fÓrmulas simplificadas baseadas em mediÇÕes de...

24
FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE VIBRAÇÕES PARA ESTIMATIVA DE FREQUÊNCIAS NATURAIS DE CASCOS DE NAVIOS Victor Batista Calvino Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica, Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval e Oceânico. Orientador: Carl Horst Albrecht Rio de Janeiro Dezembro 2017

Upload: dangnhi

Post on 23-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE VIBRAÇÕES PARA ESTIMATIVA DE

FREQUÊNCIAS NATURAIS DE CASCOS DE NAVIOS

Victor Batista Calvino

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Naval e

Oceânica, Escola Politécnica, da

Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro Naval e Oceânico.

Orientador: Carl Horst Albrecht

Rio de Janeiro

Dezembro 2017

Page 2: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

2

FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE VIBRAÇÕES PARA ESTIMATIVA DE

FREQUÊNCIAS NATURAIS DE CASCOS DE NAVIOS

Victor Batista Calvino

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA

NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

NAVAL E OCEÂNICO.

Examinado por:

_______________________________________________ Prof. Carl Horst Albrecht, D.Sc.

_______________________________________________ Prof. Severino Fonseca da Silva Neto, D.Sc.

_______________________________________________

Eng. Flávia da Silva, M.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ- BRASIL. DEZEMBRO DE 2017

Page 3: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

3

Índice

1 – Introdução ....................................................................................................... 5

2 – Objetivo ........................................................................................................... 6

3 – Conceitos ......................................................................................................... 6

3.1 – Vibração do sistema massa mola amortecedor .......................................... 6

3.2 – Vibração de Sistemas Discretos .................................................................. 7

3.3 – Vibração em Navios.................................................................................... 9

3.4 – Viga de Timoshenko ................................................................................... 9

3.5 - Massa Adicional ........................................................................................ 11

3.6 – Frequência Natural de Vibração e Ressonância ........................................ 14

3.6 – Frequência Natural de Kumai ................................................................... 15

4 – Objetos de estudo .......................................................................................... 16

5 – Dados da Prova de Mar .................................................................................. 17

6 – Dados do PROSEC ........................................................................................... 19

7 – Fórmula de Kumai Modificada ....................................................................... 19

8 – Análise Numérica e Resultados ...................................................................... 21

9 – Conclusão e Trabalhos Futuros ...................................................................... 22

10 – Bibliografia ................................................................................................... 24

Page 4: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

4

Lista de Figuras

Figura 1 - Flexão de vigas de Timoshenko ......................................................... 11

Figura 2 - Gráfico para o coeficiente de massa virtual vertical .......................... 12

Figura 3 - Gráfico para o coeficiente de massa virtual horizontal ...................... 13

Figura 4 - Localização dos Transdutores ............................................................ 18

Figura 5 - Descrição dos pontos de vibração ..................................................... 18

Figura 6 - Valores do coeficiente de massa virtual vertical ................................ 21

Page 5: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

5

1 – Introdução

As vibrações dos navios são objeto de importante estudo na área de Engenharia Naval, a

ocorrência de tais vibrações pode prejudicar e colocar em risco todo o projeto de um navio,

pois vibrações excessivas podem colocar em risco as condições estruturais e a integridade da

embarcação.

Tal fenômeno também é responsável por avariar determinados sistemas e

equipamento, além de afetar as condições estruturais do navio. Em caso de vibrações que

causem ressonância, a estrutura do navio estaria sujeita a falhas levando ao colapso estrutural.

Vibrações em excesso afetam também a operacionalidade do navio.

Todos os navios sofrem influências das vibrações, pois elas são respostas dinâmicas a

diversos modos de perturbação, de maior ou menor intensidade. As vibrações são forças que

variam de forma cíclica ao longo do tempo atuando em todo o navio, casco, elemento

estrutural, equipamentos, entre outros.

Com base em estudos de navios que tiveram problemas com vibrações podemos

observar que os problemas mais relatados são as vibrações nas estruturas primarias e na

vibração dos sistemas propulsivos.

Um dos estudos mais importantes no projeto de um navio é o estudo das vibrações,

evitando assim que o navio depois de pronto e em operação atinja a frequência de ressonância.

Para isso devemos fazer cálculos para estimar a frequência natural de vibração antes de sua

construção, assim podemos projetar o navio para que não haja nenhum problema acarretado

pelas vibrações do navio durante navegação e operação

Page 6: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

6

2 – Objetivo

O objetivo desse trabalho é ajustar coeficientes utilizados em fórmulas simplificadas

para estimar as frequências naturais de cascos de navios, baseados em medições de vibrações

em provas em escala real, realizadas durante a prova de mar dos navios em estudo.

Através de cálculos matemáticos podemos encontrar formulas e maneiras de estimar a

frequência natural de vibração de navios. Para encontrarmos tais frequências é necessário que

seja feito um estudo da massa adicional causado pelo movimento acelerado do navio. Os

movimentos das partículas de água próximas ao casco do navio causam um efeito de soma ao

deslocamento da embarcação e interfere diretamente no cálculo das frequências naturais.

Diversos métodos para o cálculo da massa adicional já forma estudados e com base

nessa massa, foi possível encontroar os valores das frequências naturais dos navios, as massas

adicionais forma calculadas através dos métodos de Burril, Todd, Kumai e Landweber.

Vamos avaliar uma nova formulação para o cálculo da frequência natural, baseada na

formula de Kumai [1] e verificar se ela se aproxima dos resultados antes obtidos, para que seja

possível aprimorar os cálculos das frequências naturais para que ela seja o mais próximo da

real.

3 – Conceitos

3.1 – Vibração do sistema massa mola amortecedor

Obtemos a vibração da força dinâmica f(t) do sistema massa, mola e amortecedor pela

equação abaixo:

𝑚�� + 𝑐�� + 𝑘 𝑢 = 𝑓(𝑡) (3.1)

Onde:

Page 7: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

7

u - Aceleração

u- Velocidade

u – Deslocamento

Quando ocorre uma perturbação no sistema, f(t)=0, a solução da equação acarreta um

deslocamento dado por:

𝑢(𝑡) = 𝐴0 𝑒−(

𝑐

2𝑚)𝑡. cos (𝜔𝑎𝑡 + 𝝋) (3.2)

Onde:

A0 – Amplitude

ωa – Frequência Natural (rad/s)

ωa = √k

m− (

c

2m)2 = 2πfa (3.3)

𝜑 – Fase entre a força e o deslocamento

3.2 – Vibração de Sistemas Discretos

A equação diferencial de equilíbrio dinâmico de um sistema discreto é expressa pela

fórmula:

[M]{u}+[C]{u}+[K]{u}=f(t) (3.4)

Onde:

[M]- Matriz massa

[C] – Matriz amortecimento

Page 8: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

8

[K] – Matriz de rigidez

{u} – Vetor aceleração

{u} – Vetor velocidade

{u} – Vetor deslocamento

Como dito anteriormente um dos problemas mais graves no que se refere ao estudo das

vibrações dos navios é quando frequência de excitação atinge a frequência natural da estrutura

do navio, causando assim a ressonância.

Podemos supor que a solução e {u} é dada pela fórmula abaixo:

{u}={φ}sen (ω t) (3.5)

Substituindo a equação 3.5, na equação 3.4, podemos chegar a fórmula:

[K]{φ}=ω²[M]{φ} (3.6)

Onde:

{φ} – Autovetor (modos de vibração)

ω² - Autovalor

A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores e Autovetores, que

representam, respectivamente, os quadrados das frequências naturais e os modos de vibração

do sistema.

Existem métodos diretos e iterativos pra a solução de grandes sistemas, que

dependendo do grau de liberdade, se faz necessário o uso dos métodos iterativos, pois são

Page 9: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

9

mais eficientes, já os diretos são mais eficientes para graus de liberdade que não sejam muito

grandes.

3.3 – Vibração em Navios

Podemos dividir as vibrações existentes em um navio em dois grupos, a vibrações da

Viga Navio (vibrações globais) e a vibrações localizadas.

As vibrações da viga navio (vibrações globais) estão relacionadas as vibrações verticais e

horizontais devido ao esforço de flexão do navio, são essa vibrações torcionais e vibrações

longitudinais. Tais vibrações criam a necessidade do conhecimento da distribuição longitudinal

das massas e de algumas considerações especiais sobre a influência da superestrutura da

embarcação e da massa de fluido adicional ao longo do comprimento do navio.

Na vibração da viga navio, devemos considerar o navio como uma viga, onde temos três

importantes tipos de vibração, a lateral da estrutura (vertical e horizontal), a torcional e a

longitudinal da viga-navio.

3.4 – Viga de Timoshenko

Para analisarmos as vibrações de um navio, é necessário a representação da estrutura

do navio através de elementos estruturais conhecidos e de análise fácil, como o movimento do

navio em meio a fluído pode ser comparado ao movimento de uma viga, podemos utilizar o

termo viga-navio.

Timoshenko [2] considera em sua teoria que na deflexão de uma viga, as seções

transversais se mantem planas, mas não ortogonais ao eixo neutro, devido ao efeito da força

cortante, fazendo com que a seção gire em torno do seu centro de cisalhamento. No caso de

um navio não devemos ignorar a distorção do cisalhamento nem a inercia rotativa das seções,

pois fazem grande diferença nos cálculos. O efeito da rotação na seção transversal se apresenta

Page 10: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

10

em uma viga cuja seção não é desprezível em relação ao seu comprimento. O momento fletor

produz uma rotação da seção, que tem diferentes inclinações para a posição no comprimento

da viga cujo eixo de rotação é o eixo neutro horizontal. Este efeito pode-se expressar em

termos da inércia rotativa e aceleração angular da seção.

Podemos observar que a equação (3.7) representa o comportamento da viga devida à

deflexão e a equação (3.8) representa o comportamento da viga devido ao cisalhamento de

Timoshenko [2].

𝑀(𝑥, 𝑡) = 𝐸 ∗ 𝐼(𝑥)𝜕𝛾(𝑥,𝑡)

𝜕𝑥 (3.7)

𝑉(𝑥, 𝑡) = 𝑘′𝐺𝐴(𝑥)𝛽(𝑥, 𝑡) (3.8)

Onde:

M(x,t) – Momento Fletor

V(x,t) – Força cortante

Ƴ(x,t) – Inclinação da seção transversal devida apenas a flexão (rad)

I(x) – Momento de inércia de área da seção transversal (𝑚4)

Β(x,t) – Deformação por cisalhamento (rad)

k’GA(x) – Rigidez ao cisalhamento

E – Modulo de Young (Pa)

Considera-se uma viga de comprimento L, de largura B, de altura H, área da seção

transversal A é momento de inércia I, sobre a qual atua uma série de cargas verticais e

momentos contidos no plano xz, Figura 3.5.

A teoria de vigas de Timoshenko [2] compartilha das seguintes hipóteses.

Page 11: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

11

1. Os deslocamentos verticais de todos os pontos de uma mesma seção transversal são

pequenos e iguais ao o eixo da viga.

2. O deslocamento lateral (segundo o eixo y é nulo).

3. As seções planas normais para o eixo da viga antes da deformação mantêm-se

planas, porém não necessariamente normais ao eixo depois da deformação.

Figura 1 - Flexão de vigas de Timoshenko

3.5 - Massa Adicional

Faz-se necessário o estudo do conceito de massa adicional de um navio, pois o mesmo

encontra-se submerso e com a aceleração do eu deslocamento, existe a movimentação de

partículas fluidas ao seu redor. A reação dessas partículas do meio fluido no casco é o conceito

de massa adicional. A massa virtual que depende da profundidade do meio e da forma do casco

deve ser dimensionada e acrescentada à massa da estrutura.

Podemos determinar o cálculo da massa virtual por diversos métodos, entre eles: Burril,

Todd, Lewis [4] e Kumai. O método desenvolvido por Lewis é o que tem uma maior precisão em

comparação aos outros modelos. A partir de resultados determinados para uma seção circular,

determinou resultados para seções típicas de navios.

Page 12: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

12

A partir dos resultados de Lewis, Landweber [3] gerou dois gráficos com curvas Cv e Ch –

coeficiente de massa virtual vertical e coeficiente de massa virtual horizontal, respectivamente.

Nas figuras abaixo estão representadas os gráficos com as curvas de Cv e Ch.

Figura 2 - Gráfico para o coeficiente de massa virtual vertical

Page 13: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

13

Figura 3 - Gráfico para o coeficiente de massa virtual horizontal

As curvas tem como parâmetro de entradas os adimensionais λ e σ.

Onde:

λ = 𝑑

𝑏 – Relação calado/meia boca na seçã0

σ = S

2b d – S é a área imersa da seção.

Com os valores dos parâmetros iniciais do navio e utilizando as curvas de massa virtual

descritas acima podemos calcular as massa virtuais por unidade de comprimento através das

fórmulas listas abaixo.

𝑚′𝑣 =1

2𝜋𝜌𝑏²𝐶𝑣 (3.9)

𝑚′𝐻 =1

2𝜋𝜌𝑑²𝐶𝐻 (3.10)

Page 14: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

14

Os métodos de Burril, Todd e Kumai são empíricos e fornecem resultados

aproximados através das fórmulas listadas abaixo:

- Burril

𝑚′ = 𝑚(1 +𝐵

2𝑇) (3.11)

- Todd

𝑚′ = 𝑚(1,2 +𝐵

2𝑇) (3.12)

- Kumai

𝑚′ = 𝑚[1 + 0,4𝐵

𝑇− 0,035 (

𝐵

𝑇)

2

] (3.13)

3.6 – Frequência Natural de Vibração e Ressonância

Frequência de ressonância ou frequência natural é a frequência (ou conjunto de

frequências) particular de um corpo em vibração livre, determinada pelo tamanho, forma e

composição. Um método de identificá-la consiste em impactar o objeto de análise e, com isso,

excitar sua frequência de ressonância.

Quando um corpo sofre uma perturbação periódica externa (em outras palavras, uma

vibração forçada) cuja frequência iguala-se à natural, ocorre o fenômeno

denominado ressonância. Nesse caso, uma vibração comparavelmente fraca pode produzir

vibrações mais intensas, pois o corpo recebe energia da fonte externa periodicamente.

A frequência natural de cada objeto é determinada por sua massa e rigidez. Aumentar a

massa (ou peso) de um objeto reduz ou abaixa a sua frequência natural. Aumentar a rigidez do

objeto, aumenta ou sobe sua frequência natural.

Page 15: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

15

3.6 – Frequência Natural de Kumai

Através de alguns parâmetros e dados das embarcações é possível estimar a frequência

natural de vibração com precisão suficiente para algumas avaliações pra eliminares, tais

fórmulas são fórmulas empíricas. A seguir podemos visualizar a formula proposta por Kumai.

𝑁2𝑟 = 1.62 ∗ 106 ∗ √𝐼𝑣

∆𝑖∗𝐿3 (𝐻𝑧) (3.14)

Onde:

𝐼𝑣 – Momento de inércia (𝑚4)

∆𝑖 = (1,2 +1

3∗

𝐵

𝑇𝑀) ∗ ∆ - Deslocamento incluindo a massa virtual de água adicionada (kg)

L – Comprimento entre perpendiculares (m)

B – Boca à meia nau (m)

𝑇𝑀 – Calado de projeto (m)

Tal formulação tem uma precisão de 10% se compararmos com analise de outros

métodos de elementos finitos.

Para modos mais elevados utilizamos a fórmula abaixo:

𝑁𝑛𝑣 = 𝑁2𝑣 ∗ (𝑛 − 1)𝜇𝑣 (Hz) (3.15)

Onde:

n – Numero de nós do modo de vibração

𝜇𝑣 = 1,02 para petroleiros

Page 16: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

16

𝜇𝑣 = 1,0 para graneleiros

𝜇𝑣 = 0.845 para navios de carga

Pelo fato de que tanto a distribuição de massa quanto a rigidez estão se tornando cada

vez mais influenciáveis ao sistema de vibração a precisão da fórmula é reduzia

significativamente.

4 – Objetos de estudo

Para que fosse possível o estudo de uma nova fórmula para aprimorarmos as

frequências naturais obtidas em analises experimentas, afim de que elas sejam cada vez mais

próximas da realidade para podermos prever com mais precisão os possíveis problemas que

tais vibrações causariam durante a operação de um navio antes mesmo de sua construção, foi

feita uma compilação de diversos navios para o estudo das suas frequências naturais.

As embarcações que serão analisadas já foram objetos de estudo de outros projetos de

graduação dessa instituição, por isso temos todos os dados necessários para a análise, tantos os

dados obtidos em provas de mar quanto os dados obtidos por outros métodos e/ou softwares

de análise de elementos finitos.

A seguir encontra-se uma tabela com as navios que foram utilizados no estudo, os dados

de suas características principais, os dados obtidos em outros estudo pelo Software PROSEC e

suas frequências naturais obtidas em suas provas de mar.

Tabela 1 – Compilação dos navios em estudo

LOA LPP B D T Tmax ATOTAL(m²) AEEVERT(m²) K' (%) Iy IX 1º 2º 3º 4º ∆

74.30 68.00 17.00 7.20 5.00 6.00 1.460 0.282 19.300 9.390 18.600 2.500 5.000 8.300 9.900 3836

186.60 176.00 31.00 16.20 - 11.80 3.040 0.631 20.800 138.000 216.600 0.940 1.790 2.980 3.300 28000

160.90 155.00 26.00 11.90 7.90 8.40 2.280 0.489 21.400 57.600 95.900 0.962 2.200 3.120 4.290 25759

183.00 174.00 32.20 18.60 7.10 12.80 4.060 1.490 36.700 201.100 270.600 1.170 1.970 3.070 4.520 48300

197.10 188.40 32.20 17.75 9.75 11.50 4.390 0.155 3.530 176.700 14.800 - - - 5.300 47455

243.10 233.80 32.20 19.10 7.15 13.00 3.230 1.097 33.960 193.900 - 0.717 1.520 2.170 2.950 78000GRANELEIRO DOCEBETA

EMBARCAÇÕES

DADOS PROSEC FREQUÊNCIAS

PETROLEIRO ITAIATUBA

AHTS TOPÁZIO

PETROLEIRO CANTAGALO

PETROLEIRO CELSO FURTADO

GRANELEIRO GYPSUM INTEGRITY

Page 17: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

17

Onde:

LOA – Comprimento total do navio (m)

LPP – Comprimento entre perpendiculares (m)

B – Boca(m)

D – Pontal (m)

T – Calado (m)

Tmax – Calado carregado (m)

ATOTAL – Área total da seção mestra (m²)

AEEVERT – Área efetiva no cisalhamento vertical (m²)

K’ – Coeficiente da área de aço efetiva no cisalhamento

∆ - Deslocamento (ton)

5 – Dados da Prova de Mar

A prova de mar é a fase de teste do navio, é a última fase da construção e ocorre em

aguas abertas, pode durar algumas horas ou dias. Tem o intuito de medir o desempenho de um

navio e sua navegabilidade em geral. Testa sua velocidade, manobrabilidade, segurança e todas

as características do navio em operação.

Durante a prova de mar é possível fazer medições das vibrações e consequentemente

das frequências naturais de vibração de determinadas partes do navio, o estudo dessas

vibrações serve entre outras para averiguar as possíveis causas de fadigas e acidentes que

podem ocorrer em vibrações excessivas ou até mesmo se a vibração pode acarretar em uma

frequência de ressonância de determinada parte do navio, ou até mesmo da viga-navio.

Page 18: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

18

Para a obtenção dos dados das frequências naturais foram analisados duas condições de

carregamento, plena carga e lastro e para uma faixa de rotação principal em cada navio. Foram

instalados três transdutores de aceleração para a medição simultânea das vibrações localizadas

de acordo com a figura abaixo.

Figura 4 - Localização dos Transdutores

Figura 5 - Descrição dos pontos de vibração

Page 19: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

19

6 – Dados do PROSEC

O software PROSEC se baseia na teoria do fluxo cisalhantes, desenvolvido pelo

Engenheiro Antônio Carlos Ramos Troyman (LEME/UFRJ). Além das áreas efetivas de

cisalhamento, a saída do PROSEC, também nos fornece os seguintes itens: centro de área,

constante torcional de St Venant e centro de cisalhamento.

Os dados de entrada são distribuídos em três partes: strings, células e ramais. Os Strings

são responsáveis por definir a geometria da seção, as células serão definidas pelos strings, já os

ramais são para definir as sequencias de determinação dos fluxos de tensão cisalhante.

Como os navios utilizados neste estudo já foram objetos de estudos anteriores estamos

usando os dados obtidos durante os mesmos. A introdução acima é apenas uma observação de

como os dados foram analisados pelo programa até chegar aos parâmetros encontrados na

tabela 1 desde relatório.

7 – Fórmula de Kumai Modificada

Com base na fórmula de Kumai e em outros parâmetros discutidos anteriormente será

proposta uma modificação na fórmula, acrescentado novos parâmetros para tentar aproximar e

melhorar a precisão da estimativa que a fórmula de Kumai nos dá.

Abaixo será demonstrada a dedução da Fórmula de Kumai modificada proposta para

este estudo, será com base nela que todos os cálculos serão feitos para compararmos com os

dados obtidos na prova de mar, com os dados obtidos pela Fórmula de Kumai original.

Através da Teoria das Vigas de Timoshenko que considera a inercia de rotações das

seções e o efeito da força cortante, vamos utilizar o angulo total de torção, que é de grande

utilidade na verificação experimental da teoria e tem sido confirmada por inúmeras

experiências.

Page 20: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

20

𝛷 = 12∗𝐸∗𝐼

𝐺∗𝐴′∗𝐿²= 24 ∗ (1 + 𝜈) ∗

𝐴

𝐴′ ∗ (𝜏𝑦

𝐿)² (7.1)

Onde:

𝜏𝑦 = √𝐼𝑥

𝐴 - Tensão de Cisalhamento

𝐼′ = 𝐼

(1+𝛷) (7.2)

𝛷 = 24 ∗ (1 + 𝜈) ∗ 𝐴

𝐴′ ∗𝐼𝑥

𝐴∗

1

𝐿2 (7.3)

A partir das equações descritas, utilizando os parâmetros de coeficiente de massa

virtual vertical de Landweber vamos descrever a fórmula de Kumai modificada.

𝑁2𝑣 = √

12∗𝐸∗𝐼

1+24∗(1+𝜈)∗𝐼

𝐾′∗𝐴∗𝐿²

∆𝑀∗(1+𝐶𝑣)∗𝐿3 (7.4)

Onde:

𝐸 - Módulo de elasticidade (Pa)

𝐼 - Momento de inércia da seção-mestra (𝑚4 )

A - Área da seção-mestra (m)

𝐿 - Comprimento entre perpendiculares (m)

𝜈 - Coeficiente de Poisson (--)

Page 21: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

21

∆𝑀 - Deslocamento da embarcação (kg)

𝐶𝑣 - Coeficiente de massa adicional vertical

𝑘′ - Coeficiente de área de aço efetiva no cisalhamento

8 – Análise Numérica e Resultados

Com a Formula de Kumai modificada definida vamos utilizar os dados dos navios

compilados, suas frequências obtidas nas respectivas provas de mar e os dados do software

PROSEC que foram gerados em outros estudos.

Para obter uma maior gama de resultados para comparação das frequências obtidas

através da fórmula modificada e das frequências obtidas na prova de mar, utilizou-se três

valores para o coeficiente de massa virtual vertical de Landweber para ver em qual faixa os

valores se aproximavam mais dos valores obtidos experimentalmente.

Figura 6 - Valores do coeficiente de massa virtual vertical

Page 22: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

22

Após definir os valores do coeficiente de massa virtual vertical utilizados, calculamos

através da Formula de Kumai Modificada os valores para as frequências naturais de cada navio.

Kumai MOD

Kumai

Cv

EMBARCAÇÕES 0.75 1 1.15 1º

AHTS TOPÁZIO 3.300 2.674 2.405 3.958 2.500

PETROLEIRO ITAIATUBA 1.177 0.953 0.857 1.411 0.940

PETROLEIRO CANTAGALO 0.990 0.802 0.721 1.187 0.962

PETROLEIRO CELSO FURTADO 1.114 0.902 0.812 1.335 1.170

GRANELEIRO GYPSUM INTEGRITY 0.939 0.760 0.684 1.130 -

GRANELEIRO DOCEBETA 0.562 0.455 0.410 0.674 0.717

Tabela 2 – Resultados das frequências obtidas através da Formula de Kumay modificada

9 – Conclusão e Trabalhos Futuros

Podemos observar que os resultados variam de acordo com a geometria do casco e com

o tipo de navio a ser estudado, observamos que para cada coeficiente de massa virtual vertical

temos uma melhor aproximação da frequência obtida experimentalmente se compararmos a

fórmula de Kumai original. Apenas o Graneleiro Docebeta apresentou uma diferença maior nas

formulas calculadas, do que com a fórmula original de Kumai. Verifica-se que os valores obtidos

pela Fórmula de Kumai modificada ficam na faixa de 95% do valor medido em prova de mar,

muito mais próximo do que os obtidos pela fórmula original onde todos os valores estão 10%

acima do valor experimental.

Os testes foram feitos para o primeiro e segundo modo de vibração das frequências,

porém os resultados obtidos para o segundo modo de vibração tiveram erros muito

discrepantes e que nos faz concluir que a fórmula modificada ainda precisa ser mais

aprimorada antes que possa ser utilizada.

Page 23: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

23

Pode-se observar pela análise dos resultados obtidos e apresentados na tabela 2, é

possível aprimorar a fórmula a ponto de conseguirmos melhorar os erros em relação ao

segundo grau de vibração e ao observar a figura 6, onde estão listados os valores dos

coeficientes de massa vertical utilizados, pode-se chegar a conclusão que se interpolarmos os

valores do coeficiente de massa vertical, utilizando os valores encontrados, podemos ter uma

aproximação muito maior dos valores reais medidos nas provas de mar.

Com isso tem-se novos trabalhos que podem ser feitos a partir deste relatório, um

trabalho que seja feito com base na interpolação dos valores do coeficiente de massa para

melhorar o erro do primeiro grau de vibração obtido pela nova formulação proposta e um

outro trabalho para aprimorar a fórmula afim de conseguir resultados mais satisfatórios para o

segundo modo de vibração.

Page 24: FÓRMULAS SIMPLIFICADAS BASEADAS EM MEDIÇÕES DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10023951.pdf · A equação 3.6 é conhecida como a Equação Geral de Autovalores

24

10 – Bibliografia

[1] KUMAI, T. On the Estimation of Natural Frequencies for Verticl Vibration of Ships.

Reports of Research Institute for Applied Mechanics, Vol. 16, No. 54. 1968.

[2] S.P. Timoshenko e J.E. Gere, Mecânica dos Sólidos, Vols. 1, Livros Técnicos e

Científicos, Rio de Janeiro, 1994.

[3] LANDWEBER, L., De Macagno, M. C., Added Mass of Two-Dimensional Forms

Oscillating in a Free Surface. SNAME, 1957.

[4] LEWIS, F.M., The Inertia of the Water Surrounding a Vibrating Ship. SNAME, 1929.

[5] ZEBULUM, A. O., Estudo da Qualidade de Modelos de Elementos Finitos

Unidimensionais para Análise de Vibrações: Comparação com Dados Medidos. Projeto de

Graduação, UFRJ, Rio de Janeiro, Agosto 2015.

[6] DA SILVA, F., Investigação do Comportamento Dinâmico de Navios por Meio de

Modelos Unidimensionais. Dissertação de Mestrado, UFRJ, Rio de Janeiro, Junho 2014.