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Henry Wallon Psicologia do Desenvolvimento Pedagogia – 2º período Profª Renatha Costa [email protected] ARQUIVO VI 2016.2

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Henry WallonPsicologia do Desenvolvimento

Pedagogia – 2º período

Profª Renatha Costa

[email protected]

ARQUIVO VI

2016.2

A gênese da inteligência para Wallon é genética eorganicamente social.

O ser humano é organicamente social e sua estruturaorgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar.

(Dantas, 1992).

Nesse sentido, a teoria do desenvolvimentocognitivo de Wallon é centrada na psicogênese dapessoa completa.

Henri Wallon reconstruiu o seu modelo de análise aopensar no desenvolvimento humano, estudando-o a partirdo desenvolvimento psíquico da criança. Assim, odesenvolvimento da criança aparece descontínuo,marcado por contradições e conflitos, resultado damaturação e das condições ambientais, provocandoalterações qualitativas no seu comportamento em geral.

Estágio impulsivo emocional

Este período é de predominância afetiva, que é oinstrumento de interação da criança com o meio. Asrelações com o mundo físico são mediadas pelas pessoascom quem a criança convive.

Conforme o adulto responde às manifestações da criança,ela vai aprendendo a fazer as relações de causa e efeito,que mais tarde tornam-se suas reações intencionais.

Sensório motor e projetivo

•De 03 meses até os três anos. A aquisição da marcha e daprensão, dão à criança maior autonomia na manipulação deobjetos e na exploração dos espaços. Também, nesseestágio, ocorre o desenvolvimento da função simbólica e dalinguagem. O termo projetivo refere-se ao fato da ação dopensamento precisar dos gestos para se exteriorizar. O atomental "projeta-se" em atos motores.

Sensório motor e projetivo

•Aos poucos a criança vai individualizando arepresentação de si mesma, diferenciando as partes deseu corpo, sem que isso signifique que faça relaçãoimediata consigo mesma. O corpo das sensações vai seintegrado ao corpo visual, ou seja, o corpo tal como acriança o sente se junta a sua imagem tal como é vista,caminhando para a unidade corporal.

Personalismo

Ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio desenvolve-sea construção da consciência de si mediante as interaçõessociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas;

Este estágio, que se estende aproximadamente dos três aosseis anos de idade, é um período crucial para a formação dapersonalidade do indivíduo e da auto-consciência. Umaconsequência do caráter auto-afirmativo deste estágio é acrise negativista: a criança opõe-se sistematicamente aoadulto. Por outro lado, também se verifica uma fase deimitação motora e social.

Categorial

Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criançapara as coisas, para o conhecimento e conquista do mundoexterior;

É neste estágio que se formam as categorias mentais:conceitos abstratos que abarcam vários conceitos concretossem se prender a nenhum deles. Nesta fase, por exemplo,uma criança que antes associasse o conceito de "triângulo" atriângulos equiláteros (porque este tenha sido apresentadocomo um exemplo de triângulo) adquirirá a habilidade decompreender que mesmo "formatos" diferentes—triângulosisósceles e escalenos—também são abarcados pelo conceitode "triângulo".

Predominância funcional

Ocorre nova definição dos contornos da personalidade,desestruturados devido às modificações corporais resultantesda ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciaissão trazidas à tona.

Os estágios de desenvolvimento não se encerram com aadolescência. Em verdade, para Wallon o processo deaprendizagem sempre implica na passagem por um novoestágio. O indivíduo, ante algo em relação ao qual temimperícia, sofre manifestações afetivas que levarão a umprocesso de adaptação. O resultado será a aquisição deperícia pelo indivíduo. O processo dialético dedesenvolvimento jamais se encerra.

Baseou suas idéias em quatro elementos básicos que estão todo o tempo em comunicação:

o Afetividade,

o Emoções,

o Movimento e

o Formação do eu.

AFETIVIDADE

Possui papel fundamental no desenvolvimento da pessoapois é por meio delas que o ser humano demonstra seusdesejos e vontades. As transformações fisiológicas de umacriança (nas palavras de Wallon, em seu sistemaneurovegetativo) revelam importantes traços de caráter epersonalidade.

EMOÇÕES

É altamente orgânica, ajuda o ser humano a se conhecer.A raiva, o medo, a tristeza, a alegria e os sentimentos maisprofundos possuem uma função de grande relevância norelacionamento da criança com o meio.

MOVIMENTO

As emoções dependem fundamentalmente da organizaçãodos espaços para se manifestarem. Deste modo, amotricidade tem um caráter pedagógico tanto pelaqualidade do gesto e do movimento, quanto pela maneiracom que ele é representado. A escola ao insistir em mantera criança imobilizada acaba por limitar o fluir de fatoresnecessários e importantes para o desenvolvimentocompleto da pessoa.

FORMAÇÃO DO EU

A construção do eu depende essencialmente do outro.Com maior ênfase a partir de quando a criança começa avivenciar a "crise de oposição", na qual a negação do outrofunciona como uma espécie de instrumento de descobertade si própria. Isso acontece mais ou menos em torno dos 3anos, quando é a hora de saber que "eu" sou. Imitação,manipulação e sedução em relação ao outro sãocaracterísticas comuns nesta fase.

Os estudos wallonianos pressupõem o desenvolvimentointelectual inserido numa cultura mais humanizada: consideraa pessoa como um todo, em que afetividade, movimento einteligência se integram de forma completa e concreta.

Afirmar que a escola se apresenta como lócus privilegiadopara este fim, não provoca mais tanto frisson como a algunsanos atrás, mas entender o lugar das emoções na escola,centro privilegiado da intelectualidade, continua causandopolêmicas e entendimentos inadequados.

•Afirmar que a escola se apresenta como lócusprivilegiado para este fim, não provoca mais tanto frissoncomo a alguns anos atrás, mas entender o lugar dasemoções na escola, centro privilegiado daintelectualidade, continua causando polêmicas eentendimentos inadequados.

As emoções, para Wallon, têm papel preponderante nodesenvolvimento da pessoa. São manifestações das maisíntimas necessidades, desejos e intenções que provocamimpacto nas pessoas ao entorno. Assim, na escola, umprofessor bom observador, pode identificar os momentosde tensão, desconforto, medo, e outras expressões, noaluno, que podem minimizar e mesmo impedir suasaprendizagens.

Por ser altamente contagiosa, para que haja aprendizagem énecessário que se reduza a temperatura emocional e istopode significar, na ação educativa, dar oportunidade ao alunopara que se expresse das mais variadas formas (escrevendo,falando), explicite o que sente, permitir o movimento eintercalar momentos de alta concentração com momentos debaixa concentração em que o aluno possa conversar com oscolegas, levantar-se, sair da sala, etc.

Também o movimento, na teoria walloniana, tem papel centralno desenvolvimento e aprendizagem. Organizar os espaçosescolares para que atendam as necessidades motoras dosalunos, se apresenta como condição de melhoria naqualidade de construção do conhecimento que tantoinsistimos em buscar nas atividades pedagógicas. A escola,no entanto, enfatiza justamente o contrário: quanto maisouvinte e sentante, melhor! O que impede a manifestação dasemoções e limita a expansão do pensamento.

Para que a escola se aproprie do papel de construtora daevolução do pensamento são necessárias algumas consideraçõesinteressantes: a criança pensa e dá respostas ao mundo deacordo com seu nível de funcionamento mental, que é diferenteem cada fase do desenvolvimento, por exemplo, a atenção exigidapara realizar determinada atividade varia em termos de tempo deconcentração, de acordo com a idade; o erro significa a expressãode uma forma de operar com determinada situação e não umafalha ou uma confusão mental; as reações de indisciplina podemser geradas por desconfortos frente a situações que ainda nãoconseguem identificar ou controlar e não, simplesmente, uma máeducada resposta aos pedidos do professor.

Nesse sentido, a escola deve se apresentar como “umaoficina de relações” em que as necessidades da criançasejam compreendidas, satisfeitas e encaminhadas deforma adequada para que promova a aprendizagem e odesenvolvimento de maneira efetiva.

Referências

Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil.Isabel Galvão. Ed. Vozes, 1995.

FERRARI, Shirley Costa. A ATUALIDADE DO PENSAMENTO DEWALLON PARAA EDUCAÇÃO, São Paulo, 2012.