glicosÍdeos cardioativos

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GLICOSÍDEOS CARDIOATIVOS O coração é o principal órgão do sistema cardiovascular, responsável pelo transporte de oxigênio e nutrientes às células. O coração adulto se contrai e relaxa cerca de 115.000 vezes por dia, impulsionando 7.500 litros de sangue pelo corpo. O coração é uma bomba muscular pulsátil, dividida em quatro câmaras. As câmaras superiores são os átrios e as inferiores são os ventrículos. Os ventrículos são câmaras expulsoras, com paredes espessas que, ao se contrair fornecem a principal força que impulsiona o sangue através dos pulmões e do sistema circulatório periférico. O ventrículo direito bombeia o sangue para os pulmões e o ventrículo esquerdo, com grande força de contração, bombeia o sangue na circulação periférica. O sistema nervoso autônomo controla o débito cardíaco através da estimulação simpática (adrenérgica) ou parassimpática (colinérgica). Dentre aos diversos processos patológicos envolvendo o coração, temos a Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) e a Fibrilação Atrial (FA). Na ICC há comprometimento da função cardíaca, tornando o coração incapaz de manter um débito suficiente para os requisitos metabólicos dos tecidos e órgãos do corpo. Ocorre por causa de uma capacidade miocárdica reduzida para se contrair ou em decorrência de uma incapacidade de encher os compartimentos cardíacos com sangue. A maioria dos casos de ICC é conseqüente à progressiva deterioração da função contrátil miocárdica. Por outro lado, a FA caracteriza-se por uma arritmia ventricular com taquicardia e ausência de onda P visível no ECG. A fibrilação reduz o enchimento do ventrículo esquerdo, mas não leva a parada cardíaca. O ritmo cardíaco nesta situação é geralmente irregular e rápido e pode levar a desconforto ou sintomas de dispnéia. Os glicosídeos cardioativos extraídos dos vegetais e anfíbios são fármacos utilizados para o tratamento da ICC e da FA. Por muito tempo eles foram as drogas de escolha para o tratamento da ICC. O uso terapêutico dos glicosídeos cardioativos deve-se à sua capacidade de aumentar a força da contração sistólica (ação inotrópica positiva); aumento da contratilidade do coração provoca o esvaziamento mais completo do ventrículo e encurtamento do período de sístole.

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Glicosídeos cardiotônicos

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  • GLICOSDEOS CARDIOATIVOS

    O corao o principal rgo do sistema cardiovascular, responsvel pelo transporte de oxignio e nutrientes s clulas. O corao adulto se contrai e relaxa cerca de 115.000 vezes por dia, impulsionando 7.500 litros de sangue pelo corpo.

    O corao uma bomba muscular pulstil, dividida em quatro cmaras. As cmaras superiores so os trios e as inferiores so os ventrculos. Os ventrculos so cmaras expulsoras, com paredes espessas que, ao se contrair fornecem a principal fora que impulsiona o sangue atravs dos pulmes e do sistema circulatrio perifrico. O ventrculo direito bombeia o sangue para os pulmes e o ventrculo esquerdo, com grande fora de contrao, bombeia o sangue na circulao perifrica.

    O sistema nervoso autnomo controla o dbito cardaco atravs da estimulao simptica (adrenrgica) ou parassimptica (colinrgica).

    Dentre aos diversos processos patolgicos envolvendo o corao, temos a Insuficincia Cardaca Congestiva (ICC) e a Fibrilao Atrial (FA).

    Na ICC h comprometimento da funo cardaca, tornando o corao incapaz de manter um dbito suficiente para os requisitos metablicos dos tecidos e rgos do corpo. Ocorre por causa de uma capacidade miocrdica reduzida para se contrair ou em decorrncia de uma incapacidade de encher os compartimentos cardacos com sangue. A maioria dos casos de ICC conseqente progressiva deteriorao da funo contrtil miocrdica.

    Por outro lado, a FA caracteriza-se por uma arritmia ventricular com taquicardia e ausncia de onda P visvel no ECG. A fibrilao reduz o enchimento do ventrculo esquerdo, mas no leva a parada cardaca. O ritmo cardaco nesta situao geralmente irregular e rpido e pode levar a desconforto ou sintomas de dispnia.

    Os glicosdeos cardioativos extrados dos vegetais e anfbios so frmacos utilizados para o tratamento da ICC e da FA. Por muito tempo eles foram as drogas de escolha para o tratamento da ICC.

    O uso teraputico dos glicosdeos cardioativos deve-se sua capacidade de aumentar a fora da contrao sistlica (ao inotrpica positiva); aumento da contratilidade do corao provoca o esvaziamento mais completo do ventrculo e encurtamento do perodo de sstole.

  • Mecanismo de ao A ao dos glicosdeos cardioativos se d pela inibio potente, reversvel e

    altamente seletiva da bomba de sdio e potssio ATPase dos cardiomicitos (clulas do msculo cardaco). A inibio da NA+/K+-ATPase aumenta os nveis de Na+ e diminui os de K+ no interior da clula,o que, por sua vez, estimula um segundo mecanismo de troca inica, o de Na+ e Ca+, que ocorre para retirar o Na+ de dentro da clula com um subseqente aumento do nvel intracelular de Ca+. Este aumento do nvel intracelular de clcio provoca a liberao de uma quantidade ainda maior Ca+ armazenado intracelularmente nos reservatrios sarcoplasmticos. Da ento, o nvel aumentado de Ca+ antagonizam a ao da troponina, possibilitando a formao do complexo actina-miosina, culminando na contrao miocrdica ATP-dependente.

  • Efeitos: Aumento da fora de contrao miocrdica (efeito inotrpico + ); Aumento do dbito cardaco (esvaziamento completo do corao); Diminuio do tamanho do corao; Diminuio da presso venosa; Diminuio da freqncia cardaca; Aumento da diurese (efeito indireto - hemodinmico) alvio do edema

    Toxicidade Os efeitos adversos dos digitlicos so decorrentes do seu baixo ndice

    teraputico, pois a concentrao capaz de causar efeitos txicos apenas duas vezes maior que a concentrao teraputica (faixa teraputica estreita).

    Os sinais e sintomas de intoxicao so observados mais frequentemente nos idosos, em funo do uso crnico por parte destes indivduos. Os efeitos secundrios mais comuns intoxicao por digitlicos so:

    Ritmo cardaco anormal que produz tontura, palpitao, falta de ar, sudorese ou sncope;

    Alucinaes, confuso e alteraes mentais; Cansao e fadiga; Viso borrada, dupla, percepo de aurolas amarelas, verdes ou brancas; Perda de apetite, nuseas e vmito.

    Cerca de 20% dos pacientes desenvolvem sinais ou sintomas de intoxicao por glicosdeos cardioativos.

    Para monitorar os pacientes tratados com digitoxina e digoxina, foram desenvolvidas tcnicas de radioimunoensaio que possibilitam mensurar as quantidades nonogrmicas desses glicosdeos no soro sanguneo.

    Interaes medicamentosas A utilizao concomitante dos glicosdeos cardioativos com -bloqueadores por causar bradicardia excessiva, e a associao com diurticos depletores de potssio, podem desencadear desequilbrio hidroeletroltico (hipopotassemia), culminando em alteraes do ritmo cardaco.

    Principais Glicosdeos Cardiotnicos utilizados na teraputica Digoxina Digitoxina Lanatosdeo (deslanosdeo)