riscos ocupacionais a que estÃo expostos os...

64
0 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” DE ESPECIALIZAÇÃO DE ENFERMAGEM DO TRABALHO JULIANA AMERICANO DA COSTA QUEIROZ RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA SALVADOR – BA 2010

Upload: vodan

Post on 06-Feb-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

0

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL

CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” DE ESPECIALIZAÇÃO DE ENFERMAGEM DO TRABALHO

JULIANA AMERICANO DA COSTA QUEIROZ

RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE

DE TERAPIA INTENSIVA

SALVADOR – BA 2010

Page 2: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

1

JULIANA AMERICANO DA COSTA QUEIROZ

RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE

DE TERAPIA INTENSIVA

Monografia apresentada à Universidade Castelo Branco, ATUALIZA – Associação Cultural, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Enfermagem do Trabalho, sob orientação do professor Fernando Reis do Espírito Santo.

SALVADOR – BA 2010

Page 3: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

2

Aos enfermeiros que diariamente expõem-se a riscos ocupacionais exercendo a arte do cuidar e aos futuros

profissionais de segurança do trabalho, que possam cada vez mais minimizar a exposição aos riscos ocupacionais

promovendo um ambiente de trabalho cada vez mais salubre.

Page 4: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

3

Agradeço a Deus, sempre presente na minha vida; À minha família que sempre compreendeu os meus momentos de ausência;

Aos amigos que sempre me dão força; Ao corpo docente da Atualiza pelos ensinamentos transmitidos ao longo do curso de

Enfermagem do Trabalho; Ao mestre Fernando Reis do Espírito Santo pelas orientações metodológicas;

E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desta pesquisa.

Page 5: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

4

“Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas!”

Mário Quintana

Page 6: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

5

RESUMO

Este estudo aborda os riscos ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores de enfermagem de uma unidade de terapia intensiva, considerando as diversas formas de controle e prevenção desses riscos, além de evidenciar a evolução da importância dada à Saúde do trabalhador, ao longo do tempo. Tem como objetivo identificar, a partir da literatura, os riscos ocupacionais a que estão expostos os profissionais de enfermagem que atuam em uma unidade de terapia intensiva. Trata-se de uma revisão bibliográfica, de natureza qualitativa e caráter exploratório e explicativo, onde foram utilizados como referência publicações, periódicos (livros, revistas) e bases de dados LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde). Os resultados mostram que são necessárias mudanças no ambiente de trabalho para minimizar os riscos no ambiente laboral, além de treinamento, conscientização de práticas seguras e fornecimento de dispositivos de segurança aos trabalhadores.

Palavras-chave: saúde do trabalhador de enfermagem – riscos ocupacionais –

prevenção e controle de riscos

Page 7: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

6

ABSTRACT

This study addresses the occupational risks faced by the nursing staff of an intensive

care unit, considering the various forms of control and prevention of these risks, in

addition to showing the evolution of the emphasis on worker's health over time. Aims to

identify, from the literature, occupational risks they are exposed to the nursing

professionals who work in an intensive care unit. This is a literature review, qualitative

and exploratory and explanatory, which were used as reference publications, periodicals

(books, magazines) and databases LILACS (Latin American and Caribbean Health

Sciences) and MEDLINE (International Literature in Health Sciences). The results

show that changes are needed in the workplace to minimize risks in the workplace, in

addition to training, awareness of security and provision of safety devices for workers.

Keywords: occupational health - occupational risks - prevention and risk control -

nursing

Page 8: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

7

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................08

2. REVISÃO DA LITERATURA .........................................................................13

2.1. A EVOLUÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR.......................................13 2.2. FATORES DE RISCO OCUPACIONAL.........................................................19

2.2.1- Riscos físicos ......................................................................................22 2.2.2- Riscos Químicos .................................................................................24 2.2.3- Riscos Biológicos ...............................................................................25 2.3.4- Riscos de Acidentes ...........................................................................26 2.2.5- Riscos Ergonômicos ...........................................................................27

2.3. PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS OCUPACIONAIS...................29

2.3.1- Prevenção e controle dos riscos físicos .............................................38 2.3.2- Prevenção e controle dos riscos químicos .........................................39 2.3.3- Prevenção e controle dos riscos biológicos .......................................41 2.3.4- Prevenção e controle dos riscos de acidentes ....................................42 2.3.5- Prevenção e controle dos riscos ergonômicos ...................................43

2.4. ATENÇÃO À SAÚDE DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM .....44

2.5. SITUAÇÃO DOS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM NO BRASIL

.............................................................................................................................48

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................51 4. REFERÊNCIAS...................................................................................................53

5. ANEXO I ............................................................................................................59

Page 9: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

8

1. INTRODUÇÃO

� Apresentação do objeto de estudo

A sociedade contemporânea é marcada pelas preocupações com a melhoria da qualidade

de vida, pautada pelo processo de aprendizagem contínua. Nesse contexto, não se pode

perder de vista o reconhecimento e a valorização do profissional, assim como a

importância da participação individual e coletiva como agente de mudanças.

Os riscos ambientais a que estão sujeitos os trabalhadores de qualquer atividade laboral

são comumente estudados segundo seus agentes causadores, que podem ser de natureza

física, biológica, química e mecânica, de acordo com a NR (Brasil 1990). Porém, deve-

se levar em conta também, os riscos de ordem psicossocial considerados pela legislação

dos EUA (1985). Além de conhecer os riscos de acidentes, deve ser estabelecida uma

rotina de análise das causas e das circunstâncias em que eles ocorrem, abordando-as em

campanhas de prevenção, adotando medidas para diminuí-las e reavaliando

periodicamente essas ações preventivas.

A Saúde do Trabalhador constitui-se num campo na área da Saúde Coletiva em plena

construção, cujo objeto está centrado no processo saúde-doença dos trabalhadores, dos

diversos grupos populacionais, em sua relação com o trabalho. Este estudo apresenta

revisão de literatura a respeito dos riscos ocupacionais que podem acometer os

trabalhadores de unidades hospitalares. Estratégias preventivas apresentam-se como

desafio para administradores e trabalhadores, em que o maior ganho está na promoção

da saúde destes profissionais.

Saúde ocupacional implica na soma de todos os esforços para melhorar a saúde do

trabalhador. O objetivo básico é a prevenção em todos os níveis. O grande empenho é

fazer do ambiente de trabalho um local física e psicologicamente saudável, para que o

trabalhador possa continuar sadio, adaptando-se às exigências do serviço, de modo a

resguardar o seu bem estar físico e mental.

Page 10: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

9

O ambiente de trabalho hospitalar tem sido considerado insalubre por agrupar pacientes

portadores de diversas enfermidades infectocontagiosas e viabilizar muitos

procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para os trabalhadores da

saúde.

Poucos locais de trabalho são tão complexos como um hospital. Os trabalhadores

potencialmente expostos aos riscos precisam estar informados e treinados para evitar

problemas de saúde e métodos de controle devem ser instituídos para prevenir

acidentes. Esses métodos podem ser usados para riscos ambientais, incluindo a

substituição do agente de risco, controles de engenharia, práticas de trabalho,

equipamentos de proteção pessoal, controles administrativos e programas de exames

médicos.

� Justificativa O ambiente de trabalho hospitalar é considerado insalubre, pois agrupa pacientes

portadores de diversas enfermidades infectocontagiosas e viabiliza muitos

procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para os trabalhadores da

saúde. Os trabalhadores potencialmente expostos aos riscos precisam estar informados e

treinados para evitar problemas de saúde, e métodos de controle devem ser instituídos

para prevenir acidentes. (NISHIDE, 2004).

Um estudo realizado em 1971, sobre a saúde ocupacional, observou que ocorreram

4.468 acidentes de trabalho em estabelecimentos hospitalares brasileiros, sugerindo a

necessidade de procedimentos preventivos para o controle dos riscos ocupacionais.

A partir da década de 80 houve maior interesse dos profissionais da área da saúde no

estudo das repercussões do processo de trabalho hospitalar como causador de doenças e

acidentes em seus trabalhadores e usuários.

Numa UTI são fundamentais os recursos que propiciem segurança aos pacientes e

trabalhadores sob condições normais e de emergência, portanto, estudos que tenham

como objetivos o conhecimento dos riscos ocupacionais e o uso dos equipamentos de

Page 11: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

10

proteção individual entre os trabalhadores de enfermagem são atuais e poderão

contribuir, em parte, para a prevenção de acidentes do trabalho e a melhoria do

ambiente laboral.

Assim, a realização deste trabalho é de extrema importância para profissionais da área

de saúde em geral e principalmente para a equipe de enfermagem, além de estudantes,

pois identifica os riscos ocupacionais a que estes profissionais estão diariamente

expostos, assim como esclarece as possibilidades de minimizar ou até excluir esses

riscos.

Relevante também para gestores de saúde e profissionais de segurança do trabalho

(médico, enfermeiro, técnico, engenheiro...), que devem preocupar-se cada dia mais

com essas questões e aplicar condutas de prevenção e controle, intensificando, nos seus

serviços, o aperfeiçoamento dos EPCs (Equipamentos de proteção coletiva) e

divulgando a necessidade e importância do uso de EPIs (Equipamentos de proteção

individual).

Para o pesquisador é de fundamental importância porque, além de aprofundar seus

conhecimentos sobre o tema, é também um requisito da Universidade Castelo Branco,

ATUALIZA – Associação Cultural, para obtenção do título de Especialista em Enfermagem do

Trabalho.

� Problema

Dentro desse contexto, o presente estudo levantou algumas indagações a propósito de

suas questões de pesquisa. Sabe-se que com o aumento da jornada de trabalho – como

dobra de plantões, substituição de colegas, entre outros – o trabalhador fica mais

exposto aos acidentes. Quais os principais riscos ocupacionais a que estão expostos os

trabalhadores de enfermagem em uma unidade de Terapia Intensiva?

Page 12: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

11

� Objetivo

Este estudo tem como objetivo identificar, a partir da literatura, os riscos ocupacionais a

que estão expostos os profissionais de enfermagem que atuam em uma unidade de

terapia intensiva.

� Metodologia

Trata-se de uma revisão bibliográfica, de natureza qualitativa e caráter exploratório e

explicativo, onde foram utilizados como referência publicações, periódicos (livros,

revistas) e bases de dados LILACS (Literatura latino americana e do caribe em ciências

da saúde) e MEDLINE (Literatura internacional em ciências da saúde).

A pesquisa qualitativa é basicamente aquela que busca entender um fenômeno

específico em profundidade. Ao invés de estatísticas, regras e outras generalizações, a

qualitativa trabalha com descrições, comparações e interpretações. É mais participativa

e, portanto, menos controlável.

Segundo Minayo (1999) “a abordagem qualitativa não pode pretender o alcance da

verdade, com o que é certo ou errado; deve ter como preocupação primeira a

compreensão da lógica que permeia a prática que se dá na realidade”.

Essa pesquisa tem caráter exploratório e explicativo, pois, classifica, caracteriza e define

o problema em estudo, além de identificar fatores determinantes para a ocorrência dos

riscos ocupacionais que ocorrem com os trabalhadores de enfermagem de uma unidade

de terapia intensiva.

Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica, abrange toda a bibliografia já tornada

pública em relação ao tema de estudo (publicações avulsas, boletins, jornais, revistas,

livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico e meios de comunicação).

Procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em

Page 13: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

12

documentos. Busca-se conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas

existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema.

� Estrutura do trabalho

Este estudo esta constituído de quatro sessões. Na 1ª sessão abordamos alguns conceitos

básicos sobre temas fundamentais para o entendimento e melhor esclarecimento do

objeto de estudo. Na segunda sessão, pontuamos os riscos ocupacionais a que estão

expostos os profissionais de enfermagem de uma UTI, classificando cada um deles

quanto a sua natureza: risco físico, risco químico, risco biológico, risco de acidentes ou

riscos ergonômicos. Posteriormente, abordamos de forma específica os métodos de

prevenção e controle desses riscos. Num terceiro momento, é discutido o aumento

gradual da atenção que tem sido dispensada aos trabalhadores de enfermagem ao longo

do tempo. Por fim, na quinta sessão, a situação atual dos trabalhadores de enfermagem

no Brasil é estudada.

Page 14: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

13

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1-A EVOLUÇÃO DA SAÚDE DO TRABALHADOR

Desde a antiguidade o trabalho já era visto como um fator gerador e modificador das

condições de viver, adoecer e morrer dos homens. O surgimento da Revolução

Industrial, na Inglaterra, trouxe muitas transformações para a sociedade, principalmente

para a classe trabalhadora. Tais transformações repercutiram de forma negativa no que

diz respeito ao bem-estar físico e psicológico do trabalhador, sendo o mesmo obrigado a

executar longas jornadas de trabalho em ambientes sem segurança, tendo que manusear

máquinas tecnologicamente avançadas, com as quais não estavam habituados, gerando

assim graves acidentes de trabalho como: mutilação, intoxicação, desgaste físico, etc.; o

que ocorria principalmente com as mulheres que ocupavam o mercado de trabalho em

grande número por serem consideradas mão-de-obra barata. Com isso, os antigos

direitos humanos à vida e à subsistência tinham de ser repensados. (MIRANDA, 1998:

3).

Ao se verificar a necessidade de mudar tal situação foram constituídas mobilizações

políticas, a fim de se criar medidas legais que proporcionassem ao trabalhador melhores

condições de trabalho. No início do século XIX a Medicina do trabalho teve seu marco

inicial, com o surgimento das primeiras leis de saúde pública que marcadamente

abordavam a questão da saúde dos trabalhadores. (Act Factory, 1833) Em 1802, na

Inglaterra, foi criada a primeira Lei de proteção ao trabalhador, a “Lei de Saúde e Moral

de Aprendizes”, que estabelecia a jornada de trabalho em doze horas diárias, proibia o

trabalho noturno e determinava a obrigatoriedade de medidas de melhoramento no

ambiente de trabalho, exigindo um ambiente arejado, limpo e seguro aos funcionários.

Foi a primeira conquista da classe trabalhadora no que concerne a higiene e segurança

do trabalho.

Em 1834 ocorreu também na Inglaterra, a contratação do primeiro Inspetor-Médico de

fábricas, medida posteriormente adotada por outros países, passando-se a submeter os

Page 15: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

14

funcionários a exames médicos admissionais e periódicos, como forma de cuidar e

controlar a saúde dos trabalhadores nas fábricas.

Em 1862, na França, ocorre a regulamentação da Segurança e Higiene do Trabalho. Em

1865, na Alemanha, surge a “Lei de Indenização Obrigatória dos Trabalhadores”, a qual

responsabilizava o empregador a pagar ao empregado pelo acidente de trabalho e em

1873, criou-se a primeira Associação de Higiene e Prevenção de Acidentes, que visava

prevenir o acidente e ampara o trabalhador acidentado.

O Brasil na condição de país colonizado e com um desenvolvimento tecnológico tardio,

teve sua economia baseada na mão-de-obra escrava e na agricultura de exportação. A

preocupação com a saúde do trabalhador só ocorreu a partir do surgimento de epidemias

como a febre amarela, a cólera e a peste, que mataram dezenas de trabalhadores,

ocasionando assim, prejuízos para a economia da época. É durante o ciclo do café e o

início da industrialização brasileira, no início do século XX, que ocorre a divisão

internacional do trabalho e a saúde pública volta-se para o combate das epidemias, com

destaque para o sanitarista Osvaldo Cruz.

Entretanto, a intervenção da saúde pública nas fábricas é insatisfatória considerando-se

a precariedade das condições de trabalho na época. A classe trabalhadora, inconformada

com tal situação, dá início aos movimentos sociais de luta por seus direitos,

organizando-se em grandes greves. Em decorrência dessas manifestações e da

insatisfação da classe, foram sendo criadas leis objetivando a regulamentação da

questão da higiene e segurança do trabalhador em seu ambiente de trabalho, assim como

o surgimento do primeiro médico de fábrica, no Brasil.

No inicio do século XX a medicina estava voltada para o combate ás grandes epidemias

e os serviços de saúde das empresas eram focados no atendimento de urgências e

acidentes de trabalho, pois eram péssimas as condições de trabalho que existiam.

Em 1919, foi regulamentada a Lei n.º 3.724, de 15//01/1919, que compreende a

intervenção do Estado nas condições de trabalho no Brasil. Foi também criada a OIT

(Organização Internacional do Trabalho), que já reconhecia a existência de doenças

profissionais. Desenvolviam-se os primeiros conceitos de Higiene Industrial, de

Page 16: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

15

Ergonomia e fortalecia-se a Engenharia de segurança do trabalho. Em 1923, o Decreto

n.º 16.027, de 30/04/1923, cria o Conselho Nacional do Trabalho, cuja função é o

controle e a supervisão no que diz respeito à Previdência Social. Tudo isso veio

configurar um novo modelo baseado na interdisciplinariedade e na

multiprofissionalidade, a Saúde Ocupacional, nasceu com uma visão muito mais ampla

que o modelo original de Medicina do Trabalho.

Em 1930, o Decreto n.º 19.433, de 26/11/1930, cria o Ministério do Trabalho, Indústria

e Comércio, tendo como área de atuação a Higiene e a Segurança do Trabalho,

conforme o artigo 200 da Constituição Federal de 1988. Em 1934, criou-se a Inspetoria

de Higiene e Segurança do Trabalho, atualmente Secretaria de Segurança e Saúde no

Trabalho, órgão fiscalizador e controlador do cumprimento das leis referentes à

segurança e medicina do trabalho.

Na década de 40 os problemas causados pelo trabalho começaram a ser estudados. Em

meio a todas estas leis, que os trabalhadores consolidaram seus direitos em 1943, com a

implantação do Código de Legislação Trabalhista – CLT, o qual vem regulamentar

todas as normas trabalhistas determinando os direitos e deveres de empregador e

empregado, não só no que diz respeito à segurança do trabalho, como também à jornada

de trabalho, salário, previdência social, aposentadoria, etc.

Em 1944, o Decreto-lei n.º 7.036, de 10/11/1944, institui o seguro obrigatório ao

trabalhador acidentado e a constituição de comissão interna de prevenção de acidentes

(CIPA) para representar os trabalhadores no que concerne a higiene e segurança no

trabalho, em empresas com mais de cem empregados. A princípio não foi dada às

CIPAS a importância devida em decorrência da falta de estrutura e conhecimento das

empresas sobre o assunto. “Pelo que consta, o êxito não foi aquele que se esperava.

Cremos que o insucesso não foi devido às falhas da lei, mas sim em decorrência da

imaturidade empresarial da época”. (ZÓCCHIO,1973: 19). E em 1945, a Portaria nº

229, de 19/06, regulamentou definitivamente o nome dado a Comissão e tornou

obrigatória a sua implantação em empresas com mais de cem empregados.

Em 1953 foi aprovada a nova regulamentação da CIPA, através da Portaria nº 155/53,

do Ministério do Trabalho, a qual consolidou algumas atribuições dos membros da

Page 17: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

16

CIPA o que contribuiu para a organização e integração de patrões e empregados num

trabalho conjunto pela prevenção de acidentes de trabalho. (TRINDADE, 2001).

Surge em 50 o conceito de saúde ocupacional.

“A Saúde Ocupacional surge, nas grandes empresas, com o traço da multi e

interdisciplinaridade, com a organização de equipes multiprofissionais, e a

ênfase na higiene industrial, com lugar de destaque na indústria nos países

industrializados” (MENDES, 1991)

Na década de 60, por força dos movimentos sociais sentia-se a necessidade de uma

maior participação dos trabalhadores e da sociedade como um todo, na discussão das

grandes questões pertinentes à área.

Durante a década de 70, houve na Itália um movimento de trabalhadores exigindo maior

participação nas questões de saúde e segurança, o que resultou em mudanças na

legislação, tais como a participação das entidades sindicais na fiscalização dos

ambientes de trabalho, o direito à informação (riscos, comprometimento ambiental,

mudanças tecnológicas) e, finalmente, melhoramento significativo nas condições e

relações de trabalho.

“Saúde do trabalhador é a área de conhecimento e aplicação técnica que

da conta do entendimento dos múltiplos fatores que afetam a saúde dos

trabalhadores e seus familiares, independente das fontes de onde

provenham das conseqüências da ação desses fatores sobre tal população

(doenças) e das variadas maneiras de atuar sobre estas condições...”

(MENDES, 1991)

Em 1978, foi aprovada pelo Ministério do Trabalho, a Portaria nº 3.214, que

regulamentava as Normas Regulamentadoras da Segurança e Medicina do Trabalho,

que orientam as obrigações das empresas em relação ao trabalho e aos trabalhadores. O

Decreto n.º 3.048, de 6/5/1999, aprova o Regulamento de Benefícios da Previdência

Social, o qual revogou o Decreto n.º 2.172/97, mas manteve o conceito de acidentes do

trabalho da Lei n.º 8.213 /91, a qual dá nova redação ao Regulamento ao Plano de

Page 18: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

17

Benefícios da Previdência Social que assegura ao empregado benefícios como: auxílio-

acidente, auxílio-doença e aposentadoria e aos seus dependentes o recebimento de

pensão no caso de morte .

“Em síntese, a saúde dos trabalhadores não é, a rigor,

uma preocupação recente, pois o impacto da Revolução

Industrial na Europa, durante o século passado, foi tão

espetacular e espoliador da vida operária, que

necessariamente se converteu num tema de estudo e de

ação”. (MIRANDA, 1998: 3).

Em 1991, através do decreto 127, de 22/05/91, foi promulgada a Convenção 161 da OIT

(Organização Internacional do Trabalho) relativa aos serviços de saúde do trabalhador.

Este documento instituído por vários países estabelece que os SST (serviços de saúde do

trabalhador) devem ser investidos de funções essencialmente preventivas e serem

encarregados de aconselhar o empregador, os empregados e seus representantes na

empresa sobre a manutenção do ambiente de trabalho seguro e saudável, e como adaptar

o trabalho ao trabalhador, levando em conta seu estado de saúde.

Todo esse processo teve como propósito assegurar a proteção e saúde física e mental do

trabalhador a partir das transformações ocorridas com a Revolução Industrial, através da

implantação de leis e normas que visam garantir os direitos dos trabalhadores em caso

de acidentes de trabalho, assim como oferecendo-lhes condições materiais e espaço

físico adequados ao bom desempenho de suas atividades profissionais. É fundamental

ressaltar a importância das conquistas alcançadas pela classe trabalhadora no que se

refere a sua saúde e proteção ao longo de todos esses anos e a regulamentação de seus

direitos enquanto trabalhador e cidadão.

De acordo com a lei nº 6.367, de 10/10/1976, regulamentada pelo decreto nº 79.037, de

24/12/1976, “acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a

serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a

morte ou perda ou redução permanente ou temporária da capacidade de trabalho”. Na

maioria das vezes, os acidentes ocorrem de forma imprevisível embora perceba-se

Page 19: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

18

antecipadamente, pelas condições de trabalho, os riscos a que os empregados estão

expostos.

A saúde do trabalhador constitui uma área da saúde publica que tem como objetivo de

estudo e intervenção as relações entre o trabalho e a saúde. É definida como um

conjunto de atividades que destinam por meio das ações de vigilância epidemiológica e

vigilância sanitária, à promoção e à proteção da saúde do trabalhador, assim como visa à

assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento

e reabilitação dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições

de trabalho.

O processo de segurança e prevenção de acidentes de trabalho deve ser entendido,

dentro da empresa moderna, como uma necessidade de qualquer sistema produtivo e

como um direito de todo ser humano que se dedica ao trabalho. (DELA COLETA,

1991).

Page 20: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

19

2.2-FATORES DE RISCO OCUPACIONAL

Risco ocupacional é definido como a probabilidade de ocorrer um evento bem definido

no espaço e no tempo, durante a realização de atividades no trabalho, que causa dano à

saúde, às unidades operacionais ou dano econômico/financeiro. O risco ocupacional

decorre da exposição do trabalhador a fatores de risco no ambiente de trabalho, de

diversas espécies. (BULHÕES, 1994)

Segundo Guedes e Mauro (2005), entende-se como fator de risco as características de

trabalho que são capazes de provocar acidentes, danos ou doenças para a saúde do

trabalhador, provocando o seu afastamento temporário ou permanente das suas

atividades laborais.

O risco é a expressão de uma qualidade ambiental que apresente características de

possível efeito maléfico para a saúde e/ou meio ambiente. Para uma melhor definição, é

importante considerar a diferença entre risco e perigo:

“Risco é a probabilidade ou chance de lesão ou morte” (SANDERS e

MCCORMICK, 1993);

“Perigo é uma condição ou um conjunto de circunstâncias que têm o

potencial de causar ou contribuir para uma lesão ou morte” (SANDERS e

MCCORMICK, 1993).

Existe perigo na manipulação de determinados produtos químicos ou biológicos, porém

o risco dessa atividade pode ser considerado baixo se forem observados todos os

cuidados necessários e utilizados os equipamentos de proteção adequados.

Riscos Ocupacionais são fatores que levam alguma possibilidade de perigo ou dano ao

trabalhador. De acordo com a Portaria n0 3.214, do Ministério do Trabalho do Brasil, de

1978, os riscos para a saúde e segurança dos trabalhadores, presentes ou relacionados ao

trabalho, podem ser classificados em cinco grupos (Quadro 1):

Page 21: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

20

� Riscos Físicos,

� Riscos Químicos,

� Riscos Biológicos,

� Riscos de Acidentes,

� Riscos Ergonômicos.

Estes riscos podem ser:

- Oculto: quando por ignorância, falta de conhecimento ou informação,

irresponsabilidade, incompetência, o trabalhador sequer suspeita de sua

existência;

- Latente: quando o risco só se manifesta e causa danos em situações de

emergência ou condições de estresse. O trabalhador sabe da existência dos

riscos, mas as condições de trabalho o forçam a isso. Fato bem corriqueiro, aliás,

no cotidiano da enfermagem;

- Real: conhecidos de todos, mas sem possibilidades de controle, quer por

inexistência de solução para tal, quer pelos altos custos exigidos, quer, ainda, por

falta de vontade política.

No que diz respeito aos acidentes de trabalho que atingem os trabalhadores das unidades

hospitalares, vale destacar que estes são ambientes complexos que apresentam elevado

número de riscos ocupacionais para os seus profissionais, os predispondo à ocorrência

de acidentes de variadas naturezas. Estas ocorrências derivam de complexas inter-

relações e não devem ser analisadas de forma isolada, como evento particular, mas,

através do estudo do contexto dos processos de trabalho e produção, das formas como o

trabalho é organizado e realizado, das condições de vida dos profissionais expostos, das

cargas de trabalho presentes no dia-a-dia dos trabalhadores.

Os fatores de risco biológico, físico e químico, presentes no meio hospitalar, são os

principais caracterizadores da insalubridade e da periculosidade desse setor. Quando

não devidamente controlados, esses agentes causam inúmeros acidentes e doenças

profissionais ou do trabalho.

Page 22: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

21

QUADRO 1 -Classificação dos Principais Riscos Ocupacionais em Grupos de acordo com sua Natureza e a padronização das cores correspondentes

Grupo 1 Grupo2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo5 Verde Vermelho Marrom Amarelo Azul Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos de Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes

Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico

intenso Arranjo físico inadequado

Vibrações Fumos Bactérias

Levantamento e transporte

manual de peso

Máquinas e equipamentos sem proteção

Radiações ionizantes Névoas Protozoários

Exigência de postura

inadequada

Ferramentas inadequadas ou

defeituosas

Radiações não ionizantes Neblinas Fungos

Controle rígido de produtividade

Iluminação inadequada

Frio Gases Parasitas Imposição de

ritmos excessivos Eletricidade

Calor Vapores Bacilos Trabalho em

turno e noturno

Probabilidade de incêndio ou

explosão

Pressões anormais

Substâncias, compostos ou

produtos químicos

Jornadas de trabalho

prolongadas Armazenamento

inadequado

Umidade Monotonia e

repetitividade Animais

peçonhentos

Outras situações causadoras de

stress físico e/ou psíquico

Outras situações de risco que

poderão contribuir para a ocorrência de

acidentes

Fonte: www.ifi.unicamp.br/~jalfredo/TabelaI.htm

Page 23: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

22

2.2.1- RISCOS FÍSICOS

De acordo com a NR 9 (9.1.5.1), consideram-se agentes físicos as diversas formas de

energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como:

� Ruído - definido como um som indesejável, produto das atividades diárias da

comunidade. O som representa as vibrações mecânicas da matéria através do qual

ocorre o fluxo de energia na forma de ondas sonoras. Incomoda o trabalhador no

exercício da sua atividade, em altos decibéis podem provocar danos à saúde.

� Vibração - É qualquer movimento que o corpo executa em torno de um ponto

fixo. Esse movimento pode ser regular, do tipo senoidal ou irregular, quando não

segue um padrão determinado. Assim como o ruído, pode provocar danos à saúde

se houver exposição em altos decibéis.

� Radiação ionizante - São emissões de energia em diversos níveis, desde a faixa

do visível, passando pelo ultravioleta, raios-X, raios gama, partículas alfa e beta

capazes de em contato com elétrons de um átomo, retirá-los, provocando a

ionização dos mesmos.

� Radiação não ionizante - Ao contrário da anterior, não tem poder de ionização.

Apenas podem ativar todo o conjunto de átomos que recebem esta carga de

energia. São classificadas pelo comprimento de onda de nanômetros a

quilômetros. Conforme a sua freqüência podem ser apenas refletidas e

absorvidas sem conseqüências, a medida que aumentam fazem contrações

cardíacas, debilitação do sistema nervoso central e como efeitos agudos causam

catarata ou até mesmo a morte. Fator determinante é o tempo de exposição. São

exemplos: raios visíveis, infravermelho, microondas, freqüência de rádio, raios

laser.

Page 24: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

23

� Umidade - Faixa de conforto a que corresponde à temperatura de 22 a 26 º C e

umidade relativa do ar entre 45 e 50 %.

� Variações atmosféricas - exposição a temperaturas e climas variáveis e/ou

extremados, pressão atmosférica;

Os profissionais de enfermagem estão diariamente expostos a múltiplos agentes de

riscos físicos, dentre eles:

� Equipamentos ligados as rede elétrica que podem provocar uma sobrecarga

tensional da rede elétrica e acidente de trabalho pela falta de identificação e

padronização dos aparelhos;

� Informação insuficiente sobre o funcionamento de maquinas e equipamentos,

manutenção precária;

� Transporte e deslocamento de pacientes, principalmente pacientes acamados,

obesos, de difícil movimentação.

� Inadequação ao ambiente e aos instrumentos de trabalho: iluminação e

ventilação deficientes, pisos brilhantes, molhados e escorregadios,

� Falhas na sinalização ou identificação de áreas e materiais de risco

radioativo, laser ou outros.

� Falta de programas de prevenção e controle de incêndio e explosões.

As conseqüências causadas pelos fatores de risco físico estão diretamente e

proporcionalmente relacionadas ao tempo de exposição, às concentrações ou

Page 25: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

24

intensidade e características dos agentes, assim como à susceptibilidade individual de

cada profissional exposto. (BULHÕES, 1998)

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera como principais fatores de

risco para os trabalhadores de saúde, radiações ionizantes, ruído, temperatura e

eletricidade. Todavia os demais agentes físicos podem e normalmente estão presentes

no ambiente hospitalar. (BRASIL, 1995)

2.2.2 - RISCOS QUÍMICOS

São classificados como agentes químicos, as substâncias, compostos ou produtos que

possam penetrar no organismo pela via respiratória, ou que, pela natureza da atividade

de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou

por ingestão. (9.1.5.2 – NR 9).

De fato, as exposições ocupacionais envolvem várias substâncias, simultâneas ou

sucessivamente, especialmente aos trabalhadores de enfermagem.

Sob formas diversas, os riscos químicos podem ser:

� Contato com soluções químicas: líquidos, aerossóis, gases, poeiras, vapores;

� Manipulação de substâncias que podem produzir alguma toxicidade em quem os

manipula: alvejantes, chumbo, desinfetantes, anestésicos, compostos químicos,

fotográficos;

� Falhas técnicas quanto à concentração e indicação de desinfetantes ou outras

substâncias;

Page 26: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

25

� Falhas na identificação e sinalização de produtos tóxicos.

Os trabalhadores de saúde estão expostos à enorme variedade de produtos tóxicos.

Centenas de substâncias são de uso hospitalar, todas elas podendo constituir-se em risco

químico. (SILVA, 1996). Anestésicos, esterilizantes, desinfetantes, solventes, agentes

de limpeza, anti-sépticos, detergentes e medicamentos diversos são diariamente

manipulados pelo trabalhador de enfermagem. “Tudo é veneno, não há nada que não

seja veneno. Depende tão somente da dose”, dizia Paracelso (1493 – 1541). Apesar

disso, os efeitos produzidos por essas substâncias são raramente associados à toxicidade

das mesmas.

2.2.3- RISCOS BIOLÓGICOS

Consideram-se agentes biológicos os microorganismos como bactérias, fungos,

parasitas, bacilos, vírus, protozoários e ricketesias dentre outros. (9.1.5.3 – NR 9 c/c IN

84, art. 146, § 2º, III).

Abrangem doenças transmissíveis agudas e crônicas, parasitoses, reações tóxicas e

alérgicas a plantas e animais. Para o trabalhador hospitalar, esse risco é representado

principalmente pelas infecções causadas por bactérias, vírus, fungos, parasitos entre

outros. (COHN, 1985) A enfermagem encontra-se particularmente exposta a riscos

microbiológicos devido ao contato íntimo e freqüente com os pacientes infectados e

conseqüente exposição a materiais biológicos. Podemos destacar os seguintes exemplos:

� Contato com sangue e outros fluidos corporais;

� Manipulação de amostras patológicas;

� Densa população microbiológica hospitalar e resistente, infecções cruzadas;

Page 27: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

26

� Inadequados tratamento e eliminação do lixo;

� Falhas no processo de desinfecção, esterilização e assepsia;

� Deficiência de higiene e de limpeza;

� EPI (Equipamento de Proteção Individual), insuficiência ou falta de material

para se trabalhar com segurança;

� Manipulação de materiais perfuro-cortantes, ocorrência de ferimentos e outras

dermatoses;

� Falta de identificação e sinalização de material infectado;

� Carência ou inadequação de programas de saúde ocupacional com atenção

especial para a biosegurança;

� Inexistência de programas de imunização para os trabalhadores expostos.

2.2.4- RISCOS DE ACIDENTES

Quaisquer fatores que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua

integridade, e seu bem estar físico, mental e social é considerado como risco de

acidente. (COHN, 1985) Sendo eles caracterizados por:

� Jornadas prolongadas de trabalho;

� Turnos alterados ou trabalho noturno e em turnos que provocam um desgaste

levando ao cansaço excessivo do trabalhador;

Page 28: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

27

� Falta de tempo destinado ao descanso e ao lazer;

� Situações conflitantes entre as relações interpessoais (princípios religiosos,

políticos e morais);

� Tensão, estresse, fadiga, trabalho acelerado, fatores geradores de desgaste

emocional, alteração do humor e da relação interpessoal com membros da

equipe;

� Máquinas e equipamentos sem proteção;

� Probabilidade de incêndio e explosão;

� Armazenamento inadequado.

2.2.5- RISCOS ERGONÔMICOS

A ergonomia é uma disciplina que tem por objetivo o estudo cientifico das relações do

homem com o meio ambiente de trabalho, conjugando conhecimentos

multidisciplinares, com o propósito de promover melhorias continuas nas condições de

trabalho. É obrigação do empregador realizar a análise ergonômica do trabalho

avaliando os aspectos relacionados com a saúde do trabalhador. Cada vez mais os

instrumentos e locais de trabalho estão se tornando mais bem adaptados, com

mobilidades e ajustes adequados a fim de proporcionar conforto e bem estar físico e

mental aos trabalhadores. (MARZIALE, 1995)

Qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador,

causando desconforto ou afetando sua saúde é considerado risco ergonômico. São

exemplos:

Page 29: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

28

� Condições e processos de trabalho inadequados;

� Excesso de cargas físicas que podem levar a fadiga e lombalgias;

� Posturas inadequadas;

� Ritmo excessivo de trabalho;

� Levantamento de peso;

� Períodos prolongados numa mesma posição, repetitividade, monotonia.

Page 30: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

29

2.3-PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS OCUPACIONAIS

De acordo com o artigo 3º da Convenção n.º 155 da OIT, o trabalhador tem direito a

redução de todos os riscos que afetam a sua saúde no ambiente de trabalho, sejam eles

físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou psicológicos.

As estratégias para o controle dos riscos devem visar, principalmente, à prevenção, por

meio de medidas de engenharia de processo que introduzam alterações permanentes nos

ambientes e nas condições de trabalho, incluindo máquinas e equipamentos

automatizados que dispensem a presença do trabalhador ou de qualquer outra pessoa

potencialmente exposta em atividades de risco. Dessa forma, a eficácia das medidas não

dependerá do grau de cooperação das pessoas, como no caso da utilização de EPI.

O objetivo principal da tecnologia de controle deve ser a modificação das situações de

risco, por meio de projetos adequados e de técnicas de engenharia que:

� eliminem ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais para

a saúde, como, por exemplo, a substituição de materiais ou equipamentos e a

modificação de processos e de formas de gestão no trabalho;

� previnam a liberação de tais agentes nos ambientes de trabalho, como, por

exemplo, os sistemas fechados, enclausuramentos, ventilação local exaustora,

ventilação geral diluidora, armazenamento adequado de produtos químicos,

entre outras;

� reduzam a concentração desses agentes no ar ambiente, como, por exemplo, a

ventilação local diluidora e limpeza dos locais de trabalho.

Sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis e não

oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenças

Page 31: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

30

profissionais e do trabalho, o equipamento de proteção individual deve ser utilizado

pelo trabalhador como um dos métodos de controle dos riscos no local de trabalho.

Todas as possibilidades de controle das condições de risco presentes nos ambientes de

trabalho por meio de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) devem ser esgotadas

antes de se recomendar o uso de EPI, particularmente no que se refere à proteção

respiratória e auditiva. As estratégias de controle devem incluir os procedimentos de

vigilância ambiental e da saúde do trabalhador. A vigilância em saúde deve contribuir

para a identificação de trabalhadores hipersensíveis e para a detecção de falhas nos

sistemas de prevenção. A informação e o treinamento dos trabalhadores são

componentes essenciais das medidas preventivas relativas aos ambientes de trabalho,

particularmente se o modo de executar as tarefas propicia a formação ou dispersão de

agentes nocivos para a saúde ou influencia as condições de exposição.

Segundo a Norma Regulamentadora (NR-6), Equipamento de

Proteção Individual (EPI) é todo dispositivo de uso individual

destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador,

incluindo luvas, aventais, protetores oculares, faciais e auriculares,

protetores respiratórios e para os membros inferiores. São de

responsabilidade do empregador o fornecimento do EPI adequado ao

risco e o treinamento dos trabalhadores quanto à forma correta de

utilização e conservação.

Para Dejours (1992), condição de trabalho compreende o ambiente físico, o ambiente

biológico, o ambiente químico, as condições de higiene, de segurança, e as

características antropométricas do posto de trabalho. As condições de trabalho

demonstram a interação e o inter-relacionamento das circunstâncias material, psíquica,

biológica e social, sendo influenciadas pelos fatores econômico, técnico e

organizacional do trabalho; compõem o ambiente e propiciam os determinantes da

atividade laboral (GUEDES ; MAURO, 2003).

A Constituição Brasileira de 1988 (BRASIL, 1989) refere que é direito dos

trabalhadores a redução de riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,

Page 32: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

31

higiene e segurança, bem como estão compreendidas, nas atividades do Sistema Único

de Saúde (SUS), as ações de vigilância à saúde do trabalhador e a proteção ao meio

ambiente, nele incluído o ambiente de trabalho.

Os riscos no ambiente de trabalho podem prejudicar o bom andamento dos serviços,

portanto, devem ser identificados, avaliados e controlados de forma adequada. Este

processo deve ser reavaliado e reestruturado pela CIPA, a cada gestão.

O Mapa de Risco é uma representação gráfica de um conjunto de fatores presentes nos

locais de trabalho, capazes de acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores: acidentes e

doenças de trabalho. Tais fatores têm origem nos diversos elementos do processo de

trabalho (materiais, equipamentos, instalações, suprimentos e espaços de trabalho) e a

forma de organização do trabalho (arranjo físico, ritmo de trabalho, método de trabalho,

postura de trabalho, jornada de trabalho, turnos de trabalho, treinamento, etc.).

QUADRO 2 – CORES USADAS NO MAPA DE RISCO E TABELA DE

GRAVIDADE

Fonte: www.uff.br/enfermagemdotrabalho/mapaderisco.htm

O Mapeamento de Risco é um levantamento dos locais de trabalho apontando os riscos

que são sentidos e observados pelos próprios trabalhadores de acordo com a sua

Page 33: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

32

sensibilidade, nos diversos setores da empresa. Trata-se de identificar situações e locais

potencialmente perigosos. A partir de uma planta baixa de cada setor são levantados

todos os tipos de riscos, classificando-os por grau de perigo: pequeno, médio e grande.

(Quadro 2).

É representado graficamente, através de círculos de cores e tamanhos

proporcionalmente diferentes, sobre a planta baixa de cada setor da empresa e deve ficar

afixado em local visível a todos os trabalhadores. (CAMPOS, 2000). (Quadro 3)

QUADRO 3 – EXEMPLO DE MAPA DE RISCO

Fonte: www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/imagem/img- símbolo/37mapa_de_risco.gif

Para a empresa o mapeamento facilita a administração da prevenção de acidentes e de

doenças do trabalho, o ganho da qualidade e da produtividade. Além de proporcionar o

aumento do lucro e informar os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos,

cumprindo os dispositivos legais. Já para o trabalhador, ele propicia conhecimento dos

Page 34: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

33

riscos que podem estar sujeitos os colaboradores e fornece dados importantes relativos à

sua saúde. (CAMPOS 2000).

Conforme a portaria nº5 de 20/08/1992, que foi modificada pelas portarias nº 25 de

29/12/1994 e nº 8 de 23/02/1999, a elaboração de Mapas de Risco é de responsabilidade

das CIPAs e torna-se obrigatório. O seu descumprimento é passível de multa, como

estabelece a portaria nº 26 de 06/05/1998.

Existem importantes instrumentos facilitadores na inclusão adequada de trabalhadores

no nível de empresa, tais como o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

(PCMSO), o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), a Ergonomia, o

Programa de Gestão de Questões Relativas à Deficiência no Local de Trabalho (incluído

no PPRA e PCMSO), dentre outros, que, articulados, integram o conjunto mais amplo

das iniciativas da empresa, no campo da preservação da saúde e da integridade dos

trabalhadores em geral e em especial das pessoas com deficiência. (M.T.E., 2010)

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais ou PPRA é um programa estabelecido

pela Norma Regulamentadora (NR-9), da Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho,

do Ministério do Trabalho que estabelece a obrigatoriedade da elaboração e

implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam

trabalhadores como empregados visando à preservação da saúde e da integridade dos

trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente

controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no

ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos

recursos naturais. (M.T.E.)

As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento da

empresa, sob a responsabilidade do empregador, com a participação dos trabalhadores,

sendo sua abrangência e profundidade dependentes das características dos riscos e das

necessidades de controle. (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO).

As etapas para definição de uma estratégia de controle das condições de risco para a

saúde incluem:

Page 35: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

34

� Identificação e avaliação dos agentes e fatores que podem oferecer risco para

a saúde e para o meio ambiente, incluindo a definição de seu impacto: devem

ser determinadas e localizadas as fontes de risco; as trajetórias possíveis de

propagação dos agentes nos ambientes de trabalho; os pontos de ação ou de

entrada no organismo; o numero de trabalhadores expostos e a existência de

problemas de saúde entre os trabalhadores expostos ao agente. A

interpretação dos resultados vai possibilitar conhecer o risco real para saúde e

a definição de prioridades para a ação;

� Tomada de decisão: resulta do reconhecimento de que há necessidade de

prevenção, com base nas informações obtidas na etapa anterior. A seleção das

opções de controle deve ser adequada e realista, levando em consideração a

viabilidade técnica e econômica de sua implementação, operação e

manutenção, bem como a disponibilidade de recursos humanos e financeiros

e infra estrutura existente. Nesse momento há a caracterização da exposição e

quantificação das condições de risco;

� Planejamento: uma vez identificado o problema, tomada a decisão de

controlá-lo, estabelecidas as prioridades de ação e disponibilizados os

recursos, deve ser elaborado um projeto detalhado quanto às medidas e

procedimentos preventivos a serem adotados. Discussão e definição das

alternativas de eliminação ou controle das condições de risco;

� Implementação e avaliação das medidas adotadas: esta etapa é aplicada após a

implementação do planejamento, ou seja, após a realização dos

procedimentos preventivos, os resultados serão analisados.

O reconhecimento das condições de risco presentes no trabalho pode ser realizado com

o auxilio de metodologias variadas, porém todas elas incluem três etapas fundamentais:

� O estudo inicial da situação;

� Inspeção do local de trabalho para observações detalhadas;

� Análise dos dados obtidos.

Page 36: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

35

O estudo inicial da situação é indispensável para que fatores ou condições de risco não

sejam negligenciados durante a inspeção do local de trabalho, requerendo conhecimento

técnico, experiência e acesso a fontes especializadas e atualizadas de informação.

O estudo preliminar do processo de trabalho, que precede a inspeção, pode ser feito

utilizando as fontes de informação disponíveis (literatura especializada, banco de dados

eletrônicos,...) e por meio de perguntas antecipadas à própria empresa que vai ser

estudada, como, por exemplo, a lista de produtos comprados, com a respectiva taxa de

consumo, como e onde são utilizados, dentre outros.

Assim é possível determinar quais as principais possibilidades de risco, o que será de

grande utilidade e otimizará o tempo durante a inspeção propriamente dita. Concluída a

investigação dos agentes de risco potenciais, que podem ocorrer no local de trabalho, é

necessário verificar quais são seus possíveis efeitos para a saúde. Além disso, também

devem ser consultadas as tabelas contendo os Limites de Tolerância (LT) ou Limites de

Exposição Ocupacional (LEO), pois os valores de exposição permitidos para os

diferentes agentes dão uma idéia do grau de dano que podem causar e são úteis para se

fazer comparações e estabelecer prioridades. (CAMPOS, 2000)

Os limites de tolerância (LT) devem ser utilizados como guia para avaliação e controle

de riscos contra a saúde, não podendo ser interpretados como limites absolutos entre

concentrações seguras e concentrações perigosas. Os LTs exprimem, para cada

substância, a concentração atmosférica abaixo da qual é altamente improvável a

ocorrência de efeitos tóxicos num indivíduo saudável.

As informações relativas ao estado de saúdo do trabalhador, incluindo as queixas,

sintomas observados ou outros efeitos sobre a saúde e alterações precoces nos

parâmetros de saúde ou nos resultados de monitorização biológica, também podem

auxiliar na identificação de condições de risco existentes no ambiente de trabalho. Uma

colaboração estreita entre os responsáveis pelo estudo do ambiente e das condições de

trabalho (higienistas, engenheiros de segurança, ergonomistas) e os responsáveis pela

saúde dos trabalhadores (médicos, psicólogos, enfermeiros do trabalho, toxicologistas) é

indispensável para uma avaliação correta das exposições ocupacionais. O enfoque

multidisciplinar e o trabalho em equipe permitem desvendar relações causais que de

outra forma podem passar despercebidas.

Page 37: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

36

As características gerais do local de trabalho e a possível influência de ambientes

contíguos também devem ser observadas. Situações ainda mais graves podem ocorrer, e

tem ocorrido, quando contaminantes tóxicos são conduzidos, pelo vento ou por um

escape, para pontos de entrada de ar de sistemas de ventilação.

O layout do ambiente deve ser anotado, os postos de trabalho e as tarefas devem ser

observados e analisados. Além de estudar a possível ocorrência de condições de risco no

local de trabalho e os efeitos nocivos que podem causar, é necessário observar as

condições de exposição, que incluem aspectos como as vias de entrada no organismo,

nível de atividade física e o tempo de exposição. A investigação das condições de

exposição também é necessária para a definição da estratégia de amostragem, para uma

avaliação quantitativa correta e o planejamento da prevenção e do controle.

Para os agentes químicos, a influência do tempo de exposição varia para agentes de

ação rápida no organismo ou aqueles de ação crônica. Quando a ação for rápida, mesmo

exposições curtas devem ser evitadas. A exposição a agentes cancerígenos e

teratogênicos deve ser eliminada e estar sob controle rigoroso.(BARBOSA, 1989)

Os princípios básicos da tecnologia de controle, propostos pela Higiene do Trabalho,

podem ser enunciados como:

� Evitar que um agente potencialmente perigoso ou tóxico para a saúde seja

utilizado, formado ou liberado;

� Se isso não for possível, contê-lo de tal forma que não se propague para o

ambiente;

� Se isso não for possível ou suficiente, isolá-lo ou diluí-lo no ambiente de

trabalho; e, em ultimo caso,

� Bloquear as vias de entrada no organismo: respiratória, pele, boca e ouvidos,

para impedir que um agente nocivo atinja um órgão critico, causando lesão.

A cadeia de transmissão do risco deve ser quebrada o mais precocemente possível.

Assim, a hierarquia dos controles deve buscar seqüencialmente, o controle do risco na

fonte; o controle na trajetória (entre a fonte e o receptor) e, no caso de falharem os

anteriores, o controle da exposição ao risco no trabalhador. Quando isso não é possível,

Page 38: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

37

o que freqüentemente ocorre na prática, o objetivo passa a ser a redução máxima do

agente agressor, de modo a minimizar o risco e seus efeitos sobre a saúde.

(ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1977).

A informação e o treinamento dos trabalhadores são componentes importantes das

medidas preventivas relativas aos ambientes de trabalho, particularmente se o modo de

executar as tarefas propicia a formação ou dispersão de agentes nocivos para a saúde ou

influencia as condições de exposição, como, por exemplo, a posição em relação à

tarefa/maquina, a possibilidade de absorção através da pele ou ingestão, o maior

dispêndio de energia, entre outras. Em situações especiais, podem ser adotadas medidas

que limitem a exposição do trabalhador por meio da redução do tempo de exposição,

treinamento específico e utilização de EPI.

Para reconhecer as condições de risco é necessário investigar as possibilidades de

geração e dispersão de agentes ou fatores nocivos associados aos diferentes processos

de trabalho, às operações, às maquinas e a outros equipamentos, bem como às diferentes

matérias- primas, aos produtos químicos utilizados, aos eventuais subprodutos e aos

resíduos. Os possíveis efeitos dos agentes potencialmente presentes sobre a saúde

devem ser estudados. Assim, o conhecimento disponível sobre os riscos potenciais que

ocorrem em determinada situação de trabalho deve ser acompanhado de uma

observação cuidadosa in loco das condições reais de exposição dos trabalhadores.

A eliminação ou a redução da exposição às condições de risco e a melhoria dos

ambientes de trabalho para promoção e proteção da saúde do trabalhador constituem um

desafio que ultrapassa o âmbito de atuação dos serviços de saúde, exigindo soluções

técnicas, às vezes complexas e de elevado custo. Em certos casos, medidas simples e

pouco onerosas podem ser implementadas, com impactos positivos e protetores para a

saúde do trabalhador e o meio ambiente.

É muito importante que os trabalhadores participem de todas as fases desse processo,

pois em muitos casos, a despeito das de toda sofisticação técnica, apenas os

trabalhadores são capazes de informar sutis diferenças entre o trabalho prescrito1 e o

1 Trabalho prescrito (ou tarefa) refere-se ao que é esperado no âmbito de um processo de trabalho específico. É vinculado, de um lado às regras e objetivos fixados pela organização do trabalho, e de outro, às condições dadas. Indica aquilo que se deve fazer num determinado processo de trabalho.

Page 39: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

38

trabalho real2, que explicam o adoecimento e o que deve ser modificado para que se

obtenham os resultados desejados.

O reconhecimento das condições de risco no trabalho envolve um conjunto de

procedimentos que visam a definir se existe ou não um problema para a saúde do

trabalhador e, no caso afirmativo, a estabelecer sua provável magnitude, a identificar os

agentes potenciais de risco e as possibilidades de exposição. É uma etapa fundamental

do processo que, apesar de sujeita às limitações dos recursos disponíveis e a erros,

servirá de base para a decisão quanto às ações a serem adotadas e para o

estabelecimento de prioridades. Reconhecer o risco significa no ambiente de trabalho,

fatores ou situações com potencial de dano, isto é, se existe a possibilidade de dano.

Avaliar o risco significa estimar a probabilidade e a gravidade de que o dano ocorra.

Para os fins de aplicação da NR 6 (Norma Regulamentadora 6) , considera-se EPI, todo

dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à

proteção de riscos susceptíveis de ameaçar a segurança e saúde no trabalho.

(MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO)

A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco,

em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem

geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de

doenças profissionais e do trabalho; enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem

sendo implantadas e para atender a situações de emergência. (M.T.E)

2.3.1- PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS FÍSICOS

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), instituído pela NR-09 do

Ministério do trabalho desde 1994, é um programa gerencial elaborado pela empresa,

que deve abranger todos os seus trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade

2 2-Trabalho real (ou atividade) pode-se dizer que é aquilo que é posto em jogo pelo(s) trabalhador (es) para realizar o trabalho prescrito (tarefa). O que é experienciado pelos trabalhadores.

Page 40: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

39

dependentes das características dos riscos e das necessidades de controle (Ministério do

trabalho e emprego).

Esta Norma Regulamentadora – NR 09 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e

implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam

trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais -

PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da

antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos

ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em

consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. (Portaria SSST n.º

25, 29 de dezembro de 1994)

O cumprimento do PPRA é uma maneira eficaz de prevenção e controle da exposição

de trabalhadores aos riscos físicos existentes no ambiente laboral. Este programa inclui

as seguintes etapas:

� Antecipação e reconhecimento dos riscos;

� Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;

� Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;

� Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia;

� Monitoramento da exposição aos riscos;

� Registro e divulgação dos dados.

2.3.2- PREVENÇÃO E CONTROLE DO RISCO QUÍMICO

Em 1990 a OIT adotou o convênio n° 170 sobre produtos químicos e incluiu no mesmo

algumas medidas preventivas. São elas:

Page 41: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

40

� Classificação – introdução de critérios específicos e sistemas adequados para

classificação de todas as substâncias químicas, em virtude do tipo e do grau

de seus riscos intrínsecos. Esses critérios devem ser estabelecidos pela

autoridade competente do país;

� Registro de dados e rotulagem de todas as substâncias químicas usadas no

hospital, como elaboração de fichas informativas detalhadas sobre

identificação, classificação, riscos, medidas de prevenção e procedimentos de

emergência;

� Controle operacional - escolha de substância de menor risco e de tecnologia

segura: adoção de medidas adequadas de higiene do trabalho; sinalização

adequada de risco; fornecimento e manutenção adequada de equipamentos e

roupas de proteção individual e adoção de medidas para garantir o uso correto

desses EPIs; prestação de primeiros socorros e medidas necessárias para

controle em situações de emergência;

� Informação e treinamento contínuo sobre risco químico e uso seguro das

substâncias com as quais se trabalha;

� Eliminação segura de dejetos químicos;

� Monitoramento da exposição. O comitê misto CCE/NIOSH/OSHA define

monitorização biológica como “a medida e a avaliação de agentes químicos

ou de seus produtos de biotransformação em tecidos, secreções, excreções, ar

exalado ou alguma combinação desses para estimar a exposição ou risco à

saúde quando comparados com uma referência apropriada.” Seu objetivo é

prevenir a exposição excessiva aos agentes tóxicos, evitando efeitos nocivos,

agudos ou crônicos. A realização de exames médicos periódicos serve para

identificar e proteger as pessoas portadoras ou com história de doenças

passíveis de serem agravadas pela exposição à determinada substância com a

qual se vai trabalhar;

� Adoção de comportamento de segurança por parte do trabalhador: uso correto

de EPIs, obediência às normas técnicas de procedimento.

Page 42: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

41

Além dessas medidas, cabe lembrar ao trabalhador de enfermagem a advertência de

Emil Mark: “Não existem substâncias químicas seguras existem apenas maneiras

seguras de utilizá-las”.

2.3.3- PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS BIOLÓGICOS

Prevenção e controle de riscos biológicos baseiam-se em conhecimentos diversos,

envolvendo principalmente os de higiene e biossegurança do trabalho, educação,

administração, engenharia e até recursos legislativos. A correta observação das normas

básicas de higiene hospitalar é suficiente para prevenção e controle das infecções.

(Barbosa, 1989)

Cresce o consenso sobre a necessidade de se oferecer a todos os trabalhadores de saúde,

programas sobre a prevenção da infecção como parte obrigatória da formação, portanto

antes da permissão para o exercício profissional e, ainda, como educação continuada,

para acompanhar a evolução das necessidades e dos conhecimentos. Fornecimento de

EPI e controles periódicos de saúde, por exemplo, são obrigações do empregador

irresponsavelmente negligenciadas.

Os estudos sobre acidentes de trabalho mostram que as regras de segurança são

insuficientes se os materiais não são corretamente utilizados e se a organização do

trabalho impede a sua aplicação.

A lavagem das mãos, regra fundamental de higiene, é muitas vezes dificultada entre

nós, pela falta de sabão, ou pela má localização de pias e torneiras, sem esquecer os

problemas de contaminação após lavagem, se métodos impróprios de secagem das mãos

são empregados. Além do mais, respeitar as regras de higiene significa, entre outras

coisas, lavar freqüentemente as mãos.

Em geral, as recomendações para prevenção e controle de acidentes com perfuro-

cortantes reforçam a necessidade de:

Page 43: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

42

� Melhoria constante da segurança do material utilizado. Criação e colocação

em uso de materiais com dispositivos capazes de impedir a reutilização de

agulhas, dispensando recolocação manual do protetor.

� Adoção de comportamento de segurança para limitar o contato com o

material infectado. Jamais reencapar agulhas, não desprender as agulhas das

seringas, não desarticular lâminas de bisturi com as mãos. Utilizar recipiente

resistente, imperfurável, inviolável, e icinerável para descarte dos perfuro-

cortantes. Os instrumentos reutilizáveis devem ser lavados e esterilizados ou

desinfetados de acordo com as normas estabelecidas.

2.3.4. PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS DE ACIDENTES

Entende-se por segurança no trabalho todas as medidas e formas de proceder que visem

à eliminação dos riscos de acidentes. Mas, os riscos são inerentes à vida e à atividade

humana. Têm, por isso, a característica da onipresença, alcançando dimensões

universais. Os acidentes espreitam-nos por toda a parte. São mais numerosos hoje que

antigamente, em virtude da diversificação das atividades humanas. (VANDILCE, 2001)

A conscientização e a formação dos trabalhadores no local de trabalho são a melhor

forma de prevenir acidentes, a que acresce a aplicação de todas as medidas de segurança

coletiva e individual inerentes à atividade desenvolvida. Os custos dos acidentes de

trabalho, para os trabalhadores acidentados e para as empresas, são elevadíssimos.

Prevenir quer na perspectiva do trabalhador quer na do empregador, é a melhor forma

de evitar que os acidentes aconteçam. As ações e medidas destinadas a evitar acidentes

de trabalho estão diretamente dependentes do tipo de atividade exercida, do ambiente de

trabalho e das tecnologias e técnicas utilizadas.

(www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/prevencao/acidentestra

balho.htm)

Page 44: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

43

Para ser eficaz, a Segurança deve atuar sobre homens, máquinas e instalações, levando

em conta todos os pormenores relativos às atividades humanas. (DUCA, 1983)

2.3.5- PREVENÇÃO E CONTROLE DOS RISCOS ERGONÔMICOS

De acordo com a Ergonomics Research Society (1949), “Ergonomia é o estudo do

relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e,

particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na

solução dos problemas surgidos desse relacionamento”. Já para Wisner (1987),

“Ergonomia é o conjunto dos conhecimentos científicos relacionados ao homem e

necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser

utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência”. Mais tarde (1994), o

mesmo autor reformula sua definição colocando o saber do trabalhador no mesmo nível

do saber tecno-científico e como condição indispensável para o sucesso da ação

ergonômica: “Ergonomia é arte na qual são utilizados o saber tecno-científico e o saber

dos trabalhadores sobre sua própria situação de trabalho”.

A NR17 (Norma Regulamentadora) visa a estabelecer parâmetros que permitam a

adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos

trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e

desempenho eficiente.

As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e

descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do

posto de trabalho e à própria organização do trabalho. Para avaliar a adaptação das

condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao

empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no

mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma

Regulamentadora.

Page 45: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

44

2.4. ATENÇÃO A SAÚDE DOS TRABALHADORES DE

ENFERMAGEM

No plano internacional, desde os anos 70, documentos da OMS, como a declaração de

Alma Ata e a proposição da Estratégia da Saúde para todos, tem enfatizado a

necessidade de proteção e promoção da saúde e da segurança no trabalho, mediante a

prevenção e o controle dos fatores de risco presentes nos ambientes de trabalho (OMS,

1995).

Historicamente, os trabalhadores da área da saúde não eram considerados como

categoria profissional de alto risco para acidentes do trabalho. A preocupação com os

riscos biológicos surgiu, somente, a partir da epidemia da HIV/AIDS nos anos 80, onde

foram estabelecidas normas para as questões de segurança no ambiente do trabalho.

O trabalho seguro e salubre é um dos direitos sociais fundamentais garantidos pela

Constituição Federal de 1988, Artigo 7º Alínea XXII. Entre os determinantes da saúde

do trabalhador, estão compreendidos os condicionantes sociais, econômicos,

tecnológicos e organizacionais responsáveis pelas condições de vida e os fatores de

riscos ocupacionais – físicos, químicos, biológicos, mecânicos e aqueles decorrentes da

organização laboral - presentes nos processos de trabalho. Assim, as ações de saúde do

trabalhador têm como foco as mudanças nos processos de trabalho que contemplam as

relações saúde-trabalho em toda a sua complexidade, por meio de uma atuação

multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial.

A condição de trabalho vivida pelos profissionais de enfermagem, especialmente em

instituições hospitalares, tem acarretado agravos à saúde, geralmente provenientes do

ambiente de trabalho, da forma de organização e das atividades insalubres que

executam. Esta situação tem causado prejuízos não só aos trabalhadores, mas também a

instituições empregadoras e à prestação de assistência em todo do mundo. Os hospitais

são organizações altamente complexas, tanto pelos serviços prestados como pela

diversidade de trabalhadores. (SILVA +MARZIALE, 2003 apud PITTA, 1990).

Page 46: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

45

Para Nischide ET AL (2004), o ambiente de trabalho hospitalar tem sido considerado

insalubre por agrupar pacientes portadores de diversas enfermidades infectocontagiosas

e viabilizar muitos procedimentos que oferecem riscos de acidentes e doenças para os

trabalhadores da saúde. Poucos locais de trabalho são tão complexos como um hospital.

Além de prover cuidados básicos de saúde a um grande número de pessoas, muitos são

freqüentemente centros de ensino e pesquisa.

Mesmo susceptíveis a todos esses riscos, a enfermagem não recebe assistência adequada

e não há um programa preventivo para esse grupo de trabalho. Além disso, os

profissionais de enfermagem são caracterizados como um grupo de profissionais com

sobrecarga de trabalho, baixa remuneração, diferenças salariais, sem tempo disponível

para a família e o laser. Estas condições juntamente com os riscos promovem o

surgimento de doenças e acidentes de trabalho. (SILVA, 1996)

É fundamental que os serviços de saúde e segurança dos trabalhadores dos hospitais

tomem consciência da importância da implementação de medidas de prevenção, com

vista a eliminar ou minimizar os riscos ocupacionais nos diferentes setores hospitalares.

A assistência à saúde do trabalhador tem sido desenvolvida em diferentes espaços

institucionais, com objetivos e práticas distintas:

� Pelas empresas, por meio dos Serviços Especializados em Segurança do

Trabalho (SESMT) e outras formas de organização de serviços de saúde;

� Pelas organizações de trabalhadores;

� Pelo Estado, ao implementar as políticas sociais públicas, em particular a de

saúde, na rede publica de serviço de saúde;

� Pelos planos de saúde, seguros suplementares e outras formas de prestação de

serviços, custeados pelos próprios trabalhadores;

� Pelos serviços especializados organizados no âmbito dos hospitais universitários.

Page 47: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

46

Conforme a NR 4 que determina a criação do Serviços Especializados em Engenharia

de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), empresas privadas ou públicas,

que possuam empregados regidos pela CLT, manterão obrigatoriamente Serviços

Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a

finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de

trabalho, vinculados à graduação do risco da atividade principal e do número total de

empregados do estabelecimento. (MINSTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO)

Contrariando o propósito formal para o qual foram constituídos, os SESMTs operam

sob a ótica do empregador, com pouco ou nenhum envolvimento dos trabalhadores na

sua gestão. Nos setores produtivos mais desenvolvidos, do ponto de vista tecnológico, a

competição no mercado internacional tem estimulado a adoção de políticas de saúde

mais avançadas por exigências de programas de qualidade e certificação.

No âmbito das organizações de trabalhadores, a luta sindical por melhores condições de

vida e trabalho conseguiu alguns avanços significativos nos anos 80, sob inspiração do

novo sindicalismo, ainda que de modo desigual no conjunto da classe trabalhadora.

Entretanto, a atuação sindical neste campo tem sofrido um refluxo na atual conjuntura,

em decorrência das políticas econômicas e sociais em curso no país que deslocam o eixo

das lutas para a manutenção do emprego e a redução dos impactos sobre o poder de

compra dos trabalhadores. Como conseqüências, na atualidade, podem ser observadas

práticas diversificadas, desde atividades assistenciais tradicionais até ações inovadoras e

criativas, que enfocam a saúde de modo integral.

Condições não ideais nos ambientes de trabalho afetam a saúde do trabalhador que,

exposto a riscos (físicos, organizacionais ou psicossociais) tem o seu desempenho

comprometido assim como o seu interesse no serviço. (SILVA, 1996)

Na visão de Triolo (1989), os enfermeiros que trabalhavam em hospitais enfrentaram

vários riscos de danos a saúde tais como: sobrecarga física e mental, ambigüidade de

atribuições, precariedade dos horários de trabalho e clientela amedrontada e ansiosa,

que podem ser considerados como fortes geradores de estresse.

A característica do trabalhador em enfermagem mais fortemente apontada como fonte

de estresse refere-se à sobrecarga do trabalho, proveniente de nível elevado de

Page 48: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

47

demandas físicas, mentais e psíquicas (Silva e Bianchi, 1992; FONG 1993) Apud

Araujo (1998).

Considerando que o trabalho de enfermagem é desempenhado majoritariamente por

mulheres, dificuldades e conflitos vivenciados na conciliação entre atribuições

profissionais e responsabilidades familiares também são destacados como estressores

relevantes (Bulhões, 1998)

O trabalho hospitalar não é saudável, e a enfermagem é uma das profissões mais

prejudicadas. Pelo seu histórico de prestação de serviço por religiosas, a enfermagem

até pouco tempo era vinculada ao devotamento e a abnegação. Atualmente há uma

maior preocupação científica em estudar e minimizar os riscos existentes das atividades

rotineiras, onde se observa muitas conformidades ergonômicas, exposição a riscos

químicos, físicos e biológicos fazendo parte do dia a dia deste profissional. (BULHÕES,

1994).

Em termos de segurança e saúde do trabalhador, há duas legislações distintas a serem

cumpridas pelas empresas: a trabalhista e a previdenciária. Na trabalhista, estão

disciplinados os adicionais de insalubridade e periculosidade e as Normas

Regulamentadoras em Segurança e Medicina do Trabalho do Ministério do Trabalho

(NRs). As 33 NRs disciplinam os diversos temas voltados à segurança e à saúde do

trabalhador, prescrevendo multas pelo seu descumprimento. Já a legislação

previdenciária regulamenta a aposentadoria especial e seus vários reflexos.

Os Ministérios da Previdência e do Trabalho são os responsáveis pela definição de

atividades com risco ocupacional e sua fiscalização. O adicional de insalubridade é

devido ao trabalhador exposto aos agentes físicos, químicos e biológicos que ponham

em risco a sua saúde. Este adicional remunera a probabilidade da doença ocupacional,

antes de sua manifestação. Se o trabalhador já estiver doente, cabe a ação indenizatória

na justiça trabalhista, bem como ação reparatória de dano moral. A periculosidade, ou

seja, a exposição a agentes inflamáveis, explosivos, à eletricidade e às radiações

ionizantes que representem perigo de morte, incapacidade e lesão, também é

remunerada por meio de adicional. Como o adicional anterior, o de periculosidade

remunera a probabilidade do acidente, antes de sua ocorrência.

Page 49: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

48

2.5. SITUAÇÃO DE SAÚDE DOS TRABALHADORES NO BRASIL

A saúde do trabalhador no Brasil passou a ter nova definição e novo delineamento

institucional a partir da Constituição Federal de 1988 com a instituição do Sistema

Único de Saúde (SUS) e sua incorporação como área de competência própria da saúde.

Em seu artigo 7º, a Constituição define os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,

enfatizando como princípio constitucional, no inciso: XXII, a redução dos riscos

inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.

Os ambientes de trabalho estão a atravessar mudanças significativas devido à aplicação

de novas tecnologias, materiais e processos de trabalho. As alterações ao nível da

concepção, organização e gestão do trabalho podem criar novas áreas de risco

susceptíveis de gerar um maior nível de estresse e, em última análise, originar uma

grave deterioração da saúde mental e física. Segundo estudos, os principais riscos

psicossociais estão relacionados com novas formas de contratos de trabalho,

insegurança no emprego, intensificação do trabalho, exigências emocionais elevadas,

violência no trabalho e difícil conciliação entre a vida profissional e a vida privada.

Os grandes volumes de trabalho e os horários de trabalho inflexíveis dificultam ainda

mais a conciliação entre a vida profissional e a vida privada, sobretudo para as mulheres

que, muitas vezes, são obrigadas a acumular a atividade profissional e as tarefas

domésticas. Esta situação pode causar stress e ter outros efeitos negativos sobre a saúde

dos trabalhadores, especialmente quando estes não têm possibilidade de ajustar as

condições de trabalho às suas necessidades pessoais. (BULHÕES, 1998)

As instituições hospitalares brasileiras começaram a se preocupar com a saúde dos

trabalhadores no início da década de 70, quando pesquisadores da Universidade de São

Paulo (USP) enfocaram a saúde ocupacional de trabalhadores hospitalares.

No Brasil, as relações trabalho e saúde do trabalhador conformam um mosaico

coexistindo múltiplas situações de trabalho caracterizadas por diferentes formas de

organização e gestão, relações e formas de trabalho, que se refletem sobre o viver, o

adoecer e o morrer dos trabalhadores.

Page 50: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

49

Essa diversidade de situações de trabalho, padrões de vida e de adoecimento tem se

acentuado em decorrências das conjunturas política e econômica. O processo de

reestruturação produtiva, em curso acelerado no país a partir da década de 90, tem

conseqüências, ainda pouco conhecidas, sobre a saúde do trabalhador decorrente da

adoção de novas tecnologias, de métodos gerenciais e da precarização das relações de

trabalho.

A precarização do trabalho caracteriza-se pela desregulamentação e perda dos direitos

trabalhistas e sociais, a legalização dos trabalhos temporários e da informalização do

trabalho.

A terceirização no contexto da precarização tem sido acompanhada de praticas de

intensificação do trabalho e/ou aumento da jornada de trabalho, com acúmulo de

funções, maior exposição a fatores de risco para a saúde, descumprimento de

regulamentos da proteção à saúde e segurança, rebaixamento dos níveis salariais e

aumento da instabilidade no emprego.

Agulhas, tesouras, bisturis e pinças, fazem parte do trabalho diário do pessoal de

enfermagem, assim como picadas e cortes acidentais produzidos por esses materiais,

também. Grande variedade de doenças infecciosas pode ser transmitida pelo sangue e

acidentes permitindo contato com o mesmo representam significativo fator de risco.

Além disso, um dos grandes problemas desse tipo de acidente é o de serem quase

sempre negligenciados e, por isso, sequer convenientemente socorridos ou registrados

como acidente de trabalho. Sem registros, ou com registros esporádicos pouco

confiáveis, não se tem qualquer idéia da dimensão desse problema no Brasil.

Para os profissionais de enfermagem é notório o desgaste físico devido à necessidade de

grande esforço para a realização de algumas atividades. As queixas de dores musculares

e a incidência de casos de DORT (distúrbios ósteo-musculares relacionados ao trabalho)

também são freqüentes. Ausência de equipamentos adequados e o uso de outros que não

estão em condições ideais agravam mais esta situação. (MARZIALE, 1995)

Situações como as citadas anteriormente geram certo descontento por parte dos

trabalhadores principalmente porque a remuneração não é satisfatória. Com o trabalho

Page 51: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

50

de turno, fica favorável aos mesmos procurar outros empregos para complemento de

renda, prejudicando por vezes o seu rendimento.

A adoção de novas tecnologias e métodos gerenciais facilita a intensificação do trabalho

que, aliada à instabilidade no emprego, modifica o perfil de adoecimento e sofrimento

dos trabalhadores, expressando-se, entre outros, pelo aumento da prevalência de

doenças relacionadas ao trabalho, como as LER (lesão por esforço repetitivo), também

denominadas de DORT; o surgimento de novas formas de adoecimento mal

caracterizadas, como o estresse e a fadiga física e mental e outras manifestações de

sofrimento relacionadas ao trabalho. (CHAMMÉ, 2997)

Embora as inovações tecnológicas tenham reduzido a exposição a alguns riscos

ocupacionais em determinados ramos de atividade, contribuindo para tornar o trabalho

nesses ambientes menos insalubre e perigoso, constata-se que outros riscos são gerados.

A difusão dessas tecnologias avançadas na área da química fina, na indústria nuclear e

nas empresas de biotecnologia que operam com organismos geneticamente modificados,

por exemplo, acrescenta novos e complexos problemas para o meio ambiente e a saúde

publica do país. Esses riscos são ainda pouco conhecidos, sendo, portanto de controle

mais difícil.

Page 52: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

51

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo nos mostra que para atingir uma boa qualidade de vida, o homem necessita

viver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado, principalmente o meio de

trabalho onde ele passa a maior parte do seu tempo. A legislação vem, com o passar do

tempo, atuando para garantir o ambiente de trabalho saudável, assegurando assim os

direitos fundamentais do ser humano: o direito a saúde, complemento inseparável do

direito a vida.

Na esfera do Direito do Trabalho, a manutenção do ambiente de trabalho saudável é

direito do trabalhador e dever do empregador. A empresa tem o dever de cumprir e fazer

cumprir as Normas de Segurança e Medicina do Trabalho. Ouvir os próprios

trabalhadores falando de seu trabalho, de suas impressões e sentimentos em relação ao

trabalho, de como seu corpo reage no trabalho e fora dele, é de fundamental importância

para a identificação das relações saúde-trabalho-doença.

Através dos estudos realizados pode-se observar que as conquistas alcançadas pelo

empregado através de Leis, Portarias, Decretos e das Normas Regulamentadoras, foram

extremamente importantes no sentido de encontrar medidas que venham diminuir os

riscos de acidente de trabalho.

Concluiu-se que são necessárias mudanças no ambiente de trabalho para minimizar os

riscos no ambiente laboral, além de treinamento, conscientização de práticas seguras e

fornecimento de dispositivos de segurança aos trabalhadores. Este estudo possibilitou

identificar e avaliar os riscos ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores de

enfermagem de uma unidade de terapia intensiva durante sua jornada de trabalho, bem

como identificar a utilização do EPI entre estes trabalhadores. Quanto ao conhecimento

dos mesmos sobre a exposição aos riscos de acidentes na assistência ao paciente e seu

ambiente de trabalho, constatou-se que os trabalhadores conhecem os riscos a que estão

expostos através do grau de exposição pela prática cotidiana do seu trabalho. Observou-

se que deve haver uma política institucional para o fornecimento individual do

equipamento de proteção, um efetivo programa de conhecimento dos riscos nos locais

Page 53: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

52

de trabalho, orientação e conscientização do trabalhador, além de controle permanente

do uso e reposição do material.

Evidenciou-se também que os riscos em UTI estão relacionados, principalmente, aos

procedimentos de assistência ao paciente e também aos riscos ocupacionais existentes

no ambiente laboral. Portanto todas as medidas possíveis de serem adotadas para

minimizar os riscos de acidentes devem ser consideradas. Também deve haver uma

concentração de esforços e recursos para reconhecimento dos riscos no ambiente de

trabalho, treinamento e conscientização de práticas seguras e fornecimento de forma

contínua e uniforme dos dispositivos de segurança aos trabalhadores da área da saúde.

Page 54: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

53

4. REFERÊNCIAS

BAHIA, Governo do Estado. Manual de Normas e Procedimentos Técnicos para a

Saúde do Trabalhador. 3ª edição. Salvador- BA: Secretaria de Saúde. 2002

BARBOSA, A. Riscos ocupacionais em hospitais: um desafio aos profissionais da

área de saúde ocupacional. 1989. 126f. Dissertação (Mestrado em Ciências da

Enfermagem) - Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Santa Catarina,

Florianópolis.

BENATTI, MCC, Nishide VM. Elaboração e implantação do mapa de riscos

ambientais para prevenção de acidentes do trabalho em uma unidade de terapia

intensiva de um hospital universitário. Revista Latino Americana de Enfermagem

2000; 8(5):13-20.

BENATTI, M. C. C. Acidente do trabalho em um Hospital Universitário: um estudo

sobre a ocorrência e os fatores de risco entre trabalhadores de enfermagem. 1997. 239f.

Tese (Doutorado em Enfermagem) - Escola de Enfermagem, Universidade de São

Paulo, Ribeirão Preto.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Senado Federal,

1988.

BRASIL, Ministério da Saúde. Doenças Relacionadas ao trabalho. In Manual de

procedimentos para os serviços de saúde. Brasília, Editora MS, 2001.

BULHÕES,Ivone. Avaliação de Saúde em Enfermagem do Trabalho. Rio de Janeiro:

Ideas, 1989.

BULHÕES, Ivone. Riscos do trabalho de enfermagem. 2ª edição – Rio de Janeiro,

1998. p 41

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.

Brasília, DF: Senado, 1988.

Page 55: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

54

BRASIL. Decreto nº. 611, de 21 de julho de 1992. // Dá nova redação ao regulamento

dos Benefícios da Previdência Social // Lcx : Coletânea de Legislação e Jurisprudência,

São Paulo, v. 56, p. 488, jul./set. 1992.

BRASIL. Lei nº. 8.080, de 19 de setembro de 1999. Dispõe sobre as condições para

a promoção proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos

serviços correspondentes e dá outras providências. In: ___________. O SUS e o

controle social: guia de referência para conselhos municipais. Brasília: Ministério

da Saúde, 1998.

BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Doenças Transmissíveis/AIDS.

Procedimentos frente a acidentes de trabalho com exposição a material potencialmente

contaminado com o vírus da AIDS (HIV). Bol. Epidemiol. AIDS. Brasília, v. 4, n. 3, p.

3 – 5, jul./ago. 1996.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência a Saúde. Segurança no

ambiente hospitalar. Brasília: Secretaria de Assistência a Saúde, 1995.

BRASIL. Ministério da Saúde. Semana Epidemiológica 48/49 a 22/00 – dezembro/1999

a junho/2000. Boletim Epidemiológico – AIDS. Brasília, v. 13, n. 1, 2000.

BRIOSCHI, M. L. et al. Risco de contaminação por HIV em profissionais de saúde

de um Pronto Socorro. J. Bras. Med., Rio de Janeiro, v. 2, n. 4, p. 109-121, abr. 1997.

BULHÕES, I. Riscos do trabalho em enfermagem. Rio de Janeiro: [s.n.], 1994.

221p.

CAMPOS, Armando. CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes: Uma

nova abordagem. 2ª edição. São Paulo: SENAC, 2000.

CARDO, D. M.; BELL, D.M. Blood borne pathogen transmission in health care

workers, risk and prevention strategies. Infect. Dis. Clin. North. Am. v. 11, n 2, p.

331-46, June 1997.

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Surveillance of Health

Care Workers with HIV?AIDS. Disponível em: <http://www.cdc.gov > Acesso em:

20 de setembro de 2008.

Page 56: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

55

CHAMMÉ, S. J. Saúde: um processo em constante construção. 1997. 174f., Tese

(Livre-docência) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estado de São

Paulo, Marília.

COHN, A. ET al. Acidentes de trabalho: uma forma de violência. São Paulo:

Brasiliense, 1985. 159 p.

Curso de Supervisores de Segurança do Trabalho. São Paulo: FUNDACENTRO,

1981.

DUCA, Antonio Cândido de Lara; LAGANÁ, Lizzie da Silva Telles. Saúde e

Segurança do Trabalho: Atuação Interdisciplinar para a otimização da Qualidade

de Vida. Revista Telebrás, Nov., 1983

FACCHINI, L. A. Uma contribuição da epidemiologia: o modelo da determinação

social aplicado à saúde do trabalhador. In: ROCHA, L. E.; RIGOTTO, R. M.

BUSCHIMELLI, J. T. P. (Org.). Isto é trabalho de gente? Vida, doença e trabalho no

Brasil. Petrópolis: Vozes, 1994b. p. 178-186.

ÍNDICES de acidentes de trabalho em 2000. Revista da CIPA. Disponível em <http://

www.cipanet.com.br/indacid7.asp> Acesso em: 02 de setembro 2008

LAURELL, A. C.; NORIEGA, M. Processo de produção e saúde: trabalho e desgaste

operário. São Paulo: HUCITEC, 1989.

MAGALHÃES, Ligia Balthazar. O papel do Serviço Social no Trabalho para a

Prevenção de Acidentes. Revista Tendências do Trabalho, Nov., 1994.

MARZIALE e MHP. Condições ergonômicas da situação de trabalho, do pessoal de

enfermagem, em uma unidade de internação hospitalar. [tese]. Ribeirão Preto:

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP; 1995.

McCORMICK, R. D. et al. Epidemiology of hospital sharps injuries a 14 years

prospective study in the pré-AIDS and AIDS eras. AM. J. Med., New York, v. 91,

suppl. 3B, p. 301S - 307S, 1.991. Supplement. 3B.

Page 57: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

56

MCCULLOUGH, Winifred. Ambiente do Trabalho: Produtividade – Higiene –

Segurança. Fórum: Rio de Janeiro.

MENDES, R.; DIAS, E. C. Saúde dos trabalhadores. In: ROUQUAYROL, M. Z.;

ALMEIDA FILHO, N. Epidemiologia e saúde. Rio de Janeiro: MEDSI, 1999. p.

431–458.

Ministério do Trabalho. Normas regulamentadoras: segurança e medicina do trabalho.

48ª ed. São Paulo: Atlas; 2001.

MIRANDA, Carlos Alberto. Introdução à Saúde no Trabalho. São Paulo: Atheneu,

1998.

NISHIDE, VM; MALTA, MA, AQUINO, KS. Aspectos organizacionais em UTI. In:

Cintra

EA, NISHIDE, VM, Nunes WA. Assistência de enfermagem ao paciente crítico. São

Paulo: Atheneu; 2000. p. 13-27.

OLIVEIRA,Maria Conceição Peixôto. Riscos e agravos à saúde do trabalhador de

enfermagem na área de saúde mental. SALVADOR: Universidade federal da Bahia,

2000.

OLIVEIRA, M. G.; MAKARON, P. E.; MORRONE, L. C. Aspectos epidemiológicos

dos acidentes de trabalho em um hospital geral. Rev. Bras. Saúde Ocup., Brasília, v.

10, n. 40, p. 26-30, 1982.

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Métodos utilizados para establecer

niveles admisibles de exposición profesional a los agentes nocivos. Ginebra: OMS,

1977. Série Informes Técnicos, 601.

PAIXÃO, Floriceno. Segurança e Higiene do Trabalho. Porto Alegre: Síntese, 1976.

PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

1995. 596 p.

Page 58: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

57

PETROBRÁS.Manual de Organização e Procedimentos de Enfermagem do trabalho.

Rio de Janeiro : Petrobrás S/A, 1988.

PINTO, Antonio Luiz de Toledo, “ET ALL”. Consolidação das Leis de Trabalho. 27ª

ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

PITTA, A. M. F. Hospital: dor e morte como ofício. 3.ed. São Paulo: HUCITEC,

1999.

Prevenção de Acidentes do Trabalho para componentes da CIPA. Rio de Janeiro:

SENAI – Departamento Nacional, 1984.

REDE FERROVIÁRIA FEDERAL. Enfermagem do trabalho. São Paulo: [s.n.],1984

RIGOTTO, R. M. Investigando saúde e trabalho. In: ROCHA, L. E. ET al. (Org.). Isto

é trabalho de gente? vida, doença e trabalho no Brasil. São Paulo: Vozes, 1993.

ROUQUAYROL, M. Z.; GOLDBAUM, M. Epidemiologia, história natural e

prevenção de doenças. In: ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia & Saúde. 5.ed.

Rio de Janeiro: MEDSI, 1999. p.15-30.

ROWE, M. P.; GIUFFRE M. Evaluating needlestick injuries in nursing personnel.

AAOHNJ , Thorofore, v. 39, n. 11, p. 503-7, November 1991.

SAAD, Eduardo Gabriel. Consolidação das Leis do Trabalho: comentada. 34ª ed. São

Paulo: LTr, 2001, 1993.

SANTANA, Jose Arnaldo Clemente de. Afastamento do trabalho por doença e

profissionais de enfermagem de um hospital público. Salvador:UFBA – ISC – SESAB,

2006.

SÊCCO, I. A. O.; GUTIERREZ, P. R. Notificações de acidentes de trabalho em

Universidade Estadual do Paraná, de 1995 a 2000: uma contribuição à saúde do

trabalhador. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM , 53., 2001,

Curitiba. // Anais ... Curitiba: Associação Brasileira de Enfermagem, 2001 a. // (CD-

ROM).

Page 59: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

58

SÊCCO, I. A. O.; GUTIERREZ, P. R. Acidentes de trabalho e riscos ocupacionais em

Hospital Escola Público: estudo das notificações. . IN: CONGRESSO BRASILEIRO

DE ENFERMAGEM , 53., 2001, Curitiba. // Anais ... Curitiba: Associação Brasileira

de Enfermagem, 2001b. // (CD-ROM).

SÊCCO, I. A. O. et al. Estudo sobre as notificações de acidentes de trabalho com

material biológico na equipe de enfermagem de Hospital Universitário. . IN:

CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM , 53., 2001, Curitiba. // Anais ...

Curitiba: Associação Brasileira de Enfermagem, 2001c. // (CD-ROM).

SILVA, V. E. F. O desgaste do trabalhador de enfermagem: estudo da relação

trabalho de enfermagem e saúde do trabalhador. 1996. 289f. Tese (Doutorado em

Enfermagem) - Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo.

STELLMAN, Jeanne M., Daum, Susan M. Trabalho e Saúde na Indústria: riscos

físicos e químicos e Prevenção de Acidentes. São Paulo: USP, 1975.

SYSTCHENKO, B. ; VOLKMANN, C. ; SAYURI, A. Hépatite C: risqué chez le

personnel hospitalier. Arch. Mal. Prof. Med. Trav. , , v. 57, n. 18, p. 1-8, nov. 1996.

VANDILCE, Trindade Pereira. A relevância da prevenção do acidente de trabalho

para o crescimento organizacional. Belém, 2001.

VANZIN, Arlete e Cols. Assistência de Enfermagem na Saúde do Adulto. Porto Alegre:

UFRGS,1982

ZÓCCHIO, Álvaro. CIPA nos Programas de Segurança do Trabalho. São Paulo,

Atlas, 1973.

Page 60: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

59

ANEXO I

NORMAS REGULAMENTADORAS RELACIONADAS AOS

RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

NR 4 - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEG URANÇA

E EM MEDICINA DO TRABALHO (SESMT)

4.1 As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e

indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela

Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, manterão, obrigatoriamente, Serviços

Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a

finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de

trabalho. (Alterado pela Portaria SSMT n.º 33, de 27 de outubro de 1983)

NR 5 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES

5.1 A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA - tem como objetivo a

prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível

permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do

trabalhador

NR 6 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI

(Texto dado pela Portaria SIT n.º 25, de 15 de outubro de 2001)

6.1. Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora - NR, considera-se

Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso

Page 61: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

60

individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de

ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.

6.3. A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao

risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias:

a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os

riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;

b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,

c) para atender a situações de emergência.

NR 7 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACI ONAL

7.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a obrigatoriedade de elaboração e

implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam

trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde

Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do

conjunto dos seus trabalhadores.

7.1.3 Caberá à empresa contratante de mão-de-obra prestadora de serviços informar a

empresa contratada dos riscos existentes e auxiliar na elaboração e implementação do

PCMSO nos locais de trabalho onde os serviços estão sendo prestados. (Alterado pela

Portaria n.º 8, de 05 de maio de 1996)

NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS

9.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e

implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam

trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais -

PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da

Page 62: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

61

antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos

ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em

consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

NR 17 – ERGONOMIA

17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a

adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos

trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e

desempenho eficiente.

17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento,

transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições

ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.

NR 26 – SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

26.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR tem por objetivo fixar as cores que devem

ser usadas nos locais de trabalho para prevenção de acidentes, identificando os

equipamentos de segurança, delimitando áreas, identificando as canalizações

empregadas nas indústrias para a condução de líquidos e gases e advertindo contra

riscos.

NR 32 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM ESTABELECIMENTO

DE SAÚDE

32.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR tem por finalidade estabelecer as diretrizes

básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos

trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de

promoção e assistência à saúde em geral.

Page 63: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

62

32.1.2 Para fins de aplicação desta NR entende-se por serviços de saúde qualquer

edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de

promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de

complexidade.

Page 64: RISCOS OCUPACIONAIS A QUE ESTÃO EXPOSTOS OS …bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/...juliana-americano-da-costa.pdf · especializaÇÃo de enfermagem do trabalho juliana americano

63

Q384r Queiroz, Juliana Americano da Costa

Riscos ocupacionais a que estão expostos os profissionais de enfermagem em unidade de terapia intensiva / Juliana Americano da Costa Queiroz. – Salvador, 2010.

62f.; 50 cm.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Reis do Espírito Santo Monografia (pós-graduação) – Especialização Lato Sensu

em Enfermagem do Trabalho, Universidade Castelo Branco, Atualiza Associação Cultural, 2010.

1. Enfermagem do trabalho 2. Saúde do trabalhador de

enfermagem 3. Riscos ocupacionais 4. Prevenção 5. Controle de risco I. Espírito Santo, Fernando Reis II. Universidade Castelo Branco III. Atualiza Associação Cultural IV. Título.

CDU 616-083

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Adriana Sena Gomes CRB 5/ 1568