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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ELABORAÇÃO DE PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS EM SAÚDE BASEADO EM INDICADORES SOCIAIS: O CASO DA CIDADE JOÃO PESSOA Geórgia de Sousa Ferreira Soares Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB Prof° Dr° Bruno Ferreira Frascaroli Professor do Departamento de Economia - UFPB RESUMO O município de João Pessoa, além de capital do estado da Paraíba, é sua maior e principal cidade. Destacada no turismo, possui vantagens em relação à capitais do centro sul do país, como ampla costa marítmica e proximidade com os continentes europeu e africano. Como tantas cidades brasileiras, enfrenta problemas na área da saúde, dentre os quais a concentração de usuários. Para suprir os déficits e engessamento do setor público, elencamos nesse trabalho alguns indicadores sociais com relações diretas e indiretas na saúde, e identificamos alguns órgãos e dispositivos públicos e privados com planos e disposição de interação com o setor da saúde. Palavras-chave: Captação de recursos. Indicadores sociais. Saúde. João Pessoa. 1 INTRODUÇÃO O município de João Pessoa é a capital do Estado da Paraíba, com uma área geográfica de 210,80 km², clima quente e úmido, localizado na porção mais oriental da Paraíba (Figura 1), limita-se ao norte com o município de Cabedelo; ao sul com o município do Conde; a leste

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA MUNICIPAL MODALIDADE A DISTÂNCIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ELABORAÇÃO DE PROJETOS PARA CAPTAÇÃO DE RECURSOS

EM SAÚDE BASEADO EM INDICADORES SOCIAIS: O CASO DA

CIDADE JOÃO PESSOA

Geórgia de Sousa Ferreira Soares

Pós-graduando lato sensu em Gestão Pública Municipal - UFPB

Prof° Dr° Bruno Ferreira Frascaroli Professor do Departamento de Economia - UFPB

RESUMO O município de João Pessoa, além de capital do estado da Paraíba, é sua maior e principal cidade. Destacada no turismo, possui vantagens em relação à capitais do centro sul do país, como ampla costa marítmica e proximidade com os continentes europeu e africano. Como tantas cidades brasileiras, enfrenta problemas na área da saúde, dentre os quais a concentração de usuários. Para suprir os déficits e engessamento do setor público, elencamos nesse trabalho alguns indicadores sociais com relações diretas e indiretas na saúde, e identificamos alguns órgãos e dispositivos públicos e privados com planos e disposição de interação com o setor da saúde. Palavras-chave: Captação de recursos. Indicadores sociais. Saúde. João Pessoa.

1 INTRODUÇÃO

O município de João Pessoa é a capital do Estado da Paraíba, com uma área geográfica

de 210,80 km², clima quente e úmido, localizado na porção mais oriental da Paraíba (Figura

1), limita-se ao norte com o município de Cabedelo; ao sul com o município do Conde; a leste

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com o Oceano Atlântico; e a oeste com os municípios de Bayeux pelo rio Sanhauá e Santa

Rita pelo rio Mumbaba.

João Pessoa é o centro de uma região metropolitana que inclui atualmente 8

municípios, e que tem mais de 1.000.000 de habitantes (IBGE, 2000). Se considerarmos

apenas o sentido geográfico do aglomerado de municípios de fluxos mais intensos e processos

de conurbação mais claros, teríamos o aglomerado formado, além da capital, pelos municípios

de Bayeux, com 96.198 habitantes; Cabedelo, com 51.865 habitantes; Conde, com 20.849

habitantes e Santa Rita, com 126.775 habitantes. Este aglomerado mais somaria a população

de 997.992 habitantes, segundo a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística -

IBGE.

O conhecimento sobre o tamanho e distribuição da população é de extrema

importância para os gestores municipais, proporcionando desta forma uma boa gestão do

gasto público de maneira que permita a diminuição dos gastos contribuindo para uma

melhoria nas políticas sociais, tais como: saúde, educação, renda, entre outras.

Figura 1- Localização dos principais municípios da Paraíba e destaque para a cidade de João Pessoa e seus barirros (site PMJP: Jampa em Mapas, 2011).

O único porto do estado e da região metropolitana situa-se no município de Cabedelo.

O aeroporto regional, recentemente reformado, localiza-se no município de Bayeux. Ambos

os municípios são vizinhos e conurbados com o município da Capital.

João Pessoa apresenta tanto patrimônio natural quanto patrimônio histórico e cultural.

Sua condição urbanística também mostra muita adequação e atratividade (Figura 2), com

recentes investimentos em um Centro de Convenções (em fase de construção) e a Estação

Ciência, esta última com um projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer.

3

Ainda referente a situação urbanística, a cidade também possui atrativos que a tornam

em situação privilegiada no âmbito nacional e global.

Figura 2 - Parte histórica do centro: Praça Antenor Navarro (Site: PMJP, 2011).

 

A economia da capital paraibana está interligada no seu comércio e indústria. A pesca

também é uma das principais atividades econômicas, além da extração de caju e de coco. Em

relação ao turismo existe um litoral privilegiado, com 30 km de praias (PMJP, 2011).

Estudos a respeito da eficiência em saúde vem elevando-se anualmente no cenário

internacional.(LAVADO; CABANA, 2009). O Relatório nº. 36601-BR (2007) do Banco

Mundial, que evidencia a Qualidade do Gasto Público e Gestão de Recursos no Sistema

Único de Saúde do Brasil, evidencia a sua preocupação com a eficiência do gasto em saúde,

focando que a qualidade do gasto em saúde se diferencia como o que proporciona o melhor

resultado possível.

A pertinência de se analisar a eficiência nos gastos do setor público torna-se evidente

para os países em desenvolvimento, onde os recursos públicos normalmente são insuficientes.

A partir do momento em que os serviços são fornecidos pelo poder público, a avaliação da

eficiência torna-se uma inevitável ferramenta de gestão; quando a ineficiência permanece os

usuários desses serviços sofrem. Para isso, uma das medidas necessárias é aumentar o aporte

de recursos nos diversos indicadores de saúde abordados que conduzirá o aumento no

desenvolvimento humano (LAVADO; CABANDA, 2009).

Segundo o IBGE (2009), a cidade de João Pessoa possui 2 estabelecimentos de saúde

federais, 15 estaduais, 135 municipais e 294 privados, possuindo uma participação relativa

deste último setor maior que o percentual paraibano e brasileiro. Tanto a Paraíba quanto o

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Brasil apresentam um maior percentual de estabelecimentos de saúde municipais que João

Pessoa, como mostrado na Figura 4.

Figura 4 – Censo dos estabelecimentos de saúde em João Pessoa-PB e comparação com os percentuais da Paraíba e Brasil (Fonte: IBGE, 2009).

A estrutura da saúde pública no Brasil conta também com atuação das secretarias

estaduais e municipais de saúde. A Constituição Federal de 1988 promoveu um importante

passo na garantia do direito à saúde com a criação do Sistema Único de Saúde, o SUS. Seus

princípios estão direcionados para a democratização nos serviços de saúde, que deixam de ser

restritos e passam a ser universais, deixam de ser centralizados e passam a ser norteados pela

descentralização, com os estados e municípios assumindo suas responsabilidades e

prerrogativas diante do SUS, bem como desenvolvendo ações que promovam à prevenção e à

promoção da saúde (BRASIL, 2011).

Segundo a Secretaria de Saúde de João Pessoa, dentro da construção da rede

progressiva de cuidados em saúde do município de João Pessoa, a Coordenadoria de Gestão

Hospitalar é responsável por promover a integração dos hospitais municipais dentro dessa

rede em construção, acompanhando os parâmetros de gestão, buscando melhor acolhimento e

maior resolutividade para as necessidades dos usuários que buscam socorro em situações de

urgência e emergência nos hospitais.

A rede hospitalar do município de João Pessoa é responsável pelo atendimento da

população da cidade, como também de todos os usuários do Sistema único de Saúde-SUS que

porventura necessitem de uma intervenção hospitalar. A cidade atende a uma demanda de

5

aproximadamente 50% de usuários de regiões circunvizinhas e até mesmo de outros estados.

Em João Pessoa, a rede hospitalar municipal é assim distribuída: Hospital Geral Santa Isabel,

Hospital Valentina Figueiredo, Instituto Cândida Vargas e Complexo Hospitalar Mangabeira.

A Gestão da Política de Saúde tem como objetivo promover a equidade na atenção

integral à saúde, aperfeiçoar os mecanismos de financiamento reduzindo as desigualdades

regionais e ampliando o acesso da população a ações e serviços de qualidade, oportunos e

humanizados.

Um aspecto a ser abordado neste tema é que muitos municípios não possuem pessoas

capacitadas para elaborar projetos para captar recursos e desconhecem também os órgãos de

fomentos os quais devem recorrer. É sabido que o poder público sozinho não consegue acabar

ou resolver todos os problemas do município. Nos dias atuais, os grupos organizados têm

demonstrado uma grande eficácia no poder de ação e através da procura de parcerias,

conseguem financiamentos para seus projetos.

Diante deste cenário objetiva-se elencar fontes e definir estratégias para elaboração de

projetos para captação de recursos em saúde a partir de indicadores sociais, identificando os

principais problemas englobando saúde, educação e renda do município de João Pessoa, e

com isso identificar parcerias para a resolução destes problemas. Essas parcerias podem ser

buscadas dentro do próprio município, com o poder público, com o comércio e outras

parcerias como órgãos de fomento em âmbito nacional (Federal e Estadual), Universidades,

entre outros.

2 FUNDAMENTAÇÃO

2.1 Indicadores sociais

Indicadores sociais são ferramentas de avaliação quantitativa, obtidas aplicando-se

métodos estatísticos de seleção e classificação de variáveis, de modo a expressar um aspecto

social aparentemente isolado e qualitativo numa expressão matemática, que deve ser

interpretada de maneira científica e política, de forma ilustrativa ou para tomadas de decisão.

Nesse sentido, os indicadores sociais devem ser continuamente atualizados, permitindo o

ajuste dinâmico das equações que os predizem (podendo incluir a variável "tempo"), de modo

que as políticas adotadas para a melhoria de qualidade social sejam as mais adequadas

possíveis, antecipando-se a fenômenos não detectados imediatamente por análises

qualitativas.

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O caráter multifatorial que levam à composição dos indicadores sociais já é fato

consolidado (OMS, 2010). Para os leigos no assunto, indicadores sociais seriam uma medida

direta da condição econômica de uma população, justificando o fato de que os indicadores

econômicos foram os primeiros a serem definidos e usados para medir o desenvolvimento de

Estados em termos do seu desempenho econômico. Tais indicadores eram modestos do ponto

de vista matemático, e apenas com a aplicação de modelos estatísticos mais robustos,

passaram a tratar sistemas complexos.

Mesmo com sofisticados modelos de predição e descrição econômica de países,

observou-se que os mesmos não eram capazes de descreverem sozinhos aspectos relacionados

à qualidade de vida das referidas populações. Informações como: expectativa de vida, taxa de

mortalidade, taxa de mortalidade infantil, taxa de analfabetismo, renda nacional bruta, saúde,

alimentação, acesso à saúde, condições médico-sanitárias, acesso aos consumos, dentre

inúmeros outros, compõem indicadores sociais aceitos na atualidade.

Ao longo das últimas décadas, a Organização das Nações Unidas-ONU no seu

Relatório de Desenvolvimento Humano, vem introduzindo novas medidas para avaliar o

progresso na redução da pobreza e as diferenças de gênero. Esses índices são (ONU, 2011):

• Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): mede as realizações médias de um país

em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável,

acesso ao conhecimento e um padrão de vida decente.

• Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado pela Desigualdade (IDHAD): ajusta

o IDH pela desigualdade na distribuição de cada dimensão entre a população. O

IDHAD é igual ao IDH quando não há desigualdade entre as pessoas, mas é menor do

que o IDH com o aumento da desigualdade. Assim, o IDHAD pode ser visto como o

nível real de desenvolvimento humano (responsável por essa desigualdade), enquanto

o IDH pode ser visto como um desenvolvimento "potencial" humano, pois refere-se ao

máximo que aquela população teria se dela fosse excluída a desigualdade entre seus

indivíduos. A "perda" pela desigualdade pode ser obtida pela diferença entre esses

dois índices e expresso como porcentagem. A título de ilustração, o Brasil cai 13

posições no ranking da ONU quando o IDH é ajustado pela desigualdade.

• Índice de Desigualdade de Gênero (IDG): reflete a perda no desenvolvimento

humano devido à desigualdade entre realizações femininas e masculinas sob três

dimensões: saúde reprodutiva, ampliação de poderes (empowerment) e mercado de

trabalho. O IDG varia de 0 (homens e mulheres exatamente no mesmo pé de

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igualdade) a 1 (indica que as mulheres sairão tão mal quanto possível para todas as

medidas possíveis nas três dimensões).

• Índice de Pobreza Multidimensional (IPM): reflete múltiplas privações a nível

individual em saúde, educação e padrão de vida. Ele difere do IDHAD no que tange ao

banco de dados utilizado, sendo nesse caso um banco de micro dados de pesquisas

domiciliares, onde cada pessoa em uma mesma casa pode ser classificada como pobre

ou não pobre, dependendo das privações individuais. Esses dados são posteriormente

agregados na medida nacional de pobreza.

Consonante ao Brasil, temos na Tabela 1 os respectivos índices, seguido das posições

e informações sobre países bem posicionados e alguns vizinhos próximos do Mercosul. A

tabela completa pode ser observada nos relatórios da ONU de 2011.

Tabela 1 - Índices de Desenvolvimento Humano da ONU.

País Classificação IDH IDH (posição) IDHAD (perda %) IDG (posição)

Noruega Muito Alto 0.943 (1º) 0.890 (5.6) 0.075(6º)

EUA Muito Alto 0.910 (4º) 0.771 (15.3) 0.299(47º)

Japão Muito Alto 0.901 (12º) - 0.123(14º)

Argentino Muito Alto 0.797 (45º) 0.641 (19.5) 0.372(67º)

Uruguai Alto 0.783 (48º) 0.654 (16.4) 0.352(62º)

Cuba Alto 0.776 (51º) - 0.337(58º)

Rússia Alto 0.755 (66º) 0.670 (11.3) 0.338(59º)

Brasil Alto 0.718 (84º) 0.519 (27.7) 0.449(80º)

Paraguai Médio 0.665 (107º) 0.505 (24.0) 0.476(87º)

Bolívia Médio 0.663 (108º) 0.437 (34.1) 0.476(88º)

Fonte: Relatórios da ONU, 2011.

Na Figura 5 são mostradas as evoluções no IDH e índices como Educação, Saúde e

Renda nos períodos de 1980 a 2011 em escala mundial, incluindo todos os afiliados da ONU,

com destaque para o país com maior potencial de desenvolvimento humano (Noruega), o

menor do ranking (Congo) e o Brasil. Observa-se um considerável avanço a nível global,

principalmente em educação, enquanto que saúde e renda apresentaram menores saltos, em

geral.

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Figura 5 – Evolução do IDH e indicadores de educação, saúde e renda no período de 1980 a 2011. Em destaque o Brasil em verde, Congo em vermelho e Noruega em Azul (Fonte: PNUD, 2011).

A nível municipal, existem alguns índices que permitem de certa forma entender e

separar fatores em escala global ou nacional do cenário municipal, como o IDH-M e o IFDM.

Este último é um índice desenvolvido pela FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do

Rio de Janeiro.

2.2 Fontes de captação de recursos para Saúde

Nos dias atuais, a expressão “mobilização de recursos”, que tem um sentido mais

amplo do que “captação de recursos”, atende melhor a conceituação que o setor envolve.

“Mobilizar recursos” não significa apenas assegurar recursos novos ou adicionais, mas

também otimizar os recursos existentes (aumento da eficácia e eficiência dos planos);

conquistar novas parcerias e encontrar fontes alternativas de recursos financeiros. O termo

recursos pode ser utilizado para representar recursos financeiros ou pessoas (recursos

humanos), materiais e serviços (SPEAK; MCBRIDE; SHIPLEY, 2002).

Os recursos, físicos e humanos devem ser captados e mobilizados de forma eficiente,

envolvendo os seguintes aspectos: análise, planejamento, pesquisa de fonte de recursos e

estratégias de captação de recursos.

O início do processo de captação deve conter um profissional capacitado para

desenvolver da melhor maneira um plano de captação. É perceptível que a teoria sobre a

captação de recursos vem se desenvolvendo muito no Brasil nos últimos anos. Em relação às

9

fontes de recursos, estas podem ser provenientes de empresas, fundações, pessoas, agências

internacionais de financiamento, instituições locais, governo, venda de serviços e eventos

(DIMENSTEIN, 2005).

Segundo Cicca (2009), é de grande relevância mencionar que para a saúde da

organização devem-se captar recursos de diferentes fontes e que nenhuma delas represente

60% ou mais da receita. As estratégias de captação de recursos devem ser aplicadas de acordo

com o tipo de fonte, que podem ser institucionais, empresariais, ou individuais.

Desta forma, Dimenstein (2005) destaca que a captação de recursos deve se pautar em

alguns princípios básicos, quais sejam:

i. definição exata da verba necessária para realizar a ação;

ii. pesquisa dos potenciais doadores;

iii. levantamento dos contatos no entorno da entidade;

iv. confecção de uma lista ou banco de dados;

v. elaboração de uma proposta bem estruturada, com orçamento;

vi. montagem de uma apresentação sobre a proposta;

vii. abordagem clara e objetiva;

viii. realização de contato de retorno;

ix. encaminhamento de agradecimento;

x. prestação de contas.

Speak, Mcbride e Shipley (2002) compreendem que um plano de captação deve conter

as diretrizes para direcionar as ações. Desta forma, a missão da organização é o ponto de

partida para a construção do plano de captação.

Infelizmente muitos municípios não possuem corpo técnico capaz de montar um

projeto e os mesmos precisam captar recursos financeiros, mas não conseguem elaborar um

projeto adequadamente por ausência de pessoal qualificado, inviabilizando, desta forma, a

captação de recursos.

Para formação e capacitação de recursos em saúde, são necessários mecanismos de

articulação entre setores de desenvolvimento de recursos humanos do SUS, órgãos de

fomento e instituições de ensino e de educação, de maneira a garantir a formação e

capacitação de profissionais de saúde, gestores e pesquisadores. É de extrema importância

identificar a demanda de recursos humanos motivados pelas prioridades de pesquisa e

desenvolvimento tecnológico e pelos processos de aplicação do conhecimento e incorporação

de tecnologias no sistema de saúde (BRASIL, 2001).

10

As três principais fontes de recursos são: recursos governamentais (próprios ou

transferidos), renda gerada pela venda de serviços e recursos captados através de doações (de

indivíduos ou instituições).

É importante para os profissionais e gerentes locais conhecerem a situação

epidemiológica da comunidade, suas demandas e sua condição de vida, no momento da

organização das ações básicas que responderão às necessidades regionais.

Um dos grandes desafios para qualidade em saúde é a definição de responsabilidades

entre trabalhadores e as instituições de saúde, pressupondo a autonomia e o envolvimento

para atender os problemas de saúde da população. A necessária conformidade da Política de

Gestão do Trabalho com os princípios do SUS, implica a ampliação da descentralização, o

respeito à autonomia das diferentes esferas de gestão. Requer, finalmente, a construção de

estratégias políticas inovadoras para ampliar a relação entre gestores, trabalhadores e usuários

do SUS e promover a reorganização do processo de trabalho e a instituição da gestão

democrática (PLANO NACIONAL DE SAÚDE, 2001).

A política na assistência de saúde no Brasil encontra-se dividida em linhas principais

de ação nas quais a é baseada “na criação de estruturas permanentes que visam à integração

de ações de distintas instâncias de governo e da sociedade”, é caracterizada pelas ações de

caráter emergencial, para atender problemas de saúde mais evidentes, preconizando a

promoção de ações eficazes e eficientes no curto prazo, com ênfase na ação “em si mesma” e

no processo de mobilização social e em captação de recursos para garantir o funcionamento

da estrutura já existente (PLANO NACIONAL DE SAÚDE, 2001).

2.3 Estratégias para captação de recursos

Projetos sociais têm relação direta com a captação de recursos, pois bons projetos

trazem recursos para ação social como contrapartida. Tais projetos são resultado de avançada

relação entre governo e sociedade civil, modificando o paradigma tradicional onde os gestores

públicos não ouviam as partes diretamente beneficiadas com os recursos. Essa mudança levou

a modificação ao longo do tempo das relações de implementação de políticas sociais e o

avanço das articulações governo/sociedade civil, caracterizando um verdadeiro processo de

democratização da gestão de recursos.

Atualmente, o governo federal possui vários projetos no âmbito social, com repasses

para estados, municípios,Organizações Não Governamentais- ONGs e empresas privadas, ou

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projetos em outras áreas, mas com contrapartida com esse caráter, gerando uma

descentralização do Estado e reduzindo as barreiras de desigualdade social no país.

Define-se Projetos Sociais como ferramentas de ação que delimitam uma intervenção

quanto aos objetivos, metas, formas de atuação, prazos, responsabilidades e avaliação.

Projetos sociais são uma forma de organizar ações para transformar determinada realidade

social ou alguma instituição.

Alguns riscos são inerentes aos projetos sociais, como a fragmentação das ações, a

excessiva dependência, a falta de legitimidade ou representatividade, indefinição de

responsabilidades e méritos, descontinuidade de ações e pessoas, baixo controle da

efetividade das ações e dificuldade de interpretar desdobramentos.

Dentre as tendências e desafios dos projetos sociais pode-se elencar: gestão

compartilhada, ênfase na ação local, articulação entre esferas de governo (união, estados e

municípios), gestão em rede, flexibilização de programas e serviços, participação social nas

decisões, controle e execução de projetos ou programas.

Para enfrentar esses desafios, o gestor dos recursos deve ter compreensão dos

contextos políticos, sociais e institucionais, capacidade de comunicação e negociação, de

definir, delegar e cobrar responsabilidades. Ainda faz-se necessário agilidade de avaliação,

propor mudanças, motivar pessoas, administrar conflitos e frustrações, ou seja, capacidade de

gerenciamento global, além da capacidade de valorizar e promover a visibilidade do projeto e

seus resultados.

Entretanto, um bom gestor isolado não é capaz de realizar ou dirigir um projeto. Faz-

se necessária organização de uma equipe com pessoas apitas, boa articulação política e social

no contexto de aplicação do projeto, visibilidade e sustentabilidade, e principalmente

transparência.

Em nível de articulação um projeto se relaciona com a captação de recursos

financeiros e a articulação global de políticas. Diversos órgãos de fomento e parceiros podem

tornar praticável um projeto para saúde (lembrando que saúde engloba o completo bem-estar

físico, psíquico e social), como doadores privados, associações, agências de cooperação,

fundos de investimento, bancos, igrejas, universidades e centros de ensino, pesquisa e

extensão entre outros. É importante perceber as condições de possíveis financiadores e as

relações políticas decorrentes destes possíveis apoios. Deve haver um equilíbrio entre

captação de recursos financeiros e articulação de parcerias em torno do projeto. Assim, as

articulações em torno de políticas públicas têm sua importância relacionada com a construção

de projetos em comum, o que implica nas definições em torno da missão de cada organização.

12

A mediação e articulação podem envolver organizações não-governamentais,

organizações sociais ou comunitárias, organismos públicos e redes solidárias. Os primeiros

passos na captação de recursos para saúde com base em indicadores sociais pode ser feita

elencando: necessidades da população; quais necessidades se traduzem em demandas; quais

as prioridades; quais as potencialidades de organização; como podem ser organizadas as

reivindicações; quais personagens e agentes podem apoiar as ações e quais destes se opões ao

projeto; quem pode ser conquistado para o projeto; viabilidade do projeto.

No contexto da viabilidade do projeto, deve-se observar os aspectos econômicos tais

como: identificação de fontes de financiamento, conhecimento dos procedimentos e condições

das fontes de recursos, negociação de visões, expectativas e formatos entre financiadores,

financiados e beneficiários, e indicação das possibilidades da comunidade..

Na fase de captação, deve-se fundamentar o porquê de o projeto ser implementado,

apresentando-se a relação do mesmo com problemas sociais importantes, destacando os seus

benefícios à população, ressaltar a qualificação da organização e destacar o papel estratégico

do projeto.

Quanto ao orçamento, o mesmo deve conter todas as ações do projeto. Em mão dupla,

tudo que for calculado deve fazer parte do projeto. Pontos relevantes merecem evidência:

deve estar atento às condições de financiadores; deve ser objetivo em relação aos gastos; deve

ser detalhado e claro quanto aos gastos e receitas; quando possível, indicar contrapartidas;

fontes de contribuição local são importantes; quando possível, indicar possibilidades de

sustentação própria; citar outros apoios recebidos e outras fontes em negociação.

3 METODOLOGIA

Para o levantamento da literatura, realizou-se consulta nas seguintes bases de dados:

Ministério do Planejamento e da Saúde, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências

da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (Medline),

Google acadêmico, nos sites de órgãos internacionais, nacionais e estaduais: organização

Mundial de Saúde (OMS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e

Organização das Nações Unidas (ONU).

Os critérios de inserção estabelecidos para a seleção dos artigos foram: artigos

publicados em português, inglês e espanhol; artigos na íntegra que abordassem a temática

referente à revisão e artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos últimos

dez anos. Para a síntese dos dados extraídos dos artigos foram realizadas de forma descritiva,

13

permitindo narrar com a finalidade de reunir o conhecimento produzido sobre o tema

abordado na revisão.

Nesse trabalho foram utilizados os indicadores sociais IDH-M e IFDM do município

de João Pessoa, como parâmetro do desenvolvimento socioeconômico e outros bancos de

dados como o DATASUS, Sistemas de Informação sobre Mortalidade (SIM), IBGE e

Ministério da Educação (Senso Escolar).

A partir desses dados, serão discutidas estratégias que mostrem o impacto de fatores

sociais sobre os gastos em saúde, de modo a gerar captação de recursos para essa área, como o

indicador de Óbitos por Causas Mal Definidas, que está relacionado ao acesso aos serviços

básicos de saúde, pois permite inferir a cerca da qualidade da atenção médica, que, em geral,

varia na mesma direção das variações da qualidade no preenchimento das declarações de

óbito (IBGE, 2009).

4 RESULTADOS

Em relação ao município de João Pessoa, alguns indicadores do índice IDH-M nos

anos de 1991 e 2000 são mostrados na Tabela 2.

Tabela 2 - Índices de Desenvolvimento Humano da ONU.

Índice 1991 2000 Variação (%)

IDH-M 0,719 0,783 + 8,9

IDH-M Renda 0,693 0,743 + 7,2

IDH-M Longevidade 0,660 0,720 + 9,1

IDH-M Educação 0,803 0,885 + 10,2 Fonte: Relatórios PNUD/ONU 2000

Embora não estejam disponíveis dados da década corrente, foi possível verificar um

aumento discreto em todos os indicadores do IDH-M, como renda, longevidade e educação,

seguindo a tendência nacional, como visto na Figura 5. O maior ganho percentual e em

valores absolutos foi para o indicador de educação.

Apesar de não possuirmos os indicadores relacionados à saúde para esse período,

sabe-se que os aumentos nas taxas de alfabetização e tempo de estudo de uma população

14

refletem em medidas de saúde pública, como redução nos casos de gravidez precoce (abaixo

dos 20 anos), número de filhos, ciência de hábitos de saúde em geral, entre outros.

No ano 2000, o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH do município de João

Pessoa estava calculado em 0,783, estando situado um pouco acima do índice nacional

(0,766). Entre as capitais do Nordeste, ocupava um índice intermediário, superado apenas

pelas 3 metrópoles regionais (Salvador, Recife e Fortaleza) e pelas capitais Aracaju e Natal.

Entre as capitais de porte médio nacional, entre os anos de 1991 e 2000 a cidade foi a que

mais cresceu no seu índice de desenvolvimento humano.

Atualmente, o índice nacional é de 0,813, já considerado um índice alto, uma vez que

a faixa entre 0,800 e 1,000 é considerada faixa de alto IDH, e o índice da cidade deve estar

situado na faixa entre 0,820 e 0,830, podendo ser calculado mais precisamente após o Censo

2010.

Outro índice pesquisado foi o índice FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do

Rio de Janeiro - de Desenvolvimento Municipal (IFDM). A atualização desse índice provém

de um estudo anual do Sistema FIRJAN que acompanha o desenvolvimento de todos os 5.564

municípios brasileiros em três áreas: Emprego & Renda, Educação e Saúde.

Ele é elaborado, exclusivamente, com base em estatísticas públicas oficiais,

disponibilizadas pelos ministérios do Trabalho, Educação e Saúde. Para o município de João

Pessoa, o IFDM é mostrado junto com os indicadores na Figura 6.

Figura 6 – IFDM e indicadores de educação, saúde e emprego e renda no período no ano de 2009 (Fonte: FIRJAN, 2011).

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Diferentemente do IDH-M, o IFDM aponta uma maior tendência de crescimento para

emprego e renda, em detrimento à educação. Além dos dados serem referentes a anos

diferentes, a base de cálculo de cada índice é diferente, podendo superestimas ou subestimar

alguns indicadores.

De modo simplificado, o IFDM varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o

desenvolvimento da localidade. Além disso, sua metodologia possibilita determinar, com

precisão, se a melhora relativa ocorrida em determinado município decorre da adoção de

políticas específicas ou se o resultado obtido é apenas reflexo da queda dos demais

municípios, envolvidos em um cenário globalizado ou de políticas nacionais.

Na Figura 7 observa-se uma discreta melhoria do IFDM no período de 2000 a 2009 no

município de João Pessoa, com um pequena variação negativa nos anos de 2007 e 2008.

Figura 7 – Evolução anual do IFDM e dos indicadores de educação, saúde e emprego e renda no período no ano de 2000 a 2009 (Fonte: FIRJAN, 2011).

16

A análise considerando o tempo é mais fidedigna que uma análise pontual, onde

inúmeros fatores podem convergir para um aumento o diminuição brusca dos índices sociais.

Observa-se na Figura 7 que houve uma queda no índice de emprego e renda de 2007 e

2008 em relação a 2006, possivelmente decorrente da crise econômica de 2008-2011, também

chamada de Grande Recessão. Haja vista a globalização dos mercados, o desdobramento da

crise financeira internacional, precipitada pela falência do tradicional banco de investimento

estadunidense Lehman Brothers, fundado em 1850, gerou um efeito dominó, onde outras

grandes instituições financeiras quebraram, gerando desaceleração da economia mundial, com

menor impacto no Brasil. O mesmo decréscimo na disponibilidade de emprego e renda

também pode ser observado para outros municípios no mesmo período (FIRJAN, 2011)

A relação entre saúde, emprego e renda pode refletir efeitos mais elásticos no longo

prazo devido a maior demanda da máquina pública com a diminuição da condição sócio-

econômica de uma população. Esse ponto, associado às estatísticas relacionadas a doenças do

mundo subdesenvolvido, deve ser um ponto-chave para a captação de recursos quando

eventos dessa natureza são observados. Assim, medidas de saúde pública e os investimentos

no setor da Atenção Básica de Saúde devem ser voltadas (bairro a bairro) para áreas de

expansão suburbana sem estrutura adequada. Para os setores da cidade onde os índices de

desenvolvimento mostram-se maiores em valores absolutos (onde os ganhos percentuais ao

longo dos anos podem não ser determinantes para a classificação), outras medidas de saúde-

pública podem ser adotadas, deslocando recursos humanos (profissionais de saúde)

especializados em doenças negligenciáveis para o subúrbio.

Segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) municipal em 2007 atingiu R$

6.760.023.000,00, o que significava um PIB per capita médio de R$ 10.018,00, para o mesmo

ano.A renda nominal média mensal das pessoas residentes, no ano 2000 foi de R$ 684,75,

mas segundo a evolução verificada no período a renda média mensal atualmente está superior

aos R$ 900,00. Contudo, são índices que apresentam grandes desigualdades entre os

segmentos da sociedade e entre os bairros de alta renda e os de baixa renda. Os bairros de alta

renda atingem atualmente níveis de renda per capita média superior aos R$ 3.000,00,

enquanto os bairros de menor renda não chegam a 50% do atual salário mínimo.

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Figura 8 – Taxa de desemprego da população de 15 anos ou mais em 2000. (Fonte: Atlas Municipal de Desenvolvimento Humano, 2008).

Vale ressaltar que o destacamento de bairros da cidade com relação a renda superior à

média não pode ser critério de ausência do estado frente a seus deveres impostos pela

Constituição mais recente. Quando isso ocorre, observa-se a substituição de atividades

precípuas do estado sendo realizados e supridos pelo setor privado. O problema maior é

observado (não só em João Pessoa) quando o poder público se ausenta de regiões onde a

população não tem condições financeiras para acessar dispositivos de saúde e educação a que

têm direito. Na região metropolitana de João Pessoa, isso é observado pelo grau de

concentração de atendimentos especializados sob um mesmo ponto de referência, atraindo

pacientes de várias localidades, que não apresentam os comprovantes de residência e

encaminhamento dos municípios provenientes para que os mesmos repassem os recursos à

João Pessoa, ocasionando em uma população virtualmente aumentada na capital do estado.

Em relação à saúde, o IFDM – Saúde foca na saúde básica e utiliza bancos de dados

considerados pelos especialistas como relevantes e confiáveis, como os bancos de dados dos

Sistemas de Informação sobre Mortalidade (SIM) e os bancos de dados sobre Nascidos Vivos

(SINASC). Os indicadores variáveis são muito locais para evitar elevados graus de exigência

para todos os municípios do Brasil. Esses indicares básicos são:

• Quantidade de Consultas Pré-Natal = 33,33%

• Taxa de Óbitos Mal-Definidos = 33,33%

• Taxa de Óbitos Infantis por Causas Evitáveis = 33,33%

Considerando a importância que o financiamento da saúde (SUS) é, em parte, regido

pela Emenda Constitucional 29/2000. Nela estão definidos os limites mínimos que cada esfera

de governo deve investir em saúde: a União investe o equivalente ao do ano anterior mais a

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variação do PIB nominal, que considera a inflação (aproximadamente 1,75% do PIB); o

estado 12% e o município 15% dos recursos próprios.

Acompanhando a evolução dos gastos com a saúde, no município de João Pessoa,

observa-se que ela vem sendo crescente e acumulou de 2004 a 2009, um aumento de 242% de

investimentos com recursos próprios.

O investimento com recursos próprios, associados com plenárias do programa

municipal de Orçamento Democrático, permitiram a expansão do número de unidades de

saúde em João Pessoa (Figura 9).

Figura 9 – Distribuição das unidades de saúde do município de João Pessoa (Fonte: GeoMapas/PMJP, 2011).

Quanto a educação, é perceptível uma grande evolução, com progressos na taxa de

alfabetização e na escolaridade das ultimas gerações em relação às anteriores. Verifica-se

ainda que apesar da carência econômica de algumas secções da sociedade, várias famílias de

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baixa renda mantêm seus filhos estudando, onde um dos fatores contribuintes foi o programa

bolsa-escola e bolsa-família.

Pela Figura 7 observa-se que João Pessoa avançou 1 nível no IFDM-Educação em

uma década. A taxa de analfabetismo media foi de 13,76% menor, abaixo do índice médio

brasileiro de 17,6% segundo a pesquisa do INEP (2001) e melhor que o índice médio da

região Nordeste (28,7%).

Desta forma, dados internos da Prefeitura Municipal mostram que os índices revelam

uma grande diferença entre os bairros, com bairros de maior renda, apresentando índices de

analfabetismo até menores que 2% como os municípios brasileiros de maior índice de

escolaridade (Niterói, São Caetano, Santos, Florianópolis, etc.). Ao mesmo tempo, os bairros

periféricos de baixa renda, particularmente os bairros da borda semi-rural chegam a índices

próximos de 50%.

Na Figura 10 é mostrada a distribuição espacial das unidades educacionais do

município de João Pessoa.

Figura 10 – Distribuição das unidades de educação do município de João Pessoa (Fonte: GeoMapas/PMJP, 2011).

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Pela definição da OMS, “saúde é o completo bem-estar físico, psíquico e social”, o

que justifica a mobilização de recursos para atividades não apenas de saúde na forma de

postos de atendimento, mas também como medidas de prevenção associadas ao bem-estar

social. Recentemente a prefeitura de João Pessoa seguiu o modelo adotados em outras cidades

do Brasil no que tange à reestruturação de praças públicas, incluindo pistas de caminhada,

equipamentos de musculação e alongamento e a contratação de educadores físicos para

orientação de atividades e recreação. Essa é uma vertente a ser explorada dentro do conceito

de indicadores sociais e de qualidade de saúde de uma população. Estudos diversos apontam

na melhoria da qualidade de vida, tempo de redução de internação e redução do número de

internações por ano para pessoas que praticam atividade física.

Diante dos indicadores apresentados, diretamente entrelaçados no que concerne

educação, saúde e emprego e renda, podemos elencar algumas instituições nacionais

(públicas, privadas ou sem fins lucrativos) financiadoras de projetos cujos pré-requisitos

residem muitas vezes em contrapartidas sociais ou mesmo podem ser usadas como fontes de

recursos humanos (e.g. Universidades que disponibilizam seus estudantes para projetos de

extensão em saúde e educação). São elas (MELO 2007):

• Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

• Embaixadas da Alemanha, Canadá, Reino Unido

• Fundação Abrinq

• Fundação José Silveira

• Grupo de Institutos Fundações Empresas

• Instituto Alcoa

• Instituto CREDICARD

• Ministério da Saúde – SUS

• PETROBRAS

• UNICEF

• VOLKSWAGEM Brasil

• BROT FUR DIE WELT – PÃO PARA O MUNDO

• CATHOLIC RELIEF SERVICES – CRS

• CHEVRON OVERSEAS PETROLEUM

• DUPONT

• GENERAL MOTORS

• JOHNSON&JOHNSON

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• USAID – Estados Unidos

• Universidades e Centros de Pesquisas; Farmácias-Escola; Clínicas-Escola; Projetos de

Extensão, etc

Cada órgão, instituto, fundação ou empresa acima citada possui suas próprios editais

voltados para inúmeras áreas, dentre elas a saúde, ou apenas uma área, como o Ministério da

Saúde.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do cenário exposto nesse trabalho, percebemos que a utilização de indicadores

sociais que compõem e consolidados índices sociais para municípios podem ser utilizados

como fonte de ancoramento para captação e mobilização de recursos para saúde.

As variáveis que podem oferecer parâmetros têm grande relevância para medir o

sucesso ou o fracasso de um projeto, seja em relação à consecução dos objetivos e metas

definidos em seu próprio escopo, seja comparativamente a projetos similares já desenvolvidos

ou em desenvolvimento no enfrentamento da mesma problemática.

Assim a correlação e entrelaçamento de indicadores sociais com os de saúde, educação

e emprego e renda, permite a mobilização de recursos junto aos órgãos financiadores e a

posterior prestação de contas por meio da sua avaliação e atualização continuada, permitindo

inferir a cerca de medidas de cunho local.

Os indicadores sociais podem atuar, portanto, como uma fonte adicional para se

recorrer em uma elaboração de projetos para captação de recursos em saúde, em vez de

apenas os próprios indicadores em saúde.

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Geórgia de Sousa Ferreira Soares

Possui Graduação em Nutrição pela Universidade Federal da Paraíba (2004). Especialista em Nutrição Clínica Funcional pela UNIP-São Paulo/SP(2006), Especialista em Saúde Pública (2007) e Especialista em Gestão Pública (2011) Departamento de Economia pela Universidade Federal da Paraíba com ênfase em Elaboração de Projetos para Captação de Recursos em Saúde. Mestre em Ciências da Nutrição (2010) pela Universidade Federal da Paraíba com ênfase em Caracterização e Purificação de Proteínas, Atividade Antiinflamatória e Pró-inflamatória. Atualmente é doutoranda bolsista CNPq em Ciências da Nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco na área de Fisiologia e Nutrição, com concentração em Neurofisiologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Neurofisiologia, Desnutrição e desenvolvimento fisiológico, Depressão alastrante cortical, Nutrição e neurotransmissores, Neurofarmacologia e Nutrição.

Email: [email protected]

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REFERÊNCIAS

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