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Caminhos Tropeços e... Conquistas Gravidez: Depoimentos de casais que contam como venceram as dificuldades de engravidar Dr. ARNALDO SCHIZZI CAMBIAGHI versao final_Layout 1 22/04/13 08:07 Page 1

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CaminhosTropeços e...Conquistas

Gravidez:

Depoimentos decasais que contamcomo venceram asdificuldades deengravidar

Dr. ARNALDO SCHIZZI CAMBIAGHI

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C175f

Cambiaghi, Arnaldo SchizziGravidez: caminhos, tropeços e... conquistas / Arnaldo

Schizzi Cambiaghi - São Paulo: Editora LaVidaPress, 2013.

224 páginas; 16x23 cm.

ISBN 85-98127-04-3

CDD: 618.2NLM WQ 200

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida por qualquer meio ouforma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc. - nem apropriada ou estocada em sistema de banco dedados, sem a expressa autorização da editora.

Impresso no Brasil - Printed in Brazil Ref . 2137

CAPADr. Arnaldo Schizzi CambiaghiNívio Ribeiro Júnior

PROJETO GRÁFICOLucimara Faria do CarmoDr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi

COORDENAÇÃO DA REVISÃO GRÁFICARoberta Spinaci

REPÓRTERDanielle Duanetti

REVISÃO DE TEXTOJandyra Lobo de Oliveira

COLABORAÇÃOCarmem Franco – Depto. de Marketing do IPGO

CONTATO COM O AUTOR:[email protected]

R. Abílio Soares, 1.111 – sala 07Paraíso – CEP: 04005-004São Paulo – SP – Brasil

[email protected]. (11) 3057-1796 / 3887-7764

Editora

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Dr. ARNALDO SCHIZZI CAMBIAGHI• Médico Ginecologista Obstetra Especialista em Reprodução Humana.• Diretor do Centro de Reprodução Humana do Instituto Paulista de

Ginecologia e Obstetrícia - IPGO.• Membro da European Society of Human Reproduction and Embriology.• Membro Efetivo da ASRM (American Society for Reproductive Medicine).• Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.• Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.• Membro da The American Association of Gynecologic Laparoscopists.• Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (Ginecologia).• Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Laparoscópica.• Membro da Internacional Society Fertility Preservation.

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Aviso Importante

Os depoimentos relatados neste livro são reais e os protagonistas

tiveram seus nomes trocados por motivos éticos e para manter sua pri-

vacidade, mesmo quando não era o desejo deles.

As histórias foram divididas em capítulos que expõem os principais

problemas dos casais que procuraram uma clínica de Fertilidade. Todos

os casais foram tratados no Centro de Reprodução Humana do IPGO

(Instituto Paulista de Ginecologia, Obstetrícia e Medicina da

Reprodução).

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Nota do Autor

"Por que tantas mulheres têm tantos filhos e eu nenhum?"

"Por que mulheres que não querem filhos engravidam com faci -

lidade, provocam abortos e eu não consigo?"

"Por que casais sem o mínimo de condição econômica enchem a casa

de crianças, e eu que tenho essas condições e desejo tanto um bebê,

tenho minha casa vazia?"

"Por que mulheres que conseguiram ter seus filhos com facilidade,

simplesmente abando nam os seus bebês?"

"Por que justo comigo?"

Estas são as perguntas mais frequentes que os casais fazem a si

mesmos quando percebem as dificuldades em ter filhos. A frustração

inicia-se desde o primeiro mês, quando o casal decide engravidar e a

menstruação deste ciclo, planejada para não vir, vem normalmente,

lamentavelmente. Os meses passam e o casal conti nua tentando, sem-

pre com a certeza de que "este será o mês". As expectativas vão se acu-

mulando e as frustrações também, enquanto a gestação não vem. O

casal se autoanalisa, principalmente as mu lheres. "Por quê?" – reflete a

parceira. "Minha saúde ginecológica vai bem, minhas mestruações são

normais, eu percebi até mesmo o momento que estava ovulando e tive

relações se xuais frequentes: por que este filho não vem?” O tempo vai

passando e o sangue menstrual passa a ser visto como lágrimas da tris-

teza do útero por não ter engravidado.

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A alma dói. Uma dor que se aprofunda com o passar do tempo, mas

que passará assim que a gravidez chegar.

Para muitas mulheres, a impossibilidade de gestação é uma tragédia

familiar, uma frustração cujo único remédio é um filho no berço de sua

casa.

O desejo da gravidez independe da classe social ou poder econômi-

co. Todos precisam ter a sua própria família. Os casais, de um modo

geral, têm a necessidade de se apresentarem para a sociedade, fami -

liares, amigos, para o mundo e para si próprios como pessoas capazes

de ter fi lhos.

Nós, médicos e equipe de apoio do Centro de Reprodução Humana

do IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia), queremos que

todos os casais engravidem e não economizamos sacrifícios, pois temos

consciência do quanto eles sofrem com essa dificuldade.

Os depoimentos relatados neste livro são contados por pessoas

vencedoras que souberam passar por todos os obstáculos que a vida

reprodutiva a elas determinou. É um incentivo do coração daqueles que

buscaram a gravidez com vitória e não se arrependem de nada.

Aproveitem!!

A emoção de ter um filho é incomparável e deve ser

sentida por todos.

Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi

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Prefácio

Existem inúmeros livros publicados sobre o tema da infertilidade;

porém, Gravidez: Caminhos, Tropeços e... Conquistas contém algo de

novo e surpreendente: as histórias de vários casais, contadas por eles

mesmos, que, por diferentes motivos, tiveram dificuldades para conse-

guir a gravidez naturalmente. Esses casais passaram pelas etapas que

pressupõe um tratamento reprodutivo e com muito esforço e dedica-

ção realizaram o grande sonho de ter filhos.

Os Caminhos que cada um destes personagens percorreram são os

mais diferentes possíveis: inseminação artifical, fertilização in vitro,

doação de sêmen, ovodoação, cirurgias, apenas para citar alguns.

Porém, a riqueza de seus relatos reside na maneira que cada um deles

foi encontrando para superar seus medos, suas ansiedades e ainda for-

talecer o vínculo conjugal. Movidos pelo forte desejo de realizar um

sonho, nos dão exemplos de como a perseverança, a fé e a dedicação

podem mudar o rumo da vida de cada um de nós. Tarefa nada fácil,

sabendo os riscos e as incertezas que cada tratamento traz.

Infelizmente, os Tropeços acabam acontecendo, fazem parte da vida,

da natureza, daquilo que não controlamos. Mas, movidos pela esperan-

ça e com o apoio fundamental do vínculo médico-paciente, estes casais

conseguem superar suas dificuldades e realizar Conquistas!

Oferecendo detalhes sobre cada caso apresentado, informa ções téc-

nicas em linguagem clara e objetiva, o autor vai acompa nhan do a tra-

jetória de seus pacientes. Aliás, tarefa cumprida com extrema habili-

dade, uma vez que os médicos sabem quanto é difícil receber em sua

sala casais que já estão bastante fragilizados e desmotivados após anos

de tratamento. Dosando de forma bastante habilidosa o acolhimento

necessário e a objetividade das informações nas consultas, Dr. Arnaldo

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demonstra em suas falas quanto se sensibiliza com cada caso. Essa ati-

tude solícita e esse comprometimento personalizado com cada casal é

obviamente captado pelos pacientes e retribuído na formação de um

vínculo que só traz benefícios, seja qual for o resultado do tratamento.

Tenho certeza que você encontrará no conteúdo deste livro não só

relatos e informações sobre tratamentos reprodutivos, mas também um

universo de emoções que trará uma nova visão sobre o tema da inferti -

lidade, ou por que não, da fertilidade!

Eliane V. Rovigatti Gasparini

Psicóloga, Doutora em Psicologia – PUCCAMP e Especialista em Assessoria

Psicológica em Obstetrícia, Medicina Fetal e Reprodução Assistida

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Agradecimentos

• Aos meus pais:

Pela visão futura de minha felicidade, quando, na adolescência, me incenti-varam a ser médico.

• Aos casais que me ajudaram a escrever este livro:

- por acreditarem que a minha sabedoria e dedicação profissional os aju-dariam a ter seus fi lhos;

- pelo exemplo e determinação que demons traram ao escrever seus depoi-mentos.

• A todos os casais:

- que vierem me inspirar para escrever o pró ximo livro.

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A Vida

Por muito tempo eu pensei que a minha vida fosse

se tornar uma vida de verdade.

Mas sempre havia um obstáculo no caminho,

algo a ser ultrapassado antes de começar a viver,

um trabalho não terminado, uma conta a ser paga.

Aí sim a vida de verdade começaria.

Por fim, cheguei à conclusão de que esses obstáculos

eram a minha vida de verdade.

Essa perspectiva tem me ajudado a ver que não existe um

caminho para a felicidade.

A felicidade é o caminho!

Assim, aproveite todos os momentos que você tem.

E aproveite-os mais se você tem alguém especial

para compartilhar, especial o suficiente para passar o tempo;

e lembre-se que o tempo não espera ninguém.

Portanto, pare de esperar até que você termine a faculdade;

Até que você volte da faculdade; até que você perca 5 quilos;

até que você ganhe 5 quilos; até que você tenha tido filhos;

até que seus filhos tenham saído de casa; até que você se case;

até que você se divorcie; até sexta à noite; até segunda de manhã;

até que você tenha comprado um carro ou uma casa nova;

até que seu carro ou casa nova tenha sido pago;

até o próximo verão, outono, inverno; até que você esteja aposentado;

até que sua música toque; até que você tenha terminado seu drink;

até que você esteja sóbrio de novo; até que você morra.

E decida que não há hora melhor para ser feliz do que

AGORA MESMO...

Lembre-se: “Felicidade é uma viagem, não um destino.”

“Quem tem um porque viver, encontrará quase sempre o como”.

Henfil

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Índice

Capítulo 1TUDO PODE SER MUITO SIMPLES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19* Amor em triplicidade – Carolina e Daniel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22* Mais fácil do que se pensa – Helena e Carlos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27Espaço da Ciência – Fertilização in vitro (FIV) ou Bebê de Proveta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Capítulo 2QUANDO A RAZÃO VENCE A EMOÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35* Práticos, sonhadores e perseverantes – Sônia e Alberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Capítulo 3QUANDO O POUCO É TUDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41* Nada foi mais forte do que o desejo de ser mãe – Tânia e Jorge . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 *O milagre fez o pouco ser suficiente – Aline e Damian . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 *Não desanime jamais – Maira e Víctor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Capítulo 4A FERTILIDADE VENCE A ENDOMETRIOSE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55* Ela coloriu as nossas vidas – Anne e Fred . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 *Deus sabe o momento certo – Adriana e Enrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63Espaço da Ciência – Endometriose – O que é? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68

Capítulo 5HOMENS COM "H" MAIÚSCULO (banco de sêmen) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71* Uma luta e duas vitórias – Anita e Ciro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 *Deus realiza sonhos impossíveis – Carla e Augusto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79Espaço da Ciência – A pesquisa da fertilidade no homem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82Avaliação do DNA do espermatozoide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

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Capítulo 6A FORÇA DA PERSEVERANÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87* Caímos para aprender a nos levantar – Rosa e Odilon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88* Fomos derrotados em muitas batalhas, mas nunca desistimos de vencer a guerra – Letícia e Rogério . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93* Felicidade em dose dupla – Fábia e Francisco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .197 Espaço da Ciência – As chances de sucesso e as causas de fracasso . . . . . . . . . . . . . . . . . . .102

Capítulo 7BENDITO O FRUTO DO “VOSSO” VENTRE (doação de óvulos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105* Minha vitória estava em meu destino – Tânia e Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .108 * O tempo de Deus é diferente do nosso – Sandra Regina e Alex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .113* A felicidade não é um destino, mas uma escolha – Suzana e Gustavo . . . . . . . . . . . . . . . . . .118Espaço da Ciência – Doação de óvulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .122

Capítulo 8BENDITO O FRUTO DO “OUTRO” VENTRE (barriga de aluguel) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .125* Deus me devolveu o que um dia tiraram de mim – Márcia, dona Ângela (mãe) e Caio . . . . . . . . .128 *O fruto de três corações – Valéria, Rosana (irmã) e Tadeu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .132

Espaço da Ciência – Barriga de aluguel – Útero de Substituição – Doação Temporária do Útero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135

Capítulo 9ANSIEDADE: MITO OU VERDADE? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .137* Valeu a pena – Míriam e Manoel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .139 *Cada dificuldade foi um degrau para a minha vitória – Heloísa e Rodrigo . . . . . . . . . . . . . . . . .143

Espaço da Ciência – A importância do emocional na infertilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .148

Capítulo 10NERVOS DE AÇO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .151

* Fé e esperança – Pamela e Edgard . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .153

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Capítulo 11NEM IDADE, NEM VASECTOMIA E... TRIGÊMEOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .159

* Hoje eu tenho não uma, mas três razões para viver – Nina e Alberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . .161

Espaço da Ciência – Avaliação da Reserva Ovariana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .166

Capítulo 12VALE TUDO (tratamentos alternativos podem mudar o destino) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .169* Ela é a minha Vitória, minha vida – Sofia e Jamil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .162

* Jesus estava me testando – Soraya e Antônio José . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .176

* As batalhas existem para serem vencidas – Najla e Matheus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .179

Espaço da Ciência – Imunologia da Reprodução e Trombofilias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .183

Capítulo 13A PRIMEIRA GESTAÇÃO GEMELAR DO BRASIL DE ÓVULOS CONGELADOS . . . . . . . . . .187* Deus escreve certo por linhas tortas – Beatriz e Arthur . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .190

Espaço da Ciência – O congelamento de óvulos e suas indicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .194

Capítulo 14DECIDIDA E RÁPIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .197* A mulher mais rápida do Brasil – Samantha e Adilson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .199

Capítulo 15FÉ, MUITA FÉ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .203* Lute até as últimas consequências – Simone e Keiji . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .204

Capítulo 16OUSADIA RESPONSÁVEL - “IL GRAN FINALE” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .211 *Em busca de um sonho... ser mãe! – Luana e Breno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .213

Em busca de um sonho... ser pai! – Breno, 35 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .222

QUEM SOMOS – IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia, Obstetrícia e Medicina da Reprodução) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .223

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Ou encontroum caminho ou

eu o faço.Philip Sidney

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De um modo geral, as pessoas tendem a ter medo daquilo que não conheceme acreditam que enfrentar o desconhecido pode ser uma experiência muito difícil.Só depois descobrem que tudo pode ser muito simples. Todos nós passamospor situações como essas desde a infância: o primeiro dia de aula na escola, o(a)primeiro(a) namorado(a), o primeiro beijo, o primeiro dia do novo emprego, andarde bicicleta, etc. Mais tarde queremos dirigir um auto mó vel, entender e lidar comseus vários pedais, mudar de marchas, brecar, acelerar, prestar atenção na veloci-dade, no trânsito, tudo ao mesmo tempo. Num momento inicial parece algo impos-sível de ser coordenado, mas depois todos aprendem. Os instrumentos musicaistambém exigem compreensão e coordenação: conhecer os acordes, as notas, lerpartituras, decorar as sequências e assim por diante. Mas a verdade é que tudo seconsegue com conhecimento e um pouco de prática. Tudo passa a ser simples.É o aprendizado. Os tratamentos de Fertilização Assistida não fogem a esta regra.Quem não os conhece tem a impressão inicial que é um processo difícil de serentendido. Mas não é! Porque a arte imita a vida, e o que os médicos e embrio lo -gistas tentam fazer é copiar o que a natureza criou: a multiplicação dos seres vivos,o que nem sempre é muito simples.

Durante o tratamento, normalmente é necessário que sejam acrescentados aeste processo reprodutivo alguns remédios para que se alcancem os melhoresresultados (melhor qualidade e maior número de óvulos), caso contrário as chan -ces serão menores. Além de uma boa dose de paciência e equilíbrio emocional, apa ciente deverá ter disciplina nos horários de aplicar os medicamentos e rigor nosdias de controle da ovulação pelo ultrasom, definindo assim o melhor momento da

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Tudo pode ser muito simples 1

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fertilização. O período de medicação para este procedimento é de duas a trêssemanas, que pode ser considerado curto para o objetivo tão nobre a que se des-tina: a gravidez. Além do mais, não podemos esquecer que um resultado po sitivoserá pa ra a vida toda.

O apoio, o carinho e a compreensão do marido, tanto nesta fase como em todoo processo são fundamentais para amenizar a angústia e a expectativa do resulta-do.

É importante que o casal conheça todas as etapas do tratamento pelo qualestão passando. Devem fazer perguntas ao seu médico e seus assistentes, ouviras explicações, não adiar as dúvidas, ler livros e consultar a “internet séria”, poisesses conhecimentos ajudam a superar eventuais dificuldades. Assim, será menora tensão emocional própria das pessoas que querem o sucesso naquilo que fazem.

Ao conhecer o processo pelo qual estão passando, perceberão que o tratamen-to é uma sequência de fatos que, ao serem compreendidos, serão tão simplescomo aqueles descritos no início deste capítulo. A busca pelo bebê passa a sermais fácil.

Embora este capítulo tenda a mostrar o lado prático desses tratamentos, nãodevemos esquecer que as pessoas são diferentes umas das ou tras, e a sensibili-dade ao tratamento para algumas delas, ao enfrentar esta etapa da vida, pode sermais difícil. Isto não significa que sejam inferiores ou frágeis demais, mas simples-mente que são mais sensíveis para esta si tuação, da mesma forma que outras pes-soas são mais sensíveis em si tuações diferentes. Cada indivíduo é único, todo serhumano é ímpar.

Os casais Carolina e Daniel, Helena e Carlos são de temperamento positivo ede um otimismo real, não são sonhadores e lidaram com o processo de fertilizaçãocom muita facilidade. Com companherismo e cumplicidade ideais para o relaciona-mento marido e mulher passaram por todas as etapas com tranquilidade.

Considero todas as minhas pacientes especiais, como minhas filhas, que ne -ces sitam de cuidados e supervisão vinte e quatro horas por dia. In depen den te men -te da idade que tenham, estou atendo a tudo. Cada paciente – como minhas filhas– tem a sua marca registrada: um gesto, um comentário, uma frase de efeito ouuma atitude que pode caracterizar uma maneira de torná-la inesquecível.

Carolina e Daniel são de bem com a vida. A única preocupação de Carolina eraimaginar a possibilidade de trocarem os espermatozoides do seu marido no mo -

Gravidez: Caminhos, Tropeços e... Conquistas

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men to da fertilização. É natural este medo. A grande maioria tem. Para segurançae bem-estar de todos os casais, é importante saber que antes de o sêmen sercolhi do para fertilização é etiquetado e encaminhado diretamente ao laboratório. Épraticamente impossível essa troca. Mas o que chamou minha atenção sobre ocasal foi a naturalidade e calma mostradas em cada etapa do tratamento. A fraseinteressante foi dita por Carolina, logo após a coleta de óvulos e a transferênciados embriões: “Eu achava que a Fertilização In Vitro era complicada, mas foi tãosimples!!!” comentou admirada.

Este tratamento foi bem-sucedido e resultou numa gestação gemelar tripla.Com esse resultado, Daniel, que tinha uma quantidade mí nima de espermato-zoides, falava em verso e prosa e com bom humor: “– São pouquíssimos, masmuito es per tinhos.”

Após alguns meses do nascimento dos trigêmeos, assistindo a um programaesportivo de televisão, vi Daniel sendo entrevistado. O assunto era sobre a corridade São Silvestre. Nessa entrevista, Daniel dizia que os trigêmeos não eram um fatorlimitante para sua vida e sim um incentivo para trabalhar e treinar para a corrida.

Helena e Carlos, muito calmos, passaram por todas as etapas do tratamento comose estivessem preparando uma festa de aniversário. Os pontos interessantes da his-tória deles que me chamaram a atenção foram a hora de decidir quantos embriõesseriam colocados no útero e a percepção que tiveram da necessidade de um certo vir-tuosismo do médico que rea liza a transferência dos embriões. Muitos casais comen-tam que esse momento é um dos mais angustiantes, pois ao se decidir por colocar umnúmero maior de embriões as chances aumentam, mas também aumentam as chan-ces de gestação múltipla. Se a opção for transferir menos embriões, as chances dimi-nuem um pouco, mas não haverá gestação múltipla. Hoje em dia, com os critérioslaboratoriais de escolher os melhores embriões, raramente transferimos mais quedois, pois mesmo quando são de ótima qualidade, consegue-se detectar entre osmelhores quais são os que realmente têm maior chance de implantar. Foi nessa horaque Carlos demonstrou seu equilíbrio e bom senso. Optou por transferir só doisembriões, dizendo: “– Helena, vamos transferir somente dois para evitar riscos maio-res nesta primeira tentativa. Caso não dê re sul tado positivo, tentaremos novamente.”Foram transferidos dois embriões e se obteve gestação gemelar dupla.

É importante que nessa hora os casais tenham o equilíbrio de, junto com o seumédico, considerar a qualidade dos embriões e saber quais as chances reais dos

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GRAVIDEZ:

Tudo pode ser muito simples

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resultados, pois um número maior de embriões transferidos poderá implicar umagravidez desastrosa de quatro bebês – e consequentemente levar a complicaçõesdesagradáveis.

Depoimentos

"Amor em triplicidade"

Carolina e Daniel

Sou mãe de Artur, Beatriz e Victor, e hoje eu sei que esse foi o melhor pre senteque eu poderia receber. Sinto-me melhor como mulher, como es po sa, como pes-soa, e o mais importante: aprendi o que é ser mãe. É por cau sa deles que eu estouaqui, escrevendo e revivendo toda a minha trajetória.

Desde muito nova, eu sonhava com a maternidade. Esse desejo sempre estevepresente no meu coração e eu dizia até que se de repente eu não encontrasse umamor, um companheiro para dividir esta respon sabilidade, faria uma produçãoindependente sem o menor constrangimento. Aos 19 anos conheci meu atual mari-do, mas casei apenas aos 30 anos, pois por um longo tempo buscamos nossasrealizações pessoais e profissionais. Costumamos planejar tudo em nossas vidas,e por isso queríamos nos estabilizar antes de dar o primeiro passo para uma vidaa dois.

Após um ano de casados, perguntei ao meu marido se não teríamos filhos. Eledisse que sim, pois também sempre foi apaixonado por crian ças, mas me questio-nou se eu podia ser mãe. Disse a ele que sim, pois sempre fui muito precavida emrelação a isso, e antes de me casar reali zei todos os exames pré-nupciais. Ele diziaque ficávamos falando de fi lhos, mas nem sabíamos se podíamos ser pais! Comoele nunca havia feito um exame relacionado à fertilidade, eu o instruí a realizar umespermograma para verificar se tudo estava bem.

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No dia em que o resultado saiu, eu mesma fui buscar. Quando abri o exame,descobri que meu marido tinha azoospermia. Eu não fazia a mí ni ma ideia do queera, mas logo senti que não se tratava de algo bom. Che guei em casa já choran-do, conversei com ele e, juntos, começamos a navegar na internet, na tentativa deencontrar informações sobre o pro blema. Foi então que descobrimos queazoospermia se tratava da ausência total de espermatozoides, o mais grave pro -ble ma de infertilidade que um homem pode ter.

Ficamos chocados e choramos muito, mas logo nos recuperamos. Meu maridose dirigiu a um urologista que confirmou o problema, nos dizendo que filhos só se -riam possíveis através de tratamentos específicos. A princípio ficamos muito cha -tea dos, pois não tínhamos conhecimento do assunto e tudo parecia estar muito dis-tante da nossa realidade.

Em meio a muita angústia e decepção, meu marido me disse que se o meu de -sejo de gerar um filho estivesse acima de todas as coisas na minha vida, eu podiaprocurar outra pessoa, que ele entenderia. Eu fiquei muito emocionada com aque-la declaração e disse a ele que o nosso amor estava acima de qualquer coisa eque eu jamais o largaria por não poder ter filhos. Nos unimos e juntos decidimoscorrer atrás para saber das nossas possibilidades.

Começamos a ler muito a respeito a fim de conhecer o problema, o tratamento,as chances, os caminhos. Após alguns meses, comecei a procurar uma clínicapara que meu marido realizasse uma biópsia do testículo, a fim de verificar se eletinha espermatozoides para a realização de um tratamento.

Optamos pela clínica de um médico em São Paulo que vimos na televisão, masnão queríamos um filho naquele momento. Nossa intenção era apenas de saber seo meu marido poderia ser pai, para que depois pudéssemos planejar o melhormomento para uma gravidez. Para nossa felicidade, meu marido tinha milhões deespermatozoides, porém todos esta vam escondidos, pois ele não tinha o canal de -ferente. O médico insistiu muito para que déssemos início ao tratamento de ime -diato, mas não eram nossos planos. Ele ficou inconformado com a nossa decisão,fazendo com que nós percebêssemos que não significávamos nada além de umcifrão para sua clínica. Ficamos aborrecidos com a atitude do especialista, masmuito aliviados com a notícia de que era possível sermos pais.

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Decidimos que era melhor esperarmos mais um pouco, pois o meu marido esta-va terminando uma pós-graduação, e além disso estávamos morando fora de SãoPaulo, por conta do seu trabalho. Dessa forma, decidimos que somente após doisanos e meio é que procuraríamos uma clínica para realizar o tratamento.

Durante todo este período, ninguém sabia do problema que estávamos enfren -tan do, pois decidimos não contar a ninguém. Porém, eu não consegui esconder dami nha mãe e acabei contando a ela sem que o meu marido soubesse. Ela muitome ajudou, com apoio, consolo e, palavras amigas nos momentos de mágoa.

Certo dia, fui indicada a um ginecologista, também especialista em reproduçãohumana. Como eu precisava realizar alguns exames de rotina, decidi agendar umaconsulta para conhecer aquele profissional. Por um ano seguido me tratei com oDr. Arnaldo, porém somente a parte de ginecologia.

Assim que eu e meu marido decidimos dar início à nossa primeira tentativa deFertilização In Vitro, o levei à clínica do Dr. Arnaldo, porque era necessário que eletam bém sentisse confiança no médico. Graças a Deus, houve uma grande empa-tia, e, após alguns meses, lá estávamos nós iniciando o tratamento.

Desde o início, eu sempre dizia que tudo era muito fácil. Tive medo do tratamen-to, de sentir muita dor com as injeções, de engordar muito, de não dar certo, masnessa hora o apoio do meu marido e o fato de sermos pessoas com atitude positi-va foram fundamentais. Foi uma coisa incrível, pois eu não sofri nenhum desgaste.Nesse aspecto tudo foi muito fácil, tanto para mim quanto para o meu marido. Sem -pre tínhamos que inventar alguma desculpa para explicar as aplicações das inje -ções aos curio sos. Cheguei a falar para a família do meu marido que estava fazen-do tratamento para varizes.

Quando chegou o dia da transferência, meu marido estava em uma reunião eminha mãe que me acompanhou. O Dr. Arnaldo me disse que tinham quatroembriões e que eu deveria colocar dois ou no máximo três. Contrariando suadecisão, decidi colocar os quatro. Minha mãe pedia pra que eu não colocasse,porque poderia vir mais que um, mas eu dizia: "Mas eu quero gêmeos!", e minhamãe falava: "E se vierem três?" Foi então que ele nos explicou que a probabilidadeera pequena, mas poderia acontecer. Mesmo assim, decidi colocar todos eles, poisrealmente não achava que poderiam vir três. Achei aquele momento muito espe-cial, e quando os embriões já estavam dentro de mim, o Dr. Arnaldo me disse:

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"Minha parte eu já fiz. Agora é com Deus, Carolina." Desde aquele instante entre -guei o meu sonho a Deus, pois sabia que Ele o realizaria.

Os doze dias foram os mais longos e o momento em que eu sofri, tudo o quenão tinha sofrido desde o início do tratamento. Era impossível não pensar que eujá estava grávida. Tentava me conter, pois sabia que podia não dar certo, mas tantoeu quanto o meu marido estávamos muito con fiantes quanto ao sucesso do trata-mento.

Chegado o dia, fui bem cedinho para a clínica e realizei o exame que me dariaa resposta mais esperada de toda a minha vida. No final da tarde, eu recebi a liga -ção do Dr. Arnaldo, parabenizando-me pela gravidez. Nossa! Mal conseguia acre -ditar no que eu tinha acabado de ouvir! Não contive o choro, e, entre lágrimas,liguei para o meu marido que estava no meio de uma reunião, e ele, muito feliz,chorou de emoção. Após alguns dias, fui até a clínica para realizar o ultrassom.Para nossa felicidade, assim como estávamos planejando, eram gêmeos! Ficamosradiantes e não conseguíamos nos conter de tanta alegria. Desde então, todo osofrimento e a ansiedade foram substituídos por uma alegria imensa, que parecianão caber em nossos corações.

Certo dia, ao me limpar, notei um sangramento. Naquele momento, eu perdi ochão, fiquei sem rumo e mal conseguia me mover. Liguei ime diatamente para omeu marido dizendo que estava perdendo os bebês. Ele pediu que eu me acal-masse e que fosse até a clínica do Dr. Arnaldo, para que ele pudesse averiguar oque estava acontecendo. Chegando lá, fui atendida por uma médica assistente queme explicou que aquele sangramento era natural. Com muito medo, pedi que elarealizasse um ultrassom, pois eu queria ter certeza que os meus bebês estavambem. Foi então, quando durante o procedimento, ela começou a rir sem parar.Chamou uma das assistentes e perguntou: "A Carolina está grávida de gêmeos?"A outra assistente assustada respondeu que sim. "Então dá uma olhada no vídeo",disse a doutora, entre muitos risos. Eu fiquei sem entender nada, mas logo recebia notícia de que estava esperando trigêmeos. Na hora fiquei em desespero, pen-sando: "E agora? O que eu vou fazer?" Minha mãe foi a primeira pessoa que veioem minha cabeça, pois ela pediu que eu não colocasse os quatro embriões, poistinha certeza que viriam três. Logo liguei para o meu marido, que estava no meiode uma reunião e dei a notícia de que teríamos três filhos. Ele começou a gritar nomeio de todos, dizendo que seria pai de trigêmeos. Na mesma hora saiu da empre-

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sa, e quando nos encontramos, vendo o meu desespero, disse-me: "Amor, quemquer dois filhos, quer três!" E assim demos continuidade à nossa vida, ainda maisfelizes.

O nascimento dos meus filhos me trouxe grande aprendizado como mãe ecomo ser humano. Ficaram 29 dias na neonatal. Essa foi uma fase de enormeaprendizado como mãe, desejava a melhora não só dos meus bebês, mas de todosque passam pela UTI. Hoje tudo isso é passado, mas ainda olho para eles e lem-bro daqueles corpinhos pequenos dentro da incubadora, aprendendo a respirar, amamar e lutando pela vida. Graças a Deus, meus filhos saíram de lá e hoje os trêstêm muita saúde. Depois de enfrentar a neonatologia, sei que nada pode ser piore que o mais difícil já vencemos.

Hoje, eu e meu marido sabemos que a nossa família está muito mais que com-pleta. Não conseguimos mais nos imaginar sem essas três pessoinhas maravi -lhosas que crescem a cada dia, descobrindo e conhecendo o mundo e tudo que ascerca. Não poderíamos estar mais felizes.

Sempre que alguém menciona o trabalho triplicado que nós temos, fazemosquestão de lembrar que a responsabilidade é grande, mas a gra tificação em vertrês sorrisos, receber três abraços, três beijos, e além disso, ouvir três "eu te amo"está acima de tudo. Não existe nada melhor, e é por isso que seremos eternamentegratos a Deus, por ter-nos dado essa dádiva.

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"Se você tem o sonho de ser mãe, lute por ele! Seja sempre posi tiva,mantendo a harmonia em seu espírito, pois acredito que isso nostorna mais próximos de nossas realizações. Quando você menosesperar, tudo irá acontecer!"

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"Mais fácil do que se pensa"

Helena e Carlos

Sempre gostei muito de criança, mas o desejo de ser mãe apareceu quando eume casei. Eu e meu marido decidimos esperar um pouco, como a maioria doscasais costuma fazer, e, somente após três anos, é que decidimos ter um filho.

Eu não usava contraceptivos, mas até então a nossa busca era muito tranqui-la. Decidimos apenas que já estávamos preparados para a maternidade, mas nãotínhamos pressa. Depois de algum tempo aguar dando, eu engravidei, mas comapenas dois meses de gestação, perdi o bebê. Ficamos muito chateados, mas logonos recompusemos e demos continuidade à nossa caminhada.

Após quatro anos sem nenhum resultado, começamos a desconfiar que haviaalgo errado. Procuramos alguns médicos, mas não recebíamos muitos esclare ci -mentos sobre o que poderia ser. Todos nos receitavam medicamentos, mas nãonos davam qualquer explicação. Nós ainda estávamos muito tranquilos, mas sa -bía mos que tinha algo errado e queríamos descobrir o que era. Começamos a ficarum pouco aflitos, não com a ausência da gravidez, mas sim com o fato de nãoencontrarmos um profissional que examinasse o nosso quadro com mais exatidão.

Entre muitos questionamentos, certo dia, meu cunhado me indicou a clínicaIPGO. Comentou que um casal de amigos estava realizando tratamento para infer-tilidade e, ao comentar sobre o meu aborto, lhe deram ótimas referências do médi-co. Decidi agendar um horário para ver se finalmente conseguíamos descobrir oque estava acontecendo de fato.

Logo na primeira consulta com o Dr. Arnaldo, foram solicitados vários examespara que primeiramente fosse identificado o problema que nos mantinha longe damaternidade. Ao receber os resultados dos exames, com muita calma nos explicouque meu marido tinha baixa quantidade de espermatozoides e que por isso eu nãoestava conseguindo engravidar pelo método natural. Nos alertou que diante daque-le diagnóstico, a nossa única opção de tratamento era a Fertilização In Vitro. Apósnos orientar quanto aos procedimentos provenientes ao tratamento, o Dr. Arnaldopediu que com calma pensássemos a respeito.

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Em nenhum momento esse problema atrapalhou o nosso relacionamento. Nosunimos muito mais e mantivemos uma relação de compa nheirismo e amizade. Pornenhum instante meu marido sofreu ou se sentiu frustrado depois que soube doseu problema. Ele foi bastante forte e rea giu muito bem à situação. Como sempreme protegeu, com certeza teria sofrido muito mais se soubesse que o problema eraem mim. Nós conversamos muito e decidimos enfrentar a situação. Foi nessemomento que pas samos a desejar a minha gravidez com maior intensidade. Nossaes pe ra deixou de ser tranquila e passou a nos encher de esperança e an sie dade.Estávamos decididos a correr em busca do nosso sonho, que na que le momentopassou a ser a nossa prioridade e o nosso maior desejo.

Demos início ao tratamento, cheios de esperança e com pensamento po sitivo.As injeções eram um pouco doloridas e o tratamento exigia extre ma dis ciplina, mastudo o que enfrentei estava dentro do meu limite. Duran te to do o processo tivemuito comprometimento e nenhuma dor era maior do que o meu sonho. Enfren ta -mos tudo com muita calma, convictos de que ven ceríamos aquele obstáculo. Meumarido sofria ao me ver aplicando as in jeções. Dizia sempre que se pudesse, apli-caria nele mesmo para que eu não sofresse tanto. Foi difícil, mas juntos consegui -mos vencer. Ele me apoiava muito e me dava muita força. Estava do meu lado parao que eu precisasse.

No dia da transferência, tínhamos quatro embriões perfeitos, mas decidimoscolocar apenas três. Aquele momento nos comoveu muito, de forma a ficar marca-do em nossas vidas. O Dr. Arnaldo nos impressionava com a sua calma e tranqui -lidade, nos deixando muito seguros e con fiantes. Durante a transferência, meumarido falou para ele: "Você já está acostumado a fazer isso, né?", e o Dr. Arnaldo,com um semblante encantador, respondeu: "Mas cada transferência é um momen-to único para mim." Ficamos muito emocionados com aquelas palavras, que con-seguiram refletir a importância da realização do nosso sonho para aquele homemque naquele momento era um mero instrumento de Deus.

Apesar de tudo o que tinha passado anteriormente, nada foi mais doloroso doque a espera pelo resultado. Os dias não passavam e a ansiedade nos consumia.Às vezes eu me pegava pensando que não daria certo, outra hora eu tinha certezaque daria. Por mais que acreditás semos que eu já estava grávida, só teríamos aconfirmação por meio do resultado do exame.

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Quando finalmente chegou o dia, realizei o exame no período da manhã e meumarido se comprometeu a buscar o resultado no período da tarde. Ele se arrepen-deu de ter dito a mim que buscaria o resultado, pois caso fosse negativo, não sabe -ria como me dar aquela notícia.

Logo que pegou o exame, visualizou a palavra NEGATIVO. Ao ver sua expres -são de tristeza, a recepcionista do laboratório lhe perguntou se estava tudo bem.Ele comentou sobre o resultado e disse que não sabia como daria a notícia parasua esposa. Foi então, quando a recepcionista pegou o exame de suas mãos,olhou e disse: "Você está enganado, pois o resultado é positivo!" Quando viu quetinha olhado o lugar errado, ficou muito feliz e logo me ligou para dar a notícia.

Estava no meu trabalho e as minhas amigas mais próximas esperavam junta-mente comigo, ansiosas pelo resultado. Quando recebi a ligação do meu maridofa lando que eu estava grávida, foi a maior festa. Todas me abraçaram e, juntas, co -me moramos muito. Foi uma grande emoção ter a certeza de que eu tinha con-seguido o que eu mais queria.

Quando fomos à clínica IPGO para realizar o primeiro ultrassom, fomos sur-preendidos com a notícia de que dois embriões haviam fecundado. Teríamos gê -meos! Como se já não bastasse a emoção de estar grávida, ainda eram duas crian -ças. A emoção que sentimos naquele momento foi inexplicável. Com o desenvolvi-mento da gestação, recebemos a notícia de que eram duas menininhas. Ficamosmaravilhados, pois era exatamente o que desejávamos!

Desde o instante em que soube que estava grávida, minha ansiedade passoua ser pelo crescimento da minha barriga. Não via a hora de ficar com aquele bar-rigão! A sensação é, sem dúvida nenhuma, única! Curtimos muito todos os momen-tos, nos sentindo as pessoas mais rea lizadas da face da Terra. O dia do nascimen-to foi inesquecível. É uma emoção que parece não caber dentro do peito. Eu cho -rei muito, e até hoje, quando me recordo, não consigo conter as lágrimas.

Durante toda a nossa luta, sempre tivemos muita fé em Deus. Fizemos o trata-mento e eu consegui engravidar na primeira tentativa. Queríamos pelo menos umamenina, mas vieram duas. Acreditamos que foi Ele quem nos concedeu tantas ale-grias, nos dando a possibilidade de realizar o sonho de completar a nossa família.

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Com elas aqui, tudo é novo e muito diferente. Quando as olhamos, o que pas-samos fica esquecido e é substituído por muita alegria e felicidade. Alegria de ter-mos vencido e felicidade de hoje sermos pais.

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"O companheirismo do casal é crucial para o sucesso do tratamento.Quando estamos tristes e até sem esperança, é muito bom saber quetem alguém do nosso lado que nos apoia e nos ajuda a continuar.Tenha sempre a certeza de que conseguirá e enfrente o tratamentocom a maior naturalidade possível. Tenha sempre fé em Deus que, comcerteza, Ele lhe dará esse presente!"

Espaço da Ciência

Fertilização In Vitro (FIV) ou Bebê de Proveta

Consiste na mais sofisticada e avançada de todas as técnicas de FertilizaçãoAssistida. Para se realizar esta técnica (ou programa), a mu lher recebe, da mesmaforma que nas técnicas anteriores, alguns hormônios, porém em maiores doses, afim de se obter um maior número de óvulos recrutados. Também neste procedimen-to, os óvulos têm seu cres cimento acompanhado pela ultrassonografia até que atin-jam um diâmetro aproximado de 18 mm, e o endométrio uma espessura superior a7 mm. A paciente recebe uma última injeção (hCG) para terminar o amadurecimen-to dos óvulos que são aspirados 35 horas após, através de uma agu lha especial.Em seguida, são colocados em contato com espermatozoides (in vitro), permitindoa sua fecundação fora do corpo da mãe. Quando a quantidade de espermatozoidesfor pequena, utiliza-se a técnica da ICSI (Injeção Intracitoplasmática de espermato-zoide), que consiste na injeção de um espermatozoide dentro do óvulo. Os em -briões são desenvolvidos inicialmente em laboratório, retornando a seguir ao úteropara finalizar o crescimento do futuro bebê.

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A chance de sucesso desta técnica pode chegar a até 55% em pacientes commenos de 35 anos.

Indicações• Mulheres com alterações peritoneais (aderências);• Obstrução nas tubas;• Esterilidade Sem Causa Aparente (ESCA) ou Infertilidade Inexpli cá vel;• Fatores imunológicos;• Endometriose;• Falhas repetidas em tratamentos menos complexos;• Idade avançada;

• Fator masculino (contagem baixa, alteração grave em morfologia ou motili-dade dos espermatozoides).

TécnicaA técnica é relativamente complexa e sua execução pode ser dividida em seis

fases:• 1ª fase: bloqueio dos hormônios do organismo;• 2ª fase: estímulo do crescimento dos óvulos;• 3ª fase: aspiração e recuperação dos óvulos;• 4ª fase: fertilização dos óvulos;• 5ª fase: transferência do(s) embrião(ões) para o útero;• 6ª fase: controle hormonal até o teste de gravidez.

Assim temos:

1ª Fase - Bloqueio dos hormônios do organismo

Consiste no bloqueio parcial do funcionamento dos ovários com medi caçãoadequada. Com esta conduta é possível ter o controle da função ova riana, nãohavendo perigo de ocorrer ovulação fora do momento previsto.

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2ª Fase - Estímulo do crescimento dos óvulos

Existem vários esquemas de medicação para estimular o crescimento de ummaior número de óvulos. Havendo maior quantidade, têm-se mais embriões,podendo ser escolhidos os melhores e, consequentemente, aumentando aschances de gravidez. Esta fase dura de oito a doze dias e é acompanhada peloultrassom transvaginal e dosagens hormonais.

3ª Fase - Aspiração e recuperação dos óvulos

Em um ambiente cirúrgico e com sedação profunda, os óvulos são aspiradosatravés de uma agulha acoplada ao ultrassom. Este processo é praticamente indo-lor e dura alguns minutos. Nesse dia é realizada a coleta do sêmen do marido.

4ª Fase - Fertilização dos óvulos

No laboratório, um embriologista experiente realiza a fertilização dos óvulos,que poderá ser espontânea ou pela técnica de ICSI (Injeção Intracitoplasmática doEspermatozoide). A decisão dependerá da quantidade e morfologia dos esperma-tozoides e do número de óvulos.

5ª Fase - Transferência dos embriões

Dois a cinco dias após a fertilização, os embriões serão colocados no útero.Nesse dia serão conhecidos os de melhor qualidade, e assim o médico e o casaldecidirão juntos quantos deles serão transferidos, número este que pode variar deum a quatro. A transferência é realizada com cateter flexível, sem anestesia,através da vagina; é indolor e seme lhante ao desconforto do exame ginecológico.

6ª Fase - Suporte hormonal

Nesta fase são realizados exames de sangue que comprovam o equilíbrio hor-monal. Caso haja necessidade, as doses poderão ser modificadas. O teste degravidez é realizado onze dias após a transferência dos embriões.

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IMPORTANTE

A probabilidade de ocorrer um aborto, ou de um bebê com malformação é amesma, tanto após a indução da ovulação como após a concepção natural. Osriscos existentes dependem da idade da mãe e de fatores genéticos. Se a pacienteficar grávida após este tratamento, não serão necessárias quaisquer medidasespeciais; a gravidez será tratada exatamente como qualquer outra, o pré-natal éexatamente igual ao de uma gestação espontânea. O trabalho de parto e a ama-mentação não serão afetados de nenhuma maneira.

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Não me desvio do meu caminho.

Não me dobro diante dos obstáculos.

Venço cada dificuldade

por meio do rigor.

Haverei de continuar.

Nunca me canso de ser útil.Leonardo da Vinci

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Um dos momentos mais constragedores numa clínica de Reprodução Humanaé o do retorno do casal para uma consulta após o fracasso de um determinadotratamento. Não existe tratamento que garanta 100% de resultados positivos. OCoito Programado pode alcançar 14% de sucesso, a Inseminação Artificial 20%, ea Fertilização In Vitro até 55%, para mulheres abaixo de 35 anos. Mesmo assim,por mais que os pacientes conheçam essas possibilidades, o resultado negativotem um sabor muito amargo, insuportável. Sentem-se arrasados, frustrados,desapontados, o mundo despenca, o chão desaparece, perdem o rumo, choram ese de ses peram. A expressão no rosto de quase todos eles, nos momentos ime -diatos à notícia do insucesso, independentemente do tipo de fertilização a queforam submetidos, é de muita tristeza. Quanto mais complexo for o proce di mentoesco lhido, como por exemplo a Fertilização In Vitro, maior será o desgaste emo-cional e maior a decepção, pois também está envolvida uma maior soma de di -nheiro, que muitas vezes foi difícil de ser conseguido. Mas do ponto de vista prático– não psico lógico – isso não de veria acontecer. Afinal, ao analisar friamente as pos-sibilidades de resultados positivos, observamos que as chances de um tratamentoser malsu ce dido, quase sempre são maiores as de dar certo. Basta olhar as por-centagens! Então, diante dessa realidade, por que tanta angústia?

Eu já ouvi algumas vezes dos casais a seguinte frase:

– "Doutor, nós conhecemos a chance real, mas quando o tratamento começa agente se envolve e só pensa que tudo vai dar certo."

E é isto que acontece com quase todos que passam por isso. Esque cem queestamos muito longe dos 100% de sucesso.

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O casal Sônia e Alberto foi inicialmente escolhido por mim para es crever sobrea “Perseverança" na busca de gravidez. Vieram ao consultório pela primeira vez,após vários procedimentos frustrados realizados em outras clínicas, dos mais sim-ples aos mais complexos, como eles mesmos relatam em sua história. Chamou-me a atenção a tranquilidade com que expunham os fatos. Uma energia positivabaseada na realidade. Nem sonhadores, nem pessimistas. Eu pensava, na época,em demonstrar pela história deles a importância de perseverança, mas o queacabou chamando mais atenção foi o lado prático de encararem cada "derrota".Este lado foi demonstrado na seguinte frase:

– "Doutor, eu sou economista e a Sônia trabalha em banco. Para nós, a porcen -tagem é um fato real e não adianta lutar contra ela. A cada resultado negativo,procurávamos lembrar dos números que traduzem as chances de sucesso. Eassim nos consolávamos."

Este pequeno texto trouxe-me a inspiração para criar este capítulo, focando ola do prático e vantajoso ao se entender os números. Com o conhecimento de cla -re za dos porcentuais de sucesso de cada tratamento, um casal decepcionado, peloseu resultado negativo, poderá recriar forças para uma pró xima tentativa.

Depoimento

“Práticos, sonhadores e perseverantes”

Sônia e Alberto

Eu e meu marido sempre gostamos de crianças, mas desde que nos conhece-mos e começamos a namorar, decidimos que ter um filho era algo para o futuro.Casamos depois de formados, pós-graduados e com o apartamento comprado.Sempre planejamos muito a nossa vida; porém, filhos ainda não faziam parte dosnossos planos de curto prazo. Curtíamos os sobrinhos, primos e filhos de amigos,pois o que queríamos era viajar e estudar.

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Quando nasceu o filho de meu irmão, meu terceiro sobrinho – o pri mei ro porparte da minha família –, algo me despertou para a maternidade. Vi quan to eugostaria de ser mãe. Conversei com o meu marido e juntos de ci di mos que estáva-mos preparados para aumentar e completar nossa família.

Interrompi todos os métodos contraceptivos e demos início à nossa busca. Apósalguns meses sem nenhum resultado, procurei a minha ginecologista e comenteique estava tentando há algum tempo, mas que não obtinha nenhum resultado. Mesolicitou alguns exames e após observá-los, me disse que nada de errado haviasido constatado. Pediu que eu ficasse tranquila e que continuasse a manterrelações sexuais todos os dias, pois uma hora eu engravidaria.

Foi exatamente o que fizemos. Tentávamos ter um filho incansavelmente, masnada acontecia. Passado um ano de tentativas sem nenhum resultado, procureinovamente a minha ginecologista, que sugeriu que procurássemos um especialistaem infertilidade. Fiquei muito assustada, pois jamais passou pela minha cabeça apossibilidade de ter um problema desse tipo.

Sempre fui persistente, planejando e correndo atrás até conseguir o que queria.Porém, aquilo demandava tempo, dinheiro e muito stress. Como sempre surgiaalgo para fazer, o tempo ia passando, e quando me dava conta, mais um ano haviase passado sem que nada acontecesse. Foi então quando eu e meu maridoresolvemos dar mais prioridade para aquele suposto problema, decidindo procurarum especialista.

Eu e meu marido realizamos alguns exames, conforme nos foi solicitado pelomédico, mas como sempre, nada era identificado. Foi então quando fui orientadaa realizar um exame detalhado de endometriose. Com base nos resultados, omédico sugeriu uma videolaparoscopia. Fiquei muito desconfortável com aquelasituação e não me senti segura. Nunca havia feito uma cirurgia e fiquei bem as -sustada. Decidimos procurar outro médico.

Novamente foram solicitados muitos exames, e com o resultado em mãos, omédico sugeriu três tentativas de coito programado, que seria seguido de duasinseminações, caso não desse certo. Em último caso, a Fertilização In Vitro.Decidimos tentar e demos início ao tratamento. Foi um momento difícil, porqueeram tantas injeções e tantas idas ao consultório para ver os óvulos, que em cer-

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GRAVIDEZ:

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tos momentos eu pensava em de sistir. Era supercomplicado conciliar o trabalhocom tantas emoções que enchiam o meu coração.

Na primeira tentativa frustrada, chorei muito, pois tinha certeza que estavagrávida. Mas logo me reergui e me preparei para mais uma tentativa. Da segun-da vez, não aconteceu nada de diferente. Foi mais um dia de choro e de muitatristeza. Eu estava ficando muito chateada com tudo aquilo, e para não prolon-gar ainda mais aquele momento, decidi vir direto para a Fertilização In Vitro. Omédico explicou que o tratamento era caro e que após a videolaparoscopia,poderíamos realizar a Inseminação Artificial. Como insistia muito na manutençãodo procedimento anterior, eu e meu marido decidimos procurar um terceiro médi-co, que foi indicado por uma amiga, que após duas tentativas conseguiu engravi-dar. A sensação naquela etapa era que estávamos mais uma vez começando dozero.

Ao falar sobre a nossa dificuldade, o médico pediu exames mais deta lhadospara detectar se o mioma que eu tinha não atrapalharia a Fertilização In Vitro.Solicitou também o espermograma com capacitação espermática para meu mari-do, que apontou baixa motilidade dos espermatozoides. A FIV passou a ser anossa única possibilidade!

Ficamos seguros de que estávamos fazendo a coisa certa e decidimos iniciar anossa primeira tentativa. Naquele momento, a nossa única insegurança era comrelação ao resultado positivo. Estávamos um pouco apreensivos com a possibili-dade de não dar certo novamente, mas o médico pediu que não pensássemos eminsucessos.

Logo vieram as injeções, a disciplina com os horários e a dedicação que eracrucial. Para nossa decepção, o resultado foi negativo. Fui surpreendida com san-gramento e logo me dei conta de que era a minha mens truação. Quanta tristeza…Quantas lágrimas… Foram os momentos mais dolorosos das nossas vidas. Atéentão, não havíamos contado para ninguém sobre o que estávamos enfrentando,mas quando me vi diante de mais um resultado negativo, não aguentei, e quandopercebi, já estava chorando no colo da minha mãe. Foi muito reconfortante poderdividir o nosso problema com mais alguém. A pressão era muito grande, e às vezesera difícil controlar a mágoa.

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Eu e meu marido tentamos nos envolver ao máximo com a parte profissional,para que fosse mais fácil superar aquele tombo que nos deixou muito mal. Porém,mesmo naquele momento de muita tristeza e decep ção, decidi que enfrentaria tudode novo. Conseguimos nos reerguer bem rápido, pois eu e meu marido semprefomos muito práticos. Nós temos emoções, sim, mas quando algo não dá certo,não fazemos daquilo o fim do mundo. Procuramos nos recuperar e dar continui da -de às nossas vidas.

Após algumas conversas, decidimos procurar outro médico. Apesar de muitoprática, gosto de pessoas sensíveis, que se emocionam, que olhem nos meusolhos e que me tratem com carinho. Em todos os profissionais que eu tinha pas -sado, jamais encontrei afeto ou algo que fosse além do relacionamento comumentre médico e paciente. Passadas algumas se manas, quando passeava pelainternet, me deparei com dois sites ricos em informações sobre os diversos as -suntos relacionados à fertilização. Me identifiquei muito com tudo o que vi, ecom muita ansiedade marquei minha primeira consulta com o Dr. ArnaldoCambiaghi.

Chegando lá, eu e meu marido lhe contamos toda a nossa história. Relatamosnossas decepções, inclusive com a última tentativa, mostrando quanto estávamosempenhados em ter esse bebê. Desde o primeiro momento confiei no Dr. Arnaldo,que nos falou sobre as chances e as tentativas, relatando os sucessos e insuces-sos. Tudo foi ficando muito claro para nós, que logo ficamos confiantes e certos deque tudo daria certo.

Resolvemos que o tratamento seria feito em minhas férias, pois não queria terpreocupações nenhuma durante o procedimento. Queria que tudo fosse diferenteda forma como ocorreu a nossa primeira tentativa. Nesse período, sempre que eutinha dúvidas, ligava para ele ou para sua assistente, que sempre estavam dispos-tos a ouvir e a responder aos meus questionamentos. Segui tudo que o doutor mepedia, com muita espe rança e dedicação.

No dia da transferência, três embriões foram transferidos. O procedimento foisupertranquilo, sem dor e sem sangramento. Meu marido estava presente e, jun-tos, rezávamos para que tudo desse certo. Os doze dias de espera foram…Decidimos viajar e não pensávamos em um resultado negativo.

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Chegado o dia, realizei o teste de gravidez e ficamos na expectativa para a notí-cia. A ansiedade era grande, mas a sensação de vitória já contemplava os nossoscorações. Foi então quando recebi a ligação do Dr. Arnaldo nos parabenizandopela gravidez. Estávamos almoçando e dei xamos tudo de lado para comemoraraquele grande momento. Choramos muito de tanta emoção que preenchia as nos-sas vidas. Agradecemos muito a Deus por ter nos direcionado para o caminhocerto. Decidimos dar a grande notícia para a família na véspera de Natal. Foi umgrande presente para todos!

No primeiro ultrassom, confirmamos a presença de um lindo bebê, que já esta-va se desenvolvendo dentro de mim. Comentei com o Dr. Arnaldo que queríamosque os três embriões tivessem fecundado. Ele disse: "Não tem problema! Faremosem breve os outros dois". Quem sabe!

Curtimos muito a "nossa" gravidez. Foi maravilhoso ver a barriga crescer, nossofilho se desenvolver… para estar aqui, bem junto de nós. Isso é inexplicável e nosfaz superar tudo, ainda que tenha sido doloroso.

Seremos eternamente gratos a Deus e ao Dr. Arnaldo por sua paciência, dedi-cação e a participação da nossa história!

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"Jamais desista do seu sonho! E saiba que Deus nos dá somente oque somos capazes de suportar. É muito difícil… eu sei! Mas nãodesanime!"

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Na vida, quase tudo que é exagero é “pecado”. O ideal é o equilíbrio. Ciúmedemais, comer demais, timidez demais, trabalhar demais, gordo demais, e àsvezes até dinheiro demais são alguns exemplos de extremos que podem causarinconvenientes. Os opostos também são ruins: pouco ciúme, magreza, atrevimen-to, indolência e pobreza. O ideal é sempre o equilíbrio. A grande exceção para estaafirmação é a saúde, que quanto mais, melhor. O exagero, neste caso, é orecomendado.

Em reprodução humana, quando falamos do número de óvulos para serem ferti -li zados num tratamento de Fertilização In Vitro, muitos casais acreditam que quan-to maior o número deles, maior será a chance de resultados positivos. Entretanto,isso nem sempre é verdade. Normal mente, nesses tratamentos, o número ideal deóvu los é de oito a doze. O motivo da indicação desse número é sabermos que, emcon dições normais, parte deles não é madura, nem todos fertilizam, e ainda sóalguns chegam a formar embriões de boa qualidade. A cada seis óvulos coletadoscontêm-se, em média, dois a três embriões de boa qualidade, o que é consi dera-do, atualmente, o número máximo a ser transferido para o útero. Evita-se, dessemodo, a gestação múltipla.

Hoje em dia, com a alta tecnologia dos laboratórios para a escolha dos melho -res embriões, raramente são colocados mais que dois. Assim sendo, de que adian -ta ter uma grande resposta ovariana com muitos óvulos? Sabe-se também quequando eles existem em grande número, ocorre um aumento importante dos hor-mônios circulantes no organismo, o que pode atrapalhar a implantação dosembriões. Por isso, óvulos demais, como tudo que é demais, não é aconselhável.

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O lado oposto são as mulheres chamadas “baixas respondedoras”. São aquelasque, mesmo ao receber a dose adequada dos medicamentos para induzir a ovu-lação, têm uma resposta ovariana pequena, produzindo óvulos em pequena quan-tidade. Surgem no máximo dois ou três óvulos. Por isso, eles representam oexagero da escassez. Também não é a situação ideal, uma vez que esse casal teráchances menores de formar embriões de boa qualidade. Desta forma, o ideal é oequilíbrio.

Entretanto, é muito mais frequente que as pacientes se frustrem por terempouca quantidade. É muito comum, em conversas entre elas, comentarem sobreo número de óvulos que conseguiram, e, frequentemente, aquela que teve quan-tidade menor sente-se inferiorizada. No final da história, muitas vezes ela engra-vida, e a outra não. Por isso, é es sencial que se saiba que, apesar de existir umnúmero ideal de óvulos para melhores resultados, ninguém deve desanimar quan-do esse número for pequeno. Chance maior ou menor é algo relativo, principal-mente no caso destas pacientes que produzem poucos óvulos, pois essa carac-terística é própria de cada mulher e não pode ser modificada. Devemos refletirque, em determinados casos, a chance considerada pequena é a maior que sepode conseguir. Chance de 5% não é zero, assim como 98% não é cem.

As três histórias deste capítulo são contadas por Tânia e Jorge, Aline eDamian, Maira e Vítor. Estes casais vencedores realizaram tratamento de fertili-zação in vitro e obtiveram gravidez com um único embrião. Tânia e Aline tiveramum único folículo, um único óvulo, um único embrião, um único bebê. Maira, ape-sar de ter dois folí cu los e dois óvulos, só um deles ferti lizou, gerando um únicoembrião e um bebê. Ao contrário de alguns que achariam que nesta luta eles sóteriam pontos perdidos em direção à derrota, acreditaram no sucesso com o bri-lho e a energia de cam peões.

O casal que se submete a esse tratamento deve ter em foco que o que impor-ta é o resultado final: a gravidez. Muitas vezes, a resposta ovariana pode não sera desejada, mas assim mesmo deve-se ter fé, pois, frequentemente, o poucopode ser tudo.

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Depoimentos

"Nada foi mais forte que o desejo de ser mãe"

Tânia e Jorge

Acredito que como toda mulher, desde jovem sempre sonhei em um dia sermãe. Este ideal me acompanhou por muitos anos e sempre se manteve entre osmeus principais objetivos, mas, infelizmente, fui surpreendida pela vida com umasurpresa muito desagradável e traumática.

Aos 32 anos, estava me sentindo gorda, devido ao fato de minha barriga estarum pouco maior do que o normal. Como sempre fui muito vaidosa, logo procureium endocrinologista, a fim de acabar com aquele probleminha que tanto me inco-modava. Para minha surpresa, o que aos meus olhos nada mais era do que gor-duras localizadas, era na verdade um problema que atinge muitas mulheres: aendometriose. Ao realizar um ultrassom, foi detectado um grande cisto envolvendoum dos meus ovários. Foi uma descoberta trágica, que me deixou sem chão… semrumo…

Demonstrei todo o meu desespero e preocupação ao ginecologista, alegandoque ainda tinha planos de me casar e ter filhos. Ele pediu que eu ficasse tranquila,pois através de uma cirurgia era possível retirar o cisto, fazendo com que tudoficasse bem novamente. Assim aconteceu, mas o resultado não foi o esperado.Após a cirurgia, o médico me explicou que teve que tirar o meu ovário, porque ocisto estava muito grande. Fiquei arrasada e o meu sonho de um dia ser mãe, semdúvida alguma, se frustrou naquele momento.

Através da terapia, consegui diminuir o impacto que tal problema causou emminha vida, em meu espírito e em minhas emoções. Aproxima da mente três anosapós essa decepção, fui contemplada com a alegria de me unir à pessoa queamarei eternamente e que hoje é o meu marido. An tes mesmo do casamento, sem-pre expressei a ele o meu desejo de um dia ser mãe e sempre fui correspondida.

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Realizei todos os exames pré-nup ciais, sempre com esta preocupação, e a médi-ca me alertou que seria muito difícil eu engravidar, mas que não era impossível,pois além do problema que eu havia tido, já estava com uma idade avançada.

Foi exatamente com essa pouca esperança que segui meu rumo, acreditandoque um dia meu sonho se realizaria. Desde o meu casamento, nunca me prevenie logo procurei ajuda médica. Consultava-me com todos os médicos que me eramindicados, sempre acreditando que um dia encontraria algum profissional queresolvesse o meu problema. Cheguei a procurar um especialista em reproduçãohumana muito renomado, com grande prestígio entre celebridades, mas para omeu espanto, logo percebi que não significava nada além de um cifrão. A clínicajamais me deu apoio, e saí de lá com a notícia de que não ovulava e que se nãorea lizasse uma ovodoação, jamais poderia ser mãe,

Ao receber a notícia, me senti a pior das mulheres, incapaz de gerar uma outravida. Neste momento, lembro-me que lia um livro religioso que dizia para nunca de -sistirmos dos nossos sonhos, mensagem esta que muito me tranquilizou. Procureioutros médicos, mas novamente nada dava certo. Parecia até que ao olhar paramim e para o meu quadro clínico, nenhum deles via uma luz no fim do túnel.

Entre essa troca de médicos, realizei três fertilizações in vitro, mas nenhumadelas me concedeu felicidade de ter um resultado positivo. As duas tentativasforam terríveis, pois quando um tratamento é iniciado, uma enorme esperançacresce dentro de nós. Foi então quando esse mesmo especialista me orientou arealizar uma ovodoação, pois naquele momento era a melhor solução para o meucaso. Como já estava mais conformada e um pouco cansada dos tombos que jáhavia levado, não me assustei com a hipótese, mas a princípio, nada falei.

Foi então quando meu marido encontrou a clínica IPGO na internet. Tivemosuma excelente impressão dos profissionais e logo marcamos nossa primeira con-sulta. Quando chegamos ao consultório do Dr. Arnaldo, apresentávamos um qua -dro clínico que incluía a falta de um ovário devido à endometriose, 41 anos, e meuma rido com uma produção baixa de espermatozoides. Estava preparada para ouvir– como orientada anteriormente por um outro profissional – que minha únicachance para gerar um filho era a adoção de óvulos de uma doadora. Fui surpreen-dida quando ouvi que só não teria mais óvulos se já estivesse na menopausa.Falsas esperanças jamais foram colocadas em meu coração, mas toda a equipeme fez acreditar que eu poderia sim ter um filho com a minha genética. Assim, deiinício a uma nova fertilização in vitro, cheia de esperança e com muita fé.

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Já de início fui agraciada com dois óvulos, ao final do difícil período das medica -ções. Era um presente de Deus, pois nunca consegui produzir mais de um, inde -pen dente da sofisticação do medicamento que era utilizado para induzir a ovula -ção. Após a transferência dos embriões, já me sentia grávida, e os 12 dias foramcheios de ansiedade. Foram momentos de grande espera com uma mistura deemoções que jamais havia enfrentado. Chegado o dia do resultado, ouvimos o quemais temíamos ouvir: eu não estava grávida. Eu e meu marido choramos muito,pois nossos corações já estavam cheios de certeza que tudo tinha dado certo.

Ainda abatidos, fomos incentivados pelo Dr. Arnaldo a partir para a quarta ten-tativa, pois ele tinha certeza que conseguiríamos. Eu já estava com um estadoemocional e psicológico extremamente debilitado, mas mesmo assim não desistido meu sonho e dei início a uma nova tentativa.

O tratamento foi doloroso, como todos os outros anteriores, tempos difíceis e demuita expectativa para conseguir um único óvulo. Ao final das medicações, con-segui dois, mas apenas um amadureceu. Fiquei muito confiante quando no dia datransferência ouvi o Dr. Arnaldo dizer que meu embrião estava lindo. Apesar deconfiante e muito esperançosa, eu e meu marido mantivemos nossos pés no chão,a fim de evitar outro tombo seguido de uma grande decepção.

Chegado o grande dia, realizei o exame no período da manhã e tentei me man-ter ocupada durante todo o dia, para não sofrer com toda aquela ansiedade quedo minava meu coração e assolava minha alma. Acredito que foram as horas maislongas de minha vida. Ao final da tarde, recebi a ligação da clínica e logo me dis-seram que a ligação seria transferida ao Dr. Arnaldo. Meu coração bateu maisforte, e apesar de já sentir grande alegria por ter a certeza que estava grávida,estava disposta a aceitar o que Deus nos desse. Foi então quando ouvi o Dr.Arnaldo dizendo: "Tânia, você não está grávida… você está supergrávida!" Fiqueimuito emo cionada, com uma felicidade impossível de ser descrita aqui, nessedepoimento.

Foi o momento mais maravilhoso e emocionante da minha vida, que perdeuapenas para a forte emoção que senti ao ouvir o primeiro choro do nosso filho. Meumarido também ficou anestesiado com a notícia e muito feliz. Seu apoio durantetodo o tratamento foi fundamental e de grande importância, pois sem ele eu nãoteria conseguido.

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Ver minha barriga crescer, acompanhar a formação de uma nova vida dentro demim foi fantástico. Aproveitei cada minuto dessa fase maravi lhosa e sem dúvidainesquecível, assim como o dia do nascimento. São segundos que lhe proporcio -nam tantas emoções e tantos sentimentos, que te faz perder o chão.

Hoje, estamos com nosso filho aqui, pulando e brincando a todo momento.Muito ativo e feliz, é a cara do pai! O que passamos ficou es que cido por nós, quetemos vivido apenas bons momentos, repletos de muitas alegrias proporcionadaspelo nosso herdeiro.

Foram seis anos de empenho, ansiedade, frustração e tristeza, mas que nuncaconseguiram destruir nossa esperança, por menor que ela pudesse ser. Agradece -mos a Deus por não ter nos deixado desistir, pois a recompensa de toda essa lutaé única e incomparável a tudo que possa existir no mundo.

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"Faço esse relato a você, que planta uma semente de esperança emseu coração, que acalenta o sonho de gerar um filho, como um diaalmejei. Não desista do seu sonho e não deixe que nada lhe faça abrirmão desse acontecimento marcante que é se tornar mãe. Não permitaque os obstáculos frustrem seus sonhos, confie em Deus, tenha fé eaguarde, porque você conseguirá!"

"O milagre fez o pouco ser suficiente"

Aline e Damian

Meu sonho sempre foi encontrar o meu verdadeiro amor e com ele ter muitos fi -lhos. Felizmente, consegui realizar o desejo de conhecer alguém com quem eu pu -des se construir uma nova família; porém, jamais passou pela minha cabeça que fu -tu ramente enfrentaria grandes dificuldades que deixariam distante de mim o dia emque eu me tornaria mãe.

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Nos casamos, e, logo depois de um ano, resolvemos aumentar a família e ternosso primeiro filho. Como toda mulher, após essa decisão, parei de me prevenir,e juntos passamos a esperar o grande dia. Porém, após um ano de tentativas cons -tantes e de muita ansiedade que nos dominava enquanto a gravidez não vinha,comecei a desconfiar que algo estava errado.

A cada mês surgia uma nova esperança para que eu pudesse estar grávida,mas com tantos resultados negativos seguidos, a situação come çou a me inco-modar. Decidi trocar de ginecologista e o novo médico me receitou algumas me -dicações para que eu alcançasse o meu sonho. Em apenas um mês, estava grávi-da. Jamais esquecerei o dia em que eu fui buscar o resultado do exame, onde mui -to emocionada não conseguia me conter, chorando de alegria. O resultado foi umalinda menina que muito me fortaleceu para que eu conseguisse vencer um novoobstáculo da minha vida que ainda estava por vir.

Durante a cesária, minha médica descobriu que a parede do meu útero era muitogrossa, dificultando assim uma possível fecundação. Por muitos anos, passei a nãoevitar uma nova gravidez, e com o tempo foram surgindo fortes cólicas e muitasdores. Após uma laparotomia, parte de cada óvulo foi retirada e, durante a cirurgia,foi constatada a presença da endometriose, uma doença incurável que poderia melevar à esterilidade. Não me conformava e não queria aceitar de forma alguma aque-la notícia. Eu e meu marido ficamos muito chateados com o meu diagnóstico e pas-samos por momentos difíceis. Ainda tínhamos o sonho de ter mais fi lhos e aumentara nossa família, mas tudo o que estava acontecendo se tornava em barreiras e obs-táculos que teríamos que enfrentar e superar para alcançar o nosso desejo.

Depois de algum tempo, as dores voltaram e, ao ver meu sofrimento, um cole-ga de trabalho me contou que sua esposa havia feito um tratamento para a endo -me triose, e após uma videolaparoscopia conseguiu engravidar. Me incentivou aprocurar o Dr. Arnaldo e eu fiquei cheia de esperança, pois além de poder tratar aendo me triose eu poderia fazer um tratamento para uma nova gravidez.

Chegando na primeira consulta, eu e meu marido fomos muito bem recepciona-dos pela clínica. O Dr. Arnaldo nos explicou tudo sobre a endo me triose e os trata-mentos que poderíamos realizar, caso fosse neces sário. Após alguns exames, foiconstatada a necessidade de uma videola paroscopia que, quando realizada, acu-sou obstrução nas trompas, causada pelo meu problema.

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Fiquei arrasada, pois via que as coisas não estavam cooperando para que euengravidasse novamente. Este era um desejo muito forte que eu tinha em meucoração. Parecia que quanto mais o caminho se fechava, mais eu queria, mais eulutava. O fato de eu já ter uma filha não saciava o enorme desejo que eu tinha deser mãe novamente. Minha filha também pedia muito um irmão para mim, dizia quenão queria ser filha única. Certo dia, ela chegou em mim e perguntou: "Ô mãe, sea senhora não tiver mais filhos, quem será o tio dos meus?" Fiquei sem saber oque responder, e a vontade dela me deixava mais aflita e até mais frustrada de mever incapaz, naquele momento, de realizar um desejo que não era só meu, massim, da minha filha e do meu marido.

Foi então, que o Dr. Arnaldo nos orientou que somente através de umaFertilização In Vitro é que eu conseguiria ficar grávida, mas que mesmo assim nãoseria garantido. Resolvemos dar início ao tratamento com injeções um poucodoloridas e a rea lização constante do ultrassom para acompanhar a ovulação. Eraum tratamento árduo no aspecto emocional e psicológico.

No primeiro ultrassom, a existência de apenas dois óvulos me deixou muitofeliz, pois naquele momento eu não tinha noção de como essa quantidade erapouca diante do tratamento. No segundo ultrassom, havia somente um óvulo.Lembro que fiquei muito tranquila e não diminuí mi nhas esperanças por causadisso, pois, para mim, era um mero detalhe. A equipe do Dr. Arnaldo me explicouque eu tinha apenas 10% de chance, mas me encorajou e deixou claro que não eraimpossível de acontecer.

Os planos eram de realizar somente uma tentativa. Meu marido queria muito umsegundo filho, mas em nenhum momento me pressionou. Isso colaborou muitopara que eu não tivesse problemas dentro do meu casamento, me sentindo inse-gura e impotente, mas o desejo da minha filha me dominava e tornava mais forteainda a minha busca pela maternidade.

Lembro-me que mesmo aparentemente tranquila, voltei para casa triste e cala-da, talvez pelo poder que aquela situação tinha de criar uma grande tensão sobrenós. Logo me recompus, pois por saber que seria apenas aquela tentativa, nãoqueria que um desânimo pudesse afetar o bom desenvolvimento do processo. Eue meu marido estávamos decididos que faríamos tudo que estivesse ao nossoalcance e tínhamos uma forte convicção que o tratamento iria dar certo. Com preen -

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são e compa nheirismo foram essenciais, nesse momento, para que conti -nuássemos o tratamento com muita esperança e fé. A possibilidade de um resulta-do negativo passava pela nossa cabeça e por isso nos preparamos para qualquersituação que pudesse ocorrer.

Depois de algum tempo de tratamento, fui até a clínica para que aquele únicoóvulo fosse retirado para uma possível fecundação. A ansiedade tomava conta denós, pois apesar de não ficarmos tocando no assunto, sabíamos que se não hou-vesse fecundação, o tratamento estaria acabado. Após alguns dias, recebemos amaravilhosa notícia de que o óvulo havia fecundado e em perfeitas condições.Começamos a renovar cada vez mais nossas esperanças e sentir que tudo acaba-ria bem. Depois de 2 ou 3 dias, foi feita a transferência do embrião para o meuútero e eu me enchi de alegria. Fiquei muito ansiosa e emotiva, pois aqueles 12dias pareciam nunca ter fim. Nesse tempo, eu até comecei a me preparar para dara notícia para minha filha, caso o resultado desse negativo. Eu ficava aflita só depensar nisso, porque não sabia muito bem como explicaria a ela que eu não tinhaconseguido. Até que depois de muita angústia pela espera do resultado, dado otempo, o Dr. Arnaldo ligou me dando a notícia de que eu seria mamãe! Fiquei tãofeliz e tão emocionada que mal conseguia falar! Cheguei a não acreditar no que eleestava falando!

É difícil colocar em palavras sentimentos tão fortes, pois era tudo que almejá-vamos. Sabíamos das dificuldades que enfrentaríamos, pois a chance de sucessoem uma tentativa com apenas um óvulo era mínima. Mesmo assim, acreditamos esuperamos todos os obstáculos que encontramos em nosso caminho. Seremoseternamente gratos a Deus e à clínica por ter realizado, através da sua equipe,com tamanho profissionalismo, a tarefa que Deus lhe confiou. Hoje sentimos quetudo que passamos foi apenas um caminho que precisávamos percorrer para atin-gir a realização deste grande sonho.

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GRAVIDEZ:

Quando o pouco é tudo

"O segredo para todas aquelas pessoas que desejam que o sonho damaternidade se concretize é ter muita fé em Deus, ter um excelenteprofissional ao seu lado e muita, mas muita esperança e persistência!”

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"Não desanime jamais"

Maira e Victor

Na adolescência, não me preocupava com a maternidade, pois para mim seriaalgo que aconteceria naturalmente. Estava inclusa na sequência dos acontecimen-tos que fazem parte do ciclo de vida natural de uma mulher. Talvez porque eu nãocontava e nem pensava na hipótese de ter de enfrentar qualquer tipo de problemarelacionado à minha fertilidade. Foi então quando, aos 20 anos, tive que realizaruma cirurgia. Fui surpreendida com um enorme cisto que se desenvolveu em umdos meus ovários e com a endometriose, que já tinha comprometido as minhastrompas. Para minha sorte, os médicos conseguiram preservar tudo, sem quefosse necessário retirar qualquer órgão.

Aos 25 anos, novamente voltei a sentir fortes cólicas e, ao me dirigir a uma clíni-ca ginecológica, realizei alguns exames no próprio local. O médico me chamou àsala dele e me disse que eu nunca seria mãe, pois estava com muitos cistos emiomas. Fiquei estática e chocada, quando eu soube que seria necessário retirarmeus ovários, trompas e útero. Lágri mas cortavam minha face, senti-me perdida,sozinha, frágil, a última das mulheres. Voltei para casa com um vazio na alma.Procurei uma outra médica, a fim de possuir a opinião de outro especialista e, paraminha surpresa, ela me disse que uma nova cirurgia seria necessária; porém,todos os meus órgãos seriam preservados. Tudo aconteceu como ela havia me fa -lado e não sofri dano algum, além do abalo psicológico que temos ao nos deparar-mos com problemas de saúde.

Passados dois anos, comecei a ter dores no umbigo e, quando mens truava elasaumentavam. Procurei um especialista, e descobri que estava com uma hérniaumbilical. Fui submetida a outra cirurgia, a terceira do meu histórico tão problemáti-co. O médico descobriu que eu tinha endo me triose e, novamente, fui medicada e,depois de um tempo, melhorei. Aos 33 anos eu me casei. Desde o início donamoro, meu marido sabia do meu problema, mas nunca se importou, até mesmoporque já tinha dois filhos de uma outra relação. Passados alguns anos, finalmentedecidi ser mãe. Eu sabia que aquela decisão era na verdade o início de um grandedesafio que eu teria que vencer.

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Iniciei um tratamento de seis injeções no abdômen para acabar de vez com aendometriose. Em seguida, realizei a minha primeira Fertilização In Vitro. Eu esta-va muito feliz e acreditava que o resultado seria positivo já na primeira tentativa.Mas quando tudo parecia bem, me deparei com uma crise no casamento. Meumarido não confiava no médico e, além de tudo, conhecia casais que tiveram osseus relacionamentos destruídos pela ansiedade e desilusões que enfrentavam naluta por um filho. Mesmo aflita, dei continuidade ao tratamento, ao mesmo tempoem que tentava contornar a situação.

No dia da aspiração, consegui três óvulos, sendo que dois deles foram fertiliza-dos. Foi então quando finalmente chegou o dia onde realizaria a transferência. Eutinha muita fé e acreditava que seria mãe de gêmeos. Meu marido estava muitotenso e temia um resultado negativo, pois já previa o meu sofrimento. Um dia antesde fazer o teste de gravidez, passei mal, sentindo fortes dores e suando frio. Aoche gar em casa, para a minha tristeza, menstruei. Liguei para o médico que medisse que eu poderia ainda estar com um dos embriões, mas fiz o teste e descobrique não estava grávida.

O meu mundo caiu e por dias seguidos chorei sem parar. Não me conformavacom o resultado e culpei a falta de acompanhamento do médico pelo insucesso doprocedimento. Foi somente nesse momento que percebi que havia escolhido omédico errado para me tratar. Mesmo me alertando, não dei atenção ao meu mari-do, que não encontrava profissiona lismo na equipe do especialista. Tivemos quefazer o pagamento do procedimento à vista e em dinheiro. Naquele instante, odesejo era tão grande que fiquei cega, mas hoje sei que o meu sonho não tinhanenhuma importância para a clínica, que só queria o meu dinheiro.

Desisti. A perda da esperança, que é substituída pela desilusão, foi sem dúvidamuito cruel. Por muitos meses, eu fiquei em uma enorme depressão, chorandodiariamente por um sonho que parecia sempre tão distante de se realizar. Mas otempo é um grande amigo e, passados quase dois anos, a vontade louca de sermãe novamente dominou meu coração. Quando ia às festinhas de família e ami-gas, observava as mães com seus filhos e ficava me torturando, com o coraçãoapertado, desejando ter o meu também. Foi então quando uma amiga me indicouo Dr. Arnaldo, dizendo que havia enfrentado o mesmo problema, mas que hoje eramãe de um lindo menino. Fiquei cheia de esperanças e logo entrei em contato coma clínica para marcar um horário. Gostei muito do atendimento e da transparência

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GRAVIDEZ:

Quando o pouco é tudo

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que a equipe passou a mim. Na primeira consulta, levei ao Dr. Arnaldo todos osmeus exames e lhe contei o que havia acontecido a mim. Ele sugeriu uma novaFertilização In Vitro e, em pouco tempo, demos início ao procedimento. Tomei todaa medicação, mas infelizmente não ovulei.

Fiquei arrasada e muito abalada. O Dr. Arnaldo chegou a sugerir a doação deóvulos de uma doadora, mas eu não aceitei porque sabia que ainda ovulava e que-ria um filho meu, com a minha genética. Novamente entrei em depressão e, por umano, deixei o tratamento de lado para me recompor. Meu marido não se conforma-va com a situação e fazia de tudo para que eu deixasse de lado, ou partisse dire-to para uma adoção. Na que la época, eu achava que ele agia dessa maneira por játer filhos e não fazer questão de mais um, mas hoje sei que ele fazia tudo aquilopara não me ver sofrer.

Logo que me recuperei, voltei à clínica, me consultei com o Dr. Arnaldo e dei iní-cio a uma nova tentativa. A aplicação das injeções não me as sustava e nem aba -lava o meu grande sonho. A equipe do Dr. Arnaldo sempre me ligava para saber seeu estava me adaptando às medicações. O acompanhamento foi essencial, poissentia apoio e preocupação da clínica para comigo. Dessa vez, eu consegui doisóvulos e um deles foi fecundado. Fiquei muito feliz e, desde então, não tive maisdúvidas de que havia chegado a minha hora. Durante a transferência do embrião,orei muito e conversei com Deus, pedindo para que ele permitisse que o meusonho se tornasse real. Desde aquele momento, já senti o meu bebê em mim. Euera mãe e nada conseguia me fazer pensar o contrário.

Após os 12 dias de grande ansiedade e esperança, no trabalho, recebi a ligaçãoda clínica, que logo foi transferida ao Dr. Arnaldo. Foi então quando ele atendeu edisse: "Estou falando com a mamãe Maira?" Não me aguentei de emoção, ria aomesmo tempo em que chorava. As lágrimas se confundiam com o sorriso. Voltei atrabalhar flutuando, sentindo paz, libertação… sentindo-me grávida! Após tantosofrimento, a recompensa, a felicidade plena. Meu marido estava viajando e ime-diatamente liguei para ele para lhe contar a novidade. Quando ele atendeu, eudisse: "Nós estamos muito bem!" Ele entendeu e juntos comemoramos muito.

Ver minha barriga crescer era para mim um grande orgulho, pois durante todoo período em que sofria para conseguir engravidar, me sentia incapaz e inferior atodas as outras mulheres. Aproximadamente no quinto mês de gestação, desco-bri que era uma menina e fiquei ainda mais feliz, pois era outro grande sonho.

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Alegria maior eu só senti quando minha princesa veio ao mundo, perfeita, saudá-vel e linda. Quando vejo a minha filha hoje, sempre sorrindo, sinto uma emoçãoindescritível. É um sonho realizado, o impossível bem ali… na sua frente. Hoje nãodesejo mais nada além de muitos e muitos anos ao lado de minha filhinha, para vê-la falar, andar, crescer e poder ser sua mãezinha querida para sempre! Desejo queeu e minha filha sejamos como minha mãe e eu: unidas, amigas e ligadas parasempre por um amor sem fim.

A certeza que tenho é que Jesus me ama e me permitiu receber esta graça.Para isso usou a vida do Dr. Arnaldo e de toda a sua equipe, que com grande com-prometimento, amor e respeito, realizam o sonho de muitas mulheres como eu.

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GRAVIDEZ:

Quando o pouco é tudo

"Não desanime jamais! Não desista nunca! A luta é árdua, mas suporte.O resultado é maravilhoso e fica longe de tudo que você é capaz deimaginar!"

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A felicidade não está no fim

da jornada, e sim em cada

curva do caminho que

percorremos para

encontrá-la.

(Autor anônimo)

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A endometriose é uma doença enigmática. Embora seja desconhecida paramuitos, para outros é extremamente familiar. Os casais que buscam ajuda médicapara conseguir a gravidez acabam conhecendo o seu significado num períodomuito breve. Na minha experiência, quando eu comento esta possibilidade diag-nóstica, a grande maioria das pessoas faz uma expressão de muita preocupaçãoe medo. É a mesma reação observada quando nas primeiras consultas é pronun-ciada a palavra HISTEROSSALPINGOGRAFIA. Quem já fez este exame sabe doque estou falando. A endometriose é uma doença que deve ser cuidadosamentediagnosticada, tratada e acompanhada; caso contrário, poderá levar a paciente arepetidas cirurgias, muitas vezes desnecessárias, além do prejuízo da sua fertili-dade. Acredita-se, hoje, que uma das grandes dificuldades no seu tratamento é otempo de demora para ser diagnosticada: até sete anos, em média. Esta demorapode trazer prejuízos importantes à anatomia do aparelho reprodutivo, causandodanos à fertilidade da mu lher. Por isso, sempre que esta hipótese diagnóstica forapresentada como uma alternativa, o aprofundamento da pesquisa para confir-mação do diagnóstico e o tratamento deverão ser feitos por profissionais que te -nham expe riência nesta doença, caso contrário, tanto o momento como a maneirade intervir e tratar poderão ser inadequados.

Portanto, o mito de que a endometriose não tem uma cura não deve ser consi -derado verdadeiro. O maior problema é que algumas pacientes não são tratadasadequadamente.

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A Fertilidade vence a Endometriose 4

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Os dois casais: Anne e Fred, e Adriana e Enrico ilustram os problemas e aevolução da endometriose. E o mais importante é que, independentemente daforça da doença, a fertilidade venceu e eles estão com os seus filhos.

Anne e Fred vieram da cidade de Manaus e estão entre os pa cien tes que rece-bo de outras cidades. Esses pacientes, quando desejam uma consulta, são encai -xados quase que prontamente. Isso porque eu e a mi nha equipe entendemos quea distância, o custo do transporte e o tempo perdido no deslocamento agem con-tra o desejo da gestação. Anne tinha, desde o início, um quadro característico deendometriose e a intervenção cirúrgica demonstrou uma alteração importante deanatomia dos órgãos reprodutivos. Nessa intervenção, os problemas foram corrigi-dos de manei ra adequada. Entretanto, as trompas quando sofrem alterações im -por tantes como essas, dificilmente voltam totalmente à normalidade, o que podecausar a gravidez tubária. E foi o que aconteceu com ela.

Quando se optou pelo tratamento de Fertilização In Vitro, o resultado foi satisfa -tório. Numa vinda solitária de Fred, o esposo de Anne, ele deci diu comigo o que játinha decidido com ela lá em Manaus: fariam a Fertilização In Vitro. Orientei, naépoca, que poderia aproveitar e coletar o sêmen naquele momento, que ficariacongelado até o dia da Fertilização. Assim não seria necessária a sua vinda no diada coleta dos óvulos, evitando um tempo perdido e despesas de transporte desne -cessárias. Algumas vezes, nós médicos temos que orientar também a distribuiçãodo orçamento do casal.

A parte inicial do tratamento também foi feita em Manaus para que Anne ficasseo menor tempo possível fora de sua casa. Com os detalhes do tratamento arranja-dos pelo grupo de apoio da clínica para pacientes que não moram em São Paulo, otempo de permanência fora de sua cidade foi de sete dias.

Adriana e Enrico são também um casal de fora de São Paulo, mas não tão dis-tante como Anne e Fred.

Adriana passou por várias intervenções cirúrgicas, como contam em suahistória, que demonstraram muitas aderências entre órgãos (os órgãos aderem unsaos outros e têm o seu funcionamento prejudicado) e uma provável endometriose.Essa endometriose já havia sido suspeitada anteriormente. Mas não foram realiza-do os exames necessários, na época, para confirmação diagnóstica. Somenteanos mais tarde, o diagnóstico foi confirmado. Esse processo, resultou na perda deuma parte importante de um dos seus ovários. Mesmo assim, conseguiu o seubebê através das técnicas de Fertilização Assistida.

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Depoimentos

“Ela coloriu as nossas vidas”

Anne e Fred

Tudo começou desde a minha adolescência, que foi quando o desejo de sermãe despertou em meu coração. É claro que eu não pensava em ter filhos naque-le exato momento, mas sonhava em um dia ter quatro crian ças brincando e pulan-do ao meu redor.

Aos 23 anos, me formei em Nutrição e imediatamente me mudei para Manaus,na intenção de me estabilizar profissionalmente. O desejo e a ansiedade pela che -ga da da maternidade nunca deixaram de estar presentes em meu coração, masenquanto o momento não chegava, eu continuava levando a minha vida, buscan-do e realizando os meus outros so nhos e ideais.

Após seis anos na cidade, conheci meu atual marido. Namoramos apenas qua-tro meses, tempo suficiente para vivermos momentos maravilho sos e termos acerteza de que tínhamos que ficar juntos para sempre. Foi então quando aos 29anos, me casei. Logo após nossa união, eu já queria engravidar. Meu marido nãoficou muito confortável com a situação, pois além de termos namorado muito poucotempo, ele já tinha dois filhos, proporcionados por um outro casamento que haviaacabado recentemente.

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GRAVIDEZ:

A fertilidade vence a endometriose

O fato de as histórias aqui contadas serem de tratamentos de Fertili za -ção Assistida não significa que a endometriose impede sempre a gra vi deznatural. Ocorre com muita frequência e com tal simplicidade que os casaisnão se sentem motivados a ponto de escrever suas histórias.

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Nós não evitávamos e nem usávamos métodos contraceptivos, mas o fato de agravidez não chegar ainda não nos maltratava, pois tínhamos uma busca calma,sem desespero, sem pressa e com muita tranquilidade. Eu, acima de todas ascoisas, acreditava que engravidaria no tempo certo, pois tudo tinha sua hora paraacontecer.

Passado um ano sem nenhum resultado, comecei a ficar um pouco incomodada,pois se tudo estivesse normal, eu já teria engravidado. Na minha cabeça, se existis-se algum problema, este estaria no meu marido, pois eu tinha certeza de que comi-go tudo estava bem. Certo dia, ele teve uma irritação no escroto e decidimos procu-rar um médico. Chegando no urologista, expliquei que eu não sabia ao certo se oimpedimento por eu não engravidar vinha da parte do meu marido e se aquela irrita-ção poderia comprometer uma possível gravidez. O médico foi bem claro quando medisse que não, mas me orientou a procurar um especialista em reprodução humanapara que eu também fosse examinada e diagnosticada, me indicando uma médica.

Chegando na consulta, a mesma solicitou os exames necessários para detec-tar uma possível causa, e, para minha surpresa, recebi a notícia de que tinha póli-pos no útero, trompas com fimose e enoveladas, além de endometriose. Foi umchoque, pois jamais passou pela minha cabeça que eu pudesse ter algum tipo deproblema que comprometesse a capacidade e possibilidade de me tornar mãe. Fuiorientada a realizar uma videolaparoscopia com a promessa que, depois da cirur-gia, tudo daria certo.

Meu marido se opôs, dizendo que eu não faria nada em Manaus, pois me leva-ria a São Paulo, para que eu fosse tratada por profissionais mais qualificados eexperientes. Assim que cheguei na cidade, me dirigi ao hospital Santa Joana, e narecepção pedi que me indicassem o melhor médico para resolver o meu problema.A recepcionista me passou o contato de dois especialistas, um deles era o Dr.Arnaldo. Liguei primeiro para a clínica do outro médico, mas quando atenderam eudesliguei. Fui movida por uma intuição que é difícil explicar em palavras, mas algome dizia que era com o Dr. Arnaldo que eu tinha que me tratar. Imediatamenteliguei para a clínica IPGO e falei que era de Manaus e que precisava marcar umaconsulta quanto antes, pois não ficaria muito tempo em São Paulo. Pra minha sur-presa, foi possível fazer um encaixe na tarde daquele mesmo dia. Aquele com cer-teza foi um dos dias mais felizes da minha vida, pois eu estava encontrando a pes-soa que realizaria o meu sonho.

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Chegando lá, expliquei ao Dr. Arnaldo todo o meu histórico, repleto de tristezae frustração. Os exames do meu marido também foram analisados, mas nada deanormal foi encontrado. O problema realmente estava comigo, em mim, no meucorpo. Percebendo a minha angústia e também a minha pressa, devido ao fato deeu não ser de São Paulo, ele me ins truiu a realizar a videolaparoscopia naquelamesma semana. Toda a mi nha confiança foi depositada naquele homem que esta-va na minha fren te, tentando encontrar uma maneira de me tornar mãe.

Com a cirurgia realizada, o Dr. Arnaldo me disse que dentro de um ano euengravidaria. Voltei para Manaus confiante e já com o coração desesperado pelachegada do grande dia. Foi o ano de maior ansiedade da minha vida. Todo mês eufazia os testes de gravidez comercializados em farmácias, mas sempre dava nega-tivo. A minha busca incessante e a minha espera continuavam, sem nenhuma inter-rupção.

Passados quatro meses, meu marido apresentou uma redução na taxa deespermatozoides e logo nos dirigimos ao consultório de um amigo. O que pareciare sol vido voltou a nos preocupar, dessa vez um novo obstá cu lo fora colocado emnossos caminhos. Meu marido foi orientado a reali zar a varicocele, mas, trêsmeses após a cirurgia, ele simplesmente parou de produzir espermatozoides. Asituação foi insuportável e o desespero tomou conta do desejo louco que eu ali-mentava em meu coração. Che guei a culpar o médico, acreditando que ele tinhacausado aquilo e defi niti va mente destruído todas as possibilidades existentes paraa rea lização de um sonho que tanto me consumia.

Fomos informados que aquele diagnóstico estava dentro da normalidade e que,no máximo, em três meses tudo estaria no seu devido lugar. Realmente, tudo vol-tou ao normal e o meu marido voltou a produzir bons espermatozoides; porém, agravidez nunca vinha. Decidi convencê-lo a ir para São Paulo e procurar o melhormédico, assim como eu fiz. Foi exatamente o que ele fez; porém, o especialistapediu que aguardássemos um pouco, pois em, no máximo, quatro meses eu engra -vidaria.

Passados exatamente dois meses, fui surpreendida com sangramentos incons-tantes. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas tinha certeza que aquilo nãoera normal. Mesmo muito apreensiva, não tive outra esco lha além de esperar, jáque só consegui marcar uma consulta médica para depois de um mês.

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GRAVIDEZ:

A fertilidade vence a endometriose

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Depois de alguns dias, fui passear com meu marido no shopping. Ao provaruma roupa, fiquei muito chateada por notar que meu manequim havia aumenta-do. Percebi que tinha engordado e fiquei até triste por conta disso. Quando che-gamos em casa, ele pediu que eu colocasse a roupa que havia comprado paraele ver e, para o meu espanto, ela não serviu. Fiquei completamente sem graçae achei estranho porque não era possível eu ter engordado em tão poucas horas.Muito desconfiado ele me disse: “Acho que você está grávida!” Aquilo foi umsusto para mim, pois naquele momento a possibilidade de estar grávida eraremota e praticamente nula em meus pensamentos. Ele comprou um teste de far-mácia e pediu que eu fizesse, mas neguei fazê-lo, afirmando não querer criar ex -pec tativas para algo que naquele momento estava tão distante de acontecer.Quase não consegui dormir naquele dia, pois aquela pergunta não saía da minhacabeça. A esperança cresceu e eu não conseguia parar de pen sar na hipótesede finalmente realizar o meu sonho. O teste ficou guardado e, no dia seguinte,eu o fiz: positivo.

Difícil explicar o que eu senti naquele momento. Fiquei muito radiante, porémpreocupada, pois se eu realmente estivesse grávida, poderia estar com um princí-pio de aborto, já que o sangramento não cessava. Fui ao laboratório e fiz um novoexame, que confirmou o resultado anterior. Es tava muito feliz, contagiante, e nãoqueria por nada que aquele dia chegasse ao fim.

Fui trabalhar um pouco indisposta no dia seguinte e pedi que meu marido melevasse ao hospital, pois eu estava grávida e precisava tomar todo ti po de cuida-do. Chegando lá, fiz um ultrassom para detectar o tempo de gra videz e, para o meususto, ouvi da médica que eu não estava grávida. Co mo aquilo era possível?Expliquei a ela que já tinha realizado o exame e que o resultado havia dado posi-tivo, mas, pelo laudo do ultrassom, era negativo.

Voltei ao laboratório em que tinha realizado o exame e o refiz. Novamente deupositivo. Eu estava ficando louca com aquela situação. Não sabia o que fazer edisse ao meu marido que o que eu mais queria naquele momento era poder falarcom o Dr. Arnaldo para que ele ana lisasse o meu caso. Foi então que eu liguei paraele e contei tudo o que estava acontecendo. Perguntei se era preciso que eu fossepara São Paulo e ele me disse que através de uma consulta poderia descobrir ime-diatamente o que estava acontecendo.

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Eu e meu marido decidimos viajar para São Paulo para descobrir de vez o queestava acontecendo e acabar com aquela angústia de não saber o que se pas sava.Após colher sangue e realizar um novo ultrassom, o teste positivo foi confirmado,porém, com um detalhe: tratava-se de uma gravi dez ectópica. O embrião iria sedesenvolver fora do útero, mais precisa men te na trompa esquerda.

Tomei um remédio específico para inibir o crescimento do embrião, mas nãoobtive resultado. Então realizei uma nova videolaparoscopia, onde o retirei junta-mente com a minha trompa esquerda. Infelizmente não existia a possibilidade demanter a gravidez. Saí do consultório muito chateada e decepcionada. Chegueiperto do sonho, mas ele escapou entre meus dedos. Perguntei ao Dr. Arnaldo seeu ainda tinha chance de ter filhos e ele me disse: “Enquanto existir útero, a mu -lher pode ter filhos.” Aquela frase jamais saiu da minha cabeça e, com certeza, foimuito cons trutiva e motivadora durante todo o meu processo.

Ele me explicou que caso eu engravidasse novamente, poderia perder a outratrompa e, por este motivo, juntamente com o meu marido, decidimos realizar umaFertilização In Vitro. Fiquei chateada somente no mo men to em que tudo aconte-ceu, mas logo depois voltei a ficar animada e cheia de esperança, porque eu sabiaque ainda tinha outras possibilidades para realizar o meu sonho. Não posso dizerque o meu tratamento foi sofrido e doloroso. É claro que nestas circunstâncias, pormais racio nais que possamos ser, é praticamente impossível não se magoar.Porém, eu confiava demais no meu médico, que sempre me deixou muito segura.Sempre falo que minha trajetória foi dividida em duas partes: antes do Dr. Arnaldoe depois do Dr. Arnaldo.

Logo recompus minhas energias e dei início ao procedimento para a Fertiliza -ção In Vitro. No mesmo momento, meu marido já fez a coleta de sêmen e fui orien-tada a começar o tratamento somente após o próximo ciclo menstrual. Voltei paraManaus radiante, já com os remédios para todo o tratamento. Passados algunsdias, o Dr. Arnaldo me ligou avisando que eu devia dar início à medicação e, nova-mente, fiquei muito feliz, já fazendo contagem regressiva para o grande dia.

No dia da transferência, eu estava muito confiante, certa de que engra vida rialogo na primeira. O Dr. Arnaldo alertou que eu tinha apenas dois embriões, masisso não diminuía a confiança em um resultado positivo. Durante todo o procedi-mento, eu conversei bastante com Deus, clamava para que tudo desse certo.

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GRAVIDEZ:

A fertilidade vence a endometriose

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Após 24 horas, durante o sono, fui surpreendida com um sonho. Ouvia nitida-mente um bebê gritar “mamãe”. Acordei assustada e fui ao banheiro. Me depareicom o mesmo sangramento que tive anteriormente, durante a outra gravidez.Imediatamente liguei para a clínica e pedi para que avisassem o Dr. Arnaldo queeu estava grávida. Ao questionarem o porquê de tanta certeza, contei que haviatido um sinal e expliquei o que havia acontecido.

Retornei para Manaus, e os dias de espera pelo resultado foram terríveis.Foram tão angustiantes que não consegui esperar, e faltando apenas dois dias,decidi fazer um teste de farmácia. Para o meu desespero, o resultado foi negativoe eu não consegui me conter. Chorei muito e meu marido não sabia o que fazerpara me acalmar. Jamais esquecerei a dor, angústia, decepção e tristeza que sentinaquele momento.

Chegado o dia do resultado, me dirigi ao laboratório, e quando peguei o exame,minhas pernas tremiam e eu mal conseguia parar em pé. Fui até o trabalho do meumarido, que rapidamente abriu o exame. Ele me perguntou: “Você quer saber doresultado?” e eu pedi que esperasse um pouco, pois ainda não estava preparadapara ouvir. Ele não aguentou e me contou que eu estava grávida! Aquele momen-to para mim foi indes critível, pois era como acordar de um pesadelo. Eu fiquei para-da, anestesiada e não conseguia ter nenhuma reação. Apenas pedia que meumarido desse a notícia para o Dr. Arnaldo.

Naquele dia, eu e meu marido saímos para curtir o momento. Deci di mos nãocontar para ninguém, assim como fizemos durante todo o tratamento. Tomamosessa decisão para evitar qualquer tipo de transtor no, pois eu ainda corria o risco desofrer um aborto. Omitimos a gravidez até o final do terceiro mês.

Nesse período, tivemos um grande susto. Ao realizar um exame, fui surpreen-dida com um descolamento do saco gestacional. Mais uma vez entrei em pânico etive muito medo de perder o bebê. Fiquei em repouso absoluto por 15 dias e logotudo voltou ao normal. Quando tudo já estava normalizado, decidimos dar a boanotícia para a família e amigos. Nin guém sabe do tipo de tratamento que rea -lizamos, pois esse procedimento aqui ainda não é normal.

Tirando o susto no início da gestação, minha gravidez foi maravilhosa. Verminha barriga crescendo me deixava muito feliz, pois eu sabia que era o fruto deuma busca e de uma luta incessante. Achava o máximo ficar com aquele barrigão

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e, se tivesse escolha, ficaria daquele jeito por um bom tempo. Ver que eu estavarealizando o meu sonho era tão perfeito e tão inacreditável que, às vezes, passa-va pela minha cabeça que eu poderia não estar grávida. Cheguei a imaginar queminha barriga crescia por conta de um mioma. Tinha muito medo de acordardaquele sonho ma ravilhoso que eu estava vivendo.

Hoje, com a minha filha bem aqui, pertinho de mim, tudo está mais bonito. Anossa casa está muito mais alegre, colorida e tudo parece ser mágico. A suachegada ao mundo foi triunfal e realizou o grande sonho da minha vida. Sou mãee nada pode ser melhor do que isso! Mesmo depois de tudo o que eu passei, tenhoplanos de realizar uma nova Fertilização In Vitro. Imaginar ter de passar por tudonovamente não me assusta. A ansiedade, as chateações e as tristezas se tornampequenas, depois que vemos o resultado.

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GRAVIDEZ:

A fertilidade vence a endometriose

“Para alcançar o objetivo é preciso ter certeza do que você quer. Nãodesista em nenhum momento, pois nenhuma dor pode ser mais fortedo que o sonho de ser mãe. Tenha muita fé e sempre que desanimar,lembre-se que: ‘Enquanto existir útero, existirá uma possibilidade!’”

“Deus sabe o momento certo”

Adriana e Enrico

A maternidade é um sonho para a maioria das mulheres. Acho que minha von-tade de ser mãe apareceu desde quando me vi como mulher, capaz de dar con-tinuidade à minha geração. Quando criança, dizia que iria ter dois filhos, uma meni-na e um menino. Sempre me imaginei toda barriguda, usando roupas largas esentindo a doce sensação de amamentar.

Quando conheci meu marido, passei a ter certeza que realizaria meu grandesonho, pois ele também sempre me falava sobre o seu desejo de ser pai. Aos 20anos, me casei, mas, inicialmente, tínhamos o plano de curtir um pouco, terminar a

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faculdade, para depois termos filhos. Não estávamos dando prioridade para outrascoisas, pois o desejo estava dentro dos nossos corações, mas acreditávamos queaquele ainda não era o momento. Queríamos nos estruturar melhor, até mesmopara dar uma boa condição de vida para os nossos filhos.

Após sete anos, quando finalmente decidimos ter filhos, fui surpreendida comfortes dores na barriga que me levaram ao hospital. Por meio de al guns examesrealizados e, durante um ultrassom, foi constatado um líquido na cavidade abdom-inal. Logo fui alertada de que era um sinal de apendicite. Fui internada no mesmodia e operada erroneamente, onde o cirur gião re ti rou o apêndice perfeito, sem ne -nhum problema. Ainda na sala de ci rurgia, o médico começou a me questionar seeu já era mãe e se eu tinha in tenção de ter filhos, pois havia alguns indícios de queeu poderia ter endometriose.

Eu nunca tinha ouvido falar nessa doença e o médico não me deu muitas expli-cações. Pediu apenas que eu procurasse um ginecologista para realizar novosexames e analisar com mais precisão o meu diagnóstico. Passei por várias clíni-cas, mas em nenhuma delas fui orientada sobre o que estava acontecendo. Ouviaapenas que se realmente eu tivesse endometriose, dificilmente engravidaria. Foimuito difícil ouvir especulações desse tipo, pois cada palavra pronunciada destruíao sonho que por toda a minha vida foi preservado em meu coração. No meio dessedesespero total, um médico amigo da família indicou um especialista em endome-triose. Este me tranquilizou, dizendo que realmente teríamos que investigar o pro-blema.

Com apenas quatro meses após a minha cirurgia de apendicite, rea lizei umavideolaparoscopia, O resultado da endometriose foi negativo, mas eu tinha muitasaderências e o que eles chamam de pélvis congelada (todos os meus órgãos eramgrudados). Fui alertada que dificilmente engravidaria pelos métodos naturais, o queme deixou muito preocupada. Sentia-me frustrada por saber que talvez não seriacapaz de ter um filho e realizar o nosso sonho.

Demos início a um tratamento, mas após dez meses, a gravidez ainda nãohavia chegado. Além do desgaste emocional e psicológico que sofri, estava tendomuitas dores abdominais e sentindo cólicas menstruais que ficavam cada vez maisintensas. Diante dessas circunstâncias, meu médico solicitou um ultrassom, noqual foi constatado um cisto com aproximadamente 7 cm. Novamente fiquei cho-

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cada! Além de chateada por ver que a maternidade estava cada vez mais distan-te, ficava preocupada com a minha própria saúde, pois nunca imaginei que pudes-se ter algum pro ble ma semelhante ao que eu estava tendo. Era uma mistura desentimentos muito grande e meu coração se mantinha apertado e confuso. Paraaumentar ainda mais o meu desespero, durante a cirurgia, foi confirmada a presen-ça da endometriose. Dei início a um tratamento com inje ções que inibiam a ovula-ção. Esse processo durou nove meses e foi muito, mas muito difícil.

Mas em todos os momentos recebi muita força do meu marido. Sem pre que eudizia: “Eu tenho um problema”, ele falava: “Não! NÓS temos um problema!”Quando eu perdia as esperanças, ele me enchia de força para continuar. Essas ati-tudes me davam muita força para continuar, pois eu sabia que tinha alguém domeu lado, me segurando para que eu não caísse. Depois da última injeção, eu emeu marido ficamos aliviados, acreditando e tendo fé que tudo havia se resolvido.

Novamente demos início ao tratamento, tomando algumas medica ções recei-tadas pelo médico. Tudo parecia perfeito, mas após quatro meses, as cólicas volta-ram e meu médico identificou um cisto de 4,7 cm no ovário esquerdo e outro menorno ovário direito. Realizei uma nova videolaparoscopia, que deixou meu coraçãomuito angustiado. Após a realização de uma nova cirurgia, parte do meu ovárioesquerdo foi retirada com os cistos. Quando recebi a notícia do médico, perdi ocontrole da situação e me desesperei. Saí do consultório chorando muito e com asesperanças esgotadas. Quando perdi a minha fé e parei de acreditar que seriamãe, passei a me culpar por não ter tido filho antes, já que havia me casado muitonova, com o organismo muito melhor para uma gravidez. Me sentia a pior pessoado mundo e não entendia porque estava tendo que passar por tudo aquilo. A fasefoi muito difícil, mas o amor e o apoio do meu marido dedicados a mim não medeixavam desistir, me fazendo sempre crer que o nosso sonho seria realizado.

Iniciei novamente o tratamento com as injeções. Tínhamos esperança que eume curaria, pois o médico havia feito uma limpeza da endome triose durante a cirur-gia. Novamente, para a nossa decepção, no primeiro ciclo, as dores voltaram commuita intensidade. Procurei o médico, um novo exame de ultrassom foi feito enovamente foi encontrado um cisto em cada ovário. Eu fiquei inconsolável! Maisuma vez a conduta recomendada pelo médico foi de uma nova cirurgia, mas eunão aceitei e relutei, pois aquelas tinham sido as recomendações dos últimos três

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GRAVIDEZ:

A fertilidade vence a endometriose

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anos. Ao perceber que nada me faria mudar de ideia, ele foi taxativo, dizendo quea Fertilização In Vitro seria a única solução para o meu caso. A situação já estavainsuportável. Todas as noites eu sonhava com o meu filhinho em meu colo, sentin-do a sensação maravilhosa de amamentá-lo. Deixamos de viver e passamos asobreviver, diante de todos os impedimentos que nos mantinham longe do nossomaior desejo.

Passamos a procurar hospitais que pudessem fazer o procedimento gratuita-mente, mas vimos que isso era impossível, até mesmo porque não tínhamos muitotempo. Se eu demorasse muito, a endometriose poderia se agravar. Víamos asportas se fechando à nossa frente e o desânimo nos dominava. Foi então quandoum colega de trabalho comentou com o meu marido que sua esposa estava reali-zando um tratamento com o Dr. Arnaldo, que imediatamente nos foi indicado.Marca mos a consulta na clínica IPGO e fomos atendidos por uma médica da equi-pe que nos tranquilizou muito, principalmente em relação aos meus cistos. Saí delá muito con fiante, porém nervosa. Havíamos encontrado a solução, mas não tí -nhamos como arcar com o custo da mesma. Falei ao meu marido que não sabiacomo, mas que iríamos fazer o tratamento naquela clínica.

No dia seguinte, o Dr. Arnaldo me ligou e conversamos um pouco sobre o meudiagnóstico. Ao questionar a parte financeira do tratamento, simplesmente ouvi:“Falamos disso depois! Estamos aqui para realizar o seu sonho e é isso que ire-mos fazer!” Naquele momento, tive a certeza que estava no caminho certo, poispercebi que o meu sonho era o deles também. Aquelas palavras me confortaram ejamais saíram da minha me mó ria.

No mês seguinte, demos início ao tratamento, mesmo com o problema da faltade recursos. Estávamos decididos! Resolvemos pôr à venda um único terreno quetínhamos e demos início à Fertilização In Vitro, sem muita certeza do que faríamoscom relação ao dinheiro necessário. Está va mos com muita fé e esperança e logoas portas que se mantinham fe chadas, começaram a se abrir. As coisas pareciamestar melhorando e tu do se resolvendo. Estávamos renovados, acreditando em umresultado po sitivo. Não era fácil, pois os momentos de euforia e preocupação sealternavam, mas tínhamos convicção que boas notícias chegariam em breve.

Chegado o dia da transferência, nossos corações explodiam de tanta ansiedade.Tínhamos quatro embriões e decidimos implantar três deles. A sensa ção de tê-los

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junto a mim era indescritível, e desde então já me sentia grávida. Eu e meu maridonão sabíamos que a pior parte ainda estava por vir. A espera angustiante pelos 12dias foi na verdade 12 anos. Por mais que tentássemos, não conseguíamos pensarem outra coisa.

Após a terrível espera, me dirigi ao laboratório para a coleta de san gue. Empouco tempo o resultado ficou pronto, mas não tive coragem de bus cá-lo. Pedi quemeu marido fosse até o laboratório para retirar o resultado e, juntos, teríamos amais desejada resposta dos últimos dias. Che gan do em casa, abrimos o envelopee fo mos dominados pela emoção de sa ber que estávamos grávidos. Mal conse -guíamos falar, apenas sentíamos aquele momento entre lágrimas que estavamlonge de cessar.

Foi maravilhoso a primeira vez que ouvimos o coração da nossa filhi nha pulsar,batendo forte, seguindo seu destino e crescendo a cada dia. Minha gravidez foimaravilhosa. Curtimos muito a espera e nos tornamos as pessoas mais felizes domundo. Eu ficava horas e horas me olhando no espelho, namorando a minha bar-riga e agradecendo a Deus por ter concedido o maior tesouro das nossas vidas.

A emoção de pegar a minha filha pela primeira vez em meus braços foi inexpli-cável. O primeiro choro, o primeiro olhar, o primeiro toque… Foram sem dúvidamomentos emocionantes, fortes e marcantes, que jamais serão apagados daminha memória e do meu coração. Hoje sei que valeu a pena e faria tudo de novo.As dores, as tristezas, os momentos de angústia, tudo isso deu espaço apenaspara muita alegria e, hoje, sou uma mulher realizada e feliz, mas muito feliz!

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GRAVIDEZ:

Ansiedade: mito ou verdade?

“Não desanime! Procure os melhores profissionais e confie muito emDeus! Hoje, mais do que nunca, entendo que Ele sabe o momento certopara nos abençoar com o que queremos ou necessitamos.”

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Espaço da Ciência

ENDOMETRIOSE – O que é?

Endométrio é o tecido que reveste o útero internamente e é formado entre asmenstruações. Esta “película” solta-se e sai juntamente com o sangue, cada vezque a mulher menstrua. Por razões ainda não bem definidas, esse revestimentopode migrar e se alojar em outros órgãos, como ovários, tubas, intestinos, bexiga,peritônio, e até mesmo no próprio útero, dentro do músculo. Quando isto aconte-ce, dá-se o nome de endo metriose (inserido na musculatura do útero tem o nomede adenomiose), ou seja, endométrio fora do seu local habitual. A endometriose éresponsável por cerca de 40% das causas femininas da infertilidade. A moléstianão é maligna e, em certas pacientes, se manifesta apenas discretamente, comleve aumento na intensidade das cólicas menstruais. Em outras, pode ser um mar-tírio, com dores fortes e sangramentos abundantes. Em qualquer uma das situa-ções, seja qual for o grau de endometriose, a infertilidade poderá estar presente oufuturamente comprometida. Os indícios da existência desta doença podem serdados, além da história clínica, pela dosagem no sangue de uma substância cha-mada CA125 e por imagem suspeita vista pelo ultrassom. Novos exames, comoPCR, SAA, anticardiolipina IgG, IgA e IgM, representam uma opção para pesquisae tratamentos imunológicos futuros desta patologia. Para confirmar o diagnóstico egra duar o comprometimento dos órgãos afetados pela doença, a videolaparosco-pia é essencial, podendo-se através dela obter também a cura com a cauterizaçãoe ressecção dos focos. O tratamento clínico medicamentoso complementar é umaalternativa que deve ser avaliada caso a caso.

Principais Sintomas da Endometriose Superficial e Profunda• Dor: antes e durante a menstruação, piores que as cólicas mens truais nor-

mais que, muitas vezes, impedem a mulher de executar tarefas coti dianas.• Infertilidade: 40% das causas de infertilidade.• Hemorragias: abundantes ou irregulares.

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• Evacuação dolorosa: durante o período da menstruação. Pode ocorrer san-gramento pelo ânus, no período menstrual.

• Nenhum sintoma: a doença pode ser assintomática, podendo haver suspei-tas pela dificuldade em engravidar, ultrassonografia, dosagem do CA125 econfirmada pela videolaparoscopia.

Tratamentos• Videolaparoscopia diagnóstica e cirúrgica (mais importante, pois diagnostica e

remove as aderências e focos de endometriose);• Analgésicos;• Pílulas anticoncepcionais;• Hormônios que bloqueiam a menstruação;• Implantes hormonais;• Gravidez não é tratamento.

Causas da endometriose• Refluxo do sangue menstrual.• Problemas do sistema imunológico.• Teoria genética.• Teoria metaplásica (outros tecidos que se transformam em endo me trio se).

Locais possíveis para os implantes de endometriose

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GRAVIDEZ:

A fertilidade vence a endometriose

Endometriose

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Há pessoas que transformam

o sol numa simples

mancha amarela, mas há também

aquelas que fazem de uma

simples mancha amarela

o próprio sol.

Pablo Picasso

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O homem e a mulher são conhecidamente diferentes em vários aspectos decomportamento. Desde a infância, essas variações podem ser notadas. O meninogeralmente é mais agitado, ao passo que a menina tende a ser mais tranquila. Nodecorrer da adolescência até a idade adulta, essas diferenças se acentuam: asmeninas tendem a ser mais centradas, amadurecem mais cedo, são mais respon-sáveis e mais vaidosas. Mas, de todas elas, uma das que mais me chamamatenção é o comportamento masculino diante de problemas de saúde. Enquanto amaioria das mulheres encara esses problemas com coragem (é evidente que sem-pre existem exceções), o homem tende a fraquejar, em vez de enfrentá-los. Eletende a se acomodar, se isolar e se afastar da rotina dos tratamentos, e ela osenfrenta. Vale ressaltar que essas observações são frutos da minha prática diáriade consultório e não devem ser tomadas como regra.

A infertilidade masculina é a princípio muito mais “sofrida” do que a feminina,pois alguns homens associam esse fato à masculinidade e virili dade. Ser infértilparece despertar nos homens sentimentos de impotência e menos valia, entre ou -tros. Ainda hoje, alguns segmentos da socie da de tendem a respon sabilizar a mu -lher pelas dificuldades do casal em ter filhos. Muitos homens ainda se recusam afazer o exame do seu esperma (espermograma), justificando que caberá à mulherfazer a investigação inicial, e só depois dos exames dela resultarem negativos éque darão início aos seus exames. Puro engano, pois de todas as causas de infer-tilidade, 50% cabem ao homem. Existem vários exames que a mulher faz que sãodesconfortáveis e que poderiam ser dispensados se o exame do sêmen apresen-tar problemas graves e irreversíveis.

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Homens com “H” maiúsculo (Banco de Sêmen) 5

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De todas as alterações dos exames do homem, a pior e mais traumática é aausência total de espermatozoides, chamada azoospermia. Exis tem várias causaspa ra este problema: genético, agenesia do ducto defe rente (falta de formação doducto que leva os espermatozoides do testículo ao meio exterior) e outros. Emboraexistam várias técnicas para a recupera ção dos espermatozoides diretamente dotestículo, como a punção ou microdissecção, algumas vezes, nem esses procedimen-tos conseguem obter estas células para a fertilização. Nesses casos, a única alterna-tiva é o Banco de Sêmen, que guarda amostras de esperma de doadores anônimos,catalogados, de saúde comprovada e que podem ser escolhidos pela semelhançafísica, tipo de sangue e perfil psicológico compatível com o marido.

O primeiro impacto emocional deste resultado é avassalador, pois de algumaforma parece afetar o moral do homem. Sentem-se decepcionados, envergonhadose alguns até deprimidos, pois esta possibilidade raramente passa pela imaginação nosexo masculino. Não que a mulher seja insensível quando o problema é com ela,mas a forma de encarar os fatos geralmente é dife rente no sexo feminino. Ela procu-ra reerguer-se com coragem, enquanto o homem precisa de apoio, compreensão ede mãos estendidas para se levantar, encarar os fatos e participar do tratamento deforma ativa. Geralmente, essa iniciativa para sua recuperação vem da sua própriamu lher. É nesta hora que se descobre qual é o verdadeiro sexo frágil.

Anita e Ciro, Carla e Augusto são casais cujos maridos são exemplo de históriasde homens que encararam os fatos com coragem e equilíbrio. Histórias diferentese de muita determinação. Ciro e Augusto são os heróis deste capítulo. Existem ou -tros exemplos como Daniel, do capítulo 1, e Arthur, do capítulo 13.

Anita e Ciro formam um casal jovem. Ela com 22 anos e ele com 26. Ciro temcara de menino ainda mais novo, com voz infantil e muito simpático, o tipo “garotãoboa gente”. Anita, quase criança, parece uma companheira ideal para o seu mari-do. Entraram na minha sala quase que grudados um no outro. Assim que se sen-taram para o início da consulta, detectei que o problema estaria com Ciro. Comoeu percebi? Porque a experiência do trabalho traz muitos benefícios, e desde o iní-cio de minha profissão, presto muita atenção no comportamento dos pacientes,suas expressões faciais, seus gestos, a maneira de sentar, a maneira como seexpressam etc. Ciro começou a falar. Não estava gago propriamente, mas falavacom a voz trêmula, típica de quem estava receoso daquilo que poderia ouvir. Suasbochechas e o pescoço estavam avermelhados. Mostrava-se muito ansioso. Já na

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primeira frase colocou o seu espermograma sobre a minha mesa e eu, enquanto oouvia, percebi que o resultado do exame era azoospermia. Durante o seu relatomédico, dizia que estavam casados há pouco tempo e muito preocupados.Percebendo o desespero de Ciro, tentei tranquilizá-lo, na medida do possível,descrevendo os caminhos possíveis para a conclusão do seu diagnóstico e apossibi lidade de ter seus filhos com seus próprios espermatozoides. Percebi tam-bém que tinham uma limitação financeira importante (eram recém-casados), e porisso ajudaria a achar a melhor alternativa econômica para resolver esse problema.Para esclarecimento do diagnóstico foi realizada uma biópsia de testículo, queresultou em uma “quase inexistente” quantidade de espermatozoides.

Mas havia esperança. Havia duas alternativas para eles. Poderia ser feita ainseminação artificial com sêmen de doador (Banco de Sêmen), ou realizar aFertilização In Vitro tentando-se retirar espermatozoides do testículo de Ciro.Entretanto, não havia garantia se conseguiríamos sucesso neste procedimento. Aalternativa era deixar uma amostra de sêmen de doador à disposição, pois se nãofosse possível ter os espermatozoides de Ciro, já teríamos esperma para darprosseguimento à fertili za ção. Ciro com dignidade e coragem, entendeu que nãohavia ou tras alternativas e aceitou as condições. Com um período curto de refle -xão, logo concordou com o tratamento. A dificuldade maior estava por vir, pois o ca -sal não tinha condições financeiras de pagar o tratamento. Como alternativa, foiproposto a ele a doação de parte dos óvulos provenientes da estimulação ovarianade Anita para uma outra mulher (receptora). Estas mulheres receptoras sãopacientes que desejam ter filhos numa idade avançada e não possuem mais óvu-los capazes de serem fertilizados. A única alternativa para elas, nestes casos, éreceberem óvulos de uma outra mulher (doadora), com saúde comprovada e fértil,como Anita, para serem fertilizadas com o sêmen do seu próprio marido (recepto-ra) e daí gerar o seu bebê (ver capítulo 7 – Bendito o fruto do vosso ventre).

Tudo foi realizado de forma adequada, mas outro problema estava por vir. Noúltimo momento, a receptora, por motivos pessoais, resolveu adiar seu tratamen-to, e ante a angústia e frustração de Ciro e Anita, a adminis tração do IPGO viabili-zou o custo financeiro para o casal, que optou por fazer o tratamento sem aovoadoa ção. O resultado final de todos esses caminhos e tropeços foi a conquistada gesta ção gemelar, sem a necessidade do uso do sêmen de doador.

A outra história é do casal Carla e Augusto. Eles moram em outro Estado doBra sil e me procuraram. Augusto já tinha o diagnóstico de azoospermia e sabia, por

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GRAVIDEZ:

Homens com “H” maiúsculo (banco de sêmen)

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todos os exames já realizados, que a única maneira de terem filhos seria atravésdo banco de sêmen. Estavam bem cons cientes do problema e aceitavam o trata-mento com sêmen de doador sem restrições, pois já tinham passado pela angús-tia deste diagnóstico há algum tempo.

Normalmente, eu conto aos pacientes algumas histórias reais do meu dia a diado consultório para ilustrar os seus problemas. É uma maneira de facilitar a com-preensão dos fatos, uma vez que eles passam a entender que fazem parte de umuniverso de pessoas com o mesmo problema, e não são exceção. Contei a eles aseguinte história:

“– Certa vez, fui convidado para uma festa de criança. O aniversariante, um meni-no de seis anos, era fruto de um tratamento de fertilização com sêmen de doador.Este histórico era e ainda é um segredo, como sempre devem ser nos tratamentos deFertilização, principalmente em casos como este. Em situações especiais, algunspacientes tornam-se meus amigos íntimos, pela convivência e por pontos em comum.Por este motivo, fui a essa comemoração. Du ran te a festa, observava essa criançaque além do seu ar saudável, apresentava comportamento e gestos seme lhantes aoseu pai, como por exem plo, colocar a mão no bolso e inclinar o rosto para o lado opos-to, provocando comentários dos parentes de ‘como é parecido com o pai’. Quem diria!

Esta história é verdadeira e conto a todos os maridos candidatos ao uso doBanco de Sêmen.”

Ao contar esta história, Augusto não só concordou como completou contando asua própria história, que desde então passei a contar como parte do meu repertóriode exemplos reais. Contou-me que ainda bem crian ça sua mãe separou-se do seupai. Anos depois, ela veio a se casar com outro homem, seu padrasto, com quemvive até hoje. Durante toda a sua vida, Augusto conviveu com esse homem. Esteveao seu lado por um tempo maior que com o seu próprio pai. Adquiriu assim oshábitos, comportamentos e gestos semelhantes aos dele. Por isso, conta ele, amaioria das pessoas com quem convive acredita que o seu padrasto é o seu ver-dadeiro pai, tama nha é a semelhança.

Estas histórias têm o objetivo de ilustrar com fatos reais como estes homensencararam e enfrentaram seus problemas. Sem preocupações descabidas, nempreconceito, formaram uma família feliz, e mesmo que guardem segredos damaneira que se tornaram pais, são orgulhosos dos filhos que conseguiram.

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Depoimentos

"Uma luta e duas vitórias"

Anita e Ciro

Minha história começou desde o instante em que me casei, aos 25 anos. Sem -pre fui apaixonada por crianças, mas meu objetivo era esperar o melhor momento,até mesmo para que a dificuldade financeira por conta do casamento fosse sana-da. Meu marido também sempre foi louco por crianças, e, se dependesse deletería mos filhos no primeiro mês após o casamento.

Em pouco tempo, surgiram as cobranças da família, e com apenas um ano decasados, decidimos que havia chegado a hora. Após dois anos de tentativas semsucesso, começamos a ficar preocupados. Marquei uma consulta com a minhaginecologista, que ao saber da minha dificuldade para engravidar, solicitou quemeu marido realizasse um exame para veri ficar se existia algum problema com ele,pois comigo não havia nada de errado.

Após realizar o exame, assim que meu marido recebeu o resultado, me ligoupara dar a notícia. Entre lágrimas, contou-me que estava com azoospermia.Ficamos arrasados, principalmente porque jamais imaginávamos que isso pudessenos acontecer. Tínhamos certeza que estava tudo certo e que nada de anormalseria detectado.

Por falta de informação sobre os tratamentos existentes para a inferti lidade,achamos que não seríamos pais. O sonho havia acabado e não existia solução!Tentei dar forças a ele para que não desanimasse. Ficamos perdidos por umtempo, sem saber como agir e que atitude tomar diante daquela situação. Penseina tentativa de uma adoção, mesmo sa ben do que ficaria frustrada por não verminha barriga crescer.

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Meu marido realizou consultas em diversas clínicas a fim de confirmar o diag-nóstico. Não conseguia e não queria aceitar seu problema. Ao ver sua tristeza,disse-lhe que procuraríamos um especialista para que, juntos, descobríssemosuma solução. Acredito que seja muito difícil para qualquer homem ter de enfrentarum problema como este.

Foi uma fase muito difícil. A mágoa e a frustração tomaram conta dos nossoscorações, que choravam de dor. Tentávamos nos distrair, mas nada nos mantinhalonge do nosso problema. Para agravar ainda mais o momento difícil que estáva-mos tendo de enfrentar, a família e os amigos nos enchiam de perguntas, fazendobrincadeiras que nos deixavam muito incomodados. Sabíamos que não tinhammaldade, pois não sabiam de nada, mas o constrangimento era inevitável.

Como não estávamos mais suportando a situação, decidimos contar tudo paraos nossos pais, que foram nossa base de apoio. Foi muito difícil ter que expor tudoo que estava acontecendo. Meu marido estava arrasado e não se sentia confortá -vel tendo que expor seu problema. Nossos pais foram nossa fortaleza, nos ajudan-do a vencer todos os obstáculos. No meio de toda essa situação desconfortável,meu sogro conheceu uma pessoa que indicou a clínica IPGO. Ficamos esperanço-sos e muito entusiasmados e marcamos uma consulta, acreditando que te ría mosboas notícias.

Logo de início, recebemos muita confiança do Dr. Arnaldo, que nos disse quea possibilidade de conseguirmos era grande por eu ainda ser jovem. Quanto aopro blema do meu marido, explicou que por meio de uma punção do testículo erapossível extrair o sêmen. Porém, esse procedimento só poderia ser realizado nameta de do meu tratamento, ou seja, daríamos início ao procedimento sem saberse usaríamos o sêmen do meu marido ou de um doador (banco de sêmen).Sempre sonhei em ficar grávida, ver minha barriga crescendo, mas mesmo assima adoção era mais confortá vel do que gerar um filho que não tivesse a genéticado meu marido.

Voltamos para casa radiantes, pois acabávamos de descobrir uma alter nativapara solucionar o problema que até aquele momento nos parecia impossível de sersolucionado. Porém, não tínhamos condições financeiras naquele momento paraarcar com o tratamento. Sabíamos que era loucura, mas decidimos fazer tudo o

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que estava ao nosso alcance para realizar o tratamento e encaramos a situação,apesar de toda dificuldade.

Decididos, confiantes e cheios de esperança, demos início à nossa ca mi nhada.Comecei o tratamento, sabendo que o filho poderia não ser do meu marido e issome atormentava. Toda aquela situação era muito estra nha. Tivemos que apontarum doador e foi muito sacrificante ter que esco lher em um banco de sêmen um bio-tipo que mais se aproximava do meu ma rido. Pensar nos detalhes como altura, cordos cabelos, entre ou tras coi sas, eram, em nossa mente, importantes para que,futuramente, ninguém vies se a descobrir, caso tivéssemos que usar realmente osêmen de um doa dor.

O tratamento foi desgastante. As injeções eram dolorosas, mas cada picada eracheia de esperança. No decorrer do tratamento, tivemos muita insegurança e medode não dar certo. Estávamos muito confiantes e sabíamos que se viesse um resul-tado negativo, ficaríamos desestruturados. Fazíamos o possível para manter nos-sos pensamentos positivos, tentando não pensar em coisas ruins, que nos deixas-sem apreensivos.

Finalmente, chegou o dia da punção. Era um momento decisivo, onde descobri-ríamos se o nosso filho teria 100% da nossa genética. Meu marido foi para a salaonde seria realizado o procedimento, enquanto eu e meus sogros aguardávamosaos prantos na sala de espera. Depois de algum tempo o Dr. Arnaldo apareceu enos disse o que mais desejávamos ouvir naquele momento: "Ele tem um monte desêmen!" Ficamos contagiantes, explodindo de felicidade. Meu marido ainda estavaadormecido por conta da anestesia. Dar aquela boa notícia para ele foi um dos me -lhores momentos que vivemos. Havíamos vencido mais um dos obstáculos quenos distanciavam do nosso sonho. A reação foi instantânea! Cho ra mos muito, masdesta vez, de felicidade.

No dia da transferência dos embriões, estávamos bem ansiosos. Foram trans-feridos três embriões, por indicação do próprio Dr. Arnaldo, que considerou comocaso especial pelas nossas dificuldades. Fiz repouso absoluto e cumpri com todasas orientações que me foram passadas. Os 12 dias de espera foram longos, muitolongos. Eu já me sentia grávida e o meu marido estava certo de que o resultadoseria positivo. Porém, mesmo com toda esta convicção, só teríamos a confirmaçãopor meio do exame. Mesmo confiantes, era inevitável sofrermos naquele períodoonde os dias custavam a passar.

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Chegado o dia, não estávamos aguentando de tanta ansiedade. Foi entãoquando a Mariana ligou para o meu marido dando a boa notícia: Eu estava grávi-da! Imediatamente meu marido me ligou e não me aguentei de tanta felicidade. Foium momento único e inesquecível. Palavras jamais serão capazes de expressar aemoção que sentimos naquele momento, após viver tanta decepção. Dividimoscom todos a felicidade que transbordava dos nossos corações.

Mesmo gratos a Deus pelo que Ele já tinha feito, não imaginávamos que o me -lhor ainda estava por vir. Ao realizar o ultrassom, descobrimos que eu estava grávi-da de gêmeos. Foi uma sensação maravilhosa e a nossa luta es ta va muito mais doque vencida. Quando achamos que nada mais poderia nos acontecer, recebemosa notícia que era um casal! Tudo estava perfeito!

Apesar de ter que enfrentar enjôos intermináveis, minha gravidez foi ótima.Curti cada minuto como se fosse o último. A Rafaela e o Gabriel vie ram ao mundocom muita saúde. Foi mágico viver todos aqueles mo men tos felizes, de muitarealização.

Seremos eternamente gratos a Deus pela infinita bondade e por ter permi tidoque fôssemos pais. A felicidade que sentimos é tão grande, que não dá para medir.É tão valiosa, que não tem preço. A alegria é tão infinita, que nos dá a certeza deque jamais deixará de estar presente em nossos cora ções.

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"Queremos que a nossa trajetória sirva de exemplo para você queestá vivendo isso hoje. Creia sempre em Deus, pois Ele faz o impos-sível acontecer e, quando menos esperar, suas lágrimas serão substi-tuídas pelo riso e muita, mas muita alegria!"

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"Deus realiza sonhos impossíveis"

Carla e Augusto

Desde nova, sempre me achei o patinho feio da família. Por esse motivo sem-pre achei que nem fosse casar. Dessa forma, não pensava e nem sonhava com fi -lhos, mesmo adorando crianças. O desejo surgiu depois que eu conheci o meuatual marido. Aos 25 anos, me casei e dei início a um relacionamento que até hojesó me traz alegrias.

Como naquele momento estávamos em plena ascensão profissional, nossosplanos eram de que os filhos viessem apenas depois de uns três anos, pois jáestaríamos mais estabilizados e preparados para vivenciar esta nova fase.

Após dois maravilhosos anos, decidimos que havia chegado a hora, e, notercei ro ano de casados, demos início às tentativas. Vários meses se passaram enada aconteceu. Desconfiada, procurei o meu médico, que, após me examinar,disse que nada de errado havia em mim, senão a ansiedade que consequente-mente abalava o meu psicológico.

Fiquei muito desconfiada, e com indicação de uma amiga, decidi me consultarcom um outro ginecologista. Logo na primeira consulta, o médico pediu que meumarido realizasse um espermograma. Ficamos muito assustados, e para nossatristeza, o exame detectou a presença de azoospermia. Foi como perder o chão,porque na verdade o ser humano nunca está preparado para receber uma notíciacomo esta. O sonho de nos tornarmos pais morreu ali. O médico não nos deuesperanças e também não nos encaminhou para um especialista.

Apesar de muito chateados, superamos essa fase de uma forma bem positiva. Eunão havia casado com o meu marido para que ele me desse fi lhos. Eu me casei paraviver ao lado dele para sempre, pois acima de todas as coisas, o queria como meumarido, meu companheiro e meu amigo. A impossibilidade de termos uma criançanão abalava o meu amor pela pessoa que estava ao meu lado, e sempre fiz questãode deixar isso claro a ele.

Não tocamos mais no assunto e demos continuidade às nossas vidas. Apósdois anos, ele teve um problema de saúde degenerativo, e por conta disso, teve

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que realizar biópsia e cirurgia. Decidimos aproveitar o proce dimento para que fos-sem realizadas também a varicocele e a biópsia testicular. Tivemos muita esperan-ça de um possível resultado positivo, mas, infelizmente, a realidade foi outra.Aquele dia, mais do que nunca, tivemos a certeza de que a possibilidade de ter-mos filhos genéticos acabava ali. Mesmo chateados, tínhamos a certeza de queDeus sabia de todas as coisas, e, juntos, superaríamos mais essa etapa.

Muitos anos se passaram, e por um longo tempo não tocávamos mais nesseassunto, até que um dia fui cobrada pelo meu marido, que me disse que eu nãoqueria ter um filho dele. Conversamos bastante e percebemos que, na verdade, umnão cobrava o outro porque não queríamos que isso se tornasse um problema emnosso relacionamento. Nesse mesmo tempo, meu marido leu em uma revista muitoconhecida um artigo que falava sobre infertilidade. A matéria indicava a clínicaIPGO, que, temporariamente, estava realizando consultas totalmente gratuitas.

Meu marido ficou muito animado com o que leu e logo entrou em contato coma clínica para agendar um horário. Morávamos em Vitória, mas percorremos milquilômetros para chegar ao lugar que poderia realizar o nosso grande sonho. Aochegarmos para a nossa primeira consulta, contamos ao Dr. Arnaldo tudo o quehavia acontecido. Ele nos disse que não faria rodeios, e que no nosso caso só seriapossível uma gravidez com doação de espermatozoides. Meu marido se mostroua favor de imediato, e decidimos então aceitar a única opção que poderia realizarnosso grande sonho. O Dr. Arnaldo nos explicou como seria realizado todo o pro-cedimento e saímos da clínica decididos e muito felizes.

Não contamos à família sobre a doação de espermatozoides, pois era uma coisamuito nossa. Foram muitas perguntas e também muita desconfiança por parte dosfamiliares, mas a medicina está muito avançada. Quem iria contestar? Passamospor cima de tudo e de todos, pois só o que nos importava naquele momento era arealização do nosso maior sonho.

Estávamos bem resolvidos quanto à nossa decisão, e logo demos início à esco -lha do doador. Aquele momento foi muito difícil, pois você espera encontrar alguémque tenha as características da sua família, mas tudo aquilo é muito superficial. Nãodá pra saber ao certo se é ou não é parecido… é uma decisão muito difícil. Eu e meumarido sempre acreditamos que o filho fica igual aos pais por conta da criação. Meumarido foi cria do pelo padrasto e fisicamente é mais parecido com ele do que com

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o próprio pai. Por esse motivo, fizemos a nossa escolha, mas acreditávamos que assemelhanças viriam com o passar dos anos, através da convivência.

Após dois meses, demos início à nossa primeira Inseminação Artificial. A expe -riência de tomar aquelas injeções e fazer o controle de ovulação foi maravilhosa!Pois ali tive contato com pessoas que se dedicavam verdadeiramente à realizaçãode um sonho que passa a ser delas a partir do momento que entramos na clínica.Me senti muito segura e muito feliz!

Os 12 dias foram tranquilos e, em nenhum momento, senti medo ou inseguran-ça. A família nos deu muito apoio, sempre nos dizendo que tudo daria certo. No diado exame eu tinha certeza que o resultado seria positivo, mas, infelizmente, nãoaconteceu como o esperado: o beta deu negativo. Não sei explicar o que sentinaquele momento, pois não chorei e nem senti tristeza. É claro que fiquei umpouco decepcionada, mas cria que Deus estava do meu lado em todas as circuns-tâncias da vida e isso me deixava tranquila e segura.

Voltamos para casa já conformados e decidimos que não tentaríamos mais. Atémesmo porque não teríamos como arcar com o gasto de mais uma tentativa. Aosaber da nossa decisão, minha mãe nos incentivou a dar continuidade ao trata-mento e nos propôs uma nova tentativa que seria paga por ela. Ficamos muitofelizes com aquele presente, e, após dois meses, voltamos ao consultório e demosinício à nossa primeira Fertili zação In Vitro.

As injeções, o controle de ovulação e o contato com a equipe, sempre tão de -dicada, voltaram a fazer parte da minha rotina diária. Eu e meu marido estávamosmuito confiantes e o tratamento foi maravilhoso, com exceção da pressão que sen-timos quando novamente tivemos que esco lher o doador. O que me confortava eraver a tranquilidade do meu marido quanto à criança não ter sua genética, devido àsua semelhança com o seu padrasto. Decidimos transferir três embriões, e, desdeo dia da transferência, ficávamos vibrando com a hipóstese de vir mais de umacrian ça. Faltavam dois dias para a realização do exame, quando recebi uma li -gação da clínica, avisando que eu já poderia realizar o beta. Pela primei ra vez,fiquei nervosa e a ansiedade veio em dobro.

Fiz o exame, e quando vi o resultado positivo, não fiz nada além de ir correndopara casa para dar a grande notícia ao meu marido. Quando cheguei, tentei dis-farçar, mas não contive o riso, e logo meu marido dedu ziu que tudo tinha dado

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certo. Comemoramos muito e não sabíamos se dávamos risada ou se choráva-mos. A mistura de emoções é muito grande neste momento. Demos a notícia àclínica e a toda a família, e todos ficaram muito felizes pela nossa vitória! A vida setransformou em uma grande festa, pois o que antes parecia impossível se tornoureal. Após alguns dias, me dirigi a uma clínica na minha cidade, indicada pelopróprio Dr. Arnaldo, e durante o ultrassom descobrimos que eram gêmeos!Ficamos mais felizes ainda, se é que isso era possível. A partir desse dia, os nos-sos agradecimentos a Deus jamais cessaram, pois vivíamos uma cons tantecomemoração que parecia que jamais iria acabar.

A gravidez foi muito tranquila, e como se não bastassem tantas alegrias, fomoscontemplados com a notícia de que seríamos pais de um lindo casal. Hoje, comeles aqui, nossa família está muito mais do que completa. Eu e meu marido esta-mos curtindo cada fase, cada momento, com muito carinho e com muita gratidão atodos que colaboraram para que este sonho se tornasse real.

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"É preciso saber que a persistência é crucial neste tratamento, alémde muita fé em Deus, o único que tem poder para realizar todos osnossos sonhos, por mais impossíveis que eles pareçam ser."

Espaço da Ciência

A pesquisa da fertilidade no homem

A pesquisa da Fertilidade no Homem é um capítulo importante na ReproduçãoHumana, tanto pelas dificuldades quanto pelo misticismo que envolve a maneira dacoleta do material (pela masturbação), além dos preconceitos que ainda existemenvolvendo os possíveis diagnósticos (por mais absurdo que pareça). A pesquisa

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da Fertilidade masculina é sempre muito mais simples que a feminina. É funda-mental que se saiba o que é relevante nesta pesquisa para que não nos percamosem resultados superficiais que levam o casal, muitas vezes, a perder tempo edinhei ro, além do desgaste psicológico que envolve este tipo de tratamento.

O fator masculino é responsável, isoladamente, por 30 a 40% dos casos de infer-tilidade, e associado ao fator feminino, por mais 20%, cúmplice portanto de 50% doscasais com dificuldade para engravidar. Visto que a ava liação deste fator é relativa-mente simples e pouco dispendiosa, esta deve ser realizada em todos os casos. Esteestudo é baseado na história clínica (antecedentes de infecção, traumas, cirurgiaspregressas, impotência, hábitos como alcoolismo, tabagismo, etc.), exame físico ees per mograma.

Análise do Sêmen

É o espermograma comum que pode ser realizado em laboratórios de análisesclínicas. Deve ser realizado estudando-se uma ou duas amostras colhidas comabstinência sexual de dois a sete dias. Os principais parâmetros analisados,segundo a OMS 2010, são os seguintes:

1. Volume: normal, maior ou igual a 1,5 ml;

2. Número de espermatozoides (concentração): normal, acima de 15milhões/ml; um valor inferior é denominado oligospermia e considerado sub-fértil;

3. É altamente classificada em: MP (motilidade progressiva); NP (motilidade nãoprogressiva); IM (imóveis). A soma de MP + NP, ou seja, motilidade total, deve-rá ser superior a 40%, sendo que a motilidade progressiva (MP) deverá sersuperior a 32%;

4. Morfologia (forma): a forma oval é a considerada “normal” e são estes esper-matozoides, teoricamente, capazes de fertilizar o óvulo. Pelo critério antigo deKruger, deveria ser igual ou maior a 14% e, segundo a OMS 2010, a morfologiaestrita de Kruger é igual ou maior a 4%;

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5. Leucócitos (teste de Endz): o normal é abaixo de 1 milhão/ ml; quan do acimadeste valor (leucocitospermia) pode indicar infecção, a qual deve ser sempretratada, antes de qualquer procedimento, pois existe uma correlação negativaentre a leucocitospermia e a função dos espermatozoides;

6. Dosagem de frutose: quando baixa ou ausente, pode indicar ausência dasvesículas seminais ou obstrução dos ductos ejaculatórios;

7. Espermocultura: da mesma forma que outros exames de cultura, procuram-sedetectar bactérias deletéricas à fertilização.

Nos casos de oligospermia severa ou azoospermia, a ultrassonografia escrotale a biópsia testicular são recursos que podem ser utilizados no diagnóstico daobstrução ou da ausência dos ductos deferentes. Estes casos exigem avaliaçãogenética do homem, com o intuito de diagnosticar uma eventual alteração. Estasalterações cromossômicas podem ser graves e transmissíveis. Deverá ser analisa-da criteriosamente para que se avalie os riscos da fertilização.

Azoospermia Ausência de espermatozoidesOligospermia Abaixo de 15 milhões /mlOligospermia severa Abaixo de 1 milhão/ml Criptospermia Presença de espermatozoides após centrifugaçãoNecrospermia Abaixo de 58% de espermatozoides vivos

Técnicas para obtenção de espermatozoides quando não estiverem presentes na ejaculação:

¨ PESA – (aspiração microepididimal do esperma): aspira-se uma pequenaquantidade de sêmen do epidídimo e os espermatozoides recuperados são uti-lizados para fertilização por ICSI. Utilizada principalmente em homens vasec-tomizados.

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• TESA – (biópsia do tecido testicular): é uma técnica similar, na qual os esper-matozoides são retirados por uma minúscula biópsia de tecido testicular. Depoissão recuperados, e como na técnica anterior, são utilizados para fertilização porICSI.

• MICRODISSECÇÃO: é uma microcirurgia que possibilita a retirada dosespermatozoides diretamente dos ductos seminíferos, que são os locais onde elesestão em maior concentração. Esta técnica é utilizada em homens que não elimi-nam espermatozoides pela ejaculação, mas os fabri cam em pequena quantidade.A vantagem, quando comparada com outras técnicas, é o fato de ser menos agres-siva e oferecer a possibilidade de se retirar várias amostras de esperma, possibili-tando o congelamento para uso futuro.

Os resultados de PESA, TESA e MICRODISSECÇÃO têm sido bastante enco-rajadores, sugerindo que os homens que, por motivos diversos (inclusive vasecto-mia), são incapazes de ejacular ou produzir esperma, são agora capazes, por estastécnicas, de suprir o(s) espermatozoide(s) para fertilização dos óvulos de suaesposa. A mulher, evidentemente, deve seguir os procedimentos rotineiros de super-ovulação e coleta de óvulos.

Avaliação do DNA do espermatozoide(Fragmentação do DNA)

É um dos mais modernos exames para avaliar a fertilidade masculina. Muitoshomens que têm um espermograma normal podem apresentar esta alteração, queaté há pouco tempo não era conhecida e pode dificultar a gravidez. Esta anorma-lidade pode explicar os casos de infertilidade sem diagnóstico, chamadosEsterilidade Sem Causa Aparente (ESCA) ou infertilidade inexplicável; e os repeti-dos insucessos dos tratamentos de fertilização in vitro e abortamentos de repeti-ção. O DNA defeituoso ou fragmentado é mais frequente em homens com hábitosde vida inadequados, como por exemplo os fumantes e obesos.

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Todas as técnicas para esta avaliação baseiam-se na análise direta do sêmen,após dois dias de abstinência sexual. Este exame pode ser feito como complemen-to ao espermograma comum, ou isoladamente. A amostra passa por um exame defluorescência, misturada com um corante laranja capaz de se ligar ao DNA.Posteriomente, passa por um aparelho chamado citômetro de fluxo, que quantificaa proporção de espermatozoides defeituosos.

Se a porcentagem de espermatozoides alterados for acima de 30%, a capaci-dade fértil do homem estará severamente prejudicada.

O tratamento para esta anomalia é o reposicionamento deste homem aos bonshábitos de vida, além de tomar vitamina C e vitamina E em doses adequadas. Umanova avaliação deve ser feita, após dois ou três meses de tratamento.

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As histórias de uma clínica de reprodução humana sempre envolvem pacientesque demonstram, em vários graus, atitudes de determinação. Desde o primeiro mêsque um casal tentou engravidar e não conseguiu, inicia-se uma longa trajetória defrustrações pelo bebê que não vem. Já nos primeiros meses de tentativa paraengravidar naturalmente, o casal começa o ca minho da persistência; a mulher obser-va no ciclo menstrual os dias de maior fertilidade, procura o seu ginecologista gerale faz os primeiros exames. Esta busca pela gestação pode durar meses e até anos,dependendo das dificuldades orgânicas encontradas e da perseverança do casal.

A tolerância aos exames e aos tratamentos é variável de casal para casal, eprincipalmente para as mulheres. Muitas delas, com alguma razão, mesmo antesde iniciar a técnica mais simples de reprodução assistida (indução da ovulação docoito programado), relatam estar exaustas desta busca e que já estão no limite desua tolerância.

Embora eu respeite o cansaço destas mulheres, penso em alguns casais, comoestes que contam suas histórias neste capítulo. Um deles (Letícia e Rogério),engravidou na sétima tentativa de fertilização in vitro. Penso em outros, comoValéria e Tadeu, que contam sua história no capí tulo 8 – Bendito é o fruto do “outro”ventre –; conseguirarm o seu filho na oitava tentativa, através da barriga dealuguel, melhor chamada de útero de substituição. Existem várias histórias quedemonstram esta força.

Entretanto, nem sempre é possível controlar o desânimo. Não é fácil lidar como fracasso. Sentir que o empenho, a dedicação, os exames e os controles foram

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A força da perseverança 6

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todos em vão. Perguntar a si mesma: Por que eu? Por que comigo? E não obterrespostas pode ser difícil de suportar.

As três histórias deste capítulo são simples amostras do grande número decasais persistentes. Rosa e Odilon, Letícia e Rogério, Fábia e Francisco contamsuas histórias de dedicação, vontade, coragem, determinação e fé, além do mari-do sempre presente. Todas elas conseguiram o seu objetivo: a gravidez!

Depoimentos

"Caímos para aprender a nos levantar"

Rosa e Odilon

Sempre quis ser mãe, e, antes mesmo de me casar, desejava ter uns dois filhosno mínimo, com no máximo 25 anos. Só que a minha vida tomou outros rumos, ea trajetória acabou sendo bem diferente da que eu sempre planejei, pois me caseisomente com 31 anos. Eu jamais pensei na hipótese de não poder ter filhos, e paramim, a hora que eu decidisse, era só eu fazer e pronto, ele estaria ali.

Como é de se esperar de uma relação feliz, após um ano de casados, decidi-mos ter o nosso primeiro filho. Eu tinha acabado de entrar na "casa dos trinta anos"e profissionalmente me sentia realizada. Percebi que havia chegado o momentopara tornar real o meu grande sonho de ser mãe.

Após muitas tentativas sem sucesso, o tão sonhado momento da gravidez ia sepostergando. Quase um ano depois, cheguei à conclusão que tinha algo de erra-do. Apesar de ainda não haver muita preocupação, decidimos procurar logo nos-sos respectivos médicos. Realizamos uma série de exames, porém nada de irre-gular foi detectado. Naquela ocasião, fomos orientados a procurar um especialistaem infertilidade humana, e minha ginecologista indicou o Dr. Arnaldo Cambiaghi.

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Recolhemos todos os exames que havíamos feito e fomos à consulta. Lembro-me como se fosse hoje, quão esperançosos estávamos! Eu era a última pacientea ser atendida por ele, e antes de ser chamada, todas as fotos de bebês e cartasdos papais e mamães espalhadas pelo consultório foram apreciados por nós.Sentimos que estávamos no lugar certo. Entra mos na sala do Dr. Arnaldo, e elecom toda a atenção e paciência peculiar, conversou quase uma hora conosco,fazendo uma leitura minuciosa nos meus exames. Disse que, aparentemente, eunão tinha qualquer pro blema, e que podíamos ter a certeza que o nosso caso nãoseria tão complicado. Saímos de lá felizes e confiantes, recheados de espe rança.Depois de algumas consultas e exames realizados, enfrentamos o primeiro obs -táculo. Foi constatada uma aderência na trompa esquerda e os famosos cistosovarianos, que resultaram numa videolaparoscopia.

Após a recuperação da cirurgia, fomos incentivados a tentar novamente pelosmeios naturais. Eu achava que tínhamos encontrado o pro blema, mas novamentetentamos, tentamos e, infelizmente, nada acontecia. Era uma situação muito frus-trante. Segui a jornada, tomando alguns medicamentos a fim de estimular a ovu-lação. Com o passar do tempo, comecei a notar que a minha situação psicológicaestava se agravando.

Dei início a uma fase crítica, repleta de conflitos e questionamentos que se li -mitavam ao meu interior. Minha mente foi invadida pelos porquês. Eu queria saberpor que a mulher da esquina podia e eu não, por que mi nhas alunas de 12 anospodiam e eu não, por que eu, por que comigo… enfim, não conseguia aceitar aque-la situação. Naquele momento, eu me cobrava e me acusava por não poder dar umfilho ao meu marido, e aquela frustração me matava como mulher. Até o meu rela-cionamento foi pre judicado, porque meu marido me procurava, e eu não queria queele chegasse perto, e nem que me tocasse. Ele me procurava mas eu não que ria.O problema era comigo e os conflitos eram em mim.

Muitas mulheres ficavam grávidas e vinham justamente a mim dar aquela notí-cia, me deixando em "parafusos". Eu sorria na frente, mas só na frente, pois quan-do vinha para casa, me desabava em lágrimas. Sutilmente, as cobranças a mim eao meu marido também aconteciam e, às vezes, as famosas perguntas: "Quandovem o bebê?", "E aí, vocês não sabem fazer?", "Querem que eu ensine?", eramfeitas a nós. Piadinhas engraçadas para quem as faz e de extremo mau gosto paraquem as escuta. Estávamos vivendo um momento frágil e aquelas questões dei -

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GRAVIDEZ:

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xavam-nos profundamente entristecidos. Festa infantil era um local que me batiauma grande tristeza, pois eu desejava muito passar por aquela experiência degerar um filho e comemorar seus aniversários. Só que com as perguntas, tí nhamosque sorrir para todos como se nada estivesse acontecendo, e eu sempre voltavachorando no carro. Dizíamos que estávamos tentando, sabendo que era pura ver-dade.

Com a ajuda fundamental do Dr. Arnaldo e suas assistentes, demos início aoprimeiro tratamento de indução. Foi colocada uma música suave durante o proce -dimento, e aquilo me fez muito bem. Para mim, era como um encontro com Deus,através de um contato direto. Eu pensava: "Meu Deus, é agora!", e já me via grávi-da. Depois daquele momento maravi lhoso, enfrentamos os malditos doze dias quese tornaram os mais longos e torturosos de nossas vidas. Veio então o meuprimeiro tombo. Fiquei muito mal, e desabei no chão.

Após esta, fizemos mais duas induções e três inseminações artificiais. Ao finalde todas essas tentativas, eu recebia o lamentável e indesejável resultado negati-vo. Me sentia a mulher mais sensível do mundo por não ter a capacidade de sermãe e por não receber esta dádiva de Deus. Chorava muito, me isolava a cadaresultado negativo e me recolhia lite ral mente. Depois orava e pedia a Deus perdãopela fraqueza e implorava para que Ele revigorasse as minhas forças para conti -nuar aquela jornada tão difícil. Quando fizemos o primeiro tratamento, meu maridome deu uma roupinha de bebê, pois tínhamos certeza que conseguiríamos. Essaroupinha era minha tábua de salvação, aonde eu chorava e conversava com Deus.

Dentro de mim, eu tinha certeza plena que jamais desistiria, mas ressalto queessa energia também era fortalecida e impulsionada pelo meu marido, o qual sem-pre esteve ao meu lado, em todo o meu sofrimento. Naqueles momentos, ele erao meu ombro amigo, um verdadeiro compa nheiro na alegria e nos momentos detristeza, como um dia foi jurado no altar perante Deus. Como decidimos não abriro problema para a família, só podia me apoiar nele e no Dr. Arnaldo, que sempretratou o problema de forma suave, vendo possibilidades. Não nos tratava friamentee não via só o nosso problema. Via a obra, o conjunto todo. Pois sabia que atrásde tudo aquilo existia uma pessoa, um ser humano que sofria, que tinha expecta-tivas e que tinha esperanças. Ele estava preparado para tudo ali, e isso me confor-tou. Ele tentou, ajudou e participou de tudo.

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Apesar de muito cansada e desgastada, decidimos tentar a Fertili zação In Vitro(FIV). Novamente meu coração se encheu de esperança. Rigoro samente, noshorários estabelecidos, eu tomava todos aqueles medicamentos e aplicava asinjeções em mim. Uma etapa muito difícil a ser superada, pois jamais me via pas-sando por aquilo. Algumas vezes tivemos que ir à farmácia aplicar injeções emplena meia-noite. Esperançosa, eu dizia: "É agora que vou ser mãe com toda acerteza!" Porém, novamente a triste história se repetia. Os exames, a ansiedade,a expectativa e o torturoso resultado negativo.

Após o impacto psicológico e decepcionante que eu recebera com a primeiraFIV, meu marido, pacientemente, e não querendo ver mais o meu sofrimen to, su -geriu que partíssemos para uma adoção. Analisei a su gestão, pois um filho adota-do é fruto do coração louco para dar amor a uma criança. Como ainda não tinhaperdido a esperança de gerar um filho, decidi que retornaríamos com essa ideiaapós uma nova consulta ao Dr. Arnaldo. A minha perseverança era contínua, eapós orientações do Dr. Arnaldo, amadurecemos a ideia da segunda tentativa,sabendo que os resultados poderiam ser melhores e positivos devido ao conti -nuado processo que eu passara durante os dois anos. De uma certa forma, eu mesentia segura porque o meu médico apostava em mim e acreditava que eu tinhachance. Resolvemos tentar novamente, mas antes sentamos para conversar. Atéentão, já tínhamos gastado muito, e aquelas eram nossas últimas reservas. Meumarido me disse que seria a última vez, e que se não desse certo, adotaríamosuma criança. Eu já estava tentando me adaptar à ideia da adoção. Não era pelobebê, mas tinha medo da sociedade e da família.

Nesta segunda FIV, aflorou em mim a possibilidade de tornar-me mãe e sentique aquela era a última tentativa. Lógico que isto dependia do exame de sangueque eu havia realizado e receberia o resultado algumas horas depois. Lembro-medeste dia sem esquecer um único detalhe. Tudo começou no laboratório, quando aassistente me encaminhou para uma sala de criança, cheia de cadeirinhas e debichinhos. Ali mesmo comecei a chorar. Fomos atendidos numa sala reservada,pois outras salas estavam cheias, mas acredito que era Deus mostrando queminha vez havia chegado e que um anjo estava para descer lá do céu. Tudo alinaquela sala era bonito. Colheram o exame e, nesse dia, eu não queria sair decasa. Meu marido insistia e pedia pra eu sair, mas eu dizia que não. Queria ficar láe ver o resultado. Eu estava muito ansiosa e meu marido muito preocupado, poissabia que um resultado negativo poderia causar uma imensa tristeza em mim.

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Perceben do a minha angústia, até tentou que eu não ficasse próxima do computa-dor, mas não conseguiu. Final mente, saiu o resultado, e como aqueles númerosnos deixa ram aneste siados, imediatamente ligamos para a assistente Mariana erepassamos o resultado. Ela disse: – Parabéns, diga para a Rosa que ela serámamãe! … Como choramos! Nos abraçamos e pulamos de alegria. Ajoelhamos eagradecemos a Deus! Foi uma emoção muito grande e não conse guíamos pararde chorar. Logo em seguida, para nossa alegria, recebemos um telefonema do Dr.Arnaldo nos parabenizando e dizendo que ele também estava muito feliz por aque-la notícia. Sentimos que a nossa vitória também era dele, pois havia participadoefetivamente de todos os processos de tratamentos e angústias que tivemos nosdois anos.

Curtimos imensamente a gravidez, o enxoval, a decoração do quarto, a esco lhada maternidade, cada detalhe foi apreciado. Toda aquela angústia, tratamentos,exames e operações deram lugar à felicidade. Parecia que eu estava voando.Quando o nosso maravilhoso Matheus veio ao mundo, eu tive a resposta de todosos meus porquês. Descobri que eu não engravidava porque não era a minha hora,era na hora que Deus preparava! Quando eu descobri que ia ser mãe, toda dor esofrimento que eu tinha passado deram espaço para a alegria. E todos os momen-tos difíceis se apagaram da minha memória.

Sem dúvida, sempre procuramos ser os melhores pais ao Matheus, pois cur-timos e vivemos cada descoberta do nosso filho, seja através de uma palavra, umgesto ou uma brincadeira, pois Deus confiou a nós esta gratificante missão. Issotudo é tão mágico que para completar a história, o nosso Matheus veio ao mundocom uma "marquinha" de nascença no braço direito no formato de um coração.Colocamos o nome de Matheus porque significa “enviado de Deus”. Após ter vivi-do todos esses momentos, pudemos notar que alguns casais que passam por situ-ações seme lhantes ou até mais complicadas, ficam perdidos e não sabem o quefazer diante da mesma. O companheirismo é fundamental, e o ideal não pode serde um só, tem que ser dos dois.

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"A fé, a dedicação e a esperança são os ingredientes necessários quepoderão transformar um sonho em realidade. Pode acreditar, pois avitória está próxima!"

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"Fomos derrotados em muitas batalhas, mas nunca desistimos de vencer a guerra"

Letícia e Rogério

Eu e meu marido nos casamos, mas, inicialmente, tínhamos a intenção de curtirum pouco para depois pensarmos em filhos. Após quase três anos de casada, euparei de tomar anticoncepcional. Não tínhamos aquela busca incessante por umagravidez, mas sabíamos que estávamos preparados. Era uma espera tranquila.

A história da nossa luta em busca deste sonho que tanto nos consome começoucom uma cólica muito forte que comecei a sentir pela madrugada. Ainda sentindomuita dor, meu marido me levou ao Pronto-Socorro mais próximo, onde fui exami-nada e diagnosticada. Foi detectado um cisto no ovário esquerdo. Logo me dirigiao meu ginecologista, que cons tatou que o cisto era de endometriose. Eu nemsabia o que significava esta doença, mas logo fui informada por ele que era umadas causas da infertilidade da mulher. Eu fiquei em estado de choque, principal-mente porque tudo estava acontecendo muito rápido. Descobri a existência de umcisto, logo depois uma doença que poderia me levar à infertilidade. Percebi que osonho da gravidez não seria algo fácil a ser conquistado.

Após oito meses da cirurgia, voltei a sentir dores, e, ao fazer alguns exa mes,foram constatados mais três cistos no mesmo lugar. Essa notícia foi frustrante, poisa única coisa que passava pela minha cabeça é que diante de tantos problemas,eu não seria mãe. Fiz outra cirurgia e tive que bloquear minha ovulação tomandopílulas por alguns meses. Surgiram sentimentos confusos e contrários, uma mistu-ra de medo do retorno da doença e esperança de ainda realizarmos nosso sonho.

Um casal de amigos conseguiu um filho através da Fertilização In Vitro, e nosincentivou para que procurássemos ajuda médica. Entusiasmados, logo marcamosuma consulta médica, onde expusemos tudo o que tinha acontecido conosco. Omédico explicou o meu diagnóstico e nos orientou quanto às possibilidades detratamento. Muito esperançosos, decidimos realizar uma Fertilização In Vitro.

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O tratamento foi bem desgastante, mas logo chegou o dia da transfe rência.Sentíamos uma sensação de vitória muito grande, que nos consumia a cadainstante. Os doze dias de espera foram tranquilos, pois não passava pela nossacabeça um resultado negativo. Para a nossa surpresa, chegado o dia do resulta-do, fui informada que eu não estava grávida. Fiquei muito decepcionada, frustrada,e o abalo emocional foi enorme. Chorava muito, pois não conseguia entenderaquele resultado. Era como se eu tivesse perdido o que já fazia parte de mim.

Logo, demos início à segunda tentativa, também através da Fertilização In Vitro.Para nossa surpresa, o procedimento teve que ser interrompido, pois os hormôniosnão estavam com bons resultados. Era horrível não conseguir terminar o que ha -vía mos começado. Começamos a sentir o tamanho da dificuldade que encontra -ríamos para ter o nosso filho. Resolvemos descansar um pouco de tudo aquilo queestá vamos vivendo, e por quase um ano, passamos a nos dedicar e a preen cher onosso tempo e a nossa mente com aquilo que nos dava prazer.

Após esse tempo para a nossa recuperação, voltamos ao médico e demos iní-cio a uma terceira Fertilização In Vitro. Tudo o que sentimos nas tentativas ante -riores foi aflorado em nós, juntamente com a esperança de que, daquela vez, dariacerto. Novamente, para o nosso desespero o procedimento foi interrompido. Vive -mos momentos amargos e che gamos a acreditar que era algum carma que tería -mos que passar aqui na Terra.

Mesmo ainda feridos, novamente fomos à luta do nosso sonho. A quartaFertilização In Vitro foi iniciada, mas, desta vez, eu fiz tudo o que facilitava uma gra-videz, inclusive acupuntura e terapia. Estávamos confiantes, mas, por mais umavez, recebi a ligação, após os doze dias, e soube que eu não estava grávida. Aquelemomento foi muito complicado e atormentador, tanto para mim quanto para o meumarido. Ficávamos tentando achar alguma falha nossa durante o tratamento, talvezalgo que deixa mos de fazer. Além disso, não estávamos mais aguentando viveraquela rotina. Íamos sempre na mesma clínica, atendidos sempre pelas mesmaspessoas, víamos casais chegando e casais saindo, porém nós conti nuávamos ali,sem obter nenhum sucesso mediante a nossa luta que não media esforços.

Diante das quatro tentativas que não foram bem-sucedidas, o médico sugeriuque fizéssemos uma Fertilização In Vitro com ovodoação, ou seja, com óvulos deuma doadora. Naquele momento eu estranhei muito aquela ideia e meu maridodisse que seria melhor partirmos para adoção. Depois de muita conversa, decidi-

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mos que daríamos um tempo nesse projeto e começamos a conversar sobreadoção. Assim, encerramos mais essa etapa, sem conquistar nosso sonho de ter-mos nosso filho e consolidarmos nossa família.

Para piorar ainda mais o nosso quadro emocional, neste período em que demosum tempo em tudo para nos preservar, meu sogro veio a falecer. Meu marido, alémde sofrer com a perda, se sentiu frustrado por não ter podido dar um neto ao seupai, ainda quando ele estava entre nós. Foi então que recuperamos nossa força edecidimos dar continuidade ao que havíamos parado. Porém, queríamos começare não recomeçar. Apaga mos das nossas memórias todos os momentos ruins quevivemos para que tudo fosse realmente novo. Decidimos mudar de clínica paraquebrar a rotina que existiu por muito tempo, pois sentíamos a necessidade de lidarcom novas pessoas, com um novo médico e de frequentar um novo ambiente.

Foi então que conhecemos a clínica IPGO e nos dirigimos à primeira consultacom o Dr. Arnaldo. Contamos a nossa trajetória, falando sempre do desejo inces-sante que tínhamos de ter um filho. Sentimos bastante confiança em toda a equipee logo partimos para a quinta Fertilização In Vitro. A esperança voltou e aansiedade pelo resultado foi muito grande, mas para nossa tristeza, após os dozedias, recebemos a ligação com a notícia de que eu não estava grávida. Apesar detristes, entendemos e recebemos a notícia de forma mais natural, pois era a quin-ta tentativa para nós, porém a primeira com a nova equipe.

Depois de tudo o que nós tínhamos vivido, tanto eu quanto o meu marido está-vamos aceitando com mais naturalidade a ideia de tentar uma ovodoação. Sendoassim, após algumas conversas, retornamos à clínica e sugerimos a ovodoação aoDr. Arnaldo. Ele aprovou a nossa sugestão e logo fizemos a sexta Fertilização InVitro, porém com mais confiança. Achávamos que tínhamos superado uma dificul-dade e que, com óvulos de uma doadora, teríamos uma notícia boa. Novamente,após os doze dias de muita ansiedade e esperança, veio o resultado negativo.

Naquele momento, senti que o tropeço foi muito grande, e talvez o mais dolori-do de todos. Eu pensava: "Será que nem com óvulo de outra mulher poderei sermãe?" Meu marido ficou arrasado, até muito pior do que eu. Começou a se culpar,achando que o problema era com o esperma. Percebemos que o Dr. Arnaldo tam-bém ficava chateado, e isso nos confortava um pouco mais, pois sentíamos que elelutava com a gente por um sonho que era nosso.

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Eu não conseguia me conformar com a situação, pois meu endométrio semprefoi excelente. Os embriões não se fixavam e, na minha cabeça, tinha que ter umaexplicação científica para este fato. Comecei a pesqui sar na internet e li alguns tex-tos que falavam sobre sistemas imunológicos. Explicava que esse problema pode-ria causar abortos ou até mesmo fa lhas nas tentativas de FIV.

Neste período, ligaram da clínica e disseram que tinha aparecido uma doadoramuito compatível comigo, inclusive na feição. Resolvemos ir sem compromisso, apro - veitaríamos para conversar sobre tudo o que eu tinha lido. O Dr. Arnaldo nos ex pli-cou todo o tratamento de imunologia e resol vemos então que seria interessante fa -zer os exames para pesquisa. Ele percebeu a nossa situação emocional e nos dei -xou à vontade para conversarmos a respeito com calma, e dar uma resposta poste-riormente. Conversando com o meu marido, expliquei que se não aprovei tás semosaquela oportunidade, era o mesmo que permitir que a possibilidade da reali zação donosso sonho escapasse por entre os dedos. Assim que che gamos em casa, li ga mospara a clínica avisando que daríamos a resposta em no máximo uma semana. Nosinformaram que a doadora já estava iniciando o processo, independentemente de euser a receptora. Percebi que o bonde estava andando e eu tinha que pegar uma caro-na. Falei com meu marido que estava sentindo algo diferente. O meu marido refletiusobre as minhas argumentações e aceitou fazer mais uma tentativa.

Após já ter iniciado a nossa sétima Fertilização In Vitro, comecei a tomar osremédios e fiz um exame que constatou a existência de problemas de imunidade.Logo o Dr. Arnaldo me receitou algumas medicações para controlar o problema.Comecei a sentir uma sensação boa como nunca tinha sentido antes, mas perce-bia que o meu marido ainda estava muito angustiado e irritado com tudo. Apósfazer a transferência dos embriões, eu sentia uma paz dentro de mim muito grande,parecia saber que minha hora estava chegando.

Os doze dias, como todos os outros, foram terríveis. Um dia antes de fazer oteste de gravidez, Dia das Mães, meu marido chegou em casa com flores e tam-bém estava feliz, sentindo algo diferente. Finalmente, o dia chegou! As horasdemoravam a passar e a nossa espera pela ligação com a resposta era agoniante.Quando o telefone tocou, meu coração disparou e as mãos ficaram geladas. Meumarido atendeu e logo que ouviu a voz do Dr. Arnaldo, passou o telefone para mim,para que eu fosse a primeira a receber a notícia: "Não sei para quem eu falo, separa você ou para o seu marido, que você esta grávida!"

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Nesse momento, sentimos uma felicidade impossível de ser descrita em sim-ples palavras. Nos abraçamos e choramos muito, mas as lágrimas, desta vez,eram de alegria. Hoje, sabemos que tudo tem a sua hora certa, e apesar da medi-cina estar muito avançada, existe uma força divina superior a nós que determina omomento certo das coisas acontecerem.

Estamos grávidos, felizes e realizados! Agradecemos todos os dias a Deus pelasua bênção, pela equipe médica e pela doadora, que nos possibilitou alcançar estaconquista tão difícil.

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"Nunca desista de realizar o seu grande sonho. Tenha sempre a certezade que o fracasso acontece somente quando paramos e desistimos delutar."

"Felicidade em dose dupla"

Fábia e Francisco

Durante minha juventude, sempre pensava na maternidade quando eu estivessecasada, estabilizada e com uns 30 anos, mas nunca consegui me ver no estadográvida, barriguda. Assim que me casei, eu e meu marido pensávamos em ter fi -lhos depois de uns seis anos. Não planejávamos esse momento, como muitoscasais. Sabíamos que fazia parte do contexto da vida e que no momento certo,aconteceria. Por muitos anos, ocupamos o nosso casamento com muitas viagense passatempos a dois.

Quando me casei, aderi ao uso do DIU como contraceptivo, mas, após trêsanos, depois de muitas cólicas e alguns efeitos colaterais, não usei mais e nem osubstituí. Mesmo não tomando nenhum tipo de cuidado, não nos preocupávamoscom uma possível gravidez. Se viesse, seria ótimo, e se não viesse, ótimo também.Até aquele momento, ter ou não ter filhos não nos fazia muita diferença. Foi entãoquando, após dois dias de sangramento, fui ao banheiro e tive um aborto espontâ-

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neo. Não sabia que estava grávida e tive que ficar internada em plena noite deNatal. O meu clínico chegou a comentar com a gente que eu poderia ter endo me -trio se, mas nos garantiu que eu conseguiria engravidar novamente, pois a cureta -gem havia sido bem positiva. Não levamos a hipótese adiante e não demos im por -tân cia ao que ele falou. Deixamos de lado, até mesmo pelo trauma que estávamosvivendo, pois não esperávamos por uma gravidez. Aquela situação nos deixoumuito chateados, principalmente porque uma semana após o ocorrido, o pai domeu marido faleceu e isso só aumentou a dor que já estávamos sentindo.

Após um ano, ainda com a ausência de qualquer método contraceptivo, eu nãoengravidei. Ainda assim, eu não me preocupava e nem ficava curiosa em saber oporquê de a gravidez nunca chegar. Na mesma época, passei a sentir fortes cóli-cas, antes de menstruar, e decidi procurar um médico. Fui em vários ginecologis-tas e nada foi constatado. Fomos o primeiro casal entre os nossos amigos a secasar, e, com o tempo, a falta dos filhos começou a ser sentida por eles e pelafamília. O tempo foi passando, todos se casando e tendo filhos, e nós na mesmasituação. Somente neste momento, após seis anos de casados, é que o desejo deter filhos foi despertado em nossos corações.

Um casal de amigos bem próximos a nós teve seu primeiro filho, e em uma con-versa particular esta amiga me confidenciou que teve problemas e enfrentou umlongo percurso até conseguir o lindo menino que amamentava no momento em quese abria comigo. Sugeriu que eu procu rasse ajuda de um especialista, e queatravés de um tratamento eu conseguiria engravidar. Ela me passou o telefone daclínica em que foi atendida e logo eu marquei a nossa primeira consulta.

Após uma conversa com o médico, o mesmo solicitou alguns exames e decidi-mos partir para a alternativa mais simples, que seria a Insemi nação Artificial. Diantedaquela decisão, acreditava que finalmente engra vi daria e jamais passou pela minhacabeça a hipótese de um resultado negativo.

A espera entre a realização de todo o processo e o resultado é a mais dolorosa.Todos os sentimentos se misturam, fazendo com que o tempo pare. Eu fazia umteste de farmácia atrás do outro e nunca dava nada. Mesmo confiantes, estávamosmuito preocupados e apreensivos quanto ao que o destino nos aguardava. Foientão que recebemos o primeiro resultado negativo. Após muito choro e consolopor parte do meu marido, voltamos ao médico e perguntamos o porquê. Osporquês eram muitos, porém ainda era muito cedo para ter um resultado positivo efomos incentivados a continuar tentando.

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Partimos então para a segunda tentativa, sempre esperançosos e muito con -fiantes. Mesmo procedimento, mesma espera, mesmos sentimentos, mesmaangústia e mais um resultado negativo. Voltamos ao médico e perguntamos oporquê, e ouvimos mais uma série de explicações, falando que nosso caso não eragrave e que iríamos conseguir. Estava difícil superar todo o processo, pois o abalopsicológico e emocional é muito grande. Sentimentos naturais, se tratando de algoque acreditamos muito e que acaba dando errado.

Após muita conversa, decididos a não passar mais por momentos difíceis comoos que havíamos passado, optamos por uma Fertilização In Vitro. Os medica-mentes diários, ultrassonografias frequentes e as injeções me xiam muito com omeu emocional, e, juntos, tornavam o processo bem doloroso, mas nada era maisforte do que o meu desejo de ser mãe. Todo aquele novo procedimento fez nasceruma nova esperança que brotou em nossos corações, que acreditaram que daque-la vez daria certo. Os 12 dias, nada além das sensações naturais provenientes dacircunstância: mais expectativas, muita ansiedade, e, finalmente, mais um resulta-do... Negativo!

Nesse momento, percebi que dificilmente conseguiria realizar meu sonho.Cheguei a pensar que seria melhor desistir e buscar uma solução alternativa, comoa adoção. Quando retornamos ao médico, novamente foi dito que não era fácil eque deveríamos continuar tentando, pois os exames mostravam um quadro positi-vo. Então, partimos para mais uma tentativa, a nossa terceira Fertilização In Vitro.Todo o processo novamente se repetiu. Mais uma espera, mais ansiedade, maisesperança de que daria certo e mais um resultado... Negativo. Nada substituía ochoro, a angústia e o sofrimento que predominavam no meu coração.

Resolvemos parar, porém não desistir. Voltei ao médico e solicitei as datas dasmedicações no caso de resolvermos tentar novamente. O que mais nos deixavaincomodados é porque o médico não apontava um motivo ou causa para que osresultados dessem negativos. Tudo parecia normal, os exames sempre eram posi-tivos, mas quando vinha o resultado negativo não recebíamos respostas para asnossas perguntas. Antes de dar um novo rumo à minha jornada, confirmei se real-mente não existia algo mais que pudéssemos fazer, mas novamente nenhumaexplicação plausível fora passada a nós. Comecei a tomar os medicamentos, semsaber se realmente iria fazer o tratamento, e após muitas conversas, decidimosprocurar outras opiniões.

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Em consulta com outro médico, após realizar uma grande quantidade de exa -mes, fui informada que deveria sair da clínica direto para o hospital. Ele me expli-cou que eu tinha que operar a minha endometriose, pois caso isso não fosse feitoeu jamais engravidaria. Fiquei arrasada, principalmente por concluir que tudo o queeu tinha passado, toda as tentativas e toda a esperança foram em vão. Mesmochocada, não me deixei abater e resolvi procurar um outro profissional, a fim deavaliar melhor o meu atual diagnóstico.

Com a indicação de uma amiga, procurei a clínica IPGO e realizei uma consul-ta com o Dr. Arnaldo. Levei a ele todos os exames que eu já tinha realizado e natentativa de lhe contar minha história, me emocionei e não consegui conter as lágri-mas que dominaram a situação. Eu estava fisicamente acabada e o meu psicoló-gico, naquela altura, se encontrava extre ma mente abalado. Eu estava muito can-sada daquele problema que se tornou um grande pesadelo. Depois de muito esfor-ço, me acalmei e relatei tudo o que já havia passado. Contei que ainda estavatomando as medi ca ções e que desejava realizar mais uma tentativa. Após solicitaroutros exa mes que ainda não haviam sido realizados, o Dr. Arnaldo aprovou aminha decisão e demos início a mais uma tentativa de Fertilização In Vitro. Apesarde estar muito decidida, ficava insegura com a hipótese de mais um resultadonegativo. Não sabia como eu e meu marido reagiríamos e como venceríamos maisuma daquelas fases que muito nos perturbaram ante rior mente.

Partimos então para os exames. Iniciamos o tratamento. Meu marido sempreme apoiando e sendo solidário onde e como podia. Tantos remédios e injeções,que a esta altura já não sentia mais dor. Como não que ría mos criar mais expecta-tivas, decidimos não contar a ninguém que está va mos fazendo tratamento. Estavaficando difícil segurar a barra e não poder contar a mais ninguém o que estava sepassando.

Chegada a data para a transferência dos embriões, comecei a sentir tudo muitodiferente. Meu marido pôde participar e entrou junto comigo na sala. Foi tudo muitoemocionante e eu fiquei mais segura, principalmente por notar que nada estavasendo igual às tentativas anteriores. Obedeci a todas as recomendações que meforam dadas e uma nova esperança brotou em meu coração.

Após uma longa espera, o dia chegou! Eu estava desesperada, com o coraçãoliteralmente explodindo de tanta expectativa. Foi então, quando o telefone tocou.

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Era o Dr. Arnaldo, e quando eu ouvi sua voz, fiquei desesperada, pois sabia queaquele instante poderia mudar a minha vida ou causar uma grande decepção.Aquele instante poderia me tornar a mu lher mais feliz do mundo, ou a mulher maisfrustrada da face da Terra. Ao ouvir: "Você está grávida", não pude conter as lágri-mas que encheram meus olhos de tanta alegria por uma vitória que eu ainda nãoconseguia assimilar. Finalmente, eu e meu marido teríamos um filho! Era como umsonho.

Antes de dar a notícia para a família, mesmo ansiosos, decidimos conversarcom o Dr. Arnaldo, a fim de ter certeza de que tudo estava bem. Durante a primei-ra consulta após a notícia do resultado, ele nos disse que havíamos vencido ape-nas uma das diversas batalhas que enfrentaríamos. No primeiro ultrassom, pude-mos ver apenas um pequeno pontinho que iria se desenvolver. Era mais uma etapavencida, já que tudo estava ocor rendo bem. Após 30 dias, realizamos um novoultrassom e tivemos uma grande surpresa. Durante o procedimento, encontramosmais um ponti nho, e o Dr. Arnaldo nos deu a notícia de que eram dois. Quanta feli-cidade! Era uma sensação muito boa, pois percebemos que toda a nossa luta tinhavalido a pena. Fomos muito bem recompensados por Deus.

Apesar de muito felizes, continuávamos preocupados e tomei muito cuidadocom a minha gravidez. Não queria que nada acontecesse a ela. Após alguns dias,tive um sangramento e entrei em desespero. Naquele momento, já pensei na pos-sibilidade de estar perdendo os meus bebês que eu tanto lutei para ter. Eu e meumarido corremos até o consultório e o Dr. Arnaldo nos disse que estava tudo sobcontrole. O sangramento foi ocasionado pela perda de um terceiro embrião quenão havia sido detectado por nós. Fiquei de repouso absoluto e o sangramentopassou. Porém, a preocupação continuava, e para nós, todo cuidado ainda erapouco.

Ao passar do tempo, alegremente, eu e meu marido pudemos acompanhar ocrescimento da minha barriga. Uma fase muito gostosa que nos proporcionoumuita felicidade. Foi tudo muito tranquilo e não tive enjôos, tonturas e nem nada dotipo. Contemplados com tantas coisas boas, ficávamos inexplicavelmente felizesao ver os nossos filhos se desenvolvendo. Quando soubemos que seriam duasmeninas, chegamos à conclusão de que nada mais precisávamos, pois o sonho jáestava muito mais que realizado.

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Caminhos,Tropeços e...Conquistas

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Hoje, já com as nossas filhinhas aqui, nada do que dissermos irá ex pressar real-mente o que estamos vivendo. Meu marido, com um sorriso na orelha, rodeado portrês mulheres. Cada dia, cada momento e cada mi nuto que estamos ao lado delas,percebemos que o trabalho é dobrado, assim como a felicidade, a emoção e oamor que foi despertado em nossos corações por nossas filhas, que darão con-tinuidade à nossa geração.

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"O segredo é jamais desistir. Quando estiver preparada, siga em frente,e só pare o tratamento quando estiver com seu filho em seus braços.Não caia nessa batalha, e acredite que se não há luta, não há vitória!"

Espaço da Ciência

As chances de sucesso e as causas de fracasso

Como cerca de três em cada seis casais submetidos a um único ciclo de trata-mento e concepção assistida não têm um bebê, é fácil falar em fracasso. Mas a ver-dade é que os índices globais de sucesso da concepção assistida são quase tãobons como os da natureza e, algumas vezes, até melhores. A natureza oferece aoscasais sem problemas, que mantêm relações sexuais nos dias férteis, 15 a 20% dechance de gravidez a cada mês, comprovando que os tratamentos de infertilidadebeneficiam bastante os casais com dificuldades em engravidar. A probabilidade desucesso aumenta a cada ciclo em que se tenta determinado procedimento. Depoisde quatro ciclos de tratamento, esse índice “cumulativo” de gravidez pode chegarde 60% a 70% por casal, após o tratamento por FIV. A concepção, porém, é maisdifícil em mulheres acima dos 40 anos. Os últimos resultados no tratamento dainfertilidade masculina por ICSI mostram que homens com distúrbios no espermatêm agora chan ces bem maiores de gerar filhos. Mesmo assim, devemos refletir.

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Toda vez que uma paciente é submetida a um tratamento de reprodução as -sistida e recebe um resultado negativo, é sempre uma decepção e um momentoem que devemos sentar e conversar sobre as possíveis causas do fracasso daque-le ciclo.

Todo ciclo é um aprendizado e, por mais que seja doloroso o resultado negati-vo, sempre vamos tirar algo bom daquela tentativa. Será que a dose do medica-mento não foi adequada? O tipo de medicação? Número e qualidade de embriõesobtidos? Como estava o endométrio? Enfim, tudo isso deve ser reavaliado noretorno da paciente para que possamos me lhorar numa próxima tentativa.

É claro que cada caso é diferente do outro, e temos que analisar cada um indi-vidualmente. No caso de inseminação intrauterina, devemos levar em conside -ração quantas tentativas já foram feitas, visto que a chance desta paciente comproblemas engravidar, por ciclo, aumenta para 20 ou 30%.

Na FIV é que as pacientes se sentem mais “fracassadas”, pois já estão fazen-do um procedimento de alta complexidade, muitas vezes visto como “última op -ção”. Também é importante levarmos em consideração o núme ro de tentativas,porquanto a chance de engravidar em uma única tentativa é de, aproximadamen-te, 50% para mulheres até 35 anos. Importan tíssima é a idade da paciente, alémdos fatores já mencionados, como número e qualidade dos embriões, qualidadeendometrial, fluxo sanguíneo uterino e dosagens hormonais. Na maior parte doscasos, conseguiremos explicar a falha pela alteração de alguns desses fatores.Entre tanto, em alguns casos, não identificamos qualquer anormalidade. Dificul da -des na transferência dos espermatozoides ou embriões, rever fatores como aendo metriose, imunológicos (rejei ção ao embrião), outros hormônios e ou tros exa-mes, como a videohiste ros copia e videolaparoscopia podem ajudar na aná lise, etambém au men tar a chance de sucesso numa pró xima tentativa.

Algumas pacientes são jovens, e mesmo, após várias tentativas com embriõesde boa qualidade e endométrio adequado, não engravidam, e muitas vezes nãoconseguimos explicar o porquê (é bom deixar claro que estas são exceções). Ascausas genéticas não devem ser esquecidas.

Concluindo, existem muitas causas de fracasso na FIV, as quais devemos sem-pre tentar identificar para podermos melhorar em uma próxima tentativa.

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Jamais prive uma pessoa

de esperança; pode ser que

ela tenha só isso.H. Jachson Brown

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Existem muitas causas de infertilidade, e praticamente todas são tra tá veis.Medicamentos induzem a ovulação, quando ela não for adequada; cirurgias recu-peram problemas da anatomia do aparelho reprodutor, quando houver alterações,como aderências pélvicas ou obstrução tubária; a endometriose é tratável pelavideolaparoscopia; os espermatozoides, quando não estiverem presentes nosêmen, poderão ser retirados do testículo por minintervenções cirúrgicas; e, porfim, a Fertilização In Vitro resolve quase todos os problemas. Todas essas dificul-dades causam uma dor maior ou menor no sentimento da mulher, e os tratamen-tos disponí veis para esses problemas aliviam o sofrimento com alguma facilidade.De todos os diagnósticos conhecidos, o mais difícil de ser aceito pela mulher é oda ausência de óvulos capazes de serem fertilizados, isto é, o ovário não fabricamais óvulos capazes de gerar filhos. É um momento de decepção, pois ela acredi-ta que não será mais possível ser mãe. Este fato pode acontecer em mulheresjovens com menopausa precoce; em casos de cirurgias mutiladoras, em que sãoretirados os dois ovários; em idade avançada, quando os óvulos produzidos nãoformam embriões de boa qualidade, ou na própria menopausa na idade certa (aoredor dos 50 anos), época em que não existem mais óvulos.

Nos dias de hoje, cada vez mais as mulheres retardam o casamento ou a buscade um filho, por darem prioridade à sua formação e carreira profissional ou à con-quista de bens materiais. Outras, ao redor dos 50 anos, reencontram uma vida afe-tiva feliz num segundo casamento com um homem sem filhos e que deseja umafamília. Outras, o destino quis que casassem mais tarde. Não importa o motivo. Asolução é a DOAÇÃO DE ÓVULOS. Estas mulheres podem ser mães e gerar

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seu(s) filho(s) no seu próprio ventre, tendo um bebê fruto dos espermatozoides doseu marido e um óvulo de uma mulher doadora (veja as regras no fim deste capítu-lo). O primeiro impacto desta proposta de tratamento para essas pacientes é sem-pre de indignação, acompanhada de comentários como: “Desta maneira não meinteressa”, “Então este filho não será meu”, “Esta criança não terá as mi nhas carac-terísticas, nem o meu DNA”, e outros. Estas afirmações são feitas por quase todasas mulheres, numa fase inicial. Mesmo quando fornecemos uma vasta quantidadede informações necessárias para a compreensão desse processo, deixam a clínicafrustradas e acre ditando que desistirão de ter filhos para sempre. Mas, após umperíodo de reflexão e conhecimento, retornam, aceitando esta opção para ter seusfi lhos. É muito gra tificante cuidar desses casais, porque a tristeza que ti nham porconsi derarem irreversível a sua fertilidade torna-se uma felicidade inesperada. Adoação de óvulos é um tratamento muito sigiloso, que é do conhecimento exclusivodo médico, do casal, e algumas vezes, dependendo deles, de alguém muito íntimo(mãe ou irmã). As doadoras deve ser anônimas, isto é, não podem ser da própriafamília nem conhe cidas do casal. Devem ter seme lhança física, tipo de sanguecompatí vel e saúde física e mental comprovados por exames. A incorporação dosentimento de mãe e o espírito de paternidade, após a constatação do sucesso dagravidez é tão grande, que todos os casais, após esse momento, mal se lembramde que a gestação foi conseguida por óvulos doados. O que importa para essasmães é que o be bê veio do seu próprio ventre. Ela dará à luz, e deste momento emdian te até o resto da sua vida, será seu filho. Bendito o fruto do vosso ventre.

As três histórias dos casais Tânia e Paulo, Sandra Regina e Alex, Suzana eGustavo ilustram bem essas situações.

Tânia tentou duas inseminações artificiais, mas seu ovário demons trou uma máqualidade de óvulos, e mesmo engravidando numas das tentativas, acabou porabortar. Após criteriosa avaliação, comentei sobre a possibilidade de doação deóvulos, pois assim aumentaria as chances de sucesso de gestação. Sem entu -siasmo, falou que iria ponderar sobre o assunto. Retornou alguns meses depois,após consultar outras clínicas. Desta vez, estava bem segura sobre este tipo detratamento. Fez somente um pedido incomum: a doadora deveria ser semelhanteao seu marido. Esta atitude pouco usual, mas aceitável, era diferente das outrasmu lheres que passam por essa situação, e por isso chamou-me a atenção. Princi -pal mente porque Tânia tem uma constituição física tipicamente brasileira, estaturamédia, morena e cabelos e olhos castanhos. Seu marido, Paulo, totalmente dife -

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rente. Um polonês alto, um metro e noventa ou mais, loiro de olhos azuis. Emboraestas características físicas sejam raras no Brasil, tínhamos no cadastro da clínicaa mulher doadora que desejava. O procedimento foi realizado com sucesso. Tâniadeu à luz a um “polonezinho” idêntico ao pai, digno de comentários espontâneosde pessoas estranhas, ressaltando a evidente semelhança com o pai.

Sandra Regina e Alex formam um casal muito especial. A vibração que elespassam para mim desde o dia em que ficaram grávidos é incomparável.Agradecem-me, repetidamente, aquilo que eu fiz pelo prazer de minha profissão ede poder ajudar estes casais que não conseguem ter filhos. Compartilham comigoaté hoje, a felicidade que sentem, uma vez que eu sou a única pessoa que con-hece a verdadeira história. O depoimento que escrevem é emocionante, e ao serlido, deverá causar um impacto surpreendente nos sentimentos do leitor.

Suzana é o comando do casal. Seu marido, Gustavo, veio pouco ao consultó-rio, mas mesmo sem estar presente fisicamente, participava, à distância, de todasas fases do tratamento. Suzana é tranquila. Quando veio para a primeira consulta,já conhecia seu problema (menopausa precoce), e por isso a indicação de gravi-dez com óvulos doados já era uma realidade. Era um caso difícil, do ponto de vistatécnico, uma vez que tinha muitos miomas uterinos, que pela localização, dificulta-riam a implantação dos embriões; mas, por outro lado, Suzana é uma pessoa fácil,por aceitar o tratamento sem restrições importantes. É muito comum que os casaisreceptores queiram saber detalhes da doadora, como aspecto físico, idade, profis-são, hobby, hábitos, etc. Normalmente a clínica fornece esses dados, além de umafoto do tempo em que a doadora era uma criança, evitando assim o risco de reco -nhecimento. O casal receptor, muitas vezes, fica mais tranquilo. Com essa confir-mação, Suzana demonstrou tanta confiança no nosso trabalho, que dispensou taisinformações. Sua história demonstra esta fé, e ainda é caracterizada por episódiosincomuns e inte ressantes, como o fato de que no dia previsto do teste de gravidez,ter mens truado em abundância e o exame bHCG ser negativo, e na verdade estargrávida de gêmeos. E daí se tira uma lição fundamental: que os exames sejam fei-tos em laboratórios de confiança.

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Depoimentos"Minha vitória estava em meu destino"

Tânia e Paulo

Sou de uma família pequena e durante minha adolescência e juventude quasenão tive contato com crianças ou bebês. Meu meio social sempre foi a escola e afaculdade, pois grande parte da minha vida foi dedicada aos estudos. Nunca fui otipo de mulher que idealiza esse momento desde jovem, que planeja quantos filhosquer ter, com qual idade, etc. Como não me casei moça, minha vida ficou voltadapara o lado pro fissional. Eu não pensava em filhos e nem havia cobrança da minhafamília quanto a isso.

Aos 38 anos, eu conheci meu atual marido. Ele sempre teve relacionamentosproblemáticos e vinha de um casamento muito complicado. Quan do já se encon-trava em fase de separação, teve uma filha, hoje já adulta. Por várias razões, eprincipalmente pela circunstância em que isso aconteceu, ele ficou muito traumati-zado com essa paternidade inesperada. Com todo esse histórico, o mais naturalseria que eu deixasse mais distante ainda a possibilidade de uma gravidez. Porém,logo quando ini ciamos o nosso relacionamento, esse desejo foi aflorando em mime logo me vi idealizando uma família completa, com marido, mulher e pelo menosum filho.

Após dois anos de namoro, decidimos nos casar. A essa altura, a maternidadejá tinha ganhado um grande espaço em meu coração. A cada dia, o desejo aumen-tava e logo passou a ser incontrolável. Como eu já estava com 40 anos, logo ima -ginei que a minha idade já avançada poderia interferir na realização do desejo queacabara de se tornar um sonho de vida. Percebi que precisava correr contra otempo e não prolongar ainda mais esse momento; mas havia um grande problema:meu marido não queria ouvir falar em filho nem de brincadeira. Simplesmente, eraimpossível conversar com ele sobre o assunto. Passeando em shoppings, eu para-va em frente a vitrines de roupinhas de bebês e ele passava direto. Ele se manti-nha irredutível, mesmo diante de todos os argumentos possíveis que eu apresen-

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tava a ele. Devido ao trauma anterior, filhos passaram a ser sinônimos de proble-mas e ele não queria estragar aquele momento bacana que estávamos vivendo.

Ao procurar ajuda médica, sempre ouvia que, pela minha idade, a pro babilidadede uma gravidez por meios naturais seria quase impossível, e que o melhor erapartir logo para um tratamento. Fiz todos os exames possíveis e tudo estava nor-mal, mas eu dependia do meu marido. Não poderia dar início a nenhum procedi-mento sem que ele estivesse ao meu lado. Foi então quando comecei a entrar emdepressão, pois não via saídas para o meu problema, e, enquanto isso, o tempoestava passando. A tristeza era imensurável, pois me sentia com as mãos atadas.Nesse momento, para mim, somente Deus é quem poderia reverter a situação emudar o coração do meu marido. Apeguei-me muito à fé e foi nela que me agarreipor muito tempo, para que o meu estado emocional e psicológico não se agravassemais ainda.

Certo dia, meu marido disse que não queria mais me ver daquele jeito. Decidiuir comigo no meu médico. Foi uma grande emoção. Marquei a consulta imediata-mente e, na data agendada, nos dirigimos à clínica IPGO. O Dr. Arnaldo explicoutodos os tipos de tratamento e as chances de cada um. Optamos logo pela inse -minação artificial, que era a de menor custo. Já com 41 anos, finalmente conseguidar início ao tão sonhado tratamento para uma gravidez. Fiz a inseminação no diadas mães, e isto me encheu de emoção e de esperança. Para mim, todos os meusproblemas estavam acabando ali, naquele momento. Eu já me via grávida, com omeu coração cheio de alegria. Os doze dias foram de longa espera e ansiedade.

Para minha felicidade, o meu sonho se realizou e se concretizou com a notíciade que o resultado tinha dado positivo. Impossível explicar o que senti e descre vero tamanho da felicidade, pois me sentia a mulher mais realizada da face da Terra!Após exatamente nove semanas de gestação, retornei à clínica para a realizaçãodo primeiro ultrassom. Durante o exame, para minha surpresa, fui informada queminha gravidez havia sido interrompida. Não conseguia me conformar com aquelasituação, principalmente porque eu estava com todos os sintomas de uma ges-tante. Toda aquela alegria que dominava meu coração se tornou em desespero,angústia e decepção. Estava sozinha, naquele momento, e não conseguia conteras lágrimas que tomavam conta da minha face. Nunca imaginei que aquilo pudesseme acontecer. Saindo da clínica, fui direto para casa dos meus pais, porém mesmoque eles se esforçassem, nada do que me dissessem me acalmaria naquele

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momento. Eles não sabiam o que fazer e nem como me consolar. Uma das piorespartes foi ter que dar a notícia para o meu marido, que já estava animado com aideia de ser pai.

Para piorar ainda mais a situação, o aborto não se completava por conta dosmedicamentos, e aquilo estava me deixando ainda mais apavorada. Depois dealguns dias, em um segundo ultrassom, fui diagnosticada e informada que se trata-va de um aborto retido. Fui orientada a marcar uma curetagem, que foi outra tortu-ra para mim, tanto física quanto psicológica. Já no hall do hospital, enquanto aguar-dava pelo atendimento, grávidas entravam e mulheres saíam com seus bebês emseus braços. A sensação de tristeza que senti só sabe quem passou por isso.Enquanto assistia à felicidade daquelas mulheres contentes e realizadas, eu esta-va ali, amargurada e angustiada, esperando que alguém viesse tirar de dentro demim o sonho da maternidade. Quando me levaram para o quarto onde eu ficaria,passei pelo berçário, vi muitas crianças e os quartos das recentes mamães enfeita-dos, com flores encostadas nos rodapés. Era como se eu estivesse caminhandopelos sonhos alheios e me lamentando pelo meu pesadelo.

Ao retornar para casa, eu e meu marido decidimos nunca mais passar por tudoaquilo. Fiquei por um período de luto, e o meu interior por muito tempo se manteveabalado e instável. Mas não sou o tipo de pessoa que desiste fácil. Passou-se umtempo e aquele sonho que eu ainda não tinha conseguido realizar começou a cres -cer novamente. Foi então quando comecei a juntar dinheiro para uma FertilizaçãoIn Vitro. Não tinha o valor suficiente para bancar o tratamento. O tempo corria con-tra mim e eu já estava com 42 anos. Certo dia, fui conhecer uma nova clínica espe -cia lizada em infertilidade, onde levei todos os meus exames. Contei ao médicotudo o que havia acontecido comigo. Analisando o meu histórico, su geriu que eufizesse uma FIV com ovodoação. Ele me falou sobre a possibilidade de eu receberóvulos de uma doadora mais jovem. Eu a ajudaria financeiramente com o trata-mento e receberia a metade dos óvulos que ela produzisse. Minha cabeça ficou amil por hora com essa possibilidade que estatisticamente me daria muito maischan ces de ter um filho, já que financeiramente eu só teria condição para uma ten-tativa. Eu não podia desperdiçar aquela chance que era única. A decisão de rece-ber ou não óvulos de uma doadora é muito pessoal. Cabe somente a você ponde -rar a vontade que tem de gerar um filho. Naquele momento, era tudo o que eu maisqueria, e acreditei que os nove meses de gestação seriam o suficiente para eu me

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preparar psicologicamente para receber o bebê, indiferente da carga genética.Conversei com o meu marido e ele me apoiou. Juntos, decidimos fazer nossa últi-ma tentativa. Apesar dele ter sofrido muito com a perda do bebê, parecia estarpreparado e entusiasmado com essa nova tentativa. Naquele momento, não eraapenas um desejo meu, como dele também. Isso me confortou muito, pois me sentimais segura com o apoio total do meu marido. Através de uma rescisão contratualde trabalho, ele conseguiu me dar de uma só vez a outra metade do dinheiro queestava faltando.

Já decididos, retornamos à clínica IPGO e conversamos com o Dr. Arnaldo sobrea ovodoação. Acreditava que ele e sua equipe eram as pessoas ideais para encon-trar uma doadora certa para o meu caso. E foi o que aconteceu. Não passou muitotempo, recebi uma ligação para co nhecer uma possível candidata. Quando vi a fotoda candidata quando pequena, fiquei apaixonada. Gostei muito da caligrafia e prin-cipalmente das coisas que ela mais gostava de fazer, que combinavam com as queeu gostava. Questões de compatibilidade sanguínea e outros exames de saúde jáhaviam sido feitos e aprovados pelo Dr. Arnaldo. Era ela! Deus tinha ouvido minhasorações. Começamos o tratamento nós duas ao mesmo tempo. Na divisão, fiqueicom quatro óvulos, dos quais três foram fertilizados. Na hora da im plan tação, colo-quei os dois mais bonitos. O terceiro óvulo fertilizado não se desenvolveu.

Os 12 dias foram torturosos, mas cheios de esperança. Devido ao fato de o meuexame ter demorado, não aguentei e fiz um teste de farmácia de noite, e a gravi-dez foi confirmada. Mesmo animada, eu não tinha a certeza, pois o laboratórioainda não tinha enviado o resultado. Foi então, no dia seguinte, que recebi a liga-ção do Dr. Arnaldo me dando os parabéns. A nossa alegria foi indescritível e inex-plicável, mas para mim ainda era a primeira etapa. Passei o tempo necessário atéo primeiro ultras som, muito apreensiva, porém confiante que dessa vez tudo dariacerto. Meu marido foi comigo e eu não me aguentava, pois queria saber se estavatudo bem e quantos eram. Um dos momentos mais emocionantes da minha vidafoi ouvir o coraçãozinho do meu filho batendo. Afinal, finalmente eu estava grávidae tudo estava dentro dos conformes. Até os três meses e meio, só algumas pes-soas sa biam que eu estava grávida, depois contei pra todo mundo. A forma dessetratamento, só eu e meu marido sabemos.

Entrei num mundo de felicidades: roupas de grávida, roupinhas de bebê, móveisde quarto, quartinho enfeitado, CD’s de músicas de ninar, carrinho de passeio e a

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barriga crescendo… Tive uma gravidez maravi lhosa. Não tive absolutamente nadade anormal. No dia do parto, toda a família estava na maternidade. Tudo foi muitotranquilo e meu bebê nasceu perfeito, grande, forte e lindo. Ele é a razão de eu ternascido. Nunca havia conhecido um amor tão maravilhoso. Só Deus para criar umamor tão perfeito. Ainda fico emocionada quando passo em frente àquela mater-nidade. Ali dentro eu passei os momentos mais felizes que uma mu lher pode pas-sar na sua existência. Nunca vou esquecer.

Meu marido é um pai perfeito em amor, carinho, paciência e disciplina. Ele mesurpreendeu. Apesar de ter sido ferido pela vida, optou por dar uma chance para afelicidade. Hoje é um homem totalmente realizado, porque ninguém é real-mente feliz sem ter um lar feliz. É realmente um milagre acompanhar o desen-volvimento desde a foto do blastócito até o último mês de gestação, e hoje, ver omeu menino me abraçando, me beijando e nos chamando de mamãezinha epapaizinho sem nem a gente ter ensinado. É tudo um milagre! Dou graças a Deustodos os dias pelo presente que Ele me deu, pois finalmente estou vivendo tudo oque sonhei.

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"Na vida, às vezes a gente não entende as coisas ruins que acontecemconosco. Mas apesar de tudo ter dado errado no início, a vitória esta-va reservada para mim! Bastava eu não desistir e confiar. Corri atrás domeu sonho. Confiei em Deus, e Ele me ouviu e atendeu à minhaoração."

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"O tempo de Deus é diferente do nosso"

Sandra Regina e Alex

Eu e meu marido nos casamos já bem amadurecidos, eu com 32 e ele comquase 38 anos. Pensamos, inicialmente, em curtir aquela fase e, por quase cincoanos, a ideia de ter filhos ficou apenas em nossos planos. Depois desse períodorepleto de bons momentos de um casamento feliz, veio o desejo de aumentar afamília trazendo o fruto do nosso amor. Foi então que em busca de um sonho deambos, demos início a uma fase das nossas vidas muito difícil, com muito sofri-mento, mágoa e angústia. Não tínhamos ideia do que estava por vir.

Tentei engravidar espontaneamente, pois até então nem passava pela nossacabeça um possível empecilho que nos impedisse de alcançar essa dádiva. Mes -mo com muitas tentativas, a gravidez nunca chegava, e cada mês que a menstrua -ção descia era uma decepção. Passados 12 meses sem sucesso, resolvemos pro -cu rar um especialista em reprodução huma na, que logo sugeriu a realização de vá -rios exames para um diagnóstico mais confiável.

Já de posse de todos os exames, nos explicou que meu marido sofria de varico -cele (baixa contagem de espermatozoides) e eu estava apresentando hipotireoidis-mo. Diante daquela situação, para piorar ainda mais o meu estado emocional, omédico me disse com todas as letras: "VOCÊ NÃO VAI SER MÃE!" Aquele momen-to foi um dos piores de toda a minha vida. Era difícil compreender e assimilar o fatode eu ter ouvido essa afirmação, pois acredito que por mais sincero que um médi-co deva ser, jamais deve esquecer que está lidando com seres humanos, quesofrem e que se magoam. Ao presenciar aquela situação, meu marido logo pôs umfim na consulta, afirmando que já tínhamos ouvido tudo o que precisávamos ouvir.Já estávamos certos de que ele não era o médico que cuidaria de mim. Apesar dagrande dor e tristeza, aquelas palavras não tiraram do meu coração o desejo e acerteza de que um dia eu seria mãe.

As tentativas continuaram, mas nada acontecia. Dei início ao tratamento comhormônios para balancear a tireóide e meu marido se dispôs a fazer a cirurgia da

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GRAVIDEZ:

Bendito o fruto do “vosso” ventre(doação de óvulos)

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varicocele para tentar reverter o quadro de infertilização. Continuei fazendo examesna tentativa de identificar algum outro problema em mim. Foi então que, para minhasurpresa, aos 37 anos, eu estava entrando na menopausa precocemente. Forammomentos horríveis e o sonho da maternidade ficava cada vez mais distante dasnossas vidas. Todas as noites, ao me deitar, colocava a mão em meu ventre e diziaao meu marido que eu queria muito ser mãe. Muitas vezes, eu caía em lágrimas epara me confortar, ele sempre me fazia acreditar que eu seria.

Após algum tempo, resolvemos visitar um outro especialista na área de repro-dução humana. Foi então que nos direcionamos à clínica IPGO, onde pela primeiravez nos consultamos com o Dr. Arnaldo. Após avaliar nosso caso, diferente dooutro médico, ele em momento algum me disse que eu não seria mãe. Nos expli-cou que só conseguiríamos a gravidez através da Fertilização In Vitro com ovo -doação, ou seja, seriam utilizados espermatozoides do meu marido e óvulos deuma doadora compatível comigo, pois infelizmente meus ovários já não dispunhamde óvulos férteis. Ouvimos com muita atenção tudo o que ele nos falou e fomosamadurecer a ideia. Meu marido estava decidido a aceitar, mas eu não.

No primeiro momento, essa alternativa me pareceu muito ruim, pois eu queriater um filho com a minha carga genética e características minhas e do meu mari-do, e não com gens de uma pessoa que eu não conhecia. Fiquei chocada com anotícia de saber que esta seria a única possibilidade existente que me levaria àmaternidade. Na minha cabeça, se não fosse meu também não seria dele. Eupreferia partir para a adoção a gerar uma criança que fosse do meu marido comoutra mulher. Durante meses, não pensávamos em outra coisa a não ser nessapossibilidade. Discutíamos em conjunto os prós e os contras, pois era uma decisãobastante difícil. Meu marido deixou a situação nas minhas mãos e sempre dizia queme apoiaria, indiferente de qual fosse a minha escolha.

Certo dia, uma amiga que residia em outro Estado, sabendo da nossa situação,nos trouxe a possibilidade de adotarmos uma criança recém-nascida. Essa notíciabateu forte; porém, por trás de uma adoção, existem muitas complicações. O proces-so seria realizado ilegalmente, já que sabía mos que existia muita burocracia paraado tar uma criança de forma legal. Não queríamos ter que entrar para uma fila dees pera gigantesca, receber visitas de assistentes sociais, etc. Era algo que que -ríamos naquele momento, pois o desejo era tão grande que não conseguíamosesperar.

Gravidez: Caminhos, Tropeços e... Conquistas

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Após muitas conversas, resolvemos aceitar. A opção da FIV ficou de lado ecomeçamos a investir somente na ideia da adoção. Logo apareceu uma criança,que depois viemos a saber que seria uma menina. Ainda grávida, a mãe a con-cedeu ao médico que intermediava o processo de adoção. A previsão para o nasci-mento estava um pouco distante, mas já aguardávamos a criança com muitaansiedade e amor. Pouco tempo depois recebemos uma ligação da clínica em umasexta-feira, nos avisando que o nascimento aconteceria na segunda-feira. Queriamsaber se iríamos realmente buscá-la. Aquilo para nós foi como um baque, poisiríamos receber uma criança em casa sem termos uma mamadeira dentro doarmário. Mesmo assim não exitamos e topamos. Em um final de semana com-pramos tudo que era necessário para receber a nossa filha. Quando tudo já esta-va pronto e preparado, recebemos uma ligação da clínica que nos informou quehavia sido alarme falso. A mãe ainda estava de sete meses. Perguntaram se con-tinuávamos interessados, e eu disse que mais ainda, já que desta forma teria maistempo para equipar o quarto da minha filha que estava por vir.

E foi exatamente assim. Durante esse período, nos preparamos para recebê-lacom todo o conforto e carinho que uma criança merece. Montamos o quarto, o en -xoval completo, acessórios, carrinhos, etc. Tudo estava pronto, faltava apenas asua chegada. Passados dois meses, o médico me ligou pedindo para que nós nãofôssemos buscá-la. Fomos avisados que a família do bebê intercedeu no proces-so de adoção, fazendo com que a mãe desistisse da ideia de doá-la. No momentoem que recebi aquela notícia, fiquei sem chão, sem rumo. A dor era tão grandequanto a dor de uma mãe que perde o seu filho no parto. A angústia tomou contado meu coração e o meu estado emocional ficou muito debilitado. Desmontei oquarto inteiro e decidi apagar aquele acontecimento do meu coração. Cada vezque eu entrava naquele cômodo, eu imaginava uma criança ali. A verdade é queela havia nascido, porém para mim, havia morrido. Foi um dos piores momentosdas nossas vidas. Havíamos recebido um outro não para o nosso sonho e nos frus-tramos mais uma vez.

Eu não sei dizer como ou porque, mas no fundo do meu coração vinha uma vozque dizia para não desistirmos, pois ainda conseguiríamos alcançar a vitória. Euchorava muito e não me conformava com aquilo tudo, mas o meu marido sempreme fez acreditar que eu seria mãe, me dizendo que o tempo de Deus era diferentedo nosso. Sempre me deu total apoio e isso foi crucial durante todo o processo.

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GRAVIDEZ:

Bendito o fruto do “vosso” ventre(doação de óvulos)

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Naquele ano, ao invés de viajarmos para o exterior, durante as férias, comosempre fazíamos, decidimos ir para Porto Alegre nos consultar com outro médicoespecialista em reprodução humana. Ele olhou para mim e disse: "Você pode sermãe!" Nos explicou que através da FIV com ovodoação a gravidez seria possível.Eu contei que o Dr. Arnaldo havia me sugerido a mesma coisa, porém, há doisanos atrás. A verdade é que depois dos vários nãos e do longo tempo que eu tivepara amadurecer a ideia, a proposta não me parecia mais tão absurda diante dodesejo que eu tinha de ter um filho. Percebi que havia sido muito egoísta em nãoter aceitado o óvulo de uma doadora, mas venci as barreiras que existiam dentrode mim, passei por cima de tudo e dei espaço para que o nosso maior sonho serea lizasse.

Ainda no mesmo ano, voltamos a conversar com o Dr. Arnaldo, que já noprimeiro dia da consulta, deu início aos primeiros exames. Aguar dá va mos ansiosa-mente o dia da transferência dos embriões, e, enquanto isso, eu estava tomandotodos os hormônios necessários a fim de prepa rar meu útero. Chegado o dia, tive-mos que tomar outra difícil de cisão. Exis tiam três embriões para transferência e pre-cisávamos decidir quantos colo caríamos. Conversamos com o Dr. Arnaldo e expli-camos que que ría mos no máximo duas crianças. E ele disse: "Quer um conselho?Colo que os três!" Eu fiquei assustada, mas confiei na palavra de um especialis ta.Entregamos nas mãos de Deus e deixamos que fosse feita a Sua vontade.

Os 12 dias foram os mais esperados das nossas vidas. Era uma mistura demedo e agonia, uma sensação horrível. Porém, tínhamos a certeza convicta de quedaria certo! Foi quando chegou o grande dia! A resposta sairia às 15h, e quando foi14h, eu saí do meu trabalho e fui direto pra casa. Chegando lá, fiquei ao lado dotelefone com grande expectativa. Após algum tempo, o telefone tocou. Ao atender,logo ouvi a voz do Dr. Arnaldo com a notícia mais feliz da minha vida: "Parabéns!Você está grávida!" Naquele momento, eu dei um grito de alegria com sabor de vitó-ria. Não consegui fazer mais nada além de me derrubar em lágrimas. Eu chegava anão acreditar no que tinha acabado de ouvir, pois o cami nho foi muito árduo e eurecebi muitos nãos até que o sonho se concretizasse.

Em seguida, liguei para o meu marido que estava no trabalho, e emocio nado,também caiu em lágrimas. A tão esperada notícia caiu como um bál samo em nos-sos corações, aliviando todos os traumas e dores vividos an teriormente. Agra de -cemos sempre a Deus e a nossa gratidão será eterna.

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Eu agradeço também muito à doadora, que foi fundamental. Oro todos os diaspela vida dela, pra que Deus dê muita felicidade. Nós fizemos o tratamento namesma época e, durante o processo, eu não torcia só por mim, mas sim por nósduas. Depois, eu fiquei sabendo que ela também conseguiu ser mãe e realizar seusonho. Fiquei muito feliz, pois era o que eu queria. Não queria ser mãe sozinha,queria ser mãe, mas queria que ela fosse também.

Hoje, amadurecida, confesso que o fato de a metade da genética não ser minhapassou quando eu senti o coraçãozinho bater. A primeira vez que você vê aquelacoisinha se mexendo dentro de você, tudo passa, você esquece. Essa questãopassa a ser um mero detalhe, tão pequeno, que não faz diferença alguma. A crian -ça cresce dentro de você, é sua.

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GRAVIDEZ:

Bendito o fruto do “vosso” ventre(doação de óvulos)

‘Nunca desista do seu sonho, mesmo que a vida tenha lhe dito algunsNÃOS. Independentemente da forma como você atinja esse objetivo,seja ele com óvulos e espermatozoides biológicos ou não, o impor-tante é a conquista do objetivo final.”

"Gostaria de salientar a importância que a minha parceira e doadorateve nesse processo, pois sem a sua ajuda, me cedendo óvulosférteis, eu não conseguiria engravidar. Serei grata por toda a minhavida, pois esse foi um imenso ato de amor. Ela é responsável direta-mente pelos momentos de alegria que hoje comparti lhamos comvocês. Muito obrigada, seja você quem for e esteja onde estiver."

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"A felicidade não é um destino, mas uma escolha"

Suzana e Gustavo

Sempre fui uma mulher de muitos sonhos, mesmo quando ainda era jovem.Queria muito estudar, viajar e me tornar uma profissional realizada. Corri atrás detudo isso, com muita luta e com muito esforço, pois a procedência da minha famíliasempre foi humilde e tudo o que eu conquistei foi através do meu trabalho. Estudeimuito, fiz muitas faculdades, trabalhei abusivamente e consegui viajar para aEuropa, como sempre sonhei. O meu caso não é um desses em que a mulher dáprioridade por anos para a sua carreira profissional, deixando o sonho da mater-nidade de lado. Eu simplesmente pensava em ter filhos mais tarde, em um momen-to em que eu já estivesse madura o suficiente para encarar essa responsabilidade.

Por toda a minha vida, sempre tive problemas relacionados à saúde da mulher.Por conta dos miomas, eu vivia em hospitais e consultórios médicos, realizandotratamentos para que o problema se resolvesse. Entrei na menopausa muitojovem, mas não fiquei entristecida, porque tinha em men te que caso eu não con-seguisse ter filhos naturalmente, partiria para ado ção. Me casei já bem amadureci-da, na menopausa e com uma idade avan çada para uma gravidez, mas nunca mepreocupei com a probabilidade de possíveis problemas relacionados ao meu dese-jo de um dia me tornar mãe.

Certa vez, ao conversar com um casal numa viagem, minha irmã falou do meuproblema e do desejo que eu tinha de ser mãe. Em seguida, ele comentou que suaesposa teve que enfrentar a mesma situação, mas através de um tratamento comum especialista conseguiu engravidar. Entregou o cartão da clínica para a minhairmã, que logo me entregou, me incentivando a marcar uma consulta.

Foi exatamente a partir daí que o Dr. Arnaldo passou a fazer parte da minha tra-jetória. Logo na primeira consulta, ele me explicou todo o tratamento e seus pro-cedimentos. Como eu não tinha mais óvulos por conta da menopausa, foi sugeri-da uma Fertilização In Vitro através da ovo doação, ou seja, com óvulos de umadoadora. Pacientemente, me alertou que o resultado positivo na primeira tentativanão era garantido. Princi palmente, por conta da minha idade e de todos os proble-

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mas que eu sempre tive com os miomas, que por toda a vida insistiram em meperseguir. Como não se tratava de uma decisão simples, deu um tempo para queeu e meu marido pensássemos a respeito de tudo o que ele havia acabado de nosfalar. Nós não tivemos nenhuma dificuldade em aceitar os óvulos de uma doadora.Meu marido sempre diz que não sabemos nem mesmo a nossa própria origem.Como eu já pensava em adoção, o fato de eu ter um filho sem a minha genéticanão me incomo dou.

Logo retornamos ao Dr. Arnaldo, já decididos a dar início ao tratamento. Comeceia tomar os medicamentos receitados, e depois de um mês, realizei a transferênciados embriões. Desde aquele momento, eu tinha a certeza de que tudo daria certo.Não pensava na hipótese de um resultado negativo. Acreditava muito na vitória! Éclaro que mesmo com muita convicção de que nada daria errado, os 12 dias deespera para a certeza da gravidez não deixaram de ser terríveis. Jamais conseguiriatransformar em simples palavras sentimentos tão complicados que tomam conta donosso interior. Conta-se cada minuto com o coração coberto de ansiedade, que nosconsome e nos faz perder os sentidos e o controle da situação.

Chegado o dia, fui até o laboratório e fiz um exame de sangue. Com grande tris-teza recebi o resultado negativo. Foi horrível! Uma dor incomparável a qualqueroutra. Eu desabei em meio a muita angústia e decepção. Porém, mesmo todosaqueles sentimentos ruins que consu miam meu coração não foram capazes detirar de mim o meu maior sonho. A luta continuaria, pois não desistiria jamais!Encarei aquela si tuação como um tombo e logo tratei de me levantar, respirar fundoe continuar a minha caminhada.

Na tentativa de melhorar os ânimos, eu e meu marido decidimos viajar para olitoral. Ele não conseguia se conformar com o resultado negativo, pois tinha certezaque eu estava grávida, mesmo depois de ter visto o resultado. Durante a viagem,por várias vezes me perguntou: "Você tem certeza que não está grávida?" Aquelaviagem estava nos proporcionando bons momentos, mas logo foi interrompida comum sangramento incessante que eu tive. Voltamos para casa e eu fiquei derepouso. Achei aquilo natural e acreditava que o sangramento nada mais era doque os embriões saindo do meu corpo. Os questionamentos do meu marido per-maneciam e ele não se cansava de falar: "Tem certeza que não tem ninguém aídentro?" Cheguei até a me irritar, pois ainda estava muito aba lada com o resulta-do negativo.

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Bendito o fruto do “vosso” ventre(doação de óvulos)

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Retornei à clínica e o Dr. Arnaldo me pediu para fazer um ultrassom dos meusmiomas, a fim de analisar as minhas condições. Foi inclusive cogitada a possibili-dade de uma videolaparoscopia para a retirada dos miomas, antes de uma novatentativa de Fertilização In Vitro. Achei a ideia boa, até mesmo porque, desta forma,eu estaria cuidando tanto da minha saúde física quanto da minha saúde emocional.Um tempo de descanso antes de uma próxima tentativa seria a melhor opção paraaquela cir cunstância.

Me dirigi até um laboratório para a realização do ultrassom. Durante o procedi-mento, o médico que me examinava olhou em meus olhos e disse: "Olha, me des-culpe, mas você pode falar com o seu médico que será muito difícil você engravi-dar.” Eu fiquei decepcionada e até mesmo aborrecida com ele e lhe disse: "Não falaassim! Estou fazendo de tudo para dar certo! Estou querendo tanto! Tentandotanto! Não fale isso nem brincando!" Ele deu uma risadinha e revidou: "É que émuito difícil grávidas engravidarem!" Eu fiquei sem entender nada e logo ele memostrou o coraçãozinho batendo. Eu fiquei espantada, inconformada, e lhe disseque tinha ido lá para ver os meus miomas! Em meio a muitos risos, ele confirmoua existência de todos os miomas, mas me disse que eu não faria nada com eles,que a partir daquele momento me preocuparia somente com a minha gravidez.Fiquei maravilhada e não conseguia acreditar no que tinha acabado de ouvir! Eraum momento mágico!

Assim que saí do laboratório, liguei para o meu marido. Quando ele atendeu, eudisse: "Tem gente aqui." Ele não entendeu muito bem e me perguntava: "Aondevocê está? Quem está aí?" Aos risos, eu respondi: "Eu vim no laboratório para veros miomas, mas descobri que tem gente aqui.” Ele ficou muito feliz e disse quetinha certeza que eu estava grávida, que não conseguia se conformar com o resul-tado negativo. Foi uma alegria muito grande poder compartilhar aquilo com ele.

Chegando em casa, imediatamente liguei para a clínica dando a notícia. A prin -cípio, assim como eu, todos acharam estranho e não acreditaram. O Dr. Arnaldopediu que eu lhe explicasse melhor o que havia acontecido. Quando contei, perce-bi a sua alegria pelo resultado. O que tinha acabado de acontecer parecia umamen sagem de Deus mandada diretamente a mim, para que eu tivesse mais cer -teza do que nunca de que Ele é o Deus do impossível! Meu marido sempre medisse que a ciência é um milagre, porém um milagre intermediado por Deus.

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Eu disse ao Dr. Arnaldo que os outros "anjinhos" me abandonaram e foramembora, mas que um quis ficar comigo. Quando fui até a clínica para fazer o ultras-som eu tive outra surpresa. Ao me examinar, o Dr. Arnaldo disse: "É, está tudobem. Os seus dois anjinhos estão aqui!." Fiquei atônita e sem reação. Ele me mos-trou os dois coraçãozinhos batendo… quanta emoção e quanta surpresa para umapessoa só! A possibilidade de eu engravidar de gêmeos era remota e jamais pas-sou pela minha cabeça. Além de ter dado certo na primeira tentativa, vieram doisde uma vez só!

Pretendia fazer uma surpresa para o meu marido, mas não aguentei. Liguei edisse que tinha algo importante para lhe contar. Falei: "Tem mais gente aqui.” Aprincípio ele não entendeu, mas logo desconfiou: "É o que eu estou pensando?" Euconfirmei e disse que mais um anjinho tinha ficado comigo, que na verdade eramdois. Ele ficou feliz e me deu os parabéns! A realização deste sonho era muito maisimportante para mim, pois ele já tinha outro filho de um outro casamento. A buscaera muito mais minha do que dele, mas sempre tive o seu apoio em tudo.

A minha gravidez foi muito conturbada, pois fiquei extremamente de bilitada.Tive que ficar de repouso praticamente os oito meses e foi muito difícil. Nesseperíodo, fui proibida de manter relações sexuais, pois poderiam ocasionar proble-mas na minha gestação. Isso interferiu muito, pois entrei em abstinência sexualantes, durante e depois da gravidez. Por mais que um casamento não se resumaem sexo, sabemos que esta é uma parte importante do relacionamento. Por contade toda essa fase, fiquei insegura, sentia um ciúme muito além do normal e dei iní-cio a uma grande crise interior. O que mais me consolava sempre era saber queeu tinha dois anjinhos dentro de mim, que sempre me ouviam e sempre conver-savam comigo.

Hoje, com minhas duas menininhas, não me arrependo de nada, mas apren dique se queremos muito uma coisa, temos que ser fortes para en frentar todos osobstáculos que são colocados em nosso caminho. Talvez, se eu não tivesse tantacerteza do que eu queria, hoje poderia ter me arrependido de tudo o que fiz, vendoque coloquei até mesmo o meu casamento em risco. Isso só não aconteceu comi-go porque sempre fui muito determinada e o meu desejo de ser mãe estava acimade todas as coisas.

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Espaço da Ciência

Doação de Óvulos

A doação de óvulos é uma técnica na qual os gametas femininos (óvulos) deuma mulher (doadora) são doados a outra (receptora) para que sejam fertilizados.A fertilização é realizada no laboratório pelos espermatozoides do marido da recep-tora. Em paralelo, a outra metade dos óvulos é fertilizada com os espermatozoidesdo marido da doadora. Desta forma, o embrião é transferido (colocado) para oútero da receptora, a qual irá gerar um filho formado pelo espermatozoide dopróprio marido e o óvulo de uma doadora. Este procedimento é realizado damesma forma que a fertilização in vitro. O que difere é a preparação do útero dareceptora, que é feita de uma maneira muito mais simples e econômica do que coma doadora. A receptora recebe dois únicos hormônios (estradiol e progesterona)para o preparo do endométrio a fim de receber os embriões, pois não existeindução de ovulação. A taxa de sucesso de gravidez é a mesma da paciente

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"Para a minha doadora, quero deixar um SUPEROBRIGADA! Gostariade te dar um beijo, um abraço, e te agradecer olhando em seus olhos.Você não tinha porque doar, mas doou, e com isso mudou a minhavida para sempre!"

"Para as mulheres que enfrentam hoje o que eu enfrentei, tenho umamensagem: Se a gente não batalhar, os sonhos não vão acontecer. Énormal termos problemas, o anormal é deixarmos os nossos sonhosde lado. Quando você abre mão dos seus so nhos, afirmando ser odestino, fica frustrada para o resto da vida. Você precisa se dar aoportunidade para poder ser feliz.”

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doadora (40 a 55%). No dia da coleta, os óvulos aspirados são divididos entre asduas. Parte deles é fertilizada com os espermatozoides do marido da doadora, for-mando em briões que serão transferidos para o útero desta. A outra parte será fer-tilizada com os espermatozoides do marido da receptora e transferidos para ela.

Regras Gerais para Doação de Óvulos

1) A doação nunca terá caráter lucrativo ou comercial. Não se vendem óvulos (nemespermatozoides).

2) Os doadores não podem conhecer a identidade dos receptores, e vice-versa.Obrigatoriamente, serão mantidos o sigilo e o anonimato. A le gislação não per-mite doação entre familiares.

3) As clínicas especializadas mantêm, de forma permanente, um registro dosdoadores, dados clínicos de caráter geral com as características fenotípicas(semelhança física), exames laboratoriais que comprovem sua saúde física euma amostra celular. A escolha de doadores baseia-se na semelhança física,imunológica, e na máxima compatibilidade entre doador e receptor (tipo sanguí-neo, etc.).

Quem pode doar óvulos (doadora)

As doadoras devem ter as seguintes características:

• menos do que 35 anos de idade;

• bom nível intelectual;

• histórico negativo de doenças genéticas transmissíveis;

• teste negativo para doenças infecciosas sexualmente transmissíveis(hepatite, sífilis, aids, etc.) e tipagem sanguínea compatível com a receptora.

As pacientes, fontes doadoras, são:

• mulheres férteis que desejem submeter-se à ligadura tubária; poderão ser incentivadas a aceitar a estimulação ovariana e a doação dos óvulos;

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Bendito o fruto do “vosso” ventre(doação de óvulos)

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• pacientes do programa de fertilização in vitro ou inseminação artificial, comaltas respostas ao estímulo ovariano, que às vezes desejam de forma volun-tária e anônima doar parte dos óvulos obtidos. São pacientes que não dese-jam congelar embriões e temem demais uma gestação múltipla;

• doação compartilhada: neste caso, a receptora pagaria parte dos custos dapaciente, que tem indicação para bebê de proveta (doadora), mas não podefazê-lo por motivos financeiros. Em troca, a receptora recebe metade dosóvulos produzidos pela doadora. Desta forma, estaremos ajudando duas mu -lheres e dando a elas o direito de serem mães. Esta posição pode ser con-siderada eticamente controvertida, uma vez que a doadora está sendo bene-ficiada economicamente, embora não esteja recebendo dinheiro para isto.

• irmãs e familiares de receptoras podem ser doadoras, desde que façam umadoação cruzada, isto é, os óvulos do familiar de uma doadora serão doadospara uma outra receptora que também terá uma familiar que doará para aprimeira receptora. Exemplo fictício: a paciente receptora “A” tem uma irmãque se chama “X”, e a outra paciente receptora “B” tem uma irmã que sechama “Y”. Neste caso, a paciente “A” poderá receber óvulos da doadora “Y”,e a receptora “B” poderá receber óvulos da doadora “X”. Desta maneira, serápreservado o anonimato.

• mulheres que, voluntária e altruisticamente, concordam em doar óvulos.

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Barriga de aluguel - Útero de substituição - Doação temporária do útero

Ser médico é, na minha opinião, a melhor profissão do mundo. Faz sentir-merealizado, produtivo e recompensado: é um privilégio. Ser especialista em infertili-dade e cuidar de casais que não conseguem ter filhos é um privilégio ainda maior.Poucas pessoas têm a sorte que eu tenho, de propiciar aos casais com esta difi-culdade a alegria de ter os filhos que não conseguem naturalmente. O momentoem que é dada a notícia do sucesso do tratamento é único. Comunicar o resultadopositivo do teste de gravidez é emocionante. Sentir a explosão de felicidade, ouviros gritos do inacreditável, o choro, e até mesmo o silêncio da emoção que há tem-pos estava guardada é in descritível. Muitas mulheres simplesmente silenciam pornão quererem acreditar na veracidade da notícia tão esperada.

Estes meus sentimentos de alegria, que infelizmente se alternam com os detristeza pelos inevitáveis resultados ne ga tivos, não deixam de ser uma rotina navida de especialistas como eu. Entretanto, existem si tuações cujas histórias sãomuito especiais, como as deste capítulo, que me emocionam e que mostram comoa reprodução assistida torna realidade os sonhos considerados impossíveis.

É um privilégio fazer parte da história destas mulheres.

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O termo barriga de aluguel, que deve ser corretamente trocado por útero de subs -tituição ou doação temporária do útero – pois não se recebe di nheiro por esta ge -nerosidade – é uma das alternativas de tratamento mais emocionantes. A abnegaçãodestas mulheres que aceitam gerar um bebê em seu útero, que não é seu filho, é umato de amor que só cabe a pessoas muito especiais. Permitir o desenvolvimento doinício de vida de um filho no útero de uma outra mulher é a prova maior da importân-cia de ser mãe.

Márcia e dona Ângela (a mãe) – a gravidez de uma mulher sem útero

A violência urbana está cada vez mais próxima de nós. Lembro-me de que hámuitos anos, eu ainda era uma criança, quando ocorreu na Itália um caso desequestro de final trágico e de repercussão internacional, meu pai comentou queeste tipo de ato subversivo não existia no Brasil. Hoje, esses crimes já fazem parteda rotina do noticiário. Antigamente, as mortes e a violência ocorriam em regiõesafastadas, eram raras e envol viam pessoas que pertenciam ao submundo.Atualmente, e cada vez mais, escuto relatos de pessoas próximas que passarampor isso.

Márcia veio à minha clínica, pela primeira vez, através do encaminha mento deum colega ginecologista que estava sensibilizado com sua história. Márcia erajovem, bonita, simpática, meiga e dócil, enfim, evidenciava todos os adjetivos quedefinem uma mulher que sensibiliza os olhos de qualquer um. Não tinha útero.Fora retirado numa cirurgia de urgência realizada em consequência dos danosprovocados por tiros de arma de fogo em um assalto de consequências trágicas.Na época, estava grávida e perdeu também o bebê e o marido.

Casada novamente, a única chance que tinha para ser mãe era através da bar-riga de aluguel ou útero de substituição. Tanto Márcia como Ângela, sua mãe, nãoimaginavam que existia esta possibilidade, e quando expliquei como este procedi-mento era realizado, consideraram inacreditável, tamanha era a felicidade de vertão próxima a realização do sonho de ser mãe e avó ao mesmo tempo.

Nestes tratamentos, os ovários da mulher que será a mãe biológica são esti-mulados com hormônios (no caso de Márcia, ela possuia um único ovário, o outrofoi retirado na mesma cirurgia que foi retirado o útero), os óvulos são aspirados,ferti lizados em laboratório, e os embriões são transferidos para o útero de uma

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outra mulher que futuramente dará à luz. Esta mulher de verá ter parentesco deprimeiro grau como, por exemplo, ser mãe ou irmã. Dona Ângela, a mãe, numgesto de felicidade, prontificou-se em receber os bebês no seu útero. Destemomento em diante, os passos seriam somente os habituais dos tratamentos deferti lização in vitro. Dona Ângela engravidou de gêmeos e recuperou a felicidadeprópria e de sua filha.

É imensurável o grau de satisfação que senti ao poder usar a ciência daReprodução Assistida em benefício de pessoas desamparadas pelo destino amar-go que a vida reservou. É para isto que os médicos existem.

Valéria e Rosana (a irmã) – o bebê que fez esquecer o passado

Valéria, como todas as minhas pacientes, é uma mulher incrível. Mas ela con-seguiu ter algo mais: mais coragem, mais persistência, mais obstinação, e outrascoisas mais. Submeteu-se a vários tratamentos de fertili zação que até já esqueceu,após o nascimento de sua filha – é deste jeito que ela relata em seu depoimento.Isto é muito interessante. O impacto do nascimento da sua criança tão esperada fezcom que ela esquecesse todos os momentos difíceis que experimentou. Este fatoevidente, de monstrado neste depoimento, é o retrato daquilo que acontece comtodas as mulheres que passam por esta experiência. Depois da conquista da gra vi -dez, os infortúnios do “antes” passam a pertencer ao passado e já não mais inte -ressam. São rechaçados para o fundo do coração e deixam de fa zer parte do pre-sente, só interessando, daí em diante, o seu futuro. Valéria fez oito tentativasfrustradas, sem nunca ter engravidado. A cada fracasso, ao contrário da grandemaioria das mulhe res que vivem esta situação, retornava à clínica cheia de espe -ranças, buscando uma nova tentativa.

Ela nunca desanimou nem mostrou ares de derrota. Todas as alternativas denovos tratamentos que prometeram melhorar seu endométrio pro blemático(endométrio é o tecido interior do útero onde o bebê se implanta e se desenvolve),ela aceitava utilizar. Não importavam as garantias dos benefícios. No caso deValéria, o endométrio não se desenvolvia mesmo com os tratamentos hormonais,era muito fino, inapropriado para a im plan tação dos embriões. A única saída era abarriga de aluguel, e a esco lhida foi sua irmã Rosana, que durante todo o pré-natal,demonstrou estar feliz por poder ajudar Valéria. As duas vinham às consultas do

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pré-natal demonstrando total cumplicidade. Tudo ocorreu da melhor forma pos -sível, e nada foi tão compensador como o fato de eu ter o privilégio de participardesta história. Ver a expressão de Valéria contemplando o seu bebê e mostrar-me,com muito orgulho e emoção, a certidão de nascimento de sua filha onde consta-va o nome da mãe: VALÉRIA!! – é algo inesquecível que me faz sentir tocado porDEUS!

Depoimentos

"Deus me devolveu o que um dia tiraram de mim"

Márcia, dona Ângela (mãe) e Caio

Minha mãe diz que desde pequena sempre fui muito contente, conquis tando atodos que me rodeavam com a minha meiguice e simpatia. Ela diz que eu já acor-dava sorrindo, com uma alegria contagiante. Acredito que Deus dá à nossa perso -nalidade características que se baseiam no destino que nossas vidas terão. Talvezo excesso de alegria me foi concedido para que eu conseguisse vencer tudo o quehaveria de passar. Cresci cuidando de crianças, que me encantavam e me apaixo -navam mais e mais a cada dia que eu convivia com elas. Ficava encantada com alinda inocência desses seres que sempre nos impressionam.

Aos 15 anos, conheci um rapaz que morava próximo da minha casa, com quemmuito me identifiquei. Gostávamos das mesmas coisas, tí nhamos os mesmos pen-samentos e nos dávamos muito bem. O amor foi crescendo juntamente com o cari -nho, amizade e companheirismo. Casamos em poucos meses, por conta de umagravidez; mas essa mudança de planos não nos perturbou, pois mesmo com nadaplanejado, a nossa união era como um sonho a se realizar.

Certo dia, já com quase oito meses de gravidez, eu e meu marido fomos visitarminha irmã, e no retorno para casa, aconteceu um fato que marcou e mudou a

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minha vida para sempre. Paramos o carro na porta do meu prédio e logo eu vi umgrupo de quatro rapazes caminhando pela rua, parecendo não ter rumo. Nada mechamou a atenção, mas quando eu abaixei para tirar o som do carro, antes mesmode me levantar, ouvi o barulho ensurdecedor de tiros e mais tiros, que eram dis-parados sequencialmente contra o meu marido, que estava ao meu lado. Fiqueisem reação e as imagens que eu estava vendo e presenciando pareciam passarem câmera lenta, de tão trágicas e inacreditáveis. Logo percebi que também haviasido atingida, por conta de fortes pressões que comecei a sentir no peito e em meuventre.

Olhei para o meu marido, que estava imóvel, de olhos abertos e coberto desangue, e mesmo muito assustada com toda a situação, eu sabia que tinha quesair daquele carro e salvar a minha vida e a vida do meu filho, ainda tão pequenoe indefeso. Sentia muito medo de que os quatro monstros voltassem para terminaro que começaram, mas logo avistei um ônibus que vinha em minha direção e nãopensei muito antes de me lançar à frente do veículo, pedindo que me socorressem.Apesar de eu estar na frente do meu prédio, preferi não pedir ajuda à minha mãe,pois sabia que a deixaria muito assustada. Quando fui iluminada pelos faróis, omotorista vendo o meu estado, acelerou, talvez com medo, mas deci diu parar aoouvir meus gritos de desespero. Minhas mãos, lambuzadas de sangue, escor -regavam e mal permitiam que eu me apoiasse no ônibus para subir os degraus.

Em seguida, pedi que o cobrador ligasse para a casa da minha irmã, para avisá-la que estavam me levando para o hospital. Minha barriga doía muito e cada minu -to que passava, mais dura ela ficava. Chegando ao Pronto-Socorro, ainda acorda-da, lutava contra os meus olhos, que insis tiam em fechar. Entre muita gritaria, con-seguia ouvir e discernir a voz da minha irmã, que pedia desesperadamente para euaguentar firme e não dormir. Me mantive forte e só apaguei após a anestesia.

Apenas no primeiro dia de internação, tive três paradas cardíacas e fui opera-da duas vezes. Minha irmã procurava acompanhar cada passo dos médicos, quepermitiam que ela ficasse por perto, por ser auxiliar de enfermagem. Minha mãeapenas lutava para conseguir dormir e acordar de tudo aquilo que nada mais erado que um real pesadelo em nossas vidas. No dia seguinte, após a minha interna-ção, ela se dirigiu ao hospital, e ao pedir informações sobre mim, foi surpreendidacom a notícia de que eu havia falecido. Pediram-lhe todos os meus documentos, eainda muito abalada, prometeu para si mesma que daquele dia em diante jamais

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pronunciaria o nome de Deus. Porém, foi este Deus que agiu minu tos depois,quando uma pessoa do hospital a procurou, se desculpando por terem cometidoum engano quanto ao meu estado. Na verdade, sua filha, eu, ainda estava viva.

Sofri mais uma cirurgia e fiquei internada na UTI por quase um mês, onde memantive desacordada a todo momento. Minha mãe, grande amiga, fazia compa -nhia para o meu sono, que parecia nunca ter fim. Cuidava de mim e cultivava aespe rança de que eu sairia daquele hospital para dar continuidade à minha vida,que tinha sido interrompida por aquela desgraça.

Após longos dias, eu finalmente acordei. Ao abrir meus olhos, minha mãe foi aprimeira pessoa que eu vi e não pensei duas vezes antes de perguntar pelo meumarido e pelo meu filho. Apesar de confusa e com o coração apertado, fiquei tran-quila ao ouvir que ambos estavam internados, mas se recuperando, assim comoeu. Depois de alguns dias, eu já estava bem melhor, dando os meus primeiros pas-sos, após longos dias deitada em uma cama. Para minha grande felicidade, amédica me disse que em poucos dias eu teria alta e voltaria para casa, mas tam-bém, para minha grande infelicidade, fui noticiada sobre as minhas perdas.

Minha mãe tinha mentido para mim, porque eu não podia ter fortes emoçõesdevido ao meu estado. A verdade era que meu marido havia falecido, assim comoo meu filho, que no mesmo dia foi tirado de mim, em uma das minhas primeirascirurgias. Infelizmente, nenhum dos dois resistiu à tragédia, assim como meu útero,que também teve que ser retirado. Fui tomada por grande angústia e frustração.Perdi a vontade de viver e não tinha forças e nem ânimo para me recuperar ereconstruir o que havia sido destruído.

Desde aquele dia, o sorriso, sempre presente em meu rosto, foi subs tituídopelas lágrimas que incessantemente encharcavam a minha face e meu coração.Os médicos que se revezavam entre os plantões seguravam minhas mãos e can-tavam para que eu dormisse, mas ne nhum deles poderia trazer de volta a realiza-ção que eu quase havia alcan ça do: ser mãe. Psicólogos e psiquiatras movimen-tavam a enfermaria e me enchiam de palavras de consolo, de ânimo e de estímu-lo, mas não recebiam nenhuma reação minha, senão o incessante desejo de ter omeu filho e o meu sonho de volta.

Assim que eu saí do hospital, minha mãe pediu que eu me esforçasse para merecuperar, pois mudaríamos de cidade e reconstruiríamos tudo o que o destino nos

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tirou. Porém, em pouco tempo, eu tive que ser internada novamente com risco deinfecção generalizada. Estava muito magra e quase careca por conta de uma fortequeda de cabelos. Alguns meses depois, já recuperada, eu e minha mãe nosmudamos para o litoral norte de São Paulo, na esperança de fazer nascer em mimo desejo de viver. Eu sempre perguntava a ela se um dia seria possível eu adotaruma crian ça, e ela sempre dizia que Deus colocaria alguém em meu caminho, queme ajudaria na hora certa. Voltei a estudar e tentei dar continuidade à minha vida,mas em pouco tempo o marasmo da cidade me fez arrumar as malas e voltar paraSão Paulo.

Logo arrumei um trabalho, e, em pouco tempo, um novo amor, com quemacabei me casando. Minha vida parecia caminhar, mas o sonho de um dia ser mãepermanecia em meu coração, me enchendo de angústia por saber que era pratica-mente impossível se realizar. Foi então quando em uma consulta ginecológica,contei a minha história para meu médico, que comovido pediu que eu procurasseum amigo de profissão, que com certeza me ajudaria a conseguir tudo o que eumais queria na vida.

Em minha primeira consulta com o Dr. Arnaldo Cambiaghi contei-lhe tudo o quehavia me acontecido, e para minha felicidade, descobri que ainda existia um ca -minho para que eu me tornasse mãe: barriga de aluguel. Minha mãe, sempre aomeu lado, disse imediatamente que estava disposta a me ajudar no que fosse pre-ciso. Era perfeito! Finalmente, a vida me traria de volta aquilo que um dia metomaram. Quando contei ao meu marido, ele apoiou, mas não acreditou que fossepossível realizar esse tipo de procedimento aqui no Brasil. Apesar de feliz, a pos-sibilidade lhe parecia algo distante de se realizar. Voltei a sorrir e os meus olhosvoltaram a ter o brilho que um dia perderam. Tudo parecia novo e nada era maisimportante do que lutar pelo meu tão desejado filho.

Iniciamos o tratamento, e no dia em que os embriões foram colocados no úterode minha mãe, fomos tomados por uma grande ansiedade que nos deixava semar. Tínhamos certeza que tudo daria certo e contávamos cada segundo até achegada do dia do exame. Minha mãe, muito feliz em poder fazer parte do meusonho, dizia que protegeria seus netos até o momento em que estivessem prontospara nascer.

Finalmente, o grande dia chegou, e o resultado foi positivo. A felicidade nãocabia dentro dos nossos corações, que explodiam de tanta alegria. Como se ainda

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não bastasse, no segundo ultrassom, descobrimos que, em alguns meses, sería-mos presenteados com lindos gêmeos. O que antes nos parecia impossível, setonou parte da minha vida – ser mãe.

"Jamais deixe de lutar por esta dádiva que transforma a nossa vidapara sempre. Não desista nunca, e mesmo se um dia tirarem oudestruírem aquilo que sempre desejou, persevere e confie em Deus,pois Ele fará a sua justiça!"

“O fruto de três corações”

Valéria, Rosana (irmã) e Tadeu

Sempre cultivei o desejo de um dia ser mãe, mas por longos anos dediquei aminha vida aos estudos, pois acreditava que era preciso me preparar para que nofuturo fosse possível realizar o sonho da maternidade. Minha mãe teve 11 filhos, eacredito que o meu instinto maternal é herança da minha família que sempre foimuito grande.

Aos 35 anos, conheci o meu atual marido, com quem pude comparti lhar osmomentos mais difíceis da minha vida. Amigo e companheiro, sempre esteve aomeu lado, sofrendo e desviando de todas as pedras que foram colocadas em nossocaminho para a realização do nosso sonho. No momento em que nos encontramos,tive a certeza de que ele era a pessoa certa para dividir comigo a grande respon -sabilidade que é ter um filho. Decididos, iniciamos as tentativas, sem saber queestávamos dando início a uma grande batalha.

Eu acredito que o meu depoimento seja diferente de todos os outros, devido àausência dos fatos e de detalhes da minha luta. Não me lembro praticamente denada, e a única coisa que tenho absoluta certeza é a de que sou uma mulher quelutou muito até realizar o sonho da minha vida. Foram inúmeros exames, semprecom diagnósticos tristes e desanimadores. Descobri que tinha problemas em meu

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endométrio, motivo pelo qual quase todas as chances que eu tinha de ser mãeforam anuladas. Realizei muitas tentativas de Fertilização In Vitro e InseminaçãoArtificial. Apesar de ter sofrido muito com cada uma delas, nem me lembro ao certoquantas foram.

A primeira vez que tentamos uma FIV, achávamos que não tinha a menor chan-ce de dar errado. Estávamos confiantes e nem pensávamos em resultados negati-vos, talvez por falta de informação e convívio com pessoas que realizaram váriastentativas, antes de alcançarem o sucesso. Meu marido ia para a clínica para cole-tar o esperma, e voltava sonhando com gêmeos, certo de que já tinha dado certo.Naturalmente, quando recebíamos a resposta, a decepção era grande e muitodolorosa. Nossos ânimos ficavam exaltados e depois de algum tempo, devido àpressão psicológica, não tínhamos paciência nem mais para nos relacionar umcom o outro. Foram momentos difíceis e marcantes.

Depois de tantos tombos tão desanimadores, o Dr. Arnaldo me alertou quantoà possibilidade de realização da barriga de aluguel. Apesar de saber que aquelepoderia ser o caminho para a realização do meu sonho, devido ao que chamamosde preconceito, a ideia não era bem resolvida na minha cabeça, nos meus con-ceitos e valores. Sempre achei que ser mãe incluía a gestação, a ideia de geraruma criança. Eu queria senti-la em meu ventre, ver minha barriga crescer, sentirenjôos, tudo o que é na tural de uma grávida. Eu sonhava em ser mãe por com-pleto, vivendo todas as fases da maternidade. Por este motivo, a ideia da barrigade aluguel não me parecia tão atraente, mesmo entre tantos tombos que já tinhale vado.

Após longos meses de angústia, cansada de tantas derrotas, eu comecei aencarar a barriga de aluguel como uma possibilidade. Os preconceitos foram sedesfazendo e, milagrosamente, Deus mudou meu coração, me permitindo dar umnovo rumo à minha trajetória. Eu e minha irmã sempre fomos muito unidas, eenquanto eu enfrentava as minhas angústias por conta da impossibilidade de sermãe, ela vivia momentos difíceis com uma gravidez sem o apoio do pai da criança.Ajudei muito a minha irmã, fazendo tudo o que estava ao meu alcance, e foi entãoquando, de uma forma muito natural, ela se propôs a fazer a barriga de aluguelpara mim, na tentativa de retribuir tudo o que eu tinha feito a ela.

Eu jamais havia mencionado esta hipótese a ela, e para mim foi uma grandesurpresa. Aquela possibilidade foi uma luz no fim do túnel para a realização de algo

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que tinha se tornado a razão do meu viver. Meu marido recebeu muito bem a ideiae foi então quando nós três, juntos, demos início a uma nova etapa de uma buscaque para mim já era antiga. Aguardamos seis meses, pois minha irmã ainda esta-va amamentando, e, em seguida, realizamos a nossa primeira tentativa.Estávamos muito con fiantes, certos de que nada mais daria errado, mas fomos sur-preendidos com um resultado negativo.

Eu fiquei chocada, meu marido já estava superdesanimado, cansado, mas eunão conseguia simplesmente desistir do meu grande sonho. Eu queria ser mãemais do que tudo, e para mim era praticamente impos sível apagar a chama queconsumia meu coração. Realizamos a segunda tentativa e o resultado foi... positi-vo! A emoção era tão grande, que chegávamos a não acreditar que era verdade.Juntos, unidos e ligados eternamente pelo que a vida nos proporcionou, vivemosmomentos mágicos e maravilhosos. Para mim, era sempre um sonho poder acor-dar e ver que eu estava vivendo a realização da minha razão de viver.

Nossas vidas foram transformadas com a chegada de uma criança que veio aomundo de uma forma maravilhosa e sem dúvidas, divina. Foram dez anos demuitas tentativas e fracassos, mas tudo ficou para trás. Chega a ser curioso o fatode eu não me lembrar praticamente de nada do que eu vivi em todos esses dias,mas foi exatamente o que aconteceu. A nossa menina apagou todas as minhaslembranças ruins, e faz valer cada sacrifício, cada esforço, cada lágrima...

Tudo valeu a pena, pois depois de tantos tropeços e de tantos dias escuros esombrios, veio uma linda manhã, cheia de luz e de refrigério para a minha alma.Hoje, sou uma mulher feliz, completa e realizada. Nada, jamais, será maior do queo amor que invadiu o meu coração e da alegria da minha filha, que contempla todosos dias da minha vida.

"Sei que você que está passando por isso já deve estar cansada deouvir que não deve nunca desistir. Mas eu não poderia lhe dizer outracoisa senão esta, pois lutei por dez anos até realizar o meu sonho.Lute sempre, com todas as suas forças, e indiferente da sua cor, raça,religião, classe social, jamais deixe com que o preconceito te privedas possibilidades de se tornar mãe.”

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Espaço da Ciência

Barriga de Aluguel – Útero de Substituição – Doação Temporária do Útero

Devido à obrigatoriedade de não haver nenhum caráter comercial com as pes-soas envolvidas neste processo, o termo barriga de aluguel deve ser substituídopor útero de substituição. Ninguém “empresta” o útero por dinheiro. Não se alugae não se vende este espaço. Entretanto, dife rentemente da doação de óvulos, esteprocedimento não deve ser anônimo, e sim entre pessoas conhecidas, com paren -tesco de primeiro e segundo graus. Esta medida é para que seja evitado, ao máxi -mo, o risco de a pessoa que gestar a criança, negar-se a entregar o seu filho paraos pais biológicos. As pessoas envolvidas devem ser submetidas a uma avaliaçãomédica e psicológica completa, além de se analisar a história familiar genética eobstétrica. A psicoterapia individual e em grupo são fundamentais. O procedimen-to é realizado de modo idêntico à fertilização in vitro com a diferença de que, nomo mento da transferência, os embriões são colocados no útero emprestado deuma outra mulher.

As indicações para a realização da gestação de substituição são:

• problemas incorrigíveis de função uterina (malformações ou ausência de for-mação);

• pacientes sem útero, mas com ovários funcionantes;

• miomas ou aderências intrauterinos sem possibilidades de correção cirúrgi-ca;

• condições médicas em que a gravidez implique alto risco de vida ou alto com-prometimento de saúde da mulher, como problemas cardíacos, pulmonares,renais, ou quadro avançado de hipertensão ou diabetes gestacional;

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¨ perdas gestacionais de repetição, quando a condição de manter a gravidezé muito difícil. Neste grupo, também podem ser considerados os fracassosrepetidos de procedimentos de fertilização in vitro.

Orientações Éticas

São procedimentos legais no Brasil, mas há alguns limites:

• deve haver indicação médica;

• o procedimento deve ser realizado de forma gratuita, então não há aluguel dabarriga;

• a doadora do útero deve ser da família e ter parentesco de primeiro ou segun-do grau da doadora genética, e se não houver esta possibilidade, o procedi-mento pode ser realizado com a auto rização do Conselho Regional deMedicina da região.

O consentimento informado é importante nestes casos, pois, baseado nele, ojuiz pode decidir quem registra o filho, caso haja dúvidas do ponto de vista jurídi-co. Normalmente, se houver brigas judiciais, as decisões têm sido favoráveis àsmães genéticas, desde que tenham documentado bem o caso.

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Um dos mais frequentes questionamentos dos casais que têm dificuldades deengravidar é em que proporções o fator psicológico pode in fluenciar negativamentenos resultados da fertilização. Muitos casais adiam seus tratamentos por acre -ditarem que – principalmente a mulher – não estariam no melhor momento emo-cional de suas vidas. Mas será que realmente é fundamental este equilíbrio parase conseguir bons resultados? É possível a uma mulher que já vem acumulandofrustrações desde o primeiro mês em que tentou naturalmente a gravi dez con-seguir estar tranquila? Será que uma profissão exaustiva é capaz de influenciarnegativamente no sucesso do tratamento? Repe ti dos estudos têm sido reali zadosno mundo todo e, até hoje, não comprovaram esta relação. Eu, particularmente,acredito até que muitas vezes, quando o foco estressante está direcionado paraoutros problemas, como por exemplo o trabalho, que é a mais comum fonte deestresse, pode haver algum benefício; pois o casal deixará de pensar tanto no seutratamento e diminui a carga emocional na busca pela gestação. Entretanto, oapoio psicológico é muito importante. A maioria das clínicas de Reprodu ção Hu ma -na tem uma psicóloga para este apoio e muitas pessoas pode rão sentir-se muitome lhor, após uma conversa com estes profissionais. Mas isto não significa que achance de gravidez será maior ou menor.

Os casais Míriam e Manoel, e Heloísa e Rodrigo são bons exemplos, pois secaracterizam pela alta carga emocional que apresentaram na época, quando com-parados com outros que faziam o mesmo tipo de tratamento e engravidaram naprimeira tentativa de Fertilização In Vitro. Com uma história semelhante a outras,demonstrando perseverança, coragem, luta e fé, diferenciaram dos demais pelo

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Ansiedade:mito ou verdade? 9

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componente emocional exacerbado. Embora esse exagero estivesse disfarçado nahistó ria que escre veram, o contato pessoal que eu tinha na consulta expôs a rea -lidade: extremamente ansiosos e angustiados. Manoel casado com Míriam, erapior que ela, e nunca me enganou. Com sua fala calma e pausada, muito educa-do, dizia-se sempre preocupado com o bem-estar psicológico de sua esposa, masna verdade, o grande centro do desconforto emocional do casal era ele. Mesmonão sendo um demérito, algumas pessoas, principalmente os homens, não gostamde expor sua sensibilidade emocional. Esses detalhes são percebidos na consulta,e se houver conflitos importantes, prejudiciais ao tratamento do casal, serãoencami nhados ao setor de psicologia. Chamou-me também a atenção nestahistória a pressa do casal em fazer o exame do teste de gravidez de forma inade-quada e precipitada, levando a uma frustração desnecessária. O teste deve serreali zado em laboratórios qualificados.

Heloísa, casada com Rodrigo, também muitíssimo ansiosa, de mons trava muitapreocupação com os resultados. Estava apreensiva, mas aparentemente bem. Naclínica, tanto eu como a secretária, a enfermeira e o grupo de apoio específico paracada paciente, temíamos pela sua reação caso o resultado do tratamento fossenegativo. Confesso que no dia do resultado do teste de gravidez, eu e a equipeestávamos contagiados pela expectativa do resultado.

O estado emocional e o estresse profissional são relevantes e devem ser cuida-dos, mas não devem ser condições para justificar a realização ou não de um deter-minado tratamento.

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Depoimentos“Valeu a pena”

Míriam e Manoel

Minha infância foi bastante conturbada, e durante minha adolescência, nuncaidealizei a maternidade, entretanto sempre acreditei que família era algo único,indivisível e completo.

Vencendo todos os obstáculos que surgiram, cresci e amadureci. Minha primeiramenstruação aconteceu quando eu tinha 13 anos e logo me trouxe uma série de preocupações. Sentia cólicas terríveis, com sangramentos excessivos que se esten-diam por mais de dez dias. Com o passar do tempo, novos problemas apareceram,comprometendo ainda mais minha saúde. Hospitais, consultas médicas, exames,internações e uma incansável troca de médicos se tornaram uma grande rotina nomeu cotidiano.

Após longos anos de sofrimento e angústia, fui contemplada com uma grandealegria: meu casamento. Desde então, pude contar com o total apoio de meu mari-do, que me ajudou a vencer as dificuldades da vida. Nos primeiros anos de casa-mento, não planejamos filhos, mas o desejo de me tornar mãe apareceu apósalguns poucos anos de união. Foi quando decidimos que havia chegado a hora.

Mesmo com muitas tentativas, o tempo foi passando e a gravidez não acon-tecia. Inicialmente, não nos preocupamos, mas após um longo período de espe-ra, decidimos procurar ajuda médica. Fomos orientados a rea li zar uma videola-paroscopia, mas, lamentavelmente, não diagnostica ram o que me causava tantomal. Por longos anos, lutei para que o meu pro ble ma fosse identificado e solu-cionado, mas nenhum médico conseguia encontrar algo que justificasse os sin-tomas com os quais já havia aprendido a conviver. As explicações eram vagas esem fundamentos. Cheguei a ter que aceitar um diagnóstico que dizia que todoo meu sofrimento era emocional, mesmo sabendo que isso estava distante daminha realidade.

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Dois anos depois, uma nova videolaroscopia revelou o efetivo diagnóstico:endometriose. Fui alertada pelo médico sobre os possíveis pro blemas que enfren ta -ria para engravidar, mas não tinha noção da gravidade da doença e das dificuldadesque futuramente marcariam a minha vida.

A espera começou a ser dolorosa, me enchendo de ansiedade e de medo pelosresultados negativos. Cada mês que eu menstruava, era como se meu útero seder ramasse em lágrimas. Qualquer atraso mens trual era motivo de comemoração,expectativa e esperança, seguidas de frustração e desilusão.

Certo dia, na tentativa de fazer alguma coisa para acabar com a tristeza que eusentia, meu marido recebeu a indicação do Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi. Ani ma -dos, agendamos uma consulta, acreditando que ali encontraríamos todas asrespos tas que estávamos procurando.

Contei toda a minha trajetória ao Dr. Arnaldo, que nos transmitiu muita con -fiança já na primeira consulta. Após a realização de diversos exames, fui surpreen-dida com a notícia de que as minhas trompas haviam sido prejudicadas, possivel-mente em decorrência da endometriose.

Decidimos, junto com o Dr. Arnaldo, realizar uma nova videolaparos copia natentativa de corrigir as trompas, e, em seguida, tentaríamos a gravidez por meio deuma Inseminação Artificial, certos de que nada de errado aconteceria.

Durante o processo, eu já me sentia grávida, passava a mão na bar riga enquan-to conversava com o nosso imaginário bebê. Nosso sonho estava muito perto de serealizar e tudo estava indo muito bem, até que, antes de realizar o exame eu mens -truei. A sensação era de que o mundo tivesse desabado em nossas cabeças.Ficamos realmente muito arrasados, e por muito tempo o choro se manteve pre-sente em nossos dias. Não conseguíamos nos conformar com o resultado. Apesarde a cirurgia ter sido um sucesso, lamentavelmente uma nova histerossalpin-gografia reve lou a reincidência do problema. Fomos alertados pelo Dr. Arnaldo queseria difícil a gravidez por meio de uma segunda Inseminação Artificial, e que aFertilização In Vitro seria mais apropriada. Ficamos chateados, mas não desani-mamos. O desejo era muito grande e não nos permitia desistir.

Devido ao abalo emocional causado pela primeira decepção, mesmo sabendodo risco de insucesso, optamos por realizar a segunda Inseminação Artificial comum outro médico. Seis meses após a primeira tentativa, demos início ao tratamen-

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to, conscientes da mínima chance de sucesso. Desde o início, combinamos quefaríamos tudo com muita tranquilidade, e mesmo que viesse um novo resultadonegativo, não iríamos nos abalar. Todavia, o coração não responde dessa maneira,e novamente quando menstruei, sofremos muito. Sabíamos que por maisracionais que tentássemos ser, a dor era inevitável. Nosso sonho parecia mais dis-tante. Quando via mães com seus bebês, não conseguia conter as lágrimas e osofrimento que ocupava o meu coração.

Algum tempo depois, decidimos voltar para quem efetivamente confiávamos: oDr. Arnaldo. A forma como nos recebeu, o olhar sincero e a maneira franca deapontar caminhos e soluções para o nosso problema, nos fizeram sentir que destavez seria diferente. Mesmo sem muitas palavras, ele entendeu tudo o que falamosapenas com a dor dos nossos corações. Decidimos lutar com todas as nossasforças pelo que mais queríamos na vida. A Fertilização In Vitro foi o nosso próximopasso, e era a única possibilidade que nos restava. Passamos por cima de todasas barreiras e assumimos todos os riscos. Apesar de muitos tombos, jamais desis-timos. O nosso amor sempre foi muito forte, bonito, e sem dúvida, o que nos aju-dou a vencer todos os obstáculos que eram colocados à nossa frente.

Com muita fé e coragem, que foram nossas maiores aliadas, demos início àFertilização In Vitro. Sabíamos que naquela tentativa residia nossa felicidade ounossa definitiva frustração. Muito nos ajudou poder contar com muito apoio donosso médico e amigo, nosso querido Dr. Arnaldo, que com seu trabalho e dedi -ca ção foi nossa grande fonte de esperança.

Após a transferência dos embriões, veio a pior parte: a espera pelo resultado.Eu tinha muito medo de menstruar, como aconteceu nas vezes anteriores, e qual-quer cólica já me deixava aflita. Alguns dias antes da data indicada para a realiza-ção do exame de sangue, não consegui me conter e fiz um teste de gravidezcaseiro, desses que encontramos em farmácias. O resultado foi negativo e eu fi -quei desesperada, sem rumo e sem chão. Inconformada, telefonei para a centralde atendimento ao consumidor, responsável pelo referido teste e expliquei toda asituação. Fui informada de que era provável que eu não estivesse grávida, maspediram para que repetisse o procedimento, utilizando um teste mais fidedigno doque o primeiro. Novamente o resultado foi negativo.

Tamanho era meu desalento, mas mesmo assim fui realizar o exame de san -gue, mesmo sem esperança de um resultado positivo. Novamente, fiquei em um

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estado emocional muito delicado e nem sequer quis ver o resultado pela internet,limitando-me apenas a passar a senha de acesso for ne cida pelo laboratório para aclínica. Estava descrente, pois já havia me conformado com os resultados dostestes de farmácia. Todavia, para minha grande surpresa, recebi a ligação do Dr. Arnaldo no final do dia, me parabenizando pela gravidez. Por um instantecheguei a não acreditar! A emoção invadiu o meu peito que quase explodiu de tantafelicidade. Ime dia tamente liguei para o meu marido, e, juntos, comemoramosintensamen te aquele dia inesquecível.

Desde então, todo o sofrimento se transformou em alegria e realização, pois tí -nhamos conseguido o que mais queríamos naquele momento. A gra videz foi ma -ravilhosa e não alterou em nada a minha rotina diária. Trabalhei até os nove mesesde gestação e só me afastei 12 dias antes do parto.

O nascimento da nossa pequenina foi único, e, sem dúvida, inesquecí vel. Nosrecordaremos para sempre daquele momento tão especial que concretizou onosso grande sonho. A caminhada foi longa, mas valeu a pena. Nossa filha mudouo rumo das nossas vidas, e semelhante ao sopro de Deus, levou para longe aescuridão. Choramos todos os dias – só que agora de alegria – ao olharmos paraela, e se remos eternamente gratos a Deus por nos ter dado este lindo presente.Jamais conseguiremos re tribuir a felicidade e alegria que hoje transbordam de nos-sos corações.

A recompensa que recebemos depois de tudo o que enfrentamos é tão maravi -lhosa, que estamos dispostos a enfrentar tudo de novo na tentativa de uma novagravidez.

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"Para você que está passando por tudo o que eu passei, não encare asituação como um problema, e sim como um obstáculo a ser vencido.Jamais desista do seu grande sonho, por mais distante que possaparecer. Tenha força! Assim como nós, acredite em Deus, pois por Elefomos abençoados."

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"Cada dificuldade foi um degrau para a minha vitória"

Heloísa e Rodrigo

Meu sonho desde menina sempre foi casar, ter filhos e constituir uma família.Apesar de eu sempre ter tido esta natureza, me casei um pouco tarde, somenteaos 29 anos. Meu marido também nunca escondeu o seu desejo de ser pai, eassim decidimos ter o nosso primeiro filho após dois anos de casados.

Aos 31 anos, dei início às tentativas para a realização do grande sonho que nãoera só meu, mas nosso. Logo veio a ansiedade, e na minha cabeça a gravidez viriajá no primeiro mês, pois jamais imaginei ter algum problema relacionado a isso. Otempo foi passando, e nada acontecia além da minha menstruação, que era moti-vo de luto e muita tristeza. Desde aquele momento, mesmo sem saber de qualquerproblema, eu ficava muito chateada e decepcionada. Cada resultado negativo erauma derrota que não me permitia ser mãe. Após longos seis meses de tentativas,decidi procurar um médico a fim de averiguar se existia algum problema.

Realizei alguns exames e nenhum problema foi detectado. Os médicos me fa la -vam que o meu problema era a ansiedade e pediam pra que eu não me preo cu -passe, pois os indícios de infertilidade só eram considerados após 18 meses de ten-tativas sem resultado. Realmente acreditei que o meu descontrole emocionalpudesse ser a causa dos resultados negativos, mas todas aquelas explicações nãoeram o bastante para me convencer que a demora não indicava algum problema.

Consultei-me com vários médicos, na tentativa de ouvir uma explicação maisconvincente, e um deles resolveu solicitar o espermograma ao meu marido, já quenada de anormal era encontrado em mim.

Mesmo muito relutante, pois jamais imaginou passar por aquela si tua ção, reali -zou o exame, que identificou baixa contagem de espermatozoides. Quando o médi-co nos informou sobre o resultado, a expressão do meu marido mudou no mesmoinstante. A notícia o deixou arrasado, sem rumo e extremamente chateado.Mantive-me ao seu lado e me esforcei para que ele não se sentisse sozinho e sem

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apoio, mas sabia que a minha ansiedade fazia com que se sentisse ainda mais cul-pado pela si tuação e pela minha tristeza.

Procuramos um urologista, e com muita fé e dedicação meu marido deu inícioa um tratamento por meio de medicações que estimulavam a produção de esper-matozoides. Após um ano, a quantidade aumentou, mas infelizmente não alcançouo patamar necessário para uma possível gravidez. Diante daquele quadro, o médi-co nos orientou a procurar uma clínica de Reprodução Humana, para que pudésse-mos fazer um tratamento mais específico e eficaz. Voltamos para casa muito tristese decepcionados. Mais um ano havia se passado e mais uma porta se fechavapara o nosso sonho.

Entramos em contato com uma das clínicas que nos foram indicadas, e ao apre-sentar todos os nossos exames, fomos informados que o único caminho era aFertilização In Vitro ou a Inseminação Artificial. Durante a consulta, realizei umultrassom e me espantei quando fui informada sobre a presença de um cisto muitogran de no meu ovário esquerdo. O médico me alertou que poderia ser um endo-metrioma e que seria necessária uma cirurgia para que o mesmo fosse retirado.Fiquei muito assustada, pois além de ter conhecimento sobre a gravidade da endo -me triose, tinha imenso pavor de procedimentos cirúrgicos.

Aquela consulta foi como um balde de água fria que me proporcionou muitasemoções que se misturavam em meu coração. Eu perdi todas as esperanças derealizar o meu maior sonho, fiquei arrasada e logo entrei em uma grandedepressão. Meu marido também ficou abalado com tudo aquilo que acabávamosde descobrir, mas tentou me acalmar, não deixando que eu perdesse as espe -ranças. Durante todo o tratamento, ele sempre teve muita fé e convicção de queconseguiríamos realizar o nosso grande sonho, o que me deixava mais confiantepara continuar a jornada.

Como o médico não atendia o meu convênio, para que a videolapa ros copiafosse realizada, procurei um outro especialista, que ao analisar todo o meu históri-co nos falou que "só abrindo" para ver o que era. Fiquei desesperada e, para pio-rar, o mesmo me disse que no meu caso teria de ser realizada uma cirurgia con-vencional, com anestesia geral, assim como uma cesárea. Ao ouvir tudo aquilo,perdi o chão, mas ainda não era tudo. Mesmo vendo o meu desespero, o médicoressaltou que eu tinha grande chance de perder o meu ovário, pois dependendo do

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que ele encontrasse, teria que tirar tudo. Eu e meu marido ficamos tão chocadosao sair da clínica que não encontrávamos nem o caminho de casa.

Mesmo aflita, decidi enfrentar o problema e realizar a operação. Quan do fui aolaboratório para realizar os exames pré-operatórios, fui questionada quanto ao exa -me do coração. Expliquei ao atendente que o médico não havia solicitado, maseles demonstraram um certo espanto com a situação, me deixando ainda maisinsegura com o profissional que estava me tratando. Ao questionar sobre o ocor -rido no retorno da minha consulta, o médico me disse que eu era muito nova e quepor este motivo o exame do coração não seria necessário.

O fato de ele ter dito a mim que poderia tirar tudo, não deixando ne nhumachance pra que eu tivesse um filho, que era o que eu mais queria, se juntou como fato de ele não ter pedido o exame do coração. Eu fiquei muito insegura e preo -cu pada e acabei desistindo de operar com ele. Meu marido me apoiou e disse queprocuraríamos outro especialista.

Certo dia, triste e abatida com as frustrações que assolavam meu coração,entrei na internet e me deparei com o site da clínica IPGO. Fiquei muito empolga-da com tudo o que vi e li e, à noite, conversei com o meu marido e perguntei sepoderíamos nos consultar. Ele aceitou de imediato, e logo eu agendei a nossaprimeira consulta.

Chegando lá, contei ao Dr. Arnaldo tudo o que havia passado e, ao observarmeus exames, me acalmou dizendo que eu realmente tinha endometriose, masque uma simples cirurgia era o suficiente para resolver o meu problema, e assimdar início à Fertilização In Vitro. Fiquei muito feliz e minhas forças foram renovadascom a esperança que nasceu no momento em que ouvi aquelas palavras quetransmitiam muita con fiança.

Mesmo entre tanta felicidade, eu ainda tinha um problema: nossa li mitaçãoeconômica. Disse ao Dr. Arnaldo que esperaria um pouco a fim de resolver essapendência, pois não dispúnhamos da quantia necessária para a cirurgia, levandoem conta o gasto que teríamos posteriormente com a Fertilização In Vitro.Entretanto, a administração do IPGO facilitou esse pagamento, permitindo assimque eu pudesse realizar a cirurgia. Ficamos muito felizes, pois finalmente tudoestava caminhando.

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Realizei a cirurgia e nada além do endometrioma foi tirado. Foi tudo um suces-so e logo pude dar início à minha primeira Fertilização In Vitro. Eu era outra pes-soa, sentia como se tivesse nascido de novo, pois a alegria era muito grande e jánão restavam dúvidas a mim e ao meu marido de que conseguiríamos, enfim,realizar o nosso maior sonho.

Dei início às medicações com muita alegria e dedicação. O tratamento doía nocorpo e na alma, mas eu não desanimava porque sabia que aquilo poderia metornar mãe. Aplicava cada injeção com muita fé, pois sabia que aquela era a minhaúltima chance. Sentia tanto prazer, que cada aplicação era como tomar sorvete naKopenhagen.

Às vezes, o medo de que o tratamento não desse certo assombrava os meuspensamentos e perturbava meu coração. Eu sabia que o resultado negativo erapossível, mas me esforçava para não pensar nesta possibi lidade. Por diversasvezes, conversei com Deus entre lágrimas que eu não conseguia conter, semprepedindo para que eu fosse abençoada. Nesse período, meu marido se mantevemuito confiante quanto ao su cesso do tratamento. Seu apoio e dedicação para queeu me mantivesse de pé foram fundamentais na minha luta contra a insegurançae angústia que sempre estavam presentes em minhas emoções.

Foi então quando chegou o esperado dia da transferência dos em briões.Aquele, sem dúvida, foi um momento mágico e inesquecível; eu já me sentia mãe,antes mesmo que qualquer procedimento fosse realizado. Meu marido se mante-ve ao meu lado, segurando minha mão e, juntos, vivemos intensamente cadasegundo que se passava. Dos quatro em briões, decidimos transferir apenas três,e jamais esqueceremos a inser ção de cada um deles dentro de mim, que pôde seracompanhada por nós através do monitor do ultrassom. Antes de ir embora, pegueinas mãos do meu médico e amigo, Dr. Arnaldo, e supliquei que torcesse por mim.Ele pediu que eu ficasse calma, pois estava rezando muito e que iríamos come -morar a grande vitória.

Os 12 dias foram longos e intermináveis. Sempre ouvia o padre Marcelo e colo-cava a imagem de Nossa Sra. de Aparecida sobre a bar riga. Chorava muito, masme mantinha firme na fé, acreditando que Deus me concederia a dádiva de metornar mãe. Nesse período, o medo au men tou e me consumia. Sempre que urina-va, ficava atenta, observando e me certificando se nenhum embrião havia caído…

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coisas loucas que só o coração de quem passou por isso é capaz de entender.

Depois de muita ansiedade, finalmente chegou o grande dia que mudaria aminha vida para sempre. No início da manhã, me dirigi à clínica e realizei o exame,mas o resultado só seria informado no final da tarde. Eu sabia que o Dr. Arnaldome ligaria e fiquei o dia todo aguardando, ansiosamente, o seu contato. Foi então,quando no final do dia, o meu celular tocou. Meu coração disparou quando identi-fiquei o número da clínica no BINA do aparelho, e, por um instante, permanecianestesiada, sem saber o que fazer. Tomei coragem, atendi à ligação, e quando euouvi o Dr. Arnaldo cantando: "Parabéns pra você…!", meu coração explodiu detanta felicidade! Por toda a minha vida, jamais nada vai se comparar com esse dia!Foi como colocar pra fora todo o sofrimento que passei nesses três anos de grandeluta. Liguei imediatamente para o meu marido, que também ficou anestesiado coma notícia. Foi uma grande festa!

Para aumentar ainda mais a nossa felicidade, no segundo ultrassom, descobri-mos que eu estava grávida de gêmeos. Ficamos muito im pres siona dos com tama -nha bênção que Deus nos reservou.

Sei que cada minuto que vivi em busca desse sonho foi difícil e muito sofrido,mas hoje, após ter conseguido o que eu mais queria, agradeço a Deus por ter-mesustentado, me dando forças para que eu não desistisse.

O sofrimento foi grande, mas eu faria tudo de novo se fosse pra viver e sentir oque sinto aqui agora, dentro de mim. Valeu cada injeção, cada dor, cada sofrimen-to, cada lágrima… tudo valeu a pena. Não existe nada melhor do que olhar paratrás e ver que nenhum sofrimento e nenhuma dor se compara ao gosto da vitóriae ao prazer de pensar no passado e dizer: "Eu venci!"

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GRAVIDEZ:

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"A você que deseja um filho, mas por alguma razão não consegue, nãodesista! Não se coloque na posição de vítima! Agarre as chances eoportunidades, fazendo de cada dificuldade um degrau para a vitória.Lute com todas as suas forças e jamais deixe de acreditar, nem por umsegundo, que a sua vez vai chegar. Você vai conseguir! Acredite!"

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Espaço da ciência

A importância do emocional na infertilidade(Texto original retirado do livro “Fertilidade Natural”,

do mesmo autor e editora desta obra)

A união de duas pessoas surge do principal interesse de viver uma vida conjun-ta. Discutem-se conceitos, preconceitos, expectativas, forma ção e objetivos com-plementares à união para a continuidade familiar.

O fato de ter filhos, para cada um é representado de acordo com o que se trazdo contexto familiar, histórico, ou mesmo religioso, em que cada um conviveu e foicriado.

Geralmente, a impossibilidade de ter filhos é descoberta depois de algumas ten-tativas frustradas. Portanto, ela acontece quando o casal, ou um dos parceiros,deseja e planeja engravidar.

Diante da impossibilidade de gravidez, a necessidade de se identificar um cul-pado é muito grande, podendo ocorrer raiva, depressão e frustração.

Alguns casais conseguem reconhecer tais sentimentos e, habitualmente, a difi-culdade de lidar com eles os impulsiona a buscar ajuda. O que está em jogo, emmuitos casos, é o amor, a continuidade do casamento, ou ainda, num âmbito maisamplo, o próprio sentido da vida. Neste período, as crises existenciais são fre-quentes.

A infertilidade passa a significar “o não ser completo”, questionam-se objetivosde existir, de ser, de realizar. Muitas vezes, surge a noção de estar sendo punidopela vida, e procura-se então uma explicação biológica, psicológica ou religiosa.Tem-se a sensação de não ser perfeito e o sentido da relação também é abalado.

A mulher é quem geralmente busca ajuda, e quando confir mado o diagnósticode infertilidade feminina, ela tende a se sentir inferio rizada diante do parceiro.Outras mulheres reagem a esta ideia negando o fato, atacando os parceiros, fican-do deprimidas, afastando-se do convívio social.

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Os parceiros, não sabendo lidar com essas reações, acabam influenciados ouprocuram mostrar-se otimistas, desprezando o quadro real.

Contudo, a infertilidade pode ser comprovadamente masculina, e igualmente háo questionamento do papel de marido e homem, e as reações são também adver-sas.

Cada um tem a expectativa de como o outro deve reagir, e, comumente, nãoaceita a “compreensão” ou “rejeição” do parceiro; assim, o caminho se tornadoloroso e solitário.

Uma vez que se inicia um processo de pesquisa, exames e tratamento, váriassão as etapas pelas quais este casal passa. As dificuldades propiciam o surgimen-to de dúvidas e medos. Ocorre até mesmo a vontade de desistir em razão das fan-tasias e expectativas do que pode acontecer, da in segurança de não se chegar aum resultado esperado. A falta de controle sobre as possibilidades e a metodologiado tratamento também age como bloqueio psicológico.

Enfrentar todas estas questões pode ser uma forma de fortalecimento darelação e encorajamento para aceitar e ultrapassar as difíceis etapas do tratamen-to.

A procura de uma saída por meio do trabalho do profissio nal especiali zado ésempre interessante, visto que o crescimento pessoal e o co nhecimento mais pro-fundo das próprias possibilidades e limitações tornam-se inevitáveis. Reconheceras dificuldades de lidar com os diversos sentimentos que surgem nesta fase é,muitas vezes, entregar-se aos cuidados do outro, é redefinir metas e objetivos, équestionar medos, inseguranças, ou ainda desejos e fantasias.

O importante é reconhecer o problema e buscar soluções, de forma a levantaras possibilidades de tratamento e encaminhamento do caso, estando o casal cons-ciente de que tem objetivos comuns, e somente a compreensão mútua e a aceita-ção favorecem todo o processo.

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A arte médica é

o produto da

ciência, inspiração

e fé.Arnaldo Schizzi Cambiaghi

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Muitos dos pacientes que atendo na clínica são indicados por colegas gineco -logistas que não exercem esta especialidade de infertilidade, e por isso preferemencaminhar esses casais a profissionais como eu, chamados de “esterileutas”. Amédica que me indicou a Pamela é muito querida por mim, e embora atenda todosos seus clientes de maneira especial, por esta ela fez questão de fazer ainda maise telefonou-me antes do seu primeiro atendimento. Nesse telefonema, disse queestava me encami nhando uma pessoa de quem gostava muito, para ser submetida ao tratamento de Fertilização In Vitro e que, mesmo não tendo uma indi-cação obrigatória para este procedimento, acreditava – pelo temperamento e per-fil psicológico da paciente – ser a melhor conduta. Justificou que ela estava muitís-simo ansiosa, psicologicamente angustiada e fragilizada pelo temor de não con-seguir jamais ter seus filhos. Estava se recuperando de uma anorexia nervosarecente.

No dia da primeira consulta, Pamela veio acompanhada de Edgard, seu mari-do. Um casal simpático que demonstrou ter um relacionamento em perfeita harmo-nia. Falou dos seus problemas, entre eles, o que ela conside rava da maiorimportância era que não menstruava; tinha a síndrome dos ovários policísticos.Pamela falava com voz pausada, clara nos seus objetivos, de comportamentomeigo e delicada nos seus gestos. Edgard, simpático e obediente à mulher. Nomeu entender, uma relação conjugal ideal. A consulta foi muito objetiva, pois o ca -minho para a gravidez já havia sido determinado. O importante era começar logo,principalmente porque a ansiedade de Pamela era enorme.

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Nervos de aço 10

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Os ovários policísticos ao serem estimulados para tratamento de ferti lizaçãopodem ter um comportamento imprevisível. Mesmo utilizando doses adequadas demedicação, podem não responder ao estímulo, ou ao contrário, terem uma respos-ta exarcebada formando um número grande de óvulos e levar a uma complicaçãochamada de síndrome do hiperes tí mu lo ovariano. Uma comparação desse efeitopode ser com a reação de algumas mulheres que, em determinada fase do ciclomens trual (TPM) têm uma atitude explosiva ante comentários que normalmentenão as incomodam. O hiperestímulo é ainda mais comum em pacientes jovens,como a Pamela.

A medicina está longe de ser uma ciência exata, e por isso, mesmo com aminha expe riência, conhecendo os riscos e tomando todos os cuidados preventi-vos, Pamela acabou por ter essa síndrome. Eu poderia ter cancelado a coleta dosóvulos, mas a insistência e a obstinação de Pamela me sensibilizaram, apesar derepetidamente alertá-la sobre os riscos. No in tuito de evitar complica ções mais gra-ves, os embriões não foram transferidos e ela, preventiva men te, foi internada emum hospital. É muito difícil para as pessoas que estão junto dessas mulheres emtratamento, amigos e familiares, entenderem essa complicação. Perguntam a simesmas: “Como um tratamento para ter fi lhos pode levar a tamanha complicação,que incha o abdômen, deixa-o cheio de líquido, não se consegue mais urinar, eleva a um enorme des con forto? E ainda mais, ver essa mulher sendo encami nhadapara uma UTI!”

Foi o que aconteceu com Pamela.

Filha única de pais presentes e preocupados com sua cria divina, teve parte doseu tratamento internada numa UTI. Nesse momento de angústia, a relação médi-co-paciente-família é fundamental, e aqui reforço os parabéns para sua família,sobretudo para Edgard, que enfrentou essa intercorrência com equilíbrio, pondera-ção e confiança no meu traba lho. Pamela passou esses dias por “poucas e boas”e enfrentou cada etapa da sua recuperação com uma coragem invejável. Quemdiria!!! Aquela jovem com um jeito delicado, até mesmo um pouco frágil, fala caden-ciada e meiga, tinha dentro de si um tigre. Não reclamava. Só perguntava repeti-damente: “Quando eu vou ficar grávida?” Pamela é uma mulher determinada. Daío título deste capítulo: Nervos de Aço. Suportou tudo. Sua compreensão favore-cia a sua recuperação. Emocionou-me a ponto de eu deixar um telefone celular deminha propriedade ao seu lado para que pudesse saber do seu estado físico todos

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os minutos do dia, e podendo me telefonar quando desejasse. Não me ligou umaúnica vez.

Após todas essas dificuldades, já recuperada, voltou ao consultório e, mais umavez fui surpreendido. Normalmente, quando alguém passa por um problema médi-co difícil como esse, em especial no caso dela, a reação mais comum é adiar ouaté desistir temporariamente de um novo tratamento, mas Pamela repetiu maisuma vez: “Quando eu vou ficar grávida?” Eu respondi: “Acredite, você vai engravi-dar. Sua hora vai chegar.” E ela completou: “Então tá bom. Mas quando começare-mos um novo ciclo?”

Essa insistência repetida era entusiasmante. Após esse episódio, foram feitasmais duas tentativas, às quais, mesmo com uma dose mínima de medicamento, osovários respondiam de forma exagerada. Repetia-se o risco de um novo hiperestí-mulo e o ciclo era cancelado.

E assim, alcançamos a dose mínima e ideal para o seu caso, o que resultou nasua tão desejada gestação.

A mensagem desta história está na obstinação e na coragem fundamentais aosheróis da vida. É esta determinação – que despreza as dificuldades do tratamentoe que é um ingrediente indispensável aos casais que desejam ter filhos e não con-seguem naturalmente – que traz a inspiração para alcançarem o seu objetivo.

Depoimento"Fé e esperança"

Pamela e Edgard

Desde minha primeira menstruação, sempre sonhei em ser mãe. Sentia queisso era uma espécie de predestinação e que eu havia nascido para a maternidade,mas, curiosamente, ligada a este sentimento, sempre tive a certeza de que nãoseria fácil. O medo de não poder realizar este sonho circundava a minha vida.

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Para fortalecer esta sensação, aos 13 anos, descobri que tinha ovários policísti-cos e sofri muito por um longo período. As cólicas, irregularidade da menstruação,variação de peso e aumento de pêlos só foram estabilizados quando dei início aouso de pílulas anticoncepcionais. Durante todo esse período, ao ver crianças recém-nascidas, partos na televisão, histó rias de mulheres estéreis, sempre chorava coma angústia de não poder ser mãe, mesmo que essa dificuldade ainda não tivessesido comprovada.

Assim que me casei, aos 23 anos, já desejava ter filhos. Sabiamente, meu maridome convenceu a esperar um pouco, até mesmo para que pudés semos curtir o casa-mento, viajar e fazer mais um monte de coisas de que uma crian ça nos priva. Mesmocom muita ansiedade da minha parte, decidimos que só quando o casamento"pedisse" é que tentaríamos uma gravidez.

Após quase quatro anos, durante uma viagem de Réveillon, exatamente à meia-noite, na virada do ano, meu marido me deu um envelope com um cartão e umacartela vazia do meu anticoncepcional. Fiquei muito feliz, pois sabia que realizariao meu grande sonho naquele ano que estava nascendo. Meus medos tambémaumentaram e passaram a preencher meu coração, mas meu marido, sempremuito otimista, me deu muita segurança de que tudo daria certo.

Logo me dirigi à minha ginecologista para que eu fosse instruída quanto aoscuidados e precauções que eu deveria ter a partir daquele momento. Naquela fase,a ansiedade já tinha me dominado totalmente e eu não conseguia pensar em outracoisa senão na tão sonhada gravidez. Por mais que eu tentasse ficar tranquila, asensação era a de um faminto tentan do não pensar em comida. O tempo foi pas-sando, mas a gravidez nunca che gava e cada menstruação era como um castigopara mim. Mesmo to man do remédios que estimulavam a ovulação, o momento tãoesperado pa recia nunca chegar e o medo de não poder ser mãe me abraçava acada dia.

No passado, eu tive anorexia nervosa, consequência da minha obsessão pelamagreza. Mesmo com o meu quadro já estabilizado, sabia que se não ganhassealguns quilos eu tornaria uma possível gravidez ainda mais difícil. Então, comorenúncia, decidi engordar e ficar ao menos dentro do meu peso ideal. Mesmo comtanto esforço não obtive nenhum resultado, e diante desse diagnóstico, minhamédica recomendou que eu procurasse um especialista e me indicou a clínicaIPGO.

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Marquei a primeira consulta para o mesmo dia, e horas depois, eu e meu mari-do já estávamos lá. Quando sentamos na sala de espera, meu coração estavaacelerado e cheio de esperanças, pois começava a brotar dentro de mim a certezae a fé de que Deus não nos abandonaria naquela jornada. Assim que entramos nasala do Dr. Arnaldo, sentimos uma empatia imediata e ficamos muito confiantesquanto ao tratamento que foi sugerido a nós. Eu não queria realizar tentativas comprocedimentos menos eficazes, e por isso optamos pela Fertilização In Vitro.

Realizamos alguns exames e fomos orientados a esperar por alguns dias atéque tudo estivesse certo para o início da primeira tentativa. Decidimos não contarpara a família, e isto tornou a espera ainda mais difícil, pois não tínhamos com quemdividir as nossas angústias. Nesse período, muitas mulheres próximas a nós engra -vidaram. Eu andava na rua e via grávidas em todos os lados e me perguntava: "Seráque somente eu não consigo?" Também pensava muito na possibilidade de meumarido não ser pai, e de meus pais não serem avós, já que eu sou filha única. Emnenhum momento foi comprovado que eu tinha efetivamente um problema, ou quenão poderia ter filhos. Todas essas angústias e suposições eram criadas pela mentede uma mulher que mantinha um desejo louco de ser mãe.

Finalmente, retornamos à clínica e demos início ao tratamento. Eu estava muitofeliz e durante as aplicações das injeções eu não sentia medo nem dor, apenasmuita fé e esperança de que tudo daria certo.

Um dia antes de realizar a retirada dos óvulos, senti um extremo desconfortocom um estufamento abdominal. Estava na faculdade e imediatamente liguei parao meu marido e fomos para o consultório do Dr. Arnaldo. Chegando na clínica, eleme explicou que eu poderia ter algumas complicações por conta da respostaexagerada do meu ovário ao estímulo medicamentoso, e que por isso seria viávelque eu fosse internada após o procedimento. Diante dessa circunstância, assimque chega mos em casa, decidimos contar aos familiares o que estava acontecen-do, para que não se assustassem com uma possível internação. Todos foram com-preensivos e tinham fé de que tudo daria certo.

No dia seguinte, nos dirigimos à clínica novamente para que o proce dimentofosse realizado. Adormeci para a retirada dos óvulos, e quando abri meus olhos jáestava em uma cama com meu amigo e cúmplice marido ao meu lado, segurandoa minha mão. Assim que fiquei consciente, comecei a sentir muito enjôo, fraqueza,calafrios e um extremo mal-estar. Fui encaminhada ao hospital, e chegando lá,

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GRAVIDEZ:

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após ser medicada me senti um pouco melhor. No dia seguinte, me senti muito me -lhor, principalmente com a visita dos familiares, que sempre nos passaram muitaforça. Porém, no segundo dia de internação, acordei me sentindo muito fraca,tendo que fazer esforço até para respirar. Após me examinar, o Dr. Arnaldo disseque seria melhor eu ser levada para a UTI imediatamente. Ficamos muito pertur-bados com a declaração, e ainda muito assustada, fui levada pelos enfermeiros. Oque mais me deixou abalada foi ter que ficar sozinha em um momento em que oque eu mais queria era estar ao lado do meu marido e da minha família.

O Dr. Arnaldo fez algumas punções no abdômen para a retirada do líquido que seacumulava indevidamente em minha cavidade abdominal, por conta do hiperestímu-lo. Dei início a drenagens linfáticas e massagens em todo o meu corpo, que já esta-va cansado da mesma posição, além de fisioterapias respiratórias. Meus familiares,em horários de visita, tentavam me animar e esconder suas próprias dores e afliçõesprovocadas por aquela situação. Me contavam como todos os amigos estavam re -zan do, tor cendo e apoiando. Sempre acreditei imensamente na força da energia po -sitiva, e hoje sei que meus amigos e familiares têm grande parcela no desfecho finaldesta história.

Certa manhã, senti uma pequena falta de ar, que em poucos segundos se tor-nou a quase completa incapacidade respiratória. Todos na UTI iniciaram os proce-dimentos para o meu socorro, mas não resisti e logo desmaiei. Algumas horasdepois, eu acordei e percebi que no leito ao meu lado havia uma nova paciente,grávida, mas com algumas complicações devido a crises de epilepsia. Em algunsmomentos, a paciente gritava que não queria aquela criança maldita, me deixandomuito confusa, já que o que eu queria era exatamente o que ela estava desprezan-do. Os dias foram passando e eu fui melhorando. Durante todo o tempo em queestive internada, recebi muito apoio do Dr. Arnaldo, que sempre me falava que tudoaquilo passaria e que era pra eu ter um pouco mais de paciência. Em pouco temposaí da UTI e, em alguns dias, o Dr. Arnaldo me deu alta. Fiquei muito feliz e ime-diatamente perguntei quando daríamos início a uma nova tentativa. Ele ficouespantado com a minha determinação e pediu que eu me acalmasse, pois meucorpo precisava descansar.

Nada do que passei em nenhum minuto me fez desistir do sonho de ser mãe.Algumas semanas depois, os embriões que foram congelados foram transferidos,mas infelizmente não obtivemos sucesso. Logo demos início a uma estimulação,

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com uma dose bem menor do que a anterior, mas o procedimento foi interrompido,pois novamente estavam se formando muitos óvulos. Chorei muito no consultório,mas como um pai responsável, o Dr. Arnaldo me disse que não permitiria que eupassasse por tudo que passei e pediu pra que eu tivesse paciência.

Algum tempo depois, mais uma vez a estimulação foi iniciada e com dose bemmenor que a anterior, e finalmente tudo correu bem e os óvulos foram retiradoscom sucesso. Meu coração estava rico de alegria e esperança. Após três dias,reali zamos a transferência dos embriões e respiramos fundo para enfrentar aansie da de que nos assolaria nos próximos 12 dias. Eu lutava muito para não serdominada pelo sentimento de certeza, pois sabia que poderia não dar certo.Chegado o dia, realizei o exame e fui para a faculdade normalmente, acreditandoque o tempo passaria mais rápido se eu me distraísse. Para minha grande surpre-sa, quando estava me despedindo dos amigos para ir embora, me deparei com omeu marido na porta da sala, com um sorrido maravilhoso, olhos brilhantes e medizendo: "Você está grávida!" Eu mal conseguia racionalizar aquela informação,que me deixou sem palavras. Senti uma alegria indescritível e ali mesmo nos abra-çamos como se não existisse mais ninguém além de nós três.

Minha gravidez foi maravilhosa e fazia com que eu me sentisse a mu lher maisfeliz do mundo, com aquele barrigão que crescia rapidamente. Após alguns meses,descobrimos que era uma menininha e fica mos ainda mais felizes. Nossa filha foimuito desejada, amada e esperada. Me sinto uma mulher vitoriosa, tanto que nãopoderia dar outro nome à minha menininha, senão: Victória.

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GRAVIDEZ:

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"Aceitei relembrar toda a minha trajetória, não para dizer que é difícil,mas sim para provar que é possível. Sei que não é fácil superar adecepção dos resultados negativos, a angústia que sentimos, acobrança inocente de todos à nossa volta e o medo de não conseguir,mas tudo isso é muito pequeno perto do que você está prestes a con-seguir. Nunca perca a fé e não menospreze a força que existe dentrode você, pois poderá se surpreender com ela."

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A confiança em si é o

próprio requisito para

grandes iniciativas.Samuel Johnson

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Nos últimos anos, tem havido um número crescente de mulheres com mais dequarenta anos que buscam a maternidade pela primeira vez. Esta é uma tendên-cia mundial que foi explicada no capitulo 7: "Bendito o fruto do vosso ventre." Tantoeu como outros médicos especialistas em reprodução humana temos alertado quea taxa de fertilidade diminui progres sivamente com o passar da idade, principal-mente após os 35 anos, que piora após os 40, e ainda mais após os 45. Entretanto,nem todas as mu lheres têm condições de ter seus filhos na idade adequada. Asrazões mais comuns são: empenho no trabalho, formação profissional tardia, afalta de um amor verdadeiro, e até mesmo a inexistência de um pai ideal para seusfilhos, entre outras. O motivo tanto faz, uma vez que a trajetória da vida das pes-soas nem sempre pode ser guiada pelos seus próprios desejos.

Outra razão comum pela procura de tratamentos de infertilidade é o homemcom vasectomia e que deseja ter filhos com uma nova esposa que ainda não ostem. O interessante nestes homens é a grande preocupação com o risco de ges-tação múltipla. Uma preocupação compreensí vel, porquanto já possuem filhos deoutros casamentos e temem pela responsabilidade econômica no sustento deles.

Nina e Alberto reuniram no casamento estas duas "dificuldades" – a idade e avasectomia – e por isto merecem este capítulo especial. Nina tinha, na época, 41anos, sem filhos, e Alberto estava com mais de 50 e um tanto obeso, o que tam-bém dificultava a gravidez. Tinha três filhos do primeiro casamento. Nina é umamulher independente e vinha ao meu consultório sozinha. Mulher objetiva e deci-

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dida, desejava um filho. Seu marido aceitava esta ideia sem muito entusiasmo,mas sabia que a felicidade de sua mulher dependia dessa realização. Apesar daidade, os ovários de Nina responderam ao estímulo hormonal de maneira ex -traordinária. Formaram um número grande de óvulos como se ela tivesse 20 anos.

Até esse momento, eu não conhecia Alberto, e mesmo assim marcamos o diada coleta de óvulos. Nina pediu-me que evitasse falar com seu marido a respeitodo número de óvulos e embriões, pois isso o preocu pava muito. Esta omissão,segundo ela, evitaria polêmicas desneces sárias. Além do mais, ele não a acom-panhava nas consultas e fazia poucas perguntas sobre o tratamento. Por acreditarno bom senso da minha paciente, aceitei esta condição. Nina não agia em nomedo mal, simplesmente queria evitar preocupações desnecessárias para Alberto.

Após a coleta dos óvulos, como ocorria rotineiramente, eu deveria comentarcom o marido sobre o procedimento: número de óvulos, a qua lidade deles, comoestava passando a sua esposa, etc. Dessa vez, po rém, a pedido de Nina, não pudefazê-lo. A fim de evitar constrangimentos procurei não cumprimentá-lo, evitandoassim perguntas e situa ções desa gradáveis. Era o desejo de Nina. No dia da trans-ferência dos embriões, soube que Alberto ficou indignado por eu não ter falado comele. (Vejam só que vergonha essas pacientes me fazem passar!!!). Mais tarde, Ninacontou a ele o motivo dessa minha desconsi deração.

Contra a minha vontade e em respeito ao seu marido, Nina optou por transferirsomente dois embriões. Um número que pode ser considerado pequeno para a suaidade. Normalmente, após os 40 anos, sou um pouco mais ousado na decisão donúmero de embriões transferidos, pois as chances de gravidez nessa idade sãomenores, e por isso considero razoável transferir até quatro embriões. E ela nãoengravidou.

Após esse resultado negativo, Alberto mudou completamente de comportamen-to. Sua indiferença inicial virou obstinação. Queria ter seu filho com Nina a qual-quer custo. Não se importava se viesse mais do que um. Passou a vir em todas asconsultas, participou de todos os controles de ultrassom e queria saber de todosos detalhes. Nina tinha um ovário ótimo que produzia óvulos em quantidade acimado esperado para a sua idade. No dia da transferência dos embriões, tive umagrande surpresa. Quando indiquei ao casal, novamente, que fossem colocadosquatro embriões, tanto ela como seu marido não só concordaram, como queriamque eu transferisse todos (eram oito). Foram transferidos quatro. O resultado final

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foi trigê meos. Nem a idade, nem a vasectomia e nem a obesidade de Alberto impe-diram o sucesso desse tratamento.

Esta é uma história interessante que mostra a importância de acreditar no resul-tado positivo, mesmo quando algumas situações conspiram contra ele. É umaexceção com um final alegre, pois as crianças nasceram bem. Entretanto, nãodeve servir como exemplo, nem incentivo para que os casais adiem sua ges-tação. A recomendação é: procure engravidar antes dos 35 anos.

Depoimento

"Hoje tenho não uma, mas três razões para viver"

Nina e Alberto

Desde menina, pensava em ter muitos filhos. Sempre sonhei e sempre acre -ditei que teria uma família bem convencional, com pelo menos três crianças, assimcomo minha mãe. Aos 29 anos, aproximadamente, foi descoberto um câncer nocolo do meu útero. Além de conseguir vencer a doença, para minha alegria,nenhum dano foi causado.

No período em que estava me restabelecendo, conheci o meu marido, divorcia-do e com duas filhas pré-adolescentes. Após dois anos, nos casamos, e como todocasal, fomos curtir nosso casamento. Eu sabia que ele tinha feito vasectomia, masnaquele momento aquilo não me incomodava, pois eu também precisava de umtempo para me recuperar por completo da doença que há pouco havia estado emmim.

Nossa relação sempre foi ótima e vivemos momentos muito felizes por anos.Porém, chegou uma hora em que eu queria viver uma outra etapa da minha vida:a de ser mãe! Foi então que cheguei a meu marido e expliquei que eu queria um

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bebê. A declaração para ele foi uma surpresa, pois já estava satisfeito com as duasfilhas que o seu casamento anterior havia lhe dado. Queria viver comigo para sem-pre, mas exatamente da forma como estávamos vivendo há anos. Com liberdadepara passear e viajar quando quiséssemos. Ele queria uma companheira.

Para mim, aquela declaração dele também foi um choque. Nunca havíamosconversado anteriormente sobre o assunto, mas da mesma forma que ele pensa-va que eu não quisesse ter filhos, eu pensava que fi lhos faziam parte dos planosdele comigo. Ele dizia que jamais imaginara que a maternidade um dia seria impor-tante para mim, mas na realidade, esse desejo não era apenas importante, comovital.

Foram alguns anos lutando pelo meu objetivo, tentando convencê-lo da im por -tân cia de um filho na minha vida. Após quase dez anos de casada, percebi que euprecisava mais do que nunca correr atrás do meu sonho, porque a minha idadeavançada poderia interferir e muito na rea lização do mesmo. Foi então quandodisse ao meu marido que tínhamos chegado ao final da linha: ou tínhamos um filho,ou nos separaríamos. Eu estava decidida e nada me faria mudar de ideia comrelação ao meu desejo de ser mãe.

Nós tínhamos uma viagem marcada para o Chile e decidimos ir, mesmo diantede todas aquelas circunstâncias contrárias a nós. A separação estava próxima,sabíamos disso, mas não tocávamos no assunto. Viaja mos e foi como uma segun-da lua-de-mel. Voltamos chorando no avião, pois sabíamos que aquela era, na ver-dade, uma despedida.

Tentei marcar uma consulta de rotina com o meu ginecologista, mas como elees tava de férias, procurei um outro médico para a realização da mesma. Ao seraten dida pelo Dr. Arnaldo, descobri que ele era especia lista em reprodução hu ma -na. Ao sair da clínica, fui chorando para o carro, pois me vi diante de uma grandechan ce de realizar o que eu mais queria naquele momento. Mesmo com a idadeavançada, eu não tinha nenhum problema para engravidar. O tratamento só erapreciso por conta da vasectomia do meu marido.

Ainda nessa fase tão delicada de separação, com o relacionamento muito aba-lado pela dureza da minha decisão, marquei uma nova consulta com o Dr. Arnaldo,mas desta vez para falar sobre o tratamento. Avisei ao meu marido que faria o tra-tamento com ou sem ele. Era a última tentativa de não dissolver meu casamento,

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afinal, o amava muito e queria que meu filho fosse dele. Não sei se por sorte ouazar, só havia consulta para após 20 dias, e isso nos possibilitou ainda um tempopara pensarmos mais a respeito.

Aqueles dias nos ajudaram muito e o fez mudar de ideia. Durante um jantar emum restaurante, ele me olhou e disse: "Irei ao médico com você!" Naquele momen-to, eu não entendi o que ele estava falando, mas logo me explicou que faria o trata-mento comigo. Não consegui conter as minhas lágrimas e a emoção tomou contadaquele momento. Finalmente, após tanto chorar de tristeza por não ter o apoiodele, chorava de alegria, pois enfim realizaria o sonho da maternidade.

Afinal, já aos 41 anos, dei início ao tratamento que mudaria minha vida. Nãocabia em mim tanta felicidade e eu tinha certeza absoluta que tudo daria certo. Nãohavia espaço em meu coração para a hipótese do insucesso do tratamento. Acerteza do sucesso era total.

Optamos pela Fertilização In Vitro e logo demos início ao procedimento. Naprimeira tentativa, dois embriões foram transferidos. Eu sentia os bebês dentro demim e interagia com eles. É uma coisa difícil de ser explicada e definida empalavras, mas o meu relacionamento com os embriões era muito forte. Até que umdia, acordei e não mais os senti. Mesmo tendo certeza de que eles não estavammais ali, queria acreditar que eu estava nervosa e que tudo estava indo muito bem.Esperei ansiosamente pelos 12 dias para o resultado final. Chegado o dia, fui parao escritório e não desgrudei do computador nem por um minuto. Até que finalmenteo resultado chegou: NEGATIVO.

Não conseguia e não queria acreditar. Para mim, o laboratório tinha passado oresultado errado. Fiquei nessa paranóia e nesse conflito interno por horas. Choreitodas as lágrimas do mundo e quando elas come ça vam não havia argumentoracional que me fizesse parar. Foi a maior dor da minha vida.

Depois de chorar muito no trabalho, decidi ir pra minha casa, que ficava a trêsquadras de lá. Após quase duas horas, eu ainda não tinha chegado e meu maridome ligou, preocupado, perguntando onde eu estava. Ele sabia que o resultadosairia naquele dia, e quando eu disse que estava na garagem do prédio dentro docarro, logo entendeu que eu não tinha boas notícias. Ao chegar em casa, ele meesperava na porta do elevador. Recebeu-me com um forte abraço, e ao ver o meuestado e o meu sofrimento, limitou-se a dizer: "Não fique assim. Faremos nova-mente no pró ximo mês!" A verdade é que ele também estava triste com a notícia,

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pois desde a sua decisão, encarou isso como um objetivo dele também. O meusonho passou a ser desejado também por ele.

Apesar de muito curto, o meu relacionamento com o Dr. Arnaldo foi sincero e demuita confiança. Percebi que ele ficou bem chateado ao ver o estado em que meencontrava. Ele demonstrou ter ficado igualmente muito triste com o resultado, eisso me fez perceber que eu não estava sozinha nesse barco, o meu médico tam-bém estava comigo em busca desse sonho, me ajudando e vivendo cada obstácu-lo ao meu lado.

Após quase dois meses, demos início a uma nova Fertilização In Vitro. Dessavez, meu marido estava mais unido a mim, tendo uma participação muito maiordurante todo o tratamento. No dia da transferência, fomos instruídos a transferirpelo menos quatro embriões. Juntos, decidimos transferir cinco. Porém, a verdadeé que eu não estava contente nem mesmo com os cinco, pois eu queria mais.

No momento em que fiquei sozinha com o Dr. Arnaldo, pedi para que fossemcolocados os oito embriões, pois não queria nunca mais passar e sentir a dor quehavia sentido dias atrás. Após muita insistência, ele concordou com a transferên-cia de quatro. Fiquei mais segura e confiante, pois as minhas chances aumentarammuito. Novamente, já sentia cada um deles dentro de mim.

No dia seguinte, senti que havia perdido um deles. Não era uma sensação físi-ca, pois o embrião é minúsculo, incapaz de nos fazer sentir alguma coisa. Era umasensação de perda, algo que acontecia dentro de mim, nas minhas emoções,envolvendo os meus sentimentos. Apesar de irreal, para mim era algo muito real.Após dois dias, novamente a certeza da perda de mais um. Alguns dias depois,durante a madrugada, o sentimento de perda veio novamente. Dessa vez fiqueimais abalada, e durante um almoço não consegui conter as lágrimas e me abri como meu marido sobre as minhas sensações. Ele ficou muito triste e sem jeito.Perguntou quantos eu achava que ainda estavam dentro de mim. Disse que sen-tia somente três deles, e ele me respondeu: "Com três filhos na barriga você estáchorando?" Ele tinha razão.

Após os 12 dias, para a minha alegria veio o resultado positivo. Eu aguardavamuito ansiosa pelo resultado e toda a equipe da empresa se manteve ao meu lado,na frente do computador, aguardando a notícia. Quando a minha gravidez foi con-firmada, a emoção foi imensa e fizemos uma grande festa.

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No meu primeiro ultrassom foi confirmado tudo o que eu senti durante todos osdias, desde a transferência. Lá estavam meus três bebês! Meu marido tambémadorou a ideia, e o fato de ter vindo mais do que um não o deixou apreensivo emnenhum momento. Ele só ficava preocupado com a parte financeira, o que é muitonatural quando todas as despesas passam a ser multiplicadas por três.

Tive uma gravidez abençoada, apesar da minha idade avançada para umaprimeira gestação. Passei bem, quase não enjoei, contrariei as ordens de meumédico e quase não fiz repouso. A felicidade era tanta que não conseguia ficardeitada. O relacionamento que eu tinha com os embriões permaneceu durantetoda a gestação, uma coisa incrível e única, que foge do entendimento humano.

Finalmente, realizei meu sonho e hoje sou mãe de duas meninas e um menino.A maternidade mudou totalmente minha vida e me tornou uma pessoa mais alegre,confiante e cheia de força para viver. Pode vir a luta que for, com qualquer proble-ma, mas enfrentarei de frente, pois nada jamais se comparará à dor que eu senti eque venci para ter esta conquista!

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GRAVIDEZ:

Nem idade, nem vasectomia e ... Trigêmeos

"Aprendi que não existe dor pior do que a que sentimos quando nãoconseguimos realizar este sonho. Para você, que está enfrentando omesmo problema que eu enfrentei, saiba que eu sei quanto está doen-do. Sei também que nada que eu disser agora amenizará a frustração.Mas existe o amanhã. E amanhã pode dar certo! Se deu certo comi-go, pode dar com você também. Não desista!"

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Espaço da Ciência

Avaliação da Reserva Ovariana

A reserva ovariana é a capacidade dos ovários de responder a um estímulo hor-monal, produzindo óvulos capazes de ser fertilizados e de formar embriões quetenham condições de se implantarem no útero. Após os 35 anos, os ovários ten-dem a responder menos aos estímulos hormonais, dificultando a gravidez pelamenor quantidade de óvulos existentes. A reserva ovariana é avaliada fundamen-talmente pela dosagem sanguínea de três hormônios no terceiro dia do ciclo mens -trual: FSH, LH, estradiol, e pela ultrassonografia.

Ultimamente novos marcadores têm surgido, como a INIBINA-B e o hormônioantimulleriano, que podem melhorar ainda mais a avaliação de reserva ovariana.Estes exames são solicitados em situações excepcionais:

• FSH maior do que 10 mIU/ml e estradiol maior que 35 pg/ml: geralmente, su -gerem uma má respondedora aos estímulos hormonais (“Poor Responder”).

• FSH menor do que 10 mIU/ml e estradiol menor do que 35 pg/ml: ge ralmente,sugerem uma boa respondedora aos estímulos hormonais.

• Ultrassonografia: avalia o tamanho do ovário e a presença de folículos iniciais(ou folículos primordiais). Ovário pequeno e sem estes folículos significa umabaixa reserva ovariana.

• Hormônio antimulleriano (AMH) é um hormônio fabricado por células do ová-rio (folículos) e dá uma ideia do número de óvulos existentes nos ovárioscapazes de serem fertilizados no presente e, para o futuro, a possível longe-vidade reprodutiva.

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Gravidez após a vasectomia

A vasectomia é uma intervenção cirúrgica através da qual se interrompe (secorta) o ducto deferente, que é o ducto que traz os espermatozoides do testículopara o exterior no momento da ejaculação. A produção de espermatozoides ficapraticamente inalterada, dependendo de há quanto tempo foi realizada a cirurgia,mas eles não saem com a eja culação porque o trajeto está interrompido. Para quea paciente fique grávida existem duas alternativas:

• reversão da vasectomia;

• fertilização In Vitro, através da obtenção de espermatozoides diretamente dotestículo ou epidídimo.

A opção deve ser baseada nos anseios do casal, disponibilidade financeira,idade da mulher, além do tempo de existência da vasectomia.

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Tentar e falhar é,

pelo menos, aprender.

Não chegar a tentar é sofrer

a inestimável perda do que

poderia ter sido.Geraldo Eustáquio

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“Filhos da Coincidência – Vacinas”

Os tratamentos alternativos para infertilidade têm merecido atenção especialpara casais que não têm um diagnóstico preciso que demonstre o motivo pelo qualnão conseguem engravidar e, principalmente, para aqueles que não engravidammesmo quando submetidos a tratamentos comple xos como a Fertilização In Vitro.Os mais conhecidos são: acupuntura, yoga, shiatsu e homeopatia; mas, entre eleso que tem mais se destacado e causado controvérsias é a aplicação de vacinas,que melhoram o fator imunológico do casal e favorecem a gestação. Este trata-mento é indicado também para abortamentos repetidos que não te nham justificati-va para terem ocorrido. O exame para esta ava liação é o Cross Match, que quan-do for negativo indica que a mulher deverá receber algumas doses de uma vacinafeita com sangue do seu marido. Após algumas aplicações e o resultado tornar-sepositivo, o casal poderá continuar buscando a gestação. A justificativa deste trata-mento baseia-se na hipótese de que todo ser humano é preparado para rejeitarcorpos estra nhos, e o embrião, por trazer consigo a carga genética do pai, fun-cionaria como um corpo estranho no organismo materno. Em condições normais,o organismo, ao receber este futuro bebê, deve ser estimulado a formar um tipoespecial de anticorpo que protegerá esse bebezinho dos ataques contra ele. Se

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Vale Tudo (tratamentos alternativos podemmudar o destino) 12

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esses anticorpos protetores não forem formados, o embrião será rejeitado e nãohaverá a implantação, ou posteriormente haverá o abortamento. O Cross Match,feito através de um exame de sangue, verifica uma reação química (antígeno-anti-corpo) entre o sangue da mulher e o do seu marido e detecta a presença dessesanticorpos, que devem aparecer quando já houver ocorrido pelo menos umagravidez. Quando não forem detectados, a mulher deverá receber algumas dosesde vacina para que sejam esti mulados. Em casos de não ter ocorrido nenhumagestação, como na ocorrência de infertilidade que não é resolvida mesmo comtratamentos mais complexos, a vacina poderá, segundo alguns imunologistas, me -lhorar a resposta imunológica e o casal conseguirá a gravidez.

Os tratamentos com vacinas podem realmente ajudar a gravidez?

Esta é uma questão frequentemente formulada por pacientes e médicos e temsido objeto de muita polêmica. Existem profissionais de medi cina que não acredi-tam nos benefícios deste método por não haver comprovação científica, e por issonão recomendam a sua utilização na prática clínica. Outros concordam com estaindicação em casos especiais, como abortamentos repetidos e seguidos tratamen-tos de Fertilização In Vitro fracassados.

Essas controvérsias sustentam-se num conceito moderno de medicina funda-mentado na afirmativa “A Medicina deve ser baseada em evidências”. Por esteconceito, qualquer tratamento médico deverá ter evidências científicas que demons-trem os resultados benéficos à saúde da paciente. Entretanto, é necessário que seexplique que esta comprovação pode demorar muitos anos, e é pouquíssimo pro-vável que o relógio biológico da mulher ou a estrutura emocional do casal permitamesta demora. Então, enquanto esta comprovação científica não chega, o que temosa fazer? Cruzar os braços e repetir seguidamente os tratamentos consagrados pelaciência que não estão dando resultados? Aqueles que desconfiam dos efeitos bené-ficos das vacinas afirmam que, por ser expe rimental, os bebês nascidos após apaciente receber as doses indicadas são casos isolados, não são a re gra, e por issopodem ser considerados coincidências. “Filhos da coincidência”.

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A nossa experiência e o número de casos bem-sucedidos têm de monstrado queesses resultados positivos não devem ser uma simples coincidência.

Coincidência ou não, o que importa é fazer tudo o que é possível para que obebê venha. A arte médica deve equilibrar a ciência e o bom senso. Um profissio -nal da medicina deve ser ético, estudar, ser atualizado, e algumas vezes deixar-selevar pela intuição. Deve usar todas as técnicas cientificamente comprovadas, todaa sua energia, os recursos, a inspiração e a fé. Deve ser incansável. Deve ter emfoco o bem-estar de suas pacientes e saber orientá-las da melhor forma possível.Deve saber discernir o que é benéfico e o que é prejudicial, e saber incorporar aostratamentos convencionais alternativas que “podem ajudar” sem prejudicar a saúdefísica e mental das pessoas que trata. Deve trabalhar em nome do “bem”. Nãoimporta se for yoga, acupuntura, alimentação, tanto faz, na infertilidade o queimporta é não se desviar do foco principal: a gravidez.

Não são poucos os casos que se beneficiam desta vacina. Neste capítulo sãotrês histórias e existem muitas outras com final feliz. Na minha clínica, em outrasclínicas, com outros médicos, na internet e por aí são inúmeras. Não importa quan-tas. Uma história feliz já deve ser o suficiente para refletirmos sobre este assuntoe para pensarmos se, às vezes, vale a pena apostar nessas coincidências.

As histórias de Sofia e Jamil, Soraya e Antônio José, Najla e Matheus têm comoponto em comum as repetidas frustrações pelas quais passaram. São históriasdiferentes, mas que convergem para um único ponto: o sucesso da gravidez apóso uso de uma vacina indicada depois da rea lização do exame Cross Match nega-tivo. Sofia e Jamil fizeram várias tentativas de fertilização assistida sem sucesso;Soraya e Antônio José tive ram vários abortos sem explicação, e Najla e Matheuscontam a história mais interessante deste capítulo: em seguida a três tentativas fra-cassadas de Fertilização In Vitro, optou-se pelo tratamento com vacinas. Lo goapós receber a última aplicação, engravidou naturalmente de gêmeos.

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Depoimentos

“Ela é a minha Vitória, minha vida!”

Sofia e Jamil

Me casei aos 23 anos, mas desde o início eu e meu marido combinamos quesó pensaríamos em filhos após curtir o casamento, viajando e conhecendo omundo. Por 12 anos demos prioridades para nossas carreiras profissionais, cheiasde viagens maravilhosas. Os amigos e a família achavam esquisito, mas não nosimportávamos com as opiniões alheias.

Quando completei 35 anos, decidi que havia chegado a hora, pois já tínhamosvivido tudo o que queríamos viver, antes de passar para essa nova fase. Interrompitodos os métodos contraceptivos, mas, por seis meses, nada aconteceu. Umaamiga sugeriu que eu procurasse um médico especialista em reprodução humanae logo me indicou um profissio nal, que foi titulado como "maravilhoso" por ela, quetambém era sua paciente.

Agendei uma consulta, e a pedido dele realizei muitos exames a fim de constataralgum problema. Nada foi identificado e tudo parecia estar dentro de sua normali-dade. Iniciei uma medicação para estimular a ovulação e mantinha relações se xuaisem dias estratégicos. Após seis meses de tentativas e de muita disciplina com todoo tratamento, nada aconteceu. Foi então quando o especialista sugeriu que rea -lizássemos uma Insemi nação Artificial, o que me deixou muito feliz. Acreditava quecom um tratamento mais avançado e específico não teria como eu não engravidar.

Dei início às medicações necessárias, realizei a Inseminação Artificial, mas,para o meu desespero, o resultado foi negativo. Fiquei arrasada, pois não contavacom aquela possibilidade. Foi muito difícil superar aquele tombo, mas logo decidireali zar uma nova tentativa, acreditando que, desta vez, tudo ocorreria bem.Novamente o resultado negativo assolou meu coração e frustrou o meu grande

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sonho. Foi então quando comecei a ficar com o meu psicológico muito abalado,pois não existia causa aparente, mas mesmo com um tratamento específico nadahavia acontecido.

Eu não conseguia entender o porquê de não dar certo, e o meu médico tambémnão tinha nenhuma explicação cabível que me fizesse compreender o que estavaacontecendo. O que me deixava ainda mais incomodada é que nenhum pro blemaera detectado em mim. Tudo parecia bem, mas, sem nenhuma causa, eu não con-seguia engravidar.

Foi então, quando já estava cansada e com um desejo ainda maior de realizaro que havia se tornado uma grande obsessão, sugeri ao médico que realizás semosuma Fertilização In Vitro. Eu era muito esclarecida sobre o assunto e sabia queeste seria um tratamento que me proporcionaria maiores chances. A proposta nãofoi bem aceita por ele, que me alertou quanto ao fato de eu não apresentar ne nhumproblema, mas devi do à minha insistência decidiu realizar o procedimento.

Eu estava muito confiante, acreditando que não tinha como dar errado. Fuiorien tada sobre o risco de dar negativo, por se tratar da primeira tentativa, mas eume mantive segura e cheia de esperança. Infelizmente, o resultado foi negativo, medei xando muito arrasada. Como meu médico não havia utilizado todos os em -briões, congelando dois, sugeriu que fizéssemos uma transferência. Sinto grandemá goa quando me lembro dessa outra tentativa e da clínica que até hoje não meligou para dar o resultado. Fiquei impressionada com a falta de respeito daquelesprofissionais, que sem dúvida não se preocupavam com os sentimentos de umamulher que estava sofrendo por não conseguir ser mãe.

Quase enlouqueci com o descaso do meu médico. Chorava dia e noite e acabeiengordando quase 20 kilos, em meio à depressão que invadiu a minha vida comforça e brutalidade. Meu marido sofria muito mais em ver a minha situação do queem não conseguir ser pai.

Com muito amor e dedicação, me instruiu a iniciar uma série de te rapias, paraque eu vencesse a depressão que tanto assolava os meus dias. Minha família nãosabia o que estava acontecendo e ficava sem entender, pois acompanhava o meusofrimento e a tristeza que era nítida em meu semblante. Não contava nada a eles,a fim de evitar mais expectativas além das que já existiam em mim.

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Ao realizar uma consulta de rotina com uma ginecologista indicada por umaamiga, contei-lhe tudo o que estava enfrentando, na luta pela rea lização do dese-jo que consumia a minha alma. Ao ver o meu desespero emocional, me indicou umgrande amigo, especialista em reprodução humana, me dizendo que ele era umótimo profissional.

Apesar do trauma anterior, não me constrangi e logo marquei uma consulta,acreditando que aquela poderia ser uma luz no meu caminho, que estava tão cheiode escuridão e dor. Era tudo diferente, desde o ambiente até os profissionais daclínica, que desde o primeiro instante me trataram com muito carinho. Senti queestava no lugar certo, e após me consultar não tive dúvidas que também seriatratada pelas mãos certas.

Ao ouvir toda a minha trajetória e analisar o meu diagnóstico, o Dr. Arnaldo su -geriu que realizássemos uma nova Fertilização In Vitro, até mesmo porque eu jáestava com 38 anos e não podia mais perder tempo. Me enchi de esperança e commuita garra e dedicação dei início ao tratamento. Após a transferência, não con-seguia me conter de tanta ansie da de. Queria que tivesse um botão em mim paraque pudessem me desligar, e somente após os 12 dias me acordar.

Eu estava em minha escola de música, dentro do canil brincando com o meucachorro, quando recebi a notícia de que não estava grávida. Apenas me abaixei,desabando no chão e ali fiquei por um longo tempo, me desfazendo em lágrimas.Achei que fosse morrer de tanta tristeza e não conseguia nem sair de casa. Mecons trangia até de olhar para as pessoas na rua, pois era como se todos sou bes -sem da minha situação e da minha incapacidade de gerar um filho. Me sentia umlixo, pois sabia que aquilo não estava no meu controle. Não dependia de mim!

Para agravar ainda mais a minha decepção e frustração, as grávidas come ça -ram a aparecer na família, e felizes da vida davam a notícia para todos. Eu ficavapior ainda, com questionamentos do tipo: "Por que elas conseguem e eu não?","Por que Deus está me castigando?" Ligava a televisão e assistia às diversasreportagens sobre mães que abando navam seus filhos por não terem condiçõesfinanceiras para criá-los. Ficava inconformada, pois além de muito amor, eu tinhaboas condições para criar um filho, mas elas conseguiam e eu não.

A culpa por eu ter demorado demais para decidir ter um filho logo apareceu.Passou a ser um saco de pedra que eu carregava todos os dias. Acreditava que

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Deus estava me castigando porque antes eu nunca quis ter filhos. A situação faziacom que eu piorasse cada dia mais. Como engordei muito, decidi fazer uma cirur-gia para redução do estômago, e após ter emagrecido, decidi realizar uma novaFertilização In Vitro.

Meu terapeuta achava que eu não estava emocionalmente preparada para umanova tentativa, mas eu estava muito certa do que queria e ninguém me fazia mudarde ideia. Iniciei o tratamento, sofri tudo de novo e mais uma vez… resultado nega-tivo. Larguei a terapia e quase terminei meu casamento, pois me sentia uma fra-cassada e tinha vergonha até de olhar para o meu marido.

Briguei com Deus e com tudo aquilo que eu tinha fé. Me questionava sobre atéonde valia a minha crença, mas logo tudo passava e eu pedia desculpas a Deus,pois sabia que Ele estava do meu lado.

Foi então quando o Dr. Arnaldo me pediu para realizar um exame, que constata-va se eu tinha alguma rejeição ao sangue do meu marido. Segui sua orientação edescobrimos que meu corpo realmente rejeitava o sangue do meu marido.Comecei um novo tratamento, mas desta vez havia sido identificado um problemadiferente das outras vezes, que era como tiros no escuro. Foram seis meses detratamento, quando tomei diversas injeções muito doloridas, mas que não me aba-tiam, pois eu tinha certeza que iria conseguir.

Após ter tratado essa deficiência, dei início a uma nova Fertilização In Vitro. Nodia da transferência, o Dr. Arnaldo me avisou que eu tinha seis embriões, porémapenas um deles estava em perfeitas condições. Decidimos colocar quatro, mas eufiquei mais segura e com o pé no chão. Acreditava que novamente viria um resul-tado negativo.

Chegado o dia do exame, não me aguentava de tanta ansiedade na espera peloresultado. Foi então quando recebi a ligação do Dr. Arnaldo, que disse: "Parabénsfutura mamãe!" Uma enorme alegria invadiu meu coração, me fazendo cair emlágrimas. Meu marido, que estava fora de São Paulo, recebeu a notícia por tele-fone com muitos gritos de emoção.

Dia mais feliz que este, somente quando ela, menina, nasceu. Linda, perfeita esaudável. Hoje, com ela aqui, não me arrependo de nada que fiz para consegui-la.Foi tudo muito difícil, angustiante e dolorido, mas ela está aqui e é a minha grandevitória, minha vida.

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“Jesus estava me testando”

Soraya e Antônio José

Na minha adolescência não pensava e nem sonhava com filhos e casamento,apenas me dedicava aos estudos. O desejo só apareceu quando conheci o meumarido, com quem me casei após sete anos de namoro. Somente depois de doisanos é que começamos a pensar em fi lhos. Pelo meu marido teríamos um time defutebol, mas, na prática, planejávamos apenas um casal. Parei de tomar anticon-cepcional e, em apenas dois meses, descobri que estava grávida. Aos 25 anos, fuicontemplada com a chegada de um lindo menino.

Curtimos muito o nosso filho, e quando ele completou sete anos decidimos queera hora de darmos um irmão a ele. Novamente interrompi o uso do anticoncep-cional e rapidamente engravidei. Eu, meu marido e meu filho comemoramos muito,e desde já ficamos na expectativa pela chegada do mais novo integrante da família.

Realizei todos os exames, dei início ao pré-natal e tudo parecia bem, até eu sersurpreendida com um sangramento na sexta semana de gestação. Apavorada,logo liguei para a minha médica, que me passou uma me dicação. Segui as orien-tações, mas o meu quadro só piorava. Foi então quando me dirigi à clínica da mes -ma, descobrimos que o sangramento nada mais era do que um aborto. Imedia ta -mente fui para o hospital e rea lizei a curetagem.

A médica me tranquilizou dizendo que em apenas seis meses eu poderia voltara engravidar, mas fiquei muito chocada, pois a situação havia sido muito traumáti-

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"Acredite! Pois se você mesma não acreditar, ninguém poderá teajudar. Tudo te leva a desistir… o cansaço, as dores, o estresse, aparte financeira… mas não desista! Não deixe de lutar por essesonho, pois quando você conseguir vai ver que nenhuma loucura élouca demais, quando se trata de uma mu lher que deseja ser mãe!"

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ca. Eu e meu marido ficamos extremamente chatea dos com a situação. Durantedois meses, tive insônia e sempre pedia a Deus para tirar a angústia que havia feitomorada em meu coração.

Após dois anos, me consultei com um outro médico e novamente rea lizei diver-sos exames. Comentei o que havia acontecido comigo, mas nenhum comentáriofoi feito. Nessa mesma época, por um grande descuido, acabei engravidando.Mesmo não tendo planejado, ficamos muito feli zes com a notícia e logo nos empol-gamos com a novidade.

Porém, em uma das minhas consultas médicas, novamente senti um sangra-mento e logo descobri que estava abortando. Assim como da outra vez, eu estavana sexta semana de gravidez, mas nessa ocasião nem preci sei me dirigir ao hos-pital, pois a curetagem foi realizada na própria clínica.

Novamente veio a tristeza, a decepção e a mágoa. Toda aquela si tua ção mecausava grande constrangimento, inclusive diante dos fami liares para quem eutinha que dar explicações sobre o que havia acontecido. Nenhum problema – oucausa – era detectado pelos médicos, e isso me dei xava ainda mais apreensiva.

Após um ano, parei de tomar remédio por orientação médica e engra videi. Volteiao pré-natal, mas mesmo com tanto cuidado, o que eu mais te mia aconteceu.Durante um exame, o médico percebeu que o coração do be bê não estava baten-do. Fui para o hospital e lá foi diagnosticado um aborto retido. O sangramento eraintenso, me deixando muito assustada e com medo de acabar tendo uma hemor-ragia. O constrangimento, a de cep ção e a tristeza voltaram à tona. Pela terceiravez realizei uma curetagem.

Eu fiquei muito abalada e os questionamentos começavam a surgir. Du rante umencontro do grupo de oração da minha igreja, um rapaz se dirigiu até mim e disse:"Não sei o que é, mas Jesus está tocando na sua sexualidade. Não vai levar pormal, não sei o que é, mas Jesus está me xendo." Para finalizar, ele completoudizendo que Jesus estava me testando. Me senti consolada e, desde então,entreguei a situação nas mãos de Deus.

Quando retornei ao meu médico, fui orientada a procurar um espe cia lis ta emMedicina Fetal. Assim fizemos e, após alguns exames, o médico detectou uma

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incompatibilidade do meu sangue com o do meu marido. Explicou-me que o trata-mento, chamado Cross Match, consistia na aplicação de uma vacina feita com osangue do meu marido, mas além de ser cara, não tinha um resultado garantido.

Entre uma explicação e outra, fui questionada sobre a paternidade do meu filho,seguida da afirmação de que era impossível eu ter um filho do marido, por contadesse problema. Fiquei arrasada e extremamente ofendida com a falta de respeitoque aquele profissional teve conosco. Des con solados com a circunstância, eu emeu marido decidimos não realizar o tratamento com aquele especialista.

Ficamos chateados por vários meses até que uma amiga conversou comigo eme indicou o Dr. Arnaldo. Ficamos empolgados e logo entramos em contato com aclínica. Sentíamos um grande constrangimento ao viver toda aquela situação,tendo que ir a um especialista para conseguir um filho. Era como se fôssemos osúnicos no mundo todo a enfrentar aquele tipo de problema. Quando chegamos naclínica IPGO, observamos os diversos casais que movimentavam o lugar e logopercebemos que o que estávamos vivendo era natural.

Já na primeira consulta, tivemos uma grande simpatia por aquele pro fis sional,que nos tratou com respeito, demonstrando muito comprometimento com o seu tra-balho. Após realizar alguns exames, retornamos à clínica e fomos orientados peloDr. Arnaldo a realizar o tratamento com a aplicação das vacinas. Tomei três doses,sendo uma por mês. Foi então quando realizei o exame de sangue e por ele foidiagnosticado que o meu quadro já havia sido normalizado.

Ficamos muito felizes e confiantes e logo demos início à uma nova tentativa.Aquela seria a última, pois eu já estava cansada do desgaste psicológico e emo-cional que me afligia quando perdia o bebê.

Para nossa alegria, após dois meses, eu engravidei. Fiquei muito animada e mesenti realizada, mas ainda tinha medo de que a minha gestação fosse interrompi-da. Só conseguimos comemorar com tranquilidade após as temíveis seis primeirassemanas.

Hoje, eu estou grávida, com uma barriga enorme e muito feliz. Eu e meu mari-do seremos eternamente gratos a Deus por ter colocado o Dr. Arnaldo e toda a suaequipe em nossas vidas.

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"As batalhas existem para ser vencidas"

Najla e Matheus

Desde novinha, sempre pensei em ter filhos, mas sempre quis tê-los como frutode um casamento sólido e maduro. Somente após oito anos de união, sendo doisde casados, eu e meu marido decidimos ter um filho. Antes disso, preferimos priori -zar outras coisas, a fim de alcançar uma condição favorável, segura e estável.Quando eu já estava com quase 35 anos, decidimos que era o melhor momentopara uma gravidez. Após seis meses de tentativas, nenhum resultado foi obtido elogo passei a me queixar de dores na região dos meus ovários. Foi então quandoprocurei um médico que através de alguns exames me revelou as suspeitas de queeu estivesse com endometriose. Eu nunca tinha ouvido falar na doen ça, e apesarde ter sido alertada sobre possíveis dificuldades para engravidar, enfrentei a si -tuação com naturalidade. Fiquei muito tranquila, talvez pelo fato de ainda não ternoção da gravidade da minha situação.

Fui encaminhada para outro profissional, especialista em endometrio se, queconfirmou a doença. Realizei, quase que imediatamente, a videola pa roscopia e foientão quando o meu tormento começou. Fiquei muito debilitada após a cirurgia, eainda durante o período de recuperação, eu e meu marido retornamos à clínica,que, nos deu um resultado desanimador: uma endometriose com grau severo efocos de aderências. Uma gravidez natural tornava-se praticamente impossível senão fosse realizado um novo procedimento a fim de amenizar a gravidade do meudiagnóstico.

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Vale tudo (tratamentos alternativos podem mudar o destino)

"Aos que enfrentam os mesmos problemas que eu já enfrentei, peçoque não desanimem e que sejam sempre fortes! Lutem e realizem ossonhos que preenchem suas vidas. Tenham fé que tudo dará certo!"

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Ficamos muito chateados, porque nunca esperávamos ter que passar por tudoisso para conseguir ter um filho. Sempre achávamos que na hora que fosse deci-dido, tudo iria acontecer naturalmente. Resolvemos então pesquisar um poucosobre o assunto, e como não tínhamos com quem compartilhar tantas dúvidas eincertezas, recorremos à internet. Lemos tudo o que encontramos a respeito daendometriose e sobre fertilização, até decidirmos ouvir a opinião de um especia -lista no assunto. O tempo passava muito depressa e parecia correr contra nós.Quanto mais avançada fosse a minha idade, menores seriam as chances dagravidez pelo método natural. O desejo pela gestação aumentava, associado aofato de que era sabido que a gravidez contribuía em muito para que o processo daendometriose fosse sanado, em virtude da ausência da mens truação. Decidimosque antes de realizar a segunda cirurgia de endometriose, eu faria a Fertilização InVitro. A primeira impressão que tivemos era que na primeira tentativa o resultadoseria positivo, mas a frustração veio logo em seguida. Fomos incentivados a tentarmais uma vez, mesmo sabendo que o processo era muito caro e que poderia nãodar certo. Pensamos muito e o desejo não nos permitia dizer não. Parti mos paraum nova tentativa, mas desta vez, mais preparados e cons cien tes de que agravidez não era certa.

A cada tentativa, um sentimento de expectativa e esperança tomava conta denós, deixando uma frustração imensa quando eu era surpreendida com a mens -truação. Foi então quando eu e meu marido decidimos em comum acordo com omédico que uma nova videolaparoscopia seria rea lizada. O sucesso foi unânime elogo uma nova esperança surgiu em nossos corações. Todo esse processo duroucerca de um ano e meio, e em pouco tempo eu completaria 37 anos. A dificuldadeaumentava, mas nun c a perdi a esperança, até mesmo porque o sonho era tantomeu quanto do meu marido, que sofria e chorava comigo. Fomos cúmplices desdeo início dessa batalha, compartilhando as frustrações, as dores, as angústias, etambém a fé e a certeza de que um dia conseguiríamos. Apoiá va mos um no outro,já que nossas famílias não sabiam do nosso histórico e sempre nos mantivemosfirmes, procurando outras formas e procedimentos que pudessem nos ajudar.

Após minha recuperação da tentativa anterior, partimos para a terceira Fertili za -ção In Vitro. Os óvulos já estavam ficando escassos, devido às raspagens que eramrealizadas na cirurgia para a retirada do endome trio ma. Novamente a expectativatomava conta de todas as partes envolvidas, mas com uma intensidade maior ainda

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vieram a frustração e a descren ça pelo insucesso, que para nós, em virtude do altoinvestimento financeiro e principalmente emocional, chegava ao limite extremo.Nesse momento, tivemos vontade de jogar tudo para o alto. De noite, meu marido sejogava na cama e dizia: "Como eu quero ser pai!" Eu ficava muito triste, por mim epor ele, pois sabia que a realização daquele sonho, que pertencia aos dois, depen-dia apenas de mim. Cheguei a autorizar que procurasse uma outra mu lher que fossecapaz de lhe dar um filho. Ele, como sempre, jamais desistiu e sempre se manteveao meu lado, me dando apoio e me mostrando que não estava so zinha. Cansados,começamos a investigar o processo para a adoção de uma criança, pois tínhamoscombinado que aquela seria a nossa última tentativa. Não queríamos prolongar onosso sofrimento, pois ter um filho naturalmente havia se tornado praticamenteimpossível diante daquelas circunstâncias. Por muitas vezes, ouvimos o médicodizendo que nossos embriões eram lindos, mas para nós de nada adiantava, já queos mesmos não se fi xavam em meu útero. Era uma si tuação muito frustrante.

Entre tantas angústias, já com o coração apertado, enquanto navegava na inter-net, encontrei o site da Clínica IPGO, que trazia informações a res pei to de infertili-dade e imunologia. Apesar de o meu médico não acre ditar nesta possibilidade, eue meu marido queríamos realizar todos os testes possíveis e disponíveis na me -dicina, que pudessem nos ajudar a identificar de alguma forma o motivo de osembriões não se fixarem no meu útero.

Ao tomar conhecimento do assunto, logo nos recordamos de um exa me chama-do Cross Match que realizamos no início da nossa jornada. O resul tado do mesmoapontou uma incompatibilidade do meu sangue com o do meu marido, mas foi dei -xado de lado pelo meu médico durante todos os procedimentos. Nós podíamospartir para a adoção direto, ou antes consultar um outro especialista para quetivéssemos uma outra opinião a respeito. Optamos pela segunda opção e ime -diatamente entramos em contato com a clínica para marcar um horário. Em nossaprimeira consulta, explicamos ao Dr. Arnaldo tudo o que já havíamos passado e asnossas dúvidas sobre o sistema imunológico. Ele nos explicou tudo sobre o trata-mento e logo demos início ao mesmo. Foram ao todo quatro vacinas, que eramproduzidas com o sangue do meu marido, juntamente com meus linfócitos.

Nesse mesmo tempo, o médico com quem eu estava realizando os tratamentosme ofereceu uma indução por sua conta, já que eu tinha reali zado três tentativas

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de Fertilização In Vitro que não me trouxeram resultado algum. Para nós foi muitobom, pois já estávamos fazendo o tratamento com o Dr. Arnaldo, mas não teríamoscondições financeiras de realizar uma nova FIV. Como não tínhamos nada aperder, realizei a Indução após ter terminado o tratamento das vacinas com o Dr. Arnaldo. Não comentamos nada com o meu médico, porque ele não acredita-va na imunologia.

Depois de uma viagem com o meu marido a fim de nos distrairmos um pouco,retornamos a São Paulo e logo comecei a sentir alguns sintomas que não eramhabituais. Foi então quando me ligaram da clínica, dando a tão esperada notícia: Euestava grávida! Eu e meu marido chegamos a não acreditar no que eu tinha ouvido.Ficamos atônitos por dias, emocionados e anestesiados pela grande alegria queencheu nossos corações. Demos a notícia à equipe do Dr. Arnaldo, que logo nosreservou um horário para a realização do primeiro ultrassom. Durante o procedi-mento, fomos surpreendidos com uma grande surpresa: eram gêmeos. Mais umavez, ficamos atônitos e sem reação. Era muita alegria para nossos corações!

Ver e sentir minha barriga crescer foi uma das maiores realizações da minhavida. Era o mesmo que ver o meu sonho ali, crescendo... até se concretizar com onascimento. A emoção é indescritível e incomparável. Palavras jamais descreve -riam a nossa felicidade ao ver nossas duas menininhas chegando ao mundo.

Todo esse processo durou cerca de três anos. Foram períodos de ansiedade,angústia e preocupação, mas quando tudo parecia perdido, uma luz se acendeu eum excelente profissional apareceu em nossas vidas, nos guiando até o caminhoque nos levaria à realização do nosso maior sonho.

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"Para você que enfrenta o mesmo que enfrentei no passado, peçopara que nunca desista. Tente todas as possibilidades, procure aopinião de mais de um médico e não se abale com os obstáculos.Entregue-se ao seu sonho e lute com todas as suas forças. As bata -lhas existem para ser vencidas! Você conse gui rá!"

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Espaço da Ciência

Imunologia da Reprodução e Trombofilias(uma explicação para os casos de infertilidade e de abortamentos de repetição)

A imunologia da reprodução é um novo capítulo da Reprodução Humana queavalia o comportamento imunológico da mãe nos casos de fracassos nos tratamen-tos de Fertilização Assistida, de infertilidade sem causa aparente e abortamentosde repetição.

Normalmente, o ser humano foi programado para rejeitar “corpos estranhos”dentro do seu organismo. A gravidez é o único “corpo estra nho” que não deve serrejeitado, e isto ocorre graças à existência de um sistema natural que as mulherestêm e que automaticamente bloqueia a rejeição imune ao feto, permitindo assim ocrescimento e o desenvolvimento do bebê.

Quando existe uma falha deste mecanismo de proteção não ocorre a implan-tação do embrião, ou se ocorre, ele pode ser eliminado precocemente ou tardia-mente. Mesmo quando em um tratamento de Fertilização Assistida são produzidosembriões de ótima qualidade, eles podem ser rechaçados e eliminados.

As trombofilias podem também fazer parte deste grupo de pacientes.Trombofilias são alterações da coagulação do sangue que aumentam o risco detrombose, prejudicando a circulação sanguínea na placenta. Podem ser adquiridasou hereditárias.

Além do Cross Match, cujo tratamento é com vacinas feitas com sangue domarido, os principais exames que detectam os distúrbios imunológicos e as trom-bofilias são:

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• Anticardiolipina IGG; Anticardiolipina IGM; Anticardiolipina IGA;Anticoagulante Lúpico; Fosfatidilserina IGA; Fosfatidilserina IGG;Fosfatidilserina IGM; Fator V Leiden Mutação; Fator II Protombina MutaçãoG2021OA; MTHFR – Metileno Tetrahidrofolato Redutase – Mutação C677T;Homocisteina; Proteína C; Proteína S; Anti-Trombina III.

Existem alguns estudos que reconhecem que em casos selecionados aimunoterapia dá bons resultados. Alguns exemplos:

• Parentes que não tiveram sucesso após tratamentos de Fertilização In Vitro,11/12 estudos revelaram a existência de Anticorpos Antifosfolípides.

• Três estudos demonstraram um aumento da taxa de gravidez quando foramtratados com imunoglobulina aplicada na veia.

• Um novo estudo demonstra que até 50% com falhas nos tratamentos deFertilização In Vitro foram bem-sucedidos com tratamentos de corticóide, etinham exames de anticorpo antinuclear positivo.

• Mulheres que receberam imunoterapia antes do tratamento de Fertilização InVitro tiveram uma taxa dobrada de gestação múltipla.

Todos estes dados foram publicados pela Reproductive Imunology Associates(www.riala.com) e mostram evidências de que problemas imunológicos podem afe-tar a implantação dos embriões ou causar abortos.

Tratamento: após avaliar o histórico e os exames da paciente, os tratamentosimunológicos concomitantes ao tratamento de Fertilização podem ser:

• Corticóide

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• Heparina

• Aspirina

• Imunoglobina

• Imunização

Sites para consulta:

www.imunorepro.med.br

www.barini.med.br

www.riala.com

www.repromed.net

www.asrm.com

www.haolababy.com

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Os que amam sem

amor não terão

o reino dos céus.Carlos Drummond de Andrade

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A Medicina Reprodutiva tem feito avanços tecnológicos incríveis, ajudandomuitos casais que até há pouco tempo não conseguiriam concretizar o sonho deter filhos. Há 27, anos nasceu na Inglaterra Louise Brown, a primeira criança prove-niente de uma Fertilização In Vitro – Bebê de Proveta – sob os cuidados dos estu-diosos Patrick Stroptoe e Robert Edwards. Desde então, as técnicas de fertilizaçãoassistida têm avançado com rapidez, beneficiando cada vez mais homens e mu -lheres com dificuldade para engravidar. Entretanto, até hoje existem alguns pre-conceitos em relação a estes tratamentos, que frequentemente passam por discus -sões de cunho filosófico, ético e religioso, que muitas vezes procuram travar a evo -lu ção científica natural da medicina.

O primeiro caso de gravidez com óvulo congelado ocorreu em 1986. Durantetodos esses anos passados e até há pouco tempo os resultados eram muito pre -cá rios, com uma taxa de gravidez baixa, ao redor de 1%. A justificativa para estesre sultados desanimadores estava na técnica de congelamento inadequada para osóvulos. O óvulo é uma célula mais sensível que as demais, e carrega dentro de siuma quantidade maior de água quando comparada às outras.

Quando se usava a técnica de congelamento habitual, a mesma que era utiliza-da para o congelamento de embriões, formava-se no interior do óvulo uma grandequan tidade de cristais de gelo, os quais danificavam a estrutura da célula e cau sa -vam alterações cromossômicas que impediam ou dificultavam a fertilização damaioria dos óvulos, a divisão celular e a implantação dos embriões.

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Essa rotina de insucessos foi quebrada há pouco tempo, após as pesquisas daginecologista italiana Eleonora Porcu, da Policlínica da Santa Ursula de Bolonha,na Itália.

Há três anos, quando o congelamento de embriões foi proibido na Itália, aMedicina Reprodutiva foi obrigada a procurar soluções para aproveitar os óvulosexcedentes provenientes dos ciclos de fertilização in vitro. A saída foi aprimorar atécnica de congelamento de óvulos. Após várias pesquisas, a Dra. Porcu e seusassistentes aperfeiçoaram a técnica, me lhorando os resultados até então obtidos.

Outras técnicas surgiram, como a vitrificação, defendida pelo professor GarySmith, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, que da mesma formaque a anterior, vem demonstrando índices de gravidez sa tisfatórios.

Embora ainda exista um longo caminho para se alcançar a taxa ideal de suces-so, os resultados positivos, atualmente apresentados, já são suficientes para con-tinuarmos indicando este tratamento em casos especiais.

Arthur e Beatriz formam um casal incrível, literalmente feitos um para o outro.Ele, um médico pediatra preocupado com as implicações do tratamento, e culpan-do-se repetidamente por ser ele o motivo do tratamento de Fertilização, pois tinhapoucos espermatozoides. Ela, uma carioca sem sotaque, simpática e sorridente,de bem com a vida. Quando vie ram à primeira consulta já tinham passado por umatentativa frustrada de, Fertilização In Vitro.

Arthur, com frequência, penitenciava-se por sentir-se o responsá vel pelo “sofri-mento que causava” à esposa. Beatriz, que já havia tomado medica ções na pri-meira tentativa, em nenhum momento se queixava do processo a que estava sesubmetendo, e deixava claro que as injeções não a incomodavam. Tamanha eraa insistência de Arthur em se passar por vítima da situação que, em determinadomomento, fui obrigado a intervir e falar umas palavras que repito com frequênciae que traduzem a rea lidade do coti diano, causando efeitos positivos no relaciona-mento do casal:

– Em infertilidade não existe o problema de um ou de outro. Indepen den te -

mente da causa que impede a gravidez, o problema é do casal. No casamento,

em todas as situações, os verbos devem ser conjugados na primeira pessoa do

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plural: nós precisamos, nós que remos, nós temos; e não no singular: eu preciso,

eu quero, eu tenho. A união do casamento torna o homem e a mulher uma peça

única. Os momentos prazerosos e os momenos difíceis devem ser vividos pelos

dois. Hoje é um que tem problema, amanhã poderá ser o outro. A união deverá

ser permanente e o apoio deverá ser sempre mútuo. A cumplicidade é funda-

mental.

Depois desse pequeno discurso, com o qual Beatriz concordou plenamente, eladisse que já estava cansada dessas lamúrias de Arthur e não do tratamento. Depoisdisso, seu marido nunca mais demonstrou esse sentimento.

O que chamou a atenção nesse processo foi que na primeira tentativa deFertilização realizada (a segunda do casal), os ovários de Beatriz tive ram umaresposta exarcebada ao estímulo ovariano e produziram muitos óvulos. Com osespermatozoides de Arthur, que eram de má qualidade, foi fertilizada somenteparte dos óvulos. A outra parte foi congelada, pois poderia ser útil numa próximatentativa. Caso Beatriz engravidasse nesse tratamento, esses óvulos poderiam serdescartados, pois são células e não são considerados seres vivos como osembriões, que devem ser preservados (congelados). Os embriões formados foramde má qualidade e Beatriz não engravidou.

Para a próxima tentativa (a terceira deles), na qual seriam utilizados os óvuloscongelados, optou-se por um tratamento alternativo que poderia melhorar a quali-dade dos espermatozoides. Tal tratamento é controverso e por isso não foi usadoantes, mas desta vez valeria a pena e favoreceria o resultado. E foi o que aconte-ceu. Os óvulos foram descongelados, fertilizados e produziram a primeira gestaçãode gêmeos do Brasil proveniente de óvulos congelados.

Esta história demonstrou a importância da técnica de congelamento de óvulos,uma vez que, se todos os óvulos fossem fertilizados ao mesmo tem po na tentativaanterior, os embriões seriam igualmente de má qualidade e não produziriamgravidez. Com o tratamento alternativo que Arthur recebeu houve melhora da quali-dade do sêmen, que produziu embriões melhores. Atualmente, outros casais jáengravidaram com óvulos congelados. As indicações para o congelamento de óvu-los estão no final deste capítulo.

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Depoimento

“Deus escreve certo por linhas tortas”

Beatriz e Arthur

Em alguns momentos, somos forçados a buscar explicações para tentar ame-nizar nossos sofrimentos, e chegamos até a duvidar de que “Deus escreve certopor linhas tortas”.

Eu e meu marido nos unimos bem cedo, eu com 19 e ele com 20 anos. Comum maravilhoso relacionamento, nos apoiávamos, enquanto cons truíamos o nossofuturo, que sempre enchia os nossos corações de muitos so nhos e objetivos. Entreeles, existia o desejo de sermos pais, pois tanto eu quanto ele sempre fomosapaixonados por crianças. O amor era tão gran de que meu marido decidiu fazerMedicina e se especializar em Pediatria.

Aos 28 anos, quando terminou a faculdade, nossa vida a dois estava mais esta-bilizada, já estávamos mais maduros para viver o que tanto sonhá vamos.Decidimos que havia chegado o melhor momento e que te ría mos um filho. Eu pro-curei o meu ginecologista e realizei todos os exames necessários para que eutivesse a certeza de que tudo estava bem e que eu poderia ser mãe. Para nossafelicidade, tudo estava dentro da normalidade, e muito felizes, acreditávamos queo próximo passo seria o pré-natal.

Estávamos dando início a um longo período de lutas para a realização de umsonho, mas ainda não sabíamos disso. Todo mês era uma nova frus tração quan-do eu menstruava e eu sentia muita angústia e decepção. O tempo foi passando enada acontecia, até que após um ano e meio de es pera, meu marido decidiurealizar um espermograma a fim de verificar se tudo estava bem com ele também,pois comigo já sabíamos que estava.

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Foi então, quando para nossa surpresa, meu marido descobriu que produziabaixa quantidade de espermatozoides. Ficamos espantados com o re sultado doexame, e meu marido, não se conformando com a notícia, dis se que como haviafeito plantão no dia anterior ao exame, o estresse po deria ter-lhe causado essaalteração. Naquele momento, procurávamos acre ditar em qualquer coisa que nosdesviasse de uma traumática des co berta.

Ele refez o exame e ficamos na expectativa de vir um resultado dife rente doanterior, mas para o nosso desespero, o problema foi confirmado e, naquelemomento, meu marido sentiu muito medo de nunca ser pai. Logo os questionamen-tos começaram e os “porquês” não saíam dos pensamentos do meu marido. Eledizia que “era muita ironia ser pediatra, cuidar de crianças e não ter a chance deter a sua.”

Muito chateado, decidiu procurar um tio que tem uma clínica especia lizada emreprodução humana. Lá fomos informados de que a nossa única saída seria aFertilização In Vitro. Não tínhamos muito conhecimento sobre o assunto e ficamosum pouco assustados, principalmente quando nos informaram o valor do tratamen-to. Porém, aquela era a nossa única chan ce, e por isso decidimos enfrentar e darinício à nossa primeira tentativa.

Apesar de estarmos entre pessoas conhecidas, não confiávamos na clínica ena equipe que estava acompanhando o nosso tratamento. Desde o início, sentimosque não estávamos sendo amparados da forma como necessitávamos, e alémdisso, houve muitas falhas durante o proce dimento, que nos deixaram ainda maisinseguros. O que nos deixou mais impressionados e certos de que estávamos naclínica errada foi quando vimos o médico realizar a transferência dos embriões semutilizar luvas. Ficamos decepcionados com tamanha falta de cuidado com umacoisa tão sensível.

Esses detalhes nos deixaram chateados, mas com o coração cheio de espe -rança, preferimos manter os pensamentos positivos, acreditando que tudo dariacerto. Mas o desespero logo apareceu, me surpreendendo com a chegada damenstruação bem no dia do aniversário de meu marido. Ficamos arrasados, prin-cipalmente por termos recebido o fracasso em uma data que deveria ser especialpara mim e principalmente para ele, que ficou inconsolável e começou a duvidar daexistência de Deus. Pensava apenas em perguntas que não tinham respostas e

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dizia que estava cansado de sempre ouvir: “Calma, a sua hora vai chegar. Deusescreve certo por linhas tortas!” Apesar de muito chateado, em pouco tempo jáqueria partir para uma nova tentativa, desta vez em outra clínica, sem vínculonenhum com a família.

Descobrimos o Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi, e já na primeira consulta senti-mos muita confiança na equipe, que nos recebeu com muito ca rinho. Toda a partehumana que nos faltou na tentativa anterior foi oferecida a nós com muito respeitoe dedicação. Muito felizes com uma nova possibilidade, decidimos dar início ànossa segunda tentativa, desta vez sem que a família soubesse de nada. A partirdaquele momento, tínhamos apenas um ao outro para desabafar, se apoiar eencontrar forças para suportar e vencer aquele obstáculo.

Dei início às medicações que eram necessárias durante todo o tratamento,incluindo as injeções. Estávamos esperançosos, porém com os pés no chão.Tentamos ao máximo ter controle da situação para evitar que sentíssemos tudo oque havíamos sentido na tentativa anterior.

Após a transferência, veio a grande espera pela confirmação. Decidi realizar oexame um dia antes, pois a data agendada cairia em um sábado e eu não queriaesperar pelo final de semana para saber se estava grávida ou não. Para o meudesespero, o resultado foi negativo. Eu fiquei sem chão e não conseguia pensare nem fazer outra coisa senão chorar e colocar todo o meu desespero para fora.Durante o procedimento, eu tive algumas complicações decorrentes do hiperestí-mulo na ovulação. Por este motivo, sabia que a tentativa tinha mais chances denão dar cer to, mas em todo o tempo me mantive confiante, sempre pensandopositivo.

Meu marido novamente ficou muito chateado, mas o nosso sonho era mais fortedo que qualquer dor e sofrimento que pudéssemos sentir. Nada nos fazia desistirda maternidade. Em pouco tempo, demos início à nossa terceira tentativa.

Esse foi um momento muito difícil, com uma mistura de sentimentos muito gran-de, como dor, angústia e, principalmente, culpa. Meu marido sentia-se extrema-mente culpado e não achava justo eu ter de passar por tudo aquilo por sua causa.Para ele era muito difícil entender por que eu tinha de me submeter às injeções e

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inúmeros comprimidos se o problema estava nele. Apesar da dificuldade, essemomento foi marcante em nossa trajetória, pois existiu muita compreensão entrenós dois, como casal. Ficamos muito mais unidos. Eu sempre dizia que o proble-ma era nosso, não dele. Graças a Deus, conseguimos vencer essa fase, e até hojemeu marido diz que a minha atitude foi o maior ato de amor que um marido podereceber.

Nessa tentativa, na qual seriam utilizados os óvulos congelados excedentes dotratamento anterior, foram introduzidos alguns medicamentos alternativos quepoderiam melhorar a qualidade do seu esperma, o que realmente ocorreu. Essamudança ajudou bastante, deixando-o mais ativo no tratamento e ajudando-o adiminuir o sentimento de culpa que insistia em permanecer em seu coração. No diada transferência, nos enchemos de esperança por saber que os embriões estavamótimos. Foram dias de grande apreensão na espera pelo dia do exame, mas está-vamos con fiantes mais do que nunca. A ansiedade foi tão grande que não me con-tive e sem ele saber, realizei o exame um dia antes do combinado.

Logo depois me dirigi à clínica, e quando me perguntaram sobre o exame queseria feito no dia seguinte, disse que já tinha feito pela manhã. Em seguida, mepediram o protocolo do mesmo, e depois de algum tempo de espera, fui supreen-dida com a presença do Dr. Arnaldo, dizendo: “Parabéns! Você está gravidíssima!”Senti tanta emoção com aquela notícia, que saí abraçando todos que estavam naclínica, até mesmo os que nunca tinha visto antes.

De noite, quando estava próximo do horário que ele chegaria em casa, fiqueideitada na cama, com o quarto escuro, me esforçando para deixar o meu sem-blante triste e carregado. Assim que ele chegou, ao me ver naquele estado, logoimaginou que a tentativa não tinha dado certo. Sem dizer nada, dei um embrulho aele, que continha uma roupa de bebê, juntamente com o resultado positivo. Nosabraçamos fortemente e, sem dúvida, aquele foi um momento inesquecível. Eudisse a ele: “Conse gui mos! Você vai ser papai!”

Curtimos cada dia da minha gravidez. Depois de tudo o que passamos com achegada desse presente, meu marido pôde entender que “Deus escreve certo porlinhas tortas”. Fomos contemplados com gêmeos, uma possibilidade que jamaisimaginamos que pudesse acontecer.

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Espaço da Ciência

O congelamento de óvulos e suas indicações

O congelamento de óvulos é uma alternativa para a preservação da fertilidadefeminina e deve ser indicado em casos específicos. Embora seja considerado poralguns uma opção em fase experimental, os resultados positivos vêm demonstran-do que, em breve, este conceito será modificado.

Atualmente, o congelamento de óvulos tem maior chance de sucesso quandorealizado com óvulos maduros; portanto, é necessário que a paciente passe porum processo idêntico ao da Fertilização In Vitro. Os ovários serão estimulados comdrogas indutoras da ovulação, o crescimento dos folículos ovulatórios será acom-panhado pelo ultrassom e, posteriormente, os óvulos serão coletados sob sedaçãoprofunda. Em seguida, são encaminhados para o laboratório de reprodução huma -na, desidra ta dos e congelados pela vitrificação.

As indicações para o congelamento de óvulos são:

1) Mulheres que serão submetidas a tratamentos oncológicos.Pacientes que desejam a maternidade e passarão por tratamentos agressivos

para esta patologia, com quimioterapia e/ou radioterapia, poderão, antes do trata-

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“É crucial que o relacionamento do casal seja forte e maduro paraenfrentar os diversos fracassos que estamos sujeitos a enfrentardurante todo o tratamento. O amor que um sente pelo outro, junta-mente com o de Deus, fará com que alcance a realização do seu maiorsonho, por mais difícil que isso possa parecer.”

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mento, ter os seus óvulos congelados. É fundamental nestes casos que se obser-ve a inexistência do agravamento da doença pelos hormônios indutores da ovula-ção. Muitas vezes, opta-se pela retirada de pelo menos um dos ovários, que seráfragmentado e congelado. Quando a paciente estiver curada da doença, essesfragmentos poderão ser reimplantados em lugares diferentes, como sob a pele nobraço, no abdômen, ou junto ao ovário remanescente. Já existem ca sos publica-dos de gravidez utilizando-se esta técnica. Quando comparamos a eficácia docongelamento de óvulos com a de ovário, devemos ponderar as vantagens e des-vantagens de cada técnica. Se a primeira exige aplicação de hormônios em altasdoses, a segunda necessita de internação, anestesia geral e uma intervençãominimamente invasiva (video la pa roscopia). Os riscos e benefícios de cada umadevem ser ava liados.

2) Mulheres solteiras com pouco menos de 35 anos, preocupadas com adiminuição progressiva de sua fertilidade.Esta é uma realidade cada vez mais comum. A cada dia, as mulheres casam e

têm filhos mais tarde. Já não é novidade que cada vez mais as mulheres buscam oseu espaço profissional, priorizam e investem na sua carreira, adiando a concretiza-ção de sua vida afetiva e o planejamento de ter filhos. Todas elas têm consciência,pelos meios de comunicação, de que após os 35 anos a sua capacidade reproduti-va diminui, e por isto muitas delas se afligem diante desta realidade. O congelamen-to de óvulos é uma saída que pode minimizar esta angustia, pois nem sempre o par-ceiro ideal para ser o pai de seus filhos surge no momento que desejam. Podedemorar anos, que contribuirão para o envelhecimento dos seus óvulos e as dificul-dades em engravidar.

Caso num futuro ainda próximo essa mulher encontre “a sua alma gê mea“, elapoderá tentar a gravidez naturalmente, podendo descartar os óvu los que foram ante-riormente congelados, após a constituição da sua familia.

Se o “príncipe encantado” demorar muitos anos para aparecer, quando estiverpróxima a menopausa, os óvulos congelados no passado poderão ser fertilizadose darão uma chance maior de gestação e menor índice de abortamento e má-for-mação, se comparados com um tratamento feito em idade mais avançada.

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Caminhos,Tropeços e...Conquistas

GRAVIDEZ:

A primeira gestação gemelar do Brasil de óvulos congelados

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3) Mulheres com histórico familiar de menopausa precoce. Estas mulheres poderão congelar seus óvulos preventivamente. Na época em

que desejarem ter filhos, caso seus ovários não estejam funcionando adequada-mente, elas poderão utilizar os óvulos que antes foram congelados. Do contrário seos ovários estiverem funcionando a contento, elas poderão tentar engravidar natu-ralmente.

4) Fertilização In Vitro. Algumas vezes, pode haver excesso de óvulos, que provavelmente formarão

vários embriões. Como apenas uma parte deles será transferida para o útero(máximo de dois ou três), os outros deverão ser congelados. Caso ocorra gesta-ção e o casal não queira mais ter filhos, haverá problemas éticos, pois embriõessão considerados seres vivos e não poderão ser descartados. O congelamento deóvulos resolve este problema, pois óvulos são células, não são seres vivos epodem ser descartados se não forem utilizados. Se não for realizado o congela-mento de óvulos, a única alternativa, se o casal aceitar, será a doação de embriõespara outro casal ou para pesquisa de células-tronco.

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Não pense, apenas faça. Alguns estudos demonstram que esta é a grandesaída para quem tem dificuldades em encarar a rotina da pesquisa e dos tratamen-tos de infertilidade. De um modo geral, pessoas que falam e pensam muito sobreo que pretendem fazer sobre determinado problema são as que menos realizam.Exemplos disto são os obesos que pro metem iniciar o regime na próxima segun-da-feira, no Ano Novo, depois da Semana Santa, ou no ano que vem. Ou aquelessedentários que dizem que vão se matricular na academia no próximo mês,repetindo esta promessa que nunca se concretiza.

Dessa forma, no assunto fertilidade, não se deve pensar tanto sobre os incon-venientes do tratamenrto e nas frustrações dos insucessos. Ter filhos faz parte davida do ser humano, e, por isso, quando eles não vêm naturalmente, devem-seaceitar as condições que ajudam a consegui-los e partir direto para o ataque.

Todos aqueles que perseguem este objetivo sabem como é árdua a trajetória defrustrações: cada menstruação é um desgosto só. A angústia aumenta mais a cadamês. Por isso, uma vez que a vontade de ter fi lhos já está determinada pelo casal,quanto mais rápido forem tomadas as atitudes, mais imediato será o alívio e emmenos tempo o problema estará resolvido.

Samantha, de 28 anos na época, é a dona desta história e veio na primeira con-sulta trazendo vários exames. Entre todos que apresentou, o único que demons-trou anormalidades foi a histerossalpingografia. Suas trompas estavam com alte -rações que indicavam uma intervenção cirúrgica para sua recuperação: a videola-paroscopia. Caso contrário, estaria indicada a Fertilização In Vitro.

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Decidida e rápida 14

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Após analisar seus exames, Samantha ouviu minhas explicações e, sem exitardefiniu que preferia essa última possibilidade. Justificou que, alguns anos antes,tinha sido submetida a uma intervenção cirúrgica que a obrigou a ficar internadapor algumas semanas. Não pensava passar por isso novamente.

Concordei com o seu raciocínio e instintivamente perguntei quando tinha sido asua última menstruação. Era o terceiro dia do ciclo, o dia ideal para o início daindução da ovulação. Como os exames obrigatórios para este procedimentoestavam em dia, disse que poderia iniciar o tratamento imediatamente, após a con-firmação das condições dos seus ovários vistos através do exame de ultrassom,que poderia ser feito naquele momento. Prontamente concordou. O exame foi rea -lizado, a indução de ovulação iniciada e, em 23 dias, ela já estava com o resulta-do positivo em suas mãos: GRÁVIDA!

Esta história mostra, além da determinação do casal, a importância de indivi -dualizar o tratamento para o perfil de cada paciente. É comum existir mais de umaopção de tratamento para um resultado positivo. Neste caso, tanto a videolaparos-copia como a Fertilização In Vitro estavam corretamente indicadas; entretanto, ashistórias clínica e psicológica da pa cien te e seu marido determinaram o tratamen-to realizado.

É importante que o casal saiba que ao optar por determinado tratamento deveconhecer as chances de resultados positivos, o grau de complexidade do procedi-mento, os riscos, os custos, etc.

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Depoimento

"A mulher mais rápida do Brasil"

Samantha e Adilson

Quando eu era jovem, pensava em ter filhos, mas o desejo de ser mãe apa receuapós meu casamento, quando eu já tinha me tornado uma mulher. Jamais pensei quepoderia ter algum problema relacionado à infertilidade.

Meu marido sempre sonhou em ser pai, e com apenas um ano de casados,demos início às tentativas para minha primeira gravidez. Alguns meses se pas-saram, mas nada aconteceu. Inicialmente, achava que o problema estava no meumarido, mas após realizar vários exames, descobrimos que tanto eu como ele nãoapresentávamos nenhuma dificuldade para ter filhos.

As tentativas continuavam e eu comecei a buscar uma causa para algo que euainda nem sabia o que era. Como havia engordado bruscamente após o casamen-to, passei a pensar que a minha obesidade era que estava impedindo uma possí-vel gravidez. Então, realizei uma cirurgia para redução do estômago, e após umano, mesmo com 36 kg a menos, o meu desejo de ser mãe não se realizou.

Diante dessas circunstâncias, minha ginecologista pediu que eu rea lizasseuma histerossalpingografia, para que meu quadro fosse analisado de forma maisprofunda. Eu e meu marido ficamos chocados quando nos deram a notícia de queo exame havia detectado que minhas trompas eram impermeáveis. Foi muito difí-cil enfrentar a ideia de que eu era incapaz de gerar um filho. O sentimento foi defrustração e muita tristeza, pois eu não poderia realizar o grande sonho do meumarido, que sempre quis ser pai. Cheguei até a pensar que ele pudesse me lar-gar por conta disso, mas ele sempre esteve ao meu lado, me dando apoio emuita força.

Minha médica logo nos orientou a procurar um especialista em ReproduçãoHumana e nos encaminhou para a clínica IPGO. Eu e meu marido ficamos maisaliviados por saber que existia ainda uma chance. Passamos a encarar toda a si -

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GRAVIDEZ:

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tuação apenas como um obstáculo que tínha mos que vencer para chegar à mater-nidade.

Antes de entrar em contato com a clínica, visitei o site da mesma e li todas asinformações sobre o problema e os tratamentos. Já estávamos decididos a realizaruma Fertilização In Vitro. Após agendarmos um horário, nos dirigimos para aprimeira consulta, com todos os exames que havíamos realizado anteriormente.

Ouvimos todas as explicações do Dr. Arnaldo quanto ao tratamento, e quandojá tínhamos tirado todas as dúvidas, respiramos fundo e dissemos a ele que inicia-ríamos a nossa primeira tentativa imediatamente. Meu marido sentiu muita con -fiança naquele profissional que parecia saber muito bem o que estava fazendo.

Muito surpreso com a nossa determinação, o doutor logo nos orientou quanto atodos os procedimentos que deveriam ser realizados e cumpridos a partir daquelemomento. A tentativa para a realização do nosso sonho começava ali e meu mari-do já se sentia "pai".

Seguíamos todas as instruções rigorosamente e com muita disciplina. Cada diaparecia uma eternidade! Chegado o dia da transferência, estávamos muito confi-antes de que tudo daria certo. Após a realização do procedimento, eu e meu mari-do não nos aguentávamos de tanta alegria e ansiedade por saber do resultado,que só sairia em 12 dias.

Os dias foram longos e pareciam nunca passar, mas tentávamos segurar aansiedade que parecia nos consumir. Chegado o grande dia, realizei o exame bemcedinho e não saí da frente do computador, aguardando a chegada do resultado.As horas demoravam a passar e eu não conseguia controlar aquela mistura deemoções que enchia meu coração.

Finalmente, após longas horas de espera, o resultado saiu: eu estava grávida!Me senti a mulher mais feliz e realizada do mundo. Chorei muito e, imediatamen-te, liguei para meu marido, que ficou tão emocionado quanto eu. Ele estava no tra-balho e sentiu vontade de sair gritando para todo mundo que era papai! A emoçãoque sentimos nesse momento foi muito grande e até difícil de exprimir em palavras.

Liguei para a clínica a fim de confirmar o resultado, e após passar os dados doexame para a equipe, a ligação foi transferida para o Dr. Arnaldo, que surpreso emuito feliz me parabenizou pela vitória. Ele disse que eu era a mulher mais rápidado Brasil! Apesar do desgaste psicológico causado pelo medo de não dar certo, foi

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a melhor coisa que já fiz na vida. Eu e meu marido somos gratos a Deus por ter-mos sido abençoados com o nosso bebê na primeira tentativa.

Minha gravidez foi maravilhosa e eu não via a hora da minha barriga crescer,pois queria que todo mundo soubesse que eu estava grávida. Você quer mostrarpara as pessoas que também é capaz. Quando nosso filhinho nasceu, sentimosuma felicidade enorme e temos a certeza que esta emoção será eterna, pois atéficamos muito emocionados quando olhamos para o nosso menininho. Se fossenecessário, com certeza eu faria tudo de novo, pois o resultado compensa todasas dificuldades que você enfrenta durante o tratamento.

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Caminhos,Tropeços e...Conquistas

GRAVIDEZ:

Decidida e rápida

"É importante que haja amor e confiança entre o casal e o médico,assim como a direção de Deus durante todo o percurso. Lute e acredi-te na realização do seu sonho e jamais tenha vergonha do seu proble-ma. Saiba que Deus nos dá apenas o que podemos suportar! Enfrenteo obstáculo e vença-o. Você consegue!"

Observação

Após finalizar este capítulo, Samantha deixou de ser “a mulher mais rápida doBrasil”. Luciana – uma outra paciente – numa situação aflita, pois queria ficar grávidaantes de mudar-se para os Estados Unidos, começou a indução da ovulação no quin-to dia do ciclo, dois dias após o terceiro, como Samantha. Ficou grávida num tempomenor. Iniciar a indução da ovulação no quinto dia é uma alternativa possível e emcasos especiais.

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Só existem dois dias do ano sobre

os quais nada pode ser feito:

um deles se chama ontem

e o outro, amanhã.

Hoje é o dia certo para você

amar, sonhar, ousar, produzir

e acima de tudo, acreditar...

Dalai Lama

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A vida para ser bem vivida deve ter dificuldades a serem superadas, caso contrá-rio será monótona e sem emoções. Todas as pessoas têm seus problemas. A felici-dade de cada uma depende de como estas dificuldades são superadas. Existemalguns exemplos cotidianos: alguns reclamam que trabalham demais, outros recla-mam da falta de emprego; algumas mulheres sofrem por não terem a beleza cativan-te necessária para conquistar o seu homem que “rotulam” de ideal; outras, por seremmuito bonitas, sofrem pelo assédio exagerado dos homens interessados somente noseu físico; pessoas passam necessidade por falta de dinheiro, outros temem pela suasegurança por terem dinheiro demais, e assim as controvérsias da vida tendem a dei-xar os indivíduos infelizes. O segredo da felicidade está em saber contornar os obs-táculos, não desistir no primeiro tropeço e entender a vida da maneira que ela é ofe-recida. De nada adian ta almejar de braços cruzados algo que não se tem. Note bem,eu escrevi de BRAÇOS CRUZADOS!!! Temos frequentemente exemplos de pessoasque conseguiram o que desejavam partindo do nada, e sempre contam que o suces-so conseguido foi com dedicação, empenho e traba lho.

Simone é uma mulher que disfarça a sua obstinação. Por trás de um jeito inse-guro, demonstrou com suas atitudes que sabia o que queria. Sua preocupaçãocom as incertezas da vida é uma prova disso, pois no fundo, por mais otimista queuma pessoa seja, o futuro não pertence a ninguém. Seu marido, oriental, é sério,de aspecto compenetrado.

Além de sua personalidade bem desenhada, três fatos foram marcantes no seutratamento: a sua tentativa de tentar me persuadir a fazer uma inseminação artifi-

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cial cujas chances de sucesso, no seu caso, eram mínimas; a sua precisãoeconômica em afirmar que sua situação financeira permitia somente uma tentativado tratamento; e o dia que com muita objetividade quis cancelar a transferência dosembriões, devido à perda do emprego do marido. Este último fato foi o que maischamou a minha atenção. Por eu saber que a transferência de embriões congela-dos oferece uma chance menor de resultados positivos, e conhecendo a importân-cia que esta gestação teria para sua vida e que, provavelmente, ela não se dariauma nova chance, tive que argumentar insistentemente, lembrando que muitasvezes as oportunidades não aparecem pela segunda vez, principalmente no casodela. Além do mais, tinha embriões de ótima qua lidade. Meus argumentos foramsuficientes para que ela aceitas se a finalização do tratamento e transferisse osseus embriões. Assim, ela ficou grávida.

Alguns meses depois, Simone retornou à clínica assegurando que sua vidamudou para muito melhor. Além da alegria do bebê, seu marido tinha se recoloca-do profissionalmente, e numa ocupação bem mais vantajosa que a anterior.

A vida pode ser melhor ou pior. Tudo vai depender do que fazemos dela.

Depoimento

"Lute até as últimas consequências"

Simone e Keiji

Desde muito jovem, eu tinha pouca expectativa para a maternidade, pois emdecorrência de uma cirurgia de intestino ocorrida logo após o meu nascimento,achava que tinha havido um comprometimento permanente para tal. Ainda na ado-lescência, descobri que meus ovários eram policísticos, e aos 25 anos, passei por

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uma cirurgia. Como o cisto era grande e já havia envolvido uma das trompas, tiveque retirá-lo juntamente com a mesma. Depois de operada, minha médica disseque eu poderia ter seque las, e isso passou a ser o grande empecilho para a mater-nidade.

Eu não idealizava a maternidade com convicção, em forma de um sonho quejamais abriria mão de realizar. Porém, eu sabia que existia, sim, o desejo de umdia ser mamãe e de viver essa etapa pertencente à vida de uma mulher. Acho atémesmo que eu sempre preferi acreditar que não fazia questão de viver essemomento por receio de não conseguir engravidar.

Aos 29 anos, casei-me e a sonhada maternidade foi protelada por longos anos.Enfrentamos várias situações que nos impediram de pensar em filhos, entre elas amudança de residência, falência das empresas onde trabalhávamos há anos, pro -blema gravíssimo de saúde do meu marido, entre outras. Foi então que percebique o tempo estava passando e uma idade avançada poderia dificultar ainda maisa gravidez. Decidi enfrentar os meus receios, e junto com o meu marido, dar inícioa uma nova etapa ao nosso casamento. Naquele momento, ainda era um desejosem ne nhum tipo de cobrança. Era uma espera tranquila.

Enquanto a gravidez não vinha, nunca deixei de me cuidar. Até mesmo porquepensava muito que, se futuramente eu viesse a não engravidar e ter que partir parauma adoção, jamais me culparia por aquilo, pois teria a consciência tranquila deque sempre fiz tudo que estava ao meu alcance para que eu conseguisse ser mãe.

Após vários anos e em mais uma consulta ao ginecologista, fui informada dapossibilidade de ter endometriose. Para o tratamento, indicou-me o Dr. ArnaldoCambiaghi, que seria uma excelente opção para o meu caso, já que era especia -lista não somente em endometriose, como também em Reprodução Humana.Fiquei feliz em estar indo me tratar com um especialista na área de ReproduçãoHumana, pois algo para mim já estava ficando muito claro: não conseguiria engra-vidar pelos métodos naturais. Apesar de um pouco preocupada com o custo de umtratamento, decidi procurar a clínica do Dr. Arnaldo.

Após vários exames, o Dr. Arnaldo deu início ao tratamento para a en do -metriose, e pouco tempo depois realizei uma videolaparoscopia para a retirada dos

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cistos. Após a cirurgia, ficamos sabendo que se fôssemos realizar algum tipo detratamento para engravidar, a indicação seria a Fertilização In Vitro. Ao saber dissofiquei muito triste, pois sabia que era um tratamento caro, onde nem sempre seconsegue engravidar na pri meir a tentativa. Além disso, era uma possibilidadeinacessível para nós naquele momento.

Fui orientada para retornar após seis meses, caso decidisse dar início ao pro-cedimento, mas só o fiz após um ano. Nesse meio tempo, perdi o meu emprego efiquei arrasada, pois já estava com 36 anos. Chocada com o acontecimento,cheguei a me sentir frustrada por não ter conse guido engravidar enquanto estavaempregada. Sabia que sem um em pre go seria quase impossível conseguirmospagar o tratamento. Para minha surpresa, foi exatamente nessa circunstância queaprendi que realmente "Deus escreve certo por linhas tortas". Com o dinheiro daminha rescisão poderia dar início à caminhada que me levaria à maternidade.

Em pouquíssimo tempo, me recoloquei no mercado de trabalho, e mes mo tra-balhando há poucos meses, conversei com meu marido sobre a possibilidade deretornarmos à clínica do Dr. Arnaldo. O meu marido suge riu que esperássemosmais um pouco, pois estava sentindo uma certa instabilidade em seu emprego,porém eu insisti muito, pois acreditava que aquele era o melhor momento. Nós doisestávamos empregados e nosso problema financeiro para arcar o tratamento esta-va momenta neamente resolvido. Mesmo não tão confortável com aquela situação,ele aceitou e apoiou a minha decisão.

Em nossa primeira conversa com o Dr. Arnaldo, expliquei os nossos planos edeixei claro que gostaria de iniciar o tratamento por fertilização assistida, por acharque era um tratamento mais simples e menos invasivo. Ele foi bem franco conos-co ao dizer que não concordava com o tipo de tratamento escolhido por nós, poisno meu caso, o mais indicado era a Fertilização In Vitro. Fomos embora com assolicitações de exames para serem realizados, mas as palavras do Dr. Arnaldotambém nos acompa nharam!

Realizamos os exames, mas os resultados demoraram e não houve tempo hábilpara o retorno da consulta antes do próximo ciclo menstrual. Hoje, eu me pergun-to se a Providência Divina não resolveu me dar mais um mês para refletir sobre aspalavras do Dr. Arnaldo a respeito do tipo de tratamento a ser feito. Discuti o assun-to com meu marido e chegamos à seguinte conclusão: Se dispúnhamos do sufi-

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ciente para uma Fertilização In Vitro, por que não fazê-la? E assim decidimos.Porém, desde o início, informamos ao Dr. Arnaldo que, naquele momento, podía-mos fazer apenas uma tentativa.

Foram muitos remédios e inúmeras injeções, em sua grande parte aplicadaspelo meu marido com muita dedicação. Eu não pensava no amanhã, procuravacumprir o passo a ser dado naquele momento. Nas salas de espera do consultório,quantas histórias nos confortaram… Lá pude mos sentir que não éramos o únicocasal no mundo com aquele problema.

Após esse duro processo, foram realizados os procedimentos para a retiradados óvulos. O retorno à clínica para a transferência dos embriões se daria apóstrês dias. Porém, muita coisa aconteceu nesse curto espaço de tempo, colocan-do-me numa situação muito difícil. No dia seguinte à retirada dos óvulos, noretorno de suas férias, meu marido foi demitido. Fiquei transtornada com esta notí-cia! Aquilo não poderia estar acontecendo naquele momento! Já imaginando aminha reação, ele pediu para que eu não me preocupasse, pois não inter-romperíamos o tratamento.

Mas eu estava muito preocupada e tentava não demonstrar a minha aflição.Sentia-me até culpada por não ter dado importância para o que ele havia me ditoem relação à sua instabilidade no emprego. Para ele, não havia o que questionar,pois a partir do momento em que decidimos fazer o tratamento era para ir até ofinal. Mesmo muito abalada com tudo que estava acontecendo, tentava me manterbem na frente dele, pois não queria entristecê-lo e nem fazer com que se sentisseculpado. No dia seguinte, que também era um dia antes da data marcada para atransfe rência dos embriões, decidi ligar para o consultório.

Perguntei se seria possível não fazer a transferência e congelar os embriõespara realizar esse processo futuramente. À noite, o Dr. Arnaldo me ligou, questio-nando a minha possível decisão. Eu não queria entrar em detalhes sobre o querealmente estava acontecendo, falei apenas que pensava em retardar a transferên-cia por razões pessoais.

Após uma longa conversa, decidi contar-lhe o que me afligia. Ele entendeu aminha situação e me perguntou se eu acreditava em Deus, pois, com certeza, tudodaria certo. Pediu para telefonar-lhe no dia seguin te, comunicando a nossa

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GRAVIDEZ:

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decisão. Estava sozinha em casa e, após desligar o telefone, chorei muito, poisainda não conseguia acreditar no que estava acontecendo! Quando meu maridochegou, dividi com ele a minha an gús tia. Ele disse que não tínhamos o que pen-sar! O processo deveria con tinuar e que em breve ele se recolocaria no mercadoe tudo se resol veria. Então, no dia seguinte, liguei para a clínica e avisei que levaria adiante o procedimento, conforme o combinado originalmente.

Essa etapa foi bem mais tranquila e alegre, meu marido esteve presente, fiqueiacordada e foi totalmente indolor. Depois do procedimento realizado, ficamos a sósno silêncio da sala, sentindo aquele momento mágico. Confesso que haviamomentos em que eu questionava a nossa escolha para a transferência de somen-te dois embriões. Será que tinha sido correta? Se viessem duas crianças, a minhapreocupação aumentaria, mas por outro lado, depois de tanta luta, se não viessenenhuma seria horrível. Os próximos 12 dias foram de muita expectativa! É indes -cri tível a ansiedade para saber o resultado. Naquela espera aflita, só podíamoscontar um com o outro, pois tínhamos decidido não comparti lhar nem mesmo coma família, enquanto durasse o processo, a fim de evitar mais ansiedade além daque o tratamento já propiciava.

No dia determinado, meu marido retirou o resultado no laboratório, mas não oabriu. Somente à noite, quando nos encontramos é que olhamos juntos o tãoaguardado resultado. Abri o envelope com o coração na mão, pois ele continhauma informação com o poder de mudar as nossas vidas. E foi o que aconteceu, elerealmente mudou tudo para sempre. Quando vi o resultado positivo, parecia quemeu mundo havia parado. Mostrei ao meu marido, mas não conseguia acreditarnaquele milagre! Imediata mente telefonamos para o consultório, para dividir comtodos a nossa felicidade. O Dr. Arnaldo, muito contente, congratulou-se conosco.Percebi quanto aquele processo era feito com amor, dedicação, seriedade e com-prometimento de todos os que estavam nele envolvidos!

Por mais alguns dias, vivemos novamente toda aquela ansiedade. Dessa vez,era para saber quantos bebês estavam sendo gestados. Eram muitas emoçõesvividas em tão pouco tempo, que tudo se tornava impossível de ser administradopela nossa racionalidade. Às vezes, imagino que uma gravidez conquistada pelosmétodos naturais não seja tão recheada de expectativas como a minha foi!Chegado o dia fomos ao consultório realizar a tão esperada ultrassonografia. E lá

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estava ele: um bebê lindo e maravilhoso, representado apenas por um pontinhoque nada mais era do que o início de uma vida.

Após um mês, meu marido já estava trabalhando e, desta vez, em um ambientebem mais agradável que o anterior. Deus realmente deixou visível o seu cuidadopara com as nossas vidas. Aprendi, também, que na vida tudo passa!

Tive uma gravidez maravilhosa, e já no quinto mês, soubemos que era umamenina. A alegria foi maior ainda, pois este era um grande desejo do meu marido.Eu costumo dizer que a nossa filha tem três datas de aniversário: o dia da retiradados óvulos, o do implante dos embriões e o do nascimento! Com muita saúde, elaveio ao mundo quinze dias após o meu aniversário, quando completei 38 anos.

O nascimento da minha filha foi muito emocionante. Eu chorava tanto quantoela, e entre as lágrimas lhe dei boas vindas. Falei que estava ao lado dela, que elanão precisava se preocupar com nada porque eu estava ali. Foi tudo muito lindo, etodos esses momentos foram únicos em minha vida, tenho isso muito claro paramim. Hoje, agora, enquanto escrevo, ela está aqui ao meu lado! Andando, cantan-do, mexendo em tudo, inclusive nas minhas anotações. Nem dá para acreditar,pois tudo passou tão rápido! O que eu tenho a acrescentar é que:

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GRAVIDEZ:

Fé, muita fé

"Para realizar um grande sonho, precisa se concentrar e lutar por ele.Os outros sonhos nem sempre poderão se realizar concomitante-mente! Nunca é tarde e sempre vale a pena lutar para conseguiralcançar essa dádiva. Não desista nunca, pois você conseguirá!”

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A força mais potente

do universo? - A fé.Madre Teresa de Calcutá

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Na vida, atitudes ousadas podem ser necessárias e, muitas vezes, são a únicasaída para alcançar o sucesso naquilo que se pretende. Entretanto, as ousadiaspodem terminar em fracassos, e mesmo valendo a pena para aqueles que se arris-caram, deve-se ter cautela para não pre judicar outras pessoas. Muitas coisas navida são assim, mas em medi cina é diferente. Na arte médica existem procedimen-tos consi derados perigosos por colocarem em risco o bem-estar do paciente e, porisso, fica difícil a decisão de executá-los ou não. Deve-se ponderar sobre a esco lhade cada um destes caminhos. A desistência pode ser cômoda, pois não há compro-metimento, mas ousar pode ser a solução para a cura ou a felicidade do pacien te.Existem vários exemplos, como as cirurgias de tumores de difícil acesso – quequando extirpados melhoram a sobrevida do paciente, mas por outro lado podemcausar, na intervenção, hemorragias fatais –, e outros, como os transplantes deórgãos ou cirurgias cardíacas inusitadas.

Nem todo paciente pode ser submetido a tratamentos arriscados, isto é, deve serdecidido com extremo critério. É fundamental que exista a má xima confiança no mé -dico que o esteja atendendo, o qual, por sua vez, de verá sentir o mesmo em relaçãoao paciente. Ambos, além da família de quem estiver sendo tratado, deverão estarem perfeita sintonia com o tratamento e avisados dos riscos e benefícios daquiloque se estiver propondo. A confiança é fundamental e deve ser mútua. Se não hou-ver este sentimento, o insucesso previsto poderá ser confundido com imprudênciaou imperícia do profissional. Neste caso, para os dois lados, o melhor é nemcomeçar. O certo é desistir. Este espírito deve existir em qualquer tipo de tratamen-

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to, do mais simples ao mais complexo, seja ele de menor ou maior chance de com-plicação.

Em tratamentos de fertilização, os melhores resultados são alcançados quandoa paciente confia no seu médico e em sua equipe, e isso é facilmente observado narotina diária da clínica.

Luana e Breno são "o máximo" e formam um casal simpático, cuja marca regis-trada é o sorriso constante. Riem frequentemente. Por muito pouco, gargalham.Sempre demonstraram através de suas atitudes, que confiavam muito no meu tra-balho. No final de uma primeira gestação, proveniente de fertilização in vitro bem-sucedida, passaram por uma tragédia. Perde ram o bebê ainda dentro do útero,com sete meses e meio de gestação. Esta complicação ocorreu devido ao enfra-quecimento da musculatura uterina, em consequência da retirada de um mioma,que ocasionou um descolamento de placenta, rotura uterina e hemorragia, culmi-nando com a morte do bebê. Luana passou uma semana na UTI, recebeu sanguee teve momentos de risco de perder o útero.

A rotura uterina espontânea, quando ocorre numa gestação, torna uma próximagravidez perigosa, pois o útero, ao aumentar novamente de tamanho com o cresci-mento do bebê, poderá romper-se outra vez e repetir o mesmo quadro dramáticoda situação anterior. Isto torna o pré-natal bastante tenso. É uma gravidez arrisca-da. Luana não queria considerar outra saída e estava determinada. Breno também.As demais alternativas se riam: "barriga de aluguel" (útero de substituição), aadoção, ou desistir. Nenhuma delas foi a opção do casal. Procurei ser bastanteexplícito sobre os riscos; todavia, eles estavam dispostos a enfrentá-los. No meucaso, mesmo sabendo das possíveis complicações, a confiança do casal instigou-me a mais esse desafio. Nós três, Luana, Breno e eu, tí nhamos consciência dosriscos de um fracasso, mas, com um acompa nhamento rigoroso no pré-natal, apósmais uma fertilização in vitro, optamos pela ousadia de fazer o controle da gravidezaté o dia do nascimento do bebê (Luana fez três FIVs e todas foram bem sucedi-das), mas com a responsa bilidade de enfrentar as complicações que viessem aonosso encontro. A gestação anterior foi acompanhada por outro médico pois, pormotivos éticos, a continuidade do tratamento deve ser feita pelo profissional queencaminhou a paciente para que eu realizasse a fertilização. Mas, desta vez, foidiferente. Por ser uma gestação de alto risco e desaconselhada pela maioria dosprofissionais, o próprio médico que inicialmente havia me indicado pediu que eu

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continuasse o pré-natal até o parto. Os detalhes interessantes estão descritos nodepoimento.

Depoimento

Em busca de um sonho... ser mãe!

Luana e Breno

O desejo de ser mãe é um sonho antigo, desde adolescente planejava constru-ir uma família com duas crianças no lar e que, aos meus 45 anos, meus filhos jáestivessem completando a maioridade, pois acreditava que tanto eu quanto ascrian ças curtiriam melhor a vida.

Aos 21 anos e solteira, por um descuido acabei engravidando, mas estava difí-cil aceitar a gravidez, visto que ainda estudávamos e não estava nos nossos planosum filho e um casamento. Infelizmente ou felizmente, a gestação não foi adiante,tive um aborto natural com seis semanas. Neste momento, não ficamos abaladose sim aliviados!

Deste momento em diante, tudo na nossa vida sempre foi muito bem planeja-do. Após sete anos, enfim, nos casamos e com a certeza que na nossa vida emcomum estaria incluída novas gestações, agora com mais responsabilidade.

Tranquilos até o terceiro ano de casamento, eu e meu marido, então com 31anos, decidimos que uma criança seria bem-vinda entre nós. A partir daí foi um anoe meio de tentativas frustradas de uma gravidez que nunca acontecia. Não imagi-nava ter algum problema, visto que dez anos atrás havia engravidado normalmen-te e não tínhamos históricos de infertilidade nas famílias.

Conversamos, nessa época, com meu médico sobre a nossa vontade de ter fi -lhos, mas, infelizmente, ele queria que tentássemos mais uns três meses, após

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indicação de algumas vitaminas. Estava decidida a ter um filho e não a esperarmais três meses de tentativas para ter um diagnóstico do porque não engravidar.

Mudamos de médico e expusemos as nossas tentativas frustradas. Agora, sim,realizamos vários exames mais específicos. O resultado do teste pós-coital eradeficiente, o ultrassom apresentou cisto no colo uterino, e na histerossalpingo gra -fia, dilatação na trompa esquerda. Diante destes resultados negativos ficamos tris-tes e mais frustrados, pois agora começávamos a entender a dificuldade de engra-vidar. Fomos encami nhados à Clínica do Dr. Arnaldo Cambiaghi para realização deuma vídeohisteroscopia para retirada de um pólipo endometrial e com a esperan-ça que, após a cirurgia, conseguiríamos engravidar. Foram mais três meses de ten-tativas sem sucesso.

Estávamos cansados destas tentativas com determinada posição, data e atéhora marcada. Meu marido, muitas vezes irritado e chateado pela situação, não metransmitia formalmente sua indignação para que eu não ficasse mais triste. Ele nãoprecisava falar nada, era fácil perceber que também estava magoado e que, poucoa pouco, as coisas entre nós estavam esfriando. Decidimos não expor os nossosproblemas com ou tras pessoas, nos reservamos, pois achamos que seria maispositivo para o nosso equilíbrio emocional. Diante dessa atitude, não tínhamosuma válvula de escape, éramos somente nós dois, precisávamos estar bem umcom o outro sempre. Mas com muita tranquilidade, amor, compreensão e respeitomútuo, que sempre existiu entre nós, não desistimos do nosso tão sonhado bebê.Retor namos ao médico, que agora também havia desistido das tentativas e nosenca minhou novamente para o Dr. Arnaldo, agora como especialista emReprodução Humana.

Fomos à consulta com o Dr. Arnaldo, desta vez sabíamos que o nosso proble-ma era mais sério do que imaginávamos há um tempo atrás, pois jamais pensáva-mos que precisaríamos de um especialista para engravidar. Apesar de saber queo problema era meu e não do meu marido, sempre houve por parte dele muitorespeito, companheirismo e colaboração, qualidades essenciais do meu marido,que agradeço a Deus, me ajudou a superar essa nova fase de investigações etratamentos.

Antes de decidir qual tratamento seria ideal para o meu caso, Dr. Arnaldo reali-zou uma videolaparoscopia para retirada de um mioma e aderências, e diante da

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situação encontrada e dos resultados obtidos da cirurgia, optou-se pelo tratamen-to de FIV.

Em agosto/03, iniciamos o tratamento. Sentia-me perdida nos sentimentos e naemoção, a vontade de começar o tratamento era muito grande, mas existia aomesmo tempo um medo que me incomodava, pois o meu organismo não estavaacostumado a tantos medicamentos. Sempre media a real necessidade de tomá-los e acreditava que as me dicações para o tratamento poderiam trazer futuramentealgum problema para a minha saúde. Mas não tinha jeito, ou eu aceitava a me -dicação ou esquecia o meu sonho.

Desistir não estava nos meus planos, a vontade de ser mãe foi mais forte doque o medo dos medicamentos. Expectativas e ansiedades aumentavam cada vezmais no decorrer do tratamento, pois sabíamos da existência da incerteza do resul-tado. O intervalo entre a transferência dos embriões e o teste de gravidez foi muitoangustiante, mas finalmente chegou o grande dia: – "Parabéns, você está grávi-da!", afirmou Dr. Arnaldo do outro lado da linha telefônica. Mais tranquila com oresultado positivo, agora só restava esperar o outro grande dia, o do ultrassom,para saber quantos dos três embriões que havia colocado vingaram. Esperavamuito a notícia de gêmeos, mas o ultrassom apontava somente um coraçãozi nho.Ficamos felizes do mesmo jeito! Agora tudo seria dife rente, mais calmos, sem frus-trações e sem tristezas, pois estávamos GRÁVIDOS!; não nos contínhamos den-tro de nós, tamanha a felicidade que sentíamos.

Passados dois meses de acompanhamento da gestação, Dr. Arnaldo despede-se de nós dizendo que por questões de ética profissional, como eu tinha sidoencaminhada por outro médico, seria justo ele devolver-me para o acompa -nhamento do pré-natal ao médico que havia nos indicado para tratamento. Afirmeique queria continuar o acompanhamento com ele, mas não teve conversa. Nessemomento, sabíamos quanto o Dr. Arnaldo e sua equipe tinham sido importantesnessa conquista, mas agradecemos de coração, e tristes, enfim, partimos para ser-mos acompa nhados pelo outro médico.

No terceiro mês, comunicamos aos amigos e familiares a gestação, mas as difi-culdades enfrentadas e o tratamento ficaram somente entre nós dois. Adotei umapostura normal durante a gravidez, continuei com a vida que levava antes (traba -lhando, passeando, indo à academia); sentia-me bem, sem contudo ultrapassar os

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limites e nunca esquecer que estava grávida. Nas consultas do pré-natal, semprenotícias boas. Estávamos animados com a decoração e a montagem do quarto doDiogo, queríamos deixar tudo pronto para a sua chegada.

Já com 34 semanas de gestação e mais uma consulta do pré-natal, conver-samos com o médico sobre a possibilidade de o bebê se adiantar e que rer nascerantes do previsto, mas como tudo corria muito bem, essa proba bilidade era muitopequena; mesmo assim foi solicitado o exame que diagnostica risco de parto pre-maturo. Informei também que sentia a barriga endurecer com pequenas doresespontâneas de baixa duração, mas fi quei tranquila, pois o médico disse que erampequenas contrações e que agora, até o final da gestação, era normal.

Na madrugada do dia seguinte à consulta do pré-natal, acordei várias vezesincomodada com cólicas; não era uma dor insuportável que eu não conseguissecontrolar, e estava tranquila, pois imaginava que fosse normal, conforme informa-ção do médico na consulta do dia anterior. Infelizmente, ao amanhecer do dia, asdores aumentaram e ficaram intensas, acordei meu marido e, com dificuldadespara respirar, corremos para o hospital.

Cheguei no hospital muito mal, vomitava e sentia dores horríveis. Fui levadapelos médicos para avaliação e, quando acordei, já estava me recuperando na UTI.Perguntava constantemente do meu bebê e do que havia acontecido, até que pas-sado algum tempo, um médico me deu a pior notícia da minha vida: – “Você sofreuum descolamento prematuro da placenta e uma ruptura uterina e, infelizmente, oseu bebê não conseguiu sobreviver, houve tentativas de reanimá-lo, mas não foipossível."

Precisava despedir-me do meu bebê, ver o seu rostinho e tocá-lo pela primeirae última vez. Era lindo!

Sentia muitas dores abdominais, uma tristeza profunda e um monte de dúvidase porquês sem respostas. O que era segredo meu e do meu marido sobre as difi-culdades, as cirurgias realizadas, o tratamento de FIV, teve que ser aberto para aequipe médica e familiares para tentar obter uma res pos ta do que havia aconteci-do. Ainda corria o risco de uma histerectomia.

Foram oito dias angustiantes na UTI, era difícil escutar que você é jovem, quepreservaram o seu útero e que você engravidaria novamente. A cada visita do meu

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marido na UTI me trazia mais forças para minha recuperação, sabia que ele tam-bém estava sofrendo e que precisava de mim recuperada e forte para continuar-mos nossa caminhada na vida. Mais três dias no quarto do hospital para acompa-nhamento, e enfim recebi alta para voltar para casa; nesse momento, disse ao meumarido que eu não queria mais engravidar, e sim que poderíamos adotar umacrian ça, visto que já havíamos conversado sobre adoção anteriormente e não tí -nhamos nada contra, pois sentia muito medo do que poderia acontecer em umanova gestação.

Estávamos arrasados, o que estava tudo planejado acabou não acontecendo,nos sentíamos impotentes diante da vida. Quanto desgaste parecia se acumular nanossa vida! Sentia-me culpada por não ter desacelerado o ritmo da minha vida epor não ter corrido antes para o hospital. Por que Deus permitiu que isso aconte-cesse? Seria um castigo? Que culpa o meu pequeno bebê estava pagando? Porquê? Por quê? Por quê?

Devido aos muitos porquês sem resposta e ao nosso sofrimento emocional, rea-lizamos tratamento psicológico e espiritual que durou uns três meses. Após esseperíodo depressivo pela perda do bebê, reunimos força para voltar à nossa vidinhade antes. Como estava de licença-maternidade e não tinha o meu bebê para cui-dar, busquei informações sobre o que havia acontecido comigo e sobre adoção decriança. A adoção de crian ça na forma legal poderia acontecer no prazo de doisanos ou mais, de acordo com as características solicitadas pelos pais, mas eu nãoqueria esperar este tempo duvidoso, achava muito longo. Enquanto decidia sobrea adoção, pensava muito em porque preservaram o meu útero, visto que nas infor-mações que levantei sobre ruptura uterina, normalmente, acontece a perda doútero. Seria um sinal para tentar novamente uma gravidez? A revolta que eu esta-va de Deus já havia passado, pois tinha conseguido obter respostas que, nomomento, me acalentaram. Conversei com o meu marido sobre a possibilidade deuma nova tentativa de tratamento, ele me apoiou e me deixou à vontade para defi-nir quando eu realmente estivesse pronta para buscarmos esta ajuda.

Em outubro/04, passados seis meses da cirurgia, já recuperada física e emo-cionalmente, voltamos ao consultório do Dr. Arnaldo para conversarmos a respeitodas possibilidades de uma nova gestação. Reali zamos vários exames específicospara avaliação da cicatriz do útero e mais uma cirurgia de videolaparoscopia devi-do à hidrossalpinge na trom pa esquerda.

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Dr. Arnaldo nos explicou os riscos e os cuidados para uma nova gestação, de -veria ser de único feto, nascer prematuro e com acompanha mento e avaliação dacicatriz do útero. Como tinha medo de uma nova gestação, mas confiava na suacapacidade e profissionalismo, infor mei que estávamos lá por nossa livre e espon-tânea vontade e sem a indicação de outro médico, e se o Dr. Arnaldo acompa -nharia a gestação até o final, pois eu não queria que ele me deixasse novamente,após o acompa nhamento do exame positivo de gravidez. Ele deu risada e disseque agora seria diferente, pois estava assumindo um problema, ou melhor, um"pepino", como ele costumava dizer nas consultas em tom de brincadeira e deforma carinhosa, e que ninguém merecia receber um problema deste. Saí do con-sultório feliz, pois estava animada com a esperança de que ainda teria chances deter o meu filho e acabei deixando de lado a ideia da adoção.

Eu e meu marido havíamos decidido que, antes de iniciar o tratamento, eupararia de trabalhar e levaria uma vida mais tranquila, pois o meu trabalho estavaexigindo uma dedicação constante e sem horários determinados, deixando-meestressada física e emocionalmente. Jamais imagi nei parar de trabalhar na minhavida, principalmente por causa de filhos, foi uma decisão difícil, mas que achavaimportante naquele momento.

Em maio/05, estávamos prontos para iniciarmos o tratamento de FIV. Estavafeliz pela nova esperança de ter o meu sonhado bebê. No dia da transferência dosembriões, Dr. Arnaldo nos comunicou que havia somente dois embriões e queestes não estavam "bonitos". Fizemos a transferência deles e, ansiosos, ficamosaguardando o dia do resultado da gravidez.

"Parabéns, você está grávida!", mais uma vez escutava a tão esperada notícia.Estava feliz, agradeci a Deus pela recuperação do meu útero e do sucesso dotratamento. Mas, nesse momento, ainda tínhamos outra preocupação, não pode -riam ser gêmeos. Chegou o dia do ultrassom, espe rançosos que seria somenteum, ficamos tranquilos após a confirmação da visualização de somente um sacogestacional. No próximo ultrassom poderíamos ver o seu coraçãozinho.

Infelizmente, no dia marcado para o ultrassom não conseguimos vi sualizarnada, e o Dr. Arnaldo solicitou outro exame de BHCG e outro ultrassom. O resulta-do do bHCG apresentava elevado ao primeiro exame, mas o saco gestacional dopróximo ultrassom já estava murcho. Foi um choque receber mais essa notícia;

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duas semanas atrás estava feliz e, agora, decepcionada novamente. Não segureio choro, que aconteceu ainda na sala da consulta. Despedi-me do Dr.Arnaldo, queme disse: "Chora, pode chorar, vai te fazer bem!"

Estava mais uma vez sendo amparada e consolada pelo meu marido, choravamuito. Por que existem mulheres que realizam o aborto e por que Deus permiteque elas que não querem engravidem, e eu não? A dor de veria ser menor, mas osofrimento era igual ao que senti na perda da primeira gestação. Meu marido sem-pre demonstrou muita firmeza e cons ciência diante dos obstáculos negativos, umapresença importantíssima na minha vida, que sempre com suas atitudes e palavrasde carinho, me tra ziam para a vida real. A notícia dessa gravidez ficou somenteentre nós dois.

Recuperada, em setembro/05, iniciamos outro tratamento de FIV. Dessa vez, tí -nhamos três lindos embriões a serem transferidos. Informação que me deixavamais confortável em relação ao tratamento ante rior, quando os embriões não eramtão satisfatórios.

Antes da data do exame de bHCG, eu já estava sentindo enjôos. Dr. Arnaldo meligou e me deu o resultado: "Parabéns, você está grávida! Po rém o seu bHCG estámuito alto e você já sabe o que isto significa, não é?"

Em seguida, liguei para o meu marido e passei a notícia. Felizes, sim, masmuito preocupados, pois não podíamos ter uma gravidez múltipla. Foram dez diasde expectativas, enjôos e náuseas até o dia do ultrassom. Recebemos a notícia doque imaginávamos, dois com certeza e o terceiro não estava muito visível. Duasse manas, depois a notícia do terceiro.

Meus trigêmeos estavam lá se desenvolvendo dentro do meu útero, e se nãopensasse nos problemas era uma sensação muito gostosa, e, enfim, seria recom-pensada com uma felicidade tripla. Mas não podia pensar desta maneira, a redu -ção embrionária era necessária e fomos encami nhados para um especialista emmedicina fetal para a redução. Tinha co nhecimento que todo procedimento invasi-vo poderia resultar na perda da gestação.

Muito triste e preocupada, com nove semanas, fomos para essa bata lha. Aprimeira redução não foi difícil selecionar, pois dos três embriões um estava comtamanho inadequado para o período. A segunda deveria ser mais criteriosa, e o

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médico preferiu deixar para a próxima semana, quando os embriões estariam umpouco mais desenvolvidos, facilitando sua decisão. Voltamos novamente para abatalha, agora um pouco mais preo cu pados, visto que não poderia dar nada er -rado, pois agora só tí nhamos dois coraçãozinhos. Foi difícil a seleção, mas depoisde um tempo ava lian do, o médico fez a opção – um respondia com poucos movi-mentos. Saí mos da clínica e o meu sentimento era de que haviam tirado umpedaço de mim ou que esquecia algo. Bateu uma culpa, um vazio, uma tristeza emsaber que mais dois filhos meus ficaram na lembrança.

Minha irmã foi a única que acompanhou essa fase do tratamento e as reduçõesembrionárias e, no terceiro mês, notificamos familiares e amigos da gravidez de umúnico bebê; agora todos sabiam que se eu estava grávida era porque eu haviareali zado outro tratamento. Percebi que as pessoas também sofreram com a perdado meu bebê e a notícia de uma nova gravidez deixou todos felizes, mas muitís -simo preocupados também.

Retornamos ao Dr. Arnaldo, agora com uma gestação única para acompanha-mento do pré-natal e com o médico especialista em medicina fetal para acompanha-mento do bebê e da cicatriz do útero. Até a 28ª se mana eu me sentia calma e tran-quila, mas, com o passar das semanas, a ansiedade e o medo pairavam sobre osmeus pensamentos e sentimentos. Conseguia dormir umas quatro horas por noite,tinha muita insônia. Dr. Arnaldo pretendia levar a gestação até a 32ª semana, mastudo dependeria dos acompanhamentos que agora passariam a ser semanais.

Percebi que o medo também pairava sobre o meu marido, apesar dele não medizer claramente, pois, nas últimas semanas, qualquer respirada diferente, ele jáme perguntava se eu estava sentindo alguma dor. Seus sentimentos, muitas vezes,não eram expostos, pois achava que assim poderia me preservar de mais sofri-mento. Telefonemas e e-mails de amigos e parentes também foram constantes,todos estavam ansiosos e preocupados.

Como planejado, na 31ª semana, fui internada no hospital. Apesar dos examesapontarem que tudo estava bem, ficamos mais aliviados com a internação e opequeno Arthur poderia ganhar mais peso. Passada mais uma semana, chegou odia, o Arthur nasceu! Escuto o seu choro e não me contenho de tanta emoção efelicidade, eu e meu marido choramos juntos, enfim conseguimos conquistar onosso sonho. Arthur nasceu com 1,990 kg e passava muito bem, mas precisava

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ficar alguns dias na UTI Neonatal para maturar o pulmão e ganhar mais peso.

Aquele pequenino ser na incubadora respondia muito bem aos procedimentosmédicos e, depois de três dias, foi transferido para a Unidade Semi-Intensiva, ondepudemos participar mais ativamente do desenvolvimento do Arthurzinho. Era muitaemoção a cada visita, pois sua evolução era muito positiva. Em nenhum momentoficamos tristes ou abalados com a ida dele para a UTI e nem com a minha altaantes do Arthur, pois estava saindo tudo como planejado pelo Dr. Arnaldo, quetinha nos preparado emocionalmente para essa situação. Estávamos muito felizescom o nosso bebê!

Olhando para o passado, hoje com 35 anos, quantos desvios nos nossosplanos e nas nossas vidas, quanto empenho, esforço, tristeza, decepção, angús-tia, revolta e frustração tivemos que passar. Foi um período árduo, mas que hojepercebemos quanto fomos e somos fortes, corajosos e determinados para umaconquista. Aos olhos de muitos parecia ser impossível, mas tudo nos dizia quejamais de veríamos desistir, eu e o meu marido acreditávamos que a nossa união,compreensão e respeito que possuímos um com o outro foi essencial para estaconquista. Nunca deixamos de ter esperança, sempre pensávamos positivo combastante fé e crença em Deus.

Desta experiência, ainda nos restaram muitas alegrias: casais amigos nossosque por motivos vários de infertilidade haviam desistido ou estavam cansados dostratamentos, se motivaram com a nossa história e com o final feliz, e hoje se enco-rajaram e buscam o sonho de ter fi lhos.

Toda mãe tem uma força escondida que nem ela imagina possuir para ajudarum filho, no nosso caso para ter um filho. Por tudo isso, nunca desistam dos seussonhos. A vida pode não ser fácil e possuir muitas barreiras a serem ultrapassadas,mas a cada experiência, brotam novas forças que encorajarão vocês para a suaconquista de gerar uma criança. Acreditem!

Mas, para que tudo isso acontecesse, tínhamos do nosso lado uma equipe ma -ravilhosa, atenciosa, humana e profissional, um médico de excelente gabarito, bri -lhantismo e seriedade no que se dedica a fazer. Muito obrigada por ajudar a reali -zar o nosso sonho.

Nossa eterna gratidão ao Dr. Arnaldo Cambiaghi e a toda a sua equipe.

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Em busca de um sonho... ser pai! Breno, 35 anos

Nossa! Depois de cinco anos de tentativas, após o nascimento do Arthur,parece que tiraram uma tonelada das minhas costas, que alívio!

Jamais imaginava passar por tudo isso para ser pai, e adoção era uma saídaque eu aceitava sem problema algum, mas sabia quanto era importante para aLuana ter o nosso próprio bebê. A garra e a obstinação dela em gestar um filhoeram muito grandes e, com o passar do tempo, também fui abraçado e envolvidopor este desejo.

Durante todos os aprendizados sobre termos médicos e nomes de exames quevamos adquirindo com o avanço das investigações, o maior deles foi aprender aamar algo que você nunca viu. É muito curioso, pois eu, como a maioria dos ho -mens, sou muito racional, e não imaginava quanto uma imagem de um pequenocírculo num registro de ultrassom, juntamente com o som do batimento cardíacopodiam me envolver de maneira tão instantânea. Foi a partir de então que pudeapro ximar minha compreensão em torno do desejo feminino sobre a gravidez.

Coadjuvante. Esta é a palavra que melhor poderia expressar a minha percep-ção sobre o processo de engravidar por um procedimento médico de FIV. São tan-tos medicamentos, visitas ao consultório, horários, exa mes, repouso, dieta alimen-tar que, em alguns momentos, me sentia invisível e quase dispensável no proces-so. Mas não, visto que todas estas atividades ficam muito piores quando se somaa tudo isso medos, frustrações, ansiedades, depressão, entre outros sentimentos.Bem, foi aí que passei a valorizar a importância deste papel na relação do casalque busca a gravidez.

Tal como um time de futebol que tem várias pessoas que propiciam gerar agrandeza da alegria de uma conquista por um campeonato, e sabe-se que o ata-cante que faz o gol da vitória numa final com estádio lotado é o grande glorificadopor aquele instante. Esta ação de suporte fez aproximar a relação de parceria comminha esposa e entender que ela é o grande atacante deste time, mas que, sozi-nha, a viabilidade desta ação ficaria muito mais difícil.

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O Centro de Reprodução Humana do Instituto Paulista de Ginecologia, Obstetrícia e MedicinaReprodutiva (IPGO) vem, há muitos anos, trabalhando em prol do bem-estar da mulher. EmReprodução Humana, acolhe com sucesso vários casais, vindos de todo o Brasil e do exterior,com problemas para engravidar. Atuando na área de Infertilidade, desenvolve e aprimora técnicas de Reprodução Assistida,que envolvem novos tratamentos e exames para diagnósticos das causas que impedem a gra-videz. Ter todas as tecnologias de ponta utilizadas para o acompanhamento da saúde física é partede uma das metas da clínica: a manutenção da integração corpo-mente. Por esse motivo, oIPGO dispõe de um corpo clínico multidisciplinar, com profissionais que avaliam e tratam amulher sob todos os problemas ligados ao seu bem-estar: Ginecologia Geral, Obstetrícia,Clínica, Cardiologia, Mastologia, Fisioterapia, Reeducação Alimentar, sexualidade, apoio psi-cológico, tensão pré-menstrual (TPM), videolaparoscopia e videohisteroscopia. O IPGO entende que os cuidados com as mulheres não se restringem ao consultório. Por isso,além dos livros publicados com finalidade educativa e esclarecedora, faz da internet um impor-tante canal de comunicação para aprofundar a relação médico-paciente, por meio da criaçãode vários sites: www.ipgo.com.br: nele os casais podem encontrar diversas informações sobre os tratamen-tos de infertilidade. www.fertilidadedohomem.com.br: um site feito para os homens que pretendem construiruma família. www.guiaendometriose.com.br: dedicado às mulheres que sofrem dessa doença e aos queestão próximos a elas, para esclarecer as principais dúvidas. www.doadorasdeovulos.com.br: site dedicado às mulheres que precisam receber óvulosdoados para conseguir a própria gestação. São mulheres que querem ter uma família, masnão têm óvulos capazes de serem fertilizados. Orienta, também, como é possível doar óvulos.

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Quem somos - IPGO (Instituto Paulista de Ginecologia,Obstetrícia e Medicina da Reprodução)

Dividindo sonhos... Multiplicando alegriasCentro de Reprodução Humana do IPGO

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www.trigemeos.com.br: é um canal de informações para pessoas interessadas em aprendersobre trigêmeos, com espaço para troca de experiências entre os pais e esclarecimento dedúvidas. www.vidaconcebida.com.br: um site informativo que apresenta como cada religião avalia ostratamentos de fertilização. Não é preciso estar envolvido em algum tratamento contra inferti-lidade para entender o quão envolvente e interessante pode ser conhecer a diversidade de opi-niões entre os representantes religiosos e as leis das doutrinas que cada um representa: oproibido, o permitido e o interpretado. É um tema inédito sobre os tratamentos de ReproduçãoHumana, algo que só poderia ser escrito por um especialista com vontade e sensibilidade paraentender o lado espiritual dos seus pacientes. À primeira vista, esse assunto pode parecerespinhoso, mas estimula instigantes discussões, seja o leitor religioso ou não. www.fertilidadenatural.com.br: traz esclarecimentos sobre os tratamentos naturais e comoeles podem melhorar a fertilidade do casal. www.gravidafeliz.com.br: é um site direcionado às mulheres e aos homens “grávidos” quequerem saber mais sobre esse período mágico da vida.www.preservesuafertilidade.com.br: mostra como alguns comportamentos e hábitos de vidainadequados podem prejudicar a fertilidade das pessoas. Inclui uma importante seção sobrepreservação da fertilidade em pacientes com câncer.

Nossa Missão

Usar a arte da Medicina, o Conhecimento e a Tecnologia em prol do bem-estar da mulher, valo-rizando, no atendimento, as relações entre médico, equipe e paciente. Enfatizar que o Universo Humano não se limita à esfera orgânica. A saúde perfeita envolvetambém aspectos emocionais e afetivos.

Nossos Valores

Respeito, honestidade e transparência nas relações com os clientes e colegas da área desaúde. Valorizar, sem exceção, os princípios éticos que regem a Medicina. Acreditar que a excelência dos resultados depende não só do nosso trabalho, mas também dadedicação à ciência e da fé, credibilidade e da vontade do cliente ao ser tratado.

Nossos Visão

Atingir o máximo de sucesso nos procedimentos médicos realizados, utilizando o que há demelhor e mais atual na Ciência, sem esquecer a ética e a humanização dos tratamentos.

Rua Abílio Soares, 1125 - 04005-004 - Paraíso - São Paulo - Brasil

55 (11) 3885-4333 / 55 (11) 3884-3218

Email: [email protected]

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