equação simbolica 2

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A perversão. A construção da identidade sexual no homem e na mulher. Trabalho apresentado no seminário: Perversão Coordenado pelo Prof. Dr. Flávio Carvalho Ferraz Cristiane Barbieri Paula Gomes Vieira Instituto Sedes Sapientiae Departamento de Psicanálise 2001 A sexualidade humana não é outorgada pelo biológico. Freud nos aponta, pela teoria psicanalítica, os caminhos de sua construção; passando pelo auto-erotismo, narcisismo e édipo. A partir dessa idéia, de que a sexualidade humana deverá ser construída pelo atravessamento dessas fases, através de mecanismos de defesa específicos, tentaremos discutir a construção da estrutura perversa como um caminho possível de construção de identidade sexual. A questão do gênero se destaca a nosso ver, a partir do ponto em que a perversão é freqüentemente colocada como um quadro predominantemente masculino. Gostaríamos de discutir este elo perversão –masculinidade. Em que momento da etiologia da perversão se insere a questão do gênero? Num segundo momento abriremos para pensar se a perversão pode também ser uma saída para a construção da sexualidade feminina. A perversão. A construção da identidade sexual no homem e na mulher. Cristiane Barbieri Paula Gomes Vieira A descoberta por parte da criança da diferença entre os sexos é equivalente, em qualidade traumática, à anterior descoberta da alteridade e a ulterior revelação da inevitabilidade da morte. Alguns indivíduos nunca resolvem nenhum desses traumas universais, em alguma medida, todos

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  • A perverso.

    A construo da identidade sexual no homem e na mulher.

    Trabalho apresentado no seminrio: Perverso

    Coordenado pelo Prof. Dr. Flvio Carvalho Ferraz

    Cristiane BarbieriPaula Gomes Vieira

    Instituto Sedes Sapientiae Departamento de Psicanlise2001

    A sexualidade humana no outorgada pelo biolgico. Freud nos aponta, pela teoria psicanaltica, os caminhos de sua construo; passando pelo auto-erotismo, narcisismo e dipo. A partir dessa idia, de que a sexualidade humana dever ser construda pelo atravessamento dessas fases, atravs de mecanismos de defesa especficos, tentaremos discutir a construo da estrutura perversa como um caminho possvel de construo de identidade sexual.

    A questo do gnero se destaca a nosso ver, a partir do ponto em que a perverso freqentemente colocada como um quadro predominantemente masculino. Gostaramos de discutir este elo perverso masculinidade. Em que momento da etiologia da perverso se insere a questo do gnero?

    Num segundo momento abriremos para pensar se a perverso pode tambm ser uma sada para a construo da sexualidade feminina.

    A perverso.

    A construo da identidade sexual no homem e na mulher.

    Cristiane Barbieri

    Paula Gomes Vieira

    A descoberta por parte da criana da diferena entre os sexos equivalente, em qualidade traumtica, anterior descoberta da alteridade e a ulterior revelao da inevitabilidade da morte.

    Alguns indivduos nunca resolvem nenhum desses traumas universais, em alguma medida, todos

  • ns os negamos nos mais profundos recessos de nossas mentes,

    Joyce McDougall

    In As mltiplas faces de eros pg XVI

    A sexualidade humana no outorgada pelo biolgico. Freud nos aponta, pela teoria psicanaltica, os caminhos de sua construo; passando pelo auto-erotismo, narcisismo e dipo. A partir dessa idia, de que a sexualidade humana dever ser construda pelo atravessamento dessas fases, atravs de mecanismos de defesa especficos, tentaremos discutir a construo da estrutura perversa como um caminho possvel de construo de identidade sexual.

    A questo do gnero se destaca a nosso ver, a partir do ponto em que a perverso freqentemente colocada como um quadro predominantemente masculino. Gostaramos de discutir este elo perverso masculinidade. Em que momento da etiologia da perverso se insere a questo do gnero?

    Num segundo momento abriremos para pensar se a perverso pode tambm ser uma sada para a construo da sexualidade feminina.

    Perverso como Estrutura

    O conceito de perverso aparece em Freud pela primeira vez nos " Trs ensaios sobre a teoria da sexualidade " ( 1905 ), apresenta neste texto a perverso como a permanncia na vida adulta de caractersticas perverso polimorfas, tpicas da sexualidade pr-genital infantil, em detrimento da sexualidade genital por ele considerada normal.

    A partir de 1919 relaciona perverso e dipo, nos textos "Uma criana espancada: Contribuio ao estudo da origem das perverses ", "A dissoluo do complexo de dipo ", e "A organizao genital infantil: uma interpolao na teoria sexualidade". Nestes textos ainda no h uma indicao clara de um mecanismo especfico que indique o caminho da perverso como uma estrutura. Pensamos que aspectos da sexualidade perverso-polimorfa podem estar presentes em qualquer estrutura, sem que isto a defina. O conceito de recusa aparece como um mecanismo normal da construo da sexualidade, que posteriormente superado, a castrao aceita e os desejos incestuosos, juntamente com os desejos de completude sucumbem ao recalque.

    No texto "Fetichismo" de 1927 a recusa passa a ser entendida como um elemento permanente que, associado a ciso do ego (Spaltung), se tornam os mecanismos de defesa que marcam a estrutura perversa.

    " Em seu pequeno trabalho dedicado ao fetichismo Freud prope que a chave desta forma de perverso se encontra justamente em uma duplicidade de atitudes diante da castrao da figura materna: reconhecimento e repdio a um s tempo. Ora, isto s possvel custa de um processo dissociativo que, como torna-se evidente, incide no eu. No se trata de uma degenerao ou incapacidade constitucional de sntese mas de um processo de defesa. "

    Dcio Gurfinkel

  • A clnica da dissociao. in A clnica conta histrias pag 157

    Como j dissemos, entendemos que a recusa e a ciso esto presentes na constituio de qualquer psiquismo, como uma forma inicial da elaborao daquilo que ainda indefensvel para os primrdios do psiquismo; porm sua manuteno como mecanismos defensivos bsicos e permanentes constitui a essncia da estrutura perversa.

    O papel das figuras parentais.

    Se levantamos como hiptese de trabalho que a diferena de gnero pode ou no trazer implicaes na constituio da perverso cremos que ela s se faz premente a partir do olhar materno.

    Para melhor nos situarmos neste campo faremos um breve apanhado sobre os conceito de falo imaginrio e simblico segundo Lacan.

    O conceito de falo simblico e imaginrio

    Se retomarmos o conjunto do processo de castrao tal como foi estudado no menino e na menina, ressaltar da que o objeto central em torno do qual ele se organiza no , a bem da verdade, o orgo sexual anatmico peniano, mas a representao deste. O que a criana percebe como atributo possudo por alguns e ausentes em outros no o pnis, mas a sua representao psquica, seja sob a forma simblica, seja sob a forma imaginria. Falamos assim em falo imaginrio e falo simblico.

    Falo Imaginrio

    Segundo Lacan falo imaginrio a representao psquica do pnis. A importncia deste orgo na construo da identidade sexual resulta de trs fatores.

    Anatmico: O caracter fisicamente proeminente e a sua boa forma, conferem a este orgo uma viva pregnncia criana.

    Carga libidinal: A regio genital acumula intensa carga libidinal.

    Fantasstico: A angstia provocada pela fantasia da perda deste orgo.

    O falo imaginrio apesar de ser representao psquica, guarda ainda uma certa aderncia ao orgo peniano ( e a masculinidade ). Dentro desta lgica alguns so providos de falo e outros no.

    Falo Simblico

    Este termo se refere a possibilidade de separar definitivamente a representao psquica do orgo anatmico. Permitindo a transmutao deste por outros objetos numa srie comutativa qualificada por Freud de equao simblica.

    Para aceder a lgica simblica o indivduo aceita a castrao como a lei a que todos esto submetidos. Como sublinha Nasio demonstrando um certo afastamento da teoria freudiana da castrao e do falo, observamos em Lacan:

  • "Que a castrao no tanto uma ameaa ou inveja mas um ato de corte.

    Que este ato incide mais sobre um vnculo que sobre uma pessoa.

    Que o ato da castrao visa um objeto: O falo imaginrio, objeto desejado pela me com o qual a criana se identifica. "

    J.D. Nasio

    Lies sobre os sete conceitos cruciais da psicanlise pag 37

    O papel da me

    "... Freud no questionou o problema da sexualidade arcaica, alm do mais, tinha tendncia na minha opinio de idealizar a primeira relao. Se para ele o objeto do desejo do homem era a mulher, o desejo da mulher era seu filho macho."

    Joyce McDougall

    In Teatros do eu cap XI pag 203

    Segundo Stoller ( apud Flvio Ferraz ) "A perverso o resultado de uma dinmica familiar que induzindo o medo fora a criana a evitar o enfrentamento da situao edpica na qual, todavia, ela j se encontra imersa, o desfecho do conflito edpico no seria, portanto, a dissoluo do mesmo pela via do recalcamento, mas sim a sua evitao , o que adiaria ad infinitum seu desfecho, mantendo-o suspenso."

    Qual seria essa dinmica familiar? Pensamos se tratar de uma configurao familiar que tem como ponto nuclear uma me imersa na lgica flica, que no aceita e reconhece a prpria castrao, coloca o filho no lugar de falo, proporcionando a este uma gratificao narcsica de tal intensidade, que trar dificuldades no reconhecimento da diferena eu-outro resignificada na diferena sexual.

    " A me interna, idealizada e intacta, desempenha um papel essencial no imaginrio de todos os que criam perverses."

    Joyce McDougall

    In Teatros do eu capXI pg 203

    Se uma me que resolveu a prpria castrao oferece ao filho possibilidades simblicas para a sada edpica e para a identificao com o pai o atravessamento do dipo poderia ser menos traumtico, resultando numa aceitao da diferena e no recalque. Se esta criana se fixa numa posio de extrema satisfao libidinal a ameaa de perda narcsica, tanto mais intensa, levando a mecanismos mais extremos de negao desta realidade que seriam a recusa e a clivagem.

    Ainda segundo Stoller o traumtico, para o perverso, incide na identidade sexual ou no prprio

  • aparelho genital. Do que se trata esse traumtico? Pensamos que isto advm da impossibilidade materna de permitir ao pai da criana uma entrada na relao, aliada a impossibilidade do pai de ocupar o lugar de interditor.

    Articulando o dito acima com uma interpretao de Joyce McDougall .

    " A palavra materna lembrada ou interpretada como sendo hostil ao pai, a seu sexo, ao mundo dos homens em geral. Se freqentemente verdade que o desejo perverso visa uma identificao com a me em seu desejo oposto de receber o pnis ( nas relaes homossexuais ou atravs de seus substitutos sob a forma chicote, bomba de lavagem, cordas, etc ...), tambm verdade que ao mesmo tempo se produz uma identificao profunda atitude castradora da me com relao aos homens, ao pai, ao pnis.

    ... alm do mais esse denegrir do homem ... deixam supor que o nico objeto de amor vlido a prpria me. Seu saber sobre o sexo recebido como uma verdade absoluta, sobre tudo quando o pai se mostra cmplice pelo esconderijo ou uma tendncia freqente de manter os filhos distancia ou por brincadeiras com respeito sexualidade da criana e seu valor como homem ou futura mulher. A depresso que surge na analise de todos esses pacientes em parte ligada a esse no reconhecimento, pelo pai, da identidade sexual deles, portanto de seu valor intrnseco como indivduos.

    Joyce Mc Dougall

    In Teatros do eu cap XII pags 216-217

    Entendemos que o traumtico que vemos atuar na perverso difere em parte do traumtico que inerente a construo da sexualidade que deve passar pelas questes da alteridade, monossexualidade e mortalidade. O perverso tem que se haver com estas questes, tendo a possibilidade de identificao com a figura paterna impedida pelo discurso materno de desvalorizao da masculinidade. Aferra-se assim como nica possibilidade constitutiva de sua sexualidade recusa da castrao e aliana com a me flica .

    A entrada na conflitiva edipica, que tambm marca a entrada na cultura, est interditada ao perverso, isto no aparece apenas na sua neosexualidade mas em outros campos de sua relao onde, apesar de parecer inserido sente-se sempre um estranho, uma fraude. O perverso paga um preo muito alto por essa excluso, porm a gratificao narcsica proporcionada pode ser o que lhe sustenta, Joyce McDougall diz:

    " Poder-se-ia dizer que as criana so prisioneiras dos desejos e dos medos inconscientes de seus pais. Mas nem todos os prisioneiros querem fugir! A criana incestuosa quer crer que apoiada em seu desejo de castrar o pai, de possuir magicamente a potncia flica.

    " A criana repudia o mito edipiano com o seu fundamento universal que mantm como inelutvel a diferena entre os sexos e a sua significao, e como imutveis as proibies que visam diferenas entra as geraes. Escapa assim s aporias que ela se apresenta e em ato cria para si uma mitologia privada, para uso exclusivo e cuja as leis ela prpria estabelecer .

  • Joyce McDougall

    In Teatros do eu cap XII pg.217

    Consideramos na me do perverso semelhanas com a me do psictico, pois estamos no campo da indiferenciao. A me do perverso est presa a lgica flica Ter-No Ter, enquanto a me do psictico, em oposio est presa a um momento anterior de indiferenciao Ser-No Ser. Poderamos pensar que ambas as mes, no tiveram uma sada edpica exitosa no caminho de sua feminilidade, no podendo realizar uma equao simblica onde o filho pudesse ocupar, o lugar de falo simblico e de restituio narcsica possvel.

    Para estas mulheres o filho torna-se o falo de fato. Acreditamos que a diferena entre elas seja que para a me do psictico este filho, torna-se uma parte do seu ser, um prolongamento de si; enquanto para a me do perverso torna-se um par incestuoso, uma vez que ele ocupa o lugar de falo imaginrio.

    Em termo de estatuto de objeto o psictico, no existe, enquanto outro para sua me, o perverso existe, mas com a nica funo de complement-la.

    A Questo do Gnero

    Na perverso o trauma incide na identidade sexual, ou ainda na anatomia sexual, segundo Stoller , trauma este perpetrado pela me. Essa ao traumtica sobre a sexualidade masculina ou feminina, ocorre quando a me no tiver obtido uma soluo simblica de sua prpria sexualidade, necessitando assim atuar a recusa de sua prpria castrao, projetando-a sobre o filho ( a)

    No caso do menino abrem-se as portas da perverso ou dos transtornos mais graves de identidade sexual, como por exemplo o travestismo. E no caso da menina?

    Sob a perspectiva de lugar flico que o filho ocupa para a me do perverso, haveria alguma implicao para a me conforme o sexo anatmico do beb?

    Para Freud o caminho da sexualidade mais difcil para a mulher, por que envolve o abandono de um primeiro objeto homossexual, a me, para o encontro de um heterossexual, o que no acontece com o homem, sendo que o seu primeiro objeto j heterossexual.

    Stoller inverte essa perspectiva privilegiando as relaes identificatrias primrias em detrimento das objetais. Assim para o menino tornar-se-ia mais difcil atingir uma identidade sexual masculina, pois isto, implica em um rompimento da identificao primria. J a mulher pode trocar de objeto libidinal sem o rompimento da identificao primria com a me.

    A partir do que dissemos sobre a me do perverso, uma mulher impedida na sua funo simblica o filho homem preencheria melhor sua necessidade de completude flica, pois presa a uma lgica imaginria, atribui ao pnis real a funo de falo, impelindo-o relao incestuosa. Ressaltamos aqui que a figura paterna permanece na sombra, a me oblitera o olhar do filho em direo ao pai, impedindo qualquer possibilidade identificatria com a figura masculina.

  • Para que se mantenha esse par incestuoso, necessrio um jogo ilusrio e de cumplicidade, a me aponta para o filho o lugar que ele deve e o faz acreditar que pode ocupar, de parceiro sexual privilegiado .

    Quando esta me flica tem uma menina, que pode ocupar o lugar de falo simblico, porem no de falo imaginrio, onde falo e pnis tem aderncia; que destino pode ser dado a essa menina?

    No artigo de1931 " Sexualidade Feminina" Freud aponta trs caminhos para o enigma da castrao e do dipo para a mulher; a saber : a inibio da funo sexual, a feminilidade ( equao simblica pnis-filho), e o complexo de masculinidade. O caminho da feminilidade certamente estar comprometido, uma vez que a me no o pde encontrar. No nosso entender o complexo de masculinidade poderia ser a sada perversa para a mulher por usar como mecanismo a recusa.

    " a segundo linha ( masculinidade) a leva a se aferrar com desafiadora autoafirmatividade sua masculinidade ameaada. At uma idade inacreditavelmente tardia aferra-se a esperana de conseguir um pnis em alguma ocasio. Essa esperana se torna o objetivo de sua vida e a fantasia de ser um homem, apesar de tudo freqentemente persiste como fator formativo por longos perodos.

    Sigmund Freud

    " A sexualidade feminina ( 1931 ) p 264

    Entendemos que aqui a recusa opera e no o recalque, pois apesar de perceber a diferena a menina nega. Freud ainda neste texto afirma que o complexo de masculinidade pode levar a homossexualidade manifesta, outra possibilidade que aventamos que pudesse levar a prticas sexuais perversas como por exemplo: o uso de fetiches, comportamentos sdicos e ou masoquistas tambm encontrados em mulheres, travestismos em mulheres e na negao do sexo biolgico como nas homossexuais de aparncia masculinizadas.

    Desta forma a menina se mantm presa identificao primria com a me flica e alm disso se sente menos ameaada, pela possibilidade de perder o seu amor. Pois pode formar com ela um par incestuoso, j que possui o falo imaginrio.

    Propomos que desvalorizao da figura paterna, pela ausncia real ou pela sombra lanada pela me, impede meninos e meninas, o acesso a monossexualidade e discriminao

    Concluses finais

    A recusa do perverso homem ou mulher, em ltima instncia se d por um apego a tentativa de negar a monossexualidade, alteridade e inevitabilidade da morte, sem passar pela conflitiva edpica e a castrao. Isto se possibilita pois se trata de um ego cindido, que reconhece a realidade de todas essas leis inexorveis quando lhe imprescindvel, ao mesmo tempo que as nega na esfera da identidade sexual.

    Isto independe do gnero, pois meninos e meninas, esto submetidos a estes desejos primrios e a travessia de fases semelhantes. Cabe s figuras parentais poderem realizar a interdio da realizao fantasstica dos trs desejos mgicos, que criam uma satisfao ilusria, mas impedem o acesso a uma verdadeira subjetivao e a desejos passveis de realizao sem o preo permanente da ciso do ego.

  • Quando se interpreta o jogo do perverso, diz Joyce Mc Dougall, vemos que ele:

    "... sempre construdo em torno do tema da castrao: castrao materna ou paterna, castrao narcsica, castrao sobre a forma pr-genital, castrao primria em que o corpo inteiro, ou seja, a prpria vida se encontram ameaadas. Mas no ato perverso trata-se sempre de uma castrao ldica na qual o tema principal cuidadosamente escondido pela negao: no castram o outro, refazem-no, no castram, completam-no."

    Joyce Mc Dougall

    In Teatros do eu cap XI pag 206

    Como considerao final pensamos que a construo da perverso enquanto estrutura pode se configurar como possibilidade de evitar uma soluo psictica, tanto para homens quanto para mulheres. Esta possibilidade se d pelo fato da recusa ter como alvo privilegiado a diferena sexual e no a diferena eu-outro, nem a negao da realidade.

    " Enquanto a dimenso de reparao subsistir, por mais manaca e ilusria que seja, a sexualidade perversa, ao fazer a economia de uma soluo psictica para certos conflitos em questo, preencher sua funo: Eros triunfar sobre a morte."

    Joyce McDougall

    In Teatros do eu cap XII pag 229

    Referncias Bibliogrficas

    Clavreul, Jean... ( et al )O desejo e a perverso Campinas, SP: Papiros, 1990

    Ferraz, Flvio CarvalhoPerverso. So Paulo: Casa do Psiclogo,2000-( Coleo Clnica Psicanaltica)

    Ferraz, Flvio Carvalho

    Freud, Sigmund. In : Edio Standart das Obras Completas. Rio de Janeiro. Imago. 1980.

    ______( 1919 ) "Uma criana espancada": uma contribuio ao estudo das perverses sexuais. Vol XVII

    ______( 1923 ) "A organizao genital infantil: Uma interpolao na teoria da sexualidade". Vol XIX

    ______(1924)"A dissoluo do complexo de dipo." Vol XIX

  • ______(1927) "Fetichismo." Vol XXI

    ______(1931)" Sexualidade feminina." Vol XXI

    Gurfinkel, Dcio.A clnica da dissociao. In: A clnica conta histrias/ Luca Barbero Fuks, Flvio Carvalho Ferraz. ( Orgs. ) So Paulo: Escuta, 2000

    McDougall, Joyce.As Mltiplas faces de Eros: uma explorao psicanaltica da sexualidade humana So Paulo: Martins Fontes, 1997

    Mc Dougall, Joyce.Teatros do eu.

    Nasio, Juan-David.Lies sobre os sete conceitos cruciais da psicanlise Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,1997