fundamentos históricos de direito

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Fundamentos Históricos de Direito

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Conceituao e objeto da histria do direitoNa histria da humanidade, cada pequeno avano na capacidade de organizao foi vital.A importncia do estudo da histriaA funo da histria do direito apresentar o rol de fatos que contriburam para a construo do atual estgio do direito e, por consequncia, da sociedade. Essa realidade fica clara na opinio de Ulpiano ao apregoar que ubi homo ibi societas; ubi societas, ibi jus. Para lvaro Ribeiro, A histria, porm, no s feita sobre documentos, que citam pessoas, ralatam factos, designam lugares e anotam datas, mas tambm pela investigao do pensamento consciente e inconsciente, embora silenciado, que preside evoluo da humanidadeAo estudarmos a histria aprendemos os conceitos de nossa tradio e conseguimos visualizar a motivao dos costumes e fatos que corroboraram com a nossa atual fase de desenvolvimento.A pr-compreenso da palavra Histria deve ultrapassar significados no cientficos como narrao, discurso, fbula vinculados estria buscando mas sim buscar uma indagao do passado. Tal indagao deve ser pautada no apenas pelo simples olhar para o passado, mas por uma olhar crtico para tal tempo.2 De tal modo a histria deve ser considerada uma cincia que tem por escopo a anlise tcnica dos elementos que compes os fatos do passado. Partido dessa exigncia, conseguiremos tecer uma descrio objetiva dos fatos que colaboraram para o atual estdio do conhecimento jurdico. Segundo Trindade a histria possibilita ao homem, atravs do relato do passado, a criao de perspectivas para o futuro.3A histria enquanto relato do passado passou por uma mudana qualitativa. Tal mudana decorre da incluso de novas cincias e ou tcnicas cientficas que possibilitam a realizao de investigaes mais profundas. Isso permite, por exemplo a determinao de datas ou causas de certos eventos antes imperceptveis. Para Lopes, tambm a pesquisa histrica foi revolucionada nos ltimos tempos. Uma histria nova, uma histria material, uma histria das mentalidades e uma espcie de arqueologia do cotidiano esquecido geraram novos objetos de investigao. Trata-se de uma combinao de histria de eventos e de estruturas: a histria da longa durao e das estruturas, associada... histria das prticas cotidianas, do imaginrio social, das mentalidades etc. na tradio aberta pela escola francesa dos Annales4Histria do direitoA histria do direito pode ser identificada com a parte da histria que estuda fatos relevantes para a construo do conhecimento jurdico. Tal conceito pode ser considerado reducionista, pois todos os fatos que so observados pela sociedade tem reflexo na possibilidade do controle social. De tal modo, todo o fato que ocorreu no passado corroborou com a construo da atual sociedade: objeto do controle jurdico. Tem-se como de inegvel importncia a incluso dos contedos de histria do direito na formao jurdica como condio de nortear o estudante sobre os aspectos que serviram de caminho para o sistema jurdico atingir as atuais caractersticas.

Nesse sentido, para Lopes, a histria do direito volta a ter um lugar nos cursos jurdicos depois de vrias dcadas de abandono. A razo de ser deste interesse renovado creio que vem da situao de mudanas sociais pelas quais passa a nossa sociedade neste incio de sculo.5Para Azevedo (2007) que se possa compreender todo o envolvimento dos fatos que envolvem o estado e o indivduo no possvel atermos apenas ao momento em que o ato ocorreu, tampouco ao dispositivo que o regulamenta ou sanciona. O ato deve ser analisado em toda sua extenso sob uma viso ampla e crtica, pois o direito no um sistema esttico.Ahistria do direito de suma importncia pois tem por funo, fornecer ao direito atual a compreenso dos fenmenos de mutao social, poltica, econmica e cultural que conduzem a conduta humana, esclarecendo dvidas, afastando imprecises e levantado a verdadeira estrutura do ordenamento at alcanar a razo de ser de seu significado e contedo.6Tamanha a importncia da histria, que seu contedo foi contemplado no At. 5, I, da Resoluo 09/2004 da Cmara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educao como oferta obrigatria para os cursos de direito sendo inserido no Eixo de Formao Fundamental. Tal exigncia foi inserida em decorrncia da necessria formao de base para que os acadmicos pois precisam ter uma formao interdisciplinar que permita uma viso holstica sobre os conhecimento jurdicos.

Diferentes destinatrios dos estudos histrico-jurdicosH de se verificar que a histria, a cincia mais antiga estudada pelo ser humano, por questes de interesse evolucionrio, quanto para o desenvolvimento da sociedade, simplificada pela sua arte e fcil identificao. Talvez por esse motivo, seja a histria um gnero to popular, que prende o pblico em geral.Tal cincia, compreende melhor o que visa, para que serve, e o que diz do que qualquer outra das cincias sociais, cuja linguagem se tornou inevitavelmente mais tcnica, e, por isso, mais hermtica.Seja por quer, na verdade, as angstias decorrentes da evidencia, ate ento pouco descobertas, de que vai traando uma construo circular e autopoitica em todos os cursos, em especial a historia do direito. Sabe-se muito pouco da origem exata do direito, pois esta se confunde com a origem a sociedade, casando assim a necessidade do uso da histria para auxiliar na busca clara dessa resposta.O objeto da histria sempre captado pela luz do meio em que construdo e pelas lentes do observador, j que se verifica uma construo social de toda a realidade, em especial a realidade social.7Deve os historiadores serem neutros e imparciais na busca da verdade sobre determinados fatos estudados. So pessoas de bom senso, e isso deve prevalecer, uma vez que, contaminando o passado com os toques do nosso presente e que nutrimos o futuro. Deve-se buscar a verdade sempre, independente da verdade imaculada na questo.Ao realizar os estudos cientficos de fatos da historia, deve-se ter cautela com as palavras, pois as mesmas fazem tropear as ideias, uma vez que enrolamos nelas os sentimentos e emoes.Para o estudo da histria do direito, deve-se ter um respaldo cientfico ou filosfico com amparo historiogrfico, utilizando uma metodologia historiogrfica. Deve o historiador ter um domnio muito particular, exigindo conhecimentos cientficos aparentemente fceis de incorporar, com uma boa cultura geral e uma bagagem histrica, poltica e filosfica de nvel, mas bem rigoroso, traioeiros, e com uma boa e solida formao jurdica.

Cuidados e deve ter os historiados juristas a contarem, de modo ingnuo, a evoluo do direito, sem utilizar as tcnicas e mtodos dos historiadores, e prescindido do seu olhar critico e englobante. Obviamente o erro comum seria o desentranhar a histria do direito da Histria em geral. Do mesmo modo compreender a Histria do Direito simples e pura parte daHistria em geral.

Assim, ainda discorrendo apenas da Histria do Direito, e tendo como pressuposto todos as cautelas devidas j narradas, podemos, na verdade, no plano acadmico e didtico, abranger com a Histria do Direito, vrios tipos de disciplinas, conforme narra CUNHA 2005:mesmo falando apenas da Histria do Direito tout court, e tendo como pressupostos todas as anteriores prevenes, podemos, na verdade, no plano didctico, conceber vrios tipos de disciplina8

A ideia de justia certamente o ponto de partida no apenas para a Histria do Direito, como tambm para o despertar da reflexo tica, nos primeiros tempos da vida histrica. Desde as sociedades mais primitivas, sempre houve a preocupao de instaurar normas e fixar princpios que asseguram no apenas a ordem, como tambm a sobrevivncia dos grupos humanos. (PISSARRA E FABBRINI, 2007, p. VII).Ainda nesse sentido, o doutrinador Cotrim utiliza a seguinte ideia;9a histria que o historiador escreve est ligada histria que ele vive.

O Direito, por ser um fenmeno social, encontra-se presente onde houver sociedade. O prprio surgimento do direito confunde-se com o surgimento da sociedade. Desse modo, embora desconhea as leis existentes na Pr-histria, no significa que no houvesse direito, ainda que exercido pela fora, logo, a concepo de justia era traduzida em fora.J ensina o doutrinador WOLKMER.

Toda cultura tem um aspecto normativo, cabendo-lhe delimitar a existencialidade de padres, regras e valores que institucionalizam modelos de conduta. Cada sociedade esfora-se para assegurar uma determinada ordem social, instrumentalizando normas de regulamentao essenciais, capazes de atuar como sistema eficaz de controle social. Constatase que, na maioria das sociedades remotas, a lei considerada parte nuclear de controle social, elemento material para prevenir, remediar ou castigar os desvios das regras prescritas. A lei expressa a presena de um direito ordenado na tradio e nas prticas costumeiras quemantm a coeso do grupo social.10H uma certa dvida quanto existncia ou no de direito antes da escrita. Pensemos que muito antes da escrita j haviam sociedades, e como dizem a maioria dos filsofos e socilogos, o direito nasce da sociedade, bem como a sociedade nasce do direito.

Na pr-histria temos a fundamentao no parentesco, da, a base geradora do jurdico encontram-se principalmente nos laos de consanguinidade. Logo, ao pensarmos em direito de propriedade, e direito de sucesses, pensaremos na famlia e nas crenas dela.Posteriormente, com o aumento das crenas e ainda sim a falta da escrita, as leis sero transmitidas oralmente, marcadas por revelaes divinas e sagradas. O direito religioso arcaico ou primitivo possui sanes religiosas que so rigorosas e repressoras, permitindo aos sacerdotes-legisladores a imposio e execuo da lei divina, pois o desrespeito de algum homem para com os ditames religiosos implicaria na vingana dos deuses. Logo, os sacerdotes teriam recebido a lei do Deus da cidade, o ilcito se confundia com a quebra da tradio e com a infrao ao que a divindade havia proclamado. Assim, as sanes legais esto associadas aos rituais. Era formal e ritual, se repetia.

Importante ressaltar que cada sociedade, por basear-se nos costumes, religio, e repassar seus direitos de forma oral, vrias foram as formas e aplicaes do direito.

A Histria do Direito, para os estudantes de direito, juristas, seve de base e alicerce para uma maior aproximao ao direito, sua realidade e ao seu sentido, atravs de uma viso guiada de ndole histrica. Uma verdadeira introduo histrica a todo o direito, no apenas a um determinado ramo do Direito ou a um conjunto de ramos jurdicos. Da evoluo do Code Napolon ou a Lei das Dozes Tbuas, so dois marcos na evoluo do pensamento prtico do direito.O Direito, como uma forma de manifestao social, constitui o mais importante de todos os instrumentos disciplinadores de toda a atividade humana, seja cultura, econmica ou social. Como processo de adaptao social, o Direito deve, sempre, acompanhar as mobilidades sociais e culturais, inclusive algumas religiosas, sendo indispensvel que ele seja o Ser Atuante e o Ser Atualizador, criando procedimentos novos e eficazes na garantia do equilbrio e da harmonia da Sociedade como um todo.Entretanto extraordinrio no esquecer que, mesmo estando o Direito sujeito a um procedimento permanente de evoluo, ele capaz de opor-se, por muito tempo, s mudanas sociais, trabalhando em determinados momentos como Travo social, constituindo, sempre uma relao entre o presente e o passado.O homem, ao intervir no processo de desenvolvimento do Direito, tem que obedecer, obrigatoriamente, s regras predeterminadas, desvinculando-se de qualquer compreenso arbitrria, pois, se assim no fizer poder ter, que enfrentar a revolta da opinio pblica, o que inevitavelmente levar a no aplicao da lei, ou a sua reformulao.

um engano exagerar o fator volitivo na gnese do Direito, pois o Direito no pode ser arquitetado como um ato isolado, mas, sim, como um conjunto das ocorrncias sociais e de motivos axiolgicos que abraa aquele que tem de legislar.

Mesmo renunciando a formulao de um caminho sinnimo e retilneo para as instituies sociais de todos os povos, confiamos que os homens primitivos eram nmades e a agregao humana era determinada pelas relaes individuais e pelos laos de parentesco. Nesse perodo, temos a horda, o cl e a tribo. Mais tarde, o homem se atm ao solo e o vnculo social vai pausadamente se decompondo de individual para territorial.A vida sedentria provoca o advento de agrupamentos mais densas formando as cidades, que unidas entre si formam a Nao, e esta institucionaliza o Estado, como mquina poltico-administrativa, cujo escopo maior garantir o Bem Comum e a Segurana Pblica da populao que vive em seu Territrio.As primitivas grandes culturas desenvolvidas no Oriente ofereceram, uma verdadeira aliana entre o magismo primitivo e a primeira organizao racional da Economia, da Sociedade e do Estado. O estrato social dominante, detentor dos segredos mgicos, impunha sua dominao sobre as camadas inferiores, pela Religio unificada com o Direito.O Direito era ento uma memria sagrada mantida pelos sacerdotes, que foram os primrios juzes. Oculto era o conhecimento do Direito, armazenado pelos sacerdotes ou pelos mais velhos. Com o tempo, o Direito tornou-se o conjunto de decises judiciais que, sendo consecutivamente repetidos, tornaram-se costumes Ento, das sentenas surge os costumes e dos costumes as leis, ou melhor, o Direito.No estudo do Direito oriental nota-se que a multido dos legisladores confessava ter recebido o Direito ou as leis das mos de seu Deus. Nesse Direito primitivo no h distino entre os mltiplos ramos da rvore jurdica, ou seja, o Direito Civil, o Direito Penal, o Direito Administrativo etc, ficavam todos implantados na mesma legislao.A histria do Direito passa a representar uma forma qualificada de preparao dos alunos para o estudo dos contedos do eixo tcnico-jurdicos. Verificamos essa realidade na apresentao dos mais variados institutos jurdicos atravs de suas evolues histricas. A construo histrica de um instituto serve para verificar o caminho que tal instituto percorreu at os dias atuais. A ttulo de exemplo podemos citar a evoluo do direito de famlia durante os tempos.Concluso A histria pode ser considerada uma cincia analisa o passado como forma de entender nosso tempo atual e possibilitar aes para o futuro. De tal modo, a histria do direito possibilita a uma anlise apurada dos fatos que compem a construo do sistema jurdico atual. O direito atual reflexo da verso mais atualizada da nossa sociedade.Conceituao e objeto da histria do direitoMtodos de estudo da histria do direitoO direito pode ser estudado atravs de diversos mtodos. Usual adotar-se o mtodo lgico-formal de cunho claramente positivista. Tal realidade fora propagada nas mais diversas Instituies de ensino e culminou na criao de cursos eivados de docentes que liam a lei.

Como a norma dinmica, assim como a prpria sociedade, ao mudar a legislao parte do contedo era perdido. De tal modo o mtodo positivista no confere ao jurista um saber consistente, fundamentado em bases histricas.12Para mudar essa realidade a incluso de contedos de formao humanstica mudou a concepo dos cursos de graduao em direito gerando uma egresso apto avaliar a realidade social e buscar soluo no ordenamento, mas tambm em outras formas de soluo de conflitos. Nesse contexto o ensino de histria do direito permite o estudo dos fatos, contextos e condio das passagens de interesse para o operador do direito. Segundo Lopes,Como o direito, a histria pode cumprir, nos momentos de mudana, um papel legitimador do status quo, um papel restaurador e reacionrio, ou ainda um papel legitimador no novo regime, ou, se procurarmos uma expresso mais neutra, um papel crtico. Para desempenhar este ltimo, tem que adquirir uma atitude de suspeita permanente para com suas prprias aquisies. Alguns recursos de mtodo da nova histria sero tambm os da nova histria do direito.13

Para Lopes, ao estudarmos a histria do direito temos que ter cuidados com:a) a suspeita do poder que exerce a autoridade formalizada pelo direito em determinado perodo;b) a suspeita do romantismo no que diz respeito adoo de uma viso sem iseno;c) suspeita da continuidade pois a continua mutao das scio-temporal propicia a mudana das realidades/conceitos; ed) a suspeita da idia de progresso e evoluo pois tais conceitos ficam na subjetividade do observador.14J na opinio de Azevedo, o estuda da histria do direito deve ser diversificado, pois para entender o significado de um determinado ordenamento jurdico o pesquisador deve dividir seu estudo em etapas:a) Estudar o contedo das normas e instituies;b) Avaliar as condies sociais que propiciaram tais normas e instituies;

c) Por fim, analisar o motivo da permanncia/extino de tais institutos.15Partindo de outra tica, o direito pode ser abordado como ordenamento, cultura ou conjunto de instituies. Como ordenamento o foco do estudo est na avaliao das fontes do direito. Nesse caso temos que ter em mente que vrias so as possveis fontes a serem adotadas pelo ordenamento jurdico (Leis, costumes,...) cada qual com suas caractersticas prprias.J o estudo do direito segundo a cultura. Nesse caso temos que nos atentar para as diversidades culturais em relao tanto do local (Estados, regies..) quanto s diferenas entre as prprias classes que com pem uma determinada sociedade. Exemplo disso a errnea adoo dos conceitos de Estado do Bem estar social europeu realidade brasileira do mesmo perodo. Por fim, temos o estudo da histria do direito segundo as instituies. Nesse vis podem-se observar as divises das funes dentro do Estado e as competncias especficas de cada agente em comparao com outras realidades ou perodos da histria.17O mtodo histrico pode ser adotado como plano de redao de trabalhos cientficos. Segundo tal plano, devemos definir um marco temporal de referncia. Esse marco pode ser um dado momento ou conjunto de atos. A questo ser vista como o antes e o depois de tal ato. 18Histria do direito e interdisciplinaridadeA interdisciplinaridade uma necessidade para os cursos jurdicos. Essa obrigao pode ser confirmada pelo fato de que a lei um marco do passado feita com base nos valores de determinado tempo e que busca regular as aes do futuro. Desse modo, estudar o passado imperioso para que se identifiquem os motivos que levaram a sociedade a resguardar tal bem jurdico (vida, patrimnio...).A histria do direito uma cincia tanto histrica quanto jurdica. Em decorrncia dessa caracterstica, sua rea de atuao no se restringe a limites rgidos ou previamente direcionados, uma vez que no se destina simples descrio dos fatos jurdicos. Deve no entanto abordar a anlise de tais fatos para explica-los juntamente com os momentos que os sucedem, suas causas e consequncias.19Em verdade toda questo de direito, independentemente dos ramos do direito, passa a ser uma questo de histria do direito em decorrncia da indissociabilidade da histria dos fatos que constituram cada parte do sistema jurdico. A exemplo das contribuies de Getlio Vargar para o direito do trabalho atual.O direito labuta com o controle social, para isso depende de que a prpria sociedade determine quais so os valores preponderantes em determinado tempo e espao. Assim a vinculao da histria com os outros ramos do direito ou reas afins fez-se indispensvel. Tanto o direito tributrio quanto a economia podem ser observado pela tica da histria, tornado, muitas vezes, obrigatria essa anlise para se resolver problemas da atualidade.A histria do direito permeia por vrias disciplinas dos eixos da formao jurdica. Naturalmente, a construo do conhecimento jurdico um processo que deve ser compartilhado entre seus agentes (aluno, professor, instituio de ensino) de forma a apresentar um perfil de egresso crtico e apto labuta nos mais diferentes ramos do conhecimento jurdico. De tal modo a histria do direito propicia uma abordagem mais profcua dos demais ramos do direito. A ttulo de exemplo, no estudo do direito constitucional, como seria a anlise da constituio de 1988 sem o estudo dos fatos que ocorreram durante o perodo de exceo promovido aps o golpe (ou contra revoluo) de 64.A histria do direito tem a funo de propiciar uma avaliao mais aprofundada dos fatos, permitindo avalio das causas e consequncias que culminaram nos fatos inerentes sociedade e seus sistemas de controle. Apenas com o conhecimento do passado que podemos ter conscincia do nosso presente (tempo e espao) para planejarmos o futuro. Para Miguel Reale,A Histria do Direito pode se desenrolar em trs planos que se correlacionam: o dos fatos sociais que explicam o aparecimento das solues normativas, bem como as mutaes operadas no ordenamento jurdico, dando relevo ao problema das fontes do Direito; o das formas tcnicas de que se revestem tais solues normativas, pela constituio de modelos institucionais; e o das ideias jurdicas que atuam, como fins, nas alteraes verificadas nas fontes e seus modelos normativos.A histria do direito no Brasil e no exterior O ensino da histria do direito sempre esteve presente nos bancos dos cursos de direito. J na Carta de Lei de 1827, foi previsto contedo de histria pois, segundo Venncio Filho, o professor deveria discorrer sobre s origens da monarquia portuguesa, referindo as diversas pocas, os diversos cdigos e compilaes e tudo mais que fosse necessrio para que os estudantes conhecessem, a fundo, a marcha que tem seguido a cincia do Direito Ptrio at o presente20Outra passagem que demonstra incluso da histria na formao jurdica foi a promulgao do Decreto 1.232-H de 02.01.1891. Segundo tal instituto o curso de direito seria dividido em Cincias Jurdicas; Cincias Sociais e Notariado. A histria do direito foi contemplada nessas trs modalidades, ora ministrada juntamente com a filosofia, ora com contedo focado na histria dodireito ptrio.21A portaria 1.886, de 30.12.1994 regula as diretrizes curriculares do curso de direito sem abordar expressamente a histria do direito como contedo obrigatrio permitindo, no entanto sua incluso atravs da previso dos novos direitos.Sabendo-se que o curso de direito deve possuir uma base interdisciplinar para garantir que o egresso conhea os fatos sociais regulados pelo direito, a Resoluo 09/2004 da Cmara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educao passa a tornar a histria contedo obrigatrio para os cursos de graduao em Direito.

A histria do direito lecionada em diversos pases contemplando em boa parte deles contedo obrigatrio. Verificamos que o ensino da histria do direito nos pases que adotam o sistema common law mais que uma disciplina necessria, uma vez que em tais sistemas os costumes tem uma acentuada importncia no processo decisional. J os pases que adotam o sistema civil law, de origem romana tem na histria do direito a forma de explicar as origens das normas que compem seus sitemas jurdicos.Alguns grupos sociais possuem regras prprias no escritas que so transmitidas pela tradio e remontam s suas origens. Tais grupos utilizam-se da histria como forma de manter suas caractersticas.Concluso

A histria do direito deve ser abordada como contedo indispensvel para a formao do jurista atual. Isso decorre da necessria incluso de seus contedos no eixo de formao bsica dos cursos de direito e colabora com um egresso de perfil crtico.

REFERNCIASAZEVEDO, Luiz Carlos de. Introduo histria do direito. 2. ed. So Paulo: RT, 2007.CUNHA, Paulo Ferreira da; SILVA, Joana Aguiar e; SOARES, Antnio Lemos. Histria do Direito: do direito romano constituio europeia. Coimbra: Almedina, 2005.TRINDADE. Andr Fernando dos Reis. Manual de Direito Constitucional. So Paulo: Atlas. 2011.LOPES, Jos Reinaldo de Lima. O direito na histria: lies introdutrias. 3. ed. So Paulo: Atlas, 2008.MACHADO. Antnio Alberto. Ensino jurdico e mudana social. 2. ed. So Paulo: Atlas, 2009. P.78.VENTURA, Deisy. Monografia jurdica. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2002.Direito e justia na antiguidade clssica

Perodo da Histria da EuropaVamos iniciar este tpico, analisando e verificando os momentos que deram origem a chamada antiguidade clssica, os pases que fizeram parte desse momento histrico, os direitos referentes a cada um deles, e os momentos finais de tal momento importantssimo para o direito atual. Inicialmente vale destacar, que a antiguidade clssica detm outras nomenclaturas utilizada pelos doutrinadores, podem ser encontrada das seguintes formas; Antiguidade Clssica, Era Clssica ou ainda Perodo Clssico. Todas essas terminologias referem-se ao mesmo momento histrico.Tal perodo corresponde principalmente ao momento histrico onde as civilizaes grega e romana se destacaram de modo extraordinrio das demais sociedades nos mais variados tipos de desenvolvimento humano.Tal poca, foi de extrema importncia para a humanidade vivendo no mundo civilizado da sociedade, que a cultura clssica elaborada nesse perodo considerada alicerce para a construo de toda a cultura ocidental contempornea. Para a maioria dos historiadores, tal perodo de concreta importncia, se iniciou no primeiro registro de poesia do grego HOMERO, no sculo VII - VIII a. C. HOMERO foi um dos maiores poetas da Grcia Antiga, que nasceu e viveu no sculo VIII a.C, sendo autor de duas importantssimas obras, os poemas de Ilada e Odisseia. Vrios historiadores e pesquisadores da antiguidade no chegaram a uma concluso sobre se Homero de fato existiu de verdade ou se uma personalidade lendria, pois no h provas concretas de sua existncia. Suas obras podem ter sido escritas por outros escritores antigos ou so apenas compilaes de tradies orais do perodo.1(CUNHA, 2005, p. 11).

Fonte: Cuesta (2013)A vida de HOMERO combina a lenda e a realidade. Com base nas tradies, HOMERO era cego e poderia ter nascido em vrios locais da Grcia Antiga: Esmirna, Colofn, Atenas, Quios, Rodas, Argos, taca e Salamina. Sobre a morte de HOMERO tambm h muito segredo. De acordo com alguns documentos histricos do sculo V a.C, ele teria morrida na ilha de os. Pesquisadores modernos afirmam que no h nenhum dado seguro sobre as fontes da antiguidade que falam sobre Homero. De acordo com pesquisas atuais, caso ele tenha existido, provvel que tenha nascido e vivido na zona colonial jnica na sia Menor. Esta concluso tirada a partir das caractersticas lingusticas de suas obras e as tradies abordadas que so tpicas da regio jnica. Outra base importante de tal momento histrico, foi o surgimento do imprio Romano, que absorveu muito legado intelectual da civilizao e costumes gregos, e o mais importante, que soube inserir sua cultura nos demais povos que conquistou ao longo do tempo.2(AZEVEDO, 2005, p. 54).Fonte: Pontes (2012)Ao antagnico dos gregos, o esprito romano era mais pragmtico, centralizado no domnio de territrios e no poder, e apesar de no ter desenvolvido tanto quanto os gregos, soube passar muitos de seus valores, com evidncia para a lngua latina, que com o tempo acarretou a criao de novas lnguas ao longo da Europa ocidental. O prprio alfabeto aproveitado para escrever tal lngua hoje utilizado por 2/3 da humanidade para registrar idiomas em todos os continentes; importante destacar tambm o direito romano, cujas origens ainda influenciam o sistema normativo de vrios pases, entre eles o Brasil.Com respaldo nessas duas grandes civilizaes da Antiguidade Clssica, foram elas as responsveis pela base do pensamento jurdico, poltico e filosfico do Ocidente. Sua decadncia se perpetuou no tempo, e se deu o nome de Antiguidade Tardia, aproximadamente 300 a 600d.C, momento em que se instaura a Idade Mdia. Especificamente, o imprio grego teve sua runa uma vez que a mesma travou inmeras batalhas contra a expanso persa inicial, onde obteve sua vitoria, dando origem ao pice de sua gloriosa grandeza, conhecida como Grcia Clssica. Todavia outras batalhas foram travadas, e ao se chocar Atenas e Esparta, na denominada Guerra do Peloponeso, que acarretou a vitoria de Esparta em 400 a.C, levando assim o enfraquecimento do imprio grego e consequentemente varias invases em seu territrio. J o imprio romano, teve o apogeu de sua economia nos sculos I e II d.C, onde foi considerado o mais avanado ate existir a Revoluo Industrial, com o seu inicio de declnio durante o sculos III, IV e V, onde as diversas guerras travadas pela expanso, a falta de condies financeiras, falta de escravos para uso de mo de obra, contriburam significativamente para sua falncia . (JURISWAY, 2011)3O surgimento das polisA polis o surgimento organizado da economia e da sociedade, onde tem em comum os traos comum a origem organizacional de famlias agro-pastorais, que se difundiram pelo vasto territrio conhecido atualmente como Grcia.O mais importante, para os antigos gregos, era a poltica e a vida social em torno da polis. O que importava para o ateniense era a vida em comunidade e a concepo coletiva era a idia que prevalecia na democracia antiga, o pblico superava o privado. O homem s existia de forma plena enquanto cidado fazendo parte de uma comunidade poltica. "O ideal comum impunha-se a todos, e o indivduo era visto sobretudo como parte do rgo coletivo, do corpo social". (VILANI, 2000, p.20 apud RODRIGUES, 2005, p. 1).4Uma das maiores contribuies desse modo organizacional, foi o surgimento legal da propriedade privada grega, onde nesta cidade-estado havia o predomnio social do guerreiro, caracterizou a propriedade privada sendo guerreiro proprietrioVale destacar que cada polis detinha sua total independncia, seja esta poltica ou econmica, o que significa que tais polis podem ser denominadas de cidades-estados.Fonte: Sousa (2013)Tal experincia, o desenvolvimento das polis, tratada por alguns estudiosos como umas das mais importantes experincias elaboradas em toda a Antiguidade, onde fazem parte do imprio grego e mantm a liberdade entre cada uma. Importante finalizar, que cada cidade-estado, ou cada polis, detinha seu corpo cvico, conjunto de cidados, onde somente esses poderiam participar dos negcios pblicos, celebraes religiosas e sobre a poltica. Sendo assim, imprescindvel se faz, destacar que cada polis era responsvel pela criao de suas leis, onde podemos concluir que no vasto imprio grego, eram varias as leis vigentes em seu territrio.5(PORTAL SO FRANCISCO, 2013).Direito na GrciaMuitos historiadores afirmam que a democracia grega ajudou, de forma ntida, a criar a estrutura do direito que se utiliza ate os dias atuais, em seus vrios nveis do saber.Fonte: Roque (2013)Varias foram as conquistas intelectuais desse perodo, entre eles o surgimento da moeda, dando ensejo a possibilidade de acumular riquezas; a chance de qualquer cidado possuir armamentos; mas principalmente a criao da escrita, onde dessa forma as leis poderiam ser codificadas e divulgadas de forma geral, acabando por vez de utilizao de erros de compreenso ou de esquecimento de leis que deveriam ser cumpridas. Dracon, foi o primeiro legislador ateniense, que optou por uma nica pena para todas as classes de delitos, graves ou leves, dando ensejo pela primeira vez ao principio do cdigo penal. Todavia tal ideia reprimia alguns fatores desagraveis aos costumes da poca, onde ate pequenos furtos florestais eram reprimidos com a pena capital. O segundo legislador ateniense, Slon, defendia que a lei deveria equiparar ofensa a reparao. Toda a legislao antiga tem ecos da Lei De Talio. Porm acrescentou alguns favorecimentos a populao. Responsvel pela criao de leis e estruturou (ainda que de forma restrita), a reforma institucional, econmica e acima de tudo social na regio.6(WOLKMER, 2008, p. 73).

Fonte: Wikimedia Commons (2013).

Leis criadas por Slon; Libertao dos camponeses das hipotecas e da escravido por dvidas; proibiu emprstimos sujeitos escravizao do devedor e de sua famlia; estabeleceu uma relao entre a fortuna do cidado e seus direitos polticos, dividindo a populao de Atenas , segundo o rendimento anual e individual; privou a aristocracia no monoplio dos cargos pblicos; criou o Conselho dos Quatrocentos - a Bul - composto de cidados maiores de 30 anos.Clstenes assumiu o governo, estabelecendo a democracia. Dividiu a populao de Atenas 10 tribos com 160 circunscries administrativas, espalhadas por 30 circunscries eleitorais. Cada tribo continha trs circunscries eleitorais: uma do litoral, uma da rea urbana e outra da rea rural. Cada tribo era composta por grandes e pequenos proprietrios, mercadores, artesos e marinheiros, acabando por completo com o predomnio da aristocracia.

A democracia ateniense foi sendo aperfeioada, ampliando cada vez mais os direitos dos cidados livres, maiores de 18 anos, filhos de pai ateniense. Camponeses e artesos transformaram- se, em cidados plenos, independentemente de suas posses. Houve a criao dos estrategos, magistrados militares encarregados dos assuntos militares, Instituio do ostracismo - expulso, com cassao dos direitos polticos por dez anos, do cidado denunciado como prejudicial plis, pela Assembleia Popular. O Direito Penal surge quando o homem passa a viver associado, de tal modo que, ao se traar uma linha de desenvolvimento na vida da sociedade de modo geral, paralelamente se chegar outra do desenvolvimento do fenmeno jurdico-penal, apresentando esta ltima correlao nos graus de desenvolvimento das diversas sociedades humanas. O Direito Penal grego marcou a passagem do Direito Oriental para o Direito Ocidental. A ele coube o mrito de afastar a influncia religiosa, marcante at ento, e dar incio humanizao da pena.7(AZEVEDO, 2005, p. 47).A justia penal grega refletia as dificuldades da poca, constituindo-se em um meio de preservao do poder pelos governantes. Foi dividido em trs perodos : o Perodo da Vingana Privada, em que a pena meio de vingana; No Segundo Perodo, o Estado exerce o direito punitivo como ministro religioso, havendo uma completa identidade entre o Estado e a religio. No terceiro perodo perdura o conceito religioso.No ano 1.200 a 900 a.C a Grcia cruzou um perodo apelidado de era das trevas e, no comeo de 900 a.C eles ainda no tinham leis oficiais. Os conflitos, como por exemplo o assassinato, eram decididos pelos prprios membros das famlias das vtimas. Somente em meados do meio do sculo VII a.C eles criaram suas primeiras leis codificadas.

Fonte: Goulart (2013)

Os gregos ofereciam muita importncia parte processual dos casos e por isso era a mais desenvolvida pela sociedade jurista, e se dividia em arbitragem privada e arbitragem pblica. A arbitragem privada era a forma mais simples de se solucionar um litgio, era realizada fora do tribunal e nela s partes indicavam os rbitros que julgariam visando a obter um acordo ou uma conciliao entre ambos. J a arbitragem pblica propunha de um rbitro escolhido pela magistratura, e a principal meta era emitir um julgamento, sendo que a deciso, neste caso, no era acordada, e sim imposta.8(EITERER, 2008, p. 1).Os gregos no situavam a diferena entre direito pblico e privado, civil e penal, mas, no direito processual existia uma caracterizao quanto forma de se mover uma ao: ao pblica e ao privada. A pblica tratava de conflitos com o Estado, sendo que qualquer cidado era apto a inici-la, e a privada s em conflitos judicirios e reservada aos envolvidos na ao.

A retrica grega como instrumento de persuaso jurdica Conforme j narrado, vrios foram as evolues e atribuies do direito grego ao decorrer dos sculos, inclusive foi este que ensejou uma alguns aspectos do direito romano, utilizado ate os dias modernos. Todavia certo que os instrumentos aplicados para a eficincia do direito grego so totalmente diferente dos instrumentos atuais, onde o que prevalecia em tal momento histrico era a caracterstica do individual grego, onde no h magistrado que inicie um processo, no j ministrio publico que sustente a causa da sociedade. Com tal caracterstica, a lei era essencialmente retrica, onde no havia o papel essencial do advogado, juzes, promotores, havia somente a figura processual dos dois litigantes, dirigindo-se a centenas de jurados. 9(WOLKMER, 2008. p. 89).Por este motivo, qual seja, a ausncia das figuras processuais utilizadas nos dias de hoje, dos juzes, promotores e advogados, que levam a entender o porque os gregos no influenciaram as sociedades subsequentes no aspecto do direito, servindo apenas de base legal. Mas tais caractersticas contm uma base racional lgica, a de que a administrao da justia grega foi mantida nas aos de amadores, para assim ser mais rpida e barata para o Estado. Igualmente, os julgamentos aconteciam em dias contemplados e os casos particulares julgados e sanados no mesmo dia, agindo de forma rpida e fcil. Importante destacar tambm a figura central do juiz, que nos dias atuais refere-se a uma pessoa remunerada pelo estado, mas que na justia grega era um oficial designado por sorteio.Muitos doutrinadores vo alm, afirmam que tal caracterstica foi a base para a criao do jri popular, onde o mesmo formado por cidados comuns, em contrario de pessoas com alguma posio especial e conhecimento especializado, formando assim a figura essencial do jri popular, papel fundamental para os processos judiciais em determinados casos da justia moderna em vrios pases do mundo. nesse momento que nasce no direito grego a particularidade de suas essncias, a necessidade das prprias figuras processuais utilizarem da retrica e persuaso. Todavia esse caracterstica prpria foi apenas estudados pelos especialistas h pouco tempo conforme narra Antonio Carlos Wolkmer:10(WOLKMER, 2008. p. 90).o assunto no novo, apenas de somente nos ltimos dez anos terem os especialistas voltado a ateno para a oratria grega forense e a analise pormenorizada dos discursos dos oradores ticos. Assim sendo, com a retrica eram os prprios cidados lesionados que buscavam a justia por meio do tribunal popular formado muitas vezes por centenas de cidados comuns, onde esse fazia parte do cotidiano popular de varias cidades gregas, julgado todas as causas, tanto publicas quanto privadas, exceo dos crimes de sangue que ficava sob a alada do arepago. O numero total era de seus mil, e para julgar diferentes causas, sendo nesse caso sorteados novamente para evitar possveis fraudes. Para tais sorteados, os mesmos recebiam um salrio por dia de trabalho, evitando prejuzos de sua atividade normal.11(WOLKMER, 2008. p. 91).

Aps o sorteio dos jurados, os litigantes, com base na oratria, apresentavam de forma continua cada caso, interrompido somente para a apresentao de evidencias de suporte, e era dirigida aos jurados, que poderia variar em algumas centenas, onde o numero total era sempre impar para evitar o empate, situao semelhante ao processo do jri atual, restringindo apenas o numero legal de jurados. Para suporte, o orador poderia se utilizar por amigos e parentes que apareciam como a figura legal de uma testemunha. Cabia a eles o papel de convencer a maioria dos jurados e para isso valia-se de todos os truques possveis. A longo dos sculos, a figura dos auxiliares dos litigantes, narram os doutrinadores, que esses passavam a exercer o papel central da lide, atuando como advogados dos litigantes.12(WOLKMER, 2008, p. 92).Podemos finalizar, afirmando que o papel da oratria e da persuaso foi inevitvel para o sucesso jurdico na era grega, onde os litigantes, por si s, deveriam convencer os jurados sobre sua situao litigiosa, impondo a responsabilidade no a um juiz estatal, mas sim a cidados comuns sorteados para o caso, surgindo da, para alguns doutrinadores, a figura do tribunal do jri moderno.O legado gregoDiante de todo o narrado, ainda que no se possa encontrar fontes do Direito Grego, com a mesma objetividade do direito Romano harmonizava, verifica-se o quo importante e expressiva foi a contribuio de tal perodo para os fundamentos da cincia poltica e das instituies de direito pblico. Outra ferramenta que merece destaque a impressionante agilidade e rapidez que julgavam seus interesses, bem como a praticidade com os que solucionavam, na base da linguagem buscava-se a justia. De mesmo modo a expressiva significncia da exposio dos retricos, onde os julgamentos ocorriam diariamente, com argumentao jurdica. Analisando a era grega de um modo mais abrangente, uma vasta influncia fora captada por povos, especialmente em Roma, que soube bem aproveitar o concurso de preceptores, filsofos, humanistas, gramticos, poetas e historiadores nativos do povo grego. Tais contedos no s foram utilizados por vrios povos do mesmo perodo histrico, mas sim transcenderam as geraes seguintes, que foram de total valia para a criao do direito moderno. 13(AZEVEDO, 2005, p. 47).A contribuio grega foi totalmente selecionada em vrios sentidos legais, mas de um modo mais modesto, o direito privado grego persiste na denominao de alguns institutos e modos de agir, no que diz respeito por exemplo na compra e venda, emprstimos, fiana, depsito, locao, expresses que ate hoje se conserva com igualdade de significado e compreenso. Alm destas a anticrese, hipoteca, so igualmente palavras de fonte grega, mas que seus conceitos e significados foram efetivamente regulamentados e reestruturados no direito romano, ou seja, a indiscutvel e ntida importncia do direito grego. Todavia no so esses as principais referncias deixadas pelo povo grego, mas sim a sua maior herana do povo foi a democrtica, a representao proporcional, a tripartio dos poderes e o revezamento dos seus dirigentes, ou seja, uma caracterstica dos ideais de liberdade e igualdade com que honravam e se mantiveram os seus propsitos.14(AZEVEDO, 2005, p. 48).

Um conceito narrado por Aristteles define vrios conceitos atuais:o fundamento do regime democrtico a liberdade; (com efeito, costuma-se dizer que somente sob esse regime h liberdade, pois este o fim para o qual se destina a democracia). Uma das caractersticas da liberdade ser governado e governar por turnos, pois a justia democrtica consiste em possuir todos o mesmo, numericamente, e no segundo os seus merecimentos; e se isto justo, forosamente h de ser soberana a multido e o que esta aprovar, por maioria, ser justo (...). outra caracterstica viver como se quer, a qual resulta daquela liberdade. Esta a segunda nota da democracia: no ser governado por ningum, se isto for possvel ou ser governado por turnos (...). sendo estes os fundamentos da democracia, so procedimentos democrticos os seguintes: todas as magistraturas devem ser eleitas entre todos; que todos mandem sobre cada um;, e cada um a seu turno, sobre todos; que as magistraturas sejam providas por sorteio, ou, pelo menos, aquelas que no requeiram experincia ou habilidade especiais; que no se fundamentem na propriedade, ou na menor possvel; que, em princpio, a mesma pessoa no exera duas vezes alguma magistratura; que as magistraturas sejam de curta durao (...) que a assembleia tenha soberania sobre todas as coisas (...).15(AZEVEDO, 2005, p. 49).Portanto, podemos notar que varias foram as heranas deixadas pelos gregos ao longo de sua hegemonia, heranas essas que serviram de base para outras grandes civilizaes, onde essas ao incluir o legado grego, aprimorou vrios conceitos, que so utilizados ate a presente data.As fontes do direito gregoTal situao de extrema importncia para analisarmos as origens, pocas e casos que ensejaram a elaborao de normas, ou seja, do direito romano. certo que a maior parte das fontes do direito romano se perderam no decorrer do tempo, prejudicando as informaes necessrias para a reconstituio completa e precisa sobre as leis e instituies gregas. Caso escrituras ou outras fontes escritas estivessem reunidas criando assim um corpo legal, indiscutivelmente tornaria as fontes mais precisas. Vale ressaltar que as fontes iniciais chegaram apenas em Roma, onde fora destruda e perdida ao longo do tempo, restando apenas fragmentos esparsos ou fontes mediatas, necessitando assim de elaborar os textos por induo, muitas vezes criando uma imagem incorreta do direito da poca grega.Assim as fontes que restaram foram imprecisas, quais seja, trechos de Plato e Aristteles, as leis daquele, a poltica e a tica a Nicmaco. Sendo assim, com base em tais documentos, no correto afirmarmos que pode-se, com absoluta certeza e clareza, resolver tal lide, confirmado os fatos e leis ali narrados, tendo em vista que tais filsofos poderiam estar se referindo a uma sociedade hipottica, ideal, e no real, da qual se participassem. Tais fatos ainda existentes, portanto, no so exatos referentes a estrutura correspondente do direito grego, seja na esfera administrativa e judiciria.16(AZEVEDO, 2005, p. 41).Conforme j narrado, o modo de argumentao jurdica era a retrica de cada parte envolvida na lide, onde esses utilizavam de todos os meios para convencer os jurados. Sendo assim os oradores poderiam, no calor do momento da discusso nos tribunais, nem sempre se atentarem no esprito da lei, uma vez que as argumentaes no eram destinadas a juristas de fato, mas sim a jurados leigos, selecionados no dia para os julgamentos.

Todavia, descontando essas situaes no mbito jurdico, pode-se colher informaes com respeitada validade nos textos literrio em geral da poca, tal como nas obras de Herdoto ou Xenofonte, e bem assim nas tragdias de squilo, Sfocles, Eurpedes. Pode-se encontrar com seguridade tambm nas comdias de Aristfanes, quando este retrata alguns momentos da sociedade ateniense, onde a crtica ocorre das diversas situaes causadas pelas constantes crises que abalaram. Temos como exemplo desta ltima, a obra as vespas onde aposta a deturpao do sistema judicirio ao tempo de guerra.A escrita e os dialetos gregos de extrema importncia, como j vimos, a questo da transmisso das leis para os cidados, uma vez que a principal forma de atuar no processo grego se dava da maneira oral, atravs da oratria e persuaso dos ouvintes. A terminao "grego antigo" junta, na realidade, diversos diferentes dialetais: o micnico, o rcado-cipriota, o elico, o drico, o inico e o tico eram os dialetos mais utilizados em tal perodo. Sua essncia est bem documentada durante o Perodo Arcaico e o Perodo Clssico, todavia muito provvel que esses regionalismos tenham se desenvolvido muito tempo antes. O provvel dialeto mais antigo deve ter sido, facilmente, o correspondente ao grego falado pelos mnios durante o Heldico Mdio, todavai faltam indcios concretos de sua veracidade.O mais antigo dialeto que por sua vez pode ser de fato comprovado por inscries e documentos o dialeto micnico (sculo -XV); por conseguinte o mais antigo , visivelmente, o rcado-cipriota, o qual contem vrios graus de afinidade com o dialeto micnico. Devido dominncia econmica e intelectual de Atenas durante o Perodo Clssico, o dialeto tico misturou-se por todo o mundo grego e os demais dialetos perderam progressivamente sua importncia ao decorrer dos anos.17(AZEVEDO, 2005, p. 77).Por vrios sculos, a lngua grega era apenas expressada pela fala e as comunidades que a utilizavam repassavam de forma oral os elementos culturais bem como as normas vigentes em tal momento histrico.H tempos antigos, no Oriente Mdio, os sistemas de escrita haviam se aperfeioado desde o IV milnio a.C., e aps alguns milnios essa admirvel inovao foi adotada pelos gregos. Os primitivos sistemas de escrita, que eram utilizados pelos sumrios, acadianos, egpcios bem como por outros povos, eram muito sofisticados a poca e, ao mesmo tempo, complexos e de difcil compreenso.Baseavam-se em grande e significante quantidade de sinais pictogrficos (ideogramas), e cada sinal representava tanto o objeto concreto como o conceito subjacente. O pictograma egpcio, por exemplo, poderiam ser utilizados para representar tanto "escriba" como "escrita", variando o caso concreto para sua utilizao. Os modos de representao de pictogrficos orientais logo foram alterados, simplificados e surgiram os silabrios, onde cada sinal representava o som de uma slaba. Exemplos orientais so o hitita, da sia Menor, e a escrita linear A, de Creta. A primeira escrita da Grcia foi, justamente, um silabrio, conhecido por linear B. O sistema foi certamente desenvolvido pelos micnios, inspirados pela escrita linear A dos minicos da ilha de Creta. Todavia tal escrita grega foi alvo de srios preconceitos ao decorrer dos anos, onde os historiadores, no passado, davam pouca importncia a ele, uma vez que realmente os estudos dos gregos eram elaborados por filsofos, onde esses no se preocupavam muito com a parte jurdica.18(WOLKMER, 2008, p. 75).

No Oriente Mdio, em medos do ano de aproximadamente -1600 a.C, surgiram as primeiras inscries alfabticas. Nesses iniciais e bsicos alfabetos, como o proto-sinatico e o ugartico, cada sinal importava um som, mas somente os sons consonantais. Os veementes contatos comerciais entre os gregos e os fencios da srio-palestina, no sculo IX ou VIII a.C aproximadamente, ensejaram o contato dos gregos com o alfabeto consonantal dos fencios, dando ensejo assim a uma nova adaptao. Os gregos logo incluram e se adaptaram aos sinais fencios aos sons de sua lngua, e fizeram ademais uma admirabilssima inovao: aproveitaram os sinais fencios que "sobraram" e formaram de base para representar os sons voclicos, ate ento no desenvolvidos.O alfabeto grego, inteiramente concretizado no incio do Perodo Arcaico, foi o primeiro "alfabeto verdadeiro", completo, com sinais que representavam tanto as consoantes como as vogais. Sendo assim, em decorrncia desse nobre e complexo alfabeto desenvolvido pelos gregos, que os posteriores, tanto os ocidentais, quanto o latino, que desencadeou a nossa lngua, derivam dos primeiros alfabetos gregos.

importante frisar tambm que a escrita sempre posterior expresso oral, onde podemos concluir que a transmisso de forma escrita pode-se faltar com a verdade exata da forma oral, onde existem povos com lngua falada, todavia com a ausncia da escrita. No decorrer do Perodo Helenstico, os gregos j falavam um dialeto de comum conhecimento geral, reconhecido por koin, proveniente do dialeto tico.

O dialeto comum, s vezes chamado de dialeto alexandrino, veio a torna-se a lngua corriqueira de todo o mundo mediterrneo, helenizado pelas conquistas de Alexandre III da Macednia, e fora utilizado durante vrios sculos, inclusive durante o Perodo Bizantino. 19(WOLKMER, 2008, p. 78).

Tais evolues da escrita so de extrema importncia tendo em vista que ela e o direito esto intimamente relacionados, onde no h um sistema jurdico plenamente vigente sem um sistema de escrita. Doutrinadores entende existir trs estgios para o desenvolvimento do direito na sociedade, quais sejam; pr-legal, proto-legal e legal, vejamos. Na sociedade pr-legal, temos por principal caracterstica a de no tem qualquer procedimento estabelecido para lidar com as disputas que surgem em seu sistema, onde apenas possvel em sociedade pequenas e de pouca complexidade. Por sua vez, a sociedade proto-legal por outro lado, existem regras e procedimentos bem determinados, existe a definio legal de regras e leis impostas aos cidados. E por fim mais no menos importante, a sociedade legal a que ocorre nas sociedade atuais, considerando determinados atos to indesejveis que justificam uma severa punio. As leis regem a conduta de seus membros e associam atos com sanes, onde detm tambm tais sociedades uma escrita desenvolvida. 20(AZEVEDO, 2005, p. 77).Como se observa, o direito e a escrita esto intrinsecamente interligados, no sendo considerado a escrita apenas uma tecnologia, mas como tecnologia auxiliar de forma a permitir a elaborao, produo e divulgao de leis nos mais diversos sistemas sociais existentes ao longo da historia.

REFERNCIASAZEVEDO, Luiz Carlos De. Introduo Histria Do Direito. 2. ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.CUESTA, Miguel Hermoso. Homero villa dei papiri. Wikimedia Commons, 3 julho 2013. Disponvel em: . Acesso em: ago. 2013.CUNHA, Paulo Ferreira da; SILVA, Joana Aguiar e; SOARES, Antnio Lemos. Histria do Direito: do direito romano constituio europeia. Coimbra: Almedina, 2005. p. 11.DIREITO ROMANO. Jurisway, ago. 2011. Disponvel em: . Acesso em: ago. 2013.EITERER, Luiz Henrique. Histria do direito: o direito grego antigo. lheiterer blogspot, 21 mar. 2008. Disponvel em: . Acesso em: ago. 2013.GOULART, Michel. Scrates e a democracia grega. Histria Digital, 15 fev. 2013. Disponvel em: . Acesso em: ago. 2013.J PASSEI. Hist 10: o modelo ateniense. Disponvel em: