glicosÍdeos cardiotÔncios

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0 GESIANE G. FERREIRA GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS FARMACOGNOSIA

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Revisão literária sobre Glicosídeos Cardiotônicos para a disciplina de Farmacognosia. Curso de Farmácia.

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Page 1: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

0

GESIANE G. FERREIRA

GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOSFARMACOGNOSIA

UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS - UNIPACIPATINGA

2010

Page 2: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

1

GESIANE G. FERREIRA

GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

Trabalho apresentado pela aluna do

5º período de farmácia à professora

Verônica da Silva Fortes, no dia 23

março de 2010, como exigência do

Curso de graduação em Farmácia, à

Universidade Presidente Antônio Carlos

– UNIPAC Ipatinga.

UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS - UNIPACIPATINGA

2010

Page 3: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

2

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS E TABELAS........................................................................................3

RESUMO...................................................................................................................................4

ABSTRACT...............................................................................................................................5

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................6

1.USOS CLÍNICOS..................................................................................................................7

2.INTOXICÕES E INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS.................................................9

3.DIGITALIS (Digitalis purpurea L.)....................................................................................11

3.1 DIGITOXINA....................................................................................................................12

4.DIGITALIS LANATA.....................................................................................................................14

4.1 DIGOXINA........................................................................................................................16

5.OUTROS MEDICAMENTOS CARDIOATIVOS...........................................................16

5.1 Convalária..........................................................................................................................16

5.2 Aposínio..............................................................................................................................16

5.3 Adônis ................................................................................................................................16

5.4 Heléboro-preto..................................................................................................................16

5.5 Oleandro............................................................................................................................16

5.6 Estrofanto..........................................................................................................................16

6.CONCLUSÃO......................................................................................................................17

7.ANEXOS………..................…………………………............................………............….18

8.BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................47

Page 4: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

3

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Tabela 1.. Variação do teor em heterosídeo cardiotônico da Digitalis purpurea L. diante

do ciclo bianual da planta…......................................................................................................11

Figura 1 Digitoxina.........................................................................................................13

Figura 2 Digoxina...........................................................................................................14

Page 5: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

4

RESUMO

Alguns esteróides presentes na natureza caracterizam-se por sua grande especificidade

pelo miocárdio e sua poderosa ação que exercem sobre este.

A digitoxina e a digoxina são glicosídeos cardiotônicos encontrados nas folhas de

plantas digitálicas com a Digitalis purpurea e a Digitalis lanata, mas também podem ser

encontradas outras substâncias com efeito cardiotônico em outras espécies de Digitalis.

Os digitálicos, estão entre os medicamentos de primeira linha para o tratamento de

enfermidades cardíacas congestivas há séculos e ainda são os fármacos mais prescritos, apesar

de seu baixo índice terapêutico.

O uso terapêutico dos glicosídios cardiotônicos deve-se à sua capacidade de aumentar

a força de contração sistólica, ou seja, ação inotrópica positiva. Também melhoram a

circulação, que em consequência, tende a viabilizar a secreção renal aliviando o edema,

muitas vezes associado à insuficiência cardíaca.

Em geral os glicosídios possuem um nível terapêutico de aproximadamente 50 a 60%

da dose tóxica. Por isso, é preferível que a posologia seja determinada experimentalmente

para cada paciente. Além do mais, é comum a ocorrência de hipopotassemia para paciente

tratados com com digitálicos e também diuréticos.

Palavras chave: Glicosídeos cardiotônicos, Digitalis purpurea, Digitalis lanata,

Digitoxina, Digoxina.

Page 6: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

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ABSTRACT

Some steroids in nature are characterized by its high specificity for the myocardium and

its powerful action on it.

In the leaves of the digitalis plants like Digitalis purpurea and Digitalis lanata can be

found the substances digitoxin and digoxin that are cardiac glycosides, but can also be found

other substances with cardiotonic effect in other species of Digitalis.

Digitalis, are among the first-line drugs for the treatment of congestive heart disease for

centuries and are still the most prescribed drugs, despite their low therapeutic index.

The therapeutic use of cardiotonic glycosides is due to its ability to increase the force of

systolic contraction, i.e. the positive inotropic action. It also improves circulation, which

consequently tends to facilitate renal secretion relieviing the edema, often associated with

heart failure.

Generally, the glycosides have a therapeutic level of about 50 to 60% of the toxic dose.

Therefore, it is preferable that the dosage is determined experimentally for each patient.

Moreover, it is common the occurrence of hypokalemia in patients treated with digitalis and

diuretics as well.

Key words: Cardiac glycosides, Digitali purpurea, Digitalis lanata, Digitoxin,

Digoxin.

Page 7: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

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INTRODUÇÃO

Alguns esteróides presentes na natureza caracterizam-se por sua grande especificidade

pelo miocárdio e sua poderosa ação que exercem sobre este.

Esses esteróides encontram-se como glicosídios com açúcares ligados na posição 3 do

núcleo esteroidal. Devido à sua ação sobre o miocárdio, chamam-se glicosídios cardiotônicos.

(ROBBERS)

As gliconas esteroidais ou geninas são de dois tipos: um cardenolido ou um

bufadienolido.

O nome bufadienolido deriva do nome genérico do sapo, Bufo. (O composto

prototípico, bufalina, foi isolada da pele do sapo (ROBBERS).

A parte açúcar do glicosídio confere à molécula solubilidade, importante para sua

absorção e distribuição no organismo, e a esterioquímica e a conformação deste açúcar

influenciam na afinidade da ligação a sítios específicos na proteína receptora. Em geral,

quanto mais grupos hidroxila houver na molécula, mais curto será o tempo de latência e a sua

subsequênte eliminação do organismo. (ROBBERS)

As plantas que contêm estes glicosídeos cardiotônicos são fontes para a indústria na

fabricação de medicamentos utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca congestiva.

(BRAGA, 1997)

Page 8: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

7

1 USOS CLÍNICOS

A incidência e prevalência da insuficiência cardíaca congestiva têm aumentado nos

últimos anos, estimando-se um crescimento devido ao aumento da população de idade média

(YUSUF, 1992 em BRAGA, 1997). Os digitálicos estão entre os medicamentos de primeira

linha para o tratamento desta enfermidade (BRAGA, 1997) há mais de 200 anos (CUNHA,

1998). Mesmo assim, não há nenhum fármaco disponível no mercado que possui todas as

características desejadas e o uso individual não é adequado ao tratamento. Tudo isso leva à

busca do desenvolvimento de novas substâncias ativas (PARKER, 1989 em BRAGA, 1997).

Porém, a tentativa de obtenção de novos fármacos inotrópicos* suplementares ou substitutos

dos glicosídeos foi desapontandor (REPKE, 1995 em BRAGA, 1997), por isso, ainda hoje,

estes representam os fármacos mais prescritos para a insuficiência cardíaca congestiva, apesar

de seu baixo índice terapêutico. (YUSUF, 1992 em BRAGA, 1997)

O uso terapêutico dos glicosídios cardiotônicos deve-se à sua capacidade de aumentar

a força de contração sistólica, ou seja, ação inotrópica positiva; o aumento da contratibilidade

do coração provoca o esvaziamento mais completo do ventrículo e o encurtamento do período

de sístole. Assim, o coração tem mais tempo para repousar entre as contrações. À medida que

o miocárdio se recupera, devido ao aumento do débito cardíaco e da circulação, a frequência

cardíaca diminui graças a um efeito vagal reflexo. Além disso, a melhora da circulação tende

a melhorar a secreção renal, que alivia o edema, muitas vezes associado à insuficiência

cardíaca. Os glicosídios cardiotônicos também são medicamentos de escolha para o controle

da frequência ventricular rápida em pacientes portadores de fibrilação ou de flutter atrial **

(KOROLKOVAS; RANG, 2007; ROBBERS).

Ao se usarem glicosídios cardiotônicos para tratar a insuficiência cardíaca congestiva,

geralmente se administra uma dose inicial do medicamento para pôr o coração sob a sua

influência. Como a quantidade necessária varia conforme o paciente e a droga usada, a

preparação é administrada e doses divididas, à medida que se vai calculando a posologia pela

observação dos sinais de melhora. Em geral, a administração continua indefinidamente depois

da dose inicial com uma dose diária de manutenção que substitui a quantidade do fármaco que

é metabolizada e excretada. (ROBBERS)

Em conformações tóxicas, os glicosídios podem aumentar a automaticidade cardíaca e

provocar taquiarritmia ectópica. O efeito mais frequente é a extrasísitole ventricular.

Page 9: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

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Em geral os glicosídios possuem um nível terapêutico de aproximadamente 50 a 60%

da dose tóxica. (KOROLKOVAS; ROBBERS) Por isso a posologia deve ser determinada

experimentalmente para cada paciente.

Apesar dos inúmeros estudos experimentais, o mecanismo de ação dos glicosídios

cardíacos não é completamente conhecido; sabe-se que a enzina receptora é a Na+, K+ -

ATPase, que catalisa o transporte ativo do Na+ para fora da célula e o subsequente transporte

de K+ para dentro da célula. (KATZUNG; KOROLKOVAS; RANG, 2007; ROBBERS)

______________________________________________________________________________*Relativo à energia de contracção das fibras musculares.(MÉDICOS DE PORTUGAL, 2010)

**O flutter atrial é uma arritmia cujo circuito macroreentrante é restrito ao átrio direito, ocorrendo geralmente na forma paroxística ou, mais raramente, na forma persistente. A incidência é maior nos pacientes do sexo masculino, associando-se comumente à presença de cardiopatia estrutural.(MANO, 2009)

Page 10: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

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2 INTOXICAÇÕES E INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS

Superdoses ou o uso prolongado de glicosídios digitálicos levam à intoxicação

(KOROLKOVAS), que em geral tem maior prevalência em indivíduo de idade avançada.

(CUNHA, 1998) Os primeiros sintomas são: anorexia, salivação, vômitos, náusea e diarréia,

que não são considerados graves. Contudo, podem causar também extra-sístoles ventriculares:

este estado geralmente desaparece com a interrupção da terapia, mas às vezes é necessário

administrar fármacos cronotrópicos***, tais como epinefrina ou isoprenalina.

(KOROLKOVAS)

Um efeito colateral muito comum na insuficiência cardíaca congestiva crônica tratado

com digitálicos e diuréticos é a hipocalemia, que pode ser corrigida pela administração oral ou

intravenosa de cloreto de potássio e a suspensão temporária da terapia com digitálicos.

(KOROLKOVAS)

Estas mudanças nos níveis intracelulares se cátions explica o desenvolvimento de

sintomas de toxicidade em pacientes que desenvolvem estes desequilíbrios de eletrólitos no

plasma que são submetidos durante tratamento com glicosídios. A depleção de potássio

aumenta a possibilidade de toxicidade quando pacientes fazem uso de medicamentos como:

diuréticos de tiazida e corticosteróides (que também provocam depleção de potássio). Tais

pacientes podem precisar de uma suplementação de potássio ou de menores doses de

glicosídios cardiotônicos. Por outro lado, pacientes que fazem tratamento com glicosídios não

devem ingerir quantidade excessiva de qualquer produto que contenha cálcio absorvível,

como por exemplo, o leite. E também, não devem receber cálcio por via parenteral porque a

hipercalemia pode potencializar o efeito cardiotônico. (ROBBERS)

Para monitorar pacientes tratados com digitoxina e digoxina, foram desenvolvidas

técnicas que possibilitam medir quantidades nanogrâmicas desses glicosídios no soro

sanguíneo. (ROBBERS)

Ervas com propriedades cardiotônicas podem agir sinergicamente com fármacos

vasodilatadores das coronárias (por exemplo: os nitratos – dinitrato de isosorbida) e com

bloqueadores de canais de cálcio (por exemplo, a nifedipina) (VEIGA JR, 2005 em BARROS,

2008).

________________________________________________________________________***Que afetam a taxa de movimentos rítmicos, tais como os batimentos cardíacos (THE FREE DICTIONARY, 2010).

Page 11: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

10

Um fato curioso a se discutir sobre os digitálicos é que entre outros medicamentos

(antiácidos e laxantes), normalmente utilizados por pessoas idosas, mostram-se associados a

uma redução do risco de fraturas por quedas em pacientes de idade avançada. Há uma

sugestão de que os usuários teriam um risco menor de quedas seguidas de fraturas graves e de

hospitalização por fratura decorrente da queda. (COUTINHO, 2002)

Foi constatado que o uso prévio de digitálicos 24 horas antes da cirurgia correlaciona-

se, entre outros fatores (como idade avançada, doença cardiovasculares, distúrbio eletrolítico

e cirurgia cardíaca prévia) para o desenvolvimento de fibrilação atrial¹ no pós-operatório em

pacientes submetidos à cirurgia cardíaca eletica numa significativa de 3,2 % dos casos.

(GEOVANINI, 2009)

Além do mais, o uso de digitálicos e diuréticos interferem nas interpretações de

resultados em pesquisas sobre as adaptações fisiológicas precoces e tardias após valvotomia

mitral por cateter balão (SUNDQVIST, 1986 em OLIVEIRA Fº, 1998).

Um fato também importante é que, pesquisas revelam a alta frequência da prescrição

de digitálicos e que na maioria das vezes a indicação foi questionável ou inadequada devido a

interpretações errôneas de alguns sinais e sintomas. Estes casos são registrados

principalmente entre pacientes de idade avançada (≥ 85 anos) talvez, devido às limitações

sensoriais e cognitivas que dificultam a comunicação com o doente e a anamnese, limitando o

exame clínico. (CUNHA, 1998)

_______________________________________________________________________________________________

¹ É a taquiarritmia supraventricular mais comum na prática clínica (COSTA, 2003 em GEOVANINI, 2009)

Page 12: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

11

3 DIGITALIS ou DIGITAL (Digitalis purpurea L.)

Parte usada: folha.

Nomes populares: Dedaleira, Erva-deda, Abeloura, Seiva-de-Nossa-Senhora, Erva-de-

São-Leonardo, Luva-de-Nossa-Senhora.

A colheita da Digitalis efetua-se, de preferência, manualmente e por deteriora-se com

facilidade, absorvendo umidade, são embaladas em latas (OLIVEIRA, 2005).

Trata-se de uma bianual, provavelmente nativa do centro e dos sul da Europa.

Digital vem do latim digitus, que significa dedo, e refere-se à forma da corola.

(ROBBERS)

Esse fármaco contém grande número de glicosídios, dos quais os mais importantes do

ponto de vista medicinal são a digitoxina, a gitoxina e a gitaloxina (ver em anexo a tabela 2.

glicosídeos cardiotôncios). A concentração destes três glicosídios varia muito segundo a

planta da qual se faz a extração, e das condições de plantio conforme avalia-se na tablela 1 a

seguir.

São glicosídios secundários encontrados na folha e a concentração depende do tipo de

tratamento da planta, também após a colheita. (ROBBERS)

Tabela 1. Variação do teor em heterosídeo cardiotônico da Digitalis purpurea L. diante do ciclo bianual da planta.

OLIVEIRA, F.; AKISUE, Gokithi et al. Farmacognosia. 1ª ed. São Paulo: Atheneu, 2005 p.:12.

3.1 DIGITOXINA

Page 13: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

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A digitoxina é um glicosídio cardiotônico obtido da D. purpurea, da D. lanata e de

outras espécies de Digitalis.

É uma droga muito potente que deve ser manipulada com excepcional cuidado.

(ROBBERS)

É encontrado com pó cristalino branco ou amarelo pálido, inodoro (KOROLKOVAS)

ou odor fraco, porém característico, lembrando o do chá (OLIVEIRA, 2005), paladar amargo

(ROBBERS; (OLIVEIRA, 2005). É quase insolúvel em água (KOROLKOVAS) e

ligeiramente solúvel em álcool. (ROBBERS)

Tem meia-vida longa, de cinco a nove dias, isto proporciona efeito terapêutico por

tempo prolongado, mas pode significar desvantagens em casos de intoxicação.

(KOROLKOVAS)

Pode ser quase totalmente absorvida no trato gastrintestinal.

Sofre intensa metabolização no fígado e é excretado na urina, 80% na forma de

metabólitos inativos. Por isso, sua meia-vida não aumenta em pacientes que sofrem de função

renal alterada, sendo o cardiotônico de escolha para estes casos.(KOROLKOVAS)

Entre os principais parâmetros farmacocinéticos da digitoxina está a absorção oral

completa, o que a distingue dos outros glicosídios cardiotônicos. Após a administração oral, o

tempo de latência é de uma a quatro horas, com ação máxima entre oito e quatorze horas.

Aproximadamente 50 a 70% são convertidos pelo fígado em geninas inativas, que são

excretadas pelos rins. Por ter vida plasmática longa (168 a 192 horas), pode demorar de três a

cinco semanas para desaparecer completamente do organismo após a interrupção da terapia

(ROBBERS). Percebe-se que a dose por via oral produz o mesmo efeito terapêutico que a

dose intravenosa.(KOROLKOVAS)

O nível sérico para se obter efeito terapêutico total é de 14 a 26 ng-ml, mas com níveis

superiores a 35 ng-ml podem ocorrer sintomas de intoxicação (ROBBERS).

Fig.1 Digitoxina

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ROBBERS, J. E.; SPEEDIE, M. et al. Farmacognosia: biotecnologia. São Paulo: Premier.p.: 135

Algo importante a se considerar sobre a digitoxina é que, ela não reduz a mortalidade

em pacientes insuficientes com ritmo sinusal que estejam, de maneira geral, tratados de

maneira ótima, mas realmente melhora os sintomas e reduz a necessidade de internação.

Diferentemente de alguns medicamentos (por exemplo, inibidores das PDEs: anrinona,

milrinona) que aumentam agudamente o débito cardíaco e também a mortalidade em casos de

insuficiência cardíaca, provavelmente, através de arritmias cardíacas. (RANG, 2007)

4 DIGITALIS LANATA

Page 15: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

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Nomes populares: Digitalis de flor amarela (OLIVEIRA, 2005), dedaleira grega

(ROBBERS).

Parte usada: A fonte de digoxina estão em suas folhas (ROBBERS).

A D. lanata vem sendo cultivada experimentalmente no maciço do Itatiaia, Minas

Gerais, local com condições climáticas favoráveis e há possibilidades para futura produção

industrial de cardenolídeos. (BRAGA, 1997)

4.1 DIGOXINA

Fig. 2 Digoxina

ROBBERS, J. E.; SPEEDIE, M. et al. Farmacognosia: biotecnologia. São Paulo: Premier.p.: 135

A digoxina (lanoxina) é o mais usado dos glicosídios cardiotônicos; é obtida das

folhas da D. lanata. Também é uma droga muito potente que deve ser manipulada com

cuidado. Pode ser encontrada como um pó cristalino branco (ROBBERS) e é quase inodora de

paladar muito amargo (OLIVEIRA, 2005).

Os comprimidos de digoxina são absorvidos em 60 a 80%. Em aproximadamente 10%

dos pacientes até 40% da digoxina administrada por via oral são convertidos pela microflora

intestinal na inativa diidrodigoxina. Existe uma cápsula cheia de solução que possibilita

absorção de 90 a 100%; com a maior biodisponibilidade, a inativação bacteriana diminui

(ROBBERS).

Na administração via oral o tempo de latência é de trinta minutos a duas horas, com

ação máxima entre duas e seis horas (ROBBERS).

Também pode ser administrada por via parenteral, para o que efeito seja mais rápido.

É eliminado principalmente pelos rins e possui uma vida plasmática de trinta a quarenta horas.

O fim dos efeitos, após o término da terapia, ocorre em seis a oito dias.

Page 16: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

15

O nível sérico necessário a droga obter seus efeitos terapêuticos totais é de 0,5 a 2 ng-

ml, níveis superiores a 2,5 ng-ml podem causar sintomas de toxicidade (ROBBERS).

Uma observação importante sobre a digoxina é que, ela é indicada quando o risco de

intoxicação por digital é grande, devido a sua ação relativamente curta e a eliminação mais

rápida em comparação com a digitoxina.

Nas folhas de outras espécies de Digitalis, D. dubia, D. ferruginea, D. grandiflora, D.

lanata, D. lutea, D. mertonensis, D. nervosa, D. subalpina e D. thapsi, também observa-se a

presença de glicosídios cardiotônicos (ROBBERS).

Na raiz de Vetiveria zizanioides foi confirmada indícios da presença de heterosídeos

digitáliccos, provavelmente em pequena quantidade (BARROS, 2008)

5 OUTROS MEDICAMENTOS CARDIOATIVOS.

Page 17: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

16

Certo número de plantas contêm glicosídios cardioativos, e algumas delas foram

empregadas durante muitos anos como estimulantes cardíacos e diuréticos. Várias delas são

mais potentes que a digital, porém menos confiáveis porque sua posologia não pode ser

controlada adequadamente. Embora a maioria destes medicamentos tenham sido reconhecidos

oficialmente durante anos e considerados eficazes, acabaram sendo superados pelos

glicosídios da digitalis. Alguns deles estão sendo reestudados (ROBBERS).

5.1 A convalária, ou raiz do lírio-do-vale, é constituída pelo rizoma e pelas raízes

dessecadas da Convallaria majalis Linné. O principal glicosídio cardioativo isolado desta

planta é o convalatoxina. Entre outros menos importantes estão o convalatoxol e o

cancalosídeo.

5.2 O aposínio é constituído pelo rizoma e pela raiz dessecada do Apocynum

cannabinum Linné. Seu principal componente é a cimarina, embora, dessa planta também

tenham sido isolados o apocanosídeo e o cianocanosídeo.

5.3 O adônis ou olho de faisão é a parte aérea dessecada da planta Adonis vernalis

Linné. Nela são identificados os glicosídios adonitoxina, a cimarina e a K-estrofantina.

5.4 O heléboro-preto é o rizoma e a raízes dessecadas do Helleborus niger Linné. Seu

principal componente é a helebrina. Possui propriedades cardioestimulantes ao contrário do

heléboro-verde, que tem atividade cardiodepressora.

5.5 O oleandro ou espirradeira. Das folhas de Nerium oleander Linné é extraída a

oleandrina.

5.6 O estrofanto é a semente madura e dessecada do Strophanthus kombe Oliver. As

sementes foram usadas durante muito tempo pelos africanos na preparação de venenos para

flechas (ROBBERS).

6 CONCLUSÃO

Page 18: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

17

A incidência e prevalência da insuficiência cardíaca congestiva têm aumentado nos

últimos anos, estimando-se um crescimento devido ao aumento da população de idade média

e os digitálicos, estão entre os medicamentos de primeira linha para o tratamento desta

enfermidade, apesar de seu baixo índice terapêutico, interações com ervas com propriedades

cardiotônicas, com bloqueadores de canais de cálcio e diuréticos. Por isso, a posologia deve

ser determinada experimentalmente para cada paciente, em especial entre pacientes de idade

avançada, para os quais, nota-se uma alta frequência da prescrição de digitálicos e que na

maioria das vezes, a indicação foi questionável ou inadequada devido a interpretações

errôneas de alguns sinais e sintomas. Mesmo assim, os digitálicos mostram-se associados a

uma redução do risco de fraturas por quedas em pacientes de idade avançada, e

consequentemente, estes usuários teriam um risco menor de quedas seguidas de fraturas

graves e de hospitalização por fratura decorrente da queda.

7 ANEXOS

Page 19: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

18

Glicosídeos cardiotônicos

KOROLKOVAS, Andrejus; BURCHALTER, Joseph H. Química farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan: 378.

8 BIBLIOGRAFIA

Page 20: GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNCIOS

19

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