

padronização dos períodos de Tubo T e dos intervalos que são repetidos, além da

mudança abrupta do auxílio mecânico e respiração espontânea, mas constitui-se

numa técnica de fácil aplicação e boa aceitação pelo paciente.

- Ventilação com Pressão de Suporte ( PSV)

“Trata-se de um auxílio à VE do paciente através do fornecimento de pressão

positiva inspiratória pré-selecionada, mantida em um platô inspiratório, que termina

quando um fluxo mínimo inspiratório é alcançado.” CARVALHO (2000, p.295)

“ A PSV é uma forma de ventilação mecânica assistida, na qual o ventilador fornece

um fluxo gasoso adicional, somente na fase inspiratória da ventilação espontânea,

em resposta a um esforço inspiratório do paciente (gradiente negativo de pressão)

“KNOBEL ( 2002, p.305)

Esteban et al (1997) mostra que a PSV (PS = 7 cmH2O) compensa o trabalho

adicional imposto pelo tubo endotraqueal e pela válvula de demanda do ventilador,

29

reduzindo o trabalho e o consumo de oxigênio pelos músculos respiratório durante o

desmame.

Em seu estudo Costa et al (1999) comparando o desmame com PSV e Tubo T,

evidenciou uma melhora da oxigenação e dos parâmetros funcionais respiratórios

(diminuição da FR, aumento dos volumes corrente e minuto) no modo PSV, sem

evidenciar alterações nas variáveis cardiovasculares e eletrocardiográficas nos dois

métodos.

Segundo Carvalho (2000, p. 295), o desmame com PSV pode ser feito com

diminuição gradual ou abrupta do suporte pressórico. Na forma gradual, inicia-se

com PS capaz de gerar volume corrente em torno de 8 ml/kg e reduz-se

gradualmente a mesma de 2 a 4 cmH2O, 2 a 3 vezes por dia, observando-se o

padrão respiratório do paciente. Na forma abrupta, o paciente é colocado

diretamente em PSV com OPS de 7 cmH2O sendo monitorado seu conforto, FR e

volumes correntes realizados para avaliar a viabilidade do desmame.

- Ventilação Mandatória Intermitente Sincronizada (SIMV)

Este método intercala períodos de VE do paciente com ventilação assisto-controlada

do ventilador. O desmame é feito através da redução da freqüência mandatória,

exigindo que o paciente incremente a respiração espontânea, por associar-se a um

esforço gradual da musculatura respiratória. (ESTEBAN et al 1995)

Para Azeredo (2002), o desmame com SIMV ocorre a partir do ajustamento da FR

em torno da metade da utilizada quando em ventilação asssistida-controlada (10 +/-

2 irpm). A redução da freqüência mandatória é feita de 2 a 4 irpm, pelo menos duas

vezes ao dia.

Knobel (2004), recomenda sempre utilizar a SIMV, associada à CPAP e à PSV, a fim

de evitar a sobrecarga de trabalho. Esteban et al (1995) considera em suas

30

experimentações que a SIMV possa contribuir para o desenvolvimento de desajustes

com o ventilador e fadiga muscular em alguns casos.

- Pressão Positiva Contínua em Vias Aéreas (CPAP)

A pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) compreende a aplicação da

Pressão positiva expiratória (PEEP) durante a respiração espontânea, podendo ser

associada com ciclos de insulflação mecânica nos modos de ventilação mandatória

e pressão de suporte ou ainda, com ajuste de pressão em ventilação espontânea ou

combinada, com a possibilidade de ajuste periódico de dois níveis de pressão e de

tempo (AZEREDO, 2000, p. 150).

Segundo Azeredo (2002, p. 155) a CPAP é uma técnica que promove a manutenção

de uma pressão positiva nas vias aéreas tanto na inspiração quanto na expiração.

Na fase inspiratória o sistema ajuda o paciente mediante elevadas taxas de fluxo de

gás contínuo ou por demanda, com concentração conhecida, umidificada e

aquecida, onde o paciente respira no circuito, gerando uma pressão negativa

mínima, a partir da pressão positiva estabelecida pelo sistema utilizado.

O uso da Pressão Contínua Positiva em Vias Aéreas- CPAP tem como objetivo

melhorar a capacidade residual funcional- CRF e a Pressão parcial de O2 além da

diminuição do shunt pulmonar e prevenção de atelectasias.( BORGES et al, 1999)

1.2.4 A VNI NO DESMAME

A ventilação não-invasiva (VNI) consiste em uma técnica de ventilação artificial na

qual não há emprego de prótese traqueal, pois a conexão paciente e ventilador se

31

dá por meio de uma máscara que tanto pode ser nasal como facial (CARVALHO,

2000).

Bongard e Darryl (2005) esclarecem que as diversas modalidades de VNI não dão

proteção as vias aéreas assim como não possibilitam o acesso às vias respiratórias.

É também comum ocorrer escape de ar, o que não é de fácil identificação, nem

correção, podendo gerar um volume corrente ou um nível de pressão abaixo do

esperado. De todo modo, percebe-se que, para certos pacientes com insuficiência

respiratória, esses dispositivos têm se mostrado de significativa utilidade.

Segundo Carvalho e Pincelli (2004, p. 159) os objetivos da VNI são: alívio dos

sintomas, redução do trabalho respiratório, melhora ou estabilização das trocas

gasosas, maior conforto para o paciente, adequada sincronia paciente-ventilador

mecânico, redução dos riscos do suporte ventilatório convencional, eliminação da

necessidade de intubação endotraqueal, redução do tempo de permanência na UTI

e da taxa de mortalidade.

A VNI tem se mostrado benéfica na prevenção de intubação traqueal em pacientes

portadores de insuficiência respiratória aguda, diminuindo as complicações que

ocorrem com a ventilação invasiva, principalmente, a pneumonia. Os pacientes com

exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e edema agudo de

pulmão demonstraram maiores vantagens com a VNI, todavia ela tem sido, cada vez

mais, adotada em insuficiência respiratória de diferentes etiologias.

Segundo Carvalho (2000), diversos autores , objetivando diminuir o tempo que os

pacientes se expõem às complicações da ventilação invasiva, vêm estudando o

papel da VNI como uma alternativa para retirá-los mais precocemente da ventilação

invasiva.

É ainda Carvalho (2000) quem afirma que a VNI tanto pode contribuir para que se

evite a intubação como pode ser um auxílio para a mesma. Os primeiros estudos a

este respeito foram de Nava e Cools (1998 apud CARVALHO, 2000) que relataram o

emprego dessa técnica em pacientes acometidos de insuficiência respiratória pós-

extubação ou com extubação acidental.

32

Nos estudos acima referidos, após insucesso do Tubo T, 50 pacientes foram

randomizados. Destes, 25 permaneceram intubados e 25 foram extubados e

submetidos à ventilação não-invasiva. Em 12% vs 32% houve necessidade de

suporte ventilatório e 8% vs 28% de mortalidade, sendo significativamente menores

para o grupo com VNI, após 60 dias de randomização.

Azeredo (2002, p.313) cita as seguintes vantagens para o uso ventiladores não-

invasivos: maior conforto para o paciente; condições para o mesmo se alimentar e

falar oralmente; no caso de máscara nasal; preservação da tosse; aquecimento e

umidificação do ar inalado; ausência das complicações que podem ocorrer com o

método invasivo através de entubação endotraqueal, como lesões nas cordas vocais

e na traquéia, sinusite, pneumonia, broncoaspiração, necessidade de sedação e

parada cardíaca, o que ocasiona maior tempo de internação, morbidades e

mortalidade associadas.

1.2.5 POSSÍVEIS CAUSAS DE FALHAS

Segundo Carvalho ( 2000, p. 299) vários fatores contribuem para o retorno à

ventilação mecânica, como a retenção de secreção pela incapaciade de tosse eficaz

e deglutição; atelectasias por hipoventilação; congestão pulmonar, isquemia

cardíaca, broncoaspiração; edema de laringe; nível de consciência rebaixado, além

de desnutrição associada a fraqueza muscular, distúrbios cardiovasculares e

eletrolíticos, entre outros.

Na tabela abaixo enumeram-se algumas das falhas e possíveis causas das

mesmas.

33

Tabela 04 – Falhas e Possíveis Causas

Falhas Possíveis causas

Drive respiratório inadequado Efeito residual dos sedativos Lesão do SNC Alcalose metabólica grave

Aumento do WOB Volume minuto aumentado Hiperventilação Dor / Ansiedade / Agitação Hipermetabolismo ( Sepse) Presença de Peep intrínseca Aumento do trabalho elástico TOT com diâmetro reduzido Válvula de demanda impondo trabalho Obstrução de vias aéreas Obstrução pós-extubação Secreção em vias aéreas Aumento do espaço morto fisiológico Aumento do trabalho resistivo Aumento da complacência torácica ou pulmonar

Falência ventilatória Deformidade torácica Lesão do nervo Frênico TRM Polineuropatia Síndrome de Guillaim Barre Alterações no Sistema Nervoso Periférico Disfunção muscular Desnutrição e consumo muscular Hiperinsuflação Distúrbio eletrolítico e metabólico Efeito prolongado de bloqueador neuromuscular

Fonte: Knobel, 2002. P449 – 450 (adaptada).

34

METODOLOGIA

2.1 TIPO DE PESQUISA

Essa pesquisa, quanto ao objetivo, classifica-se em exploratória. Segundo Alves

(2003, p.52), ocorre a pesquisa exploratória “se o autor tem como objetivo tornar

mais explícito o problema, aprofundar as idéias sobre o objeto de estudo. Esse tipo

de pesquisa permite aprofundar o levantamento bibliográfico e o uso de entrevistas

com pessoas que já tiveram experiência acerca do objeto pesquisado”. Como

método de coleta de dados utiliza questionários, entrevistas, observação participante

dentre outros.

Segundo Gil (1999, p.43-44) a pesquisa pode ser enquadrada ainda como

descritiva, uma vez que busca descrever as características de determinada

população e estabelece relações entre variáveis.

Dentre as opções metodológicas, o presente estudo, na tentativa de abranger as

características mais importantes referentes ao tema pesquisado, utilizou-se do

estudo de campo, que segundo Gil (1999, p.72) trata-se de uma pesquisa onde se

procede uma coleta de dados obtidos em contato direto com o fenômeno analisado,

para o qual se processa uma resposta, onde o pesquisador adquire informações

acerca do assunto pesquisado, não havendo interferência do mesmo.

A pesquisa de campo é uma fase que é realizada após o estudo bibliográfico, para

que o pesquisador tenha um bom conhecimento sobre o assunto, pois é nesta etapa

que ele vai definir os objetivos da pesquisa, as hipóteses, definir qual é o meio de

coleta de dados, tamanho da amostra e como os dados serão tabulados e

analisados. ( MARCONI ; LAKATOS, 1996)

35

2.2 LOCAL DA PESQUISA

O local de escolha para o estudo foi a UTI do Hospital Geral Governador João Alves

Filho- HGJAF, localizado na capital do estado de Sergipe, Aracaju, constituindo-se

na maior unidade hospitalar do estado, de referência terciária, atendendo todo o

estado e municípios vizinhos dos estados da Bahia e Alagoas. A unidade alvo da

pesquisa é composta por doze leitos, maior número do estado, abrangendo

pacientes adultos de alta complexidade, com alta rotatividade, e com patologias

diversas, em sua maioria vítimas de politrauma, doenças agudas ou crônico-

agudizadas, que cursam com necessidade de um desmame mais lento, minucioso,

exigindo maior acurácia e empenho da equipe clínica. Desta forma, a UTI do HGJAF

se constitui num excelente local para implementação do estudo.

2.3 SUJEITOS DA PESQUISA

Profissionais que atuam diretamente no processo de desmame ventilatório na UTI-A

do HGJAF, incluindo-se 3 médicos diaristas, 24 médicos plantonistas e 11

fisioterapeutas, totalizando 38 profissionais, dos quais 28 se engajaram na pesquisa

através do preenchimento do questionário proposto.

2.4 INSTRUMENTO DA PESQUISA

A pesquisa optou pelo uso de questionários com questões abertas e fechadas( dez

questões no total) – Apêndice 1- sobre tema em questão, aplicados livremente aos

profissionais envolvidos no processo. A elaboração do questionário teve como base

a vivência da pesquisadora na unidade, levando em consideração os principais

pontos dúbios e de relevância no processo de desmame, sendo embasado em

literatura específica.

36

Os questionários foram deixados na unidade para preenchimento voluntário, à

disposição dos profissionais envolvidos na pesquisa, após comunicação e liberação

formal do órgão responsável por pesquisa do HGJAF e do coordenador médico da

unidade.

Segundo Lakatos e Marconi, 1996, as vantagens do uso do método do questionário

em relação às entrevistas incluem a necessidade de menor numero de pessoas para

sua execução, economia de custos e tempo, permitindo uma amostragem maior,

além de não sofrer influencia do entrevistador. Dentre as desvantagens destacam-se

baixo índice de devolução, respostas em branco, dificuldade de conferir a

confiabilidade das respostas, demora na devolução do questionário e

impossibilidade do respondente tirar dúvidas sobre questões.

2.5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os dados coletados na pesquisa de campo possibilitaram a construção dos gráficos

a seguir. Esclarece-se que, para facilitar a compreensão, nos gráficos, os números

das casas decimais, centesimais e milésimas foram desprezados, fazendo-se a

aproximação para o inteiro imediatamente mais próximo. As opções que não

aparecem nos gráficos não foram pontuadas pelos sujeitos da pesquisa.

- Critério para a escolha do método de desmame

Questionados quanto ao critério usado para escolha da técnica de desmame a ser

empregue, 14 (50%) utilizam a familiaridade e experiência com o método; 7 (25%) se

baseiam no nível de consciência do paciente e no seu quadro neurológico; 3 (11%)

possuem outros critérios, como, quadro ventilatório e patologia de base; 2 (7%)

37

consideram a patologia que levou o paciente à VM como critério de definição da

técnica de desmame e 2 (7%) atribuem a escolha ao Protocolo do Serviço.

A observância dos dados acima permite-nos inferir que a escolha da técnica não

obedece um caráter uniforme e direto, atende a critérios diversos, subjetivos e

empíricos, com 50% atribuindo a escolha à experiência e prática clínica, o que torna

a prática altamente passível de falha e com pouco embasamento científico.

Gráfico 01 - Critério para a escolha do método de pesquisa

7%

25%

11%

50%7%

Experiência

Patologia dopaciente

Quadro dopaciente

Protocolo deserviço

Outros

Fonte: Dados da pesquisa de campo

- Uso do Teste de Respiração Espontânea- TRE

Pelos dados obtidos quanto ao uso do TRE, observa-se que 10 (35%) empregam o

TRE em todos os pacientes para identificar a capacidade para desmame; 8 (29%)

usam como complementação a outras modalidades de desmame; 4 (14%) só

utilizam em pacientes com quadro de desmame difícil ou dependência crônica da

VM; 3 (11%) utilizam de forma aleatória e 3 (11%) não o utilizam.

Percebe-se que o TRE vêm sendo usado na referida unidade como método

diagnóstico ou complementar a outras modalidades.

38

“Este teste pode ser realizado em qualquer outro método de desmame em que

existir insegurança da possibilidade de extubação”. (BORGES ET AL, 1999, p.02)

Gráfico 2 - Utilização do Teste da Respiração Espontânea

Fonte: Dados da pesquisa de campo

– Forma de aplicação do TRE:

Dos pesquisados, 11 (39%) realizam com PSV de 7 cmH2O; 9 (32%) utilizam todas

as formas a depender do paciente; 6 (21%) realiza-o com tubo T associado a fonte

complementar de O2; 1 (4%) não respondeu e 1 (4%) não o utiliza.

A preferência pelo uso do TRE associado ao PSV associa-se ao fato da PS

proporcionar maior conforto ao paciente, diminuindo o trabalho respiratório imposto a

musculatura, além de permitir melhor monitorizaçao do paciente durante o teste.

Gráfico 3 - Da realização do TER

Fonte: Dados da pesquisa de campo

14%11%

11%

29%35%

Em todos os pacientes Em pacientes com desmame difícil

Aleatoriamente como complemento de outros

Não utiliza

32%

21%

4%

39%

4%Com PSV de 7 cmH2O

Todas as formas

com Tubo 7 associado a outra fonte

Com Tubo T associado a outramodalidade de VM

Não respondeu

39

- Desmame com tubo T:

Dos sujeitos da pesquisa, 18 (65%) utilizam o Tubo T abrupto ou intermitente a

depender do quadro do paciente; 6 (21%) não o utilizam e 4(14%) usam-no de

forma gradual, com períodos progressivos, algumas vezes ao dia.

Percebe-se um grande emprego da técnica com tubo T, o que deve-se a sua

facilidade de aplicação e aceitação pelos pacientes, além de resultados positivos em

pesquisas quando comparada a outras técnicas, entretanto deve-se observar que

esta requer uma intensa monitorização do paciente uma vez que não assegura

volume minuto, nem fornece qualquer suporte ventilatório ao paciente.

Gráfico 4 - Tubo T como desmame

21%

14% 65%

Abrupto ou intermitente

Não utilizam

De forma gradual

Fonte: Dados da pesquisa de campo

- Desmame com SIMV

Dos 28 pesquisados, 12 (43%) não o utilizam para desmame; 10 (36%) usam-no

associado à PSV para desmame e 6 (21%) utilizam-no para desmame associado ou

não a outra modalidade, mas em casos especiais.

Gráfico 5 - Utilização do desmame SIMV

Fonte: Dados da pesquisa de campo

21%

36%

43%

Não o utilizam

Não u Associado ao PSVtilizam

Em casos especiais e associado a outros

40

- Desmame com CPAP

Pelos dados coletados na pesquisa de campo, constatou-se que 15 (54%) não o

utilizam para desmame, 5 (18%) usam-no como complemento de outra técnica; 7

(25%) usam-no em casos especiais e 1 (4%) não respondeu.

Os resultados obtidos refletem os resultados de pesquisas que apontam a SIMV

como técnica que prolonga o desmame. Possui desvantagens apontadas por Knobel

(2002, p. 350) como aumento do trabalho respiratório ao paciente, propiciar fadiga

muscular respiratória e prolongamento do tempo de ventilação mecânica.

Gráfico 6 : Utilização do CPAP como desmame

25%

36%

35%4%

Como complemento deoutra técnicanão utilizam

Só em condições especias

Não respondeu

Fonte: Dados da pesquisa de campo

- Desmame com PSV

Dos pesquisados, 21 (74%) responderam que usam com redução gradual até PS=

7cmH2O; 03 (11%) utilizam com redução gradual associado ao tubo T previamente

à extubação; 02 (7%) associaram as opções a+b; 01 (4%) utiliza com redução

abrupta à PS= 7 cmH2O e 01 (4%) não respondeu.

A prevalência da técnica PSV demonstra a preferência por um método que

proporcione melhor suporte e monitoramento do paciente, adequado a clientela da

unidade em sua maioria pacientes neurológicos e crônicos.

41

Segundo Costa, (1999, p.170) a ventilação com suporte pressórico diminui o

trabalho da musculatura respiratória, compensa o trabalho adicional imposto pelo

tubo endotraqueal e pela válvula de demanda do ventilador, diminuindo o consumo

de oxigênio e a fadiga dos músculos inspiratórios, proporcionando uma readaptação

aos esforços de forma gradativa.

Gráfico 7 - Desmame como método PSV

4%4%

11% 74%

7% Com reduçãogradual

Com reduçãogradual associada

com reduçãoabrupta

Com associação

Não respondeu

Fonte: Dados da pesquisa de campo

- Outras Técnicas de Desmame

Dos 28 pesquisados, 26 (93%) não utilizam outra forma de desmame e 2 (7%) não

responderam

Em literatura específica observa-se outras modalidades empregues no processo de

desmame, porém as mesmas requerem treinamento específico e aparelhos de alta

geração, não disponíveis em UTI de menor aporte como do hospital público em

questão.

Destacam-se a VAP- Ventilação Proporcional Assistida; VAPSV- Ventilação com

Pressão de Suporte e Volume Garantido e a VLPVA- Ventilação com Liberação de

Pressão de Vias Aéreas.

42

Gráfico 8 - Utilização de outra técnica de desmame

93%

7%

não responderam Não

Fonte: Dados da pesquisa de campo

- Método mais utilizado

Os pesquisados atribuíram cerca de 70% ao uso do PSV e 25% PSV associado ao

Tubo T. Apenas 1 (4%) pessoa não respondeu a questão.

O resultado reafirma a predileção ao uso de PSV pelos profissionais da unidade e

sua associação ao Tubo T em casos especiais que exigem maior cautela, como nos

pacientes neurológicos e de desmame difícil.

Gráfico 9 - Método usado com maior frequência

4%

25% 71%

PSV gradual Associação de C +E Não responderam

Fonte: Dados da pesquisa de campo

43

- O Uso da VNI

Dos 28 pesquisados, 17 (60%) utilizam a VNI quando há possibilidade de falhas no

desmame; 7 (25%) quando o paciente apresenta sinais de insucesso no desmame;

02 (7%) empregam a VNI sempre que há desmame; 1 (4%) não faz uso de VNI e 1

(4%) não respondeu. O padrão do uso da VNI no processo de desmame condiz com

a literatura e estudos na área, que preconizam o uso da VNI como meio de evitar

reintubação.

“O uso da VNI como recurso facilitador do desmame em pacientes selecionados

pode possibilitar o desmame dos dependentes de ventilaçÃo mecânica invasiva e

desse modo reduzir a necessidade do uso de via aérea artificial e do tempo de

permanência em unidades intensivas.... “ ( AZEREDO, 2002, p. 321)

Gráfico 10 - Freqüência do uso de VNI

4%7%

25%

60%4%

Se houver possibilidade defalha no desmame

Com insucesso nodesmame

Sempre após o desmame

Não utiliza

não respondeu

Fonte: Dados da pesquisa de campo

44

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Segundo a literatura, aqui pesquisada, nenhum trabalho conseguiu demonstrar a

superioridade de uma técnica específica de desmame em detrimento de outras.

Estudos apontam equidades ou superioridades em certos pontos de uma sobre as

outras, mas sem nada conclusivo.

“A identificação de estratégias para reduzir o tempo de ventilação mecânica torna-se

prioritária, apesar de ainda não se ter estabelecido o melhor método.” (Carvalho

(2000, p. 272)

Entretanto é importante para que o profissional de saúde preste uma asssistência de

qualidade ter conhecimento das técnicas existentes, formas de aplicação,

vantagens, desvantagens, aspectos positivos e negativos e relação das mesmas

entre si para que possa julgar com embasamento técnico apropriada a melhor

técnica a usar em cada caso e fazer o melhor uso possível das mesmas.

Para Borges (1999, p.01) a conduta da equipe e seu adequado desempenho

diagnóstico e terapêutico é primordial para manter os doentes ditos de desmame

difícil e conduzi-los a um desmame com sucesso, prevenindo e evitando

complicações , insucessos e repercussões negativas à sua clínica, adequando

técnicas ao quadro específico do paciente.

“É justamente necessário, nos casos de desmame difícil, um perfeito entendimento

de todos os fatores ligados ao sucesso/insucesso de um desmame, assim como

uma boa familiaridade com as novas técnicas ventilatórias e programas de

treinamento muscular.“. (Azeredo, 2002, p.382).

Quando se trata de desmamar doentes com real dificuldade de retorno a ventilação

espontânea, o sucesso vai estar associado ao acompanhamento cuidadoso do

doente e suas variáveis, analisando o momento certo de iniciar o desmame,

acompanhando as alterações, e promovendo adequada avaliação utilizando índices

45

preditivos e exame físico minucioso, corrigindo e saneando possíveis fatores de

falha.

Conclui-se, após análise dos dados coletados, que embora utilizem critérios de

seleção de técnicas diversos, os profissionais demonstram conhecimento das

Técnicas, formas de uso, vantagens e desvantagens, utilizando os testes de

respiração espontânea como critérios avaliativos de capacidade para desmame.

Evidencia-se uma prevalência pelo método PSV, o que se explica pelo perfil da

unidade. Pacientes com nível neurológico comprometido e crônicos que exigem um

desmame mais minucioso e cauteloso, requerendo melhor monitorização o que é

permitido pelo PSV. Destaca-se ainda o emprego da VNI no desmame pela maioria

dos pesquisados o que reforça a eficácia e acurácia da equipe.

46

REFERÊNCIAS

ALVES, Magda. Como escrever teses e monografias: um roteiro passo a passo. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A QUESTIONÁRIO MONOGRAFIA: TÉCNICAS DE DESMAME UTILIZADAS NA UTI-A DO HGJAF-SE QUESTIONÁRIO

1. Qual principal critério que você utiliza para escolha da técnica/ método de desmame do paciente em VM:

A) Familiaridade/ experiência com o método B) Patologia que levou o paciente à VM C) Tempo de permanência do paciente na VM D) Nível de consciência do paciente/ quadro neurológico E) Protocolo do serviço F) Outros____________________________________

2. Com relação ao Teste de Respiração Espontânea (TRE), você:

A) Utiliza sempre em todos pacientes para identificar a capacidade para desmame

B) Só utiliza em pacientes com quadro de desmame difícil ou dependência Crônica da VM

C) Utiliza aleatoriamente em alguns pacientes D) Utiliza como complementação a outras modalidades de desmame E) Não o utiliza.

3. Com relação ao TRE:

A) Realiza-o com CPAP de 5 cmH2O B) Realiza-o com PSV de 7 cmH2O C) Realiza-o com tubo T associado a fonte complementar de O2 D) Utiliza todas as formas a depender do paciente E) Não o utiliza.

4. Considerando o Tubo T como método de desmame:

A) Utiliza Tubo T abrupto, sem redução gradual dos parâmetros em todos pacientes, previamente à extubação

B) Utiliza Tubo T gradual, com períodos progressivos de tubo T algumas vezes ao dia em todos pacientes C) Utiliza Tubo T abrupto ou intermitente a depender do quadro do

paciente D) Utiliza o desmame com Tubo T, associado a modalidade assistida de

VM E) Não utiliza o Tubo T para desmame

5. Com relação ao método de desmame- SIMV:

A) Utiliza-o isoladamente, sem associação com outras modalidades para desmame

B) Utiliza-o associado à PSV para desmame C) Utiliza-o associado à PSV e ao Tubo T para desmame

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D) Utiliza-o para desmame associado ou não a outra modalidade somente em casos especiais

E) Não o utiliza para desmame

6. Quanto ao CPAP como método de desmame: A) Utiliza-o isoladamente com freqüência para desmame B) Utiliza-o somente em condições especiais para desmame C) Utiliza-o previamente, a outra forma de desmame D) Utiliza após desmame com outra técnica como complementação da

mesma E) Não o utiliza para desmame

7. Com relação ao método PSV no desmame: A) Utiliza com redução gradual até PS= 7cmH2O B) Utiliza com redução abrupta à PS= 7 cmH2O C) Utiliza com redução gradual associado ao tubo T previamente à

extubação D) Utiliza com redução abrupta associado ao tubo T previamente à

extubação. E) Não o utiliza

8. Você utiliza alguma outra técnica para desmame?

Não Sim . Qual?__________________________________

9. Qual método de desmame você mais utiliza com que freqüência ( valor em percentagem) obtendo maior taxa de sucesso em sua prática clínica?

A) TuboT abrupto ______% B) TuboT gradual _______% C) PSV gradual _____% D) PSV abrupta_____% E) PSV + TuboT ____%

F) SIMV ____% G) SIMV+PSV _____% H) SIMV+PSV+TuboT ____% I)Outros 10. Com que freqüência você utiliza Ventilação Não-Invasiva ( VNI) no desmame:

A) Usa sempre em todos pacientes após o desmame B) Usa após desmame em pacientes portadores de comprometimento

pulmonar como : DPOC, SRPA.... C) Usa em pacientes com possibilidade de falha no desmame para evitar

reintubação D) Usa em pacientes com sinais de insucesso no desmame E) Não utiliza no desmame

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APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Lavinia Lidia Ramos Quireza de Vasconcelos concluinte do Curso de Pós-graduação latu sensu em ,Fisioterapia em UTI está desenvolvendo um trabalho de Conclusão de Curso intitulada Técnicas de Desmame Utilizadas na Uti-A do Hospital Geral João Alves Filho-SE.

O referido trabalho tem como objetivo identificar qual a técnica de desmame mais utilizada pelos profissionais de saúde na UTI-A do Hospital Geral Governador João Alves Filho, em Sergipe.. Para avançar nesse sentido, solicitamos sua participação nesta entrevista respondendo as perguntas do questionário.

Após ter sido informada quanto ao objetivo do trabalho e da coleta de dados que será utilizado para o desenvolvimento do trabalho acadêmico acima citado, concordo em participar da entrevista, respondendo o questionário.

De acordo com a Resolução 196/96 será resguardado o anonimato, contemplando os princípios básicos da autonomia, não-maleficência, beneficência, justiça, fidelidade, veracidade e confidencialidade, garantido a livre escolha de consentir ou recusar a participação em qualquer etapa do processo. A autora deste projeto assumiu o compromisso de garantir meu anonimato e de que os dados somente serão utilizados dentro da finalidade do estudo, não sendo permitida a minha identificação em nenhuma publicação científica.

A qualquer momento, terei toda a liberdade de recusar-me a participar.

Eu,_____________________________________, abaixo qualificado, DECLARO para fins de participação em pesquisa, na condição de sujeito da pesquisa/, que fui devidamente esclarecido sobre esse estudo desenvolvido por Lavínia Lídia Ramos Quireza de Vasconcelos concluinte do Curso de Pós-graduação latu sensu em Fisioterapia em UTI sobre os procedimentos nele envolvidos, podendo retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isso leve a qualquer penalidade; que o meu anonimato será preservado; que não terei quaisquer benefícios ou direitos financeiros sobre os eventuais resultados decorrentes da pesquisa.

Assim, consinto em participar da pesquisa em questão.

Salvador,______de ______________de 2008.

Assinatura do declarante

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