elineth da conceiÇÃo braga valente extubaÇÃo nÃo

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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GESTÃO E SAÚDE NA AMAZÔNIA MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO E SERVIÇOS EM SAÚDE ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO PROGRAMADA EM UTI NEONATAL: PROTOCOLO DE EVITABILIDADE COMO ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA DO RN BELÉM/PA 2017

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Page 1: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ

DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GESTÃO E SAÚDE NA AMAZÔNIA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO E SERVIÇOS EM SAÚDE

ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE

EXTUBAÇÃO NÃO PROGRAMADA EM UTI NEONATAL:

PROTOCOLO DE EVITABILIDADE COMO ESTRATÉGIA DE

SEGURANÇA DO RN

BELÉM/PA

2017

Page 2: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE

EXTUBAÇÃO NÃO PROGRAMADA EM UTI NEONATAL:

PROTOCOLO DE EVITABILIDADE COMO ESTRATÉGIA DE

SEGURANÇA DO RN

Dissertação apresentado ao Programa de Pós-

Graduação em Gestão e Saúde na Amazônia,

Mestrado Profissional em Gestão e Serviços em

Saúde da Fundação Santa Casa de Misericórdia do

Pará – FSCMPA, como requisito para obtenção do

Título de Mestre em Gestão e Serviços em Saúde.

Área de Concentração: Saúde e Ciências

Biológicas.

Linha de Pesquisa: Gestão e Planejamento na

Saúde.

Orientador: Profª. Drª. Salma Brito Saraty

BELÉM/PA

2017

Page 3: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou

eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Valente, Elineth da Conceição Braga .

V155e Extubação não programada em UTI neonatal: protocolo de

evitabilidade como estratégia de segurança do RN /, Elineth da

Conceição Braga Valente; Orientador, Salma Brito Saraty. - Belém,

PA, 2017.

61f.

Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão e Serviços em

Saúde) - Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Diretoria de

Ensino e Pesquisa.

Inclui referências

1. Extubação Acidental. 2. Neonatologia. 3. Recém-nascido. 5.

Segurança do Paciente. I. Saraty, Salma Brito. II. Fundação Santa

Casa de Misericórdia do Pará. Diretoria de Ensino e Pesquisa. III.

Título.

CDD:

Page 4: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE

EXTUBAÇÃO NÃO PROGRAMADA EM UTI NEONATAL: PROTOCOLO DE

EVITABILIDADE COMO ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA DO RN

Esta DISSERTAÇÃO foi submetida ao processo de avaliação pela Banca Examinadora para

obtenção do Título de:

MESTRE GESTÃO E SERVIÇOS EM SAÚDE

Aprovada em 20 de março de 2017, atendendo às normas da legislação vigente do Programa

de Pós-graduação em Gestão e Saúde na Amazônia do Curso de Mestrado Profissional em

Gestão e Serviços em Saúde da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA).

Área de Concentração: Saúde e Ciências Biológicas, Linha de Pesquisa: Gestão e

Planejamento na Saúde.

Belém/PA, 20 de março de 2017.

Dra. Vera Lúcia de Azevedo Lima

Coordenadora do Curso de Mestrado Profissional

Gestão e Serviços em Saúde/FSCMP

Banca Examinadora:

Drª. Salma Brito Saraty

Presidente

Drª. Lizomar de Jesus Maués Pereira Moia

Examinadora

Drª. Clea de Nazaré Carneiro Bichara

Examinadora

Dr. Renato da Costa Teixeira

Examinador

Page 5: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

Aos meus pais, Amadeu e Benedita Braga (in

memorian) que me proporcionaram a base

fundamental, investindo em minha formação e

educação, em um lar repleto de harmonia, amor

e felicidade. Ao meu marido, Carlos Valente, e

minha filha, Isabela, pelo carinho, compreensão

e apoio nas ausências necessárias.

Page 6: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me mostrar mais uma vez o quão é maravilhoso em minha vida, me

oferecendo oportunidades e conduzindo meus caminhos.

Á meus pais, Amadeu e Benedita (in memorian) pelo investimento incessante em minha

educação e pela família maravilhosa que tenho.

Ao meu marido, Carlos Valente, pelo amor, carinho, apoio, força e suporte de sempre.

Á minha filha, Isabela, por quem faço e farei tudo para proporcionar felicidade.

A toda minha família, em especial minhas irmãs, esteio e força em todos os momentos.

À Doutora Salma Saraty, que apesar de todas as atribuições e responsabilidades que

tem, encontrou disponibilidade para me orientar, encaminhar, acalmar e conduzir na

construção da dissertação.

A FSCMPA pela oportunidade de engrandecimento profissional ofertado no Programa

de Pós Graduação.

Aos colegas de trabalho pela ajuda no processo de informação de coleta.

As chefias imediatas da FSCMPA, que me proporcionaram os afastamentos necessários

e trocas de plantões inevitáveis.

A fisioterapeuta Alessandra França Baker pela ajuda e colaboração nos momentos de

necessidade, em especial assumindo a dura missão de chefia substituta do serviço no HPSM

MP nos meus períodos de ausência.

Aos colegas da turma de Mestrado Profissional de 2014, pela convivência harmônica,

pela força em tantos momentos difíceis e pela diversão proporcionada em outros tantos.

Page 7: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã

Mais uma vez, eu sei

Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã

Espera que o sol já vem...

Confie em si mesmo

Quem acredita sempre alcança!

Renato Russo

Page 8: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

VALENTE, Elineth da Conceição Braga. Extubação não programada em UTI neonatal:

protocolo de evitabilidade como estratégia de segurança do RN. 2017. 61f. Dissertação

(Mestrado Profissional em Gestão e Serviços em Saúde) - Diretoria de Ensino e Pesquisa da

Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Belém (PA), 2017.

Área de Concentração: Saúde e Ciências Biológicas.

Linha de Pesquisa: Gestão e Planejamento na Saúde.

Orientador: Profª. Drª. Salma Brito Saraty

RESUMO

A Extubação acidental ou não programada é entendida como qualquer retirada do tubo

orotraqueal antes da finalização do processo de desmame da ventilação mecânica invasiva. É

considerada um evento adverso em pacientes submetidos à suporte ventilatório invasivo,

sendo frequente em Unidades de Terapia Intensiva Neonatais e, como tal, pode causar como

consequências óbitos, prolongamento da ventilação mecânica e sequelas, apontando a

necessidade de investimentos em segurança do paciente como forma de minimizar riscos e

reduzir custos com prolongamento de internação e lesões associadas. Objetivos: acompanhar

recém-nascidos entubados por via orotraqueal internados em Unidade de Terapia Intensiva,

quantificar índice de Extubações Não Programadas, associar este evento com peso, idade

gestacional e perfil do paciente para posterior construção de protocolo de Evitabilidade

baseado na segurança do paciente. Método: Pesquisa de corte descritiva e prospectiva. A

coleta de dados foi realizada em UTIN de Hospital Público de Referencia Materno Infantil da

Região Norte do Brasil, em 579 RNs internados e submetidos à intubação orotraqueal no

período de abril a novembro de 2016. Os dados foram coletados através de protocolo de

pesquisa elaborado pela pesquisadora e os resultados submetidos à análise estatística e

discutidos a luz de bibliografia consultada. Resultados: revelaram índice de 16,75% de ENP,

com média de 2,21/100 dias de ventilação mecânica, maior proporcionalidade de risco em

recém-nascidos com idade gestacional entre 34 e 37 semanas, de peso entre 1500 a 1750g,

sem sedação. Em relação aos fatores causais, os dados resultantes mostraram que obstrução

em tubo orotraqueal e agitação psicomotora foram mais determinantes para ocorrência de

ENP, evidenciando a necessidade de investimento em capacitação da equipe

multiprofissional. Baseado nos levantamentos foi construído protocolo de evitabilidade de

ENP em UTIN, com ênfase na segurança do paciente.

Palavras-chave: Extubação Acidental. Neonatologia. Recém-nascido. Segurança do

Paciente.

Page 9: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

ABSTRACT

The accidental Extubation or unscheduled is understood as an adverse event in those patients

undergoing mechanical ventilation and has been frequent in UTINs, pointing out the need for

investment in patient safety as a way to minimize risks and reduce costs with VM extension

and associated injuries. The goals of this research is descriptive and prospective cutting were

accompany RNs tubed by index, to quantify orotracheal ENP in Neonatal Reference Unit as

well as associate this event with weight, IG and patient profile for subsequent construction of

Unavoidability, protocol based on security of RN. The data were collected in NICU hospital

public child reference in the northern region of Brazil, in 579 RNs admitted and submitted to

orotracheal intubation in the period from April to November 2016. The data were collected

through research protocol prepared by the researcher and the results subjected to statistical

analysis and discussed in the light of the bibliography consulted. The results revealed 16.75%

index of accidental Extubation or unscheduled, with average of 2.21/100 days of VM, greater

proportionality of risk in RN with IG between 34 and 37 weeks, weighing between 1500 to

1750 g without sedation. Based on surveys was built it could have been prevented Protocol of

accidental Extubation or unscheduled in NICU, with emphasis on patient safety and indicates

need for subsequent studies.

Key Words: Accidental Extubation. Neonatology. Newborn. Patient Safety.

Page 10: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

LISTA DE TABELAS

TABELAS:

Tabela 1 – Perfil de RNs com ENP (N=97) em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

da FSCMPA, 2016. ................................................................................................ 32

Tabela 2 – Taxa de ENP entre os RNS Entubados (n=579). ................................................... 32

Tabela 3 – Percentual das ENP quanto a Idade Gestacional de n=97 RNs, na FSCMPA,

ano 2016................................................................................................................. 33

Tabela 4 – Distribuição das Extubações Não Programadas (n=97) por peso na Unidade

de Terapia Intensiva da FSCMPA, ano 2016. ....................................................... 33

Tabela 5 – Distribuição das causas das Extubações Não Programadas (n=97)/ Peso.

FSCMPA, ano 2016. .............................................................................................. 34

Tabela 6 – Presença de sedação em n=97 RNs. FSCMPA, ano 2016. .................................... 34

Page 11: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ENT - Extubação Não Programada

FSCMPA - Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará

OMS - Organização Mundial de Saúde

RN - Recém Nascido

RNPT - Recém Nascido Pré Termo

RNs - Recém Nascidos

TOT - Tubo Orotraqueal

UCI - Unidade de Cuidados Intermediários

UTI - Unidade de Terapia Intensiva

UTIN - Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

VPP - Ventilação por Pressão Positiva

Page 12: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 14

2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 19

3 OBJETIVOS ................................................................................................................ 21

3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 21

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 21

4 REFERENCIAL TEORICO ...................................................................................... 23

4.1 NEONATOLOGIA E PREMATURIDADE ............................................................. 23

4.2 INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL E EXTUBAÇÕES NÃO

PROGRAMADAS ...................................................................................................... 24

4.3 SEGURANÇA DO PACIENTE ................................................................................. 25

5 ASPECTOS METODOLÓGICOS ........................................................................... 28

5.1 NORMAS ETICAS ..................................................................................................... 28

5.2 TIPO DE ESTUDO ..................................................................................................... 28

5.3 LOCAL DA PESQUISA ............................................................................................. 28

5.4 PARTICIPANTES DO ESTUDO .............................................................................. 29

5.5 CRITERIOS DE INCLUSÃO ................................................................................... 29

5.6 CRITERIOS DE EXCLUSÃO .................................................................................. 29

5.7 TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS .............................................. 29

5.8 CONSTRUÇÃO DO PROTOCOLO PROPOSTO ................................................. 30

6 RESULTADOS ............................................................................................................ 32

7 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 44

Page 13: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

APÊNDICES

APÊNDICE A: PRODUTO ................................................................................................... 50

ANEXOS

ANEXO A – PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS ..................................................... 57

ANEXO B – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM

PESQUISA .................................................................................................................. 59

Page 14: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO
Page 15: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

1 INTRODUÇÃO

O elevado índice de partos prematuros principalmente em países em desenvolvimento

como o Brasil tem influenciado diretamente na morbimortalidade neonatal. Blencowe et al.

(2012) referem que dados recentes de pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS)

evidenciaram nas duas últimas décadas, que a maioria dos países apresentou aumento das

taxas de prematuridade com algumas razões que explicam esse aumento.

A maior frequência de gestações múltiplas secundárias a tratamentos de infertilidade,

associadas à crescente demanda de mulheres que desejam engravidar em idade avançada, a

interrupção eletiva da gestação, pratica crescente na obstetrícia, seja por condições adversas

da mãe ou bebe, seja por comodidade são fatores determinantes no aumento de partos pré

termos. Nos últimos anos, o uso do corticoide antenatal, o surfactante pulmonar exógeno e os

avanços nos cuidados neonatais melhoraram o prognóstico do prematuro e modificaram a

percepção do risco da prematuridade diante de intercorrências maternas.

A assistência ventilatória fora da sala de cirurgia iniciou durante a epidemia de

poliomielite da década de 50 (PRABHAKARAN; SASSER; BORASINO, 2011). A partir de

então, vários estudos mostram a importância desse suporte na neonatologia, ou seja, em

recém-nascidos de ate 28 dias. O grau de assistência respiratória necessária para uma

adequada troca gasosa depende dos agentes fisiológicos da respiração e deve, portanto,

basear-se em fatores como mecanismos pulmonares, controle da respiração entre outros

(CARLO; GREENOUGH; CHATBURN, 1994). Por outro lado, deve-se lembrar da

associação da ventilação pulmonar mecânica com a injúria pulmonar e ocorrência da Doença

Pulmonar Crônica do Recém-nascido, principalmente nos prematuros (MOREIRA; LOPES;

CARVALHO, 2004).

Os avanços tecnológicos no campo da neonatologia, como o surfactante, a nutrição

parenteral e a modernização dos respiradores mecânicos propiciam maior sobrevida ao

neonato, especialmente os prematuros de muito baixo peso que antes tinham pouca ou

nenhuma chance de sobreviver. Porém, para tal, esta população especial é submetida a

procedimentos diagnósticos e terapêuticos invasivos, como a intubação traqueal, para

assistência ventilatória ou para administração de surfactante pulmonar exógeno e a longa

Page 16: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

15

permanência hospitalar, o que aumenta o risco de complicações e a morbimortalidade

(MARGOTTO, 2004).

Carvalho, Brito e Matsuo (2007) e Lanfranchil; Viola e Nascimento (2011)

evidenciaram que uma das principais indicações para o uso da ventilação mecânica na UTI

neonatal é a Síndrome da Membrana Hialina, e que 51,4% desses neonatos que necessitam do

auxílio ventilatório mecânico vão a óbito.

Um estudo de Moretti et al., (1999) associou a ventilação mecânica e intubação

orotraqueal em prematuros a um grande número de complicações pulmonares, e preconizou o

desmame precoce como forma de reduzir a morbidade pulmonar e subsequente mortalidade

desta população. Araújo; Eickmann e Coutinho (2013) concluiram que a ocorrência de

hipóxia e displasia broncopulmonar, além dos tempos de oxigenoterapia, ventilação mecânica

e permanência na UTI neonatal associaram-se a alteração do desenvolvimento motor em RN

de risco. Segundo Nicolau et al., (2011) os recém-nascidos pré-termo que apresentam pior

desempenho motor são os que permaneceram em suporte ventilatório prolongado.

Estudo publicado pela Associação Medica Brasileira (AMB) em 2007 (GONZAGA et

al., 2007), refere que a possibilidade de um recém-nascido com peso de nascimento menor ou

igual a 1500g desenvolver displasia broncopulmonar foi 11 vezes maior naqueles que

permaneceram em ventilação mecânica por até 14 dias e esta chance aumentou ainda mais nos

que foram ventilados por mais de 15 dias, devendo a equipe que presta atendimento ao

paciente de alto risco estar empenhada no processo de extubação dos recém-nascidos (RNs)

ainda na primeira semana de vida.

Os lactentes e os RNs, principalmente os de muito baixo peso, têm maior risco para

Extubações Não Programadas (ENP), que é a retirada acidental do tubo orotraqueal antes de

se concluir o processo de desmame, em razão do comprimento mais curto da traqueia e da

imaturidade cognitiva. As complicações potenciais da ENP incluem falhas respiratórias,

riscos associados à reintubação, aumento da duração da ventilação mecânica (VM) e do

tempo de internação, hipóxia, pneumotórax, pneumonia secundária, displasia

broncopulmonar, trauma de vias aéreas superiores e atraso do desenvolvimento

neuropsicomotor (OLIVEIRA et al., 2012).

Assim sendo, a retirada do mecanismo ventilatório invasivo é tão importante quanto a

sua utilização e deve ser, portanto, programada e eficiente. No entanto, eventos adversos

como Extubações Não Programadas (ENP) devem ser evitadas para que desta forma o suporte

ventilatório e o tubo orotraqueal (TOT) sejam retirados de maneira segura e eficaz pela equipe

multiprofissional de assistência e cuidados ao RN. Uma das formas de se atingir tal meta, se

Page 17: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

16

dá por conta de uma intervenção sistematizada de rotinas que promovam a segurança do

paciente.

Segundo Santos (2013), a extubação acidental, ou nã programada, é entendida como

um evento adverso naqueles pacientes submetidos à ventilação mecânica, sendo conceituada

como uma remoção não planejada do dispositivo ventilatório que pode ocorrer por

autoextubação, quando o paciente remove o dispositivo ventilatório ou por uma manipulação

inadequada em quatro momentos: banho no leito, fixação do tubo endotraqueal ou

traqueostomia, transporte e mudança de decúbito.

Sharek (2006) aponta que nos EUA a extubação acidental é o quarto evento adverso

mais frequente em unidades de terapia intensiva. A extubação é a fase final da evolução com

sucesso de proteção da via aérea e/ou terapêutica com a ventilação pulmonar mecânica.

Entretanto, o sucesso da retirada do suporte ventilatório invasivo depende de diversos fatores,

além da recuperação da função pulmonar.

A equipe assistente deve ter habilidade de avaliar o momento para a extubação,

identificar e tratar imediatamente as complicações potenciais pós-extubação. Segundo o

Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica em Pediatria (2007), o processo de desmame

ocupa cerca de 40% do tempo de ventilação. Apesar disso, o insucesso de extubação ainda

tem ocorrido em 24% dos casos, com retorno dos pacientes ao suporte ventilatório invasivo.

Isto mostra a necessidade do planejamento de retirada do suporte ventilatório e da

cânula traqueal, com objetivo de evitar as extubações acidentais ou não programadas. Oliveira

et al., (2012) aponta em seu estudo que as principais causas dos eventos de extubação não

planejada foram: agitação do recém-nascido; manipulação inadequada do paciente durante

execução de cuidados, fixação inadequada e posicionamento da cânula.

Barbosa; Campos e Chaves (2006) verificaram índice de extubações acidentais em

40,5 % da amostra estudada de RNs em suporte ventilatório, sugerindo maior cuidado e

observação às trocas de fixações. Dentre as complicações mais encontradas o número de

obstruções com rolha na cânula traqueal foi 19,1%.

Vários estudos mostram a ENP como um dos eventos adversos mais comuns em UTIs,

e apontam a necessidade de investimentos em segurança do paciente como forma de

minimizar riscos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (2009), na atenção à saúde, a

segurança é um princípio básico e um requisito para a qualidade do cuidado. A segurança do

paciente é definida como a redução do risco de danos desnecessários associados à atenção à

saúde, até um mínimo possível.

Page 18: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

17

Diante do contexto exposto, o presente estudo objetiva identificar a incidência de ENP

em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de Hospital de referencia Materno Infantil da

Região norte do Brasil, avaliando suas principais causas e desta forma propor uma estratégia

de evitabilidade deste evento adverso, com ênfase na segurança do paciente recém-nascido

submetido à entubação orotraquel. Para isso, consideramos ENP todo processo não planejado

de retirada do tubo orotraqueal, seja por autoextubação, obstrução em TOT, agitação ou

fixação inadequada.

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Page 20: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

2 JUSTIFICATIVA

A maternidade da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA) realiza

anualmente cerca de 9000 partos, de acordo com Relatório Anual de Gestão da instituição de

2014, com mais de 20% de frequência de prematuridade e baixo peso ao nascer. O RN de

risco requer cuidados especializados, muitas vezes intensivos, com necessidade de suporte em

ventilação mecânica. A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal A, da FSCMPA, possui 40

leitos de assistência intensiva, onde se observa elevado número de prematuros em utilização

de suporte ventilatório invasivo, com episódios frequentes de extubação não programada, de

causas variadas. Isto motivou o presente estudo.

O interesse pelo objeto deste estudo – Extubações não Programadas em Unidade de

Terapia Intensiva Neonatal - tem sido alvo de constantes discussões no meio técnico.

Algumas questões norteadoras, no sentido de delimitá-lo, foram levantadas, sendo elas: a

verificação, através de dados estatísticos do material coletado, da incidência de ENP nos RNs

entubados internados em UTI neonatal de referencia da região norte, a relação destas ENP

com Idade Gestacional, peso do RN e sedação, além de identificar quais fatores contribuem

para a ocorrência das extubações não programadas nestas Unidades. Em pose dessas

informações foi elaborado Protocolo de Evitabilidade a ser empregado na rotina de serviço,

como forma de contribuir para segurança do paciente, melhoria da assistência e processos de

trabalho, redução de custos operacionais e desta forma, melhorar a gestão do serviço.

Page 21: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO
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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Acompanhar todos os recém-nascidos submetidos à entubação orotraqueal internados

na UTI neonatal de Hospital de Referencia Materno Infantil

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Quantificar a taxa de extubações não programadas na UTI Neonatal de Hospital de

Referencia Materno Infantil;

Verificar peso e idade gestacional de maior incidência em RNs que sofreram ENP;

Definir o perfil dos RNs que apresentam ENP na unidade de terapia intensiva

neonatal de Hospital de referencia Materno Infantil;

Definir os fatores que contribuem para extubações não programadas na UTI

Neonatal de Hospital de referencia Materno Infantil;

Verificar uso de sedação em RNS com registro de ENP;

Construir uma proposta de protocolo institucional de evitabilidade de extubações

não programadas, a ser empregado em UTIs Neonatais,com ênfase na segurança do

paciente.

Page 23: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO
Page 24: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

4 REFERENCIAL TEORICO

4.1 NEONATOLOGIA E PREMATURIDADE

Para a Organização Mundial de Saúde, o período neonatal compreende desde o

nascimento até 28 dias de vida. Nesse período concentra-se a vulnerabilidade da criança a

riscos biológicos, ambientais, socioeconômicos e culturais, levando a necessidade de cuidados

especiais de forma integral, e qualificada (BRASIL, 2012).

Até o século XVI, eram altas as taxas de mortalidade infantil e de prematuros, pois

não existiam estabelecimentos voltados para os cuidados destas crianças. Esperava-se que as

crianças nascidas prematuramente fossem ao êxito letal, assim como aquelas nascidas com

malformações. Havia um sentimento de que a seleção natural se encarregaria das crianças (SÁ

NETO; RODRIGUES, 2010).

A partir do final do século XIX e inicio do século XX, os países europeus e Estados

Unidos, começaram pensar em ações de cuidados especifico e institucionalizado a este

publico, com introdução dos primeiros berçários para com praticas e conhecimentos

científicos e tecnológicos, em substituição as parteiras (ROSA; GAIVA, 2009). Este fato

gerou aumento de nascimentos em unidades hospitalares e o uso de tecnologias e recursos de

assistência, surgindo então Unidades de Alojamento Conjunto, Unidades de Cuidados

Intermediários (UCI) e Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, reduzindo

gradativamente a mortalidade neonatal e aumentando a sobrevida de crianças prematuras e de

baixo peso (TRONCO et al., 2010).

A OMS define como prematuro o recém-nascido com menos de 37 semanas de idade

gestacional (IG) completas, classificando como prematuros extremos os nascidos com menos

de 28 semanas de IG, Moderados aqueles nascidos entre 28 e 31 semanas de IG, Prematuro

tardio os nascidos entre 32 e 36 semanas de IG e recém nascidos de termo os nascidos entre

37 e 41 semanas (ALMEIDA FILHO; BARRETO, 2012).

Prematuros ou RNs de muito baixo peso apresentam imaturidade pulmonar e do centro

regulador da respiração. Estas características os deixam mais propensos a serem submetidos à

Page 25: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

24

intubação traqueal, a permanecerem longos períodos em ventilação pulmonar mecânica, além

de se tornarem vulneráveis a complicações como extubações não programadas, lesões de vias

aéreas e doença pulmonar obstrutiva crônica do recém-nascido. Quanto mais tempo eles

permanecem dependentes de ventilação mecânica, mais difícil se torna para alcançar a troca

gasosa adequada, sem suporte mecânico (BANCALARI; CLAURE, 2008).

4.2 INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL E EXTUBAÇÕES NÃO PROGRAMADAS

Intubação traqueal é a colocação de um tubo dentro da traquéia, seja por via oral ou

nasal, com objetivo de conduzir ventilação pulmonar ou medicações. As indicações clássicas

de intubação traqueal, segundo a American Heart Association são Ventilação por Pressão

Positiva (VPP) não eficaz, VPP prolongada, hérnia diagramática e síndrome de aspiração de

mecônio. Porém assim como esse procedimento contribui com a sobrevida de muitos

pacientes pode se mal utilizado, acarretar danos a vias aéreas.

Segundo Stauffer (1999) existem vários fatores que podem ocasionar lesões em vias

aéreas superiores durante o processo; estes fatores determinantes são: diâmetro da cânula,

tempo de intubação, o processo de extubação e reintubação e movimentos da cânula nas vias

aéreas superiores. Em decorrência disto, a equipe deve ser treinada para agir dentro da

sequência rápida de intubação, que tem como objetivo evitar tentativas mal sucedidas do

procedimento e danos nas vias aéreas.

Relatos na literatura mostram que lesões no trato respiratório ocorrem de 40% a 60%

dos pacientes intubados e variam desde ulcerações de mucosa até a estenose subglótica, sendo

que as lesões mais citadas na literatura são: estenose de laringe e traqueia, hemorragia da

mucosa, alteração do estroma, alteração nas cordas vocais verdadeiras, edema, processo

infeccioso (VAZ, 1989).

Extubação é a retirada da via aérea artificial, podendo ser este dispositivo ventilatório,

o tubo traqueal, introduzido por via oral, nasal ou traqueal. Ela pode ocorrer de forma

programada - quando a equipe multiprofissional avalia ser o melhor momento para a

interrupção da VM- ou não programado pelo manejo do paciente pela equipe de saúde durante

transporte, mudança de decúbito, banho no leito, entre outros, como também pela

autoextubação, ou seja, quando o próprio paciente retira o dispositivo ventilatório; por

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sedação inadequada, agitação neurológica, grande desconforto respiratório. Portanto, várias

podem ser as causas das extubações acidentais (PEREIRA; SOUZA; FERRAZ, 2014).

4.3 SEGURANÇA DO PACIENTE

O paciente neonato está sujeito a inúmeros eventos adversos durante internação em

unidade hospitalar e em especial em Unidades de Terapia Intensiva, atribuídos a diversos

fatores (SOUSA et al., 2016), em seu estudo de revisão sistemática sobre segurança do

pacientes em Unidade Neonatal concluiu que dentre os fatores que contribuem para tais

eventos os principais estão relacionados a medicações, infecções e extubações não

programadas.

Em 2004, a OMS criou a World Alliance for Patient Safety, que posteriormente

passou a chamar-se “Patient Safety Program”, com objetivo de organizar os conceitos e as

definições sobre segurança do paciente e propor medidas para reduzir os riscos de eventos

adversos (SOUSA et al., 2016). Em 2013, foi instituído pelo Ministério da Saúde o Programa

Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), que tem por objetivo contribuir para a

qualificação do cuidado em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional, sejam

eles públicos ou privados de acordo com a prioridade dada à segurança do paciente.

Lamy Filho et al., (2011) apontam que quando tecnologias como a ventilação

mecânica são utilizadas a ocorrência de eventos adversos intermediários, tais como extubação

acidental, obstrução do tubo endotraqueal e desconexão acidental do circuito do ventilador

pode exercer um papel fundamental no desencadeamento da cadeia de eventos.

Em um estudo, Merkel et al., (2014) demonstraram que, quanto maior o número de

pacientes-dia ventilados, maior o risco de extubação acidental, e que isso foi provavelmente

determinado pela maior necessidade de cuidados.

Rachman et al., (2009) concluiram que a implantação de programa de melhoria da

qualidade pode reduzir a taxa de ENP em UTI Pediatrica, atendendo as necessidades

especificas das instituições. Portanto, ações de conscientização e capacitação devem ser

implementadas em unidades neonatais, e instrumentos de sistematização de rotinas e serviços

fazem parte dessas ações, devendo estar presentes nos processos de trabalho, quando se trata

de indicadores de qualidade. Por ser relativamente comum e potencialmente previsível, a

Page 27: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

26

incidência de ENP tem sido utilizada como um dos indicadores empregados nas avaliações de

qualidade de serviço (DE VOS et al., 2017).

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5 ASPECTOS METODOLÓGICOS

5.1 NORMAS ETICAS

O estudo obedeceu aos preceitos éticos das Diretrizes e Normas Regulamentadoras de

Pesquisa Envolvendo Seres Humanos impostos pela Resolução CNS 466/ 2012. Foi

submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Santa Casa de

Misericórdia do Pará (Anexo A).

5.2 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de estudo de corte transversal prospectivo descritivo e com abordagem

quantitativa, realizado no período de abril a novembro de 2016, através de levantamento de

dados coletados diariamente de todos os recém-nascidos submetidos à ventilação mecânica

invasiva, sob tubo orotraqueal, internados na Unidade de Terapia Intensiva A da FSCMPA.

Pesquisa realizada sem financiamento.

5.3 LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal A da Fundação

Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA), que é Unidade de Referencia Materno

Infantil do Estado, localizada na Rua Oliveira Belo, nº 395, bairro do Umarizal, sob o CEP

66085-080, na cidade de Belém, Estado do Pará. É uma instituição pública referendada para

gravidez de alto risco, com estrutura de suporte neonatal para cuidados intermediários e

intensivos, que atende demanda da capital e interior do Estado do Pará, considerada a maior

unidade materna infantil da região norte do país. A UTI Neonatal A possui 40 leitos e recebe

recém-nascidos provenientes da própria instituição, do interior do Estado ou de outras

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unidades hospitalares, após o nascimento. Em seu perfil de internação, a UTIN A admite RNs,

em sua maioria, prematuros ou de baixo peso ao nascer, com complicações decorrentes de

imaturidade dos sistemas respiratório e neuromotor ou com fator de risco para infecções.

5.4 PARTICIPANTES DO ESTUDO

Recém-nascidos, de ambos os sexos, qualquer peso e idade gestacional, internados e

submetidos à intubação orotraqueal. No período de abril a novembro de 2016, foram

internados 589 recém-nascidos com este perfil na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal A

da FSCMPA. Dois RNs foram excluídos por terem sido submetidos à traqueostomia, seis RNs

por apresentarem mais de 28 dias e dois por dados incompletos informações coletadas. 579

RNs compuseram o banco de coleta de dados.

5.5 CRITERIOS DE INCLUSÃO

Foram incluídos todos os RNs internados e submetidos à Entubação Orotraqueal

internados na UTI A.

5.6 CRITERIOS DE EXCLUSÃO

Foram excluídos da pesquisa, lactentes (mais de 28 dias de vida), RNs

traqueostomizados ou cujos dados de coleta foram prejudicados por imprecisão de

informações.

5.7 TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Os dados foram coletados através de protocolo de pesquisa elaborado pela

pesquisadora, exclusivamente para o estudo, onde foram registrados dados relativos ao perfil

dos participantes como nome da mãe, registro e leito, idade gestacional, sexo, peso, além de

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30

dados do processo de extubações não programadas: fator causal, sedação. Informações foram

colhidas presencial e diariamente pela pesquisadora com colaboração da equipe

multiprofissional, além de informações contidas em prontuário. Foram consideradas ENP toda

retirada não planejada do tubo orotraqueal, seja por autoextubação pelo RN, trocas de TOT

por obstrução, fixação inadequada ou durante procedimentos e manuseio da equipe

multiprofissional. Todo RN, dentro dos padrões de inclusão e submetido à Intubação Oro

Traqueal (IOT), foi acompanhado diariamente e os dados referentes à intubação anotados

assim como registros inerentes aos episódios de Extubações Não Programadas.

Para analisar os dados de n-579 recém-nascidos internados na Unidade de Terapia

Intensiva Neonatal A da FSCMPA e submetidos à intubação orotraqueal, no período de abril a

novembro de 2016, foram aplicados métodos estatísticos descritivos e inferenciais. As

variáveis (Sexo, Classificação da Idade gestacional, Classificação das Faixas de Peso, Causas

das ENPs e Sedação) foram apresentadas por medidas de frequências absolutas e relativas. A

Taxa de ENP foi calculada com Intervalo de Confiança de 95 (IC95%). As variáveis

quantitativas (Idade Gestacional e Peso) foram apresentadas por medidas de tendência central

e de variação. A distribuição das ENPs conforme o Peso foi realizada pelo teste do Qui-

Quadrado, com nível alfa =0.05 (Erro Alfa 5%) e o processamento estatístico foi realizado no

programa BioEstat versão 5.3.

Após analisados, os resultados basearam a elaboração de protocolo de evitabilidade de

ENP, com ênfase na segurança do paciente.

5.8 CONSTRUÇÃO DO PROTOCOLO PROPOSTO

Identificação do Problema: baseado em analise dos resultados da pesquisa, foi possível

detectar os pontos de maior atenção em cuidados com RNs para reduzir a incidência de ENP.

Depois de identificados os pontos determinantes, se delimitou como objetivos

melhorar a segurança do RN sob VMI e o processo de gestão do serviço em UTI Neonatal,

com elaboração de protocolo de normas de rotina e cuidados que pudessem contribuir para

minimizar o risco de eventos de ENP. Para tanto, baseado em evidencias cientifica, foi

realizado levantamento em bases de dados nacionais e internacionais, para construção de

protocolo de cuidados com RNs e posteriormente construído o produto.

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6 RESULTADOS

Participaram do estudo 579 RNs entubados. Destes, 330 do sexo masculino (57%) e

249 do sexo feminino (43%), com media de IG de 35 semanas e peso médio de 1563g

( Tabela 1).

Ocorreram, durante o período da pesquisa, 97 registros de ENP com índice de 16,75%.

Este percentual equivale a 2,5 ENP a cada 100 dias de VM, no período de abril a novembro

de 2016. Considerando a margem de segurança de 95%, o índice de ENP fica entre 2,38 e

2,62 ENP a cada 100 dias de VM. (Tabela 2)

Tabela 1 – Perfil de RNs com ENP (N=97) em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal da

FSCMPA, 2016.

RNs Entubados ENP(n) Idade Gestacional

semanas

(n=97)

Peso

(gramas)

(n=97)

Sexo

(n=97)

579 97 35

±4 semanas

1563g

±386g

Masculino

(57%)

Fonte: Fonte de pesquisa (2016).

Tabela 2 – Taxa de ENP entre os RNS Entubados (n=579).

RNs Entubados ENP % Índice de ENP por cada

100 dias/ VM

597 16,75 2,5

2,38 a 2,62

Fonte: Fonte de pesquisa (2016).

Em relação à Idade Gestacional (IG), a média de maior incidência dos casos se deu em

RNs com 35 semanas de IG, considerados prematuros moderados, com intervalo de confiança

Page 34: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

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de 95%, variação de 04 semanas para mais ou para menos (Tabela 3). A idade Gestacional foi

colhida na evolução medica.

Tabela 3 – Percentual das ENP quanto a Idade Gestacional de n=97 RNs, na FSCMPA, ano

2016.

Idade Gestacional Media (%)

RNPT EXT 22,8%

RNP MODERADO 35%

RNP TARDIO 20,6%

RN TERMO 21,6%

Total 100.0

Fonte: Fonte de pesquisa (2016).

Em relação ao Peso do RN, a maior incidência de ENP foi em RNs com peso entre

1500 e 1750g (36,1%). Em RNs com peso menor que 1000g foi de 10,3%, menor que 1500g a

incidência foi de 27,8%. Acima de 1750g a incidência foi de 25,8%.( Tabela 4)

Tabela 4 – Distribuição das Extubações Não Programadas (n=97) por peso na Unidade de

Terapia Intensiva da FSCMPA, ano 2016.

Peso (g) N %

< 1000g 10 10.3

1000 - 1500g 27 27.8

1500 - 1750g 35 36.1

1750 - 2750g 25 25.8

Total 97 100.0

Nota: *p-valor = 0.0037, Teste Qui-quadrado, tendência do Peso entre 1500 e 1750g (36.1%).

Fonte: Protocolo de Pesquisa (2016).

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Tabela 5 – Distribuição das causas das Extubações Não Programadas (n=97)/ Peso.

FSCMPA, ano 2016.

Peso (g) Ocorrências Obstrução Manuseio Agitação Fixação

N % n % n % n %

< 1000g 10 6 60,0 3 30,0 0 0,0 1 10,0

1000 - 1500g 27 9 33,3 6 22,2 8 29,6 4 14,8

1500 - 1750g 35 7 20,0 3 8,6 16 45,7 9 25,7

1750 - 2750g 25 12 48,0 2 8,0 9 36,0 2 8,0

Total 97 34 35,1 14 14,4 33 34,0 16 16,5

*p-valor =0.0208, Teste G, comparação entre as Causas conforme a Faixa de Peso.

Fonte: Protocolo de Pesquisa (2016).

Recém-nascidos com peso até 1000g apresentaram 10 ocorrências de ENP, 06 (60%)

por obstrução, 03(30%) por manuseio da equipe e 01(10%) por fixação solta. Não houve

registro de ENP por agitação nesta faixa etária.

Nos RNs de peso na faixa de peso menor que 1500g, houve 27, desses 09(33,3%) por

obstrução em TOT, 08 (29,6%) por agitação, 06 (22,2%) por manuseio e 04 (14,8 %) por

fixação solta.

Entre os RNs na faixa de peso menor 1750g houve registro de 35 ENP sendo,

16(45,7%) por agitação, 09(25,7%) por fixação solta, 07(20%) por obstrução e 03(8,6%) por

manuseio.

Na faixa de peso acima de 1750g foram registradas 25 ENP, sendo 12(48%) por

obstrução, 09(36%) por agitação, 02 (08%) durante manuseio e 02 (08%) por fixação

inadequada.( Tabela 5).

Em relação à presença de sedação no momento da ENP, 72 RNs (74,2%) não estavam

sedados e 25 RNs, (25,8%) estavam sob sedação farmacológica. Nos RNs sem sedação a

principal causa de ENP encontrada foi agitação psicomotora, com 53% das ocorrências

(Tabela 6).

Tabela 6 – Presença de sedação em n=97 RNs. FSCMPA, ano 2016.

SEDAÇÃO n %

Sim 25 25.8

Não 72 74.2

Total 97 100

Fonte: Protocolo de Pesquisa (2016).

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7 DISCUSSÃO

A não ocorrência de Extubações não programadas em neonatologia está sendo

apontada em muitos serviços como indicador de qualidade de assistência já que, pela

fragilidade de neonatos, especialmente os prematuros, todo evento adverso, como ENP, pode

contribuir para possíveis sequelas advindas destas intercorrências, aumentando a

morbimortalidade. Dentre as consequências indesejáveis decorrentes de ENP podemos citar

aumento do tempo de suporte ventilatório invasivo, risco de hipóxia, lesão nervosa e óbito. Os

estudos sobre a ENP tem gerado interesse de pesquisadores, como forma de dimensionar sua

abrangência e se possível traçar metas de controle e redução. Entretanto, estudos direcionados

á neonatologia ainda são escassos, mesmo diante da importância desta população.

No presente estudo, a incidência de ENP foi de 16,75%, com media de 2,21/100 dias

de VM, acima do encontrado em trabalho publicado por Oliveira et al., (2012), assim como da

revisão sistemática realizada por Lanzillotti et al., (2015) que encontrou taxas menores de

extubação acidental em unidades neonatais, porem corroborando com pesquisa de revisão

sistemática de Silva et al., (2013), de 15 artigos sobre o tema, publicados em base de dados

nacionais e internacionais, entre 1950 e 2012. Carvalho et al., (2010), em estudo de coorte

prospectivo realizado em UTIN encontrou índice de ENP, por cada 100 dias de VM superior

ao presente trabalho. Rachman et al., (2009) encontraram media superior em pacientes

pediátricos. Piva et al., (1995) evidenciaram taxa semelhante a esta pesquisa.

Em relação aos estudos de referencia que apontaram índice menor aos encontrados na

presente pesquisa alguns fatos podem ter sido relevantes, entre eles o perfil dos Rns

internados no serviço analisado, em sua maioria prematuros extremos ou moderados com

media de IG entre 31 e 37 semanas, ou de baixo peso, RNs de risco com necessidades

extremas de atenção e cuidados, porem sabe-se da carência de profissionais especializados em

relação ao numero de pacientes na unidade estudada. Outro fator de contribuição poderia ser o

índice de absenteísmo de profissionais. Estes dados, entretanto, não estavam entre as variáveis

levantadas.

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37

A analise do IG apontou para maior incidência de ENP na faixa compreendida entre

31 e 37 semanas (70,1%), com media de 35 semanas de IG, ratificando os achados na

literatura de referencia como os de Oliveira et al., (2012) e Veldman et al., (2006). Poucos

estudos se detiveram na avaliação da IG, provavelmente por ser senso comum os fatores que

levariam à maior incidência nessa faixa etária, dentre eles o mais evidente seria o

comprimento da traqueia por imaturidade do sistema respiratório.

Na variável de peso, o maior índice de ENP foi encontrado em RNs com peso entre

1500g a 1750g, com 36,1% dos eventos. A maior parte da literatura de referencia aponta

maior frequência de ENP em RNs com peso inferior ou igual a 1000g. Porem, assim como na

presente pesquisa, Carvalho et al. (2010), encontraram índice diferente, com maior incidência

de ENP em peso superior a 2500g e associou este fato a sedação/ analgesia ineficaz.

No presente estudo, vários fatores podem ter contribuído para o índice resultante, entre

eles a necessidade de revisão de protocolo institucional de sedação e analgesia, associada a

medidas não farmacológicas de sedação, cuidados sistematizados, treinamento da equipe em

manuseio do RN critico entubado, além de adequação da equipe multiprofissional aos índices

regulamentares de quantitativo de recursos humanos impostos por normativas especificas de

funcionamento para UTIS Neonatais, como a Portaria nº 930 de novembro de 2012 do

Ministério da Saúde, que regra a obrigatoriedade de equipe mínima em todos os turnos,

contando com medico, enfermeiro e fisioterapeuta (01 a cada 10 leitos ou fração) e equipe

técnica de enfermagem (01 a cada 02 leitos). Entretanto, a análise de protocolo de sedação e

adequação e capacitação de pessoal não estavam entre as variáveis, não possibilitando

correlação com a ENP.

Outro fator de impacto para o processo de ENP está relacionado ao cuidado com o

RN. O correto posicionamento no leito, a contenção em ninho e o manuseio restrito e

cuidadoso, em conformidade com as diretrizes do método Canguru, devem ser observadas

uma vez que pesquisas apontam as vantagens desse método para o desenvolvimento e bem

estar dos RNS, em especial pré-termos e de muito baixo peso (MENDES, 2015). O

posicionamento e contenção, entretanto, não fizeram parte das variáveis do estudo e, portanto,

a hipótese deve ser validada em estudo posterior.

A maior incidência em relação a fator causal em analise pontual foi obstrução

(35,1%), sem diferença estatisticamente significante em relação à agitação (34%). A terceira

causa em analise geral foi fixação inadequada (16,5%) seguida por manuseio (14%). Veldman

et al., (2006) encontrou resultado diferente, onde a fixação foi maior fator relacionado à ENP,

Page 39: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

38

porem não considerou obstrução em TOT entre as variáveis, portanto não se pode analisar a

similaridade.

Na analise cruzada com dados de peso verificou-se que, em relação ao fator causal,

RNs com peso ≤ 1000g, tiveram como principal causa de ENP a obstrução no TOT (60% de

incidência dos casos nessa faixa). RNs com peso compreendido entre 1000 e 1500g também

apresentaram obstrução(33,3%) no TOT como causa principal, porem com pouca

significância em relação à agitação(29,6%). RNs com peso entre 1500 a 1750g apresentaram

índice maior de causa agitação (45,7%), enquanto em RNs com peso superior a 1750g a maior

incidência ocorreu em decorrência de obstrução (48%).

Analise desses resultados nos mostra que os fatores de maior relevância dentre os

determinantes para ocorrência de ENP em UTIN são previsíveis e evitáveis. Tanto obstrução

em TOT quanto a agitação do RN podem ser monitorados pela equipe multiprofissional com

intuito de reduzir ou minimizar a incidência de ENP e para tal seria necessário uma atuação

sistematizada com medidas de controle e observação como, por exemplo, através de

protocolo proposto pelo estudo vigente

A adequação das equipes médica, de enfermagem e fisioterapia a níveis

regulamentares, em numero e abrangência, as normas impostas pela Portaria 930/2012 do MS,

também poderia contribuir para que esses índices fossem minimizados, uma vez que haveria

recursos humanos suficientes para que a rotina de cuidados fosse realizada de forma integral e

ininterrupta em todos os turnos, sem sobrecarga.

Em analise , chamou atenção a significância do fator causal obstrução em TOT entre

os RNS com peso menor que 1000g, com índice de 60%. Segundo Margotto (2013), entre os

neonatos prematuros, 01 a cada 500 necessita cuidados intensivos e são portadores de

patologias que podem levar a sangramento pulmonar. A alta incidência de obstrução em RNs

com menos de 1000g se deve a associação de sangramento e calibre reduzido de TOT,

geralmente de 2,5 de diâmetro, segundo Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica (2007).

Essa afirmação porem deve ser objeto de estudos posteriores uma vez que o calibre de tubo

não estava entre as variáveis analisadas e não pode ser afirmada. Acreditamos porem que o

alto índice de ENP por obstrução nesta faixa de peso, pode estar relacionado também com

insuficiência numérica de pessoal capacitado para cuidado mais criterioso no que concerne as

boas praticas de humanização.

Em RNs de peso na faixa de 1000 a 1500 g, além de obstrução com 33,3% evidenciou-

se uma importante incidência de agitação (29,6%) entre os fatores causais. Em relação a

Page 40: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

39

obstrução os fatores determinantes foram os mesmos levantados anteriormente. Quanto à

agitação, resta claro que medidas e protocolos de contenção, reavaliação de analgesia e

sedação e cuidados humanizados de acordo com o método Canguru, poderiam minimizar as

ocorrências.

A população de maior incidência de ENP, entre 1500 a 1750g apresentou como causa

principal e de grande significância agitação (45,7%), levantando a hipótese que maior

mobilidade neuromotora nessa faixa etária, sedação ineficaz e falha na observação continua

do paciente critico e aos cuidados de contenção de RNs podem influenciar as ocorrências.

Os RNs com peso superior a 1750g apresentaram como fator de maior causa de

extubações obstrução em TOT (48%). Esse dado chamou atenção porque nessa faixa de peso

os RNs já apresentam maturidade pulmonar e drive respiratório para respiração espontânea,

sem necessidade de suporte ventilatório invasivo. A pequena faixa que, neste peso, necessita

de VM deve estar associada a síndromes genéticas ou doenças neurológicas. Mesmo assim,

nos parece que a presença efetiva de profissionais em adequação numérica e com capacidade

técnica satisfatória para cuidados em neonatologia contribuiria para atenuação desses eventos

adversos.

Evidenciou-se que a ausência de sedação adequada nos RNs que apresentaram ENP

comprovou as teorias discutidas na literatura sobre influencia da sedação em eventos

adversos, entre eles a ENP. Dentre os RNS com ENP, 74,2% não estavam sob sedação,

confirmando a literatura. Para Margotto (2013), apesar de a ventilação mecânica constituir

uma intervenção dolorosa e desconfortante, as evidências mostram que opióides devem ser

usados seletivamente, quando indicado pelo julgamento clínico e pelas avaliações dos

indicadores de dor, quando a dor e o estresse estão interferindo com o efetivo manuseio do

ventilador ou outro suporte vital e quando as medidas não farmacológicas foram falhas.

Não foi possível colher dados sobre o motivo do elevado índice de RNS sem efeito de

sedação. Sendo assim, não temos como avaliar se os RNS em questão estavam em processo

de desmame ventilatório ou a supressão de sedação foi uma escolha da equipe medica por

outros fatores, sugerindo que este dado deveria ter sido incluído entre as variáveis coletadas.

Entretanto, resta claro que o emprego de medidas de combate ao estresse como redução de

luminosidade e ruídos, contenção eficaz em ninho e observância rigorosa de RNs sem sedação

poderiam contribuir para a evitabilidade de ENP nessa população.

Ao analisar os dados levantados, verifica-se que dentre os pontos positivos

evidenciados pelo estudo estão o reconhecimento de dados referentes às extubações não

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40

programadas ocorridas em sua Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de Hospital de

Referencia, identificação dos fatores causais mais frequentes para ENP assim como

associação dos mesmos com Idade Gestacional e Peso. Foi possível também detectar que,

apesar de estar dentro dos padrões descritos em literatura, o índice de ENP pode ser

minimizado com medidas saneadoras de baixo custo como adequação e treinamento da

equipe. Dentre tais medidas estão o uso efetivo das técnicas de combate ao estresse e

contenção no método Canguru, além de implantação de sistematização de cuidados com

construção de protocolo de evitabilidade de Extubações não Programadas, a ser encaminhado

ao setor de Qualidade da FSCM PA, como forma de otimizar a segurança do paciente e o

processo de trabalho e a assistência a RNs internados.

Alguns pontos de dificuldade foram encontrados na realização do estudo e analise de

resultados, entre esses falta de algumas variáveis, que poderiam ter sido incluídas para

facilitar a ampla discussão das ENP, dentre as quais relação de diâmetro de TOT, relação de

adequação de quantitativo de pessoal, uso de técnicas de contenção e detalhamento de

sedação. Em algumas situações houve dificuldade de coleta de dados por falta de um

instrumento de notificação de ENP em UTIN onde se situou o estudo. A construção e

implantação de instrumento de notificação também seria pertinente.

Ao traçar perfil das ENP em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, de acordo com os

dados levantados, verificou-se que o índice de 16,75%, com media de 2,21/100 dias de VM,

está relacionado em sua maior proporcionalidade de risco em RN com IG entre 34 e 37

semanas, de peso entre 1500 a 1750g, sem sedação. O estudo demonstra coerência com a

literatura porem mostra que os índices encontrados podem ser melhorados, em especial por

conta do alto nível de fragilidade dos neonatos e pela previsibilidade de alguns fatores

condicionantes. Um dos caminhos para o aperfeiçoamento da assistência está em capacitações

e sistematização do serviço, conforme aponta Oliveira et al., (2012) que destacou que a

redução de índices de ENP em UTIN se deu em decorrência de um Programa de Treinamento

da Equipe Multiprofissional adotado como rotina do serviço.

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8 CONCLUSÃO

Após analise de dados referentes a recém-nascidos submetidos à entubação

orotraqueal internados na UTI neonatal em período de abril a novembro de 2016, concluiu-se

que:

a) A taxa de extubações não programadas na UTI Neonatal de Hospital de Referencia

Materno Infantil foi de 16,75%, com media de 2,21 a cada 100 dias de VM;

b) Houve identificação de relação de maior risco de ENP em RNS prematuros e de

baixo peso;

c) O perfil de maior proporcionalidade de risco está compreendido entre os RNs com

peso entre 1500 e 1750g e IG entre 31 e 37 semanas, sem sedação;

d) Dentre os fatores que contribuíram para a incidência de ENP encontrou-se

obstrução em TOT e agitação dentre os mais relevantes, seguidos por fixação

inadequada e manuseio;

e) Diante dos resultados foi construída uma proposta de Protocolo de Evitabilidade

de Extubações não Programadas, com ênfase na segurança do RN, objetivando

reduzir as atuais taxas de incidência, sensibilizar a equipe para a necessidade de

melhoria na assistência e a atenção segura ao RN;

f) Desta forma, espera-se que o cuidado no manuseio e a execução programada de

rotinas pela equipe multiprofissional de atenção e assistência em neonatologia seja

uma meta de planejamento de gestão, com finalidade principal de manter em

integridade a vida dos neonatos.

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REFERÊNCIAS

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aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

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Page 50: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO
Page 51: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

APÊNDICE A: PRODUTO

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ

DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E SAÚDE NA AMAZÔNIA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO E SERVIÇOS EM SAÚDE

APRESENTAÇÃO

A literatura especializada têm apontado muitos benefícios para a prática de protocolos

de assistência institucionais, entre os quais: maior segurança aos usuários e profissionais,

padronização de ações de cuidado, qualificação da equipe, facilidade para a incorporação de

novas tecnologias, racionalidade em alocação dos recursos disponíveis, controle dos custos e

redução de eventos adversos. Desta forma, após pesquisa quantitativa prospectiva realizada

entre abril e novembro de 2016, em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de Maternidade

de Referencia, a analise de resultados apontou a incidência de Extubações não programadas

em UTIN assim como seus fatores condicionantes e perfil de RN com maior suscetibilidade.

Após avaliação dos resultados, em pactuação com os objetivos propostos no estudo, foi

elaborada Proposta de Protocolo de Evitabilidade de ENP, com Ênfase na Segurança do

Paciente, a ser encaminhado ao setor de Qualidade da FSCMPA para incorporação nas

Unidades de Terapia Intensiva Neonatais.

OBJETIVOS DO PRODUTO

Otimizar o cuidado multiprofissional ao RN entubado em UTI Neonatal.

Melhorar a assistência e promover a segurança do paciente.

Reduzir a ocorrência de Extubações não programadas em UTIN.

Page 52: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

51

PROTOCOLO

UNIDADE NEONATAL Manuseio Ao Rn Entubado FL:

Setor: Terapia Intensiva e

Cuidados Intermediários

Revisão

1. OBJETIVO

Garantir o manuseio seguro e eficaz na assistência ao RN sob VMI, prevenindo

deslocamento de tubo orotraquel (TOT), evitando desta forma extubações ou ventilação

seletiva, durante trocas, curativos, coletas multiprofissional de material para exames e

intervenção de profissionais da equipe o.

2. ALCANCE

UTI E UCI NEONATAIS

3. EXECUTANTES

Equipe Multiprofissional

4. DEFINIÇÕES

Cuidados empregados pela equipe multiprofissional durante manuseio ao RN entubado,

quer seja durante trocas, higienização, procedimentos técnicos como curativos, aspiração,

coleta de material para exames, avaliações etc.

5. ETAPAS DO PROCEDIMENTO:

Lavar as mãos; Utilizar EPI´s; Calçar as luvas de procedimento ou estéreis quando

necessário; Explicar o procedimento ao responsável quando presente; Posicionar o RN em

decúbito adequado ao procedimento, preferencialmente dorsal, verificar o posicionamento e

fixação do TOT, realizar movimentos dentro de amplitude de movimento que não

tracionem o TOT ou a fixação, solicitar ajuda de outro profissional da equipe

multiprofissional se achar necessário para a segurança do procedimento. Avaliar a FR, FC,

Sato2 e padrão respiratório do RN; ao final, posicionar o RN adequadamente; O

procedimento deverá ser suspenso na presença de qualquer alteração hemodinâmica,

arritmias, respiratória e neurológica/ nível de consciência

PERIODOCIDADE: Sempre que for necessário mobilizar RN.

OBSERVAÇÕES: A mobilização deve ser usada com extremo cuidado nos RNS de baixo

peso e manuseio restrito. A equipe deve avaliar conjuntamente a necessidade e

periodicidade dos procedimentos.

MATERIAIS: EPI´s (equipamentos de proteção individual).

NEONATOLOGIA Cuidados com Fixação de Tubo

Orotraquel em RN

FL:

Setor: Terapia Intensiva e Cuidados

Intermediarios

Revisão

OBJETIVO

Manter a adequada fixação do tubo oro traqueal do RN como forma de prevenir extubações

acidentais e minimizar tanto a mobilidade do tubo quanto ventilações seletivas durante a

ventilação mecânica.

2. ALCANCE

UTI E UCI

3. EXECUTANTE

Equipe Multiprofissional (enfermeiros na execução, médicos, fisioterapeutas ou técnicos no

auxilio ao procedimento)

Page 53: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

52

4. DEFINIÇÕES

Método de Fixação de tubo orotraqueal a via aérea do RN.O fixador do Tubo orotraqueal

Neonatal deve ser confeccionado em adesivo hipoalérgico, e deve garantir a fixação

centralizada e adequada.

5. ETAPAS DO PROCEDIMENTO:

O procedimento de fixação ou troca de fixação de TOT deve ser realizado com presença de

dois profissionais, onde um posiciona o tubo e outro realiza a fixação como prevenção da

extubação acidental ou da mobilização inadvertida do TOT.

Lavar as mãos; Utilizar EPI´s; Calçar as luvas de procedimento para preparar

antecipadamente a fixação, e luvas estéreis no momento do procedimento; Explicar o

procedimento ao responsável; Posicionar o RN em decúbito dorsal e cabeceira no mínimo a

30º. O profissional auxiliar imobiliza com os dedos inseridos em cavidade oral, sustenta o

tubo e verifica a profundidade , através da regra de TOCHEN simplificada (6 + peso do RN

- regra aceita pela American Academy of Pediatrics), O enfermeiro posiciona a fixação

adesiva deve manter o tubo posicionado, aderindo o adesivo hipoalérgico ate a região

mediana das bochechas do RN. A fixação do tubo deve permitir a menor movimentação

possível do tubo, ser confortável para o RN, permitir higiene oral, preservar a pele íntegra.

Após o procedimento avaliar a entrada de ar de forma simétrica em ambos os pulmões

através de ausculta.

PERIODOCIDADE: Sempre que houve entubação orotraquel ou necessidade de troca de

troca de fixação, que deve ser avaliada diariamente levando-se em consideração higiene,

adesão a pele e presença de pontos soltos ou secreção.

OBSERVAÇÕES: No neonato o posicionamento e fixação adequados do tubo traqueal são

essenciais para a ventilação adequada de ambos os pulmões e prevenção de extubações não

programadas.

MATERIAIS: EPI´s, esparadrapo hipoalérgico ou fixador especifico.

NEONATLOGIA Aspiração Orotraqueal FL:

Setor: UTI E UCIN Revisão

1. OBJETIVO

Manter a permeabilidade das vias aéreas. Eliminar muco/secreção quando o RN não

consegue liberar de forma natural como em posicionamento no leito ou através de limpeza

de VAS com gases estéreis. Propiciar ventilação e melhora da troca gasosa e dos valores

gasométricos ou saturação de O2. Diminuir a pressão inspiratória máxima e a resistência

das vias aéreas ou aumento da complacência dinâmica.

2. ALCANCE

Enfermarias e CTI

3. EXECUTANTE

Fisioterapeuta, Enfermeiros e Médicos.

4. DEFINIÇÕES

A aspiração endotraqueal é um procedimento asséptico que consiste na remoção de

secreções do trato respiratório inferior através de uma sonda adaptada ao sistema de vácuo

Page 54: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

53

5. ETAPAS DO PROCEDIMENTO:

Escalar 2 profissionais para o procedimento. Separar o material, selecionar a sonda de

aspiração de acordo com o TOT ou cânula de TQT. Realizar a higienização das mãos.

Colocar máscara e óculos de proteção. Abrir a embalagem da luva estéril e a embalagem da

sonda de aspiração de forma que se possa colocar a sonda na porção estéril da embalagem

da luva. Avaliar a necessidade de aumentar a oferta de O2 temporariamente durante o

procedimento. Ligar a fonte de sucção (vácuo). Ajustar a pressão entre 50 – 100 mmHg ou

5-10 cmH2O. Calçar a luva estéril. Acoplar a extremidade da sonda ao tubo de aspiração

(procedimento executado pelo primeiro profissional). Segurar a sonda de aspiração com a

mão dominante, que permanecerá estéril durante todo o procedimento (primeiro

profissional). Realizar a mensuração da sonda de aspiração (segundo profissional):

Visualizar o tamanho do TOT/TQT observando o número que se encontra na extremidade

do tubo que está acoplado ao ventilador mecânico e evitar que a ponta do cateter ultrapasse

os limites da cânula e traumatize a mucosa. Desacoplar o sistema de ventilação mecânica

do TOT/TQT (segundo profissional). Instilar de 3 a 5 gotas de soro fisiológico a 0,9%,

diretamente da ampola, a fim de facilitar a remoção de secreções muito espessas (segundo

profissional). Introduzir a sonda de aspiração no TOT/TQT, mantendo a borracha do vácuo

clampeada, sem sucção, até o ponto previamente marcado (primeiro profissional). Liberar o

vácuo (desclampeamento) após a inserção da sonda no TOT/TQT (segundo profissional).

Proceder à aspiração, retirar a sonda com movimentos suaves e em rotação, por no máximo

10 segundos, observando a saturação de oxigênio (SpO2) durante o procedimento

(profissional). Acoplar o ventilador ao TOT ou TQT, retornando à ventilação mecânica

(segundo profissional). Realizar a ausculta pulmonar bilateral após a realização do

procedimento. Repetir as manobras até que se observe uma diminuição da quantidade de

secreção aspirada com efetiva melhora e estabilidade do RN. Desconectar a sonda de

aspiração da fonte de vácuo, descartá-la no lixo. Lavar o sistema de aspiração com água

destilada. Desligar o sistema de vácuo canalizado. Proteger a extremidade da borracha de

aspiração (fonte de sucção) com a tampa própria. Manter o RN em uma posição confortável

e organizado. Retornar a FiO2 anterior ao procedimento, gradativamente com reduções de

10 a 20%, conforme prescrito, caso seja possível. Avaliar a possibilidade de redução de

FiO2, após o procedimento, considerando a estabilidade do RN. Discutir a ação com a

equipe médica e de fisioterapia. Retirar as luvas e máscara. Realizar a higienização das

mãos. Retirar os óculos. Registrar o procedimento realizado, as características das secreções

e possíveis intercorrências ou alterações na estabilidade do RN.

PERIODOCIDADE: sempre que as seguintes situações forem observadas: Quando há

ausculta de sons pulmonares adventícios (roncos, estertores), na abolição de ausculta de

entrada de ar nos pulmões, redução da expansibilidade torácica sem justificativa clinica ou

aumento do pico da pressão inspiratória no ventilador mecânico. Quando a movimentação

de secreções é audível/visível durante a respiração. Quando há diminuição no volume

corrente durante a ventilação com pressão ou a deterioração da oxigenação demonstrada

pela queda na saturação de O2.

OBSERVAÇÕES:

CONTRA INDICAÇÕES: Nas primeiras 6 horas após administração do surfactante.

Broncoespasmos. RNs com tendências a sangramentos (relativa). Hipertensão pulmonar

grave e descompensada. Outras instabilidades clínicas que inviabilizem o procedimento.

MATERIAIS: EPI´s (equipamentos de proteção individual).

Page 55: ELINETH DA CONCEIÇÃO BRAGA VALENTE EXTUBAÇÃO NÃO

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REDIGIDO POR

REVISADO POR

APROVADO POR

VERSÃO

ORIGINAL

DATA

VIGÊNCIA

REVISÃO N° DATA VIGÊNCIA

Hospital de Referencia Materno

Infantil

Medidas de Redução de

Estresse

FL:

Setor: Unidade de Neonatologia Revisão

OBJETIVO

Diminuir os estímulos táteis desagradáveis. Diminuir os estímulos luminosos. Diminuir o

ruído Diminuir o manuseio e os movimentos bruscos. Acalmar o bebê. Agrupar cuidados,

respeitando os sinais do bebê. Organizar o sono. Utilizar cuidados de contenção

2. ALCANCE

UTI E UCI NEONATAIS

EXECUTANTE

Equipe Multiprofissional de assistência ao RN.

DEFINIÇÕES

Conjunto de medidas não farmacológicas que objetivam a organização do RN como forma

de prevenir ou reduzir estresse, agitação e possíveis repercussões dolorosas.

ETAPAS DO PROCEDIMENTO:

Planejar e organizar previamente os procedimentos. Realizar os procedimentos sempre que

possível e necessário em dupla. Racionalizar os procedimentos dolorosos – questionar a

real necessidade de cada um, em especial em RNs com indicação de cuidados restritos e sob

VMI. Usar o mínimo de fitas adesivas, removendo-as gentilmente. Realizar procedimentos

dolorosos por pessoa mais experiente. Respeitar o estado comportamental do bebê: caso

esteja em sono profundo (dura cerca de 20 minutos) avaliar se o procedimento é essencial

no momento ou pode aguardar. Se estiver protestando ou chorando, consolá-lo

completamente antes da realização do procedimento. Falar suavemente antes de tocar.

Posicionar e dar contenção elástica. Evitar mudanças súbitas de postura ou realizá-las com

o bebê bem aconchegado em flexão e com as mãos próximas à boca. No caso de RN sob

VMI, observar o posicionamento do TOT, evitando tracionamento. Minimizar todos os

outros estímulos. Executar o procedimento em etapas, permitindo a recuperação fisiológica

(FR, FC e Sat O2) e comportamental. Se possível, usar o decúbito lateral. Intercalar

períodos de descanso. Usar estratégias para o manejo do estresse e da dor. Dar suportes

necessários como sucção não nutritiva, contenção, a organização postural através do ninho,

da contenção facilitada e do enrolamento. Reduzir ruídos e iluminação sempre que possível.

PERIODOCIDADE: 24 horas por dia

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REVISADO POR

APROVADO POR

DATA REDAÇÃO

DATA REVISÃO DATA APROVAÇÃO

VERSÃO ORIGINAL DATA

VIGÊNCIA

REVISÃO N° DATA VIGÊNCIA

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ANEXO A – PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ

FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ

DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E SAÚDE NA AMAZÔNIA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO E SERVIÇOS EM SAÚDE

EXTUBAÇÃO NÃO PROGRAMADA EM UTI NEONATAL

PROTOCOLO DE COLETA DE DADOS

RN DE SEXO BE

UTI LEITO

DATA NASCIMENTO IDADE GESTACIONAL

PESO DATA INTERNAÇÃO

DATA IOT TEMPO DE VM

EXTUBAÇÃO PROGRAMADA HORA

APÓS EXTUBAÇÃO RN FOI CONDUZIDO A :

( ) REINTUBAÇÃO

( ) VNI/CPAP NASAL

( ) OXIHOOD

( ) O2 CIRCULANTE

DATA DA ENP HORA DA OCORRENCIA

CAUSA DA ENP

( ) OBSTRUÇÃO EM TOT

( ) AGITAÇÃO PSICOMOTORA

( ) FIXAÇÃO SOLTA

( ) MANUSEIO

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NO MOMENTO DA ENP RN ESTAVA EM SEDAÇÃO FARMACOLÓGICA?

( ) SIM

( ) NÃO

APÓS ENP RN FOI CONDUZIDO A :

( ) REINTUBAÇÃO

( ) VNI/CPAP NASAL

( ) OXIHOOD

( ) O2 CIRCULANTE

DATA DA COLETA / / RESPONSAVEL PELA COLETA ...............................................

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ANEXO B – PARECER CONSUBSTANCIADO DO

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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