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PREPARATÓRIO: PEFOCE
MÓDULO: FARMACOLOGIA (FARMACOCINÉTICA e FARMACODINÂMICA)
PROFESSORA: DRA. CHARLLYANY SABINO CUSTÓDIO
Todos os fármacos devem satisfazer certas exigências mínimas para ter efetividade clínica.
Um fármaco, para ser bem sucedido, deve ser capaz de atravessar as barreiras fisiológicas que
existem no corpo para limitar o acesso das substâncias estranhas. A absorção dos fármacos pode
ocorrer através de vários mecanismos desenvolvidos para explorar ou romper essas barreiras. Uma
vez absorvido, o fármaco utiliza sistemas de distribuição dentro do organismo, como os vasos
sanguíneos e os vasos linfáticos, para alcançar o seu órgão-alvo numa concentração apropriada. A
capacidade do fármaco de ter acesso a seu alvo também é limitada por diversos processos que
ocorrem no paciente. Esses processos são amplamente divididos em duas categorias: o metabolismo,
em que o organismo inativa o fármaco através de degradação enzimática (primariamente no fígado),
e a excreção, em que o fármaco é eliminado do corpo (principalmente pelos rins e pelo fígado, bem
como pelas fezes).
Um fármaco precisa vencer certas barreiras físicas, químicas e biológicas para alcançar seus
locais de ação moleculares e celulares. O revestimento epitelial do trato gastrintestinal e outras
membranas mucosas representam um tipo de barreira; são também encontradas outras barreiras após
a penetração do fármaco no sangue e nos vasos linfáticos. A maioria dos fármacos que circulam no
sangue deve distribuir-se para tecidos locais, um processo que pode ser impedido por determinadas
estruturas, como a barreira hematoencefálica. Tipicamente, os fármacos abandonam o compartimento
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intravascular nas vênulas pós-capilares, onde existem lacunas maiores entre as células endoteliais
através das quais o fármaco pode passar. A distribuição de um fármaco ocorre principalmente por
difusão passiva, cuja velocidade é afetada por condições iônicas e celulares locais. As principais
barreiras físicas, químicas e biológicas do corpo, bem como as propriedades dos fármacos que
favorecem ou desfavorecem a sua capacidade de superar essas barreiras superfícies externa e interna
da membrana, enquanto as caudas hidrofóbicas dos lipídios estão voltadas para o interior da
membrana. Além dos componentes lipídicos, as membranas biológicas contêm numerosas proteínas
diferentes. Algumas dessas proteínas estão apenas expostas na superfície extracelular ou intracelular
da membrana; outras (denominadas proteínas transmembrana) penetram através da dupla camada
lipídica e ficam expostas a ambas as superfícies da membrana. Essa disposição possui implicações
importantes para a terapia farmacológica. Para que um fármaco possa afetar alvos intracelulares ou
atravessar uma célula, deve ser capaz de atravessar pelo menos uma e, em geral, várias membranas
biológicas.
FARMACOCINÉTICA (Movimento/caminho do fármaco/medicamento dentro do organismo –
desde a via de administração até sua completa eliminação/excreção)
―É o que o organismo faz com a droga‖.
A farmacocinética, às vezes descrita como o que o corpo faz com o fármaco, refere-se ao
movimento do fármaco dentro, através e fora do corpo — o tempo de evolução de sua absorção,
biodisponibilidade, distribuição, biotransformação e excreção.
A farmacocinética de um fármaco depende de fatores relacionados com o paciente, bem como
de suas propriedades químicas. Alguns fatores relacionados ao paciente (p. ex., função renal,
constituição genética, sexo e idade) podem ser utilizados para prever os parâmetros farmacocinéticos
em populações. Por exemplo, a meia-vida de alguns fármacos, em especial os que exigem
biotransformação e excreção, pode ser notavelmente longa no idoso (Comparação da resposta
farmacocinética para diazepam em um homem jovem (A) e homem idoso (B)). De fato, alterações
fisiológicas que ocorrem com o envelhecimento afetam diversos aspectos da farmacocinética
(Farmacocinética no envelhecimento e Farmacocinética em crianças). Outros fatores estão
relacionados com a fisiologia individual. Os efeitos de alguns fatores individuais (p. ex., insuficiência
renal, obesidade, insuficiência hepática e desidratação) podem ser razoavelmente previsíveis, mas
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outros fatores são idiossincrásicos e, assim, têm efeitos imprevisíveis. Em decorrência de diferenças
individuais, a administração dos fármacos deve basear-se na necessidade de cada paciente —
tradicionalmente, ela é feita pelo ajuste empírico da dose até que se alcance o objetivo terapêutico.
Essa abordagem é, com frequência, inadequada, pois pode retardar a resposta ótima ou resultar em
efeitos adversos.
O conhecimento dos princípios farmacocinéticos ajuda os médicos a ajustar a posologia com
mais precisão e rapidez. A aplicação dos princípios farmacocinéticos para individualizar a
farmacoterapia é denominada de monitoramento farmacológico terapêutico.
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1. Vias de administração do fármaco
A via de administração é determinada primariamente pelas propriedades do fármaco (p. ex.,
hidro ou lipossolubilidade, ionização) e pelos objetivos terapêuticos (p. ex., necessidade de um início
rápido de ação, necessidade de tratamento por longo tempo, ou restrição de acesso a um local
específico). As vias principais de administração de fármacos incluem a enteral, a parenteral e a
tópica, entre outras.
As principais vias e sistemas de administração das drogas são as seguintes: Oral, sublingual
ou bucal, parenteral, tópica, transdérmica, intraocular, intrarrespiratória, retal, intravaginal,
intrauterina, uretral e peniana.
Vias enterais
Via Oral
A administração de medicamentos por via oral é a mais utilizada, segura e econômica, além
de ser bastante confortável, sem apresentação de dor. Os fármacos orais são facilmente
autoadministrados, e a toxicidade e/ou a dosagem excessiva podem ser neutralizadas com antídotos
como o carvão ativado. As drogas administradas por via oral podem exercer um efeito local no trato
gastrointestinal ou ser absorvidas pela mucosa gastrointestinal, atingindo o sangue ou a linfa e
exercendo efeitos sistêmicos.
As soluções aquosas alcançam rapidamente o duodeno e logo começam a ser absorvidas. As
partículas das suspensões têm que ser, primeiro, dissolvidas nas secreções gastrointestinais antes que
ocorra a absorção. Os comprimidos e cápsulas convencionais têm que se desintegrar no estômago ou
intestino delgado antes de ocorrerem a dissolução e a absorção.
A via Sub-Lingual permite a retenção do fármaco por tempo mais prolongado. Propicia uma
rápida absorção de pequenas doses de alguns fármacos, devido à vasta vascularização sanguínea e a
pouca espessura da mucosa sub-lingual, permitindo a absorção direta na corrente sanguínea.
A administração de medicamento por via oral não é indicada em pacientes que apresentem
náuseas, vômitos, que tenham dificuldade de engolir ou desacordados, pois poderiam engasgar ou o
medicamento não chegar ao intestino para ser absorvido.
Via Retal
É uma via alternativa da via oral para crianças, doentes mentais, comatosos e aqueles que
apresentam vômitos e náuseas. Certas dçogas, que provocam irritação gastrointestinal excessiva ou
sofrem elevado metabolismo hepático de primeira passagem, podem ser favoravelmente
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administradas por via retal Como 50% da drenagem da região retal não passa pela circulação portal,
a biotransformação dos fármacos pelo fígado é minimizada com o uso desta via.
Vias parenterais
A via parenteral introduz o fármaco diretamente na circulação sistêmica. Ela é usada para
fármacos que são pouco absorvidos no trato gastro intestinal (TGI) e para os que são instáveis no TGI
Os fatores mais importantes que devem ser considerados quando se usa a via parenteral são:
local de injeção;
volume da injeção;
tamanho e tipo da agulha;
efeito terapêutico desejado;
domínio da técnica da injeção.
Intravenosa (IV)
A via IV permite um efeito rápido e um grau de controle máximo sobre a quantidade de
fármaco administrada. Quando injetada em bólus, toda a dose de fármaco é administrada na
circulação sistêmica quase imediatamente. Se for administrado como infusão IV, o fármaco é
infundido em um período de tempo maior, resultando em pico de concentração plasmática mais baixo
e em aumento da duração do nível do fármaco circulante. É uma via em que o paciente precisa de
ajuda de profissional treinado para realizar esse procedimento (enfermeiros e médicos). A via deve
ser manipulada com muito cuidado, pois há chances de infecção no local, podendo piorar o quadro do
indivíduo, além dos efeitos serem difíceis de reverter e ter possibilidade de dor e se tornar incômodo
quando necessária a aplicação por inúmeras vezes. Exemplo: bloqueador neuromuscular rocurônio.
Intramuscular (IM)
A absorção da droga por via intramuscular é usualmente completa, mas pode variar em
decorrência das propriedades físico-químicas das drogas, das variáveis da formulação e de diversos
fatores fisiológicos, como, por exemplo, a perfusão sanguínea no local considerado. Fármacos
administrados por via IM podem estar em soluções aquosas, que são absorvidas rapidamente, ou em
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preparações especializadas de depósito, que são absorvidas lentamente. Exemplo:
medroxiprogesterona (liberação prolongada).
Subcutânea
A administração subcutânea consiste na injeção de pequeno volume ( < 2 mL) de solução ou
suspensão aquosa no tecido intersticial frouxo, abaixo da pele no braço, antebraço, coxa, abdome ou
região glútea. O local da injeção deve ser variado quando houver necessidade de aplicações
frequentes. A injeção SC minimiza os riscos de hemólise ou trombose associados à injeção IV e pode
proporcionar efeitos lentos, constantes e prolongados. Exemplo: Insulina.
Vias tópica e transdérmica
Os alvos para as drogas aplicadas à pele pelos seus efe1tos locais são a superfície da pele, o
estrato córneo, a epiderme viável, a derme e os anexos, isto é, unhas, glândulas sudoríparas e
sebáceas e folículos pilosos. A presença de uma rede vascular eficiente na derme permite que as
drogas que atravessam o estrato córneo e a epiderme sejam prontamente absorvidas, produzindo
efeitos sistêmicos. Os medicamentos são apresentados em forma de pomadas, géis ou cremes e
devem ser administrados somente no local onde há a lesão no caso do uso tópico. A velocidade de
absorção da aplicação transdérmica pode variar de modo acentuado, dependendo das características
físicas da pele no local da aplicação e da lipossolubilidade do fármaco. Essa via é usada com mais
frequência para a oferta prolongada de fármacos, como o fármaco antianginoso nitroglicerina, o
antiemético escopolamina e os adesivos de nicotina usados para facilitar a interrupção do hábito de
fumar. Admitindo-se que a droga é absorvida em quantidade suficiente, a administração transdérmica
de drogas oferece as seguintes vantagens:
evitam-se os inconvenientes e riscos da via intravenosa;
elimina-se a variável biodisponibilidade observada após terapia oral;
as drogas que possuem índices terapêuticos estreitos ou meiasvidas curtas podem ser
administradas com segurança e durante períodos prolongados;
os efeitos colaterais e a frequência posológica são reduzidos;
a obediência ao regime terapêutico por parte do paciente é melhorada;
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o término rápido do efeito da droga é possível, simplesmente com a remoção do dispositivo
de administração (emplastro).
Vias ocular, nasal e auricular
Para utilização desta via os medicamentos devem ser de aplicação local. Os medicamentos
para a via ocular se apresentam sob a forma de colírio ou pomadas. Já os medicamentos utilizados
por via nasal se apresentam na forma de solução (como os descongestionantes nasais); os
medicamentos administrados pela via auricular são apresentados na forma de solução otológica.
Via respiratória
A administração de drogas por inalação representa uma modalidade conveniente de introduzir
medicamentos diretamente na árvore respiratória para o tratamento de doenças broncopulmonares. A
via inalatória também é usada em anestesiologia quando se empregam anestésicos gerais gasosos,
administração de drogas pela via respiratória pode visar à atividade local ou sistêmica. Tem a
vantagem de realizar a administração em pequenas doses com rápida absorção.
Via epidural
O espaço peridural está situado entre a dura-máter anteriormente e as paredes ósseas e
ligamentosas do canal espinhal posteriormente. Está limitado cefalicamente pelo forame magno, onde
a dura-máter se funde com o periósteo do crânio, e caudalmente, pela membrana sacrococcígea. A
via peridural é usada para administração de anestésicos locais e analgésicos (morfina).
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FARMACODINÂMICA (Mecanismo de ação do fármaco/medicamento dentro do organismo vivo)
―É o que a droga faz com o corpo.‖
A farmacodinâmica é o estudo dos efeitos bioquímicos, fisiológicos e moleculares dos
fármacos no corpo e diz respeito à ligação ao receptor (incluindo a sensibilidade do receptor), aos
efeitos pós-receptor e às interações químicas.
A farmacodinâmica, juntamente com a farmacocinética, ajuda a explicar a relação entre
a dose e a resposta, ou seja, os efeitos do fármaco. A resposta farmacológica depende da ligação do
fármaco a seu alvo:
As moléculas (p. ex., fármacos, hormônios e neurotransmissores) que se ligam ao receptor
são denominadas ligantes. A ligação pode ser específica e reversível. Um ligante pode
ativar ou inativar um receptor, podendo a ativação aumentar ou diminuir uma função celular
particular. Cada ligante pode interagir com múltiplos subtipos de receptores. Poucos
fármacos, talvez nenhum, são absolutamente específicos para um receptor ou subtipo,
porém a maioria possui seletividade relativa. Seletividade é o grau de ação de uma
substância em um determinado local em relação a outros locais; a seletividade refere-se em
grande medida à ligação físico-química do fármaco aos receptores celulares.
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A capacidade do fármaco em afetar um determinado receptor relaciona-se à afinidade do
fármaco (probabilidade de ocupar um receptor a qualquer instante) e à eficácia intrínseca (atividade
intrínseca — grau em que o ligante ativa receptores e conduz à resposta celular). A afinidade e a
atividade de um fármaco são determinadas por sua estrutura química. O efeito farmacológico
também é determinado pelo período de tempo em que o complexo fármaco-receptor persiste
(tempo de residência). O tempo de vida do complexo fármaco-receptor é alterado por processos
dinâmicos (mudanças de conformação) que controlam a velocidade de associação e dissociação do
fármaco de seu alvo. Um tempo de residência mais longo explica um efeito farmacológico
prolongado. Os fármacos com tempo de residência mais prolongados são a finasterida e o
darunavir. O tempo de residência mais longo pode ser uma desvantagem potencial quando prolonga
os efeitso tóxicos de um fármaco. Em alguns receptores, a ocupação transitória de fármacos produz
o efeito farmacológico desejado, enquanto a ocupação prolongada provoca toxicidade.
As funções fisiológicas (p. ex., contração e secreção) são, em geral, reguladas por múltiplos
mecanismos mediados por receptores e várias etapas (p. ex., acoplamento de receptores e múltiplas
substâncias intracelulares como 2º mensageiro) podem estar interpostas entre a interação fármaco-
receptor molecular inicial e a resposta final do tecido ou órgão. Assim, várias moléculas de
fármacos diferentes podem, muitas vezes, ser usadas para produzir a mesma resposta desejada.
A capacidade de se ligar a um receptor é influenciada por fatores externos e por
mecanismos reguladores intracelulares. A densidade basal de receptores e a eficiência dos
mecanismos estímulo-resposta variam de tecido para tecido. Fármacos, envelhecimento, mutações
genéticas e doenças podem aumentar (modular positivamente) ou diminuir (modular
negativamente) o número e a afinidade da ligação dos receptores. Por exemplo, a clonidina
promove a subsensibilidade dos receptores do tipo alfa-2 e, portanto, a interrupção rápida da
clonidina pode produzir crise hipertensiva. O tratamento regular com betabloqueadores promove a
modulação positiva da densidade dos receptores beta; assim, a sua interrupção abrupta pode
deflagrar taquicardia ou hipertensão grave. A modulação positiva e negativa do receptor modula a
adaptação aos fármacos (p. ex., dessensibilização, taquifilaxia, tolerância, resistência adquirida e
supersensibilidade após a suspensão). Os ligantes se ligam a regiões moleculares precisas,
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denominadas sítios de reconhecimento, nas moléculas receptoras. O sítio de ligação de um fármaco
pode ser o mesmo ou diferente daquele de um agonista endógeno (hormônio ou neurotransmissor).
Os agonistas que se ligam a um sítio de ligação adjacente ou diferente às vezes são denominados
agonistas alostéricos. Também existem ligações inespecíficas de fármacos, isto é, em alvos
moleculares não designados como receptores (p. ex., proteínas plasmáticas). A ligação de fármacos
a esses locais inespecíficos, como a ligação a proteínas séricas, impede que o fármaco se ligue ao
receptor e, assim, inativa o fármaco. O fármaco livre está disponível para se ligar aos receptores e
para ter um efeito.
Agonistas e antagonistas
Agonistas ativam receptores que produzem a resposta desejada. Os agonistas
convencionais aumentam a proporção de receptores ativados. Os agonistas inversos
estabilizam o receptor na sua conformação inativa e agem de forma semelhante aos
antagonistas competitivos. Muitos hormônios, neurotransmissores (p. ex.,
acetilcolina, histamina e noradrenalina) e fármacos (p. ex., morfina, fenilefrina e
isoproterenol, benzodiazepinas e barbitúricos) agem como agonistas.
Os antagonistas impedem a ativação do receptor. Essa prevenção da ativação tem
muitos efeitos. Antagonistas aumentam a função celular se bloquearem a ação de
uma substância que normalmente diminui a função celular. Antagonistas diminuem a
função celular se bloquearem a ação de uma substância que normalmente aumenta a
função celular.
Os antagonistas de receptores podem ser classificados como
reversíveis ou irreversíveis. Os antagonistas reversíveis dissociam-se
prontamente de seus receptores e, inversamente, os antagonistas
irreversíveis formam uma ligação química estável, permanente ou
quase permanente com seus receptores (p. ex., por alquilação).
Antagonistas pseudoirreversíveis dissociam-se lentamente de seus
receptores.
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No antagonismo competitivo, a ligação do antagonista ao receptor
impede a ligação do agonista ao receptor.
No antagonismo não competitivo, agonista e antagonista podem ligar-
se simultaneamente, mas a ligação antagonista reduz ou impede a ação
do agonista.
No antagonismo competitivo reversível, agonista e antagonista
formam ligações de curta duração com o receptor, atingindo um
estado estável entre agonista, antagonista e receptor. Esse
antagonismo pode ser superado pelo aumento da concentração do
agonista. Por exemplo, a naloxona (antagonista do receptor opioide
que é estruturalmente semelhante à morfina), quando administrada um
pouco antes ou logo após a morfina, bloqueia os efeitos desta.
Entretanto, o antagonismo competitivo pela naloxona pode ser
superado pela administração de mais morfina.
Análogos estruturais de moléculas agonistas frequentemente têm propriedades agonistas e
antagonistas, de maneira que esses fármacos são denominados agonistas parciais (eficácia baixa)
ou agonistas/antagonistas. Por exemplo, a pentazocina ativa os receptores opioides, mas bloqueia a
ativação por outros opioides. Assim, a pentazocina desencadeia efeitos opioides, mas atenua os
efeitos de outro opioide se este for administrado enquanto a pentazocina ainda estiver ligada. O
fármaco que age como agonista parcial em um tecido pode agir como agonista completo em outro.
A concentração do fármaco no sítio receptor influencia o efeito do fármaco.
A farmacodinâmica de um fármaco pode ser modificada por alterações fisiológicas
decorrentes de:
Um distúrbio ou uma doença
Processo de envelhecimento
Outros fármacos
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As doenças que afetam as respostas farmacodinâmicas incluem mutações genéticas,
tireotoxicose, má nutrição, miastenia gravis, doença de Parkinson e algumas formas de diabetes
melito resistentes à insulina. Essas doenças podem alterar a ligação ao receptor e o nível de
proteínas ligantes ou diminuir a sensibilidade do receptor.
O envelhecimento tende a afetar as respostas farmacodinâmicas por meio de alterações na
ligação ao receptor ou na sensibilidade da resposta pós-receptor (ver tabela Efeito do
envelhecimento sobre a resposta a fármacos).
As interações farmacodinâmicas fármaco-fármaco resultam em competição por sítios de
ligação de receptor ou alteram a resposta pós-receptor.
OBS.: Alguns fármacos desencadeiam efeitos sem alterar a função celular e sem ligar-se a um
receptor. Por exemplo, a maioria dos antiácidos diminui a acidez gástrica por reações químicas
simples, tendo em vista que os antiácidos são bases que interagem quimicamente com ácidos para
produzir sais neutros. A ação principal da colestiramina, um sequestrante de ácido biliar, é ligar
ácidos biliares no trato gastrintestinal.
Independentemente de como ocorre o efeito do fármaco — por ligação ou interação química
—, sua concentração no local da ação controla o efeito. Entretanto, a resposta à concentração pode
ser complexa e é frequentemente não linear. A relação entre a dose do fármaco, independentemente
da via utilizada, e sua concentração no nível celular é ainda mais complexa. Os dados da relação
dose-reposta são classicamente esquematizados com a dose ou a função da dose (p. ex., log10 dose)
no eixo x e o efeito medido (resposta) no eixo y. Como o efeito do fármaco é uma função da dose e
do tempo, esse gráfico representa a relação dose-resposta independente do tempo. Os efeitos
medidos são frequentemente registrados como máximos no momento do efeito de pico ou sob
condições estáveis (p. ex., durante infusão intravenosa contínua). Os efeitos do fármaco podem ser
quantificados em nível de molécula, célula, tecido, órgão, sistema orgânico ou organismo.
Uma curva dose-resposta hipotética tem características que variam (ver figura Curva dose-
resposta hipotética):
Potência (localização da curva ao longo do eixo das doses)
Eficácia máxima ou efeito platô (maior resposta alcançável)
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Inclinação (mudança na resposta por dose unitária)
Curva dose-resposta hipotética
Também existe variação biológica (variação da magnitude da resposta entre os indivíduos
testados na mesma população em que se administrou a mesma dose do fármaco). A esquematização
das curvas de dose-resposta dos fármacos estudados sob condições idênticas pode ajudar a
comparar o perfil farmacológico dos fármacos (ver figura Comparação das curvas dose-respostas
para os fármacos X, Y e Z). Essa informação ajuda a determinar a dose necessária para alcançar o
efeito desejado.
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Comparação das curvas dose-resposta
O fármaco X possui maior atividade biológica por equivalente de dose, sendo,
portanto, mais potente do que os fármacos Y ou Z. Os fármacos X e Z possuem a
mesma eficácia, indicada pela resposta máxima alcançada (efeito teto). O fármaco
Y é mais potente do que o Z, porém sua eficácia máxima é menor.
Dose-resposta, que envolve princípios de farmacocinética e de farmacodinâmica, determina a dose
necessária e a frequência, bem como o índice terapêutico para o fármaco na população. O índice
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terapêutico (razão da concentração tóxica mínima para a concentração média efetiva) ajuda a
determinar a eficácia e a segurança do fármaco. O aumento da dose de um fármaco com um índice
terapêutico pequeno amplia a probabilidade de toxicidade ou ineficácia do fármaco. Entretanto,
essas características diferem entre as populações e são influenciadas por fatores relacionados com
os pacientes (p. ex., gestação, idade, função orgânica p. ex, RFG estimado]).
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REFERÊNCIAS
LAURENCE, L.B. et al. Goodman & Gilman: Manual de Farmacologia e Terapêutica / Porto
Alegre: AMGH, 2010
RANG, H.P.; DALE, M.M.; RITTER, J.M.; MOORE, P.K. Farmacologia. 7ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011.