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JOSÉ CARLOS SEMENZATO A segunda fase do construtor de sonhos Franquia & Negócios | ABF JUN/JUL 2010 POR THIAGO CRIVELLARO - FOTOS DIVULGAÇÃO 82 PULO DO EMPREENDEDOR “NEM SABIA QUE ERA IMPOSSÍVEL, FUI LÁ E FIZ” – CITA EM DADO MOMENTO DA ENTREVISTA O PRESIDENTE-FUNDADOR JOSÉ CARLOS SEMENZATO, PARAFRASEANDO, AO SEU MODO A CITAÇÃO DO ARTISTA FRANCÊS JEAN COCTEAU. ELE SE REFERIA AO MOMENTO DE CRIAÇÃO DA MICROLINS COM DINHEIRO DE RESCISÃO DO EMPREGO DO QUAL ACABARA DE SE DESLIGAR. A PARTIR DE SEUS 21 ANOS PASSOU A DAR ESPAÇO A UMA ESCALADA DE SUCESSO E ATRAVÉS DA FORÇA DE VONTADE E DA INSPIRAÇÃO, PLANEJA O FUTURO DE SUA NOVA FASE. franqabf#31_montagem(81-120).indd 82 4/6/2010 14:34:42

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JOSÉ CARLOS SEMENZATO. A segunda fase do construtor de sonhos

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Page 1: Franquia & Negocios

JOSÉ CARLOS SEMENZATO

A segunda fase do construtor de sonhos

Franquia & Negócios | AbF JUN/JUL 2010

Por thiago crivellaro - FotoS DivUlgaÇÃo

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PULO DO EMPREENDEDOR

“Nem Sabia qUe era imPoSSível, FUi lá e Fiz” – cita em DaDo momeNto Da eNtreviSta o PreSiDeNte-FUNDaDor JoSé carloS SemeNzato,

ParaFraSeaNDo, ao SeU moDo a citaÇÃo Do artiSta FraNcêS JeaN cocteaU. ele Se reFeria ao momeNto De criaÇÃo Da microliNS com DiNheiro De

reSciSÃo Do emPrego Do qUal acabara De Se DeSligar. a Partir De SeUS 21 aNoS PaSSoU a Dar eSPaÇo a Uma eScalaDa De

SUceSSo e atravéS Da ForÇa De voNtaDe e Da iNSPiraÇÃo, PlaNeJa o FUtUro De SUa Nova FaSe.

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Atualmente, Semenzato possui a visão de que todos os jovens do Brasil à margem dos es-tudos do ensino superior – e mesmo os inseridos nele – precisam de capacitação profissional.

Aprender uma profissão, na prática, é a força motriz da Microlins, a “grande sacada” pela qual o empresário obteve seu sucesso e sua felicidade. Um grande ideal que começou há quase vinte anos: as pessoas deveriam aprender informática, ser incluso digitalmente. Para isso, foi necessário experiência e, acima de tudo, determina-ção – sua palavra favorita.

Quando, em 1991, o jovem Analista de Sistemas dei-xou de ser empregado em prol do grande sonho de ser empresário, montou, em pouquíssimo tempo, 21 escolas por meio de financiamentos bancários. Algu-mas unidades foram inauguradas com 500 alunos ou mais. E o êxito meteórico o deixava crente de que era o “supra-sumo”. Afinal, o guri sonhava grandiosamen-te, havia saído da periferia de Lins, tendo pai pedreiro e mãe dona de casa, e passou a ser vendedor de sal-gadinhos com 13 anos, profissional técnico com 15 e empreendedor com 21.

Contudo, o excesso de ousadia e agressividade o ar-rebatou. O Plano Real freou seu projeto causando-lhe uma amarga decepção. Em seis meses faltavam receitas que pagassem os custeios dos computadores devido à deflação de parcelas escolares e aumento dos contratos de leasing.

“A minha pouca idade e inexperiência empresarial não permitiu que fizesse um planejamento. Se tivesse fei-to como mandam os manuais, não teria dado certo” – explica Semenzato, que enfrentou uma maratona para devolver micros e refinanciar os licenciamentos.

Porém, logo encontrou investidores que toparam en-trar no negócio. Para o empresário, restaram os royalties. Ele declara: “O franchising não era um planejamento, e sim uma necessidade. Ou faria isso ou fecharia todas as unidades e, talvez, a Microlins não existisse hoje.”

Por isso, mesmo amortizando dí-vidas durante cinco anos, conseguiu aumentar a rede para 97 franquias. E assim adquiriu uma forma de não pen-sar nos problemas, mas somente em resolvê-los.

“Quando trazem a mim uma solu-ção que para todos é insolúvel, eu te-nho algo imediato para aquilo, fácil e rápido” – explica.

O início da reinvenção

Seus momentos inspirados também mostraram novas medidas empresariais. Começando pela única empresa que tinha, Semenzato comandou a gran-de guinada da Microlins, em 1997: de escola de informática virou centro de formação profissional com vários cur-sos técnicos, como contabilidade e se-cretariado. Isso ampliou o número de unidades em quatro anos e possibilitou o momento de investir na televisão.

O programa Domingo da Gente, apresentado por Netinho na Rede Re-cord, contribuiu para a “fase fantástica” da Microlins.

“Havíamos entrado com merchandising e doações em conjunto. Aquilo mexeu com a população, sensibilizou-a e todos compravam o curso e queriam comprar franquias” – exalta o empresário.

Houve em um único ano, 196 unidades vendidas. Um resultado dos mais otimistas considerando que o plano quase afundou devido a um entrave entre Se-menzato e seu sócio minoritário que optou por não assinar a alta fatura da emissora.

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Outra missão nobre em sua trajetória é o propósito de espalhar a força de vontade aos muitos jovens com dificuldade de progredir.

“Eles tem que entender que se quiserem mo-ver a vida devem se transformar. Basta acre-ditar. Um pouco dessa minha inspiração serve para isso.” – prega.

“Isso leva esperança, sara doença, cura depressão ou todo tipo de mal que possa existir numa pessoa lá da periferia. E ali não tem muita expectativa, já se nasce fadado ao fra-casso.”

A empresa foi concebida para a maioria das pessoas in-tegrantes das classes B, C e D. Para Semenzato, por serem carentes, não podem sentar nos bancos de uma faculdade e esperar quatro ou cinco anos para se formar e só depois conseguir emprego. Assim, com a ascensão da renda das classes D e E, surgiu a Ideal Cursos Interativos, para aten-der uma demanda que a Microlins não atinge. Nesta nova franquia não há dependência para formar turmas. Cada um faz seu horário, no seu tempo. Aqui ainda existe uma maciça participação da terceira idade. Os mais veteranos aprendem e se divertem com a nova tecnologia.

E para repercutir nos brios de novas gerações, o em-presário finaliza um livro com letras grandes, fotos ve-rídicas e poucas páginas, a ser distribuído nas periferias do Brasil quase que de maneira subsidiada.

“Esses jovens verão que fui igual a eles com o mesmo tipo de casa, as mesmas dificuldades e poderei dizer: ‘é possível cara’. Quem não acreditar vai lá checar.”

Além disso, ele não dissemina o discurso apenas à Microlins, mas a toda uma gama de projetos em que acredita firmemente, seja na prospecção de negócios lu-crativos ou no futuro promissor aos alunos.

A segunda faseDesde que montou o Instituto Embelle-

ze em 2004, com parceira de Itamar Serpa (presidente da Embelleze), Semenzato per-cebeu uma oportunidade de se diversificar por outras áreas de serviços, como o Insti-tuto da Costura (profissionalização para a indústria têxtil), a Ideal Cursos Interativos, e, no setor industrial, a Casa de Sorvetes Jundiá e a Orvale (água natural produzida pela tecnologia verde H2O Pure).

“Esse é meu grande desafio: empreender em áreas onde ainda não estou. O concei-to de ser sócio de uma indústria, como a Jundiá, não difere do mesmo know-how da franchising, de distribuir serviços e pro-dutos. Vou entrar na indústria? Vou sim, montarei várias” – anuncia.

O ano de 2010 inicia uma nova fase para José Carlos Semenzato, tanto na vida pes-soal quanto na profissional. Se por um lado monta um planejamento em que participa mais ativamente do ambiente familiar, no

PULO DO EMPREENDEDOR

“Quem quer mover a vidadeve se transformar.

E acreditar”

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NÃO MAIS PELO

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PULO DO EMPREENDEDOR

outro se prepara para deixar a presidência da Microlins para beneficiar os demais se-tores em que investe.

“Acho que nunca conseguimos fazer tudo plenamente. Durante todos esses anos, parece que me entreguei muito mais à minha carreira profissional diminuindo a atenção à família. E, no final das contas, como presidente de uma companhia não é justo ou ético dedicar parte do meu tempo para cuidar de outros projetos. Não fui ego-ísta de querer gerir sozinho.” – considera.

Participante ativa do árduo caminho per-corrido, sua esposa Samara cuida das finan-ças familiares. A “empresa pessoal” passa por sua gestão mais profundamente quan-do ela saiu da diretoria da Microlins depois que o Banco Pátria adquiriu 30% do centro educacional. O casal ainda incentiva a veia esportiva do filho Bruno, de 17 anos. Há três anos e meio, o rapaz treina com Larri Passos e já é um tenista profissional. Com relação à filha Beatriz, o pai vê nela uma seguidora do empreendedorismo.

“Tem que ser feliz. Apóio e não tenho preocupações quanto a nenhum dos dois” – afirma.

“Não há limites: vou até onde tiver energia”

Já a profissionalização da empresa, que lhe deu tudo o que podia conquistar, segue em sua capacitação de ensino. Implantou o modelo de educação à distância - as aulas da Microlins tendem a ser cada vez mais “tele pre-senciais”. Nas salas, apenas monitores, alunos e orienta-dores. Professores, somente no software de vídeo.

Semenzato revela ainda a disposição em começar o curso de empreendedorismo que contará com mais onze empresários, para levar uma coletânea de conhe-cimentos aos alunos.

“O curso de 18 horas será o melhor de empreendedo-rismo já lançado no mercado brasileiro e é o mais nobre produto da Microlins para esse ano de 2010. Espero que milhares de jovens brasileiros venham recebê-lo por nos-sas tele salas e aprendam a se tornar um líder, a motivar pessoas, a focar, a sonhar e executar seus projetos, a bus-car energia nos momentos difíceis” – prediz.

Com faturamento de R$ 400 milhões anuais e flerte com investidores para expansão internacional, não bas-taria ao empresário ser um eterno apaixonado somente pela educação.

“Tem tanta coisa bacana para empreender nesse País. Agora quero também fazer minha segunda fase, tornar-me fundador de outras brilhantes fábulas na his-toria do empreendedorismo brasileiro. Não há limites: vou até onde tiver energia.”

Atualmente, não vê mais obstáculos para si ou tem receio de cometer erros, principalmente pela experiência adquirida em tanto tempo. Porém, valoriza cada dia para aprender algo novo. A impressão que lhe dá está em to-dos os cenários colhidos durante seu progresso.

De acordo com Semenzato, eram coisas que desenhava enquanto menino e se materializavam conforme o tempo passava. Por isso, pede às pessoas para usar o sonho como combustível para a realização própria. E se chegasse ao Portal do Paraíso, apenas gostaria de ouvir de Deus: “Pa-rabéns por ter melhorado a vida de tanta gente.”

O empresário está motivado com uma oportunidade de ser um dos avaliadores no programa “No Tanque dos Tubarões” (versão brasileira do sucesso americano “Shark Tank”) que deve estreiar em julho, na Rede TV! Nele, os participantes apresentarão suas idéias e invenções para angariar um financiamento e um sócio. “É um momento bacana de gente como nós levar prestígio e dar oportunidade. Quem trouxer um projeto legal, vou comprar e me associar a pessoa exercendo o empreendedorismo” – afirma Semenzato.

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