estudo preparatório para o programa de cooperação trilateral … · 2019-05-15 · relatório...

266
No. 10-008 JR A F Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Agrário na Savana Tropical Relatório Final Março de 2010 AGENCIA DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DO JAPÃO (JICA) ORIENTAL CONSULTANTS CO., LTD. Ministério de Agricultura República de Moçambique

Upload: others

Post on 11-Jun-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

No.

10-008J RA F

Estudo Preparatório para o Programa de

Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para

o Desenvolvimento Agrário na Savana Tropical

Relatório Final

Março de 2010

AGENCIA DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DO JAPÃO (JICA)

ORIENTAL CONSULTANTS CO., LTD.

Ministério de Agricultura República de Moçambique

No.

F

Estudo Preparatório para o Programa de

Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para

o Desenvolvimento Agrário na Savana Tropical

Relatório Final

Março de 2010

AGENCIA DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DO JAPÃO (JICA)

ORIENTAL CONSULTANTS CO., LTD.

Ministério de Agricultura República de Moçambique

Taxa de conversão utilizada neste Estudo

US$1.00 = MZN30.2 US$1.00 = BRL1.727

(Janeiro de 2010)

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-1

RESUMO

1. Antecedentes do Estudo

Ao norte de Moçambique, encontra-se a zona da savana tropical com um volume constante de chuvas

em uma vasta área geográfica, o que favorece particularmente a agricultura, e apresenta um grande

potencial de expansão da produção agrícola. Porém, nesta zona, ainda hoje, a agricultura praticada se

dá por meios tradicionais e os produtores não estão devidamente organizados. Assim, é recomendável

o aumento da produtividade agrícola por meio da introdução de técnicas agrícolas mais modernas, a

injeção de capital e a formação da organização de produtores.

O Japão tem uma experiência de mais de 20 anos de cooperação em desenvolvimento agrícola na zona

do cerrado brasileiro (savana tropical). Atualmente a região do cerrado brasileiro é uma das zonas de

maior produção agrícola a nível mundial. Os governos do Brasil e do Japão vêm trabalhando

conjuntamente para traçar políticas de cooperação para o desenvolvimento agrícola na África,

avaliando a possibilidade de transferir a experiência adquirida com o desenvolvimento da agricultura

no cerrado para as zonas de savana tropical que se distribuem pelo continente africano. Nesta ocasião,

Moçambique foi selecionado como o primeiro país a ser parte desta cooperação trilateral com o Japão

e o Brasil.

Considerando entendimentos anteriores, a Missão Japonesa, Chefiada pelo Vice-Presidente Sênior da

JICA, Kenzo Oshima e a Missão Brasileira, Chefiada pelo Diretor da Agência Brasileira de

Cooperação (ABC), Ministro Marco Farani, visitaram a República de Moçambique de 16 a 19 de

Setembro de 2009. Durante a estadia, a Missão Conjunta manteve uma série de reuniões com o

Ministro da Agricultura, Soares B. Nhaca, o Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba

Cuereneia e outras autoridades concernentes deste país, sobre a estrutura básica do Programa de

Cooperação Trialateral para o Desenvolvimento da Agricultura das Savanas Tropicais de Moçambique,

e assinaram um Memorando de Entendimento no dia 17 de setembro de 2009 em Maputo.

Seguindo o Memorando, a JICA enviou uma Equipe de Estudo a Moçambique para realizar o "Estudo

Preliminar do Programa da Cooperação Trialateral para o Desenvolvimento da Agricultura das

Savanas Tropicais em Moçambique" a partir de 20 de setembro de 2009, dando início, assim, ao

estudo básico. Este relatório é resumido os resultados do estudo realizado.

2. Objetivo do Estudo

O objetivo deste Estudo é composto pelos seguintes aspectos:

(1) Avaliar pontos que podem ser aproveitados e depois aplicados na savana tropical, em

Moçambique, a partir da experiência adquirida com o desenvolvimento agrícola no cerrado.

(2) Recomendações para futuros projetos de cooperação bilateral entre o Japão e o Brasil quanto

ao direcionamento a ser tomado (resumo da cooperação, dimensão e efetividade).

Relatório Final

S-2

Também considerando os próximos projetos de cooperação técnica conjunta entre o Japão e o Brasil:

(1) Apoio para aumentar a capacidade de pesquisa relacionada com o melhoramento do solo e a

seleção de variedades de produtos adequados (projeto de cooperação técnica);

(2) Projeto de desenvolvimento agrícola integrado da zona (Plano Diretor). Para isto, serão

formuladas recomendações para elevar o grau de execução dos futuros projetos de

cooperação conjunta (resumo da cooperação, dimensão, efetividade).

(3) Projeto piloto, com a seleção de uma localidade em nível de aldeia ou povoado (projeto de

cooperação técnica);

3. Área do Estudo

O Estudo ocorre em Moçambique, especialmente ao norte do país, no corredor da zona de Nacala. Os

seguintes 12 distritos foram propostos como área de abrangência do Estudo pela parte Moçambicana.

Província de Nampula: Malema, Ribáuè, Murrupula, Nampula, Meconta, Mogovolas,

Muecate e Monapo

Província de Niassa: Mandimba e Cuamba

Província de Zambézia: Gurué e Alto Molocue

4. Período e Alcance do Estudo

O presente Estudo foi realizado de meados de setembro de 2009 até o final de março de 2010, por um

período de 6 meses. Os principais trabalhos a serem realizados, assim como os objetivos, estão

relacionados a seguir.

Tabela 1 Alcance do Estudo

Trabalhos Principais objetivos Relatórios Passo1: Trabalhos preparatórios no Japão

Preparação para a execução do Estudo, planificação do Estudo, preparação do Relatório Inicial.

Relatório Inicial

Passo 2: Primeiro Trabalho de Campo em Moçambique

Explicação e Discussão sobre o Relatório Inicial, confirmação do projeto principal e políticas agrícolas, intercâmbio de opiniões entre os doadores, esclarecimento sobre a situação existente na região de Nacala e seleção de temas do setor agrícola.

Passo 3: Primeiro Trabalho de Campo no Brasil

Estudos relacionados com o desenvolvimento do cerrado, comparação entre as semelhanças e diferenças do desenvolvimento do cerrado e o desenvolvimento agrícola de Moçambique.

Passo 4: Análise das informações no Japão (1)

Preparação do Relatório Interino Relatório Interino

Passo 5: Segundo Trabalho de Campo em Moçambique

Explicação e discussão sobre o Relatório Interino, estudos complementares do primeiro trabalho em campo, avaliação do projeto de cooperação técnica entre o Brasil e o Japão.

Passo 6: Segundo Trabalho de Campo no Brasil

Estudos complementares do primeiro trabalho de campo

Passo 7: Análise das informações no Japão (2)

Preparação do esboço do Relatório Final, para apresentação dos resultados do Estudo em um simpósio internacional.

Esboço do Relatório Final

Passo8: Terceiro Trabalho de Campo em Moçambique

Explicação e Discussão do Esboço do Relatório Final

Passo 9: Análise das informações no Japão (3)

Preparação do Relatório Final, Fornecimento dos resultados do Estudo para o Simpósio Internacional

Relatório Final

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-3

5. Semelhanças e Diferenças entre a Região do Cerrado e do Corredor de Nacala

A savana tropical de Moçambique e o cerrado brasileiro apresentam semelhanças agronomicamente

reconhecidas. Durante os 30 anos de desenvolvimento do cerrado brasileiro, foram acumulados muitos

conhecimentos que podem ser adaptados para a savana tropical de Moçambique. Existe uma previsão

de grandes possibilidades de melhorar consideravelmente a produtividade a partir de tecnologias

relativamente simples. Porém, as diferenças socioeconômicas entre o Brasil e Moçambique são

bastante grandes, por isso não se pode pensar em simplesmente transferir o modelo do cerrado. Além

disso, para o cultivo de produtos agrícolas, em Moçambique, existem problemas quanto à irrigação, à

posse de terras (se permite o uso, mas não sua propriedade) de maneira que para realizar projetos

agrícolas de grande envergadura é necessário resolver-se muitos problemas complexos.

Para o desenvolvimento do cerrado, o tema era a possibilidade de transformar terras desabitadas e

inférteis em terras produtivas com a aplicação de capital e tecnologia. E já estavam estabelecidas as

condições de infraestrutura, modelo de gestão agrícola empresarial moderna, rotas de comercialização

e as bases para a agroindústria. Porém, no caso de Moçambique, os problemas não se limitam somente

ao capital e à tecnologia, passam pelo nível de conhecimento técnico dos agricultores e também de

comercialização, entre outros temas. Desde o início do projeto até a comercialização, existe a

deficiência de equipamento e materiais, não existem silos e o mercado interno é insuficiente, além dos

produtores não estarem organizados. A tecnologia de produção do cerrado pode ser transferida à

savana tropical de Moçambique, entretanto a questão é como aplicá-la de forma a promover o

desenvolvimento regional e considerando todas estas questões, mas a "Vantagem do posterior" é

grande pendente. Por isso, é necessário pensar em uma estrutura que seja um “novo modelo de

desenvolvimento” que considere o fortalecimento da capacidade administrativa com a introdução de

modelos de organização cooperativa e investigação agrária, extensão rural, sistema de financiamento;

instalação de infraestrutura socioeconômica apropriada às condições naturais, sociais e ambientais da

região.

6. Utilização das Técnicas Agrícolas Aprendidas no Desenvolvimento do Cerrado

Se devem considerar a aplicação e extensão da tecnologia agrícola desenvolvida pela EMBRAPA no

cerrado.

(1) Em geral, em toda a extensão ao longo do corredor Nacala, se encontra distribuído um solo

menos ácido (fértil para a agricultura) em abundância, mas em uma parte (principalmente nas

redondezas do distrito de Gurué), deve ser necessária a aplicação de técnicas de melhoramento

de solo desenvolvidas pela EMBRAPA para solos alcalinos. Porém, dentro de Moçambique, esta

é a zona que apresenta altitudes mais elevadas, com uma topografia bastante acentuada,

existindo assim uma forte possibilidade de que estas condições dificultem os trabalhos de

melhoramento de solo; ao mesmo tempo, devido ao fator de erosão do solo, o efeito retificador

Relatório Final

S-4

poderia ser reduzido. Portanto, caso se efetue um trabalho de melhoramento de solo será

necessário considerar o custo e mão de obra para a aplicação e distribuição de calcário,

selecionando rigorosamente as zonas de aplicação, onde seja economicamente favorável e com

possibilidades de que os produtores considerem fortemente as possibilidades desta tecnologia.

(2) Dos 12 distritos considerados dentro da área do Estudo, 5 particularmente (Gurué, Malema,

Ribaué, Alto Molocué e Cuamba) apresentam uma topografia acidentada. Além disso, foi

reportada a existência de solo arenoso em toda a área. Por isso, em muitas zonas, durante a

época das chuvas, juntamente com a erosão existe o problema de perdas de cultivo pela seca,

quando o intervalo entre o período de chuvas se estende muito. Para resolver estes problemas, se

considera que a introdução das tecnologias de cultivo em níveis e a técnica de cultivo de plantas

que se fixam ao solo, podem ser aplicadas. Para os pequenos produtores que têm condições de

adquirir herbicidas, também é recomendado o cultivo sem aragem da terra.

(3) A EMBRAPA possibilitou elevar consideravelmente a produção agrícola do cerrado. Porém, as

condições não somente de solo e de água são diferentes entre o cerrado e a área do Estudo, a

expectativa é que os tipos de pragas, que devem ser um problema, também sejam diferentes.

Além do mais, não é possível simplesmente introduzir novas variedades de plantas na área do

Estudo, uma vez que elas possuem uma alta produtividade pela aplicação de tecnologias

avançadas de irrigação, fertilização de solo e defensivos agrícolas. Porém, as técnicas

consideradas necessárias serão avaliadas para verificar as possibilidades de promover a

aplicação de tecnologia agrícola do cerrado proporcionadas pela EMBRAPA como, a)

introdução de recursos genéticos; b) participação nos cursos de treinamento técnico; c)

utilização e aproveitamento de informação técnica em português.

(4) Com relação a EMATER, a instituição conta com um sistema de extensão técnica dirigida a

pequenos agricultores, mas trabalham com um principio básico que é a participação de qualquer

agricultor. Eles captam a demanda dos agricultores por orientação técnica, avaliam a

necessidade e criam uma resposta em forma de extensão. No caso de Moçambique, os

extensionistas do departamento de extensão técnica com os quais contava o Ministério de

Agricultura, foram distribuídos pelas províncias dentro da política de descentralização. As

províncias instalaram um setor de extensão agrícola nos Centros de Apoio às Atividades

Econômicas dos Departamentos de Agricultura de cada distrito, mas seu número é bastante

pequeno. Dentro deste contexto, para que a extensão possa ser executada com eficiência, é

necessário captar as necessidades dos agricultores; também é importante que o IIAM e o

departamento de extensão técnica avaliem as técnicas desenvolvidas, sendo indispensável

aplicá-las em parcelas demonstrativas para os agricultores, de maneira que os mesmos

agricultores possam estruturar um sistema de extensão.

(5) Para promover a capacitação técnica de maneira eficiente, é preciso criar uma entidade de

promoção como o SENAR. Nos centros de assistência às atividades econômicas se encontram

estabelecidos departamentos de desenvolvimento rural, mas não existe um departamento

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-5

especializado na orientação institucionalizada para atender às diversas atividades dos pequenos

produtores. Esta função é coberta pelas ONGs de maneira que os governos locais podem criar

um sistema que planeje e apóie a extensão das experiências êxitos para outras zonas, assim,

existe a possibilidade de se aplicar um sistema de implantação deste tipo de entidade, tendo o

SENAR como referência. Além de formar agricultores que possam apoiar as atividades locais,

funcionando como coordenadores

(6) Para o desenvolvimento do cerrado, no projeto PRODECER, a companhia “Campo”, cumpriu

diversas funções, inclusive funcionou como coordenador entre a entidade executora que era o

governo, as instituições de pesquisas e os colonos. No corredor de Nacala, se encontra

estabelecida a companhia de desenvolvimento regional para o corredor de Nacala, o Corredor de

Desenvolvimento do Norte (CDN). Mas o interesse básico desta companhia é o

desenvolvimento da infraestrutura de comercialização e não se dedica ao desenvolvimento

agrário em particular. É necessário criar uma empresa de desenvolvimento do governo central e

dos governos provinciais para que se possa avaliar a metodologia do desenvolvimento e cumprir

com o papel de coordenador entre as diversas instituições.

7. Efeitos do Desenvolvimento Aprendidos com o Desenvolvimento do Cerrado

(1) Efeitos de indução econômica

Como exemplo da realização da economia de escopo, na qual se produzem diversos produtos a partir

de uma única matéria-prima, e, além disso, aproveitando-se do seu subproduto, produzem-se outros

artigos, podemos citar a soja, produzida no âmbito do desenvolvimento do cerrado. Na região do

cerrado, são fabricados o óleo de soja utilizado para o processamento de produtos agrícolas, e a ração

composta, que é o seu subproduto. Daí surgiram as indústrias relacionadas à agricultura (fertilizante,

agroquímico, transporte, logística) que se envolveram no processo de comercialização, promovendo o

desenvolvimento da indústria de apoio, originando uma grande sinergia e criando-se uma gigantesca

agroindústria (agronegócio). Como resultado, a exportação de produtos derivados de soja chegou a 4.1

bilhões de dólares em 2000, o que corresponde a 25% de toda a exportação do sector agrícola. Este

valor é igual ao da exportação de artigos de ferro e aço (alumínio, ferro e aço), que foi de 4 bilhões de

dólares. De acordo com o relatório, quando a soja é exportada após o processamento, o valor do PIB é

1.7 vezes maior do que exportar sem nenhum processamento, calculando-se o efeito de indução nas

indústrias de processamento e indústrias afins (Relatório de avaliação do desenvolvimento agrícola do

cerrado, JICA, 2000).

(2) Apoio aos produtores pelas cooperativas agrícolas

É necessário notar que para o desenvolvimento da agroindústria dos derivados de soja, citado

anteriormente, as cooperativas agrícolas desempenharam um papel importante, além das empresas. O

programa PRODECER, que impulsionou o desenvolvimento do cerrado, assentou nas fazendas

principalmente os filhos dos sócios das cooperativas agrícolas existentes. Para estes, as cooperativas

Relatório Final

S-6

ofereceram diversos tipos de apoio: além de fornecer fundos para a administração da fazenda, criaram

fábricas de processamento para poderem comprar os produtos pelo preço mais alto que as empresas,

mesmo quando havia queda do preço no mercado internacional. Assim, as cooperativas agrícolas

desempenharam um papel importante para promover a produção, através da cooperação e

complementação entre os diversos ramos que compreendem a agricultura, o processamento e inclusive

a pecuária.

Na região alvo do estudo em Moçambique, há casos em que a relação entre as empresas de

processamento e os produtores é mantida por meio de contratos escritos, mas ainda existe uma relação

tradicional e informal. As empresas de processamento de algodão, tabaco e castanha de caju fornecem

um mercado estável aos produtores comprando deles a matéria-prima, e complementam a falta de

recursos administrativos destes fornecendo-lhes técnicas e insumos de produção (semente, fertilizante,

agroquímicos e máquinas agrícolas). Mas, por outro lado, verificou-se durante o estudo, a ocorrência

de situações desvantajosas para os produtores, como a compra da matéria-prima por um baixo preço

(no caso do algodão, é estabelecido o preço mínimo de compra), e o não-pagamento dos produtos

fornecidos. Há casos em que as empresas de processamento, quando encontram produtores que

apresentam condições mais vantajosas, dispensam aqueles com quem mantinham transação.

Para que os produtores tenham uma relação de igualdade com as empresas de processamento e sejam

capazes de negociar, de igual para igual, é necessário se criar uma organização ou uma cooperativa

pela iniciativa própria dos produtores. Se não for criado um sistema no qual o próprio produtor possa

interferir na logística e na decisão de preço, ele será obrigado a tomar sempre uma atitude passiva no

modelo do desenvolvimento rural local com base na agroindústria.

No Brasil, a proporção do custo da matéria-prima da castanha de caju foi de 12% do custo total, mas

na região alvo de estudo de Moçambique, foi de apenas 5%, menos da metade. Isso significa que o

lucro do produtor, que produz a matéria-prima, é relativamente menor em Moçambique. Para que a

meta do desenvolvimento estabelecida não se torne sonho inviável, é importante fortalecer e capacitar

as cooperativas ou associações de produtores, que devem ser as entidades receptoras de diversos

programas de apoio (serviços).

8. Peculiaridades da Agricultura Local e Necessidade do Desenvolvimento

Na região alvo de estudo vivem cerca de 720.000 famílias de produtores, que correspondem a cerca de

24% de agricultores de todo o país, tornando Nampula a província com maior número de agricultores.

Mas a área média da propriedade de uma família é de 1.0 ha, menor que a média nacional (1.3 ha), e a

taxa de pobreza da província também é maior que a média nacional. Além disso, a demanda efetiva é

de apenas 250.000 pessoas que habitam na cidade de Nampula e proximidades. Que pode resultar

facilmente na queda de preços devido ao excesso de produção. Refletindo o mercado restrito da região,

as maiorias dos produtores cultivam basicamente milho e mandioca para a subsistência. Para se obter

renda, os produtores dependem principalmente da venda de matéria-prima (algodão, tabaco, castanha

de caju, etc.) para empresas de processamento.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-7

Prevê-se que a taxa média anual de crescimento populacional da província de Nampula, nos próximos

10 anos, seja de 2.5%, e estima-se que a população total em 2020 seja de 6 milhões de pessoas. Cerca

de 45% da população é composta por jovens com 15 anos ou menos, e prevê-se o crescimento ainda

maior dessa faixa etária. A taxa de desemprego da província é de cerca de 20%. Se não houver

aumento da oportunidade de emprego para a população na idade de ingressar no mercado de trabalho,

essa taxa irá se elevar, assim como o índice de pobreza. Para evitar que isso aconteça, é necessário

tomar medidas que promovam, no mínimo, um crescimento econômico maior que a taxa de

crescimento populacional. Por isso, torna-se um desafio imprescindível para o desenvolvimento

sustentável da economia regional o aumento da produtividade do setor agrícola que absorve mais de

90% da população economicamente ativa.

9. Possibilidade de Aumento da Produção Agrícola

(1) Cadeia de Valores

A peculiaridade do setor agrícola da região alvo do estudo é a existência de grande número de micro

produtores e do mercado restrito. Mas, por outro lado, os produtos agrícolas cultivados principalmente

pelos pequenos produtores são acrescidos de grande valor na distribuição e etapa final do produto final,

como indica a tabela 2.

Até mesmo o milho, produzido como cultura de subsistência por praticamente todos os agricultores,

custa 0.1 dólar/kg (preço do produtor) quando vendido sem processamento, e como farinha de milho

chega a custar 0.9 dólar/kg (preço de varejo), ou seja, consegue-se valorizar 9 vezes. Por outro lado,

existem produtos como o gergelim que, apesar de haver possibilidade de processamento para se obter

óleo, é exportado sem processamento, sem agregar qualquer valor.

Tabela 2 Geração do Valor Agregado por Cada Produto Agrícola

Unidade: dolar/kg

Milho Algodão

Castanha de caju

Gergelim Tabaco Soja

Preço na machamba 0,1

Intermediários

0,2

Varejo/Indústrias

0,9

(Moinho)

Exportação (FOB)

0,4

1,2 (Fio) 0,7 (óleo)

0,5

0,6 (com casca)

4,50 (sem casca)

1,02

1,07 (In natura)

1,20

3,15 (folhas secas)

0,5

(óleo) (farelo)

Destino Mercado interno

Exportação Exportação Exportação Exportação Indústria de

ração nacional

Relatório Final

S-8

(2) Opinião de EMBRAPA

Além da agregação de valor como instrumento de aumento da renda do pequeno e médio agricultor, é

importante serem agregados ao projeto os espaços agroeconômicos da província de Niassa e do oeste

da Zambézia, como forma de incorporar as áreas agricultáveis indicadas pela EMBRAPA e, com isto,

viabilizar a realização de investimentos na produção agrícola em escala comercial.

10. Objetivos de Desenvolvimento

(1) Objetivo geral de desenvolvimento

O projeto de desenvolvimento na zona do Corredor de Nacala busca atender regionalmente os desafios

do Governo de Moçambique de garantir a segurança alimentar e nutricional do país; melhorar a

qualidade de vida da população promovendo a competitividade da produção nacional e elevando a

renda dos produtores; e promover a economia regional orientada para o mercado com o uso

sustentável dos recursos naturais e preservação ambiental, cujo alvo maior é alcançar o objetivo de

desenvolvimento do milênio de erradicar a extrema pobreza e a fome. Segue assim as orientações das

políticas de desenvolvimento agrário do país indicadas nos programas nacionais e provinciais como a

Estratégia da Revolução Verde, o Plano de Ação para a Produção de Alimentos (PAPA), Estratégia de

Investigação, Estratégia de Extensão, e o Plano de Estratégico para o Desenvolvimento do Setor

Agrário (PEDSA).

Pode-se dizer que o Projeto de desenvolvimento agrário das regiões próximas ao Corredor de Nacala

está de acordo com o objetivo geral do governo central, e com as estratégias de desenvolvimento do

setor agrícola, da província e dos distritos. Além disso, ele deve ser um Projeto que contribui para a

concretização destas. Para tanto, é necessário se elaborar um plano de desenvolvimento que possa

colaborar para a realização dos seguintes itens, tendo-se como objetivo a concretização do

desenvolvimento agrário sustentável que se preocupa com a proteção ambiental:

1) Desenvolvimento para concretizar a segurança alimentar e melhoramento nutricional;

2) Desenvolvimento para concretizar o fortalecimento da competitividade da produção nacional,

com vistas ao mercado, e aumento de renda dos produtores rurais; e

3) Desenvolvimento levando-se em consideração a utilização sustentável dos recursos naturais e

proteção ambiental.

(2) Diretriz básica

As diretrizes, entendidas aqui, como o caminho a ser percorrido para se alcançar o Desenvolvimento

Agrário do Corredor de Nacala por meio de Cooperação Trilateral, implica em compromissos dos três

Governos do Japão, Brasil e Moçambique de que as ações serão contínuas e de longo prazo,

suscetíveis de ajustes no decorrer do processo necessariamente.

Para assegurar a segurança alimentar do país, o aumento sustentável da produção agrária, elevar a

renda e rentabilidade do produtor em geral promovendo o aumento da produção agrária orientada para

o mercado, há que se intervir em todos os segmentos da cadeia de valor como: insumos; produção,

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-9

escoamento, armazenagem, processamento e distribuição para os mercados internam e externo.

Entretanto, a eficiência e eficácia destas intervenções dependem das condições do Governo em exercer

sua função financiadora, reguladora, fiscalizadora, provedora de serviços públicos e facilitadores da

ação das instituições e dos cidadãos.

Para apoiar o Governo de Moçambique na execução de seu papel, a cooperação deve, com foco no

Corredor de Nacala, atuar em áreas que propiciem a construção de um modelo sustentável,

competitivo e inclusivo que contemple o aumento da produção agrícola orientada para o mercado

interno e externo, o aumento da competitividade dos produtores; o uso sustentável das águas, florestas

e solos e o desenvolvimento/fortalecimento das instituições do setor agrário.

Sendo assim, as ações deverão ser priorizadas e estarem focadas nos seguintes seguimentos:

1) Aumento da produtividade: buscar o desenvolvimento de tecnologias que aumentem o

rendimento; melhoria de solo; criação de banco de dados, mapas, zoneamento agro-ecológico;

2) Sistema de logística: melhorar o sistema buscando a redução de custos e perdas; distribuição

de insumos, equipamentos;

3) Serviços de apoio ao setor agrícola: fortalecer continuamente a estrutura e capital humano da

pesquisa e desenvolvimento; do sistema de extensão rural; da defesa agropecuária; do sistema

de crédito (cooperativas de crédito, sistema bancário); e comercialização, promovendo a

capacitação, treinamento e formação profissional;

4) Promoção da diversidade agrícola e processamento: apoio a clusters estratégicos (grãos,

tubérculos, carnes, frutas, algodão, madeira, biocombustíveis, hortaliças);

5) Fortalecimento da competitividade: treinamento e capacitação profissional e estruturação de

um sistema voltado para exportação e mercado doméstico;

6) Melhoria das condições de vida dos produtores: prover infraestrutura básica de vida como

moradia, escola, energia, saúde e estradas.

7) Apoio contínuo à extensão agrária e formação de profissionais rurais: estando apto a interagir

com o sistema de P&D na transferência de tecnologia; validar tecnologias; apoiar a tomada de

decisão do produtor; promover o associativismo/cooperativismo;

8) Financiamento à produção: elaboração de linhas de financiamentos para atividades agro

pecuárias da Agricultura Familiar (pessoa física) e Empresarial (pessoa jurídica) de custeio e

investimento;

9) Sustentabilidad: criação de políticas governamentais que assegurem o mercado mínimo,

criando um estoque regulador; garantia de preços, política de incentivo à exportação;

mecanismo de garantia de compra pelos promotores da cooperação;

10) Conservação ambiental: promover boas práticas de conservação dos solos e da biodiversidade,

evitar erosão, recompor matas ciliares e formação de corredores ecológicos, erradicar a prática

de queimadas; criar política de pagamento por serviços ambientais; fazer inventário dos

recursos hídricos, o uso múltiplo das águas.

Relatório Final

S-10

Vale destacar que as ações devem ter como base uma legislação clara e transparente, com a

participação ativa e direta da população ou por meio de suas instâncias representativas.

11. Zoneamento da Região Alvo

Dividimos o Corredor de Nacala em quatro áreas conforme abaixo descritas. Entretanto vale observar

que as informações existentes não permitem a clara identificação da situação edafo, climática e hídrica

do Corredor de Nacala, sobretudo a edáfica. Assim, é importante que seja elaborado um zoneamento

ecológico econômico (ZEE) em escala compatível e com as variáveis necessárias à boa realização do

projeto de desenvolvimento agrário do Corredor de Nampula.

Zona I (Área de Prioridade da Conservação)

Esta zona está localizado dentro da seguinte Zona II. Trata-se de uma área sensível sujeita à grande

impacto ambiental, pois abrange as nascentes/cabeceiras dos rios formadores das bacias hidrográficas

dos rios Lúrio e Ligonha. Predominam na área formações montanhosas com altitudes que variam de

500 a 1.700 metros. A precipitação anual varia entre 1.160mm a 1.800mm. A vegetação é do tipo

bosque de montanha que sempre se mantém verde e tem crucial importância na formação do sistema

hídrico. Incluem-se nesta zona de fragilidade acentuada os vales dos rios Malema, Niualo, Nioce e rio

Muanda, que já sofrem intenso impacto ambiental pela atividade humana. A atividade agrária nesta

região deve ser reduzida.

Zona II (Área de Semiúmido)

Do paralelo 35º30’E ao paralelo 38ºE. Abrange os Distritos de Mandimba, Cuamba, Malema, Gurue,

Alto Molocue e parte oeste de Ribaue. Trata-se de uma área que apresenta semelhanças com o Cerrado

brasileiro em termos de cobertura vegetal (observação de campo) e precipitação anual que em

Moçambique varia de 1.150 mm a 1.650 mm e no Brasil (cerrado) varia de 1.200 mm a 1.500 mm.

Segundo informações da ARA Centro Norte o balanço hídrico da área é positivo, indicando haver bom

potencial agrário. Entretanto, há que se aprofundar estudos dos tipos de solos existentes, para que se

possa identificar sua real aptidão. Na região de Cuamba e Mandimba foi identificada a produção de

culturas de rendimento (agricultura comercial) como grãos, hortaliças, tabaco e reflorestamento.

Zona III (Área de Transição))

Do paralelo 38ºE ao paralelo 39ºE. Abrange os Distritos de Ribaue, Murrupula e oeste de Nampula. A

cobertura vegetal é mais baixa com solos mais arenosos (observação de campo) e assemelha-se a áreas

de transição do Cerrado no Brasil, para o semi-árido. Segundo os dados pluviométricos obtidos, a área

apresenta uma precipitação que varia de 1.150mm a 1.200mm. Conforme o Mapa de Potencial de

Solos do ZEE da Província de Nampula elaborado pela FAO/1999, a maior parte dos solos foi

classificada - em termos de fins agrários - como sendo de níveis III (médio potencial) e IV (baixo

potencial) com algumas manchas de nível II (alto potencial). A classificação acima foi simplificada

diante da complexidade de solos identificados pelo ZEE da FAO, mais de setenta tipos.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-11

Zona IV (Área de Semiárido)

Do paralelo 39ºE ao paralelo 40º15’E. Abrange os Distritos de Nampula, Mogovolas, Meconta,

Muecate e Monapo. Dados mostram que a precipitação diminui no sentido oeste/leste, ou seja, do

interior para o mar. A variação é de 1.150 mm a 950 mm e concentra-se apenas nos meses de

dezembro a abril. A cobertura vegetal (observação de campo) assemelha-se as regiões no nordeste

brasileiro. As culturas são adequadas aos meses de melhor precipitação e tipos de solo, como por

exemplo, o algodão. E a cultura perene que predomina é o caju que resiste melhor a períodos de seca.

Vale ressaltar que segundo o ZEE da FAO de 1999, o potencial para fins agrários da área varia dos

níveis I (alto potencial) a V (muito baixo potencial), passando pelos níveis II (alto), III (médio) e IV

(baixo).

12. Objetivo do Desenvolvimento Rural (Direção do Desenvolvimento)

Considerando as peculiaridades do setor agrícola da região alvo de estudo, citadas anteriormente,

propõe-se na região alvo a “promoção do desenvolvimento rural local com base na agroindústria”,

visando impulsionar a agricultura local por meio do desenvolvimento agrícola com alto valor agregado

e apoio aos pequenos produtores, que representam a maior parte dos agricultores da região.

Esta proposta visa o estabelecimento de uma estrutura unificada que engloba tanto a produção como o

processamento agrícola, que compõem a agroindústria. Além disso, espera-se que aumentando a

competitividade do setor de processamento agrícola, seja possível estabilizar a produção agrícola, e

consequentemente aumentar a competitividade do setor agrícola, gerando uma sinergia entre os setores.

Em outras palavras, não se trata simplesmente de medidas provisórias para resolver o problema do

excesso de produção, impulsionando o setor de processamento. Trata-se da concretização do

desenvolvimento rural local que gera um efeito econômico diversificado, estabilizando a produção

agrícola e absorvendo empregos, por meio da garantia de um novo mercado.

A agroindústria, citada como objetivo do desenvolvimento, é considerado a indústria relacionada à

agricultura. Nela, há a indústria de produção agrícola, que corresponde principalmente à agricultura

que emprega maior número de trabalhadores da região alvo de estudo, e, como indústrias afins, que

existem, além da indústria de distribuição, as indústrias de fornecimento de semente, fertilizante,

agroquímico, máquinas agrícolas, instalações, etc. Para promover o desenvolvimento rural com base

na agroindústria, deve-se enfatizar a promoção do processamento agrícola, que tem maior capacidade

de gerar valor agregado, e possibilitar a sua colaboração com o setor de produção agrícola que

emprega os agricultores que representam 90% da população total da região.

Além disso, no setor de agroindústria, normalmente o valor agregado gerado é proporcionalmente

maior em relação à quantia investida, comparando-se com outras indústrias, ou seja, trata-se de um

investimento com maior retorno. Para se aumentar a rentabilidade do investimento em toda a região

alvo de estudo, é extremamente importante investir mais neste setor. Para superar o obstáculo que é a

existência de um mercado restrito e desenvolver a potencialidade latente de desenvolvimento peculiar

Relatório Final

S-12

da região alvo do estudo, deve-se guiar o desenvolvimento da agroindústria para uma indústria de

processamento voltada para exportação.

13. Considerações das Medidas para a Concretização do Objetivo de Desenvolvimento

Para se promover o desenvolvimento regional, propõem-se o desenvolvimento rural local com base

em uma agroindústria abrangente que englobe a produção, distribuição (incluindo-se o

armazenamento), processamento e venda. A seguir, serão analisadas 4 medidas (aumento da

produtividade agrícola, promoção do processamento agrícola, organização dos produtores e criação e

melhoramento da base de produção) que possibilitarão a realização do objetivo de desenvolvimento.

Essas medidas complementam-se mutuamente, e a análise foi feita principalmente focalizando-se a

concretização do desenvolvimento rural local baseado na agroindústria.

14. Aumento da Produtividade Agrícola

Os principais produtores agrícolas da região alvo de estudo são microprodutores com cerca de 1 ha de

área média de terra. É difícil esperar de um microprodutor algum investimento para aumentar a safra e

a produtividade, sem oferecer-lhe garantia de preço de compra e garantia de risco. É imprescindível

verificar no campo a escala das atividades dos produtores e o nível da técnica de cultivo, para em

seguida se realizar a extensão técnica e concretizar medidas que incluam a criação de um sistema de

técnicas adequadas que garantam a lucratividade, com investimento que não seja elevado mas que seja

compatível com a forma de produção, além do fornecimento de incentivo necessário (criação de um

sistema de venda e de distribuição dos produtos, crédito, etc.) para que os produtores adotem essas

técnicas para aumentar a produtividade. Acredita-se que a insuficiência desse tipo de apoio e de

medidas agrícolas globais tenha sido a causa da persistência de baixa produtividade agrícola no país.

Para se superar esses desafios, é preciso definir que o programa de apoio ao projeto de promoção do

desenvolvimento rural local com base na agroindústria, seja definido como Objetivo de

desenvolvimento, para em seguida estudar os projetos individuais que respondam a ele. O quadro

6.3.1 mostra as causas da baixa produtividade agrícola da região alvo de estudo e as respectivas

propostas de medidas para a sua solução.

15. Promoção do Processamento Agrícola

(1) Cluster agrícola

Para se promover a indústria de processamento agrícola, propõe-se o método estratégico de

desenvolvimento do cluster agrícola para promover o efeito de indução (sinergia) do desenvolvimento

industrial do produto agrícola que é a matéria-prima, e dos produtos da indústria de processamento

primário, secundário e terciário (produto final), além de indústrias afins. Originalmente, um cluster

refere-se à aglomeração industrial geográfica, mas aqui refere-se ao conjunto de setores industriais

envolvidos na produção agrícola, que é a matéria-prima, e no seu processamento. As indústrias afins

relacionadas à agroindústria são inúmeras. Assim, utiliza-se o conceito de cluster para limitar o

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-13

conjunto, restringindo-o somente aos setores com estreita relação no input e output. Acredita-se que

limitando o âmbito do cluster, torna-se possível focalizar o desenvolvimento econômico da região alvo

do estudo, e possibilitar a apresentação de proposta de medidas mais eficientes.

(2) Seleção do produto agrícola e produto processado pelo cluster agrícola

É necessário selecionar o produto agrícola e o produto a ser processado considerando-se o tamanho do

mercado da região alvo, que é bastante limitado, e procurando criar um produto final com alto valor

agregado, voltado para exportação. Além disso, o produto final deve ter potencialidade de produção

em toda a região do corredor de Nacala, que é a região alvo do estudo, deve ser competitivo na

exportação, e possuir valor agregado=capacidade de absorção de emprego. Deve-se levar em

consideração também a experiência em produção e exportação, a potencialidade de exportação, além

de se valorizar a capacidade técnica dos produtores e o impacto ambiental da produção, para não gerar

grandes alterações na forma atual de se praticar a agricultura e a gestão agrícola.

Sob a perspectiva acima, propõe-se padrões para a escolha dos produtos agrícolas e artigos

processados prioritários conforme o tabela 3.

Tabela 3 Padrão para a escolha dos produtos agrícolas e artigos processados prioritários

Padrões Produto agrícola (produtor) Artigo processado (empresa)

Potencialidade de produção (se é possível

produzir)

・ Há muitos produtores que cultivam o

produto. ・ Possui vasta experiência em cultivo. ・ Há garantia de rendimento estável

mesmo com baixo investimento. ・ Pode-se introduzir a técnica de modo

relativamente fácil. ・ Há muita área adequada para o

cultivo. ・ Há prioridade política.

・ Há abundância de matéria-prima (pode-se

adquirir por baixo custo, de modo estável, e pode-se transformar em diversos artigos).

・ Possui técnicas de processamento. ・ Possui base e instalações de produção. ・ Possui resultados e experiências.

Potencialidade de exportação (se é possível

vender)

・ É matéria-prima diferenciada. ・ É possível garantir o fornecimento

estável da matéria-prima.

・ Possui preço competitivo (há possibilidade

de se ter preço competitivo). ・ É possível fabricar um produto

diferenciado. ・ Há mercado grande.

Capacidade de se gerar valor agregado (se é

lucrativo)

・ O produtor que produz a

matéria-prima pode ter um alto rendimento.

・ Possui alto valor agregado (é possível

aumentar a taxa de valor agregado). ・ Há capacidade de absorção de emprego (é

empresa de trabalho intensivo para beneficiar principalmente os pequenos produtores).

・ Possibilita alta sinergia às indústrias afins

e de base. ・ Pode-se minimizar a influência da

oscilação de preços. ・ Promove a criação de novas empresas.

Relatório Final

S-14

(3) Cluster agrícola prioritário

Muitas vezes são fabricados no cluster agrícola diverso artigos a partir de uma única matéria-prima, e

aproveitando-se os seus subprodutos, são criados novos artigos. Considerando-se a economia de

escopo, o fortalecimento da competitividade do cluster agrícola pelo método acima citado é mais

prático como tentativa de desenvolvimento regional e é mais aplicável como modelo de

desenvolvimento, do que escolher um produto agrícola ou artigo processado específicos para em

seguida tentar aumentar a sua produtividade ou a competitividade na exportação. Assim, será analisada

a promoção do desenvolvimento do setor de processamento agrícola por meio deste método. A tabela

4 mostra os produtos e artigos processados finais prioritários propostos para se promover o cluster

agrícola. Tabela 4 Sumário do cluster agrícola

(seleção de produtos agrícolas e produtos finais prioritários)

Indústrias afins (setor) Cluster agrícola Primária Secundária Terciária

Produto agrícolaProduto

intermediário Produto final

Ração composta

Produção de cereais, Produção pecuária

Ração composta, Derivados de leite, Produtos de carne

Materiais de produção, Armazenamento, Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição

Milho, Mandioca, Soja, etc.

Ração composta Carne de frango, Carne bovina,Derivados do leite

Verduras Produção de verduras Indústria de alimentos congelados, Indústria de enlatados e engarrafamento, Liofilização

Materiais de produção, Armazenamento,Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição

Tomate, etc. Derivados do tomate (puré, etc.) Tomate fresco

Frutas Produção de frutas, Produção de cultura perene para artesanato

Indústria de enlatados e engarrafamento, Frutas secas

Materiais de produção, Armazenamento, Transportação, Distribuição

Castanha de caju, Banana, Laranja, etc.

Bagaço, Madeira para combustível

Suco de fruta, Castanha, Frutas fresca

Madeira Silvicultura, Produção de kenaf

Manufatura, Indústria de fabricação de madeira compensada, Indústria de materiais de construção, Indústria de fabricação de móveis, Indústria de fabricação de papel

Materiais de produção, Armazenamento, Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição

Recursos florestais, Kenaf, etc.

Bagaço Móveis, Materiais de construção, Madeira compensada, Papelão

Algodão Produção de algodão Indústria de fiação, Indústria têxtil, Indústria da tintura, Indústria de corte e costura

Materiais de produção, Armazenamento, Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição

Algodão Fio de algodão, Tecido de algodão, Óleo de algodão

Fio de algodão,Tecido de algodão, Margarina

Bio combustível

Produção de cana-de-açúcar, Indústria de produção de jatrofa, Indústria de produção de eucalipto, , Indústria de produção de palmeiras

Produção de carvão Processamento de imprensa de óleo

Materiais de produção, Armazenamento, Transporte, Distribuição

Cana-de-açúcar, Eucalipto, Palmeiras, Jatrofa, etc.

Carvão Bagaço

Bio combustível

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-15

16. Organização dos Produtores

(1) Aumento da conscientização dos produtores quanto à importância da

organização

Antes de se organizar os produtores, é preciso atentar para um ponto. Não basta criar organizações. É

necessário que os próprios produtores identifiquem os desafios para o desenvolvimento, e descubram

por si mesmos que para solucioná-los, a organização é um meio eficaz, mais que os meios individuais.

Se os próprios produtores descobrirem as vantagens de uma organização por si mesmas, aumentará

neles a consciência de serem os donos dela, possibilitando o seu autodesenvolvimento duradouro.

Especialmente em Moçambique, há algumas peculiaridades, como o fracasso da Cooperativa agrícola

na época em que o país adotava o sistema socialista, o que provocou nos produtores uma aversão às

organizações, e a destruição das comunidades pela guerra civil. Assim sendo, se os futuros projetos

pretendem promover a organização dos produtores, é necessário destinar tempo suficiente para

aumentar a consciência de todos os produtores e promover a formação de líderes.

(2) Esclarecer o objetivo da formação de organizações

Para se trabalhar em grupo ou na forma de associação, tornam-se necessários, no mínimo, o

planejamento, divisão de tarefas e regras, e quem os define são os próprios produtores. Em especial, é

essencial o estabelecimento de regras. Os grupos ou associações que desenvolvem os trabalhos com

êxito são aqueles cujos membros conseguem explicar as regras do próprio grupo, e estão conscientes

das penalidades a que estão sujeitos no caso de inflação de regras ou funções. Assim, inicialmente

deve-se criar o planejamento, a divisão de tarefas e as regras básicas, para depois complementá-los à

medida que as atividades forem se desenvolvendo.

(3) Atividades de capacitação

Para se fazer a gestão e operação harmoniosas de uma organização, são essencial que a formação de

pessoal identifique líderes. Dependendo do tipo de grupo ou associação, ou seja, se é formada dentro

de uma comunidade que já existia, ou se se trata de uma nova comunidade formada pelo assentamento

ou restabelecimento da população, há diferença no modo de descobrir pessoas capazes de se tornarem

líderes. Mas o importante é descobrir alguém que preencha uma das seguintes condições. São

habilidades que um líder deve possuir, e é desejável que sejam formadas de modo consciente durante

as atividades dentro da comunidade (OJT).

Na região alvo existem muitas pessoas, especialmente acima de 30 anos, que não tiveram

oportunidade de freqüentar a escola. Essas pessoas possuem pouca capacidade de absorver novas

idéias e novos conhecimentos, e necessitam de auxílio gradual.

(4) Propostas relacionadas à entidade executora da atividade de organizar os

produtores

Para promover o desenvolvimento rural e a organização dos produtores na região alvo no futuro, e

para equilibrar o seu progresso, é importante criar um sistema que introduza de modo orgânico as

Relatório Final

S-16

vantagens das atividades tanto do MINAG como das ONGs. Para isso, é necessário realizar-se mais

estudos.

17. Equipamento da Base Produtiva

(1) Estudo de desenvolvimento dos recursos hídricos

Para se desenvolver os recursos hídricos, é necessário primeiramente fazer o estudo de verificação da

sua potencialidade de desenvolvimento na região alvo de Estudo. A verificação dos dados existentes

sobre a precipitação e o escoamento de água e o desenvolvimento da rede de observações

meteorológicas e hidrológicas, necessária para o desenvolvimento no futuro, serão realizados no

Projeto de aumento da capacidade de pesquisa, da 1ª fase deste Programa. A análise detalhada será

feita no Estudo de elaboração do Plano Diretor, no 2º estágio. O trabalho de verificação da

potencialidade dos recursos hídricos para o desenvolvimento agrário deverá ser realizado em conjunto

com a Administração Regional de Águas (ARA) Centro e Norte, responsável pela gestão dos recursos

hídricos das áreas de Estudo.

(2) Desenvolvimento do sistema de irrigação

Para se elevar a produtividade agrícola regional, é preciso fazer a irrigação complementar na estação

das chuvas, e a irrigação na estação da seca, e para tanto se planeja desenvolver sistemas de irrigação

nas regiões com potencialidade de desenvolvimento de recursos hídricos.

(3) Melhoramento das estradas agrícolas rurais

As vias principais e secundárias do Corredor de Nacala, da área de Estudo, estão sendo desenvolvidas

conforme o plano de reabilitação da Agência Nacional de Estradas (ANE) do Ministério das Obras

Públicas e Habitação. Para se promover o desenvolvimento agrário regional, com base na

agroindústria, é preciso melhorar as estradas periféricas, ou seja, as vias agrícolas e rurais, que

possibilitam o acesso da propriedade agrícola do produtor às vias principais e secundárias. Propõe-se

que as obras de reparação das vias rurais e agrícolas sejam feitas com a participação dos moradores,

pois elas são de pequena escala e os beneficiários são reduzidos.

18. Programas e Projetos de Apoio a Proposta

Com base nas medidas para alcançar os objetivos de desenvolvimento, os programas e projetos de

apoio a proposta será como seguir, a tabela 5.

S-17

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

Tabe

la 5

Pro

gram

a/Pr

ojet

os d

e ap

oio

Met

as d

a es

traté

gia

de d

esen

volv

imen

to a

gríc

ola:

Des

envo

lvim

ento

agr

ícol

a re

gion

al b

asea

do n

o pr

oces

sam

ento

agr

ícol

a

Obj

etiv

oPr

ojet

osA

tivid

ades

III

IIIIV

Imed

iato

Curto

Praz

oM

édio

Praz

oLo

ngo

Praz

o

Des

envo

lvim

ento

de

tecn

olog

ias

para

aum

enta

r a p

rodu

tivid

ade

Mel

horia

da

prod

utiv

idad

e de

cad

a am

bien

te a

gríc

ola,

mel

hora

men

to d

a té

cnic

a co

m b

aixo

inve

stim

ento

, dis

tribu

ição

de

sem

ente

s su

perio

res

○○

○○

Mel

horia

do

solo

Mel

horia

do

solo

, fer

tiliz

ação

bal

ance

ada,

etc

.○

○○

○C

riaçã

o de

dad

os d

e an

ális

e e

expe

rimen

tos

Des

envo

lvim

ento

de

dado

s m

eteo

roló

gico

s e

dado

s do

sol

o○

○○

Red

u ção

de

cust

os lo

gíst

icos

Des

envo

lvim

ento

das

infr

aest

rutu

ras

de tr

ansp

orte

, etc

.○

○○

○○

Red

ução

de

perd

as lo

gíst

icas

Des

envo

lvim

ento

de

técn

icas

de

proc

essa

men

to p

ós-

colh

eita

, cria

ção

de in

stal

açõe

s de

arm

azen

agem

, etc

.○

○○

○○

Estru

tura

ção

do m

erca

doD

esen

volv

imen

to d

e in

form

açõe

s do

mer

cado

, cria

ção

dein

stal

açõe

s de

cole

ta e

des

pach

o de

pro

duto

s, e

tc.

○○

○○

○○

Forta

leci

men

to d

a es

trutu

ra d

epe

squi

sa e

exp

erim

enta

ção

Aná

lise

e ex

perim

ento

do

solo

, ela

bora

ção

da c

arta

de

clas

sific

ação

do

solo

, sel

eção

do

prod

uto

adeq

uado

, pre

venç

ão d

e da

nos

caus

ados

por

doe

nças

e p

raga

s, e

tc.

○○

○○

Forta

leci

men

to d

o si

stem

a de

exte

nsão

rura

l

Cap

acita

ção

dos e

xten

sion

ista

s, a

quis

ição

de

equi

pam

ento

se

mat

eria

is d

e ex

tens

ão, o

rgan

izaç

ão d

os p

rodu

tore

s, a

poio

às

coop

erat

ivas

das

ass

ocia

ções

, etc

.○

○○

○○

Apo

io fi

nanc

eiro

de

pequ

ena

esca

laD

esen

volv

imen

to d

e ap

oio

finan

ceiro

vol

tado

par

aag

ricul

tore

s fa

mili

ares

, etc

.○

○○

○○

Apo

io a

mel

horia

da

adm

inis

traçã

o ag

rícol

aEs

tabe

leci

men

to d

o si

stem

a de

cul

tivo

dura

nte

todo

o a

no,

dese

nvol

vim

ento

de

sist

emas

de

irrig

ação

, etc

.○

○○

○○

Agr

icul

tura

mis

ta, a

gric

ultu

ra o

rgân

ica,

intro

duçã

o de

pequ

enos

ani

mai

s do

més

ticos

, etc

.○

○○

○○

Apo

io a

CLU

STER

est

raté

gico

sM

ecan

izaç

ão a

gríc

ola,

traç

ão a

nim

al, e

tc.

○○

○○

○C

riaçã

o de

inst

alaç

ões b

ásic

as d

e pr

oces

sam

ento

agr

ícol

a,de

senv

olvi

men

to d

e si

stem

a de

irri g

ação

, etc

.○

○○

○○

Plan

o de

uso

da

terr

aEl

abor

ação

de

map

a de

uso

de

terr

a, m

apa

de c

lass

ifica

ção,

map

a de

zon

eam

ento

etc

.○

○○

○○

Agr

icul

tura

Elab

oraç

ão d

e ru

mos

de

dese

nvol

vim

ento

, etc

.○

○○

○In

dúst

riaEl

abor

a ção

de

rum

os d

e de

senv

olvi

men

to, e

tc.

○○

○Tr

ans p

orte

Elab

oraç

ão d

e ru

mos

de

dese

nvol

vim

ento

, etc

.○

○○

○C

omér

cio

Elab

ora ç

ão d

e ru

mos

de

dese

nvol

vim

ento

, etc

.○

○○

Trei

nam

ento

pro

fissi

onal

Cap

acita

ção

técn

ica,

etc

.○

○○

○Es

trutu

raçã

o do

sis

tem

aD

esen

volv

imen

to d

e si

stem

as, e

tc.

○○

Mel

horia

das

con

diçõ

es d

evi

daIn

fraes

trutu

ra b

ásic

a de

vid

aD

esen

volv

imen

to d

e in

frae

stru

tura

de

vida

, edu

caçã

o,in

frae

stru

tura

de

saúd

e pú

blic

a, e

tc.

○○

○○

Det

erm

ina ç

ão d

a ár

ea d

e pr

oteç

ãoD

eter

min

ação

das

áre

as d

e pr

oteç

ão e

pre

serv

ação

○○

Rec

u per

ação

de

área

s de

vast

adas

Proj

etos

de

reflo

rest

amen

to, a

grof

lore

stas

, etc

.○

○○

Agr

icul

tura

do

tipo

prot

eção

Cul

tivo

de p

lant

io d

ireto

, rot

ação

de

agric

ultu

ra e

pec

uária

,a g

roflo

rest

as, p

reve

nção

de

eros

ão, e

tc.

○○

○○

Segu

ranç

aal

imen

tar/R

eduç

ão d

apo

brez

a

Mel

horia

do

níve

l de

vida

/Red

ução

da

pobr

eza

Aum

ento

da

prod

utiv

idad

e

Mel

horia

do

sist

ema

logí

stic

o

Forta

leci

men

to d

os s

ervi

ços

de a

poio

agr

ícol

a

Prom

oção

da

dive

rsid

ade

agrí

cola

/Pro

moç

ão d

opr

oces

sam

ento

agr

ícol

a

Prio

ridad

eD

esaf

ios

das

Polít

icas

Prog

ram

a/Pr

ojet

os d

e ap

oio

Zone

amen

to

Prom

oção

da

econ

omia

regi

onal

Prot

eção

e re

cupe

raçã

oam

bien

tal

Estra

tégi

a de

dese

nvol

vim

ento

por

seto

rD

efin

ição

de

rum

os d

ede

senv

olvi

men

to

Forta

leci

men

to d

aco

mpe

titiv

idad

e na

exp

orta

çã

Prot

eção

am

bien

tal

Relatório Final

S-18

19. Papéis das Agências da Japão, Brasil e Moçambique

A imensa área de savana tropical (cerrado) que se encontra no interior do Brasil, graças ao esforço

conjunto entre o governo brasileiro e o JICA, se tornou uma enorme zona produtora de grãos com a

implementação do projeto de cooperação agrícola (PRODECER). Este foi um dos projetos de

cooperação ao desenvolvimento (ODA) de maior envergadura do Japão. Para aproveitar esta

experiência valiosa para desenvolver a savana tropical de Moçambique é muito válida a cooperação

com o Brasil, com sua capacidade em administração de projetos, e o Japão com sua experiência na

preparação e execução de planos de desenvolvimento, para realizar este projeto.

Para a implementação do projeto de desenvolvimento do cerrado no Brasil serão enviados

especialistas brasileiros além de aproveitar toda a tecnologia acumulada ao longo dos anos da

EMBRAPA, EMATER, SENAR, CAMPO, entre outras. Além do desenvolvimento dos cerrados do

Brasil, estes órgãos possuem grande conhecimento e experiência no desenvolvimento das regiões

semi-áridas do nordeste brasileiro, que também podem ser aproveitados neste Projeto.

A EMBRAPA conta com um escritório de representação em Agra, Gana e tem experiência de

cooperação na África. Também a EMBRAPA considera a savana tropical africana como o “novo

Cerrado” e estima que tem um potencial para se tornar um grande produtor de alimentos em nível

mundial no futuro, por isso em cooperação com a FAO e o Banco Mundial já iniciou investigações no

sentido de verificar as possibilidades de adaptar a experiência do cerrado brasileiro na savana africana.

O papel do Governo de Moçambique na implementação do presente Programa será prioritariamente

exercido pelo Ministério da Agricultura que fará a coordenação de outros Ministérios e Agências

Nacionais, bem como dos órgãos governamentais locais. Além disso, o Governo de Moçambique

priorizará este Programa no âmbito das Políticas de Desenvolvimento, disponibilizando recursos

públicos e pessoal que se fizerem necessário, conferindo o necessário tratamento especial por ocasião

do acolhimento da Missão no âmbito do JBPP e dos peritos alocados para o Programa em

conformidade com o previsto no quadro da legislação moçambicana aplicável. Além disso, é

importante que o Governo Moçambicano implemente políticas públicas que podem representar

mudanças de paradigmas em termos de compromissos orçamentários e financeiros.

20. Sugestões de Métodos de Realização

Está previsto que o ProSavana-JBM seja realizado em duas fases. A primeira fase ("Fase de

Preparação do Programa") estabelecerá os modelos de Desenvolvimento Agrícola das Savanas

Tropicais em Moçambique a partir da execução de quatro projetos, por meio da Cooperação Técnica

prestada conjuntamente pelo Japão e Brasil. 1) Estudo Preliminar; a ser concluído em marco de 2010;

2) Projeto de Melhoramento das Capacidades de Pesquisa em Moçambique, deverá ter início a partir

de 2010; 3) Plano Diretor Integrado de Desenvolvimento Agrícola da Região do Corredor de Nacala

(Master Plan), deverá ter início a partir de 2011; e 4) Projeto da Criação de Modelos de

Desenvolvimento ao nível de Comunidades Rurais (Projeto Demonstrativo), que deverá ter início a

partir de 2011. Os três projetos de cooperação técnica a serem iniciados com a conclusão do Estudo

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-19

Preliminar poderiam ser implementados em paralelo e espere um efeito sinérgico por as colaborações

entre projetos. A segunda fase ("Fase de Execução do Programa"), será realizada tendo como base os

resultados da primeira fase e com a introdução da Cooperação Financeira, expandindo os Modelos de

Desenvolvimento Agrícola da Área de Abrangência da Região do Corredor de Nacala, localizada na

parte setentrional de Moçambique. Segundo o plano de execução abaixo, percebe-se que o início da

segunda fase coincide com o Programa Qüinqüenal do Governo (2015 - 2019).

Tabela 6 Plano Período de Execução

A partir da análise de informações existentes, troca de opiniões, entrevistas e visitas a campo

realizadas por técnicos do Japão e do Brasil com contrapartes de Moçambique, entende-se que a

implementação do Projeto de Melhoramento da Capacidade de Pesquisa a ter início em 2010 e do

Projeto Piloto previsto para 2011, deverá ocorrer considerando os seguintes aspectos:

• Promoção do desenvolvimento sustentável e socialmente inclusivo a partir de culturas/saberes

já existentes;

• Promoção de um sistema que integre a produção, processamento e logística;

• Buscar um desenvolvimento que atenda a demandas regionais e globais;

• Desenvolver blocos de agricultura a partir da malha ferroviária existente ao longo do Corredor

para apoiar a consolidação de clusters estratégicos que contribuam de forma regional com os

desafios do Governo central;

• Implementar, na primeira fase, bases de desenvolvimento mais próximas à ferrovia e centros

de comércio, para na segunda fase prosseguir-se para locais mais distantes da ferrovia.

Tendo em vista a constatação da existência de duas regiões ao longo do Corredor de Nacala com

características do Cerrado e do Semi-Árido brasileiro, sugere-se que o Projeto-Piloto seja realizado em

duas localidades simultaneamente, onde representam essas características (Zona II e Zona IV do

zoneamento). A expectativa é a de que o projeto exerça um efeito demonstrativo na comunidade,

fazendo com que outros produtores busquem melhorar seus processos produtivos

Por outro lado, no Programa Prodecer de desenvolvimento dos cerrados, foi criada a empresa privada

binacional Brasil-Japão, CAMPO, como entidade coordenadora para executar as funções de

planejamento, coordenação e supervisão do Projeto. Portanto, para a execução deste Projeto,

propõe-se a criação de uma entidade de coordenação trinacional para promover a execução do Projeto,

a fim de diminuir o impacto que pode ser causado pela mudança do governo e a tendência econômica

de cada país. Além disso, para a realização do Projeto em Moçambique, país executor, muitos órgãos

ProSavana-JBM

Primeira Fase

1) Estudo Prelimina

2) Projeto de Melhoramento das Capacidades de

Pesquisa em Moçambique3) Plano Diretor Integrado de Desenvolvimento Agrí

cola da Região do Corredor de Nacala4) Projeto da Criação de Modelos de Desenvolvimento

ao nível de Comunidades Rurais

Segunda Fase

Execução do Programa

2010 2011 2012 2013 2018 20192014 2015 2016 2017

Relatório Final

S-20

públicos do governo central (ministérios) e governos provinciais e distritais, além de empresas

privadas e ONGs serão envolvidos. Por isso, torna-se importante que o Ministério da Agricultura de

Moçambique coordene a participação destes órgãos envolvidos de modo seguro. Se houver

necessidade, pode-se pensar em estabelecer um novo órgão com maiores poderes (por exemplo,

Empresa Pública de Desenvolvimento da Região do Corredor de Nacala).

21. Necessidades do Projeto durante a Primeira Fase

Está claro que muitos aspectos dos conhecimentos acumulados com os projetos de desenvolvimento

do cerrado e do semi-árido no Brasil podem ser aproveitados para contribuir com o aumento da

produção agrícola da savana em Moçambique. Porém, a região do cerrado brasileiro e a zona da

savana de Moçambique apresentam condições socioeconômicas bastante diferentes. Por isso, para que

o desenvolvimento agrícola na zona do corredor Nacala na savana de Moçambique possa ser realidade,

considera-se mais efetivo estabelecer em primeiro lugar “um modelo de desenvolvimento agrícola”

adequado às condições da zona para que este possa ser expandido. Por outro lado, o projeto pioneiro

de desenvolvimento do cerrado brasileiro, PROCERRADO, comprova que a cooperação técnica

aplicada em conjunto com a cooperação econômica funciona de maneira favorável.

Assim, na fase preparatória de atividades do programa que irá estruturar o “modelo de

desenvolvimento agrícola”, tanto o Japão como o Brasil irão implementar a cooperação técnica. Esta,

além de ser uma atividade preparatória para permitir a implementação eficiente e efetiva dos projetos

do programa, também é necessária para os planos estratégicos urgentes e de curto prazo. A experiência

do projeto “PRODEDER” mostra que, os “resultados de pesquisas e investigação” e a execução dos

“projetos piloto” proporcionaram resultados bastante positivos no momento da implementação do

projeto. Portanto, os seguintes projetos, que são planos estratégicos de curto prazo, serão

implementados durante a etapa preparatória do programa, correspondente a primeira fase.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-21

22. Projeto para aumentar a capacidade de investigação 1.Nome do projeto Projeto para elevar a capacidade de investigação 2. Esquema de implementação

Projeto de cooperação técnica

3. Entidade implementadora

Ministério de Agricultura / IIAM

4. Resumo do projeto (1)Objetivo superior

Ampliar a produção agrícola na zona do corredor Nacala. (2)Objetivo do projeto

Elevar a capacidade de investigação do IIAM para o projeto ProSavana-JBM. (3)Principais resultados esperados com o projeto 1)Identificação da área apropriada para a agricultura na zona do corredor Nacala. 2)Identificação da tecnologia para melhoramento do solo na zona do corredor Nacala. 3)Identificação da tecnologia adequada para os produtos a serem cultivados na zona do corredor Nacala. 4)Identificação da tecnologia adequada para os produtos pecuários na zona do corredor Nacala. 5)Identificação dos clusters estratégicos. (4)Área estimada de implementação

Zona próxima à Estação Zonal IIAM em Nampula e da estação agrária experimental de Mutuali (5)Conteúdo das atividades principais 1)Avalizar as condições de solo da zona do corredor de Nacala. 2)Coletar os dados meteorológicos da zona do corredor de Nacala. 3)Elaborar a cartografia georeferenciada GIS da zona do corredor de Nacala. 4)Considerar os clusters estratégicos. 5)Identificar os critérios de seleção da área piloto. 6)Selecionar a área piloto. 7)Avalizar a tecnologia para melhoramento do solo. 8)Experiências na produção de cultivos na zona do corredor de Nacala. 9)Identificar os produtos a serem incentivados. 10)Experiências na criação de animais na zona do corredor de Nacala.11)Identificação da criação de animais a serem incentivados. 12)Identificar dos clusters estratégicos, entre outros. 5. Conteúdo das principais contribuições (1)Lado japonês ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de equipamentos ・ Custos do projeto

(2)Lado brasileiro ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de

equipamentos ・ Treinamento de pessoal da

contraparte no Brasil

(3)Lado moçambicano ・ Designação de contraparte ・ Fornecimento de terreno e

instalações ・ Custos locais do projeto

6. Período de implementação Início: Junho de 2010 Fim: Maio de 2013 (Período de duração do projeto: 3 anos) 7. Observações -

Relatório Final

S-22

23. Estudo do Projeto de Desenvolvimento Agrícola Integral na

Zona do Corredor Nacala 1.Nome do projeto Estudo para o Plano de desenvolvimento agrícola integral da zona do corredor Nacala 2. Esquema de implementação

Estudo de Desenvolvimento

3. Entidade Implementadora

Ministério de Agricultura/Ministério de Planejamento/Governos Provinciais (Nampula, Niassa, Zambezia)/Governos Distritais

4. Resumo do projeto (1) Objetivo superior

Desenvolver a economia regional na zona do corredor Nacala. (2) Objetivo do projeto

Elaboração de um Plano de desenvolvimento agrícola integral na zona do corredor Nacala (Plano Diretor) para promover o desenvolvimento regional tendo como ponto de partida a agroindústria.

(3) Principais resultados esperados com o projeto 1)Elaboração de um plano de desenvolvimento sustentável relacionado com os setores agrícola, pecuário,

indústria, comércio e infraestrutura de transportes. 2)Elaboração de medidas de fortalecimento de competitividade de mercado com o aumento de produtividade

dos produtos agrícolas. 3)Elaboração de medidas para elevar o valor agregado dos produtos. 4)Elaboração de medidas para melhorar a renda dos moradores locais. 5)Elaboração de medidas para a conservação do meio ambiente. (4) Área estimada de implementação

Toda a zona próxima do corredor Nacala. (5) Conteúdo das atividades principais 1)Execução de investigação básica (condições de desenvolvimento e análise de temas dentro da área de

influência do Estudo) ・Situação de distribuição de recursos do solo ・Zoneamento de ambiente agrícola ・Fatores de impedimento ao desenvolvimento: infraestrutura (estradas, ferrovias, portos, irrigação, logística,

mercado, etc.), estrutura de produção, recursos humanos, institucionalização, finanças, etc. 2)Avaliação das políticas de desenvolvimento e identificação dos fatores de impedimento (redução da pobreza,

reativação econômica, integração econômica regional, etc.) 3)Elaboração de estrutura básica para a estratégia de desenvolvimento ・População, demanda interna, possibilidades de exportação, volume de oferta de transportes, volume de oferta de bens, etc. 4)Elaboração de proposta de estratégias de desenvolvimento ・Avaliação de projetos regionais para formação de zonas produtoras 5)Elaboração de planos de desenvolvimento (programas/projetos) ・Avaliação de prioridades de desenvolvimento ・Avaliação do sistema de implementação ・Estimativa de custo do projeto ・Elaboração do plano de execução ・Elaboração do plano de cooperação financeira 6)Avaliação do projeto, entre outros 5. Conteúdo das principais contribuições (1) Lado japonês ・ Envio de especialistas ・ Preparação de material e

equipamentos necessários para o Estudo

(2) Lado brasileiro ・ Envio de especialistas ・ Preparação de material e

equipamentos necessários para o Estudo

(3) Lado moçambicano ・ Designação de contraparte ・ Fornecimento de escritórios

para a realização do Estudo

6. Período de implementação Início: Junho de 2011 Fim: Maio de 2013 (Período de duração do projeto: 2 anos) 7. Observações -

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-23

24. Projeto de estrutura de um modelo de desenvolvimento para as

comunidades locais 1.Nome do projeto Projeto de estrutura de um modelo de desenvolvimento a nível de comunidades 2. Esquema de implementação

Projeto de cooperação técnica (Projeto Piloto)

3. Entidade implementadora

Ministério de Agricultura/Governo provincial de Nampula/Governos distritais

4. Resumo do projeto (1) Objetivo superior

Realização de projetos do ProSavana-JBM (2) Objetivo do projeto

Estruturação de diversos modelos de desenvolvimento de comunidades adequados à área de influência (3) Principais resultados esperados com o projeto 1)Identificação das condições necessárias através dos resultados de investigações para a adequação local. 2)Identificação de métodos de implementação para a extensão técnica e o treinamento de pessoal 3)Identificação da divisão de papéis entre o Ministério de Agricultura, governos provinciais e distritais, ONGs,

entre outros, dentro dos projetos de desenvolvimento das comunidades. 4)Elaboração de um modelo de desenvolvimento de comunidades. 5)Elaboração de manual de execução para cada modelo de desenvolvimento de comunidades. (4) Área estimada de implementação Província de Nampula (Zonas próximas a Nampula e Mutuali) (5) Conteúdo das atividades principais 1)Avalizar os métodos demonstrativos da metodologia de desenvolvimento do plano diretor e dos resultados das

investigações. 2)Realizar o treinamento técnico para os promotores agrícolas. 3)Realizar o seminários relacionados com projetos de desenvolvimento de comunidades, dirigidos para pessoas

relacionadas com o desenvolvimento agrícola. 4)Com a realização do projeto piloto, coletar dados e informações para permitir a seleção dos agricultores e seus

respectivos grupos. 5)Estruturar um sistema de gestão de organizações e grupos de agricultores de acordo com os objetivos das

atividades. 6)Realizar o treinamento técnico para os agricultores, os grupos de agricultores e associações. 7)Considerar os modelos de desenvolvimento de comunidades. 8)Avaliar a metodologia de execução de projetos para cada modelo de desenvolvimento de comunidades. 9)Organizar as atividades de promoção e fatores de impedimento para cada modelo de desenvolvimento para

comunidades. 10)Elaborar os manuais de cada modelo de desenvolvimento de comunidades, entre outros. 5. Conteúdo das principais contribuições (1)Lado japonês ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de equipamentos ・ Custos do projeto

(2)Lado brasileiro ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de

equipamentos ・ Treinamento de pessoal da

contraparte no Brasil

(3)Lado moçambicano ・ Designação de contraparte ・ Fornecimento de terreno e

instalações ・ Custos locais do projeto

Período de implementação Início: Junho de 2011 Fim: Maio de 2014 (Período de duração do projeto: 3 anos) 7. Observações -

Relatório Final

S-24

25. Conclusão

1. O presente Relatório apresenta os resultados do “Primeiro Trabalho de Campo em Moçambique”,

iniciado em Setembro de 2009, cobrindo os 12 municípios indicados pelo Ministério da Agricultura de

Moçambique como “Região do Corredor de Nacala”. A região alvo do Estudo inclui os municípios

que se estendem no sentido norte-sul por onde passam paralelamente a Estrada Nacional 13 e os

caminhos de ferro ao longo de 600 km de extensão no eixo leste-oeste. Esta região apresenta uma rica

diversidade natural e social. Dividindo a região à grosso modo, a porção localizada a leste é uma área

semi-árida com relativamente baixa precipitação pluviométrica, com características similares à

Caatinga brasileira. Por outro lado, a porção oeste apresenta maior precipitação pluviométrica, onde na

parte externa dos 12 municípios da região alvo do Estudo, a EMBRAPA indicou que existe uma

grande extensão de terras agrícolas similar ao Cerrado com potencial para aceitar a agricultura

mecanizada.

2. O desenvolvimento agrícola na zona do corredor Nacala na savana tropical de Moçambique pode

ser obtido aproveitando-se os conhecimentos e experiências acumuladas por ocasião da execução do

projeto de desenvolvimento do cerrado brasileiro, anterior ao projeto de desenvolvimento agrícola da

savana. Com a introdução do desenvolvimento agrícola semelhante se espera conseguir o

desenvolvimento econômico da zona do corredor de Nacala e assim garantir a segurança alimentar,

aliviar a pobreza e elevar a renda das famílias agricultoras da região abrangida pelo projeto. Também

será possível contribuir para os “Objetivos do Milênio das Nações Unidas” (ODM), que busca

erradicar a extrema pobreza e a fome em nível mundial. Baseado nos resultados deste programa em

um plano futuro será possível contribuir para a promoção do desenvolvimento local das comunidades

agrícolas e a agricultura dentro da savana tropical africana, e assim contribuir para o desenvolvimento

econômico da África e consequentemente para a segurança alimentar a nível mundial. Esses dados

avalizam e denotam a extrema importância do ProSavana-JBM, e a importância de sua implementação

no menor prazo possível.

Porém, não se conta com informação detalhada suficiente sobre as condições naturais e

socioeconômicas da zona do corredor Nacala, assim como das atividades econômicas existentes.

Como conseqüência do resultado da experiência acumulada tanto pelo Japão como pelo Brasil através

da realização do projeto de desenvolvimento do cerrado, consideramos necessário realizar

investigações necessárias para que o programa possa materializar-se em projetos, com a execução de

projetos piloto e paralelamente elaborar um plano de desenvolvimento adequado.

3. A parte Brasileira (EMBRAPA), com base nos resultados de seus próprios Estudos, fez as

recomendações abaixo para o desenvolvimento agrícola da região do Corredor de Nacala, na etapa

final do Estudo.

1) O presente “Estudo Preparatório” teve como região alvo do Estudo a região ao longo da Estrada

Nacional 13, nas Províncias de Nampula, Niassa e Zambézia. Entretanto, nessa região a) não

existe terras agrícolas onde se pratica agricultura de grande escala; e b) não há terras similares ao

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-25

do Cerrado (à exceção da agricultura comercial de pequeno porte praticada na região sudeste da

Estrada Nacional 13).

Esses aspectos, levando em conta a meta de desenvolvimento agrícola voltado ao mercado nessa

região limitada, acaba por levantar 2 temas que devem ser considerados. Estes são: a) os recursos

genéticos (sementes) voltados para a agricultura comercial que o Brasil pode fornecer e que

podem ser aplicados imediatamente na região são limitados; e assim, b) é mais indicado (por

certo tempo) visar a melhoria da renda através do aumento da produtividade dos produtos

agrícolas atualmente cultivados pelos agricultores de pequeno e médio porte espalhados pela

região.

2) Por outro lado, a equipe de pesquisadores da EMBRAPA confirmou a existência de solos

similares ao do Cerrado numa extensão de cerca de 6,4 milhões de hectares a Noroeste do

Corredor de Nacala nas províncias do Niassa e de Nampula. Estes solos similares ao do Cerrado

se estendem por apenas 12% da região alvo do Estudo indicada em 1). (Os 88% restantes estão

espalhados fora da região alvo do Estudo de 12 municípios ao longo da Estrada Nacional 13).

A distribuição destes 6,4 milhões de hectares é apresentada na Figura abaixo.

3) Assim, a parte Brasileira (EMBRAPA) considera importante que, além do “apoio à melhoria da

renda dos agricultores de pequeno e médio porte” ao longo da Estrada Nacional 13 da região alvo

deste Programa, se deve incluir a área (de 6,4 milhões de hectares) indicada acima em 2) que

permite o “investimento agrícola em escala comercial”.

Fonte: Apresentação: Material apresentado pelo Presidente da EMBRAPA no “Simpósio Internacional” (17/3)

Relatório Final

S-26

Essa nova Proposta foi posteriormente também apoiada pelo Ministério da Agricultura de

Moçambique. Em resposta a isso, no dia 18 de Março de 2010, a “Ata das Discussões” (em

Anexo) foi assinada pelas três partes (Vice Presidente da JICA, Diretor da ABC e Ministro da

Agricultura de Moçambique) com essa proposta de região alvo do Estudo. O conteúdo do item

8.2, 5) “Proposta do método de implementação da Primeira Fase” foi elaborado neste contexto.

26. Recomendações

(1) Recomendações Gerais com relação ao ProSavana-JBM

1) Importância da elaboração de um Plano para projetos considerando a

conservação do meio ambiente e a execução dos mesmos

Com relação ao desenvolvimento agrícola, é comum afirmar que intervenções excessivas causam a

desertificação dos terrenos agrícolas. Por outro lado, para que os projetos de desenvolvimento possam

ser aceitos atualmente, eles devem contribuir para a conservação do meio ambiente global. Por isso, as

considerações ao meio ambiente devem ser prioritárias e a conservação da biodiversidade é condição

prévia para o desenvolvimento. Considerando a experiência do projeto PRODECER, no qual em seus

períodos iniciais não foi dada a devida atenção para este aspecto, na elaboração do presente projeto de

desenvolvimento será importante aplicar de forma ativa medidas para a conservação do meio ambiente.

Para prevenir o uso indiscriminado de uso do solo (desenvolvimento) é importante avaliar

urgentemente o zoneamento e estabelecer claramente a demarcação das áreas protegidas e das áreas de

desenvolvimento, assim como estabelecer os objetivos de desenvolvimento.

2) Importância do desenvolvimento de recursos humanos

A luta pela independência e posteriores conflitos internos em Moçambique trouxeram como

conseqüência a deficiência de recursos humanos adequados em diversos setores, principalmente no

que se refere aos especialistas de desenvolvimento agrícola e promotores responsáveis pela extensão

técnica. Assim, para que os projetos de desenvolvimento possam ser devidamente gerenciados e

executados, é indispensável elevar a capacidade de todas as pessoas envolvidas no processo. Por isso,

a formação de recursos humanos deve ser considerada como um componente extremamente

importante desde a etapa de preparação do programa. Porém, esperar os resultados da formação de

pessoal para posteriormente iniciar a execução de projetos não é a maneira mais eficiente de

implementação, portanto é desejável priorizar o quanto antes atividades que não dependem

exclusivamente de pessoal qualificado e realizar a formação de pessoal qualificado de forma paralela.

3) Importância da coordenação entre as entidades relacionadas

A execução efetiva do programa envolve diversos órgãos dos setores públicos do governo central

através dos seus ministérios, dos governos provinciais e distritais, como também do setor privado

através de empresas, ONGs, etc. Para que o Ministério de Agricultura de Moçambique possa

implementar os programas de forma eficiente é necessário garantir uma coordenação efetiva entre

todas estas diversas entidades. Conforme a necessidade, deve-se considerar a criação de uma entidade

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-27

coordenadora. Como os beneficiários diretos com a implementação do projeto será a população local é

preciso que os representantes locais participem ativamente nos programas dos governos provinciais e

locais. Além do mais, estas instituições devem realizar esforços para elevar a capacidade e formar

pessoal que possa gerenciar estes projetos, sendo necessário também prestar apoio com assistência

técnica e provisão de matérias e equipamento.

4) Importância de um apoio integral

As estratégias de desenvolvimento e apoio deste programa devem dar-se com o consenso entre os três

países envolvidos e o apoio em obras de infraestrutura, institucionalização e a formação de recursos

humanos deverá ser promovido de acordo com este consenso. O apoio das partes do Japão e do Brasil

se dará na forma de cooperação técnica, cooperação financeira não reembolsável e cooperação

financeira reembolsável sendo que as atividades de voluntários e da ODA deverão ser coordenadas a

fim de se aproveitar ao máximo o efeito multiplicador da ajuda, pelo que é importante desenvolver um

apoio integral. Por outro lado, o governo de Moçambique deve avaliar a forma de buscar outras fontes

de financiamento como a cooperação bilateral de outros países e outras instituições internacionais,

uma vez que os recursos do erário nacional para a execução do programa são bastante limitados.

5) Proposta da criação de uma entidade coordenadora para o Programa

É importante que este programa de cooperação trilateral seja implementado dentro de uma relação de

igualdade entre os três países. Foram criados grupos de trabalho que atualmente vêm realizando suas

atividades dentro de cada país e que por sua vez funcionam como elos de comunicação entre os três

países. Durante a execução efetiva deste programa, para que possa haver uma compreensão mútua

mais próxima e para que a cooperação possa funcionar de forma efetiva e eficiente propomos a criação

de uma entidade coordenadora para executar o ProSavana-JBP em Moçambique. Para tanto, pode-se

tomar como referência as ações para a criação da empresa CAMPO, dentro do projeto

PROCERRADO para o desenvolvimento do cerrado.

6) Promoção ativa da participação da cidadania

Como pode ser comprovado não somente pelo desenvolvimento do cerrado, os recursos públicos para

o desenvolvimento regional são limitados, assim é importante promover a participação do capital

privado, seja este nacional ou estrangeiro. Para isto, é importante considerar que o setor privado é o

ator principal para o crescimento econômico, sendo necessário ir além da relação existente de governo

a governo dentro da ODA e promover a participação ativa do setor privado, para que este possa

contribuir para o desenvolvimento africano.

(2) Recomendações para a Primeira Fase (Etapa Preparatória do Programa)

1) Importância do envio de um especialista em coordenação em uma fase inicial

Para a primeira fase do Programa está programada a execução do projeto de cooperação técnica a

partir de 2010. Para que estes projetos de cooperação técnica possam ser executados de forma

harmoniosa, é importante enviar logo um especialista em coordenação para o departamento

Relatório Final

S-28

responsável pelo programa dentro do Ministério de Agricultura que possa realizar a coordenação

necessária para dar início aos projetos.

2) Importância da organização da informação básica

Para que o Programa possa ser implementado sem contratempos é indispensável reunir todas as

informações relacionadas com as condições naturais (meteorológicas, recursos hidráulicos e de solo,

mapa topográfico, etc.), condições sócias (especialmente o registro de posse de terra, uso de solo

atualizado, etc.) e ferramentas úteis para a elaboração do plano de desenvolvimento (SIG, Sistema de

Informação Geográfica, etc.) durante a fase preparatória. Existe a necessidade de avaliar se estas

atividades serão executadas dentro dos projetos de cooperação técnica (especialmente o Estudo de

Desenvolvimento), ou de forma individual.

3) Importância do desenvolvimento regional baseado no zoneamento

A zona do corredor Nacala abrangida pelo Estudo tem uma extensão aproximada de 600 km de leste a

oeste e é marcada pela diversidade no tocante às condições naturais e socioeconômicas, de

infraestrutura social e também há uma diversidade cultural entre as diversas comunidades. Por isso, ao

se elaborar o Plano de desenvolvimento, é importante considerar estas diferenças intra-regionais. Para

isso, é importante aplicar a metodologia de zoneamento considerando o entorno agrícola.

4) Importância da coordenação com o projeto de cooperação técnica

EMBRAPA-USAID

O conteúdo detalhado do projeto conjunto entre a EMBRAPA e a USAID a ser executado junto ao

IIAM “Projeto de Assistência Técnica Básica para o Desenvolvimento Agropecuário em

Moçambique” deve se tornar mais claro no decorrer do tempo. É importante que sejam realizados

ajustes entre os três países para evitar a duplicidade de atividades com o presente programa. Para isso

os termos de referência devem ser discutidos entre as três partes para que as funções de cada parte

sejam claramente definidas. Nos termos de referência devem estar especificados o desejo de

cooperação tanto do Brasil como do Japão, dando a devida importância para que a entidade executora

do projeto efetue a coordenação de forma ativa.

A proposta do plano de ação do projeto de assistência técnica da EMBRAPA e USAID é como se

descreve a seguir;

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-29

Atividades Início Término

1. Elaboração de anteprojeto técnico para fortalecimento em infra-estrutura das

estações de Nampula, de Sussundenga e Posto Agronômico de Mutuali. 03/2010 07/2010

2. Elaboração de anteprojeto para implantação e aparelhamento do laboratório

de solos de Maputo e de um Centro de Ciências do Solo em Nampula 05/2010 12/2010

3. Geração de mapas das propriedades agronômicas dos solos nas zonas do

entorno do Corredor de Nacala, entre os paralelos 13ºs e 17ºs. 02/2010 03/2010

4. Realização de estudos das propriedades agronômicas de rochas calcárias e

fosfatadas no corredor de Nacala 04/2010 12/2010

5. Elaboração de anteprojeto projeto para adensamento da coleta de dados

climáticos no entorno do Corredor de Nacala. 03/2010 07/2010

6. Planejamento de ações complementares ao projeto da AGRA em fertilidade

dos solos e nutrição de plantas nas regiões de Nampula e Zambézia. 05/2010 12/2010

7. Planejamento e elaboração de projeto técnico para aparelhamento de

Unidade de Produção de Sementes Básicas do IIAM.

8. Planejamento e elaboração de projeto técnico visando implantar e aparelhar

laboratórios de análise de sementes em Nampula e Chimoio. 05/2010 12/2010

9. Planejar e elaborar e apoiar a execução de projetos piloto de comunicação e

transferência de tecnologia nos centros zonais de Nampula e Chimoio. 03/2010 05/2010

Segundo a EMBRAPA, atualmente está sendo feita a coordenação entre a EMBRAPA e a USAID para

a demarcação de regiões onde, na região do Corredor de Nacala a cooperação será feita com o Japão e

nas outras regiões com a cooperação da USAID

5) Proposta do método de implementação da Primeira Fase

Na fase final do presente Estudo, a parte Brasileira, considerando os resultados do Estudo trilateral,

apresentou uma nova proposta de método de execução. Seu conteúdo é construtivo, refletindo o

Capítulo 7 “Avaliação da Primeira Fase do Projeto”, mas não foi possível esgotar as discussões sobre

seu conteúdo devido à limitação do tempo. Por esse motivo, no dia 18 de Março de 2010 a “Ata das

Discussões” foi assinada pelas Três Partes (Vice Presidente da JICA, Diretor da ABC e Ministro da

Agricultura de Moçambique) (em Anexo) onde se inclui essa proposta como tema a ser considerado

pelo Grupo de Trabalho.

<Resumo do Conteúdo da Proposta da parte Brasileira> 1o. Passo 2o. Passo 3o. Passo

「Projeto 1」

Estabelecimento do Centro de

Desenvolvimento de Técnicas

Agropecuárias

「Projeto 2」

Estabelecimento dos módulos

do Projeto Piloto

Seleção da região alvo

do programa

ProSAVANA

(Servir de base para a

seleção das áreas de

atividade do 2o.

Passo)

As atividades são desenvolvidas simultaneamente.

Respeito ao sistema de concordância de todas as partes envolvidas.

Servirá como material de base para a elaboração da proposta

prática do 3o. Passo.

「Projeto 3」

Programa de

Desenvolvimento

Geral

Meta estipulada para

3 anos após o início

do 2o. passo

A etapa 1 consiste na seleção, identificação e demarcação e proteção legal da região de implantação do

programa ProSAVANA.

Relatório Final

S-30

A etapa 2 se referente a execução de dois projetos de cooperação técnica que teriam execução

simultânea e concomitante;

- Projeto 1, focado no apoio ao desenvolvimento de centros de inovação agropecuária;

- Projeto 2, Projeto Piloto visando desenvolvimento de uma área demarcada na região

identificada para a execução do Programa. Ambos projetos teriam atividades co-relatas, sendo

que os resultados obtidos subsidiariam a tomada de decisões recíprocas.

A etapa 3 terá como objetivo a implantação de um plano de desenvolvimento agrícola na região

demarcada na Etapa 1. Sua elaboração terá início a partir dos primeiros resultados na Etapa 2.

ETAPA 1: ETAPA DE DEFINIÇÕES MACRO

• Objetivo

Esta etapa terá por finalidade o diagnóstico para a Seleção da área de implantação do ProSAVANA

e sua conseqüente demarcação.

• Atividades

1. Identificação dos critérios de seleção da região onde será implementado o ProSAVANA.

Escolha dos critérios geopolíticos, Edafoclimaticos, socioeconômicos e socioambientais.

2. Identificação e demarcação da região do ProSAVANA, em função dos critérios previamente

estabelecidos.

3. Medidas legais para proteção e acesso às regiões reservadas ao ProSAVANA, visando a

implementação do programa nas etapas subseqüentes.

• Resultados

1. Região do Programa identificada, demarcada segundo critérios de seleção estabelecidos

2. Área protegida legalmente e acessível a implementação do programa ProSAVANA.

3. Os resultados das atividades desta etapa subsidiarão as decisões a serem tomadas nas Etapas

subseqüentes. Parceiros: MINAG, ABC, JICA

ETAPA 2: PROJETOS DE COOPERAÇÃO TÉCNICA

- Projeto de Cooperação Técnica 1

- Modulo Desenvolvimento de Centro de Pesquisa e Tecnologia

• Objetivo

Transformar uma estação experimental do IIAM na região do Projeto Piloto em um Centro

Tecnológico Regional, que será formado por um módulo dedicado à pesquisa, um dedicado à

extensão e um destinado à capacitação de recursos e treinamento.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

S-31

• Atividades

1. Fortalecer a capacidade de pesquisa e desenvolvimento. As áreas prioritárias seriam: Análise de

solos e levantamento de capacidade de uso do solo, Seleção de variedades de produtos eleitos

no projeto, Tecnologia de produção de sementes, zoneamento agro ecológico, processamento

agroindustrial dos produtos eleitos no projeto. Parceiros: EMBRAPA e IIAM

2. Fortalecer a capacidade de extensão e assistência técnica na área do Piloto. Transferência de

tecnologia e Extensão rural. Parceiro: EMATER e IIAM

3. Capacitar e treinar técnicos na área do Piloto. Parceiro SENAR e IIAM

• Resultados

1. Consolidação de um centro tecnológico.

2. Suporte nas atividades pesquisa, extensão e capacitação para execução do Projeto piloto.

- Projeto de Cooperação Técnica 2

- Módulo de Projeto Piloto

• Objetivo

Desenvolvimento de Projeto Agrícola em uma área piloto na região previamente estabelecida na

Etapa 1. O Projeto Piloto visa o desenvolvimento da região através da melhoria da produção

agrícola, transferência e implantação de tecnologia de processamento agro-industrial e

desenvolvimento da comercialização de produtos agrícolas.

• Atividades

1. Proposta de modelo de ocupação da área (grande, médios, familiares). Definição da

porcentagem dos respectivos modelos na área piloto. Parceiro: MINAGRI.

2. Discussão e validação do modelo na área selecionada. Deverá estar e consonância com as

conclusões da Etapa 1. Parceiros: ABC, JICA, MINAG.

3. Desenvolvimento de critérios de seleção da área piloto dentro da área maior do ProSAVANA.

Parceiros: EMBRAPA, EMATER, MINAG.

4. Seleção da área piloto, em função dos resultados obtidos na atividade anterior. Parceiros:

MINAGRI, JICA,ABC.

5. Identificação das comunidades na região do Projeto Piloto, em função dos critérios

sócio-ambientais estabelecidos na Etapa1. Parceiros: MINAGRI,JICA,ABC.

6. Proposta de zoneamento ambiental da área piloto. Parceiros: MINAGRI, JICA, ABC,

EMBRAPA.

7. Proposta de modelo agrícola ou pecuário dos módulos, incluindo a dimensão sócio ambiental.

Nesta atividade seria indicada uma equipe técnica qualificada no diagnóstico de aspectos sócio

econômicos. Parceiros: MINAGRI, JICA,ABC, EMBRAPA, EMATER.

Relatório Final

S-32

8. Proposta de infraestrutura sócia econômica para a área do Piloto (Transporte, comunicações,

comércio, saúde educação). Parceiros: JICA, MINAGRI.

9. Proposta de acesso a crédito e insumos. Esta proposta dará suporte à execução do Projeto piloto,

facilitando o acesso à crédito e insumos agrícolas. Parceiros: MINAGRI, ABC e JICA.

10. Proposta de apoio e incentivos para a participação do setor privadas e cooperativas. Parceiros:

MINAGRI, ABC e JICA.

11. Transferência e adaptação de pacotes tecnológicos apropriados à área. Parceiros: MINAGRI,

JICA, ABC, EMBRAPA..

12. Suporte a assistência técnica e extensão agropecuária na área do Projeto Piloto. Parceiros:

MINAGRI, JICA, ABC, EMATER.

13. Suporte a capacitação e treinamento na área do Projeto Piloto. Parceiros: MINAGRI,JICA, ABC,

SENAR

ETAPA 3: DESENVOLVIMENTO PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO DE

DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA REGIONAL -

• Objetivo

Estender a área de desenvolvimento regional estabelecida no Modulo Piloto (Projeto Piloto, Etapa

2) para a região do ProSavanas previamente delimitada na Etapa 1.

• Atividades

1. Elaboração do plano de desenvolvimento da região selecionada

2. Esta etapa deverá ser iniciada entre os 36-60 meses após o início de execução do Projeto Piloto.

Os resultados obtidos na Etapa 2 subsidiarão as decisões das serem adotadas nesta etapa.

• Resultados

1. Desenvolvimento de um Plano agrícola integrado na região demarcada na Etapa 1.

2. Transferência e adoção de novas tecnologias.

3. Desenvolvimento de mercado agrícola interno e de exportação.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

-i-

Índice

MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DO ESTUDO

RESUMO

ÍNDICE

ÍNDICE DE TABELAS E FIGURAS

ABREVIATURAS

página

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

1.1 Antecedentes e Objetivo do Estudo .................................................................................. 1-1

1.1.1 Antecedentes do Estudo ............................................................................................ 1-1

1.1.2 Objetivo do Estudo ................................................................................................... 1-2

1.2 Área do Estudo.................................................................................................................. 1-2

1.3 Período e Alcance do Estudo ............................................................................................ 1-2

1.4 Instituições Contrapartes ................................................................................................... 1-3

1.5 Membros da Equipe do Estudo ......................................................................................... 1-4

CAPÍTULO 2 SITUAÇÃO E TEMAS DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO EM MOÇAMBIQUE

2.1 Posição do Setor Agrário na Economia Nacional .............................................................. 2-1

2.2 Tendência de Produção do Setor Agrário .......................................................................... 2-2

2.2.1 Tendência da Produção dos Principais Produtos ....................................................... 2-2

2.2.2 Nível de Produtividade dos Principais Produtos......................................................... 2-4

2.2.3 Situação do Consumo de Alimentos........................................................................... 2-5

2.2.4 Valor da Produção Agropecuária ................................................................................ 2-7

2.2.5 Situação das Exportações e Importações .................................................................. 2-8

2.3 Diretrizes das Estratégias de Desenvolvimento Agrário .................................................. 2-12

2.3.1 Diretrizes das Estratégias de Desenvolvimento Agrário ......................................... 2-12

2.3.2 Políticas Agrárias...................................................................................................... 2-14

2.3.3 Entidades Governamentais e Relacionadas............................................................. 2-17

2.3.4 Política de Posse de Terra........................................................................................ 2-19

2.3.5 Registro de Terras .................................................................................................... 2-19

2.3.6 Considerações Ambientais ....................................................................................... 2-20

2.3.7 Financiamento Agrário.............................................................................................. 2-21

Relatório Final

-ii-

CAPÍTULO 3 SITUAÇÃO E TEMAS DA ZONA DO CORREDOR DE NACALA

3.1 Situação da Zona do Corredor de Nacala ......................................................................... 3-1

3.1.1 Visão Geral do Corredor............................................................................................. 3-1

3.1.2. Condições Naturais .................................................................................................... 3-2

3.1.3 Situação Socioeconômica ........................................................................................ 3-16

3.1.4 Situação do Uso de Terra ......................................................................................... 3-22

3.1.5 Situação do Cadastro de Terras da Província de Nampula ...................................... 3-24

3.1.6 Infra-estrutura........................................................................................................... 3-25

3.2 Orientação a ser Tomada pela Administração Local e Estratégia de Desenvolvimento . 3-28

3.2.1 Descentralização e Administração Local .................................................................. 3-28

3.2.2 Política de Desenvolvimento a Nível Provincial........................................................ 3-30

3.2.3 Políticas de Desenvolvimento Distrital .................................................................... 3-33

3.2.4 Informação Sobre Remanescentes de Minas Antipessoais .................................... 3-33

3.3 Papel Econômico do Setor Agrícola ................................................................................ 3-33

3.4 Produção dos Principais Produtos Agropecuários e Evolução de Preços ..................... 3-34

3.4.1 Número de Famílias Agricultoras e Tamanho das Propriedades ............................ 3-34

3.4.2 Direito do Uso e Aproveitamento da Terra .............................................................. 3-35

3.4.3 Papel Econômico do Setor Agrícola ......................................................................... 3-35

3.4.4 Situação da Produção Agrícola por Zonas e Sistema de Produção ....................... 3-37

3.4.5 Pesca em Águas Internas ........................................................................................ 3-41

3.4.6 Pecuária ................................................................................................................. 3-42

3.4.7 Sivicultura................................................................................................................. 3-43

3.4.8 Irrigação ................................................................................................................... 3-43

3.5 Tendência de Preços e Cadeia de Valor.......................................................................... 3-45

3.5.1 Tendência de Preços das Principais Colheitas Alimentares ..................................... 3-45

3.5.2 Cadeia de Valor ........................................................................................................ 3-47

3.6 Agroindústria .................................................................................................................. 3-48

3.6.1 Situação do Progresso da Agroindústria .................................................................. 3-48

3.6.2 Situação Operacional das Agroindústrias ............................................................... 3-49

3.7 Situação dos Serviços de Apoio à Agricultura ................................................................ 3-54

3.7.1 Investigações .......................................................................................................... 3-54

3.7.2 Extensão .................................................................................................................. 3-60

3.7.3 Associações de Agricultores..................................................................................... 3-62

3.7.4 Financiamento Rural ................................................................................................ 3-66

3.8 Situação das Atividades das Entidades de Apoio .......................................................... 3-67

3.9 Temas do Setor da Agricultura e Temas do Desenvolvimento Agrícola ........................... 3-70

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

-iii-

CAPÍTULO 4 A PEQUENA AGRICULTURA NO BRASIL E AS POSSIBILIDADES DE

APLICAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJETO CERRADO

4.1 Visão Geral do Cerrado ................................................................................................... 4-1

4.1.1 O Que é o Cerrado ................................................................................................... 4-1

4.1.2 História de Desenvolvimento Agricola dos Cerrrados ................................................ 4-1

4.1.3 Linhas Gerais do Projeto PRODECER....................................................................... 4-2

4.1.4 Características do Projeto PRODECER..................................................................... 4-3

4.1.5 Cooperação Técnica e Pesquisas Conjuntas............................................................. 4-4

4.2 Situação da Gestão Agrícola e Produção dos Pequenos Produtores .............................. 4-6

4.2.1 Situação dos Pequenos Produtores Agrícolas no Brasil ........................................... 4-6

4.2.2 Custo de Produção de Hortaliças ............................................................................. 4-7

4.2.3 Situação do Mercado e da Gestão Agrícola ............................................................. 4-8

4.3 Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar....................................................... 4-10

4.3.1 Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar................................. 4-10

4.3.2 Programa de Aquisição da Agricultura Familiar........................................................ 4-12

4.4 Medidas de Preservação do Meio Ambiente do Cerrado Brasileiro................................. 4-13

4.4.1 Situação Corrente e o Desenvolvimento do Cerrado Brasileiro ............................... 4-13

4.4.2 As Medidas de Preservação do Meio Ambiente ....................................................... 4-14

4.5 Atividades dos Órgãos Envolvidos .................................................................................. 4-15

4.5.1 EMBRAPA ................................................................................................................ 4-15

4.5.2 EMATER-DF............................................................................................................. 4-22

4.5.3 SENAR..................................................................................................................... 4-27

4.5.4 Principais Organizações Relacionadas .................................................................... 4-31

CAPÍTULO 5 POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJETO

CERRADO NO DESENVOLVIMENTO DO CORREDOR DE NACALA

5.1 Semelhanças e Diferenças entre a Região do Cerrado e do Corredor de Nacala ............ 5-1

5.2 Possibilidades de Aplicação dos Resultados do Desenvolvimento do Projeto

Cerrado no Desenvolvimento do Corredor de Nacala ....................................................... 5-2

5.2.1 Utilização das Técnicas Agrícolas Aprendidas no Desenvolvimento do Cerrado ....... 5-2

5.2.2 Efeitos do Desenvolvimento Aprendidos com o Desenvolvimento do Cerrado .......... 5-4

Relatório Final

-iv-

CAPÍTULO 6 DIRETRIZES DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO NA ÁREA DO CORREDOR

DE NACALA (SAVANA TROPICAL) ATRAVÉS DA COOPERAÇÃO

TRILATERAL

6.1 Razão do Desenvolvimento Agrário na Área do Corredor de Nacala (Savana Tropical) ... 6-1

6.1.1 Peculiaridades da Agricultura Local e Necessidade do Desenvolvimento ................. 6-1

6.1.2 Possibilidade de Aumento da Produção Agrícola ..................................................... 6-2

6.1.3 Impacto Econômico do Setor de Processamento Agrícola......................................... 6-3

6.2 Objetivos e Orientações do Plano de Desenvolvimento.................................................... 6-4

6.2.1 Objetivos de Desenvolvimento ................................................................................... 6-4

6.2.2 Zoneamento da Região Alvo ...................................................................................... 6-7

6.2.3 Objetivo do Desenvolvimento Rural (Direção do Desenvolvimento) ........................ 6-10

6.3 Considerações das Medidas para a Concretização da Objetivo de Desenvolvimento .... 6-11

6.3.1 Aumento da Podutividade Agrícola .......................................................................... 6-11

6.3.2 Promoção do Processamento Agrícola .................................................................... 6-17

6.3.3 Organização dos Produtores.................................................................................... 6-21

6.3.4 Equipamento da Base Produtiva .............................................................................. 6-26

6.4 Papéis das Agências da Japão, Brasil e Moçambique .................................................... 6-29

6.5 Sugestões de Métodos de Realização ............................................................................ 6-30

CAPÍTULO 7 AVALIAÇÃO DA PRIMEIRA FASE DO PROJETO

7.1 Necessidades do Projeto Durante a Primeira Fase........................................................... 7-1

7.2 Projeto para Aumentar a Capacidade de Investigação...................................................... 7-1

7.3 Estudo do Projeto de Desenvolvimento Agrícola Integral na Zona do Corredor Nacala.... 7-2

7.4 Projeto de Estrutura de um Modelo de Desenvolvimento para as Comunidades Locais .. 7-4

CAPIÍTULO 8 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

8.1 Conclusão.......................................................................................................................... 8-1

8.2 Recomendações................................................................................................................ 8-1

Apêndice-1: Memorandum de Entendimento

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

-v-

Índice de Tabelas

página

Tabela 1.1.1 Alcance do Estudo ................................................................................................... 1-3

Tabela 2.1.1 Principais Indicadores Econômicos.......................................................................... 2-1

Tabela 2.2.1 Evolução da Produção dos Principais Alimentos...................................................... 2-3

Tabela 2.2.2 Evolução da Produção Agrícola para a Agroindústria .............................................. 2-3

Tabela 2.2.3 Situação da Rodução de Pequenos Produtores dos Principais Cultivos por

Província (2007) ....................................................................................................... 2-4

Tabela 2.2.4 Comparação do Volume de Consumo de Alimentos per Capita............................... 2-6

Tabela 2.2.5 Volume de Consumo Calórico .................................................................................. 2-7

Tabela 2.2.6 Produtos Agropecuários de Acordo com o Valor (2007) ........................................... 2-8

Tabela 2.2.7 Valor dos Principais Produtos de Exportação (2008) ............................................... 2-9

Tabela 2.2.8 Volume Importado dos Principais Alimentos por Cidade ........................................ 2-10

Tabela 2.3.1 Projeção do Volume de Mercado e Plano de Produção dentro da Estratégia da

Revolução Verde .................................................................................................... 2-16

Tabela 3.1.1 Área da Região de Estudo (km2) .............................................................................. 3-2

Tabela 3.1.2 Classificação de Solos do o Ponto de Vista Agroecológico em Moçambique ........ 3-10

Tabela 3.1.3 Conflitos que Ocorrem em Distritos e Áreas Próximas ao Corredor de Nacala ..... 3-13

Tabela 3.1.4 Resumo das Condições Agrícolas na Àrea do Estudo ........................................... 3-16

Tabela 3.1.5 Área e População da Zona do Corredor de Nacala................................................ 3-17

Tabela 3.1.6 População da Área de Estudo (1/1/2005)............................................................... 3-17

Tabela 3.1.7 PIB Regional e PIB per Capita na Zona do Corredor de Nacala ............................ 3-18

Tabela 3.1.8 Taxa de Alfabetização de Adultos na Região Alvo (2008) ...................................... 3-19

Tabela 3.1.9 Volução do Número de Salas de Aula e Alunos no EP1 e EP2 da Província de

Nampula (2005 a 2009).......................................................................................... 3-20

Tabela 3.1.10 Instalações de Saúde ............................................................................................. 3-20

Tabela 3.1.11 Cadastro de Terras (não cadastradas) da Província de Nampula (km2)................. 3-24

Tabela 3.1.12 Cadastro de Terras de Grandes Áreas da Província de Nampula.......................... 3-25

Tabela 3.1.13 Cargas Movimentadas no Porto de Nacala ............................................................ 3-26

Tabela 3.2.1 Proposta de Orçamento da Direcção Provincial da Agricultura (2010)................... 3-30

Tabela 3.2.2 Nampula em Números Socioconômicos................................................................. 3-31

Tabela 3.2.3 Programa de Nampula ........................................................................................... 3-32

Tabela 3.2.4 Indicadores da Estratégia de Desenvolvimento da Província de Niassa................ 3-32

Tabela 3.3.1 Produção Provincial Total e Proporção de Cada Setor (2008) ............................... 3-34

Tabela 3.4.1 Número de Agricultores por Área de Terreno e Área Media das Propriedades...... 3-35

Tabela 3.4.2 Evolução da Produção dos Principais Produtos Agrícolas ..................................... 3-36

Relatório Final

-vi-

Tabela 3.4.3 Situação da Produção de Alimentos por Zona (2006/2007) ................................... 3-37

Tabela 3.4.4 Situação da Produção de Colheitas para a Indústria por Zonas............................. 3-38

Tabela 3.4.5 Número de Famílias que Possuem Tanque de Cultivo e Produtores que Cultivam

Peixe por Distrito.................................................................................................... 3-42

Tabela 3.4.6 Produção Pecuária Separada por Classe de Pecuarista........................................ 3-43

Tabela 3.4.7 Silvicultura .............................................................................................................. 3-43

Tabela 3.5.1 Porcentagem de Produtos Enviados ao Mercado por Alimentos (%)..................... 3-46

Tabela 3.5.2 Cadeia de Valor dos Principais Cultivos (em Outubro de 2009) ............................. 3-47

Tabela 3.6.1 Situação da Evolução das Agroindústrias na Província de Nampula ..................... 3-49

Tabela 3.6.2 Situação das Agroindústrias (1).............................................................................. 3-51

Tabela 3.6.2 Situação das Agroindústrias (2) ............................................................................ 3-52

Tabela 3.6.2 Situação das Agroindústrias (3).............................................................................. 3-53

Tabela 3.7.1 Sumário das Estações e Postos Agrários da Região Alvo de Estudo .................... 3-57

Tabela 3.7.2 Funcionários do IIAM.............................................................................................. 3-69

Tabela 3.7.3 Número de Extensionistas por Distritos da Área do Projeto................................... 3-61

Tabela 3.8.1 Ações de Apoio dos Principais Cooperantes na Região do Corredor Nacala ........ 3-67

Tabela 3.8.2 Ações de Apoio das ONGs na Região do Corredor Nacala ................................... 3-69

Tabela 3.9.1 Temas y Fatores de Impedimento para o Desenvolvimento Agrícola (aumento

da produção) .......................................................................................................... 3-71

Tabela 4.1.1 Principais Projetos da Cooperações Técnicas e Financeiras de Nipo-brasileira

na Área de Cerrado.................................................................................................. 4-6

Tabela 4.2.1 Custo de Produção dos Principais Produtos ............................................................ 4-8

Tabela 4.2.2 Situação da Gestão Agrícola dos Pequenos Produtores.......................................... 4-9

Tabela 4.2.3 Situação da Gestão Agrícola de Médios Produtores .............................................. 4-10

Tabela 4.3.1 Modalidades do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar ...... 4-12

Tabela 4.5.1 Estimativa de Alteração de Terras Adequadas para os Principais Produtos

Cultivados no Brasil, Causada pelo Aquecimento Global....................................... 4-17

Tabela 4.5.2 Seminários de Treinamento em Institutos da EMBRAPA que Tiveram

Participantes Moçambicanos (Treinamentos desde 2004) ..................................... 4-20

Tabela 4.5.3 Programa de Cursos do SENAR ............................................................................ 4-29

Tabela 4.5.4 Linhas de Ação do SENAR e Exemplos de Cursos Oferecidos ............................. 4-30

Tabela 5.1.1 Semelhanças e Diferenças entre o Desenvolvimento do Cerrado e da

Savana Tropical Africana ......................................................................................... 5-2

Tabela 5.2.1 Possibilidades de Aplicação da Experiência de Desenvolvimento do Cerrado

Brasileiro na Área do Estudo.................................................................................... 5-7

Tabela 6.1.1 Geração do Valor Agregado por cada Produto Agrícola ........................................... 6-3

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

-vii-

Tabela 6.1.2 Capacidade de Absorção de Emprego das Empresas de Processamento Agrícola 6-4

Tabela 6.3.1 Desafios para o Aumento da Produtividade na Região Alvo do Estudo e Propostas

de Medidas............................................................................................................. 6-13

Tabela 6.3.2 Padrão para a Escolha dos Produtos Agrícolas e Artigos Processados

Prioritários ............................................................................................................ 6-18

Tabela 6.3.3 Sumário do Cluster Agrícola................................................................................... 6-19

Tabela 6.3.4 Programa/Projetos de Apoio................................................................................... 6-28

Tabela 6.5.1 Plano Período de Execução ................................................................................... 6-30

Relatório Final

-viii-

Índice de Figuras página

Figura 2.1.1 Evolução da taxa de Participação de cada Setor Produtivo no PIB ......................... 2-2

Figura 2.2.1 Comparação da Produtividade dos Principais Produtos........................................... 2-5

Figura 2.2.2 Porcentagem de Consumo de Calorias por Produtos (%)........................................ 2-7

Figura 2.2.3 Comparação entre Volume Exportado e Valor Importado dos Principais

Produtos Agrícolas ..................................................................................................2-11

Figura 2.3.1 Estrutura Administrativa do Ministério da Agricultura.............................................. 2-18

Figura 3.1.1 Índice de Variação Pluviométrica Anual Mundial...................................................... 3-2

Figura 3.1.2 Distribuição da Altitude em Moçambique e Distritos da Área do Estudo.................. 3-4

Figura 3.1.3 Volume Pluviométrico durante o Período de Chuvas (novembre-abril), em

Moçambique e Distritos da Área do Estudo ............................................................. 3-4

Figura 3.1.4 Volume Pluviométrico durante o Período de Chuvas, em Moçambique e

Distritos da Área do Estudo...................................................................................... 3-5

Figura 3.1.5 Declividade na Zona do Corredor de Nacala.......................................................... 3-81

Figura 3.1.6 Bacias Hidrográficas na Região da ARA-Centro Norte ............................................ 3-8

Figura 3.1.7 Solos na Zona do Corredor de Nacala ................................................................... 3-83

Figura 3.1.8 Classificação Agroecológica de Moçambique ........................................................ 3-11

Figura 3.1.9 Uso e Cobertura da Terra na Zona do Corredor de Nacala.................................... 3-85

Figura 3.1.10 Rotas Migratórias dos Elefantes............................................................................. 3-13

Figure 3.1.11 Grau de Vulnerabilidade dos Distritos dentro da Área do Estudo com Relação

à Erosão ................................................................................................................. 3-14

Figura 3.1.12 Grau de Vulnerabilidade dos Distritos da Área do Estudo com Relação

a Desastres Naturais .............................................................................................. 3-14

Figura 3.1.13 Zonas Consideradas Próprias para o Cultivo de Amendoim (esquerda) e Zonas

de Forte Utilização de Solo para Cultivo (direita) ................................................... 3-15

Figura 3.1.14 Estrutura dos Setores Econômicos na Província de Nampula ............................... 3-18

Figura 3.1.15 Estrutura dos Setores Econômicos na Província de Niassa................................... 3-18

Figura 3.1.16 Sistema de Encaminhamento de Hospitais (no caso da província de Nampula) ... 3-20

Figura 3.1.17 Mapa de Ocupação das Terras – Província de Nampula ....................................... 3-22

Figura 3.1.18 Uso de Terras da Província de Niassa................................................................... 3-23

Figura 3.1.19 Uso de Terras da Província de Zambézia .............................................................. 3-24

Figura 3.1.20 Rede de Rodovias da Província de Nampula......................................................... 3-28

Figura 3.2.1 Estrutura da Administração Local........................................................................... 3-29

Figura 3.5.1 Variação de Preços do Milho no Varejo por Zonas................................................. 3-46

Figura 3.7.1 Organização dos Institutos de Investigação de Moçambique................................. 3-55

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

-ix-

Figura 3.7.2 Localização dos Institutos de Investigação Agrária e Centros Zonais de

Moçambique........................................................................................................... 3-56

Figura 3.7.3 Sistema de Coleta e Despacho Coletivo de IKURU ............................................... 3-65

Figura 4.4.1 Bioma Cerrado Áreas Prioritárias........................................................................... 4-15

Figura 5.2.1 Exemplo do Efeito de Indução nas Indústrias Afins dos Derivados de Soja............. 5-5

Figura 5.2.2 Exemplo da Composição de Custo (castanha de caju) ............................................ 5-6

Figura 6.1.1 Contribuição de Cada Setor no PIB Provincial de Nampula (%) .............................. 6-2

Figura 6.2.1 Mapa das Quatro Áreas do Corredor de Nacala .................................................... 6-33

Figura 6.2.2 Mapa de Isoetas de Precipitação ............................................................................. 6-9

Relatório Final

-x-

Abreviaturas

ABC Agência Brasileira de Cooperação

AfDB Banco Africano de Desenvolvimento

AMODER Associação Moçambicana para o Desenvolvimento Rural

ANE Administração Nacional de Estradas

ARA Administração Regional das Águas

AusAID Agencia Australiana para o Desenvolvimento Internacional

CAMPO Companhia de Promoção Agrícola

CDN Corredor de Desenvolvimento de Norte

CFM Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique

CIDA Agencia Canadense para o Desenvolvimento Internacional

CLUSA Liga das Cooperativas dos Estados Unidos da América

CPAC Centro de Pesquisa Apropecuária do Cerrado Ltda.

CPI Centro de Promoção de Investimentos

DANIDA Agencia Dinamarquesa para o Desenvolvimento Internacional

DARN Direção de Agronomia e Recursos Naturais

DCA Direção de Ciências Animais

D/D Desenho Detalhado

DFDTT Direção de Formação, Documentação e Transferência de Tecnologias

DfID Departamento de Desenvolvimento Internacional

DPAF Direção de Planificação, Administração e Finanças

EDEL Estratégia de Desenvolvimento Econômico Local

EDR Estratégia de Desenvolvimento Rural

EMATER-DF Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias

EU União Européia

FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação

FDI Investimento Externo Direto

FFPI Fundo de Promoção da Pequena Indústria

FMI Fundo Monetário Internacional

FORA Organizações para o Marketing de Agricultores

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

-xi-

F/S Estudo de Viabilidade

GTZ Agencia de Cooperação Técnica Alemã

IDIL Instituo para o Desenvolvimento da Indústria Local

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IIAM Instituto de Investigação Agrária de Moçambique

IIP Instituto Internacional para a Padronização

INE Instituto Nacional de Estatística

IPEX Instituto de Promoção das Exportações de Moçambique

JBIC Banco Japonês para a Cooperação Internacional

JICA Agencia de Cooperação Internacional do Japão

JIRCAS Centro de Pesquisa Internacional do Japão para as Ciências Agrícolas

JPC-SED Centro Japonês de Produtividade para o Desenvolvimento Socioeconômico

LOLE Lei dos Órğas Locais do Estado

MADER Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural

MCC Millennium Challenge Corporation

MIC Ministério de Indústria e Comércio

MICA Ministry of Environmental Affairs

MINAGRI Ministério da Agricultura

MOU Minuta de Entendimento

MPD Ministério da Planificação e Desenvolvimento

MSME Instituto para a Micro, Pequena e Média empresa

NDI Investimento Direto Interno

NEPAD Nova Parceria para o Desenvolvimento da África

NORAD Agencia Noruega para o Desenvolvimento

OE Orçamento do Estado

PAA Programa de Aquisição de Alimentos

PADAP Plano de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba

PAPA Plano de Ação para a Produção de Alimentos

PARPA Plano de Ação para a Redução da Pobreza Absoluta

PE Plano Estratégico

PEDD Plano Estratégico de Desenvolvimento Distrital

Relatório Final

-xii-

PEDP Plano Estratégico de Desenvolvimento Provincial

PEDSA Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário

PEP Plano Estratégico de Desenvolvimento da Província

PES Plano Econômico Social

PESOP Plano Econômico e Social Orçamento

PIB Produto Nacional Bruto

PME Pequenas e Médias Empresas

PNCF Programa Nacional de Crédito Fundiário

PNRA Programa Nacional de Reforma Agrária

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

POLOCENTRO Programa de Desenvolvimento dos Cerrados

PROAGRI Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRODECER Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados

RNB Renda Nacional Bruta

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEDAE Servicio Distrital de Actividades Economicas

SEMOC Sementes de Moçambique

SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SIDA Agencia Sueca de Desenvolvimento Internacional

UCODIN Unidade de Coordenação de Desenvolvimento Integral da Província de Nampula

UGC União Geral de Cooperação

UNIDO Organização das Nações Unidas Para o Desenvolvimento Industrial

USAID Agencia Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional

UTE Unidade Técnica Estadual

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

1-1

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

1.1. Antecedentes e Objetivo do Estudo

1.1.1. Antecedentes do Estudo

Ao norte de Moçambique, encontra-se a zona da savana tropical com um volume constante

de chuvas em uma vasta área geográfica, o que favorece particularmente a agricultura, e

apresenta um grande potencial de expansão da produção agrícola. Porém, nesta zona, ainda

hoje, a agricultura praticada se dá por meios tradicionais e os produtores não estão

devidamente organizados. Assim, é recomendável o aumento da produtividade agrícola por

meio da introdução de técnicas agrícolas mais modernas, a injeção de capital e a formação

da organização de produtores.

O Japão tem uma experiência de mais de 20 anos de cooperação em desenvolvimento

agrícola na zona do cerrado brasileiro (savana tropical). Atualmente a região do cerrado

brasileiro é uma das zonas de maior produção agrícola a nível mundial. Os governos do

Brasil e do Japão vêm trabalhando conjuntamente para traçar políticas de cooperação para o

desenvolvimento agrícola na África, avaliando a possibilidade de transferir a experiência

adquirida com o desenvolvimento da agricultura no cerrado para as zonas de savana tropical

que se distribuem pelo continente africano. Nesta ocasião, Moçambique foi selecionado

como o primeiro país a ser parte desta cooperação trilateral com o Japão e o Brasil.

Considerando entendimentos anteriores, a Missão Japonesa, Chefiada pelo Vice-Presidente

Sênior da JICA, Kenzo Oshima e a Missão Brasileira, Chefiada pelo Diretor da Agência

Brasileira de Cooperação (ABC), Ministro Marco Farani, visitaram a República de

Moçambique de 16 a 19 de Setembro de 2009. Durante a estadia, a Missão Conjunta

manteve uma série de reuniões com o Ministro da Agricultura, Soares B. Nhaca, o Ministro

da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia e outras autoridades concernentes

deste país, sobre a estrutura básica do Programa de Cooperação Trialateral para o

Desenvolvimento da Agricultura das Savanas Tropicais de Moçambique, e assinaram um

Memorando de Entendimento no dia 17 de setembro de 2009 em Maputo.

Seguindo o Memorando, a JICA enviou uma Equipe de Estudo a Moçambique para realizar

o "Estudo Preliminar do Programa da Cooperação Trialateral para o Desenvolvimento da

Agricultura das Savanas Tropicais em Moçambique" a partir de 20 de setembro de 2009,

dando início, assim, ao estudo básico. Este relatório é resumido os resultados do estudo

realizado.

Relatório Final

1-2

1.1.2. Objetivo do Estudo

O objetivo deste Estudo é composto pelos seguintes aspectos:

(1) Avaliar pontos que podem ser aproveitados e depois aplicados na savana tropical, em

Moçambique, a partir da experiência adquirida com o desenvolvimento agrícola no

cerrado.

(2) Recomendações para futuros projetos de cooperação bilateral entre o Japão e o Brasil

quanto ao direcionamento a ser tomado (resumo da cooperação, dimensão e

efetividade).

Também considerando os próximos projetos de cooperação técnica conjunta entre o Japão e

o Brasil:

(1) Apoio para aumentar a capacidade de pesquisa relacionada com o melhoramento do

solo e a seleção de variedades de produtos adequados (projeto de cooperação técnica);

(2) Projeto de desenvolvimento agrícola integrado da zona (Plano Diretor). Para isto,

serão formuladas recomendações para elevar o grau de execução dos futuros projetos

de cooperação conjunta (resumo da cooperação, dimensão, efetividade).

(3) Projeto piloto, com a seleção de uma localidade em nível de aldeia ou povoado

(projeto de cooperação técnica);

1.2. Área do Estudo

O Estudo ocorre em Moçambique, especialmente ao norte do país, no corredor da zona de

Nacala. Os seguintes 12 distritos foram propostos como área de abrangência do Estudo pela

parte Moçambicana.

Província de Nampula: Malema, Ribáuè, Murrupula, Nampula, Meconta, Mogovolas,

Muecate e Monapo

Província de Niassa: Mandimba e Cuamba

Província de Zambézia: Gurué e Alto Molocue

1.3. Período e Alcance do Estudo

O presente Estudo foi realizado de meados de setembro de 2009 até o final de março de

2010, por um período de 6 meses. Os principais trabalhos a serem realizados, assim como os

objetivos, estão relacionados a seguir.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

1-3

Tabela 1.1.1 Alcance do Estudo

Trabalhos Principais objetivos Relatórios

Passo1:

Trabalhos preparatórios no Japão

Preparação para a execução do Estudo, planificação

do Estudo, preparação do Relatório Inicial. Relatório Inicial

Passo 2:

Primeiro Trabalho de Campo em

Moçambique

Explicação e Discussão sobre o Relatório Inicial,

confirmação do projeto principal e políticas agrícolas,

intercâmbio de opiniões entre os doadores,

esclarecimento sobre a situação existente na região de

Nacala e seleção de temas do setor agrícola.

Passo 3:

Primeiro Trabalho de Campo no

Brasil

Estudos relacionados com o desenvolvimento do

cerrado, comparação entre as semelhanças e

diferenças do desenvolvimento do cerrado e o

desenvolvimento agrícola de Moçambique.

Passo 4:

Análise das informações no Japão (1)Preparação do Relatório Interino Relatório Interino

Passo 5:

Segundo Trabalho de Campo em

Moçambique

Explicação e discussão sobre o Relatório Interino,

estudos complementares do primeiro trabalho em

campo, avaliação do projeto de cooperação técnica

entre o Brasil e o Japão.

Passo 6:

Segundo Trabalho de Campo no

Brasil

Estudos complementares do primeiro trabalho de

campo

Passo 7:

Análise das informações no Japão (2)

Preparação do esboço do Relatório Final, para

apresentação dos resultados do Estudo em um

simpósio internacional.

Esboço do

Relatório Final

Passo8:

Terceiro Trabalho de Campo em

Moçambique

Explicação e Discussão do Esboço do Relatório Final

Passo 9:

Análise das informações no Japão (3)

Preparação do Relatório Final, Fornecimento dos

resultados do Estudo para o Simpósio Internacional Relatório Final

1.4. Instituçõies Contrapartes

Este Estudo é um projeto conjunto entre Japão e Brasil para Moçambique. As principais

entidades de cada país envolvidas no processo são:

Brasil: Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (EMBRAPA), Empresa de Assistência Técnica e Extensão

Rural do Distrito Federal (EMATER-DF), Serviço Nacional de

Aprendizagem Rural (SENAR), entre outros.

Moçambique: Ministério de Agricultura (MINAG), Instituto de Investigação Agrária de

Moçambique (IIAM), Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD),

entre outros.

Relatório Final

1-4

1.5. Membros da Equipe do Estudo

As especialidades dos 8 membros da Equipe de Estudo da JICA são:

Líder/Plano da Cooperação Keiji Matsumoto

Sub-Líder/Política Agrícola Yutaka Nozaki

Economia Agrícola Tetsuo Mizobe

Comércio Agrícola Kumi Okayama

Meio Ambiente Toshimori Nakane

Desenvolvimento Social Nobuko Miyake

Pesquisa Agrícola Kiyoko Hitsuda

Coordenador Marilda Nakane

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

2-1

CAPÍTULO 2 SITUAÇÃO E TEMAS DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO EM MOÇAMBIQUE

2.1. Posição do Setor Agrário na Economia Nacional

Uma vez finalizada a eleição presidencial em 1994, a partir de 1995 teve início o processo

democrático em Moçambique. Tendo este ano como marco, o Produto Interno Bruto do país

(PIB) começou a apresentar um crescimento anual elevado, num patamar de 8%, até a

metade da década de 2.000. E mesmo durante os últimos 5 anos (2003~2007), a taxa vem

se mantendo elevada, ao redor de 7,7% anual (Tabela 2.1.1). Juntamente com essa elevada

taxa de crescimento, o PIB per capita apresentou um crescimento significativo, de US$144

em 1995 para US$400 em 2007. A taxa de pobreza com relação à população total mostrou

uma redução significativa; em 1996 representava 69%, caindo para 54% em 2003 e a

previsão para o ano de 2009 é que a taxa reduza para 45% (PAPRA II, 2006).

Tabela 2.1.1 Principais Indicadores Econômicos

1995 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

GDP (US$ bilhões) 2,3 4,2 4,1 4,2 4,7 5,7 6,6 7,2 8,1 Variação anual PIB 2,3 1,5 12,3 9,2 6,5 7,9 8,4 8,7 7,0 PIB per capita (US$) 144 237 226 228 248 297 337 362 400 PPC per capita PIB (US$)* 311 474 533 580 619 664 711 782 843 Preço médio ao consumidor ** 54 13 9 17 13 13 6 13 8 População (milhões) 15,0 17,4 17,9 19,1 19,6 20,1 20,5 21,0 21,4

Fonte: World Economic Outlook, FMI, Abril, 2009, http://www.imf.org/ Obs.: * PPP = Paridade do Poder de Compra ** Variação percentual anual de preços ao consumidor

Por outro lado, a taxa de crescimento do setor agrário durante o período 1995 – 2007 foi

5,3% menor que as taxas de crescimento do setor industrial e de serviços no mesmo período.

Como resultado, a participação do setor agrário no PIB decresceu do patamar de 30%

registrado em 1997 para cerca de 20% posteriormente ao ano 2000. Porém, o setor agrário

emprega, atualmente, aproximadamente 80% da população economicamente ativa

(9.600.000 em 2007), é responsável por cerca de 10% do total do volume de exportações do

país, além de ser fonte de matéria prima para as agroindústrias, cumprindo um papel

socioeconômico relevante.

Relatório Final

2-2

Fonte: Preparado a partir de dados do Anuário Estatístico (INE), 2001, 2007

Figura 2.1.1 Evolução da Taxa de Participação de cada Setor Produtivo no PIB

2.2. Tendência de Produção do Setor Agrário

2.2.1. Tendência da Produção dos Principais Produtos

De acordo com o Censo Agrário (2000), havia um total de 3.060.000 famílias agricultoras,

sendo que a área média de cada propriedade era de 1,3 ha. Também de acordo com o

PLANO ESTRATÉGICO PARA O DESENVOLVIMENTO DO SECTOR AGRÁRIO:

PEDSA, 2010 - 2019 elaborado em 2009, há um total de 3.600.000 (2008) famílias

agricultoras, o que significa que durante os últimos 8 anos, houve um incremento de 540.000

famílias no setor.

Estima-se que o total de área cultivável no país chega a 36 milhões de ha, entretanto,

aproximadamente 16% do total, ou seja, 5.700.000 ha estão sendo efetivamente utilizados. A

maioria dos produtores pratica a agricultura de subsistência, depende da água das chuvas, e a

área irrigada representa apenas 0,3% do total da área cultivada no país.

O milho, que é o principal alimento cultivado, apresenta a maior área (1.350.000 ha),

seguido pela mandioca, sorgo e arroz, nesta ordem (Tabela 2.2.1). Estes alimentos básicos

são produzidos principalmente para o autoconsumo e somente o excedente é vendido no

mercado local. Porém, os agricultores das províncias de Nampula, Niassa e Tete, que se

encontram próximos às fronteiras do Malaui e Zâmbia, tendem a dar prioridade para a

exportação do milho produzido, portanto se observa um aumento na freqüência do déficit da

oferta desse produto dentro da mesma província. (Special Report, FAO/WFP Crop and Food

Supply Assessment Mission to Mozambique, 2005).

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

2-3

Tabela 2.2.1 Evolução da Produção dos Principais Alimentos

Área de Produção 1.000 ha, Volume de Produção 1.000 ton

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Área 1.350 1.193 1.270 1.356 1.311 1.230 1.664 1.350Milho

Volume 1.180 1.114 1.178 1.247 1.437 1.403 1.417 1.152

Área 54 100 105 105 111 78 57 60Painço

Volume 31 61 49 48 53 36 22 25

Área 184 155 172 178 178 180 160 165Arroz (sem polir)

Volume 180 93 117 200 177 174 99 104

Área 333 420 501 515 528 488 406 300Sorgo

Volume 193 313 314 314 337 307 204 169

Área 925 925 834 1.019 1.045 1.068 1.105 857Mandioca

Volume 5.361 5.361 5.974 5.924 6.149 6.412 6.500 6.764

Fonte: Preparado a partir de dados do Departamento de Economia do Ministério de Agricultura, 2009

Além dos produtos alimentícios mencionados acima, são produzidos também o algodão, o

tabaco e a castanha de caju, voltados para o mercado externo. Tais culturas são produzidas

tradicionalmente por pequenos produtores, como produtos agrícolas para comercialização.

Estes produtos são comprados diretamente pelas empresas processadoras, mas seus preços

oscilam anualmente de acordo com o mercado internacional.

Tabela 2.2.2 Evolução da Produção Agrícola para a Agroindústria Unidade: ton

1995-1999 2000-2004 2005-2007

Algodão 63.894 64.748 111.000

Tabaco 3.756 26.102 68.000

Castanha de caju 50.539 50.665 63.000

Amendoim 22.987 33.102 -

Fonte: Preparado a partir de dados da Estratégia da Comercialização Agrícola, MIC, 2006

Porém, o governo estabelece preços mínimos para o algodão e este é um dos poucos

incentivos que recebem os produtores agrícolas. Apesar de não aparecer nas estatísticas,

também são produzidos produtos agrícolas não tradicionais como o gergelim, a soja e o

girassol, havendo uma tendência no aumento da produção destes produtos nos últimos anos.

Existem três áreas de produção que são as regiões norte, centro e sul e os sistemas de

produção de cada uma destas regiões são diferenciados. Ao norte e ao centro são produzidos

principalmente o milho, mandioca, arroz, sorgo, feijão e matéria prima para a agroindústria

(algodão, tabaco, castanha de caju, etc.) com sistemas de produção relativamente

semelhantes. Comparada às demais regiões, a ocorrência de chuvas na zona sul é menor e a

porcentagem de áreas próprias para a agricultura é menor, e a produção está limitada ao

milho e à mandioca (Tabela 2.2.3).

Relatório Final

2-4

Tabela 2.2.3 Situação da Produção de Pequenos Produtores dos Principais Cultivos por Província (2007)

Volume de produção: 1.000 ton Região Norte Região Centro Região Sul

Niassa

Cabo Delgado

Nam-pula

Zam-bézia

Tete Manica SofalaInham- bane

Gaza Maputo Total

Milho 104 86 94 229 212 212 97 29 61 11 1.133

Painço 1 0 2 3 11 2 4 0 2 - 25

Arroz (sem polir) 3 12 10 62 0 2 11 2 2 0 103

Sorgo 8 18 21 14 22 44 36 3 1 - 169

Feijão 16 0 4 15 12 3 1 0 3 0 55

Mandioca 88 45 1.144 2.322 24 171 123 442 156 42 4.959

Fonte: Preparado a partir de dados do Trabalho Inquérito Agrícola (TIA), Ministério de Agricultura, 2007

2.2.2. Nível de Produtividade dos Principais Produtos

A Figura 2.2.1 mostra uma comparação entre a produtividade da produção do milho, arroz,

algodão e cana de açúcar em Moçambique com relação ao Brasil, ao mundo e à África. A

produtividade do milho e arroz em Moçambique, comparada a do Brasil é de 1/4, e com

relação ao algodão e a cana de açúcar corresponde somente de 1/7 a 1/10, respectivamente.

Nesta mesma figura se observa que a produtividade dos principais cultivos em Moçambique

ocorre lentamente em um período prolongado. Esta baixa produtividade não apresentou

variações mesmo depois de 2006 quando houve um incremento nos preços internacionais,

sendo evidente o baixo reflexo de preços na produtividade.

O Ministério da Agricultura de Moçambique e os países e órgãos internacionais que apoiam

o desenvolvimento agrícola no país (tais como FAO, Banco Mundial, FIDA, USAID)

apontam como causas da baixa produção agrícola os seguintes fatores:

1) Pequena área de terra per capita e produção que depende da chuva;

2) Produção agrícola baseada em trabalho manual;

3) Produção agrícola que depende excessivamente de mão de obra feminina;

4) Dificuldade de acesso ao mercado (insuficiência de estradas para transporte de

produtos agrícolas);

5) Insuficiência de técnicas de produção voltadas para o mercado;

6) Pouco investimento em insumos de produção, como fertilizantes, sementes

melhoradas, etc.;

7) Técnicas de extensão inadequadas para a capacidade dos agricultores;

8) Deficiência do sistema de extensão técnica (insuficiência absoluta de extensionistas

e materiais de divulgação).

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

2-5

0

1

2

3

4

5

6

197576 77 78 79198081 82 83 84 85 86 87 88 89199091 92 93 94 95 96 97 98 99200001 02 03 04 05 06 07

Mundo África África do Sul Moçambique Brasil

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

197576 77 78 79198081 82 83 84 85 86 87 88 89199091 92 93 94 95 96 97 98 99200001 02 03 04 05 06 07

Mundo África África do Sul Moçambique Brasil

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

197576 77 78 79198081 82 83 84 85 86 87 88 89199091 92 93 94 95 96 97 98 99200001 02 03 04 05 06 07

Mundo África África do Sul Moçambique Brasil

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

197576 77 78 79198081 82 83 84 85 86 87 88 89199091 92 93 94 95 96 97 98 99200001 02 03 04 05 06 07

Mundo África África do Sul Moçambique Brasil

Fonte: Preparado a partir de dados de FAOSTAT, 2009

Figura 2.2.1 Comparação da Produtividade dos Principais Produtos

2.2.3. Situação do Consumo de Alimentos

A cultura consumida em maior quantidade per capita entre os alimentos principais em

Moçambique é de mandioca com um consumo anual de 250 kg. O consumo de mandioca

tem vindo a aumentar com uma taxa anual de cerca de 4% desde 1995 (Tabela 2.2.4).

Enquanto o consumo per capita de milho é de cerca de 60 kg, de arroz com baixo volume de

produção e de trigo que é dependente de importação são consumidos mais ou menos 15 kg,

respectivamente. Estes são caracterizados por uma grande variação anual. O consumo de

alimentos dos principais produtos per capita em Moçambique, com exceção do milho e da

mandioca, é aproximadamente 20 % menor comparado o consumo de culturas com outras

nações Africanas. Particularmente, o consumo de carne, que é uma fonte importante de

proteínas, com exceção do frango, é extremamente baixo entre os países Africanos.

Arroz

Cana de açúcar Algodão

Milho

Relatório Final

2-6

1995 48 41 42 1995 208 105 802000 50 38 42 2000 217 102 792001 63 37 41 2001 217 102 782002 66 37 41 2002 240 100 772003 58 38 41 2003 247 101 78

1995 7 16 17 1995 15 14 452000 11 18 18 2000 26 18 462001 7 19 19 2001 13 19 472002 9 19 19 2002 13 20 472003 15 20 20 2003 19 22 48

1995 2 4 6 1995 0.2 2 22000 2 5 6 2000 0.1 2 22001 2 5 5 2001 0.2 2 22002 2 5 5 2002 0.2 2 22003 2 5 5 2003 0.1 2 2

1995 2 2 4 1995 7 29 362000 2 2 4 2000 6 28 362001 2 2 4 2001 5 29 372002 3 2 4 2002 5 30 382003 2 2 5 2003 4 30 38

Milho Mandioca

Ano Moçambique África Ano Moçambique ÁfricaSub-Saara Sub-Saara

Arroz (Polido) Trigo

MoçambiqueAno África Ano Moçambique ÁfricaSub-Saara Sub-Saara

Carne Bovina Cordeiro (inclusive cabrito)

Ano Moçambique África AnoSub-Saara Moçambique ÁfricaSub-Saara

Carne de Frango Leite

ÁfricaAno Moçambique ÁfricaAno MoçambiqueSub-Saara Sub-Saara

Tabela 2.2.4 Comparação do Volume de Consumo de Alimentos per Capita Unidade: kg/pessoa/ano

Fonte: Preparado com dados do FAOSTAT, 2009

Como resultado, o consumo de calorias per capita é de 2.081 kcal/dia (2003), nível bastante

baixo, 10~20% menor, mesmo quando comparado com outros países africanos e do

Sub-Saara (Tabela 2.2.5). Também como se mostra na Figura 2.2.2, 75% das fontes de

caloria procedem de cultivos como a mandioca, milho, arroz e trigo e a porcentagem de

dependência na mandioca chega a 37%.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

2-7

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

30.0

35.0

40.0

Tabela 2.2.5 Volume de Consumo Calórico kcal/pessoa/dia

Fonte: Preparado a partir de dados do Food balance sheet, FAOSTAT, 2009

Fonte: Preparado a partir de dados do Food balance sheet, FAOSTAT, 2009

Figura 2.2.2 Porcentagem de Consumo de Calorias por Produtos (%)

2.2.4. Valor da Produção Agropecuária

O valor total do produto agropecuário em Moçambique representa aproximadamente 1

bilhão 152 milhões de dólares (2007), sendo que 86% correspondem a produtos agrícolas e

seus derivados (Tabela 2.2.6). Tanto a mandioca como o milho, que são os produtos

principais, respondem juntamente por aproximadamente 41% do total do valor produzido

sendo, portanto, os produtos mais importantes do setor agrícola. Entretanto, o preço por

tonelada de mercado destes produtos principais é de 72 dólares e 95 dólares respectivamente,

sendo bastante baixo comparado ao valor dos produtos agropecuários processados (fio de

algodão, tabaco, carne bovina e de frango), que chegam a aproximadamente entre 1.200~

2.000 dólares.

Moçambique Sub Saara África

1995 1.786 2.141 2.369

2000 1.983 2.191 2.409

2001 2.037 2.202 2.420

2002 2.091 2.204 2.423

2003 2.081 2.217 2.436

Taxa de crescimento% 3,9 0,9 0,7

Relatório Final

2-8

Tabela 2.2.6 Produtos Agropecuários de Acordo com o Valor (2007)

No. Produto/Processado Volume (ton)

Valor ($/ton)

Valor produção % ($1.000)

1. Mandioca 5.038,623 72 363.083 322. Fio de Algodão 94.231 1.484 139.884 123. Milho 1.152.050 95 109.814 94. Tabaco (sem processar) 34.132 1.823 62.230 55. Leguminosas 205.000 243 49.819 46. Castanha de caju (com casca) 74.395 657 48.879 47. Cana de açúcar 2.060.667 21 42.800 48. Amendoim (com casca) 102.932 372 38.336 39. Coco 265.000 90 23.966 210. Óleo de mamona 54.515 392 21.409 211. Verduras (fresca) 105.000 188 19.703 212. Arroz (sem polir) 104.655 186 19.480 213. Sorgo 169.543 114 19.426 214. Fruta (fresca) 115.000 159 18.343 215. Caroço de algodão 113.000 157 17.744 1 Sub-total 994.916 86 1.

Produtos pecuários Carne bovina

29.264

2.068

60.528 6

2. Carne de frango 35.482 1.166 41.387 43. Carne de cabrito 25.200 1.523 38.368 34. Leite de vaca (integral, fresco) 66.300 266 17.631 1 Sub-total 157.914 14 Total 1.152.830 100

Fonte: Preparado com dados do Departamento Econômico do Ministério de Agricultura (MIAG) e FAOSTAT, 2007

2.2.5. Situação das Exportações e Importações

(1) Balança Comercial

Durante os últimos 5 anos, o saldo da balança comercial vem apresentando déficit (2004:

530 milhões de dólares; 2005: 660 milhões de dólares; 2006: 490 milhões de dólares; 2007:

640 milhões de dólares) e o déficit da balança comercial para o ano 2008 foi estimado em 1

bilhão 150 milhões de dólares. (Instituto para a Promoção de Exportações de Moçambique:

IPEX, 2009).

Os principais produtos de exportação são os produtos de alumínio, representando 55% do

total das exportações (2 bilhões 650 milhões de dólares) e energia (eletricidade, gás natural)

com 14%. Os principais produtos agrícolas industrializados (exceto madeira) são o tabaco,

açúcar (açúcar refinado), algodão e castanha de caju, por um valor de 270 milhões de

dólares, correspondente a 10% do valor total das exportações (Tabela 2.2.7).

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

2-9

Tabela 2.2.7 Valor dos Principais Produtos de Exportação (2008)

Unidade: milhões de dólares

Produtos exportados Valor de

exportações%

Produtos importados

Valor de importações

%

Produtos de alumínio 1.451 55,0 Maquinaria 532 13,9Eletricidade 221 8,3 Gasóleo 467 12,3Gás natural 151 5,6 Veículos 268 7,0Tabaco 132 4,9 Grãos 200 5,3Camarão 45 1,7 Eletricidade 122 3,2Açúcar (refinado) 71 2,6 Gasolina 90 2,4Algodão 48 1,8 Medicamentos 49 1,3Madeira 25 0,9 Cerveja 1 0,0Derivados de petróleo 32 1,2 Açúcar 3 0,1Bunkers 27 1,0 Outros 2.071 54,5Castanha de caju * 12 0,6 Castanha de caju ** 10 0,5 Outros 422 15,9

Total 2.653 100,0 Total 3.804 100,0Obs.: * Castanha de caju com casca ** Castanha de caju sem casca Fonte: Preparado com dados do Instituto para a Promoção de Exportações: IPEX, 2009

(2) Situação da importação de alimentos para consumo

O valor das exportações dos grãos mais representativos que são o milho, arroz e trigo

representa 5,3% do total do valor das exportações, equivalente a 200 milhões de dólares. A

Tabela 2.2.8 mostra o volume do consumo interno mensal destes produtos nas 3 principais

cidades do país (2007). O volume das importações destes produtos durante o ano de 2007 foi

de 640.000 toneladas. Este volume representa mais de 50% do volume anual da produção

interna de milho e arroz combinados (1.250.000 toneladas).

O volume das importações durante o ano 2008 teve uma queda de 63% para o arroz e 23%

para o trigo em comparação com 2007 e o volume total de importações apresentou uma forte

queda para 3.600.000 toneladas, devido ao aumento generalizado nos preços de grãos a nível

mundial. Porém o volume de importação de milho em 2008 manteve o mesmo nível do ano

anterior. A explicação apontada para esta situação foi que devido à situação crítica do

volume de oferta interna, a porção da produção das províncias de fronteira, normalmente

destinada à exportação para Malaui e Zâmbia foi destinada para o mercado interno.

(Resultado de entrevistas com o MIC).

Relatório Final

2-10

Tabela 2.2.8 Volume Importado dos Principais Alimentos por Cidade

Unidade: 1.000 toneladas

Cidade/Produto Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total

1. Maputo (Baía)

Milho 3,2 - - - 5,3 - - - - - - 8,5

Arroz - 18,8 44,7 12,1 11,5 14,5 36,3 19,9 21,5 7,0 33,7 27,9 247,9

Trigo 12,0 16,5 11,0 5,5 14,8 10,1 22,9 18,6 1,9 10,0 12,9 - 136,1

2. Beira (Baía da Beira)

Milho - - - - - - - - - - - - -

Arroz 11,5 5,7 - - - 7,0 - - - 16,2 - 5,9 40,4

Trigo 12,9 9,0 7,0 16,0 24,0 9,2 78,1

3. Nampula (Porto Nacala)

Milho - - - - - - - - - - - - -

Arroz 7,0 2,0 - 2,5 9,5 9,8 - 3,5 3,1 13,8 - - 51,2

Trigo 7,0 7,4 - 17,0 - 18,9 - - - - 30,0 - 80,2Fonte: Importação de milho, trigo e arroz correspondente aos meses de Janeiro a Dezembro, 2007/08, preparado de

acordo ao MIC, 2009

(3) Situação das Exportações dos Principais Produtos Agropecuários

A Figura 2.2.3 mostra a tendência das exportações dos principais produtos agrícolas durante

os últimos 5 anos. O crescimento das exportações tanto em volume como em valor do

tabaco e castanha de caju (processado sem casca) é significativo. A castanha de caju, que é

um produto de exportação tradicional, quando processada está isenta do imposto de

exportações. Como se observa na Figura 2.2.3, este é um fator que leva ao aumento das

exportações da castanha de caju sem casca.

O algodão que é igualmente um produto de exportação tradicional apresentou uma redução

no volume interno de produção com a queda dos preços internacionais do produto até a

metade do ano 2000, mas com a garantia de preços mínimos de compra pelo governo, a

produção se recuperou, levando a um aumento no volume de exportações. O gergelim vem

apresentando um crescimento significativo no volume de exportações, mas este é exportado

sem ser processado. A exportação de soja não aparece nas estatísticas, mas nos últimos anos

sua produção vem aumentando significativamente e juntamente com o gergelim estão sendo

considerados novos produtos exportáveis. Uma característica na tendência das exportações é

a diversificação de produtos, além dos produtos tradicionais como o algodão e castanha de

caju, agora estão o tabaco e o gergelim

Com o boom dos bicombustíveis em anos recentes, a exportação de cana de açúcar está

sendo considerada. O volume de exportações de cana de açúcar em 2003 foi de 1 milhão 870

mil toneladas, e em 2005 e 2006 houve um crescimento de 2 milhões 240 mil toneladas e 2

milhões 410 mil toneladas respectivamente. Porém, a produção de cana de açúcar se dá com

capital sul-africano e da Mauritânia sob o sistema de plantation e seu caráter é bastante

diferente dos outros produtos de exportação mencionados anteriormente, que dependem da

produção de pequenos agricultores.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

2-11

Fonte: FAO, 2003-2007

Figura 2.2.3 Comparação entre Volume Exportado e Valor Importado dos Principais Produtos Agrícolas

Tabaco Castanha de caju com casca

Castanha de caju sem casca Algodão

Gergelim

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000

35,000

40,000

45,000

50,000

2003 2004 2005 2006 2007

0

20,000

40,000

60,000

80,000

100,000

120,000

140,000

160,000

Quantity Value

,1000$MT

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000

35,000

40,000

45,000

2003 2004 2005 2006 2007

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000Quantity Value

MT ,1000$

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

2003 2004 2005 2006 2007

0

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

Quantity Value

MT ,1000$

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000

35,000

2003 2004 2005 2006 2007

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

30,000

35,000

40,000

Quantity Value

MT,1000$

0

5,000

10,000

15,000

20,000

25,000

2003 2004 2005 2006 2007

0

2,000

4,000

6,000

8,000

10,000

12,000

14,000

16,000

18,000

Quantity Value

MT ,1000$

Relatório Final

2-12

2.3. Diretrizes das Estratégias de Desenvolvimento Agrário

2.3.1. Diretrizes das Estratégias de Desenvolvimento Agrário

O marco da estratégia de desenvolvimento do setor agrário está baseado no Plano Nacional

de Desenvolvimento, o Programa de Ação para Redução de Pobreza Absoluta, as políticas

agrárias e o Plano de Ação para a Produção de Alimentos. As políticas de desenvolvimento

de Moçambique obedecem a um Plano superior que consiste no Programa Quinquenal do

Governo e sob este se encontram o Programa de Ação para Redução de Pobreza Absoluta

(PARPA) e os planos setoriais de desenvolvimento.

(1) Programa Quinquenal do Governo

O Programa Quinquenal do Governo foi elaborado pela primeira vez, a partir do

estabelecimento do tratado de paz em 1995 (1995~1999), seguido do Segundo Programa no

ano 2000 (2000~2004) e um terceiro Programa para o período 2005~2009 preparado em

2005 o qual continua vigente. As principais políticas de cada um destes programas estão

descritas a seguir.

1) Primeiro Programa Quinquenal do Governo (1995~1999)

• Manutenção da paz

• Erradicação da Pobreza

• Promoção do desenvolvimento rural, da educação, saúde e atenção médica

2) Segundo Programa Quinquenal do Governo (2002~2004)

• Reduzir os níveis de pobreza absoluta

• Desenvolvimento econômico veloz e sustentável

• Redução das desigualdades regionais

• Fortalecimento da paz, unidade nacional, administração de justiça, democracia e o

patriotismo

3) Terceiro Programa Quinquenal do Governo (2005~2009)

• Redução da pobreza absoluta com o desenvolvimento da educação, saúde e

desenvolvimento rural, através da promoção do rápido crescimento econômico

sustentável e ao mesmo tempo integral.

• Redução das desigualdades regionais enfatizando as zonas rurais, promovendo um

desenvolvimento socioeconômico sustentável.

• Desenvolvimento equilibrado com o fortalecimento da paz, a unidade nacional, a

administração de justiça, democracia e o patriotismo.

• Formação e promoção de valores como a cultura de trabalho, esforço, honestidade e

entusiasmo

• Eliminar a corrupção, burocracia e os delitos

• Promover a cooperação internacional e a auto-suficiência nacional

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

2-13

Todos os programas quinquenais até o momento consideram como objetivos principais a

「erradicação da pobreza」, a 「redução das desigualdades regionais」e a 「manutenção da

paz」, e como temas de desenvolvimento são considerados os setores「educação」, 「saúde」,

「agricultura」, 「desenvolvimento rural」e 「infraestrutura. A partir do segundo Programa

Quinquenal de Governo, são considerados ainda a governabilidade e o fortalecimento das

capacidades do setor público e a descentralização, e no terceiro Programa Quinquenal de

governo também são ressaltadas as políticas econômicas, financeiras e comerciais. Quanto

ao setor agrário, o incremento da produtividade é enfatizado e fica clara a importância do

setor nas políticas nacionais de Moçambique.

(2) Plano de Ação para Redução da Pobreza Absoluta (PARPA)

Sendo parte da visão de desenvolvimento nacional dentro do Programa Quinquenal de

Governo, como se observa no texto de políticas de governo, o Plano de Ação para Redução

da Pobreza Absoluta: PARPA é o plano a ser executado para lograr os objetivos das políticas

expressas no Programa Quinquenal. Juntamente com o segundo Programa, que teve início

em 2000, foi preparado um plano estratégico para a redução da pobreza que a partir de 2001

passou a ser denominado PARPA I (2001~2005). O Plano pode ser considerado a versão

moçambicana do Documento de Estratégia para Redução da Pobreza (Poverty Reduction

Strategy Paper: PRSP). O PARPA I enfatiza 6 pontos básicos「educação」, 「saúde」,

「agricultura e desenvolvimento regional」, 「infra-estruturar básica」,「bom governo」 e

「políticas macroeconômicas e financeiras」.

Em 2006 foi preparado o PARPA II (2006~2009) como continuação do PARPA I. O PARPA

II está baseado no PARPA I, mas foi elaborado para ser coerente com o Terceiro Programa

Quinquenal de Governo (2005 ~ 2009). O PARPA II considera o desenvolvimento

econômico regional como um dos 3 pilares principais, ao lado do capital humano e da

governabilidade, e, para promover a redução da pobreza, considera necessário o crescimento

econômico sustentável. Nele, são citados 8 aspectos que devem ser enfatizados:

1) Aumento dos rendimentos per capita da atividade econômica, com especial ênfase

nas zonas rurais, melhorando assim o bem-estar em particular da população pobre;

2) Aumento da produtividade e das ligações intersetoriais, através de uma maior

integração da economia nacional, entre zonas rurais e urbanas, de norte a sul do país;

3) Criação e melhoria na qualidade de emprego e auto-emprego;

4) Desenvolvimento da infra-estrutura, da capacidade científica e das tecnologias

aplicadas à atividade produtiva nacional e rural;

5) Expansão de um setor privado forte, dinâmico, competitivo e inovador;

6) Desenvolvimento de um sistema monetário e financeiro que cumpra a função de

dinamizar poupanças, e canalizá-las ao investimento produtivo nacional;

Relatório Final

2-14

7) Aprofundamento da reforma tributária com vistas a aumentar a responsabilidade do

Estado pelas instituições e cidadãos nacionais, contribuindo para a expansão do setor

formal da economia, e;

8) Integração gradual e mutuamente vantajosa da economia nacional nos mercados

regionais e internacionais, de forma a garantir a circulação de bens e pessoas,

aumentar a produção nacional e a oferta de produtos e serviços de qualidade.

Para o desenvolvimento regional é dada especial importância aos aspectos: 2) integração

regional e 8) expansão do mercado. O PARPA II cita que para promover estes itens será

enfatizado o melhoramento da infra-estrutura de transportes, do sistema de logística e do

sistema de comércio do mercado interno, de forma a ampliar a circulação, divulgação e troca

de bens, pessoas e informações.

Em relação à promoção econômica são enfatizados os itens 5) desenvolvimento do setor

privado e 6) sistema monetário. Ambos estão relacionados estreitamente com o

melhoramento do ambiente econômico, e o Grupo do Banco Mundial apoia o melhoramento

do ambiente de investimento considerando-o um dos 3 pilares principais. Em relação ao

item 8) mercado regional e internacional, além de se buscar o desenvolvimento regional

balanceado, pretende-se desenvolver as regiões dos corredores, aproveitar os recursos do

interior e ampliar o mercado, através do desenvolvimento dos mercados regional e

internacional e dos corredores internacionais que ligam para os países do interior. Em

especial, pretende-se promover o investimento estrangeiro e o melhoramento da

infra-estrutura principalmente do corredor da Beira, no centro do país, e do corredor de

Nacala, no norte do país.

(3) Marco do Plano de Desenvolvimento e Elaboração do Orçamento do Estado

O marco do Programa de Desenvolvimento Nacional e do Orçamento está baseado no

Programa Quinquenal e no PARPA entre outros, e se prepara um Plano Estratégico de médio

prazo entre 3 e 5 anos nos níveis setorial, provincial e distrital. Estes planos de médio prazo

são considerados planos para a elaboração do Plano Econômico Social: PES e o Orçamento

do Estado: OE.

2.3.2. Políticas Agrárias

Em Moçambique, cerca de 80% da população empregada trabalha no setor agrícola, e cerca

de 70% vive na zona rural. Apesar disso, a participação do valor agregado do setor agrícola

no PIB nacional é de 28% (2007, Banco Mundial). O país possui extenso território com

vasta área propícia para agricultura, motivo pelo qual o potencial agrícola é considerado alto.

Mas nas condições atuais, somente 10% de toda terra arável é utilizada para a produção

agrícola.

Os principais produtos para exportação do setor agrícola são: tabaco, açúcar, castanha de

caju, óleo alimentar, algodão, etc., mas os principais alimentos que são o milho, arroz e trigo

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

2-15

dependem de importação, e o país não é auto-suficiente em alimentos. Por isso, a meta da

política agrária é promover a produção agrícola, e visa a mudança da agricultura de

subsistência para a produção agrícola industrial. No PARPA II, os setores de agricultura e

desenvolvimento agrário fazem parte do item Desenvolvimento Econômico.

Dentro do marco das políticas mencionadas anteriormente, o Ministério de Agricultura

prepara um programa e um plano de ação para o desenvolvimento agrário. Pode ser

mencionado como um programa do setor agrícola o Programa Nacional de Desenvolvimento

Agrário: PROAGRI e a cooperação internacional que ocorre via um enfoque setorial amplo.

(1) PROAGRI

O PROAGRI I foi implementado como programa setorial para o período 1999~2004 com o

objetivo de reduzir a pobreza e a segurança alimentar. Durante os 5 anos do período de

execução foram realizadas ações orçamentárias para 8 itens (regularização e normas,

pecuária, reflorestamento e áreas naturais, extensão, desenvolvimento de pesquisas, solo,

irrigação e produção de alimentos), por meio do apoio financeiro de mais de 16 doadores

internacionais no valor de 218 milhões de dólares em investimentos públicos. O PROAGRI

I se concentrou no fortalecimento institucional e através do treinamento e promoção dos

recursos humanos dentro das instituições agrárias dos governos central e regionais e a

capacidade administrativa se viu fortalecida. Com relação à infraestrutura básica, foram

construídas instalações para irrigação e armazenamento de água, promovendo a produção de

culturas comerciais de rendimento como o tabaco, algodão, cana de açúcar e castanha de

caju.

Em 2004 foi preparado o PROAGRI II para o período 2006~2010. No PROAGRI II, para

elevar a produção agrícola busca-se uma mudança da produção de subsistência para a

produção dirigida ao mercado. Considerando que cerca de 80% da PEA se dedica à

agricultura e que a dependência das províncias na agricultura é muito elevada, percebe-se a

necessidade de ampliação da produtividade agrícola, melhorar as condições de vida,

construir infra-estruturas e treinar o capital humano para fortalecer e reativar a economia e

assim atingir o crescimento econômico no médio prazo. Os 5 pilares do PROAGRI são: 1)

mercado, 2) serviços financeiros, 3) tecnologia, 4) acesso a recursos naturais e 5) criação de

um ambiente propício para negócios. Segundo a explicação do Ministério da Agricultura, o

PROAGRI II foi concluído em 2009.

(2) Plano de Ação para a Produção de Alimentos: PAPA

Como resposta à elevação dos preços internacionais de alimentos e recursos energéticos, em

outubro de 2007 foi elaborada a Estratégia da Revolução Verde em Moçambique, e em

junho de 2008 foi reconhecida como PAPA. O orçamento total para a execução do PAPA no

período de implementação de setembro de 2008 a novembro de 2010 é de 15 bilhões 900

milhões de MT, ou 572 milhões de dólares. O objetivo do PAPA é reduzir a dependência da

Relatório Final

2-16

importação de alimentos e busca ampliar a produção e produtividade dos principais produtos

agrícolas em um período de 3 anos. Os produtos considerados dentro do PAPA são o milho,

arroz, trigo, girassol, soja, frango, batata, mandioca, entre outros, sendo que se considerava

triplicar a produção num período de 3 anos. Todos os aspectos da cadeia de valor da

produção de alimentos, plantio, colheita, armazenamento, transformação e mercado

(inclusive a exportação) foram considerados dentro deste Plano.

Tabela 2.3.1 Projeção do Volume de Mercado e Plano de Produção dentro da Estratégia da Revolução Verde

Unidade: Toneladas

Ano 2008/09 2009/10 2010/11

Bens Volume Dirigido ao

Mercado Volume

Dirigido ao Mercado

Volume Dirigido ao

Mercado

Milho 1 854 062 556 219 1 994 142 598 243 2 245 907 673 772

Arroz 265 098 79 529 576 730 173 019 931 844 279 553

Trigo 21 300 21 300 46 313 46 313 96 750 96 750

Girassol 10 000 10 000 14 400 14 400 19 200 19 200

Soja 9 500 9 500 26 500 26 500 38 800 38 800

Frango 47 364 42 628 51 616 46 454 61 290 55 161

Batata 81 364 107 122 138 356 162 277 229 268 251 377

Mandioca 9 576 292 653 363 9 960 551 665 971 10 732 344 736 394

Total 2 140 460 1 631 950 2 617 185 1 906 152 3 274 501 2 369 135

Fonte: Plano de Ação para a Produção de Alimentos 2008-2011, República de Moçambique, Junho 2008, p. 81~82.

(3) Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Setor Agrário

Atualmente se encontra em preparação o Plano Estratégico para o Desenvolvimento do

Sector Agrário - PEDSA 2010~2019 para as ações de médio e longo prazo. A versão

provisória do documento foi concluída em 2009, e para se elaborar a sua versão final, estão

sendo realizadas reuniões juntamente com instituições doadoras. O PEDSA dá

prosseguimento às atividades do PROAGRI II, e sua visão é a “concretização de um setor

agrícola sustentável e competitivo”. Os 3 principais pilares da estratégia são:

1) Segurança alimentar e nutricional

2) A competitividade da produção nacional e maiores níveis de renda dos produtores

3) Uso sustentável dos recursos naturais e preservação ambiental

O objetivo global do PEDSA é contribuir rapidamente para a segurança alimentar sustentável

e competitiva, aumento do rendimento e lucro dos produtores agrícolas e aumento da

produção agrícola voltada para o mercado. As 5 metas estratégicas para a sua concretização

são:

• Aumentar a produção de alimentos

• Aumentar a produção orientada ao mercado

• Aumentar a competitividade dos produtores agrários

• Utilizar de forma sustentável os solos, a água a as florestas

• Desenvolver a capacidade institucional do setor agrário

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

2-17

O PEDSA será implementado com base no plano quinquenal. No plano quinquenal 2010~

2014, pretende-se atingir o objetivo de erradicar a pobreza absoluta e a fome, que faz parte

dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, enfatizando-se a proteção ambiental,

utilização sustentável dos recursos naturais e garantia de alimentos e nutrientes. Além disso,

o Plano de Acção para a Produção de Alimentos (PAPA) que abrange o período entre 2008 e

2011 será considerado na fase inicial do PEDSA. No plano quinquenal 2015~2019,

pretende-se integrar a garantia de alimentos e nutrientes através de trabalhos que enfatizam a

proteção ambiental, utilização sustentável dos recursos naturais e aumento de rendimentos

dos produtores e da competitividade da produção nacional.

O PEDSA aponta que o setor agrário deve crescer 7% em média por ano, e para isso, a

produtividade de cereais (t/ha) deve aumentar no mínimo 100%, e a área cultivada deve

subir em 25%, até 2019. Abaixo são apresentados os principais indicadores:

Meta

INCIDÊNCIA INDICADORES DE DESEMPENHO CHAVEBaseline 2009 2019

Crescimento do Setor 1. Taxa de crescimento médio anual 7% 7%

Investimento na Agricultura

2. Despesas Publicas para a Agricultura como percentagem do PIB do Setor Agrário

8% 10%

Vulnerabilidade 3. População vulnerável à insegurança alimentar 400.000 100.000

(4) Outros Planos

Segue abaixo, a lista dos demais Planos e Estratégias relacionados à agricultura e ao

desenvolvimento agrário:

• Plano Director para Extensão Agrária, 2007~2016, MINAG, 2006

• Plano Estratégico 2009~2018, IIAM, 2008

• Estratégia de Desenvolvimento Rural, MPD, 2007

• Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, 2007

• Política de Águas, Ministério das Obras Públicas e Habitação, 2006

• Estratégia e Plano de Acção para a Diversidade Biológica em Moçambique,

Desenvolvimento Sustentável através da Conservação da Biodiversidade 2003~2010,

2003

2.3.3. Entidades Governamentais e Relacionadas

(1) Ministério da Agricultura: MINAG

O papel do Ministério de Agricultura consiste na reativação da agricultura, identificação da

produção agrícola, administração das terras, extensão técnica, irrigação e outros aspectos

relacionados.

Anteriormente este Ministério era responsável também pelo desenvolvimento rural, como

indicava sua denominação anterior, Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural:

Relatório Final

2-18

MADER. Mas, atualmente, o Ministério da Planificação e Desenvolvimento é responsável

pelo desenvolvimento rural.

A estrutura administrativa do Ministério da Agricultura é o seguinte.

GovernoCentral

GovernoProvincial

Governo Distrital

Ministério da Agricultura

Direcção Provincial de Agricultura

Outras Direcções relacionadas

com ramo agrário

Serviços provinciais de

Extensão Rural

Serviços provinciais de

Agricultura

Serviços provinciais de

Pecuária

Serviços Provinciais de

Florestas e Fauna Bravia

Outros Serviços relacionados

com o ramo agrário

Direcção Nacional de

Extensão Agrária

Direcção Nacional dos

Serviços Agrários

Direcção Nacional dos

Serviços Veterinários

Instituto de Investigação

Agrária de Moçambique

Função de ComércioFunção de

Desenvolvimento RuralFunção de IndústriaFunção de Turismo

Função de Pecuária e

Fauna Bravia, Pescas

Função de Agricultura e

Extensão

Serviços Distritais de Actividades Económicas

Fonte: MINAG, 2010

Figura 2.3.1 Estrutura Administrativa do Ministério da Agricultura

As instituições responsáveis pelas diferentes actividades agrícolas são Instituto do Algodão

de Moçambique (IAM), Instituto Nacional do Caju (INCAJU), o Instituto de Investigação

Agrária de Moçambique (IIAM) e Centro para a Promoção da Agricultura (CEPAGRI). O

IAM gere a política do algodão, adaptada em 1998, e administra advocacia INCAJU

processamento de caju estratégia também está em vigor desde 1998. O IIAM é responsável

por pesquisas na agricultura e na produção de sementes básicas são fornecidas para empresas

comerciais de sementes e agricultores contratados para produzir sementes certificadas. O

CEPAGRI promove investimentos em exportação agrícola orientado.

(2) Ministério da Planificação e Desenvolvimento: MPD

O Ministério da Planificação e Desenvolvimento é o ministério responsável pela

coordenação geral da preparação do Programa Quinquenal do Governo e do PARPA. Todas

as vezes que um Ministério elabora suas políticas e estratégias, este Ministério verifica se

estas estão de acordo com o conteúdo do Programa Quinquenal de Governo. Também

certifica que os planos de desenvolvimento provinciais seguem as políticas nacionais, aprova

tais planos e verifica o progresso da execução das políticas por parte dos governos

provinciais e por cada setor. Com relação ao desenvolvimento rural, em setembro de 2007

foi elaborada a Estratégia de Desenvolvimento Rural: EDR.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

2-19

2.3.4. Política de Posse de Terra

Após a independência do país, em 1975, as terras foram estatizadas. Na década de 80, após o

fim do sistema socialista no país, a propriedade residencial passou a ser devolvida ao privado

mediante solicitação, mas até hoje não é reconhecida a posse de terra, podendo apenas ser

alugada por 50 anos. Com o movimento da privatização, os alugueis das propriedades

comerciais também passaram a ser reconhecidas por 50 anos, e os estrangeiros também têm

direito a alugar terras. Para transferir o direito do uso da terra, é necessário o reconhecimento

do governo, e por isso, a terra não pode ser oferecida como garantia de financiamento.

Segundo a explicação do CPI, o direito de uso de uma área de até 1.000 ha requer a

autorização do governo provincial, entre 1.000 ha até 10.000 ha, cabe ao ministro da

agricultura autorizar, e no caso de áreas superiores a 10.000 há que ser aprovado por um

conselho de ministros. Não há restrição quanto a estrangeiros ou empresas estrangeiras

registradas como pessoa jurídica utilizarem terras. Mas o direito será confiscado se a terra

ficar em desuso por um determinado período (2 anos, no caso de estrangeiro, e 5 anos, no

caso de nacionais).

Tanto os agricultores quanto as empresas devem pagar pelo direito de uso de terras ao

governo provincial (Estado) e assim obter a licença de uso para cultivar e processar produtos

agropecuários. A província concede o direito de uso por um máximo de 50 anos renovável

por mais 50 anos, uma vez realizados os tramites de prorrogação. Os valores para o direito

de uso de terras se mostram a seguir. Estas tarifas são determinadas de acordo com a tarifa

básica de uso e as condições do terreno.

1) Terras para cultivo de alimentos: 15 MT/ha

2) Terras para cultivos permanentes: 2 MT/ha

3) Terras para a pecuária (inclui áreas de conservação de vida silvestre): 2 MT/ha

4) Terras para outros usos (inclui área para agronegócios): 30 MT/ha

5) Terras para facilidades turísticas: 200 MT/ha

Fonte: 1) Trabalho Inquéritos Agrícolas, 2007, MINA 2) http://www.portal dogoverno.gov.mz/Informação/dirTerra/terra3

2.3.5. Registro de Terras

A segurança e posse de terra em Moçambique têm mostrado mudanças significativas nos

últimos anos. A Política de Terras, adotada em 1995, e a Lei de Terras aprovada em 1997,

seguida do Regulamento da lei em 1998, estabelecem os princípios e os termos em que se

opera a constituição, o exercício, a modificação, a transmissão e a extinção do direito de uso

e aproveitamento da terra, para garantir o acesso e a segurança de posse da terra, tanto dos

camponeses como dos investidores nacionais e estrangeiros. Finalmente o Anexo técnico do

regulamento, aprovado em 1999, detalha a metodologia para o registro de terras. Com a

legislação, foram lançadas as bases para o desenvolvimento do sistema de administração de

Relatório Final

2-20

terras que facilita o desenvolvimento rural e assegura os direitos e interesses do setor privado,

bem como das comunidades locais. A política e os instrumentos legais cobrem vários

aspectos chaves da ocupação e uso da terra. Várias situações são reguladas, incluindo, uma

metodologia que permite a aquisição do direito de uso da terra e benefícios para as

comunidades locais pela ocupação de boa fé e pelos canais oficiais. Além disso, a política foi

desenhada para encorajar o desenvolvimento de parcerias entre o setor privado e as

comunidades locais, permitindo assim, as comunidades se beneficiarem diretamente do uso

da Terra. Contudo a implementação da Lei de terras tem sido lenta e requer um eficiente

sistema de administração de terras de forma a melhorar a segurança de posse da terra bem

como melhorar o acesso e garantir o uso de forma mais eficiente em beneficio do

crescimento econômico.

2.3.6. Considerações Ambientais

Moçambique, em consonância com as ações globais sobre o meio Ambiente, aprovou em

1995 sua Política Nacional do Ambiente, a qual tem como principio “a promoção do

desenvolvimento sustentável e a utilização racional dos recursos naturais, através da inclusão

dos princípios e práticas ambientais no esforço nacional de reconstrução e desenvolvimento

do país, através de políticas e legislação apropriadas para esse efeito” (MICOA, 1995).

Posteriormente em outubro de 1997 foi promulgada a Lei do Ambiente que dispôs sobre o

arranjo de instituições para a gestão ambiental, sobre a poluição do ambiente, sobre medidas

especiais de proteção do ambiente, sobre prevenção de danos, direitos e deveres do cidadão,

responsabilidades e sanções e fiscalização ambiental. E em 2004 foi sancionado o Decreto

n.º 45/2004 de 29 de Setembro que regulamenta os Processos de Avaliação do Impacto

Ambiental.

A legislação formada institui os cuidados necessários com os recursos naturais do País e tem

como doutrina a obrigatoriedade de realizar o EIA – Estudo de Impacto Ambiental, de forma

que todas as atividades públicas ou privadas que direta ou indiretamente venham a influir

nos componentes ambientais, devem estar devidamente autorizadas para o exercício da sua

atividade, e de posse do certificado comprovativo da viabilidade da mesma, ou seja, da

licença ambiental emitida pelo MICOA.

O processo para obtenção da licença ambiental passa por etapas como a Avaliação do

Impacto Ambiental (AIA); o Estudo de Pré-viabilidade ambiental e Definição do Âmbito

(EPDA); o Estudo do Impacto Ambiental (EIA) e o Estudo Ambiental Simplificado (EAS).

Nesse processo inclui-se a elaboração e submissão dos termos de referência (TdR), dos

estudos.

Observando-se a legislação percebe-se que houve o cuidado de abranger todos os aspectos

que impactam os recursos naturais, no entanto a legislação não se aplica às atividades

agrárias em áreas abaixo de 50 ha. Esse benefício implica na totalidade dos pequenos

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

2-21

agricultores da região, que por sua vez são atores responsáveis por impactos ambientais

causados nos recursos naturais observados ao longo da área do estudo.

A redução do impacto ambiental, nesta área, está diretamente ligada à condição de difundir

um nível básico de informação e de educação ambiental. Em paralelo há que se considerar

a dificuldade deste extrato social agrário em compreender como o impacto causado sobre os

recursos naturais, ao longo do tempo, irá reduzir substancialmente sua produtividade agrária.

2.3.7. Financiamento Agrário

De acordo com o relatório preparado pelo Banco Mundial em 2006 “Estratégias para o

Desenvolvimento Agrário de Moçambique”, praticamente não existe financiamento rural

para os pequenos produtores agrícolas do país e mesmo nos países africanos se encontra

bastante atrasado1.

Nas áreas rurais não se encontram bancos comerciais privados e praticamente não existem

instituições financeiras que possam atender pequenos agricultores. Um dos fatores para isso

é o alto risco que existe, já que esses pequenos agricultores praticam uma agricultura de

subsistência e dependente da chuva. Por outro lado, existem serviços de financiamento para

grandes agricultores, comerciantes, agroindústrias e exportadores, mas a avaliação é rigorosa

e os juros são muito elevados (a taxa de juros do Banco Nacional de Moçambique é de

12,5%/mês).

As microfinanças são oferecidas principalmente a projetos agrícolas, mas são poucos os

órgãos que emprestam diretamente aos agricultores. Na maioria das vezes, empresta-se para

os comerciantes que compram os produtos dos agricultores ou intermedeiam a compra, e

estes emprestam aos agricultores (na maioria das vezes, através do fornecimento em insumos,

por exemplo, sementes, etc.). O empréstimo não é oferecido diretamente para os agricultores

devido a alguns motivos.

Primeiro, Os produtores tem direito ao DUAT (Direito e Uso e Aproveitamento de Terra)

para quem solicita. Entretanto, a terra não é utilizada como garantia. Assim, normalmente,

são oferecidos casas ou veículos, entretanto os microprodutores muitas vezes não possuem

bens para oferecer. Em segundo lugar, a agricultura sofre grande influência do clima, e

mesmo em países desenvolvidos, o setor é considerado de alto risco. Como os produtores

não possuem capacidade para reduzir os impactos externos, ficam especialmente vulneráveis

ao clima, e durante a época da produção, o volume produzido não é estável. Por último, em

geral, os produtores necessitam de recursos financeiros para a compra de sementes, mas

como adquirem de comerciantes, estes aceitam receber a safra que será colhida como

pagamento pelas sementes

1 Banco Mundial, Mozambique Agricultural Development Strategy: Stimulating Smallholder Agricultural Growth, p. 49.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-1

CAPÍTULO 3 SITUAÇÃO E TEMAS DA ZONA DO CORREDOR DE NACALA

3.1. Situação da Zona do Corredor de Nacala

3.1.1. Visão Geral do Corredor

Ao norte de Moçambique se encontra o corredor de Nacala, que parte do Porto de Nacala na

costa leste e atravessa o país de leste a oeste, cruzando a província de Nampula sua capital

passando por Cuamba, em Niassa, chegando até Lichinga, conectando países interiores como

Malaui e Zâmbia. O porto de Nacala é o terceiro em importância por volume de carga,

depois dos portos de Maputo e Beira, em Moçambique. É um porto com profundidade

natural e de acordo com o projeto de expansão existente, estão sendo consideradas a

ampliação do pátio de containers, a construção de um terminal para derivados de petróleo,

um pátio de carga de minerais, já prevendo o desenvolvimento futuro do corredor e as

diversas necessidades que isto irá acarretar.

O corredor de Nacala ocupa um lugar importante como infraestrutura dentro do NEPAD e

estão sendo realizados investimentos de envergadura para o desenvolvimento de recursos

minerais como o carvão, cobre, titânio e mineral de areia nas proximidades do corredor.

Além da construção de estradas, também está sendo planejado o apoio a diversas áreas como

o desenvolvimento comunitário e se espera um apoio integral não só material como também

social.

Durante o período de abril de 2004 a março de 2008, o governo de Moçambique realizou o

Estudo para o Projeto de Melhoramento da Rodovia Nampula-Cuamba, dentro do corredor

Nacala, e a implementação do projeto deverá ocorrer com o empréstimo do AfDB.

Atualmente a JICA está realizando o Projeto Preparatório para a Rodovia Cuamba -

Mandimba e Mandimba - Lichinga.

O corredor de Nacala possui 600 km de extensão leste-oeste, e a região alvo do estudo, que

compreende 12 distritos, possui 570 km de extensão este-oeste com uma largura que varia

entre 30 e 70 km no sentido norte-sul. A área total dos 12 distritos é de cerca de 58.000 km2.

Relatorio Final

3-2

Tabela 3.1.1 Área da Região de Estudo(km2)

Província de Nampula

Distrito de Malema 6.386 Distrito de Meconta 3.786

Distrito de Ribáue 6.280 Distrito de Mogovolas 4.748

Distrito de Murrupula 3.095 Distrito de Muecate 4.133

Distrito de Nampula 3.739 Distrito de Monapo 3.581

Província de Niassa

Distrito de Mandimba 4.699 Distrito de Cuamba 5.345

Província de Zambézia

Distrito de Gurué 5.688 Distrito de Alto Molócue 6.343

Total 56.437

Fonte Perfil do Distrito, Ministerio da Administracao Estatal, 2005.

O presente Estudo tem como alvo as regiões acima, mas devido a limitações de tempo, as

descrições e análises dos resultados e dados/informações obtidos no estudo de campo

referem-se principalmente aos distritos da província de Nampula, onde se localiza a maior

parte do Corredor de Nacala

3.1.2. Condições Naturais

(1) Clima

1) Volume de chuvas

De acordo com a classificação climática de Köppen, a savana tropical (Aw) apresenta como

características um verão chuvoso onde: a) a temperatura média dos meses mais frios é

superior a 18o C (coqueiros naturais), b) o volume médio anual de precipitações se encontra

acima do limite seco 1 e c) o volume

pluviométrico durante o mês com menos

chuvas é menor que 60 mm e menos que

(100-0.04×volume anual de chuvas). O

planalto brasileiro (região do cerrado) e a

África oriental, pelo lado do Oceano Índico

(Norte de Moçambique), estão incluídas

nessa região. Porém, a taxa de variação de

chuvas anual2 no cerrado é bastante baixa,

menor que 10%, o que permite um volume

de chuvas estável durante o período de

chuvas, enquanto no norte de Moçambique,

a taxa é bastante elevada, entre 20 e 30%

1 O limite seco r (mm) considera a temperatura média t (oC), onde r=20 ((t+x). Se é do tipo inverno seco x=14. Se é do tipo verão seco x=0, se é do tipo pluviosidade média x=7 (Köppen-geiger-hessd-2007.svg-Wikipedia, 31 de outubro de 2009)

2 Divisão entre a variação padrão do volume anual de chuvas com o valor médio

Taxa de

variação

Fonte: A. Goudie, J. Wilkinson, “Ciência ambiental do deserto”,1987, tradução Masatoshi Hibino,

Figura 3.1.1 Índice de Variação Pluviométrica Anual Mundial

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-3

(Figura 3.1.1), pelo que freqüentemente se alternam anos de seca com anos de inundações.

Observando o clima e a taxa do índice pluviométrico anual destas regiões, se pode-se dizer

que existem semelhanças também com a caatinga do nordeste brasileiro (Figura 3.1.1).

Os 12 distritos deste Estudo se encontram em zonas cujas altitudes são relativamente

elevadas dentro de Moçambique, sendo de 0 - 200 m (Monapo), 200 - 600 m (Murrupula,

Nampula, Mucaeté, Meconta), até 600 - 1.000 m (Mandimba, Cuamba, Gurué, Alto Molocué,

Malema e Ribaué); onde se encontram muitas zonas escarpadas (Figura 3.1.2). As

características destas zonas são: clima semi-árido, com períodos rigorosos de seca durante a

metade do ano (maio a outubro) e chuvas no verão (novembro a abril), com precipitações

entre 800 - 1.000 mm (Mandimba, Cuamba, Mucaete, Monapo, Nampula, Mulumba,

Meconta e Mogovolas), 1.000 - 1.200 mm (Ribaue, Alto Molócue e Malema) e acima de

1.200 mm (Gurué); zonas consideradas com chuvas abundantes dentro do país (Figura

3.1.3).

Entretanto, as chuvas concentram-se em um curto período de tempo, enquanto que no

cerrado brasileiro há 5 ou 6 meses em que a pluviosidade mensal é superior a 100 mm,

incluindo uma margem de erro. Na região alvo, o período de chuvas é menor, 4 meses,

excepto no distrito de Gurué - 5 meses. Além disso, na região do cerrado, a pluviosidade

mensal desses meses, incluindo margem de erro, é menor que 300 mm, enquanto que em

todos os pontos do Corredor de Nacala há meses que ultrapassavam esse volume, e a

tendência de margem de erro é maior que a região do cerrado (Figura 3.1.4). Em outras

palavras, no corredor de Nacala, o período adequado para o cultivo é menor e há ocorrência

de chuvas fortes e concentradas. A oscilação do clima também é maior, aumentando os riscos,

pois logo após a germinação pode haver chuvas fortes que causam danos como a erosão, ou

pode ocorrer a seca durante o período de crescimentos das plantas.

Relatorio Final

3-4

Fonte: Preparado com dados do Instituto Nacional de Investigação Agronômica (INIA), 1999

Figura 3.1.2 Distribuição da Altitude em Moçambique e Distritos da Área

do Estudo

Fonte: Preparado a partir de Vulnerability Analysis and Mapping, WAO - World Food Program, Moçambique, 1997

Figura 3.1.3 Volume Pluviométrico durante o Período de Chuvas (novembro

– abril), em Moçambique e Distritos da Área do Estudo

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-5

Figura 3.1.4 Volume Pluviométrico durante o Período de Chuvas em Moçambique e Distritos da Área do Estudo

0

100

200

300

400

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Gurué

Precipitação média

anual: 1516 mm

0

100

200

300

400

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Alto Molócue

Precipitação média

anual: 1330 mm

0

100

200

300

400

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Ribaué

Precipitação média

anual: 1187 mm

0

100

200

300

400

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Muecate

Precipitação média

anual: 1014 mm

0

100

200

300

400

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Mandimba

Precipitação média

anual: 1439 mm

0

100

200

300

400

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Goiás

Precipitação média

anual: 1505 mm

0

100

200

300

400

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Brasília

Precipitação média anual:

1186 mm

0

100

200

300

400

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Nampula

Precipitação média

anual: 1245 mm

0

100

200

300

400

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Cuamba

Precipitação média

anual: 1059 mm

0

100

200

300

400

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Meconta

Precipitação média

anual: 947 mm

0

100

200

300

400

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Malema

Precipitação média

anual: 750 mm

Cerrado brasileiro

Regiões do Corredor de Nacala, Moçambique

Plu

vio

sid

ad

e (

mm)

Nota: A precipitação apresentada é a média do

seguinte período, indicada juntamente com

margem de erro: Brasília (1995-2005), Goiás

(1999-2008), Mandimba (1974-1977, 1980), Guru

é (1927-1981), Nampula (1999-2008), Alto Moló

cue (1969-1978), Cuamba (1997-2007), Ribaué

(1994-1997 , 1999-2003), Meconta (1990-1991,

1993-1996), Muecate (1999-2007), Malema

(1960-1963, 1967-1968). (Fonte: Embrapa

Cerrados, Embrapa Arroz e Feijão, Instituto

Nacional de Meteorologia de Moçambique.)

Relatorio Final

3-6

2) Temperatura

A temperatura média mensal da área de Estudo é entre 17 e 28,6º. Ela é mais alta entre os

meses de outubro e dezembro, no início da estação da chuva, com 26º de média, e é mais

amena nos meses de junho e julho, na estação seca, com a média de 20º. A variação diária é

de 11 a 17º, e esse número é maior nos distritos de Ribáue, Malema, Cuamba, Gurué e Alto

Molócue, que se localizam no interior.

A média da temperatura máxima mensal da cidade de Nampula (altitude de 441 m) é de 25 a

32º, e a mínima mensal é de 16 a 22º. Por outro lado, na cidade de Cuamba (altitude de 588

m), a temperatura máxima é entre 28 e 35º, e a mínima, entre 11 e 20º. A temperatura

diminui no oeste do país e em locais com altitude alta.

Por outro lado, na cidade de Gurué (altitude de 734 m) e Alto Molócue (altitude de 563 m),

da província de Zambézia, na parte sul, a temperatura média mensal é 1,0 a 3,5º mais baixa

que a região norte. Na cidade de Gurué, a média da temperatura máxima mensal é entre 23 e

32,5º, e a mínima, entre 12 e 18º. Essa área possui clima diferente da região de savana

tropical da região norte.

(2) Relevo

O relevo de Moçambique é caracterizado por uma zona montanhosa a oeste, que decresce

em degraus aplanados até a planície litoral a leste. Assim, existem no país, planícies,

planaltos, montanhas e depressões. Cerca de metade (44%) do território é constituído por

planície, com altitudes de até 200 metros, sobretudo na parte sul. Já na parte norte e centro

(51%), ocorrem duas zonas de planalto entre 200 e 500 metros e acima de 500 metros.

Quanto à formação geológica da área do Estudo, segundo trabalho realizado na Universidade

do Minho, em termos litológicos, pode ser considerada “como um corpo rochoso constituído

por fragmentos de rocha de vários tamanhos e tipos, imersos caoticamente em matriz fina

sem estratificação sedimentar, originado em processo tectônico ao longo da faixa de uma

região de confronto de placas tectônicas (melange tectônica)” (Cumbe, 2007).

As impressões levantadas na visita à área alvo do estudo, nos dez Distritos ao longo do

Corredor de Nacala, observou se uma topografia bastante dinâmica, alternando a presença de

áreas planas e o afloramento de rochas ao longo da estrada de ferro. Essa dinâmica pode ser

obervada no mapa de declividade elaborado com informações selecionadas e extraídas de

imagens do Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), com resolução espacial de 90 m

(Figura 3.1.5). A manipulação destas imagens foi realizada através do software ArcGIS 9.3

(ferramentas slope e hillshade), sendo que, foram espacializados 05 intervalos de declividade

(<5%; 5-10%; 10-15%; 15-30% e >30%). Na tabela abaixo é apresentado um resumo das

características das imagens SRTM utilizadas:

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-7

Satélite: Space Shuttle Endeavor Sensor: C-banda e X-banda

Resolução de Captura: 3 arc secunda Resolução do Pixel: 90 metros

Tipo de Cena: Graus Tamanho da Cena: 1 latitude X 1 grau longitude

Projeção: Geográfica

Pelo mapa de declives, pode-se observar que a parte central do Corredor de Nacala possui

muitas áreas com inclinações íngremes devido à existência de inúmeras montanhas rochosas.

Por outro lado, na cidade de Nampula e na sua parte leste há poucas montanhas rochosas,

sendo os 3 distritos do extremo leste especialmente constituídos por extensas áreas de terra

plana. Além disso, na região ocidental, do oeste do distrito de Cuamba a leste do distrito de

Mandimba, há uma vasta área de terra plana no sentido norte-sul. Nas áreas afastadas do

corredor, no norte do distrito de Malema, no distrito de Ribáue, no sul do distrito de

Murrupula e sudeste do distrito de Alto Molócue, o relevo é relativamente brando.

(3) Recursos Hídricos

Moçambique tem sofrido efeitos dos eventos climáticos de natureza hidrológica, causados

pelo baixo e/ou alto nível de escoamento das águas superficiais. A magnitude dos efeitos das

secas e cheias, que assolam o País tem extremo impacto na população, tanto na zona costeira

quanto no interior. Estes fatos colocam desafios que vão desde a criação de capacidade de

armazenar água para o posterior uso nos períodos de escassez quanto à criação de

capacidade técnico-institucional na utilização eficiente da água para agricultura.

O país conta com uma Estratégia Nacional de Gestão de Recursos Hídricos, cujo objetivo

principal é satisfazer as necessidades básicas de abastecimento de água para o consumo

humano, utilização eficiente da água para o desenvolvimento econômico, água para

conservação ambiental, redução da vulnerabilidade à cheias e secas, bem como garantir os

recursos hídricos para o desenvolvimento.

Na região do Corredor de Nacala existe uma grande vulnerabilidade no abastecimento de

água rural e alta dependência às condições climática. A agricultura de subsistência e

produção encontram-se nesta situação.

A Administração Regional das Águas do Centro Norte (ARA - Centro Norte), órgão

subordinado ao Ministério das Obras Públicas e Habitação, está ciente e atento a esta

situação.

A área coberta pela ARA-Centro Norte é delimitada ao sul pela bacia do rio Licungo e a

Norte pela bacia do rio Lúrio, perfazendo uma área total estimada em cerca de 188.000 km2,

que compreende oito bacias hidrográficas principais, sendo de sul para norte: Licungo,

Melela, Molócue, Ligonha, Meluli, Monapo, Mecuburi e Lúrio. A menor destas bacias é a do

Rio Molócue, com aproximadamente 6.500 km2, e a maior bacia hidrográfica é a do rio

Lúrio, com 60.800 km2. A área também possui um grande número de pequenas bacias,

majoritariamente localizadas na zona costeira (Figura 3.1.6).

Relatorio Final

3-8

O relatório técnico elaborado em 2006 pela ARA sobre a situação geral dos recursos hídricos

da região mencionou os seguintes pontos:

• O uso da água na região da ARA - Centro Norte é muito limitado.

• Há um rápido escoamento das águas de precipitação.

• Os usuários mais importantes são os sistemas de abastecimento de água urbanos nas

maiores cidades como Nampula e outras, como Angoche, Ilha de Moçambique, Gurué,

Mocuba, Cuamba e outras pequenas vilas.

• Praticamente não há projetos industriais fora dos centros urbanos, sendo o mais

promissor o projeto das areias pesadas de Moma. Os desenvolvimentos de mineração

na Província da Zambézia são insignificantes, embora representem um potencial para o

uso da água no futuro.

• A irrigação na região é muito limitada em comparação com outras partes do país.

• As águas subterrâneas dos poços não são habitualmente medidas nos programas de

exploração de águas em Moçambique, estes só podem ser determinados a partir dos

dados das capacidades específicas (caudal por unidade de rebaixamento) assumindo um

rebaixamento máximo de 10 m. Este procedimento é aplicado em muitas outras áreas

em Moçambique e os dados obtidos são confiáveis.

• A produtividade média dos aqüíferos na região varia de 0.1 - 12 m3/h/m. Mais da

metade dos poços registrados tem capacidades específicas menores que 0.5 m3/h/m, o

que significa que têm uma produtividade limitada.

• O abastecimento de água rural é muito importante para o desenvolvimento

socioeconômico, mas é globalmente muito pequeno em termos de consumo de água

embora a região seja a mais populosa de Moçambique.

Figura 3.1.6 Bacias Hidrográficas na Região da ARA-Centro Norte

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-9

Assim a meta prioritária da ARA – Centro Norte é ampliar o abastecimento de água à

população rural e suprir 50% dessa demanda rural até 2015. Para tanto pretendem realizar

450 furos por ano na região.

Outra necessidade que se apresenta na região é a água para irrigação, que vem sendo suprida

precariamente com pequenos investimentos provinciais, distritais e por ONGs na construção

ou reconstrução de barragens.

O que se observa na realidade é um elevado aumento na demanda por água e o adensamento

das atividades agrárias nas áreas das nascentes dos rios causando um acentuado impacto

ambiental, a conseqüência direta deste impacto é a gradual redução no fluxo das águas

podendo provocar consideravelmente a escassez hídrica na região.

Na região centro-norte, em ARA, existem 42 açudes (reservatorios de agua), 3 lagoas e 16

fontes de agua, como instalações de água. Quase todas apresentam baixo rendimento e

existem planos para a realização de trabalhos de reabilitação.

(4) Características de solo

Segundo os critérios de classificação pela FAO, nas zonas altas do noroeste de Moçambique

se encontram Ferralssolos (solo ácido em climas tropicais úmidos) em estado adiantado de

erosão; desde o nordeste à costa central se encontram Lixissolos (solo alcalino) abundante

em solo básico. Na planície sul predominam os Regossolos (solos de clima semi-árido)

inexplorados. Por outro lado, no Brasil, grande parte da zona da bacia Amazônica e do

Planalto está coberta de Ferralssolos e no nordeste em direção à costa atlântica se encontram

os Lixissolos. Na zona sul, onde o clima é mais temperado, se encontram Leptosslos (solo

muito fino sobre uma base de rochas) e Vertissolos (Elevado conteúdo de argila)

Observando-se os distritos da área do Estudo, há a presença de Ferralssolos nas

proximidades do distrito de Gurué, na província de Zambézia, mas nos outros distritos

predominam os Lixissolos, Luvissolos (solo de bosques ricos em nutrientes, Acrissolos (solo

ácido de climas tropicais úmidos), Lixi/Luvissolos e Gleyssolos (solo excessivamente

úmido), revelando a diversidade de solos existentes. Portanto, o solo da área do Estudo

possui características diferentes do cerrado, onde predomina o Ferralssolos3 (Figura 3.1.7).

O Ministério de Agricultura de Mocambique realizou uma classificação do país de acordo

com 10 pisos agro-ecológicos (Tabela 3.1.2 e Figura 3.1.8) conforme o regime de chuvas,

relevo, tipo de solo etc. De acordo com esta classificação, a maioria dos distritos dentro da

área deste Estudo se encontra em zonas com volume anual de chuvas entre 1.000 - 1.400 mm,

solo arenoso ou argiloso R7 (Cuamba, Mandimba, Malema, Ribáue, Murupula, Nampula,

Mueate e Alto Molócue), seguido de zonas com volume de chuvas um pouco menor 800 -

1.200 mm com solos igualmente arenosos ou argilosos R8 (Monape, Meconta, Mogovolas).

3 Segundo os critérios de classificação adotada pela EMBRAPA de Brasil, major parte do Cerrado está pertencente ao Latosol, e diz que na área do Corredor de Nacala poderiam ser amplamente distribuído nesta Latosol.

Relatorio Final

3-10

O único distrito que apresenta solo parecido ao cerrado de forte ferralssolos é o distrito de

Gurué, que se encontra em uma zona mais elevada, com um volume de chuvas superior a

1.200 mm.

Assim, podemos concluir que a única zona com solo similar ao cerrado é a zona próxima ao

distrito de Gurué, com um solo pouco fértil e muito ácido (R10), sendo que nas zonas baixas

em direção ao Oceano Índico, o solo é básico, mais similar ao solo da caatinga (R8).

Localizado entre essas duas áreas e onde se encontra grande parte da zona do Estudo é R7,

que é apropriado para a agricultura por apresentar baixa acidez e pouca eluviação de

nutrientes. O exame sempre de solo realizado pelo Dr. Yusuke Okada, nos cinco pontos PH

estiveram distribuídos de 5,8 a 6,5, mas os pontos do exame foram limitados e os estudos

mais profundos são necessários em futuro.

Tabela 3.1.2 Classificação de Solos do Ponto de Vista Agroecológico em Moçambique

Piso agroecológico

Classificação

Região

Volume pluviométrico anual (mm)

Tipo de solo Jurisdição Estação

experimental

R1 Interior sul, zona semi

desértica 570 Arenoso Sul (Chókwé)

R2 Costa sul, zona semi

desértica 500-600 Muito arenoso Idem

R3 Interior sul, zona desértica 400-600 Apropriado para a agricultura,

argiloso Idem

R4 Zona alta central 1.000-1.200 Argiloso Centro

(Sussundenga) R5 Zonas costeira central 1.000-1.400 Vestissolos e Fluvissolos Idem

R6 Deserto de Zambezia Tete 500-800 Arenoso, argiloso Idem

R7 Região central e norte

interior 1.000-1.400 Arenoso, argiloso

Nordeste (Nampula)

R8 Região da Costa norte 800-1.200 A maioria tem pequenas áreas de

solo arenoso e argiloso Idem

R9 Norte interior Cabo

Delgado 1.000-1.200 Calcário e arenoso Idem

R10 Áreas altas >1.200 Forte Ferralssolos Noroeste

(Lichinga)

Fonte: Instituto Nacional de Investigação Agronômica, Agro-climatic region with stations, 1996

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-11

Fonte: Instituto Nacional de Investigação Agronômica, Agro-climatic region with stations, 1996

Figura 3.1.8 Classificação Agroecológica de Moçambique

O solo da zona de divisória da área do Estudo de 12 distritos apresenta baixa concentração

de base, como no cerrado, mas o solo é arenoso e com baixa ou média acidez, o que difere

do cerrado, que apresenta solo siltoso e muito ácido. Além disso, conjetura-se que enquanto

o solo do cerrado possui tendência de acidificação, o solo das regiões com pouca chuva da

província de Nampula possui tendência de alcalinização. Entretanto, verificou-se no estudo

de campo que de Nampula até Malema, estende-se vasta área de solo arenoso, com baixa

densidade de vegetação, mas a medida que se aproxima de Gurué (Ferralssolos), partindo de

Malema, o solo de argila leve aumenta, e já na zona próxima a Alto Molócue (presença

principalmente de Acrissolos), aumenta a argila siltosa e a vegetação se torna mais densa.

Para se introduzir novos cultivos e para se definir o padrão de aplicação de fertilizantes,

torna-se necessária a realização de um estudo considerando as diferenças dos tipos de solo.

Dados de estudos realizados sobre as características físicas e químicas do solo no Corredor

de Nacala foram localizados em 03 Comunicados técnicos do IIAM, de 1971. Durante a

visita técnica à região do corredor, os depoimentos coletados foram controversos,

qualificando os solos na região como muito férteis a altamente pobres. Notou-se que quanto

à acidez as análises dos solos variaram entre 4,5 a 5,0 de PH até 6,5 de PH. Essa

Relatorio Final

3-12

característica, se confirmada, requer que as ações de correção da acidez com a aplicação de

calcário deve ser bem monitorada, pois há risco de causar salinização no solo. O Mapa de

Solos e sua classificação foi elaborado com dados da Carta Nacional de Solos, escala

1:1.000.000 elaborado pelo INIA - 1995, atualmente Instituto de Investigação Agrária de

Moçambique (IIAM) (Figura 3.1.7).

(5) Biologia

1) Vegetação

O termo Savana vem sendo utilizado de forma ampla para denominar diferentes formações

de vegetação no mundo. O médico-ecólogo francês François Bourliére, em conjunto com

autoridades no tema, deu uma grande contribuição para o esclarecimento sobre savanas, ao

publicar em 1983 o livro intitulado: Ecosystems of the world 13: tropical savannas. Existem,

segundo os autores, fatores que em conjunto caracterizam a formação da savana, entre eles

estão às condições climáticas, edáficas, hidrológicas, geomorfológicas e o tipo de vegetação.

Para outros autores, como o professor George Eiten, as savanas no mundo podem ser

agrupadas numa macroescala de acordo com as condições climáticas regionais, onde a

sazonalidade ou a concentração, no regime pluviométrico seria o fator determinante para

ocorrência da vegetação savânica, por exemplo, no continente africano (Eiten, 1982).

De conformidade com a visão primária do termo, a savana pode ser entendida como um tipo

de vegetação desprovida de árvores e com abundante extrato herbáceo. Por outro lado, na

visão moderna e mais ampla, o termo savana, em geral, pode ser definido como a vegetação

caracterizada por um extrato graminoso contínuo ou descontínuo com presença de árvores e

arbustos dispersos na paisagem (ver Collinson, 1988). Dentro desse conceito, as savanas

podem ser encontradas na América do Sul, África, Oceania e Ásia. A savana é considerada o

quarto maior bioma mundial em área, com cerca de 15 milhões de km2, que correspondem a

cerca de 33% da superfície continental da Terra, 40% da faixa tropical e abriga 20% da

população mundial (Whittaker, 1975; Mistry, 2000).

Ao longo do corredor, a diversidade da cobertura vegetal enquadra-se na ampla

caracterização das Savanas Tropicais. Possui vegetação que se diferencia entre matagal

aberto na sua maioria, seguido de zonas herbácea arborizada e floresta de baixa altitude

aberta (Figura 3.1.9)

2) Fauna Bravia

O conflito homem fauna bravia constitui hoje uma séria preocupação não só das populações,

mas também de todos os intervenientes na gestão da Fauna, pois este tem estado a crescer e a

provocar elevados dano socioeconômicos com impactos imensuráveis na vida da população

especialmente nas zonas rurais. Nas últimas quarto décadas o número da população animal

de forma geral decresceu e a população humana cresceu substancialmente, contribuindo para

a ocupação de áreas anteriormente livres da presença humana. Após a assinatura do acordo

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-13

de paz houve um processo de regresso ao campo e o reassentamento de milhares de cidadãos

deslocados e refugiados nos países vizinhos. Infelizmente, o processo de reassentamento nas

várias zonas do país centrou-se apenas no homem, pela necessidade de desenvolvimento

humano e não tomou em consideração aspectos ecológicos, tais como a capacidade de carga

dos ecossistemas e as rotas seculares de migração de animais bravios.

A ocupação de áreas não habitadas anteriormente e das rotas de fauna bravia (Figura 3.1.10),

acompanhado com o aumento efetivo da população de elefantes tem de certa forma reduzido

o habitat natural destes, trazendo como conseqüência a competição pelos escassos recursos

como alimentos e água, vegetação por parte dos herbívoros e por presas por parte dos

carnívoros. Perante esta situação, para sobreviver a fauna bravia tem sido forçada a fazer

incursões nas áreas de plantio dos camponeses onde os herbívoros devoram o milho e a

mandioca enquanto os carnívoros como o leão devoram o gado bovino, caprino e atacam o

homem.

Tabela 3.1.3 Conflitos que Ocorrem em Distritos e Áreas Próximas ao Corredor de Nacala

Provinc Elefante Crocodilo Hipopotamo Leão

Niassa

Mecula Nipepe Marrupa Metarica

Meponda Lago Mecula Majune Mandimba

Mecanhelas Majune Lichinga

Majune Marrupa

Nampula Malema Mecuburi Lalaua

Malema Memba Mecuburi Lalaua Mogincual

Angoche Moma

Moma Mossuril Mogovola

Fonte: Linhas de Orientação para a Mitigação do Conflito Homem – Animal (Região Norte – Niassa, Nampula e Cabo Delgado), SPFFB

Fonte: Linhas de Orientação para a Mitigação do Conflito Homem – Animal (Região Norte –

Niassa, Nampula e Cabo Delgado),

Figura 3.1.10 Rotas Migratórias dos Elefantes

Relatorio Final

3-14

(6) Desastres naturais

Em geral, a área do Estudo conta com chuvas em abundância e está localizada em zonas com

altitudes superiores a 200 m e onde se nota a existência de abundante solo arenoso, pelo que

é bastante vulnerável à erosão do solo. Os distritos de Gurué, Malema e Ribaue são os que

possuem mais zonas propensas a sofrer erosão do solo (Figuras 3.1.11 e 3.1.12) e onde as

chuvas são mais abundantes no país.

Por outro lado, a USAID fez uma classificação para 4 etapas de vulnerabilidades

(especialmente secas e inundações) baseada em entrevistas em nível nacional por distritos,

com o Ministério de Agricultura, sobre desastres naturais. A área do Estudo não conta com

nenhum rio importante e se encontra em uma zona relativamente elevada pelo que o

principal problema seria a seca. De acordo com isto, as províncias de Mulupala, Nampula,

Muecate, Meconta e Mogovolas, que contam relativamente com pouca chuva, têm

vulnerabilidade média com relação a desastres naturais, mas os outros distritos foram

classificados entre as categorias mais sólidas (Figura 3.1.12). Portanto, dentro da área do

Estudo, os distritos localizados nas áreas mais altas e nas zonas mais baixas têm como fator

de impedimento para a agricultura a seca e a erosão do solo.

Fonte: Preparado a partir de “Wambeke van J., Marques, M., Mozambique Erosion Hazard Map”, ano desconhecido

Fonte: Preparado de acordo com “USAID, Weighed hazard composite by district, 2005”

Figura 3.1.11 Grau de Vulnerabilidade dos Distritos dentro da Área do Estudo com Relação à

Erosão

Figura 3.1.12 Grau de Vulnerabilidade dos Distritos da Área do Estudo com

Relação a Desastres Naturais

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-15

(7) Situação da Produção Agrícola

Devido ao elevado volume de chuvas e tipo de fertilidade do solo, o norte de Moçambique é

considerado como uma zona apropriada para a agricultura. Citando o caso das leguminosas,

o amendoim que é um produto favorecido por solos alcalinos, é produzido em todas as zonas

da área do Estudo, com exceção do distrito de Gurué, que tem solo fortemente ácido. O

mapa projetado de zonas adequadas para o cultivo de amendoim, mostra quea área do Estudo

é considerada uma região onde a atividade agricultura é bastante ativa, exceto a região norte

onde a população é escassa (Figura 3.1.13).

Os aspectos descritos anteriormente estão demostrados em um resumo da situação da

agricultura na área do Estudo na Tabela 3.1.4. Gurué se encontra a uma altitude acima de

1.000 m com um clima temperado, solo ácido e baixo em nutrientes. As outras zonas são

zonas de solo de bosques, relativamente férteis com baixa acidez, mas em Alto Molocué,

Mulupala, Malema, Ribáue, Muecate e Nampula as chuvas podem provocar a erosão dos

solos. Com exceção de Gurué, onde não foi possível se obter dados, em todas as outras áreas

foi reportada a presença de solo arenoso e mesmo na época das chuvas, quando estas se

atrasam, estas zonas podem facilmente sofrer com o problema da seca.

Fonte: Esquerda “Generalised agro-climatic suitability for rainfed crop production sheet, 1982” e à direita “EROS Data Center-USGS, Mozambique Crop Use Intensity, 1992”

Figura 3.1.13 Zonas Consideradas Próprias para o Cultivo de Amendoim (esquerda) e Zonas de Forte Utilização de Solo para Cultivo (direita)

Relatorio Final

3-16

Tabela 3.1.4 Resumo das Condições Agrícolas na Área do Estudo

Área do Estudo Frequência de

desastres naturaisProvincia

Distrito

Agroecologia

Volume de chuvas

anual (mm)

Altitude(m)

Classificação de solo

Tipo de solo

Acidez de solo Erosão

do solo Seca/

Inundação

Gurué R10 >1,200 >1000 Ferralssolos - Forte Forte Zam

bezia

Alto Molocué R7 1,000 - 1,400

600 - 1000 Acrissolos Arenoso – Argiloso

Fraco Médio Baixa

Murrupula Medio

Malema Lixi/Luvissolos Médio

Ribaué Acrissolos Médio – Forte

Baixo

Muecate

Nampula

R7 1,000 - 1,400

200 - 600

Luvissolos

Arenoso-Argiloso

Médio

Médio

Monapo

Meconta Baixo

Nam

pula

Mogovolas

R8 800 - 1,200

0-200 Lixissolos Arenoso-Argiloso

Fraco

Baixo

Médio

Cuamba Lixi/

Luvissolos

Niate Mandimba

R7 1,000 - 1,400

600 - 1000Gleissoles

Arenoso-Argiloso

Fraco Baixo Baixo

Fonte: Criado pelos resultados da análise da equipa do Estudo

3.1.3. Situação Socioeconômica

(1) População

As províncias que estão relacionadas com o corredor de Nacala são as províncias de

Nampula, Niassa e Zambézia. A província de Nampula conta com 18 distritos além dos

municípios de Nampula, Nacala e da Ilha de Moçambique, a província de Niassa conta com

15 distritos e o município de Lichinga, e a província de Zambézia, com 16 distritos e os

municípios de Quelimane, Mocuba e Gurué.

A população total da província de Nampula em 2008 ascendia a 4.000.000 habitantes, sendo

uma das províncias mais populosas do país, juntamente com a província da Zambezia.

Durante os últimos 5 anos, a partir de 2003, o incremento populacional chegou a 13% e de

acordo com projeções estatísticas populacionais da província (1997 - 2015), para 2015 a

população deve chegar a 4.750.000 habitantes (aumento de 20% com relação a 2008). A

população está concentrada nos municípios de Nampula (11% da população total da

província) e Nacala, como também nos 6 distritos costeiros que juntamente concentram 42%

da população total da província.

Já a província de Niassa tem uma população de 1.080.000 habitantes, sendo a província

menos populosa do país, mas durante os últimos 5 anos a partir de 2003 teve um aumento

populacional da ordem de 15% e se calcula que em 2015 a população deve chegar a

1.310.000 habitantes (incremento de 21% com relação a 2008). A população se encontra

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-17

concentrada no município de Lichinga e na província de Cuamba, totalizando

aproximadamente 30% da população total da província.

Por outro lado, a população da província de Zambézia, em 2008, era de cerca 4 milhões,

sendo a mais populosa do país, ao lado da província de Nampula. A população concentra-se

na cidade de Quelimane e proximidades.

Tabela 3.1.5 Área e População da Zona do Corredor de Nacala

Província de Nampula Província de Niassa Província de Zambézia

Área (km²) 81.606 129.061 103.127

População (hab.) 3.958.899 1.084.682 3.967.127

Fonte: Anuário Estatístico 2008

A população total dos 12 distritos objectos de Estudo era de 2.050.000 pessoas (em

1/1/2005), sendo o Monapo o distrito com maior densidade populacional, com 76,1

pessoas/km2, e o Muecate, o de menor densidade populacional, com 20,2 pessoas/km2,

ambos da província de Nampulas.

Tabela 3.1.6 População da Área de Estudo (1/1/2005)

Distrito População Densidade

demográfica (pessoas/km2)

Distrito População Densidade

demográfica (pessoas/km2)

Província de Nampula

Distrito de Malema 149.782 23,5 Distrito de Meconta 147.145 38,9

Distrito de Ribaué 153.794 31,4 Distrito de Mogovolas 218.812 46,1

Distrito de Murrupula 122.028 39,4 Distrito de Muecate 83.669 20,2

Distrito de Nampula 153.449 41,0 Distrito de Monapo 272.400 76,1

Província de Niassa

Distrito de Mandimba 113.546 24,2 Distrito de Cuamba 161.558 30,2

Província de Zambézia

Distrito de Gurué 241.303 42,4 Distrito de Alto Molócue 230.795 36,4

Total 2.048.281 36,3 Fonte: Perfil do Distrito, Ministerio da Administracao Estatal, 2005.

(2) PIB

O Produto Interno Bruto regional da província de Nampula (PIB regional) é 725.000.000 de

dólares, correspondente a 14% do total do PBI do país e a província de Niassa é responsável

por somente 3% do PIB total do país totalizando 171.000.000 dólares.

O setor agroflorestal na província de Nampula é responsável por 55% do PIB regional,

seguido das exportações (inclui o setor de comercialização) com 15%. Os produtos de

consumo básico e produtos para a indústria assim como o petróleo dependem das

importações e são transportados desde o porto de Nacala em caminhões de 20 toneladas. O

setor manufatureiro representa 8% e a principal indústria está representada por algumas

dezenas de indústria de beneficiamento de castanha de caju. Por outro lado, na província de

Relatorio Final

3-18

Niassa o setor agroflorestal é responsável por 87% do PIB regional, seguido da mineração

(7%).

Tabela 3.1.7 PIB Regional e PIB per Capita na Zona do Corredor de Nacala

Província de Nampula Província de Niassa

PIB regional (milhões de USD) 725 171

PIB per capita (USD) 202 171

Fonte: Anuário Estatístico da Província de Nampula, Plano Estratégico da Província de Niassa 2017

Fonte: Anuário Estatístico da Província de Nampula Fonte: Plano Estratégico da Província de Niassa 2017

Figura 3.1.14 Estrutura dos Setores Econômicos na Província de Nampula

Figura 3.1.15 Estrutura dos Setores Econômicos na Província de Niassa

A renda per capita da província de Nampula é de 202 dólares, e de Niassa, 171 dólares

(Anuário Estatístico de respectivas províncias, 2004), muito menor que a média nacional, de

304 dólares. A maioria dos agricultores vive em casas de tijolos e barro com teto de palha

em condições de subsistência. Cerca de 10 a 30 famílias se concentram em um lugar

conformando vilarejos que se dispersam em vastas áreas. Quanto mais longe das cidades,

existe uma tendência de aumentar a distância entre um vilarejo e outro.

(3) Educação

O índice de analfabetismo adulto na província de Niassa (total: 55,3%; homens: 39.5%;

mulheres: 71,1%) e na província de Nampula (total: 57,4%, homens: 41,7%, mulheres:

73,2%) é maior que a média nacional (total: 48,1%, homens: 31,4%, mulheres: 62,7%), e

essa taxa é maior entre adultos, tanto homens como mulheres, acima de 30 anos. Esse índice

é ainda maior nas áreas rurais, e diz-se que apenas 6% da população rural concluiram o

ensino primário.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-19

Tabela 3.1.8 Taxa de Alfabetização de Adultos na Região Alvo (2008)

Consegue ler e escrever Consegue apenas ler Não consegue ler nem escrever

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens

35,3 6,3 55,3 Niassa

21,7 48,9 4,3 8,2 71,0 39,5

35,9 4,1 57,4 Nampula

20,5 51,2 3,6 4,7 73,2 41,7

46,9 3,3 48,1 Nacional

32,6 63,2 2,9 3,8 62,7 31,4

Fonte: INES 2009

O Ministério da Educação vem realizando a reestruturação e reorganização do sistema

educacional, aumentando o número de salas de aula, formando professores voluntários,

desenvolvendo materiais didáticos, dentre outros, visando o fortalecimento da alfabetização

de adultos após 2000, no âmbito da formação de base para o desenvolvimento econômico e

regional. Na entrevista feita na Direção Provincial da Educação de Nampula, foi-nos

relatado que o índice de analfabetismo adulto na província diminuiu 10% em 5 anos, entre

2005 e 2009.

Por outro lado, diz-se que apenas metade dos que ingressam no curso de alfabetização adulta

consegue concluí-lo, a maioria mulheres da área urbana. Isso se deve ao fato de que os

cursos de alfabetização têm duração de 10 meses para cada ano letivo, e as aulas são

oferecidas durante o dia. Assim, os trabalhadores das áreas de prestação de serviços ou

agricultores da área rural não conseguem frequentar os cursos, sendo muitas vezes obrigados

a abandonar o estudo.

Em 2007, o número de matriculados no EP1 (ensino primário do 1º ciclo) a nível nacional

era de 3.866.906 alunos (111%), e no EP2 (ensino primário do 2º ciclo), de 616.091 alunos.

Neste estudo, conseguimos recolher apenas os dados do EP1 e EP2 da província de Nampula,

dentre as regiões alvo, os quais são apresentados no quadro seguinte, juntamente com os

dados nacionais.

Considerando a proporção do número de habitantes da província de Nampula em nível

nacional (corresponde a cerca de 19%), o índice de matriculados no EP1 e EP2 da província

de Nampula pode ser considerado dentro da média. O Tabela 3.1.9 indica a evolução do

número de salas de aula e de alunos do EP1 e EP2 da província de Nampula. Entre 2005 e

2009, o número de alunos aumentou 36,9% no EP1, 76,7% no EP2, e 175,0% no ESG

(ensino secundário). Este aumento se deve a várias medidas tomadas para promover a

educação (como aumento do número de salas de aula, formação de professores e sua

distribuição, dentre outros), mas é resultado principalmente das medidas de fortalecimento

dos serviços de educação da região norte, que possui alto índice de crescimento

populacional.

Relatorio Final

3-20

Tabela 3.1.9 Volução do Número de Salas de Aula e Alunos no EP1 e EP2 da Província de Nampula (2005 a 2009)

Número de escolas Número de alunos

2005 2009 Índice de aumento

2005 2009 Índice de aumento

EP1 1.476 1.708 15,7% 570.682 781.130 36,9%

EP2 164 330 101,2% 61.573 108.814 76,7%

Total EP 1.640 2.038 24,3% 632.255 889.944 40,8%ESG1 18 40 122,2% 22.968 58.715 155,6%

ESG2 5 18 260,0% 2.502 11.311 352,0%

Total ESG 23 56 152,2% 25.470 70.026 175,0%

Fonte: Direcção Provincial da Educação de Nampula

(4) Saúde

O Tabela 3.1.10 mostra as instalações de saúde existentes na região alvo. Os dados da

província de Niassa são de 2007, e os da província de Nampula são de Novembro de 2009.

Tabela 3.1.10 Instalações de Saúde

Nampula Niassa

Total de instalações de saúde 142 205 Hospitais 2 8

Centros de saúde 112 135

Postos de saúde 28 49

Total do número de leitos hospitalares 731 2.988 Maternidade 270 941

Outros 461 2.047

Fonte: Dados de Niassa, de Mozambique in Figura 2008 Dados de Nampula, da Direcção Provincial da Saúde de Nampula

Hospital Central

Hospital Distrital Hospital Distrital

Hospital Rural Hospital Rural Hospital Rural Hospital Rural

Centros de Saúde

Postos de Saúde

Hospital Geral Hospital Geral

【Locais】

1. Hospital Central (1) � Nampula

2. Hospital Geral (2) � Malema

� Porto de Nacala

3. Hospital Rural (4) � Angoche � Monapo

� Ribáue � Namapa

4. Hospital Distrital (2) � Moma

� Lalaua

Fonte: Entrevista com a Direcção Provincial da Saúde de Nampula

Figura 3.1.16 Sistema de Encaminhamento de Hospitais (no caso da província de Nampula)

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-21

A diferença entre Posto de Saúde e Centro de Saúde é a existência ou não de instalações de

maternidade. Atualmente o Ministério da Saúde está agilizando a capacitação e a distribuição

do pessoal e o melhoramento das instalações para transformar todos os Postos de Saúde em

Centros de Saúde. Na província de Nampula, há 3 Centros de Treinamento que oferecem

capacitação de técnicas de tratamento médico, onde são formados enfermeiros (inclui

parteira e assistentes de saúde), farmacêuticos, técnicos de laboratório clínico, auxiliares de

farmácia, etc. Na Universidade de Lúrio há a Faculdade de Medicina. A lista dos técnicos da

área médica formados nessas instalações é administrada pela Direcção provincial da saúde, e

os profissionais são encaminhados para as instalações de saúde de modo adequado.

Na região alvo, as doenças mais comuns são: sarampo, meningite, intoxicação alimentar,

malária, problemas respiratórios, diarreia, tuberculose, hanseníase, HIV/SIDA, dentre outras,

e nos últimos anos tem aumentado os casos de malária. A Figura 3.1.16 mostra o sistema de

encaminhamento das instalações de saúde (no caso de Nampula), mas dependendo do nível

de emergência ou dos sintomas, o paciente pode ser encaminhado para hospitais mais

especializados. Mas nas áreas rurais, há maior risco de propagação de doenças devido à falta

de informações, falta do sistema de transporte público e falta de acesso às instalações

médicas e de saúde.

A taxa de incidência de HIV/SIDA é de 13,8% em todo o país (18,9% na região sul, 15,9%

na região central, 7,2% na região norte), e o número de contaminados é de 180.000 pessoas

na região sul, 570.000 na região central e 100.000 na região norte. Na província de Gaza, na

região central, onde se localiza o Corredor da Beira, a taxa de incidência chegou a 26,5%,

mas em 2007, havia diminuído para 23%. O Ministério da Saúde prevê que não haverá

grande aumento na taxa de incidência de agora em diante, mas há relatos de casos de

deficiência na distribuição de preservativos devido a problemas de acesso às instalações

médicas e de saúde. Além disso, há muitas pessoas que não fazem consultas médicas por

motivos sociais ou culturais, e é preocupante a deficiência na divulgação de informações

corretas sobre os métodos de prevenção de HIV/SIDA à população.

O Ministério da Saúde é encarregado de construir poços para garantir a água potável segura

à população. A perfuração de poços e a instalação de equipamentos são executadas pela

empresa consignada pela Direcção provincial da saúde, que também orienta a Equipe de

gestão do poço, formada por representantes comunitários, quanto ao método de sua

manutenção. Após a conclusão da instalação, a gestão do poço fica sendo da

responsabilidade da comunidade.

Relatorio Final

3-22

(5) Finanças

A província de Nampula conta com 6 bancos privados6 e cada agência possui em média

uma carteira de 181.000 clientes (Plano Estratégico da Província de Nampula 2003 - 2007).

As agências se concentram nos centros urbanos principalmente no município de Nampula, e

praticamente são inexistentes nos distritos e na zona rural. Por isso se nota uma expansão de

projetos relacionados com micro financiamento por parte de ONGs nacionais e estrangeiras.

Os capitais de empresas privadas no setor de comércio exterior e serviços dependem em

aproximadamente 60% dos empréstimos e grande parte deste capital é utilizado como capital

de giro e não para novos investimentos. Devido à elevada taxa de juros, as empresas não se

lançam a expansão de atividades para corresponder ao mercado e tampouco investem em

novas tecnologias, para reduzir os riscos. Por isso, ainda estão pendentes vários temas

relacionados com a reativação das atividades econômicas.

3.1.4. Situação do Uso de Terra

O mapa a seguir foi elaborado pela Direção Nacional de Terras e Florestas de Moçambique e

demonstra a uso das terras na Provincia de Nampula e foi atualizado no primeiro semestre de

2008 (Figura 3.1.17).

Fonte: Direcção Nacional de Terras e Florestas, 2008

Figura. 3.1.17 Mapa de Ocupação das Terras – Província de Nampula

Segundo o mapa de cadastro de terras, na província de Nampula, as reservas protegidas

concentram-se na parte central e norte, ocupando extensas áreas. Na parte noroeste, leste e

6 BIM, Banco Austral, Banco Standard Totta, Banco Comercial e de Investimentos, Banco do Fomento and Novo Banco

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-23

sul, há as áreas de concessão florestal. Recentemente, a Lurio Green Resources obteve

concessão florestal de uma extensa área na região centro-oeste. Há grandes áreas de

concessão mineral na parte oeste, e algumas áreas espalhadas na região leste. As pequenas

terras para agricultura espalham-se em toda a província, sendo que no norte de Namialo, há

uma grande área agrícola. No leste de Monapo e no sul de Namina as terras para agricultura

e pecuária estão distribuídas amplamente. As áreas industriais concentram-se nas

proximidades de Namialo. Do oeste de Ribaué a leste de Malema, no oeste de Murrupula e

parte de Monapo, existem terras para comunidade.

Na província de Niassa, existem apenas as concessões florestais que se espalham em grandes

extensões no norte de Cuamba, e algumas áreas de concessão mineral. Por outro lado, na

província de Zambézia, nos distritos de Gurué e Alto Molócue, há muitas terras com

pequenas áreas para agricultura e pecuária, terra para comunidade, concessão florestal e

terras utilizadas para demais fins.

Fonte: Direcção Nacional de Terras e Florestas, 2008.

Figura 3.1.18 Uso de Terras da Província de Niassa

Relatorio Final

3-24

Fonte: Direcção Nacional de Terras e Florestas, 2008.

Figura 3.1.19 Uso de Terras da Província de Zambézia

3.1.5. Situação do Cadastro de Terras da Província de Nampula

O cadastro de terras da província de Nampula é feito pelo Serviço Provincial de Geografia e

Cadastro (SPGC) da Direcção Provincial da Agricultura. Em Dezembro de 2009, havia o

cadastro feito manualmente, directamente na carta topográfica na escala 1:50.000 (de 1971).

Em toda a província havia 2.931 cadastros, que corresponde à área total de 18.522 km2,

cerca de 23% dos 81.606 km2 de toda a província. Nos 8 distritos da área de Estudo, a

maioria das terras da parte leste estava cadastrada, enquanto que na parte oeste, cerca de

80% das terras não estavam cadastradas. Entretanto, segundo a explicação do SPGC, terras

não cadastradas não são sinônimos de terras não utilizadas, havendo muitas terras em uso

cujo cadastro está em processamento, ou não estão cadastradas.

Tabela 3.1.11 Cadastro de Terras (não cadastradas) da Província de Nampula (km2)

Distrito Área do distrito Terras não cadastradas

Percentagem (%)

Malema 6.386 5.147 81

Ribáue 6.280 5.429 86

Murrupula 3.095 2.379 77

Nampula 3.739 2.849 76

Meconta 3.786 403 11

Mogovolas 4.748 1.733 36

Muecate 4.133 1.032 25

Monapo 3.581 2.994 84 Fonte: Material elaborado pelo Serviço Provincial de Geografia e Cadastro da Direcção

Provincial da Agricultura.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-25

As terras são cadastradas principalmente por empresas ou pessoa jurídica para serem

utilizadas para agricultura, pecuária, sivicultura, ou pela comunidade, sendo que há áreas

com mais de 10.000 ha.

Tabela 3.1.12 Cadastro de Terras de Grandes Áreas da Província de Nampula

Distrito Objectivo de uso Quem cadastrou Área (ha)

Turismo Pessoa física 59.032 Malema

Agricultura Pessoa jurídica 10.000

Comunidade Pessoa jurídica 21.509

Comunidade Pessoa jurídica 34.488

Sivicultura Pessoa jurídica 15.867

Sivicultura Pessoa jurídica 17.895

Ribaué

Sivicultura Pessoa jurídica 12.582

Sivicultura Pessoa jurídica 11.557

Sivicultura Pessoa jurídica 17.519

Comunidade Pessoa jurídica 63.204

Comunidade Pessoa jurídica 37.500

Comunidade Pessoa jurídica 16.950

Murrupula

Comunidade Pessoa jurídica 13.743

Agricultura e pecuária Cooperativa 10.000

Outros Governo 25.000

Comunidade Pessoa jurídica 43.360 Nampula

Agricultura Empresa 30.000

Agricultura Empresa 10.000

Comunidade Pessoa jurídica 35.988 Meconta

Comunidade Pessoa jurídica 24.000

Agricultura Empresa 9.985

Agricultura e pecuária Pessoa física 12.000

Comunidade Pessoa jurídica 16.947 Monapo

Comunidade Pessoa jurídica 28.600 Fonte: Material elaborado pelo Serviço Provincial de Geografia e Cadastro da Direcção

Provincial da Agricultura.

3.1.6. Infra-estrutura

(1) Portos

O Porto de Nacala é considerado um dos portos mais importantes de Moçambique, depois

dos Portos de Maputo e Beira. O Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN) realiza a

sua operação, manutenção e gestão, através da concessão concedida por 15 anos, desde

2005.

O total de cargas movimentadas no Porto de Nacala nos anos de 2005 e 2006 foi de,

respectivamente, 740.000 ton e 800.000 ton. Mas em 2007, esse número aumentou para

950.000 ton, e a tendência é aumentar anualmente (Tabela 3.1.13). Dentre 950.000 ton de

Relatorio Final

3-26

carga, 70% foi exportação moçambicana, 23% carga de Malawi em transito, 6%, cargas

nacionais, e 2%, baldeação de carga doméstica.

Tabela 3.1.13 Cargas Movimentadas no Porto de Nacala

2005 2006 2007

Carga total (1.000 m/ton) 744,5 801,3 951,6

Carga geral (1.000 m/ton) 330,0 416,3 465,1

Carga contentorizada (TEU) 31.118 33.128 44.687

Fonte: CDN

Os principais produtos importados para Moçambique, do Porto de Nacala, são: arroz, trigo,

combustível e clínquer. Os principais produtos exportados são: tabaco, matéria-prima

industrial, madeira e castanha de caju. Os principais produtos importados para Malawi são:

açúcar, combustível e fertilizante, e os principais produtos exportados de Malawi são: tabaco,

açúcar, chá preto, grãos e matéria prima industrial.

Diante do aumento da carga movimentada, a empresa Bakhresa está construindo um

armazém de trigo nas dependências do porto, e pretende fazer a gestão e operação do

armazém de cereais e operação das instalações. A empresa de bananas Chiquita está

reformando o armazém existente para transformá-lo num frigorífico. Além disso, há planos

para reformar os 2 armazéns existentes nos terminais de fertilizantes e de açúcar,

respectivamente, além de construir um terceiro armazém para açúcar.

Ainda existe o plano para implementar o programa de ampliação do Porto de Nacala, com

custo estimado de 30 milhões de dólares, que inclui: reabilitação dos cais dos terminais de

contentores e de carga geral (inclui-se o melhoramento da subestação eléctrica e sistema de

drenagem de água), construção e ampliação de um novo terminal de contentores capaz de

receber navios de grande porte , construção de entreposto aduaneiro, construção de armazém

para cereais (para complementar o armazém de trigo que está sendo construído pela empresa

Bakhresa), e instalação de câmeras de segurança.

(2) Ferrovias

As cargas são transportadas do Porto de Nacala para o interior, ao longo do Corredor de

Nacala, e também para Malawi e Zâmbia, principalmente por ferrovias. Assim como o Porto

de Nacala, a operação, manutenção e gestão dos caminhos de ferro do norte de Moçambique

também são realizadas pelo CDN, por concessão.

Há 2 trens (para passageiros) que percorrem o trajecto Nacala-Cuamba (533 km)

diariamente7, e 1 ou 2 comboios que percorrem o trajecto Cuamba-Lichinga (262 km)

mensalmente. Na época de colheita, entre Junho e Janeiro, 2 comboios de carga operam por

7 Não se opera somente às segundas-feiras.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-27

semana até o Porto de Nacala. O trecho entre Cuamba e Entre-Lagos8 (77 km) está em

manutenção.

Há trechos onde as trilhas não estão em boas condições devido a danos causados pelas

cheias no passado, e também devido ao envelhecimento dos comboios, e por isso, tem

havido problemas como atraso no transporte de cargas. Mas como as linhas férreas são de

propriedade pública, torna-se difícil a CDN realizar uma grande obra de reabilitação.

Atualmente, está sendo planeado um projecto de desenvolvimento das linhas férreas para se

exportar carvão betuminoso de alta qualidade da província de Tete. A mineradora brasileira

Vale, que prevê uma produção anual de 12 milhões de toneladas de carvão, estuda um plano

para transportar o carvão pela linha de SENA e exportar do Porto de Beira, mas a linha de

SENA e o Porto de Beira não possuem capacidade de suportar a demanda de transportação

de carvão. Assim, foi estudada a transportação utilizando-se os caminhos de ferro do norte,

do corredor de Nacala, passando por Malawi, e em Outubro de 2009, foi assinada a Minuta

de Entendimento (MOU, ou Minutes of Understanding) entre o Ministro dos Transportes e

Comunicações e a Vale, sobre a cooperação de transporte ferroviário entre Nacala e Moatize.

A Vale iniciou o Estudo de Viabilidade (F/S), com previsão de ser concluído em 2014 ou

2015, da nova linha férrea entre Moatize e Nacala, que liga o sistema ferroviário de Malawi

e os caminhos de ferro do norte de Moçambique, para transportar carvão até o Porto de

Nacala. No Estudo de Viabilidade, está incluso o investimento para o melhoramento das

linhas férreas dos caminhos de ferro do norte de Moçambique e da ferrovia de Malawi.

(3) Rodovias

Na província de Nampula, somente 13% das estradas são pavimentadas, e na província de

Niassa, apenas 6%. Somente o trecho entre Nacala e Nampula está pavimentado, e o trecho

entre Nampula e Lichinga é de terra batida, sem pavimentação, e para se percorrer é

necessário 1 dia na estação seca, sendo intransitável na estação chuvosa.

Atualmente, está em andamento o projecto de melhoramento das vias principais e

secundárias da província de Nampula9. Foi elaborado o Desenho Detalhado (D/D) da obra

de pavimentação da via principal do trecho entre Nampula e Cuamba, pela o governo de

Moçambique, e em Agosto de 2010, está previsto o início das obras de construção

co-financiadas pela JICA e pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). A obra está

prevista para ser concluída em 2014, e o custo da construção é de 263 milhões de dólares. O

Estudo de Viabilidade (Feasibility Study: F/S) das obras do trecho Cuamba-Lichinga está

sendo realizado pela JICA, e a previsão de conclusão é em Fevereiro de 2011. Não faz parte

do Corredor de Nacala, mas a Coréia realizou o F/S da pavimentação da via principal do

trecho entre Nampula-Nametil-Chalaua em Julho de 2009. Além disso, a empresa pública

8 Localizado na fronteira entre Moçambique e Malawi. 9 Entrevista feita na empresa pública moçambicana Administração Nacional de Estradas (ANE).

Relatorio Final

3-28

Millennium Challenge Corporation (MCC) realizou o F/S da obra de ampliação, que inclui

rodovias e pontes, entre o trecho Namialo-Namapa, e a mesma empresa tem planos de

realizar o estudo do trecho Nampula-Murrupula-fronteira com a província de Zambézia.

Sobre as estradas secundárias, ANE apresentou a JICA uma solicitacao para a melhoria das

estradas entre Ribaúe e Lalaua entre Rapele e Mecuburi.

Fonte:ANE

Figura 3.1.20 Rede de Rodovias da Província de Nampula

3.2. Orientação a ser Tomada pela Administração Local e

Estratégia de Desenvolvimento

3.2.1. Descentralização e Administração Local

(1) Política de descentralização

A administração de governos locais em Moçambique está regulamentada pela Lei dos

Órgãos Locais do Estado: LOLE, de 2003 e estabelece o sistema de governo provincial e

distrital. De acordo com esta lei, em questões de desenvolvimento, a unidade administrativa

básica em Moçambique está representada pelo distrito e seus planos de desenvolvimento e

orçamento seriam a base dos planos de desenvolvimento e orçamento nacional. Os planos de

desenvolvimento são preparados pelos governos distritais, mas para efeitos de execução e

monitoramento dos projetos são realizados sessões nos Conselhos Municipais, estruturando

desta forma um sistema que permite a participação direta da população local.

Rapal

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-29

Por outro lado, o Plano de Acção do PARPA II promove a descentralização, focalizando-se o

desenvolvimento a nível de distrito. Um dos 3 pilares da estratégia de desenvolvimento

citados no PARPA II é a governação, sendo promovida a reconstrução do setor público por

meio da descentralização e desenvolvimento com base nos distritos. O governo distrital é um

elemento importante para a elaboração do plano de desenvolvimento de seu distrito, e

almeja-se que este seja a entidade central de planeamento e execução. Entretanto, as

direcções provinciais hoje são controladas pelos ministérios do governo central, por meio da

alocação de fundos. Justamente para se acabar com esta situação, o governo iniciou, em

2006, o sistema para fornecer anualmente um fundo de desenvolvimento para os distritos,

que pode ser usado pela sua própria iniciativa. Este fundo é chamado de “7 milhões” devido

ao seu valor, e cada distrito pode decidir o uso deste fundo de 7 milhões de Meticais.

(2) Administração local

Em termos administrativos, a nível local, Moçambique está dividido em 10 províncias e a

cidade de Maputo, que possui o estatuto de província. O governador da província é o

representante do Presidente da República a nível provincial. Os directores das Direcções

provinciais são os representantes dos respectivos ministérios do governo central. As

províncias dividem-se administrativamente em Distritos. Segue o número de distritos das

províncias objectos de Estudo: Nampula: 18 distritos; Niassa: 15 distritos; e Zambézia: 16

distritos. O Administrador do Distrito é o representante do governo distrital, e também o

representante do governo provincial no distrito. Os Directores das Direcções Distritais

respondem por áreas de vários Ministérios, por exemplo o Serviço Distrital das Actividades

Económicas responde pela Agricultura, Comércio e Industria, Pescas, Ambiente e Turismo..

Por outro lado, os Distritos se subdividem em Postos Administrativos, e as Comunidades e

as Localidades são controladas por cada divisão administrativa.

Figura 3.2.1 Estrutura da Administração Local

Ministro Ministro Ministro Ministro

Diretor Diretor Diretor Diretor

Diretor Diretor Diretor Diretor

Comunidade, Localidade

PresidenteGoverno

Central

Governo

Provincial

Governo

Distrital

Post Administrativo

Governador

Administrato

Relatorio Final

3-30

(3) Estrutura e Função da Direcção Provincial da Agricultura de Nampula

A Direcção Provincial da Agricultura é constituída por: Gabinete do Director Provincial,

Gabinete Jurídico, Departamento de Administração e Finanças (DAF), Departamento de

Economia (DE), Departamento dos Recursos Humanos (DRH), Serviços Provinciais de

Agricultura (SPA), Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia (SPFFB), Serviços

Provinciais de Geografia e Cadastro (SPGC), Serviços Provinciais de Pecuária (SPP),

Serviços Provinciais de Extensão Rural (SPER), e 3 instituições subordinadas (Instituto do

Caju (INCAJU), Instituto do Algodão de Moçambique (IAM), Instituto de Investigação

Agrária de Moçambique (IIAM)). Além disso, em 20 distritos existe o escritório do Serviço

Distrital das Actividades Económicas (SDAE). No total trabalham 933 funcionários na

Direcção, e 602 funcionários nas 3 instituições subordinadas (em Junho de 2009). A proposta

de orçamento para 2010 da Direcção Provincial da Agricultura foi de 151 milhões de

Meticais no total, com aumento de 24,3% em relação ao ano anterior (PES/PAAO-2010,

2009).

Tabela 3.2.1 Proposta de Orçamento da Direcção Provincial da Agricultura (2010)

Investimento (Mil meticais) Funcionamento (OGE)-Mil meticais Invest+Func.

Interno Externo Sub-total Salarios B/serviços Sub-total Total Geral

25.421,00 67.950,00 93.371,00 47.250,00 10.490,00 57.740,00 151.111,00

Fonte: PES/PAAO-2010, 2009

3.2.2. Política de Desenvolvimento a Nível Provincial

O Plano Estratégico de Desenvolvimento Provincial: PEDP é um plano de médio prazo para

um período de 3 a 5 anos que deve estar baseado no conteúdo do Programa Quinquenal do

Governo e do PARPA, sendo verificado por um assessor enviado pelo governo central para

ser finalmente aprovado pelo Ministério de Planificação e Desenvolvimento. O Plano

Estratégico de Desenvolvimento Distrital: PEDD, é considerado como um plano

subordinado ao PEDP. O plano financeiro é elaborado como Plano Econômico e Social

Orçamento: PESOP.

Em maio de 2002, a província de Nampula elaborou o Plano de Desenvolvimento

Estratégico Provincial (2003 - 2007). O objetivo principal deste Plano é reduzir a pobreza

através da expansão da produção de forma sustentável através da distribuição justa de renda

e de oportunidades. O Plano foi elaborado considerando principalmente os investimentos a

ser realizados ao longo do corredor de Nacala. As diretrizes básicas do desenvolvimento

estratégico são: 1) promoção do crescimento econômico através do fortalecimento dos

setores público e privado, 2) desenvolvimento do capital humano e social, 3) construção de

infraestrutura, 4) fortalecimento institucional e 5) promoção do uso sustentável dos recursos.

Destes, o para o setor agrícola e de desenvolvimento regional se considera a introdução de

variedades de mandioca mais resistentes às pragas, promoção de transformação de produtos

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-31

agrícolas de baixo custo, produção e processamento de cogumelos, produção de mel de

abelha, entre outros. Atualmente, o governo provincial está em processo de preparação de

um novo plano de desenvolvimento regional.

(1) Política de desenvolvimento da província de Nampula

Na província de Nampula, foi elaborado, em Outubro de 2009, pela Unidade de

Coordenação do Desenvolvimento Integrado de Nampula: UCODIN, o novo Plano

Estratégico de Desenvolvimento da Província de Nampula 2010-2020: PEP, para os anos de

2010 a 2020.

Segue abaixo os 4 pilares da nova estratégia de desenvolvimento, que basicamente dão

prosseguimento à estratégia actual:

• Crescimento econômico;

• Governo Participativo;

• Infraestrutura e promoção do meio ambiente; e

• Desenvolvimento do capital humano e social.

As 5 metas da estratégia de crescimento econômico são:

1) Alcançar um desenvolvimento econômico que assente sobre os recursos locais;

2) Transformar produtores do setor familiar em micro, pequeno e médios empresários;

3) Estimular o setor empresarial a adotar medidas tecnológicas que permitam melhorar

a competitividade empresarial;

4) Criar um ambiente que favoreça a formação de parcerias entre o setor empresarial e

o setor familiar, de forma a viabilizar a rápida transição entre o setor público e o

setor privado;

5) Apoiar ações que encorajem Universidades, Instituições de Investigação e Centros

profissionalizantes a criar alianças estratégicas com elementos inovadores que se

possam absorver de forma direta e rápida nos setores familiar e empresarial de micro

e pequena escala

O crescimento da população a uma taxa média de 2,3% ao ano, manterá o crescimento real

do PIB per capita a 5,4% ao ano durante o período 2010 – 2020

Tabela 3.2.2 Nampula em Números Socioconômicos

Ano 2003/2004 2007 2020 (proj)

População 3.504.496 4.076.642 4.750.465a

PIB 8% 8% 8%

PIB/Capita (Mts) 5.000,00 6.800,00 23.900,00

Índice de Pobreza 53,6% 53,6% 30%-35%

Taxa de analfabetismo 64,5% 45%b 20%c

Taxa Líquida de Escolaridade 59,5% 86,8 100%

Fonte: PEP Nampula 2010 - 2020, 2009

Relatorio Final

3-32

Existem os seguintes programas que foram elaborados para corresponder aos pilares da

estratégia de desenvolvimento do PEP. No âmbito do Programa de Produção Agrícola

(PROA), contido na Estratégia de crescimento económico, está planejada a participação do

ProSAVANA-JBM, ao lado do Banco Mundial e FAO.

Tabela 3.2.3 Programa de Nampula

Pilares Estratégias Programas

Crescimento econômico

• Programa de Produção Agrária: PROA • Programa de Alargamento da Base Empresarial: PROABE • Programa de Afirmação Turística: PROATUR • Programa de Mercados Rurais: PROMERU

Governo participativ

• Programa de Modernização dos Serviços Públicos: PROMOSP • Programa de Fortalecimento Financeiro dos Distritos: PROFFID • Programa de Fortalecimento da Governação Autárquica: PROGOA • Programa de Fortalecimento da Tranquilidade e Segurança Públicas: PROFOS

Infraestruturas e promoção do meio ambiente

• Programa de Extensão da Rede de Comunicações: PROMERCO • Programa de Promoção das unidades de produção de materiais de construção e

fomento de habitação melhorada: PROMACOHA • Programa de Alargamento de Infra-estruturas: PROAI • Programa Cidades 2020: PROC-2020 • Programa de Preservação da Biodiversidade: PREBIO

Desenvolvimento do capital humano e social

• Programa de melhoramento da qualidade de ensino: PROMEQUE • Programa de Melhoramento dos Cuidados de Saúde e Assistência Social:

PROMESAS • Programa de Massificação da Cultura e do Desporto: PROCULDE

Fonte: REP Niassa 2017, 2008

(2) Política de desenvolvimento da província de Niassa

Na província de Niassa, foi elaborado, em Janeiro de 2008, O Plano Estratégico Provincial

Niassa 2017: PEP, para 10 anos.

Objetivo Geral: Acelerar e consolidar o desenvolvimento econômico, social e cultural da

província e reduzir a pobreza em 15% ate ao ano 2017.

Pilares de Desenvolvimento do Niassa: Três pilares consubstanciam a estratégia e o objetivo

global de consolidar e aumentar os atuais níveis de crescimento e desenvolvimento

socioeconômico e cultural da província.

Tabela 3.2.4 Indicadores da Estratégia de Desenvolvimento da Província de Niassa

Cenário Pessimista Moderado ptimista

Crescimento do PIB 8% por ano 10% por ano 12% por ano

Crescimento populacional 3% por ano 2,7% por ano 2,5% por ano

Crescimento do PIB per capita 4,8% por ano 7,1% por ano 9,38% por ano

Produção agrícola 2,1% por ano 4,5% por ano 5% por ano

Fonte: PEP Niassa 2017, 2008

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-33

3.2.3. Políticas de Desenvolvimento Distrital

Como políticas de desenvolvimento distrital, cada distrito elabora seu próprio Plano

Estratégico de Desenvolvimento Distrital: PEDD. Atualmente, quase todos os PEDD se

referem ao período 2006 - 2010, mas conforme o distrito, o período do Plano varia

ligeiramente e isto se reflete na situação de elaboração de novos projetos. Porém, eles são

basicamente preparados de acordo com o Pano Estratégico Provincial e os conteúdos são

similares, pois todos têm como meta a redução da pobreza e o desenvolvimento econômico.

O Plano Econômico e Social do Distrito: PES ou Plano Econômico e Social e Orçamento

Distrital: PESOD são planos orçamentários anuais dos governos distritais. Por outro lado, o

governo central criou o orçamento para iniciativas de investimento local em 2006 para

destinar recursos da ordem de 7.000.000 MT anualmente para todos os distritos do país.

Com base nestes recursos estão sendo executados projetos como compra de tratores e

serviços de financiamento para pequenos agricultores através dos distritos.

3.2.4. Informação Sobre Remanescentes de Minas Antipessoais

De acordo com informações de funcionários relacionados com o governo provincial, ao

longo da região do corredor Nacala, os perigos devido a remanescentes de minas

antipessoais são pequenos, exceto em uma parte da zona ocidental. A informação é de que o

Instituto Nacional de Desminagem possui um mapa da localização de minas antipessoais,

mas até o momento não foi possível obter uma cópia.

Por outro lado, de acordo a informações da Embaixada do Japão em Moçambique, existem

as seguintes informações referentes às minas.

• Durante a cerimônia do programa internacional de apoio e conscientização das ações

contra minas antipessoais, o Vice Ministro dos Negócios Estrangeiros declarou que as

minas antipessoais haviam sido erradicadas nas quatro províncias de Cabo Delgado,

Niassa, Nampula e Zambezia (abril de 2009).

• Durante junho de 2009 ocorreram acidentes com minas antipessoais nos distritos de

Malema, Meconta e Nampula-Rapale, na província de Nampula, causando a morte de 1

pessoa e ferindo a 5. Sempre a maioria das vítimas são mulheres e crianças.

3.3. Papel Econômico do Setor Agrícola

A produção provincial total (real) da província de Nampula em 2007 e 2008 foi de,

respectivamente, 23 bilhões de MT (790 milhões de dólares) e 25.7 bilhões de MT (880

milhões de dólares), o que corresponde, respectivamente, a 8% e 10% do Produto Interno

Bruto (PIB). O Tabela 3.3.1 mostra a proporção de cada setor na produção provincial total.

O setor agrícola e pecuário representa a maior indústria da província, ocupando 44% de toda

a produção provincial, mas metade dela é representada pela produção de carne bovina por

Relatorio Final

3-34

grandes pecuaristas. O setor de corte de madeira pelas indústrias ocupa o segundo lugar. As

madeiras cortadas são transportadas em toras para a Ásia, principalmente a China, através do

porto de Nacala.

Por meio do quadro a seguir, é possível compreender a situação econômica da província de

Nampula, que depende da pecuária e sivicultura com baixo valor agregado, baseadas na

pastagem extensiva em grandes áreas e desmatamento florestal. Isso significa que a chave do

desenvolvimento econômico nesta província, no futuro, tanto no setor de pecuária como no

de sivicultura, está nas mãos dos pequenos produtores do setor agrícola e de processamento

de produtos agrícolas, que atualmente contribuem pouco para a economia.

Tabela 3.3.1 Produção Provincial Total e Proporção de Cada Setor (2008)

Setor/área de produção Valor (1,000MT) Proporção (%)

1. Agricultura e pecuária 11.246.971,7 43,7 1.1 Processamento de produtos agrícolas 664.431,6 2,6 1.2 Produção agrícola (por pequenos produtores) 838.224,0 3,3 1.3 Grandes pecuaristas 1) 5.718.913,8 22,2 1.4 Pequenos pecuaristas 2) 1,281.325,4 5,0 1.5 Sivicultura em grande escala 2.403.099,0 9,3 1.6 Sivicultura em pequena escala 340.977,9 1,3

2. Pesca 603.106,5 2,3 3. Mineração 185.998,3 0,7 4. Energia 485.641,6 1,9 5. Manufatura 5.408.055,7 21,0 6. Materiais de construção 282.791,5 1,1 7. Construção 860.243,3 3,3 8. Transportação 6.690.554,0 26,0

Total 25.763.362,6 100,0

Nota: 1) Pecuaristas com 100 ou mais cabeças de gado; 2) Pecuaristas com 10 ou menos cabeças de gado. Fonte: Dados do Departamento Económico da Direcção Provincial da Agricultura de Nampula, 2009

3.4. Produção dos Principais Produtos Agropecuários e Evolução

de Preços

3.4.1. Número de Famílias Agricultoras e Tamanho das Propriedades

Na província de Nampula se encontra 720.000 famílias agricultoras que representam 24% do

total do país, número bastante elevado mesmo a nível nacional. Cada propriedade possui em

média 1 hectare, menor que a média nacional que é de 1,3 hectares (Censo agrário, 2000).

Realizando uma classificação por tamanho de propriedades temos que 37% do total das

famílias agricultoras possuem entre 0,5 a 0,9 ha, que somados aos agricultores com menos

de 2 ha chegam a 91% do total de agricultores (Tabela 3.4.1). Todas as terras agrícolas

pertencem ao Estado. Portanto, quando nos referimos ao tamanho das propriedades, isto

significa na realidade a área de terras utilizadas.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-35

Nos últimos anos, o governo provincial vem aplicando uma política de expansão da área das

propriedades, portanto deve-se considerar que as estas devem ser um pouco maiores às áreas

do “Censo Agropecuário”. Uma característica é que a maioria dos agricultores possui

terrenos dispersos em mais de 3 locais. Nesta província, as mulheres são chefe de família em

20% dos casos, uma porcentagem um pouco menor que a média nacional, que é de 25%.

(Mesma fonte de dados).

Tabela 3.4.1 Número de Agricultores por Área de Terreno e Área Media das Propriedades

Extensão (ha) No. de famílias (%) Área media das

propriedades (ha) Número médio de propriedades

0,1 ~ 0,4 172.408 24 0,2 1,3 0,5 ~ 0,9 265.088 37 0,7 2,4 1,0 ~ 1,9 216.284 30 1,4 3,1 2,0 ~ 2,9 41.658 6 2,4 3,6 3,0 ~ 3,9 11.612 2 3,4 3,8 4,0 ~ 9,9 6.575 1 5,4 3,8 10,0~49,9 285 - 20,0 3,6

> 50,0 11 - 904,0 1,5

Total (Sem terra)

720.485 (6.564)

100 1,0 3,0

Fonte: Preparado de acordo com o Censo Agropecuário, 2000, INE

3.4.2. Direito do Uso e Aproveitamento da Terra

Como as terras de cultivo são propriedade do Estado, não é possível utilizar o terreno como

garantia ou hipoteca para receber financiamento a ser empregado em atividades

agropecuárias. Para expandir ou obter licença de uso de novos terrenos, é necessário realizar

a tramitação de documentos junto ao governo provincial de Nampula ou ao governo distrital

para obter a licença de uso. No caso do governo provincial de Nampula, para reativar o

aumento da produção agropecuária através da expansão de terras, se dispensa o tramite para

a expansão de áreas de cultivo até 2 ha. Estas medidas têm por fim desburocratizar o

processo e assim incentivar pequenos agricultores a expandirem seus terrenos de cultivo.

Para a expansão de áreas maiores a 2 ha, é necessário apresentar o plano de produção

(produtos a ser cultivados, área de cultivo, etc.). ao governo provincial de Nampula para

obter a licença de uso.

3.4.3. Papel Econômico do Setor Agrícola

Estima-se que a área cultivável da província de Nampula seja de 4.590.000 ha, dos quais

1.450.000 ha, ou seja, 31%, estão a ser utilizados para cultivo (BALANÇO QUINQUENAL

DA AGRICULTURA, 2003 - 2007, Direcção Provincial da Agricultura de Nampula). Os

principais produtos cultivados na província são: milho, mandioca, mapira, arroz e feijão, os

quais são destinados principalmente para consumo próprio. Além disso, algodão, castanha de

caju e tabaco são cultivados tradicionalmente para serem fornecidos à indústria de

Relatorio Final

3-36

processamento tradicional. O Tabela 3.4.2 mostra a evolução do volume produzido dos

principais produtos agrícolas nos últimos 5 anos.

A produção de milho e mandioca, destinados ao consumo próprio, tem registrado um

aumento anual de 6 a 8%, enquanto a produção de amendoim e batata-doce, destinados à

venda, tem registrado um crescimento anual de cerca de 15%. A produção de algodão e

tabaco, destinados ao processamento, está a diminuir. Por outro lado, a produção de girassol

e gergelim, que são produtos não-tradicionais na região, e destinados ao processamento, tem

aumentando consideravelmente. O preço pago pelas empresas aos produtores de

matéria-prima destinada ao processamento sofre influência directa da oscilação do preço

internacional. O preço internacional do algodão e do tabaco sofreu maior queda nos últimos

anos em comparação com outros produtos agrícolas, o que fez diminuir o preço de compra

pago aos produtores. Somado a isso, houve queda na produção desses produtos devido a

doenças e pragas, o que causou a diminuição da motivação dos produtores. A produção da

castanha de caju vem crescendo porque tem aumentado o número de empresas que iniciaram

o processamento da castanha (ver sessão 3.6), comprando mais dos produtores, devido à

elevação do seu preço no mercado internacional nos últimos anos.

Tabela 3.4.2 Evolução da Produção dos Principais Produtos Agrícolas Unidade:1.000 ton

Produto agrícola 2003 2004 2005 2006 2007 Média da taxa de variação (%)

1. Principais produtos de subsistência Milho 139,6 116,8 134,0 148,9 170,7 6,0 Mapira 66,8 60,9 62,8 99,0 108,5 15,4 Milheto 5,9 3,8 3,7 4,7 8,1 15,3 Arroz 23,3 17,9 23,3 29,8 32,9 11,3 Feijão 40,1 27,8 35,8 43,4 59,2 13,9 Amendoim 45,3 36,5 62,6 74,3 79,1 19,3 Mandioca 2.051,6 2.174,2 2.285,3 2.801,8 2.809,0 8,5 Batata doce 5,5 5,2 4,9 7,4 11,3 22,7

Subtotal 2.378,1 2.443,1 2.612,4 3.209,3 3.278,8 8,7

2. Produtos destinados à venda, para processamento Castanha de caju 21,7 59,4 29,3 43,6 46,1 44,3 Algodão 40,1 27,6 31,9 26,6 19,2 -15,0 Tabaco 4,9 3,2 3,8 6,4 1,8 -5,3 Girassol 1,5 0,6 0,4 1,9 2,0 84,1 Gergelim 7,4 4,4 8,7 13,5 17,6 35,3

Subtotal 75,6 95,2 74,1 92,0 86,7 19,6

Total 2.453,7 2.538,3 2.686,5 3.301,3 3.365,5 8,8 Fonte: BALANÇO QUINQUENAL DA AGRICULTURA, 2003 A 2007, Dados da Direcção Provincial da Agricultura

de Nampula

Segue abaixo a produção média (ton/ha) aproximada dos principais produtos acima:

Milho: 0.9~1.5; Arroz: 0.6~0.8; Feijão: 0.7~0.8;

Mandioca: 4.5~5.0; Batata doce: 1.5~2.0; Algodão: 0.4~0.5;

Tabaco: 0.4~0.5; Girassol: 0.4~0.5; Gergelim: 0.4~0.6.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-37

A Direcção Provincial da Agricultura de Nampula aponta os seguintes desafios para

aumentar a produção agrícola e a produtividade: 1) maior investimento em materiais de

produção (semente melhorada, fertilizante e agroquímico); introdução de fertilizante

orgânico; 3) proteção do solo; 4) promoção da utilização de máquinas agrícolas e tracção

animal; 5) fortalecimento e ampliação do sistema de extensão com base no aumento dos

extensionistas técnicos.

3.4.4. Situação da Produção Agrícola por Zonas e Sistema de Produção

(1) Produção dos principais produtos agrícolas por região

A província de Nampula está dividida em quatro zonas de produção dos principais produtos

que são o Interior, a zona Intermédia, a zona Costeira Norte e a zona Costeira Sul.

O exemplo da produção separada por região (Tabela 3.4.3) de 2006/07 indica que o cultivo

de mandioca ocupa a maior área, com 520.000 ha, seguido do milho, com 160.000 ha, e

mapira, com 120.000 ha (o que não corresponde ao total da produção da província, do Tabela

3.4.2).

A área de produção de mandioca na província de Nampula corresponde a quase metade da

produção nacional e é o maior produtor de mandioca do país. A produção de milho e sorgo

corresponde a 1/10 e 1/3 da produção nacional, sendo consideradas como principais zonas

produtoras dentro do país.

Tabela 3.4.3 Situação da Produção de Alimentos por Zona (2006/2007) Área de Produção 1.000 ha, Volume 1.000 ton

Colheitas Alimentares Zona

Milho Sorgo Painço Arroz Feijão Amendoim Mandioca Batata

Área 46,1 36,7 1,5 3,1 24,8 17,6 86,6 1,0

% 29,0 31,1 17,0 6,3 25,4 15,4 16,7 22,2

Produção 43,9 31,0 1,9 2,2 12,3 11,5 486,2 2,6Interior

% 28,3 25,9 20,9 6,6 24,6 15,4 16,8 18,6

Área 29,3 52,1 2,1 21,0 39,3 52,6 223,0 1,8

% 37,2 44,2 23,9 42,9 40,2 46,1 43,0 40,0

Produção 62,2 54,7 3,0 12,8 19,8 38,1 1.453,8 4,1Intermedia

% 39,9 45,7 33,0 38,3 39,5 51,1 50,2 29,3

Área 29,2 17,8 3,5 7,1 16,9 16,2 104,4 1,2

% 18,3 15,1 39,8 14,5 17,3 14,2 20,2 26,7

Produção 21,2 19,1 1,9 4,2 8,4 7,1 416,9 2,2Costeira Norte

% 13,6 16,0 20,9 12,6 16,7 9,5 14,4 15,7

Área 24,6 11,4 1,7 17,7 16,7 27,8 104,1 0,5

% 15,5 9,7 19,3 36,2 17,1 24,3 20,1 11,1

Produção 28,4 14,9 2,3 14,2 9,6 17,0 536,5 5,1Costeira Sul

% 18,2 12,4 25,3 42,5 19,2 24,0 18,5 36,4

Área 129,2 118,0 8,8 48,9 97,7 114,2 517,4 4,5

% 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Produção 155,7 119,7 9,1 33,4 50,1 74,6 2.893,4 14,0Total

% 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Fonte: Preparado com documentos da Direção Províncial de Agricultura de Nampula - Serviços Provínciais de

Agricultura - Sector de Aviso Prévio, 2009

Relatorio Final

3-38

A cidade de Nampula, que é a capital da província, se encontra na zona intermedia onde se

distribuem os 6 distritos que são as áreas objeto deste Estudo (Murrupula, Nampula:

Distrito- Npl, Muecate, Meconta, Monapo, Mangovolas) e que é responsável pela produção

de 42%, 32% e 44% da produção de mandioca, milho, sorgo, respectivamente dentro da

Província; ademais produz aproximadamente 44% de arroz, feijão e amendoim, sendo,

portanto uma zona importante para a oferta de produtos alimentícios. Na zona interior, perto

da província de Niassa estão localizados dois distritos (Malema e Ribaue), que se encontram

dentro da área deste Estudo. Esta zona, diferentemente às outras zonas do Estudo, apresenta

um porcentual de colheita de alimentos mais elevada que a mandioca. A zona costeira perto

do porto de Nacala não se encontra dentro da área deste Estudo, mas na região costeira sul, a

produção de arroz é bastante significativa juntamente com o cultivo de mandioca.

Por outro lado, dentro das safras para indústria, o algodão é produzido em todas as zonas,

exceto na zona costeira sul. O tabaco é característico da zona do interior e a produção de

girassol se concentra na zona central e na zona costeira norte (Tabela 3.4.4).

Tabela 3.4.4 Situação da Produção de Colheitas para a Indústria por Zonas

Área de Produção:1.000 ha, Volume de Produção:1.000 ton Zona Algodão % Tabaco % Girassol % Gergelim %

Interior Área de produção Volume

23,215,7

29,434,9

6,06,3

84,591,3

0,50,3

15,2 13,0

5,93,1

18,011,7

Intermedia Área de produção Volume

28,124,1

35,653,6

1,10,6

15,58,7

1,11,0

33,3 43,5

17,717,7

54,067,0

Costeira Norte

Área de produção Volume

20,40,2

25,80,4

00

00

1,60,1

48,5 4,4

4,22,7

12,810,2

Costeira Sul Área de produção Volume

7,35,0

9,211,1

00

00

0,10,9

3,0 39,1

5,02,9

15,211,0

Total Área de produção Volume

79,045,0

100,0100,0

7,16,9

100,0100,0

3,32,3

100,0 100,0

32,826,4

100,0100,0

Fonte: Preparado de acordo a documentos da Direção Provincial de Agricultura de Nampula - Serviços Provinciais de Agricultura - Sector de Aviso Prévio, 2009

(2) Sistema de Produção Agrícola

Como resultado do Estudo de campo (entrevistas a agricultores e ONGs) foram identificados

dois grupos de produtores; pequenos produtores com aproximadamente 1,5 ha de terras e

médios produtores com áreas de aproximadamente 10 ha, mas também existem alguns

agricultores com áreas entre 3 e 5 ha. Agricultores com pequenas áreas são majoritários.

O sistema de gestão agrícola dentro da área do Estudo consiste basicamente numa mescla de

cultivos para o autoconsumo como o milho e a mandioca com cultivos que podem ser

comercializados como o algodão, tabaco, gergelim, soja e castanha de caju. Além desses

produtos representativos também são cultivados produtos diversos como o sorgo, feijão,

amendoim. Além do mais, são criados pequenos animais (galinhas e cabras) e apesar de se

encontrar em áreas bastante reduzidas, o sistema de gestão agrícola tem como característica

cultivos diversificados juntamente com a criação de pequenos animais.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-39

Segue abaixo um resumo da gestão agrícola e a renda agrícola estimada por tamanho de

propriedades.

Tipo A. Alimentos+Algodão+Castanha de Caju+Criação de Pequenos Animais

Situação Existente

Tamanho da propriedade Mão de obra Principais máquinas agrícolas

1,5 ha Mão de obra familiar: 5 a 7 pessoas. Contratação de 2 a 3 pessoas durante a época de colheita de algodão (salário mínimo 45 MT/pessoa/dia). Implementos (Enxada, pá, ancinho), pulverizador de agroquímicos (para o algodão). Não têm máquinas agrícolas.

Cultivo Milho Mandioca Algodão

Castanha de caju

Animais

Área media cultivada (ha) 0,4 0,3 0,7 30 - 40 pés Produtividade media (t/ha) 0,5 - 0,8 4,0 - 5,0 0.6 - 0.8 3 - 4 kg/pé

10 galinhas, 10 cabras

Forma de cultivo

・Milho - mandioca (cultivos intercalados, amendoim, feijão fradinho

・Cultivo: outubro - dezembro, colheita: abril - junho

Cultivo: novembro - dezembro Colheita: abril - maio

Todo o ano Criado no quintal

Preço unitário (MT) 3,5/kg (Uma

parte para venda)

Autoconsumo 8 - 9/kg 9 - 14/kg Frango 800 -

1.000

Lucro estimado (MT)

500 - 4.500 1.700 -

Custo de produção (MT)

- - 500 (sementes, agroquímicos, mão de obra)

- -

Contabilidade

Renda agrícola (MT)

Estimado: 6.200/ano (A renda varia de acordo com o preço mínimo garantido do algodão e do preço de compra da castanha de caju pelas empresas)

Tipo B. Alimentos+Gergelim+Soja+Criação de Animais (Exemplo de Agricultores Orientados Pela ONG CLUSA)

Situação Existente

Tamanho da propriedade Mão de obra Principais máquinas agrícolas

5 ha (Exemplo de agricultores orientados pela ONG CLUSA) Mão de obra: 5 a 7 pessoas. Contratação de 6 a 8 pessoas durante a safra de gergelim e soja (salário mínimo 45 MT/pessoa/dia). Implementos (Enxada, pá, ancinho). Para a aragem da terra utilizam tratores (alugados).

Cultivo Milho Mandioca Gergelim Soja Criação de

animais Área media cultivada (ha) 0,5 0,6 1,0 1,0

Produtividade média (t/ha) 0,5 – 0,8 4,0 – 5,0 0,3 – 0,5 1,0 – 2,2

Galinhas 10, cabritos 10 cabeças

Forma de cultivo

・Milho - Mandioca - Feijão - amendoim - milho - feijão fradinho - mandioca

・Cultivo: outubro - dezembro, colheita: abril - junho

Cultivo: maio Colheita: dezembro Cultivo: novembro Colheita: abril - maio Um hectare para descanso

Criação no quintal

Preço unitário (MT) 3,5/kg (Uma parte

para venda) Autoconsumo 20 - 25/kg 9 - 12/kg

Galinhas 800-1.000

Lucro estimado (MT)

500 - 9.200 17.600

Custo de produção (MT)

- - 2.000 (trator, sementes, mão de obra)

3.000 (trator, sementes, mão de obra)

Contabilidade

Renda agrícola (MT) Estimado: 22.300/ano (A renda varia de acordo com os preços de compra da soja e do gergelim pelas empresas)

Relatorio Final

3-40

Tipo C. Alimentos + Soja + Tabaco + Gergelim + criação de animais (Exemplo de agricultores orientados pela ONG CLUSA)

Situação Existente

Tamanho da propriedade Mão de obra Principais máquinas agrícolas

10 ha (Exemplo de agricultores orientados pela ONG CLUSA) Mão de obra familiar: 5 a 7 pessoas. Contratação de 7 a 10 pessoas durante a safra da soja, tabaco e gergelim (salário mínimo 45 MT/pessoa/dia). Implementos (enxada, pás). Uso de tratores durante para a aragem (aluguel)

Cultivo Milho Mandioca Soja Tabaco Gergelim Área media cultivada (ha) 0.7 0.7 2.0 2.0 2.0 Produtividade media (t/ha) 0.5 - 0.8 4,0 - 5,0 1,0 - 2,2 0,3 - 0,5 0,3 - 0,5

Forma de cultivo

・Milho - Mandioca - Feijão - amendoim - milho - feijão fradinho - mandioca

・Cultivo: outubro - dezembro, colheita: abril - junho

・Cultivo: dezembro, Cultivo: setembro a outubro, cultivo: maio a junho

・Colheita: abril a maio, Colheita: janeiro a fevereiro, Colheita de novembro a dezembro

・Soja - Tabaco - gergelim ・Um a dois hectares de terras de descanso

Preço unitário (MT)

3.5/kg (Uma parte para venda)

Autoconsumo9 - 12/kg 28 - 30/kg 20 - 25/kg

Lucro estimado (MT)

500 - 35.200 23.200 18.400

Custo de produção (MT)

- - 8.000 (trator, sementes, mão de obra)

5.000 (trator, sementes, mão de obra)

4.000 (trator, sementes, mão de obra)

Contabilidade

Renda agrícola (MT)

Estimado: 60.300/ano (A renda varia de acordo com os preços de compra da soja, gergelim e tabaco pelas empresas)

Fonte: Equipe de Estudo de JICA

Os seguintes aspectos podem ser apontados como características de gestão e produção

agropecuária.

a) Tipo de sistema

de cultivo ・ Os meios de produção dos pequenos produtores consistem em implementos simples

e até mesmo sem animais de tração, o trabalho é basicamente braçal ・ Os agricultores médios que cultivam culturas diversificadas para serem

comercializadas alugam tratores de forma coletiva para realizar os trabalhos. O preço do aluguel, incluindo o operador do trator está ao redor de 1.500 MT (900 MT sem incluir combustível)

b) Produção e insumos de produção

・ Tradicionalmente se realizam queimadas e a mudança de local de cultivo, sendo que o período de descanso é curto, de 1 a 2 anos

・ O uso de fertilizantes, agroquímicos e sementes certificadas só ocorrem no caso de culturas para indústrias

・ No caso do algodão, as indústrias fornecem sementes e adubo para ser pagos após a colheita

・ Na produção de soja não se aplicam fertilizantes e as sementes são fornecidas pelas indústrias ou CLUSA (ONG), que são pagas após a colheita com um adicional de 20%.

・ No caso do tabaco, as empresas também fornecem antecipadamente o adubo e as sementes.

・ Os agricultores não utilizam todo o adubo fornecido pelas indústrias e utilizam ao redor de 40% em outros cultivos. As indústrias apontam este fenômeno como um fator para a baixa produtividade.

・ O preço dos adubos, quando adquiridos dentro de Nampula é de 2.750 MT/50 kg, mas o preço em Malaui custa aproximadamente a metade do preço, entre 1.000~

1.500 MT/50 kg.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-41

c) Comercialização ・ Das colheitas para alimentos, os produtos comercializados são as hortaliças e o excedente de produção de milho e feijão, entre outros. Ma maioria das vezes, estes produtos são vendidos aos comerciantes (inclui empresas de transportes e intermediários).

・ A rota de comercialização é muito simples, os comerciantes adquirem o produto na fazenda para transportá-lo até o mercado de Nampula, que por sua vez, vendem para os varejistas.

・ Os produtos a serem comercializados são totalmente vendidos para empresas que mandam seus caminhões para transportar a colheita diretamente às plantas processadoras mais próximas. A soja é transportada principalmente para a fábrica de ração em Tete, na província de Maputo

・ O preço de compra do tabaco por parte das empresas está em declínio nestes últimos anos. Porém o tempo de cultivo é curto e sua comercialização é rápida

・ A produção de algodão se dá através de contratos de concessão. Por isso, as empresas somente podem adquirir matéria prima de determinados agricultores da zona. Como resultado, algumas empresas (fiação de algodão) encontram dificuldades para garantir o volume e qualidade da matéria prima, sendo este um dos fatores para a baixa operação das fábricas (taxa de operação anual media de 40%).

・ Atualmente os agricultores contam com maiores alternativas para cultivar produtos

para a indústria além do algodão e o número de agricultores que plantam produtos considerando a tendência de preços das empresas está aumentando.

Outros ・ Dentro da área do Estudo excepcionalmente existem alguns agricultores com propriedades entre 50 ha a 100 ha. Estes agricultores estão expandindo seus empreendimentos de maneira individual, mas também se deve considerar o apoio do governo provincial através de incentivos como a provisão de tratores a juros baixos.

・ Nas zonas com possibilidades de irrigação onde o fornecimento de água está garantido, parte dos pequenos agricultores cultivam hortaliças (tomate, pimentão, cebola, repolho, alface) e nesses casos pode-se perceber o apoio prestado pelas ONGs.

3.4.5. Pesca em Águas Internas

A pesca em águas internas (cultivo de peixe de água doce) é realizada com o objetivo de

garantir a proteína necessária para os agricultores e para a venda. Atualmente, na província

de Nampula, existem 425 tanques para cultivo de peixe, e são 400 os produtores que

realizam o cultivo de fato (Tabela 3.4.5). O número de produtores de peixe é maior nos

distritos do interior, próximos à capital da província, cidade de Nampula (Rapale, Murrupula,

Malema, Mecuburi), e distritos que apresentam maior quantidade de chuva.

Relatorio Final

3-42

Tabela 3.4.5 Número de Famílias que Possuem Tanque de Cultivo e Produtores que Cultivam Peixe por Distrito

Número de famílias que possuem tanque Número de produtores que cultivam peixe Região (distrito/município) 2004 2005 2006 2007 2008 2004 2005 2006 2007 2008

Angoche 8 - 8 - 1 - - 8 8 7

Eráti 10 17 14 5 4 9 7 6 7 10

Lalaua 56 10 54 13 18 15 11 39 11 39

Mecuburi 78 10 106 9 20 26 10 76 10 42

Meconta 51 20 75 50 23 21 20 20 20 40

Malema 70 55 59 62 67 12 45 44 45 59

Muecate 27 - 23 - 28 8 - 9 - 12

Murrupula 59 199 103 105 135 84 86 23 86 61

Memba 0 3 0 1 1 - - 0 - 3

Monapo 21 - 24 10 12 21 - 14 - 15

Mossuril 0 - 0 1 2 - - 0 - 3

Mogincual 2 5 - 5 5 2 5 0 5 7

Mogovolas 2 10 47 23 17 2 10 27 10 19

Moma 10 9 12 12 10 4 - 7 - 13

Nacala-a-Velha 10 - - 2 5 - - - - 17

Nacala Porto 0 - - 1 1 - - - - 2

Ilha de

Moçambique 0 - - 1 1 - -

- - 2

Rapale 36 53 40 38 57 36 88 29 88 23

Ribaué 50 9 - 2 4 14 7 9 7 14

Cidade de

Nampula - - 3 10 14 - -

3 - 12

Total 499 400 603 350 425 254 289 311 289 400

Fonte: BALANÇO QUINQUENAL DA AGRICULTURA, 2003 A 2007, elaborado através dos dados da Direcção Provincial da Agricultura de Nampula.

3.4.6. Pecuária

Os principais produtos da pecuária da província de Nampula são carne bovina e de galinha.

Os pequenos produtores criam vaca, porco além da galinha para consumo próprio, em

pequena quantidade. Como mostra o Tabela 3.3.1, a carne bovina produzida pelos grandes

pecuaristas, que representa 22% da produção total, é destinada à venda sem abatimento, e

somente 22 toneladas são vendidas após o processamento (Tabela 3.4.6). Por falta de dados,

não é possível apresentar o número correto de cabeças de gado.

Os pequenos pecuaristas produzem carne de galinha para consumo próprio, e a maior parte

da sua produção é praticada pelas empresas. A produção de carne de galinha apresentou um

considerável aumento anual de 87% em média, nos últimos 5 anos (Tabela 3.4.6).

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-43

Tabela 3.4.6 Produção Pecuária Separada por Classe de Pecuarista

Produção (ton)

2004 2005 2006 2007 2008

Média da taxa de variação (%)

1. Pequeno pecuarista Carne bovina 81,8 56,9 161,3 190,4 150,8 37,6 Carne suína 43,8 28 18,4 69,9 30 38,1 Cabra/ovelha 52,9 43 59,6 111,3 130 30,9

Subtotal 178,5 127,9 239,3 371,6 310,8 24,4

2. Grande pecuarista/ empresa Carne bovina 82,8 38,3 25,4 11,9 22,1 -13,7 Carne de galinha 98,4 240,4 505,2 741,7 1,057,3 86,0 Subtotal 181,2 278,7 530,6 753,6 1,079,4 57,4

Total 359,7 406,6 769,9 1.125,2 1.390,2 43,0 Fonte: BALANÇO QUINQUENAL DA AGRICULTURA, 2003 A 2007, elaborado através dos dados da

Direcção Provincial da Agricultura de Nampula.

3.4.7. Sivicultura

O Tabela3.4.7 mostra a evolução da produção florestal nos últimos 5 anos. A produção de

toras ocupa o primeiro lugar na silvicultura, e a grande maioria é exportada logo após o seu

corte, sem processamento (principalmente para a China). A produção de toras cresceu cerca

de 5 vezes entre 2004 e 2008, de 9.000 m3 para 42.000 m3 (inclui-se pequena parcela de

toras processadas).

Nos distritos de Mecuburi, Muecate e Monapo, que são as principais áreas florestais, há

muito desmatamento praticado pelas empresas, e aponta-se a necessidade de reflorestamento

em grande escala. Além disso, 32% das famílias da província de Nampula dependem da

lenha para combustível, e a população pratica o corte de madeiras sem planejamento, com o

objetivo de venda e de moldagem, apontados como causas da deterioração ambiental.

Tabela 3.4.7 Silvicultura

2004 2005 2006 2007 2008

Tora (M3) 7.626 7.851 11.325 11.165 10.882

Tora processada parcialmente (M3)

1.316 1.055 1.971 2.432 31.413

Madeira 3.901 1.028 3.727 3.286 2.106

Bambu 2.402 469 3.128 3.947 2.662

Estaca 317 2.075 3.439 3.438 921

Fonte: BALANÇO QUINQUENAL DA AGRICULTURA, 2003 A 2007, elaborado através dos dados da Direcção Provincial da Agricultura de Nampula.

3.4.8. Irrigação

(1) Política de irrigação

Somente 3% de toda área cultivada de Moçambique é irrigada, e diante da situação na qual

há riscos periódicos de danos causados pela seca, torna-se urgente o desenvolvimento de

sistemas de irrigação para aumentar a produção agrícola e tornar a agricultura mais

competitiva.

Relatorio Final

3-44

A Política Nacional de Regadio e a Estratégia de Implementação, elaboradas em 2002,

estabelecem as seguintes diretrizes básicas: 1) fazer a gestão adequada e rigorosa dos

recursos hídricos renováveis; 2) considerar a água, que é um recurso econômico, igualmente

importante em termos de valor econômico e social; 3) necessidade de permissão para se usar

a terra irrigada e a água para a irrigação, que são patrimônios públicos; 4) fazer a gestão da

agricultura irrigada baseada no planejamento de utilização da água da bacia hidrográfica, que

inclui um conjunto de características geográficas. Através dessas diretrizes, pretende-se: a)

fazer a gestão integrada da água tanto no desenvolvimento rural como agrário; b) baseado na

pesquisa de agricultura irrigada adequada, fazer a extensão da irrigação aos produtores,

enfatizando principalmente os pequenos produtores, orientando para que estes passem a

realizar gradualmente a agricultura irrigada voltada para o mercado; c) apoiar e fazer a

extensão para que as pequenas, médias e grandes empresas agrícolas introduzam a

agricultura irrigada; d) promover o desenvolvimento da agricultura de média e grande

escalas nas áreas passíveis de irrigação em Moçambique, onde ainda há muitas

possibilidades; e) criar uma estrutura técnica e financeira, para se preparar para a seca que

ocorre periodicamente; f) promover a descentralização para possibilitar a participação ativa

dos beneficiários, habitantes da zona rural e administração local, para realizar a gestão

integrada dos recursos hídricos; g) promover a elevação da posição da mulher da zona rural,

reconhecendo o seu papel dentro do desenvolvimento econômico e social, por meio da sua

participação na agricultura irrigada, como beneficiária.

Assim, o governo moçambicano planeja realizar a gestão integrada dos recursos hídricos de

cada bacia fluvial, considerando-os patrimônio público limitado, e dividindo-os para os

respectivos setores envolvidos de modo adequado, contando com a participação dos

intervenientes. Considera também que transferindo os serviços de manutenção e gestão dos

sistemas de irrigação às associações de água, que é a comunidade dos beneficiários, será

possível tornar a irrigação mais eficiente e realizar a sua gestão e manutenção de modo mais

adequado.

(2) Sistema de irrigação de pequena e média escala na área do Estudo

Na área do Estudo a precipitação anual é superior a 1.000 mm, mas as áreas de captação de

água são limitadas, e na época de chuva, as águas escoam rapidamente devido à topografia

inclinada no sentido norte-sul, sendo que na época de seca, os rios secam. Assim, não se

pode dizer que a região possui recursos hídricos em abundância. No sopé do divisor de águas,

na área de Estudo, há alguns sistemas de irrigação de pequena escala construídos e

administrados por agricultores avançados e grupos de produtores.

Segundo o Levantamento dos Regadios Existentes no País, realizado em 2001 pelo Fundo

para o Desenvolvimento da Hidráulica Agrícola, em todo o país existiam 6.389 ha de

irrigação em pequena escala (menor que 50 ha), 19.647 ha de irrigação em média escala (de

50 ha a 500 ha), e 92.084 ha de irrigação em grande escala (acima de 500 ha), totalizando

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-45

118.120 ha de terras irrigadas. Dentre os 12 distritos da área de Estudo, existiam 19 sistemas

de irrigação em 9 distritos, totalizando uma área de 755 ha, dos quais 300 ha estavam em

funcionamento. Desde então não foi feito o Levantamento dos sistemas de irrigação de

Moçambique.

Atualmente, na área de jurisdição da Direcção Provincial da Agricultura de Nampula,

existem planos para desenvolver 54 regadios de pequena escala, dos quais 14 estão

concluídos. As obras de construção e de reparo dos sistemas de irrigação de pequena escala

serão financiadas pelo orçamento de desenvolvimento da província, como projeto de

aumento da produtividade agrícola no âmbito do Plano de Ação para a Produção de

Alimentos (PAPA), e do Fundo Distrital de Desenvolvimento (FDD) do orçamento distrital.

A solicitação do agricultor individual ou da associação é transmitida pelo extensionista rural

do governo distrital à Direcção Provincial da Agricultura e após a avaliação e aprovação, a

medição, o desenho e a obra serão realizadas com o orçamento do governo, cabendo ao

agricultor fornecer apenas a mão-de-obra para o trabalho de construção. Além destes, no

âmbito do projeto de apoio agrícola de muitas ONGs nacionais e internacionais, também

estão sendo construídos sistemas de irrigação.

Os sistemas de irrigação de pequena e média escala existentes na área do Estudo são usados

não somente para hortaliças, mas também para mandioca, na estação da seca. A água da

irrigação é trazida geralmente do sopé de inselbergs (monte-ilha), e em muitos casos, a área

de captação de água é pequena, e há risco de soterração do tanque de água ou desabamento

da barragem devido a deslizamento causado por chuvas torrenciais concentradas. Mesmo em

casos de irrigação de pequena escala, está estabelecido que sua gestão e manutenção devam

ser feitas pela associação dos usuários de água, mas há muitas associações que não

funcionam: não estão cadastradas oficialmente, não possuem a lista de associados ou

desconhece-se o seu número. O sistema de irrigação de terras do produtor médio é mantido

pelo próprio proprietário. Está estabelecido que quem utiliza a irrigação deve pagar o preço

da água ao seu gestor, mas os beneficiários da irrigação de pequena e média escala não

possuem capacidade de pagar, e a maioria não efetua o pagamento.

3.5. Tendência de Preços e Cadeia de Valor

3.5.1. Tendência de Preços das Principais Colheitas Alimentares

Dentro da área do Estudo, dentre os produtos alimentares com porcentagem de produção

dirigida ao mercado mais elevada se encontra o amendoim (para uso como condimento) com

30%, seguido do milho com 21% (Tabela 3.5.1). Comparada a outras províncias, ambos os

cultivos se encontram ao redor de 20%. Isto ocorre porque dentro da área do Estudo,

comparado a outras províncias, existe uma divisão clara entre a produção de subsistência

(culturas alimentares) e produção para ser comercializada (culturas para indústria).

Relatorio Final

3-46

Tabela 3.5.1 Porcentagem de Produtos Enviados ao Mercado por Alimentos (%)

Fonte: Preparado com documentos do Ministério de Agricultura, TIA survey information, 2007.

O preço do milho no varejo, que tem uma porcentagem de comercialização no mercado

relativamente elevada, se eleva a partir de junho durante a entressafra (colheita na época de

chuvas) e uma vez terminada a colheita, o preço baixa a partir de março quando o produto

chega aos mercados. Esta mesma tendência de preços se apresenta também nas principais

províncias produtoras de Zambezia e Sofala.

Por outro lado, no maior mercado consumidor do país, Maputo, mesmo em maio, durante a

época de maior abundancia do produto no mercado (período de safra com colheita na seca),

o preço no varejo do milho se mantém superior a 12 MT/kg o que mostra a estabilidade deste

mercado durante o ano inteiro. Esta tendência de preços é similar ao de outras colheitas

alimentares com exceção do trigo que depende das importações. (Resultado de entrevistas no

MIC, Departamento de Comércio).

Fonte: Dados do MIC, Preço Médio Mensal de Cereais, 2008

Figura 3.5.1 Variação de Preços do Milho no Varejo por Zonas

2002 2003 2005 2006 2007

Milho 26 23 22 22 21

Arroz 10 16 11 17 13

Mandioca 5 5 5 5 5

Sorgo 3 6 5 5 4

Amendoim 25 24 25 27 30

Feijão fradinho 8 11 9 9 10

0.0

2.0

4.0

6.0

8.0

10.0

12.0

14.0

16.0

Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec

Nampula Zambezia Sofala MaputoMT

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-47

3.5.2. Cadeia de Valor

Dentro da área do Estudo, a cadeia de valor está estruturada para a produção de castanha de

caju, algodão, tabaco, etc. que são cultivos para a indústria. O preço do algodão como

matéria prima é de 0,4 dólares/kg e o algodão dirigido ao mercado externo que é processado

(fios) chega ao triplo do preço, até 1,2 dólares/kg, gerando 0,8 dólares/kg de valor agregado.

O gergelim, ao ser exportado in natura sem ser processado, é o produto com a taxa mais

baixa de valor agregado. A soja ao ser refinada gera óleo e farelo, mas não foi possível obter

dados pertinentes para este Estudo (Tabela 3.5.2).

Considerando a baixa porcentagem de valor agregado do óleo de caroço de algodão, o refino

de soja não deve contribuir muito para a expansão das exportações. Com as pesquisas

realizadas nas granjas de aves foi possível identificar que para reduzir os custos de produção

e diversificar as vendas, além de produzir carne de frango, algumas empresas também

comercializam ração balanceada com farelo de soja para fortalecer a concorrência frente à

carne de frango importada do Brasil.

O preço do fubá de milho que é uma cultura alimentar chega a 0,9 dólares/kg, bastante mais

elevado que o preço do grão no varejo de 0,3 dólares/kg. Isto demonstra que mesmo os

cultivos alimentares, quando associados a um processo de industrialização obtêm maior

lucratividade.

Tabela 3.5.2 Cadeia de Valor dos Principais Cultivos (em Outubro de 2009)

Unidade: dolar/kg

Milho Algodão

Castanha de caju

Gergelim Tabaco Soja

0,1

0,2

0,9 (Moinho)

Preço em chácara Intermediários Varejo/Indústrias Exportação (FOB) -

0,4

1,2 (Fio) 0,7 (óleo)

0,5

0,6 (com casca)

4,50 (sem casca)

1,02

1,07 (In natura)

1,20

3,15 (folhas secas)

0,5

(óleo) (farelo)

Destino Mercado interno

Exportação Exportação Exportação Exportação Indústria de ração nacional

Fonte: Equipe de Estudo JICA Obs.: 1) O preço FOB é do Porto de Nacala; o símbolo “-” indica que não se conseguiu obter o valor. 2) Os dados foram obtidos das entrevistas feitas nas empresas de processamento de produtos agrícolas em

Outubro de 2009.

Relatorio Final

3-48

3.6. Agroindústria

3.6.1. Situação do Progresso da Agroindústria

Dentro da área do Estudo se encontram registradas aproximadamente 1.800 empresas (INE,

2006). Destas, 80% são microempresas, incluídas empresas de serviços como pequenos

comércios e hotéis, sendo que ao redor de 200 estão relacionadas com o setor de

agroindústria. Sendo a área do Estudo uma das principais zonas agrícolas do país, as

expectativas para que ela se torne importante para o fornecimento de matéria prima são

elevadas.

A Tabela 3.6.1 mostra a evolução das agroindústrias na província de Nampula durante os

últimos 6 anos (2002~2007) e é notável a evolução do número de empresas dedicadas ao

beneficiamento de castanha de caju, que pela cadeia de valores (ver sessão 3.5) apresenta o

valor agregado mais elevado para os produtos agroindustriais. A seguir se mostram as

características das empresas que apareceram nos últimos anos. (De acordo com entrevistas

realizadas no Departamento de Negócios da Província de Nampula e junto às empresas).

(1) A maioria das empresas estrangeiras exporta seus produtos devido ao reduzido

tamanho do mercado provincial e nacional.

(2) Nos últimos anos, além dos produtos tradicionais como algodão e castanha de caju,

nota-se a presença de empresas dedicadas a outros produtos (frango congelado, soja,

gergelim, entre outros).

(3) Estes novos setores, além dos moinhos de mandioca e milho, estão localizados na

zona norte e sua produção está voltada principalmente ao mercado nacional, para

substituir as importações.

(4) O nível de investimentos das empresas se situa entre 10 mil a 24 mil dólares

(máximo) e quase todas são pequenas e médias empresas.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-49

Tabela 3.6.1 Situação da Evolução das Agroindústrias na Província de Nampula Investimentos: 1.000 dólares

Ano Empresa Setor Distrito Investimento Trabalhadores

2002 Liupotur Moçambique Agricultura.-Agroindústria Mogimcual 60 30 Atsncom, TS Agricultura-Agroindústria Malema 980 197 Moçambique Agricultura-Agroindústria Nampula 50 36 GEIT Granja Nampula 1.132 20 AFRICAJU Castanha de caju Mogincual 144 120

2003 Unagi Moçambique Agricultura-Agroindústria Nacala 20.000 470 Madeireiras de Memba Agricultura-Agroindústria Memba 491 10 Moma Caju Castanha de caju Moma 187 60 Sanam Indústrias de Óleo Óleo Comestível Monapo 1.500 107

2004 TRANSALT Sal refinado Nacala 1 45 Condor Caju-Agr. Industrias Castanha de caju Nacala 1.057 250 Mauricaju Castanha de caju Mogovolas 75 103

2005 New Horizons Moçambique Granja Nampula 1.374 50 Remodelação da Fabrica CIM Moinho Manapo 1.200 138 Atja Nuts Castanha de caju Meconta 376 104

2006 CCA-Sisal Sisal Angoche 5.800 700 Unidade Proc. Castanha Caju Castanha de caju Nacala 404 155

2007 Caju Itha Castanha de caju Iiha 920 700 Cister Moçambique Agricultura-Agroindústria Nampula 50 24 Nova Texmoqued Fiação de algodão (cardado) Nampula 24.000 450

Fonte: 1) CPI, dados de 2008 2) Dados do「Relatório do Estudo para Formação de Projeto para a Reativação Econômica dos Corredores

Regionais na República de Moçambique」2008, JICA

3.6.2. Situação Operacional das Agroindústrias

A Tabela 3.6.2 mostra um resumo da situação das agroindústrias de acordo com entrevistas

realizadas na área do Estudo. As características em comum encontradas nestas empresas em

termos operacionais são as seguintes.

(1) A maioria das empresas utiliza somente entre 40% e 60% da capacidade de produção

instalada.

(2) Um fator comum entre todas as empresas para a baixa utilização da capacidade de

produção é a falta de matéria prima. Especialmente no caso das fiações de algodão

(cardado), a obtenção de matéria prima está restrita devido ao sistema de concessões, e

a falta desta é um fator constante que inviabiliza as operações das indústrias.

(3) Com relação ao algodão e o tabaco se observam alguns aspectos na questão de

abastecimento que favorece os fornecedores (produtores). Durante os últimos anos, com

a diversificação de indústrias, quando o preço de compra por parte das empresas é baixo,

os agricultores cultivam outros produtos no ano seguinte.

(4) Com relação à castanha de caju, o problema reside na demanda, uma vez que somente

na província de Nampula existem aproximadamente 2.500.000 produtores (cerca de 1/3

dos produtores do país) e como a castanha de caju é um cultivo permanente, comparado

ao algodão e o tabaco que são cultivos de curto prazo, existe uma tendência do mercado

Relatorio Final

3-50

de favorecer às indústrias em detrimento dos agricultores (compras abaixo do preço).

(5) O lucro da maioria das empresas é influenciado pelas flutuações de preços do mercado

internacional. Elas adiantam sementes e adubo para os agricultores esperando um

aumento de produtividade. Porém, estes utilizam o adubo em outros cultivos e é difícil

garantir o volume de produção esperado. No caso da produção de tabaco e algodão, as

empresas adiantam 200 kg de adubo para os agricultores, mas de acordo com as

empresas, os agricultores aplicam somente 15% desta quantidade (entre 20 kg e 30 kg),

reduzindo a produtividade, reduzindo assim a lucratividade das empresas.

(6) A transformação da maioria dos produtos agroindústrias se encontra no nível 1,0 ou 1,5

(fio de algodão, óleo de caroço de algodão, ração balanceada, folha seca de tabaco).

Não existem indústrias que realizam um processo de transformação elevado de nível 2

ou 3 (produto final). (Departamento Econômico da Província de Nampula).

(7) O razão para esta situação residiria no fato de que todos os materiais relacionados com

a finalização do produto, como embalagens e vidros devem ser importados, portanto se

a indústria de transformação chega a um nível mais elevado, é necessário importar os

insumos necessários, encarecendo os custos de produção do produto final, causando

assim uma redução nos lucros (valor agregado).

(8) A infraestrutura de serviços básicos como eletricidade, água e estradas ainda é

incipiente. Os cortes no fornecimento de energia elétrica são frequentes, reduzindo a

taxa de operação das plantas. Todas as agroindústrias contam com geradores e ademais

do custo da matéria prima, outro fator importante que eleva o custo operativo é a

energia.

Além destas empresas da transformação de produtos mencionadas, a planta de

processamento de mandioca com maior produção no país se encontra dentro da área do

Estudo e este produto é utilizado como complemento na fabricação de pão e para o

processamento de fubá, para elevar o valor agregado. O governo provincial está avaliando

elevar as condições nutricionais da população rural e também elevar a renda das famílias

através da promoção de indústrias com processos de transformação simples nas áreas rurais.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-51

Tabela 3.6.2 Situação das Agroindústrias (1)

Nome da Empresa Fábrica de Iogurte

(Fundada em 1995, início de vendas em 2005)

New Horizon Industry

(Avícola, fundada em 2005)

1. Localização Província de Nampula (subúrbio da cidade de Nampula) Província de Nampula (subúrbio da cidade de Nampula)

2. Tipo de capital Capital moçambicano Capital de Zimbabue

3. Tipo de investimento Vertical (hereditário) Investimento coletivo (horizontal)

4. Capital - 1.374.890 dólares

5. Principal produto / volume

de produção

・ Iogurte líquido (175 ml, 330 ml, 500 ml),160.000

l/ano

・ Pintos 45.000/semana, frango 15.000/semana

・ Ração 120 toneladas/semana

6. Fornecimento de matéria

prima

・ Depende totalmente da importação de leite em pó

・ Criação de 100 cabeças em 144 ha de pastagem administrada diretamente

・ Produção de pintos

・ Produção de ração

1) Volume de matéria prima utilizada

・ 16.000 kg de leite em pó (2008) importado da África do Sul

・ A criação de pintos de destina à produção direta ・ Os frangos são produzidos por agricultores da

zona (raio de 20 km) por consignação (890

criadores, cada um com 1.250 frangos) 2) Abastecimento ・ Venda direta (cidade de Maputo) e transportadoras

(para áreas fora de Maputo) por consignação ・ Vendas em consignação para as transportadoras

3) Qualidade - - 4) Estabilidade ・ Corte de fornecimento elétrico na época da estiagem.

Por isso são gerados problemas de limpeza e

refrigeração.

・ Falta de matéria prima para ração, baixa produtividade pelo baixo nível técnico dos

criadores

7. Processamento, mão de obra

・ No. de trabalhadores na fábrica: 16 pessoas ・ Produção de pasto: 9 pessoas

・ Trabalhadores na fábrica: 186 pessoas

1) Salário ・ Salário mínimo+bonificação - 2) Custo ・ Toda embalagem é importada da África do Sul. Os

equipamentos também são 90% importados pelo que o custo do produto é elevado

・ Caso a matéria prima fosse obtida diretamente o custo

poderia baixar em até 60% comparado ao custo de produção atual

・ Para produzir um quilo de carne de frango são

necessários 1,9 kg de ração ・ Existe um déficit no número de frangos para ser

processados pelo que a planta opera com 30% de

sua capacidade.

3) Tipo de administração

(KL)

・ Trabalho intensivo ・ Capital intensivo

4) Energia ・ Planos para a instalação de geradores elétricos e poços artesianos (águas subterrâneas)

8. Venda e mercado ・ Entrega direta à cidade de Maputo dependendo da empresa

・ Consignação às empresas de transporte para outras

províncias (em caminhões de 5.000MT) ・ Para a zona de Lichinga na província de Niassa o

transporte é aéreo, elevando o custo em 60%

comparado ao transporte em caminhões

・ Zona norte (Províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado

・ Produção para competir com o produto

importado (especialmente do Brasil)

1) Despacho ・ Frascos de polietileno(transporte em caminhões) ・ Caixas e bolsas plásticas (10 kg)

2) Taxa de participação no mercado

・ 65% da província de Nampula (Cobre as províncias de Niassa, Cabo Delgado e Zambezia) -

3) Preço de venda no mercado

Preço de Despacho (MT) Preço no varejo (MT) 175 ml: 14,0 20,0 330 ml: 17,5 25,0

500 ml: 17,5 25,0

・ Carne de frango 80 MT/kg ・ Ração 870 MT/50 kg

4) Exportações ・ Não exporta (avalia exportar no futuro ) ・ Não exporta (avalia exportar no futuro )

9. Temas para fortalecer

competitividade para exportar

・ Sistema de fornecimento estável de energia

・ Auto suficiência em obtenção de matéria prima ・ Apoio financeiro para conseguir capital de giro e

financiamento para aquisição de equipamentos

・ Não conhecem o sistema ISO, HACCP

・ Falta de matéria prima (frango)

・ Falta de milho e farelo de soja para ração ・ Tecnologia de produção de baixo custo

Relatorio Final

3-52

Tabela 3.6.2 Situação das Agroindústrias (2)

Nome da Empresa SONIL-FABRICA DE TABACCO MALEMA CONDORNUTS(Início de operações em 2009)

1. Localização Província de Nampula: Distrito de Malema Província de Nampula: Distrito de Malema

2. Tipo de capital Capital português e moçambicano Capital português

3. Tipo de investimento Vertical Vertical

4. Capital - -

5. Principal produto / volume de produção

・ Folhas secas de tabaco ・ Produção: 2.000 t (2008) ・ Capacidade de produção 5.000 t/ano

・ Castanha de caju ・ Capacidade de produção 4.000 t/ano

6. Fornecimento de matéria prima

1) Volume de

matéria prima utilizada

・ 2.000 t (750 kg/ha)

・ Principalmente contratos de concessão com os agricultores (parte das colheitas sob administração direta)

・ Volume de compra: 4.000 - 6.000 t

・ Valor de compra da produção dos agricultores: Média de 9 - 12 MT/kg (muita oscilação com períodos de baixa e de alta, depende do tamanho, forma, etc.)

2) Abastecimento ・ Cultivo por concessão sob contrato com os agricultores (empréstimo de adubo, sementes)

・ Agricultores concessionários : 2.500 famílias

(2008), 1.500 famílias (2009)

・ Compra direta da produção dos agricultores da província de Nampula (Uma parte é adquirida nas províncias de Cabo Delgado, Zambezia e Sofala)

3) Qualidade ・ Orientação técnica para os agricultores concessionários por parte de técnicos 150

contratados pela fábrica

・ Controle de qualidade o produto é classificado em 26 tipos de acordo à cor (mais branco), tamanho e forma

4) Estabilidade ・ Os agricultores concessionários utilizam somente ao redor de 15% (de 20 a 30 kg) dos 200 kg de

adubo fornecido. O resto é aplicado em outros cultivos alimentares pelo que a produtividade é baixa refletindo na qualidade do produto

・ Os lotes de 1 ha é dividido em 4 partes (0,25 ha). Número de plantas : 6.666 pés /ha

・ Entre outubro e janeiro a planta compra toda a matéria prima necessária para a produção de um ano

(armazenados em depósitos próprios com capacidade para 6.000 t).

・ O comprometimento dos trabalhadores com o

trabalho afeta a taxa operativa (como o trabalho é simples, o absentismo é elevado)

・ Custo do produto: Custo de energia representa entre

30 - 35%, custo de mão de obra representa 20 -30%.

7. Processamento, mão de obra

・ Trabalhadores em planta: 100 ・ Trabalhadores nos campos de cultivo próprio: 150

・ Número de trabalhadores em planta: 750

1) Salário ・ Salário mínimo (60MT) + bonificação ・ Salário mínimo (60MT) + bonificação 2) Custo ・ Custo de transporte : 0,15 dólares/kg (custo de

transporte em caminhões de Malea → Malaui )

・ Custo de transporte: Nampula → Porto de Nacala

→ Roterdã 3) Tipo de

administração (KL) ・ Mão de obra intensiva ・ Mão de obra intensiva

4) Energia ・ Cortes de eletricidade frequentes. O uso de gerador próprio e a depreciação das outras instalações incrementam o custo

・ Cortes de eletricidade frequentes. Elevação de custos pelo uso de gerador próprio

8. Venda e mercado

1) Despacho ・ Todo o volume é exportado à Malaui

・ 1.800 t (2008), 1.200 t (2009)

・ Todo produto final é embalado a vácuo para ser

envidado à Holanda (Roterdã) . ・ Desvio da mercadoria para os mercados do sul

asiático, Ásia, Europa e Norte América

2) Taxa de participação no mercado

- ・ Maior capacidade de produção no país (capacidade

de beneficiamento de 10.000 t anuais, incluídas empresas afiliadas)

3) Preço de venda no mercado

- ・ Com casca: 500 - 700 dólares/tonelada ・ Sem casca: 5.000 dólares/tonelada (exportação)

4) Exportações ・ Toda a produção é exportada ・ Toda a produção é exportada

9. Temas para fortalecer

competitividade para exportar

・ A taxa de operação da planta é baixa

・ Elevação do custo de adubo proporcionado aos agricultores

・ Dificuldade para enfrentar oscilação de preços

internacionais

・ Todo material para embalagem é importado

・ O melhor produto é o brasileiro. A produção de Moçambique é pequena comparada à produção do Brasil.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-53

Tabela 3.6.2 Situação das Agroindústrias (3)

Empresa Indústria de Óleo Sanam, Grupo GEIN, fundada

em 2000 Mozabanana Ltda.

(Empresa produtora de bananas), Estabelecida em 2007

1. Localização Província de Nampula, Distrito de Muecate, Namialo Província de Nampula, região de Namialo 2. Tipo Capital hindu Capital Zimbabueano (Empresa Matanusuca) 3. Tipo de investimento Vertical Vertical (cooperação técnica e de vendas com a empresa

Chiquita) 4. Capital 10 million dólares 80 milhões de dólares 5. Principal produto /

volume de produção ・ Óleo de caroço de algodão (extração de óleo e

farelo) ・ Capacidade de extração 20.000 t/ano (óleo 4.000 t,

farelo 16 000 t)

・ Cultivo, processamento e venda de bananas (para exportação)

6. Fornecimento de matéria prima

1) Volume de matéria prima utilizada

・ Administração direta de cultivos: 5.000 ha (Colheita 600 kg, baixa produtividade pela sequência de danos às colheitas causados pela não aplicação de adubo e defensivos)、

・ Concessão de colheitas: Compra de aproximadamente 30.000 famílias na província de Nampula (adiantamento de sementes e adubo)

・ Fazenda de administração directa: área total de 4.000 ha; área cultivada de 3.000ha.

・ A meta é iniciar a produção de fato em 2011. ・ Vem aumentando a área cultivada cerca de 20 a 30ha por

semana.

2) Abastecimento ・ Compra direta dos agricultores da província de Nampula (Parte é adquirida de agricultores da província de Cabo Delgado, Zambezia e Sofara)

・ Preço de compra: 8 MT/kg

・ Envio directo ao país de destino (do Porto de Nacala, usando os 20 contentores que possui)

3) Qualidade ・ Planta de transformação mais moderna do país equipada para refinar óleo não somente de algodão mas também de soja e amendoim.

・ Controle absoluto do cultivo através de: cumprimento dos prazos de plantio utilizando a rega; controle de produção usando muda própria; e utilização balanceada de fertilizante adequado.

4) Estabilidade ・ É possível adaptar a operação da planta de acordo com as safras de algodão, soja e amendoim.A taxa de ocupação da planta é racionalizada com a utilização deste sistema.

・ Orientação sobre gestão e cultivo pela empresa Chiquita: quadro de orientadores formado por 6 especialistas de controle administrativo das plantações de banana do Brasil, Colômbia, Costa Rica, Panamá, etc.

7. Processamento, mão de obra

・ Número de trabalhadores na fábrica e nos campos de cultivo: aproximadamente 1.000 trabalhadores

・ Em 2009, 1.600 empregos; em 2011, 5.000 empregos.

1) Salário ・ Salário mínimo mais bonificação ・ Número total de empregos incluindo-se setores intermediários: 18.000

2) Custo - - 3) Tipo de

administração (KL) - -

4) Energia ・ A ocorrência de cortes no fornecimento de eletricidade é constante. A utilização de geradores próprios influi diretamente na elevação dos custos.

・ Solução do problema através da instalação de gerador eléctrico.

・ Garantia da água de rega para o ano todo, através da construção de represa.

8. Venda e mercado 1) Despacho ・ Óleo: destinado ao mercado interno

・ Farelo: Nampula → Porto de Nacala → Sul da Ásia・ Exportação para Europa (Itália, Grécia, Europa Oriental) e

Oriente Médio. 2) Taxa de participação

no mercado - -

3) Preço de venda no mercado

・ Óleo para o mercado interno: 20 MT/L ・ Preço de exportação para o sul asiático (farelo): 80

-100 dólares/t

- ・ Para se exportar da América Central e do Sul para Europa,

são necessários 25 dias, mas do Porto de Nacala, são 5 dias,o que possibilita uma considerável redução de custo.

4) Exportações ・ O farelo é exportado para o sul asiático ・ Como o Porto de Nacala, usado para exportação, é pequeno, é necessário tomar-se uma medida urgente.

・ Para que empresas grandes se estabeleçam na região, é necessário melhorar a estrada e o porto para exportação.

・ São necessários o reconhecimento e a introdução da RSC. 9. Temas para fortalecer a

competitividade ・ A taxa operativa da planta é baixa com relação ao

tamanho das instalações ・ A demanda interna de carne é baixa (baixa renda da

população que não tem acesso aos produtos) pelo que o farelo, que é um produto terminado não tem mercado, sendo um dos fatores para a baixa taxa de operações da planta

Nota: - não foi possível obter informação das empresas

Relatorio Final

3-54

3.7. Situação dos Serviços de Apoio à Agricultura

3.7.1. Investigação

(1) Instituto de Investigação Agrária de Moçambique(IIAM)

1) Organização

O Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) é ligado à Direção de Apoio do

Ministério de Agricultura e é a principal instituição pública responsável pela investigação

agrária no país. Este Instituto foi criado em 2004, por recomendação da Empresa Brasileira

de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), pela unificação dos 5 institutos de investigação

existentes até então (Instituto de Investigação Agrária, Instituto de Investigação Pecuária,

Instituto de Investigação Veterinária, Instituto de Desenvolvimento de Zonas Rurais e

Instituto de Investigação Florestal e conta com a Direção de Planificação, Administração e

Finanças (DARN), a Direção de Ciências Animais (DCA) e a Direção de Formação,

Documentação e Transferência de Tecnologias (DFDTT) (Figura 3.7.1). Ademais, conta com

4 unidades de nível local: Centro zonal sul (Província de Gaza, Chokue, ver abaixo)10,

Centro zonal centro (Província de Manica, Sussundenga) 11 , Centro zonal Noroeste

(Provincia de Niassa; Lichinga) 12 , e Centro zonal Nordeste (Provincia de Nampula;

Nampula)13 (Figura 3.7.2).

Há dois centros onde se realiza a análise do solo e de produtos agrícolas: em Maputo e em

Nampula (este último criado pela colaboração holandesa em 1995/6). Mas a capacidade de

análise do Centro de Nampula é bastante limitada, e não são realizadas medições de

nitrogênio nen análise física do solo. Ambos os centros aceitam os pedidos de análise de

indivíduos, empresas e órgãos que não sejam o IIAM, mas o número anual de análises de

amostras é restrito14, há falta de reagentes necessários, e o número de experimento analítico

baseado em análise química do solo e de produtos agrícolas é reduzido.

A zona deste Estudo se encontra na jurisdição do centro zonal nordeste (distritos de Ribaue,

Mulupala, Nampula, Mucaeté, Monapo, Meconda e Mogovolas) e do centro zonal noroeste

(distritos de Malema, Gurué, Cuamba e Manbimba). O centro zonal nordeste também têm 3

estações agrárias experimentais dentro da zona do Estudo (Nametil, Ribáue, Namapa) e um

laboratório de análise para solos e cultivos (Nampula), e o centro zonal noroeste tem uma

estação agrária experimental (Mutuali). O laboratório de análises se encontra na central de

Maputo e em Nampula, mas a capacidade de análise deste último é bastante limitada e não

realiza medições de propriedades físicas do solo. A central de Maputo realiza análises de

10 Centro Zonal Sul。Pertencem as províncias de Maputo, Gaza e Iambane) 11 Centro Zonal Centro. Províncias de Tete, Manica, Sofala e Zambezia

12 Centro Zonal Noroeste. Província de Niassa

13 Centro Zonal Nordeste. Províncias de Nampula e Cabo Delgado

14 As empresas costumam enviar as amostras a serem analisadas para a África do Sul.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-55

acordo a solicitações do IIAM e outras instituições, além de pessoas e empresas privadas

mas o número de análises que realizam ao ano são muito poucas15, e não contam com

suficientes reagentes químicos para testes e praticamente não se realizam testes baseados em

análises químicas de solo e cultivos.

Fonte: informações divulgadas no site http://www.iiam.gov.mz/ (23 de Setembro de 2009), acrescidos de dados obtidos nas visitas aos locais.

Figura 3.7.1 Organização dos Institutos de Investigação de Moçambique

15 As análises de solo e água são realizadas para 1000 a 2000 amostras anualmente.

Centro Zonal Sul(Estação Agrária de Chokué)

Centro Zonal Sul(Estação Agrária de Chokué)

Centro Zonal Centro(Estação Agrária de

Sussudenga)

Centro Zonal Centro(Estação Agrária de

Sussudenga)

Centro Zonal Noroeste(Estação Agrária de

Lichinga )

Centro Zonal Noroeste(Estação Agrária de

Lichinga )

Centro Zonal Nordeste(Estação Agrária de

Nampula)

Centro Zonal Nordeste(Estação Agrária de

Nampula)

・Centro de Análises de Nampula・Estação Agrária de Nametir・Estação Agrária de Ribaue・Estação Agrária de Namapa・Estação Agrária de Mapupulo

・Centro de Análises de Nampula・Estação Agrária de Nametir・Estação Agrária de Ribaue・Estação Agrária de Namapa・Estação Agrária de Mapupulo

・Estação Agrária de Mutuali・Estação Agrária de Gurué・Estação Agrária de Mutuali・Estação Agrária de Gurué

・Estação Agrária de Mocuba・Posto Agronomico de Messambuzi・Posto Agronomico de Chemba・Centro de Muirua・Estação Florestal de Mandonge・Laboratório Regional de Veterinaria・Estação Zootécnica de Angónia・Posto Agronomico de Ntengomozi・CPFAs de Sofala Angónia

・Estação Agrária de Mocuba・Posto Agronomico de Messambuzi・Posto Agronomico de Chemba・Centro de Muirua・Estação Florestal de Mandonge・Laboratório Regional de Veterinaria・Estação Zootécnica de Angónia・Posto Agronomico de Ntengomozi・CPFAs de Sofala Angónia

・Estação Agrária de Umbelzi・Estação de Zootecnia de Giobela・Estação Florestal・Estação de Zootecnia de Madimi

Lopez・Posto Agronomico de Unacongo・Escola Técnica Superior de

Agricultura Manikenima

・Estação Agrária de Umbelzi・Estação de Zootecnia de Giobela・Estação Florestal・Estação de Zootecnia de Madimi

Lopez・Posto Agronomico de Unacongo・Escola Técnica Superior de

Agricultura Manikenima

(Central)

(Centro zonal)(Composição)

◆Planificação, Administração e Finanças◆Agronomía e Recursos Naturais◆Direção de Ciencias Animais◆Formação, Documentação e

Transferencia de Tecnologia

◆Planificação, Administração e Finanças◆Agronomía e Recursos Naturais◆Direção de Ciencias Animais◆Formação, Documentação e

Transferencia de Tecnologia

Relatorio Final

3-56

Estação experimental do centro zonal nordeste

Estação experimental do centro zonal noroeste

Estação experimental do centro zonal centro

Estação experimental do centro zonal sul

Lagoa

Central do centro experimental regional

Estação experimental agrícola regional

Centro experimental pecuário regional

Laboratório de análises regional

Fonte: Preparado a partir de http://www.iiam.gov.mz/, 11 de novembro de 2009

Figura 3.7.2 Localização dos Institutos de Investigação Agrária e Centros Zonais de Moçambique

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-57

Tabela 3.7.1 Sumário das Estações e Postos Agrários da Região Alvo de Estudo

Centro zonal Centro zonal nordeste (Sede em Nampula) Centro zonal noroeste (Sede em Lichinga)

Estação experimental Posto agronómico de Nampula-Sede

Estação agrária de Ribaué Posto agrário de Mutuali Estação agrária de Gurué

Localização Latitude sul: 15º 09’ Longitude leste: 39º 20’

Latitude sul: 14º 09’ Longitude leste: 38º 16’

Latitude sul: 14º 53’ Longitude leste: 37º 03’

Latitude sul: 15º 29’ Longitude leste: 37º 00’

Altitude 432 m 535 m 570 m 788 m Área 355 ha 2.572 ha 3.000 ha -

Solo

・ Terra roxa e amarela rica em sesquióxido ou solo mineral aquoso.

・ Terreno plano ・ Escoamento de água: bom

– ruim.

・ Terra roxa e amarela rica em sesquióxido ou terra cinza.

・ Solo arenoso, marga arenosa, marga.

・ Muitas inclinações leves.

・ Escoamento de água: bom - regular

・ Solo florestal, solo mineral ácido, solo mineral aquoso, solo vertisol (terra baixa).

・ Terreno plano. ・ Escoamento de água:

ruim

・ Solo ácido de origem orgânica (relato de que contém 17% de substância orgânica, pH (H2O) 3.5).

Média 24,5 ºC 23,9 ºC 23,8 ºC 21,4 ºC Máxima 30,4 ºC 30,2 ºC 31,1 ºC -

Temperatura média anual

Mínima 18,5 ºC 17,6 ºC 16,5 ºC - Precipitação anual 1.114 mm 1.120 mm 968 mm 1.516 mm Número de dias chuvosos

84 dias 90 dias 88 dias -

Pessoal

・ Pesquisadores: 32, e outros ・ Pessoal de enxerto: 3 ・ Pessoal de campo: 1 ・ Segurança: 2

・ Director (pesquisador): 1

・ Outros: 19

・ Director (pesquisador): 1

・ Pessoal de campo: 3 ・ Segurança: 1

Funções

・ Cultivo ・ Cultivo de espécies

(mandioca, mapira, amendoim)

・ Patologia botânica (castanha de caju)

・ Insectos ・ Estudo de sementes ・ Utilização de produtos

agrícolas (castanha de caju e mandioca)

・ Produção de sementes ・ Veterinária ・ Solo ・ Silvicultura

・ Venda de enxertos de manga e cítricos.

・ Produção de sementes de milho.

・ Início do teste de adaptação da variedade de trigo a partir deste ano.

・ Teste de adaptação da variedade.

・ Produção de sementes (milho, mapira, soja, amendoim, mandioca, vagem)

・ Pecuária

・ Teste de adaptação da variedade (batata inglesa, arroz).

・ Produção de sementes (milho, batata inglesa, vagem, arroz, soja).

Outros

・ Colaboração de pesquisa com o INCAJU16.

・ Projectos internacionais: a) AGRA17 (controle de

fertilidade do solo, cultivo de mapira).

b) EU18 (investigação e extensão de castanha de caju, mandioca e batata doce).

・ Foi estabelecida na década de 1960 como estação experimental de algodão, mas actualmente não trabalha com este produto.

・ Não possui laboratório.

・ Existem moradores ilegais no seu terreno.

・ Estabelecida como estação experimental provincial da Zambézia (em 1945), e posteriormente se tornou órgão subordinada ao IIAM.

・ Devido à greve da companhia eléctrica, não recebe electricidade por 3 anos.

・ Possui laboratório, que não funciona.

Nota: Parte das informações foi obtida por: “Unidades Experimentais do IIAM, Caracterização Preliminar, Documentos No.1/IIAM. Setembro 1970”.

16 Instituto Nacional do Caju

17 ONG internacional Aliança para a Revolução Verde na África (Alliance for Green Revolution in Africa) 18 União Europeia (European Union)

Relatorio Final

3-58

Na região alvo de estudo, o Centro zonal nordeste possui uma estação agrária (em Ribaué) e

um posto agronómico (em Nampula), e o Centro zonal noroeste possui 2 estações

experimentais (em Mutuali e em Gurué). No posto agronómico de Nampula-sede há o setor

técnico, considerado necessário para o setor agrário, mas a sua instalação é precária. Há

instalações de laboratório recém construídas, mas sem equipamentos nem materiais

(laboratório veterinário, laboratório de sementes, etc.). O posto de Nampula-sede e as

estações agrárias realizam o teste de adaptação da variedade, além de produzirem sementes

de variedades melhoradas dos principais produtos, baseado no PAPA19, e fornecem-as para

as empresas de sementes (SEMOC20 e PANNAR21), desempenhando um papel importante

no sistema de venda de sementes certificadas aos produtores (Tabela 3.7.1). O planeamento

do teste de cultivo é feito pelos pesquisadores da sede, e as estações agrárias estão

encarregadas da gestão do campo de cultivo, mas dependendo dos desafios, é feita a

colaboração entre os órgãos subordinados a outros Centros zonais.

A estrada para Lichinga, onde se localiza a Estação agrária do Centro zonal noroeste, não é

pavimentada, o que dificulta o acesso rápido, e durante a estação de chuva, a passagem fica

frequentemente intrafegável. Assim, para a execução do presente projecto, é preciso

fortalecer o Posto agrário de Mutuali, localizado no distrito de Malema. Além disso, devido

ao número e função dos extensionistas extremamente limitados no país, é necessário o

envolvimento dos pesquisadores no trabalho de extensão, mas não existe o setor de extensão

nos órgãos do IIAM. Os pesquisadores concordam inclusive que os pesquisadores técnicos e

os especialistas em extensão devem colaborar no trabalho de orientar os produtores, e

desejam a criação do setor de extensão22. Além disso, acredita-se que na elaboração de

pacotes técnicos necessários para cada produto agrário, seja preciso envolver os especialistas

em extensão que tenham uma visão global de todo o sistema.

2) Funcionários

A Direção de Agronomia e Recursos Naturais da sede central do IIAM conta com um total

de 52 funcionários, mas nos centros zonais nordeste e noroeste se encontram 31 e 12

funcionários, número bastante reduzido. (Tabela 3.7.2). Na central aproximadamente 60% do

pessoal conta com algum grau acadêmico de doutor o mestre, mas nos centros zonais

nordeste e noroeste essa porcentagem não chega a 30 por cento. A idade média dos

funcionários23 se situa entre 30 (centros zonais) e 40 anos (central) e os jovens são mais

numerosos nos centros zonais, mas somente dois funcionários se encontram na faixa etária

dos 20 (centro zonal sul). Todos os investigadores são especialistas relacionados com a

agronomia e nos centros zonais noroeste e noroeste mais de 70% dos investigadores são

agrônomos, o responsável pelo departamento de prevenção de pragas estava ausente, e no

19 Plano de Acção para a Produção de Alimentos 20 Empresa Pública Sementes de Moçambique 21 PANNAR Seed Ltd. 22 Entrevista feita na Reunião dos pesquisadores em Posto agronómico de Nampula-Sede. 23 Somente para regiões que contam com dados (Ver Tabela 3.7.2)

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-59

departamento de fertilização do solo somente se encontrava 1 pessoa. No interior, depois de

agrônomos, se encontram veterinários em maior número24, e suas funções se limitam à

atenção de cultivos e saúde de animais localmente, sem capacidade para atender temas

específicos dentro de cada parcela.

É preciso aumentar o número de pesquisadores, um equilíbrio no número de especialistas e

elevar as capacidades dos mesmos, mas atualmente o país não possui um plano de

fortalecimento no número de pesquisadores a longo prazo. Também as condições de trabalho

desfavoráveis são um impedimento para melhorar a situação. Além disso, as instalações e

equipamento para investigações são limitadas, especialmente nos centros zonais, mas não

existe um plano para potenciar estes centros.

Tabela 3.7.2 Funcionários do IIAMObs.

Central Centros Zonais

Item Direção de Agronomia e Recursos Naturais

Sul Centro Noroeste Nordeste Total

Funcionários (no.) 52 30 18 12 32 143 Homens (no.) Mulheres (no.)

33 19

24 6

14 4

9 3

30 2

110 34

Idades médias 43.4 39.6 - 37.3 - - Grau

Doutor 11 1 1 0 1 14 Mestres 18 3 3 2 7 33

Licenciados 23 26 26 10 23 108 Especialidade

Biologia 5 1 1 0 1 8 Genética 2 0 0 1 0 3

Desenvolvimento de variedades 6 1 2 1 2 12 Agronomia 13 16 5 8 22 64

Enfermidades de plantas 1 1 2 0 1 5 Prevenção de pragas 2 0 0 0 0 2

Pós colheita 1 0 0 0 0 1 Adubação de solo 2 0 0 0 1 3

Classificação de solos 2 0 0 0 1 3 Uso de solo 1 0 0 0 0 1

Economia Agrícola 2 0 0 0 2 4 Hidrologia 2 0 0 0 0 2

Engenharia florestal 4 0 2 0 1 7 Geografia 3 0 0 1 0 4 Veterinária 0 7 5 1 1 14

Fertilização animal 0 1 0 0 0 1 Matemática 1 0 0 0 0 1

Outros 3 1 1 0 1 6 Fonte: Relatório da Equipe de Estudo do “Estudo Preparatório para o Programa de Reativação Econômica e

Desenvolvimento Regional de Moçambique (Promoção do cultivo do arroz”, JICA, 2007 Obs.: Alguns funcionários trabalham tanto na sede central do IIAM, como no centro zonal sul

24 Na central do IIAM pertencem à Direção de Ciência Animal (DCA)

Relatorio Final

3-60

(2) Universidades

Os cursos de agronomia dentro do país são oferecidos na Universidade Eduardo Mondlane

(Maputo) e na Universidade Católica (Cuamba). A Universidade Nacional Eduardo

Mondlane tem professores que também são investigadores do IIAM central e existe um

intercambio entre estas instituições, mas não contam com um sistema de intercambio de

informações e resultados entre as instituições relacionadas com temas agrícolas. É necessário

realizar mais estudos sobre as atividades dos centros de investigação agrária.

3.7.2. Extensão

(1) Departamento de Extensão do Ministério de Agricultura

O Departamento de Extensão Agrária do Ministério de Agricultura é responsável pelas

entidades de extensão agrária, mas com as políticas de descentralização, muitas atribuições

de extensão estão sendo transferidas às províncias e distritos. Porém, as capacidades destes

governos locais ainda se encontram em uma etapa muito incipiente.

1) Organização e funcionários

O Departamento de Extensão Agrária do Ministério de Agricultura, com o apoio do

Departamento de Serviços Agrários do mesmo ministério, realiza coordenações de

assistência do exterior relacionada à agricultura e com isto é responsável pela formulação e

execução das políticas de extensão do país. Conta com 671 extensionistas em todo o país (5

em média por distritos em 2009) mas considerando a área e famílias a ser atendidas este é

um número bastante baixo. Existe um plano de aumentar a número de extensionistas para

pelo menos 9 extensionistas por distrito (total de 1.152 em 128 distritos), mas deve ser difícil

que esta meta possa ser atingida. Nos distritos da área do Estudo, existem em média 6

extensionistas, superior à média nacional (Tabela 3.7.3). Nos últimos anos, os extensionistas

passaram a fazer parte dos distritos25 e de acordo com a Direção de Agricultura dos distritos,

estes foram designados aos serviços distritais de atividades econômicas 26, (Figura 3.7.3).

Porém, os serviços distritais de atividades econômicas de quase todas as províncias não

contam com veículos e o trabalho dos extensionistas se vê bastante limitado. O departamento

de extensão agrária está buscando melhorar os métodos de mobilização dos extensionistas

enviando-os desde as províncias do sul, mais perto da capital utilizando diversos tipos de

subsídios, mas as medidas se encontram atrasadas para as províncias do norte, na área deste

Estudo. A Direcção de Extensão Agrária procura melhorar a mobilidade dos extensinositas

enviando os meios a partir de Maputo para todas as províncias ao mesmo tempo baseando-se

na proporção do números dos extensionistas em cada província. Mas as medidas

encontram-se atrasadas para todas as províncias, porque os meio não são suficientes,

25 Até o momento as partidas correspondentes a extensão não foram enviadas às províncias, assim as provas de seleção também são realizadas com recursos das provincias

26 SEDAE: Servicio Distrital de Atividades Economicas

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-61

incluindo as províncias do norte, na área do estudo. O país realiza um cálculo simples e

considera que um extensionista devia assistir 250 famílias, mas a realidade não é assim. A

realidade não é assim e somente uma média de 8% dos agricultores a nível nacional

responderam que receberam algum tipo de assistência dos extensionistas (2008)27.

Tabela 3.7.3 Número de Extensionistas por Distritos da Área do Projeto Número de extensionistas em 2009

ONG Agroindústrias

Província

Distrito (*Produção de

alimentos Distritos do

Projeto (PAPA)

Funcionário público (Extension

istas)

Assistência aos

agricultores Orientadores

Extensionistas

Assistência aos agricultores

(Extensionistas)

AgricultoresOrientadores

Total

Alto Molocué* 5 12 0 - - - 17

Zam

zia

Gurué* 6 13 0 - - - 19

Total 11 25 0 - - - 36

Murrupula* 5 7 0 1 0 - 13

Malema* 3 10 0 4 0 - 17

Ribáue* 3 5 0 3 0 - 11

Meconta* 9 3 0 3 0 - 15

Mogovolas* 6 7 0 0 0 - 13

Muecate 8 1 0 6 0 - 15

Nampula 8 3 0 0 0 - 11

Nam

pu

la

Monapo 8 9 0 6 0 - 23

Total 50 45 0 23 0 - 118

Cuamba* 6 4 0 5 0 61 76

Nia

ssa

Mandimba* 6 6 0 5 0 36 53

Total 12 10 0 10 0 97 129

Total Geral 73 80 0 33 0 97 283

Fonte: Relatório da Equipe de Estudo do “Estudo Preparatório para o Programa de Reativação Econômica e Desenvolvimento Regional de Moçambique (Promoção do cultivo do arroz”, JICA, 2007

2) Treinamento de Extensionistas

A maioria dos extensionistas cursou educação básica (5 anos), educação média (5 anos) para

se formar em escolas agrícolas técnicas (3 anos). Nos últimos anos foi criado o curso de

extensionistas agrícolas dentro do curso de agronomia na Universidade Nacional Eduardo

Mondlane (4 anos) e existem casos em que alguns formandos trabalham como extensionistas.

O treinamento dos extensionistas é a nível nacional, provincial e distrital. O treinamento a

nível nacional basicamente se da por meio de treinamentos a novos extensionistas em cada

província 28 . A nível de distritos, os treinamentos deveriam ser realizados através de

atividades mensais com o apoio da Direção Provincial de Agricultura, mas estas se limitam à

presença nas reuniões da Direção Provincial de Agricultura para a leitura do relatório mensal

de atividades desta direção e a maior parte do conteúdo se refere às políticas do governo

central. Ainda não se encontra disponível material didático, o currículo não está pronto e não

se chega à etapa de métodos de extensão ou de como melhorar a capacidade técnica dos

agricultores individualmente. Recentemente, se solicitou à Universidade Nacional Eduardo

27 Ministerio de Agricultura: Resultados do Trabalho de Inquérito Agrícola (TIA), 2007. (Material de apresentação) 28 Como a capacidade de treinamento das provincias é baixa, o Estado envía funcionarios para este propósito mas no futuro as

provincias devem ser encarregadas.

Relatorio Final

3-62

Mondlane a preparação de um manual de técnicas de extensão para os principais cultivos e o

manual técnico para a produção de arroz do projeto de JICA está sendo utilizado como

referencia. Além disso, foi solicitada a colaboração de outros ministérios de acordo ao tema,

para a preparação destes manuais.29. É necessário reconhecer este esforço do governo central,

mas é evidente que não se desenvolvem técnicas agrícolas de acordo com as necessidades de

cada região dentro do vasto território do país.

(2) ONG

Na área do Projeto existem tantos extensionistas ou mais de ONGs, que extensionistas das

províncias e estes realizam suas atividades de acordo com seus objetivos, mas não existe um

intercambio de informações entre esses extensionistas e os extensionistas provinciais e

distritais. Além do mais, diferente das atividades de ONGs em outras províncias não existem

orientadores entre os agricultores, e existe uma preocupação de que as técnicas de extensão

não estejam sendo suficientemente interiorizadas (Tabela 3.7.3). As atividades de extensão

dos extensionistas de ONGs não são contínuas e um dos problemas é a deficiência de

atividades de extensão que estejam conectadas com o mercado.

(3) Empresas privadas

Nas províncias de Nampula e Niassa se encontram extensionistas das empresas privadas

relacionadas com a agricultura. No caso da província de Niassa, existem muitos orientadores

agrícolas relacionados com agroindústrias e no caso do algodão e do tabaco, além de

fornecer adubo e agroquímicos, também realizam um trabalho de orientação técnica para os

cultivos. Porém, com exceção da província de Niassa, não existem orientadores para formar

assistentes ou orientadores entre os mesmos agricultores e tal como no caso das ONGs,

causa uma limitação na extensão técnica (Tabela 3.7.3).

3.7.3. Associações de Agricultores

Em quanto ao sistema de associações de agricultores, alguns se chamam grupos de

agricultores, onde os agricultores se juntam e existem associações de agricultores que

possuem um sistema de administração próprio. Cada Grupo ou Associação de agricultores é

composto(a) por 10 a 40 famílias de produtores.(Para os serviços de extensão do Ministério

de Agricultura são formados grupos entre 20 e 25 famílias, enquanto no caso da CLUSA30,

os grupos são formados por 10 a 40 famílias.)

Algumas associações de agricultores estão formalizadas e estão registradas como pessoas

jurídicas. A lei para pessoas jurídicas nestes casos, foi regulamentada por Decreto

29 Por exemplo, “Métodos de criação de gado nas épocas de seca” e “Marketing de milho”, em conjunto com o Ministério de Comércio

30 CLUSA: Abreviação de The Cooperative League of the USA Fundada nos EUA em 1916. Cooperativa e agencia de cooperação americana mais antiga. A CLUSA já trabalhou em 81 países em diversas áreas como cooperativismo agrícola, conservação de recursos naturais baseados nas comunidades, fortalecimento da sociedade civil e saúde pública e atualmente está trabalhando em 15 países, sendo 11 países da África, 2 na América Latina, 2 no sudeste asiático.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-63

Presidencial em 3 de maio de 200631. Com o registro como pessoa jurídica o acesso ao

sistema financeiro é facilitado mas como se mostra no quadro seguinte, são requeridos

muitos documentos para a regularização, pelo que muitos grupos e associações funcionam

sem registro. Na província de Nampula em setembro de 2009 haviam 688 agrupações de

agricultores registradas e 514 sem registro.32.

Quadro Resumo do Decreto Lei de 3 de maio de 2006 No. 2/2006 【Regulamentos sobre procedimentos】

Os membros da associação de agricultores devem ser mulheres e homens maiores de 15 anos, mas

os membros fundadores devem ser maiores que 18 anos. Para solicitar o registro é necessário: 1)

nome da associação; 2) nome e assinatura de mínimo 10 membros fundadores (se analfabetos, com

impressão digital); 3) contrato da associação; 4) explicação oral ou por escrito do plano de atividades.

Na solicitação é preciso anexar o documento de identidade dos membros fundadores.

【Regulamentos sobre a aceitação】

Os solicitantes devem mandar os documentos para a o chefe do posto administrativo da província ou

do distrito; os documentos serão examinados para definir sua aprovação ou não. A associação

aprovada terá seu nome publicado na gazeta oficial.

【Supervisor e funções】

O supervisor é o chefe do posto administrativo da província ou distrito. Este deve supervisar e

orientar para que a associação realize suas funções de acordo com os regulamentos estabelecidos

de forma correta.

【Regulamentos para a formação de Uniões】

Quando duas ou mais associações de agricultores se juntam, podem formar uma união. Quando

estas uniões realizam suas atividades em mais de um distrito ou província, sua aprovação irá

depender do governador da província ou da Direção responsável do Ministério de Agricultura. As

associações de agricultores podem modificar os regulamentos de acordo com a formação da união.

Fonte: Preparado pela Equipe de Estudo JICA

As associações de produtores de Moçambique são formadas para realizar principalmente

uma (ou mais) das seguintes cinco funções: 1) receber os serviços de extensão rural

(informações, técnicas, equipamentos, etc.); 2) auxílio mútuo (inclui desenvolvimento

comunitário, alfabetização, fortalecimento da mulher, etc.); 3) coleta e despacho

comunitários de produtos; 4) financiamento rural (microcrédito); e 5) gestão de bens comuns

(instalações de irrigação, de armazenamento e de processamento, tratores, etc.).

(1) Serviços de extensão rural

Conforme foi citado, os extensionistas rurais do MINAG possuem pessoal e meios de

deslocamento limitados. A casa e a terra cultivada dos agricultores, que são os beneficiários,

estão dispersas, e não é viável os extensionistas rurais visitarem e orientarem todos os

produtores. Assim, primeiramente, forma-se as associações dos produtores, para criar cada

uma um campo modelo (CDR33). Em seguida, cultivando-se este campo, apresenta-se novas

técnicas e sementes melhoradas, e faz-se a extensão e a orientação de métodos de utilização

de agroquímicos e fertilizantes. Como se trata de formação em grupo, é possível realizar a

31 Decreto-Lei No 2/2006 de 3 de Maio, Diploma Ministerial No 155/2006 de 20 de Setembro do MINAG, Despacho de 29 de Setembro de 2006 do Ministério da Administração Estatal (MAE)

32 Fonte: Preparado a partir de dados da Direção de Agricultura da Provincia de Nampula 33 Campo de Demonstração de Resultados.

Relatorio Final

3-64

extensão de modo eficiente, e como o produtor aprende pela própria experiência, através da

prática no CDR, o aprendizado é eficaz. Este método é usado não só pelo MINAG, mas pelas

empresas e ONGs nas atividades de extensão rural.

Além disso, espera-se que as associações dos produtores sejam agentes capazes de transmitir

as informações sobre os diversos serviços públicos de apoio aos produtores, tendência do

mercado (preços do mercado, demanda dos consumidores, etc.), dentre outras. Existem

algumas associações dos produtores apoiadas pelas ONGs que já são capazes de identificar

as informações necessárias para o grupo, e realizam a sua coleta e análise de modo proativo,

para elaborar o plano de cultivo dos produtos. Mas muitas associações e grupos de

produtores, incluindo aqueles orientados pelo MINAG, ainda possuem problemas: não

recebem as informações necessárias, ou não têm consciência das informações que são

necessárias para si próprios.

(2) Auxílio mútuo (inclui desenvolvimento comunitário, alfabetização,

fortalecimento da mulher, etc.)

Na região do Corredor de Nacala, reinstalaram-se muitos refugiados que haviam fugido para

outras partes do país, ou mesmo no exterior, durante a guerra civil. Assim, é importante

recuperar os laços entre os moradores e a função de auxílio mútuo entre os membros da

comunidade. As principais comunidades são unidas por ligações regionais, mas há muitos

casos em que o desenvolvimento econômico e social é realizado aproveitando-se as

associações e grupos dos produtores, que são grupos gestores dos projeto.

Esse tipo de atividade é comum em projetos de desenvolvimento comunitário de ONGs e

doadores. Há casos em que a formação de líderes e o fortalecimento da capacidade de gestão

organizacional são incluídos no âmbito do projetos, para possibilitar a sustentabilidade das

atividades comunitárias. Por exemplo, há o Programa (PROSOYA) executado pela CLUSA,

no qual o curso de alfabetização oferecido para adultos da comunidade que foi organizada34

resultou em aumento da conscientização quanto ao desenvolvimento e da capacidade de

absorção de novas técnicas e informações, bem como aumento da autoestima e da

capacidade básica para o autodesenvolvimento no futuro.

Essas atividades para promover o auxílio mútuo são realizadas levando-se em consideração

as partes vulneráveis da sociedade, que frequentemente se isolam da comunidade, como

famílias cuja mulher é chefe de família, dentre outras.No caso de mulheres chefe de família,

como existe falta de mão de obra para a realização de tarefas agrícolas, o projeto apóia com

mão de obra a través dos grupos de agricultores, em alguns casos realiza empréstimo com

baixos juros para empregar mão de obra desde fora. Também tem parcelas coletivas para

34 Cadastrando-se na Direcção provincial da educação (ou no Ministério da Educação e Cultura) como Projecto de alfabetização para adultos do Ministério da Educação e Cultura, recebem-se materiais e currículo. Ao ser reconhecido oficialmente como professor, concluindo-se o curso de 21 dias oferecido pelo Ministério da Educação e Cultura,recebe-se 550MT por mês do Governo.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-65

chefes de família mulheres para que elas possam realizar trabalhos agrícolas de forma

conjunta, distribuindo de forma equitativa os produtos.

Além disso, há ONGs e doadores que realizam projetos de saúde, que tem como base a

comunidade, tais como projeto para garantir água segura, projeto de extensão de práticas

de saúde pública para prevenir doenças causadas pela água, prevenção de HIV/SIDA,

realização de parto seguro, medidas contra malária, melhoramento da nutrição, vacinação

preventiva, etc. Na maioria das vezes, as atividades são realizadas em parceria/colaboração

com o encarregado de saúde pública do distrito.

(3) Coleta e despacho coletivo

O serviço de extensão do Ministério de Agricultura tem como objetivo a coleta e despacho

coletivo de produtos agrícolas pelas associações de agricultores no futuro. É necessário

considerar o trabalho realizado pela empresa IKURU administrada pela associação de

agricultores de CLUSA (FORA35) na província de Nampula, que realiza a coleta e despacho

coletivo.

Fonte: Material de apresentação de CLUSA

Figura 3.7.3 Sistema de Coleta e Despacho Coletivo de IKURU

A IKURU for criada em 2003 como uma Sociedade Anônima de Reponsabilidade Limitada

- SARL. Seus proprietários são FORA e seus membros. A gestão e administração da IKURU

são feitas pela diretoria. Atualmente o seu presidente é o representante da Novib, e a

diretoria é formada pelo representante do GAPI e dos produtores, totalizando 15 membros. A

diretoria é encarregada de 1) gestão financeira; 2) análise do mercado internacional e compra

e venda de produtos agrícolas dos membros; 3) solicitação do certificado de Fair Trade

(comércio justo) e produto orgânico; 4) compra e venda de fertilizantes e agroquímicos, etc.,

além de fazer a gestão do planejamento de cultivo recebido das associações dos produtores,

35 Abreviação de Farmers’ Marketing Organizations。

IKURU

Individual Farmers

Marketing of

Certified Crops

(Market Premium)

FairTrade

Organic

Production of Inputs

Seed

CAN (3 to 4 Forums)

FORUM (6 to 10 Assoc.)

Seed

For Sale To

Association(15 to 40 farmers)

Marketing of

Conventional Crops

(Market Price)

For Sale To

For Sale To

Contract

Production

Relationship

Business Activities

Traders

Traders

NGOs

Marketing of Inputs

Seed

Pesticide

Fertilizer

For Sale ToFor Sale To

Relatorio Final

3-66

para prever a colheita e decidir o preço de compra do referido ano, analisando o preço no

mercado internacional. Além disso, realiza a importante função de procurar os compradores

dos produtos colhidos, relacionando-os com as associações membros da IKURU. A CLUSA

oferece apoio técnico às atividades 3 e 4, mas não interfere na gestão da IKURU.

(4) Gestão de bens comuns

São exemplos de bens comuns: instalações de irrigação, de armazenagem e de

processamento, poço, equipamentos como tratores, etc. Por exemplo, na associação membro

da IKURU do distrito de Monapo, a FORA (cooperativa da associação de produtores) realiza

a gestão, operação e manutenção do armazém/fábrica de beneficiamento de gergelim, e a

FORA do distrito de Muecate é responsável pela construção, manutenção e gestão do

armazém comum. Assim, as associações e grupos de produtores funcionam como órgão

responsável pela manutenção e gestão do bem comum, adotando-se um sistema de gestão e

regras próprios.

O Governo de Moçambique distribui para cada distrito um fundo que pode ser utilizado

livremente (Rural Initiative Fund), com o objetivo de promover o emprego local e garantir a

segurança alimentar. Muitos distritos, como o de Ribaué e Malema, compraram gados para

tração animal e tratores, aproveitando-se este fundo, e oferecem-nos para alugar aos

produtores que os necessitam, mediante pagamento de uma taxa.

As comunidades, os grupos e associações de produtores também podem ter acesso a este

fundo. O distrito examina as propostas dos agricultores ou das associações de produtores, e

fornece o fundo às melhores idéias. Entretanto, no caso de associações, para se ter acesso a

este fundo, elas devem ser registradas como pessoa jurídica e possuir conta bancária. Como

exemplo de aproveitamento deste fundo, há o distrito de Gurué que distribuiu os

equipamentos agrários adquiridos em vários locais do distrito (em Parques de equipamento),

e delegou a sua gestão aos grupos e associações de produtores determinados.

3.7.4. Financiamento Rural

O governo e doadores vêm realizando esforços para ampliar o sistema de financiamento

rural36. Na província de Nampula, dentro da área do Estudo, a CLUSA oferece microcréditos

para pequenos agricultores em curto prazo (menos de 1 ano) e de acordo com entrevistas a

esta entidade, ela tem intenção de incrementar este número. Na província de Murrupula, dos

7 000 000 MT assinados desde o orçamento do governo central, eles realizam empréstimos

para pequenos produtores e associações. Porém aproximadamente 80% não são devolvidos e

se pôde averiguar que a causa para isto eram a debilidade do sistema das associações e

36 Por exemplo, o Progama de Apoio Financeiro Rural (2005-2013) em cooperação entre o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o AfDB, Market led Smallholder Development in the Zambezi Valley Project(2007 - 2013) do Banco Mundial.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-67

muitas vezes o capital não era utilizado para fins agrícolas. (De acordo com entrevistas

realizadas ao governo provincial de Murrupula)

3.8. Situação das Atividades das Entidades de Apoio

Na região do corredor Nacala se encontram diversas entidades e ONGs realizando projetos

de desenvolvimento rural e microcréditos, proporcionando assistência técnica e financeira.

Os projetos sendo executados se mostram a seguir.

Tabela 3.8.1 Ações de Apoio dos Principais Cooperantes na Região do Corredor Nacala

Entidade internacional /cooperante

Programa/Projeto Zona de execução

Banco Africano de Desenvolvimento (BAD)

・ Programa de desenvolvimento técnico da pesca ・ Programa de fortalecimento de capacidades para o

microfinanciamento (Aus AID, UNDP ILO)

・ Nampula, Província de Cabo Delgado, região Norte

・ Nível nacional

Banco Mundial ・ Programa de descentralização e projeto financeiro

・ Preparação de um projeto para os principais produtos agrícolas

・ Província de Zambézia em Tete, Sofala, Manica

・ Província de Zambézia

UE ・ Gabinete de Apoio à Pequena Indústria (GAPI)* e Apoio ao desenvolvimento institucional da Associação Moçambicana para o Desenvolvimento Rural (AMODER)

・ Apoio para a criação do fundo de garantia AMODER

・ Apoio a ONGs (World Vision, CARE, ADRA, etc.)

・ Províncias de Nampula, Niassa e Zambézia

・ Províncias do norte

・ Províncias do norte

Fundo para o Desenvolvimento de Capital da ONU (UNCDF) / Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas

・ Projeto de apoio ao processo de descentralização

・ Província de Nampula

Agencia Americana para o Desenvolvimento (USAID)

・ Apoio financeiro à CLUSA, assistência técnica para a ACDI/VOCA (associativismo dos agricultores, extensão e desenvolvimento social)

・ Centros de promoção de financiamento rural ・ Assistência técnica ao IIAM

・ Província de Nampula

・ Nível nacional ・ Nível nacional

Agencia Sueca de Cooperação Internacional (SIDA)

・ Projeto de Iniciativa do setor privado em Malonda ・ Província de Niassa

Agencia de Desenvolvimento Suiça (SDC)

・ Apoio à ONGs para o desenvolvimento comunitário

・ Nampula, Manica e Sofala

Agencia para o desenvolvimento internacional da Finlândia (FINNIDA)

・ Novo Programa do Pro Agri II (em preparação) ・Província de Zambézia

*Escritorio para a promoção de pequenos negócios

Relatorio Final

3-68

Dentre os órgãos de apoio, a USAID possui uma estratégia de apoio agrícola em

Moçambique (Programa de Pesquisa e Inovação Agrárias, The Agricultural Research and

Innovation (ARI) Program), visando elevar a produção agrícola do país por meio do

desenvolvimento de métodos de implementação, técnicas e políticas agrárias. O Programa

tem a duração de 5 anos, e foi iniciado em Outubro de 2009. O orçamento do primeiro ano

foi de 35 milhões de dólares, e a partir do segundo ano, será de 8 milhões de dólares por ano.

O Programa ARI apoia de modo global todo o setor agrícola de Moçambique, e o seu alvo é

a pesquisa agrária, transferência de tecnologias (inclui-se investimento em equipamentos e

materiais agrícolas), desenvolvimento de recursos humanos e elevação da capacidade de

organização (inclui-se a elevação da capacidade do IIAM).

Além disso, a USAID vem executando, desde 2009, o Projeto AgriFUTURO, que visa

fortalecer a competitividade do setor privado, por meio do fortalecimento da cadeia de

valores dos 9 principais produtos (banana, abacaxi (ananá), manga, castanha de caju, milho,

amendoim, gergelim, soja e plantação florestal). O Projeto, com duração de 5 anos, está

orçado em 20 milhões de dólares. Ele tem como alvo as regiões do Corredor de Nacala e de

Beira, e planeja-se atingir os seguintes resultados:

(1) Criação de um ambiente adequado para o agronegócio (desenvolvimento de políticas,

sistemas, etc.);

(2) Ampliação e fortalecimento dos serviços necessários para o desenvolvimento do

agronegócio (pesquisa, inovação tecnológica, infraestrutura, mecanização, materiais

agrícolas, mercado, extensão, distribuição, etc.);

(3) Construção de um relacionamento entre os empreendedores agrícolas e fornecedores

do serviço financeiro;

(4) Fortalecimento da parceria público-privada.

As atividades de ONGs também se estendem a diversas áreas como o aumento da produção

agrícola, assistência técnica aos agricultores, assistência técnica às famílias, educação,

conscientização sobre a HIV/AIDS, desenvolvimento comunitário, entre outros aspectos. Os

projetos sendo executados são os seguintes.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-69

Tabela 3.8.2 Ações de Apoio das ONGs na Região do Corredor Nacala

ONG Setor/Programa/Projeto

KULIMA Fundada em 1984

【Nome do projeto】 • Produção e processamento de castanha de caju (Incaju, UE) • Produção de algas (Cesvitem, UE) • Desenvolvimento rural (CARE) • Programa de microcréditos (USAID/ Banco Mundial) • Programas contratados (UE) • Programa de conscientização sobre o HIV/AIDS e programa de água (AIFO)

Obs) ( ), nome do doador

OLIPA Fundo em 1999

ONG local criada com pessoal da CLUSA 【Setores】

1) Desenvolvimento socioeconômico nas zonas rurais 2) Desenvolvimento socioeconômico nas comunidades com relação a gênero 3) Promoção da educação e conscientização sobre o associativismo dos

agricultores

Helvetes

【Nome do projeto】 • Nutrientes da cana de açúcar e sua produção para o mercado: Cabo Delgado,

Província de Nampula • Programa PROGOAS (Água e saneamento)

ORAM Fundada em 1993

Associação Rural de Ajuda Mutua Em 1998 foi criada a filial de Nampula

【Setores】 1) Elevar a conscientização dos líderes comunitários com relação às leis

ambientais baseada nas políticas de descentralização 2) Apoio às comunidades para o registro de terras 3) Apoio às comunidades para fortalecer projetos de aproveitamento de solo e

fortalecimento de atividades dos agricultores

Save the Children (SC)

Em Moçambique Save the Children realiza assistência nos seguintes 3 setores. 【Setores e projetos relacionados】 ① Fortalecimento de segurança alimentar e nutrição infantil

• Cooperação SC : Crianças que sofreram com as inundações • SC/US: Práticas tradicionais de administração agrícola • SC/US: Extensão agrícola e estudos de campo com os agricultores locais

② Melhorar a assistência escolar de alunos de educação primaria • SC alliance: Programa de reincorporação de alunos às escolas

③ Programa HIV/AIDS • SC alliance: Elevar a conscientização para programas de HIV/AIDS

CLUSA in Niassa, Tete, Manica, Zambesia and Nampula

Provinces

【Setores】 ① Desenvolvimento do associativismo ② Preparação do entorno legal para a formação de cooperativas ③ Treinamento de novos agricultores ④ Desenvolvimento de empresas exportadoras, propriedade dos produtores ⑤ Desenvolvimento de cadeias de valores ⑥ Produção certificada ⑦ Controle e fiscalização de qualidade 【Nome do projeto】 • Produção de soja no norte de Moçambique e ampliação do marketing • Ampliação de direitos das empresas privadas dentro do desenvolvimento rural• Melhoramento da cadeia de valores do algodão no centro de Moçambique • Estabelecimento de serviços de produção e estruturação de um programa de

exportações em Moçambique ESSOR

RISE (ONG brasileira matriz) a partir de 1997 iniciou

atividades em Moçambique

【Nome do projeto】 Garantir a segurança alimentar das mulheres na região de Nacala e treinamento agrícola

Relatorio Final

3-70

OIKOS Fundada em 1988 ONG portuguesa

【Nome do projeto】 • Implantação de atividades comunitárias e sistema de alerta para desastres

naturais na província de Mossuril e Ilha de Moçambique • Melhoramento de comunicações para redução de riscos e preparação contra

desastres dentro das comunidades • Inundações em Moçambique dentro do programa ECHO 2007 • Apoio ao reassentamento de famílias danificadas pelas inundações • Apoio alimentar na província de Zambézia (PAM) • Apoio a produtos não alimentares (IOM) • Produção e marketing de cultivos para monetização por pequenos agricultores

na província de Niassa • Projeto de segurança alimentar em Mandimba

3.9. Temas do Setor da Agricultura e Temas do Desenvolvimento

Agrícola

Temas y fatores de impedimento no sector agrícola e para o desenvolvimento agrícola são

apresentadas na Tabela 3.9.1.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento

Rural na SavanaTropical

3-71

Tab

ela

3.9

.1

Tem

as

e f

ato

res

de

Im

pe

dim

en

to p

ara

o D

ese

nvo

lvim

en

to A

gríc

ola

(a

um

en

to d

a p

rod

ão

)

Seto

r

Sit

uação a

tual

Prin

cip

ais

tem

as

Med

idas

exis

ten

tes

e P

rin

cip

ais

fato

res

de

imp

ed

imen

to

1. P

olít

icas

de

dese

nvol

vim

ento

ag

ríco

la

1)

O

terc

eiro

P

lano

Q

uinq

uena

l de

G

over

no

(200

5 -

2009

) co

nsid

era

com

o ob

jeti

vos

prin

cipa

is o

“co

mba

te à

pob

reza

”, “

corr

igir

as

desi

gual

dade

s re

gion

ais”

e a

“m

anut

ençã

o da

pa

z”

e co

mo

tem

as

de

dese

nvol

vim

ento

co

nsid

era

“edu

caçã

o”,

“saú

de”,

“ag

ricu

ltur

a”,

“des

envo

lvim

ento

ru

ral”

e

“inf

raes

trut

ura”

co

mo

seto

res

impo

rtan

tes.

D

entr

o de

ste

cont

exto

fo

i pr

epar

ado

o P

rogr

ama

de

Red

ução

da

Pob

reza

Abs

olut

a (P

AR

PA I

I:20

06~

2009

),

que

tom

a 3

pila

res

bási

cos

“gov

erna

bili

dade

”,

“cap

ital

hu

man

o”

e “d

esen

volv

imen

to

econ

ômic

o”

e 8

tem

as

hori

zont

ais

que

são

“gên

ero”

, “H

IV/A

IDS

”,

“mei

o am

bien

te”,

“s

egur

ança

al

imen

tar

e nu

tric

iona

l”,

“tec

nolo

gia”

, “d

esen

volv

imen

to

rura

l”, “

desa

stre

s na

tura

is”

e “d

esm

inag

em”.

2)

P

ara

aum

enta

r a

prod

utiv

idad

e ag

ríco

la,

o P

rogr

ama

Nac

iona

l de

D

esen

volv

imen

to

Agr

ícol

a (P

RO

AG

RI

II:

2006

~20

10)

busc

a m

udar

o

cará

ter

da

agri

cultu

ra,

de

uma

agri

cult

ura

de

subs

istê

ncia

pa

ra

uma

agri

cult

ura

volt

ada

ao m

erca

do e

seu

s ci

nco

pila

res

são:

a m

erca

do; b

) se

rviç

os f

inan

ceir

os;

c) t

ecno

logi

a; d

) ac

esso

aos

rec

urso

s na

tura

is;

e) c

riaç

ão d

e um

am

bien

te f

avor

ável

par

a os

ne

góci

os.

2)

A v

isão

do

“Pla

no E

stra

tégi

co d

o S

etor

Agr

ário

P

ED

SA

201

0 –

2019

”, a

tual

men

te e

m p

repa

raçã

o, é

fa

zer

do

“set

or

agrá

rio

um

seto

r co

mpe

titi

vo

e su

sten

táve

l”

e se

us

tem

as

prio

ritá

rios

o:

a)

segu

ranç

a al

imen

tar

e m

elho

ria

das

cond

içõe

s nu

tric

iona

is;

b)

fort

alec

er

a co

mpe

titi

vida

de

dos

prod

utos

na

cion

ais

e el

evar

a

rend

a do

s ag

ricu

ltor

es;

c)

uso

sust

entá

vel

dos

recu

rsos

na

tura

is e

con

serv

ação

do

mei

o am

bien

te.

Com

o m

etas

con

cret

as e

stão

: a)

aum

ento

da

prod

ução

de

alim

ento

s,

b)

aum

ento

da

pr

oduç

ão

diri

gida

ao

m

erca

do;

c)

fort

alec

er

a co

mpe

titi

vida

de

dos

agri

cult

ores

; d)

mét

odos

de

uso

sust

entá

vel

do s

olo,

ág

ua e

flo

rest

as; e

) de

senv

olvi

men

to d

e ca

paci

dade

s in

stit

ucio

nais

do

seto

r ag

rári

o.

2)

As

estr

atég

ias

de d

esen

volv

imen

to n

ão c

ondi

zem

co

m a

s co

ndiç

ões

do m

erca

do e

os

dese

jos

dos

prod

utor

es.

O

PA

PA c

onsi

dera

com

o pr

odut

os o

mil

ho,

arro

z,

trig

o,

gira

ssol

, so

ja,

carn

e de

fr

ango

, ba

tata

e

man

dioc

a e

dent

ro

do

plan

o es

cons

ider

ado

trip

lica

r a

prod

ução

de

al

guns

pr

odut

os

em

3 an

os.

Den

tro

dest

e pl

ano,

es

tão

cons

ider

ados

to

dos

os te

mas

da

cade

ia d

e va

lor

para

a p

rodu

ção

de

alim

ento

s qu

e sã

o o

plan

tio,

a

colh

eita

, co

nser

vaçã

o, p

roce

ssam

ento

e m

erca

do (

incl

ui a

ex

port

ação

).

O a

poio

do

gove

rno

para

ati

ngir

est

as e

stra

tégi

as

de d

esen

volv

imen

to é

insu

fici

ente

.

3-72

Relatório Final

Seto

r

Sit

uação a

tual

Prin

cip

ais

tem

as

Med

idas

exis

ten

tes

e P

rin

cip

ais

fato

res

de

imp

ed

imen

to

2. C

ondi

ções

N

atur

ais

1)

Cli

ma

sem

i-ár

ido

da s

avan

a (c

lass

ific

ação

de

Köp

pen)

2)

O

vol

ume

de c

huva

s du

rant

e o

verã

o (n

ovem

bro

a ab

ril)

é d

e 80

0-10

00 m

m

(Man

dim

ba, C

uam

ba, M

ueca

té, N

ampu

la,

Mul

umba

, Mec

onte

e M

ogov

olas

), 1

000-

1200

m

m (

Rib

aue,

Alt

o M

oloc

ué, M

alem

a) e

mai

s de

120

0 m

m (

Gur

ué).

3)

A

tem

pera

tura

méd

ia a

nual

var

ia d

e 18

.5o

C a

26

.5 o

C e

é m

ais

baix

a qu

anto

mai

or a

alt

itud

e.

4)

Os

12 p

roví

ncia

s se

dis

trib

uem

em

alt

itud

es d

e 0-

200

m (

Mon

apo)

, 200

-600

m (

Mur

rupu

la,

Nam

pula

, Muc

aeté

, Mec

onta

), e

600

-100

0 m

(M

andi

mba

, Cua

mba

, Gur

ué, A

lto M

oloc

ué,

Mal

ema,

Rib

aue)

, con

side

rada

s al

titu

des

elev

adas

em

Moç

ambi

que.

5)

N

a ár

ea d

o E

stud

o se

enc

ontr

am d

istr

ibuí

das

uma

gran

de v

arie

dade

de

tipo

s de

sol

o co

mo

Lix

isso

los

(sol

o al

cali

no),

Luv

isso

los

(sol

o fé

rtil

de

bosq

ues)

, Acr

isso

los

(sol

o ác

ido

de

flor

esta

s tr

opic

ais)

, Lix

i-lu

viss

olos

, gr

eiss

olos

(s

olo

úmid

o. O

sol

o si

mil

ar a

o ce

rrad

o qu

e sã

o fe

rras

solo

s po

de s

er e

ncon

trad

o so

men

te e

m

zona

s pr

óxim

as a

o di

stri

to d

e G

urué

, na

prov

ínci

a de

Zam

bézi

a.

6)

A ta

xa d

e oc

upaç

ão d

o so

lo p

ara

agri

cult

ura

é de

0~

5% (

Gur

ué, M

ogav

olas

), 5~

30%

(M

andi

mba

, Cua

mba

, Mec

onta

, Mal

ema,

R

ibau

e), 3

0~50

% m

(N

ampu

la,M

ueca

te, A

lto

Mol

ocue

, Mur

rupa

la)

e co

rres

pond

em a

áre

as

de a

lta

ocup

ação

com

rel

ação

ao

país

.

1)

Uso

do

solo

par

a cu

ltiv

o em

épo

ca d

e se

ca (

uso

de

cult

uras

per

man

ente

s, r

eflo

rest

amen

to)

2)

Qua

ndo

ocor

rem

pou

cas

chuv

as o

u a

époc

a de

ch

uvas

se

atra

sa, o

corr

em s

ecas

3)

Pra

gas

em h

orta

liça

s na

s ép

ocas

fre

scas

nas

zon

as

alta

s

4)

Ero

são

de s

olo

em z

onas

alt

as

5)-1

Sal

iniz

ação

do

solo

em

zon

as b

aixa

s e

com

pou

ca

chuv

a

-2 S

eca

em z

onas

de

solo

are

noso

-3 A

cide

z do

sol

o em

áre

as d

e fe

rras

solo

s 6)

D

egra

daçã

o do

s re

curs

os f

lore

stai

s pe

las

quei

mad

as

Em

ger

al: a

) os

pro

duto

res

não

cont

am c

om c

apit

al; b

) nã

o ex

iste

m m

erca

dos

que

com

pens

em o

s in

vest

imen

tos

agrí

cola

s; c

) nã

o se

rec

onhe

cem

os

fato

res

de im

pedi

men

to c

omo

prob

lem

as ;

d) u

m f

ator

de

impe

dim

ento

é a

fal

ta d

e co

nhec

imen

tos

técn

icos

ne

cess

ário

s pa

ra r

esol

ver

os p

robl

emas

. Os

outr

os

pont

os r

elac

iona

dos

com

cad

a it

em s

ão o

s se

guin

tes:

1)

-1 A

cas

tanh

a de

caj

u é

cult

ivad

a em

vas

tas

área

s m

as n

ão e

xist

e um

a en

tida

de q

ue p

ossa

ori

enta

r qu

anto

ao

mel

hora

men

to d

e va

ried

ades

e n

a in

trod

ução

de

outr

os p

rodu

tos

apro

pria

dos

para

o

clim

a tr

opic

al, s

eu p

roce

ssam

ento

e c

onse

rvaç

ão .

1)-2

Com

a c

hega

da d

e em

pres

as e

stra

ngei

ras,

se

nota

o

aum

ento

do

desm

atam

ento

e e

m a

lgum

as z

onas

se

pod

e no

tar

área

s de

vast

adas

, mas

não

se

prom

ove

o re

flor

esta

men

to c

om e

spéc

ies

apro

veit

ávei

s (e

ucal

ipto

, etc

.).

2)

-1 F

alta

intr

oduz

ir v

arie

dade

s m

ais

resi

sten

tes

à se

ca

2)-2

Fal

ta d

e co

nhec

imen

tos

de c

ulti

vo c

om p

rote

ção

do s

olo

(pla

ntas

, cob

ertu

ras

plás

tica

s, c

ulti

vo s

em

arag

em, e

tc.)

.

2)-3

Fal

ta d

e fo

ntes

de

água

2)

-4 N

ão c

onta

m c

om ir

riga

ção

3)-1

Não

se

intr

oduz

em v

arie

dade

mai

s re

sist

ente

s co

ntra

enf

erm

idad

es

3)-2

Não

con

tam

com

con

heci

men

tos

para

pro

teçã

o de

ch

uvas

, etc

. 4)

-1 C

omo

part

em d

o pr

incí

pio

de q

ue h

á te

rra

em

abun

dânc

ia, n

ão e

xist

em m

edid

as e

spec

ífic

as d

e co

nser

vaçã

o 4)

-2 F

alta

de

conh

ecim

ento

s té

cnic

os p

ara

prev

enir

a

eros

ão d

o so

lo (

cult

ivos

de

níve

is, c

ulti

vo s

em

arag

em, e

tc.)

5)

-1 N

ão c

onhe

cem

a s

alin

izaç

ão d

o so

lo e

por

tant

o nã

o i

mpl

anta

m m

edid

as d

e pr

even

ção.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento

Rural na SavanaTropical

3-73

Seto

r

Sit

uação a

tual

Prin

cip

ais

tem

as

Med

idas

exis

ten

tes

e P

rin

cip

ais

fato

res

de

imp

ed

imen

to

5)-2

O c

arvã

o qu

e re

sta

das

quei

mad

as é

uti

liza

do p

ara

corr

igir

a a

cide

z do

sol

o, m

as n

ão c

onhe

cem

as

técn

icas

apr

opri

adas

6)

O

pot

ássi

o é

util

izad

o na

s te

rras

que

imad

as c

omo

com

plem

ento

nut

rici

onal

par

a o

solo

, mas

não

se

real

izam

est

udos

sob

re o

s an

os d

e de

scan

so

nece

ssár

io p

ara

a re

cupe

raçã

o da

s m

atas

3.C

ondi

ções

Soc

iais

1)

A

popu

laçã

o é

de

3.96

0.00

0 pe

ssoa

s na

pr

ovín

cia

de N

ampu

la e

1.0

80.0

00 e

m N

iass

a 2)

A

ex

pect

ativ

a de

vi

da

na

prov

ínci

a de

N

ampu

la é

de

41,3

ano

s, 6

9% d

a po

pula

ção

se

enco

ntra

em

sit

uaçã

o de

pob

reza

abs

olut

a 3)

N

a pr

ovín

cia

de N

ampu

la e

xist

iam

200

cen

tros

de

saú

de (

2007

), c

om 2

.988

leit

os

4)

A t

axa

de i

nfec

ção

por

HIV

/AID

S n

a re

gião

no

rte

é de

7,2

%

5)

A t

axa

de a

lfab

etiz

ação

dos

adu

ltos

em

tod

a a

prov

ínci

a de

N

ampu

la

é de

55

,9%

pa

ra

os

hom

ens

e 24

,1%

par

a as

mul

here

s, m

uito

mai

s ba

ixa

que

a m

édia

do

país

. N

a pr

ovín

cia

de

Nam

pula

40

%

dos

chef

es

de

fam

ília

o re

cebe

m

educ

ação

fo

rmal

e

som

ente

32

%

term

inou

a e

duca

ção

prim

aria

.

1)

A

popu

laçã

o se

co

ncen

tra

nos

gran

des

cent

ros

urba

nos

e na

reg

ião

cost

eira

2)

Os

fale

cim

ento

s sã

o ca

usad

os p

or e

nfer

mid

ades

que

po

dem

ser

pre

veni

das

e co

m p

ossi

bili

dade

s de

cur

a (s

aram

po,

men

ingi

te,

into

xica

ção

alim

enta

r, m

alár

ia, d

oenç

as r

espi

rató

rias

, dia

rréi

a, t

uber

culo

se,

hans

enía

se, H

IV/A

IDS)

3)

3

atra

sos

(fal

ta d

e co

nhec

imen

tos

com

rel

ação

aos

se

rviç

os m

édic

os p

or p

arte

da

popu

laçã

o, a

tras

o na

s de

cisõ

es

de

busc

ar

loco

moç

ão

e di

ficu

ldad

e de

tr

ansp

orte

s e

loco

moç

ão,

atra

so

na

qual

idad

e de

se

rviç

os m

édic

os)

4)

D

efic

iênc

ia n

a tr

ansm

issã

o de

inf

orm

açõe

s so

bre

a pr

even

ção

do

HIV

/AID

S

(dis

trib

uiçã

o de

pr

eser

vati

vos,

ati

vida

des

de c

onsc

ient

izaç

ão,

etc.

) e

med

idas

de

aten

ção,

pri

ncip

alm

ente

nas

áre

as r

urai

s5)

F

orm

ação

de

pess

oal

para

a e

duca

ção

de a

dult

os e

pr

opor

cion

ar s

ervi

ços

na z

ona

rura

l

1)・

Red

ução

da

popu

laçã

o tr

abal

hado

ra n

as z

onas

ru

rais

Nas

zo

nas

rura

is,

se

enco

ntra

m

disp

ersa

s m

orad

ias

e t

erra

s de

cul

tivo

. P

or i

sso

é di

fíci

l pr

esta

r se

rviç

os d

e as

sist

ênci

a té

cnic

a ag

ríco

la d

e m

anei

ra e

fici

ente

.

・ A

de

nsid

ade

popu

laci

onal

e

o vo

lum

e de

pr

oduç

ão

agrí

cola

, nã

o pe

rmit

em

gera

r ec

onom

ias

de e

scal

a e

prat

icam

ente

não

con

tam

co

m

opor

tuni

dade

s de

ace

sso

a m

erca

dos

e a

inte

rmed

iári

os

2)3)

O

Min

isté

rio

de

Saú

de

real

iza

esfo

rços

pa

ra

ampl

iar

os

serv

iços

m

ater

no-i

nfan

tis

com

a

cons

truç

ão d

e ce

ntro

s de

saú

de e

for

maç

ão d

e pe

ssoa

l, m

as a

inda

é in

sufi

cien

te.

4)

N

as á

reas

rur

ais

é ur

gent

e im

plan

tar

med

idas

de

difu

são

de

info

rmaç

ões

sobr

e m

étod

os

de

prev

ençã

o de

HIV

/AID

S

5)

O

Min

isté

rio

de

Edu

caçã

o es

prep

aran

do

curr

ícul

o e

mat

eria

l pa

ra

a al

fabe

tiza

ção

de

adul

tos・

Os

educ

ador

es

que

vinh

am

real

izan

do

trab

alho

s de

alf

abet

izaç

ão d

e ad

ulto

s ju

nto

a O

NG

s e

igre

jas

são

trei

nado

s pa

ra g

aran

tir

a qu

alid

ade

da

educ

ação

púb

lica

par

a ad

ulto

s.

3-74

Relatório Final

Seto

r

Sit

uação a

tual

Prin

cip

ais

tem

as

Med

idas

exis

ten

tes

e P

rin

cip

ais

fato

res

de

imp

ed

imen

to

4. P

rodu

ção

Agr

ícol

a /G

estã

o A

gríc

ola

(Peq

ueno

s pr

odut

ores

)

1)

A á

rea

de c

ultiv

o m

édia

por

fam

ília

(1h

a) é

m

enor

que

a m

édia

nac

iona

l (1.

3ha)

2)

B

usca

ndo

terr

as

com

bo

as

cond

içõe

s de

pr

oduç

ão,

(res

istê

ncia

, m

erca

do),

os

terr

enos

ag

ríco

las

se e

ncon

tram

dis

pers

os (

em m

édia

1

fam

ília

tem

3 p

arce

las

em lu

gare

s di

fere

ntes)

3)

Bai

xa

prod

utiv

idad

e,

cons

eqüê

ncia

da

ag

ricu

ltur

a de

pend

ente

de

chuv

as (

mil

ho,

0,9

ton/

ha, m

andi

oca

5,5

ton/

ha)

4)

90

%

do

tota

l de

ag

ricu

ltor

es

com

ap

roxi

mad

amen

te 1

ha

de t

erra

s tê

m r

enda

ao

redo

r de

6.0

00M

T (

US

$ 22

0),

acim

a da

lin

ha

de

pobr

eza

e se

m

antê

m

com

o

auto

-aba

stec

imen

to

5)

A f

onte

de

rend

a ag

ríco

la d

epen

de d

a pr

oduç

ão

de a

lgod

ão e

cas

tanh

a de

caj

u, q

ue p

odem

ser

co

mer

cial

izad

os.

Ges

tão

agrí

cola

in

stáv

el

porq

ue o

s pr

eços

var

iam

de

acor

do c

om o

s pr

eços

de

com

pra

das

empr

esas

1) A

mpl

iar

as á

reas

de

cult

ivo

2)-1

E

leva

r a

fert

ilid

ade

do s

olo

-2 O

rgan

izar

e e

leva

r a

prod

utiv

idad

e do

si

stem

a de

tr

ansp

orte

de

pr

odut

os

3)-1

A

mpl

iar

a of

erta

de

adub

o e

sem

ente

s ce

rtif

icad

as

e m

elho

rar

o si

stem

a ag

ríco

la

depe

nden

te

do

trab

alho

hum

ano

-2 D

esen

volv

imen

to e

ext

ensã

o do

sis

tem

a de

pla

ntio

bas

eado

na

agro

eco

logi

a 4)

-1

Ele

var

a pr

odut

ivid

ade

dos

alim

ento

s bá

sico

s e

dive

rsif

icar

os

prod

utos

com

erci

aliz

ávei

s.

4)-2

G

aran

tir

um

sist

ema

de

com

pras

co

leti

vas

de

adub

os b

alan

cead

os e

sem

ente

s ce

rtif

icad

as

4)-3

T

écni

cas

de

mel

hori

a da

pr

odut

ivid

ade

com

a

prát

ica

de c

ulti

vos

próp

rios

par

a a

agro

ecol

ogia

e

com

bai

xa a

plic

ação

de

insu

mos

4)

-4

Ela

bora

ção

de

polí

tica

s de

m

elho

ram

ento

da

ge

stão

agr

ícol

a pa

ra e

leva

r os

ren

dim

ento

s 5)

-1

Div

ersi

fica

ção

de

prod

utos

vo

ltad

os

ao

forn

ecim

ento

par

a as

agr

oind

ústr

ias

5)

-2

For

tale

cer

pode

r de

ba

rgan

ha

junt

o às

ag

roin

dúst

rias

1)-1

Com

o os

tra

balh

os d

epen

dem

da

forç

a hu

man

a, o

li

mit

e m

áxim

o po

r fa

míl

ia é

de

2,5h

a 1)

-2 A

té 2

ha

não

é ne

cess

ário

sol

icit

ar a

o go

vern

o pe

rmis

são

para

am

plia

r a

área

a s

er c

ulti

vada

1)

-3 P

olít

ica

de p

rom

oção

da

agro

pecu

ária

tan

to d

o M

inis

téri

o de

A

gric

ultu

ra

com

o do

go

vern

o pr

ovin

cial

de

Nam

pula

2)

Mét

odo

agrí

cola

em

lug

ar d

o cu

ltiv

o co

m u

so d

a qu

eim

ada

3)

-1 N

ão e

xist

em p

olít

icas

de

apoi

o pa

ra a

com

pra

de

impl

emen

tos

com

o ad

ubo

bala

ncea

do e

sem

ente

s ce

rtif

icad

as

3)-2

Não

exi

ste

um m

étod

o té

cnic

o ap

ropr

iado

par

a ca

da p

iso

agro

ecol

ógic

o 4)

-1 F

alta

de

núm

ero

abso

luto

de

exte

nsio

nist

as (

104

no g

over

no p

rovi

ncia

l de

Nam

pula

) 4)

-2 E

leva

do g

rau

de d

epen

dênc

ia d

os e

xten

sion

ista

s de

ON

Gs

e em

pres

as p

riva

das

(228

) 4)

-3 M

étod

os

de

exte

nsão

de

fici

ente

s (m

eio

de

tran

spor

tes,

man

uais

de

exte

nsão

) 4)

-4 N

ão

exis

tem

po

líti

cas

de

mel

hori

a de

ge

stão

ag

ríco

la d

irig

idas

ao

aum

ento

de

rend

imen

tos

5)-1

O g

over

no e

stab

elec

e pr

eços

mín

imos

de

com

pra

do

algo

dão

que

serv

e de

in

cent

ivo

para

os

ag

ricu

ltor

es a

umen

tare

m s

ua p

rodu

ção

5)-2

Não

con

tam

com

arm

azén

s qu

e po

dem

aju

dar

nas

vari

açõe

s de

pre

ços

e nã

o po

dem

des

pach

ar s

eus

prod

utos

de

acor

do c

om v

aria

ções

dos

pre

ços

de

mer

cado

.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento

Rural na SavanaTropical

3-75

Seto

r

Sit

uação a

tual

Prin

cip

ais

tem

as

Med

idas

exis

ten

tes

e P

rin

cip

ais

fato

res

de

imp

ed

imen

to

5. C

omer

cial

izaç

ão /

Cad

eia

de v

alor

es1)

G

eraç

ão d

e so

bre

ofer

ta c

om r

elaç

ão a

o ta

man

ho d

o m

erca

do: 7

20.0

00 f

amíl

ias

agri

cult

oras

for

nece

dora

s pa

ra u

m m

erca

do

cons

umid

or d

e 20

0.00

0 (á

rea

urba

na)

2)

O c

usto

do

adub

o ba

lanc

eado

no

mer

cado

de

Nam

pula

é 2

.500

MT

/50

kg m

as o

pro

duto

im

port

ado

de M

alau

i cus

ta a

met

ade

3)

O v

alor

agr

egad

o do

s pr

odut

os d

irig

idos

às

indú

stri

as v

em a

umen

tand

o no

s úl

tim

os a

nos

para

a c

asta

nha

de c

aju,

taba

co e

alg

odão

, ne

sta

orde

m e

as

opor

tuni

dade

s de

esc

olha

do

prod

utor

est

ão a

umen

tand

o.

4)

O p

reço

do

mil

ho p

roce

ssad

o ch

ega

a 7

veze

s o

preç

o do

mil

ho n

a m

acha

mba

. Mes

mo

os

alim

ento

s pa

ra c

onsu

mo

têm

pos

sibi

lida

de d

e au

men

tar

seu

valo

r ag

rega

do.

1)

Apo

io n

a pr

oduç

ão d

a en

tres

safr

a (s

etem

bro-

abri

l)

2)

C

om a

est

rutu

raçã

o de

um

sis

tem

a de

logí

stic

a co

leti

vo é

pos

síve

l gar

anti

r ac

esso

a in

sum

os

impo

rtad

os m

ais

bara

tos,

e r

eduç

ão d

os c

usto

s de

en

vio

da m

erca

dori

a 3)

G

aran

tir

um m

erca

do e

stáv

el c

om a

am

plia

ção

da

prod

ução

par

a a

indú

stri

a 4)

P

rom

over

o p

roce

ssam

ento

sim

ples

dos

pri

ncip

ais

alim

ento

s (m

ilho

, man

dioc

a) d

entr

o da

s co

mun

idad

es r

urai

s

1) N

ão e

xist

em p

olít

icas

de

assi

stên

cia

por

part

e do

go

vern

o, m

as e

xist

em c

asos

de

suce

sso

em u

ma

zona

com

o a

ssoc

iati

vism

o pr

omov

ido

por

uma

ON

G (

CL

US

A)

que

perm

itiu

a c

onst

ruçã

o de

pe

quen

as in

stal

açõe

s de

irri

gaçã

o, lo

gíst

ica

e ve

nda

cole

tiva

2)

Ide

m

3) I

dem

4)-1

Ide

m

4)-2

Exi

ste

um p

lano

do

gove

rno

pra

prom

over

o

proc

essa

men

to d

a m

andi

oca

(far

inha

) co

m o

ob

jeti

vo d

e su

bsti

tuir

a im

port

ação

de

trig

o e

mel

hora

r as

con

diçõ

es n

utri

cion

ais

da p

opul

ação

6.P

roce

ssam

ento

de

Pro

duto

s (A

groi

ndús

tria

)

1)

A ta

xa d

e oc

upaç

ão d

as a

groi

ndús

tria

s é

de

40%

em

méd

ia e

com

o a

umen

to n

o cu

sto

de

man

uten

ção

da f

ábri

ca, p

erde

–se

co

mpe

titi

vida

de p

ara

expo

rtar

2)

H

á pr

oble

mas

par

a ga

rant

ir a

mat

éria

pri

ma,

po

is d

epen

dem

de

gera

dore

s pr

ópri

os p

ara

ter

uma

ofer

ta e

stáv

el d

e en

ergi

a el

étri

ca, a

ltos

cu

stos

de

mão

de

obra

e d

epen

dem

da

impo

rtaç

ão d

e em

bala

gens

e a

té d

e m

atér

ia

prim

a 3)

A

s em

pres

as s

ão p

eque

nas

e a

mai

oria

se

enco

ntra

na

etap

a 1,

5 a

2 do

pro

cess

amen

to

1) G

aran

tir

um f

orne

cim

ento

est

ável

de

mat

éria

pri

ma

2)

-1

Ele

var

a pr

oduç

ão d

os a

gric

ulto

res

que

forn

ecem

m

atér

ia p

rim

a pa

ra a

s in

dúst

rias

-2

For

tale

cer

a co

mpe

titi

vida

de p

ara

expo

rtar

-3

For

tale

cer

a co

mpe

titi

vida

de p

ara

subs

titu

ir o

s pr

odut

os

impo

rtad

os

3)-1

P

rom

over

a c

hega

da d

e in

dúst

rias

que

pro

duze

m

prod

utos

com

ele

vado

val

or a

greg

ado

para

ati

var

a ec

onom

ia r

egio

nal -

2 E

labo

rar

polí

tica

s de

de

senv

olvi

men

to a

prov

eita

ndo

os r

ecur

sos

natu

rais

da

regi

ão

1) N

o ca

so d

o al

godã

o ex

iste

um

sis

tem

a de

co

nces

sões

que

impe

de à

s in

dúst

rias

uti

liza

r fo

rnec

edor

es d

e ou

tras

reg

iões

, dif

icul

tand

o a

gara

ntia

da

qual

idad

e da

mat

éria

pri

ma

2)-1

Mui

tas

veze

s as

indú

stri

as p

ropo

rcio

nam

adu

bo

para

os

agri

cult

ores

con

trat

ados

com

o f

im d

e el

evar

a p

rodu

tivi

dade

, mas

a ta

xa d

e ap

lica

ção

de a

dubo

por

est

es p

rodu

tore

s es

tá a

o re

dor

de

40%

, o r

esta

nte

é ut

iliz

ado

em o

utro

s cu

ltiv

os,

assi

m d

ific

ilm

ente

as

indú

stri

as c

onse

guem

at

ingi

r o

volu

me

de p

rodu

ção

espe

rado

2)

-2 A

dem

ais

dos

cust

os d

e pr

oduç

ão n

a et

apa

de

desp

acho

de

fábr

ica

(com

bust

ível

, em

bala

gem

, m

atér

ia p

rim

a), s

e so

mam

cus

tos

de tr

ansp

orte

e

de m

ão d

e ob

ra p

elo

que

o cu

sto

de

com

erci

aliz

ação

em

por

to é

mui

to e

leva

do(e

tapa

de

exp

orta

ção)

. 3)

-1 A

tras

o na

for

maç

ão d

e ou

tras

ati

vida

des

de a

poio

re

laci

onad

as

3-76

Relatório Final

Seto

r

Sit

uação a

tual

Prin

cip

ais

tem

as

Med

idas

exis

ten

tes

e P

rin

cip

ais

fato

res

de

imp

ed

imen

to

3)-2

Fal

ta d

e in

frae

stru

tura

par

a el

evar

a c

apac

idad

e de

pro

duçã

o (e

stra

das

asfa

ltad

as, e

letr

icid

ade)

7.A

ssoc

iati

vism

o (C

oope

rati

va

agrí

cola

)

1)

A d

ireç

ão d

e ag

ricu

ltur

a da

pro

vínc

ia te

m

iden

tifi

cada

s em

Nam

pula

1.2

02 a

ssoc

iaçõ

es

de a

gric

ulto

res

(688

reg

istr

adas

, 514

sem

re

gist

ro c

omo

pess

oas

jurí

dica

s) e

des

tas,

292

re

cebe

m s

ervi

ços

dos

exte

nsio

nist

as a

gríc

olas

2)

Exi

stem

591

agr

upaç

ões

de a

gric

ulto

res,

di

fere

ntes

das

ass

ocia

ções

de

agri

cult

ores

que

de

vem

ser

ate

ndid

as p

elos

ext

ensi

onis

tas

da

dire

ção

de a

gric

ultu

ra d

a pr

ovín

cia.

3)

75

% d

as a

ssoc

iaçõ

es d

e ag

ricu

ltor

es d

entr

o da

pr

ovín

cia

de N

ampu

la f

oram

for

mad

as c

om o

ap

oio

de O

NG

s e

empr

esas

pri

vada

s 4)

A

lei d

e fo

rmal

izaç

ão d

as a

ssoc

iaçõ

es d

e ag

ricu

ltor

es f

oi f

eita

em

200

6 5)

O

ass

ocia

tivi

smo

dos

agri

cult

ores

tem

um

ou

mai

s do

s se

guin

tes

obje

tivo

s 1)

ser

viço

s de

ex

tens

ão a

gríc

ola,

2)

soli

dari

edad

e m

útua

(d

esen

volv

imen

to c

omun

itár

io,

empo

dera

men

to d

a m

ulhe

r, et

c.),

3)

cole

ta e

tr

ansp

orte

col

etiv

o da

pro

duçã

o 4)

fi

nanc

iam

ento

rur

al (

mic

rocr

édit

os)

1)

Tem

as d

o as

soci

ativ

ism

o -1

O

ser

viço

é in

efic

ient

e pe

la d

ispe

rsão

dos

ag

ricu

ltor

es e

das

par

cela

s de

cul

tivo

e o

mer

o li

mit

ado

de e

xten

sion

ista

s -2

P

ouco

con

heci

men

to p

or p

arte

dos

agr

icul

tore

s so

bre

os m

ecan

ism

os e

conô

mic

os d

o m

erca

do

-3

Pou

co c

onhe

cim

ento

sob

re a

s va

ntag

ens

e m

ecan

ism

os d

o as

soci

ativ

ism

o

2)

Tem

as d

a pr

omoç

ão d

e co

oper

ativ

as a

gríc

olas

-1

A

cess

o a

fina

ncia

men

to (

créd

ito)

-2

C

ompl

exid

ade

do s

iste

ma

de r

egis

tro

para

a

form

aliz

ação

-3

C

apac

idad

e de

ger

enci

amen

to d

a as

soci

ação

-4

M

eios

de

cole

tar

info

rmaç

ões

sobr

e m

erca

do

inte

rno

e ex

tern

o, p

reço

s, d

eman

da, e

tc.

-5

A

náli

se d

as in

form

açõe

s co

leta

das

e ca

paci

dade

de

for

mul

ação

, im

plan

taçã

o e

mon

itor

amen

to

de p

lano

s

1) M

edid

as e

xist

ente

s re

laci

onad

as a

o as

soci

ativ

ism

o 1)

-1

Em

prés

tim

o de

mot

ocic

leta

s pa

ra o

s ex

tens

ioni

stas

e p

esso

al d

e ca

mpo

, ent

re

outr

as・

A in

stal

ação

de

cam

pos

de d

emon

stra

ção

que

perm

ite

a re

aliz

ação

de

trei

nam

ento

col

etiv

o de

técn

icas

agr

ícol

as

1)-2

,3 A

poio

técn

ico

exte

rno

de o

utro

s pr

ojet

os e

O

NG

s

2) M

edid

as e

xist

ente

s pa

ra te

mas

de

prom

oção

das

co

oper

ativ

as

2)-1

・P

ropo

rcio

na o

Fun

do d

e D

esen

volv

imen

to L

ocal

(n

ível

de

dist

rito

s)

Mic

rocr

édit

os p

or p

arte

de

banc

os p

riva

dos

Gar

anti

as d

e O

NG

s 2)

-2 ・

Pre

para

ção

de u

m “

Gui

a pa

ra a

for

mal

izaç

ão d

o re

gist

ro”

(Min

isté

rio

de A

gric

ultu

ra)

2)-3

・E

xten

são

da a

lfab

etiz

ação

de

adul

tos

por

part

e do

Min

isté

rio

de E

duca

ção

e C

ultu

ra.

Coo

rden

ação

com

ON

Gs

Rea

liza

ção

de tr

eina

men

to g

eren

cial

com

out

ros

proj

etos

e O

NG

s 2)

-4 ・

O M

inis

téri

o de

Agr

icul

tura

e o

Min

isté

rio

de

Com

érci

o e

Indú

stri

a pr

opor

cion

am in

form

ação

pe

lo r

ádio

e in

tern

et

2)-5

・R

eali

zaçã

o de

trei

nam

ento

ger

enci

al c

om o

utro

s pr

ojet

os e

ON

Gs

8.A

ssis

tênc

ia A

grár

ia8.

1 In

vest

igaç

ão

1)

O I

nsti

tuto

Nac

iona

l de

Inve

stig

açõe

s A

grár

ias

(IIA

M)

é re

spon

sáve

l pel

as in

vest

igaç

ões

agrá

rias

no

país

. Na

área

do

Est

udo

são

resp

onsá

veis

o C

entr

o zo

nal N

orde

ste

(Nam

pula

, na

prov

ínci

a de

Nam

pula

) e

o C

entr

o Z

onal

Nor

oest

e (L

ichi

nga,

na

prov

ínci

a

1)

É p

reci

so a

umen

tar

o nú

mer

o de

inve

stig

ador

es

para

os

seto

res

nece

ssár

ios

1) N

ão e

xist

e um

pla

no n

acio

nal d

e lo

ngo

praz

o pa

ra

aum

enta

r e

form

ar p

esqu

isad

ores

e a

s co

ndiç

ões

desf

avor

ávei

s de

trab

alho

des

enco

raja

m o

s pe

squi

sado

res

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento

Rural na SavanaTropical

3-77

Seto

r

Sit

uação a

tual

Prin

cip

ais

tem

as

Med

idas

exis

ten

tes

e P

rin

cip

ais

fato

res

de

imp

ed

imen

to

de N

iass

a)

2)

Na

área

do

Est

udo

se e

ncon

tram

3 C

entr

os d

e In

vest

igaç

ão E

xper

imen

tal n

o no

rdes

te

(Nam

etil

, Rib

aue,

Nam

apa)

e u

m la

bora

tóri

o de

aná

lise

s (C

idad

e de

Nam

pula

) e

o C

entr

o zo

nal n

oroe

ste

cont

a co

m u

m c

entr

o de

in

vest

igaç

ão e

xper

imen

tal (

Mut

uali

)

3)

Por

ém o

núm

ero

de p

esqu

isad

ores

é b

asta

nte

pequ

eno

e 70

% s

ão e

spec

iali

stas

em

ag

ricu

ltur

a ou

rel

acio

nado

s co

m o

tem

a.

4)

As

inst

alaç

ões

e eq

uipa

men

tos,

incl

usiv

e os

m

eios

de

tran

spor

te s

ão d

efic

ient

es.

5)

N

ão h

á m

uita

com

unic

ação

com

out

ras

enti

dade

s, in

cluí

das

a ex

tens

ão d

entr

o do

paí

s6)

E

m M

oçam

biqu

e o

curs

o de

agr

onom

ia é

of

erec

ido

pela

Uni

vers

idad

e N

acio

nal E

duar

do

Mon

dlan

e (M

aput

o) e

na

Uni

vers

idad

e C

atól

ica

(Cua

mba

). A

mba

s co

ntam

com

la

bora

tóri

os d

e so

los.

2)

É n

eces

sári

o m

elho

rar

as in

stal

açõe

s e

equi

pam

ento

s de

pes

quis

a 3)

É

nec

essá

rio

form

ar u

m m

ecan

ism

o on

de o

s en

volv

idos

em

tem

as a

gríc

olas

pos

sam

com

part

ilha

r os

res

ulta

dos

de s

uas

inve

stig

açõe

s e

que

poss

am

ser

apli

cado

s no

cam

po

4)

É n

eces

sári

o pr

epar

ar m

anua

is p

ara

a ex

tens

ão d

os

resu

ltad

os p

ráti

cos

das

inve

stig

açõe

s, e

ntre

out

ros

mec

anis

mos

2) O

paí

s nã

o co

nta

com

um

pla

no d

e lo

ngo

praz

o pa

ra m

elho

rar

as in

stal

açõe

s e

o fu

ncio

nam

ento

dos

ce

ntro

s de

pes

quis

as e

est

á da

ndo

prio

rida

de p

ara

inve

stim

ento

s em

tecn

olog

ia d

e po

nta.

3)

-1 A

s re

uniõ

es d

e co

orde

naçã

o en

tre

as p

arte

s in

tere

ssad

as s

ão p

ura

form

alid

ade

e nã

o te

m u

m

sign

ific

ado

conc

reto

, tal

vez

por

não

exis

tir

pesq

uisa

s qu

e sã

o út

eis

no c

ampo

.

3)-2

Com

o m

ostr

a do

esf

orço

, o I

IAM

exi

be e

m s

ua

pági

na w

eb, o

con

teúd

o de

sua

s at

ivid

ades

. O

resp

onsá

vel t

erm

inou

seu

trei

nam

ento

com

a

coop

eraç

ão d

o IR

RI,

e a

gora

pla

neja

abr

ir u

ma

pági

na c

om in

form

açõe

s so

bre

o cu

ltiv

o de

arr

oz.

4)

Com

o en

tida

de d

e in

vest

igaç

ões

agrá

rias

, exi

ste

pouc

o co

ntat

o co

m a

sit

uaçã

o do

cam

po e

ape

sar

da U

nive

rsid

ade

esta

r ap

oian

do n

a pr

epar

ação

do

man

ual d

e ex

tens

ão, a

s aç

ões

do in

stit

uto

de

inve

stig

ação

é le

nto.

8.2

Ext

ensã

o ag

ríco

la

1)

A D

ireç

ão d

e E

xten

são

do M

inis

téri

o de

A

gric

ultu

ra é

res

pons

ável

pel

as a

tivi

dade

s de

ex

tens

ão d

entr

o do

paí

s e

tem

o p

oder

de

deci

são

com

rel

ação

à d

istr

ibui

ção

de

orça

men

to e

de

pess

oal.

Tam

bém

apó

ia n

o tr

eina

men

to d

e ex

tens

ioni

stas

.

2)

Por

ém, o

s ex

tens

ioni

stas

for

am d

istr

ibuí

dos

pela

s di

vers

as p

roví

ncia

s pe

lo p

roce

sso

de

desc

entr

aliz

ação

.

3)

A p

roví

ncia

des

igno

u os

ext

ensi

onis

tas

nos

depa

rtam

ento

s de

ext

ensã

o ag

ríco

la d

os

1)

For

tale

cim

ento

da

capa

cida

de d

e ex

tens

ão d

as

enti

dade

s pr

ovin

ciai

s (t

rein

amen

to d

os

exte

nsio

nist

as, d

esen

volv

imen

to d

e el

emen

tos

de

exte

nsão

)

2)

Aum

ento

no

núm

ero

de e

xten

sion

ista

s

3)

Gar

anti

r m

eios

de

tran

spor

te p

ara

os e

xten

sion

ista

s

De

acor

do c

om a

s po

líti

cas

do “

PR

OA

GR

I”, o

go

vern

o de

Moç

ambi

que

busc

a pr

omov

er a

s at

ivid

ades

de

exte

nsão

, mas

ain

da n

ão a

ting

iu o

nív

el

requ

erid

o. C

oncr

etam

ente

, a s

itua

ção

está

com

o se

gue:

1)

As

polí

tica

s de

de

scen

tral

izaç

ão

estã

o em

se

u po

nto

de p

arti

da e

os

gove

rnos

pro

vinc

iais

ain

da

não

tem

ca

paci

dade

su

fici

ente

. A

inda

ag

ora,

o

trei

nam

ento

do

s ex

tens

ioni

stas

é

feit

o pe

lo

gove

rno

cent

ral.

A

part

icip

ação

na

s re

uniõ

es

prom

ovid

as p

elo

gove

rno

prov

inci

al é

con

side

rada

Cen

tros

zon

ais

Tota

l Drs

. Mes

tres

Lic

enc.

(N

o.)

Nor

dest

e

31

2

7

22 N

oroe

ste

12

0

2

10

3-78

Relatório Final

Seto

r

Sit

uação a

tual

Prin

cip

ais

tem

as

Med

idas

exis

ten

tes

e P

rin

cip

ais

fato

res

de

imp

ed

imen

to

cent

ros

de a

ssis

tênc

ia à

s at

ivid

ades

ec

onôm

icas

, mas

são

671

no

níve

l nac

iona

l, nú

mer

o m

uito

bai

xo p

ara

o te

rritó

rio

(200

9,

igua

l aba

ixo_

4)

M

uita

s O

NG

s se

ocu

pam

de

ativ

idad

es d

e ex

tens

ão (

tota

l de

exte

nsio

nist

as: 5

51; t

otal

de

coor

dena

dore

s ru

rais

: 21)

5)

A

s ag

roin

dúst

rias

tam

bém

con

tam

com

ex

tens

ioni

stas

par

a ap

oiar

nas

técn

icas

de

cult

ivo

de s

eus

prod

utos

(to

tal d

e té

cnic

os

exte

nsio

nist

as :

225,

Tot

al d

e co

orde

nado

res

rura

is :3

) 6)

A

dir

eção

de

exte

nsão

tem

reg

istr

ado

471

orie

ntad

ores

ent

re o

s pr

ópri

os a

gric

ulto

res

7)

N

ão e

xist

e m

uita

coo

rden

ação

ent

re a

ent

idad

e de

ext

ensã

o co

m o

utra

s en

tida

des

rela

cion

adas

(i

nsti

tuto

s de

pes

quis

as, O

NG

s, e

mpr

esa

priv

adas

, etc

.), a

ssim

é d

ifíc

il a

prov

eita

r os

re

sult

ados

obt

idos

por

cad

a um

a de

las

no

cam

po

4)

For

tale

cer

as c

omun

icaç

ões

com

out

ras

enti

dade

s ag

rári

as r

elac

iona

das

com

o tr

eina

men

to. O

s ex

tens

ioni

stas

for

mai

s es

tão

ause

ntes

. Os

mat

eria

is d

e ex

tens

ão a

inda

não

est

ão

pron

tos.

(fi

nali

zado

s)

2)

Exi

ste

um p

lano

par

a au

men

tar

8 ex

tens

ioni

stas

po

r di

stri

to a

té o

ano

201

0 (1

.052

em

todo

o p

aís

/128

dis

trit

os)

mas

par

ece

difí

cil q

ue s

e co

nsig

a.

3)

Exi

ste

uma

prop

osta

par

a fo

rnec

er u

ma

mot

ocic

leta

por

ext

ensi

onis

ta e

a d

istr

ibui

ção

foi

inic

iada

nas

pro

vínc

ias

do s

ul, q

ue s

e en

cont

ram

m

ais

cerc

a da

cap

ital

(13

9 em

200

8, 1

94 e

m

2009

).

4)

A D

ireç

ão d

e E

xten

são

do M

inis

téri

o de

A

gric

ultu

ra e

ncar

rego

u à

Uni

vers

idad

e E

duar

do

Mon

dlan

e pa

ra p

repa

rar

os m

anua

is d

a ex

tens

ão,

mas

não

for

am r

eali

zada

s co

orde

naçõ

es c

om

ON

Gs

e in

stit

uiçõ

es r

elac

iona

das

com

o s

etor

ag

ríco

la.

8.3

Fin

anci

amen

to

1) O

s ba

ncos

pri

vado

s pr

opor

cion

am s

ervi

ços

fina

ncei

ros.

2)

O

NG

s na

cion

ais

e es

tran

geir

as p

rest

am s

ervi

ços

de m

icro

fin

ança

s 3)

O

s di

stri

tos

efet

uam

mic

rocr

édit

os a

peq

ueno

s pr

odut

ores

rur

ais

util

izan

do o

orç

amen

to q

ue

rece

bem

do

gove

rno

cent

ral

1)

As

fili

ais

se e

ncon

tram

no

cent

ros

urba

nos

e pr

atic

amen

te s

ão in

exis

tent

es n

os d

istr

itos

e

vila

rejo

s ru

rais

Os

serv

iços

fin

ance

iros

são

dir

igid

os a

gra

ndes

ag

ricu

ltor

es, c

omer

cian

tes,

agr

oind

ústr

ias

e o

seto

r ex

port

ador

e o

s pe

quen

os a

gric

ulto

res

não

cont

am

com

est

e ti

po d

e se

rviç

o 2)

S

em o

apo

io d

e O

NG

s nã

o se

ria

poss

ível

obt

er

fina

ncia

men

to.

3)

Das

pes

soas

que

rec

eber

am c

rédi

tos,

ap

roxi

mad

amen

te 8

0% n

ão c

umpr

iu c

om o

s pa

gam

ento

s

1) O

ris

co d

e re

aliz

ar e

mpr

ésti

mos

a p

eque

nos

agri

cult

ores

é m

uito

gra

nde

já q

ue s

eus

cult

ivos

de

pend

em d

as c

huva

s e

prod

uzem

par

a su

a su

bsis

tênc

ia

2) P

rom

ovem

os

mic

rocr

édit

os d

as O

NG

s 3)

Com

o o

sist

ema

asso

ciat

ivo

das

coop

erat

ivas

é

mui

to d

ébil

, o c

apit

al é

uti

liza

do p

ara

outr

os f

ins

que

não

a ag

ricu

ltur

a, o

que

leva

a a

lta

taxa

de

inad

impl

ênci

a.

9. I

nfra

estr

utur

a de

pr

oduç

ão

1)

Com

o o

port

o de

Nac

ala

é um

por

to d

e ág

uas

prof

unda

s a

mer

cado

ria

dese

mba

rcad

a de

um

a ve

z. A

prox

imad

amen

te 7

0% d

o vo

lum

e

1)

As

obra

s de

rec

onst

ruçã

o do

por

to d

epoi

s da

pa

ssag

em d

o ci

clon

e se

enc

ontr

am a

tras

adas

.

1)

Est

á pr

ogra

mad

o o

proj

eto

de r

efor

ma

do p

orto

de

Nac

ala

(JIC

A)

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento

Rural na SavanaTropical

3-79

Seto

r

Sit

uação a

tual

Prin

cip

ais

tem

as

Med

idas

exis

ten

tes

e P

rin

cip

ais

fato

res

de

imp

ed

imen

to

mov

imen

tado

cor

resp

onde

m à

car

ga n

acio

nal e

30

% a

car

ga d

e M

alau

i.

2)

A f

erro

via

Nac

ala

- C

uam

ba o

pera

todo

s os

di

as

3)

Com

rel

ação

às

rodo

vias

, 197

km

ent

re N

acal

a e

Nam

pula

est

ão a

sfal

tada

s, m

as o

trec

ho

Nam

pula

– L

ichi

nga

não

cont

a co

m a

sfal

to

4)

Pra

tica

men

te n

ão e

xist

em in

stal

açõe

s de

ir

riga

ção

e a

supe

rfíc

ie ir

riga

da n

ão p

assa

de

4%

2)

Exi

ste

pouc

a fr

equê

ncia

de

viag

ens

e os

vag

ões

e tr

ilho

s se

enc

ontr

am d

eter

iora

dos,

e o

tran

spor

te d

e ca

rgas

est

á at

rasa

do

3)

Dur

ante

a é

poca

de

chuv

as o

s tr

echo

s se

m a

sfal

to

são

intr

ansi

táve

is

4)

Lim

ita

o us

o de

terr

as a

gríc

olas

dur

ante

a é

poca

de

seca

s

2)

Est

á pr

ogra

mad

o um

pro

jeto

de

refo

rma

da

ferr

ovia

pel

o B

rasi

l

3)

Est

á pr

ogra

mad

o o

proj

eto

de m

elho

ram

ento

da

rodo

via

do c

orre

dor

Nac

ala

(JIC

A)

4)

Em

par

te d

a zo

na f

oi in

icia

da a

con

stru

ção

de u

ma

barr

agem

pel

a em

pres

a M

atan

uska

Moç

ambi

que

Ltd

a. (

bana

na)

em f

ever

eiro

de

200

10. O

utro

s M

étod

o de

de

senv

olvi

men

to

Pre

para

ção

de d

iret

rize

s de

des

envo

lvim

ento

(M

etas

de

des

envo

lvim

ento

reg

iona

l)

Det

erm

inaç

ão d

a or

dem

de

prio

rida

des

de

dese

nvol

vim

ento

Mei

os d

e de

senv

olvi

men

to (

pesq

uisa

, im

plan

taçã

o)

・P

olít

icas

de

apoi

o da

s en

tida

des

envo

lvid

as,

info

rmaç

ões

sobr

e co

nteú

do d

os p

roje

tos

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-81

Fonte: Preparado pelo Shuttle Radar Topography Mission (SRTM)

Figura 3.1.5 Declividade na Zona do Corredor de Nacala

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-83

Fonte: Carta Nacional de Solos, INIA,1995.

Nota: Detalhes da legenda referem-se à Fonte.

Figura 3.1.7 Solos na Zona do Corredor de Nacala

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre o Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na SavanaTropical

3-85

Fonte: Carta de Uso de Cobertura da Terra, CENACARTA, 1999.

Figura 3.1.9 Uso e Cobertura da Terra na Zona do Corredor de Nac

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-1

CAPÍTULO 4 A PEQUENA AGRICULTURA NO BRASIL E AS POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJETO CERRADO

4.1. Visão Geral do Cerrado

4.1.1 O Que é o Cerrado

A palavra “cerrado” originalmente em português tem a acepção de “fechado” e é o nome de

um tipo de vegetação. Geralmente consiste em uma planície com arbustos, mas dependendo

da zona a vegetação é diversa; os arbustos apresentam alturas variáveis e a densidade

também é diferenciada. A área total do cerrado brasileiro, localizado na região centro oeste

do país, é de 240 milhões de hectares (5,5 vezes o tamanho do Japão). O cerrado se estende

principalmente nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás, que concentram 60% da

área do cerrado.

O solo do cerrado apresenta acidez elevada e é muito alcalino, pobre em cálcio e fósforo e

apresenta alumínio pelo que foi por muito tempo considerado inapropriado para terras de

cultivo. Porém, com a aplicação de medidas para corrigir o solo foi possível transformar esta

área em uma zona agrícola e se estima que as áreas próprias para agricultura possam chegar

a aproximadamente 120 milhões de hectares.

4.1.2 História de Desenvolvimento Agricola dos Cerrrados

O desenvolvimento da agricultura dos Cerrados foi promovido pela implementação de

programas de desenvolvimento, tais como o Plano de Assentamento Dirigido do Alto

Paranaíba (PADAP) e o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (POLOCENTRO).

Estes programas serviram como precursores no tocante ao desenvolvimento da agricultura

dos Cerrados. Posteriormente, foi lançado o PRODECER, em 1979.

(1) Do PADAP ao POLOCENTRO

Quando o governo do Estado de Minas Gerais compreendeu a relevância econômica para o

desenvolvimento agrícola na região do Cerrado amplamente distribuído no interior, o

PADAP foi realizado para a área de cerrado na alta bacia hidrográfica do Rio Paranaíba, em

1973. Este foi um programa pioneiro de assentamento dirigido, tendo como objetivo

principal a produção de grãos sem irrigação, visando o desenvolvimento intenso dos

Cerrados.

Considerando a realização do PADAP e os resultados obtidos, o governo brasileiro desenhou

o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (POLOCENTRO), criado pelo Decreto-Lei

Relatório Final

4-2

no. 75.320, com início em 1975 e término em 1982. O POLOCENTRO beneficiou uma área

total de 3,7 milhões de hectares, distribuída entre os estados do Mato Grosso, Mato Grosso

do Sul, Goiás e Minas Gerais, sendo 1,8 milhão de hectares para as lavouras (soja, milho,

trigo, arroz, algodão), 1,2 milhão de hectares para as pastagens, e 700 mil hectares para o

reflorestamento.

O orçamento desse programa foi fixado em US$ 1,5 bilhão, sendo US$ 1 bilhão em crédito a

taxas de juros favorecidas. O recurso necessário para a implementação da infraestrutura, tais

como estradas, eletrificação, armazéns, laboratórios para análises, entre outros, foi custeado

pelo governo, como parte integrante do programa. O financiamento à implantação de

indústrias de processamento pelo setor privado (cooperativas de produtores rurais, empresas,

produtores agrícolas), bem como os serviços de oferta de insumos agrícolas. O Polocentro

beneficiou principalmente os estabelecimentos com mais de 1.000 ha, que absorveram 60%

dos recursos totais do programa, propiciando o surgimento de grandes produtores e grandes

processadores, de forma que seu desenvolvimento foi conduzido com a liderança dos

grandes fazendeiros.

(2) Do POLOCENTRO ao PRODECER

O Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados–

Prodecer –, que se iniciou em 1979 como um programa binacional, foi concebido sob

influência desses programas, porém seu conceito de desenvolvimento difere do Polocentro,

na sua natureza, pelo menos nos dois itens abaixo:

1) Apesar de prever a participação de empresas agrícolas (desenvolvimento agrícola

conduzido por empresas de grande porte) na Fase I, o Prodecer adotou o sistema de

assentamento de produtores familiares de médio porte (300~500 ha).

2) Desde o início, demonstrou uma grande preocupação com a questão ambiental.

4.1.3 Linhas Gerais do Projeto PRODECER

O Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados:

PRODECER foi implementado a partir de 1979 com o objetivo de desenvolver a agricultura

no cerrado brasileiro. Inicialmente foi executado o projeto piloto PRODECER I em uma área

de 70 mil hectares em Minas Gerais. O projeto piloto PRODECER II foi implementado em

uma área de 67 mil hectares nos estados da Bahia e Minas Gerais e o projeto propriamente

foi executado nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul numa área de 139

mil hectares. O PRODECER III foi iniciado em 1994 com um projeto piloto nos estados do

Maranhão e Tocantins dentro de uma área de 80 mil hectares. O resultado foi a construção de

21 pólos de desenvolvimento dentro do cerrado, cobrindo uma área total de 334 mil hectares.

Com o inicio do projeto PRODECER houve um aumento da população na região do cerrado

o que possibilitou o desenvolvimento de outros negócios relacionados ao setor agrícola. O

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-3

Projeto PRODECER ampliou a produção agrícola brasileira e tem contribuído

significativamente para o desenvolvimento da região do cerrado. Este fato é bastante

perceptível no caso da soja, cuja produção nacional em 1978 era de 9.500.000 toneladas e

em 1998 chegou a 30.500.000 toneladas. A produção de soja no cerrado brasileiro representa

quase a metade do total da produção nacional e responde por cerca de 10% da produção

mundial. Porém, os investimentos dos primeiros pioneiros coincidiram com o período da

política de juros elevados por parte do sistema financeiro, assim estes agricultores

enfrentaram problemas para devolver os empréstimos somente com a renda obtida com a

agricultura, com isso alguns investimentos agrícolas não incrementaram devido às

obrigações de dívidas acumuladas.

4.1.4 Características do Projeto PRODECER

(1) Modelo de pólo de desenvolvimento em zonas de fronteira baseado na

colonização de médios agricultores

O projeto PRODECER buscava desbravar uma nova fronteira agrícola na região do cerrado.

A diretriz básica de implementação era estabelecer colonos sem terras para a formação de

médios produtores agrícolas obedecendo um sistema de administração familiar. Para isto, era

necessário preencher os seguintes requisitos:

• O colono deveria adquirir as terras, equipamentos, moradia, instalações e insumos de

produção.

• O investimento inicial requeria muito capital.

• A maior parte dos investimentos foi efetuada através de empréstimos bancários

realizados pelos colonos. Por isso, era necessário haver boas condições de

financiamento.

• Requeria-se o cumprimento de considerações ambientais juntamente com o

desenvolvimento na zona de fronteira.

• Era necessária a construção de infraestrutura socioeconômica por parte dos governos

estaduais e municipais.

(2) Modelo de colonização baseado em cooperativas agrícolas

Nos pólos de desenvolvimento da região da fronteira, uma condição necessária

principalmente para os projetos de colonização eram as atividades em cooperativas. Na

maioria dos casos, o projeto PRODECER selecionou cooperativas agrícolas que tinham uma

base estabelecida no sul do país, para instalar filiais, mas em alguns casos foram

estabelecidas novas cooperativas por iniciativa própria dos novos colonos. A seleção de

colonos foi realizada principalmente pelas cooperativas. Por isso o papel das cooperativas foi

imprescindível já que elas contavam com uma rede de informações sobre organizações

existentes. Também as cooperativas prestaram apoio na administração agrícola aos colonos,

Relatório Final

4-4

orientando a compra de terreno, gestão agrícola e compra de implementos de produção, e

cumpriram um papel muito importante do ponto de vista operacional para os colonos.

(3) Coordenação entre projetos de cooperação financeira e cooperação técnica

Para a produção agrícola na região do cerrado foi indispensável garantir o capital para o

desenvolvimento como também assegurar as técnicas de melhoramento do solo, seleção de

produtos e variedades apropriadas, métodos de cultivo juntamente com o desenvolvimento

de tecnologia e extensão agrícola. Por isso, tanto o Brasil como o Japão implementaram a

cooperação financeira paralelamente à cooperação técnica. Portanto, o projeto PRODECER

executado em conjunto pelos governos japonês e brasileiro teve um enfoque de programa

que combinava a cooperação técnica com a cooperação financeira.

(4) Resultados e Temas

Normalmente se afirma que a razão pela qual o cerrado, que é uma savana tropical, teve

sucesso para se transformar em uma zona produtora de alimentos se deve às técnicas de

melhoramento do solo. O solo do cerrado apresentava problemas por possuir forte grau de

acidez, sem nutrientes pela erosão aluvial e com alto grau de concentração de alumínio que

impede o desenvolvimento normal dos plantios. A aplicação de calcário neste tipo de solo

corrige a acidez e com isso foi possível melhorar a qualidade do solo. Outro fator de sucesso

foi o desenvolvimento de variedades apropriadas de soja, milho, trigo e outros, adaptadas ao

clima tropical. De maneira prática foi introduzido o「Projeto de pólo de desenvolvimento na

região da fronteira através de um modelo de colonização cooperativista. A colonização das

terras por descendentes de imigrantes japoneses e europeus vindos do sul do país, a

administração e coordenação a cargo de uma empresa mista público-privada (CAMPO),

contar com uma infraestrutura de comercialização relativamente estruturada e o fato de o

Brasil possuir capacidade para fabricar internamente os implementos para a produção

agrícola são fatores que podem ser apontados determinantes para o sucesso do programa.

4.1.5 Cooperação Técnica e Pesquisas Conjuntas

Uma das características da cooperação nipo-brasileira realizada em prol do desenvolvimento

agrícola da Região dos Cerrados é a execução simultânea de vários projetos de cooperação

técnica junto com a cooperação financeira. Pode ser citado, como projeto de cooperação

técnica, a pesquisa feita a partir de 1977, em cooperação com o Centro de Pesquisa

Agropecuária dos Cerrados (CPAC) e a JICA. O CPAC atua ainda hoje, como o órgão

principal a pesquisar a região dos cerrados. Além disso, desde 1972, é realizada a pesquisa

conjunta em desenvolvimento agrícola do Brasil entre o Centro de Pesquisa Internacional do

Japão para as Ciências Agrícolas (JIRCAS) do Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas

do Japão e a EMBRAPA. Essas atividades de cooperação técnica e pesquisa têm contribuído

para o aumento da produção agrícola, por meio do desenvolvimento de técnicas agrícolas

apropriadas para a região dos cerrados.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-5

(1) Cooperação Técnica

Para que a Região dos Cerrados, considerada improdutiva por muito tempo, passasse a

produzir, foi indispensável a realização de pesquisas e experimentos visando o

desenvolvimento e a consolidação de técnicas de manejo rural, de cultivos, de seleção de

culturas e variedades, de correção do solo, etc., paralelamente à concessão de financiamentos

à produção. Assim com o objetivo de promover o desenvolvimento da Região dos Cerrados

de forma eficiente e racional, os governos dos dois países, Brasil e Japão, resolveram

executar projetos de cooperação técnica, como se vê a seguir: 「Projeto de apoio

técnico-científico para o desenvolvimento agrícola do Cerrado」, 「Técnico-científico do

projeto de apoio ao desenvolvimento agrícola sustentável do Cerrado」, e 「Monitoramento

Ambiental do Cerrado」.

(2) Pesquisas Conjuntas

A JIRCAS foi realizada investigação conjunta com a EMBRAPA para o desenvolvimento de

tecnologia agrícola e pesquisa do Cerrado. O objetivo era não só o pesquisa na região do

Cerrado, mas também em toda a agricultura brasileira. Esta pesquisa pode ser classificados

de acordo com os objetivos, como segue:

1) Pesquisa sobre terras cultivadas no Brasil. (1972 ~ 1996)

2) Levantamento e análise das características da agricultura e dos rumos do

melhoramento tecnológico na América do Sul/Central. (1993~)

3) Pesquisa abrangente (1996 a 2002) e Pesquisa para grandes áreas (1997 a 2006)

A pesquisa conjunta sobre soja que começou do ano de 1972 e foi ao projeto integrado a

partir do ano de 1996, realizaram as pesquisas como "a tecnologia de produção sustentável

de soja que pode coexistir com um ambiente estável", por adotar o sistema de produção

rotativa de agricultura e pecuária ao sistema convencional da produção de soja, e

contribuíram significativamente para a melhoria da tecnologia agrícola na produção de soja

no Brasil.

Os principais projetos das cooperações técnicas e financeiras de Nipo-brasileira na área de

Cerrado são os seguintes:

Relatório Final

4-6

Tabela 4.1.1 Principais Projetos da Cooperações Técnicas e Financeiras de Nipo-brasileira na Área de Cerrado

Órgão Executor

JICA JBIC (Ex-OECF) JIRCAS

Modalidade de

Cooperação Tipo Projeto

Estudo para Desenvolvimento

Cooperação Financeira

Cooperação Financeira Pesquisas Conjuntas

(1972~, EMBRAPA)

• Nome do Projeto

• Projeto de Suporte Técnico-Científico para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados I (77~85, CPAC)

• Projeto de Suporte Técnico-Científico para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados II (85~92, CPAC)

• Projeto de Pesquisa das Hortaliças (87~94, CNPH)

• Estudo de Monitoramento Ambiental do Cerrado (92~00, CAMPO e EMBRAPA)

• Projeto de Suporte Técnico-Científico para o Desenvolvimento Agrícola Sustentável dos Cerrados (94~99, CPAC)

• Projeto de Preservação do Corredor Ecológico do Cerrado (03~06)

• Projeto de Fortalecimento para o Sistema de Tecnologia da Extensão Agrícola do Pequeno Agricultor no Estado de Tocantins (03~06)

• Projeto do Curso da Produção de Hortaliças (06~11, CNPH)

• Estudo de Desenvolvimento Integrado do Setor Agropecuário do Estado de Tocantins (96~99, Governo de Tocantins)

• Estudo de Desenvolvimento Integrado do Setor Agropecuário da Região Norte do Estado de Tocantins (99~01, Governo de Tocantins)

• PRODECER I, Projeto Piloto (79~82, MAA)

• PRODECER II, Projeto Piloto (85~90, MAA)

• PRODECER III, Projeto Piloto (95~01, MAA)

• PRODECER II, Projeto Expansão (85~93)

• Projeto de Eletrificação Rural de Goiás (89 Aprovado)

• Projeto de Irrigação de Cerrado (91 Aprovado)

• Pesquisa sobre Terras Cultivadas no Brasil. (72~96)

• Levantamento e Análise das Características da Agricultura e dos Rumos do Melhoramento Tecnológico na América do Sul/Central.(93~)

• Pesquisa Abrangente (96~02)

• Pesquisa para Grandes Áreas (97~06)

Fonte: Elaborado por o Livro Branco de ODA do Ministério de Relaciones Exteriores e Relatório Anuário de JICA

4.2. Situação da Gestão Agrícola e Produção dos Pequenos Produtores

Mais de 90% do total dos agricultores (3.600.000) em Moçambique são pequenos produtores

que em média cultivam em áreas de 1.5 ha. Para aplicar os resultados obtidos no cerrado

brasileiro, é necessário compreender a situação dos pequenos agricultores no Brasil

(agricultura familiar). Por isto, este capítulo trata do sistema de assistência e do sistema

agrícola dos pequenos agricultores no Brasil, especialmente no cerrado.

4.2.1 Situação dos Pequenos Produtores Agrícolas no Brasil

No Brasil existem cerca de 5.200.000 famílias agricultoras e de estas, 84% são pequenos

produtores que praticam a agricultura familiar. Do total da população que se ocupa da

agricultura (16 milhões de pessoas), a porcentagem da população composta por pequenos

produtores representa 74% (12 milhões de pessoas), representando 3 vezes mais o número

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-7

dos médios e grandes produtores. Os pequenos produtores são responsáveis pela produção de

87%, 70% e 46% dos principais alimentos básicos que são a mandioca, feijão e milho,

respectivamente, que representam 40% do PIB agrícola, cumprindo um importante papel

socioeconômico.

O número de pequenos agricultores nos últimos 10 anos saltou de 4.130.000 famílias para

4.550.000 famílias em 2006, um aumento significativo de 420 mil famílias. Porém, a área de

cultivo desta classe produtora se reduziu em 1.000.000 ha no mesmo período, assim,

estatisticamente percebe-se que a área cultivada pela pequena família produtora está

reduzindo. Mais de 50 % destes pequenos produtores se encontram distribuídos no norte do

país; no centro oeste, onde se encontra o cerrado, a porcentagem de pequenos produtores

representa 5% do total. Portanto no cerrado, quase todas são médias propriedades com áreas

entre 300 ha a 500 (Agricultura Familiar no Brasil e o Censo Agropecuário 2006, MDA)

O Ministério de Desenvolvimento Agrário é o ente responsável pela questão dos pequenos

agricultores (agricultura familiar), e pela questão da resolução de conflitos por demarcação

de terras, entre outros. A EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias),

como instituição de pesquisa, atua não somente no cerrado, mas em todo o Brasil; também se

encontra a EMATER, instituição a cargo da assistência técnica e extensão rural e o SENAR,

que é o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. No Brasil, de acordo com a lei 11326 de

24 de junho de 2006, a agricultura familiar se define como:

• Área de estabelecimento ou empreendimento rural que não exceda quatro módulos

fiscais;

• A mão de obra utilizada nas atividades econômicas desenvolvidas é

predominantemente da própria família;

• A renda familiar é predominantemente originada das atividades vinculadas ao

próprio estabelecimento;

• E o estabelecimento ou empreendimento é dirigido pela família

4.2.2 Custo de Produção de Hortaliças

No cerrado1, durante os últimos anos, se está promovendo o cultivo de hortaliças pelos

pequenos agricultores. A Tabela 4.2.1 mostra o custo de produção estimado, assim como a

produtividade esperada pel A EMATER por unidade de produção de pequenos produtores,

para o cultivo de mandioca, tomate e cebola. O plantio em campo de tomate e cebola não

apresenta maiores diferenças quanto a custos de produção, mas o cultivo em estufas permite

a venda fora de temporada, aumentando os lucros. Porém, o investimento inicial por custo de

construção de uma unidade, (incluída a instalação do sistema de irrigação por gotejamento) é

de R$6.500 (US$3.500); além do mais é necessário trocar a instalação a cada 5 anos

1 Neste capítulo, as referências ao cerrado implicam somente os estados de Minas Gerais e Goiás, onde foi realizado o estudo de campo.

Relatório Final

4-8

aproximadamente. O tomate para a indústria também é bastante cultivado e o tomate

cultivado em campo quase sempre se destina à indústria.

Tabela 4.2.1 Custo de produção dos principais produtos Unidade: R$

Tomate

Mandioca

Em campo Estufa

Cebola em campo

1) Custos variáveis 1.300 30.640 30.394 5.626 Adubo 990 9.281 7.760 3.079 Defensivos 277 8.553 4.326 588 Irrigação/Outros insumos - 6.871 10.471 312 Muda/Semente 33 5.935 7.837 1.647

2) Custos fixos 1.800 10.010 11.910 3.840 Equipamento agrícola 200 740 390 490 Mão de obra 1.250 7.920 9.870 3.350 Outros 350 1.350 1.650 -

3) 1)+2) 3.100 40.654 42.300 9.469

Produtividade esperada 12 t/ha 90 t/ha 120 t/ha 12 t/ha

Fonte: Custo de Produção, EMATER, DF, Maio, 2009

A demanda do mercado por produtos orgânicos também é bastante elevada e se nota uma

tendência de aumento do número de agricultores que a praticam, mas é necessária a obtenção

do certificado oficial da DIPOVA (Órgão Fiscalizador Local) e da ECOCERT (Certificadora

de Produtos Orgânicos com Reconhecimento Internacional). O custo de obtenção do

certificado da ECOCERT é de alto valor pelo que não é fácil para o pequeno agricultor

conseguir este certificado individualmente, estando limitado, portanto a empresas de

agricultura orgânica. A Fazenda Malunga, se dedica ao cultivo de hortaliças orgânicas (40

ha), produção de ração (50 ha), criação de gado (100 cabeças) e conta com 170 trabalhadores.

Assim, o pequeno agricultor que deseja se dedicar ao cultivo orgânico deve enviar seus

produtos ao mercado como produtos sem uso de agroquímicos ou com pouca aplicação de

adubo.

4.2.3 Situação do Mercado e da Gestão Agrícola

Como mencionado anteriormente, os pequenos produtores praticam a agricultura aplicando

adubo balanceado, irrigação, implementos agrícolas e estufas e a extensão agrícola

estabelece a produtividade considerando estes insumos. O custo de produção (capital inicial)

destas instalações agrícolas pareceria muito elevado para o tamanho das terras (tamanho

médio das propriedades de 5 ha). Porém, tanto nos Estados de Minas Gerais como em Goiás,

onde foi realizado um estudo de campo, os pequenos agricultores do cerrado estão

localizados perto da capital do país, Brasília, que tem uma população de 2.200.000

habitantes. Efetuando-se o cálculo de que existam aproximadamente 220.000 famílias

agricultoras, (relação entre número de pequenas famílias agricultoras/porcentagem de

distribuição de pequenos agricultores no centro oeste), eles estariam atendendo a uma

demanda efetiva 100 vezes maior.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-9

Desta forma, se considera que este grande mercado, além de contar com diversos destinos e

extratos de consumo (grandes cadeias de supermercados, entidades públicas como hospitais,

forças armadas, escolas e consumidores de produtos orgânicos) permite a rápida recuperação

do investimento inicial. Por outro lado, para poder competir com produtos originários de

outros estados, que buscam o mercado da capital do país, o fator técnico é indispensável para

elevar a qualidade e a produtividade através das propriedades agrícolas.

A Tabela 4.2.2 mostra um exemplo da situação do sistema de gestão de um pequeno

agricultor na área do estudo de campo. Um agricultor com 2 ha que cultiva basicamente

hortaliças para o mercado de Brasília obtém uma renda agrícola bruta anual de US$26 mil

dólares, que é considerado um rendimento alto para um pequeno produtor agrícola. Como

estes produtores de hortaliças e frutas orgânicas têm facilidades para comprar insumos

orgânicos como esterco de galinha e composto já processados, eles têm condições de se

especializarem no cultivo de hortaliças e frutas orgânicas.

Tabela 4.2.2 Situação da Gestão Agrícola dos Pequenos Produtores

Fonte: Equipe de Estudo JICA, 2009

Na zona do cerrado, onde foi realizado o estudo de campo, existem muitos produtores de

médio porte que praticam uma agricultura diversificada com a produção de soja, milho, café,

tomate para a indústria, etc. (Tabela 4.2.3). Este sistema agrícola ocorre, pois há facilidade

de irrigação e fontes de água. Um programa de assentamento dirigido como o PRODECER é

viável a partir da existência de políticas de apoio financeiro para que os colonos disponham

de capital inicial centralizado em infraestrutura agrícola.

Tamanho da propriedade 2 há 3 ha 9 ha

1.Área de cultivo (ha)

Cultivo rotativo de hortaliças (alface, cenoura, repolho, berinjela) e feijão e milho e frutas

Mandioca:0,5 Hortaliças:0,5 Frutas:1,0 Galinha:1,0

Gado leiteiro: 33 cabeças Alimento para gado: 5,0 Milho: 1,5 Área de conservação: 3,0

2.Principal produto Hortaliça (sem agroquímicos)

Galinha Leite

3.Renda agrícola (anual) R$42.000 (US$26.000) R$12.000 (US$7.000) R$22 200 (US$13.000)

4.Mão de obra Mão de obra familiar (mulheres)

Mão de obra familiar Mão de obra familiar

5.Observações ・Há 5 anos, com a extensão técnica do EMATER e com assistência do SENAR a administração é estável

・Procura diferenciar seu produto com a obtenção do certificado de produto orgânico certificado

・Inicio do negócio há 4 anos, com a orientação do SENAR

・A criação de galinhas é a principal fonte de renda e o produto é despachado 70 dias após o nascimento (4 a 5 vezes ao ano, uma ave: R$15 a 20)

・0,5 ha de área de conservação

・Produção de leite fresco com adubo orgânico (esterco de galinha, vaca).

・Volume de esterco de galinha 10 t/ha

・Preço do esterco de galinha: R$90/t

・Inicio de agricultura orgânica para melhorar a qualidade de água dos rios da redondeza

Relatório Final

4-10

Tabela 4.2.3 Situação da Gestão Agrícola de Médios Produtores

Tamanho da propriedade 130 ha 300 ha (zona do projeto PRODECER)

1.Área de cultivo (ha)

Pecuária (cultivo rotatório): 11 Pastagem (extensivo): 63 Milho: 25 Criação de peixes: 1,2

Produção rotatória de soja, milho, café, tomate para indústria, hortaliças (cebola, alho, quiabo) e pasto

2.Principal produto Venda de leite e peixe Soja, milho, café

3.Renda agrícola (anual) R$112.000 (US$70.000) R$161.000 (renda bruta)

4.Mão de obra Trabalhadores temporários 4 Trabalhadores temporários 3

5.Observações ・Gado leiteiro 95 cabeças. Planeja aumentar para 130 cabeças

・Refrigerador com capacidade para 3.000

・Tem 29,8 ha como área de conservação

・A renda varia de acordo com oscilações nos preços internacionais da soja e do milho

・Devido a queda no preço do café, a área de cultivo foi reduzida à metade. A soja mostra uma tendência a alta.

・Área de conservação é de 20% das terras

Fonte: Equipo de Estudo JICA, 2009

4.3. Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar

4.3.1 Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) é um programa

público de financiamento aos pequenos produtores, iniciado em 1996, e financia projetos

individuais ou coletivos. Este gera renda aos agricultores familiares e assentados da reforma

agrária executada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). O

programa possui 16 linhas de crédito conforme as características do candidato ao

financiamento, e as taxas de juros são as mais baixas dentre os programas de financiamentos

rurais.

O acesso ao PRONAF inicia-se na discussão da família sobre a necessidade do crédito, seja

ele para o custeio da safra ou atividade agroindustrial, seja para o investimento em máquinas,

equipamentos ou infraestrutura. Após a decisão do que financiar, a família deve procurar o

sindicato rural ou a Emater para obtenção da Declaração de Aptidão ao PRONAF (DAP),

que será emitida segundo a renda anual e as atividades exploradas, direcionando o agricultor

para as linhas específicas de crédito a que tem direito. Para os beneficiários da reforma

agrária e do crédito fundiário, o agricultor deve procurar o Instituto Nacional de Colonização

e Reforma Agrária (Incra) ou a Unidade Técnica Estadual (UTE).

O agricultor deve estar com o CPF regularizado e livre de dívidas. As condições de acesso ao

Crédito PRONAF, formas de pagamento e taxas de juros correspondentes a cada linha são

definidas, anualmente, a cada Plano Safra da Agricultura Familiar, divulgado entre os meses

de junho e julho.

Programas relacionado são como segue

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-11

1) PRONAF Agroecologia

Linha para o financiamento de investimentos dos sistemas de produção agroecológicos ou

orgânicos, incluindo-se os custos relativos à implantação e manutenção do empreendimento.

2) PRONAF Eco

Linha para o financiamento de investimentos em técnicas que minimizam o impacto da

atividade rural ao meio ambiente, bem como permitam ao agricultor melhor convívio com o

bioma em que sua propriedade está inserida.

3) PRONAF Floresta

Financiamento de investimentos em projetos para sistemas agroflorestais; exploração

extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo florestal, recomposição e

manutenção de áreas de preservação permanente e reserva legal e recuperação de áreas

degradadas.

4) PRONAF Semi-Árido

Linha para o financiamento de investimentos em projetos de convivência com o semi-árido,

focados na sustentabilidade dos agroecossistemas, priorizando infraestrutura hídrica e

implantação, ampliação, recuperação ou modernização das demais infraestruturas.

5) PRONAF Mulher

Linha para o financiamento de investimentos de propostas de crédito da mulher agricultora.

6) PRONAF Jovem

Financiamento de investimentos de propostas de crédito de jovens agricultores e

agricultoras.

7) PRONAF Custeio e Comercialização de Agroindústrias Familiares

Destinada aos agricultores e suas cooperativas ou associações para que financiem as

necessidades de custeio do beneficiamento e industrialização da produção própria e/ou de

terceiros.

8) PRONAF Cota-Parte

Financiamento de investimentos para a integralização de cotas-partes dos agricultores

familiares filiados a cooperativas de produção ou para aplicação em capital de giro, custeio

ou investimento.

9) Microcrédito Rural

Destinado aos agricultores de mais baixa renda, permite o financiamento das atividades

agropecuárias e não agropecuárias.

Créditos destinados exclusivamente às famílias beneficiárias do Programa Nacional de

Crédito Fundiário (PNCF) e do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA).

Relatório Final

4-12

10) PRONAF Mais Alimentos

Financiamento de propostas ou projetos de investimento para produção associados à

apicultura, aquicultura, avicultura, bovinocultura de corte, bovinocultura de leite,

caprinocultura, fruticultura, olericultura, ovinocultura, pesca e suinocultura e a produção de

açafrão, arroz, centeio, feijão, mandioca, milho, sorgo e trigo.

4.3.2 Programa de Aquisição da Agricultura Familiar

O Programa de Aquisição da Agricultura Familiar (PAA) foi criado em 2003 como um

mecanismo para se adquirir alimentos diretamente da agricultura familiar e para erradicar a

fome. O programa comprou em 2007 parte da produção de cerca de 117 mil agricultores

familiares e alimentou mais de 14 milhões de pessoas em cerca de 2,6 mil municípios.

As instituições envolvidas no PAA são: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome (MDS); Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA/INCRA); Ministério da

Educação (MEC/FNDE); Ministério da Agricultura / Companhia Nacional de Abastecimento

(MAPA/CONAB); Ministério da Fazenda (MF); Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão (MPOG); Entidades de Assistência Técnica; Estados; Municípios; Entidades

Sócio-Assistênciais; Conselhos/Controle Social; e Organização de Agricultores Familiares.

Os beneficiários do Programa são os consumidores (escolas municipais e estaduais,

associações comunitárias; creches; centro de conveniência de idosos; associação de apoio

aos portadores de câncer; cozinhas comunitárias; restaurantes populares, dentre outros) que

recebem os alimentos e os produtores rurais que fornecem a matéria-prima (grãos, hortaliças

e etc.).

O Programa é composto por cinco sistemas de compra, que possuem funcionamento, fontes

de recursos, instituição executora e forma de acesso.

Tabela 4.3.1 Modalidades do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura

Familiar

Modalidade Objetivo Fonte de Recursos e

limite por agricultor/anoÓrgão Executor Forma de Acesso

I- Aquisição de alimentos para alimentação escolar

Para merenda escolar (Lei 11.947 de 16/6/09)

R$9.000,00 MEC/PNAE

FNDE, estados e municípios

Organizações da Agricultura Familiar

II- Compra direta Distribuição ou formação de estoque público.

R$8.000,00 MDS e MDA

CONAB Individual

III- Formação de Estoque pela Agricultura Familiar

Apoiar organizações para formar estoque e vender em condições mais favoráveis.

R$8.000,00 MDS e MDA

CONAB Cooperativa e Associação

IV- Compra da AF para doação

Doação imediata a entidades sociais

R$4.500,00 MDS

CONAB Estados e Municípios

Individual, Cooperativa e Associação

V- Programa do Leite

Incentivo à produção e ao consumo do leite

R$4.000,00 - por semestre. MDS

Estados do Nordeste e norte de MG

Organizações da Agricultura Familiar

Fonte: Decreto/PR nº 6.959, de 15 de setembro de 2009

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-13

4.4. Medidas de Preservação do Meio Ambiente do Cerrado

Brasileiro

4.4.1 Situação Corrente e o Desenvolvimento do Cerrado Brasileiro

Considerado como um dos hotspots mundiais de biodiversidade, o Cerrado apresenta

extrema abundância de espécies endêmicas que vêm sofrendo a perda de seu habitat. Do

ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana

mais rica do mundo, abrigando mais de 6.500 espécies de plantas já catalogadas, sendo 44%

da flora endêmica. Existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma notável

alternância de espécies entre diferentes fito fisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos

são conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de peixes

(1.200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são elevados. O número de

peixes endêmicos não é conhecido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e

répteis: 28% e 17%, respectivamente. De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o

refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.

Contudo, inúmeras espécies de plantas e animais correm risco de extinção. Estima-se que

20% das espécies nativas e endêmicas já não ocorram em áreas protegidas e que pelo menos

137 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. Depois da

Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação

humana. Com a crescente pressão para a abertura de novas áreas, visando incrementar a

produção de carne e grãos para exportação, tem havido um progressivo esgotamento dos

recursos naturais da região. Nas três últimas décadas, unas partes do Cerrado vêm sendo

degradadas pela expansão da fronteira agrícola brasileira.

Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, de todos os hotspots mundiais, o

Cerrado é o que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral. O Bioma

apresenta 6,77% de seu território legalmente protegido por unidades de conservação; desse

total, 2,89% são unidades de conservação de proteção integral e 3,88% de unidades de

conservação de uso sustentável.

A natureza do desenvolvimento econômico do Centro-Oeste é fortemente ancorada na

produção de commodities e em suas cadeias industriais (soja, milho, arroz, algodão e

pecuária mais frangos e suínos). A região é privilegiada do ponto de vista geográfico para ser

o pólo logístico estruturante da cadeia produtiva nacional. A principal restrição ao

crescimento, todavia, é a distância crescente entre capacidade de produção da região e sua

infraestrutura logística.

Nesse contexto, faz-se necessário diversificar a matriz produtiva da região, ampliar a

agregação de valor à produção primária regional, adensamento das cadeias produtivas e

beneficiamento dos produtos agropecuários. É preciso estimular a intensificação das

Relatório Final

4-14

atividades produtivas, nas áreas já ocupadas, reduzir às novas fronteiras, com vistas ao

desenvolvimento sustentável.

4.4.2 As Medidas de Preservação do Meio Ambiente

Pouco mais de 1 por cento dos cerca de 200 milhões de hectares de cerrado - bioma que

ocupa um quarto do território nacional, possui unidades de conservação de proteção integral

(parques, estações ecológicas, etc.). Quase 80% da área original do bioma foram alterados

pelas urbanização, agropecuária e mineração desordenadas. O grau de erosão do solo,

provocado pela expansão da atividade agrícola em grande escala.

O project PRODECER considera que o desenvolvimento sustentável da agricultura somente

é possível quando efetuado em harmonia com a conservação ambiental, e esta tem sido sua

posição desde a implementação da primeira fase do project. Principalmente na fase III do

project, visto que este se encontra dentro da Amazônia Legal, existe uma obrigatoriedade de

conservar 50% das terras por ser una área de proteção ambiental, mais rigorosa que os 20%

estabelecidos para as áreas de conservação do Cerrado. Dentro das áreas do project, além das

terras de conservação coletiva na forma de condomínios, foram aplicadas medidas para a

conservação agro ambiental como a construção rigorosa de sulcos, introdução de cultivo

intensivo, cultivo sem aragem, entre outras.

Estudos e programas visando a preservação e manutenção do cerrado tem sido realizados

pelo IBAMA em conjunto com associações diretamente interessadas no bioma. Atualmente,

o IBAMA foi reorganizada e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

(ICMBio)do Ministério do Meio Ambiente é responsável por eles.

• Estudo da Representatividade Ecológica do Bioma Cerrado

• Gestão Biorregional do EcoMuseu do Cerrado

• Corredor Ecológico Araguaia-Bananal

• Corredor Ecológico do Cerrado

• Corredor Ecológico Jalapão – Mangabeiras

• Corredor Ecológico Cerrado – Pantanal

Os Projetos de formação de corredores ecológicos vêm ao encontro do conceito gerado por

estudos da área de biologia da conservação, onde se define uma área de terreno linear,

inserindo uma ligação entre duas áreas protegidas, que cumpre a função de promover o

intercâmbio reprodutivo entre populações de organismos biológicos isolados. Assim, os

traçados dos corredores procuram se delinear aproveitando corredores naturais, sobre os

quais se enfocam os esforços de conservação.

Houve nos últimos anos uma revisão das áreas prioritárias para a conservação, uso

sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira do Cerrado e Pantanal

(Portaria MMA n.º 09/2007) que indicou 431 áreas prioritárias no Cerrado, das quais 181 já

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-15

são áreas protegidas (unidades de conservação e terras indígenas). Para 237 áreas (489.312

km2) foi atribuída importância biológica extremamente alta (Observar Figura 4.4.1).

Figura 4.4.1 Bioma Cerrado Áreas Prioritárias

4.5. Atividades dos Órgãos Envolvidos

4.5.1 EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária)

Criada em 26 de abril de 1973, a Embrapa tem como missão é viabilizar soluções de

pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício

da sociedade brasileira, e atua por intermédio de Unidades de Pesquisa e de Serviços e de

Unidades Administrativas, estando presente em quase todos os Estados da Federação, nos

mais diferentes biomas brasileiros.

Para ajudar a construir a liderança do Brasil em agricultura tropical, a Empresa investiu

sobretudo no treinamento de recursos humanos; possui hoje 8.692 empregados, dos quais

2.014 são pesquisadores - 21% com mestrado, 71% com doutorado e 7% com

pós-doutorado. O orçamento da Empresa em 2009 ficou acima de R$ 1 bilhão.

Relatório Final

4-16

Está sob a sua coordenação o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária - SNPA,

constituído por instituições públicas federais, estaduais, universidades, empresas privadas e

fundações, que, de forma cooperada, executam pesquisas nas diferentes áreas geográficas e

campos do conhecimento científico.

Tecnologias geradas pelo SNPA mudaram a agricultura brasileira. Um conjunto de

tecnologias para incorporação dos cerrados no sistema produtivo tornou a região

responsável por 67,8 milhões de toneladas, ou seja, 48,5% da produção do Brasil (2008). A

soja foi adaptada às condições brasileiras e hoje o País é o segundo produtor mundial. A

oferta de carne bovina e suína foi multiplicada por 5 vezes enquanto que a de frango

aumentou 21 vezes (período 1975/2008). A produção de leite aumentou de 7,9 bilhões em

1975 para 27 bilhões de litros, em 2008 e a produção brasileira de hortaliças, elevou-se de 9

milhões de toneladas, em uma área de 771,36 mil hectares, para 17,5 milhões de toneladas,

em 806,8 mil hectares, em 2006. Além disso, programas de pesquisa específicos

conseguiram organizar tecnologias e sistemas de produção para aumentar a eficiência da

agricultura familiar e incorporar pequenos produtores no agronegócio, garantindo melhoria

na sua renda e bem-estar.

(1) Cooperação Internacional

Na área de cooperação internacional, a Empresa mantém 68 acordos de cooperação técnica

com mais de 46 países, 89 instituições estrangeiras, principalmente de pesquisa agrícola,

mantendo ainda acordos multilaterais com 20 organizações internacionais, envolvendo

principalmente a pesquisa em parceria e a transferência de tecnologia.

Para ajudar nesse esforço, a Embrapa estabeleceu parcerias com laboratórios nos Estados

Unidos e na Europa (França, Holanda, e Inglaterra) para o desenvolvimento de pesquisas em

tecnologias de ponta. Esses “Laboratórios no Exterior” (LABEX’s) contam com as bases

físicas do Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS) dos Estados Unidos, em Washington, da

Agrópolis, em Montpellier, na França, da Universidade de Wageningen, na Holanda, e do

Instituto de Pesquisas de Rothamsted, na Inglaterra. Mais recentemente, instalou-se o

LABEX-Coréia, em Seul, na Coréia do Sul. Com essas iniciativas se tem permitido o acesso

de pesquisadores da Embrapa, e desses outros países, às mais altas tecnologias em áreas

como recursos naturais, biotecnologia, informática, agricultura de precisão, etc

Na esfera da transferência de tecnologia para países em desenvolvimento (Cooperação

Sul-Sul) destaca-se a abertura de projetos de transferência de tecnologia da Embrapa no

Continente Africano (Embrapa África, em Gana), no Continente Sul-Americano (Embrapa

Venezuela), e na América Central e Caribe (Embrapa Américas, no Panamá), o que tem

permitido uma maior disseminação das tecnologias e inovações da agricultura tropical

desenvolvidas pela Embrapa, e um melhor atendimento às solicitações e demandas dos

países desses continentes por colaboração da Embrapa com vistas a seu desenvolvimento

agrícola.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-17

(2) Contexto

O governo brasileiro vem fortalecendo o apoio aos países africanos desde o início da década

de 2000, considerando sua obrigação natural de oferecer apoio principalmente à região de

savana africana, cujas condições climáticas são parecidas, utilizando a ciência e tecnologia

que possui atualmente, Atualmente, mais da metade do orçamento para os projetos de

cooperação internacional (US$22.000.0002) do país é destinada aos países africanos, e em 19

países africanos são executados 125 dos 318 projetos de cooperação técnica no exterior (em

2009), tornando a África a maior região beneficiária da cooperação brasileira, superando a

América Central e Sul.

A EMBRAPA vem cooperando com os países africanos por mais de 20 anos, e em 2006,

estabeleceu o seu escritório regional da África em Acra, capital da Gana. Em Abril de 2008,

enviou 3 funcionários residentes para executar trabalhos de estudo, planejamento, contato e

coordenação, a fim de desenvolver mais ativamente o apoio nos países africanos. Por trás

desta política, existe o temor de que se o aquecimento global prosseguir em larga escala,

poderá diminuir no país a quantidade de terras adequadas para cultivar as atuais variedades

de produtos, e no futuro, surgir alimentos em que o Brasil já não será mais auto-suficiente

(Tabela 4.5.1). O apoio aos países africanos é uma forma de se organizar baseando-se em

uma estratégia nacional, fortalecendo a cooperação em pesquisas com as regiões africanas,

com vistas a se preparar para uma crise nacional que poderá ocorrer no futuro, por meio do

desenvolvimento de técnicas de cultivo em áreas secas e quentes, e da aquisição de

germoplasmas.

Tabela 4.5.1 Estimativa de Alteração de Terras Adequadas para os Principais Produtos Cultivados no Brasil, Causada pelo Aquecimento Global

Área cultivável (km2)

Aumento da temperatura média Produção (x 106 t)

2000 2020 2050 2100 Cultura Temp. actual

1℃ 3℃ 5.8℃ 2000 2100

Taxa de redução da área cultivável (quantidade da

safra), comparada ao ano de 2000 (%).

Arroz 4.755.204 4.560.347 3.875.734 2.792.430 13 7,7 41

Feijão 5.141.047 4.992.366 4.575.250 3.972.723 2,8 2,2 23

Soja 3.419.072 3.093.664 2.085.815 1.238.557 60 22 64

Milho 5.169.034 5.079.497 4.080.833 4.421.934 39 33 15 População do Brasil (x 106) 165 190 300 400 -

Fonte: Alexandre J.Cattelan, EMBRAPA: Potential for Cooperation with Developing Countries, Japan-Brazil Symposium of the Universities and Agricultural Research Institutes (Potencial de Cooperação com os Países em Desenvolvimento, Simpósio Brasil-Japão das Universidades e Instituto de Pesquisa Agrária), Tóquio, 13 de Dezembro de 2008

Diante desta situação, o Congresso Nacional Brasileiro aprovou, em 2006, um projeto de lei

que autoriza a obtenção do lucro pela EMBRAPA, que é um órgão público de pesquisa

agropecuária, através da venda de bens intelectuais, e o estabelecimento de empreendimento

2 As áreas de cooperação são: capacitação dos técnicos nas áreas em que o Brasil possui domínio (22%), saúde pública (18%), agricultura e pecuária (15%), educação e outros (10%), desenvolvimento social (7%) e apoio jurídico (6%).

Relatório Final

4-18

conjunto com empresas privadas. Além disso, em 2008, aprovou a realização de

intermediação com empreendimentos comerciais, além de transferências de tecnologias

agrícolas para estes, no âmbito do programa de estimulação econômica. A EMBRAPA, com

novas atribuições, decidiu aumentar o número de pesquisadores para criar uma nova

organização, e está preparando sua estratégia de atividades para 2010.

Assim, a EMBRAPA recebeu do governo brasileiro a incumbência de: a) apoiar o

desenvolvimento agropecuário na África; b) promover as empresas agrícolas nacionais na

África; e c) promover a pesquisa em garantia de segurança alimentar nacional, mas não

possui fundos suficientes para todas as atividades. Para se complementar a parte insuficiente,

as seguintes medidas estão sendo estudadas: a) cooperação com organizações das Nações

Unidas (como FAO) estabelecidas nos países africanos, utilizando suas instalações,

equipamentos e funções de gestão e operação; b) obtenção de fundos de terceiros países que

desejam utilizar a capacidade técnica da EMBRAPA para a cooperação (cooperação

trilateral); e c) cooperação com empresa privada brasileira que possui negócios nos países

africanos. A EMBRAPA encara positivamente o Programa de Desenvolvimento Agrário da

Savana Tropical através da Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique, o

projeto alvo deste Estudo, tanto pelo conteúdo (apoio ao desenvolvimento agropecuário na

África) como pelo método (cooperação trilateral), pois estão de acordo com a sua política de

ações voltadas à África.

(3) Conteúdo da cooperação em pesquisas

Para se construir uma base tecnológica como suporte aos investimentos em projetivos

produtivos, a contribuição da Embrapa estará centrada no fortalecimento de uma plataforma

de investigação nos níveis nacional e regional, e em duas linhas de ação de alcance, no curto

prazo: i) levantamento e rápida libertação das tecnologias já disponíveis nas instituições

locais e, complementarmente, introdução das tecnologias brasileiras disponíveis e mais

rapidamente adaptáveis às condições edafoclimáticas e socioeconômicas locais; ii) agilidade

na produção de sementes genéticas e básicas dos materiais levantados em suporte à produção

de sementes comerciais; iii) participação na elaboração de projeto para a implementação de

um Centro Integrado com módulos de Investigação, Assistência Técnica e Treinamento, e de

um Centro Integrado com módulos de Agroindústria e Ciências do Solo, visando aumentar a

capacidade regional de investigação.

Em médio prazo a cooperação da Embrapa será feita da seguinte forma: i) levantamento das

disponibilidades em recursos naturais para uso agrícola; ii) realização de estudos para a

elaboração de projetos técnicos para aparelhamento de laboratórios e unidades de pesquisa

selecionadas; iii) finalização e apoio técnico na implementação de um Plano Estratégico de

Investigação Agrária; e iv) o desenho e apoio técnico na implementação de um modelo

institucional de gestão da pesquisa e de recursos humanos.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-19

(4) Atividades relacionadas a Moçambique

Desde 1995, a EMBRAPA Hortaliças e a EMBRAPA Mandioca e Fruticultura Tropical

recebem os participantes dos Treinamentos da JICA para terceiros países, e tem recebido

regularmente os participantes provenientes dos países africanos de língua portuguesa e

países latinos. Em 2001, foi celebrado o Acordo de Cooperação para Treinamentos para

Técnicos Agrários entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das

Relações Exteriores do Brasil e a JICA, e, baseado neste Acordo, os órgãos da EMBRAPA

aumentaram o número de capacitações voltadas aos técnicos agrários provindos desses

países. Em 2007, foi celebrado o Acordo para dar prosseguimento ao projecto, com duração

até 2011. No âmbito deste projecto, a EMBRAPA Hortaliças e a EMBRAPA Mandioca e

Fruticultura Tropical recebem técnicos agrários moçambicanos regularmente, e é realizado

também no Brasil o Treinamento técnico em produção e processamento de castanha de caju,

que é um dos principais produtos exportados de Moçambique, e em produção de algodão

(Tabela 4.5.2). Estão sendo realizados esforços também para se transmitir os resultados do

país na produção de biocombustíveis, que é um assunto de interesse geral nos últimos anos, e

do qual o país possui avançada experiência, na tentativa de se encontrar um equilíbrio entre a

produção alimentar e o ecossistema.

A EMBRAPA já realizou o Projeto de Treinamento de Técnicos Moçambicanos na Área de

Agricultura de Conservação, uma cooperação trilateral firmada em 2008 com o governo

francês, para apoiar Moçambique. Neste Projeto, foram convidados extensionistas e

agricultores chaves de Moçambique para a EMBRAPA Cerrados, a fim de capacitá-los em

técnicas de plantio direto para pequenos produtores, e está sendo realizado o estudo de

monitoramento dos seus resultados (2009). Por outro lado, os pesquisadores da EMBRAPA

têm feito viagens de curta duração para Moçambique, para oferecer apoio técnico, a pedido

do governo moçambicano e de outros órgãos do exterior 3 . Entretanto, o governo

moçambicano não tem conseguido convidar pesquisadores excelentes por falta de recursos

financeiros, e há relatos de que não houve resultados satisfatórios4.

3 Por exemplo, em 2005, por meio do apoio da FAO e do governo norueguês, um pesquisador da EMBRAPA Clima Temperado

realizou um treinamento de 10 dias em técnicas de cultivo do arroz irrigado. Em 2008, 2 pesquisadores da EMBRAPA Cerrados

(1 deles recebeu o Prémio Mundial de Alimentos nos Estados Unidos) visitaram Moçambique para fazer palestra sobre técnica

de melhoramento de solo ácido. 4 Os pesquisadores da EMBRAPA trabalham como consultores e são muito ocupados. Para se conseguir pessoal qualificado, é

necessário pagar um preço adequado (informação obtida em entrevista com o Ministério da Agricultura).

Relatório Final

4-20

Tabela 4.5.2 Seminários de Treinamento em Institutos da EMBRAPA que Tiveram Participantes Moçambicanos (Treinamentos desde 2004)

Conteúdo do Treinamento

Instituto

Ano

Início (mês)

Duração (dias)

Núm

ero de participantes

Tema Detalhes

Órgãos que

apoiaram

8 34 1 10º Curso Internacional de Produção de Hortaliças

Método de cultivo sustentável, uso racional de água, cultivo orgânico.

9 33 11º Curso Internacional de Produção de Hortaliças

Método de cultivo, conserva e transportação de hortaliças diversas.

2004

10 40 12º Curso Internacional de Produção de Hortaliças

Características de diferentes hortaliças, cultivo em estufas plásticas, controle do solo, irrigação, controle

de doenças e pragas, processamento simples pós-colheita, cultivo orgânico, hidroponia.

2006 11 27 I Curso internacional sobre produção sustentável de hortaliças

Cultivo orgânico.

Hortaliças

2007 10 63

II Curso internacional sobre produção sustentável de

hortaliças

Cultivo orgânico, produção de sementes.

2004 9 26 3

Método de processamento de

mandioca (para agricultor familiar e empresas)

Impacto social e econômico de uma fábrica de

mandioca, tendência do mercado mundial, cultivo selectivo, germoplasma, protecção do solo, fertilidade do solo, fisiologia nutricional, convivência com os

recursos florestais, importância da mulher na produção de mandioca, etc.

2007 11 - 3

Cultivo e processamento de mandioca (para agricultor familiar e empresas)

Estatística e economia social relacionadas à mandioca, método de utilização da mandioca, método de colheita, técnica de processamento pós-colheita,

processamento, método de pesquisa participativa, transferência de tecnologia para agricultor familiar.

2008 9 26 3 Método de produção de frutas tropicais (para agricultor familiar e empresas)

Estatística e economia social relacionadas à fruticultura tropical, princípios da fruticultura tropical, sistema de cultivo e colheita, técnicas de

processamento pós-colheita, etc.

Mandioca e F

ruticultura Tropical

2009 10 25 3 Cultivo e processamento de

mandioca (para agricultor familiar e empresas)

Método de cultivo de mandioca, método de

processamento, método de protecção do solo, método de pesquisa participativa, etc.

JICA ABC

2004 11 25 - Produção e processamento de castanha de caju

Agroindústria

Tropical 2009 11 17 1

Técnica de industrialização do caju (castanha e pêra)

Capacitação de técnicas de industrialização e métodos de produção do caju aos técnicos do Instituto para a Promoção de Pequenas e Médias Empresas de

Moçambique (IPEME).

Cerrados

2009 5 22 15 Técnica agrícola sustentável para os pequenos produtores da região tropical

Método agrícola sustentável, controle da fertilidade do solo tropical, método agrícola utilizando-se a biodiversidade, técnica de controle geral de pragas e

doenças, etc.

Cooperação trilateral (inclui

França)

Algodão 2008 9 - 4 Técnica d aplicação de

fertilizantes e agroquímicos em algodão

Capacitação de técnicas relacionadas ao cultivo de

algodão aos envolvidos na fábrica de algodão da província de Niassa e técnicos do Instituto do Algodão de Moçambique (IAM).

Informática

Agropecuári

a 2009 10 14 - Método de fabricação de

combustível vegetal

Método de zoneamento agrícola sob a perspectiva do

ecossistema agrícola.

JICA

ABC

Sede 2009 4 10 - Educação rural Apresentação do projecto de biblioteca de pequena escala.

Fonte: elaborado através da busca na página http://www.embrapa.br/, em 21 de Novembro de 2009

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-21

No âmbito do Projeto de fortalecimento do apoio ao desenvolvimento agropecuário na

África, a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil

celebrou o Memorando de Entendimento (MOU5) sobre a Cooperação para o fortalecimento

da pesquisa agropecuária com o governo moçambicano (em Novembro de 2004)6. Baseado

neste Memorando, a EMBRAPA incentivou a reestruturação dos institutos de pesquisa

agrária de Moçambique, integrando os 5 institutos relacionados para se estabelecer o

Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) (vide o item 3.8.1). Além disso,

para que a mineradora brasileira Vale (CVRD7), que obteve o direito de extrair o carvão no

montante do rio Zambeze (Moatize, província de Tete), possa cumprir com a sua

responsabilidade social corporativa (para além de vencer a intensa concorrência e obter o

direito de extracção, consolidar a sua posição e direito), o Brasil decidiu apoiar os programas

de desenvolvimento agrícola sustentável das regiões próximas (acordo celebrado em 2005).

Concretamente, o programa será executado pelo Gabinete do Plano de Desenvolvimento da

Região da Zambeze (GPZ8), e por meio do apoio técnico da EMBRAPA, será elaborado nos

2 primeiros anos o Plano de desenvolvimento (orçamento de US$650.000), e nos 10 anos

seguintes, planeja-se construir o sistema de agricultura de irrigação, produzir sementes para

culturas locais, realizar capacitações em técnicas agrícolas sustentáveis, etc. (orçamento de

US$2.700.000).

Recentemente, está em andamento um projecto de cooperação trilateral em parceria com o

governo americano (cujo órgão executor é a USAID9). Originalmente, a USAID havia se

interessado pelos corredores das regiões norte (Nampula, província de Nampula) e central

(Beira, província de Sofala), onde a produção agrícola é mais ativa, e iniciou, em 2009, o

projeto de 5 anos que coloca no mercado produtos como manga, banana, abacaxi (ananá),

amendoim, caju (castanha e pêra) e madeira reflorestada (AgriFUTURO: orçamento do

projecto: US$20.000.000)10. Simultaneamente, a USAID planeja iniciar, em 2010, um

projecto de cooperação trilateral em parceria com a EMBRAPA (orçamento do projecto:

US$10.700.000), que inclui o estabelecimento do sistema de produção de sementes, uso

racional dos recursos naturais (solo, água, etc.), extensão de técnicas agrícolas e

desenvolvimento de leis de terras agrícolas, visando o fortalecimento das funções dos

institutos de pesquisa agrária de Moçambique. Em Novembro de 2009, foi enviada uma

missão de estudo constituída principalmente por pesquisadores da EMBRAPA, para visitar

as províncias de Maputo, Nampula e Manica, para a elaboração do plano concreto.

5 Memory of Understanding 6 Simultaneamente, foram celebrados Memorandos similares com Namíbia, Angola e São Tomé e Príncipe. 7 Companhia Vale do Rio Doce S.A. Empresa privada de desenvolvimento global de recursos, que representa o Brasil. A sua

participação no mercado de produção e venda de minério de ferro é de 35%, ocupando o 1º lugar neste ramo. 8 Gabinete do Plano de Desenvolvimento da Região do Zambeze. Órgão de desenvolvimento agrário da bacia fluvial do rio

Zambeze, criado no final da época colonial, que foi dado continuidade após o término da guerra civil, empregando principalmente os veteranos de guerra.

9 Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (United States Agency of International Development). 10 Os principais executores são empresa privada, outros doadores, ONGs e Ministério da Agricultura de Moçambique (Segundo o

informativo “Estamos Juntos” da Embaixada dos Estados Unidos em Moçambique, Outubro de 2009).

Relatório Final

4-22

A EMBRAPA, para possibilitar a realização bem sucedida destes projectos, estabeleceu um

escritório na capital do país, Maputo, em Fevereiro de 2010, e alocou 2 funcionários

residentes, para realizar o planeamento e coordenação. Espera-se que, através deste

escritório, a EMBRAPA inicie os trabalhos ativos, pois mesmo após a celebração do acordo

de cooperação e apoio em pesquisa, em 2004, praticamente não foi realizada alguma

atividade marcante.

4.5.2 EMATER-DF (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do

Distrito Federal)

(1) Contexto

O modelo de desenvolvimento adotado no Brasil a partir de meados dos anos 60 teve como

uma das suas componentes uma ação conjunta, entre: crédito, pesquisa e extensão rural. Os

órgãos de pesquisa e universidades foram responsáveis pela elaboração dos pacotes

tecnológicos para a agropecuária e a extensão rural foi a responsável pela introdução desta

tecnologia na produção rural do país. Estes pacotes tecnológicos eram voltados para a

utilização intensiva de insumos, implementos e máquinas, e tinham como objetivo o

aumento da produtividade. Por outro lado o credito rural subsidiado permitiu aos agricultores

adquirir estes insumos financiando de forma indireta a industrialização do país.

Embora já houvessem experiências dos serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural –

Ater, desde os anos 40, voltados a promoção da melhoria das condições de vida da

população rural este serviço somente tomou um caráter nacional em 1956, com a criação da

Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural – ABCAR, constituindo-se, então, um

Sistema Nacional articulado com Associações de Crédito e Assistência Rural nos estados.

Em 1975, o governo federal “estatizou” o serviço, implantando o Sistema Brasileiro de

Assistência Técnica e Extensão Rural – Sibrater, cuja estrutura compreendia as Emater,

empresas estaduais de Ater e a coordenação central pela Embrater. Este sistema foi um

elemento fundamental na implantação do processo de modernização da agricultura brasileira

transformando seu perfil de tradicional para um setor moderno e dinâmico da economia

principalmente na região sudeste e sul do país.

Em 1990, o governo federal embalado na onda neoliberal do estado mínimo extinguiu a

Embrater, desativando o Sibrater e cortando a fonte de recursos federais para a entidades

estaduais de extensão rural. Deixou desta forma a sua continuidade à mercê das decisões dos

governos estaduais o que levou a extinção, junções e desarticulações de uma parte

significativa das instituições de extensão rural do país. Mesmo constando na Constituição

Federal de 1988 e na Lei Agrícola de 1991 a União decidiu deixar sem apoio os serviços de

ATER pública e gratuita. Somente a partir 2002 as reivindicações dos movimentos sociais

começaram a repercutir no governo federal, e de forma progressiva as demandas da

agricultura familiar foram incluídas nas estratégias de desenvolvimento do país. Este

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-23

compromisso finalmente foi resgatado de forma legal com a Lei nº 12.188, de 11 de janeiro

de 2010, que reinstituiu a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a

Agricultura Familiar e Reforma Agrária (Pnater) e o Programa Nacional de Assistência

Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária (Pronater).

A partir destes fatos sobre a extensão rural brasileira podemos focar no papel da

EMATER-DF no desenvolvimento dos cerrados. Nos anos 70, o país ainda estava

mergulhado no modelo de crescimento econômico baseado na modernização da agricultura

sustentado pelo tripé da pesquisa, assistência técnica e crédito rural. Neste contexto foi

intensificada a ocupação da fronteira agrícola, surgindo novas tecnologias de produção nos

cerrados, inclusive diminuindo o alto custo de incorporação das áreas do planalto central no

processo produtivo. Desta forma as terras da região Centro–Oeste, notadamente o entorno de

Brasília, que tinham um valor atrelado a especulação imobiliária passaram a ter um valor

também para produção, devido ao centro de consumo próximo e do alto poder aquisitivo da

sua população.

Dentro desta lógica era necessário desenvolver a região buscando inserir o público de

agricultores tradicionais vivendo da agricultura de subsistência na produção intensiva de

abastecimento da capital e ao mesmo tempo transformar as áreas do planalto central,

próximas de Brasília, numa vitrine das potencialidades produtivas do cerrado.

Foi neste cenário que em 1978 o governo federal aprovou e criou-se a EMATER-DF com o

objetivo de desenvolver a área rural do Distrito Federal. Para o governo local o objetivo

principal da empresa era formar um cinturão verde, para a auto-suficiência no abastecimento

da capital do país. No início da EMATER-DF, os esforço da equipe técnica estavam voltados

para as áreas dos núcleos rurais, onde aos poucos estava sendo consolidada uma produção

intensiva de hortaliças, frango e pecuária de leite, com uma participação significativa de

migrantes e descendentes japoneses que já conseguia abastecer um percentual significativo

do mercado local de hortifrutigrangeiros.

Com o passar do tempo o trabalho de ATER no Distrito Federal se concentrou na ocupação

produtiva dos cerrados, que eram a grande fronteira agrícola do país. Deve-se salientar que

neste período existia um estoque de inovações tecnológicas que eram disponibilizados pela

pesquisa para extensão rural e cuja implantação no processo produtivo gerava ganhos

produtivos significativos se comparado aos sistemas tradicionais de produção. Neste sentido

devesse destacar o papel do governo japonês, através da JICA, que apoiou de forma decisiva

as instituições de pesquisa brasileiras para o desenvolvimento de tecnologias adaptadas aos

cerrados. A consolidação do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal -

PAD-DF aos moldes do PRODECER e o cinturão verde de abastecimento eram metas

prioritárias, e para alcançar estes objetivos a empresa adotou um arcabouço metodológico

próprio da extensão rural reproduzindo o sucesso alcançado nas outras regiões do país para a

exploração das áreas de cerrado. Este modelo de produção rapidamente se propagou

Relatório Final

4-24

mudando o perfil de ocupação da região centro-oeste que era um enorme ”vazio” humano e

área de baixo dinamismo econômico para uma região de ocupação humana mais intensa e

com um desenvolvimento agropecuário din^mico e altamente competitivo no mercado.

Com a crise nacional da extensão rural a instituição ficou cada vez mais atrelada a política

local que assumiu os custos e direcionou os trabalhos conforme as diretrizes do governo do

momento, uma hora mais para agricultura familiar outra hora ampliando o leque de

atendimento para a agricultura patronal, mas, sempre com a orientação para a prestação de

assistência técnica conjugada aos trabalhos de extensão rural, que se preocupam com a

organização dos agropecuaristas e os aumentos nos lucros das atividades. Nos últimos anos a

participação do governo federal na reestruturação das instituições de ATER e com o

financiamento de parte das atividades vem ganhando espaço a tese de uma ATER pública

gratuita voltada prioritariamente para agricultura familiar o que se consolidou este ano com a

aprovação da lei do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural.

No Distrito Federal, onde a terra pertence ao governo federal, são principalmente os

pequenos produtores que fornecem produtos agrários à capital. A EMATER realizou de

modo consistente a assistência técnica e a organização destes produtores, comprovando que

é possível gerar grandes lucros ao mesmo tempo em que há a proteção ambiental.

Atualmente, a produtividade média de muitos produtos de Brasília supera a média nacional.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, ao notar este fato, solicitou à EMATER-DF

para apresentar aos visitantes estrangeiros, principalmente dos países em desenvolvimento

que possuem ambientes naturais similares, este excelente trabalho, no âmbito da política de

fortalecimento da cooperação sul-sul. Em 2007, quando teve início a tentativa, houve

somente 2 países participantes11, mas em 2008, esse número já havia aumentado para 11

países12. Até Outubro de 2009, o órgão já havia recebido visitantes de 10 países. Em 2010,

esta previsto um encontro que contará com a presença dos ministros da agricultura de 53

países africanos no Brasil, visando ampliar os projetos de apoio ao desenvolvimento.

(2) Atividades

Os resultados dos trabalhos da EMATER-DF estão diretamente relacionados ao

desenvolvimento humano, social e tecnológico que, por conseqüência, leva ao

desenvolvimento do espaço rural. Partindo desta definição ampla de desenvolvimento do

espaço rural, podemos afirmar que as ações da Empresa ocorrem em diversas dimensões:

social, econômica, tecnológica, ecológico-ambiental, política, institucional e legal. Em prol

do desenvolvimento, a empresa atua na Assistência Técnica para propiciar o assessoramento

e atualização no processo gerencial e tecnológico dos empreendimentos no espaço rural e

também atua na Extensão Rural, buscando organização e capacitação, levando cidadania e

11 China e Estados Unidos da América. 12 Inclui os seguintes países em desenvolvimento: Sudão, Senegal, Nigéria, Venezuela, Haiti, Benim, Ilhas Fiji, Angola, China e

Costa Rica.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-25

novas motivações, difundindo experiências em busca constante da valorização das

competências e das habilidades do seu público beneficiário. Desse modo, o trabalho da

Empresa abrange duas frentes de atuação: uma, que é por demanda, e inclui atendimentos

personalizados nas Unidades Locais descentralizadas ou nas visitas às propriedades, e outra,

que é por oferta, especialmente de capacitação e treinamento em novas habilidades por meio

dos métodos de extensão rural.

Esses métodos têm formatos diferenciados dependendo dos objetivos a serem alcançados e

do tipo de público a ser atendido. As feiras, exposições e festas de produtos, são eventos

festivos de grande porte, que incluem atividades de cunho tecnológico, rodadas de

negociação ou treinamentos e capacitações e que têm como característica a participação de

um elevado número de pessoas, especialmente de público urbano e escolar, que têm a

oportunidade de conhecer mais sobre as atividades agropecuárias. Outros métodos de

extensão como os dias de campo e as ações comunitárias têm como característica o

atendimento e a participação de produtores rurais e das famílias rurais de uma comunidade.

São eventos de médio porte direcionados ao trabalho de assistência técnica e de extensão

rural. Por último, são utilizados os métodos dirigidos aos eventos de menor porte, de cunho

exclusivamente técnico, voltados a segmentos específicos do meio rural e urbano, e são

ações direcionadas sempre com o objetivo de alcançar as metas propostas pela Empresa.

As atividades que a Empresa desenvolve são divididas em diversos segmentos de atuação. A

Prestação de Serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural envolve todos os serviços

demandados à Empresa, seja em desenvolvimento tecnológico, pelos empreendedores rurais

envolvidos na produção, convencional e agroecológica, ou na área social pelas clientelas

especiais de gênero e geração, com ênfase na agricultura familiar. Deve-se destacar as

atividades realizadas com a clientela de idosos e mulheres rurais, assim como trabalhadores

rurais que são públicos prioritários na política de inclusão do Governo Federal. Esses

atendimentos são voltados para atender a família rural na maioria das vezes fora do âmbito

da produção agropecuária, buscando o resgate social e a inclusão da população rural. O

papel da EMATER é muito importante por ser uma das poucas instituições que atua como

um vetor de implantação das políticas públicas no meio rural.

No Desenvolvimento da Agroecologia são promovidas as ações de desenvolvimento da

agropecuária orgânica no Distrito Federal. Nessa subárea estão incluídas as metodologias e

ações de capacitação em agroecologia e transição agroecológica dos agricultores que ainda

praticam agricultura em moldes convencionais, promovendo a implantação, a transição ou a

manutenção dos sistemas agroecológicos que evitam a utilização de agroquímicos, têm baixa

dependência de insumos externos e maior necessidade de mão-de-obra em relação aos

sistemas convencionais, com impacto direto na geração de mais postos de trabalho.

Nas atividades voltadas para o Apoio do agronegócio, as ações desenvolvidas tem como

principal fundamento à organização do segmento de produção, prioritariamente a Agricultura

Relatório Final

4-26

Familiar, visando a comercialização de produtos agrícolas e não agrícolas. Através dos

grupos formais e/ou informais de produtores, destinados a comercializar coletivamente

sendo melhorado o processo de tomada de decisão reduzindo os riscos econômicos inerentes

a atividade e permitindo assim a sua permanência na atividade rural. Destaca-se nessa

atividade o apoio à comercialização, na cadeia produtiva de hortaliças, diminuindo os riscos

da atividade e propiciando ao consumidor final um abastecimento com produtos mais

seguros e de melhor qualidade.

Na Modernização Tecnológica são abrangidas as ofertas de métodos de capacitação e

desenvolvimento de habilidades, que são colocadas à disposição dos empreendedores rurais,

a partir das demandas que os técnicos de campo avaliaram como sendo as mais necessárias e

de maior amplitude, assim como, aquelas que estão em consonância com as políticas de

governo.

A Horticultura além da importância econômica tem um papel importante nos aspectos

sócio-ambientais no Distrito Federal. A sua área plantada é de 6.545 hectares de

hortaliças/ano, perfazendo uma produção total de 171 mil toneladas de hortaliças/ano, em

mais de setenta espécies diferentes, inclusive utilizando sistemas de produção do mais alto

padrão tecnológico, tais como sistemas de cultivo protegido (mulching, estufa e telado),

cultivares híbridas, com resistência a pragas e doenças, tecnologias de nutrição de planta,

sistemas de irrigação por aspersão e gotejamento, fertirrigação e outras. No agronegócio de

hortaliças do Distrito Federal circulam cerca de R$ 185 milhões/ano. Acresce a isto, a

existência de 4.500 produtores rurais, sendo 80% agricultores familiares, isto resulta na

geração de 30 mil empregos diretos e 10 mil empregos indiretos. Cada hectare plantada de

hortaliça gera em média 3 a 5 empregos diretos, em conformidade com o sistema produtivo

utilizado. Nossa atuação tem buscado estruturar os diversos elos da cadeia produtiva de

hortaliças, como mecanismo dos mais relevantes na defesa dos interesses setoriais e

conquista de objetivos comuns, bem como, o estimulo a criação, implementação e gestão de

grupos de produtores, como alternativas coletivas de comercialização, dos produtos

olerícolas, propiciando aumento na competitividade da olericultura brasiliense.

O setor foi contemplado por políticas de fomento, assistência técnica prioritária e linhas de

crédito rural específicas (PRÒ LEITE). Com intuito de permitir o ingresso de pequenos

produtores na atividade, atendendo as normas sanitárias para o rebanho e controle de

qualidade do produto foi criado grupos de pequenos produtores que administram tanques de

resfriamento comunitário para recolhimento e armazenamento do leite.

No Desenvolvimento Social da Área Rural as atividades são executadas para capacitar os

membros das famílias rurais, primordialmente de agricultores familiares, em diferentes

aspectos do desenvolvimento social e humano. Seu principal subtítulo é o Fortalecimento da

Agricultura Familiar que está baseado no conceito de desenvolvimento: “uma necessidade

ampla com a ação do Estado e a participação da comunidade, observando três pilares da

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-27

coesão social: Oportunidades de acesso às necessidades básicas, para melhor qualidade de

vida, como educação, emprego, segurança e geração de renda; habilidades, como;

conhecimento do ser humano, competência, condições para realizar; e proteção, como ações

sociais para assegurar ou manter condições necessárias para o bem-estar do ser humano. Por

ser o desenvolvimento uma ação sistêmica, de longo prazo, e tão relevante para o bem-estar

do ser humano, a Empresa priorizou alguns sub-temas para serem trabalhados: Segurança

Alimentar, Saúde e infraestrutura onde foram trabalhados os projetos o de qualidade de

alimentos visando Boas Práticas Agrícolas -BPA e Boas Práticas de fabricação - BPF para

geração de renda e o de o de qualidade de alimentos visando uma alimentação saudável.

Quanto a qualidade dos alimentos principalmente o pro - folhosa concentrou os

atendimentos e capacitações com foco em saneamento, combate as pragas, água e alimento.

Educação, lazer e cultura apoio em atividades realizadas pelas comunidades. Cidadania e

Benefícios Sociais orientações para o agricultor familiar sobre para que tenha acesso aos

benefícios sociais do Estado. Atividades Rurais Não-Agrícolas qualificação e organização

dos setores de agroindústria, processamento de alimentos e artesanato associado com o

turismo rural.

Organização e Gestão Social apoio as organizações, onde a EMATER-DF atua como

facilitadora e animadora do processo de desenvolvimento local, assegurando que sejam as

famílias rurais, por meio de suas organizações sociais, os reais protagonistas dos processos

de transformação de seus territórios, de forma a construir uma efetiva melhoria da

qualidade de vida de todos dentro das comunidades rurais.

4.5.3 SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural)

(1) Contexto

O SENAR foi criado pelo governo brasileiro como órgão para melhorar a qualidade de vida

da população rural através de treinamento profissional e da educação. Entretanto, como

órgão público, sua eficiência e quantidade de ações não eram suficientes para atender o

desenvolvimento do agronegócio brasileiro. Sendo assim, com o estabeleicmento da Lei

8.315/91 o SENAR tornou-se uma instituição jurídica de direito privado sem fins lucrativos

para execução de ações de Formação Profissional Rural (FPR) e atividdes de Promoção

Social (PS) para trabalhadores, produtores rurais e suas famílias, ou seja, capacitações. Sua

arrecadação está regulamentada pelo Decreto 790/93 da seguinte forma:

"Art. 11. - Constituem rendas do SENAR:

I - Contribuição mensal compulsória, a ser recolhida à Previdência Social, de 2,5%

sobre o montante da remuneração paga a todos os empregados pelas pessoas

jurídicas de direito privado, ou a elas equiparadas, que exerçam atividades:

a) agroindustriais;

b) agropecuárias;

Relatório Final

4-28

c) extrativistas vegetais e animais;

d) cooperativistas rurais;

e) sindicais patronais rurais;

II - contribuição compulsória, a ser recolhida à Previdência Social, de um décimo por

cento incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção

da pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou

pesqueira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de

prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de

forma não contínua;

III - doações e legados;

IV - subvenções da União, Estados e Municípios;

V - multas arrecadadas por infração de dispositivos, regulamentos e regimentos

oriundos da Lei n° 8.315, de 23 de dezembro de 1991, com as alterações da Lei n°

8.540, de 22 de dezembro de 1992;

VI - rendas oriundas de prestação de serviços e da alienação ou locação de seus bens;

VII - receitas operacionais;

VIII -contribuição prevista no art. 1° do Decreto-Lei n° 1.989, de 28 de dezembro de 1982,

combinado com o art. 5° do Decreto-Lei n° 1.146, de 31 de dezembro de 1970;

IX - rendas eventuais.

A lei determina, ainda que 80% da arrecadação da corporação deve ser destinada a essas

atividades de apoio aos produtores13. O SENAR possui uma Administração Central em

Brasília/DF e 27 Administrações Regionais distribuidas em todas cidades capitais do Brasil.

Faz parte da sua função alocar um mobilizador em cada zona rural alvo nos Estados, para

que este transmita a situação ou as solicitações dos produtores à sede regional, para que esta

possa realizar e planejar cursos e treinamentos que os produtores necessitam, em cooperação

com as demais sedes regionais ou com a sede estadual. Retirar. Como exemplo, somente no

ano de 2007, no Estado de Goiás, foram realizadas mais de 5.000 atividades, contando com a

participação total de mais de 50 mil pessoas. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil

reconheceu o trabalho do SENAR no Brasil e solicitou à instituição a participação no projeto

de apoio internacional para libertar as pessoas da fome, que é um dos Objetivos de

Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas. Correspondendo a esta solicitação, o

SENAR já realizou treinamento de repasse de metodologia participantes de 6 países

membros14 do Conselho Agropecuário Centro-Americano (CAC15), e participa dos projetos

de apoio a países africanos como Angola e Moçambique.

13 Para poder arcar com os custos operacionais e salários com os 20% restantes, são feitos esforços de racionalização, e todos os seus escritórios são alugados.

14 República Dominicana, Belize, Haiti, Costa Rica, Honduras e Nicarágua.

15 Conselho Agropecuário Centro-Americano. São formados por 9 países da América Central. O governo brasileiro realizou, em Março de 2009, na cidade de Rio de Janeiro, a 1ª reunião para discutir com os países membros sobre a política de apoio ao desenvolvimento agrário.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-29

(2) Atividades

O programa de cursos por sector oferecido pelo SENAR inclui diversas áreas, como:

alfabetização, educação dos filhos dos agricultores, organização dos produtores,

empreendimento agrícola, leis relacionadas à agricultura, saúde pública, etc., áreas

consideradas necessárias na zona rural (Tabela 4.5.3).

Tabela 4.5.3 Programa de Cursos do SENAR

Nome do programa Conteúdo Público alvo Objectivo

Agrinho Educação dos filhos dos agricultores

Alunos da rede pública de ensino, de 1º ao 9º ano, e professores.

Educação civil. Em 2009, focalizava-se a educação ambiental (lixo sólido, agroquímico, solo e agricultura, água).

CAMPO-SAÚDE Saúde pública Empregado da zona rural, produtores rurais e seus familiares.

Melhorar a qualidade de vida através da prática de acções básicas de saúde pública.

PROGRAMA EMPREENDEDOR

RURAL

Empreendimento agrícola

Produtor rural e empregado da zona rural acima de 18 anos, que tenham frequentado a escola por tempo mínimo (no mínimo concluído o 2º ano do ensino fundamental).

Promover a mudança da agricultura e da sociedade rural, o fortalecimento da associação dos produtores e formação empreendedora, através das atividades sociais, políticas e económicas. Concretamente, pretende-se criar projectos e promover as atividades em grupo.

EMPREENDEDOR SINDICAL

Organização dos produtores

30 associações (em 2009) Estimular as atividades de cooperativas rurais

PROGRAMA GINÁSTICA LABORAL

Prática desportiva dos produtores

Empregado rural com mais de 18 anos. Especialmente os trabalhadores da usina de açúcar.

Melhoramento da qualidade de vida e da saúde do trabalhador.

campo futuro Educação sobre administração agrícola

Produtor e empregado da produção de soja, milho e carne bovina.

Aumentar o conhecimento e capacidade em cálculo das despesas de produção, criação de novos mercados para o futuro, e assuntos relacionados.

CAMPO EM ORDEM

Educação de Leis relacionadas à agricultura

Produtor rural, empregado da zona rural, e profissionais de áreas relacionadas.

Aumentar o conhecimento e capacidade relacionados à contabilidade e leis relacionadas à agricultura.

GESTÃO LEITEIRA

Alfabetização Produtor rural e empregado rural

Alfabetizar os produtores agrícolas e empregados rurais utilizando-se materiais relacionados aos assuntos necessários no cotidiano dos alunos.

Além das técnicas práticas e concretas consideradas necessárias para os pequenos produtores,

o conteúdo do curso inclui também técnicas que podem originar produtos a serem

comercializados em pequena escala (Tabela 4.5.4). Em cada curso, são apresentadas técnicas

detalhadas, necessárias na prática, que os produtores podem escolher. O conteúdo dos cursos

é definido de acordo com o programa, ou elaborado a pedido dos produtores, e é divulgado

pelo escritório regional. Como a educação é feita através da prática, em cada curso

participam cerca de 7 ou 8 pessoas, mas o curso é repetido até que todos os interessados

possam participar. Se o produtor desejar comercializar o produto desenvolvido a partir da

técnica adquirida no curso, pode receber apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas (SEBRAE16) que colabora com SENAR.

16 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Relatório Final

4-30

Tabela 4.5.4 Linhas de Ação do SENAR e Exemplos de Cursos Oferecidos

A. Formação Profissional Rural (FPR)

Linhas de Ação Cursos Linhas de Ação Cursos

Agricultura

・ Colheita manual da cana de

açúcar. ・ Cultivo orgânico de ervas

medicinais. ・ Formação e gestão do pomar. ・ Fruticultura (abacaxi

(ananá),banana, papaia, maracujá).・ Horticultura básica. ・ Fruta (melancia). ・ Verdura orgânica. ・ Plantio manual da cana e açúcar. ・ Queimada da folhagem antes da

colheita da cana de açúcar.

Apoio à agricultura, sivicultura e pecuária

・ Gestão agrícola.

- Economia doméstica. - Empreendimento rural.

・ Prevenção de epidemia.

- Pulverizador/Pulverizador motor.

- Pulverizador mochila. - Como manusear o injector de

pulverizador de agroquímicos. ・ Operação do GPS

- Equipamentos agrícolas que usam o GPS.

- Operação do GPS (fundamento e aplicação).

・ Operação e prática da máquina

semeadora de plantio directo. ・ Práticas dos seguintes

equipamentos e sua manutenção e gestão:

- Rega com pivô central. - Sistema de rega a jacto. - Colheitadeira de cana de açúcar. - Colheitadeira de algodão. - Rolo compactador para

terraplanagem. - Serra eléctrica. - Ordenhadeira. - Buldozer. - Escavadora. - Rega parcial. - Tractor agrícola. - Transportador de cana de

açúcar. - Diversas colheitadeiras.

・ Plantio mecânico da cana de

açúcar. ・ Explicação e análise da Norma

Regulamentadora 31 (NR-31).

Pecuária ・ Cultivo de abelha. ・ Fundamentos da criação de galinha

(ovo). ・ Técnica básica da criação de

galinha (carne). ・ Criação de bovino (carne). ・ Criação de vaca leiteira. ・ Controle de qualidade de leite. ・ Vacina preventiva de bovinos. ・ Corte do casco. ・ Corte preventiva do casco em

bovinos. ・ Prática de exposição de bovinos

para concurso. ・ Treinamento para domesticar

cavalo. ・ Como domar cavalo. ・ Inseminação artificial. ・ Cultivo de pasto. ・ Criação de minhoca. ・ Criação de ovelha (carne). ・ Produção de ovos para produzir

pintinhos. ・ Produção de leitão. ・ Criação suína. ・ Criação de suínos e produção de

carne suína.

Sivicultura ・ Plantação de árvores para madeira e

gestão florestal. ・ Construção de diques com árvores

nas encostas dos rios, e recuperação das áreas florestais depredadas.

Pescas ・ Cultivo de peixes

Processamento agrícola

・ Fabricação de couro. ・ Fabricação de cachaça (destilado de

cana de açúcar)

Apoio ao melhoramento da infra-estrutura

・ Instalação e conserto dos sistemas

de luz, água, e obras em alvenaria.・ Instalações de cercas em pastos. ・ Instalações de cercas eléctricas. ・ Técnica eléctrica básica na zona

rural. ・ Como construir ferradura de

cavalo. ・ Gestão e manutenção de diversos

motores. ・ Treino para colocar cela no cavalo.・ Cortador eléctrico e soldador

eléctrico. ・ Modo de fabricar couro.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

4-31

B. Promoção Social (PS)

Nutrição alimentar

・ Culinária rural. ・ Fabricação de:

- cana-de-açúcar; - geleia; - rapadura.

・ Utilização de alimentos e

planeamento do seu consumo / diversificação do consumo alimentar.

・ Seguintes alimentos caseiros:

- Leite; - Mandioca: - Legumes (cozidos em açúcar).

Artesanato Produção dos seguintes artigos: - Saco; - Cesto; - Utilização da fibra de banana

(papel); - Utilização da fibra de bananeira

(forma de lã); - Flor artificial, flor seca, etc. - Artesanato em papel cortado; - Artesanato em fio.

Organização da sociedade rural

・ Teoria sobre cooperativa. ・ Teoria sobre cooperativa agrícola I,

II, III e IV.

Saúde ・ Tipos de ervas medicinais e seu

cultivo caseiro. ・ Primeiros socorros.

4.5.4 Principais Organizações Relacionadas

Principais organizações relacionadas com o desenvolvimento agrícola na região do Cerrado

são os seguintes:

• Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

• Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)

• Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)

Embrapa Agroindústria Tropical

Embrapa Algodão

Embrapa Arroz e Feijão

Embrapa Café

Embrapa Caprinos e Ovinos

Embrapa Cerrados

Embrapa Gado de Corte

Embrapa Gado de Leite

Embrapa Hortaliças

Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

Embrapa Milho e Sorgo

Embrapa Monitoramento por Satélite

Embrapa Semiárido

Embrapa Soja

Embrapa Solos

Embrapa Trigo, etc.

• Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)

• Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)

• Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER)

• Ministério do Meio Ambiente (MMA)

• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)

• Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

• Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)

• Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

• Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)

Relatório Final

4-32

• Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresa (SEBRAE)

• Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)

• Sociedade Nacional da Agricultura (SNA)

• Confederação Nacional da Agricultura (CNA)

• Companhia de Promoção Agrícola (CAMPO)

• Universidade Federal de Viçosa (UFV)

• Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (ESALQ)

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

5-1

CAPÍTULO 5 POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJETO CERRADO NO DESENVOLVIMENTO DO CORREDOR DE NACALA

5.1. Semelhanças e Diferenças entre a Região do Cerrado e do

Corredor de Nacala

A savana tropical de Moçambique e o cerrado brasileiro apresentam semelhanças

agronomicamente reconhecidas. Durante os 30 anos de desenvolvimento do cerrado

brasileiro, foram acumulados muitos conhecimentos que podem ser adaptados para a savana

tropical de Moçambique. Existe uma previsão de grandes possibilidades de melhorar

consideravelmente a produtividade a partir de tecnologias relativamente simples. Porém, as

diferenças socioeconômicas entre o Brasil e Moçambique são bastante grandes, por isso não

se pode pensar em simplesmente transferir o modelo do cerrado. Além disso, para o cultivo

de produtos agrícolas, em Moçambique, existem problemas quanto à irrigação, à posse de

terras (se permite o uso, mas não sua propriedade) de maneira que para realizar projetos

agrícolas de grande envergadura é necessário resolver-se muitos problemas complexos.

Para o desenvolvimento do cerrado, o tema era a possibilidade de transformar terras

desabitadas e inférteis em terras produtivas com a aplicação de capital e tecnologia. E já

estavam estabelecidas as condições de infraestrutura, modelo de gestão agrícola empresarial

moderna, rotas de comercialização e as bases para a agroindústria. Porém, no caso de

Moçambique, os problemas não se limitam somente ao capital e à tecnologia, passam pelo

nível de conhecimento técnico dos agricultores e também de comercialização, entre outros

temas. Desde o início do projeto até a comercialização, existe a deficiência de equipamento e

materiais, não existem silos e o mercado interno é insuficiente, além dos produtores não

estarem organizados. A tecnologia de produção do cerrado pode ser transferida à savana

tropical de Moçambique, entretanto a questão é como aplicá-la de forma a promover o

desenvolvimento regional e considerando todas estas questões, mas a "Vantagem do

posterior" é grande. pendentes. Por isso, é necessário pensar em uma estrutura que seja um

“novo modelo de desenvolvimento” que considere o fortalecimento da capacidade

administrativa com a introdução de modelos de organização cooperativa e investigação

agrária, extensão rural, sistema de financiamento; instalação de infraestrutura

socioeconômica apropriada às condições naturais, sociais e ambientais da região. As

principais semelhanças e diferenças entre o desenvolvimento do cerrado e da savana tropical

de Moçambique são as seguintes.

Relatório Final

5-2

Tabela 5.1.1 Semelhanças e Diferenças entre o Desenvolvimento do Cerrado e da Savana Tropical Africana

Ítem Desenvolvimento do cerrado Desenvolvimento da savana tropical de

Moçambique

Objetivo Desenvolvimento econômico por meio do

aumento da produção de alimentos

Medidas contra a pobreza, alimentos para

auto abastecimento do país e orientada para

o mercado

Agricultores Médios produtores Pequenos e micro produtores

Produtos Produtos de exportação Produtos de auto abastecimento

Atividades Expansão do empreendimento com a

mecanização agrícola Aproveitamento de técnicas existentes

Administração Redução dos custos de produção Garantia de oportunidade de emprego

Investimento inicial Investimentos de grande envergadura Dificuldades

Organização de produtores Existência de organização de produtores Não está estruturada

Distribuição Desenvolvida A ser desenvolvida

Agroindústria Desenvolvida Muito pequeno

Assistência técnica Várias organizações Vulnerável/ONG

Financiamento Existe Não existe

5.2. Possibilidades de Aplicação dos Resultados do

Desenvolvimento do Projeto Cerrado no Desenvolvimento do

Corredor de Nacala

Na Tabela 5.2.1 se apresenta um resumo das instituições envolvidas no desenvolvimento do

cerrado de acordo com o setor, como entidades de pesquisa, entidades de extensão agrícola,

organização de agricultores, produção agropecuária, conservação do meio ambiente,

agroindústria, financiamento agrícola, etc. Nesta mesma tabela, se mostram as questões a

serem consideradas no caso de se aplicar os resultados de cada setor na área deste Estudo,

que é o corredor Nacala; avaliando também a forma como estes resultados poderiam ser

aplicados na área do Estudo.

5.2.1. Utilização das Técnicas Agrícolas Aprendidas no Desenvolvimento do

Cerrado

De todos estes pontos, se devem considerar especialmente a aplicação e extensão da

tecnologia agrícola desenvolvida pela EMBRAPA no cerrado.

(1) Em geral, em toda a extensão ao longo do corredor Nacala, se encontra distribuído um solo

menos ácido (fértil para a agricultura) em abundância, mas em uma parte (principalmente

nas redondezas do distrito de Gurué), deve ser necessária a aplicação de técnicas de

melhoramento de solo desenvolvidas pela EMBRAPA para solos alcalinos. Porém, dentro de

Moçambique, esta é a zona que apresenta altitudes mais elevadas, com uma topografia

bastante acentuada, existindo assim uma forte possibilidade de que estas condições

dificultem os trabalhos de melhoramento de solo; ao mesmo tempo, devido ao fator de

erosão do solo, o efeito retificador poderia ser reduzido. Portanto, caso se efetue um trabalho

de melhoramento de solo será necessário considerar o custo e mão de obra para a aplicação e

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

5-3

distribuição de calcário, selecionando rigorosamente as zonas de aplicação, onde seja

economicamente favorável e com possibilidades de que os produtores considerem

fortemente as possibilidades desta tecnologia.

(2) Dos 12 distritos considerados dentro da área do Estudo, 5 particularmente (Gurue, Malema,

Ribaué, Alto Molocué e Cuamba) apresentam uma topografia acidentada. Além disso, foi

reportada a existência de solo arenoso em toda a área. Por isso, em muitas zonas, durante a

época das chuvas, juntamente com a erosão existe o problema de perdas de cultivo pela seca,

quando o intervalo entre o período de chuvas se estende muito. Para resolver estes

problemas, se considera que a introdução das tecnologias de cultivo em níveis e a técnica de

cultivo de plantas que se fixam ao solo, podem ser aplicadas. Para os pequenos produtores

que têm condições de adquirir herbicidas, também é recomendado o cultivo sem aragem da

terra.

(3) A EMBRAPA possibilitou elevar consideravelmente a produção agrícola do cerrado. Porém,

as condições não somente de solo e de água são diferentes entre o cerrado e a área do Estudo,

a expectativa é que os tipos de pragas, que devem ser um problema, também sejam

diferentes. Além do mais, não é possível simplesmente introduzir novas variedades de

plantas na área do Estudo, uma vez que elas possuem uma alta produtividade pela aplicação

de tecnologias avançadas de irrigação, fertilização de solo e defensivos agrícolas. Porém, as

técnicas consideradas necessárias serão avaliadas para verificar as possibilidades de

promover a aplicação de tecnologia agrícola do cerrado proporcionadas pela EMBRAPA

como, a) introdução de recursos genéticos; b) participação nos cursos de treinamento

técnico; c) utilização e aproveitamento de informação técnica em português.

(4) Com relação a EMATER, a instituição conta com um sistema de extensão técnica dirigida a

pequenos agricultores, mas trabalham com um principio básico que é a participação de

qualquer agricultor. Eles captam a demanda dos agricultores por orientação técnica, avaliam

a necessidade e criam uma resposta em forma de extensão. No caso de Moçambique, os

extensionistas do departamento de extensão técnica com os quais contava o Ministério de

Agricultura, foram distribuídos pelas províncias dentro da política de descentralização. As

províncias instalaram um setor de extensão agrícola nos Centros de Apoio às Atividades

Econômicas dos Departamentos de Agricultura de cada distrito, mas seu número é bastante

pequeno. Dentro deste contexto, para que a extensão possa ser executada com eficiência, é

necessário captar as necessidades dos agricultores; também é importante que o IIAM e o

departamento de extensão técnica avaliem as técnicas desenvolvidas, sendo indispensável

aplicá-las em parcelas demonstrativas para os agricultores, de maneira que os mesmos

agricultores possam estruturar um sistema de extensão.

(5) Para promover a capacitação técnica de maneira eficiente, é preciso criar uma entidade de

promoção como o SENAR. Nos centros de assistência às atividades econômicas se

encontram estabelecidos departamentos de desenvolvimento rural, mas não existe um

Relatório Final

5-4

departamento especializado na orientação institucionalizada para atender às diversas

atividades dos pequenos produtores. Esta função é coberta pelas ONGs de maneira que os

governos locais podem criar um sistema que planeje e apóie a extensão das experiências

exitosas para outras zonas, assim, existe a possibilidade de se aplicar um sistema de

implantação deste tipo de entidade, tendo o SENAR como referência. Além de formar

agricultores que possam apoiar as atividades locais, funcionando como coordenadores

(6) Para o desenvolvimento do cerrado, no projeto PRODECER, a companhia “Campo”,

cumpriu diversas funções, inclusive funcionou como coordenador entre a entidade executora

que era o governo, as instituições de pesquisas e os colonos. No corredor de Nacala, se

encontra estabelecida a companhia de desenvolvimento regional para o corredor de Nacala,

o Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN). Mas o interesse básico desta companhia é

o desenvolvimento da infraestrutura de comercialização e não se dedica ao desenvolvimento

agrário em particular. É necessário criar uma empresa de desenvolvimento do governo

central e dos governos provinciais para que se possa avaliar a metodologia do

desenvolvimento e cumprir com o papel de coordenador entre as diversas instituições.

5.2.2. Efeitos do Desenvolvimento Aprendidos com o Desenvolvimento do

Cerrado

(1) Efeitos de indução econômica

Como exemplo da realização da economia de escopo (economy of scope), na qual

produzem-se diversos produtos a partir de uma única matéria-prima, e, além disso,

aproveitando-se do seu subproduto, produzem-se outros artigos, podemos citar a soja,

produzida no âmbito do desenvolvimento do cerrado (Figura 5.2.1). Na região do cerrado,

são fabricados o óleo de soja utilizado para o processamento de produtos agrícolas, e a ração

composta, que é o seu subproduto. Daí surgiram as indústrias relacionadas à agricultura

(fertilizante, agroquímico, transporte, logística) que se envolveram no processo de

comercialização, promovendo o desenvolvimento da indústria de apoio, originando uma

grande sinergia e criando-se uma gigantesca agroindústria (agronegócio). Como resultado, a

exportação de produtos derivados de soja chegou a 4.1 bilhões de dólares em 2000, o que

corresponde a 25% de toda a exportação do sector agrícola. Este valor é igual ao da

exportação de artigos de ferro e aço (alumínio, ferro e aço), que foi de 4 bilhões de dólares.

De acordo com o relatório, quando a soja é exportada após o processamento, o valor do PIB

é 1.7 vezes maior do que exportar sem nenhum processamento, calculando-se o efeito de

indução nas indústrias de processamento e indústrias afins (Relatório de avaliação do

desenvolvimento agrícola do cerrado, JICA, 2000).

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

5-5

Figura 5.2.1 Exemplo do Efeito de Indução nas Indústrias Afins dos Derivados de Soja

(2) Apoio aos produtores pelas cooperativas agrícolas

É necessário notar que para o desenvolvimento da agroindústria dos derivados de soja, citado

anteriormente, as cooperativas agrícolas desempenharam um papel importante, além das

empresas. O programa PRODECER, que impulsionou o desenvolvimento do cerrado,

assentou nas fazendas principalmente os filhos dos sócios das cooperativas agrícolas

existentes. Para estes, as cooperativas ofereceram diversos tipos de apoio: além de fornecer

fundos para a administração da fazenda, criaram fábricas de processamento para poderem

comprar os produtos pelo preço mais alto que as empresas, mesmo quando havia queda do

preço no mercado internacional. Assim, as cooperativas agrícolas desempenharam um papel

importante para promover a produção, através da cooperação e complementação entre os

diversos ramos que compreendem a agricultura, o processamento e inclusive a pecuária.

Na região alvo do estudo em Moçambique, há casos em que a relação entre as empresas de

processamento e os produtores é mantida por meio de contratos escritos, mas ainda existe

uma relação tradicional e informal. As empresas de processamento de algodão, tabaco e

castanha de caju fornecem um mercado estável aos produtores comprando deles a

matéria-prima, e complementam a falta de recursos administrativos destes fornecendo-lhes

técnicas e insumos de produção (semente, fertilizante, agroquímicos e máquinas agrícolas).

Mas, por outro lado, verificou-se durante o estudo, a ocorrência de situações desvantajosas

para os produtores, como a compra da matéria-prima por um baixo preço (no caso do

algodão, é estabelecido o preço mínimo de compra), e o não-pagamento dos produtos

Soja31.370.000 t (2000)

Soja31.370.000 t (2000)

Processamento21.640.000 t

Processamento21.640.000 tExportação

8.910.000 t

Exportação8.910.000 t

Farelo de soja16.870.000 t

Farelo de soja16.870.000 t

Exportação9.970.000 t

Exportação9.970.000 t

Sementes1.600.000 t

Sementes1.600.000 t

Exportação1.460.000 t

Exportação1.460.000 t

Mercado interno2.820.000 t

Mercado interno2.820.000 t

Ração animal6.950.000 t

Venda no mercado interno e

consumo próprio

Ração animal6.950.000 t

Venda no mercado interno e

consumo próprio

Etapa de produtos

Indústriasafins

Etapa de matérias-

primas

Etapa de processamento

AviculturaAvicultura SuinoculturaSuinoculturaSubprodutoSubproduto

Exportação de carne bovinaExportação de carne bovina

VíscerasVísceras

Bovinoculturade leite

Bovinoculturade leite

Produtosde couroProdutosde couro

Carne suínaCarne suína

FrangoFrango

IogurteIogurte

Leite empó

Leite empó

Leitedesnatado

Leitedesnatado

QueijoQueijo

SubprodutoSubproduto ManteigaManteiga

OvosOvos

SubprodutoSubprodutoGalinhas poedeirasGalinhas poedeiras

Óleo de Soja4.140.000 t

Óleo de Soja4.140.000 t

Bovinoculturade corte

Bovinoculturade corte

Leite in naturaLeite in natura

Relatório Final

5-6

fornecidos. Há casos em que as empresas de processamento, quando encontram produtores

que apresentam condições mais vantajosas, dispensam aqueles com quem mantinham

transação.

Para que os produtores tenham uma relação de igualdade com as empresas de processamento

e sejam capazes de negociar, de igual para igual, é necessário se criar uma organização ou

uma cooperativa pela iniciativa própria dos produtores. Se não for criado um sistema no qual

o próprio produtor possa interferir na logística e na decisão de preço, ele será obrigado a

tomar sempre uma atitude passiva no modelo do desenvolvimento rural local com base na

agroindústria. Como exemplo, pode-se citar a composição de custo da castanha de caju. A

Figura 5.2.2 mostra a comparação da composição de custo de produção da castanha de caju

no Brasil (região de Fortaleza, estado do Ceará), e na região alvo de estudo de Moçambique.

No Brasil, a proporção do custo da matéria-prima da castanha de caju foi de 12% do custo

total, mas na região alvo de estudo de Moçambique, foi de apenas 5%, menos da metade.

Isso significa que o lucro do produtor, que produz a matéria-prima, é relativamente menor

em Moçambique. Para que a meta do desenvolvimento estabelecida não se torne sonho

inviável, é importante fortalecer e capacitar as cooperativas ou associações de produtores,

que devem ser as entidades receptoras de diversos programas de apoio (serviços).

Figura 5.2.2 Exemplo da Composição de Custo (castanha de caju)

12% 45% 20% 23%

5% 38% 42% 15%

Brasil

Nampula

Matéria-

prima Manufactura

Circulação

e varejo Atacado

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural

na Savana Tropica

5-7

Tab

ela

5.2

.1

Poss

ibili

da

de

s d

e A

plic

ão

da

Exp

eriê

nc

ia d

e D

ese

nvo

lvim

en

to d

o C

err

ad

o B

rasi

leiro

na

Áre

a d

o E

stu

do

Exp

eriê

ncia

do

cerr

ado

Pos

sibi

lida

des

de a

plic

ação

na

área

do

Est

udo

Set

or

E

ntid

ade

resp

onsá

vel

Exp

eriê

ncia

E

ntid

ade

resp

onsá

vel

Met

odol

ogia

de

apli

caçã

o

Inst

itut

o de

P

esqu

isa

Gov

erno

br

asil

eiro

(B

rasi

l)

・ E

m

1975

, fo

i cr

iado

o

Cen

tro

de

Pes

quis

as

Agr

opec

uári

as d

o C

erra

do c

omo

uma

divi

são

da

Em

pres

a B

rasi

leir

a de

P

esqu

isas

A

grop

ecuá

rias

(E

MB

RA

PA),

com

o o

bjet

ivo

de d

esen

volv

er o

ce

rrad

o.

O

gove

rno

crio

u to

das

as

cond

içõe

s fa

vorá

veis

, co

nvoc

ando

pe

squi

sado

res

e in

cent

ivan

do-o

s a

que

foss

em

real

izar

es

peci

aliz

açõe

s no

ext

erio

r. ・ E

ste

inst

itut

o de

pe

squi

sas

se

dedi

ca

ao

dese

nvol

vim

ento

agr

ário

sus

tent

ável

con

side

rand

o a

pres

erva

ção

do

mei

o am

bien

te,

send

o re

conh

ecid

o co

mo

um d

os m

elho

res

cent

ros

de

pesq

uisa

em

nív

el m

undi

al e

ao

mes

mo

tem

po

cont

ribu

iu p

ara

tran

sfor

mar

est

a re

gião

na

segu

nda

mai

or z

ona

prod

utor

a de

ali

men

tos

do B

rasi

l.

・ A

tual

men

te

cont

a co

m

96

pesq

uisa

dore

s (5

5

dout

ores

, 41

mes

tres

).

Gov

erno

de

M

oçam

biqu

e (M

oçam

biqu

e)

Par

a es

trut

urar

um

si

stem

a de

pe

squi

sas

para

o

dese

nvol

vim

ento

do

corr

edor

Nac

ala,

é n

eces

sári

o qu

e M

oçam

biqu

e co

nsid

ere

as

estr

atég

ias

das

polí

tica

s de

cri

ação

de

uma

inst

itui

ção

de p

esqu

isas

to

man

do

o B

rasi

l co

mo

refe

rênc

ia,

para

cr

iar

estr

atég

ias

próp

rias

e

assi

m

cria

r co

ndiç

ões

favo

ráve

is p

ara

os p

esqu

isad

ores

loc

ais,

for

tale

cer

suas

cap

acid

ades

, etc

.

Mui

tos

país

es c

onta

m c

om p

rogr

amas

de

acei

taçã

o

de

pesq

uisa

dore

s pr

oven

ient

es

de

país

es

em

dese

nvol

vim

ento

, e o

gov

erno

de

Moç

ambi

que

deve

ap

rove

itar

est

as o

port

unid

ades

, cr

iand

o um

sis

tem

a de

col

eta

de in

form

açõe

s e

divu

lgaç

ão d

as m

esm

as.

Alé

m d

o m

ais,

é n

eces

sári

o so

lici

tar

a co

oper

ação

de t

erce

iros

paí

ses

de a

cord

o co

m a

s po

líti

cas

do

país

, ex

plic

ando

-lhe

s as

di

retr

izes

de

de

senv

olvi

men

to a

grár

io e

m r

elaç

ão à

s po

líti

cas

de

dese

nvol

vim

ento

agr

ário

, os

tem

as q

ue e

nvol

vem

a

agri

cult

ura

e as

ten

dênc

ias

desd

e um

pon

to d

e vi

sta

mac

roec

onôm

ico.

Ext

ensã

o A

grár

ia

Est

rutu

raçã

o in

stit

ucio

nal

B

rasi

l ・ C

riaç

ão d

e en

tidad

es c

omo

a E

MA

TE

R p

ara

dar

supo

rte

a pe

quen

os e

méd

ios

prod

utor

es a

gríc

olas

qu

anto

à a

ssis

tênc

ia té

cnic

a, o

SE

NA

R e

ntid

ade

de

educ

ação

cnic

a,

SE

BR

AE・

com

o ag

ênci

a de

assi

stên

cia

ao

pequ

eno

e m

édio

em

pres

ário

no

te

ma

de a

groi

ndús

tria

s, e

com

a c

oope

raçã

o en

tre

esta

s en

tida

des

entr

e si

, fo

i po

ssív

el e

stru

tura

r um

si

stem

a qu

e tr

ouxe

res

ulta

dos

posi

tivo

s.

・ O

S

EN

AR

e

o S

EB

RA

E

fora

m

priv

atiz

ados

post

erio

rmen

te,

mas

seu

fun

cion

amen

to t

em s

ido

cont

inua

do e

for

tale

cido

.

・ O

SE

NA

R c

oloc

a m

oder

ador

es n

as c

omun

idad

es

Moç

ambi

que

O M

inis

téri

o de

Agr

icul

tura

pos

suía

ext

ensi

onis

tas

em s

eu d

epar

tam

ento

de

exte

nsão

agr

ícol

a, m

as c

om

as

polí

tica

s de

de

scen

tral

izaç

ão,

este

s fo

ram

de

sign

ados

às

prov

ínci

as. A

s pr

ovín

cias

cri

aram

um

de

part

amen

to d

e ex

tens

ão a

gríc

ola

nos

cent

ros

de

apoi

o às

ati

vida

des

econ

ômic

as,

onde

des

igno

u os

ex

tens

ioni

stas

, mas

seu

núm

ero

é ba

stan

te p

eque

no.

Nes

tes

cent

ros

se

enco

ntra

o

depa

rtam

ento

de

dese

nvol

vim

ento

rur

al,

mas

não

con

tam

com

um

a di

visã

o qu

e cu

ide

espe

cial

men

te d

a co

nexã

o en

tre

as d

iver

sas

ativ

idad

es d

os p

eque

nos

prod

utor

es c

om

o m

erca

do.

Relatório Final

5-8

nas

quai

s se

ex

ecut

am

as

açõe

s,

de

form

a a

perm

itir

qu

e a

assi

stên

cia

pres

tada

ao

pr

odut

or

poss

a da

r-se

de

man

eira

imed

iata

.

Est

a fu

nção

é c

ober

ta p

elas

ON

Gs,

de

man

eira

que

os

gove

rnos

lo

cais

po

dem

cr

iar

um

sist

ema

que

plan

eje

e ap

óie

a ex

tens

ão d

as e

xper

iênc

ias

exit

osas

pa

ra o

utra

s zo

nas.

Ade

mai

s, f

orm

ar a

gric

ulto

res

que

poss

am

apoi

ar

as

ativ

idad

es

loca

is,

func

iona

ndo

com

o co

orde

nado

res.

EM

AT

ER

/ S

EN

AR

・ A

EM

AT

ER

abs

orve

as

dem

anda

s do

s ag

ricu

ltor

es

de

uma

form

a pa

rtic

ipat

iva

com

re

laçã

o ao

co

nteú

do d

a ex

tens

ão t

écni

ca a

ser

pro

porc

iona

da

e re

aliz

a pr

inci

palm

ente

ões

de

assi

stên

cia

técn

ica

a pe

quen

os

prod

utor

es

(agr

icul

tura

fa

mil

iar)

do

cerr

ado.

Ele

s co

ntam

com

man

uais

de

exte

nsão

técn

ica

e te

m e

xper

iênc

ia n

a fo

rmaç

ão d

e gr

upos

.

・ O

SE

NA

R c

onta

com

a p

arti

cipa

ção

não

som

ente

de p

eque

nos

prod

utor

es m

as t

ambé

m d

e gr

ande

s pr

odut

ores

agr

ícol

as e

ent

idad

es r

elac

iona

das

com

o

seto

r pa

ra, a

trav

és d

e pr

ojet

os d

e tr

eina

men

to n

a zo

na

do

cerr

ado,

re

aliz

ar

açõe

s de

ap

oio

para

m

elho

rar

as h

abil

idad

es t

écni

cas,

ten

do p

orta

nto

expe

riên

cia

em

met

odol

ogia

s de

tr

eina

men

to

efic

ient

es.

Moç

ambi

que

É p

ossí

vel

apro

veit

ar a

log

ísti

ca q

ue p

ossu

em a

s

duas

ent

idad

es b

rasi

leir

as.

Tend

o co

mo

refe

rênc

ia

os

man

uais

de

ex

tens

ão

técn

ica

da E

MA

TE

R e

o s

iste

ma

de t

rein

amen

to

do S

EN

AR

, é

nece

ssár

io c

oncr

etiz

ar u

m s

iste

ma

de

serv

iço

de

exte

nsão

e

trei

nam

ento

di

rigi

do

aos

pequ

enos

ag

ricu

ltor

es

(agr

icul

tura

fa

mil

iar)

, pr

epar

ando

cur

rícu

los,

mat

eria

l ed

ucat

ivo,

man

ual

de a

tivi

dade

s, e

tc. d

os in

stru

tore

s.

É d

e es

peci

al i

mpo

rtân

cia

sele

cion

ar e

det

erm

inar

os

tem

as

que

seja

m

real

men

te

requ

erid

os

pelo

s ag

ricu

ltor

es e

ass

im, d

e ac

ordo

com

o te

ma,

sol

icit

ar

a co

oper

ação

das

ent

idad

es d

e pe

squi

sas,

de

outr

os

min

isté

rios

, O

NG

s e

do

seto

r pr

ivad

o pa

ra

1)

estr

utur

ar u

m s

iste

ma

2) e

leva

r a

capa

cida

de d

e co

orde

naçã

o en

tre

os e

xten

sion

ista

s qu

e ir

ão m

over

o

sist

ema.

É

po

ssív

el

apro

veit

ar

a ex

peri

ênci

a br

asil

eira

nes

tes

aspe

ctos

.

A “

EM

BR

APA

man

dioc

a” v

em c

olhe

ndo

resu

ltad

os

bast

ante

fav

oráv

eis

quan

to à

efi

ciên

cia

nos

proc

esso

s de

moa

gem

de

man

dioc

a, m

elho

ram

ento

de

técn

icas

de

cul

tivo

e d

ifus

ão d

e va

ried

ades

mel

hora

das

na

zona

(in

crem

ento

de

prod

utiv

idad

e de

2,5

vez

es e

m

dois

ano

s) a

prov

eita

ndo

as a

ssoc

iaçõ

es d

e pr

odut

ores

lo

cais

com

o lo

cais

par

a as

prá

tica

s do

s re

sult

ados

de

suas

pes

quis

as.

IIA

M

As

pesq

uisa

s pr

átic

as s

ão p

rati

cam

ente

im

poss

ívei

s de

se

rem

re

aliz

as

pela

fa

lta

de

pesq

uisa

dore

s,

trab

alha

dore

s e

equi

pam

ento

. Por

ém, c

om a

sel

eção

de

um l

ocal

pil

oto,

é p

ossí

vel

dese

nvol

ver

expe

riên

cias

ju

ntam

ente

com

agr

icul

tore

s e

ao m

esm

o te

mpo

pre

star

ex

tens

ão té

cnic

a ao

s ag

ricu

ltor

es.

Ati

vida

des

EM

BR

APA

A “

EM

BR

APA

hor

tali

ças”

des

envo

lveu

um

kit

de

prot

eção

inte

grad

a pa

ra a

vag

em

DN

AE

A

dapt

ar o

mes

mo,

ade

quan

do-o

par

a a

área

do

Est

udo,

as

sim

os

exte

nsio

nist

as p

odem

ide

ntif

icar

o p

robl

ema

clar

amen

te n

o lo

cal p

ara

busc

ar s

oluç

ões

faci

lmen

te.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural

na Savana Tropica

5-9

EM

AT

ER

A

ssoc

iati

vism

o pa

rtic

ipat

ivo

dos

agri

cult

ores

pa

ra

que

a ex

tens

ão té

cnic

a se

ja m

ais

efic

ient

e A

ssoc

iati

vis

mo

SE

NA

R

Rea

liza

tr

eina

men

to

em

dive

rsas

ár

eas

com

o

obje

tivo

de

fo

rtal

ecer

as

as

soci

açõe

s ex

iste

ntes

e

mel

hora

r a

capa

cida

de t

écni

ca d

os a

gric

ulto

res.

Os

cust

os d

o tr

eina

men

to s

ão c

ober

tos

pela

s co

tas

dos

mem

bros

do

SE

NA

R e

de

acor

do c

om o

s ga

stos

de

prod

ução

, qu

e sã

o m

édio

s e

gran

des

agri

cult

ores

. Ta

mbé

m d

e ac

ordo

com

o v

alor

da

prod

ução

, se

re

aliz

am c

olet

as.

Gov

erno

pr

ovin

cial

D

NA

E

É

nece

ssár

io

prom

over

m

udan

ças

no

cará

ter

das

asso

ciaç

ões

de a

gric

ulto

res

exis

tent

es,

que

serv

em

com

o tr

ansm

isso

res

de t

écni

cas

de p

rodu

ção

para

gr

upos

e a

ssoc

iaçõ

es p

ara

aum

enta

r os

ren

dim

ento

s.

Par

a is

so,

é ne

cess

ário

re

aliz

ar

ativ

idad

es

de

cons

cien

tiza

ção

dos

agri

cult

ores

e d

e as

soci

ativ

ism

o pa

rtic

ipat

ivo,

com

o re

aliz

a a

EM

AT

ER

, apr

ende

ndo

mét

odos

de

el

evar

a

cons

cien

tiza

ção

dos

agri

cult

ores

par

a se

r in

corp

orad

as à

s at

ivid

ades

que

se

rea

liza

m a

tual

men

te.

Os

exte

nsio

nist

as

deve

m

apre

nder

as

li

ções

e

expe

riên

cias

br

asil

eira

s no

te

ma

do

mét

odo

de

gest

ão

de

asso

ciaç

ões

de

agri

cult

ores

(f

inan

ciam

ento

, co

ntab

ilid

ade,

adm

inis

traç

ão,

etc.

) pa

ra

que

poss

am

asse

ssor

ar

às

asso

ciaç

ões

de

agri

cult

ores

de

acor

do c

om s

uas

nece

ssid

ades

.

Mel

hora

men

to

de s

olo

EM

BR

APA

E

stab

elec

eu m

étod

os p

ara

corr

igir

a a

cide

z do

sol

o co

m a

apl

icaç

ão d

e ca

lcár

io e

tam

bém

com

prov

ou

mét

odos

de

mel

hora

men

to d

o so

lo c

om o

uso

de

gess

o

IIA

M

A m

esm

a té

cnic

a de

cor

reçã

o de

sol

o ác

ido

que

foi

util

izad

a no

cer

rado

pod

e se

r ap

lica

da n

as r

edon

deza

s da

pr

ovín

cia

de

Gur

ue,

que

apre

sent

a so

los

com

co

ndiç

ões

sem

elha

ntes

, m

as

é ne

cess

ário

se

leci

onar

co

m

cuid

ado

a zo

na,

que

seja

ec

onom

icam

ente

fa

vorá

vel,

tend

o em

con

ta o

s cu

stos

e m

ão d

e ob

ra

nece

ssár

ia p

ara

a ap

lica

ção

do c

alcá

rio.

Pro

duçã

o ag

rope

cuár

iaB

ase

prod

utiv

a

Pre

venç

ão d

a er

osão

E

MB

RA

PA

・ A

lém

de

técn

icas

com

o o

culti

vo e

m c

urva

de

níve

is e

de

cobe

rtur

a ve

geta

l de

sol

o, g

aran

tiu

o cu

ltiv

o se

m a

rage

m m

elho

rand

o ba

stan

te a

ero

são

do s

olo.

・ O

cul

tivo

de

past

o en

tre

os s

ulco

s do

s cu

ltiv

os d

e

mil

ho a

umen

ta a

rac

iona

liza

ção

do u

so d

o te

rren

o e

serv

e de

pre

venç

ão c

ontr

a a

eros

ão d

o so

lo

IIA

M

DN

AE

Dos

12

di

stri

tos

cons

ider

ados

, 5

dele

s (G

urue

,

Mal

ema,

R

ibau

é,

Alt

o M

oloc

e C

uam

ba)

apre

sent

am u

ma

topo

graf

ia a

cide

ntad

a e

apre

sent

am

eros

ão d

e so

lo.

Par

a re

solv

er e

stes

pro

blem

as,

se

cons

ider

a a

intr

oduç

ão d

tec

nolo

gias

de

cult

ivo

em

curv

a de

nív

eis

e a

técn

ica

de c

ulti

vo d

e co

bert

ura

vege

tal

de

solo

(p

lant

io

dire

to)

que

pode

m

ser

apli

cada

s de

ntro

das

con

diçõ

es té

cnic

as lo

cais

. ・

Cas

o ex

ista

m c

ondi

ções

par

a se

adq

uiri

r he

rbic

idas

,

tam

bém

é p

ossí

vel

o cu

ltiv

o se

m a

rage

m d

a te

rra

e os

pe

quen

os

prod

utor

es

som

ente

ne

cess

itar

ão

de

impl

emen

tos

de f

ácil

uti

liza

ção,

com

o m

arac

as.

O

cult

ivo

mis

to d

e m

ilho

e p

asto

é a

dequ

ado

para

os

agri

cult

ores

que

cri

am g

ado.

Relatório Final

5-10

Man

dioc

a E

MB

RA

PA

A “

EM

BR

APA

man

dioc

a” p

erm

itiu

o a

umen

to d

a pr

odut

ivid

ade

da m

andi

oca

de 1

0 t/

ha p

ara

25 t

/ha

com

a m

elho

ria

das

vari

edad

es m

ais

resi

sten

tes

à pr

agas

Mil

ho

EM

BR

APA

D

esen

volv

eu u

ma

vari

edad

e ad

apta

da a

o cl

ima

do

cerr

ado

com

pro

duti

vida

de m

édia

de

9 t/

ha.

Vag

em

EM

BR

APA

D

esen

volv

eu u

ma

vari

edad

e ad

apta

da a

o cl

ima

do

cerr

ado

com

pro

duti

vida

de m

édia

de

2.4

t/ha

.

Arr

oz

EM

BR

APA

D

esen

volv

eu u

ma

vari

edad

e de

arr

oz e

m s

olo

seco

co

m p

rodu

tivi

dade

méd

ia d

e 6

t/ha

. Ta

mbé

m t

em

vari

edad

es c

om p

erío

dos

de g

erm

inaç

ão v

aria

dos

e as

ráp

idas

ger

min

am e

m a

prox

imad

amen

te 8

0 di

as.

IIA

M

DN

AE

A

lém

das

pra

gas,

as

cond

içõe

s na

tura

is d

e so

lo e

águ

a sã

o di

fere

ntes

, alé

m d

isso

, não

é p

ossí

vel s

impl

esm

ente

in

trod

uzir

no

vas

vari

edad

es

que

poss

uem

al

ta

prod

utiv

idad

e gr

aças

à

apli

caçã

o de

te

cnol

ogia

s av

ança

das

de

irri

gaçã

o,

fert

iliz

ação

de

so

lo

e de

fens

ivos

agr

ícol

a de

ntro

da

área

do

Est

udo.

P

orém

, co

nsid

eram

os a

pos

sibi

lida

de d

e pr

omov

er o

us

o da

s se

guin

tes

técn

icas

ag

ríco

las

apli

cada

s no

ce

rrad

o 1)

Int

rodu

ção

de r

ecur

sos

gené

tico

s 2)

Par

tici

paçã

o em

cur

sos

de tr

eina

men

to té

cnic

o 3)

Obt

ençã

o e

uso

de m

ater

ial t

écni

co e

m p

ortu

guês

Gra

njas

de

gali

nha

EM

AT

ER

S

EN

AR

Te

m

uma

tecn

olog

ia

que

perm

ite

a pe

quen

os

prod

utor

es

vend

er

fran

gos

até

4 ve

zes

por

ano,

en

curt

ando

o p

erío

do d

e cr

esci

men

to d

os f

rang

os (

70

dias

).

Gov

erno

pr

ovin

cial

M

uito

s pr

odut

ores

têm

exp

eriê

ncia

na

cria

ção

de

gali

nhas

e é

efe

tivo

im

plem

enta

r m

edid

as d

e ex

tens

ão

de t

écni

cas

de a

dmin

istr

ação

de

cria

ção

de f

rang

os d

e fo

rma

conc

entr

ada

entr

e os

peq

ueno

s pr

odut

ores

, co

m

a aj

uda

do s

etor

pri

vado

.

Lei

te

SE

NA

R

Com

prov

ou a

s po

ssib

ilid

ades

de

prát

icas

agr

ícol

as

dive

rsif

icad

as e

ntre

os

pequ

enos

pro

duto

res

com

a

exte

nsão

de

técn

icas

de

cria

ção

de g

ado

leit

eiro

Gov

erno

pr

ovin

cial

É

po

ssív

el

mel

hora

r as

co

ndiç

ões

nutr

icio

nais

do

s ag

ricu

ltor

es e

tam

bém

pro

duzi

r co

mpo

sto,

atr

avés

de

mét

odos

de

cria

ção

inte

nsiv

a de

gad

o le

itei

ro,

mes

mo

em á

reas

red

uzid

as d

e 1~

2 ha

. P

orém

, é

nece

ssár

io

fert

iliz

ar o

sol

o pa

ra p

lant

ar p

asto

e ta

mbé

m a

pre

senç

a de

chu

vas

para

gar

anti

r a

umid

ade

do s

olo

para

pod

er

prop

orci

onar

pas

to d

uran

te to

do o

ano

.

Pro

duto

s de

au

toco

nsum

o

Cri

ação

de

peix

es d

e ág

ua d

oce

EM

AT

ER

A

ssis

tênc

ia t

écni

ca p

ara

a in

trod

ução

de

cria

ção

de

peix

es

de

água

do

ce

para

a

dive

rsif

icaç

ão

da

prod

ução

de

pequ

enos

agr

icul

tore

s

Gov

erno

pr

ovin

cial

É

nec

essá

rio

iden

tifi

car

as z

onas

que

tem

um

a fo

nte

de

água

ga

rant

ida

dura

nte

todo

o

ano,

ta

mbé

m

é ne

cess

ário

apo

io p

ara

o ca

pita

l in

icia

l e

gara

ntir

um

si

stem

a de

aba

stec

imen

to d

e al

evin

os.

Fei

jão

EM

BR

APA

D

esen

volv

eu u

ma

vari

edad

e ad

apta

da a

o cl

ima

do

cerr

ado

com

pro

duti

vida

de m

édia

de

3 t/

ha.

Pro

duto

s pa

ra

a in

dúst

ria

Tri

go

EM

BR

APA

D

esen

volv

eu u

ma

vari

edad

e ad

apta

da a

o cl

ima

do

cerr

ado

com

pro

duti

vida

de m

édia

de

6 t/

ha(a

méd

ia

da z

ona

para

a c

ampa

nha

2008

/09

foi

em m

édia

de

4.2

t/ha

),

e já

o é

nece

ssár

io

depe

nder

da

impo

rtaç

ão d

o pr

odut

o

IIA

M

Tal

com

o os

pro

duto

s pa

ra o

aut

ocon

sum

o, é

pos

síve

l pr

omov

er

a ap

lica

ção

das

segu

inte

s té

cnic

as

do

cerr

ado:

1)

In

trod

ução

de

recu

rsos

gen

étic

os

2)

part

icip

ação

em

cur

sos

de tr

eina

men

to té

cnic

o 3)

O

bten

ção

e us

o de

mat

eria

l téc

nico

em

por

tugu

ês

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural

na Savana Tropica

5-11

Alg

odão

E

MB

RA

PA

A

prod

utiv

idad

e do

al

godã

o m

elho

rou

de

form

a co

nsid

eráv

el d

esde

os

anos

80,

gar

anti

ndo

técn

icas

de

cul

tivo

e d

e pr

even

ção

de p

raga

s di

rigi

das

ao

pequ

eno

prod

utor

.

IIA

M

O C

entr

o de

Inv

esti

gaçã

o A

lgod

oeir

a qu

e se

enc

ontr

a no

II

AM

de

N

amio

lo,

part

icip

a re

gula

rmen

te

dos

curs

os

de

trei

nam

ento

do

E

MB

RA

PA,

send

o ne

cess

ário

, po

rtan

to e

stru

tura

r um

sis

tem

a qu

e pe

rmit

a po

r em

prá

tica

est

as e

xper

iênc

ias

adqu

irid

as.

Cas

tanh

a de

C

aju

EM

BR

APA

E

xper

iênc

ia

no

mel

hora

men

to

de

vari

edad

es

e pr

oduç

ão

com

a

mel

hor

qual

idad

e do

m

undo

(t

aman

ho e

for

ma)

INC

AJU

ex

iste

um

a re

laçã

o de

co

oper

ação

co

m

o E

MB

RA

PA,

send

o ne

cess

ário

, po

rtan

to e

stru

tura

r um

si

stem

a qu

e pe

rmit

a po

r em

prá

tica

est

as e

xper

iênc

ias

adqu

irid

as.

Can

a de

úcar

E

MB

RA

PA

Exi

ste

uma

tecn

olog

ia a

vanç

ada

dese

nvol

vida

par

a au

men

tar

a pr

oduç

ão q

ue é

uti

lizad

a pa

ra c

onsu

mo

hum

ano

e bi

ocom

bust

ível

. N

este

set

or a

pres

enta

o

grau

mai

s el

evad

o de

res

ulta

dos

em n

ível

mun

dial

.

Gov

erno

pr

ovin

cial

N

a re

gião

do

corr

edor

Nac

ala

não

se p

rodu

z a

cana

de

açúc

ar d

e fo

rma

sist

emát

ica.

Par

a m

elho

rar

a pr

imei

ra

etap

a de

pro

cess

amen

to (

torr

ões)

é i

mpr

esci

ndív

el a

co

nexã

o co

m a

s us

inas

ref

inad

oras

.

Fru

tas

EM

BR

APA

E

MA

TE

R

Tem

mui

ta e

xper

iênc

ia n

a m

elho

ra d

a qu

alid

ade

e na

s po

líti

cas

de e

xten

são

para

a p

rodu

ção

de g

oiab

a,

abac

axi e

cít

rico

s.

Gov

erno

pr

ovin

cial

II

AM

Dá-

se

prio

rida

de

à ex

tens

ão

de

técn

icas

de

cu

ltiv

o ro

tati

vo

com

a

prod

ução

de

m

ilho

e

man

dioc

a,

dese

nvol

vido

pel

o ce

ntro

de

pesq

uisa

s da

man

dioc

a e

frut

as tr

opic

ais

da E

MB

RA

PA

Hor

tali

ças

EM

BR

APA

E

MA

TE

R

Suc

esso

na

mel

hora

de

qual

idad

e de

var

ieda

des

de

ervi

lha

e ce

nour

a,

que

ante

s de

pend

iam

da

im

port

ação

e

agor

a sã

o to

talm

ente

pr

oduz

idas

in

tern

amen

te e

tam

bém

na

prod

ução

de

tom

ate

para

a

indú

stri

a

Gov

erno

pr

ovin

cial

II

AM

As

hort

aliç

as t

êm f

orte

ren

dim

ento

eco

nôm

ico,

sen

do

vant

ajos

as p

ara

a co

mer

cial

izaç

ão.

Por

ém o

mer

cado

de

con

sum

o na

pro

vínc

ia d

e N

ampu

la é

peq

ueno

e é

ne

cess

ário

con

side

rar

o es

tabe

leci

men

to d

e um

sis

tem

a de

com

erci

aliz

ação

que

per

mit

a en

viar

o e

xces

so d

e pr

oduç

ão a

out

ros

mer

cado

s fo

ra d

a pr

ovín

cia.

Nov

os

prod

utos

Pro

duto

s pa

ra

bioc

ombu

stív

eis

EM

BR

APA

L

íder

m

undi

al

nas

técn

icas

de

pr

oduç

ão

de

bioc

ombu

stív

el

a pa

rtir

da

m

andi

oca

e ca

na

de

açúc

ar

D

eve

ser

anal

isad

o ju

ntam

ente

com

as

polí

tica

s de

au

men

to

de

prod

ução

de

al

imen

tos

para

co

nsum

o hu

man

o e

de s

egur

ança

ali

men

tar.

É p

reci

so c

onsi

dera

r qu

e na

s zo

nas

rura

is e

xist

e um

a es

cass

ez d

e al

imen

tos

devi

do à

pro

duçã

o de

ali

men

tos

que

são

diri

gido

s à

indú

stri

a.

Adm

inis

traç

ão

agrí

cola

A

dmin

istr

açã

o agro

pecu

ária

EM

AT

ER

S

EN

AR

C

om t

écni

cas

de c

ulti

vo r

otat

ivo

de m

ilho

e p

asto

de

senv

olvi

das

pela

EM

BR

APA

e c

om t

écni

cas

de

pecu

ária

int

ensi

va f

oi p

ossí

vel

aum

enta

r a

efic

iênc

ia

para

10

cabe

ças

de g

ado/

ha.

DN

AE

A

pec

uári

a oc

orre

de

form

a ex

tens

iva,

uti

liza

ndo

vast

as

área

s e

as p

ossi

bili

dade

s de

ins

tala

r ce

rcas

e f

erti

liza

r o

solo

par

a pl

anta

r pa

sto

são

mui

to r

emot

as.

Por

ém é

po

ssív

el i

ntro

duzi

r va

ried

ades

de

past

o de

ger

min

ação

pida

pa

ra

elev

ar

a pr

oduç

ão

dura

nte

as

époc

as

ince

rtas

de

chuv

as.

Relatório Final

5-12

Agr

icul

tura

or

gâni

ca

EM

AT

ER

・ R

eali

za

assi

stên

cia

técn

ica

para

o

cult

ivo

de

prod

utos

org

ânic

os m

as o

s pr

odut

ores

tem

ace

sso

a ad

ubo

orgâ

nico

. O

m

erca

do

cons

umid

or

dos

gran

des

cent

ros

urba

nos

tem

um

a ca

paci

dade

de

dem

anda

se

is

veze

s m

aior

do

qu

e a

prod

ução

at

ual.

・ O

go

vern

o br

asil

eiro

te

m

uma

enti

dade

pa

ra a

cert

ific

ação

dos

pro

duto

s e

ao m

esm

o te

mpo

em

qu

e fi

scal

iza

a qu

alid

ade

dos

prod

utos

org

ânic

os,

apói

a po

r ou

tro

lado

a g

eraç

ão d

e va

lor

agre

gado

do

s pr

odut

os.

DN

AE

Pod

e-se

diz

er q

ue a

agr

icul

tura

em

Moç

ambi

que

é

uma

agri

cult

ura

orgâ

nica

que

prat

icam

ente

não

ut

iliz

a ag

roqu

ímic

os.

Cas

o te

nham

opo

rtun

idad

e de

obt

er c

ompo

sto,

é

poss

ível

uti

liza

r es

ta t

écni

ca m

as a

s po

ssib

ilid

ades

o m

uito

red

uzid

as.

A m

aior

par

te d

os p

rodu

tore

s nã

o te

m a

cess

o a

um s

iste

ma

de t

rans

port

es,

mas

é

poss

ível

ap

lica

r té

cnic

as

de

uso

de

defe

nsiv

os

orgâ

nico

s e

natu

rais

Pel

a di

ficu

ldad

e de

obt

ençã

o de

mat

éria

pri

ma

para

a fa

bric

ação

de

co

mpo

stos

a

prio

rida

de

é a

intr

oduç

ão d

e ad

ubaç

ão c

om r

esto

s ve

geta

is c

om a

cnic

a de

fer

men

taçã

o.

A o

bten

ção

de c

erti

fica

ções

int

erna

cion

ais

requ

er

gast

os e

xces

sivo

s as

sim

é i

mpo

rtan

te q

ue o

paí

s co

mo

polí

tica

, co

mec

e a

form

ar

uma

enti

dade

ce

rtif

icad

ora.

Mec

aniz

ação

ag

ríco

la

diri

gida

a

pequ

enos

ag

ricu

ltor

es

EM

BR

APA

O

“C

entr

o de

P

esqu

isas

de

L

egum

inos

as”

dese

nvol

veu

maq

uina

ria

agrí

cola

com

o co

lhed

eira

s,

desc

asca

dora

s, s

elec

iona

dora

s de

arr

oz c

om c

asca

, pa

ra s

er u

sada

por

peq

ueno

s pr

odut

ores

de

arro

z.

IIA

M

DN

AE

C

omo

adm

ite

a E

MB

RA

PA,

é po

ssív

el t

rans

feri

r e

util

izar

máq

uina

s e

equi

pam

ento

s (s

eja

via

impo

rtaç

ão

ou p

or f

abri

caçã

o lo

cal)

.

Out

ros

Mel

de

abel

haS

EN

AR

S

EB

RA

I O

SE

NA

R p

rest

a ap

oio

na e

xten

são

técn

ica

para

a

prod

ução

de

m

el

de

abel

ha

para

os

pe

quen

os

prod

utor

es, e

o S

EB

RA

E r

eali

za d

emon

stra

ções

par

a m

étod

os d

e pr

oces

sam

ento

do

prod

uto.

DN

AE

A

exte

nsão

de

cnic

as

de

prod

ução

de

m

el

de

abel

ha

é pr

ovei

tosa

pa

ra

mel

hora

r as

co

ndiç

ões

nutr

icio

nais

do

s pe

quen

os

agri

cult

ores

m

as

o si

stem

a de

pro

cess

amen

to é

def

icie

nte.

Com

o ex

empl

o co

ncre

to,

os r

ecip

ient

es d

evem

ser

impo

rtad

os e

seu

pre

ço,

além

de

supe

rar

o pr

eço

do

mel

, nã

o ap

rese

nta

um

grau

de

he

rmet

ism

o su

fici

ente

par

a qu

e po

ssa

ser

com

erci

aliz

ado.

Nes

ta o

casi

ão n

ão f

oi r

eali

zado

um

est

udo

sobr

e os

mét

odos

de

aber

tura

de

mer

cado

em

preg

ados

pel

o S

EB

RA

E,

assi

m

é ne

cess

ária

um

a an

ális

e m

ais

deta

lhad

a pa

ra v

erif

icar

sua

via

bili

dade

.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural

na Savana Tropica

5-13

Leg

isla

ção

B

rasi

l D

esde

20

01

exis

te

uma

lei

que

obri

ga

aos

prop

riet

ário

s a

rese

rvar

ent

re 2

0 e

30 %

das

áre

as d

e cu

ltiv

o pa

ra m

antê

-las

com

o ve

geta

ção

natu

ral.

O

pro

jeto

PR

OD

EC

ER

des

de s

ua p

rim

eira

eta

pa,

até

a te

rcei

ra

etap

a do

pr

ojet

o ob

riga

co

nser

var

uma

part

e da

s te

rras

co

loni

zada

s e

isto

ve

m

send

o ri

goro

sam

ente

cum

prid

o.

Gov

erno

de

M

oçam

biqu

e G

over

no

prov

inci

al

É p

ossí

vel

elab

orar

um

pro

gram

a pa

ra p

rom

oção

do

dese

nvol

vim

ento

sus

tent

ável

obr

igan

do a

con

serv

ação

na

tura

l, pr

inci

palm

ente

das

ter

ras

pobr

es q

ue n

ão s

ão

próp

rias

pa

ra

a ag

ricu

ltur

a.

Par

a is

so,

é ne

cess

ário

pr

epar

ar

um

prog

ram

a de

us

o de

so

lo

para

es

te

prop

ósit

o.

Pri

mei

ram

ente

é n

eces

sári

o av

alia

r as

pos

sibi

lida

des

de

apli

caçã

o do

s re

gula

men

tos

refe

rent

es à

con

serv

ação

de

bos

ques

.

Téc

nica

s ag

ríco

las

E

MB

RA

PA

Até

ago

ra,

o au

men

to d

a pr

oduç

ão f

oi a

com

panh

ado

da e

xpan

são

dos

terr

enos

de

cult

ivo,

mas

ago

ra s

e es

tá b

usca

ndo

o us

o ef

icie

nte

das

terr

as j

á cu

ltiv

adas

co

m

espe

cial

at

ençã

o na

co

nser

vaçã

o am

bien

tal,

dese

nvol

vend

o te

cnol

ogia

s de

pro

duçã

o su

sten

táve

is.

Com

is

so,

fora

m

dese

nvol

vida

s te

cnol

ogia

s de

cr

iaçã

o in

tens

iva

de g

ado

com

rot

ação

de

past

agen

s e

o cu

ltiv

o m

isto

de

mil

ho e

pas

to.

IIA

M

Par

a el

evar

a

efic

iênc

ia

do

uso

de

solo

pa

ra

a ag

ricu

ltur

a ge

ralm

ente

se

requ

er a

umen

tar

a ap

lica

ção

de i

mpl

emen

tos,

mas

nos

nív

eis

atua

is d

os a

gric

ulto

res

é po

ssív

el

util

izar

co

mo

refe

rênc

ia

as

técn

icas

de

senv

olvi

das

no c

erra

do q

uant

o a

mel

hora

men

to d

os

cult

ivos

mis

tos,

rot

ação

de

cult

ivos

e m

étod

os d

e us

o de

terr

as a

gríc

olas

.

Ext

ensã

o

EM

AT

ER

A

EM

BR

APA

pro

mov

e in

tens

amen

te a

ext

ensã

o da

s té

cnic

as d

e cu

ltiv

o m

ais

efic

ient

e en

tre

os p

eque

nos

e m

édio

s ag

ricu

ltor

es,

que

leva

à

mel

hora

da

s co

ndiç

ões

de

vida

e

ao

mes

mo

tem

po

auxi

lia

a ra

cion

aliz

ação

do

uso

de á

reas

red

uzid

as e

téc

nica

s de

pe

cuár

ia

inte

nsiv

a.

Tam

bém

tr

ata

da

cons

cien

tiza

ção

com

o m

eio

ambi

ente

.

DN

AE

É

pos

síve

l ap

rove

itar

a f

orm

a de

rel

acio

nam

ento

ent

re

os a

gric

ulto

res

e a

assi

stên

cia

técn

ica

sust

entá

vel

das

enti

dade

s re

spon

sáve

is p

ela

exte

nsão

que

pos

sa l

evar

à

mel

hori

a da

s co

ndiç

ões

de

vida

do

s ag

ricu

ltor

es,

apro

fund

ando

a c

ompr

eens

ão d

a po

pula

ção

em q

uant

o à

cons

erva

ção

ambi

enta

l e a

agr

icul

tura

sus

tent

ável

.

Con

serv

ação

am

bien

tal

Edu

caçã

o

S

EN

AR

P

rom

ove

inte

nsam

ente

a

educ

ação

am

bien

tal

nas

esco

las

prim

ária

s fr

eque

ntad

as p

elos

fam

ilia

res

dos

asso

ciad

os.

Moç

ambi

que

DE

AE

É

pos

síve

l co

nstr

uir

um s

iste

ma

que

real

ize

ativ

idad

es

para

ap

rofu

ndar

a

com

pree

nsão

da

po

pula

ção

(cri

ança

s,

jove

ns

e ad

ulto

s)

sobr

e qu

estõ

es

de

cons

erva

ção

do m

eio

ambi

ente

e d

e de

senv

olvi

men

to

sust

entá

vel d

a re

gião

.

Agr

oind

ús-

tria

Far

inha

de

man

dioc

a E

MB

RA

PA

Con

segu

iu-s

e co

nect

ar a

s té

cnic

as d

e au

men

to d

e pr

oduç

ão d

e m

andi

oca

das

prin

cipa

is á

reas

com

o

proc

essa

men

to d

o pr

odut

o, p

ossi

bili

tand

o m

elho

rar

a re

nda

fam

ilia

r do

s pr

odut

ores

e a

o m

esm

o te

mpo

au

men

tar

o va

lor

agre

gado

. Is

to f

oi p

ossí

vel

pela

es

trut

uraç

ão d

e um

sis

tem

a de

coo

pera

ção

com

a

Coo

pera

tiva

de

P

rodu

tore

s de

M

andi

oca

loca

l (C

OO

PATA

N).

Moç

ambi

que

IIA

M

A

agro

indú

stri

a pe

rmit

e ap

oiar

o

aum

ento

de

prod

ução

da

mat

éria

pri

ma

agrí

cola

e a

o m

esm

o te

mpo

pr

omov

er

as

indú

stri

as,

send

o ne

cess

ário

av

alia

r o

aum

ento

da

re

nda

agrí

cola

co

m

a im

plan

taçã

o de

pla

ntas

pro

cess

ador

as s

impl

es q

ue

pode

m s

er e

stab

elec

idas

den

tro

da z

ona

ou d

entr

o da

s co

mun

idad

es r

urai

s.

Tant

o o

gove

rno

de M

oçam

biqu

e co

mo

o go

vern

o

Relatório Final

5-14

prov

inci

al e

stão

bus

cand

o ut

iliz

ar a

man

dioc

a pa

ra a

pr

epar

ação

de

pãe

s.

Com

o fo

rma

de

apoi

ar e

ste

esfo

rço,

ser

ia v

álid

o av

alia

r m

étod

os d

e au

men

tar

a pr

oduç

ão d

e m

andi

oca

para

a i

ndús

tria

e t

écni

cas

de

proc

essa

men

to d

e fa

rinh

a ju

nto

com

a p

rom

oção

do

asso

ciat

ivis

mo

de

coop

erat

ivas

lo

cais

qu

e já

tr

abal

ham

em

co

njun

to

com

a

“EM

BR

APA

m

andi

oca”

.

Fin

anci

amen

to a

gríc

ola

M

icro

créd

ito

Bra

sil

Exi

ste

a po

ssib

ilid

ade

de

util

izar

o

sist

ema

de

fina

ncia

men

to

do

PR

ON

AF

do

B

anco

do

B

rasi

l, di

rigi

do a

os p

eque

nos

prod

utor

es.

Moç

ambi

que

Gov

erno

pr

ovin

cial

Com

re

laçã

o a

intr

oduç

ão

do

sist

ema

de

fina

ncia

men

to

agrí

cola

, ta

nto

o go

vern

o ce

ntra

l co

mo

prov

inci

al

deve

m

cons

ider

ar

o si

stem

a do

P

RO

NA

F

com

o re

ferê

ncia

pa

ra

fina

ncia

r os

pe

quen

os a

gric

ulto

res.

Tant

o o

gove

rno

cent

ral

de M

oçam

biqu

e co

mo

os

banc

os

priv

ados

co

mer

ciai

s de

vem

av

alia

r es

te

sist

ema

de f

inan

ciam

ento

.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-1

CAPÍTULO 6 DIRETRIZES DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO NA ÁREA DO CORREDOR DE NACALA (SAVANA TROPICAL) ATRAVÉS DA COOPERAÇÃO TRILATERAL

6.1. Razão do Desenvolvimento Agrário na Área do Corredor de Nacala (Savana Tropical)

6.1.1. Peculiaridades da Agricultura Local e Necessidade do Desenvolvimento

Na região alvo de estudo vivem cerca de 720.000 famílias de produtores, que correspondem

a cerca de 24% de agricultores de todo o país, tornando Nampula a província com maior

número de agricultores. Mas a área média da propriedade de uma família é de 1.0 ha, menor

que a média nacional (1.3 ha), e a taxa de pobreza da província também é maior que a média

nacional. Além disso, a demanda efetiva é de apenas 250.000 pessoas que habitam na cidade

de Nampula e proximidades. Que pode resultar facilmente na queda de preços devido ao

excesso de produção. Refletindo o mercado restrito da região, a maioria dos produtores

cultivam basicamente milho e mandioca para a subsistência. Para se obter renda, os

produtores dependem principalmente da venda de matéria-prima (algodão, tabaco, castanha

de caju, etc.) para empresas de processamento.

Prevê-se que a taxa média anual de crescimento populacional da província de Nampula, nos

próximos 10 anos, seja de 2.5%, e estima-se que a população total em 2020 seja de 6 milhões

de pessoas. Cerca de 45% da população é composta por jovens com 15 anos ou menos, e

prevê-se o crescimento ainda maior dessa faixa etária. A taxa de desemprego da província é

de cerca de 20%. Se não houver aumento da oportunidade de emprego para a população na

idade de ingressar no mercado de trabalho, essa taxa irá se elevar, assim como o índice de

pobreza. Para evitar que isso aconteça, é necessário tomar medidas que promovam, no

mínimo, um crescimento econômico maior que a taxa de crescimento populacional. Por isso,

torna-se um desafio imprescindível para o desenvolvimento sustentável da economia

regional o aumento da produtividade do setor agrícola que absorve mais de 90% da

população economicamente ativa.

Como indica a Figura 6.1.1, actualmente a maior contribuição do PIB, com 32%, vem dos

grandes pecuaristas (produtores de carne bovina) e grandes produtores de madeira, que

juntos representam menos de 1% do total de agricultores da província. Quase toda a madeira

é exportada para a China e Oriente Médio na forma de toras sem nenhum processamento.

Pode-se dizer, através da figura seguinte, que a pobreza real da província não poderá ser

Relatório Final

6-2

reduzida sem o desenvolvimento do setor de produção agrícola e de processamento agrícola,

que é a principal fonte de renda dos agricultores e que emprega 95% de toda a população

agrícola da província.

Fonte: Dados do Departamento econômico da Direcção provincial da agricultura de Nampula, 2009

Figura 6.1.1 Contribuição de Cada Setor no PIB Provincial de Nampula (%)

6.1.2. Possibilidade de Aumento da Produção Agrícola

(1) Cadeia de Valores

A peculiaridade do setor agrícola da região alvo do estudo é a existência de grande número

de microprodutores e do mercado restrito. Mas, por outro lado, os produtos agrícolas

cultivados principalmente pelos pequenos produtores são acrescidos de grande valor na

distribuição e etapa final do produto final, como indica o Tabela 6.1.1 (também apresentado

no capítulo 3, Tabela 3.3.2).

Até mesmo o milho, produzido como cultura de subsistência por praticamente todos os

agricultores, custa 0.1 dólar/kg (preço do produtor) quando vendido sem processamento, e

como farinha de milho chega a custar 0.9 dólar/kg (preço de varejo), ou seja, consegue-se

valorizar 9 vezes. Por outro lado, existem produtos como o gergelim que, apesar de haver

possibilidade de processamento para se obter óleo, é exportado sem processamento, sem

agregar qualquer valor.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-3

Tabela 6.1.1 Geração do Valor Agregado por Cada Produto Agrícola

Unidade: dolar/kg

Milho Algodão Castanha de

caju Gergelim Tabaco Soja

Preço na machamba 0,1

Intermediários

0,2

Varejo/Indústrias

0,9

(Moinho)

Exportação (FOB)

0,4

1,2 (Fio)

0,7 (óleo)

0,5

0,6 (com

casca)

4,50 (sem

casca)

1,02

1,07 (In

natura)

1,20

3,15 (folhas

secas)

0,5

(óleo)

(farelo)

Destino Mercado

interno Exportação Exportação Exportação Exportação

Indústria de

ração

nacional

(2) Opinião de EMBRAPA

Além da agregação de valor como instrumento de aumento da renda do pequeno e médio

agricultor, é importante serem agregados ao projecto os espaços agroeconômicos da

província de Niassa e do oeste da Zambézia, como forma de incorporar as áreas agricultáveis

indicadas pela EMBRAPA e, com isto, viabilizar a realização de investimentos na produção

agrícola em escala comercial.

6.1.3. Impacto Econômico do Setor de Processamento Agrícola

Nos últimos 10 anos (1998-2007), o crescimento médio anual do PIB de Moçambique foi de

8,0%. Como resultado, o PIB per capita aumentou de 114 dólares, em 1995, para 400 dólares,

em 2007. Este rápido crescimento se deve aos 5 megaprojetos (das empresas Mozal, Sasol,

Moma, Moatize e Chibuto) de exploração de recursos (fundição de alumínio, gás natural,

Objetivois raros), que juntos respondem por 80% de toda a exportação do país (de 2008).

A quantia investida por essas empresas em megaprojetos varia entre 1 bilhão e 2,5 bilhões de

dólares, por meio do investimento direto estrangeiro (FDI) de grande escala, e são

desenvolvidos negócios de capital intensivo principalmente na capital do país, Maputo, e

arredores. Por outro lado, na região alvo de estudo, foram estabelecidas mais de 20 pequenas

empresas de processamento agrícola de diversos produtos como castanha de caju, algodão,

tabaco, gergelim, banana, soja e frango.São empresas de trabalho intensivo cuja quantia de

investimento varia entre 50 mil dólares a 80 milhões de dólares, no máximo.

O Tabela 6.1.2 compara a capacidade de absorção de emprego dos megaprojetos e das

empresas de processamento agrícola da região alvo do estudo. A empresa de criação de

frangos, cujo investimento foi de 1,3 milhão de dólares, emprega 1.070 pessoas, incluindo os

Relatório Final

6-4

trabalhadores da fábrica e agricultores contratados, mais que os 1.000 empregados (dentre os

quais 650 são moçambicanos) da Mozal, que é a maior empresa dentre os megaprojetos. A

empresa de produção de bananas, Moza Banana (parceria com a Chiquita na produção,

processamento e distribuição), que iniciou sua operação em 2009 e prevê iniciar a venda em

2011, emprega 18.000 trabalhadores. Daí percebe-se o grande impacto das indústrias de

processamento agrícola na geração de empregos.

Tabela 6.1.2 Capacidade de Absorção de Emprego das Empresas de Processamento Agrícola

Megaprojetos Empresas de processamento agrícola da região alvo de estudo

1. Nome da

empresa Mozal Sasol Moma

New

Horizontal

Sonil

Fábrica

Condor

Nuts

Moza

Banana

2. Setor Alumínio Gás natural Metal Criação de

frango Tabaco Castanha de caju Banana

3. Investimento

(unidade: 1

milhão de

dólares)

2.400 1.200 500 1,3 - - 80

4. Empregos

gerados

1.000

(650) *1

-

(250)

425

(124)

Fábrica: 186

Família de

agricultores:

890

Fábrica: 100

Família de

agricultores:

2.500

Fábrica: 750

Família de

agricultores:

sem dados

Fazenda e

distribuição:

18.000

5. Mercado Exportação Exportação Exportação Interno Exportação Exportação Exportação

Nota: *1 Entre parênteses, o número de trabalhadores moçambicanos.

Fonte: Megaprojetos: Instituto para a promoção de exportações, Instituto de estudos sociais e econômicos.

Empresas de processamento agrícola: Equipe de estudo da JICA.

6.2. Objetivos e Orientações do Plano de Desenvolvimento

6.2.1. Objetivos de Desenvolvimento

(1) Objetivo geral de desenvolvimento

O projeto de desenvolvimento na zona do Corredor de Nacala busca atender regionalmente

os desafios do Governo de Moçambique de garantir a segurança alimentar e nutricional do

país; melhorar a qualidade de vida da população promovendo a competitividade da produção

nacional e elevando a renda dos produtores; e promover a economia regional orientada para

o mercado com o uso sustentável dos recursos naturais e preservação ambiental, cujo alvo

maior é alcançar o objetivo de desenvolvimento do milênio de erradicar a extrema pobreza e

a fome. Segue assim as orientações das políticas de desenvolvimento agrário do país

indicadas nos programas nacionais e provinciais como a Estratégia da Revolução Verde, o

Plano de Ação para a Produção de Alimentos (PAPA), Estratégia de Investigação, Estratégia

de Extensão, e o Plano de Estratégico para o Desenvolvimento do Setor Agrário (PEDSA).

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-5

Até então, nos Programas Quinquenais do Governo, a erradicação da pobreza sempre foi

citada como objetivo principal, e a agricultura e o desenvolvimento rural eram considerados

setores prioritários de desenvolvimento. No Programa Quinquenal em vigência atualmente,

que é o terceiro, dentre os setores, o aumento da produtividade dos setores relacionados à

agricultura é especialmente enfatizado. Além disso, o Plano de Ação para a Redução da

Pobreza Absoluta (PARPA II) (2006-2009), em vigência, considerado o plano de ação do

Programa Quinquenal do Governo, enfatiza principalmente o crescimento econômico, e visa

revolucionar principalmente o desenvolvimento rural.

Por outro lado, em termos de políticas agrárias, pode ser citado o Plano de Ação para a

Produção de Alimentos (PAPA), aprovado em 2008 e elaborado como plano de

implementação da Estratégia de Revolução Verde, de 2007. O Plano enfatiza a cadeia de

valores da produção alimentar, com o objetivo de aumentar a produtividade e a produção de

todos os principais produtos, para reduzir a dependência de alimentos importados. Além

disso, o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Setor Agrário (PEDSA 2010-2019), um

plano de médio/longo prazo, que está sendo elaborado atualmente, tem como visão a

concretização do setor agrário sustentável e competitivo, e considera como pilares da

estratégia de desenvolvimento:

1) Segurança alimentar e melhoramento nutricional;

2) Fortalecimento da competitividade da produção nacional e aumento da renda do

produtor agrícola; e

3) Utilização sustentável dos recursos naturais e proteção ambiental.

No novo Plano Estratégico de Desenvolvimento da Província de Nampula 2010-2020 (PEP),

são citados os seguintes pilares da estratégia de desenvolvimento:

1) Promoção do desenvolvimento econômico;

2) Construção de uma administração participativa, por meio da capacitação pessoal;

3) Desenvolvimento de infra-estruturas e melhoramento do ambiente; e

4) Desenvolvimento de recursos humanos e sociais.

Além disso, no Plano Estratégico de Desenvolvimento Distrital (PEDD) dos distritos, que

são a unidade administrativa básica de desenvolvimento, segundo a Lei dos Órgãos Locais

do Estado (LOLE), a redução da pobreza e o desenvolvimento econômico são igualmente

estabelecidos como objetivos.

Assim, pode-se dizer que o Projeto de desenvolvimento agrário das regiões próximas ao

Corredor de Nacala está de acordo com o objetivo geral do governo central, e com as

estratégias de desenvolvimento do setor agrícola, da província e dos distritos. Além disso, ele

deve ser um Projeto que contribui para a concretização destas. Para tanto, é necessário se

Relatório Final

6-6

elaborar um plano de desenvolvimento que possa colaborar para a realização dos seguintes

itens, tendo-se como objetivo a concretização do desenvolvimento agrário sustentável que se

preocupa com a proteção ambiental:

1) Desenvolvimento para concretizar a segurança alimentar e melhoramento

nutricional;

2) Desenvolvimento para concretizar o fortalecimento da competitividade da produção

nacional, com vistas ao mercado, e aumento de renda dos produtores rurais; e

3) Desenvolvimento levando-se em consideração a utilização sustentável dos recursos

naturais e proteção ambiental.

(2) Diretriz básica

As diretrizes, entendidas aqui, como o caminho a ser percorrido para se alcancar o

Desenvolvimento Agrário do Corredor de Nacala por meio de Cooperação Trilateral, implica

em compromissos dos três Governos do Japão, Brasil e Mocambique de que as ações serão

contínuas e de longo prazo, suscetíveis de ajustes no decorrer do processo necessariamente.

Para assegurar a segurança alimentar do país, o aumento sustentável da produção agrária,

elevar a renda e rentabilidade do produtor em geral promovendo o aumento da produção

agrária orientada para o mercado, há que se intervir em todos os segmentos da cadeia de

valor como: insumos; produção, escoamento, armazenagem, processamento e distribuição

para os mercados interno e externo. Entretanto, a eficiência e eficácia destas intervenções

dependem das condições do Governo em exercer sua função financiadora, reguladora,

fiscalizadora, provedora de serviços públicos e facilitadora da ação das instituições e dos

cidadãos.

Para apoiar o Governo de Moçambique na execução de seu papel, a cooperação deve, com

foco no Corredor de Nacala, atuar em áreas que propiciem a construção de um modelo

sustentável, competitivo e inclusivo que contemple o aumento da produção agrícola

orientada para o mercado interno e externo, o aumento da competitividade dos produtores; o

uso sustentável das águas, florestas e solos e o desenvolvimento/fortalecimento das

instituições do setor agrário.

Sendo assim, as ações deverão ser priorizadas e estarem focadas nos seguintes seguimentos:

1) Aumento da produtividade: buscar o desenvolvimento de tecnologias que aumentem

o rendimento; melhoria de solo; criação de banco de dados, mapas, zoneamento

agro-ecológico;

2) Sistema de logística: melhorar o sistema buscando a redução de custos e perdas;

distribuição de insumos, equipamentos;

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-7

3) Serviços de apoio ao setor agrícola: fortalecer continuamente a estrutura e capital

humano da pesquisa e desenvolvimento; do sistema de extensão rural; da defesa

agropecuária; do sistema de crédito (cooperativas de crédito, sistema bancário); e

comercialização, promovendo a capacitação, treinamento e formação profissional;

4) Promoção da diversidade agrícola e processamento: apoio a clusters estratégicos

(grãos, tubérculos, carnes, frutas, algodão, madeira, biocombustíveis, hortaliças);

5) Fortalecimento da competitividade: treinamento e capacitação profissional e

estruturação de um sistema voltado para exportação e mercado doméstico;

6) Melhoria das condições de vida dos produtores: prover infraestrutura básica de vida

como moradia, escola, energia, saúde e estradas.

7) Apoio contínuo à extensão agrária e formação de profissionais rurais: estando apto a

interagir com o sistema de P&D na transferência de tecnologia; validar tecnologias;

apoiar a tomada de decisão do produtor; promover o associativismo/cooperativismo;

8) Financiamento à produção: elaboração de linhas de financiamentos para atividades

agro pecuárias da Agricultura Familiar (pessoa física) e Empresarial (pessoa jurídica)

de custeio e investimento;

9) Sustentabilidade: criação de políticas governamentais que assegurem o mercado

mínimo, criando um estoque regulador; garantia de preços, política de incentivo à

exportação; mecanismo de garantia de compra pelos promotores da cooperação;

10) Conservação ambiental: promover boas práticas de conservação dos solos e da

biodiversidade, evitar erosão, recompor matas ciliares e formação de corredores

ecológicos, erradicar a prática de queimadas; criar política de pagamento por

serviços ambientais; fazer inventário dos recursos hídricos, o uso múltiplo das águas.

Vale destacar que as ações devem ter como base uma legislação clara e transparente, com a

participação ativa e direta da população ou por meio de suas instâncias representativas.

6.2.2. Zoneamento da Região Alvo

A sustentabilidade nos dias atuais é o grande desafio dos processos de desenvolvimento, e

para vencê-lo é necessário utilizar-se todas as ferramentas e subsídios técnicos disponíveis.

O zoneamento ecológico econômico (ZEE) consitui um dos principais subsídios que permite

a orientação das políticas públicas, das ações voltadas ao meio ambiente, da definição de

áreas prioritárias, dos investimentos do Governo e da sociedade civil segundo as

peculiaridades de cada região. O ZEE configura-se também como ferramenta essencial de

apoio e informações de base organizada para o planejamento e gestão territorial.

Relatório Final

6-8

Foram identificados em Moçambique quatro trabalhos que trazem algumas informações

sobre zoneamento no Corredor de Nacala. São eles:

(1) Aptidão Agro-Climatica Generalizado para Produção de Culturas, projeto FAO /

UNDP / MOZ / 75 / 011, 1982; escala 1:1.000.000;

(2) Reservas Florestais de Nampula: Situação Atual e Perspectivas - GCP / MOZ / 056 /

NET, 1998;

(3) Zoneamento Ecologico-Economico dos Recursos Florestais da Província de

Nampula, projeto FAO / GCP / MOZ / 056 / NET, 1999; escala 1:1.000.000;

(4) Situação Geral dos Recursos Hídricos da Região - ARA Centro Norte -

Administração Regional de Águas, relatório técnico, 2006

Com base nos documentos acima citados e nas observações de campo feitas durante as duas

visitas realizadas na área do Estudo, dividimos, para efeito deste trabalho, o Corredor de

Nacala em quatro áreas (Figura 6.2.1) conforme abaixo descritas. Entretanto vale observar

que as informações existentes não permitem a clara identificação da situação edafo, climática

e hídrica do Corredor de Nacala, sobretudo a edáfica. Assim, é importante que seja elaborado

um ZEE em escala compatível e com as variáveis necessárias à boa realização do projeto de

desenvolvimento agrário do Corredor de Nampula.

Zona I (Área de Prioridade da Conservação)

Esta zona está localizado dentro da seguinte Zona II. Trata-se de uma área sensível sujeita à

grande impacto ambiental, pois abrange as nascentes/cabeceiras dos rios formadores das

bacias hidrográficas dos rios Lúrio e Ligonha. Predominam na área formações montanhosas

com altitudes que variam de 500 a 1.700 metros. A precipitação anual varia entre 1.160mm a

1.800 mm. A vegetação é do tipo bosque de montanha que sempre se mantém verde e tem

crucial importância na formação do sistema hídrico. Incluem-se nesta zona de fragilidade

acentuada os vales dos rios Malema, Niualo, Nioce e rio Muanda, que já sofrem intenso

impacto ambiental pela atividade humana. A atividade agrária nesta região deve ser reduzida.

Zona II (Área de Semiúmido)

Do paralelo 35º30’E ao paralelo 38ºE. Abrange os Distritos de Mandimba, Cuamba, Malema,

Gurue, Alto Molocue e parte oeste de Ribaue. Trata-se de uma área que apresenta

semelhanças com o Cerrado brasileiro em termos de cobertura vegetal (observação de

campo) e precipitação anual que em Moçambique varia de 1.150 mm a 1.650 mm e no Brasil

(cerrado) varia de 1.200 mm a 1.500 mm. Segundo informações da ARA Centro Norte o

balanço hídrico da área é positivo, indicando haver bom potencial agrário. Entretanto, há que

se aprofundar estudos dos tipos de solos existentes, para que se possa identificar sua real

aptidão. Na região de Cuamba e Mandimba foi identificada a produção de culturas de

rendimento (agricultura comercial) como grãos, hortaliças, tabaco e reflorestamento.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-9

Zona III (Área de Transição))

Do paralelo 38ºE ao paralelo 39ºE. Abrange os Distritos de Ribaue, Murrupula e oeste de

Nampula. A cobertura vegetal é mais baixa com solos mais arenosos (observação de campo)

e assemelha-se a áreas de transição do Cerrado no Brasil, para o semi-árido. Segundo os

dados pluviométricos obtidos, a área apresenta uma precipitação que varia de 1.150 mm a

1.200 mm. Conforme o Mapa de Potencial de Solos do ZEE da Província de Nampula

elaborado pela FAO/1999, a maior parte dos solos foi classificada - em termos de fins

agrários - como sendo de níveis III (médio potencial) e IV (baixo potencial) com algumas

manchas de nível II (alto potencial). A classificação acima foi simplificada diante da

complexidade de solos identificados pelo ZEE da FAO, mais de setenta tipos.

Zona IV (Área de Semiárido)

Do paralelo 39ºE ao paralelo 40º15’E. Abrange os Distritos de Nampula, Mogovolas,

Meconta, Muecate e Monapo. Dados mostram que a precipitação diminui no sentido

oeste/leste, ou seja, do interior para o mar. A variação é de 1.150 mm a 950 mm e

concentra-se apenas nos meses de dezembro a abril. A cobertura vegetal (observação de

campo) assemelha-se as regiões no nordeste brasileiro. As culturas são adequadas aos meses

de melhor precipitação e tipos de solo, como por exemplo, o algodão. E a cultura perene que

predomina é o caju que resiste melhor a períodos de seca. Vale ressaltar que segundo o ZEE

da FAO de 1999, o potencial para fins agrários da área varia dos níveis I (alto potencial) a V

(muito baixo potencial), passando pelos níveis II (alto), III (médio) e IV (baixo).

Fonte: ARA Centro Norte, 2006

Figura 6.2.2 Mapa de Isoetas de Precipitação

Relatório Final

6-10

6.2.3. Objetivo do Desenvolvimento Rural (Direção do Desenvolvimento)

Considerando as peculiaridades do setor agrícola da região alvo de estudo, citadas

anteriormente, propõe-se na região alvo a “promoção do desenvolvimento rural local com

base na agroindústria”, visando impulsionar a agricultura local por meio do desenvolvimento

agrícola com alto valor agregado e apoio aos pequenos produtores, que representam a maior

parte dos agricultores da região.

Esta proposta visa o estabelecimento de uma estrutura unificada que engloba tanto a

produção como o processamento agrícola, que compõem a agroindústria. Além disso,

espera-se que aumentando a competitividade do setor de processamento agrícola, seja

possível estabilizar a produção agrícola, e consequentemente aumentar a competitividade do

setor agrícola, gerando uma sinergia entre os setores. Em outras palavras, não se trata

simplesmente de medidas provisórias para resolver o problema do excesso de produção,

impulsionando o setor de processamento. Trata-se da concretização do desenvolvimento

rural local que gera um efeito econômico diversificado, estabilizando a produção agrícola e

absorvendo empregos, por meio da garantia de um novo mercado.

A agroindústria, citada como objetivo do desenvolvimento, é considerada a indústria

relacionada à agricultura. Nela, há a indústria de produção agrícola, que corresponde

principalmente à agricultura que emprega maior número de trabalhadores da região alvo de

estudo, e, como indústrias afins, que existem, além da indústria de distribuição, as indústrias

de fornecimento de semente, fertilizante, agroquímico, máquinas agrícolas, instalações, etc.

Para promover o desenvolvimento rural com base na agroindústria, deve-se enfatizar a

promoção do processamento agrícola, que tem maior capacidade de gerar valor agregado, e

possibilitar a sua colaboração com o setor de produção agrícola que emprega os agricultores

que representam 90% da população total da região.

Além disso, no setor de agroindústria, normalmente o valor agregado gerado é

proporcionalmente maior em relação à quantia investida, comparando-se com outras

indústrias, ou seja, trata-se de um investimento com maior retorno. Este fato pode ser

confirmado pelo Figura 6.2.1, que mostra a geração do valor agregado. Para se aumentar a

rentabilidade do investimento em toda a região alvo de estudo, é extremamente importante

investir mais neste setor. Para superar o obstáculo que é a existência de um mercado restrito

e desenvolver a potencialidade latente de desenvolvimento peculiar da região alvo do estudo,

deve-se guiar o desenvolvimento da agroindústria para uma indústria de processamento

voltada para exportação.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-11

6.3. Considerações das Medidas para a Concretização do Objetivo de Desenvolvimento

Para se promover o desenvolvimento regional, propõem-se o desenvolvimento rural local

com base em uma agroindústria abrangente que englobe a produção, distribuição

(incluindo-se o armazenamento), processamento e venda. A seguir, serão analisadas 4

medidas (aumento da produtividade agrícola, promoção do processamento agrícola,

organização dos produtores e criação e melhoramento da base de produção) que

possibilitarão a realização do objetivo de desenvolvimento. Essas medidas complementam-se

mutuamente, e a análise foi feita principalmente focalizando-se a concretização do

desenvolvimento rural local baseado na agroindústria.

6.3.1. Aumento da Podutividade Agrícola

Como foi citado no capítulo 2, a safra de principais produtos agrícolas de Moçambique

(produtividade da terra) está estagnada por mais de 30 anos, e a sua produtividade é menor

que outros países africanos (Vide a Figura 2.2.1 do Capítulo 2). A situação da região alvo de

estudo é semelhante à do resto do país, e o Ministério da Agricultura de Moçambique, a

Direcção provincial da agricultura de Nampula e os países e órgãos que apoiam o

desenvolvimento agrícola do país (FAO, Banco Mundial, FIDA, USAID) apontam os

seguintes factores como causas da baixa produtividade agrícola:

(1) Pequena área de terra por produtor e produção que depende da chuva;

(2) Produção agrícola baseada em trabalho manual;

(3) Dificuldade de acesso ao mercado (insuficiência de estradas para transporte de

produtos agrícolas);

(4) Insuficiência de técnicas de produção voltadas para o mercado;

(5) Pouco investimento em materiais de produção, como fertilizantes, sementes

melhoradas, etc.;

(6) Técnicas de extensão inadequadas para a capacidade dos agricultores;

(7) Deficiência do sistema de extensão técnica (insuficiência absoluta de extensionistas

e materiais de divulgação).

Estes fatores apontados parecem apropriados, mas ainda não explicam totalmente a causa da

persistência da baixa produtividade na região alvo e em todo o país por vários anos. Os

principais produtores agrícolas da região alvo de estudo são microprodutores com cerca de 1

ha de área média de terra. É difícil esperar de um microprodutor algum investimento para

aumentar a safra e a produtividade, sem oferecer-lhe garantia de preço de compra e garantia

de risco. É imprescindível verificar no campo a escala das atividades dos produtores e o

nível da técnica de cultivo, para em seguida se realizar a extensão técnica e concretizar

Relatório Final

6-12

medidas que incluam a criação de um sistema de técnicas adequadas que garantam a

lucratividade, com investimento que não seja elevado mas que seja compatível com a forma

de produção, além do fornecimento de incentivo necessário (criação de um sistema de venda

e de distribuição dos produtos, crédito, etc.) para que os produtores adotem essas técnicas

para aumentar a produtividade. Acredita-se que a insuficiência desse tipo de apoio e de

medidas agrícolas globais tenham sido a causa da persistência de baixa produtividade

agrícola no país.

Para se superar esses desafios, é preciso definir que o programa de apoio ao projeto de

promoção do desenvolvimento rural local com base na agroindústria, seja definido como

Objetivo de desenvolvimento, para em seguida estudar os projetos individuais que

respondam a ele. O quadro 6.3.1 mostra as causas da baixa produtividade agrícola da região

alvo de estudo e as respectivas propostas de medidas para a sua solução.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento

Rural na Savana Tropical

6-13

Tab

ela

6.3

.1 D

esa

fio

s p

ara

o A

um

en

to d

a P

rod

utiv

ida

de

na

Re

giã

o A

lvo

do

Est

ud

o e

Pro

po

sta

s d

e M

ed

ida

s

Set

or

Alv

o P

rinc

ipai

s de

safi

os té

cnic

os

Con

diçã

o at

ual

P

ropo

sta

de m

edid

as

Reg

ião

de

cult

ivo

nôm

ade/

itin

eran

te c

om

quei

mad

as

・ B

aixa

fer

tili

dade

do

solo

dev

ido

ao

cult

ivo

que

se c

arac

teri

za p

ela

agri

cult

ura

pred

ador

a.

・ C

urto

per

íodo

de

alqu

eive

. ・

Dis

puta

pel

a te

rra

a se

r qu

eim

ada.

Pri

ncip

ais

prod

utos

são

man

dioc

a e

mil

ho.

・ P

rom

oção

do

cult

ivo

em á

reas

fix

as.

Des

envo

lvim

ento

de

técn

icas

de

plan

tio

dire

to.

Téc

nica

s de

cob

ertu

ra d

o so

lo (

adub

ação

ver

de,

resí

duos

de

alim

ento

s, e

tc.)

.

・ T

écni

ca d

e ro

taçã

o ra

cion

al.

・ M

elho

ram

ento

da

técn

ica

de c

ontr

ole

de e

rvas

dani

nhas

.

・ P

rom

oção

da

técn

ica

de a

prov

eita

men

to d

e

estr

umes

. ・

Intr

oduç

ão e

des

envo

lvim

ento

de

técn

ica

de

cont

role

de

apli

caçã

o de

fer

tili

zant

es.

・ C

riaç

ão d

e la

bora

tóri

o de

aná

lise

de

fert

iliz

ação

do

solo

.

Terr

eno

com

de

cliv

es

・ E

rosã

o.

・ D

imin

uiçã

o da

fer

tili

dade

do

solo

. ・

Pro

duçã

o de

chá

pel

as e

mpr

esas

des

de a

épo

ca c

olon

ial.

・ P

lant

ação

de

arro

z no

s va

les.

Pri

ncip

al p

rodu

to é

o m

ilho

.

Ibid

em a

cim

a, e

: ・

Cul

tivo

em

cur

va d

e ní

vel.

Sistema de cultivo

Terr

eno

aren

oso

・ B

aixa

fer

tili

dade

do

solo

; ・

Sec

a.

・ A

gric

ultu

ra e

xten

siva

pri

ncip

alm

ente

de

cast

anha

de

caju

, man

dioc

a e

amen

doim

.

・ D

esen

volv

imen

to d

e té

cnic

a de

cul

tivo

ent

re-s

afra

(ger

geli

m, a

men

doim

, vag

em, t

rigo

, etc

.).

・ C

ober

tura

do

solo

. ・

Sis

tem

a de

irri

gaçã

o si

mpl

es.

・ In

trod

ução

de

técn

ica

de f

erti

liza

ção

raci

onal

. ・

Des

envo

lvim

ento

de

vari

edad

e re

sist

ente

à s

eca.

Produtos cultivados

Mil

ho

・ G

rand

e da

no p

rovo

cado

pel

a br

oca

do m

ilho

(O

stri

nia

furn

aca

lis)

. ・

Doe

nça

do m

osai

co, f

erru

gem

, dan

os

caus

ados

pel

os p

ássa

ros,

etc

.

・ D

esen

volv

imen

to d

e va

ried

ades

ric

as

em n

utri

ente

s.

・ D

imin

uiçã

o da

fal

ta d

e al

imen

tos

ante

s da

col

heit

a.

・ C

riaç

ão d

e va

ried

ade

resi

sten

te à

seca

.

・ F

oi a

pres

enta

da v

arie

dade

ric

a em

pro

teín

a de

senv

olvi

da

por

SU

MM

YT

(Q

PM

: Qua

lity

Pro

tein

Mai

ze).

Inex

istê

ncia

de

labo

rató

rio

para

aná

lise

de

nutr

ient

es.

・ In

ício

da

prod

ução

org

aniz

ada

da s

emen

te d

e va

ried

ade

cujo

cre

scim

ento

é m

ais

rápi

do (

Mat

uba,

90

dias

de

cult

ivo)

, par

a di

min

uir

a oc

orrê

ncia

da

falt

a de

ali

men

tos

logo

ant

es d

a co

lhei

ta.

・ M

elho

ram

ento

da

técn

ica

de c

ulti

vo (

util

izaç

ão d

e

cult

ivo

para

atr

air

pest

es, e

tc.)

. ・

Pro

moç

ão d

a ut

iliz

ação

e p

rodu

ção

de s

emen

te

saud

ável

que

não

est

eja

cont

amin

ada.

Des

envo

lvim

ento

de

vari

edad

e re

sist

ente

a d

oenç

as.

・ C

riaç

ão d

o si

stem

a de

ext

ensã

o de

sem

ente

mel

hora

da.

・ A

poio

técn

ico

ao c

ulti

vo d

e se

men

te m

elho

rada

. ・

Cri

ação

de

labo

rató

rio

de n

utri

ente

dos

ali

men

tos.

Relatório Final

6-14

Set

or

Alv

o P

rinc

ipai

s de

safi

os té

cnic

os

Con

diçã

o at

ual

P

ropo

sta

de m

edid

as

Man

dioc

a ・

Doe

nça

do li

stra

do c

asta

nho

(CB

SD:

Cas

sava

Bro

wn

Stre

ak

(Vir

us)

Dis

ease

) qu

e ca

usa

o ap

odre

cim

ento

do

tubé

rcul

o.

・ D

oenç

a do

mos

aico

(C

MD

: Cas

sava

Mos

aic

Dis

ease

).

・ M

urch

a ba

cter

iana

(C

BB

: Cas

sava

Bac

teri

al B

ligh

t), e

tc.

・ C

riaç

ão d

e va

ried

ade

resi

sten

te à

seca

. ・

Des

envo

lvim

ento

de

vari

edad

e ri

ca

em n

utri

ente

s.

・ D

esen

volv

ida

pelo

Ins

titu

to I

nter

naci

onal

de

Agr

icul

tura

Tro

pica

l (II

TA)

a va

ried

ade

resi

sten

te a

o li

stra

do

cast

anho

(N

achi

nyay

a).

Com

a a

juda

da

US

AID

, o I

IAM

inic

iou

o cu

ltiv

o

orga

niza

do d

a va

ried

ade

resi

sten

te a

o li

stra

do c

asta

nho

(em

200

7), e

a e

staç

ão e

xper

imen

tal d

e N

ampu

la c

ria

as

mud

as p

ara

prom

over

a s

ua e

xten

são.

・ D

esen

volv

ida

pela

EM

BR

APA

um

a va

ried

ade

rica

em

caro

teno

.

・ A

ext

ensã

o é

feit

a pr

inci

palm

ente

pel

a O

NG

, e a

popu

laçã

o al

vo é

lim

itad

a.

・ D

esen

volv

imen

to d

e va

ried

ade

resi

sten

te ta

nto

à

doen

ça d

o m

osai

co c

omo

à m

urch

a ba

cter

iana

.

・ C

riaç

ão d

o si

stem

a de

ext

ensã

o da

var

ieda

de

mel

hora

da.

・ A

poio

técn

ico

ao c

ulti

vo d

e se

men

te m

elho

rada

.

・ C

riaç

ão d

e la

bora

tóri

o de

nut

rien

te d

os a

lim

ento

s.

Cas

tanh

a de

ca

ju

・ F

erru

gem

:

a) O

diu

m a

naca

rdii

b)

Coll

etotr

ichum

glo

eosp

ori

oid

es

(tip

o de

ant

racn

ose)

.

・ D

anos

cau

sado

s po

r in

sect

o:

Hel

opel

tis

sp.

・ D

esen

volv

ida

uma

vari

edad

e co

m r

elat

iva

resi

stên

cia

a

Odiu

m a

naca

rdii

(5.

12-P

A).

A E

MB

RA

PA A

groi

ndus

tris

Tro

pica

l ofe

rece

cola

bora

ção

para

a in

trod

ução

de

germ

opla

sma

resi

sten

te a

est

a do

ença

, mas

ape

sar

da r

eali

zaçã

o de

te

ste

para

o s

eu c

ulti

vo (

a L

ei b

rasi

leir

a pr

oíbe

a s

aída

pa

ra o

ext

erio

r de

mud

as),

as

cara

cter

ísti

cas

da

vari

edad

e ai

nda

não

fora

m d

efin

idas

, e o

s re

sult

ados

ob

tido

s sã

o in

sati

sfat

ório

s.

・ A

inda

não

se

dese

nvol

veu

vari

edad

e re

sist

ente

a

Coll

etotr

ichum

glo

eosp

ori

oid

es.

・ D

evid

o à

exte

nsa

área

de

cult

ivo

e ca

paci

dade

econ

ômic

a de

bili

tada

dos

pro

duto

res,

é d

ifíc

il o

uso

de

inse

ctic

idas

e b

acte

rici

das.

Diz

-se

que

a pl

anta

de

caju

pro

duz

por

cerc

a de

100

anos

, mas

o r

epla

ntio

de

vari

edad

es m

ais

resi

sten

tes

não

está

sen

do r

eali

zado

.

Iden

tifi

caçã

o de

gen

e re

sist

ente

a d

oenç

as a

trav

és

da e

ngen

hari

a ge

néti

ca.

C

riaç

ão d

e va

ried

ades

res

iste

ntes

. ・

D

esen

volv

imen

to d

e té

cnic

as d

e cu

ltiv

o qu

e

dim

inua

as

doen

ças.

Arr

oz

・ D

eter

iora

ção

pecu

liar

da

vari

edad

e.

・ B

aixa

pro

duti

vida

de (

cerc

a de

1ton

/ha)

・ O

Min

isté

rio

da A

gric

ultu

ra in

icio

u o

aum

ento

da

prod

ução

de

sem

ente

de

vari

edad

e de

boa

qua

lida

de.

Não

est

á se

ndo

real

izad

o o

mel

hora

men

to d

a va

ried

ade

para

se

cria

r um

a va

ried

ade

que

se a

dapt

e às

ca

ract

erís

tica

s re

gion

ais.

・ C

riaç

ão d

o si

stem

a de

ext

ensã

o de

sem

ente

s.

・ M

elho

ram

ento

da

vari

edad

e co

nsid

eran

do a

s

cara

cter

ísti

cas

regi

onai

s.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento

Rural na Savana Tropical

6-15

Set

or

Alv

o P

rinc

ipai

s de

safi

os té

cnic

os

Con

diçã

o at

ual

P

ropo

sta

de m

edid

as

Soj

a ・

Rac

iona

liza

ção

do s

iste

ma

de

rota

ção.

Cri

ação

de

vari

edad

e re

sist

ente

à

seca

.

・ A

ON

G a

mer

ican

a (C

LU

SA

) in

icio

u a

exte

nsão

do

cult

ivo

com

a a

juda

fin

ance

ira

do g

over

no n

orue

guês

(N

OR

AD

) (e

m 2

003)

. ・

É u

m d

os p

rinc

ipai

s pr

odut

os c

itad

os n

o pl

ano

de a

ção

para

pro

duçã

o de

ali

men

tos

do M

inis

téri

o da

ag

ricu

ltur

a.

・ O

can

al d

e di

stri

buiç

ão a

inda

não

foi

est

abel

ecid

o.

A p

esqu

isa

é co

nsid

erad

a um

des

afio

pel

o II

AM

(des

envo

lvim

ento

de

nova

s va

ried

ades

, m

elho

ram

ento

do

sist

ema

de r

otaç

ão, e

tc.)

. ・

E

xten

são

de té

cnic

as d

e pr

oces

sam

ento

(le

ite

de

soja

, etc

.) n

o ní

vel d

e fa

míl

ia e

com

unid

ade.

Bat

ata-

ingl

esa

・ G

aran

tia

de b

atat

a se

men

te d

e bo

a

qual

idad

e .

・ A

lto

cust

o de

pro

duçã

o (i

rrig

ação

,

fert

iliz

ante

, ins

etic

ida,

bac

teri

cida

, tr

ansp

orte

, etc

.)

・ G

aran

tia

da te

rra

para

rot

ação

.

・ P

rodu

tos

impo

rtad

os b

arat

os d

a

Áfr

ica

do S

ul.

・ O

s pr

inci

pais

pro

duto

res

são

as e

mpr

esas

que

pos

suem

capi

tal.

・ M

elho

ram

ento

da

técn

ica

de c

onse

rva

de b

atat

a

sem

ente

.

・ M

elho

ram

ento

da

técn

ica

de a

plic

ação

de

fert

iliz

ante

s e

agro

quím

icos

.

Ver

dura

s

・ A

lto

cust

o de

pro

duçã

o (s

emen

te,

irri

gaçã

o, f

erti

liza

nte,

inse

tici

da,

bact

eric

ida,

tran

spor

te, e

tc.)

.

・ O

s pr

odut

ores

são

lim

itad

os a

aqu

eles

cap

azes

de

tran

spor

tar

os p

rodu

tos

ao m

erca

do e

de

inve

stir

em

m

ater

iais

de

prod

ução

.

・ M

elho

ram

ento

da

técn

ica

de a

plic

ação

de

fert

iliz

ante

s e

agro

quím

icos

. ・

Téc

nica

de

cult

ivo

que

econ

omiz

e ág

ua.

Bat

ata-

doce

Des

envo

lvim

ento

da

vari

edad

e ri

ca

em n

utri

ente

s.

・ D

esen

volv

ida

vari

edad

e ri

ca e

m c

arot

eno.

Cri

ação

do

sist

ema

de e

xten

são

da v

arie

dade

mel

hora

da.

Apo

io té

cnic

o ao

cul

tivo

de

sem

ente

mel

hora

da.

・ C

riaç

ão d

e la

bora

tóri

o de

nut

rien

te d

os a

lim

ento

s.

Coc

o ・

Am

arel

ecim

ento

leta

l do

coqu

eiro

(let

hal y

ello

win

g di

seas

e).

・ D

eter

iora

ção

do s

etor

do

coco

dev

ido

à pr

opag

ação

do

amar

elec

imen

to le

tal.

・ S

ua c

ausa

é d

esco

nhec

ida.

・ E

scla

reci

men

to d

a ca

usa

do a

mar

elec

imen

to le

tal.

・ C

riaç

ão d

e va

ried

ade

resi

sten

te.

Sivicultura

Em

per

curs

o o

desm

atam

ento

sem

pla

neja

men

to.

・ A

reg

ião

desm

atad

a nã

o es

tá s

endo

ref

lore

stad

a.

・ E

stud

o de

cam

po d

a ár

ea d

esm

atad

a.

・ R

ecol

ha e

con

serv

ação

de

recu

rsos

gen

étic

os d

e

espé

cies

end

êmic

as.

Mel

hora

men

to e

ext

ensã

o de

técn

icas

de

refl

ores

tam

ento

.

・ A

tivi

dade

s de

con

scie

ntiz

ação

da

popu

laçã

o

quan

to à

pro

tecç

ão d

a na

ture

za.

・ C

riaç

ão d

e le

is e

reg

ulam

ento

s pa

ra a

pro

moç

ão

cont

rola

da d

a si

vicu

ltur

a.

Relatório Final

6-16

Set

or

Alv

o P

rinc

ipai

s de

safi

os té

cnic

os

Con

diçã

o at

ual

P

ropo

sta

de m

edid

as

Procedimento

após a colheita

Todo

s os

pr

odut

os

・ G

rand

e pe

rda

na c

olhe

ita.

Bai

xa té

cnic

a de

con

serv

ação

de

sem

ente

.

・ E

stim

a-se

que

cer

ca d

e 10

a 4

0% d

a co

lhei

ta e

stej

a se

perd

endo

.

・ P

erde

-se

mui

tas

sem

ente

s pa

ra o

sem

eio,

o q

ue

preo

cupa

os

pequ

enos

pro

duto

res.

risc

o de

con

tam

inaç

ão p

ela

afla

toxi

na, p

ois

após

a

colh

eita

do

mil

ho, a

sec

agem

não

é d

evid

amen

te f

eita

.

・ M

elho

ram

ento

e e

xten

são

de p

acot

es té

cnic

os.

Est

udo

de c

ampo

sob

re a

s co

ndiç

ões

após

a

colh

eita

do

mil

ho.

Des

envo

lvim

ento

de

técn

icas

de

trat

amen

to

pós-

colh

eita

de

mil

ho q

ue p

odem

ser

ado

tada

s pe

los

prod

utor

es.

Sistema de irrigação

simples

・ N

a re

gião

de

pequ

eno

decl

ive,

num

a al

titu

de d

e 20

0 a

600m

, há

rios

peq

ueno

s e

méd

ios,

ond

e é

poss

ível

a

cria

ção

de s

iste

ma

de ir

riga

ção

sim

ples

.

・ H

á m

édio

pro

duto

r qu

e po

ssui

inst

alaç

ão d

e ir

riga

ção

sim

ples

(S

r. A

ngel

o J.

Fon

seca

, pro

prie

tári

o de

300

ha,

re

side

nte

na c

idad

e de

Mut

uali

, dis

trit

o de

Mal

ema)

.

・ H

á ár

eas

onde

a p

opul

ação

cri

ou in

stal

ação

de

irri

gaçã

o

sim

ples

(re

gião

de

Mut

ipa,

pró

xim

a à

cida

de d

e M

utua

li, d

istr

ito

de M

alem

a, d

entr

e ou

tros

).

・ E

stud

o da

s ár

eas

cand

idat

as p

ara

inst

alaç

ão d

e

irri

gaçã

o si

mpl

es.

・ E

stud

o de

cas

os d

e re

giõe

s co

m e

xper

iênc

ia e

aqui

siçã

o de

liçõ

es.

Ins

tala

ção

de s

iste

ma

de ir

riga

ção

sim

ples

com

a

part

icip

ação

da

com

unid

ade.

Ori

enta

ção

de g

estã

o e

man

uten

ção

do s

iste

ma

de

irri

gaçã

o si

mpl

es.

Car

ne b

ovin

a ・

Dan

os c

ausa

dos

pela

mos

ca ts

é-ts

é.・

Acr

ésci

mo

de v

alor

agr

egad

o

(eng

orda

, etc

.).

・ O

gov

erno

rea

liza

um

a ve

z ao

ano

a v

acin

ação

prev

enti

va g

ratu

ita

de g

ado

bovi

no.

・ E

xten

são

da v

acin

a pr

even

tiva

.

・ E

xten

são

dos

serv

iços

vet

erin

ário

s.

・ M

elho

ram

ento

da

qual

idad

e da

raç

ão.

Pecuária

Ave

s do

més

tica

s-

Pro

paga

ção

de d

oenç

as c

omo

doen

ça d

e N

ewca

tle.

Ext

ensã

o da

vac

ina

prev

enti

va.

Man

dioc

a ・

Aum

ento

do

valo

r ag

rega

do.

・A

prov

eita

-se

som

ente

a m

andi

oca

crua

ou

a su

a fa

rinh

a,

prod

uzid

a pe

la in

dúst

ria

dom

ésti

ca (

prat

o pr

inci

pal,

chim

a).

・ I

ntro

duçã

o da

técn

ica

indu

stri

al d

e m

oage

m.

・ T

écni

ca d

e ap

rove

itam

ento

da

fari

nha

de

man

dioc

a (f

abri

caçã

o de

pão

, etc

.).

・ I

ntro

duçã

o da

técn

ica

indu

stri

al d

e am

ido.

Int

rodu

ção

da té

cnic

a de

fab

rica

ção

de r

ação

a

part

ir d

as s

uas

folh

as e

talo

s.

Produtos para processamento

Cas

tanh

a de

ca

ju

・ G

eraç

ão d

e va

lor

agre

gado

. ・

Apr

ovei

ta-s

e so

men

te a

cas

tanh

a (s

em c

asca

).

・ D

esen

volv

imen

to d

a té

cnic

a de

apr

ovei

tam

ento

da

frut

a (p

êra

de c

aju)

(co

mo

gelé

ia, s

uco,

etc

.).

・ D

esen

volv

imen

to d

a té

cnic

a de

apr

ovei

tam

ento

da

casc

a (t

inta

, etc

.).

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-17

6.3.2. Promoção do Processamento Agrícola

(1) Cluster agrícola

A área cultivável da região alvo do estudo é relativamente extensa, considerando o número

de habitantes, portanto pode-se dizer que apresenta vantagens na área da agricultura

intensiva. Tradicionalmente a região possui experiência em exportação e processamento de

algodão, tabaco e castanha de caju. Recentemente foram introduzidos a soja e o gergelim,

com uma produção em crescimento. Assim, acredita-se que a região apresente grandes

perspectivas no setor de processamento agrícola. Mas em entrevista feita em uma empresa de

processamento agrícola, descobriu-se que, por falta de matéria-prima, a operação da fábrica

vem diminuindo, e a falta de materiais para o processamento (plástico, rótulo, recipiente,

etc.) e de infraestrutura para o transporte são as principais causas da baixa competitividade.

No setor de processamento agrícola, há falta de colaboração horizontal e vertical entre o

produtor agrícola e a empresa de processamento, e também entre estes e o setor de

distribuição e de fornecimento de materiais necessários. Assim, pode-se dizer que o

obstáculo é a falta de aproveitamento dos recursos.

Para se promover a indústria de processamento agrícola, propõe-se o método estratégico de

desenvolvimento do cluster agrícola para promover o efeito de indução (sinergia) do

desenvolvimento industrial do produto agrícola que é a matéria-prima, e dos produtos da

indústria de processamento primário, secundário e terciário (produto final), além de

indústrias afins. Originalmente, um cluster refere-se à aglomeração industrial geográfica,

mas aqui refere-se ao conjunto de setores industriais envolvidos na produção agrícola, que é

a matéria-prima, e no seu processamento. As indústrias afins relacionadas à agroindústria são

inúmeras. Assim, utiliza-se o conceito de cluster para limitar o conjunto, restringindo-o

somente aos setores com estreita relação no input e output. Acredita-se que limitando o

âmbito do cluster, torna-se possível focalizar o desenvolvimento econômico da região alvo

do estudo, e possibilitar a apresentação de proposta de medidas mais eficientes.

(2) Seleção do produto agrícola e produto processado pelo cluster agrícola

É necessário selecionar o produto agrícola e o produto a ser processado considerando-se o

tamanho do mercado da região alvo, que é bastante limitado, e procurando criar um produto

final com alto valor agregado, voltado para exportação. Além disso, o produto final deve ter

potencialidade de produção em toda a região do corredor de Nacala, que é a região alvo do

estudo, deve ser competitivo na exportação, e possuir valor agregado=capacidade de

absorção de emprego. Deve-se levar em consideração também a experiência em produção e

exportação, a potencialidade de exportação, além de se valorizar a capacidade técnica dos

produtores e o impacto ambiental da produção, para não gerar grandes alterações na forma

atual de se praticar a agricultura e a gestão agrícola.

Relatório Final

6-18

Sob a perspectiva acima, propõe-se padrões para a escolha dos produtos agrícolas e artigos

processados prioritários conforme o Tabela 6.3.2.

Tabla 6.3.2 Padrão para a Escolha dos Produtos Agrícolas e Artigos Processados Prioritários

Padrões Produto agrícola (produtor) Artigo processado (empresa)

Potencialidade de produção (se é possível

produzir)

・ Há muitos produtores que cultivam o

produto. ・ Possui vasta experiência em cultivo. ・ Há garantia de rendimento estável

mesmo com baixo investimento. ・ Pode-se introduzir a técnica de modo

relativamente fácil. ・ Há muita área adequada para o

cultivo. ・ Há prioridade política.

・ Há abundância de matéria-prima (pode-se

adquirir por baixo custo, de modo estável, e pode-se transformar em diversos artigos).

・ Possui técnicas de processamento. ・ Possui base e instalações de produção. ・ Possui resultados e experiências.

Potencialidade de exportação (se é possível

vender)

・ É matéria-prima diferenciada. ・ É possível garantir o fornecimento

estável da matéria-prima.

・ Possui preço competitivo (há possibilidade

de se ter preço competitivo). ・ É possível fabricar um produto

diferenciado. ・ Há mercado grande.

Capacidade de se gerar valor agregado (se é

lucrativo)

・ O produtor que produz a

matéria-prima pode ter um alto rendimento.

・ Possui alto valor agregado (é possível

aumentar a taxa de valor agregado). ・ Há capacidade de absorção de emprego (é

empresa de trabalho intensivo para beneficiar principalmente os pequenos produtores).

・ Possibilita alta sinergia às indústrias afins

e de base. ・ Pode-se minimizar a influência da

oscilação de preços. ・ Promove a criação de novas empresas.

(3) Cluster agrícola prioritário

Muitas vezes são fabricados no cluster agrícola diversos artigos a partir de uma única

matéria-prima, e aproveitando-se os seus subprodutos, são criados novos artigos.

Considerando-se a economia de escopo, o fortalecimento da competitividade do cluster

agrícola pelo método acima citado é mais prático como tentativa de desenvolvimento

regional e é mais aplicável como modelo de desenvolvimento, do que escolher um produto

agrícola ou artigo processado específicos para em seguida tentar aumentar a sua

produtividade ou a competitividade na exportação. Assim, será analisada a promoção do

desenvolvimento do setor de processamento agrícola por meio deste método. O Tabela 6.3.3

mostra os produtos e artigos processados finais prioritários propostos para se promover o

cluster agrícola.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-19

Tabela 6.3.3 Sumário do Cluster Agrícola (seleção de produtos agrícolas e produtos finais prioritários)

Indústrias afins (setor) Cluster agrícola

Primária Secundária Terciária Produto agrícola

Produto intermediário

Produto final

Ração composta Produção de cereais, Produção pecuária

Ração composta, Derivados de leite, Produtos de carne

Materiais de produção, Armazenamento,Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição

Milho, Mandioca, Soja, etc.

Ração composta Carne de frango, Carne bovina,Derivados do leite

Verduras Produção de verduras

Indústria de alimentos congelados, Indústria de enlatados e engarrafamento,Liofilização

Materiais de produção, Armazenamento,Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição

Tomate, etc. Derivados do tomate (puré, etc.) Tomate fresco

Frutas Produção de frutas, Produção de cultura perene para artesanato

Indústria de enlatados e engarrafamento,Frutas secas

Materiais de produção, Armazenamento, Transportação, Distribuição

Castanha de caju, Banana, Laranja, etc.

Bagaço, Madeira para combustível

Suco de fruta, Castanha, Frutas fresca

Madeira Silvicultura, Produção de kenaf

Manufactura, Indústria de fabricação de madeira compensada, Indústria de materiais de construção, Indústria de fabricação de móveis, Indústria de fabricação de papel

Materiais de produção, Armazenamento, Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição

Recursos florestais, Kenaf, etc.

Bagaço Móveis, Materiais de construção, Madeira compensada,Papelão

Algodão Produção de algodão

Indústria de fiação, Indústria têxtil,Indústria da tintura, Indústria de corte e costura

Materiais de produção, Armazenamento,Transportação (ferrovia, camiões), Distribuição

Algodão Fio de algodão, Tecido de algodão, Óleo de algodão

Fio de algodão, Tecido de algodão, Margarina

Bio combustível Produção de cana-de-açúcar, Indústria de produção de jatrofa, Indústria de produção de eucalipto, , Indústria de produção de palmeiras

Produção de carvão Processamento de imprensa de óleo

Materiais de produção, Armazenamento,Transporte, Distribuição

Cana-de-açúcar, Eucalipto, Palmeiras, Jatrofa, etc.

Carvão Bagaço

Bio combustível

Apresentamos a seguir o modelo de expansão dos clusters de castanha de caju e mandioca,

que são os produtos tradicionais da região alvo de estudo, e do cluster de ração composta

fabricada da soja, que é um produto novo com perspectivas de crescimento:

Relatório Final

6-20

Exemplo 1: ideia do cluster de produção de castanha de caju

Exemplo 2: ideia do cluster de produção de mandioca

Castanha de caju

Processamen

to (sumo,

geleia, etc.)

Castanha

sem casca

Casca

Fruta (pêra)Castanha

Tinta,

etc.

Exportação

Exportação

Exportação

Exportação

Combustível

Castanha de caju

Processamen

to (sumo,

geleia, etc.)

Castanha

sem casca

Casca

Fruta (pêra)Castanha

Tinta,

etc.

Exportação

Exportação

Exportação

Exportação

Combustível

Farinha

Seca

Mandioca

Venda

Folhas e talosCrua

Pelota

Ração

Etanol Resíduos

de amido

AmidoAlimento

processado

(bolo, pão,

etc.)

ChipsFarinha

Exportação

Venda

ExportaçãoDextrina,

amido

processado,

etc.

Exportação

ExportaçãoRação

Farinha

Seca

Mandioca

Venda

Folhas e talosCrua

Pelota

Ração

Etanol Resíduos

de amido

AmidoAlimento

processado

(bolo, pão,

etc.)

ChipsFarinha

Exportação

Venda

ExportaçãoDextrina,

amido

processado,

etc.

Exportação

ExportaçãoRação

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-21

Exemplo 3: ideia do cluster de produção de ração composta

6.3.3. Organização dos Produtores

(1) Aumento da conscientização dos produtores quanto à importância da

organização

Grande parte dos pequenos produtores da região alvo se reinstalou no local após o término

da guerra civil, pois durante a guerra foram obrigados a se refugiarem para outras regiões do

país ou para o exterior. Assim, a consciência de direito econômico, social e político de cada

pessoa (família) é debilitada. Justamente por isso, os projetos de doadores e ONGs adotam

métodos para complementar e fortalecer a consciência de direito, organizando os pequenos

produtores.

Há vários fatores que impedem o aumento da produtividade, e, consequentemente, da renda,

dos pequenos produtores. Por exemplo, acesso limitado a insumos agrícolas (semente

melhorada, fertilizante, agroquímico), pouco conhecimento sobre novas técnicas, medidas de

combate a pragas e doenças, falta de informações sobre compradores e meios de transporte

dos produtos colhidos ao mercado, dificuldade de se obter fundos para adquirir materiais,

equipamentos e serviços, etc., desafios esses já citados anteriormente. Mas, mesmo que

individulamente os produtores tenham uma frágil consciência dos seus direitos, ao se

organizarem em grupos e reunirem suas forças individuais, serão capazes de ter maior acesso

a informações e serviços de extensão do Ministério da Agricultura e fazer a colheita e a

distribuição coletivas. Assim, aumentarão as chances de os intermediários virem até a

comunidade para comprar e recolher os produtos. Além disso, se os grupos formarem uma

entidade gestora, e se cadastrarem como pessoa jurídica, poderão abrir conta bancária e

Exportação

Soja

Bagaço de soja

Óleo de soja

Ração composta (milho+bagaço de soja)

Milho

Exportação

Exportação

Carne bovina

Leite de

vaca

Frango para

grelha

Galinha para

produção de ovos

Carne suína

Exportaçãoviva

Couro Vísceras Carne congelada

Leite fresca

CarneDe

galinha

Estrumede

galinha

Ovo Carnesuína

Estrume de porco

Manteiga Queijo IogurteLeite em pó

Exportação

Exportação

Soja

Bagaço de soja

Óleo de soja

Ração composta (milho+bagaço de soja)

Milho

Exportação

Exportação

Carne bovina

Leite de

vaca

Frango para

grelha

Galinha para

produção de ovos

Carne suína

Exportaçãoviva

Couro Vísceras Carne congelada

Leite fresca

CarneDe

galinha

Estrumede

galinha

Ovo Carnesuína

Estrume de porco

Manteiga Queijo IogurteLeite em pó

Exportação

Relatório Final

6-22

receber empréstimos. Nesse sentido, na região alvo é essencial a organização dos produtores

em grupos e associações.

Entretanto, antes de se organizar os produtores, é preciso atentar para um ponto. Não basta

criar organizações. É necessário que os próprios produtores identifiquem os desafios para o

desenvolvimento, e descubram por si mesmos que para solucioná-los, a organização é um

meio eficaz, mais que os meios individuais. Se os próprios produtores descobrirem as

vantagens de uma organização por si mesmos, aumentará neles a consciência de serem os

donos dela, possibilitando o seu autodesenvolvimento duradouro. Especialmente em

Moçambique, há algumas peculiaridades, como o fracasso da Cooperativa agrícola na época

em que o país adotava o sistema socialista, o que provocou nos produtores uma aversão às

organizações, e a destruição das comunidades pela guerra civil. Assim sendo, se os futuros

projetos pretendem promover a organização dos produtores, é necessário destinar tempo

suficiente para aumentar a consciência de todos os produtores e promover a formação de

líderes.

(2) Esclarecer o objetivo da formação de organizações

Após a identificação dos desafios do desenvolvimento dos produtores e das comunidades, é

preciso refletir, em primeiro lugar, o que é preciso fazer para solucionar o problema (objetivo

das atividades), e, em seguida, definir quais atividades devem ser priorizadas (definição das

prioridades). Os objetivos das organizações dos produtores que hoje atuam na região alvo

podem ser classificados basicamente em um dos seguintes 5 itens (para mais detalhes,

consulte o item 3.7.3 Organização dos produtores):

1) Receber os serviços de extensão rural;

2) Fortalecimento do auxílio mútuo;

3) Coleta e distribuição comunitária de produtos;

4) Acesso a financiamento rural;

5) Gestão de bens comuns.

Mas analisando os grupos e associações de produtores que trabalham na região alvo, eles não

possuem necessariamente um só objetivo, há muitos que trabalham para mais de um objetivo.

Além disso, há grupos que se organizaram para receber os serviços de extensão rural, mas

ampliaram as suas atividades, por exemplo, fortalecendo a relação de auxílio mútuo dos seus

membros, ou iniciaram os trabalhos de coleta e distribuição coletiva para realizar as

negociações de modo organizado. Inclusive há grupos que se cadastraram como pessoa

jurídica e conseguiram obter financiamento com maior facilidade, ou que adquiriram um

bem comum (como equipamentos agrários ou armazéns), utilizando fundos do governo

provincial ou distrital.

Para se trabalhar em grupo ou na forma de associação, tornam-se necessários, no mínimo, o

planejamento, divisão de tarefas e regras, e quem os define são os próprios produtores. Em

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-23

especial, é essencial o estabelecimento de regras. Os grupos ou associações que desenvolvem

os trabalhos com êxito são aqueles cujos membros conseguem explicar as regras do próprio

grupo, e estão conscientes das penalidades a que estão sujeitos no caso de infracção de regras

ou funções. Assim, inicialmente deve-se criar o planejamento, a divisão de tarefas e as regras

básicas, para depois complementá-los à medida que as atividades forem se desenvolvendo.

(3) Criação da entidade executora e de gestão da organização

O número de membros e a entidade executora e gestora da organização variam conforme o

objetivo da organização. Explica-se a seguir o número de membros e a entidade gestora das

associações da região alvo, separados por objetivo do grupo.

1) Receber os serviços de extensão rural

No serviço de extensão oferecido pelo Ministério da Agricultura, são formados grupos

compostos por 20 a 25 famílias, e o CDR é formado na propriedade de uma das famílias

membro para realizar a extensão de técnicas aos seus membros. Assim, todas essas 20 ou 25

famílias de produtores moram relativamente próximas. Muitos grupos não possuem uma

entidade gestora, e funcionam somente como receptor (local) de extensão rural e cursos.

Nos projetos de ONGs, são formados grupos compostos por 10 a 40 famílias de produtores.

Como todos os membros devem participar da reunião semanal, tornam-se membros aqueles

que moram num raio de 5km do local da reunião. Como diversas atividades da ONG são

desenvolvidas a partir desses grupos, que são a unidade básica, estes possuem uma entidade

gestora (comissão, diretoria e membros do conselho). Há regiões que formaram uma

associação dos grupos de produtores (Forum), juntando-se vários grupos.

A participação em grupo/associação não é obrigatória em nenhum dos casos.

2) Fortalecimento do auxílio mútuo

É igual no caso do item 1).

3) Coleta e distribuição comunitária de produtos

Como a vantagem da coleta e distribuição comunitária de produtos consiste em juntar grande

quantidade de produtos, muitas vezes eles são realizados reunindo-se as unidades básicas

(grupos e associações) citadas no item 1). No caso da IKURU, apresentado no item 3.7.3, as

cooperativas da associação dos produtores (FORA) juntaram-se e formaram uma empresa,

tornando possível a formação de uma organização maior, para melhorar a eficiência da coleta

e distribuição. (Vide o item 3.7.3, para mais detalhes sobre o funcionamento da IKURU). A

IKURU atualmente realiza desde o cultivo até o distribuição de gergelim e soja em conjunto.

Além disso, cada grupo e associação realizam de modo independente a distribuição de outros

produtos.

Relatório Final

6-24

A maioria dos grupos e associações de produtores da região alvo não iniciaram a coleta e o

sistema de distribuição comunitários desde a sua formação. A maioria organizou

primeiramente o grupo ou a associação, que é a unidade básica, para em seguida desenvolver

a atividade de coleta e distribuição comunitárias. Mas existem casos em que havia na região

próxima, grupos ou associações que realizavam a coleta e o distribuição comunitárias que

ampliaram as atividades para demais áreas.

4) Acesso ao financiamento rural

O acesso ao financiamento rural, na região alvo, é extremamente limitado. Para se receber o

empréstimo, é preciso cadastrar-se como pessoa jurídica, e em seguida abrir uma conta

bancária. Há distritos que utilizam o Fundo de Iniciativa Rural, para apoiar as associações de

produtores registradas como pessoa jurídica e que possuem conta bancária, na compra de

equipamentos agrícolas (tratores, animal para tração animal, etc.). Na maioria das vezes,

essas associações são compostas por diversos grupos de produtores, que são a unidade

básica.

Para se receber financiamento bancário, não basta cadastrar-se como pessoa jurídica: muitas

vezes é preciso uma garantia de uma organização confiável. Por exemplo, a CLUSA emite

um certificado de garantia para os produtores considerados emergentes e que já receberam o

seu apoio, para que possam obter financiamento bancário. Para receber este certificado, os

produtores devem satisfazer algumas condições estabelecidas pela CLUSA, como resultados

alcançados até então, áreas cultivadas, etc.

5) Gestão de bens comuns

Como esse tipo de grupo ou associação é formado de acordo com o tipo de bem comum, o

número de membros sofre variações. Mas como é necessário se fazer a gestão e manutenção

do bem comum, é preciso estabelecer-se o planejamento, entidade gestora e regras.

(4) Atividades de capacitação

1) Formação de líderes

Para se fazer a gestão e operação harmoniosas de uma organização, é essencial que a

formação de pessoal identifique líderes. Dependendo do tipo de grupo ou associação, ou seja,

se é formada dentro de uma comunidade que já existia, ou se trata-se de uma nova

comunidade formada pelo assentamento ou reestabelecimento da população, há diferença no

modo de descobrir pessoas capazes de se tornarem líderes. Mas o importante é descobrir

alguém que preencha uma das seguintes condições. São habilidades que um líder deve

possuir, e é desejável que sejam formadas de modo consciente durante as atividades dentro

da comunidade (OJT).

• Ter consciência dos problemas e desafios da comunidade;

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-25

• Ter capacidade de trabalhar de modo proativo como agente que transforma a

comunidade;

• Possuir grande habilidade de explicar de modo lógico os desafios e as medidas às

pessoas ao seu redor.

2) Treinamento dos membros

Na região alvo existem muitas pessoas, especialmente acima de 30 anos, que não tiveram

oportunidade de frequentar a escola. Essas pessoas possuem pouca capacidade de absorver

novas ideias e novos conhecimentos, e necessitam de auxílio gradual. As capacidades que

devem ser treinadas variam conforme o objetivo das atividades, mas as principais são as

seguintes:

• Métodos de compartilhar e transmitir informações;

• Métodos de criar e organizar as regras;

• Métodos de administrar uma reunião;

• Métodos de elaborar planejamentos;

• Métodos de contabilidade e controle de qualidade;

• Métodos de manutenção e gestão de bens comuns;

• Métodos de avaliação e monitoramento;

• Métodos para promover a participação de pessoas vulneráveis da sociedade.

(5) Propostas relacionadas à entidade executora da atividade de organizar os

produtores

Os trabalhos de organizar os produtores na região alvo estão sendo realizados pelos

extensionistas do Ministério da Agricultura (MINAG), além de ONGs (nacionais e

internacionais) e empresas privadas. Enquanto o apoio do MINAG e das empresas é voltado

mais para o lado técnico, como meios de melhorar as técnicas de cultivo para aumentar a

produtividade, etc., as ONGs se caracterizam por oferecer apoio transversal nas áreas

consideradas de desafio para o desenvolvimento da comunidade e da zona rural (agricultura,

infraestrutura, saúde, educação, água, saneamento, etc.), e realizar atividades de marketing

para promover a venda e exportação.

Como o MINAG prioriza a criação do sistema de extensão rural para possibilitar o acesso ao

serviço mínimo de extensão ao maior número de pessoas, não consegue oferecer apoio

transversal detalhado voltado para diversos problemas, como as ONGs. Por outro lado, como

as ONGs trabalham dentro do âmbito do projeto de doadores, só conseguem realizar

trabalhos em áreas limitadas. Como tanto o MINAG como as ONGs trabalham com o

número de extensionistas, orçamento, materiais e equipamentos limitados, procurou-se

dividir entre eles as áreas de atuação, para não haver repetição de projetos. Entretanto, isso

resultou na existência de desigualdades quanto a dimensão e aprofundamento do

Relatório Final

6-26

desenvolvimento rural e nível de organização dos produtores, entre as áreas cuja intervenção

foi feita pelo MINAG e pelas ONGs.

Para promover o desenvolvimento rural e a organização dos produtores na região alvo no

futuro, e para equilibrar o seu progresso, é importante criar um sistema que introduza de

modo orgânico as vantagens das atividades tanto do MINAG como das ONGs. Para isso, é

necessário realizar-se mais estudos.

6.3.4. Equipamento da Base Produtiva

(1) Estudo de desenvolvimento dos recursos hídricos

Como foi citado no item 3.1.2 do capítulo 3, a área de Estudo localiza-se no extremo

montante de uma bacia, e estima-se que não seja muito alta a potencialidade de

desenvolvimento de recursos hídricos em grande escala. Entretanto, para o desenvolvimento

agrário da área de Estudo, é imprescindível garantir água para irrigação, abastecimento da

população, pecuária e processamento agrícola. Assim, é necessário estudar medidas que

gerem um aumento do volume de recursos hídricos disponíveis que será necessário no

futuro.

Para se desenvolver os recursos hídricos, é necessário primeiramente fazer o estudo de

verificação da sua potencialidade de desenvolvimento na região alvo de Estudo. A

verificação dos dados existentes sobre a precipitação e o escoamento de água e o

desenvolvimento da rede de observações meteorológicas e hidrológicas, necessária para o

desenvolvimento no futuro, serão realizados no Projeto de aumento da capacidade de

pesquisa, da 1ª fase deste Programa. A análise detalhada será feita no Estudo de elaboração

do Plano Diretor, no 2º estágio. O trabalho de verificação da potencialidade dos recursos

hídricos para o desenvolvimento agrário deverá ser realizado em conjunto com a

Administração Regional de Águas (ARA) Centro e Norte, responsável pela gestão dos

recursos hídricos das áreas de Estudo.

(2) Desenvolvimento do sistema de irrigação

Para se elevar a produtividade agrícola regional, é preciso fazer a irrigação complementar na

estação das chuvas, e a irrigação na estação da seca, e para tanto planeja-se desenvolver

sistemas de irrigação nas regiões com potencialidade de desenvolvimento de recursos

hídricos. Planeja-se realizar o desenvolvimento através das seguintes etapas:

1) Realizar a extensão da irrigação à população que inclui pequenos produtores da área do

Estudo, para que compreendam o significado e os impactos do regadio, organizando

visitas destes para observar as condições reais dos sistemas existentes, e fazendo-os ouvir

diretamente dos produtores beneficiários da irrigação os seus resultados obtidos. Para

tanto, torna-se necessário o apoio concentrado dos extensionistas em realizar a gestão,

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-27

manutenção e operação dos sistemas de irrigação existentes, e em difundir métodos de

uso racional de água na irrigação, método de uso racional de água no cultivo, etc.

2) Após a identificação das zonas com potencialidade de irrigação, é preciso elaborar o

plano com a participação dos possíveis beneficiários, tendo-se em vista a operação,

manutenção e gestão do sistema de irrigação no futuro. No processo de iniciar as

reuniões com os possíveis beneficiários da comunidade rural, deve-se confirmar a

vontade deles em realizar o desenvolvimento, além de formar a consciência de que o

sistema de irrigação lhes pertence, esclarecer os seus poderes e obrigações dentro da

comunidade, bem como as suas responsabilidades e o apoio que virá do governo.

3) No caso de haver área com possibilidade de se desenvolver um sistema de irrigação de

grande escala, deve-se considerar, além dos itens acima, os impactos sociais e ambientais

que acompanharão o desenvolvimento.

(3) Melhoramento das estradas agrícolas rurais

As vias principais e secundárias do Corredor de Nacala, da área de Estudo, estão sendo

desenvolvidas conforme o plano de reabilitação da Agência Nacional de Estradas (ANE) do

Ministério das Obras Públicas e Habitação. Para se promover o desenvolvimento agrário

regional, com base na agroindústria, é preciso melhorar as estradas periféricas, ou seja, as

vias agrícolas e rurais, que possibilitam o acesso da propriedade agrícola do produtor às vias

principais e secundárias. Propõe-se que as obras de reparação das vias rurais e agrícolas

sejam feitas com a participação dos moradores, pois elas são de pequena escala e os

beneficiários são reduzidos. A necessidade de melhoramento das vias deve ser confirmada

em reunião entre produtores e moradores, que são os beneficiários, para em seguida discutir

como a reparação deve ser feita, como eles podem ajudar, qual será o apoio do governo,

como e por quem serão feitas a manutenção e a gestão das vias reparadas, etc. Em seguida a

proposta deverá ser entregue ao distrito, para que este faça uma lista de prioridades, elabore

um plano de reparação a ser executada entre 2 e 5 anos, e realize as obras. Durante este

processo, serão formadas nos moradores a consciência de pertencerem à comunidade, e a

autoestima de serem os personagens principais em promover ativamente o desenvolvimento

agrícola regional. O governo irá apoiar fornecendo e emprestando os materiais e

equipamentos necessários com base no planejamento dos moradores.

Com base nas medidas para alcançar os objetivos de desenvolvimento, os programas e

projectos de apoio a proposta será como seguir, a Tabela 6.3.4.

Relatório Final

6-28

Tab

ela

6.3

.4

P

rog

ram

a/P

roje

tos

de

ap

oio

Met

as d

a es

trat

égia

de

des

envolv

imen

to a

grí

cola

: D

esen

volv

imen

to a

grí

cola

reg

ional

bas

eado n

o p

roce

ssam

ento

agrí

cola

Obje

tivo

Pro

jeto

sA

tivid

ades

III

III

IVIm

edia

toC

urt

o

Pra

zo

Méd

io

Pra

zo

Longo

Pra

zo

Des

envolv

imen

to d

e te

cnolo

gia

s

par

a au

men

tar

a p

rodu

tivid

ade

Mel

hori

a da

pro

duti

vid

ade

de

cad

a am

bie

nte

agrí

cola

,

mel

hora

men

to d

a té

cnic

a co

m b

aixo i

nves

tim

ento

, d

istr

ibuiç

ão d

e se

men

tes

sup

erio

res

○○

○○

Mel

hori

a d

o s

olo

Mel

hori

a do s

olo

, fe

rtil

iza ç

ão b

alan

cead

a, e

tc.

○○

○○

Cri

ação

de

dad

os

de

anál

ise

e

exper

imen

tos

Des

envolv

imen

to d

e dad

os

met

eoro

lógic

os

e d

ados

do s

olo

○○

○○

Red

uçã

o d

e cu

stos

logís

tico

sD

esen

volv

imen

to d

as i

nfr

aest

rutu

ras

de

tran

sport

e, e

tc.

○○

○○

Red

uçã

o d

e per

das

logís

tica

sD

esen

volv

imen

to d

e té

cnic

as d

e pro

cess

amen

to p

ós-

colh

eita

, cr

iaçã

o d

e in

stal

açõ

es d

e ar

maz

enag

em,

etc.

○○

○○

Est

rutu

raçã

o d

o m

erca

do

Des

envolv

imen

to d

e in

form

açõ

es d

o m

erca

do,

cria

ção d

e

inst

alaç

ões

de

cole

ta e

des

pac

ho d

e p

roduto

s, e

tc.

○○

○○

○○

Fort

alec

imen

to d

a es

tru

tura

de

pes

quis

a e

exper

imen

taçã

o

An

ális

e e

exper

imen

to d

o s

olo

, el

abora

ção d

a ca

rta

de

clas

sifi

caçã

o d

o s

olo

, se

leçã

o d

o p

rodu

to a

deq

uad

o,

pre

ven

ç

ão d

e dan

os

cau

sados

por

doen

ças

e pra

gas

, et

c.

○○

○○

Fort

alec

imen

to d

o s

iste

ma

de

exte

nsã

o r

ura

l

Cap

acit

ação

dos

exte

nsi

on

ista

s, a

quis

ição

de

equip

amen

tos

e m

ater

iais

de

exte

nsã

o,

org

aniz

ação

dos

pro

duto

res,

apoio

à

s co

oper

ativ

as d

as a

ssoci

ações

, et

c.

○○

○○

Apoio

fin

ance

iro d

e p

equen

a

esca

la

Des

envolv

imen

to d

e ap

oio

fin

ance

iro v

olt

ado p

ara

a gri

cult

ore

s fa

mil

iare

s, e

tc.

○○

○○

Apoio

a m

elhori

a da

adm

inis

traç

ã

o a

grí

cola

Est

abel

ecim

ento

do s

iste

ma

de

cult

ivo d

ura

nte

todo o

ano,

des

envolv

imen

to d

e si

stem

as d

e ir

rigaç

ão,

etc.

○○

○○

Agri

cult

ura

mis

ta,

agri

cult

ura

org

ânic

a, i

ntr

od

uçã

o d

e

peq

uen

os

anim

ais

dom

ésti

cos,

etc

.○

○○

○○

Apoio

a C

LU

ST

ER

est

raté

gic

os

Mec

aniz

ação

agrí

cola

, tr

ação

an

imal

, et

c.○

○○

○○

Cri

ação

de

inst

alaç

ões

bás

icas

de

pro

cess

amen

to a

grí

cola

,

des

envolv

imen

to d

e si

stem

a de

irri

gaç

ão,

etc.

○○

○○

Pla

no d

e u

so d

a te

rra

Ela

bora

ção d

e m

apa

de

uso

de

terr

a, m

apa

de

clas

sifi

caçã

o,

map

a d

e zo

nea

men

to e

tc.

○○

○○

Agri

cult

ura

Ela

bora

ção d

e ru

mos

de

des

envolv

imen

to,

etc.

○○

○○

Indúst

ria

Ela

bora

ção d

e ru

mos

de

des

envolv

imen

to,

etc.

○○

Tra

ns p

ort

eE

labora

ção d

e ru

mos

de

des

envolv

imen

to,

etc.

○○

○○

Com

érci

oE

labora

ção d

e ru

mos

de

des

envolv

imen

to,

etc.

○○

Tre

inam

ento

pro

fiss

ional

Cap

acit

ação

téc

nic

a, e

tc.

○○

○○

Est

rutu

raçã

o d

o s

iste

ma

Des

envolv

imen

to d

e si

stem

as,

etc.

○○

Mel

hori

a d

as c

on

diç

ões

de

vid

aIn

frae

stru

tura

bás

ica

de

vid

aD

esen

volv

imen

to d

e in

frae

stru

tura

de

vid

a, e

du

caçã

o,

infr

aest

rutu

ra d

e sa

úd

e pú

bli

ca,

etc.

○○

○○

Det

erm

ina ç

ão d

a ár

ea d

e p

rote

ção

Det

erm

inaç

ão d

as á

reas

de

pro

teçã

o e

pre

serv

ação

○○

Rec

uper

ação

de

área

s dev

asta

das

Pro

jeto

s de

refl

ore

stam

ento

, ag

rofl

ore

stas

, et

c.○

○○

Agri

cult

ura

do t

ipo p

rote

ção

Cult

ivo d

e pla

nti

o d

iret

o,

rota

ção d

e ag

ricu

ltura

e p

ecuár

ia,

agro

flore

stas

, pre

ven

ção d

e er

osã

o,

etc.

○○

○○

Seg

ura

nça

alim

enta

r/R

eduçã

o d

a

pob

reza

Mel

hori

a do n

ível

de

vid

a/R

eduçã

o d

a

pobre

za

Aum

ento

da

pro

duti

vid

ade

Mel

hori

a d

o s

iste

ma

logís

tico

Fort

alec

imen

to d

os

serv

iços

de

apoio

agrí

cola

Pro

moçã

o d

a d

iver

sid

ade

agrí

cola

/Pro

moçã

o d

o

pro

cess

amen

to a

grí

cola

Pri

ori

dad

eD

esaf

ios

das

Polí

tica

s

Pro

gra

ma/

Pro

jeto

s d

e ap

oio

Zonea

men

to

Pro

moçã

o d

a

econom

ia r

egio

nal

Pro

teçã

o e

rec

uper

ação

amb

ien

tal

Est

raté

gia

de

des

envolv

imen

to p

or

seto

r

Def

iniç

ão d

e ru

mos

de

des

envolv

imen

to

Fort

alec

imen

to d

a

com

pet

itiv

idad

e n

a ex

port

açã

Pro

teçã

o a

mbie

nta

l

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-29

6.4. Papéis das Agências da Japão, Brasil e Moçambique

A imensa área de savana tropical (cerrado) que se encontra no interior do Brasil, graças ao

esforço conjunto entre o governo brasileiro e o JICA, se tornou uma enorme zona produtora

de grãos com a implementação do projeto de cooperação agrícola (PRODECER). Este foi

um dos projetos de cooperação ao desenvolvimento (ODA) de maior envergadura do Japão.

Para aproveitar esta experiência valiosa para desenvolver a savana tropical de Moçambique é

muito válida a cooperação com o Brasil, com sua capacidade em administração de projetos, e

o Japão com sua experiência na preparação e execução de planos de desenvolvimento, para

realizar este projeto.

Para a implementação do projeto de desenvolvimento do cerrado no Brasil serão enviados

especialistas brasileiros além de aproveitar toda a tecnologia acumulada ao longo dos anos

da EMBRAPA, EMATER, SENAR, CAMPO, entre outras. Além do desenvolvimento dos

cerrados do Brasil, estes órgãos possuem grande conhecimento e experiência no

desenvolvimento das regiões semi-áridas do nordeste brasileiro, que também podem ser

aproveitados neste Projeto.

A EMBRAPA conta com um escritório de representação em Agra, Gana e tem experiência de

cooperação na África. Também a EMBRAPA considera a savana tropical africana como o

“novo Cerrado” e estima que tem um potencial para se tornar um grande produtor de

alimentos em nível mundial no futuro, por isso em cooperação com a FAO e o Banco

Mundial já iniciou investigações no sentido de verificar as possibilidades de adaptar a

experiência do cerrado brasileiro na savana africana.

O papel do Governo de Moçambique na implementação do presente Programa será

prioritariamente exercido pelo Ministério da Agricultura que fará a coordenação de outros

Ministérios e Agências Nacionais, bem como dos órgãos governamentais locais. Além disso,

o Governo de Moçambique priorizará este Programa no âmbito das Políticas de

Desenvolvimento, disponibilizando recursos públicos e pessoal que se fizerem necessário,

conferindo o necessário tratamento especial por ocasião do acolhimento da Missão no

âmbito do JBPP e dos peritos alocados para o Programa em conformidade com o previsto no

quadro da legislação moçambicana aplicável. Além disso, é importante que o Governo

Moçambicano implemente políticas públicas que podem representar mudanças de

paradigmas em termos de compromissos orçamentários e financeiros.

Relatório Final

6-30

6.5. Sugestões de Métodos de Realização

Está previsto que o ProSavana-JBM seja realizado em duas fases. A primeira fase ("Fase de

Preparação do Programa") estabelecerá os modelos de Desenvolvimento Agrícola das

Savanas Tropicais em Moçambique a partir da execução de quatro projetos, por meio da

Cooperação Técnica prestada conjuntamente pelo Japão e Brasil. 1) Estudo Preliminar; a ser

concluído em marco de 2010; 2) Projeto de Melhoramento das Capacidades de Pesquisa em

Moçambique, deverá ter início a partir de 2010; 3) Plano Diretor Integrado de

Desenvolvimento Agrícola da Região do Corredor de Nacala (Master Plan), deverá ter início

a partir de 2011; e 4) Projeto da Criação de Modelos de Desenvolvimento ao nível de

Comunidades Rurais (Projeto Demonstrativo), que deverá ter início a partir de 2011. Os três

projetos de cooperação técnica a serem iniciados com a conclusão do Estudo Preliminar

poderiam ser implementados em paralelo e espere um efeito sinérgico por as colaborações

entre projetos. A segunda fase ("Fase de Execução do Programa"), será realizada tendo como

base os resultados da primeira fase e com a introdução da Cooperação Financeira,

expandindo os Modelos de Desenvolvimento Agrícola da Área de Abrangência da Região do

Entomo Corredor de Nacala, localizada na parte setentrional de Moçambique. Segundo o

plano de execução abaixo, percebe-se que o início da segunda fase coincide com o Programa

Quinquenal do Governo (2015 ∼ 2019).

Tabela 6.5.1 Plano Período de Execução

A partir da análise de informações existentes, troca de opiniões, entrevistas e visitas a campo

realizadas por técnicos do Japão e do Brasil com contrapartes de Moçambique, entende-se

que a implementação do Projeto de Melhoramento da Capacidade de Pesquisa a ter início em

2010 e do Projeto Piloto previsto para 2011, deverá ocorrer considerando os seguintes

aspectos:

• Promoção do desenvolvimento sustentável e socialmente inclusivo a partir de

culturas/saberes já existentes;

• Promoção de um sistema que integre a produção, processamento e logística;

• Buscar um desenvolvimento que atenda a demandas regionais e globais;

ProSavana-JBM

Primeira Fase

1) Estudo Prelimina

2) Projeto de Melhoramento das Capacidades de

Pesquisa em Moçambique3) Plano Diretor Integrado de Desenvolvimento Agrí

cola da Região do Corredor de Nacala4) Projeto da Criação de Modelos de Desenvolvimento

ao nível de Comunidades Rurais

Segunda Fase

Execução do Programa

2010 2011 2012 2013 2018 20192014 2015 2016 2017

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-31

• Desenvolver blocos de agricultura a partir da malha ferroviária existente ao longo do

Corredor para apoiar a consolidação de clusters estratégicos que contribuam de

forma regional com os desafios do Governo central;

• Implementar, na primeira fase, bases de desenvolvimento mais próximas à ferrovia e

centros de comércio, para na segunda fase prosseguir-se para locais mais distantes da

ferrovia.

Tendo em vista a constatação da existência de duas regiões ao longo do Corredor de Nacala

com características do Cerrado e do Semi-Árido brasileiro, sugere-se que o Projeto-Piloto

seja realizado em duas localidades simultaneamente, onde representam essas características

(Zona II e Zona IV do zoneamento). A expectativa é a de que o projeto exerça um efeito

demonstrativo na comunidade, fazendo com que outros produtores busquem melhorar seus

processos produtivos

A escolha dos locais poderá ser reconfirmada a partir dos estudos que serão realizados no

escopo do Projeto de Melhoramento da Capacidade de Pesquisa que contará com

participação da Embrapa em atividades como:

• Investigação dos solos (classificação e fertilidade);

• Coleta de dados climáticos;

• Cartografia georeferenciada GIS do Corredor, com início nas áreas pré-selecionadas;

• Elaboração do Plano de Sementes e do Zoneamento Agro-ecológico

• Consideração de clusters estratégicos

• Adaptação de pacotes tecnológicos das culturas trabalhadas (variedades,

fertilização);

• Boas práticas da conservação dos solos e mananciais hídricos.

Por outro lado, no Programa Prodecer de desenvolvimento dos cerrados, foi criada a empresa

privada binacional Brasil-Japão, CAMPO, como entidade coordenadora para executar as

funções de planejamento, coordenação e supervisão do Projeto. Portanto, para a execução

deste Projeto, propõe-se a criação de uma entidade de coordenação trinacional para

promover a execução do Projeto, a fim de diminuir o impacto que pode ser causado pela

mudança do governo e a tendência econômica de cada país. Além disso, para a realização do

Projeto em Moçambique, país executor, muitos órgãos públicos do governo central

(ministérios) e governos provinciais e distritais, além de empresas privadas e ONGs serão

envolvidos. Por isso, torna-se importante que o Ministério da Agricultura de Moçambique

coordene a participação destes órgãos envolvidos de modo seguro. Se houver necessidade,

pode-se pensar em estabelecer um novo órgão com maiores poderes (por exemplo, Empresa

Pública de Desenvolvimento da Região do Corredor de Nacala).

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

6-33

Figura 6.2.1 Mapa das Quatro Áreas do Corredor de Nacala

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

7-1

CAPÌTULO 7 AVALIAÇÃO DA PRIMEIRA FASE DO

PROJETO

7.1 Necessidades do Projeto durante a Primeira Fase

Está claro que muitos aspectos dos conhecimentos acumulados com os projetos de

desenvolvimento do cerrado e do semi-árido no Brasil podem ser aproveitados para contribuir

com o aumento da produção agrícola da savana em Moçambique. Porém, a região do cerrado

brasileiro e a zona da savana de Moçambique apresentam condições socioeconômicas bastante

diferentes. Por isso, para que o desenvolvimento agrícola na zona do corredor Nacala na

savana de Moçambique possa ser realidade, considera-se mais efetivo estabelecer em primeiro

lugar “um modelo de desenvolvimento agrícola” adequado às condições da zona para que este

possa ser expandido. Por outro lado, o projeto pioneiro de desenvolvimento do cerrado

brasileiro, PROCERRADO, comprova que a cooperação técnica aplicada em conjunto com a

cooperação econômica funciona de maneira favorável.

Assim, na fase preparatória de atividades do programa que irá estruturar o “modelo de

desenvolvimento agrícola”, tanto o Japão como o Brasil irão implementar a cooperação

técnica. Esta, além de ser uma atividade preparatória para permitir a implementação eficiente e

efetiva dos projetos do programa, também é necessária para os planos estratégicos urgentes e

de curto prazo. A experiência do projeto “PRODEDER” mostra que, os “resultados de

pesquisas e investigação” e a execução dos “projetos piloto” proporcionaram resultados

bastante positivos no momento da implementação do projeto. Portanto, os seguintes projetos,

que são planos estratégicos de curto prazo, serão implementados durante a etapa preparatória

do programa, correspondente a primeira fase.

(1) Projeto para aumentar a capacidade de investigação

(2) Estudo para o Plano de desenvolvimento integral da zona do corredor Nacala

(3) Projeto de estrutura de modelo de desenvolvimento para comunidades

7.2 Projeto para Aumentar a Capacidade de Investigação

Para identificar as necessidades de apoio na zona do corredor Nacala para o desenvolvimento

agrícola com técnicas de melhoramento do solo e introdução de novos cultivos e produtos

agropecuários junto ao Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (Centro de

investigação regional de Nampula e a regional de Mutuali) serão realizadas investigações nos

centros de investigação para elevar as técnicas de produção agrícola.

As técnicas comprovadas serão aplicadas dentro dos projetos piloto do 3) Projeto de estrutura

de um modelo de desenvolvimento para comunidades; ao mesmo tempo, com a

implementação do projeto, será posta em prática a extensão técnica. Além do mais, com a

implementação deste projeto, a capacidade do IIAM será fortalecida.

Relatório Final

7-2

1. Nome do projeto Projeto para elevar a capacidade de investigação

2. Esquema de

implementação

Projeto de cooperação técnica 3. Entidade

implementadora

Ministério de Agricultura/IIAM

4. Resumo do projeto

(1) Objetivo superior Ampliar a produção agrícola na zona do corredor Nacala.

(2) Objetivo do projeto Elevar a capacidade de investigação do IIAM para o projeto ProSavana-JBM.

(3) Principais resultados esperados com o projeto 1) Identificação da área apropriada para a agricultura na zona do corredor Nacala. 2) Identificação da tecnologia para melhoramento do solo na zona do corredor Nacala. 3) Identificação da tecnologia adequada para os produtos a serem cultivados na zona do corredor Nacala. 4) Identificação da tecnologia adequada para os produtos pecuários na zona do corredor Nacala. 5) Identificação dos clusters estratégicos.

(4) Área estimada de implementação Zona próxima à Estação Zonal IIAM em Nampula e da estação agrária experimental de Mutuali

(5) Conteúdo das atividades principais 1) Avalizar as condições de solo da zona do corredor de Nacala. 2) Coletar os dados meteorológicos da zona do corredor de Nacala. 3) Elaborar a cartografia georeferenciada GIS da zona do corredor de Nacala. 4) Considerar os clusters estratégicos. 5) Identificar os critérios de seleção da área piloto. 6) Selecionar a área piloto. 7) Avalizar a tecnologia para melhoramento do solo. 8) Experiências na produção de cultivos na zona do corredor de Nacala. 9) Identificar os produtos a serem incentivados. 10) Experiências na criação de animais na zona do corredor de Nacala. 11) Identificação da criação de animais a serem incentivados. 12) Identificar dos clusters estratégicos, entre outros.

5. Conteúdo das principais contribuições

(1) Lado japonês ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de equipamentos ・ Custos do projeto

(2) Lado brasileiro ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de equipamentos ・ Treinamento de pessoal da

contraparte no Brasil

(3) Lado moçambicano ・ Designação de contraparte ・ Fornecimento de terreno e

instalações ・ Custos locais do projeto

6. Período de implementação

Início: Junho de 2010 Fim: aio de 2013 (Período de duração do projeto: 3 anos)

7. Observações

7.3 Estudo do Projeto de Desenvolvimento Agrícola Integral na

Zona do Corredor Nacala

Para reativar a agricultura local na zona do corredor Nacala, será realizado um Estudo de

Desenvolvimento que terá como ponto de partida as diretrizes do desenvolvimento agrícola e a

agroindústria. Essas preliminares servirão para estruturar o Plano de Desenvolvimento

Agrícola Integral (Plano Diretor), que, por sua vez, tem como objetivo fortalecer a

competitividade dos produtos agrícolas do corredor Nacala, com um enfoque integral e

multi-setorial. Também, será preparado um plano de cooperação financeira para a

implementação do ProSavana-JBM.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

7-3

1. Nome do projeto Estudo para o Plano de desenvolvimento agrícola integral da zona do corredor Nacala

2. Esquema de

implementação

Estudo de Desenvolvimento

3. Entidade

Implementadora

Ministério de Agricultura/Ministério de Planejamento/Governos Provinciais (Nampula, Niassa, Zambezia)/Governos Distritais

4. Resumo do projeto

(1) Objetivo superior Desenvolver a economia regional na zona do corredor Nacala.

(2) Objetivo do projeto Elaboração de um Plano de desenvolvimento agrícola integral na zona do corredor Nacala (Plano Diretor) para promover o desenvolvimento regional tendo como ponto de partida a agroindústria.

(3) Principais resultados esperados com o projeto 1) Elaboração de um plano de desenvolvimento sustentável relacionado com os setores agrícola, pecuário,

indústria, comércio e infraestrutura de transportes. 2) Elaboração de medidas de fortalecimento de competitividade de mercado com o aumento de

produtividade dos produtos agrícolas. 3) Elaboração de medidas para elevar o valor agregado dos produtos. 4) Elaboração de medidas para melhorar a renda dos moradores locais. 5) Elaboração de medidas para a conservação do meio ambiente.

(4) Área estimada de implementação Toda a zona próxima do corredor Nacala.

(5) Conteúdo das atividades principais 1) Execução de investigação básica (condições de desenvolvimento e análise de temas dentro da área de

influência do Estudo) ・Situação de distribuição de recursos do solo ・Zoneamento de ambiente agrícola ・Fatores de impedimento ao desenvolvimento: infraestrutura (estradas, ferrovias, portos, irrigação, logística,

mercado, etc.), estrutura de produção, recursos humanos, institucionalização, finanças, etc. 2) Avaliação das políticas de desenvolvimento e identificação dos fatores de impedimento (redução da

pobreza, reativação econômica, integração econômica regional, etc.) 3) Elaboração de estrutura básica para a estratégia de desenvolvimento ・População, demanda interna, possibilidades de exportação, volume de oferta de transportes, volume de

oferta de bens, etc. 4) Elaboração de proposta de estratégias de desenvolvimento ・Avaliação de projetos regionais para formação de zonas produtoras

5) Elaboração de planos de desenvolvimento (programas/projetos) ・Avaliação de prioridades de desenvolvimento ・Avaliação do sistema de implementação ・Estimativa de custo do projeto ・Elaboração do plano de execução ・Elaboração do plano de cooperação financeira

6) Avaliação do projeto, entre outros

5. Conteúdo das principais contribuições

(1) Lado japonês ・ Envio de especialistas ・ Preparação de material e

equipamentos necessários para o Estudo

(2) Lado brasileiro ・ Envio de especialistas ・ Preparação de material e

equipamentos necessários para o Estudo

(3) Lado moçambicano ・ Designação de contraparte・ Fornecimento de

escritórios para a realização do Estudo

6. Período de implementação

Início: Junho de 2011 Fim: Maio de 2013 (Período de duração do projeto: 2 anos)

7. Observações

Relatório Final

7-4

7.4 Projeto de Estrutura de um Modelo de Desenvolvimento para

as Comunidades Locais

As atividades a serem implementadas para conseguir o desenvolvimento agrícola no âmbito

das comunidades serão avaliadas através da realização de projetos piloto e assim estruturar o

“modelo de desenvolvimento agrícola”. As comunidades candidatas para serem selecionadas

na execução dos projetos devem estar nas zonas prioritárias estabelecidas dentro da zona do

corredor Nacala e preferentemente próximas às estações experimentais, para otimizar a

capacidade de investigação. Na implementação dos projetos-piloto se incluirão atividades de

extensão técnica e treinamento de funcionários.

Além disso, com relação aos itens cujos resultados possam ser comprovados no curto prazo no

“Projeto para aumentar a capacidade de investigação” as atividades pertinentes serão iniciadas

como projeto piloto.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

7-5

1. Nome do projeto Projeto de estrutura de um modelo de desenvolvimento a nível de comunidades

2. Esquema de

implementação

Projeto de cooperação técnica (Projeto Piloto)

3. Entidade

implementadora

Ministério de Agricultura/Governo provincial de Nampula/Governos distritais

4. Resumo do projeto

(1) Objetivo superior Realização de projetos do ProSavana-JBM

(2) Objetivo do projeto Estruturação de diversos modelos de desenvolvimento de comunidades adequados à área de influência

(3) Principais resultados esperados com o projeto 1)Identificação das condições necessárias através dos resultados de investigações para a adequação local. 2)Identificação de métodos de implementação para a extensão técnica e o treinamento de pessoal 3)Identificação da divisão de papéis entre o Ministério de Agricultura, governos provinciais e distritais,

ONGs, entre outros, dentro dos projetos de desenvolvimento das comunidades. 4)Elaboração de um modelo de desenvolvimento de comunidades. 5)Elaboração de manual de execução para cada modelo de desenvolvimento de comunidades.

(4) Área estimada de implementação Província de Nampula (Zonas próximas a Nampula e Mutuali)

(5) Conteúdo das atividades principais 1) Avalizar os métodos demonstrativos da metodologia de desenvolvimento do plano diretor e dos resultados

das investigações. 2) Realizar o treinamento técnico para os promotores agrícolas. 3) Realizar o seminários relacionados com projetos de desenvolvimento de comunidades, dirigidos para

pessoas relacionadas com o desenvolvimento agrícola. 4) Com a realização do projeto piloto, coletar dados e informações para permitir a seleção dos agricultores e

seus respectivos grupos. 5) Estruturar um sistema de gestão de organizações e grupos de agricultores de acordo com os objetivos das

atividades. 6) Realizar o treinamento técnico para os agricultores, os grupos de agricultores e associações. 7) Considerar os modelos de desenvolvimento de comunidades. 8) Avaliar a metodologia de execução de projetos para cada modelo de desenvolvimento de comunidades. 9) Organizar as atividades de promoção e fatores de impedimento para cada modelo de desenvolvimento

para comunidades. 10) Elaborar os manuais de cada modelo de desenvolvimento de comunidades, entre outros.

5. Conteúdo das principais contribuições

(1) Lado japonês ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de equipamentos ・ Custos do projeto

(2) Lado brasileiro ・ Envio de especialistas ・ Fornecimento de equipamentos ・ Treinamento de pessoal da

contraparte no Brasil

(3) Lado moçambicano ・ Designação de contraparte ・ Fornecimento de terreno e

instalações ・ Custos locais do projeto

6. Período de implementação

Início: Junho de 2011 Fim: Maio de 2014 (Período de duração do projeto: 3 anos)

7. Observações

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

8-1

CAPÌTULO 8 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

8.1 Conclusão

1. O presente Relatório apresenta os resultados do “Primeiro Trabalho de Campo em

Moçambique”, iniciado em Setembro de 2009, cobrindo os 12 municípios indicados pelo

Ministério da Agricultura de Moçambique como “Região do Corredor de Nacala”. A região

alvo do Estudo inclui os municípios que se estendem no sentido norte-sul por onde passam

paralelamente a Estrada Nacional 13 e os caminhos de ferro ao longo de 600 km de extensão

no eixo leste-oeste. Esta região apresenta uma rica diversidade natural e social. Dividindo a

região à grosso modo, a porção localizada a leste é uma área semi-árida com relativamente

baixa precipitação pluviométrica, com características similares à Caatinga brasileira. Por outro

lado, a porção oeste apresenta maior precipitação pluviométrica, onde na parte externa dos 12

municípios da região alvo do Estudo, a EMBRAPA indicou que existe uma grande extensão de

terras agrícolas similar ao Cerrado com potencial para aceitar a agricultura mecanizada.

2. O desenvolvimento agrícola na zona do corredor Nacala na savana tropical de Moçambique

pode ser obtido aproveitando-se os conhecimentos e experiências acumuladas por ocasião da

execução do projeto de desenvolvimento do cerrado brasileiro, anterior ao projeto de

desenvolvimento agrícola da savana. Com a introdução do desenvolvimento agrícola

semelhante se espera conseguir o desenvolvimento econômico da zona do corredor de Nacala

e assim garantir a segurança alimentar, aliviar a pobreza e elevar a renda das famílias

agricultoras da região abrangida pelo projeto. Também será possível contribuir para os

“Objetivos do Milênio das Nações Unidas” (ODM), que busca erradicar a extrema pobreza e a

fome em nível mundial. Baseado nos resultados deste programa em um plano futuro será

possível contribuir para a promoção do desenvolvimento local das comunidades agrícolas e a

agricultura dentro da savana tropical africana, e assim contribuir para o desenvolvimento

econômico da África e consequentemente para a segurança alimentar a nível mundial. Esses

dados avalizam e denotam a extrema importância do ProSavana-JBM, e a importância de sua

implementação no menor prazo possível.

Porém, não se conta com informação detalhada suficiente sobre as condições naturais e

socioeconômicas da zona do corredor Nacala, assim como das atividades econômicas

existentes. Como conseqüência do resultado da experiência acumulada tanto pelo Japão como

pelo Brasil através da realização do projeto de desenvolvimento do cerrado, consideramos

necessário realizar investigações necessárias para que o programa possa materializar-se em

projetos, com a execução de projetos piloto e paralelamente elaborar um plano de

desenvolvimento adequado.

Relatório Final

8-2

3. A parte Brasileira (EMBRAPA), com base nos resultados de seus próprios Estudos, fez as

recomendações abaixo para o desenvolvimento agrícola da região do Corredor de Nacala, na

etapa final do Estudo.

1) O presente “Estudo Preparatório” teve como região alvo do Estudo a região ao longo da

Estrada Nacional 13, nas Províncias de Nampula, Niassa e Zambézia. Entretanto, nessa

região a) não existe terras agrícolas onde se pratica agricultura de grande escala; e b)

não há terras similares ao do Cerrado (à exceção da agricultura comercial de pequeno

porte praticada na região sudeste da Estrada Nacional 13).

Esses aspectos, levando em conta a meta de desenvolvimento agrícola voltado ao

mercado nessa região limitada, acaba por levantar 2 temas que devem ser considerados.

Estes são: a) os recursos genéticos (sementes) voltados para a agricultura comercial que

o Brasil pode fornecer e que podem ser aplicados imediatamente na região são

limitados; e assim, b) é mais indicado (por certo tempo) visar a melhoria da renda

através do aumento da produtividade dos produtos agrícolas atualmente cultivados

pelos agricultores de pequeno e médio porte espalhados pela região.

2) Por outro lado, a equipe de pesquisadores da EMBRAPA confirmou a existência de

solos similares ao do Cerrado numa extensão de cerca de 6,4 milhões de hectares a

Noroeste do Corredor de Nacala nas províncias do Niassa e de Nampula. Estes solos

similares ao do Cerrado se estendem por apenas 12% da região alvo do Estudo indicada

em 1). (Os 88% restantes estão espalhados fora da região alvo do Estudo de 12

municípios ao longo da Estrada Nacional 13).

A distribuição destes 6,4 milhões de hectares é apresentada na Figura abaixo.

Fonte: Apresentação: Material apresentado pelo Presidente da EMBRAPA no “Simpósio Internacional” (17/3)

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

8-3

3) Assim, a parte Brasileira (EMBRAPA) considera importante que, além do “apoio à

melhoria da renda dos agricultores de pequeno e médio porte” ao longo da Estrada

Nacional 13 da região alvo deste Programa, se deve incluir a área (de 6,4 milhões de

hectares) indicada acima em 2) que permite o “investimento agrícola em escala

comercial”.

Essa nova Proposta foi posteriormente também apoiada pelo Ministério da Agricultura de

Moçambique. Em resposta a isso, no dia 18 de Março de 2010, a “Ata das Discussões” (em

Anexo) foi assinada pelas três partes (Vice Presidente da JICA, Diretor da ABC e Ministro

da Agricultura de Moçambique) com essa proposta de região alvo do Estudo. O conteúdo do

item 8.2, 5) “Proposta do método de implementação da Primeira Fase” foi elaborado neste

contexto.

8.2 Recomendações

(1) Recomendações Gerais com relação ao ProSavana-JBM

1) Importância da elaboração de um Plano para projetos considerando a

conservação do meio ambiente e a execução dos mesmos

Com relação ao desenvolvimento agrícola, é comum afirmar que intervenções excessivas

causam a desertificação dos terrenos agrícolas. Por outro lado, para que os projetos de

desenvolvimento possam ser aceitos atualmente, eles devem contribuir para a conservação do

meio ambiente global. Por isso, as considerações ao meio ambiente devem ser prioritárias e a

conservação da biodiversidade é condição prévia para o desenvolvimento. Considerando a

experiência do projeto PRODECER, no qual em seus períodos iniciais não foi dada a devida

atenção para este aspecto, na elaboração do presente projeto de desenvolvimento será

importante aplicar de forma ativa medidas para a conservação do meio ambiente. Para

prevenir o uso indiscriminado de uso do solo (desenvolvimento) é importante avaliar

urgentemente o zoneamento e estabelecer claramente a demarcação das áreas protegidas e das

áreas de desenvolvimento, assim como estabelecer os objetivos de desenvolvimento.

2) Importância do desenvolvimento de recursos humanos

A luta pela independência e posteriores conflitos internos em Moçambique trouxeram como

conseqüência a deficiência de recursos humanos adequados em diversos setores,

principalmente no que se refere aos especialistas de desenvolvimento agrícola e promotores

responsáveis pela extensão técnica. Assim, para que os projetos de desenvolvimento possam

ser devidamente gerenciados e executados, é indispensável elevar a capacidade de todas as

pessoas envolvidas no processo. Por isso, a formação de recursos humanos deve ser

considerada como um componente extremamente importante desde a etapa de preparação do

programa. Porém, esperar os resultados da formação de pessoal para posteriormente iniciar a

execução de projetos não é a maneira mais eficiente de implementação, portanto é desejável

Relatório Final

8-4

priorizar o quanto antes atividades que não dependem exclusivamente de pessoal qualificado e

realizar a formação de pessoal qualificado de forma paralela.

3) Importância da coordenação entre as entidades relacionadas

A execução efetiva do programa envolve diversos órgãos dos setores públicos do governo

central através dos seus ministérios, dos governos provinciais e distritais, como também do

setor privado através de empresas, ONGs, etc. Para que o Ministério de Agricultura de

Moçambique possa implementar os programas de forma eficiente é necessário garantir uma

coordenação efetiva entre todas estas diversas entidades. Conforme a necessidade, deve-se

considerar a criação de uma entidade coordenadora. Como os beneficiários diretos com a

implementação do projeto será a população local é preciso que os representantes locais

participem ativamente nos programas dos governos provinciais e locais. Além do mais, estas

instituições devem realizar esforços para elevar a capacidade e formar pessoal que possa

gerenciar estes projetos, sendo necessário também prestar apoio com assistência técnica e

provisão de matérias e equipamento.

4) Importância de um apoio integral

As estratégias de desenvolvimento e apoio deste programa devem dar-se com o consenso entre

os três países envolvidos e o apoio em obras de infraestrutura, institucionalização e a formação

de recursos humanos deverá ser promovido de acordo com este consenso. O apoio das partes

do Japão e do Brasil se dará na forma de cooperação técnica, cooperação financeira não

reembolsável e cooperação financeira reembolsável sendo que as atividades de voluntários e

da ODA deverão ser coordenadas a fim de se aproveitar ao máximo o efeito multiplicador da

ajuda, pelo que é importante desenvolver um apoio integral. Por outro lado, o governo de

Moçambique deve avaliar a forma de buscar outras fontes de financiamento como a

cooperação bilateral de outros países e outras instituições internacionais, uma vez que os

recursos do erário nacional para a execução do programa são bastante limitados.

5) Proposta da criação de uma entidade coordenadora para o Programa

É importante que este programa de cooperação trilateral seja implementado dentro de uma

relação de igualdade entre os três países. Foram criados grupos de trabalho que atualmente

vêm realizando suas atividades dentro de cada país e que por sua vez funcionam como elos de

comunicação entre os três países. Durante a execução efetiva deste programa, para que possa

haver uma compreensão mútua mais próxima e para que a cooperação possa funcionar de

forma efetiva e eficiente propomos a criação de uma entidade coordenadora para executar o

ProSavana-JBP em Moçambique. Para tanto, pode-se tomar como referência as ações para a

criação da empresa CAMPO, dentro do projeto PROCERRADO para o desenvolvimento do

cerrado.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

8-5

6) Promoção ativa da participação da cidadania

Como pode ser comprovado não somente pelo desenvolvimento do cerrado, os recursos

públicos para o desenvolvimento regional são limitados, assim é importante promover a

participação do capital privado, seja este nacional ou estrangeiro. Para isto, é importante

considerar que o setor privado é o ator principal para o crescimento econômico, sendo

necessário ir além da relação existente de governo a governo dentro da ODA e promover a

participação ativa do setor privado, para que este possa contribuir para o desenvolvimento

africano.

(2) Recomendações para a Primeira Fase (Etapa Preparatória do Programa)

1) Importância do envio de um especialista em coordenação em uma fase inicial

Para a primeira fase do Programa está programada a execução do projeto de cooperação

técnica a partir de 2010. Para que estes projetos de cooperação técnica possam ser executados

de forma harmoniosa, é importante enviar logo um especialista em coordenação para o

departamento responsável pelo programa dentro do Ministério de Agricultura que possa

realizar a coordenação necessária para dar início aos projetos.

2) Importância da organização da informação básica

Para que o Programa possa ser implementado sem contratempos é indispensável reunir todas

as informações relacionadas com as condições naturais (meteorológicas, recursos hidráulicos

e de solo, mapa topográfico, etc.), condições sócias (especialmente o registro de posse de terra,

uso de solo atualizado, etc.) e ferramentas úteis para a elaboração do plano de

desenvolvimento (SIG, Sistema de Informação Geográfica, etc.) durante a fase preparatória.

Existe a necessidade de avaliar se estas atividades serão executadas dentro dos projetos de

cooperação técnica (especialmente o Estudo de Desenvolvimento), ou de forma individual.

3) Importância do desenvolvimento regional baseado no zoneamento

A zona do corredor Nacala abrangida pelo Estudo tem uma extensão aproximada de 600 km de

leste a oeste e é marcada pela diversidade no tocante às condições naturais e socioeconômicas,

de infraestrutura social e também há uma diversidade cultural entre as diversas comunidades.

Por isso, ao se elaborar o Plano de desenvolvimento, é importante considerar estas diferenças

intra-regionais. Para isso, é importante aplicar a metodologia de zoneamento considerando o

entorno agrícola.

4) Importância da coordenação com o projeto de cooperação técnica

EMBRAPA-USAID

O conteúdo detalhado do projeto conjunto entre a EMBRAPA e a USAID a ser executado

junto ao IIAM “Projeto de Assistência Técnica Básica para o Desenvolvimento Agropecuário

em Moçambique” deve se tornar mais claro no decorrer do tempo. É importante que sejam

realizados ajustes entre os três países para evitar a duplicidade de atividades com o presente

Relatório Final

8-6

programa. Para isso os termos de referência devem ser discutidos entre as três partes para que

as funções de cada parte sejam claramente definidas. Nos termos de referência devem estar

especificados o desejo de cooperação tanto do Brasil como do Japão, dando a devida

importância para que a entidade executora do projeto efetue a coordenação de forma ativa.

A proposta do plano de ação do projeto de assistência técnica da EMBRAPA e USAID é como

se descreve a seguir;

Atividades Início Término

1. Elaboração de anteprojeto técnico para fortalecimento em infra-estrutura das

estações de Nampula, de Sussundenga e Posto Agronômico de Mutuali. 03/2010 07/2010

2. Elaboração de anteprojeto para implantação e aparelhamento do laboratório de

solos de Maputo e de um Centro de Ciências do Solo em Nampula 05/2010 12/2010

3. Geração de mapas das propriedades agronômicas dos solos nas zonas do entorno

do Corredor de Nacala, entre os paralelos 13ºs e 17ºs. 02/2010 03/2010

4. Realização de estudos das propriedades agronômicas de rochas calcárias e

fosfatadas no corredor de Nacala 04/2010 12/2010

5. Elaboração de anteprojeto projeto para adensamento da coleta de dados climáticos

no entorno do Corredor de Nacala. 03/2010 07/2010

6. Planejamento de ações complementares ao projeto da AGRA em fertilidade dos

solos e nutrição de plantas nas regiões de Nampula e Zambézia. 05/2010 12/2010

7. Planejamento e elaboração de projeto técnico para aparelhamento de Unidade de

Produção de Sementes Básicas do IIAM.

8. Planejamento e elaboração de projeto técnico visando implantar e aparelhar

laboratórios de análise de sementes em Nampula e Chimoio. 05/2010 12/2010

9. Planejar e elaborar e apoiar a execução de projetos piloto de comunicação e

transferência de tecnologia nos centros zonais de Nampula e Chimoio. 03/2010 05/2010

Segundo a EMBRAPA, atualmente está sendo feita a coordenação entre a EMBRAPA e a

USAID para a demarcação de regiões onde, na região do Corredor de Nacala a cooperação

será feita com o Japão e nas outras regiões com a cooperação da USAID.

5) Proposta do método de implementação da Primeira Fase

Na fase final do presente Estudo, a parte Brasileira, considerando os resultados do Estudo

trilateral, apresentou uma nova proposta de método de execução. Seu conteúdo é construtivo,

refletindo o Capítulo 7 “Avaliação da Primeira Fase do Projeto”, mas não foi possível esgotar

as discussões sobre seu conteúdo devido à limitação do tempo. Por esse motivo, no dia 18 de

Março de 2010 a “Ata das Discussões” foi assinada pelas Três Partes (Vice Presidente da JICA,

Diretor da ABC e Ministro da Agricultura de Moçambique) (em Anexo) onde se inclui essa

proposta como tema a ser considerado pelo Grupo de Trabalho.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

8-7

< >Resumo do Conteúdo da Proposta da parte Brasileira 1o. Passo 2o. Passo 3o. Passo

「Projeto 1」

Estabelecimento do Centro de

Desenvolvimento de Técnicas

Agropecuárias

「Projeto 2」

Estabelecimento dos módulos do

Projeto Piloto

Seleção da região alvo

do programa

ProSAVANA

(Servir de base para a

seleção das áreas de

atividade do 2o.

Passo)

As atividades são desenvolvidas simultaneamente.

Respeito ao sistema de concordância de todas as partes envolvidas.

Servirá como material de base para a elaboração da proposta

prática do 3o. Passo.

「Projeto 3」

Programa de

Desenvolvimento

Geral

Meta estipulada para

3 anos após o início

do 2o. passo

A etapa 1 consiste na seleção, identificação e demarcação e proteção legal da região de

implantação do programa ProSAVANA.

A etapa 2 se referente a execução de dois projetos de cooperação técnica que teriam execução

simultânea e concomitante;

- Projeto 1, focado no apoio ao desenvolvimento de centros de inovação agropecuária;

- Projeto 2, Projeto Piloto visando desenvolvimento de uma área demarcada na região

identificada para a execução do Programa. Ambos projetos teriam atividades

co-relatas, sendo que os resultados obtidos subsidiariam a tomada de decisões

recíprocas.

A etapa 3 terá como objetivo a implantação de um plano de desenvolvimento agrícola na

região demarcada na Etapa 1. Sua elaboração terá início a partir dos primeiros resultados na

Etapa 2.

ETAPA 1: ETAPA DE DEFINIÇÕES MACRO

• Objetivo

Esta etapa terá por finalidade o diagnóstico para a Seleção da área de implantação do

ProSAVANA e sua conseqüente demarcação.

• Atividades

1. Identificação dos critérios de seleção da região onde será implementado o

ProSAVANA. Escolha dos critérios geopolíticos, Edafoclimaticos, socioeconômicos e

socioambientais.

2. Identificação e demarcação da região do ProSAVANA, em função dos critérios

previamente estabelecidos.

3. Medidas legais para proteção e acesso às regiões reservadas ao ProSAVANA, visando

a implementação do programa nas etapas subseqüentes.

• Resultados

1. Região do Programa identificada, demarcada segundo critérios de seleção

estabelecidos

2. Área protegida legalmente e acessível a implementação do programa ProSAVANA.

Relatório Final

8-8

3. Os resultados das atividades desta etapa subsidiarão as decisões a serem tomadas nas

Etapas subseqüentes. Parceiros: MINAG, ABC, JICA

ETAPA 2: PROJETOS DE COOPERAÇÃO TÉCNICA

- Projeto de Cooperação Técnica 1

- Modulo Desenvolvimento de Centro de Pesquisa e Tecnologia

• Objetivo

Transformar duas estações experimentais do IIAM (Nampula e Mutuali) na região do

Projeto Piloto em um Centro Tecnológico Regional, que será formado por um módulo

dedicado à pesquisa, um dedicado à extensão e um destinado à capacitação de recursos e

treinamento.

• Atividades

1. Fortalecer a capacidade de pesquisa e desenvolvimento. As áreas prioritárias seriam:

Análise de solos e levantamento de capacidade de uso do solo, Seleção de variedades

de produtos eleitos no projeto, Tecnologia de produção de sementes, zoneamento agro

ecológico, processamento agroindustrial dos produtos eleitos no projeto. Parceiros:

EMBRAPA e IIAM

2. Fortalecer a capacidade de extensão e assistência técnica na área do Piloto.

Transferência de tecnologia e Extensão rural. Parceiro: EMATER e IIAM

3. Capacitar e treinar técnicos na área do Piloto. Parceiro SENAR e IIAM

• Resultados

1. Consolidação de um centro tecnológico.

2. Suporte nas atividades pesquisa, extensão e capacitação para execução do Projeto

piloto.

- Projeto de Cooperação Técnica 2

- Módulo de Projeto Piloto

• Objetivo

Desenvolvimento de Projeto Agrícola em uma área piloto na região previamente

estabelecida na Etapa 1. O Projeto Piloto visa o desenvolvimento da região através da

melhoria da produção agrícola, transferência e implantação de tecnologia de

processamento agro-industrial e desenvolvimento da comercialização de produtos

agrícolas.

• Atividades

1. Proposta de modelo de ocupação da área (grande, médios, familiares). Definição da

porcentagem dos respectivos modelos na área piloto. Parceiro: MINAGRI.

2. Discussão e validação do modelo na área selecionada. Deverá estar e consonância com

as conclusões da Etapa 1. Parceiros: ABC, JICA, MINAG.

Estudo Preparatório para o Programa de Cooperação Trilateral entre Japão, Brasil e Moçambique para o Desenvolvimento Rural na Savana Tropical

8-9

3. Desenvolvimento de critérios de seleção da área piloto dentro da área maior do

ProSAVANA. Parceiros: EMBRAPA, EMATER, MINAG.

4. Seleção da área piloto, em função dos resultados obtidos na atividade anterior.

Parceiros: MINAGRI, JICA,ABC.

5. Identificação das comunidades na região do Projeto Piloto, em função dos critérios

sócio-ambientais estabelecidos na Etapa1. Parceiros: MINAGRI,JICA,ABC.

6. Proposta de zoneamento ambiental da área piloto. Parceiros: MINAGRI, JICA, ABC,

EMBRAPA.

7. Proposta de modelo agrícola ou pecuário dos módulos, incluindo a dimensão sócio

ambiental. Nesta atividade seria indicado uma equipe técnica qualificada no

diagnóstico de aspectos sócio econômicos. Parceiros: MINAGRI, JICA,ABC,

EMBRAPA, EMATER.

8. Proposta de Infra-estrutura sócio econômica para a área do Piloto (Transporte,

comunicações, comércio, saúde educação). Parceiros: JICA, MINAGRI.

9. Proposta de acesso a crédito e insumos. Esta proposta dará suporte à execução do

Projeto piloto, facilitando o acesso à crédito e insumos agrícolas. Parceiros:

MINAGRI, ABC e JICA.

10. Proposta de apoio e incentivos para a participação do setor privado e cooperativas.

Parceiros: MINAGRI, ABC e JICA.

11. Transferência e adaptação de pacotes tecnológicos apropriados à área. Parceiros:

MINAGRI, JICA, ABC, EMBRAPA..

12. Suporte a assistência técnica e extensão agropecuária na área do Projeto Piloto.

Parceiros: MINAGRI, JICA, ABC, EMATER.

13. Suporte a capacitação e treinamento na área do Projeto Piloto. Parceiros:

MINAGRI,JICA, ABC, SENAR

ETAPA 3: DESENVOLVIMENTO PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO DE

DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA REGIONAL -

• Objetivo

Estender a área de desenvolvimento regional estabelecida no Modulo Piloto (Projeto Piloto,

Etapa 2) para a região do Pro Savanas previamente delimitada na Etapa 1.

• Atividades

1. Elaboração do plano de desenvolvimento da região selecionada

2. Esta etapa deverá ser iniciada entre os 36-60 meses após o início de execução do

Projeto Piloto. Os resultados obtidos na Etapa 2 subsidiarão as decisões das serem

adotadas nesta etapa.

• Resultados

1. Desenvolvimento de um Plano agrícola integrado na região demarcada na Etapa 1.

2. Transferência e adoção de novas tecnologias.

3. Desenvolvimento de mercado agrícola interno e de exportação.

APÊNDICE 1: Memorandum de Entendimento (17 de Septembro de 2009)

APÊNDICE 2: Memorandum de Entendimento (18 de Março de 2010)