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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA FESP CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO ANTOINETTE MARIA DE OLIVEIRA SANTANA DE MENEZES SISTEMA PENITENCIÁRIO: CASA DO ALBERGADO JOÃO PESSOA 2010

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA PARAÍBA – FESP CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

ANTOINETTE MARIA DE OLIVEIRA SANTANA DE MENEZES

SISTEMA PENITENCIÁRIO: CASA DO ALBERGADO

JOÃO PESSOA 2010

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ANTOINETTE MARIA DE OLIVEIRA SANTANA DE MENEZES

SISTEMA PENITENCIÁRIO: CASA DO ALBERGADO

JOÃO PESSOA 2010

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Graduação em Direito da FESP Faculdades, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharela em Direito. Orientadora: Profª. Márcia Betânia Casado e Silva Vieira, da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba. Área de Concentração: Direito Penal.

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ANTOINETTE MARIA DE OLIVEIRA SANTANA DE MENEZES

SISTEMA PENITENCIÁRIO: CASA DO ALBERGADO

Banca examinadora: Data de aprovação: __________

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Graduação em Direito da FESP Faculdades, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharela em Direito.

_____________________________________________________________

Profª. Márcia Betânia Casado e Silva Vieira Orientadora

Faculdade de Ensino Superior da Paraíba

___________________________________ Prof. Ms.______ Faculdade de Ensino Superior da Paraíba Co-Orientadora

_____________________________________________________________ Prof.ª

Avaliadora Faculdade de Ensino Superior da Paraíba

___________________________________ Prof. Ms.______ Faculdade de Ensino Superior da Paraíba Co-Orientadora

_____________________________________________________________

Prof.º Avaliador

Faculdade de Ensino Superior da Paraíba

___________________________________ Prof. Ms.______ Faculdade de Ensino Superior da Paraíba Co-Orientadora

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A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste sonho. Dedico.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente ao meu Deus, e ao meu Senhor Jesus, os verdadeiros

responsáveis, não só por esses cinco anos de luta, mas por permitirem que tudo o

que eu sempre sonhei esteja se realizando, proporcionando-me a conclusão de

mais uma etapa da vida que se consuma neste trabalho.

Ao meu esposo, Ricardo Alexandre, que durante todo esse tempo foi quem esteve

comigo nos momentos mais difíceis, e sempre colaborando para que eu chegasse

onde estou.

Aos meus pais e irmãos, pela base que são na minha vida, pois a família é a base

de tudo.

À Gabriela Menezes, por tudo que fez por mim, e por ter confiado na minha

vitória.

A Orion Filho, pelo apoio e pelo incentivo, do qual sem ele não seria possível.

A Jobercides Santos pelos subsídios a mim fornecidos para o cresci²耀nto do meu

conhecimento.

Às minhas amigas, Valéria, Andréa, Sania, e Fernanda, pelas vezes que me

deram a mão e se mostrarem verdadeiras amigas quando mais precisei.

A Profª. Márcia Betânia Casado e Silva Vieira, minha orientadora, pelo apoio,

paciência, credibilidade e compreensão além da atenção para comigo. Pelo

incentivo e grande conhecimento que tornou a sua orientação uma valiosa

colaboração para a elaboração deste trabalho.

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“É melhor prevenir os crimes do que ter de puni-los; e todo legislador sábio deve procurar antes impedir o mal do que repará-lo, pois uma boa legislação não é senão a arte de proporcionar aos homens o maior bem estar possível e preservá-los de todos os sofrimentos que se lhes possam causar, segundo o cálculo dos bens e dos males da vida”. BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. Tradução de Marcilio Teixeira. Rio de Janeiro: Rio Estácio de Sá, 2002.

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RESUMO

O presente trabalho monográfico tem por objetivo principal o instituto da Casa do

Albergado, bem como sua implantação na cidade de João Pessoa, considerando de

enorme relevância a sua instalação, uma vez que é assegurada pela Lei de

Execuções Penais a criação desse instituto, visando à ressocialização e integração

do apenado à sociedade. Para tanto, é necessário um estudo mais aprimorado

acerca do assunto, pois este foi baseado não apenas na Lei de Execuções Penais,

como também na nossa Constituição Federal, já que a mesma também garante ao

apenado, direitos e deveres, considerados fundamentais. Ademais, o trabalho ora

citado discorrerá sobre as noções gerais da Lei de Execuções Penais, das razões

político-criminais que levaram á edição desta lei, como também, os seus objetivos,

os direitos e deveres assegurados ao condenado, dos estabelecimentos penais

prescritos em seus dispositivos, entre outros temas relevantes. Outrossim, o trabalho

versa sobre o conceito de Casa do Albergado, do cumprimento da pena no caso de

inexistência deste instituto, do surgimento do mesmo, além da atual situação do

sistema penitenciário brasileiro, uma vez que, é fato público e notório, a defasagem

do mesmo no Brasil, tendo o Estado o dever de fazer o seu papel de fiscal, além de

gestor, criando mecanismos que visem efetivar a aplicação da Lei de Execuções

Penais, sobretudo, no tocante à criação da Casa do albergado, o que beneficiaria os

apenados em regime aberto e em regime de limitação de fim de semana, já que é

para isso que o instituto se destina. Nesse diapasão, indubitavelmente, percebe-se

que a casa do albergado não deixa de ser uma forma de ressocialização, vez que é

baseado na autodisciplina e autocontrole do apenado. Visa o presente estudo

monográfico analisar de maneira precisa a possibilidade de implantação do instituto

casa do albergado na cidade de João Pessoa, bem como, expor suas

conseqüências no que tange à sua inexistência, sobretudo para o apenado que

deseja recomeçar de forma justa, direito este garantido pela Lei de Execuções

Penais.

Palavras-chave: Casa do Albergado. Lei de Execuções Penais. Sistema Penitenciário. Ressocialização. Regime aberto.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

2 NOÇÕES GERAIS DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL (LEI Nº 7.210/1984 vs POLÍTICAS PÚBLICAS) ........................................................................................... 12 2.1 RAZÕES POLÍTICO-CRIMINAIS, QUE LEVARAM À EDIÇÃO DA LEI .............. 12 2.2 POLÍTICA PÚBLICA ............................................................................................ 13 2.3 POLÍTICA CRIMINAL .......................................................................................... 14 2.4 DO OBJETIVO DA LEI DE EXECUÇÕES PENAIS ............................................ 14 2.5 DOS DIREITOS E DEVERES ASSEGURADOS AO CONDENADO, PELA LEI DE EXECUÇÕES PENAIS. ....................................................................................... 16 2.6 DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS ................................................................ 18

3 CASA DO ALBERGADO ....................................................................................... 20 3.1 CONCEITO ......................................................................................................... 20 3.2 CUMPRIMENTO DA PENA EM CASO DE INEXISTÊNCIA DA CASA DO ALBERGADO ........................................................................................................... 22 3.3 ATUAL SITUAÇÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO ................... 24 3.4 EXEMPLOS DE SUCESSO DA CASA DO ALBERGADO EM OUTROS ESTADOS ................................................................................................................. 27 3.4.1 Casa do Albergado em Minas Gerais ............................................................... 27 3.4.2 Casa do Albergado em Manaus ....................................................................... 28 3.4.3 Casa do Albergado em Paraná ........................................................................ 29 3.4.4 Casa do albergado em Maranhão .................................................................... 30 3.4.5 Casa do Albergado em Goiás .......................................................................... 30 3.5 O QUE REPRESENTA A CASA DO ALBERGADO ........................................... 31

4 SITUAÇÃO NA COMARCA DE JOÃO PESSOA .................................................. 33 4.1 AS CONSEQÜÊNCIAS DA INAPLICABILIDADE DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL NO QUE TANGE À CASA DO ALBERGADO. .......................................................... 34

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 35

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 38

ANEXO A – Declaração da Secretaria de Estado da Cidadania e da Administração Penitenciária (Referente a quantidade de apenados em regime aberto) ..................................................................................................................... 41

ANEXO B – Jurisprudências (Referente às decisões contrárias ao cumprimento de pena em caso de inexistência de Casa do Albergado) .......... 43

ANEXO C – Jurisprudências (Referente às decisões favoráveis ao cumprimento de pena em caso de inexistência de Casa do Albergado) .......... 45

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1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é analisar a possibilidade de implantação do instituto

da Casa do Albergado na cidade de João Pessoa, bem como a aplicação da Lei de

Execuções Penais, no que tange aos estabelecimentos penais prescritos nos

dispositivos desta Lei, além de medidas efetivas tomadas pelo Estado, com relação

aos apenados que têm direito ao regime aberto ou regime de limitação de fim de

semana.

Para tanto, divide-se o trabalho em três capítulos. O primeiro deles tratará

sobre as noções gerais da Lei de Execução Penal, e as razões político-criminais que

levaram a criação da mesma, bem como seus objetivos, além dos direitos e deveres

garantidos ao apenado, entre outros.

No segundo capitulo trará a definição de casa do albergado, como também a

alternativa a ser utilizada no caso de inexistência deste instituto, a atual situação do

sistema penitenciário brasileiro, entre outros temas relevantes. Ainda neste capítulo

serão citadas algumas jurisprudências, além de alguns exemplos deste instituto em

outros Estados, em que obtiveram êxito.

No terceiro capítulo será mostrada a atual realidade da Comarca de João

Pessoa e as conseqüências da inaplicabilidade da Lei de Execução Penal no que

tange à criação do instituto casa do albergado.

Diante do exposto, verifica-se que o Sistema Penitenciário Brasileiro, do ponto

de vista formal, ou seja, jurídico/legal, dispõe de alguns benefícios em prol do

apenado. Entre eles está a Casa do Albergado, de modo, que sua criação foi

destinada ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto e da

pena de limitação de fim de semana, conforme o disposto no artigo 93 da Lei de

Execução Penal (Lei nº. 7.210, de 11 de julho de 1984).

Entre o discurso jurídico e a realidade social, histórica, econômica e política, o

texto legal não passa de mais um instrumento de retórica. Em João Pessoa, capital

paraibana, por exemplo, inexiste a mencionada modalidade aludida no parágrafo

precedente, que, em tese, seria de grande utilidade, em virtude do elevado número

de apenados e a superlotação no sistema penitenciário.

Vale ressaltar que, a idéia do legislador no que se refere ao retorno paulatino

do apenado à sociedade, é bastante plausível, pois intenciona a reintegração do

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mesmo, a fim de evitar as conseqüências decorrentes do estigma que marca a

vivência no cárcere. Desta forma, a criação de casas para albergados seria uma

alternativa a permitir a reinserção do sentenciado na sociedade, beneficiando assim,

não apenas este, mas, sobretudo, a sociedade em geral, pois, esta irá sentir-se

indubitavelmente mais segura.

Partindo deste fato, o presente trabalho, numa perspectiva teórico-crítica,

procurará discutir a questão da criação de casas para albergados no município de

João Pessoa e, via de conseqüência, nas principais metrópoles paraibanas. Elege-

se a capital da Paraíba como um recorte epistemológico e metodológico visando à

instrumentalização da pesquisa.

Para isso, abordar-se-á uma temática relacionada à importância da criação de

casas de albergado, enquanto fator de ressocialização, recuperação e reinserção do

preso na sociedade. Respeitando-se assim, o princípio da dignidade da pessoa

humana, independentemente do crime e de sua gravidade, bem como a pessoa a do

delinqüente.

Inicialmente, parte-se do pressuposto de que a prisão não é um ambiente

refletor de uma etapa primitiva da história da humanidade, fazendo com que o

apenado perca sua condição humana, e sim um local onde ele cumprirá sua pena

pelo delito que cometeu, aprendendo a viver em sociedade, com o objetivo de não

voltar a delinqüir.

O sistema expandiu o Estado penal e do Bem-Estar, igualmente enfraquecido

pelo aparelho administrativo do país, compreendendo, assim, um novo modelo

estatal de política criminal, baseado na criminalização da pobreza. As autoridades

judiciárias encorajam o governo a adotar as políticas sociais e penais associadas a

esta nova forma de Estado, como instrumento de inclusão social.

Depreende-se, dessa forma, que o estudo analisará o processo pelo qual este

modelo pode se adequar os interesses políticos que abarque a Casa do Albergado,

analisando então, as conseqüências de sua adoção para os debates políticos.

Por fim, levanta-se a hipótese de que as casas de albergado seriam

alternativas mediadoras para descondicionar o preso de um universo cultural

marcado pela desconfiança, pelo ressentimento, pelo medo, pela insegurança e pelo

desespero, para que este encontre possibilidades de convivência dentro da

sociedade.

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2 NOÇÕES GERAIS DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL (LEI Nº 7.210/1984 vs

POLÍTICAS PÚBLICAS)

2.1 RAZÕES POLÍTICO-CRIMINAIS, QUE LEVARAM À EDIÇÃO DA LEI

No nível jurídico-formal, o sistema penitenciário brasileiro, aparentemente,

encontra-se num estágio progressista, afinado ao diapasão de múltiplas e também

avançadas concepções, as quais permeiam as ciências humanas como um todo, no

presente momento histórico-social.

De acordo com MALAQUIAS (2008, p.22):

Na tentativa de humanizar as prisões brasileiras, foi criada a Lei n°7.210 de 11 de julho de 1984, Lei de Execução Penal (LEP) que, almejando administrar cientificamente os presídios, introduz profissionais das áreas de Psiquiatria, Serviço Social e Psicologia. Partindo do pressuposto de que o preso não perde a condição humana, assegura-lhe, também, direitos como: garantia da integridade física e moral; alimentação; assistência jurídica, psicológica e médico-odontológica; igualdade de tratamento e relação com o mundo exterior, através de cartas, leitura e acesso aos meios de comunicação em massa.

Com base na citação do autor, observa-se que uma das razões político-

criminais da criação da Lei de Execuções Penais foi a de tentar humanizar as

prisões brasileiras.

Ademais, o principal objetivo da Lei de Execuções Penais, além do de

assegurar o efetivo cumprimento da pena, é o de garantir a reinserção do

condenado, uma vez que esta lei traz diversos dispositivos que versam sobre o

tema.

Daí o porquê grande parte da doutrina entende ser a execução penal direito

autônomo, não pertencendo ao Direito Penal nem Direito Processual Penal, então

com a elaboração de uma lei específica, tornar-se-ia mais visível, pormenorizada e

perceptível, sendo esta também uma das razões que levaram a criação da Lei de

Execução Penal.

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Outrossim, a criação da Lei de Execuções Penais coincidiu com a data da

reforma da parte geral do Código Penal Brasileiro, o que contribuiu para a criação da

mesma.

Além do mais, pode-se verificar a relação da Lei de Execuções Penais com os

fundamentos da nossa Constituição Federal, uma vez que nela constam alguns

dispositivos concernentes à execução penal, a exemplo dos incisos: XLVI - onde

dispõe que a lei regulará a individualização da pena; XLVIII - a pena será cumprida

em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo

do apenado; XLIX - è assegurado aos presos integridade física e moral, entre outros.

2.2 POLÍTICA PÚBLICA

Para Bucci (apud CRISTÓVAM, 2005), políticas públicas consistem nos

organismos de ação dos governos, voltados para execução da aplicação dos direitos

fundamentais positivos, prestados obrigatoriamente pelo Poder Publico, baseado no

Estado social.

Da mesma forma entende Comparato (apud CRISTÓVAM, 2005), ao afirmar

que as políticas públicas são programas de ação do governo, uma vez que as

mesmas visam a alcançar, geralmente, melhores condições econômicas, políticas ou

sociais para sociedade.

Em síntese, as políticas públicas podem ser compreendidas como

mecanismos ou uma reunião de metas elaboradas pelo governo com o objetivo de

assistir, ou seja, favorecer a sociedade, principalmente no que tange aos direitos

fundamentais elencados na nossa Constituição Federal.

2.3 POLÍTICA CRIMINAL

Segundo Feuerbach (apud MIREILLE, 2004), o termo “política criminal”

permaneceu por algum período com o mesmo significado de teoria e prática do

sistema penal, sendo conceituado por este autor, como “o conjunto dos

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procedimentos repressivos pelos quais o Estado reage contra o crime”. Tendo em

vista que a liberdade do apenado em regime aberto, não significa uma regalia, e sim

uma liberdade legal, como assinala Mireille (2004, p.45), ou, seja um direito do

apenado baseado na lei.

Em suma, política criminal é um grupo de regras pelas quais o Estado exerce

um trabalho de prevenção e repressão às leis transgredidas, abrangendo

procedimentos utilizados na execução das penas e das medidas de segurança,

objetivando o interesse da sociedade e a ressocialização do infrator.

2.4 DO OBJETIVO DA LEI DE EXECUÇÕES PENAIS

De acordo com o art. 1º da Lei de Execuções Penais seu objetivo é tornar

efetiva as determinações de sentença ou decisão criminal e criar meios que tornem

uma convivência harmônica entre a sociedade, o condenado e o internado.

Oportuna a observação de SANTOS (1999, p. 51):

A Execução Penal tem por finalidade principal, a uma, o cumprimento da sentença condenatória e, a duas, a recuperação do sentenciado, com vistas sempre voltadas ao seu retorno á convivência social.

Há ainda a definição de MARCÃO (2010, p. 31-32), que entende que:

A execução penal deve objetivar a integração social do condenado ou do internado, já que adotada a teoria mista ou eclética, segundo a qual a natureza retributiva da pena não busca apenas a prevenção, mas também a humanização. Objetiva-se por meio da execução, punir e humanizar.

A Lei de Execuções Penais assegura ao condenado e ao internado, todos os

direitos não privados pela sentença, entre eles, o direito à assistência em geral, a

exemplo da Material, à Saúde, à Jurídica, à Educacional, à Social, à Assistência

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Religiosa, bem como a Assistência ao Egresso, uma vez que é dever do estado, de

acordo com os arts. 10 a 25, objetivando assim, evitar a criminalidade e disciplinar o

retorno do apenado ao convívio social.

A Lei de Execuções Penais entende que a assistência é um dever do Estado-

Administração, no qual o mesmo deve se empenhar para que o apenado não volte a

reincidir, buscando favorecer sua reintegração à sociedade, para que o apenado

tenha assegurado seus direitos.

Segundo SANTOS (1999, p.67), quanto à definição de assistência à luz da Lei

de Execuções Penais:

Considera-se assistência todo meio pelo qual a Administração coloca à disposição do sentenciado no sentido de promover a sua readaptação integral à sociedade, gerando-lhe condições de suplantar as carências que a vida carcerária lhe impinge, fazendo com que ele tenha, tanto quanto possível, todas as possibilidades atingíveis pelo homem livre. Evidentemente, todo o assistencialismo estatal há de se estender ao egresso, notadamente quem mais dele necessita, com o fito principal de se evitar a recidiva (grifo do autor).

Também é assegurado ao condenado, o direito ao trabalho, podendo ser

interno ou externo, devendo ser remunerado, em respeito à dignidade humana, terá

a finalidade educativa, produtiva, além de um dever social, conforme determina os

arts. 28 ao 37.

Em suma, a Lei de Execuções Penais visa proteger o condenado, de forma

que haja uma interação entre o mesmo e a sociedade, trazendo artigos que

objetivam discipliná-los, ao mesmo tempo assegurar-lhes os seus direitos e deveres.

Todavia, embora o objetivo da Lei de Execuções Penais seja de maneira

positiva humanizar as prisões brasileiras, a realidade do sistema penitenciário

brasileiro, ainda deixa muito aquém do desejado.

Neste sentido se posiciona MALAQUIAS (2008, p. 22):

No entanto, o substrato eminentemente positivista da Lei de Execuções Penais não tem sequer proporcionado, na prática, elementos para gerir, harmoniosamente, o controle das prisões nos

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aspectos social e repressivo. É que a realidade prisional é permeada por relações de subjetividade, força e poder desconhecidos que chegam a transcender os conceitos dos enfoques sociológicos e jurídico. É uma espécie de tapete tecido por fios que se cruzam, formando nós que moldam um poder em rede.

2.5 DOS DIREITOS E DEVERES ASSEGURADOS AO CONDENADO, PELA LEI DE

EXECUÇÕES PENAIS.

A Lei de Execuções Penais destina os artigos 40 à 43 para determinar os

direitos do sentenciado, sendo assegurado ao mesmo todos os direitos não

atingidos pela perda de sua liberdade, direitos estes que não sejam incompatíveis

com a pena, assim conservados seus direitos humanos, fundamentais e

processuais, inerente à sua condição humana.

Todavia, a Lei de Execuções Penais, não dispõe apenas dos direitos dos

apenados, dispõe também dos deveres e da disciplina dos condenados, os quais

consistem em comportamento disciplinado; obediência ao servidor do

estabelecimento no qual está recluso; urbanidade e respeito no trato com os demais

condenados; não envolvimento com movimentos de fuga ou de rebelião; higiene

pessoal e asseio da cela ou alojamento, entre outros, elencados nos arts. 38 e 39.

Estes Deveres terão que ser cumpridos pelo sentenciado, os quais se forem

descumpridos, gerarão conseqüências para o apenado, que será punido com

sanções que deverão ser aplicadas pelo próprio Diretor do Estabelecimento, tendo

em vista a natureza administrativa de que se reveste.

Ainda no que tange aos direitos dos apenados dispostos na Lei de Execuções

Penais, além do respeito à integridade física e moral dos condenados e dos presos

provisórios, impostas a todas as autoridades, pode-se citar vários outros, prescritos

no art. 41 e incisos I ao XVI.

Em meio a esses direitos destacam-se os seguintes: alimentação suficiente e

vestuário; trabalho remunerado; previdência social; descanso e recreação;

atividades profissionais, intelectuais, artísticas, bem como desportivas, desde que

permitido pela pena; proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; entrevista

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pessoal e reservada com o seu advogado; visitas em dias determinados; assim

como contato com o mundo exterior através de correspondência escrita, da leitura e

outros meios de informação, que não comprometam a moral e os bons costumes,

além de outros direitos.

Além desses direitos, como já citado antes, o apenado terá direito à

Assistência Material, que deverá ser realizada através do provimento de

alimentação, vestuário e instalações higiênicas, de acordo com o art.12 da Lei de

Execuções Penais. A Assistência Médica também é um direito do apenado, tendo

este caráter preventivo e curativo, que consistirá em atendimento médico,

farmacêutico e odontológico, conforme determinado pelo art. 14.

No que diz respeito à assistência jurídica, a Lei de Execuções Penais,

conforme determina os arts. 15 e 16, confere ao apenado a possibilidade de ser

acompanhado por profissional habilitado, ou seja, o advogado, sem nenhum custo

financeiro, uma vez que a função do Defensor Público é promover a defesa do

desprovido de recursos financeiros.

A Assistência Educacional, determinada pelos arts. 17 e 18, compreende

igualmente um direito do apenado, haja vista que o Estado deverá promover a

formação profissional do preso, através de cursos técnicos e profissionalizantes,

objetivando desta forma a ressocialização do apenado e sua inclusão ao mercado

de trabalho.

No tocante à Assistência Social ao apenado, é assegurado ao mesmo, o

auxílio dos profissionais da área, que tem por finalidade amparar o preso e o

internado e prepará-los para o retorno à liberdade, de acordo com os arts. 22 e 23, a

fim de evitar que sejam estigmatizados.

Inclui-se também, como dever do Estado e direito do apenado, a Assistência

Religiosa, com arrimo no art. 24, § 1º e 2º, que consiste na permissão que o

apenado tem de participar ou não de cultos religiosos, ou obter livros de instrução

religiosa, já que a vida num estabelecimento prisional não é fácil, e muitos procuram

conforto espiritual através dos cultos para amenizar suas angústias e ociosidades.

E finalmente, a Assistência ao Egresso, que será realizada através do apoio e

da orientação para sua reintegração à sociedade, sendo-lhe concedido, se

necessário, alojamento, e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo período

de dois meses, podendo este prazo ser prorrogado, bem como, declaração do

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assistente social, comprovando o interesse do apenado na aquisição de emprego,

como disposto no art. 25 da Lei de Execuções Penais.

2.6 DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS

Na Lei de Execução Penal, também estão dispostos os Estabelecimentos

Penais, do qual não deixa de ser um direito do condenado, uma vez que de acordo

com o art. 82, os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao submetido

à medida de segurança e ao egresso, ou seja, o liberado definitivamente, pelo prazo

de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento; ou o liberado condicional,

durante o período de prova.

Nestes estabelecimentos penais deverá conter nas suas dependências com

áreas e serviços, com o objetivo de dar assistência, educação, trabalho, recreação e

prática esportiva.

No que diz respeito à quantidade de condenados nestes estabelecimentos

penais, o art. 85 da Lei de Execuções Penais, determina que o estabelecimento

penal deverá ter a lotação compatível com a sua estrutura e finalidade.

A Lei nº 7.210/84 (Lei de Execuções Penais) reserva os arts. 82 a 104, para

dispor dos estabelecimentos Penais, no qual deverá ser cumprida a pena, de acordo

com o regime:

a) o condenado em regime fechado deve cumprir a pena em penitenciária -

arts. 87-90, da Lei nº 7.210/84 e 33, § 1º, CP;

b) o condenado em semi-aberto, em colônia agrícola ou industrial - arts. 91-

92, Lei de Execução Penal e 33, § 2º, CP; e,

c) o condenado no regime aberto na casa do albergado - arts. 93-95, Lei de

Execução Penal e 33, § 3º, CP).

Entre esses estabelecimentos penais, destaca-se a Casa do Albergado,

reservada ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da

pena de limitação de fim de semana, conforme art. 94 da Lei de Execuções Penais.

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Este instituto deverá localizar-se em centro urbano, e é caracterizado por não

haver nenhum empecilho físico contra fugas, devendo haver em cada região pelo

menos, uma Casa de Albergado, com locais voltados para cursos e palestras,

segundo os arts. 94 e 95 da Lei de Execuções Penais.

Com o objetivo de melhor analisar o senso de responsabilidade dos

condenados e oferecer-lhes determinada orientação, a Casa do Albergado deverá

ser composta de instalações adequadas. Esta posição é um dos cuidados que,

deverão ser tomadas junto à rigorosa análise dos requisitos e das condições para o

cumprimento da pena privativa de liberdade em regime aberto, permitindo à

instituição o sucesso.

Portanto, para que a Casa do Albergado funcione com êxito é necessário, o

empenho da administração juntamente com o apenado. Bem como, a fiscalização

por parte do Poder Judiciário, para que não haja abusos e irregularidades,

colaborando desta forma, para a permanência do instituto.

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3 CASA DO ALBERGADO

3.1 CONCEITO

Casa do Albergado, segundo a Lei de Execuções Penais, em seu artigo 93, é

um estabelecimento que se destina ao cumprimento de pena privativa de liberdade,

em regime aberto, e da pena de limitação de fim de semana. É reservada para os

condenados que tenham cumprido determinada parte da pena, estabelecida no texto

legal e demonstrem não oferecerem riscos à sociedade.

A definição do que seja “Casa do Albergado” é descrita por SANTOS (1999;

p. 144):

É espécie de estabelecimento penal destinado aos sentenciados que estejam cumprindo pena privativa de liberdade em regime aberto ou pena de limitação de fim de semana, prisão essa denominada “albergue”. Constitui ao lado da prisão domiciliar prevista no art. 117 da LEP, espécie de prisão aberta, a que se submetem aqueles que estejam em fase final de cumprimento da pena, relação de estrita confiança entre o sentenciado e o Estado-Administração, posto que, durante o dia, terá ele suas ocupações normais “extramuros”, recolhendo-se à noite.

Por regime aberto entende-se o regime que permite ao apenado uma

liberdade real durante um determinado período, para que possa praticar atividades,

desde que lícitas, e à noite se recolha a determinada instituição.

No tocante à pena de limitação de fim de semana, esta, também deverá ser

cumprida em Casa de Albergado, razão pela qual o art. 151 reza que “caberá ao juiz

da execução determinar a intimação do condenado, cientificando-o do local, dias e

horário em que deverá cumprir a pena.”

De acordo com o art.48 do Código Penal Brasileiro, a limitação de fim de

semana consiste na obrigação do condenado de permanecer, aos sábados e

domingos, por cinco horas diárias, em casa de albergado, ou outro estabelecimento

adequado, de acordo com o art. 48 do Código Penal Brasileiro.

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Conforme MARCÃO (2010, p.271-272):

A pena de limitação de fim de semana constitui um recolhimento em local certo, por dias determinados, com finalidade direcionada à reestruturação intelectual e social do condenado, sem perder o caráter punitivo.

Segundo classifica a doutrina existem condenados que possuem

personalidade e atitudes conscientes e a aceitação da sentença condenatória e da

pena aplicada fazem com que se submetam à disciplina do estabelecimento penal

sem conflitos e sem tentativas de fugas. Então, quando se trata de pena de curta

duração, o condenado pode ser colocado em regime de semiliberdade,

imediatamente após o trânsito em julgado da sentença, desde que preencha os

requisitos necessários.

A Casa do Albergado, também chamada de prisão albergue, é um

estabelecimento destinado ao condenado em regime aberto, é uma expressão

compreendida como uma prisão noturna, sem obstáculos que venham impedir sua

fuga.

A prisão albergue, em outras palavras, é uma forma de prisão aberta onde o

apenado permanece, recolhido durante o período noturno e nos dias de folga. É

fundamentada no senso de responsabilidade do condenado que, através da

autodisciplina, ínsita no art. 36, caput, do CP, fica num estabelecimento desprovido

de vigilância ostensiva, podendo trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra

atividade.

Em resumo, a Casa do Albergado é voltada para o cumprimento de pena

privativa de liberdade no qual o condenado, dedica-se a atividades legais, além de

estudar, se ausentando do instituto, durante o dia, sem escolta ou vigilância.

O ingresso na Casa do Albergado obedece a critérios objetivos e subjetivos.

Do ponto de vista objetivo, os condenados terão que seguir os ditames

prelecionados na lei, os quais têm caráter obrigatório.

São esses requisitos determinados no art. 115 da Lei de Execuções Penais: a

permanência, no local designado, durante o repouso e nos dias de folga; sair para o

trabalho e retornar nos horários fixados; não se ausentar da cidade onde reside, sem

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autorização judicial; e no comparecimento a juízo, para informar e justificar as

atividades.

Do ponto de vista subjetivo o apenado deverá demonstrar progressos de que

está se recuperando no sentido de ser reinserido no mercado de trabalho sem

oferecer riscos à sociedade. Para tanto é avaliado através de exames psicológicos

próprios. Além, do convencimento do magistrado, que avaliará se o condenado está

apto ou não.

3.2 CUMPRIMENTO DA PENA EM CASO DE INEXISTÊNCIA DA CASA DO ALBERGADO

É notável a falência do sistema penitenciário brasileiro, sobretudo, no que diz

respeito a estabelecimentos penais, a exemplo da Casa do Albergado, onde

percebe-se a inexistência dos mesmos para o cumprimento de pena em regime

aberto.

Segundo MARCÃO (2010, p.184):

A realidade por aqui é ainda mais preocupante do que aquela evidenciada com a ausência de vagas para o cumprimento de pena em regime fechado ou semiaberto. Nestas duas últimas hipóteses, embora a deficiência seja gritante e vergonhosa, ainda é possível contar com um número razoável de estabelecimentos penais, o que não ocorre, efetivamente, em relação ao regime aberto.

Como se vê, a realidade é esta, ou seja, utópica, uma vez que, embora a Lei

de Execuções Penais, em seu art. 95, determine que em cada região haverá, pelo

menos, uma Casa de Albergado, sabe-se que na prática a ausência desse instituto é

alarmante.

Pensando em soluções para esse problema, é que já existem jurisprudências

que visam resolver essas questões com alternativas jurídicas, ou através de “política

criminal”, objetivando solucionar a ausência de estabelecimentos penais destinados

ao cumprimento de pena no regime aberto.

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Como alternativa para a inexistência de casa do albergado, discute-se a

possibilidade da prisão-albergue domiciliar, entretanto, o art. 117 determina que

somente se admitirá o recolhimento do beneficiário do regime aberto em residência

particular, ou seja, prisão-albergue domiciliar, quando se tratar de : condenado maior

de 70 anos; condenado acometido de doença grave; condenada com filho menor ou

deficiente físico ou mental e condenada gestante.

No entanto, há uma grande discussão ainda, tendo em vista que, o Supremo

Tribunal Federal entende que as hipóteses elencadas no referido dispositivo são

taxativas, não podendo ser ampliadas para beneficiarem o condenado em regime

aberto, uma vez que deverão cumprir a pena em casa do albergado ou em

estabelecimento adequado.

No tocante a esta situação, o fato de não haver casa de albergado não

autoriza o deferimento da prisão domiciliar ao apenado cuja pena deva ser cumprida

em casa de albergado ou estabelecimento apropriado.

Já o Superior Tribunal de Justiça, defende a posição de que o Estado é que

deve oferecer meios para que o apenado em regime aberto possa cumprir sua pena

em estabelecimento adequado, ou terá o magistrado que encontrar alternativas para

a solução do problema.

Entre o posicionamento de algumas jurisprudências favoráveis á prisão-

albergue domiciliar, estão hipóteses excepcionais, e dentre elas sobressaem

aquelas que se refere á saúde do preso, quando este já se encontra em estado

grave.

Todavia, também já houve decisões contrárias, no que diz respeito á saúde

do condenado, a exemplo de portador do vírus da AIDS, haja vista que o

entendimento é que é irrelevante o estado do paciente, vez que não está entre os

dispositivos elencados no art. 117 da Lei de Execuções Penais.

Segundo MARCÃO (2010, p.188) um caso excepcional foi decidido pelo

Superior Tribunal de Justiça, concedendo a um indivíduo com mais de 70 anos, que

inspirava cuidados na saúde, a substituição para prisão domiciliar, através de

analogia do art. 117 da Lei de Execuções Penais.

Vale ressaltar, entretanto, que o condenado em estado de saúde grave

poderá ser tratado no estabelecimento em que se encontra ou em hospitais públicos,

sendo em regra negado o benefício da prisão-albergue domiciliar.

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3.3 ATUAL SITUAÇÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO

Não obstante a Lei de Execuções Penais prezar pela ressocialização e a

reintegração do mesmo à sociedade, a realidade dos presídios, no entanto, revela o

contrário. Das variadas formas de ressocialização no sistema penal, apenas a

oportunidade da regeneração é efetiva.

A função intimidativa da pena mostra-se ineficaz diante do avanço da

criminalidade. A regeneração, visando à ressocialização do delinqüente, também

não ocorre, haja vista o alto índice de reincidência que oscila entre 70% (setenta por

cento) e 85% (oitenta e cinco por cento), conforme mostra CAMARGO (2001, p. 23):

Qualquer que seja o tipo de prisão e qualquer que seja o tratamento, a taxa de reincidência permanece elevada. No Brasil, varia de 70 a 85%, sendo mais alta quanto mais longo tiver sido o período de encarceramento.

Presentemente, já é perceptível a falência do sistema penitenciário. Uma vez

que essa crise é conhecida não somente por estudiosos da área, mas por toda a

população de um modo geral, que entendem que cadeia não é panacéia para todos

os males sociais.

Diante da situação, não é demais lembrar que ressocializar, não significa

submeter um ser humano em cárceres imundos, fétidos e doentios, fato que,

inclusive, chega a ferir até a lei de proteção aos animais, que proíbe o cativeiro de

feras, só o permitindo, excepcionalmente, em lugares semelhantes ao habitat

natural. Como mostra COELHO (1987, p.14):

“Surdas” úmidas e imundas, escuras e sufocantes nas quais se isola o preso por longos períodos, e inspetores e guardas que o agridem e humilham na calada da noite não são, efetivamente, apenas imagens literárias.

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O cotidiano das prisões, uma estrutura viciada e falida pelos maus-tratos e

pela corrupção, é um dos temas mais estudados pelos mais diferentes campos do

conhecimento, neste momento histórico, em decorrência da evidente e incontestável

falência do confinamento carcerário enquanto método de prevenção e recuperação

de delinqüentes. Conforme acentua FARIAS JÚNIOR (1993, p.195):

A prisão é um antro dos mais degradantes e perversores que se possa imaginar. É o caldo de cultura de todos os vícios, baixezas e degenerescências. É a mais poderosa sementeira de delitos. É monstro de desespero e sucursal do inferno.

Resultado este, de um sistema ditatorial, no qual passam de geração a

geração, dos primórdios ao dias atuais, passando pelas invasões dos golpes

militares desencadeados na década 30 e em 64, o sistema prisional brasileiro é a

expressão mais fidedigna do desrespeito à cidadania, como asseguram alguns

autores como SOUZA (1983) e COELHO (1987).

3.3 O SURGIMENTO DA CASA DO ALBERGADO

O sistema que deu origem à Casa do Albergado foi vislumbrado por John

Augustus, um rico sapateiro de Boston, nos Estados Unidos, em 1841, quando o

mesmo pede à Corte a entrega de alguns delinqüentes à sua responsabilidade, com

o objetivo de dar-lhes trabalho e assistência direta. O pedido foi deferido e alguns

condenados passaram a executar serviços para o citado fabricante, afastando-se do

ócio do cárcere.

Essa iniciativa do sapateiro americano é considerada a primeira manifestação

prática dos benefícios do regime de semiliberdade para o cumprimento da pena da

prisão. São registrados, também, precedentes legislativos a exemplo do decreto

francês de 25-2-1852 e do Código Penal Italiano de 1898. No entanto, os

antecedentes práticos desse regime passaram a existir formalmente depois do

congresso de Budapeste, em 1905.

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Na contemporaneidade as experiências que podem ser consideradas como

efetivas para o instituto da prisão aberta são as iniciadas a partir de 1930, nos

Estados Unidos e na Grã-Bretanha. As anteriores, como a dos estabelecimentos de

Dusseldorf (1880), Dinamarca (1899) e na Suíça, em Witzwill (1891), referiam-se à

prisão semi-aberta, ou ao probation system, no Direito britânico (1907), belga (1915),

sueco (1918), theco-eslovaco (1919), australiano (1920). O regime aberto foi

consagrado definitivamente nos congressos de Haia em 1950 e das Nações Unidas,

em Caracas no ano de 1955.

Segundo MIRABETE (2000), a oficialização da prisão albergue no Brasil só se

deu em 24/05/1977, com a promulgação da Lei nº6.416, quando a mesma alterou os

dispositivos do Código Penal, Código de Processo Penal e Lei de Contravenções

Penais. Entretanto, a aplicação de prisão albergue se efetivou com o Poder

Judiciário do Estado de São Paulo, pelo provimento nº XVI/65, de 07/10/1965, do

Conselho Superior de Magistratura.

Sobre prisão albergue, pondera MIRABETE (2000, p. 254):

Prisão albergue constitui-se em uma modalidade ou espécie do gênero prisão aberta, experiência que em outros países é conhecida com denominações que equivalem em português, à “prisão noturna” ou “semiliberdade”.

3.4 EXEMPLOS DE SUCESSO DA CASA DO ALBERGADO EM OUTROS

ESTADOS

3.4.1 Casa do Albergado em Minas Gerais

Os exemplos ficam por conta dos trabalhos desenvolvidos nas Casas do

Albergado em alguns Estados, a exemplo da Casa do Albergado Bela Vista que,

mostra que enquanto o país vive uma crise de violência, Contagem- Minas Gerais

desenvolve um projeto piloto de reinserção para os condenados, trazido pela

comunidade, através de um Conselho criado pela mesma, ou seja, pela

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comunidade, e que embora a casa seja alugada, abriga 40 detentos, com recursos

financeiros e cestas básicas advindas do pagamento de Penas Alternativas.

A Casa do Albergado Bela Vista é um exemplo de sucesso, uma vez que

segundo a presidente e uma das fundadoras, Luzia Gomes Zevallos Del Barco, a

instituição é voltada para um sistema baseado na confiança que os organizadores

do projeto têm nos apenados, uma vez que os agentes penitenciários não trabalham

armados.

Este projeto funciona há cerca de 10 anos, baseada na Lei de Execução

Penal (Lei n° 7.210/84), destinada a cumprir as disposições descritas ao que tange a

interação do condenado à sociedade, inclusive seus direitos, deveres, disciplinas a

serem cumpridas.

Segundo Luzia Del Barco, o projeto tem funcionado, tendo em vista que

quase não há fugas, pois a mesma consiste em o apenado não voltar ao

estabelecimento, o que levará o juiz a decidir as sanções cabíveis ao infrator, não

sendo admissível essa atitude por parte do mesmo.

Na Casa do Albergado Bela Vista, os detentos dividem os trabalhos entre

eles, uns cuidam da limpeza enquanto outros da lavanderia, aprendendo assim,

trabalharem em equipe em constante harmonia.

Os apenados da Casa do Albergado Bela Vista sentem-se a vontade para

procurarem emprego, pois eles têm o dia livre, e almejam a reinserção à sociedade,

além, de poderem ajudar a família com o que receberem no trabalho.

Esta Casa do Albergado tem o mesmo objetivo de todas outras, haja vista que

tem por finalidade ressocializar o apenado, trazendo-o de volta à sociedade,

provando que é possível a interação do condenado ao convívio social, uma vez que

este instituto é baseado na confiança que os administradores depositam nos

detentos, além da auto-disciplina e auto controle dos mesmos.

3.4.2 Casa do Albergado em Manaus

Também, tem-se como exemplo de êxito como estabelecimento penal, a

Casa do Albergado do Estado do Amazonas, na cidade de Cachoeirinha, que foi

criada pela Lei nº 1694, de 15 de julho de 1985, sendo um estabelecimento de

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segurança mínima, onde a autodisciplina e senso de responsabilidade do

condenado são a base para o funcionamento deste instituto, pois o mesmo destina-

se ao cumprimento de penas em regime aberto e da pena de limitação de fim de

semana, tendo o apoio e coordenação superior da Secretaria de Estado de Justiça e

Direitos Humanos.

Este instituto que tem capacidade para 62 apenados, e direção da Srª. Janilce

Fatin de Castro tem como objetivo abrigar o apenado condenado em até quatro anos

de prisão, o condenado a mais de quatro e até oito anos, após ter cumprido 1/6 de

sua pena em regime semi-aberto, bem como os que estão em regime de limitação

de fim de semana, durante o dia, os feriados e dias santos.

Também tem a finalidade de assegurar os direitos aos condenados, por meio

de orientação religiosa, profissional, a reintegração do apenado à sociedade através

do trabalho, entre outros direitos dos quais eles batalham para readquiri-los.

Sempre que possível este instituto procura oferecer ao condenado cursos de

aperfeiçoamento, com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas e da Secretaria de Justiça, bem como palestras, com escopo de

promover a reinserção do apenado ao mercado de trabalho, assim como organizam

festas, de modo que o apenado sinta-se em casa e familiarizado

3.4.3 Casa do Albergado em Paraná

A nova Casa do Albergado na Comarca de Paranaíba, cidade do Paraná, com

a criação do Projeto Recomeçar, tem tornado a realidade do apenado diferente,

projeto este, onde o condenado terá a oportunidade de reiniciar sua vida, uma vez

que o objetivo do Projeto Recomeçar é justamente promover a reinserção do

condenado à sociedade, de forma que ele não volte a delinqüir, como ocorre

naturalmente (MINAS GERAIS, 2009).

Este Projeto vem beneficiando cerca de 240 detentos, que desde a abertura

deste instituto vem trabalhando e segundo dados fornecidos pelo mesmo, não há

informação de novo delitos cometidos por eles.

A Casa do Albergado de Paranaíba vem tentando cumprir as disposições da

Lei de Execuções Penais no que tange à assistência material, uma vez que os

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apenados puderam receber materiais para uso próprio, a exemplo de vestuário,

além de terem sido contemplados com trabalho (MINAS GERAIS, 2009)..

Neste instituto, o apenado também poderá assistir palestras, participar de

esportes, bem como outras atividades voltadas à cultura, objetivando desta maneira,

tornar o tempo do apenado construtivo, além de afastar a ociosidade.

Desde a fundação da Casa do Albergado em Paranaíba, todos os apenados

estão trabalhando em empresas locais e na Prefeitura da cidade, que vem dando

todo apoio ao instituto.

O sucesso desse instituto tem sido possível, graças ao apoio da Prefeitura,

como já citado anteriormente, além da parceria da faculdade de Direito da Unidade

Local, da Defensoria Pública e o desempenho da própria direção da Casa do

Albergado (MINAS GERAIS, 2009).

3.4.4 Casa do albergado em Maranhão

No dia 19/08/2008, foi inaugurada a Casa do Albergado na cidade de

Imperatriz no Estado do Maranhão, localizada ao lado da Central de Custódia de

Presos da Justiça de Imperatriz, na rua Dom Pedro II, no Parque do Buriti, conta

com 30 (trinta) vagas para presos de regime aberto, e tem como principal objetivo

ressocializar os condenados, possibilitando sua reinserção junto á sociedade.

Na casa do Albergado de Imperatriz, os apenados irão passar a noite, os

feriados, bem como fins de semanas, entretanto, poderão sair para procurar trabalho

durante o dia, uma vez que esse instituto é baseado na confiança que a direção

deposita nos detentos, haja vista, que esse o mesmo caracteriza-se pela falta de

obstáculos, o que torna o apenado ciente de seu limite, que por sua vez, deverá

provar com autocontrole e autodisciplina (CASA DO ALBERGADO NO MA, 2010).

3.4.5 Casa do Albergado em Goiás

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A Casa do Albergado em Goiás, localizada no Jardim Europa, através do

projeto Escrever Liberdade, conta com o apoio da Agência Goiana de Administração

e Negócios Públicos, o Comitê para a Democratização da Informática, o Banco do

Brasil, a Agência Prisional e o Tribunal de Contas do Estado de Goiás, que objetiva

alfabetizar os apenados, dando-lhes oportunidade para escrever e ler (GOIÁS,

2008).

Além da oportunidade de serem alfabetizados, os apenados também tem a

oportunidade de serem incluídos no mundo digital, uma vez que este projeto

também oferece ao apenado cursos gratuitos de informática, que contou com a

parceria do Tribunal de Contas do Estado de Goiás na doação de cinco

microcomputadores.

O sucesso deste instituto se dá pelo envolvimento dos colaboradores, que

entendem que não basta apenas uma reinserção do apenado à sociedade, mas uma

reinserção de forma geral, inclusive digital.

3.5 O QUE REPRESENTA A CASA DO ALBERGADO

A existência da prisão albergue oferece ao condenado, sempre que este

cumpra as condições para o benefício do regime, a possibilidade que a sua conduta

e comportamento sejam avaliados para a obtenção da liberdade tão desejada. Por

isso, não se deve subestimar o elemento psicológico que é o fator decisivo para a

avaliação da conduta do homem, mesmo na prisão.

Como assinala PIMENTEL (1983, p.144):

Se a personalidade do criminoso é uma estrutura complexa de fatores que agiram negativamente sobre ele, essa experiência real de liberdade, sob a motivação de readquirir a liberdade plena, permite que essa fatoração seja posta em xeque, reavaliada e substituída por comportamento diverso, o que jamais seria possível no ambiente da prisão fechada, porque é impossível treinar um homem preso para viver em liberdade.

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Como uma instituição para os condenados no regime aberto, a casa do

albergado deve ser baseada na “autodisciplina e senso de responsabilidade, não

devendo ter vigilância armada, nem obstáculos contra a fuga.

Todavia, deveria haver uma fiscalização e controle de entradas e saídas,

reativando uma forma de prisão mais branda, sem a necessidade de regime fechado

para os condenados que não demonstrassem alta periculosidade, desta feita,

promovendo a possibilidade de êxito para o mesmo.

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4 SITUAÇÃO NA COMARCA DE JOÃO PESSOA

Embora a Casa do Albergado seja uma das disposições da Lei de Execução

Penal, a Cidade de João Pessoa ainda não dispõe desse instituto, pois não houve

implantação do mesmo, não se sabe ao certo as razões que impedem sua

instalação, se inexistem projetos voltados para sua criação, se falta interesse por

parte dos gestores públicos, se é falta de políticas públicas, bem como de política

criminal.

Entretanto, a instalação desse instituto na Cidade de João Pessoa parece ser

de extrema necessidade, uma vez que não diferentemente de outras cidades, João

Pessoa também enfrenta uma superlotação nos seus Presídios, o que na lógica

favoreceria em muito o apenado.

Atualmente, os apenados da cidade de João Pessoa não dispõem de uma

casa de albergado, o que faz com que os que estão no regime aberto cumpram a

pena permanecendo em casa ou no trabalho durante o dia, e à noite retornando ao

presídio no qual está recluso.

Tal situação deixa a população insatisfeita, sobretudo no que se refere à

segurança, uma vez que não havendo um instituto adequado para acolher os

apenados em regime aberto, a sociedade fica a mercê daqueles que ainda não

conseguiram se ressocializar.

Ademais, a ressocialização do apenado, também é de responsabilidade da

sociedade, tendo em vista que é por ela que os mesmos devem ser acolhidos, e

reintegrados.

Com base no tema preleciona MIREILLE (2004, p. 20):

Quanto à sociedade, representada pelo Estado, sua responsabilidade estaria baseada em direito: „seja no contrato (violação da obrigação explícita de proteger o cidadão), seja no quase-delito ou erro (violação da obrigação de garantir de forma razoável a proteção do cidadão‟ seja ainda na teoria do risco (a sociedade considerada como uma empresa cujos beneficiários, ou seja, os cidadãos, sofrem os riscos inerentes a essa situação).

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Portanto, cabe a mesma fiscalizar o efetivo cumprimento da pena, com o

intuito de por fim a um dos maiores problemas da sociedade que é a busca pela

ressocialização dos infratores. Também se faz necessário que o preso participe no

processo de sua recuperação, pois de nada adiantará os esforços do Estado, ou da

comunidade, se os apenados não colaborarem para sua reintegração social.

4.1 AS CONSEQÜÊNCIAS DA INAPLICABILIDADE DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL NO QUE TANGE À CASA DO ALBERGADO.

A Lei de Execução Penal determina a Casa do Albergado como um dos

estabelecimentos penais para o cumprimento de pena privativa de liberdade, em

regime aberto e para pena de limitação de fim de semana. Todavia, nem todos os

dispositivos referentes à aplicação no que tange à Casa do Albergado, são

observados.

No que se refere à implantação de pelo menos uma Casa de Albergado em

cada região, ainda é utópico, uma vez que nem em toda cidade há, como é o caso

da cidade de João Pessoa.

E uma das conseqüências dessa inaplicabilidade pode-se perceber como já

relatado antes, é o acúmulo de presos amontoados em presídios, com o risco

perceptível de epidemias, doenças transmissíveis sexualmente, a dependência e o

uso de drogas, prostituição, abuso sexual, elevado índice de violência, falta de

higiene, assistência médica precária e ineficiente, fugas, e rebeliões, entre outras.

Nesse sentido nos ensina SANTOS (1999, p. 34):

É de conhecimento geral que grande parte da população carcerária está confinada em cadeias públicas, presídios, casas de detenção e estabelecimentos análogos, onde prisioneiros de alta periculosidade convivem em celas superlotadas com criminosos ocasionais, de escassa ou nenhuma periculosidade, e pacientes de imposição penal prévia (presos provisórios ou aguardando julgamento), para quem é um mito, no caso a presunção de inocência. Nestes ambientes de estufa, a ociosidade é a regra: a intimidade, inevitável e profunda. A deterioração do caráter, resultante da influencia corruptora da subcultura

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criminal, o hábito da ociosidade, a alienação mental, a perda paulatina da aptidão para o trabalho, o comprometimento da saúde, são conseqüências desse tipo de confinamento promíscuo, já definido alhures como „sementerias de reincidências‟, dados os seus efeitos criminógenos.

Além das estatísticas que demonstram a quantidade de presos que seriam

beneficiados com a criação do instituto da Casa do Albergado na cidade de João

Pessoa, representados pelo total de 16 apenadas e 59 apenados, bem como em

todo o Estado da Paraíba, totalizando 457 apenados, números estes fornecidos pela

GESIPE (Gerência Executiva do Sistema Penitenciário), órgão da Secretaria de

Estado da Cidadania e da Administração Penitenciária, conforme anexo A.

Vale salientar que se presume que a ausência do Instituto da Casa do

Albergado, só contribui para a impunidade, haja vista, que em regime de prisão

domiciliar, o apenado não está sujeito a qualquer vigilância ou acompanhamento,

embora não seja só este o objetivo da Casa do Albergado, o de fiscalizar, mas,

também o de complementar o sistema progressivo, e evitar o retorno abrupto do

apenado embrutecido pelo cárcere, ao convívio social, de forma que o mesmo terá a

oportunidade de mostrar a si mesmo e à sociedade, sua capacidade de controle

pessoal e autodisciplina necessária.

Conforme NUCCI (2009, p.516) uma entre várias conseqüências geradas pela

inexistência da Casa do Albergado é sem dúvida, a impunidade e o descrédito do

Direito Penal, uma vez que a mesma provoca gravíssimos fatores.

Além de forçar o judiciário aplicar a analogia inadequadamente, tendo em

vista que diante do art. 117 da Lei de Execuções Penais, o que deveria ser uma

exceção, tornou-se regra, haja vista a concessão da „prisão albergue‟ ser destinada

a casos específicos, o que não ocorre.

Diante disso, pondera NUCCI (2009, p.516):

Se não há interesse político nesse regime, é preciso extirpá-lo da lei, substituindo-o por outra medida, possivelmente o regime semi-aberto, com dois estágios, mas não se pode conviver com a lei sem implementá-la.

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Uma vez que o delinquente ainda é considerado um mal à sociedade, onde

muitas vezes o interesse não é reintegrá-lo, mas apenas puní-lo, como citado por

MIREILLE, (2004, 139-140), que entende ser o delinquente um sujeito presente, mas

passivo, visto mais como objeto da repressão do que como sujeito no processo

penal.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo visou realizar uma avaliação complementar e baseada

legalmente no instituto da Casa do Albergado, voltando-se, para tanto, à criação da

mesma na Comarca de João Pessoa.

Com base no tema, mister se faz ressaltar que a casa do albergado é um

direito do apenado, assegurado pela Lei de Execuções Penais, visando a reinserção

e a reintegração do apenado à sociedade.

Partindo de um fato incontestável – a falência do sistema prisional e da falta

de política de Estado com relação às prisões – esta pesquisa torna-se significativa

por seu aspecto propositivo que tem por escopo e objeto refletir acerca da

importância da criação de uma Casa do Albergado na cidade de João Pessoa.

Do exposto, depreende-se que a ausência do instituto Casa do Albergado na

cidade de João Pessoa não representa apenas a inexistência de uma Política

Pública, que venha privilegiar a questão da pena enquanto instrumento de

recuperação dos criminosos, como também a falta de uma Política Criminal.

Ademais, a Lei de Execução Penal não vem sendo aplicada na prática, esta

serve apenas de carta de princípios formais, principalmente no que diz respeito aos

direitos dos presos, esta deveria assegurar, ao menos, as garantias fundamentais

versadas na Constituição Federal, e, não apenas dentro das prisões, mas como

também fora delas, em seu egresso, facilitando a oportunidade de trabalho, e de

uma convivência pacifica no âmbito da sociedade.

É que parte-se do pressuposto de que seria importante que houvesse mais

empenho por parte das autoridades competentes, no que tange à aplicabilidade, da

Lei de Execução Penal, Lei nº 7.210/84, especificamente, artigo 93 à 95, parágrafo

único, pois não se trata de interesse exclusivamente de direito individual, e sim, de

toda uma coletividade, “a sociedade.”

Além de constituir uma problemática social, pois, é direito do apenado e dever

do Estado proporcionar a reintegração do apenado à sociedade, de forma digna.

Por outro lado, indubitavelmente uma das formas de reinserção do condenado

à sociedade é a progressão de regime em estabelecimentos livres de obstáculos,

uma maneira do apenado provar que é capaz de viver em sociedade sem voltar a

delinqüir.

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Todavia, como nota-se, há uma grande deficiência no sistema penitenciário

brasileiro no que concerne aos estabelecimentos penais onde o apenado deverá

cumprir sua pena em regime aberto ou em limitação de fim de semana.

Não obstante suas deficiências, ainda restam as lacunas deixadas pelos

legisladores ao elaborar a Lei de Execuções Penais, que não se referiram aos casos

de inexistência de casas de albergados, e onde o mesmo deverá cumprir a pena,

caso não haja esse instituto.

Com isso, foi possível perceber a relevância do presente estudo sobre a

instalação do instituto casa do albergado, uma vez que também é uma forma de

ressocializar o apenado, dando a ele a oportunidade de poder levar uma vida digna

longe da delinqüência, da qual um dia fez parte do seu cotidiano.

Por conseguinte, conclui-se que o compromisso do Estado em efetivar a

aplicação dos dispositivos elencados na Lei de Execução Penal, sobretudo, a

implementação do instituto casa do albergado e o direito do apenado, no que

concerne à liberdade de ir e vir concedida ao mesmo nesse sistema, caracteriza não

só o caráter humanitário, mas também ressocializador, além da garantia dos direitos

fundamentais assegurados pela nossa Constituição.

A Lei de Execução Penal visa realizar as disposições impostas pela sentença,

buscando a integração social do condenado, logo, os presos devem ser vistos como

sujeitos de direitos, cabendo ao Estado promover as mínimas condições de vida

para os mesmo, dentro dos estabelecimentos carcerários.

Isso ocorre para que eles possam cumprir as suas penas com dignidade, pois

nas atuais circunstâncias em que se encontram, caracteriza-se como um

agravamento de pena onde sofrem constantemente humilhações e privações de

seus direitos fundamentais, os quais não foram atingidos pela sentença.

As medidas que promovem a recuperação dos criminosos, previstas na Lei de

Execução Penal, tais com a assistência educacional, assistência religiosa e o

trabalho no âmbito prisional, devem ser postas efetivamente em prática para que

com isso se consiga reeducar os delinqüentes.

Faz-se necessário também que haja uma efetiva política que facilite a

obtenção de empregos pelos egressos, ao saírem da prisão, pois os mesmos

precisam que a sociedade lhes dêem uma nova chance para mostrarem que estão

recuperados, com o intuito de não voltarem mais a praticar condutas delituosas.

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Enfim, é preciso adotar medidas para sanar a crise do sistema carcerário,

visando proporcionar que a reabilitação dos presos se torne mais freqüente no

nosso cotidiano, fazendo cumprir o disposto na Constituição Federal, no que

concerne aos direitos assegurados aos presos.

Dentre algumas medidas pode-se citar: a construção de mais prisões e o

melhoramento das condições das instalações dos estabelecimentos, sobretudo, a

instalação de casas de albergados, para que os mesmos possam cumprir suas

penas em um local digno, de forma digna, como preceitua a Lei de Execuções

Penais.

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ANEXO A – Declaração da Secretaria de Estado da Cidadania e da Administração Penitenciária (Referente a quantidade de apenados em regime aberto)

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ANEXO B – Jurisprudências (Referente às decisões contrárias ao cumprimento de pena em caso de inexistência de Casa do Albergado)

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HABEAS CORPUS. PRISÃO-ALBERGUE DOMICILIAR. INEXISTÊNCIA, NA

COMARCA, DE CASA DE ALBERGADO. 2. SENTENÇA QUE CONDENOU O RÉU

A DOIS ANOS E OITO MESES DE RECLUSÃO COMO INCURSO NO ART. 168,

PAR. 1., inciso iii, do código penal, em regime aberto, "cuja modalidade e condições

serão oportunamente estabelecidas pelo juízo da execução". 3. O plenário do

supremo tribunal federal decidiu, no julgamento do HC-68.118-2, que o beneficio da

prisão-albergue só podera ser deferido ao sentenciado "se houver", na localidade de

execução da pena, casa de albergado ou outro estabelecimento que se ajuste as

exigencias legais do regime penal aberto. A impossibilidade material de o estado

instituir casa de albergado não autoriza o poder judiciario a conceder a prisão-

albergue domiciliar fora das hipóteses contempladas, "em caráter estrito", no art. 117

da lei de execução penal. Decisão idêntica adotou a corte no HC 68.012-7-sp. 4.

Sob esse aspecto, o habeas corpus não pode ser deferido. 5. Tendo em conta,

todavia, os termos da sentença, não recorrida no ponto pelo ministério público, o

habeas corpus deve ser deferido, em parte, tão-só, para que a decisão seja

executada, tal como dispos a sentença, "em regime aberto cuja modalidade e

condições serão oportunamente estabelecidas pelo juízo da execução" (BRASIL,

Jurisprudência, 1996).

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ANEXO C – Jurisprudências (Referente às decisões favoráveis ao cumprimento de pena em caso de inexistência de Casa do Albergado)

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EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO SIMPLES. CORRUPÇÃO DE

MENORES. REGIME SEMIABERTO. RÉU MANTIDO EM SITUAÇÃO MAIS

GRAVOSA. PRISÃO ALBERGUE DOMICILIAR. TESE NÃO APRECIADA PELO E.

TRIBUNAL A QUO. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. CONCESSÃO DE OFÍCIO. I -

Tendo em vista que a tese sobre a possibilidade de cumprimento da pena em prisão

albergue domiciliar, por falta de vaga em estabelecimento penal adequado, não foi

examinado pela Corte de origem, que não conheceu do writ, fica esta corte impedida

de examinar tal alegação, sob pena de indevida supressão de instância

(precedentes). II - Porém, evidenciado, in casu, a ocorrência de flagrante ilegalidade,

é necessária a concessão da ordem de ofício. III - Constitui constrangimento ilegal

submeter o paciente a regime mais rigoroso do que o estabelecido na condenação.

Vale dizer, é inquestionável o constrangimento ilegal, se o condenado cumpre pena

em condições mais rigorosas do que aquelas estabelecidas na sentença. Se o

caótico sistema prisional estatal não possui meios para manter o detento em

estabelecimento apropriado, é de se autorizar, excepcionalmente, que a pena seja

cumprida em regime mais benéfico, in casu, o domiciliar. O que é inadmissível, é

impor ao paciente o cumprimento da pena em local reservado aos condenados do

regime fechado por falta de estabelecimento prisional adequado (semiaberto).

(Precedentes). Habeas Corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício,

determinando que o paciente cumpra sua pena em prisão albergue domiciliar até o

surgimento de vagas em estabelecimento prisional adequado ao regime semiaberto

(BRASIL, Jurisprudência, 2010).