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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO JÉSSICA MARQUES TROCCOLI INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL JOÃO PESSOA 2014

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA - FESP CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

JÉSSICA MARQUES TROCCOLI

INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL

JOÃO PESSOA 2014

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JÉSSICA MARQUES TROCCOLI

INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL

Trabalho de Conclusão de Curso em forma de Artigo científico apresentado à Coordenação do Curso de Bacharelado em Direito, pela Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Direito.

Área: Direito Civil. Orientadora: Profª Esp. Juliana Porto Vieira

JOÃO PESSOA 2014

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JÉSSICA MARQUES TROCOLLI

INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL

Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Aprovado em____/________/2014.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Profª Esp. Juliana Porto Vieira

ORIENTADOR-FESP

________________________________________________ Profº

________________________________________________ Profº

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Dedico aos meus pais, Karina e Eduardo, meus avós e meu esposo Júnior, na esperança de poder contribuir para uma sociedade mais justa.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, meu amigo inseparável; que nunca deixou desistir do meu

sonho.

A meu pai, Eduardo (in memoriam), que mesmo estando ausente se faz

presente em cada etapa de minha vida.

A minha mãe, que sempre me incentivou no caminho do saber.

A meus avós, por todo carinho e contribuição para meus estudos.

A meus irmãos, pelo apoio e orientação diante de minhas dúvidas.

Ao meu esposo, pelo amor e dedicação que viabilizaram a realização dessa

vitória.

A meu cachorrinho Tom, pela companhia nas madrugadas de estudos.

Aos meus mestres, toda minha admiração e respeito, especialmente a minha

orientadora, professora Juliana Porto, que me inspirara através dos seus exemplos

ético.

Aos meus colegas de curso, minha eterna amizade.

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“A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta.” Rui Barbosa (1849-1923).

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SUMÁRIO

RESUMO....................................................................................................................07

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................07

2 PERSPECTIVAS TRAZIDAS PELA LEI 11.441/2007.......................................09

2.1 OBJETIVOS DA LEI 11.441/07..........................................................................09

2.2 PRINCIPAIS PONTOS POLÊMICOS DA LEI 11.441/07....................................12

2.3 BENEFÍCIOS PARA A SOCIEDADE, QUANTO À CELERIDADE DOS ATOS

EXTRAJUDICIAIS...............................................................................................16

3 INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL..................................................18

3.1 REQUISITOS ESSENCIAIS................................................................................18

3.2 CAPACIDADE DE AGIR ....................................................................................19

3.3 DOCUMENTAÇÃO EXIGIDA..............................................................................19

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................20

ABSTRACT................................................................................................................22

REFERÊNCIA............................................................................................................22

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INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL

JESSICA MARQUES TROCCOLI * JULIANA PORTO VIEIRA **

RESUMO

É irrefutável a assertiva de que a sociedade é dinâmica, principalmente nos tempos atuais, de grandes mudanças e avanços científicos e tecnológicos. O Direito não poderia ficar alijado desses fenômenos sociais. Assim, tem procurado acompanhar essas mudanças para tornar-se sempre atualizado com a finalidade de atender aos reclames da sociedade ávida por justiça e leis que assegurem os direitos dos cidadãos, proporcionando-lhes melhor qualidade de vida. Procurando atender da melhor forma possível a essas demandas da sociedade e, também, com o intuito de facilitar a vida das pessoas e desburocratizar a justiça, foi promulgada a Lei nº 11.441, de 04 de janeiro de 2007, que possibilita a realização de inventário, partilha e divórcio consensual por meios administrativos. Foi instituído por essa Lei o chamado procedimento administrativo ou extrajudicial (escritura pública) com vistas à solução mais célere e econômica de problemas tratados pelo Direito de Família e pelo Direito das Sucessões. Este trabalho tem como finalidade analisar, mediante pesquisa bibliográfica, os principais eventos decorrentes dessa lei.

PALAVRAS-CHAVE: Partilha Extrajudicial. Inventário. Escritura Pública.

1 INTRODUÇÃO

A necessidade de reforma do Poder Judiciário tem sido colocada no centro

dos debates jurídicos, políticos e sociais, principalmente a partir da Constituição

Federal de 1988, pelo fato de ter contribuído para o surgimento de várias demandas

sociais reprimidas e ampliação do acesso à justiça, gerando o protagonismo do

Poder Judiciário. No entanto, este Poder Judiciário não está, ainda, devidamente

preparado para cumprir sua função de pacificação social por meio da resolução dos

conflitos de modo célere e adequado. Partindo do pressuposto de que a realidade

dos dias atuais é de grande número de ações propostas em juízo, compreendendo

que a demanda é em número bem maior do que a capacidade de juízes para julgar

os casos.

Esse fato, aliado à dinâmica do mundo contemporâneo, proporcionada pelas

inovações científicas e tecnológicas despertou a sociedade brasileira para a

realidade da estrutura do sistema judicial, considerada como arcaica, burocrática e

* Aluna concluinte do Curso de Direito da FESP – Período 2014.2. Email: [email protected]

** Mestranda em Direito, Especialista em Ciências Criminais, advogada, professora da FESP

Faculdades, atuou como orientadora desse TCC. Email: [email protected]

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ineficiente, especialmente em virtude da morosidade da prestação jurisdicional,

consoante pesquisa bibliográfica.

No pensamento dos autores pesquisados, esta problemática tem especial

gravidade, tendo em vista que desrespeita os direitos fundamentais do cidadão,

enfocando o processo como um instrumento indispensável para a efetiva e concreta

atuação do direito de ação, assim como, para a remoção de fatos impeditivos ao

pleno desenvolvimento da pessoa humana e à participação de todos na organização

econômica, política, e social do país.

Esta morosidade do Poder Judicial atinge todas as classes sociais, mas, em

particular, prejudica muito mais àqueles considerados desprovidos de capacidade

financeira condizente. Podemos constatar que a demora na solução dos embates

judiciais provoca desperdícios financeiros aos menos favorecidos.

Uma das maiores dificuldades encontradas para lidar com o Judiciário

Brasileiro, devido a inúmeros fatores, é, sim, a morosidade. Não obstante saber-se

da existência, hoje, dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, que entre outros

princípios, é inspirado também no princípio da celeridade.

Uma luta contínua por mecanismos que permitam acelerar e dar um maior

dinamismo a este sistema vem sendo desencadeada pelos órgãos controladores do

Judiciário e pelos órgãos Legislativos brasileiros. Uma das alternativas adotadas

pelo Direito Brasileiro é a possibilidade de fuga do Judiciário em alguns casos

relacionados ao Direito de Família, mais precisamente no Direito Sucessório, e que é

a regulamentação do Inventário e da Partilha de Forma Extrajudicial.

Destarte, com a entrada em vigor da Lei n.º 11.441 de 04 de janeiro de 2007,

criou-se esta possibilidade de solucionar as questões de maneira bem mais simples,

com menos burocracia e com muito mais agilidade. Na seara do Direito das

Sucessões (e também no Direito de Família), esta Lei, como já dito, possibilita a

realização de inventário, partilha e divórcio consensual pela via administrativa,

facilitando e agilizando, desse modo, a solução dessas demandas.

Ao analisar a Lei 11.441, de 4 de janeiro de 2007, é possível verificar

importantes aspectos dignos de estudo, comentários e análises críticas de

determinados pontos em questão.

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2 PERSPECTIVAS TRAZIDAS PELA LEI 11.441/2007

Diante de um cenário caótico vivido pelo judiciário em relação ao acúmulo de

processos, gerando morosidade na justiça, a Lei 11.441/07 possibilitou o fluir de

muitos processos no que tange a inventários e partilhas, desburocratizando este

procedimento e possibilitando soluções pela via administrativa, sendo benéfica à

sociedade, de forma segura e simples.

2.1 OBJETIVOS DA LEI 11.441/07

Em 04 de janeiro de 2007 entrou em vigor a Lei 11.441. Ela alterou apenas

quatro dispositivos do Código do Processo Civil (CPC), adotando uma nova opção

de via para a realização de Inventário, separação e divórcio (BRASIL, 2007). Esta

Lei trouxe as seguintes mudanças:

“Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. Parágrafo único. O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. (NR). Art. 983. O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte. Parágrafo único. (Revogado). (NR). Art. 1.031. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos do art. 2.015 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil será homologada de plano pelo juiz, mediante a prova da quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, com observância dos arts. 1.032 a 1.035 desta Lei”.(BRASIL, 2007).

Resumindo, o art. 982 do CPC foi modificado para prever a possível

realização de inventários por escritura pública. Em complemento, o art. 983 do

Códex trouxe um novo panorama quanto ao prazo de instauração do procedimento.

Como se vê, para que se adote esse procedimento, no que tange ao inventário e

partilha é necessária a observância de determinados requisitos. A inexistência de

testamento e de interessado incapaz, e a concordância de todos os herdeiros quanto

à partilha, são condições imprescindíveis para a realização do inventario por via

extrajudicial.

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Medeiros e Medeiros (2008, p. 36) alegam que “este dispositivo possibilita

que o inventário seja judicial ou administrativo”. Há aqueles que sustentam a

carência da ação quando preenchidas as exigências da via administrativa, quando

não houver o interesse de agir, sendo dessa maneira, obrigatória a adoção da via

extrajudicial.

Esse entendimento é, inclusive, o de Dias (2007, p.221), apesar de

reconhecer a garantia constitucional da inafastabilidade da jurisdição (CF 5º XXXV),

e defende que:

Porém, não há como deixar de reconhecer que falta interesse de agir a quem pretende a separação e o divórcio amigáveis pela via judicial, pois todos os efeitos pretendidos podem ser obtidos extrajudicialmente. Assim, os autores são carecedores da ação, o que dá ensejo à extinção do processo (CPC 267 VI).

Entretanto, conforme Medeiros e Medeiros (2008, p.37), deve-se ter claro o

seguinte:

De acordo com a disposição literal da nova Lei, observando o princípio da inafastabilidade da jurisdição, também denominado de direito de ação, princípio do livre acesso ao judiciário, princípio da ubiquidade da justiça e princípio da proteção judiciária, que determinam ser tarefa dos órgãos judiciais darem justiça a quem a pedir, sendo a todos assegurado o direito cívico de solicitar a apreciação de sua pretensão, conclui-se que a realização por escritura pública deve ser encarada como uma possibilidade a mais e não como uma obrigação aos indivíduos. Dessa forma, faz-se presente o interesse de agir, sempre que for a via judicial a mais adequada para a tutela dos interesses envolvidos na situação jurídica. Nesse caso, adota-se o procedimento do arrolamento sumário, delineado nos arts. 1031 e seguintes do CPC, que prevê como dispõe o novo art. 1.031, a

homologação pelo juiz da partilha amigável.

Portanto, referindo-se às intenções da Lei 11.441, pode-se afirmar que ela

tem como escopo agilizar e reduzir os processos na justiça, assim como permitir ao

cidadão utilizar a via extrajudicial para a realização de alguns atos, como as

separações, os divórcios, inventários, arrolamentos e partilhas. A partir da

publicação desta Lei, esses atos podem ser realizados também extrajudicialmente,

desde que no divórcio e separação não possua o casal filhos menores e, no

inventário, não existam herdeiros menores e incapazes, assim como estejam

apreciados outros requisitos previstos na lei.

Este diploma legal visa eliminar a intervenção do Poder Judiciário. Em

relações jurídicas de conteúdo exclusivamente patrimonial, entre pessoas maiores e

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capazes, e que não carecem da tutela do Estado-Juiz, as partes podem deliberar

acerca de suas opções, resguardando-se a função estatal apenas para aquelas

situações conflitivas para cuja solução se torne indispensável um ato jurisdicional. O

alívio processual pela sobrecarga do Poder Judiciário não é a principal causa da

edição da Lei 11.441/2007, e sim a agilização e simplificação dos procedimentos

(SANTOS, 2008).

Para Veloso (2008): “o principal objetivo da Lei é desafogar o Judiciário,

baratear os custos e simplificar os procedimentos”.

Desta forma, entende-se que o espírito do legislador, quando da positivação

legal desta Lei, era sem dúvida proporcionar aos usuários a possibilidade de uma

solução rápida e singela, visando beneficiar a todos na solução de seus litígios.

Neste mesmo raciocínio, Dias (2007, p.235) ressalta que:

Além de aliviar a atividade judicial e diminuir o volume de demandas judiciais, a desjudicialização quando não existem conflitos, redimensiona a presença do Estado na vida do cidadão. Ressalta ainda que a dispensa da intervenção estatal, mesmo que seja no âmbito do direito de família, empresta mais valor à vontade das pessoas a fim de decidirem algumas questões a eles inerentes, fora do âmbito do Poder Judiciário.

Madaleno (2008, p.75) relata que um dos autores do projeto de lei justificava

a sua edição alegando ser ela um instrumento de aplicação plena e ideal da

cidadania, para que procedimentos de jurisdição voluntária conseguissem atender

um mínimo de economia e celeridade. Declarava ainda que a migração dos atos

previstos na Lei 11.441/2007, para os cartórios extrajudiciais traria três vantagens,

agilidade, redução de custos e alívio do Poder Judiciário. Ressalta ainda que o

notário sendo um delegado do poder público, formado em direito, de digna conduta e

sob constante fiscalização do Poder Judiciário está apto a exercer a tarefa.

Destarte, é evidente que a Lei 11.441/2007 proporcionou uma ampla

participação tanto do notário quanto do advogado, profissionais do Direito, para a

realização do ato notarial, assim como trouxe mais agilidade e conforto para as

pessoas.

Esta Lei revolucionou o ordenamento jurídico brasileiro, pois, a realização da

partilha extrajudicial, inventário, separações e divórcios, tornou-se bem mais fácil,

célere, e eficaz, contribuindo, assim, para a diminuição e o desafogo dos processos

desta natureza, no Poder Judiciário, significando, um grande avanço em nossa

sociedade, por ser um instrumento útil na vida dos cidadãos.

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Conforme argumento de Montenegro Filho (2007):

A viabilidade do procedimento extrajudicial é notável, em face da considerável demora na conclusão dos processos de inventário judicial, decorrente da necessidade de encaminhamento dos autos à Fazenda Pública, das reiteradas manifestações dos herdeiros, do transcurso pela fase de avaliação, do encaminhamento do processo ao contador.

Apesar de opiniões contrárias, a corrente doutrinária majoritária argumenta

que se trata de administração de interesse privado. Significando, assim, para estes

doutrinadores, que na jurisdição voluntária não há litígio, há negócio jurídico privado;

não há partes, mas interessados; não há processo, mas procedimento de

administração pública de interesses privados (MORAES, 2007).

Destarte, apesar das posições em contrário, a Lei 11.441/07 é muito bem-

vinda, pois representa um avanço em termos de desburocratização. Tem uma

função importantíssima, qual seja a de facilitar a vida de muitos brasileiros que,

antes de sua edição, aguardavam por longos períodos de tramitação de processos

judiciais. Esta lei inovou ao minimizar a intervenção do Estado na vida privada dos

cidadãos.

Não se pode negar os avanços proporcionados por ela no sistema jurídico

atual. Assim, de maneira célere e prática: logo após a entrega de toda a

documentação exigida, imediatamente é agendada uma data para lavratura da

escritura pelo tabelião de notas, com a presença de todos os herdeiros e o

respectivo advogado assistente ou defensor público.

2.2 PRINCIPAIS PONTOS POLÊMICOS DA LEI 11.441/2007

A edição da Resolução Nº. 35/2007, pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ

resolveu questões controvertidas, mediante esclarecimentos que pacificaram as

discussões sobre a Lei 11.441/2007. Esta resolução é impotente, pois proporciona

aos profissionais uma aplicação homogênea da lei, visando à uniformização,

ampliação e restrição dos procedimentos, mediante normas técnicas. Ela é resultado

da consolidação de pensamentos jurídicos a respeito da Lei 11.441/07, conferindo-

lhe eficácia e legitimando a sua aplicação. É, primordialmente, uma forma de facilitar

o trabalho para os notários, registradores imobiliários e advogados.

A matéria da competência do Tabelião de Notas foi regulada pela Resolução

Nº. 35/2007, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2007), que em seu artigo 1º

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dispõe: “Para a lavratura dos atos notariais de que trata a Lei nº.11.441/07, é livre a

escolha do Tabelião de Notas de notas, não se aplicando as regras de competência

do Código de Processo Civil. (CNJ, 2007)”.

A suspensão ou a desistência do processo judicial é possível, mesmo que

iniciado o procedimento pela via judicial. Podem os herdeiros durante o processo

solicitar a sua suspensão e optar por concluí-lo pela via administrativa.

Com efeito, assegura o art. 2º da Resolução nº 35 do CNJ: “É facultada aos

interessados a opção pela via judicial ou extrajudicial; podendo ser solicitada, a

qualquer momento, a suspensão, pelo prazo de 30 dias, ou a desistência da via

judicial, para promoção da via extrajudicial”. Sobre isto, Medeiros e Medeiros (2008,

p.339) fazem o seguinte comentário:

Perceba-se que mesmo o processo já tramitando em juízo, os interessados podem desistir da via judicial, iniciando de forma administrativa o procedimento de partilha ou inventário consensual, desde, é lógico, que atenda aos requisitos essenciais. O que é inconcebível, entretanto, é a hipótese de litispendência, não podendo adotar no mesmo momento as duas vias.

Semelhantemente, a separação e o divórcio consensual poderão ser

realizados por escritura pública, desde que não haja filhos menores ou incapazes.

Validamente, o art. 1124-A do CPC, inserido pela reforma, diz que:

A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns, e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.

Nada impede que os herdeiros optem pela escritura de inventário e partilha,

ainda que já esteja em tramitação processo judicial de inventário. As partes poderão

desistir da ação judicial, optando pela via administrativa, ainda que a morte do autor

tenha ocorrido antes da vigência da lei 11.441/2007.79 (DIAS, 2007).

As escrituras previstas na Lei 11.441/2007, não dependem de homologação

judicial, conforme previsão do artigo 3º da resolução, e devem possuir a mesma

eficácia do inventário judicial, in verbis:

Art. 3º. - As escrituras públicas de inventário e partilha, separação e divórcio consensuais não dependem de homologação judicial e são títulos hábeis para o registro civil e o registro imobiliário, para a transferência de bens e

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direitos, bem como para promoção de todos os atos necessários à materialização das transferências de bens e levantamento de valores (DETRAN, Junta Comercial, Registro Civil de Pessoas Jurídicas, instituições financeiras, companhias telefônicas, etc) (BRASIL,2007).

No tocante à assistência obrigatória de advogado ou defensor público: é

necessária a presença do advogado, regularmente inscrito na OAB, dispensada a

procuração, na lavratura das escrituras decorrentes da Lei 11.441/07, constando na

escritura pública o seu nome e registro na Ordem dos Advogados do Brasil.

Sobre isto, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)

publicou provimento sob Nº.118/2007, que trata da aplicação da Lei Nº.11.441/2007,

e disciplina as atividades profissionais dos advogados em escrituras públicas de

inventários, partilhas, separações e divórcios. A preocupação principal da entidade é

acompanhar e regulamentar a atividade da advocacia nos cartórios, em virtude de

que chegaram à entidade denúncias de que irregularidades estariam ocorrendo

desde a entrada em vigor da nova lei. Entre as irregularidades, estão captações

indevidas e antiéticas que vão desde a indicação desleal de separações de alguns

cartórios para determinados advogados, bem como dos próprios profissionais, que

têm cometido infrações éticas ao canalizarem serviços escriturais para determinados

cartórios, o que é lamentável.

A vedação ao Tabelião de Notas de indicação de advogado às partes está

prevista no artigo 9º. da mesma resolução Nº. 35/2007 (CNJ, 2007).

Em termos práticos, os advogados e as partes optam pela outorga de

procuração incluída no texto do ato notarial para facilitar a representação das partes

fora da Serventia Notarial, como por exemplo, para registrar títulos, solicitar

eventuais extratos, proceder a averbações junto a repartições públicas.

No que tange à nomeação de inventariante, nos termos do artigo 11º da

resolução Art. 11º. – “É obrigatória a nomeação de interessado, na escritura pública

de inventário e partilha, para representar o espólio, com poderes de inventariante, no

cumprimento de obrigações ativas ou passivas pendentes, sem necessidade de

seguir a ordem prevista no artigo 990 do Código de Processo Civil” (CNJ, 2007).

Sendo assim, observa-se que não é exigível a ordem prevista no artigo 990 do

Código de Processo Civil, em virtude de que o procedimento é amigável.

Com relação à questão da representação das partes, é possível desde que

respeite a forma prevista, conforme o artigo 12º da resolução, que dispõe:

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Art. 12º. - Admitem-se inventário e partilha extrajudiciais com viúvo (a) ou herdeiro(s) capazes, inclusive, por emancipação, representados por procuração formalizada por instrumento público, com poderes especiais, vedada a acumulação de funções de mandatário e de assistente das partes (CNJ, 2007).

O mandatário, como se sabe, é aquele que recebe através de mandato de

outrem poderes para executar determinados atos - procurador. O qual não precisa

ser obrigatoriamente um advogado, mas se o for não poderá ser o assistente da

parte, pois é vedado o acúmulo de funções.

A procuração do mandatário deve conter poderes específicos para o

inventário, constando inclusive a forma da partilha, conforme determina o artigo 657

e artigo 661 do Código Civil Brasileiro. O Tabelião de Notas poderá se negar a lavrar

a escritura de inventário ou partilha se houver fortes indícios de fraude ou em caso

de dúvidas sobre a declaração de vontade de algum dos herdeiros, fundamentando

a recusa.

Um dos principais pontos para o impedimento da via administrativa, é a

existência de um testamento. Havendo testamento a via extrajudicial não poderá

resguardar o direito de registro no cartório, assim, tal procedimento deverá ser feito

por arrolamento sumário. Não há como saber se houve ou não testamento existente,

pois várias são as formas de elaboração testamentária, sendo assim, caso venha a

ser descoberta um testamento posterior ao inventário extrajudicial , ela deverá ser

anulada, resguardando o direito de ultima vontade do de cujos, e deveram ser feitas

novas alterações dos bens a partilhar aos herdeiros, respeitando o desejo do

testador.

Ao se tratar do inventariante, não é necessário a nomeação deste, porém é

recomendável que seja declarado na via extrajudicial, para que haja uma pessoa

que seja o representante do espólio, porém não é necessário que siga a mesma

ordem legal do Código de Processo Civil, artigo 990.

A lei declarou gratuidade com relação às separações e divórcios, seguindo os

requisitos da lei de gratuidade processual, à aqueles que são podres perante a lei,

assim não obstante, tal aplicação se expandiu para os inventários e partilhas

extrajudiciais, fazendo que o benefício se estenda a todos os atos notarias. Assim o

direito é resguardado a todo e qualquer cidadão que não possui condições de arcar

com custas judiciais, que por muitas vezes são exorbitantes. Poderão as partes,

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utiliza-se de Defensor Público para resolução de seus problemas pela via

extrajudicial.

Portanto, a Resolução Nº. 35/2007, do Conselho Nacional de Justiça – CNJ

deixa bem claro as condições e os procedimentos que devem ser tomados para a

efetivação do inventário e partilha pela via extrajudicial.

2.3 BENEFÍCIOS PARA A SOCIEDADE, QUANTO À CELERIDADE DOS ATOS

PROCESSUAIS

O principal benefício resultante da Lei 11.441/07 é exatamente o fato de que o

cidadão, desde que preenchido os requisitos, possuir o direito de optar por qual via

deseja fazer o inventário, a separação ou divórcio, se pela via judicial ou

extrajudicial, perante o Tabelião de Notas.

Não somente o cidadão terá esse benefício, como o próprio Judiciário

ganhará com o consequente desafogo do judiciário, que por muitas vezes não dão

conta do número de demandas exorbitantes existentes.

Os divórcios consensuais e as separações sem partilha de bens são rápidos,

realizados em poucos dias, enquanto que, no Judiciário certamente demoraria

meses ou até anos. O arrolamento ou o inventário simplificado, mesmo quando há

maiores e capazes, no Judiciário costuma demorar, portanto, nesse aspecto,

também será mais rápido e eficaz, proporcionando a sociedade um maior conforto.

Sobre o assunto Lemos (2011) declara:

A Lei 11.441/07 trouxe importantes inovações ao permitir que a separação consensual e o inventário fossem realizados por escritura pública, através de cartório, desde que respeitados os requisitos da lei. Quando publicada, foi festejada pelo Judiciário e pelos advogados em todo país, pois teoricamente, isso ajudaria a desafogar os tribunais e auxiliaria as partes, por ser mais rápido e eficiente.

No entanto, o maior beneficiado com a publicação dessa Lei foi, de fato, o

cidadão, que poderá escolher, conforme sua conveniência e necessidade, a via

judicial ou extrajudicial, observando os melhores custos.

Outro grande benefício trazido pela Lei 11.441/07 é a questão da impugnação

dos inventários judiciais em virtude de falhas nas descrições dos imóveis, o que

chega a cerca de 50% das partilhas processadas judicialmente, na via extrajudicial

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deverá se tornar mínimo, pois a prática do Tabelião de Notas na descrição dos

imóveis nos atos de compra e venda é evidente (LEMOS, 2011).

Continuando, a autora supracitada afirma, ainda, que certamente a seriedade

dos profissionais encarregados de operá-la, e o esforço de sempre se dedicarem e

se aprofundarem no estudo jurídico das matérias vinculadas à mesma, em muito

contribuirá para a sua plena eficácia e para o alcance social pretendido pelo

legislador que é o de propiciar formas novas, simplificadas e eficazes de amparo aos

direitos e interesses dos cidadãos.

Todos aqueles papéis não serão mais necessários. Os processos que

levavam, às vezes, um ano, serão resolvidos em questão de um mês, dependendo

do caso até em algumas semanas ou alguns dias, e os custos serão menores

(LEMOS,2011).

Outro aspecto relacionado aos benefícios proporcionados por esta lei é que

ela foi o primeiro passo para que as atividades notariais e registrais sejam mais

valorizadas, e que, também, possa cumprir o objetivo de deixar ao Judiciário aquilo

que realmente é sua tarefa; a solução de lides, sendo benéfica tanto ao cidadão,

como também ao próprio Judiciário.

De acordo com Moraes (2007, p.77):

Antes da Lei 11.441/07, conforme dispunha o antigo artigo 982 do CPC, o inventário e a partilha eram sempre processados judicialmente, mesmo que todas as partes fossem capazes; ou seja, a tutela jurisdicional sempre tinha de ser acionada, apesar de toda a consciência que a pessoa maior e capaz tem para bem dispor de sua vontade. Agora, a partilha de bens poderá ser feita no próprio cartório de notas, por meio de escritura pública, desde que

presentes os requisitos.

Tão inovadora, benéfica, e prática é esta Lei, que o cartório pode ir á casa da

parte ou ao escritório do advogado, de acordo com a solicitação dos envolvidos.

Assim, bastando ao Tabelião de Notas apenas ter o cuidado de não invadir a

circunscrição de um colega.

Portanto, o benefício da Lei 11.441/2007 não foi somente para aliviar o

Judiciário, mas auxiliar a sociedade na solução de seus problemas com mais

agilidade e facilidade, possibilitando ao cidadão mais comodidade e facilidade na

solução de suas lides.

3 INVENTÁRIO E PARTILHA EXTRAJUDICIAL

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O inventário trata-se de procedimento utilizado para apuração dos

bens, direitos e dívidas deixadas pelo falecido. Já a partilha instrumentalizada a

transferência de propriedade dos bens aos herdeiros. Com o advento da Lei

11.441/07, verifica-se a desburocratização no procedimento do inventário, na

medida em que permite a sua realização em cartório, através da lavratura de

escritura pública, com rapidez e segurança.

3.1 REQUISITOS ESSENCIAIS

Necessário se faz informar que mesmo que a pessoa tenha vindo a óbito

antes da vigência da Lei 11,441/07, existe a possibilidade de se fazer o inventário

por meio da escritura pública, caso sejam preenchidos os requisitos da lei. A fim de

que o inventário possa ser realizado pelos meios extrajudiciais, isto é, em cartório,

faz-se mister que todos os herdeiros sejam maiores e capazes, deve haver

consenso entre os herdeiros quanto à partilha dos bens, o falecido não deve ter

deixado testamento e a escritura deve contar com a participação de um advogado.

Caso haja filhos emancipados, o inventário pode ser feito em cartório,

lembrando ainda que a escritura não depende de homologação judicial. No caso de

partilha de bens para efetivação de transferência para o nome dos herdeiros, é

necessária a apresentação da escritura de inventário para registro no Cartório de

Registro de Imóveis, em se tratando de imóveis; no DETRAN, quando envolver

veículos; no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou na Junta Comercial,

quando afeto a sociedades e nos Bancos, quando envolver contas bancárias.

3.2 CAPACIDADE DE AGIR

A lei exige que todos os herdeiros devem ser capazes para que possam

participar do inventário extrajudicial, sendo a capacidade comprovada na hora da

realização da escritura. Conforme Dias (2013, p.571):

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O pressuposto é a capacidade, e não a maioridade dos herdeiros. Não se justifica a exigência da maioridade do herdeiro constante da Resolução do CNJ. Não está na lei. Assim, a emancipação ou a ocorrência de qualquer outra causa que leve a cessação da incapacidade (CC 5º parágrafo único) autoriza o uso da via extrajudicial.

Ao analisar-se a obrigatoriedade de que não existam herdeiros incapazes

para se habilitar no inventário extrajudicial, é esclarecedor o que dispõe o artigo 982

do Código de Processo Civil sobre exigência em relação à capacidade e não

maioridade:

Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário (BRASIL, 1973).

Referindo-se ao artigo em comento, vemos que somente na ausência de

testamento ou de interessado incapaz poderá ser efetivado o inventário extrajudicial.

Na contingência de haver testamento ou incapaz envolvido, proceder-se-á

necessariamente à via judicial.

3.3 DOCUMENTAÇÃO EXIGIDA

Os documentos necessários para o procedimento da lavratura do Inventário

por ato notarial, ou seja, pelo meio extrajudicial, são os seguintes:

a) Comprovante de pagamento do Imposto de transmissão de bens imóveis

ITBI e ITCD, quanto houver doação ou transmissão translativa;

b) certidões negativas de tributos em nome do espólio (Municipal, Estadual e

Federal);

c) certidão de óbito do autor da herança;

d) documento de identidade oficial e CPF dos interessados e do autor da

herança;

e) certidão de casamento do cônjuge sobrevivente e dos herdeiros casados,

assim como do pacto antenupcial registrado, se houver;

f) certidões de propriedade dos bens imóveis, fornecidas pelos CRI das

comarcas onde estiverem localizados os bens;

g) documentos comprobatórios dos bens móveis, direitos e ações, inclusive

de cotas em empresas e aqueles trazidos à colação pelos herdeiros;

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h) certidão negativa da inexistência de testamento, onde houver Cartório

específico de registro, o que poderá ser suprido por declaração das partes no corpo

da Escritura;

i) procuração com poderes específicos para os interessados que não

puderem comparecer pessoalmente ao ato notarial;

j) as partes deverão constituir um Advogado que deverá comparecer ao ato

notarial, podendo ser um só para todos, ou cada interessado apresentar seu

Advogado; a procuração da parte presente ao ato notarial poderá ser feita apud

acta, isto é, no corpo da Escritura; esse(s) Advogado(s) deverá(ão) entregar ao

Tabelião uma cópia de sua carteira de identidade fornecida pela OAB;

k) uma minuta da Escritura apresentada pelo(s) Advogado(s) das partes,

sendo esta facultativa;

l) carnê do IPTU dos bens imóveis;

m) indicação do Inventariante.

Por fim, entende-se que a Lei do Inventário referenda a possibilidade do

inventário negativo, na modalidade extrajudicial, que visa a demonstração e prova

de que ninguém herdou nada do falecido, conforme estabelece a Resolução nº 35

do CNJ.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, a vigência dessa lei representa uma grande conquista não

somente para o próprio Judiciário, mas, principalmente para a sociedade, pois ela

proporciona mais agilidade nos processos de inventário e partilha, pela via

extrajudicial.

Com a promulgação da Lei n.º 11.441/2007,a possibilidade de realização de

Inventário e Partilha de forma Extrajudicial tornou-se real. Entretanto, para sua

efetivação é necessário que não existam incapazes envolvidos e nem Testamento, e

que haja e existência de consenso entre os herdeiros.

Não era mais concebível, diante de tanta evolução tecnológica e social

ocorridas nos últimos anos, o cidadão continuar sentindo-se prejudicado pela

morosidade absurda do Judiciário, que, aliás, em algumas áreas ainda perdura,

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prejudicando aquele que por muitas vezes necessita de uma decisão rápida para

resguardar direitos inerentes a dignidade humana e sua sobrevivência.

A justiça não pode ser retrógrada e, também, seus institutos jurídicos.

Precisam ser dinâmicos, promovendo a celeridade, eficiência e eficácia. A história

nos mostra a evolução do Direito, e esta evolução tem que ser igual à evolução que

se processa na sociedade.

Com o advento da Lei 11.441/07, é necessário que os tabelionatos se

adaptem no sentido de receber e realizar as funções da maior importância que

migrarão das varas de sucessão e de família. Isso requer do Oficial de Cartório,

conhecer profundamente as novas normas sucessórias trazidas por esta Lei, para

garantir o melhor procedimento para as partes envolvidas e resguardar tais direitos.

Não restam dúvidas de que, na seara do Direito das Sucessões (com

repercussão também no Direito de Família), a realização de inventário e partilha por

via administrativa é algo de grande importância. Por meio desta Lei, foi instituído o

chamado procedimento administrativo ou extrajudicial (realizado através de escritura

pública), com vistas à solução mais célere e econômica de problemas tratados pelo

Direito de Família e pelo Direito das Sucessões.

O ingresso da Lei n°. 11.441/2007 no ordenamento jurídico brasileiro,

demonstrou ser produto da evolução, visto que alcançou sua finalidade, tornar a

prestação jurisdicional mais célere, desburocratizando o judiciário e promovendo a

diminuição da intervenção estatal sobre os atos de vontade, gerando um avanço

social com um maior reconhecimento da autonomia privada.

Esta lei representa, portanto, o desejo e a necessidade, não só dos

operadores do Direito, mas, e principalmente, de toda a sociedade em tornar a

justiça mais célere, atendendo os reclames sociais de forma mais dinâmica, rápida e

eficaz.

INVENTORY AND EXTRAJUDICIAL SHARE

ABSTRACT

It is irrefutable assertion that society is dynamic, especially in these times of great change and scientific and technological advances. The law could not be jettisoned these social phenomena. So, has sought to track these changes, to become up to

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date in order to meet the reclames hungry for justice and laws that guarantee the rights of citizens society, providing them with better quality of life. Looking optimally meet those demands of society, and also in order to facilitate people's lives and reduce bureaucracy justice, was enacted law no. 11.441, of January 4, 2007, which enables the realization of inventory , sharing and consensual divorce by administrative means. Was instituted by this law called administrative or extrajudicial proceedings (deed) leading to a more rapid and cost-effective solution of problems handled by the Family Law and the Law of Succession. This work aims to analyze, through literature, the main events resulting from this law.

KEYWORDS: Sharing Extrajudicial. Inventory. Public Deed.

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MORAES, Lúcia Maria de. A Lei nº 11.441/07: separações consensuais e partilhas feitas por via cartorária. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1372, 4 abr. 2007. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9690> Acesso em: 12 out. 2014. PONCIANO, Antônio de Souza. A responsabilidade civil do Estado. São Paulo: Saraiva, 2007. SANTOS, Reinaldo Velloso dos, et al. Separação, divórcio e inventário em cartório: Aspectos Jurídicos e Práticos da nova Lei 11.441/07. São Paulo: Quartier Latin do Brasil, 2008. SANTOS. Luiz Felipe Brasil dos. Anotações acerca das separações e divórcios extrajudiciais. Disponível em: < http://www.espaovital.com.br?novo/notícia_> Acesso em: 15 out. 2014. SILVA, Ivan de Oliveira. A morosidade processual e a responsabilidade civil do Estado. São Paulo: Pillares, 2004. VELOSO, Zeno. Palestra sobre a lei 11.441/07: VIII Seminário de Direito Notarial e Registral em São José do Rio Preto.2008. Disponível em: <http://www.irib.org.br/notas_noti/boletimel2830.asp.> Acesso 14 out. 2014.

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T843i Troccoli, Jéssica Marques. Inventário e partilha extrajudicial. / Jéssica Marques Troccoli.

– Joao Pessoa, 2014.

24f Orientadora: Profª Esp. Juliana Porto Vieira. Artigo Científico (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino

Superior da Paraiba. 1. Partilha Extrajudicial. 2. Inventário. 3. Escritura Pública. I.

Título.

BC/Fesp CDU:347(043)