gente que faze receber mentoria – esse primeiro passo é gratuito, os demais são pagos. o segundo...

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46 REVISTA SORRIA MAR/ABR 2018 47 GENTE QUE FAZ ACELERAR NOVOS NEGÓCIOS Quando a mãe decide empreender e precisa de ajuda para tirar a ideia do papel, a B2Mamy entra em ação. A aceleradora oferece apoio em etapas. A primeira é o B2Mamynet, site em que é possível cadastrar o projeto da empresa, conhecer outras mães e receber mentoria – esse primeiro passo é gratuito, os demais são pagos. O segundo degrau é o Start, um dia intenso do qual as participantes saem com um mapa de como concretizar o negócio. A ação seguinte é o Pulse, programa de aceleração em que as mães passam quatro meses fortalecendo a competitividade da empresa por meio de aulas presenciais e acompanhamento virtual. Os cases de maior sucesso vão para a fase Growth: com duração de 30 dias, ela visa ao crescimento da empresa, então já estabelecida no mercado. Das 300 mães que já passaram pelas 12 edições do Start, 40 chegaram ao Pulse e dez ao Growth. Sediada em São Paulo, a B2Mamy deve chegar ao Rio e a Curitiba ainda em 2018. SAIBA MAIS EM www.b2mamy.com.br S O L U ç ã O 2 “Queremos que a mãe empreendedora se sinta segura para fazer seu sonho virar realidade.” Dani Junco, fundadora da B2Mamy UM PROBLEMA, MUITAS SOLUçõES © Fotos: arquivo pessoal reportagem MARTINA MEDINA ilustração ESTúDIO BARLAVENTO T er filho só é bom para a carreira se você for homem. En- quanto o salário deles aumenta, em média, 6% ao virarem pais, o delas diminui 4% a cada bebê. Mulheres solteiras e sem crianças, que em geral já ganham menos do que os homens, veem esse fosso aumentar de 4% para 24% ao se tornarem mães casadas. Os dados são dos Estados Unidos, de uma pesquisa de 2017 da Universidade de Massachusetts, mas a realidade brasi- leira infelizmente vai pelo mesmo caminho. No nosso país, para cada homem que deixa o mercado de tra- balho após ter filhos, cinco mulheres sacrificam o emprego pelo mesmo motivo. Essa constatação é de um estudo feito em 2016 pela empresa Catho, o qual também revela que 21% das mães demoram mais de três anos para retornar ao trabalho, enquanto em apenas 2% dos casos isso acontece com os pais. Entre as principais razões para essa disparidade está a heran- ça cultural de que a responsabilidade pelos filhos é mais mater- na do que paterna. Se as brasileiras despendem uma média de 23 horas semanais nas atividades domésticas, os homens dedi- cam menos da metade: apenas dez horas, de acordo com a Pes- quisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013. O tem- po gasto por elas para cuidar das crianças, fazer comida e limpar a casa, por exemplo, é investido por eles em capacitação, horas extras e presença em eventos sociais, estabelecendo contatos. A legislação brasileira contribui para esse cenário desigual. São cinco dias de licença-paternidade, contra quatro meses de li- cença-maternidade, o que torna a contratação de homens mais vantajosa. Outros países já encaram essa questão de forma equi- librada: na Suécia, mães e pais podem dividir os 480 dias de be- nefício como quiserem, desde que cada um tire ao menos 60 dias. Será possível transformar esse quadro? Muita gente acredita que sim e está engajada nessa causa. Conheça projetos que, de diferentes maneiras, criam condições para que as mulheres pos- sam conciliar de forma mais harmônica maternidade com carrei- ra, em vez de precisar optar entre uma vivência e outra. SER MãE Dá UM BAQUE NA CARREIRA: PODE SIGNIFICAR GANHAR MENOS E TER DIFICULDADE PARA SE CAPACITAR E PARA VOLTAR AO MERCADO. PARA OS PAIS, A SITUAçãO é BEM DIFERENTE. COMO VENCER ESSA DESIGUALDADE? É justo ter de escolher? INSPIRE-SE E EMPODERE MULHERES! O livro Você é Incrível traz 30 cartões-postais com mensagens de empoderamento feminino. Criado pela Editora MOL, que também produz a Sorria, foi feito por mulheres e para mulheres, e o lucro da venda é todo doado à RME. Custa apenas R$ 7,50! Compre o seu em bancadobem.com.br/ voceeincrivel Se está difícil arranjar emprego, uma saída pode ser criar o próprio negócio. E é isso que muitas mulheres fazem: 75% das empreendedoras brasileiras decidiram seguir esse caminho após a maternidade. O dado foi levantado pela Rede Mulher Empreendedora (RME), cujo objetivo é justamente apoiar essas empreitadas femininas. A rede disponibiliza diariamente conteúdo sobre empreendedorismo na internet. Também promove cerca de 60 eventos anuais de capacitação em todo o país, nos quais oferece orientação sobre modelo de negócio, marketing, vendas e finanças, entre outros temas. São mais de 300 mil empreendedoras cadastradas. Por meio do Marketplace, uma vitrine virtual em que as integrantes divulgam sua empresa e produtos, elas podem se conhecer e fazer negócios. Além disso, a RME mantém parcerias com empresas e instituições que garantem benefícios como descontos em eventos e vagas em programas de aceleração de negócios. ESTIMULAR O EMPREENDEDORISMO S O L U ç ã O 1 SAIBA MAIS EM www.rme.net.br “O plano é que a RME continue se expandindo para estimular a independência e o empoderamento das mulheres.” Ana Fontes, fundadora da RME

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Page 1: gente que faze receber mentoria – esse primeiro passo é gratuito, os demais são pagos. O segundo degrau é o start, um dia intenso do qual as participantes saem com um mapa de

46 revista Sorria Mar/aBr 2018 47

gente que faz

AcelerAr novos negócios

Quando a mãe decide empreender e precisa de ajuda para tirar a ideia do papel, a B2Mamy entra em ação. a aceleradora oferece apoio em etapas. a primeira é o B2Mamynet, site em que é possível cadastrar o projeto da empresa, conhecer outras mães e receber mentoria – esse primeiro passo é gratuito, os demais são pagos. O segundo degrau é o start, um dia intenso do qual as participantes saem com um mapa de como concretizar o negócio. a ação seguinte é o Pulse, programa de aceleração em que as mães passam quatro meses fortalecendo a competitividade da empresa por meio de aulas presenciais e acompanhamento virtual. Os cases de maior sucesso vão para a fase Growth: com duração de 30 dias, ela visa ao crescimento da empresa, então já estabelecida no mercado. Das 300 mães que já passaram pelas 12 edições do start, 40 chegaram ao Pulse e dez ao Growth. sediada em são Paulo, a B2Mamy deve chegar ao rio e a Curitiba ainda em 2018.

SaiBa MaiS eMwww.b2mamy.com.br

Solução

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“Queremos que a mãe

empreendedora se sinta

segura para fazer seu

sonho virar realidade.”

Dani Junco, fundadora da B2Mamy

uM proBleMa, MuitaS SoluçõeS

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reportagem Martina MeDina ilustração estúDiO BarlaventO

t er filho só é bom para a carreira se você for homem. En-quanto o salário deles aumenta, em média, 6% ao virarem pais, o delas diminui 4% a cada bebê. Mulheres solteiras e

sem crianças, que em geral já ganham menos do que os homens, veem esse fosso aumentar de 4% para 24% ao se tornarem mães casadas. Os dados são dos Estados Unidos, de uma pesquisa de 2017 da Universidade de Massachusetts, mas a realidade brasi-leira infelizmente vai pelo mesmo caminho.

No nosso país, para cada homem que deixa o mercado de tra-balho após ter filhos, cinco mulheres sacrificam o emprego pelo mesmo motivo. Essa constatação é de um estudo feito em 2016 pela empresa Catho, o qual também revela que 21% das mães demoram mais de três anos para retornar ao trabalho, enquanto em apenas 2% dos casos isso acontece com os pais.

Entre as principais razões para essa disparidade está a heran-ça cultural de que a responsabilidade pelos filhos é mais mater-na do que paterna. Se as brasileiras despendem uma média de

23 horas semanais nas atividades domésticas, os homens dedi-cam menos da metade: apenas dez horas, de acordo com a Pes-quisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013. O tem-po gasto por elas para cuidar das crianças, fazer comida e limpar a casa, por exemplo, é investido por eles em capacitação, horas extras e presença em eventos sociais, estabelecendo contatos.

A legislação brasileira contribui para esse cenário desigual. São cinco dias de licença-paternidade, contra quatro meses de li-cença-maternidade, o que torna a contratação de homens mais vantajosa. Outros países já encaram essa questão de forma equi-librada: na Suécia, mães e pais podem dividir os 480 dias de be-nefício como quiserem, desde que cada um tire ao menos 60 dias.

Será possível transformar esse quadro? Muita gente acredita que sim e está engajada nessa causa. Conheça projetos que, de diferentes maneiras, criam condições para que as mulheres pos-sam conciliar de forma mais harmônica maternidade com carrei-ra, em vez de precisar optar entre uma vivência e outra.

ser Mãe Dá uM BaQue na Carreira: PODe siGniFiCar Ganhar MenOs e ter DiFiCulDaDe Para se CaPaCitar e Para vOltar aO MerCaDO. Para Os Pais,

a situaçãO é BeM DiFerente. COMO venCer essa DesiGualDaDe?

É justo ter de escolher?

inSpire-Se e eMpodere MulhereS!O livro Você é incrível traz 30 cartões-postais com mensagens de empoderamento feminino. Criado pela editora MOl, que também produz a Sorria, foi feito por mulheres e para mulheres, e o lucro da venda é todo doado à rMe. Custa apenas r$ 7,50! Compre o seu em bancadobem.com.br/voceeincrivel

se está difícil arranjar emprego, uma saída pode ser criar o próprio negócio. e é isso que muitas mulheres fazem: 75% das empreendedoras brasileiras decidiram seguir esse caminho após a maternidade. O dado foi levantado pela rede Mulher empreendedora (rMe), cujo objetivo é justamente apoiar essas empreitadas femininas. a rede disponibiliza diariamente conteúdo sobre empreendedorismo na internet. também promove cerca de 60 eventos anuais de capacitação em todo o país, nos quais oferece orientação sobre modelo de negócio, marketing, vendas e finanças, entre outros temas. são mais de 300 mil empreendedoras cadastradas. Por meio do Marketplace, uma vitrine virtual em que as integrantes divulgam sua empresa e produtos, elas podem se conhecer e fazer negócios. além disso, a rMe mantém parcerias com empresas e instituições que garantem benefícios como descontos em eventos e vagas em programas de aceleração de negócios.

estiMulAr o eMpreenDeDorisMo

Solução

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SaiBa MaiS eMwww.rme.net.br

“O plano é que a RME

continue se expandindo

para estimular a

independência e

o empoderamento

das mulheres.”

Ana Fontes, fundadora da rMe

Page 2: gente que faze receber mentoria – esse primeiro passo é gratuito, os demais são pagos. O segundo degrau é o start, um dia intenso do qual as participantes saem com um mapa de

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gente que faz

Para permitir que os casais dividam de maneira menos desequilibrada as tarefas familiares, a pwC Brasil aumentou a licença-paternidade de 20 dias para oito semanas. a medida foi tomada em agosto de 2017. a recomendação é que eles tirem 30 dias assim que o bebê nasce (ou é adotado) e a outra metade após o retorno da mãe ao trabalho, mas o uso é livre. a ideia surgiu durante os encontros mensais do grupo Movimento Mulher 360, no qual profissionais da PwC e de empresas associadas trocam experiências sobre novas práticas focadas em equidade de gênero. a empresa também passou a conceder aos homens que acabam de ter filhos as opções de flexibilidade antes exclusivas às mulheres. assim, eles podem trabalhar meio período ou seis horas diárias, com ajuste proporcional do salário, no primeiro ano da criança. Conceder o mesmo tempo de licença para pais e mães é uma possibilidade que está no radar da empresa, mas ainda deve demorar para sair do papel.

ressAltAr o pApel pAterno

Solução

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SaiBa MaiS eMwww.casadeviver.com.br

SaiBa MaiS eMwww.pwc.com.br

Solução

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ao perceber que a pausa na carreira motivada pela maternidade dificulta o acesso a vagas de emprego, a agência de endomarketing teamWorker criou em 2017 o primeiro banco de currículos do país só para mães. O Contrate uma Mãe já conta com 2 mil mulheres cadastradas. Para fazer parte, basta subir o currículo no site, gratuitamente, e preencher o formulário com dados pessoais. Com a ajuda de uma consultora de rh especializada em contratação de mulheres, a agência faz uma pré-seleção dos perfis de acordo com as vagas disponíveis e os envia às empresas parceiras, que respondem diretamente às candidatas. atualmente são 11 companhias participantes, incluindo o Carrefour e a agência Ketchum. empresas interessadas podem se cadastrar gratuitamente. O portal também oferece dicas sobre como organizar o currículo, participar de entrevistas, reativar a rede de contatos e encontrar cursos gratuitos para se atualizar.

Primeiro coworking familiar do Brasil, a Casa de Viver é um espaço feito para quem busca conciliar a maternidade com o mercado de trabalho. Criada em 2015, oferece toda a estrutura a autônomos interessados em alugar um local para trabalhar: dois escritórios, salas de reunião e auditório. Mas, diferentemente de outros estabelecimentos do tipo, a casa também abriga com conforto os filhos dos profissionais: há um quintal com brinquedos e uma sala do soninho, onde as crianças são supervisionadas por cuidadoras. as mães podem visitar os filhos a qualquer hora. atualmente, 25 adultos, majoritariamente mulheres, e 30 crianças usam o espaço. Cem famílias já passaram pelo local, que oferece semanalmente cursos e palestras sobre temas como marketing, empreendedorismo, maternidade, saúde e bem-estar. nesses eventos e no próprio dia a dia, as mães aproveitam para ampliar a cartela de contatos, formando uma rede de apoio.

FAcilitAr o retorno Ao MercADo

AproxiMAr FAMíliA e trABAlho

Solução

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Solução

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SaiBa MaiS eMwww.contrateumamae.com.br

SaiBa MaiS eMrealmaternidade.com.br/devoltaaotrabalho

“Queremos que

as mães passem

a concorrer em pé

de igualdade com

qualquer outro

candidato.”

Daniela talamoni, idealizadora do projeto e

coordenadora de conteúdo da

teamWorker

Muitos contratantes acreditam que as mulheres, ao se tornarem mães, ficam menos capazes de se dedicar à carreira – o que conta negativamente nas seleções para vagas de emprego. Para acabar com esse preconceito, a iniciativa real Maternidade – de volta ao trabalho, que nasceu em los angeles (eua) como Motherhood Pride, busca divulgar estudos que comprovam o contrário. essas pesquisas mostram que a maternidade é uma oportunidade única de desenvolver habilidades muito úteis à vida profissional: gestão de recursos, comunicação, inovação, liderança, improviso e capacidade de assumir riscos são algumas áreas nas quais as mães se tornam experts. tais informações são divulgadas gratuitamente no site do projeto, ajudando as mulheres a valorizá-las no currículo, no portfólio e na entrevista de emprego. também são realizados eventos presenciais para grupos de mães e para empresas interessadas em levar o tema a seus funcionários.

vAlorizAr As hABiliDADes MAternAs

“Queremos que as

famílias possam acolher

os filhos sem deixar

de lado a carreira.”

Fernanda torres, fundadora da casa de viver

DiviDA tAreFAs Se você é pai ou pensa em ser, é fundamental encarar a criação dos pequenos como uma responsabilidade do casal. Com exceção do parto e da amamentação, não há tarefas femininas. As atividades precisam ser divididas igualmente. Também é crucial que os homens apoiem as mulheres para evitar possíveis impactos negativos da maternidade sobre a carreira delas.

Dê uMA Mão Possivelmente você tenha entre suas amigas, colegas e familiares uma mãe com filho pequeno. Você já pensou em oferecer-se para ajudá-la? Cuidar da criança durante algumas horas, preparar uma refeição, resolver alguma burocracia (como pagar contas) são pequenas tarefas que podem representar um grande alívio na rotina dessa mulher.

vá AléM Se você tem uma empresa, valorize a presença de mães em sua equipe. Além de ficar atento a todas as obrigações legais, como auxílio-creche e intervalos para amamentação, que tal oferecer benefícios não previstos na lei, como flexibilidade de horários nos primeiros anos da criança? Será um diferencial para atrair boas profissionais para o seu negócio.

Faça sua parte!

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“Nossa missão é fazer

com que as mães sintam

orgulho dessa fase em que

se dedicaram aos filhos.

Nenhum MBA ensina tanto!”

luciana cattony, criadora do projeto

real Maternidade

“Só vamos avançar em relação à

equidade de gênero quando os pais

assumirem seu papel em casa.”

renata Franco, gerente de gestão de talentos da pwc Brasil