envolvimento do usuÁrio em projetos de melhoria bpm€¦ · a abordagem de gerenciamento de...

60
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ISABELA CRISTINA SIMÕES ZACHARIAS ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM SÃO CARLOS 2018

Upload: others

Post on 11-Jun-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ISABELA CRISTINA SIMÕES ZACHARIAS

ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM

SÃO CARLOS

2018

Page 2: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

2

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Escola de Engenharia de

São Carlos da Universidade de São

Paulo para obtenção do título de

Bacharel em Engenharia de Produção

Mecânica.

Discente: Isabela Cristina Simões

Zacharias

Orientadora: Profª. Drª. Janaina M H

Costa

SÃO CARLOS

2018

Page 3: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

3

Page 4: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

4

Agradecimentos

À minha família, pelo apoio e alegria de sempre.

Aos meus amigos do CAASO ao longo de toda a graduação, pelas dicas e risadas.

Aos colegas do NUMA, pelos valiosos ensinamentos e orientações, em especial a

professora Janaina, Carina e Sânia pela paciência e dedicação desde os tempos de iniciação

cientifica.

Aos colegas do SAPRA LANDAUER, sem vocês este trabalho não seria possível.

Obrigada pelo apoio, atenção, paciência e ensinamentos, especialmente Dra. Yvone, Paulo, Dra.

Maria de Fátima, Júlio, Paula, Rosangela, Roger, Eurides, Silvandira, Angélica e toda equipe do

Faturamento: Cacilda, Alessandra, Rita, Jackeline, Nathalia, Rose e Brielly.

Page 5: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

5

Resumo

As organizações buscam aperfeiçoar seus processos por meio de projetos de melhoria. A

abordagem Business Process Management (BPM) defende que estes projetos de melhoria

devem estar associados aos objetivos estratégicos da organização e que o foco destes projetos

deve ser nos processos de negócio. Durante o desenvolvimento de um projeto, o ciclo BPM

propõe que os processos sejam analisados e modelados, e as ações planejadas, executadas e

verificadas, de forma iterativa. Os atores do processo (usuários) são indicados no

desenvolvimento do projeto de melhoria como fonte de informações e possuem um papel

decisivo na incorporação da mudança dentro da cultura organizacional. Apesar de esses usuários

exercerem um papel importante no projeto, não está descrito a forma e em que momento do

desenvolvimento da melhoria estes usuários devem ser envolvidos nos modelos BPM. O

objetivo deste trabalho é avaliar o envolvimento do usuário em projetos de melhoria BPM a

partir de um estudo de caso realizado em uma empresa de serviços. Com isso, foi possível

determinar que os usuários podem ser envolvidos no ciclo de melhoria BPM através de

ferramentas de UCD, e este envolvimento pode ser feito durante todo o desenvolvimento o que

serve como estímulo para a incorporação da melhoria e retorna uma solução focada aos

usuários. O envolvimento dos usuários no momento certo foi comprovado ser vantajoso

conforme prega a abordagem User centered-design (UCD), este envolvimento permite que o

desenvolvimento seja mais fluido, iterativo e retorne uma solução com mais valor e focado ao

que o usuário precisa. A proposta de integração das abordagens pode ser replicada em outras

organizações em projetos de melhoria de variadas complexidades.

Palavras-chave: Business Process Managment, BPM, User centered-design, UCD, projeto de

melhoria, envolvimento do usuário

Page 6: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

6

Lista de Figuras

Figura 1- Ciclo PDCA _______________________________________________________________________________________ 15 Figura 2 - Modelo de van der Aalst ________________________________________________________________________ 15 Figura 3 - Modelo de zur Muehlen e Ho ____________________________________________________________________ 16 Figura 4 - Modelo de Hallerbach, Bauer & Reichert ______________________________________________________ 16 Figura 5 - Modelo de Houy, Fettke & Loss _________________________________________________________________ 17 Figura 6 - Modelo ABPMP __________________________________________________________________________________ 18 Figura 7 - Modelo Baldam, Valle & Rozenfeld _____________________________________________________________ 19 Figura 8 - Modelo Costa ____________________________________________________________________________________ 20 Figura 9- Descrição das atividades ________________________________________________________________________ 25 Figura 10 - Processo Geral _________________________________________________________________________________ 32 Figura 11 - Processos do Faturamento ____________________________________________________________________ 33 Figura 12 - Processo tirar do especial _____________________________________________________________________ 38 Figura 13 - Mapa da Empatia ______________________________________________________________________________ 39 Figura 14 - User Stories ____________________________________________________________________________________ 41 Figura 15 - Relação necessidades identificadas com requisitos __________________________________________ 42 Figura 16 - Tela do software _______________________________________________________________________________ 44 Figura 17 - Tela com os princípios de solução_____________________________________________________________ 46 Figura 18 - Inclusão das ferramentas de UCD no ciclo BPM ______________________________________________ 50 Figura 19 - Proposta de inclusão de ferramentas UCD de acordo com seu objetivo ao ciclo BPM ______ 51

Page 7: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

7

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Processo de formulação dos projetos __________________________________________________________ 34 Tabela 2 - Relação requisitos e princípios de solução _____________________________________________________ 47 Tabela 3 - Relação processo novo e mudança _____________________________________________________________ 47 Tabela 4 - Avaliação tópicos de usabilidade _______________________________________________________________ 48

Page 8: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

8

Lista de Siglas

ABPMP – Association of Business Process Management Professionals

BPM – Business Process Management

BPMN – Business Process Modeling Notation

IBM - International Business Machines

PDCA – Plan, Do, Check, Act

UCD – User centered-design

Page 9: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

9

Sumário

1 Introdução _________________________________________________________________________________ 11

1.1 Contextualização ________________________________________________________________________ 11

1.2 Objetivo __________________________________________________________________________________ 12

2 Revisão da literatura ____________________________________________________________________ 13

2.1 Business Process Management (BPM) ______________________________________________ 13 2.1.1 Definição ________________________________________________________________________________________ 13 2.1.2 Ciclos BPM ______________________________________________________________________________________ 14

2.1.1.1 Modelo de van der Aalst (2004) ___________________________________________________________ 15 2.1.1.2 Modelo de zur Muehlen e Ho (2006) _____________________________________________________ 15 2.1.1.3 Modelo de Hallerbach, Bauer e Reichert (2008) ________________________________________ 16 2.1.1.4 Modelo de Houy, Fettke e Loss (2010) ___________________________________________________ 17 2.1.1.4 Modelo ABPMP (2013) ____________________________________________________________________ 17 2.1.1.5 Modelo Baldam, Valle e Rozenfeld (2014) _______________________________________________ 18

2.2 Metodologia BPM Costa (2006) _______________________________________________________ 19

2.3 User centered-design (UCD) __________________________________________________________ 20

2.3.1 Definições _______________________________________________________________________________________ 20 2.3.2 Ferramentas de UCD ___________________________________________________________________________ 21

2.3.2.1 Mapa de empatia___________________________________________________________________________ 21 2.3.2.2 User Stories _________________________________________________________________________________ 22 2.3.2.3 Prototipagem _______________________________________________________________________________ 22 2.3.2.4 Teste de usabilidade _______________________________________________________________________ 22

2.4 Síntese da revisão da literatura ______________________________________________________ 23

3 Metodologia _______________________________________________________________________________ 24

3.1 Descrição das Atividades ______________________________________________________________ 24 3.1.1 Estágio 1 - Fundamentação Teórica ___________________________________________________________ 24 3.1.2 Estágio 2 – Estudo de Caso _____________________________________________________________________ 26 3.1.3 Estágio 3 – Análise dos Dados _________________________________________________________________ 28

4. Resultados ________________________________________________________________________________ 30

4.1 Descrição da empresa __________________________________________________________________ 30

4.2 Descrição da aplicação da metodologia BPM _______________________________________ 30 4.2.1 Etapa 1 __________________________________________________________________________________________ 30

4.2.1.1 Definir a Mudança _______________________________________________________________________ 30 4.2.1.2 Diagnóstico _______________________________________________________________________________ 31 4.2.1.3 Definir Portfólio de projetos ___________________________________________________________ 34

4.2.2 Etapa 2 __________________________________________________________________________________________ 34 4.2.2.1 Planejar a Mudança _____________________________________________________________________ 34 4.2.2.2 Analisar a Situação Atual _______________________________________________________________ 35 4.2.2.3 Projetar a Situação Futura _____________________________________________________________ 39 4.2.2.4 Implementar a Mudança ________________________________________________________________ 42 4.2.2.5 Validar a Mudança _______________________________________________________________________ 45

4.3 Avaliação do processo de melhoria e das ferramentas ___________________________ 49

4.4 Discussão do envolvimento do usuário _____________________________________________ 50

Page 10: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

10

5. Considerações finais ____________________________________________________________________ 53

6. Referências _______________________________________________________________________________ 54

7. Apêndices _________________________________________________________________________________ 57

Apêndice A – Protocolo Diagnóstico _____________________________________________________ 57

Apêndice B – Protocolo Análise da Situação Atual _____________________________________ 58

Apêndice C – Protocolo Validação Usabilidade _________________________________________ 59

Apêndice D – Protocolo Discussão e Resultados _______________________________________ 60

Page 11: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

11

1 Introdução

1.1 Contextualização

Para atender os objetivos estratégicos delimitados pela organização, é necessário

alcançar a máxima eficiência e eficácia dos processos. A eficiência dos processos está

relacionada ao conceito de produtividade, à forma com a qual os recursos – materiais ou

humanos - são empregados, enquanto a eficácia aborda a satisfação relacionada ao resultado

entregue (Carpinetti, 2006).

A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process

Management) associa a compreensão do processo (Smart, Maddern, & Maull, 2009) à estratégia

da organização (Hung, 2006), à medida que vincula a estratégia organizacional com os

processos de negócio da empresa. Processos de negócio podem ser compreendidos como o

esforço que entrega algo de valor ao cliente ou possui uma função gerencial ou de apoio para

outros processos (ABPMP, 2013). O gerenciamento intencional de tais processos de negócio

desenvolve práticas que levam a processos considerados mais eficazes e eficientes e,

consequentemente, que atendem os resultados pretendidos (ABPMP, 2013).

As empresas incorporam, cada vez mais, o BPM em sua cultura, e isto é refletido no

material encontrado na literatura acerca da temática (ABPMP, 2013). Baldam, Valle &

Rozenfeld (2014) citam onze modelos de referência para o ciclo de Gerenciamento de Processos

de Negócios propostos por pesquisadores em um período de aproximadamente dez anos.

Entretanto, apesar das evidências apresentadas que o BPM auxilia a empresa a manter

sua vantagem competitiva (Hung, 2006) e ajuda a identificar quais são os processos-chave a fim

de melhorá-los (Trkman, 2010), ainda existem dificuldades para a sua adequada implementação.

Para obtenção de resultados satisfatórios, o entendimento e diagnóstico do processo precisam

ocorrer de forma holística, isto é, compreender o processo em si e a forma como este processo

interage na organização, além da forma que é influenciado por aspectos como ambiente,

contexto, cultura, envolvimento, restrições e capacidades (Segatto, Pádua, & Martinelli, 2013).

Além disso, é necessário que os atores do processo institucionalizem a mudança na forma de

conceitos, práticas e padrões, ou seja, transformem a mudança efetivamente em rotina (Schein,

2002).

Os novos conceitos e rotinas são desenvolvidos e estabilizados nas organizações por

meio de projetos (Shenhar, Dvir, Levy, & Maltz, 2002), e é assim que as iniciativas de BPM

acontecem nas organizações. Em um projeto de melhoria a partir do ciclo BPM, as pessoas são

os agentes de mudança e são os próprios atores do processo de melhoria. Na área de

desenvolvimento de produtos, os usuários são subdivididos de acordo com Abras, Maloney-

Krichmar e Preece (2004) em: usuários primários, secundários e terciários. Os usuários

primários são aqueles que efetivamente utilizam o produto; os secundários são aqueles que

ocasionalmente detêm a interação com o produto, e os terciários são os afetados pelo uso do

produto. Logo, as pessoas envolvidas em uma melhoria podem ser consideradas como usuário,

uma vez que interagem e modificam o processo. Isso demonstra a importância do emprego da

teoria do envolvimento do usuário em projetos de BPM.

No contexto das teorias de envolvimento do usuário, se destaca a abordagem UCD

(User-Centered Design) que aborda o envolvimento do usuário para um entendimento claro de

suas necessidades e requisitos (Vredenburg, Mao, Smith, & Carey, 2002). Com a utilização da

Page 12: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

12

abordagem UCD, as chances de se desenvolver algo que tenha real valor e/ou identificar

possíveis problemas aumenta de forma considerável (Gulliksen et al., 2003).

A principal vantagem do emprego da abordagem UCD é conseguir compreender o

usuário em esferas variadas: psicológica, organizacional, social e alinhada com os seus

propósitos (Abras, Krichmar, & Preece, 2004). Em projetos de melhoria de processo esta

compreensão permite o desenvolvimento e aprimoramento de processos de forma mais

adequada e de fácil compreensão, o que resulta em processos que possam ser melhores

executados. Os usuários finais são as pessoas que cotidianamente executam uma determinada

função no processo, e também constituem especialistas em seus trabalhos e conseguem ter uma

visão completa e detalhada do que poderia ser melhorado e/ou alterado (Gulliksen & Göransson,

2001).

A literatura de BPM ressalta que o foco deve ser no(s) processo(s) que traz (em) valor

ao consumidor (Trkman, Mertens, Viaene, & Gemmel, 2015), ou seja, com ênfase em

atividades de impacto na satisfação do cliente (Hung, 2006). Entretanto, a literatura apresenta

uma lacuna em como envolver o usuário do processo em um projeto de melhoria de processo

utilizando a abordagem BPM, não há referências que demonstram como o usuário deve ser

envolvido, nem o seu papel em outras etapas do ciclo BPM.

Na abordagem UCD existem diversos métodos, técnicas, práticas e abordagens que

podem ser aplicadas de modo que os usuários de um processo possam ser envolvidos e

considerados no projeto de melhoria. Para isto, é preciso definir em que momento este(s)

usuário(s) deve(m) ser envolvido(s) ao longo do ciclo de melhoria de BPM e com qual

finalidade.

1.2 Objetivo

A questão de estudo fundamental deste trabalho foca em avaliar o envolvimento dos

usuários por meio da integração de ferramentas de UCD em projetos de melhoria BPM com o

intuito de alcançar resultados mais pertinentes aos usuários do processo.

O objetivo é apresentar um estudo de caso de um projeto de melhoria realizado a partir das

abordagens BPM e UCD em uma empresa de serviços. Os objetivos específicos são, portanto:

o Identificar como as ferramentas de UCD podem ser incorporadas no ciclo BPM;

o Identificar quais os desafios do envolvimento dos usuários no processo de

desenvolvimento da melhoria;

o Identificar quais os desafios do envolvimento dos usuários para melhorar a

institucionalização da melhoria.

Page 13: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

13

2 Revisão da literatura

Como parte da estratégia das organizações para se assegurarem ativamente e

competitivamente no mercado, há uma busca pelo aperfeiçoamento dos processos realizados nas

empresas (Carpinetti, 2016). A abordagem BPM explicita que os objetivos estratégicos podem

ser atingidos por meio de melhoria contínua dos processos chaves da organização (ABPMP,

2013). Sendo assim, dentro das organizações são executados projetos voltados à melhoria de

processos, sendo que tais processos são denominados por processos de negócio (Shenhar, Dvir,

Levy, & Maltz, 2002; Baldam, Valle, & Rozenfeld, 2014). Processos de negócio correspondem

a um trabalho que entrega valor ao cliente (ABPMP, 2013).

Paralelamente, no campo de estudo de projeto e desenvolvimento de produtos e serviços

são reconhecidos a importância e os benefícios do envolvimento do usuário nas diversas fases

(Abras et al., 2004; Gulliksen et al., 2003; Rippon, 2006). A abordagem UCD explicita que este

envolvimento proporciona produtos e serviços com maior valor para o usuário. Este

envolvimento nas fases de desenvolvimento pode ser feito por intermédio de diversos métodos e

ferramentas, de acordo com o que é necessário para a execução de uma fase determinada

(Campese, Scatolin, Esposto, & Costa, 2015).

Assim, durante a execução de projetos de melhoria de processo, conseguir dar à solução

um viés a partir da perspectiva dos usuários envolvidos resulta, além de bons resultados, uma

melhoria focada que consegue de fato suprir necessidades, limitações e dificuldades alvos da

melhoria.

2.1 Business Process Management (BPM)

2.1.1 Definição

O conceito de BPM se relaciona aos processos e a forma como estes permeiam as

organizações (Maddern, Smart, Maull, & Childe, 2014; Smart et al., 2009). Todas as

organizações executam suas atividades por meio de processos (Armistead, Pritchard, & Machin,

1999), ou seja, os processos são os meios pelos quais as organizações atingem seus objetivos, é

por meio deles que as necessidades dos clientes são atendidas (Smart et al., 2009). Os processos

são a associação de atividades e tarefas feita tanto por homens quanto por máquinas com o

intuito de satisfazer um objetivo (ABPMP, 2013).

Para a realização dos processos, isto é, para gerar valor e retornar algo às partes

interessadas, é necessária uma infraestrutura organizacional e participação de pessoas dentro de

uma organização. A este conjunto damos o nome de negócio (ABMPM, 2013; Baldam, Valle,

& Rozenfeld, 2014). Logo, processos de negócios corresponde a forma lógica de organizar

tarefas de forma a entregar valor aos consumidores, alcançar objetivos estratégicos e apoiar ou

gerenciar outros processos (ABPMP, 2013; Trkman, 2010).

A abordagem BPM, portanto, se concentra em processos de negócio (ABPMP, 2013;

Antonucci & Goeke, 2011; Zairi, 1997) com o intuito de melhorá-los de forma contínua

(Antonucci & Goeke, 2011) e alcançar resultados relativos a estratégia da organização (Baldam,

Valle, & Rozenfeld, 2014; ABMPM, 2013; Trkman, 2010) no atendimento das necessidades

dos clientes (ABPMP, 2013).

O surgimento do BPM ocorreu devido a uma evolução de conceito das pesquisas

realizadas no campo da administração e engenharia. Não se trata de uma abordagem criada de

forma isolada, mas sim de um processo de evolução de teorias, ferramentas e concepções

Page 14: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

14

desenvolvidas, estudadas e dessiminadas ao longo do tempo (Antonucci & Goeke, 2011;

Baldam, Valle, & Rozenfeld, 2014; Maddern et al., 2014). As técnicas mais contemporâneas,

como CRM (Customer Relationship Management), ERP (Enterprise Resource Planning), Seis

Sigmas e Gestão da Cadeia de Suprimentos, utilizam como base a gestão de processos (Baldam,

Valle, & Rozenfeld, 2014; Smart et al., 2009).

O conceiro de processo como fator organizacional importante teve início com Taylor no

início do século XIX com a busca pelo aumento da produtividade por meio das tarefas

organizadas em linhas de produção (processo), na busca pelo aperfoiçamento da qualidade com

a filosofia japonesa e técnicas de eficiência pautadas em melhoria contínua e orientadas a

processo, e, por fim, na introdução dos computadores e softwares para modelos de processos na

gestão conhecida como Reengenharia (Baldam, Valle, & Rozenfeld, 2014; Maddern et al.,

2014). O BPM surge, então, como gerenciamento para otimizar os processos por meio de

melhoria contínua e participação dos trabalhadores de forma integrada (Baldam, Valle, &

Rozenfeld, 2014).

A maior crença do BPM reside em defender que objetivos organizacionais podem ser

atingidos por gerenciamento de negócio (ABPMP, 2013). Isto ocorre por meio de uma mudança

que precisa ser associada a uma mudança cultural (Zairi, 1997), pois para atingir os objetivos

desejados, mais do que entender os processos, é necessário considerar na análise as forças,

fraquezas, o ambiente, a cultura organizacional, as restrições e capacidades (Segatto et al.,

2013), e compreender a forma como se relacionam interna e externamente (Hung, 2006).

A abordagem BPM busca entender os processos em sua totalidade, bem como suas

barreiras e inter-relações (Smart et al., 2009). Por isso prega uma visão por processos em

oposição a uma visão departamental (mais tradicional) em que cada departamento estabelece

seus próprios objetivos, o que por vezes podem ser antagônicos ou conflituosos (Segatto et al.,

2013). Já na visão por processo, busca-se a compreensão do trabalho em si com relação as

atividades que agregam valor (Hung, 2006), dando uma perspectiva holística de planejamento e

gerenciamento (Antonucci & Goeke, 2011; Maddern et al., 2014; Segatto et al., 2013).

2.1.2 Ciclos BPM

Os ciclos de BPM são estruturas de referência com o intuito de organizar um conjunto

de atividades consideradas fundamentais, de forma contínua para garantir o alinhamento

constante com os objetivos da organização (ABPMP, 2013; Baldam, Valle, & Rozenfeld, 2014).

Porém, para implementar o BPM não é necessário seguir todas as fases sequencialmente, mas

sim adequar as necessidades e maturidade da organização (Baldam, Valle, & Rozenfeld, 2014),

uma vez que pode ser aplicada a organizações de carater público ou privado de qualquer porte

(ABPMP, 2013).

A literatura possui diversos ciclos BPM descritos. Estes ciclos são, a partir de uma

visão mais ampla, caracterizados principalmente por planejamento, análise, modelo ou desenho,

implementação e controle ou monitoramento (ABPMP, 2013; Baldam, Valle, & Rozenfeld,

2014). Esta configuração tem forte correlação com o Ciclo PDCA de Deming (ABPMP, 2013)

apresentado na Figura 1.

Page 15: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

15

Figura 1- Ciclo PDCA

Fonte: ABPMP (2013)

De acordo com ABPMP (2013), de forma simplificada, o ciclo BPM é composto pelas

fases Planejar (Plan), Fazer (Do), Verificar (Check) e Agir (Act). A fase Planejar corresponde a

uma compreensão do escopo do projeto e a garantia do alinhamento estratégico. A fase Fazer é

a implementação do projeto em si, já a fase Verificar estabelece um parâmetro de comparação

entre o esperado e o real para o projeto. Por fim, a fase Agir institui a mudança no contexto

organizacional e se preocupa em garantir a continuidade da melhoria contínua.

2.1.1.1 Modelo de van der Aalst (2004)

O modelo de van der Aalst (2004) é focado em processos direcionados para software

(Figura 2).

Figura 2 - Modelo de van der Aalst

Fonte: van der Aaslt (2004)

O modelo estabelece quatro fases: design do processo, configuração do processo,

aprovação do processo e diagnóstico (van der Aalst, 2004). Na fase de design é feita a

construção do modelo “as-is” ou “to-be” de acordo com a necessidade do projeto objetivando

uma maior compreensão do processo (Morais, Kazan, Pádua, & Costa, 2014).

Na fase de configuração, os processos são implementados pela configuração de um

sistema de informação. A fase de aprovação é feita a partir de um sistema configurado em que o

processo é executado e por fim, no diagnóstico é feita uma análise do processo para identificar

problemas e/ou aspectos que podem ser melhorados (Morais et al., 2014; van der Aalst, 2004).

2.1.1.2 Modelo de zur Muehlen e Ho (2006)

O modelo de zur Muehlen e Ho (2006) apresentado na Figura 3 é focado na automação

dos processos de negócio e inclui atividades de TI (Morais et al., 2014). A premissa deste ciclo

é o alinhamento, isto é, por meio de um alinhamento geral dos processos individuais e da

estratégia da organização é possível melhorar o desempenho tanto quantitativamente quanto

qualitativamente (zur Muehlen & Ho, 2006).

Page 16: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

16

O ciclo BPM proposto por zur Muehlen e Ho se inicia com o estabelecimento das metas

organizacionais e de processos e de uma análise dos fatores que limitam os processos de

negócio (zur Muehlen & Ho, 2006). Entretanto, tal fase é uma etapa inicial fora do ciclo que

direciona uma ou mais iniciativas (Morais et al., 2014). Feita esta análise organizacional, tem

início a fase de design do processo em que os processos-alvo do ciclo são analisados, e para isto

usa-se o mapeamento de processo e analisam-se quais fatores afetam ou influenciam o processo.

Estes fatores podem ser de caráter interno ou externo (zur Muehlen & Ho, 2006).

Em seguida, os processos são implementados, ou seja, são executados de forma

operacional ou automatizada e é feita a aprovação do que foi institucionalizado. Como forma de

manutenção da melhoria é feito um monitoramento real, este monitoramento conjuntamente

com avaliações de outros resultados são os subsídios para novas melhorias (zur Muehlen & Ho,

2006).

Figura 3 - Modelo de zur Muehlen e Ho

Fonte: zur Muehlen e Ho (2006)

2.1.1.3 Modelo de Hallerbach, Bauer e Reichert (2008)

O modelo de Hallerbach, Bauer e Reichert (2008) (Figura 4) é um modelo simplificado

e restrito, pois não considera de maneira forma uma visão estratégica nem um alinhamento com

os objetivos estratégicos (Morais et al., 2014).

Figura 4 - Modelo de Hallerbach, Bauer & Reichert

Fonte: Hallerbach, Bauer & Reichert (2008)

Page 17: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

17

O modelo é composto por três fases: modelagem, em que o desenho do processo é feito

considerando as variantes na análise; seleção: em que a configuração das variantes é escolhida;

execução: a variante do processo é executada junto a um monitoramento em tempo real. Tais

fases são ligadas por uma interação de otimização onde as melhores práticas são escolhidas

(Hallerbach, Bauer, & Reichert, 2008).

2.1.1.4 Modelo de Houy, Fettke e Loss (2010)

O modelo de Houy, Fettke e Loss foi construído a partir de pesquisa e associação de

alguns ciclos BPM presentes na literatura (Figura 5), E corresponde, portanto, a um ciclo

especificado com base em conceitos (Morais et al., 2014).

Figura 5 - Modelo de Houy, Fettke & Loss

Fonte: Houy, Fettke e Loss (2010)

O ciclo se inicia com o desenvolvimento da estratégia voltado ao BPM, definição e

modelagem dos processos relevantes a estratégia traçada, sem seguida é feita a implementação

dos processos na organização com posterior execução de tais processos. Os processos são

monitorados e controlados em busca da melhoria dos processos alinhado a estratégia e

otimização (Houy, Fettke, & Loos, 2010).

2.1.1.4 Modelo ABPMP (2013)

O modelo ABPMP (2013) se apresenta com seis conceitos e a ideia ininterrupta de

trabalho em busca da melhoria da contínua (Baldam, Valle, & Rozenfeld; 2014).

Page 18: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

18

Figura 6 - Modelo ABPMP

Fonte: ABPMP (2013)

O modelo apresentado na Figura 6 se inicia com um planejamento relativo à estratégia

da organização e às metas que querem ser alcançadas. Em seguida é realizada uma análise com

o propósito de entender o processo de forma mais ampla, e tal processo deve estar

correlacionada com a estratégia identificada. A fase de desenho tem muita importância, pois é a

partir dele que as discussões seguintes são realizadas incluindo restrições e avaliações de

impacto. O processo é então implementado efetivamente na organização e passa por um

controle e monitoramento a fim de garantir a conformidade com o que foi especificado e

levantar hipóteses do que pode ser feito como melhoria. O refinamento é a continuidade do ciclo

relativo a melhorias (Baldam, Valle, & Rozenfeld, 2014).

2.1.1.5 Modelo Baldam, Valle e Rozenfeld (2014)

O modelo proposto por Baldam, Valle e Rozenfeld (2014) foi o resultado do estudo de

onze ciclos BPM diferentes presentes na literatura, a proposta foi feita a partir da relação com as

fases apresentadas nos modelos (Baldam, Valle, & Rozenfeld, 2014).

O modelo agrupa as fases em quatro categorias (Figura 7). A primeira é a fase Planejar

o BPM, onde as condições para aplicação do ciclo e execução da melhoria ocorrem, nesta fase

faz-se uma análise da estratégia e do contexto da organização, classifica e prioriza os processos,

identifica recursos necessários para o projeto e forma a equipe o que realizará. Na fase Analisar,

modelar e otimizar processos são feitas discussões em torno do projeto atual (“as-is”) de forma

a formular uma proposta futura (“to-be”) analisando e otimizando o processo (Baldam, Valle, &

Rozenfeld, 2014).

Na fase Implementar processos, o projeto é executado e para isso é necessário fazer

ajustes ao processo atual, conduzir testes, treinar e apoiar a equipe executora com o intuito de

fazer uma gestão da mudança. A última fase, Monitorar o desempenho de processos, se

preocupa em controlar o processo de forma a levantar informações relevantes a serem utilizadas

como realimentação para as fases anteriormente descritas. Para isso pode ser incorporada a

utilização de indicadores de desempenho (Baldam, Valle, & Rozenfeld, 2014).

Page 19: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

19

Figura 7 - Modelo Baldam, Valle & Rozenfeld

Fonte: Baldam, Valle e Rozenfeld (2014)

A partir do que foi apresentado nos ciclos descritos é observado que os usuários são

envolvidos em projetos BPM, afinal eles são pessoas que conduzem estes projetos (equipes) e

são pessoas que executam e/ou interagem com os processos diariamente dentro das

organizações. Apesar de ficar implícito que é necessário o envolvimento dos usuários para

conduzir o ciclo tanto nas fases de análise, quanto nas fases de implementação e controle, não

há menção na literatura de como o usuário pode ser envolvido, isto é, não há menções de

ferramentas que cumprem este papel do envolvimento. Assim, com base no que foi discutido

surge a seguinte questão que norteará este trabalho: “Como envolver os usuários em projetos

BPM?”.

2.2 Metodologia BPM Costa (2006)

O modelo BPM escolhido para ser aplicado no projeto de melhoria foi o modelo de

gestão da mudança apresentado por Costa (2006), na Figura 8. Este ciclo é composto por duas

etapas. Uma inicial, em que a partir da necessidade de mudança é realizada uma análise geral da

organização de acordo com os objetivos estratégicos para o levantamento de possíveis projetos

de melhoria. A segunda etapa corresponde as fases para a execução de um projeto de melhoria

especifico (Costa, 2006).

Definido o(s) projeto(s) de melhoria que serão executados, segundo o ciclo de Costa

(2006), inicia-se a segunda etapa na aplicação do clico BPM com as seguintes fases: Planejar a

Mudança, Analisar a Situação Atual, Projetar a Situação Futura, Implementar a Mudança e

Validar a Mudança.

Page 20: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

20

Figura 8 - Modelo Costa

Fonte: Adaptado Costa (2006)

Na fase Planejar a Mudança é determinado os objetivos do projeto, quais os resultados

esperados, bem como são planejadas as ações que devem ser realizadas para o bom andamento

do projeto. A fase Analisar a Situação Atual consiste em um diagnóstico com um maior

detalhamento tanto de requisitos quantitativos quanto qualitativos.

Os dados qualitativos são importantes à medida que permitem que o ponto de vista do

usuário seja considerado no desenvolvimento (Chen & Chou, 2013), pois o desenvolvedor

mesmo que execute inúmeras análises, não conseguirá entender o processo com tanta

propriedade como as pessoas que o executam diariamente (Rudd & Isensee, 1991).

A fase Projetar Situação Futura consiste em projetar a solução, projeto “to-be”. A fase

Implementar a Mudança, é onde a mudança é institucionalizada e os treinamentos requeridos

são realizados. Por último, a fase Validar a Mudança corresponde a uma análise crítica, tal

análise é feita no fim do processo para comprovar se os objetivos foram atingidos de forma

satisfatória (Costa, 2006).

2.3 User centered-design (UCD)

2.3.1 Definições

O termo User centered-design (UCD) surgiu pela primeira vez na década de 80 nas

pesquisas de Donald Norman (Abras et al., 2004). A partir de estudos que envolviam a

engenharia cognitiva, Norman (1986) percebeu que para desenvolver softwares melhores era

preciso entender como os usuários executavam as tarefas. Ou seja, entender as tarefas dos

usuários de forma mais aprofundada, bem como a forma que estes usuários interagiam e

executavam tais tarefas, eram premissas essenciais para que a partir das necessidades fosse

desenvolvido algo considerado “utilizável” (Norman, 1986).

Page 21: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

21

Neste contexto, surge a abordagem UCD que em um sentido mais amplo pode ser

compreendida como a prática de envolver o usuário por meio de várias ferramentas de modo a

possibilitar um entendimento claro, tanto do usuário quanto de seus requisitos (Abras et al.,

2004; Vredenburg et al., 2002). Ao se envolver o usuário nas fases de desenvolvimento as

chances de se produzir algo que tenha valor ao usuário e/ou que se consiga identificar um

problema para uma possível medida corretora aumenta substancialmente (Gulliksen et al.,

2003).

A maior vantagem da utilização de uma abordagem centrada no usuário é conseguir

compreender o usuário dentro de uma gama de fatores, como: fatores psicológicos,

organizacionais, sociais e ergonômicos, isto assegura que a solução desenvolvida esteja alinhada

como o proposito inicial (Abras et al., 2004), pois possibilita uma fonte constantes de feedback,

uma vez que os usuários são as pessoas mais adequadas para testar e avaliar protótipos de

soluções a serem utilizadas posteriormente por eles (Gulliksen & Göransson, 2001).

Como a abordagem prega que os usuários sejam envolvidos desde as fases iniciais do

projeto, os desenvolvedores entram em contato com os usuários e desde o começo conseguem

traçar um objetivo relativo ao que o usuário espera e deseja do produto e/ou serviço, estas ideias

e sugestões são usadas como subsídios para as fases posteriores do desenvolvimento (Abras et

al., 2004). Desta forma, os benefícios ao se usar a abordagem UCD são sumariamente: a

alavancagem competitiva proveniente de produtos mais atrativos e aumento da satisfação do

consumidor com alta possibilidade de fidelização (Rippon, 2006).

O desenvolvimento focado no usuário possui forte correlação com usabilidade1, já que

para se alcançar as metas de usabilidades recorrem-se às ferramentas de UCD (Gulliksen &

Göransson, 2001). Dentro do universo de desenvolvimento de softwares, este tema ganhou

notoriedade (Gulliksen et al., 2003), e a usabilidade pode ser então compreendida como uma

série de técnicas utilizadas para melhorar a facilidade do sistema (Rippon, 2006).

2.3.2 Ferramentas de UCD

De acordo com a classificação proposta Campese et al (2015) com relação as

ferramentas de UCD presentes na literatura, há três classificações: identificação do usuário,

identificação dos requisitos do usuário e validação do conceito com o usuário. As ferramentas

de identificação do usuário auxiliam a equipe de desenvolvimento a identificar e compreender

usuários considerados potenciais; as ferramentas de identificação dos requisitos permitem que

as necessidades sejam levantadas e transformadas em requisitos, e as ferramentas de validação

direcionam os testes com os usuários (Campese et al., 2015).

2.3.2.1 Mapa de empatia

De acordo com a classificação de Campese et al (2015), o mapa da empatia se enquadra

como uma ferramenta que auxilia na identificação dos requisitos do usuário. Trata-se de uma

ferramenta que busca eliminar suposições e encontrar fatos relacionados às necessidades,

desejos, anseios e comportamentos dos usuários (Campese & Costa, 2017).

O objetivo da aplicação desta ferramenta é trazer informações e observações que a

simples aplicação de um questionário não pode absorver (Chen & Chou, 2013). É pautada no

1 Usabilidade: para a informática possui relação com a facilidade que um equipamento ou produto pode

ser usado (Dicionário Online de Português – Dicio)

Page 22: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

22

design empático2 (Chen & Chou, 2013) e considera os problemas em seis dimensões: fala,

pensa, faz, sente, dores e ganhos. Tem o propósito de considerar fatores cognitivos, emocionais

e contextuais (Campese & Costa, 2017; Chen & Chou, 2013).

2.3.2.2 User Stories

Segundo o estudo realizado por Campese et al (2015), a ferramenta User Stories é

classificada como identificadora de requisitos dos usuários. Esta ferramenta permite captar as

intenções dos usuários dentro de seu contexto (Alexander & Maiden, 2004), permitindo assim

que necessidades, desejos e expectativas sejam entendidas e traduzidas em requisitos (Campese

et al., 2015).

Com base nas definições encontradas na literatura é possível definir a ferramenta User

Stories como uma breve descrição, por meio de narrativas (Alexander & Maiden, 2004), que a

partir da perspectiva do usuário (Cohn, 2004) demonstra uma funcionalidade que o sistema deve

atender (Rees, 2002). Esta funcionalidade envolve aspectos além de características técnicas,

contemplando aspectos diversos que retornam valor ao usuário (Oglio, 2006).

Esta ferramenta permite que exista uma linguagem comum entre desenvolvedores e

usuários, que geralmente tendem a ter diferentes pontos de vista acerca dos requisitos do

projeto, o que implica em uma solução afastada do ideal (Leffingwell & Behrens, 2010). É feita

por iterações o que permite feedbacks constantes a serem incrementados no projeto (Alexander

& Maiden, 2004). A ferramenta User Stories é amplamente utilizada no desenvolvimento de

softwares (Oglio, 2006).

2.3.2.3 Prototipagem

Como parte do processo de desenvolvimento, inúmeras vezes faz-se necessário testar de

forma representativa as tarefas envolvidas em um contexto, e isto pode ser realizado por meio

de protótipos (Hall, 2001). O protótipo como ferramenta no desenvolvimento é pautado na

iteratividade (Rudd & Isensee, 1991) em que é desenvolvida uma interface com o usuário, esta

interface é prototipada, é conduzido um teste de usabilidade (seção 2.3.2.4 Teste de usabilidade)

e os resultados são analisados. Quando necessário volta-se ao começo do ciclo para incluir

modificações (Bogers & Horst, 2014).

O protótipo é uma ferramenta de validação de conceitos3 (Campese et al., 2015) em que

a troca de informações acaba se tornando mais rápida, o que implica em um processo de

desenvolvimento mais fluido e contínuo (Bogers & Horst, 2014). A escolha do protótipo

depende do objetivo da utilização dele, isto é, de quais informações de deseja extrair e/ou

observar, isto depende de alguns fatores como: características do produto em desenvolvimento,

estágio do desenvolvimento e recursos disponíveis (Hall, 2001).

2.3.2.4 Teste de usabilidade

Dentro de um desenvolvimento UCD é necessário que sejam feitas análises de forma a

adicionar certas melhorias identificadas nas fases subsequentes ou retrabalhar as fases

anteriores. Estas análises são conduzidas em sua maioria por meio de testes (Bogers & Horst,

2014; Hall, 2001; Rudd & Isensee, 1991). Estes testes são dentro da abordagem UCD, testes de

2 A palavra empático faz referência à empatia. De acordo com o Dicionário Online de Português – Dicio,

empático é aquele que se coloca no lugar do outro, de forma a pensar e agir como o outro faria em uma

dada situação. 3 Conceito em projeto e desenvolvimento de produto se refere a um conjunto de princípios de solução que

geram e/ou transmitem uma ideia.

Page 23: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

23

usabilidade em que usuários reais são envolvidos com tarefas reais permitindo que os

desenvolvedores obtenham dados relevantes dentro do contexto de uso. Tais dados são

utilizados em análises e discussões dentro de um processo que se propõe a implementar, avaliar

e agir (Abras et al., 2004; Rippon, 2006).

Para Campese et al (2015), o teste de usabilidade se enquadra como uma ferramenta

para a validação dos conceitos, entretanto para a execução do teste é necessário aliá-lo a outras

ferramentas, isto é, trata-se de uma ferramenta complementar de análise. O teste de usabilidade

é comumente usado com protótipos (Campese et al., 2015). Em um ciclo iterativo, a fase de

testar possui um papel primordial (Gulliksen & Göransson, 2001), pois consegue fornecer o que

é necessário para completar o ciclo descrito pela abordagem UCD (Abras et al., 2004). Assim,

dentro das organizações o teste de usabilidade é uma das ferramentas de UCD mais utilizada

(Rippon, 2006).

2.4 Síntese da revisão da literatura

O BPM é uma evolução das práticas e teorias de gestão estudadas e aperfeiçoadas ao

longo do tempo. Dentro das organizações pode trazer melhorias consideráveis ao associar os

objetivos estratégicos aos processos de negócio, isto é, ao facilitar o entendimento de como os

procedimentos da organização impactam diretamente no que a organização deseja alcançar. Por

ser algo em constante mudança e influencia de diversos fatores internos e/ou externos, o BPM

se apoia na melhoria contínua onde mudanças são feitas de forma constante e progressiva.

A literatura possui uma vasta discussão acerca de como os ciclos devem ser geridos e

cultivados dentro das organizações. Apesar de demonstrar que os usuários devem ser

considerados como fonte de informações e recursos transformadores, não estabelece a forma e

em quais momentos estes usuários devem ser envolvidos.

O envolvimento dos usuários no momento certo, obtendo os dados relevantes para o

estágio atual de desenvolvimento contribui consideravelmente para uma solução mais focada,

que apresente valor ao usuário em um desenvolvimento mais rápido e fluido. A abordagem

UCD prega o envolvimento do usuário já em fases iniciais de desenvolvimento a fim de

estabelecer um desdobramento orientado. Para isto, há diversas ferramentas disponíveis com

objetivos de recolhimento de informações específicas que se enquadram melhor em cada uma

das fases de desenvolvimento.

Nas organizações, práticas e ferramentas de envolvimento de usuários do

desenvolvimento são conhecidas principalmente no desenvolvimento de produtos,

especialmente de softwares. Entretanto, tais ferramentas podem a partir de uma customização e

adequação ao propósito do projeto, ser aplicadas com sucesso em projetos de outra natureza,

como projetos de melhoria de processos.

Page 24: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

24

3 Metodologia

O foco deste trabalho é avaliar como o envolvimento dos usuários contribui para uma

melhor aplicação do ciclo BPM, para isto foi empregado duas teorias distintas: BPM e UCD.

Para discutir e validar os benefícios de uma aplicação conjunta escolheu-se como procedimento

de pesquisa o estudo de caso. O estudo de caso gera valor à pesquisa ao explorar, construir,

testar, refinar e estender a aplicação de teorias (Voss, Tsikriktsis, & Frohlich, 2002).

O estudo de caso é unidade básica de análise de uma pesquisa de caso(s), pode ser

usada para testar uma hipótese previamente formulada sobre um construto4 (Voss et al., 2002).

As hipóteses a serem testadas e discutidas neste trabalho estão descritas abaixo:

Hipótese 1: As ferramentas utilizadas foram adequadas ao projeto da melhoria.

Hipótese 2: Os usuários se sentiram envolvidos no projetos.

Hipótese 3: Os usuários terão menos resistência a mudança.

O estudo de caso tem como recurso fundamental as entrevistas estruturadas por meio de

um protocolo, entretanto outras fontes de dados surgem como forma de complementar a análise,

são elas: observações, conversas informais, pesquisas aplicadas na organização, análise de

documentos e arquivos, entre outros (Voss et al., 2002).

O procedimento estudo de caso é indicado para testar a aplicação conjunta de teorias

por permitir estabelecer uma relação de causa e efeito. Quando o estudo de caso é aplicado em

uma organização, é necessário estabelecer a relação entre processos e sistemas e analisar

quantos respondentes são necessários, considerando aspectos como conhecimento e domínio

sobre o assunto da investigação e necessidade de mais de um ponto de vista sobre o mesmo

tema. (Voss et al., 2002).

O presente trabalho expõe um estudo de caso único. A principal vantagem associada a um

caso singular é permitir que fosse feito um estudo mais aprofundado, em contrapartida a

principal limitação reside na representatividade e nas generalizações provenientes da conclusão

(Voss et al., 2002).

3.1 Descrição das Atividades

As atividades foram divididas em três estágios: Fundamentação Teórica, Estudo de Caso

e Análise dos dados, conforme Figura 9.

3.1.1 Estágio 1 - Fundamentação Teórica

No Estágio 1 foi realizada a atividade A1.1- Estudo da fundamentação teórica que

corresponde ao capítulo 2 Revisão da literatura. Esta atividade foi subdividida em duas

atividades referentes à fundamentação teórica das duas abordagens usadas no presente trabalho.

A atividade A1.1.1 fez a seleção dos métodos de BPM presente na seções 2.1 Business Process

Management (BPM) e 2.2 Metodologia BPM Costa (2006). Já a atividade A1.1.2 fez a seleção

dos métodos de UCD presente na seção 2.3 User centered-design (UCD).

4 Construto, segundo o Dicionário Online de Português, é um modelo mental que estabelece uma relação

entre uma teoria e uma observação idealizada, isto é, ideias construídas com base em elementos

conceituais.

Page 25: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

25

Para a realização da revisão da literatura foram usados trabalhos encontrados nas bases

de dados eletrônicas Web of Science, Google Scholar e na Biblioteca Digital de Teses e

Dissertações da USP. Estes trabalhos foram encontrados a partir de buscas iterativas das

palavras-chaves “BPM”, “Business Process Management”, “UCD”, “User centered-design”,

nos títulos, resumos e/ou palavras-chaves dos artigos.

Figura 9- Descrição das atividades

Fonte: a autora

Para este trabalho foi selecionada a metodologia BPM de Costa apresentada em 2.2

Metodologia BPM Costa (2006), por ser um ciclo mais detalhado e aplicável em diferentes

granularidades, uma vez que parte de uma análise inicial vinculada a estratégia para definir um

portfólio de projetos. No processo de melhoria, é interessante perceber que para alcançar a

Page 26: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

26

melhoria pretendida, muitas vezes é necessária mais de uma iniciativa de mudança, porém tais

iniciativas estão vinculadas a recursos e disponibilidades da organização. O ciclo escolhido

permite que as iniciativas sejam priorizadas e permite que seja trabalhado, com base nelas, um

planejamento de longo prazo.

De acordo com as fases apresentas no ciclo BPM de Costa (Planejar a Mudança,

Analisar a Situação Atual, Projetar Situação Futura, Implementar a Mudança e Validar a

Mudança), em cada objetivo delimitado foi traçado o que era preciso para o desenvolvimento e

entrega de cada uma das fases. Na Análise da Situação Atual, para organizar os elementos

qualitativos obtidos por meio de entrevistas, observações e/ou conversas informais, foi

empregada a ferramenta de UCD - Mapa de Empatia-.

A fase de Projetar a Situação Futura exige a partir da fase anterior (análise da situação

atual) reverter os resultados da análise em requisitos a serem desenvolvidos, para isto optou-se

por uma ferramenta UCD caracterizada por auxiliar a identificar requisitos Por se tratar de um

projeto de melhoria de software foi escolhida a ferramenta User Stories, que se enquadra na

classificação pretendida, além de ser uma ferramenta amplamente utilizada no universo de

software para este fim.

Na fase de Implementar a Mudança, seguiu-se os preceitos de UCD, ou seja, foi

realizado um desenvolvimento iterativo que constantemente se renovava com base nas opiniões

recebidas. Normalmente, estas opiniões dos usuários são obtidas mais facilmente por meio de

uma interação com protótipos alinhada a um teste de usabilidade, portanto, foi escolhido aplicar

tais ferramentas (protótipo e teste de usabilidade) conjuntamente a fim de se obter respostas

rápidas relativas ao incremento dos requisitos junto aos usuários do processo.

3.1.2 Estágio 2 – Estudo de Caso

O estudo de caso foi guiado pelo método BPM selecionado que é apresentado na seção

2.2 Metodologia BPM Costa (2006) e pela inclusão de ferramentas descritas na seção 2.3 User

centered-design (UCD) de acordo com cada uma das etapas descritas na metodologia escolhida.

Este estágio foi subdividido em 14 atividades, e algumas destas atividades foram agrupadas de

acordo com cada uma das fases do ciclo BPM descrito, estas atividades serão descritas

separadamente.

A atividade A2.1 – Reconhecimento geral do contexto da empresa constituiu de uma

explanação inicial da empresa em que o estudo de caso foi realizado. O resultado dessa

atividade é apresentado na seção 4.1 Descrição da empresa, foram identificadas características

como o tipo de serviço executado e como o funcionamento geral ocorre. As atividades A2.2,

A2.3 e A2.4 correspondem às fases presentes na etapa 1 do ciclo proposto por Costa (2006). A

atividade A2.2 foi executada segundo um protocolo de entrevistas desenvolvido segundo as

diretrizes de Echeveste, Amaral, & Rozenfeld (2007), este protocolo encontra-se no Apêndice A

– Protocolo Diagnóstico.

A atividade A2.2 – Diagnóstico da situação atual se propôs a partir de entrevistas e

observações iniciais, entender o processo geral da empresa e do processo alvo da mudança.

Assim, com base nos procedimentos de entrevista e observações foi realizada a modelagem do

processo escolhido. O propósito de se utilizar a modelagem é descrever o fluxo de trabalho

(Cimino et al., 2017), para isso foi escolhida a notação BPMN (Business Process Modeling

Notation) que é comumente usada para capturar os processos de negócio (Dijkman, Dumas, van

Page 27: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

27

Dongen, Kaarik, & Mending, 2011; Dijkman, Dumas, & Ouyang, 2008) por possuir uma fácil

compreensão (Cimino et al., 2017).

Com base neste diagnóstico inicial e nos objetivos estratégicos da empresa em direção a

melhoria do processo alvo da mudança foram identificados os principais problemas e

dificuldade e com isso, elencou-se as oportunidades que poderiam ser trabalhadas, A2.3 –

Identificação das oportunidades de melhoria, cujo resultado é apresentado na subseção 4.2.1.2

Diagnóstico.

Estas oportunidades resultaram em um portfólio de projetos alinhados com a estratégia

da organização. Para a escolha do projeto a ser executado primeiro (e descrito neste trabalho) foi

priorizado o projeto que apresentava um ganho maior associado, isto é, com base nas

informações obtidas foi escolhido o projeto que atuava no maior gargalo do processo por meio

da atividade A2.4 - Priorização e seleção do projeto apresentada na subseção 4.2.1.3 Definir

Portfólio de projetos. Assim, os projetos foram priorizados de acordo com o seu impacto no

fluxo do processo, principalmente no que se referia aos gargalos identificados.

As atividades de 2.5 a 2.13 correspondem a etapa 2 do ciclo proposto por Costa (2006)

(vide Figura 8) no qual o projeto da mudança é efetivamente executado. A atividade A2.5 –

Definição do projeto corresponde a delimitar o desenvolvimento do projeto em relação aos

objetivos, ações planejadas e as entregas do projeto, e se encontra na subseção 4.2.2.1 Planejar a

Mudança. Para o planejamento do projeto foram considerados: o patrocinador do projeto, o

objetivo pretendido, as entregas, os riscos e algumas ações de execução e mitigação de riscos.

Em seguida vem a fase de Analisar Situação Atual em que foram realizadas três

atividades A2.6, A2.7 e A2.8 presentes na subseção 4.2.2.2 Analisar a Situação Atual. Para o

diagnóstico da situação atual realizada de forma mais aprofundada para o projeto específico a

ser executado, foi realizado primeiramente uma modelagem do processo A2.6 – Modelagem do

processo com base na notação BPMN, tal modelagem serviu de base para as etapas posteriores,

isto foi realizado por meio de entrevistas e observações diretas, as entrevistas foram feitas com

base no roteiro desenvolvido segundo as diretrizes de Echeveste et al. (2007) presente no

Apêndice B – Protocolo Análise da Situação Atual.

Com o intuito de realizar um estudo mais amplo foi conduzida uma análise quantitativa

na base de dados da empresa de forma comparativa para buscar semelhanças e padrões de

ocorrências nos registros relativos ao processo alvo da mudança, esta análise corresponde á

atividade A2.7 – Análise do registro da emissão das notas, em que os registros foram analisados

e classificados individualmente Para sumarizar as necessidades e impressões expressas nas

entrevistas e observações, foi realizado A2.8 – Aplicar o mapa de empatia (vide subseção

2.3.2.1 Mapa de empatia), a fim de organizar as informações e transmiti-las nas etapas

seguintes, esta ferramenta foi para uso da autora. O template usado está descrito no Guia de

Envolvimento do Usuário no desenvolvimento de produtos eletromédicos de Campese & Costa

(2017).

Em seguida, ocorreu a fase descrita na subseção 4.2.2.3 Projetar a Situação Futura.

Como a solução dependia diretamente de trabalhos de um funcionário fora do processo alvo da

melhoria, foi necessário transmitir as informações acumuladas nas fases anteriores. Para isto,

optou-se por apresentar a este funcionário o processo geral e o processo-alvo descritos por meio

da modelagem, bem como as análises conduzidas e as necessidades identificadas junto as

funcionárias. Para isto, optou-se por fazer um evento a fim de debater estes dados e transformar

Page 28: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

28

as informações em requisitos a serem desenvolvidos, neste evento foi aplicada a ferramenta

User Stories- A2.9 – Aplicar User Stories (vide subseção 2.3.2.2 User Stories)-.

Para a realização deste evento exigiu-se um preparo inicial. Inicialmente, a autora

consolidou as informações em frases escritas de acordo com as observações e entrevistas

realizadas, de acordo com a instrução da ferramenta presente na literatura. Com o uso da

ferramenta foi possível delimitar os requisitos a serem desenvolvidos.

A subseção 4.2.2.4 Implementar a Mudança descreveu como a solução foi

institucionalizada. Primeiramente, foi feito um acompanhamento da autora junto ao

desenvolvedor do software para discutir ideias e conceitos baseados nas informações obtidas,

relativo à atividade A2.10 – Acompanhar desenvolvimento do software, até a obtenção de uma

versão inicial.

A partir da versão inicial, a fase de Implementar a Mudança foi realizada de forma

gradual e contínua para cada um dos requisitos estipulados: foi construída uma tela com

características de protótipos (vide subseção 2.3.2.3 Prototipagem) com o intuito de executar um

ciclo: A2.11 – Testar usabilidade das versões (vide subseção 2.3.2.4 Teste de usabilidade),

executar A2.12 – Alterar software e A2.13 – Acompanhar o uso do software para cada um dos

requisitos. Nesta fase, a participação da autora foi fundamental para conduzir os testes junto aos

usuários e retornar os resultados, necessidades, problemas e sugestões ao desenvolvedor do

software para posterior alteração, este procedimento foi feito iterativamente até se obter uma

solução final com todos os requisitos.

A atividade A3.2.14 – Avaliar solução se encontra na subseção (4.2.2.5 Validar a

Mudança) e corresponde a última fase do ciclo BPM de Costa (2006), Validar a Mudança. Esta

fase corresponde a uma análise crítica para contrapor esperado com realizado, e para isto foram

executas as atividades a seguir.

A atividade A2.14.1 – Relacionar solução com requisitos estabeleceu a relação entre os

requisitos listados na fase Projetar a Situação Futura e o que foi apresentado como solução

afinal, a fim de contrapor metas estabelecidas com critérios desenvolvidos. A atividade A2.14.2

– Analisar as tarefas estabeleceu as mudanças de procedimentos no fluxo de execução do

processo alvo da mudança para avaliar aspectos gerais do fluxo e necessidades específicas

descritas para o processo. Por fim, foram realizadas entrevistas para verificar a usabilidade

obtidas A2.14.3, o protocolo presente no Apêndice C – Protocolo Validação Usabilidade foi

elaborado com base no questionário IBM de Lewis (1993). A partir destas entrevistas foi

realizada uma análise para inferir sobre a usabilidade da solução desenvolvida com base nas

impressões das funcionárias

3.1.3 Estágio 3 – Análise dos Dados

O Estágio 3 foi subdivido em três atividades A3.1, A3.2 e A3.3. Para discutir os

objetivos do trabalho com base nos resultados obtidos no estudo de caso, foram realizadas as

atividades A3.1 – Avaliar aplicação do projeto e A3.2 – Avaliação da inclusão das ferramentas,

descritas na seção 4.4 Discussão do envolvimento do usuário. A fim de guiar a discussão foram

realizadas entrevistas com as pessoas envolvidas no projeto a fim de inquirir sobre as vantagens

de BPM descritas em ABPMP (2013), o desempenho geral do projeto e a utilização das

ferramentas, estas entrevistas encontram-se no Apêndice D – Protocolo Discussão e Resultados.

Por fim, foi realizada a atividade A3.3 – Discutir o envolvimento dos usuários para

discussão dos objetivos iniciais do trabalho e da pergunta de pesquisa: como os usuários podem

Page 29: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

29

ser envolvidos em projetos BPM foram elencados alguns fatores e apresentada uma proposição

de contribuição teórica, esta discussão encontra-se na seção 4.4 Discussão do envolvimento do

usuário.

Page 30: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

30

4. Resultados

Esta seção se propõe a apresentar a aplicação da metodologia descrita de um ciclo BPM

conjuntamente com ferramentas de UCD. Inicialmente, é apresentada a descrição da empesa,

em seguida são descritos os resultados das fases do ciclo BPM e das ferramentas que foram

utilizadas em cada fase. Finalmente, é feita uma avaliação da aplicação do projeto de acordo

com as premissas iniciais e a avaliação da inclusão das ferramentas de UCD no ciclo BPM, e

quais os benefícios e desvantagens percebidos.

4.1 Descrição da empresa

A empresa escolhida para participar do estudo de caso deste trabalho é o SAPRA

(Serviço de Assessoria e Proteção Radiológica). Esta empresa é uma prestadora de serviço de

monitoração externa individual em profissionais expostos a doses de radiação. Estes

profissionais atuam na medicina, indústria e na área de diagnósticos.

A fundação da empresa foi em 1979 com um vinculo forte com o Instituto de Física e

Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP). No início, a empresa atuava na

conscientização da importância da dosimetria5 individual externa. A partir de 1996, com as

normas estabelecidas a nível nacional que regularizaram a obrigatoriedade da monitoração em

indivíduos ocupacionalmente expostos à radiação, a empresa inicia a prestação de serviços em

todo o território nacional. Em 1998 realiza uma parceria junto à maior empresa de dosimetria

dos Estados Unidos, a Landauer, passando então a se chamar SAPRA Landauer. Atualmente o

SAPRA Landauer é o maior laboratório de dosimetria em operação no país.

Os valores do SAPRA são oferecer serviços de qualidade, com confiabilidade e

conformidade. Para isto, além dos processos envolvidos na empresa com o foco principal em

determinar as doses, há outros processos de cunho mais administrativos que viabilizam a

operação como um todo, principalmente no que se refere ao cadastro e controle das doses do

usuário exigidas por órgãos reguladores nacionais. Outros processos, como vendas, atendimento

ao cliente e financeiro operacionalizam as atividades realizadas. Entre os processos

apresentados destaca-se o processo de Faturamento que corresponde a um processo chave para o

funcionamento saudável da organização, uma vez que por meio deste setor acontece o retorno

de todo trabalho e esforço empregado.

Um dos papeis da Alta Direção é acompanhar os resultados dos processos e contrastar o

que é entregue e o que era esperado de acordo com a estratégia da organização. Ao perceber que

a equipe de Faturamento encontrava dificuldades para executar suas atividades de forma

eficiente e eficaz, sinalizou a necessidade de uma melhoria do processo objetivando diminuir os

erros e o custo deste processo.

4.2 Descrição da aplicação da metodologia BPM

A seguir está descrito cada uma das fases do ciclo BPM escolhido (vide seção 2.2

Metodologia BPM Costa (2006)) nas duas etapas distintas.

4.2.1 Etapa 1

4.2.1.1 Definir a Mudança

Motivada pela necessidade da mudança, a Alta Direção deu inicio a esta fase por meio

de uma reunião que contava com a participação da autora e da orientadora do trabalho a fim de

expor esta motivação e explicar o intuito do projeto.

5 Dosimetria é o nome dado ao processo das práticas necessárias para que se conheça a dose de radiação

recebida por trabalhadores ocupacionalmente expostos em conformidade com a norma de radioproteção

CNEN NN – 3.01. Fonte: Instituto de Radioproteção e Dosimetria – IRD <

http://www.ird.gov.br/index.php/dosimetria>.

Page 31: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

31

O projeto de mudança foi realizado no processo de Faturamento, que remete a um

importante e estratégico processo para a empresa. A motivação foi originada pela diferença

entre o que era esperado e o que era entregue pelo processo de Faturamento, relativo à critérios

de contabilidade gerencial da organização. A Alta Direção já havia feito iniciativas pontuais

deslocando funcionários de outros setores para auxiliar a equipe na execução de suas atividades,

entretanto constatou-se que havia um problema de processo na forma como as atividades eram

executadas e as ferramentas empregadas.

4.2.1.2 Diagnóstico

A primeira parte do diagnóstico foi uma compreensão de como o processo geral da

empresa flui em sua estrutura organizacional (Figura 10) este processo foi mapeado por meio da

modelagem em linguagem BPMN. A empresa possui oito atividades principais diretamente com

o processo de emissão do relatório, e são elas: Vendas, Cadastro, Faturamento, Produção,

Envio, Recebimento, Leitura e Físicas Responsáveis. Além desses setores, há o setor de

Atendimento ao Cliente e Sistemas que permeiam todos os outros setores, e são atividades de

apoio ao processo principal.

O processo se iniciava em Vendas com o contato inicial com o cliente e preenchimento

do contrato e outras fichas, seguia para o Cadastro tanto para incluir as informações no banco de

dados quanto para Cadastro nos órgãos nacionais reguladores. Do Cadastro seguia dois fluxos

distintos: para o Faturamento para agendamento e emissão das notas fiscais conforme acerto

contratual e Montagem para montar os monitores a serem utilizados na monitoração das doses

por parte do cliente. Após serem montados, estes monitores são encaminhados para o setor de

Envio para serem encaminhados ao cliente.

Após o período de utilização, estes monitores retornam ao SAPRA. Como forma de

rastreamento e controle, passam pelo processo de Recebimento para que esta movimentação

esteja presente no banco de dados, são então encaminhados para a Desmontagem para

procedimentos de preparo para a leitura. No processo de Leitura, os monitores são lidos e é

emitido um relatório, e este relatório é encaminhado para as físicas responsáveis que realizaram

os procedimentos necessários para aprovação e constatação das doses recebidas. Este relatório é

encaminhado para o cliente na remessa de monitores no mês seguinte.

A seguir ao diagnóstico do processo geral, também por meio de modelagem iniciou-se

um diagnóstico de forma a compreender os processos de faturamento executados, definido

como processo alvo da mudança (Figura 11). O processo de Faturamento foi escolhido por

apresentar papel decisivo na manutenção financeira saudável da organização. Este diagnóstico

tinha o objetivo de compreender e identificar gargalos e processos, para isto foram feitas

entrevistas conforme o protocolo (descrito no Apêndice A – Protocolo Diagnóstico) com as

funcionárias que executam as atividades deste processo de forma a desenhar o processo, agregar

informações e pedir sugestões.

Page 32: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

32

Figura 10 - Processo Geral

Fonte: a autora

Há três processos principais no setor Faturamento (Figura 11): agendar as notas fiscais,

tirar notas do especial e emitir as notas. Todo o serviço prestado pela empresa é acompanhado

da emissão de uma nota fiscal de serviço eletrônica junto a prefeitura municipal. De acordo com

a organização do processo existente e a formulação do sistema interno para a emissão destas

notas fiscais é necessário um agendamento prévio neste sistema interno.

Estas notas fiscais a serem emitidas são divididas em duas categorias: casos especiais e

casos não especiais. Os casos não especiais são referentes às notas que podem ser emitidas sem

que haja uma avaliação crítica e/ou atividade(s) necessária(s) antes da emissão da nota; já notas

consideradas especiais exigem uma avaliação das funcionárias relativo ao valor cobrado e/ou

exigem alguma documentação. Esta documentação pode ser uma autorização de emissão

fornecida pelo cliente, normalmente exigida pelos órgãos públicos e/ou uma documentação

especial da empresa prestadora a ser enviada junto à nota gerada como forma de comprovação

do serviço prestado.

Page 33: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

33

Figura 11 - Processos do Faturamento

Fonte: a autora

Page 34: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

34

A emissão das notas é realizada por meio de um programa que envia lotes de notas para

serem geradas junto a prefeitura, de acordo com as normas do município de São Carlos.

Posteriormente a emissão, as notas geradas são gravadas no banco de dados da empresa e

encaminha-se um boleto bancário relativo ao serviço prestado (nota fiscal) através do e-mail

para o cliente. Diariamente, as funcionárias realizam o atendimento ao cliente relativo as

atividades do processo de Faturamento.

Todas as funcionárias eram capacitadas para executar todas as atividades, porém não

havia uma formalização das responsabilidades deixando a critério delas organizar e gerir as

atividades no dia. O maior problema encontrado foi a limitação do sistema interno programado

na linguagem Clipper. Esta linguagem possui diversas limitações por ser uma linguagem de

programação antiga.

Os processos de agendar e retirar as notas do especial eram realizados neste sistema

interno. As limitações se davam principalmente pela exigência de passar por todas as etapas

para finalizar a operação e o desenvolvimento de atividades complementares manuais que o

sistema não conseguia realizar, tais atividades extras e exigências levavam, consequentemente,

ao principal gargalo do processo. Assim, a maior necessidade encontrada foi: a adequação do

sistema interno ao processo desempenhado de forma simplificada para que não comprometesse

a eficiência e eficácia.

4.2.1.3 Definir Portfólio de projetos

Com base no diagnóstico foi possível estabelecer as necessidades e a partir destas

formular o portfólio dos projetos presentes na Tabela 1.

Tabela 1 - Processo de formulação dos projetos

Problema Necessidade Projetos

Falta de formalização das

responsabilidades

Estabelecer papeis e

responsabilidades

1 - Reorganização das atividades

Sistema com muitas

limitações

Adequação do sistema ao

processo

2 - Melhoria do sistema interno

para agendamento de notas

3 - Melhoria do sistema interno

para tirar notas do especial Muitas atividades

manuais

Inclusão de atividades no

sistema

Os projetos elencados foram: 1) a reorganização das atividades com o intuito de tornar o

projeto mais fluido, 2) melhoria no sistema interno para o agendamento das notas e 3) melhoria

no sistema interno para inclusão das atividades do processo de tirar as notas do especial.

Os três projetos de melhoria foram executados em momentos distintos. O primeiro

projeto priorizado e executado foi o projeto 3 focado na melhoria operacional do sistema interno

para tirar as notas do especial. Esta priorização foi dada por este ser o principal gargalo dos

processos apresentados, que impactava diretamente em toda a operação do processo geral de

Faturamento. Logo, a Etapa 2 descreve o projeto de mudança 3. Portanto, mesmo que outros

projetos de melhoria tenham sido elencados, o foco da mudança apresentado neste trabalho é o

projeto 3.

4.2.2 Etapa 2

4.2.2.1 Planejar a Mudança

A partir da definição do projeto 3 como projeto de mudança a ser executado, iniciou-se

seu planejamento. Primeiramente, foi definido que o patrocinador do projeto seria a própria

Page 35: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

35

proprietária da empresa por acompanhar o desempenho do processo em relação aos objetivos

estratégicos contábeis da organização.

O objetivo principal definido para este projeto de mudança foi o aumento da eficiência

no que se refere a agilidade das atividades e a eficácia no que tange a acuracidade da execução,

ambos pautando a melhora na dinâmica de trabalho e minimização dos erros. A partir da

declaração do escopo do projeto foram listadas as entregas programadas:

o Estudo detalhado das observações especiais: analisar as informações presentes no banco

de dados da empresa de forma a agrupar e buscar similaridade entre as ocorrências;

o Descrição dos requisitos do sistema futuro: estabelecer de forma clara as necessidades

transformadas em requisitos como entrada para o desenvolvimento da solução;

o Formulação de um piloto: para que testar e validar cada um dos requisitos estabelecidos

junto as funcionárias do setor alvo da melhoria;

o Treinamento: conforme a inserção de novos requisitos era necessário um treinamento

das funcionárias com a ferramenta para execução e testes dos procedimentos e tarefas

da maneira correta.

A equipe formada para a execução deste projeto contava com: a autora e a orientadora

deste trabalho, um membro da Alta Direção, o responsável pelo fechamento financeiro da

empresa, um funcionário de Sistemas, e as três funcionárias do processo de Faturamento.

Com relação aos riscos, elencou-se que a disponibilidade e comprometimento dos

colaboradores em desempenhar as atividades propostas eram os aspectos mais latentes. As ações

tomadas para mitigar tais riscos foram: conscientização da importância do projeto a ser

realizado com relação aos resultados e objetivos pretendidos e estabelecimento da participação

de cada membro da equipe conforme demanda e andamento do projeto com o intuito de não

impactar negativamente nas outras atividades desempenhadas pelos colaboradores.

Como forma de incentivo e parte do desenvolvimento do projeto, após o

desenvolvimento de um dos requisitos, este era testado junto aos colaboradores, tanto para

efeito de melhoria rápida quanto para demonstrar como mudança traria resultados benéficos a

todas as partes envolvidas. Além disso, foi definido que a autora acompanharia o

desenvolvimento de melhoria junto as funcionárias, desta forma, a autora permaneceu no

ambiente de trabalho do processo de Faturamento durante todo o projeto.

4.2.2.2 Analisar a Situação Atual

Fundamentado no diagnóstico inicial, a análise da situação atual se preocupou

primordialmente em mapear o processo de tirar as notas do especial e sua interação com o

sistema (modelo “as-is”), além das atividades necessárias para a execução correta do

procedimento.

Para o mapeamento do processo foram feitas entrevistas com as funcionárias do setor e

outros funcionários que possuem contato direto com o trabalho desenvolvido pelo processo de

Faturamento e/ou são influenciados por ele – o responsável pelo fechamento financeiro e a

gestora da empresa (Apêndice B – Protocolo Análise da Situação Atual).

Além disso, foram feitas observações através do acompanhamento direto da autora

dentro do ambiente de trabalho das funcionárias, com relação às atividades executadas. Este

acompanhamento direto foi proporcionado pelo fato que a autora trabalhava junto às

Page 36: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

36

funcionárias no mesmo ambiente, isto serviu para fortalecer o comprometimento com o projeto,

desenvolver a empatia e a confiança necessárias e levantar diversos aspectos por meio de

observações e relatos da relação funcionárias-processo-sistema que não seriam obtidos por meio

de aplicação de questionários. Tanto as entrevistas quanto as observações se preocuparam em

avaliar as entradas, atividades desempenhadas, recursos necessários, saídas e aspectos mais

sensíveis como dificuldade, sequenciamento e habilidade. Com relação a dinâmica de trabalho,

a funcionária designada para a função de tirar as notas do especial, diariamente emitia uma

listagem que continha os dados relevantes à emissão da nota: preço unitário, quantidade de

monitores enviados, valor total (preço vezes quantidade) e a descrição da observação especial

que explicitava as análises e/ou procedimentos que precisavam ser feitos. Esta descrição era

alimentada no banco de dados no momento do agendamento da nota.

Para entender o funcionamento do campo de observação especial e buscar agrupá-lo de

acordo com similaridades ou padrões de ocorrências com o propósito de encontrar necessidades

e traçar requisitos desejáveis para o bom andamento das atividades, foi feita uma análise extensa

do banco de dados de notas agendadas de modo a classificá-las. As principais observações desta

análise são:

o A emissão de notas possuía dois picos: o primeiro dia útil do mês (aproximadamente

60% das notas agendadas) e próximo ao dia 16 (aproximadamente 30% das notas

agendadas) – o restante era dividido nos outros dias. Estes picos acompanham o

funcionamento da empresa que possui duas remessas de envio de monitores para o

cliente: dia primeiro (a ser usada do primeiro ao ultimo dia do mês) e dia 16 (a ser usada

do dia 16 do mês até o dia 15 do mês subsequente);

o As notas consideradas especiais correspondem a aproximadamente 50% do total e se

distribuem de acordo com o padrão da emissão;

o A partir da análise feita no campo de observação especial estabeleceu-se que as

categorias mais recorrentes eram: quantidade e solicitados (as notas solicitadas eram

referentes a contratos que solicitavam o serviço conforme demanda normalmente este

tipo de contrato é reservado às escolas profissionalizantes, uma vez que há períodos que

estas instituições não precisam da realização do serviço) e exigência de documentação;

o A categoria por quantidade e solicitados correspondem às notas que precisam de uma

verificação associado a quantidade enviada de monitores ao cliente no mês de

referência. O faturamento a ser executado corresponde a quantidade exata enviada em

um dado período, o mesmo ocorre para os clientes solicitados, entretanto este envio de

remessa está sujeita a uma solicitação por parte do cliente.

o As observações que exigiam documentação eram de dois tipos: documentos necessários

da empresa prestadora a serem encaminhados junto a nota fiscal para confirmação da

prestação do serviço e documentos fornecidos pelos clientes relativos a autorização da

emissão da nota. Normalmente os clientes que emitem esta autorização são órgãos

públicos.

o Constavam anotações relativas a valores de acréscimo ou decréscimo no valor total de

acordo com negociação feita com o cliente ou outros serviços (como segunda via de

relatório) e informações de correção de impostos a ser deduzido corretamente da nota a

ser emitida.

Os problemas e as limitações encontradas foram:

o Para iniciar o procedimento de tirar as notas do especial era emitida uma listagem com

o resumo do agendamento e a descrição do especial, e esta listagem apresentava uma

Page 37: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

37

difícil visualização dos dados e gerava um gasto excessivo de material para a

impressão;

o No resumo do agendamento presente na listagem eram informados a quantidade

enviada e o valor total, entretanto no sistema era necessário digitar ambos os campos

para a correta emissão da nota. O mesmo acontecia para acréscimo e decréscimos, que o

sistema não computava este valor no valor total. Assim funcionárias realizavam a

operação matemática em um ambiente separado e incluíam o valor total no sistema;

o O sistema calculava os impostos de acordo com a porcentagem estipulada, porém caso

fosse necessário alguma modificação como não cobrar um determinado imposto, por

exemplo, era necessário apagar o valor do sistema;

o O envio de documentos para o cliente era feito em um e-mail separado após a emissão

da nota. Assim o cliente recebia um e-mail enviado pela prefeitura e outro com os

documentos solicitados.

O processo descrito encontra-se modelado na Figura 12.

Além disso, as funcionárias executavam uma atividade paralela de verificação. Ao final

do mês, era conferido nas agendas de notas classificadas como solicitadas ou quantidade, se

tinha ocorrido algum envio durante o mês de referência que não foi contemplado na nota

anterior, se este envio ocorria após a data de emissão da nota ainda para aquele mês de

referência. Caso fosse verificado tal envio, era incluída a informação no campo de observações

especiais da próxima nota com a quantidade a ser cobrada a mais. As funcionárias

denominavam este processo como “fora do período”.

Os principais erros ocorriam por duplicidade ou erro de valores o que acarretava em

necessidade de cancelamento da nota. A causa desses erros era principalmente a inserção de

números calculados à parte do sistema.

Para uma análise completa da situação, as necessidades e impressões obtidas pelas

entrevistas e observações foram sumarizadas em um Mapa de empatia com o intuito de registrá-

las, organizá-las e transmiti-las às etapas seguintes. Este mapa apresentado na Figura 13 foi

usado para lembrar e transmitir as informações relativas às observações, entrevistas e relatos do

contato diário da autora com as funcionárias de aspectos qualitativos referente a experiência e a

sensação das funcionárias com o processo alvo, tais informações foram usadas posteriormente

para criar empatia no restante da equipe durante o desenvolvimento do projeto.

Page 38: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

38

Figura 12 - Processo tirar do especial

Fonte: a autora

Page 39: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

39

Figura 13 - Mapa da Empatia

Fonte: a autora

De acordo com as atividades executadas, pela presença da autora junto as funcionárias

na sala de trabalho foi possível perceber que a maior dificuldade das funcionárias do

Faturamento era que elas não se sentiam confiantes para executar seu trabalho com acuracidade

dada a complexidade das informações.

Por se tratar de um trabalho no campo financeiro, as funcionárias sentiam a pressão de

executar o trabalho assertivamente, isto era expresso pelos relatos feitos nas entrevistas, a

conferência de grande parte do trabalho executado e das observações diretas realizadas. Não

havia componentes à prova de erro no sistema, o que delegava à elas toda a responsabilidade da

acuracidade da execução, isto é exemplificado pelo fato de que as funcionárias inseriam os

valores nos campos delimitados, não havia uma computação automática.

Ademais, as funcionárias apontaram sugestões iniciais de ideias que simplificariam

substancialmente suas atividades como conter as informações necessárias para não terem que

realizar diversas consultas no sistema em outros módulos. A principal contribuição deste mapa

foram relativa as Dores de limitação do sistema, inserção manual de informações e grande

quantidade de tarefas extras manuais; estas Dores são o ponto chave do Diagnóstico na

integração das duas abordagens, pois este é o direcionamento que o envolvimento do usuário

transmite ao projeto de melhoria BPM.

4.2.2.3 Projetar a Situação Futura

A partir do diagnóstico mais detalhado realizado na fase anterior, foi iniciada a etapa de

projeção do sistema futuro (“to-be”). Para isto foi envolvido de forma mais atuante o

funcionário de Sistemas responsável pelo desenvolvimento do novo sistema interno em

Page 40: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

40

linguagem Delphi, uma linguagem mais nova. A participação da autora foi essencial para

transmitir o diagnóstico realizado e as necessidades e sugestões feitas pelas funcionárias do

setor de Faturamento.

Para transmitir todas as necessidades de forma a transformá-las em requisitos foi

empregada a ferramenta User Stories. Primeiramente foi feita uma transcrição das stories para

cada um dos atores principais do processo entrevistado: funcionárias do setor descritas como

operadores do sistema, responsável pelo fechamento financeiro e gestora. A autora incluiu suas

stories por entender que detinha informações, observações e ideias oriundas de suas impressões

(muitas inclusive presentes no mapa de empatia). Na aplicação da ferramenta a autora se

denominou como analista de sistema. As stories são apresentadas na Figura 14 numeradas de

acordo com o usuário descrito.

Para as funcionárias do Faturamento (operadoras do sistema) as stories descreviam as

necessidades e dores relatadas, ponto de partida do desenvolvimento da melhoria focado no

envolvimento destas funcionárias. As necessidades são relacionadas à disponibilidade das

informações, há fatores de soma, subtração e correção que poderiam ser feitos automaticamente

pelo sistema e mecanismos de controle de outras atividades executadas como a emissão de

documentos.

Para o gestor e o responsável pelo fechamento financeiro, a necessidade alinhada ao

objetivo estratégico da organização é a redução de erros para evitar o cancelamento das notas

fiscais. Por fim, as impressões obtidas deste contato direto e das observações foram expressas

como necessidades identificadas pela autora de melhoria no sistema e usabilidade.

Para a apresentação do diagnóstico da situação atual foi realizado um evento com o

funcionário de Sistemas, a autora e a orientadora deste trabalho. A primeira parte foi uma

apresentação do processo detalhado pela modelagem, cujo desenho serviu como plano de fundo

para as discussões que ocorreram. Conforme as stories eram apresentadas, era feito um debate

acerca da importância de tal necessidade e como as informações envolvidas estavam

armazenadas nos diferentes bancos de dados. As Stories estão presentes na Figura 14.

A partir das necessidades provenientes das funcionárias, gestora, responsável pelo

fechamento e da autora foram discutidas e formalizadas ideias a serem implementadas como

requisito. Ressalta-se a integração das abordagens BPM e UCD nesta fase, pois a partir das

necessidades identificadas com o envolvimento dos usuários foi feito o direcionamento dos

requisitos a serem implementados no projeto de melhoria BPM.

Page 41: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

41

Figura 14 - User Stories

IDU

suárioStory

1.0O

perador do sistema

Como operador do sistem

a quero que o sistema m

e forneça subsídios necessários para facilitar meu trabalho

1.1O

perador do sistema

Como operador do sistem

a quero que as informações essenciais do m

eu cliente tenham fácil acesso a fim

de agilizar a operação

1.2O

perador do sistema

Como operador do sistem

a quero ser informado do que precisa ser cobrado "fora do período" para não conferir todas as instituições

1.3O

perador do sistema

Como operador de sistem

a quero que o sistema com

pute automaticam

ente acréscimo ou decréscim

o de valor para evitar erros

1.4O

perador do sistema

Como operador do sistem

a quero que o sistema calcule de form

a automátiva o valor total de acordo com

a quantidade porque isso evita erros de valores

1.5O

perador do sistema

Como operador do sistem

a quero que as quantidades não apareçam duplicadas para a em

issão correta

1.6O

perador do sistema

Como operador do sistem

a quero que a forma de consultar as inform

ações necessárias seja facilitada para evitar erros

1.7O

perador do sistema

Como operador do sistem

a quero o sistema m

e ajude a gerenciar os documentos a fim

de que as NFs saiam

corretamente

1.8O

perador do sistema

Como operador do sistem

a quero que as notas com condições especiais só saiam

com a devida autorização para evitar erros

2.0G

estorCom

o gestor quero reduzir os erros para melhor funcionam

ento da empresa

2.1G

estorCom

o gestor quero reduzir o cancelamento de N

Fs por informações erradas um

a vez que isto gera custo à empresa

2.2G

estorCom

o gestor quero um controle e eficiência m

aior na emissão dos especiais para evitar erros

3.0Responsável pelo fecham

entoCom

o responsável pelo fechamento financeiro quero reduzir os erros e reagendam

entos a fim de garantir um

correto fechamento financeiro

3.1Responsável pelo fecham

entoCom

o responsável pelo fechamento financeiro quero m

inimizar o reagendam

ento de NFs para correto fecham

ento financeiro

3.2Responsável pelo fecham

entoCom

o responsável pelo fechamento financeiro quero que o im

posto seja deduzido corretamente para a correta relação no final do m

ês

4.0A

nalista de sistema

Como analista de sistem

a quero melhorar o sistem

a para facilitar o trabalho das funcionárias

4.1A

nalista de sistema

Como analista de sistem

a quero que o sistema inform

e na tela a quantidade e o total a ser cobrado a fim de agilizar o processo

4.2A

nalista de sistema

Como analista de sistem

a quero que tenha um cam

po para acréscimo e decréscim

o para evitar correções

4.3A

nalista de sistema

Como analista de sistem

a quero agrupar documentos para enviar a fim

de simplificar o envio de docum

entos

4.4A

nalista de sistema

Como analista de sistem

a quero que os documentos sejam

enviados automaticam

ente para agilizar o processo

5.0A

nalista de sistema

Como analista de sistem

a quero melhorar a usabilidade do sistem

a para facilitar a interação e melhorar a eficiência

5.1A

nalista de sistema

Como analista de sistem

a quero que a disposição da tela seja de forma a facilitar o uso

5.2A

nalista de sistema

Como analista de sistem

a quero que os campos sejam

dispostos de forma a deixar o processo m

ais intuitivo

Page 42: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

42

Na evolução das ideias (Figura 15) foi considerado o que era necessário para

desempenhar tal necessidade e o que isto exigiria de alteração no sistema, por exemplo, para

evitar erros que era uma necessidade principal para a gestora e o responsável pelo fechamento

financeiro foi pensado que as informações precisariam estar disponíveis e centralizadas para a

correta análise crítica. Para que as informações estivessem centralizadas foi formulada a ideia de

agrupar as funcionalidades em uma única tela de edição com botões para cada uma das

operações específicas realizadas apresentadas na modelagem da Figura 12.

Alguns requisitos atendiam mais de uma necessidade expressa por diferentes usuários,

esta gestão geral dos requisitos e de como conseguiriam atender diferentes dores e expectativas

foi possibilidade pelo uso da ferramenta User Stories.

Figura 15 - Relação necessidades identificadas com requisitos

Fonte: a autora

4.2.2.4 Implementar a Mudança

A mudança para o processo “to-be” foi realizada de forma gradual como planejado para

que os colaboradores pudessem desempenhar os testes de usabilidade necessários de maneira a

não impactar em suas atividades diárias. Nesta fase, a participação da autora foi essencial para

conduzir as informações de um processo ao outro relativo à realização e aos resultados dos

testes.

Por se tratar da emissão de um documento fiscal gerado junto a prefeitura municipal,

era necessário que a nota fosse emitida e conferida logo em seguida, pois caso fosse identificada

a necessidade de cancelamento, este pudesse ser feito dentro do tempo hábil de 24 horas após a

emissão. Para estes testes, foram escolhidos dias diferentes do pico de emissão de notas, com o

propósito de facilitar esta verificação.

Page 43: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

43

Os testes de usabilidade foram conduzidos por meio de um piloto (protótipo) que

constituía de uma tela (Figura 16) em que os requisitos foram desenvolvidos separadamente.

Cada requisito foi desenvolvido e testado individualmente, no sentido de menor para maior grau

de complexidade. Isto foi feito como forma de garantir que as etapas desenvolvidas

anteriormente estivessem em plenas condições de funcionamento e agregavam em operações

disponíveis para desenvolver soluções de requisitos ditos mais complexos.

As funcionárias relatavam as dificuldades, validavam as operações e sugeriam

alterações após cada teste realizado. Estas considerações retornavam ao setor de Sistemas que

fazia as alterações necessárias e retornava para um novo teste, constituindo assim um ciclo

iterativo de desenvolvimento contínuo da melhoria.

Page 44: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

44

Figura 16 - Tela do software

Fonte: a autora

Page 45: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

45

4.2.2.5 Validar a Mudança

Para a fase de validação do projeto de melhoria tendo em vista os objetivos traçados de

aumento da eficiência e eficácia por meio de agilidade das tarefas e acuracidade da execução

foram feitas três análises: uma análise geral da solução contrapondo os requisitos com o que foi

desenvolvido, uma análise das tarefas para verificar como a mudança impactou na forma de

fazer, e uma análise de usabilidade feita por meio de uma entrevista par avaliar o software em

si.

A) Análise da Solução

De acordo com a tela desenvolvida (Figura 16) para o processo de tirar as notas do

especial, foram feitas as seguintes operações: de acordo com o dia selecionado (1), que

corresponde à data agendada ou atualizada caso a nota ainda não tenha sido emitida, é mostrado

todas as notas a serem emitidas nesta data (2). O resumo das notas a serem emitidas (2) possui:

código do cliente, nome da instituição, motivo (descrição do campo especial), data de emissão,

número da parcela, vencimento da parcela de acordo com o agendamento, quantidade agendada,

valor líquido e valor dos impostos.

Ao selecionar uma das notas, de forma automática, aparece o que está descrito no corpo

da nota (3), as notas fiscais anteriores emitidas de forma resumida com permissão para o acesso

(em PFD da nota) (4), além de outras informações agendadas como: o valor unitário,

quantidade, valor total, valor dos impostos e valor líquido. De acordo com o que é necessário

alinhado à descrição do campo observação especial, utiliza-se os campos (5) para adicionar

documentos a serem enviados no mesmo e-mail que a nota fiscal. É possível visualizar os

envios para o código selecionado e determinar qual a quantidade a ser cobrada (6), somar ou

subtrair valores (7) e alterar o valor dos impostos (8). Qualquer alteração feita que impacte na

mudança do valor líquido final é calculada automaticamente pelo programa (9).

A atividade denominada de fora do período se tornou uma análise, em que a partir das

informações disponíveis e agrupadas na tela, como resumo dos envios para a instituição (data e

quantidade) e acesso as notas fiscais anteriores, é possível decidir se houve envio fora do

período, se é necessário realizar a cobrança na nota fiscal atual e no momento executar todos os

procedimentos para que esta nota seja emitida corretamente. Na Tabela 2 está associado os

requisitos gerados no item 4.2.2.3 Projetar a Situação Futura e parte da solução desenvolvida

expressa na Figura 17.

Page 46: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

46

Figura 17 - Tela com os princípios de solução

Fonte: a autora

Page 47: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

47

Tabela 2 - Relação requisitos e princípios de solução

Requisito Solução

Presença de informações essenciais 2,3 e 4

Operações matemáticas automáticas 9

Mostrar relação de envio 6

Somar ou subtrair valores 7

Valor alterado conforme alteração da quantidade 6

Fácil visualização da correção de impostos 8

Controle dos documentos enviados 5

Alterar apenas o que for necessário 5, 6, 7 e 8

Autorização para prosseguir 10

B) Análise das tarefas

Com a institucionalização do software específico para o processo de tirar as notas do

especial, as atividades ficaram interligadas ao sistema. Entretanto, uma das preocupações foi

fornecer os subsídios necessários para que as funcionárias pudessem realizar suas análises

críticas com eficiência e eficácia. O maior ganho encontra-se no suporte e simplicidade desta

análise e a facilidade em alterar apenas o essencial para que esta nota saia corretamente, em

oposição ao sistema antigo que exigia passar por todas as etapas para finalizar o processo. A

Tabela 3 estabelece esta relação.

Tabela 3 - Relação processo novo e mudança

Processo Antigo Mudança

Imprimir listagem Resumo na tela

Buscar a nota no sistema Selecionar a nota desejada

Digitar quantidade e valores Selecionar envios para o período

Somar ou subtrair valores e incluir valor

total Digitar o valor a ser somado ou subtraído

Enviar email separado com os

documentos solicitados

Selecionar os documentos na emissão da nota, a

serem enviados posteriormente no mesmo e-mail da

nota fiscal

Conferir o que foi enviado com o que foi

cobrado nota a nota

Analisar os envios de acordo com o resumo dos

envios e as notas anteriores

Corrigir o valor dos impostos Selecionar a operação que deseja realizar relativa

aos impostos

Percorrer todas as etapas para salvar a

edição

Selecionar e alterar apenas o que é necessário para

aquela nota

O processo antigo exigia que se imprimisse uma listagem e a partir desta listagem se

localizassem as notas a serem feitas as modificações no processo de tirá-las do especial. As

modificações precisavam ser feitas de forma manual, muitas vezes somando ou subtraindo os

valores em um ambiente separado. Com a mudança de sistema, há um resumo da tela de todas

as notas especiais e para acessá-las basta clicar, eliminando a listagem e procura pela nota

específica. Além disso, acréscimo ou decréscimo de valores passou a ser feitos de forma

automática.

Todas as notas ainda são gravadas no banco de dados da empresa, e no processo

anterior era enviado um e-mail com o boleto relativo à nota; com a mudança, a empresa passou

a enviar o boleto e a nota (juntos) como garantia de envio ao cliente. Nos casos que a nota

exigia documentação, esta documentação era anexada no processo de tirar a nota do especial e

Page 48: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

48

encaminhada no mesmo e-mail, reunindo assim todos os documentos pertinentes àquela nota em

um único e-mail.

A atividade do fora do período se tornou uma atividade de análise a ser realizada no

sistema e apenas o que exige alteração é modificado pelas funcionárias. Desta forma, o processo

se condensou em atividades executadas no sistema, muitas das quais são computadas

automaticamente, o que contribui significantemente para evitar erros e agilizar o processo como

um todo.

C) Análise da Usabilidade

Após o desenvolvimento final da solução foi realizada uma avalição da usabilidade

por meio de entrevistas relativas a oito tópicos relacionados: facilidade de uso, eficiência,

eficácia, conforto, correção de erros, disponibilidade das informações, aplicação das

informações e satisfação. A avaliação encontra-se na Tabela 4.

Tabela 4 - Avaliação tópicos de usabilidade

Tópicos de Análise Avaliação

Facilidade de uso

Eficiência

Eficácia

Conforto

Mensagens de erro

Disponibilidade das informações

Aplicação das informações

Satisfação

Com relação a facilidade de uso, as funcionárias relataram que consideram o sistema

fácil de usar. Entretanto, é necessário um conhecimento prévio do assunto e treinamento

adequado. Isto é influenciado pelo fato de que se trata da emissão de um documento fiscal

regido por normas e regras estabelecidas, sendo, portanto, necessário um conhecimento de como

e o que pode/deve ser feito. Comparativamente ao sistema antigo, as funcionárias informaram

que a facilidade aumentou significativamente.

O tópico de eficiência foi medido com relação a agilidade das tarefas. Contrastando

com o sistema anterior, a agilidade das tarefas aumentou. Porém, as funcionárias relataram que

o sistema exige uma análise crítica por parte delas, e esta análise ainda consome um tempo

considerável. Tal análise crítica é necessária para a correta emissão da nota, e foi melhorada

com base nas informações disponíveis. Para o tópico da eficácia, as funcionárias estabeleceram

uma relação positiva, pois com o novo sistema é possível encontrar todas as funções necessárias

para desempenhar suas atividades assertivamente.

As funcionárias do faturamento descreveram que se sentem confortáveis em utilizar o

sistema com base na organização da tela, inclusive gostam de executar as atividades no sistema.

Com relação a mensagens de erros, as funcionárias relataram que precisam recorrer ao auxilio

do funcionário do processo de Sistemas para corrigir os erros relacionados ao software, erros

relativos ao processo podem ser corrigidos por outros meios no sistema e muitos dos erros no

processo de tirar do especial são contidos pelo sistema, como por exemplo, cálculo do valor

final.

Page 49: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

49

As funcionárias expuseram que é fácil encontrar e analisar as informações presentes no

sistema e que tal informação as ajuda a completar corretamente o trabalho desempenhado. Por

fim, em uma avaliação geral as funcionárias se sentem satisfeitas com a mudança e com o

sistema em si. Logo, com relação a usabilidade e aplicabilidade, a solução foi considerada

satisfatória.

4.3 Avaliação do processo de melhoria e das ferramentas

O processo de melhoria descrito no estudo de caso deste trabalho apresentou uma

integração entre as ferramentas de UCD e a abordagem BPM. Com relação a hipótese 1 relativa

a adequação das ferramentas ao projeto, a ferramenta Mapa da Empatia serviu como mecanismo

de organização para critérios qualitativos obtidos por meio das entrevistas, mas principalmente

por meio da observação da autora em relação as atividades desempenhadas. Esta empatia serviu

junto com a modelagem do processo (característica presente nos ciclos BPM) como plano de

fundo para todas as fases desenvolvidas bem como as ferramentas empregadas.

A ferramenta User Stories utilizada entre a autora, a orientadora e o funcionário de

Sistemas foi essencial para a condução da solução de acordo com os requisitos levantados a

partir das necessidades identificadas, isto é, tal ferramenta foi adequada para transmitir as

necessidades e direcionar a solução final posterior. Os testes de usabilidade aliados ao protótipo

(tela) foram essenciais para que as funcionárias pudessem entender o processo de forma mais

ampla e identificar critérios a serem melhorados e/ou mudados.

O papel das ferramentas de UCD em envolver os usuários dentro das fases do ciclo

BPM foi satisfatório, à medida que o envolvimento levou a ideias e conceitos que sem as

ferramentas não seria possível e o ciclo BPM coordenou o envolvimento para que a melhoria

fosse desenvolvida e institucionalizada adequadamente.

Com relação a hipótese 2 sobre a percepção dos usuários acerca do envolvimento, as

funcionárias relataram que se sentiram envolvidas durante o projeto, ou seja, acreditam que suas

opiniões foram ouvidas e transformadas em melhorias desde o inicio do desenvolvimento do

projeto. A Alta Direção avaliou que este envolvimento foi essencial para a melhoria

desempenhada e o funcionário de sistemas acredita que sem esta participação efetiva o sistema

não teria as características finais apresentadas, nem seria focado ao que as funcionárias

precisavam.

No envolvimento dos usuários, destaca-se a importância da intermediação da autora que

fez uso das ferramentas de UCD para possibilitar o envolvimento integrado ao ciclo BPM de

melhoria. A autora desempenhou papel principal para conduzir as análises e discussões e na

realização dos testes e entregas do projeto.

O envolvimento no ciclo BPM a partir das ferramentas UCD permitiu que as

funcionárias tivessem uma maior compreensão do processo, conseguissem estabelecer papeis e

responsabilidades com clareza e apresentasse ferramentas apropriadas ao trabalho (solução

final). Estes benefícios apoiados pelo desenvolvimento gradual do projeto, acompanhamento

diário da autora junto as funcionárias para instrução e treinamento adequado colaborou para que

a hipótese 3 relativa a menor resistência a mudança fosse considerada satisfatória.

Como toda a mudança, a incorporação da mudança na rotina do processo foi difícil

inicialmente, mas com o acompanhamento próximo, a percepção do envolvimento ativo por

meio das ferramentas e do retorno das sugestões em melhorias conduziu a assimilação do

Page 50: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

50

projeto como algo a contribuir na melhora das atividades e isto tornou esta incorporação mais

fluida e natural.

4.4 Discussão do envolvimento do usuário

O ciclo do projeto de melhoria conjuntamente com as ferramentas proposto pode ser

replicado em diferentes empresas e negócios e é um importante recurso para conduzir melhorias

em processos. Este ciclo pode ser aplicado em projetos de baixa ou alta complexidade.

Para o estudo de caso, optou-se pela utilização das seguintes ferramentas de UCD:

Mapa da Empatia, User Stories, Protótipo e Teste de Usabilidade incorporadas no ciclo BPM

conforme Figura 18. O Mapa de Empatia foi escolhido por permitir organizar e relacionar

aspectos qualitativos de diferentes vertentes, mais explicita como relatos e mais subjetivas como

observações de comportamentos. A ferramenta User Stories foi eleita por ser amplamente

utilizada para a funcionalidade de transmitir necessidades em requisitos no desenvolvimento de

softwares, alvo do projeto descrito no estudo de caso. Por fim, as ferramentas protótipo e teste

de usabilidade foram utilizados por permitem um retorno rápido e direcionado no

desenvolvimento iterativo. As ferramentas foram escolhidas de forma a conciliar o que era

esperado ser desenvolvido em cada uma das fases do ciclo BPM.

Figura 18 - Inclusão das ferramentas de UCD no ciclo BPM

Fonte: Adaptado de Costa (2006)

Page 51: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

51

A literatura de UCD apresenta diversas ferramentas com diferentes objetivos e

aplicações. A escolha entre as opções pode variar de acordo com alguns fatores como:

conhecimento prévio, disponibilidade de recursos e pessoas da organização, entre outros. A

Figura 19 estabelece uma sugestão de inclusão de ferramentas, de acordo com a sua

classificação, com base no ciclo selecionado. A inclusão de ferramentas pautadas no

envolvimento do usuário se dá por cumprir a lacuna presente na literatura em apontar como o

usuário, parte essencial no desenvolvimento de um projeto de melhoria, deve ser envolvido para

contribuir e apoiar o desenvolvimento em execução.

Figura 19 - Proposta de inclusão de ferramentas UCD de acordo com seu objetivo ao ciclo BPM

Fonte: Adaptado de Costa (2006)

Nesta proposta as ferramentas são integradas ao ciclo BPM durante a Etapa 2, por

entender que a etapa anterior (Etapa 1) corresponde a uma análise direcionada aos objetivos,

enquanto a Etapa 2 concretiza a mudança. Dependendo da complexidade do projeto e das

pessoas envolvidas, na fase Planejar a mudança pode ser necessário a utilização de ferramentas

de gerenciamento de projetos (que não foram abordadas neste trabalho), a utilização destas

ferramentas pode ser assunto de pesquisas futuras.

A fase Analisar a Situação Atual é a fase em que o envolvimento dos usuários

estabelece uma importante contribuição, pois se desde o início as necessidades, limitações e

sugestões dos usuários são ouvidas, a solução final tende a ser mais focada e dar mais valor a

estes usuários. Nesta fase, para envolver os usuários é preciso primeiro conhecê-los, para isso há

ferramentas disponíveis na literatura que se baseiam em identificar os usuários. Estes usuários

Page 52: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

52

muitos vezes, são os atores do processo, mas é necessário que seja feita uma análise para

entender como outros usuários de outros processos influenciam o processo de negócio alvo.

Em seguida, incluir na análise da situação atual as necessidades, anseios e problemas do

usuário corrobora fortemente para um desenvolvimento com características da abordagem UCD,

pois utiliza estas informações para nortear as fases seguintes, quando corretamente transmitida.

A possibilidade de entrar em contato com os usuários permite que a equipe de desenvolvimento

da mudança crie empatia e tenha uma maior compreensão do processo.

Para a fase Projetar a Situação Futura sugere-se a utilização de ferramentas que

auxiliem na elicitação de requisitos, como forma de auxiliar na formulação do modelo “to be”.

As ferramentas com esta dimensão, normalmente precisam de uma entrada, na grande maioria

dos casos se utiliza entrevistas e observações, logo uma análise bem feita que contemple todos

os pontos importantes é essencial para o bom desempenho desta fase.

As fases Implementar a Mudança e Validar a Mudança recomenda-se o uso de

ferramentas de validação. Seguindo os preceitos de UCD, nestas fases é interessante utilizar

ferramentas que consigam validar ao mesmo tempo em que testem e assim, conseguem gerar

novas ideias, necessidades, conceitos e sugestões que podem ser incorporados ao

desenvolvimento, tornando-o mais iterativo e rápido.

A escolha das ferramentas está atrelada a necessidade do projeto. No presente trabalho,

optou-se pela utilização de algumas que foram julgadas mais pertinentes, porém é interessante

notar que a equipe é livre para fazer as escolhas que julgar necessário. Na Figura 19 há uma

sugestão do tipo de ferramenta ideal para cada fase.

Page 53: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

53

5. Considerações finais

O presente trabalho apresentou a integração entre as abordagens BPM e UCD, de forma

geral o envolvimento do usuário em um ciclo BPM contribui para resultados mais pertinentes

por desde o inicio do desenvolvimento direcionar a solução ao que o usuário realmente precisa

e/ou considera valoroso.

Para a fase inicial, de análise da situação e levantamento das informações, recomenda-

se o uso de ferramentas que permitam uma identificação clara dos usuários (atores do processo e

outras pertinentes a análise) envolvidos e ferramentas que auxiliem a identificar as necessidades

destes usuários. Com isso, espera-se um desenvolvimento desde o começo focado no real

problema e necessidade das pessoas envolvidas e o recolhimento de informações importantes a

serem usadas nas fases seguintes.

Para a fase de projeção da situação futura, recomenda-se o uso de ferramentas que

permitam trabalhar as necessidades encontradas e analisadas em requisitos da solução. Ao se

considerar dados provenientes de usuários para construir a solução, aumentam-se muito as

chances de se desenvolver algo que corresponda uma melhoria real. Por outro lado, isto exige

um conhecimento e recursos empregados para ser feito com excelência.

Nas fases de implementação e validação, sugere-se o uso de ferramentas que consigam

testar e validar e durante este processo, recolher informações que possam ser usadas para

incrementar a solução. A solução final desenvolvida fica mais robusta, à medida que novos

conceitos são incrementados com base em análises conduzidas com princípios de solução. Estas

ferramentas exigem recursos tanto humanos para testar e analisar os testes, quanto um

desprendimento organizacional para garantir meios adequados para conduzir estes testes.

Ao final do desenvolvimento da melhoria com a participação dos usuários, a

incorporação da mudança é feita de forma mais natural e fluida na organização, por apresentar

algo que se originou das sugestões, opiniões e necessidades dos usuários e por ser feito um

trabalho em conjunto de forma gradual em cada uma das fases do ciclo de melhoria.

A integração destas duas abordagens (BPM e UCD) contribui desenvolver projetos de

melhoria de forma mais completa e que retorne real valor às partes interessadas. Esta integração

pode ser replicada em outras empresas e em projetos de diferentes segmentos.

O caso apresentado neste trabalho possui a limitação de ser um caso em único em uma

pequena empresa. Contudo, isto não afeta o resultado encontrado que pode ser generalizado e

aplicado em diversas organizações. Isto corresponde aos próximos passos do estudo, aplicação

desta proposta tanto em empresas de ramos diferentes quanto com a utilização de diferentes

ferramentas de UCD e o e estudo de como as ferramentas de Gerenciamento de Projetos podem

ser incorporadas em projetos de melhorias BPM de diferentes complexidades.

Page 54: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

54

6. Referências ABPMP. (2013). Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio - Corpo Comum de

Conhecimento (BPM CBOK).

Abras, C., Krichmar, D. M., & Preece, J. (2004). User-Centered Design. In Encyclopedia of Human-

Computer Interaction (pp. 1–14).

Alexander, I. A. N., & Maiden, N. (2004). Scenarios, stories, use cases. (I. A. N. Alexander & N.

Maiden, Eds.). England: John Wiley &Sons Ltd.

Antonucci, Y. L., & Goeke, R. J. (2011). Identification of appropriate responsibilities and positions for

business process management success: Seeking a valid and reliable framework. Business Process

Management, 17(1), 127–146. http://doi.org/10.1108/14637151111105616

Armistead, C., Pritchard, J., & Machin, S. (1999). Strategic Business Process Management for

Organisational Effectiveness. Long Range Planning, 32(1), 96–106.

Baldam, R., Valle, R., & Rozenfeld, H. (2014). Gerenciamento de processos de negócios - BPM: uma

referência para implantação prática. 1 edição. Rio de Janeiro: Elsevier.

Bogers, M., & Horst, W. (2014). Collaborative Prototyping : Cross-Fertilization of Knowledge in

Prototype-Driven Problem Solving *. Product Development & Management Association, 31(4),

744–764. http://doi.org/10.1111/jpim.12121

Campese, C., & Costa, J. M. H. da. (2017). Métodos: Mapa de Empatia. In Envolvimento do Usuário no

Desenvolvimento de Produtos Eletromédicos (pp. 13–18).

Campese, C., Scatolin, J. L., Esposto, R. F. S., & Costa, J. M. H. da. (2015). ESTUDO DOS MÉTODOS

DE UCD. In 10o Congresso Brasileiro de Gestão da Inovação e Desenvolvimentos de Produtos (pp.

1–12). Itajubá - MG.

Carpinetti, L. C. R. (2016). Gestão da Qualidade: conceitos e técnicas. São Paulo: Atlas.

Chen, K., & Chou, W. (2013). Emotional Experience and Interactive Design in the Workplace. In

Springer-Verlag Berlin Heidelberg (pp. 446–454).

Cimino, M. G. C. A., Palumbo, F., Vaglini, G., Ferro, E., Celandroni, N., La, D., … Workflow, Á.

(2017). Evaluating the impact of smart technologies on harbor’s logistics via BPMN modeling and

simulation. Information Technology and Management, 18(3), 223–239.

http://doi.org/10.1007/s10799-016-0266-4

Cohn, M. (2004). User Stories Applied: For Agile Software Development. Addison Wesley.

Costa, J. M. H. da. (2006). Proposta de uma Metodologia de Gestão de Mudanças: aplicação em uma

empresa desenvolvedora de software.

Dijkman, R., Dumas, M., van Dongen, B., Kaarik, R., & Mending, J. (2011). Similarity of Business

Process Models : Metrics and Evaluation. Informations Systems, 36(2), 498–516.

Dijkman, Dumas, & Ouyang. (2008). Semantics and analysis of business process models in BPMN.

Information and Software Technology, 50(12), 1281–1294.

http://doi.org/10.1016/j.infsof.2008.02.006

Echeveste, M., Amaral, C. S. T., & Rozenfeld, H. (2007). A support tool for the selection of statistical

techniques for industrial product development and improvement processes. In Complex Systems

Concurrent Engineering: Collaboration, Technology Innovation and Sustainability (pp. 247–255).

http://doi.org/10.1007/978-1-84628-976-7

Gulliksen, J., & Göransson, B. (2001). Reenginering the System Development Process for User Centred

Design.

Page 55: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

55

Gulliksen, J., Göransson, B., Boivie, I., Blomkvist, S., Persson, J., & Cajander, Å. (2003). Key Principles

for User-Centred Systems Design.

Hall, R. R. (2001). Prototyping for usability of new technology. Human-Computer Studies, 1(55), 485–

501. http://doi.org/10.1006/ijhc.2001.0478

Hallerbach, A., Bauer, T., & Reichert, M. (2008). Managing process variants in the process life cycle. In

Proceedings of the 10th International Conference on Enterprise Information Systems (Vol. 2, pp.

154–161). Retrieved from http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.0-

55849084721&partnerID=40&md5=05d56a703ca0fe2bd33e2f1507cbdb82

Houy, C., Fettke, P., & Loos, P. (2010). Empirical research in business process management – analysis of

an emerging field of research. Business Process Management Journal, 16(4), 619–661.

http://doi.org/10.1108/14637151011065946

Hung, R. Y. (2006). Business Process Management as Competitive Advantage : a Review and Empirical

Study. Total Quality Management, 17(1), 21–40. http://doi.org/10.1080/14783360500249836

Leffingwell, B. D., & Behrens, P. (2010). By Dean Leffingwell with Pete Behrens, 1–16.

Lewis, J. R. (1993). IBM Computer Usability Satisfaction Questionnaires : Psychometric Evaluation and

Instructions for Use. International Journal of Human-Computer Interaction, 7(1), 57–78.

http://doi.org/10.1080/10447319509526110

Maddern, H., Smart, P. A., Maull, R. S., & Childe, S. (2014). End-to-end process management:

implications for theory and practice. Production Planning & Control, 25(16), 1303–1321.

http://doi.org/10.1080/09537287.2013.832821

Morais, R. M. de, Kazan, S., Pádua, S. I. D., & Costa, A. L. (2014). An analysis of BPM lifecycles: from

a literature review to a framework proposal. Business Process Management Journal, 20(3), 412–

432. http://doi.org/10.1108/BPMJ-03-2013-0035

Norman, D. A. (1986). Cognitive Engineering. In D. A. Norman & S. W. Draper (Eds.), User-Centered

System Design: New Perspectives on Human-Computer Interaction (pp. 32–61). Hillsdale, NJ:

Lawrence Earlbaum Associates.

Oglio, P. D. (2006). Uma Ferramenta para Gerenciamento de Requisitos em Projetos Baseados em

Extreme Programming. UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS.

Rees, M. J. (2002). A Feasible User Story Tool for Agile Software Development? In Proceedings of the

Ninth Asia-Pacific Software Enginerring Conference (APSEC’02) (pp. 0–8).

Rippon, S. (2006). Usability , user-centered design ( UCD ) and FOSS. In OSDC (pp. 1–11).

Rudd, J., & Isensee, S. (1991). Twenty-two Tips for a Happier , Healthier Prototype. Proceedings of the

Human Factors Society, 328–331.

Schein, E. H. (2002). Models and Tools for Stability and Change in Human Systems. Reflections, 4(2),

34–46.

Segatto, M., Pádua, S. I. D. de, & Martinelli, D. P. (2013). Business process management : a systemic

approach ? Business Process Management, 19(4), 698–714. http://doi.org/10.1108/BPMJ-Jun-2012-

0064

Shenhar, A. J., Dvir, D., Levy, O., & Maltz, A. C. (2002). Project Success : A Multidimensional Strategic

Concept. Long Range Planning, 34(2001), 699–725.

Smart, P. A., Maddern, H., & Maull, R. S. (2009). Understanding Business Process Management :

Implications for Theory and Practice. British Journal of Management, 20, 491–507.

http://doi.org/10.1111/j.1467-8551.2008.00594.x

Trkman, P. (2010). The critical success factors of business process management. International Journal of

Management, 30, 125–134. http://doi.org/10.1016/j.ijinfomgt.2009.07.003

Page 56: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

56

Trkman, P., Mertens, W., Viaene, S., & Gemmel, P. (2015). From business process management to

customer process management Article information : Business Process Management, 21(22), 250–

266. http://doi.org/10.1108/BPMJ-02-2014-0010

van der Aalst, W. M. P. (2004). Business Process Management: A personal view. Business Process

Management Journal, 10(2), 248–253.

Voss, C., Tsikriktsis, N., & Frohlich, M. (2002). Case research in operations management. International

Journal of Operations & Production Management, 22(2), 195–219.

http://doi.org/10.1108/01443570210414329

Vredenburg, K., Mao, J.-Y., Smith, P. W., & Carey, T. (2002). A Survey of User-Centered Design

Practice. Design Methods, 4(1), 471–478.

Zairi, M. (1997). Business process management : a boundaryless approach to modern competitiveness.

Business Process Management, 3(1), 64–80.

zur Muehlen, M., & Ho, D. T.-Y. (2006). Risk Management in the BPM Lifecycle. In C. Bussler et al.

(Eds.): BPM 2005 Workshops, LNCS 3812, (pp. 454–466). http://doi.org/10.1007/11678564_42

Page 57: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

57

7. Apêndices

Apêndice A – Protocolo Diagnóstico

Pe

rgun

ta da P

esq

uisa

Ob

jetivo

Me

tasV

ariáveis

Valo

res assu

mid

os p

elas variavé

isR

esp

on

de

nte

sQ

ue

stõe

s

Co

mo

é o

trabalh

o q

ue

voce

exe

cuta?

O q

ue

este

trabalh

o e

xige?

É um

trabalh

o q

ue

de

man

da m

uito

tem

po

? Po

r qu

ê?

O q

ue

você

acha q

ue

mais d

ificulta o

seu

trabalh

o?

O q

ue

você

con

side

ra ser m

ais imp

ortan

te n

o se

u trab

alho

?

Qu

al (is) o(s) p

roce

sso(s) vo

cê e

xecu

ta?

Co

mo

é a su

a rotin

a?

Qu

ais info

rmaçõ

es vo

cê p

recisa? D

e o

nd

e ve

m e

stas info

rmaçõ

es?

De

form

a geral, o

qu

e vo

cê ach

a mais d

ifícil?

Qu

ais são as tare

fas qu

e vo

cê faz?

Co

mo

você

as exe

cuta?

Do

qu

e vo

cê d

ep

en

de

para e

xecu

tá-las?

O q

ue

dificu

lta a exe

cução

das tare

fas?

O q

ue

facilita a exe

cução

das tare

fas?

Qu

al é o

resu

ltado

final d

o p

roce

sso? C

om

o p

recisa se

r?

Qu

al seu

maio

r me

do

ou

rece

iro ao

exe

cutar e

ste trab

alho

?

O q

ue

você

esp

era atin

gir com

este

trabalh

o?

Pe

nsan

do

nas se

nsaçõ

es, ap

ós fin

alizar o trab

alho

. O q

ue

você

citaria?

Na su

a op

inião

, o q

ue

mais im

pacta o

seu

trabalh

o?

De

form

a geral, o

qu

e vo

cê m

ud

aria?

Na su

a op

inião

, o q

ue

é m

ais urge

nte

na e

xecu

ção d

este

trabalh

o e

ne

cessita d

e u

ma ate

nção

esp

ecial?

De

form

a geral, co

mo

o Fatu

rame

nto

imp

acta no

seu

trabalh

o?

Caso

estas in

form

açõe

s ven

ham

inco

mp

letas o

u e

rradas, o

qu

e

isso o

casion

a no

seu

trabalh

o?

Qu

ais info

rmaçõ

es vo

cê p

recisa p

ara exe

cutar su

as atividad

es q

ue

vem

do

Faturam

en

to?

Co

mo

o an

dam

en

to d

o Fatu

rame

nto

imp

acta as ou

tras atividad

es

da e

mp

resa?

De

acord

o co

m as su

as resp

on

sabilid

ade

s, o q

ue

você

esp

era e

m

relação

a exe

cução

do

trabalh

o n

o Fatu

rame

nto

?

Co

m u

ma visão

mais am

pla, q

ual o

ob

jetivo

qu

e vo

cê traçaria p

ara

o se

tor d

e Fatu

rame

nto

?

Na su

a op

inião

, o q

ue

pre

cisa ser m

ud

ado

? O q

ue

é m

ais urge

nte

?

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Ide

ntificar o

s

pro

cesso

s

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os ao

pro

cesso

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Ente

nd

er o

trabalh

o

do

seto

r

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os ao

trabalh

o

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os ao

seq

ue

nciam

en

to

do

pro

cesso

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Qu

ais são o

s fatore

s

relacio

nad

os a

pe

rcep

ção e

exp

eriê

ncia

do

usu

ário co

m re

lação

ao p

roce

sso?

Ide

ntificar

ne

cessid

ade

s,

de

sejo

s e

com

po

rtame

nto

s

do

s usu

ários

Ide

ntificar

imp

ressõ

es e

suge

stõe

s

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os a im

pre

ssõe

s e

suge

stõe

s

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Qu

ais são o

s fatore

s

relacio

nad

os ao

de

sem

pe

nh

o e

de

sen

volvim

en

to d

os

pro

cesso

s?

Ide

ntificar o

s

pro

cesso

s para

map

eá-lo

s

Ide

ntificar

seq

ue

nciam

en

to d

os

pro

cesso

s

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

Ide

ntificar

exp

ectativas e

de

sejo

s

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os a e

xpe

ctativas e

de

sejo

s

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Texto

com

os tó

pico

s

relacio

nad

os a co

mo

o p

roce

sso

inte

rfere

em

ou

tras atividad

es

Texto

com

os tó

pico

s

relacio

nad

os a co

mo

o p

roce

sso

inte

rfere

em

ou

tras atividad

es

Ge

stora e

Re

spo

nsáve

l

Fech

ame

nto

Finan

ceiro

Ge

stora e

Re

spo

nsáve

l

Fech

ame

nto

Finan

ceiro

O q

ue

o p

roce

sso

inte

rfere

com

relação

aos o

utro

s pro

cesso

s

qu

e o

corre

m n

a

organ

ização?

Ide

ntificar co

mo

ou

tros stake

ho

lde

rs

en

volvid

os se

relacio

nam

com

o

pro

cesso

Ide

ntificar co

mo

o

pro

cesso

inte

rfere

nas ativid

ade

s da

em

pre

sa

Ide

ntificar co

mo

o

pro

cesso

inte

rfere

no

trabalh

o d

e

ou

tros stake

ho

lde

rs

Ide

ntificar q

ual a

relação

com

ou

tras

atividad

es

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

Page 58: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

58

Apêndice B – Protocolo Análise da Situação Atual

Pe

rgun

ta da P

esq

uisa

Ob

jetivo

Me

tasV

ariáveis

Valo

res assu

mid

os p

elas variavé

isR

esp

on

de

nte

sQ

ue

stõe

s

Qu

and

o vo

cê e

xecu

ta o p

roce

sso d

e tirar d

o e

spe

cial?

Qu

al a freq

ncia?

Qu

em

é re

spo

nsáve

l? Co

mo

é d

ividid

o o

trabalh

o?

Qu

ais info

rmaçõ

es vo

cê p

recisa p

ara exe

cutar e

ste p

roce

sso?

As in

form

açõe

s de

pe

nd

em

de

ou

tros se

tore

s?

On

de

estas in

form

açõe

s estão

disp

on

íveis?

É fácil visualizá-las o

u e

nco

ntrá-las?

Qu

ais as atividad

es vo

cê e

xecu

ta?

Qu

al o p

asso a p

asso d

a exe

cução

?

Qu

al a inte

ração co

m o

sistem

a?

O q

ue

você

tem

disp

on

ível n

o siste

ma?

O q

ue

você

pre

cisa pro

curar e

m o

utro

s amb

ien

tes d

o siste

ma?

O q

ue

você

pre

cisa alterar n

o siste

ma?

Co

mo

você

realiza e

stas alteraçõ

es?

O q

ue

dificu

lta as suas ativid

ade

s?

O q

ue

você

gostaria q

ue

o siste

ma te

mo

strasse?

O q

ue

voce

gostaria q

ue

o siste

ma te

avisasse?

Na e

xecu

ção d

as atividad

es, o

qu

e vo

cê gan

haria te

mp

o?

O q

ue

voce

inclu

iria no

sistem

a?

O q

ue

você

mu

daria d

o p

roce

sso?

Qu

ais são o

s fatore

s

relacio

nad

os ao

de

sem

pe

nh

o e

de

sen

volvim

en

to d

o

pro

cesso

: tirar no

tas do

esp

ecial?

Ente

nd

er a ro

tina

Ide

ntificar

info

rmaçõ

es

ne

cessárias

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Fun

cion

árias

Faturam

en

toId

en

tificar

aspe

ctos d

o

pro

cesso

Ide

ntificar p

asso a

passo

do

pro

cesso

e in

teração

com

o

sistem

a

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s relacio

nad

os ao

pro

cesso

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s relacio

nad

os a ro

tina

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s relacio

nad

os as

info

rmaçõ

es

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Ide

ntificar

ne

cessid

ade

s e

de

sejo

s

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s relacio

nad

os as

ne

cessid

ade

s e d

ese

jos

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Qu

ais são o

s fatore

s

relacio

nad

os a

pe

rcep

ção e

exp

eriê

ncia

do

usu

ário co

m re

lação

ao p

roce

sso?

Ide

ntificar

ne

cessid

adad

es

e su

gestõ

es

Ide

ntificar

imp

ressõ

es e

suge

stõe

s

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s relacio

nad

os as

suge

stõe

s e im

pre

ssõe

s

Page 59: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

59

Apêndice C – Protocolo Validação Usabilidade

Pe

rgun

ta da P

esq

uisa

Ob

jetivo

Me

tasV

ariáveis

Valo

res assu

mid

os p

elas variavé

isR

esp

on

de

nte

sQ

ue

stõe

s

Dad

o o

s seu

s con

he

cime

nto

s, o siste

ma é

con

side

rado

fácil de

usar?

Na su

a op

inião

, algué

m q

ue

não

po

ssui u

m co

nh

ecim

en

to tão

apro

fun

dad

o

con

sidararia sim

ple

s utilizar o

sistem

a?

No

geral, vo

cê e

stá satisfeito

com

a facilidad

e d

o p

roce

sso d

e tirar as n

otas d

o

esp

ecial?

Vo

cê co

nse

gue

com

ple

tar seu

trabalh

o d

e fo

rma ráp

ida u

sand

o e

ste siste

ma?

Vo

cê co

nse

gue

com

ple

tar seu

trabalh

o e

ficien

tem

en

te (faze

r o q

ue

tem

qu

e se

r

feito

) usan

do

este

sistem

a?

Vo

cê ach

a qu

e co

m e

ste siste

ma, vo

cê se

torn

ou

mais p

rod

utivo

?

No

geral, vo

cê e

stá satisfeito

com

o to

tal de

tem

po

ne

cessário

para co

mp

letar o

pro

cesso

?

Vo

cê co

nse

gue

com

ple

tar seu

trabalh

o e

fetivam

en

te (faze

r certo

as coisas ce

rtas com

qu

alidad

e) u

tilizand

o e

ste siste

ma?

O siste

ma te

m to

das as fu

nçõ

es q

ue

você

pre

cisa?

Vo

cê se

sen

te co

nfo

rtável u

sand

o e

ste siste

ma?

Vo

cê co

nsid

era a te

la agradáve

l?

Vo

cê go

sta de

usar a te

la do

sistem

a?

Para vo

cê, a o

rganização

na te

la é clara?

O siste

ma m

ostra m

en

sagen

s de

erro

, qu

e p

erm

item

con

sertar o

pro

ble

ma

facilme

nte

?

Qu

and

o vo

cê co

me

te u

m e

rro n

o siste

ma, é

rápid

o e

fácil con

sertá-lo

?

Na su

a op

inião

, a info

rmação

forn

ecid

a no

sistem

a é clara?

Vo

cê co

nsid

era fácil e

nco

ntrar as in

form

açõe

s qu

e p

recisa?

Vo

cê co

nsid

era d

e fácil co

mp

ree

nsão

, as info

rmaçõ

es fo

rne

cidas p

elo

sistem

a?

Na su

a op

inião

, a info

rmação

qu

e é

forn

ecid

a te aju

da a co

mp

letar se

u trab

alho

?

No

geral, vo

cê e

stá satisfeito

com

a info

rmação

de

sup

orte

forn

ecid

a para co

mp

letar

o p

roce

sso?

No

geral, vo

cê se

sen

te satisfe

ito co

m o

sistem

a?

Faça com

en

tário ge

rais sob

re o

sistem

a.

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os a facilid

ade

de

usar

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os a e

ficiên

cia

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os a e

ficácia

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os a co

nfo

rto

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os a co

rreção

de

erro

s

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os a d

ispo

nib

ilidad

e d

e

info

rmaçõ

es

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os a ap

licação d

as

info

rmaçõ

es

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os a satisfação

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

De

scritiva qu

alitativa

(pe

rgun

tas e re

spo

stas

com

o u

suário

)

An

alisar a facilidad

e

de

usar

An

alisar a eficiê

cia

An

alisar a eficácia

An

alisar o co

nfo

rto

An

alisar a corre

ção

de

erro

s

An

alisar a

disp

on

ibilid

ade

das

info

rmaçõ

es

An

alisar a aplicação

das in

form

açõe

s

An

alisar a satisfação

Me

dir a

usab

ilidad

e

Qu

al a usab

ilidad

e d

a

solu

ção

de

sen

volvid

a?

Page 60: ENVOLVIMENTO DO USUÁRIO EM PROJETOS DE MELHORIA BPM€¦ · A abordagem de Gerenciamento de Processos de Negócio (BPM - Business Process Management ) associa a compreensão do processo

60

Apêndice D – Protocolo Discussão e Resultados

Pe

rgun

ta da P

esq

uisa

Ob

jetivo

Me

tasV

ariáveis

Valo

res assu

mid

os p

elas variavé

isR

esp

on

de

nte

sQ

ue

stõe

s

Co

m a m

ud

ança fo

i po

ssível e

nte

nd

er m

elh

or co

mo

fun

cion

a o p

roce

sso

geral d

e e

missão

de

no

tas esp

eciais?

Co

m a m

ud

ança fo

i po

ssível e

stabe

lece

r os p

ape

is e re

spo

nsab

ilidad

es

com

mais clare

za?

Vo

cê co

nsid

era q

ue

esta m

ud

ança p

erm

itiu a in

trod

ução

de

ferram

en

tas

apro

priad

as ao trab

alho

? Po

r qu

ê?

De

acord

o co

m o

de

sen

volvim

en

to d

o n

ovo

sistem

a, você

con

side

ra qu

e

o p

roce

sso fo

i otim

izado

?

Vo

cê co

nsid

era se

gun

do

o q

ue

foi d

ese

nvo

lvido

, qu

e lim

itaçõe

s do

pro

cesso

foram

sup

erad

as? Po

r qu

ê?

Ge

rên

ciaV

ocê

con

side

ra qu

e a m

ud

ança re

alizada fo

i de

acord

o co

m o

s ob

jtivos

estraté

gicos p

ara o p

roce

sso d

e fatu

rame

nto

?

Vo

cê se

sen

tiu e

nvo

lvida n

o p

roce

sso d

e d

ese

nvo

lvime

nto

do

no

vo

sistem

a?

Vo

cê co

nsid

era q

ue

sua o

pin

ião fo

i ou

vida e

reve

rtida e

m m

elh

orias n

o

sistem

a?

Vo

cê co

nsid

ea q

ue

a solu

ção fin

al sup

riu as n

ece

ssidad

es in

iciais do

pro

cesso

qu

e vo

cê tin

ha?

Vo

cê co

nsid

era q

ue

o p

roce

sso fo

i feito

de

man

eira cíclica, o

u se

ja, o

qu

e fo

i de

sen

volvid

o, fo

i testad

o e

sua o

pin

ião so

bre

a mu

dan

ça foi

con

side

rada?

Vo

cê co

nsid

era q

ue

a particip

ação d

as fun

cion

árias do

Faturam

en

to fo

i

imp

ortan

te?

Vo

cê co

nsid

era q

ue

foram

con

side

radas as re

laçãos co

m o

utro

s

pro

cesso

s para d

ese

nvo

lver a m

elh

oria?

Na su

a op

inião

, sem

o e

nvo

lvime

nto

das fu

ncio

nárias d

o Fatu

rame

nto

seria p

ossíve

l de

sen

volve

r a solu

ção co

mo

está ago

ra?

Vo

cê co

nsid

era q

ue

o d

ese

nvo

lvime

nto

foi m

ais focad

o n

o q

ue

as

fun

cion

árias pre

cisavam?

Ge

rên

cia

De

form

a geral, vo

cê co

nsid

era q

ue

ho

uve

um

a me

lho

ra no

pro

cesso

?

Po

r qu

ê?

Qu

ais os b

en

efício

s de

BP

M alcan

çado

s com

o

pro

jeto

?

Fun

cion

ário Siste

mas

Fun

cion

ário Siste

mas e

Ge

rên

cia

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os ao

en

volvim

en

to d

os

usu

ários e

as con

seq

ncias d

o

en

volvim

en

to

De

scritiva

qu

alitativa

(pe

rgun

tas e

resp

ostas co

m o

usu

ário)

Ide

ntificar

en

volvim

en

to e

con

seq

ncias

Ide

ntificar co

mo

foi o

en

volvim

en

to

do

s usu

ários e

o

resu

ltado

de

ste

en

volvim

en

to

Co

mo

foi o

de

sem

pe

nh

o e

m

relação

ao

de

sen

volvim

en

to d

o

pro

jeto

?

Fun

cion

árias

Faturam

en

to

Fun

cion

ário Siste

mas e

Ge

rên

cia

Texto

com

os tó

pico

s de

critério

s

relacio

nad

os ao

s be

ne

fícios

De

scritiva

qu

alitativa

(pe

rgun

tas e

resp

ostas co

m o

usu

ário)

Ide

ntificar

be

ne

fícios p

ara

atore

s do

pro

cesso

Ide

ntificar se

os

ob

ejtivo

s de

BP

M

foram

atingid

os