empreendedores brasil - princesa dos negocios 18-04

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A BEAUTY’IN, EMPRESA QUE INVENTA A CATEGORIA DE PRODUTOS “ALIMÉTICOS” E AMBICIONA O MUNDO, CONSAGRA A TRAJETÓRIA DE SUCESSO DE UMA EMPREENDEDORA –DO SEXO FEMININO–, CRISTIANA ARCANGELI, QUE MOSTRA SEU PENSAMENTO NESTA ENTREVISTA EXCLUSIVA PRINCESA DOS NEGÓCIOS EMPREENDEDORES BRASIL Fotos: André Schiliró/Divulgação HSMManagement 82 • Setembro-outubro 2010 hsmmanagement.com.br 102 102

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  • A BeAutyIn, empresA que InventA A cAtegorIA de produtos AlImtIcos e AmBIcIonA o mundo, consAgrA A trAjetrIA de sucesso de umA empreendedorA do sexo femInIno, crIstIAnA ArcAngelI, que mostrA seu pensAmento nestA entrevIstA exclusIvA

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  • ra uma vez Cinderela. Branca de Neve. Bela Adormecida. Barbie. As mocinhas dos filmes de Hollywood e das novelas da Globo. Personagens fe-

    mininos que se destacavam pela bele-za, pelo capricho e pelo relacionamen-to com o sexo oposto, mais do que pelo que pensavam e faziam, sempre foram o principal role model das meninas em nossa sociedade. Nas ltimas d-cadas, heronas mais combativas na fico, cantoras de msica pop-rock e outras celebridades na realidade vm mudando esse imaginrio no quesito da atitude. Mas, infelizmente, elas in-fluenciam muito mais do que as tantas mulheres que trabalham e constroem valor anonimamente dia aps dia como mostram as pesquisas do an-troplogo Clotaire Rapaille (na pgina 8), nosso cdigo cultural est ligado imagem da mulher guerreira.

    O problema da vida real que di-ficilmente o trabalho tem o mesmo glamour dos mundos da fico ou do show business. E se for um trabalho empreendedor, ento, de conceber o novo, reunir pessoas em torno de so-nhos, enfrentar desafetos e correr ris-cos dos mais diversos tipos, menos ain-da, porque tudo isso percebido como algo eminentemente masculino, pouco afeito a encantadoras princesas de con-tos de fadas. Ou... no.

    A empresria Cristiana Arcangeli est em sua quinta aventura empreen-dedora. E, ao mesmo tempo, uma mulher bela, celebridade da mdia, na-mora o tambm miditico empres-rio lvaro Garnero e tem duas filhas. Dentista de formao, iniciou h 20 anos um verdadeiro movimento de ne-gcios inovadores associando beleza e qualidade de vida. Assim, aproximou o mundo do trabalho e o feminino, sem

    que ela prpria perdesse a feminilida-de das princesas de contos de fadas.

    Em entrevista exclusiva a Adriana Salles Gomes, editora-executiva de HSM Management, Arcangeli relembra sua trajetria discutindo tanto assuntos hard, como a cadeia de fornecimento, quanto soft, confirmando o feminino em seu empreendedorismo: ela usa muito a intuio; cr em um jeito de gerenciar que mais das mulheres, fo-cado em relacionamentos e bem-estar; condena o que feito artificialmente, fake. As coisas tm de ser de verda-de, seno se tornam castelos de areia.

    Estamos diante de uma prince-sa contempornea, que no apenas possui um castelo de verdade, mas o construiu com as prprias mos, co-ragem e inteligncia. Com Arcangeli nasce, quem sabe, um novo role mo-del de mulher empreendedora para o Brasil.

    Voc a primeira mulher entrevistada em nossa seo Empreendedorismo Brasil, ento comeo perguntando: h um jeito feminino de empreender? Acho que no. O que h um jeito femi-nino de gerenciar. Administrativamen-te, as caractersticas predominantes de mulheres e homens so diferentes. A mulher mais ligada ao detalhe, ao ser humano, inter-relao das pessoas. Mas, no empreendedorismo, as atitu-des necessrias so as mesmas dos homens.

    Mas a habilidade de se relacionar deve ajudar bastante o empreendedor a reu-nir gente em torno de seu sonho...Sim, faz sentido. Outro dia, estava ana-lisando o fato de termos duas mulheres e um homem liderando a disputa pela Presidncia da Repblica nas eleies deste ano. Nunca tivemos uma mulher

    e agora temos duas. Por qu? A mulher mais do bem-estar geral e do plane-ta, da sustentabilidade, que o homem, normalmente. Parece menos ligada em dinheiro, embora tambm goste disso.

    Isso que acontece na campanha elei-toral, independentemente de qualquer posicionamento poltico ou partidrio, uma virada, um sinal dos tempos.

    Quando voc era mais jovem, tinha o so-nho de ser empresria? No. Na minha vida, tudo aconteceu por acaso, nada foi planejado. Meu diferencial no sonho. Nem acredito que haja espao para sonhar no traba-lho, alis; eu sou idealista e inquieta, mas sempre com os ps no cho. O verbo que diferencia o empreendedor, na minha opinio, no sonhar, mas persistir. As pessoas desistem muito fcil das coisas. Desde fazer regime at os relacionamentos familiares, e isso

    se reflete tambm nas empresas. Basta comear as dificuldades que as pessoas jogam a toalha.

    Sou persistente desde criana, no me abalo com crticas.

    Voc uma celebridade, expe-se mui-to, e isso quase sinnimo de ser alvo de crticas. Em um mundo em que cele-bridade paradigma, ser famosa con-tribui para os negcios?A gente acaba ficando meio refratria s crticas com o tempo. Se o crtico fala o que acha, mesmo que pense mal de mim, tudo bem; respeito e sobrevivo. S no gosto de mentira. Mas isso aconteceu s uma vez em 20 anos.

    Ser celebridade ajuda nos relaciona-mentos, faz com que eu conhea mais pessoas e tenha acesso facilitado a elas. Mas tambm reduz a liberdade de ir e vir. Eu no deixo atrapalhar.

    A entrevista de Adriana Salles Gomes, editora-executiva de HSM MANAGEMENT.

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    o verBo que dIferencIA o empreendedor, nA mInhA opInIo, no sonhAr, mAs persIstIr. As pessoAs desIstem muIto fcIl

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  • Bem, se voc no sonhava ser empreen-dedora, como a dentista virou empres-ria? Por acaso?Por acaso. Nos cinco anos em que atuei como dentista, comecei a fazer trata-mento de canais e passei a utilizar pro-dutos homeopticos para isso, porque queria algo que no agredisse o orga-nismo dos meus pacientes.

    Como, na minha vida pessoal, eu im-plicava muito com os xampus existen-tes, que continham sal e danificavam meu cabelo, comecei a fazer experin-cias de xampus sem sal com uma qu-mica conhecida, que voltou a trabalhar comigo na Beautyin, alis. Da foi nas-cendo a Phytoervas. Como o produto era bom e inovador, fui conseguindo capital e oportunidades para montar a fbrica e ampliar a linha de produtos.

    Inovao um ticket de entrada im-portante para o empreendedorismo? Revendo sua trajetria, todos os seus

    empreendimentos apresentaram algu-ma promessa de inovao...Sim, eu acho que todo empreendedor tem de ser inovador. At porque, se no for, no tem nem graa [risos], no h o prazer que o compensa o risco.

    Ento, me explica: por que tem tanto empreendedor que no inova no Brasil? H um lado negativo em ser inovador? H o custo de explicar o novo e o de treinamento, para explicar a que veio, qual o benefcio daquilo. E custo maior significa risco maior, embora tambm maior possibilida-de de retorno. Com a Phytoervas foi assim, com a Beautyin est sendo assim. Mas, depois que passa essa fase, gratificante. Agora, preciso ter autoconhecimento, conhecer as prprias limitaes e saber se convi-ve bem com o risco. Eu convivo bem, sou corajosa, embora seja mais co-medida hoje do que j fui.

    A literatura divide o empreendedoris-mo em dois tipos: os que criam um ne-gcio para sempre e os que fazem start- -ups, vendem-nas e fundam outras, preferindo o incio dos negcios. Por sua trajetria, voc parece o segundo tipo de empreendedora. isso? No, porque eu sempre entro em um negcio com a inteno de que seja para sempre. Na Phytoervas, por exem-plo, foram 12 anos de para sempre.

    Eu no escolhi um modelo de em-preendedorismo; no tinha ideia de vender as marcas, foi mais pelas cir-cunstncias. Na poca da Phytoervas, muitas empresas me procuraram a fim de compr-la, era um perodo em que multinacionais estavam adquirin-do empresas brasileiras. O laboratrio que comprou a Phytoervas tinha uma proposta de exportar e colocar a marca no mundo inteiro. Isso era uma coisa que no existia e acho que temos um mercado de cosmticos interessante no

    empreendedores

    BRASIL

    todo empreendedor deve seruM EMPREENdEdoR SocIALEstava prevista para 1 de setembro a estreia, na TV Record, do reality show Extreme Makeover Social, o primeiro do mundo focado em aes beneficentes para comunidades carentes. Nele, Cristiana Arcangeli e uma equipe de arquitetos e engenheiros se empenham para construir cre-ches, escolas e postos de sade. O foco da primeira temporada so 12 creches-escolas de Santa Catarina, que devem estar de p em trs meses aps as enchentes que abalaram o estado.

    Em agosto, quando a entrevista foi feita, ainda faltavam seis patrocnios para completar a cota e Arcangeli estava surpresa com as dificuldades de captao. No esperava. J consenso que nunca resolveremos problemas graves do Brasil sem a educao das crianas em larga escala. J consenso que o governo no solucionar isso sozinho e que as empresas so agentes de mudana importantes. O receio de agir era pela falta de transparncia, pois o dinheiro podia ser mal administrado. Mas o programa de TV acaba com esse receio. Ela explicou: Nem pedimos dinheiro, mas donativos, como geladeiras, colches ou materiais de construo, que aparecero na tela sendo entregues, com o nome da empresa doadora. Ento, no entendo quando bate-mos na porta das empresas e elas dizem que no podem investir.

    A inteno do programa criar um crculo virtuoso em torno de 1,5 mil crianas, que, aten-didas, beneficiaro a comunidade em volta, porque, por no terem com quem deixar os filhos, muitos pais e mes no conseguem trabalhar. No est certo roubar, mas chega uma hora em que um pai v mulher e filho passando fome e se desespera. E, do mesmo modo, no est certo a gente reclamar da violncia e no fazer nada para resolv-la, pondera Arcangeli.

    Talvez essa preocupao com causas sociais seja resultante da preocupao com o bem estar, mais um atributo feminino de gesto de Arcangeli. Na opinio da empresria, assim como todo empreendedor precisa ser inovador, todo empreendedor precisa ser empreendedor social. Quem tem o raro talento de fazer acontecer deve direcion-lo tambm ao social.

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  • Brasil e que deveramos ter marcas de representatividade internacional. Eles sinalizaram isso e foi o que me fez ven-der. Seis meses depois que compraram, no entanto, a Bristol-Myers Squibb, que uma empresa farmacutica, se desfez da diviso de consumo, e acabaram no concluindo.

    No caso da h, teve a ver com a deci-so do meu scio, o Jnior, que foi para a Hypermarcas, um negcio que no era meu foco. Eu ia comprar a parte dele na h, mas ele fez uma oferta boa e lhe vendi a minha. Na pH Arcangeli, no havia nada de meu; era apenas co-mercial. A gente tropicalizava minima-mente; comprava e revendia. No tinha criao de produto e marketing, que com o que mais me identifico.

    Reparei que voc fala mais em marcas do que em empresas. o que preciso para uma empresa ser forte e para uma marca ser forte?

    Todas as reas so importantes, mas conceito inovador e uma histria ver-dadeira so fundamentais; seno, voc cai numa vala comum e tudo vira uma discusso s de preo. E, em preo, os grandes e estabelecidos tm muitas vantagens sobre os empreendedores que esto comeando.

    como surgiu a histria da Beauty'in?Fui fazer uma viagem ao Japo e vi um produto com o conceito de beleza que vem de dentro, embora fosse outra coi-sa. Isso me inspirou e resolvi desenvol-v-lo aqui. Encontrei a Ins Bloise, que j havia trabalhado comigo na Phytoer-vas, e ela virou a qumica responsvel.

    Voc se inspira em viagens? Por favor, me conte um pouco sobre seus proces-sos de criao e deciso. engraado, porque, quando vendi a h e como tinha me desinteressado de representar os importados, as pessoas

    do meu crculo de relaes ficaram apavoradas; acharam, sei l, que eu fosse virar astronauta. Houve um hiato de um ano entre a h e a concepo da Beautyin e o hiato profissional algo que assusta muita gente.

    Viagens so muito importantes; so momentos de paz em que consigo olhar, prestar ateno, ligar as antenas, sacar movimentos e tendncias, obser-var o que as pessoas na rua pensam e como se comportam e o que veem nas vitrines. a que aprendo e que sur-gem as ideias de negcios.

    O que mais me faz estacionar fi-car atrs de uma mesa de escritrio. Preciso estar na rua, com as pessoas, conversando. Quanto tomada de de-cises, decido basicamente sozinha.

    como voc lida com o fato de que, no dia a dia, no h quase momentos de paz?Eles tm de existir. Pelo menos para quem cria. Eu estou buscando um jeito

    empreendedores

    BRASIL

    erA uMA VEz...

    1986 A dentista Cristiana Arcangeli funda a Phytoervas, para fabricar xampus e outros cosmticos sem sal e com ingredientes naturais.

    1988 criado o Phytoervas Fashion, primeiro evento de moda do Pas, que teria pblico recorde de 61 mil pessoas em oito edies. A So Paulo Fashion Week viria a surgir em 1995, com o nome Morumbi Fashion.

    1992 Surge o Phytoervas Fashion Awards, prmio que lanaria mais de 60 novos estilistas. Arcangeli tambm cria a primeira loja do Pas para vender novos estilistas, que se transformaria na rede de lojas Phyt. A empresria comea a fazer boletins de rdio sobre beleza e bem-estar.

    1994Arcangeli vende a Phytoervas para a diviso de consumo da Bristol-Myers Squibb, por um valor estimado em R$ 30 milhes, e monta a pH Arcangeli, a primeira distribuidora de marcas de cosmticos internacionais do Pas, como Chanel, Bvlgari, Clinique e Carolina Herrera.

    1998Arcangeli recebe o prmio Prix Veuve Clicquot de la Femme dAffaires em reconhecimento a seu pioneirismo.

    2002 A empresria escreve seu primeiro livro, j mostrando sua preocupao com a beleza sustentvel, Beleza para a Vida Inteira (ed. Senac), e lana um programa de TV sobre o assunto, Manual, exibido pela RedeTV. Nasce um negcio paralelo para Arcangeli: criar contedo sobre beleza e bem-estar e distribu-lo em vrias plataformas, que em 2010 ser incrementado pelas mdias sociais, como blog, Facebook, Twitter, e mais boletins de rdio e colunas em revistas.

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  • de garantir esses momentos; se eu te disser que j encontrei, mentira.

    Por exemplo, tento vir para o escri-trio s quando tenho reunio, porque as pessoas me consomem muito, no consigo ficar quieta, na internet ou len-do um livro, porque esse tempo, para mim fundamental, porque alimenta minha parte criativa.

    Tentei tambm separar um tempo de manh, na minha casa, depois da ginstica, para pelo menos ficar sozi-nha comigo mesma, no computador ou lendo, mas as pessoas comearam a ir l e no deu certo.

    Sei que comecei a ficar claustrofbi-ca. Algum jeito vou ter de dar nisso.

    E o trabalho em equipe? Voc delega?Sim, tenho um monte de mosqueteiros incrveis, a maioria mulheres. E minha equipe mistura gente experiente, que est comigo h anos, com uma turma jovem cheia de pique.

    Voc falou do tempo no computador como um tempo para si. o que tem achado das mdias sociais? Alguns em-presrios detestam e probem o uso...Eu adoro o Twitter. Uso para ter conta-to com as pessoas, que, na minha opi-nio, ali so verdadeiras, sem amarras sociais, por falarem entre estranhos. A voc consegue perceber o que acham de verdade, um pouco como andar nas ruas nas minhas viagens. J do Facebook no gosto tanto, porque no promove a troca como no Twitter; e a obrigatoriedade das frases curtas pare-ce dar mais espontaneidade ainda.

    E o Twitter empresarial da Beauty'in? A proposta inicial era ele funcionar como um SAC, um servio de atendi-mento ao cliente. Acho bem importan-te ter, para voc comunicar coisas e ti-rar dvidas sobre produtos. Mas acaba indo alm do SAC, porque as pessoas interagem e fazem sugestes, o que

    timo. O Twitter da Beautyin conta com 2,1 mil seguidores em um ms. E a chave do sucesso responder rpido, seno se cria frustrao.

    Vamos falar da Beauty'in, ento, sua filha caula, nascida em junho ltimo. os alimticos so outro nome dos nutri-cosmticos ou inovao mesmo?A resposta sim e no. O alimtico est dentro da categoria nutricosm-tico, mas diferente do resto, porque no tem a forma de plula, e sim de ali-mento, o que representa boa diferena em termos de hbitos. A agncia Inter-brand sugeriu o nome porque mais fcil de guardar na memria.

    Voc pensa no mercado internacional?Sim. H oportunidade nos Estados Unidos, Europa e sia. Faz muito pou-co tempo que lanamos em So Paulo e ainda h bom caminho no Brasil antes de exportar, mas temos essa inteno.

    2003 Arcangeli cria o que pretende ser o primeiro portal de bem-estar e sadedo Pas, www.cristianaarcangeli.com.br, que oferece novidades, dicas e informaes sobre beleza e sade.Cria a primeira sala de personal trainer brasileira, no Espao Urbano,em So Paulo.

    2004 Vence o prmio Mulher Mais Influente do Pas, do Centro de Indstrias do Estado de So Paulo (Ciesp).

    2006 Cristiana Arcangeli lana a marca h Cosmticos, a primeira linha de cosmticos orgnicos do Brasil, em sociedade com o fundador da Arisco, Jnior. Ela escreve seu segundo livro, novamente pioneira, porque a primeira a se dirigir ao pblico masculino: Como Viver Mais e Melhor S para Homens (ed. Nacional). eleita Personalidade do Ano pelo governo do Estado de So Paulo. Toma posse na

    Academia Brasileira de Marketing, na cadeira de nmero 21. 2008

    Arcangeli vende sua parte na h para seu scio, por um valor no revelado, mas calculado no mercado em cerca de R$ 35 milhes. Ela lana, em parceria com a Vivara, duas linhas de joias: Reflection e Black by Cristiana Arcangeli

    2010 A empresria lana a Beautyin, primeira empresa de alimticos do mundo, com duas linhas de produtos: Beauty Drink e Beauty Candy e a promessa de no ter conservantes na frmula. seu quinto negcio e sua quarta marca. Assina contrato com a TV Record para participar de O Aprendiz e Extreme Makeover Social.

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  • No exterior, o que h so principal-mente comprimidos e suplementos ali-mentares. E o Brasil vem construindo uma boa imagem mundial relacionada com beleza e cosmticos...

    Vale dizer que estou impressionada com a rapidez que as pessoas esto absorvendo o conceito dos alimticos. Parece que estava no ar, feito uma nu-vem, no inconsciente coletivo. O giro no ponto de venda tem sido bem maior do que prevamos, 45% maior no caso das bebidas. Todas as balas de colge-no Beauty Candy que disponibilizamos foram vendidas no mesmo dia!

    sincronicidade?As ideias esto no ar. Eu tenho sensibi-lidade para sentir, sou pisciana [risos].

    Voc tomou emprstimo para montar a Beauty'in? A produo no com planta fabril prpria, certo? como voc tem li-dado com a cadeia de fornecimento?Fao tudo com capital prprio. A fabri-cao toda terceirizada. As balas so fabricadas na Itlia. As guas aromati-zadas so feitas em vrios lugares: o p produzido em um lugar no exterior; a tampa, numa indstria farmacutica no Brasil; e a gua de uma fonte em Jundia (SP), onde fechamos e coloca-mos o rtulo. Levamos um ano s pla-nejando a cadeia, mas, no futuro, quero verticalizar partes do processo.

    E a distribuio? Ter lojas prprias?No. Vendemos em farmcias, super-mercados, perfumarias e sales de ca-beleireiro. Como premium, d para ter distribuio em uns 50 mil pontos de venda, no mais, em trs anos.

    o mercado de cosmticos naturais deve movimentar uS$ 10 bilhes em 2010. Mas, ao mesmo tempo, me pergunto por que acabou fracassando uma hist-ria de sucesso como The Body Shop...No conheo bem o caso da Anita Roddick, mas comento generica-mente. No incomum o empreen-dedor entrar numa egotrip e largar o negcio em si, ainda mais com produtos naturais. Mas os consumi-

    dores querem ver a prtica mais do que o marketing e tm muita sensi-bilidade para saber se as coisas so de verdade ou fake.

    Tenho a tese de que o artificial, ainda mais na era das redes sociais, perce-bido rapidamente e incomoda...Sim! Tambm nas relaes de traba-lho assim. Se o funcionrio tem um chefe fake, perde a vontade de ajud--lo. As coisas tm de ser de verdade, seno se tornam castelos de areia.

    cristiana Arcangeli est quase perma-nentemente na mdia, seja como apre-sentadora, seja como personagem. da-vid Barioni, seu colega de o Aprendiz, afirma que entre as funes do cargo de cEo a comunicao est em primeiro lugar, com pblico interno e externo. E qual a importncia da comunicao para o empreendedor?A comunicao um brao do em-preen dedorismo. Para mim, era hobby, mas tornou-se um negcio, com os programas de TV e rdio, o site e os li-vros, e tem crescido muito.

    Voc tambm se aflige com a falta ge-neralizada de tempo? Porque voc um tantinho workaholic, no? [risos] J fui mais. Hoje, reajo invaso do trabalho para no ficar to cansada. Sei que, se eu trabalhasse 24 horas por dia, a velocidade das coisas seria outra. Mas entendi que qualidade vale mais que quantidade. Sou perfeccionista e sempre quero cuidar bem dos vrios assuntos que trato ao mesmo tempo.

    Mais mulheres devem se tornar em-preendedoras, em sua opinio? Sim. O perfil do brasileiro natural-mente empreendedor; precisamos s melhorar o ndice de sobrevivncia das empresas, que hoje de apenas 30% no primeiro ano. E as mulheres devem usar seu talento de gesto.

    Para terminar, apesar de sua persistn-cia, voc quase desistiu alguma vez? Desistir, no, mas dar a volta por cima, muitas vezes.

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    A Beautyin, que consumiu investimentos de R$ 10 milhes, em capital prprio, deve faturar R$ 30 milhes no primeiro ano. cada drink custa R$ 9 e cada candy, R$ 25

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