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ESTUDO SOBRE A ESCOLA DE APRENDIZES DE FERROVIÁRIOS DA COMPANHIA PAULISTA EM JUNDIAÌ NOS PRIMEIROS ANOS DA REPÚBLICA SUELI SOARES DOS SANTOS BATISTA. Nucleo de Estudos de Tecnologia e Sociedade (NETS) da Faculdade de Tecnologia da Fatec Jundiaí, SP. (prof.sueli@fatecjd.;edu.br ) Palavras-chave: Educação e Trabalho. Era Ferroviária. Memória Ferroviária. Em decorrência do processo de industrialização e das primeiras iniciativas da República nascente no Brasil, aliadas ao ideário positivista cunhado pela expressão “ordem e progresso”, surgiu o esforço sistemático de variados setores da sociedade para que escolas de formação de trabalhadores pudessem funcionar. Boscheti et al. (2010) apontam para o fato de que, em 1910, foram criadas as primeiras escolas oficiais do Estado de São Paulo com o objetivo de abastecer o mercado interno de mão de obra qualificada. Embora as escolas oficiais datem da primeira década do século XX, várias iniciativas não regulamentadas e não sistematizadas já ocorriam nas ferrovias desde a segunda metade do século XIX, procurando atender as expectativas de uma ideologia industrialista em desenvolvimento e das reivindicações dos trabalhadores. As relações entre industrialização, o industrialismo paulista, a cafeicultura e as ferrovias desenham o cenário político e econômico sobre o qual este trabalho se debruça. Projeto Memória Ferroviária A proposta se insere no Projeto Memória Ferroviária, desenvolvido por alunos e docentes da Faculdade de Tecnologia de Jundiaí e da unidade de Rosana da Universidade Estadual Paulista (UNESP), ambas cidades do interior de São Paulo. O objetivo geral é efetuar um levantamento da documentação de ferrovias e inventário de conjuntos de patrimônio industrial no interior do Estado de São Paulo,

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ESTUDO SOBRE A ESCOLA DE APRENDIZES DE FERROVIÁRIOS DA COMPANHIA PAULISTA EM JUNDIAÌ NOS PRIMEIROS ANOS DA

REPÚBLICA

SUELI SOARES DOS SANTOS BATISTA. Nucleo de Estudos de Tecnologia e Sociedade (NETS) da Faculdade de Tecnologia da Fatec Jundiaí, SP. (prof.sueli@fatecjd.;edu.br)

Palavras-chave: Educação e Trabalho. Era Ferroviária. Memória Ferroviária.

Em decorrência do processo de industrialização e das primeiras iniciativas da República nascente no Brasil, aliadas ao ideário positivista cunhado pela expressão “ordem e progresso”, surgiu o esforço sistemático de variados setores da sociedade para que escolas de formação de trabalhadores pudessem funcionar.

Boscheti et al. (2010) apontam para o fato de que, em 1910, foram criadas as primeiras escolas oficiais do Estado de São Paulo com o objetivo de abastecer o mercado interno de mão de obra qualificada. Embora as escolas oficiais datem da primeira década do século XX, várias iniciativas não regulamentadas e não sistematizadas já ocorriam nas ferrovias desde a segunda metade do século XIX, procurando atender as expectativas de uma ideologia industrialista em desenvolvimento e das reivindicações dos trabalhadores. As relações entre industrialização, o industrialismo paulista, a cafeicultura e as ferrovias desenham o cenário político e econômico sobre o qual este trabalho se debruça.

Projeto Memória Ferroviária

A proposta se insere no Projeto Memória Ferroviária, desenvolvido por alunos e docentes da Faculdade de Tecnologia de Jundiaí e da unidade de Rosana da Universidade Estadual Paulista (UNESP), ambas cidades do interior de São Paulo. O objetivo geral é efetuar um levantamento da documentação de ferrovias e inventário de conjuntos de patrimônio industrial no interior do Estado de São Paulo, entre 1868 e 1971. O estudo, iniciado em 2008, está focado nas principais ferrovias que operaram no Estado em meados do século XIX ao século XX: Estrada de Ferro Sorocabana, Estrada de Ferro Araraquara e Companhia Mogiana, Estrada de Ferro São Paulo-Minas e Noroeste do Brasil e a Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Especificamente, o projeto visa o levantamento das fontes documentais referentes às empresas ferroviárias paulistas, dispersadas em diferentes acervos públicos, via de regra, em péssimas condições em termos arquivísticos e de conservação.

Fazer o inventário e mapeamento do patrimônio industrial em determinados conjuntos ferroviários pelo Estado, implantando bases de dados eletrônicas sobre as fontes levantadas e patrimônio mapeados; identificando e analisando os conhecimentos científicos e tecnológicos no período e contexto estudados são as ações de uma primeira frente do projeto que tem ocorrido com o auxílio de centros de pesquisa, como o Centro de Documentação e Memória (CEDEM).

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O Cedem é uma instituição vinculada à UNESP, tendo como objetivos a realização de pesquisas, a preservação de documentos e sua difusão. Suas atividades são desenvolvidas a partir de dois eixos programáticos: a memória da Universidade e a memória social que aglutina acervos documentais, informações, referências, estudos e pesquisas sobre a história política contemporânea, privilegiando os movimentos sociais.

A segunda parte do Projeto Memória Ferroviária refere-se à produção de bancos de dados e digitalização de u m conjunto pré-selecionado de material documental, objetos e edificações, que serão reunidos em um ambiente virtual. A Faculdade de Tecnologia de Jundiaí, tem, junto aos seus docentes e discentes, desenvolvido softwares concebidos para viabilização deste ambiente virtual futuramente compartilhável com todos os pesquisadores que se interessarem pela temática.

A terceira frente de trabalho refere-se às pesquisas individuais que, considerando os dados e materiais reunidos no levantamento, inventário e pesquisa bibliográfica, pretendem analisar as noções de território, tecnologia e patrimônio industrial que são os eixos temáticos definidos para estas pesquisas.. Esta terceira parte é parcialmente dependente das partes anteriores e tem acontecido concomitantemente, à medida que parte do acervo da Companhia Paulista encontra-se inicialmente organizado e acessível aos pesquisadores.

No eixo temático “Tecnologia e Cultura” insere-se a pesquisa Infância e Adolescência nos trilhos: um estudo sobre os Centros Ferroviários de Ensino e Seleção Profissional a partir do Acervo do Complexo Fepasa na Cidade de Jundiaí-SP que tem como pano de fundo a história do ensino profissional e tecnológico em São Paulo. No acervo da Biblioteca do Museu da Companhia Paulista, dentro do Complexo FEPASA, em Jundiaí-SP, encontram-se relatórios das empresas férreas; periódicos; livros; manuais técnicos; manuais didáticos; fotos; mapas, plantas e diagramas. Trata-se de uma documentação importante tanto para a pesquisa científica, quanto de valor como patrimônio histórico.

O eixo temático Tecnologia e Cultura busca, a partir do perfil formativo de seus pesquisadores, romper com análises dicotômicas entre técnica e humanidades, educação e trabalho.

Memória ferroviária e educação profissional e tecnológica

Ao longo da pesquisa tem se percebido a estreita ligação entre a história da educação profissional e tecnológica do passado e do presente à medida que o espaço em que se localiza a Faculdade de Tecnologia de Jundiaí foi anteriormente espaço dedicado à formação dos aprendizes ferroviários. Capacitação profissional, escolarização e inserção social continuam sendo objetivos perseguidos por aqueles que conceberam e ocuparam este espaço a partir do século XIX.

Há uma estreita ligação entre a história do modal ferroviário, da cafeicultura e da industrialização nascente de São Paulo. O que desejamos ressaltar na parte que nos cabe

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dentro do projeto é a estreita ligação que há entre a educação profissional realizada desde o final do século XIX e a que pretendemos consolidar nestes primeiros anos do século XXI.

Quando se fala em formação de aprendizes ferroviários está se considerando como os indivíduos e coletividades se constituíram, governos e lideranças locais se legitimaram de maneira imbricada e indissociada com determinado desenvolvimento tecnológico disponível naquele momento.

Conhecer as relações entre educação e trabalho não se esgota em verificar como se desenvolveu a educação para o trabalho, nem como as relações de trabalho e de produção determinaram a educação necessária para a reprodução de um determinado sistema. É importante reconsiderar, de maneira imanente, como as relações de trabalho e de produção puderam formar os seus trabalhadores que, via de regra, não se reconhecem fora destas relações. Ao mesmo tempo, verificar que alguma resistência foi possível a estes trabalhadores no sentido de resguardar e não deixar esquecido o desejo da emancipação, elemento que também não está separado quer da educação, quer do trabalho. Temos como hipótese fundamental que o desejo de emancipação ainda não foi realizado pela educação e pelo trabalho nem nos primórdios da industrialização, nem nos objetivos anunciados na atualidade que defendem uma educação integrada e a articulação entre ensino, pesquisa e extensão.

O objetivo deste trabalho é apresentar o contexto em que a relação entre educação e trabalho começa a ser tratada como estratégia de desenvolvimento por setores públicos e privados. Sobretudo no que diz respeito à formação dos trabalhadores ferroviários nas chamadas oficinas-escolas em que a necessidade de um trabalhador mais produtivo mostrou a carência de letramento dos mesmos.

O nosso foco de pesquisa são as experiências ocorridas na Companhia Paulista de Estrada de Ferros, em Jundiaí, a partir de 1895. As fontes bibliográficas referem-se à literatura já existente sobre educação profissional, especialmente, sobre as escolas de aprendizes ferroviários (CUNHA, 2005; FRIGOTTO, CIAVATTA, RAMOS, 2005; ; CIAVATTA, 2007; BOSCHETTI et al., 2010) e o acervo da Biblioteca do Museu da Companhia Paulista (ou Museus dos Ferroviários, em Jundiaí).

Inicialmente, traçaremos um panorama histórico da cidade de Jundiaí no contexto da era ferroviária, da industrialização e da educação profissional imbuído de lógicas interrelaconadas, mas nem sempre convergentes.

Histórico de Jundiaí

O semanário humorístico “O Cabrião”, no dia 21 de julho de 1867, tecia os seguintes comentários sobre a ainda pacata cidade de Jundiaí (SANTOS, 2001): :

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Decididamente, a estrada de ferro é a oitava maravilha deste orbe terráqueo. Até há pouco Jundiaí jazia no esquecimento, ninguém falava da sua existência, ninguém lembrava-se de sacudir-se sobre o costado de um bruto para ir passar uma noite na pátria dos Jundiás. Outro tanto não sucede agora; quem possue uns magros 3$000rs.para a passagem de ida e igual quantia para a volta, não resiste à tentação de dar um pulo à risonha cidadela, que ergue-se de seu abatimento aos esplendores da civilização. Tudo ali vai indo pela via do progresso. Até já há grandes incêndios, coisas que são peculiares às grandes cidades como acontece nos Estados Unidos e outros pontos culminantes do globo. Decididamente, Jundiaí vai à vela, Diga-o a animação em que vive a coragem com que soube há poucos dias, erguer-se contra o despotismo, pelos agentes do Ditador Presidencial. Um hurra a Jundiaí (apud TOMANIK, 1993)

Com ironia, comenta-se a chegada da ferrovia à Jundiai e a aura de progresso que ela impôs a toda região. Pelo relato percebe-se a efervescência política de um lugar em que tudo “vai indo pela via do progresso”. A ferrovia intrinsecamente ligada à cafeicultura também foi símbolo da transformação política que se avizinhava, a República, que foi concebida e proclamada dentro dos trilhos da consigna “ordem e progresso”. O comentário refere-se, de maneira mais precisa, à então recente inauguração da Estrada de Ferro de Santos a Jundiaí.

O fluxo de idéias, informações e pessoas crescia vertiginosamente para uma cidade que deixara de ser vila apenas em 1865 e que se caracterizara até então pelo transporte tropeiro (TOMANIK, 1993). Até 1873 Jundiaí já era a porta de entrada para o interior paulista, sendo o principal acesso para Campinas e Itu. Junto com a ferrovia chegavam também os novos tempos republicamos. Neste período,há relatos de visitas bastante costumeiras do Imperador Dom Pedro II a esta região. Estas visitas, inicialmente acompanhadas com fervor, aos poucos foram sendo recebidas quase com hostilidade, como pôde relatar Tomanik (1993) comparando as primeiras visitas com as ocorridas mais próximas da Proclamação da República.

Ainda de acordo com a pesquisa documental realizada por este estudioso, em 1914

Jundiaí tinha os seguintes estabelecimentos de ensino: Colégio Florence, Ginásio Hydecroft, Grupo Escolar Cel. Siqueira de Moraes, Grupo Escolar Conde do Parnaíba e Escola Paroquial Francisco Telles (entregue às irmãs vicentinas).

As greves operárias de 1906 e 1917 foram revelando que também eram evidentes sinais de progresso o que seria muito tempo questão de polícia: os movimentos sociais. Assim é que irão gradativamente sendo inauguradas e consolidadas na cidades algumas escolas privadas e de iniciativa pública para formar cidadãos compatíveis com a realidade que se apresentava. Mas iniciativas anteriores já ocorriam desde o final do século, a exemplo da Escola do Núcleo Colonial Barão de Jundiaí, principal foco de desenvolvimento da periferia da cidade num momento em que os limites entre o rural e o urbano não estavam tão demarcados.

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A Escola de Aprendizes Ferroviários

A história da educação profissional no Brasil pode ser compreendida a partir do desenvolvimento das forças produtivas enquanto estrutura fundamental das relações econômicas, e também a partir das diversas concepções de trabalho e de cultura que os grupos sociais produzem.

Os historiadores da educação profissional no Brasil têm demonstrado como esta concepção da formação para o trabalho é bastante recente. Dos jesuítas até os anos 30, prevaleceu a idéia do trabalho enquanto dimensão inferior da vida humana, havendo um dualismo concebido como natural e necessário entre trabalho manual e intelectual. Destinado, quase como castigo, aos setores marginalizados da sociedade, não se tinha até então, propriamente, a idéia de formação para o trabalho.

Mas enquanto imperativo para o desenvolvimento global da sociedade, a educação profissional e tecnológica conheceu iniciativas em todo o país antes mesmo de ser uma estratégia governamental de desenvolvimento nacional e local em parceria com o setor privado. Segundo Cunha (2005), desde o início do século XX, as empresas ferroviárias mantinham escolas para formação de seus operários e acusa a primeira delas como a Escola Prática de Aprendizes das Oficinas, fundada em 1906, no Rio de Janeiro. No entanto, os relatórios da Companhia Paulista revelam que desde 1895 já existiam iniciativas para a formação profissional dos ferroviários. Os aprendizes já estavam lá desde 1895, aprendendo e trabalhando nas oficinas, misturados aos adultos (figura 1). Mas a escola efetivamente só será fundada em 1901.

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Figura 1: Detalhes de grupos de operários com locomotiva em 1900

Fonte: Acervo do Museu Histórico e Cultural de Jundiaí

O trabalhador livre brasileiro, negligenciado nos primeiros anos da República, assistiu à incorporação das massas de imigrantes que chegaram ao Brasil, sendo preterido para mão-de-obra nas fábricas, nas lavouras, nas ferrovias. A Companhia Paulista, em seus relatórios, registra que transportou gratuitamente, entre os anos de 1882 a 1901, nos seus trens de segunda classe, um total de 475.419 imigrantes para várias cidades do interior paulista.

Mais preparados para o setor produtivo em desenvolvimento, os imigrantes também foram os disseminadores da resistência operária nos primeiros anos da república no Brasil. A primeira grande greve operária em São Paulo ocorrida em 1906, começou em Jundiaí com justamente os ferroviários da Companhia Paulista e se espalhou por todo o Estado.

Foram fundalmentalmente os imigrantes que reunidos em famílias numerosas, lutavam juntos, trabalhando igualmente adultos e crianças. Segudo relatos orais, as crianças permaneciam na escola até os dez anos e depois eram, assim como todo o grupo familiar, orientados a trabalhar nas indústrias nascentes, aos poucos sendo incorporados à Escola de Aprendizes, no caso da Companhia Paulista.

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Se tornar um ferroviário constituía-se um privilégio nem sempre alcançado por todos. A indistinção entre o trabalho de adultos e de crianças, fica evidente na foto dos operários de uma fábrica de cadeiras (figura 2)

Figura 2: Operários da fábrica Pellicciari, fundada em Jundiaí em 1899Fonte: Acervo do Museu de Arte de São Paulo (apud Duratex S/A, 1988.

Nossos estudos caminham na direção de se compreender como foi organizado o projeto educacional da Companhia Paulista antes que fossem instalados os Centros Ferroviários de Educação e Seleção Profissional nos anos 30 (figura 3).

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Figura 3: Fachada da Escola Profissional da Companhia Paulista na década de 30Fonte: Museu da Companhia Paulista

Mas para realizar esta tarefa, é necessário conhecer mais profundamente as atividades anteriores a década de 30 e que ocorreram nas instalações ocupadas na atualidade pela Faculdade de Tecnologia de Jundia (figura 4).

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Figura 4: Fachada do prédio da Administração da Fatec JundiaíFonte: Acervo da Instituição, 2005

Nossos primeiros estudos revelaram o número crescente de aprendizes desta escola entre 1895 e 1901, que funcionava com o objetivo de que, entre estes aprendizes, despontassem os futuros operários. Os relatórios da Companhia Paulista revelam que os aprendizes executavam ações na oficina ao longo do dia e à noite, recebiam instrução complementar prática ao trabalho manual. Esta instrução complementar era basicamente as quatro operações aritméticas a princípio, depois desenho geométrico elementar, desenho de projeção, noções elementares de mecânica e de máquinas, projetando-se, assim, uma formação em 3 anos.

Neste período, havia a necessidade de um curso preliminar para os interessados, já que estes chegavam, em sua maioria, sem saber ler, nem escrever e nem dominavam as quatro operações fundamentais. O que se percebe pelos relatórios da Companhia Paulista é que este tipo de escola, devido a necessidade crescente de mão-de-obra alfabetizada e disciplinada será o embrião para os Centros Ferroviários de Educação e Seleção Profissional implantados  a partir de 1934.

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Referências

BOSCHETTI V. R. et al, Fundindo, Tecendo, Trilhando...Aspectos da Educação Profissional Em Sorocaba. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.21, p. 131 – 140. mar. 2006 - ISSN: 1676-2584 131. Disponível em http://www.histedbr.fae.unicamp.br/art12_21.pdf. Acesso em 20 jan. 2010.

CIAVATTA, Maria. Apresentação. Memória e temporalidades do trabalho e da educação. Rio de Janeiro, Faperj, Lamparina, 2007

COMPANHIA PAULISTA. Acervo do Museu da Companhia Paulista em Jundiaí. Relatórios números 47, 49, 52, 54, 55. 1895 a 1904.

CUNHA, Luiz Antonio. O ensino de ofícios nos primórdios da industrialização. São Paulo, Ed. UNESP, Brasília, DF, 2005

DURATEX. S.A. Cem anos de migração italiana em Jundiaì. Jundiaí, 1988

FRIGOTTO, Gaudência; CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise. A política de educação profissional no Governo Lula: um percurso histórico controvertido. Revista Educação e Sociedade. Campinas, Vol. 26, n. 92, outubro 2005

TOMANIK, Geraldo Barbosa. Jundiaí, Cronologia histórica. Jundiaí, Literarte, 1993

SANTOS, DELIO FREIRE DOS. Cabriã. Semanário Humorístico Editado Por Ângelo Agostini, Américo de Campos E Antônio Manoel Dos Reis (1866-1867). São Paulo, Ed. Unesp, 2001