doadores limítrofes no transplante de rim: quanto à função

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1 Projeto Diretrizes Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente. Autoria: Associação Brasileira de Transplante de Órgãos Doadores Limítrofes no Transplante de Rim: Quanto à Função Elaboração Final: 9 de outubro de 2008 Participantes: Castro MCR, Bernardo WM, Wroclawski ER, Saitovitch D, Salomão A, Garcia CD, Carvalho DDM, David-Neto E, Lasmar E, Lemos F, Paula GMM, Campos HH, Kroth L, Pereira LM, Dutra MMD, Mazzali M, Machado PGP, Gonçalves RT, Manfro RC, Esmeraldo RM, Garcia VD, Fregonesi A, Fernandes AG, Roza B, Casonatti C, Alves Filho G, Ramalho HJ, Coelho I, Guterres JCP, Rocha JN, Chiaretti MM, Carvalho MFC, Medeiros PJ, Fernandes RC, Nothen R, Ferreira TCA, Nahas W

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Page 1: Doadores Limítrofes no Transplante de Rim: Quanto à Função

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Projeto DiretrizesAssociação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

O Projeto Diretrizes, iniciativa conjunta da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal

de Medicina, tem por objetivo conciliar informações da área médica a fim de padronizar

condutas que auxiliem o raciocínio e a tomada de decisão do médico. As informações contidas

neste projeto devem ser submetidas à avaliação e à crítica do médico, responsável pela conduta

a ser seguida, frente à realidade e ao estado clínico de cada paciente.

Autoria: Associação Brasileira deTransplante de Órgãos

Doadores Limítrofes noTransplante de Rim:

Quanto à Função

Elaboração Final: 9 de outubro de 2008Participantes: Castro MCR, Bernardo WM, Wroclawski ER,

Saitovitch D, Salomão A, Garcia CD, CarvalhoDDM, David-Neto E, Lasmar E, Lemos F, PaulaGMM, Campos HH, Kroth L, Pereira LM, DutraMMD, Mazzali M, Machado PGP, Gonçalves RT,Manfro RC, Esmeraldo RM, Garcia VD, Fregonesi A,Fernandes AG, Roza B, Casonatti C, Alves Filho G,Ramalho HJ, Coelho I, Guterres JCP, Rocha JN,Chiaretti MM, Carvalho MFC, Medeiros PJ,Fernandes RC, Nothen R, Ferreira TCA, Nahas W

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2 Doadores Limítrofes no Transplante de Rim: Quanto à Função

DESCRIÇÃO DO MÉTODO DE COLETA DE EVIDÊNCIA:Pesquisa nas bases MEDLINE, Cochrane e EMBASE.

GRAU DE RECOMENDAÇÃO E FORÇA DE EVIDÊNCIA:A: Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência.B: Estudos experimentais ou observacionais de menor consistência.C: Relatos de casos (estudos não controlados).D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos

fisiológicos ou modelos animais.

OBJETIVOS:• Revisar as evidências científicas atuais sobre os riscos e benefícios da

utilização dos diferentes tipos de doadores limítrofes de rim;• Permitir melhor padronização de condutas em relação à utilização desses

doadores no território nacional.

CONFLITO DE INTERESSE:Os conflitos de interesse declarados pelos participantes da elaboração destadiretriz estão detalhados na páginas 12.

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3Doadores Limítrofes no Transplante de Rim: Quanto à Função

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CONCEITO

Doadores limítrofes são doadores falecidos que fornecem órgãospara transplante que implicam em maior risco para o receptor ourisco de pior funcionamento do enxerto em longo prazo.

CLASSIFICAÇÃO

1. Doadores limítrofes quanto à função:

• Doadores com mais de 60 anos1(B) ou;

• Doadores entre 50 e 59 anos, com pelo menos 2 dos 3critérios abaixo:

� Hipertensos2(B);

� Nível de creatinina superior a 1,5 mg/dL (oudepuração de creatinina [Cockroft/Gault] entre50 e 70 ml/min) antes da remoção do órgão(Creatinina do dia da remoção “CreatininaTerminal”)3(B);

� Acidente Vascular Cerebral como causa demorte2(B);

• Doadores com doenças renais e diabéticos4(B);

• Doadores pediátricos5(B).

2. Doadores limítrofes quanto ao potencial de transmissãode doenças e à presença de anomalias anatômicas:

• Doadores portadores de neoplasias malignas6(B);

• Doadores portadores de infecções7(B);

• Comportamento social/sexual com inclusão em grupos de risco8(D);

• Rins com anomalias anatômicas9(B).

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4 Doadores Limítrofes no Transplante de Rim: Quanto à Função

RELEVÂNCIA DO PROBLEMA

Um dos grandes problemas do transplanterenal é o número insuficiente de órgãos paraatender à crescente demanda de pacientes emlista de espera. Como consequência dodesequilíbrio entre o número de transplantes ea lista de espera cresce o número de óbitos, depacientes em lista, há menor qualidade de vida,pior reabilitação e aumento de custos após otransplante renal.

Atualmente o método mais viável, no curtoprazo, para aumentar o fornecimento de órgãospara o transplante renal envolve o uso dedoadores considerados limítrofes, tambémdenominados doadores com critériosexpandidos de aceitação. Cerca de 70% dospacientes na lista de espera poderiam aceitarrins com critérios expandidos se istorepresentasse menor tempo na lista deespera9(B). A utilização deste tipo de doadorrepresenta, atualmente, o fator mais importanteno crescimento do número de transplante renalcom doador falecido3(B).

DOADORES LIMÍTROFES DE RIM NO BRASIL

No Brasil, há poucos estudos que avaliam autilização de doadores limítrofes. Análise doRegistro Brasileiro de Transplantes 10 anos(RBT 10 anos) revela que dos 7.830 transplantesrealizados com renais doadores falecidos, entre1995 e 2004, 209 tinham idade igual ousuperior a 60 anos (2,6%) e 47 deles, idade igualou inferior a quatro anos (0,6%)10(D).

Análise previamente publicada revela que,dentre 583 transplantes renais com doadorfalecido, 164 foram considerados como

limítrofes (28,1%), sendo 121 para a função e58 para o risco de infecção, sendo que 15apresentavam os dois fatores de risco11(D).

Ainda no Brasil, comparando-se 438transplantes renais com doador falecidoconsiderados como ideais com 154 transplantesrenais com doadores limítrofes para a função, asobrevida dos pacientes e dos enxertos noprimeiro e no quinto ano não foi significa-tivamente diferente12(B).

IMPACTO DA IDADE AVANÇADA

Um dos fatores determinantes da sobrevidado enxerto renal é a idade do doador. Otransplante renal com doadores com idade maiordo que 50 anos tem pior sobrevida do enxertoem longo prazo, quando comparada ao dotransplante com doadores com idade menor doque 50 anos. Em transplantes renais realizadosnos Estados Unidos, de 1988 a 1994, asobrevida no 5º ano após o transplante foi de61,4% quando os doadores tinham menos doque 50 anos, 51,3% quando os doadores tinhamidade entre 51-60 anos e 42,7% quando osdoadores tinham idade maior que 60 anos2(B).

O impacto do fator idade na sobrevida doenxerto pode sofrer influência de outras co-morbidades do doador, como a existência dehipertensão arterial e função renal diminuída.A existência de hipertensão há mais de 10 anos,em doadores com idade superior a 55 anos ecom depuração de creatinina menor do que 80ml/min, diminui a sobrevida do enxerto no 3ºano para 53,6%, contrastando com 62%observados em doadores na mesma faixa etáriacom função renal superior a 80 ml/min e semhipertensão arterial13(B).

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5Doadores Limítrofes no Transplante de Rim: Quanto à Função

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O transplante renal com doadores idosostambém pode estar associado a maior incidênciade função retardada do enxerto14(B). Estacombinação de rins de doadores idosos (> 50anos) que apresentaram função retardada doenxerto impacta negativamente na sobrevida doenxerto, representando um risco relativo deperda do enxerto de 2,5 (IC95%=1,26-4,76),quando comparado aos rins de doadores idososque funcionaram imediatamente após otransplante15(B).

Embora alguns autores tenham observadoque a utilização de doadores idosos podeaumentar o risco de rejeição aguda16(B), estaobser vação não é partilhada por outrosgrupos17(B), sendo, portanto, uma questão aindanão esclarecida.

Embora os rins de doadores idosos ofereçampior sobrevida do enxerto quando comparadaàquela de doadores ideais, a sua utilização emoutros países tem sido justificada peladesproporção entre a oferta de órgãos e o númerocrescente de pacientes em lista de espera. Mesmocom inferior sobrevida do enxerto, os pacientestransplantados com rins de doadores idososapresentam melhor expectativa de vida quandocomparada aos pacientes que permanecem emlista de espera.

Nos três primeiros meses de transplante, orisco relativo de morte em transplantados renaisque receberam rim de um doador ideal foi trêsvezes maior do que os pacientes de mesmacondição aguardando por um transplante,devido aos riscos cirúrgicos e infecciosos da faseinicial do transplante2(B). No entanto, após operíodo de 122 dias, o risco relativo de morteem transplante foi inferior ao risco dos

pacientes que aguardavam em lista. Esse efeitopermaneceu ao longo do tempo. Neste estudo,64% dos doadores considerados limítrofesapresentavam idade maior do que 55 anos. Ospacientes que receberam os rins destes doadoreslimítrofes apresentaram um risco relativo demorte maior que os de doador ideal e que seestendeu por um período de até 200 dias. Sóentão, o risco relativo desses pacientes passoua ser menor do que o dos pacientes aguardandoem lista2(B).

IMPACTO DO TEMPO DE ISQUEMIA FRIA

Existe uma importante correlação entre tempode isquemia fria a que o enxerto renal é submetidoe a prevalência de função retardada do enxerto(FRE), com um aumento de 23% no risco deFRE a cada 6 horas de isquemia fria (OR=1,23para cada 6 horas de acréscimo de isquemia,p<0,001). Ocorre o dobro de FRE quando otempo de isquemia fria (TIF) é maior do que 24horas (OR=2,28, IC=2,08-2,50, p< 0,001).Um aumento de três vezes na incidência de FRE(OR= 3,48, IC= 3,11-3,86, p<0,001) éobservado quando o TIF é maior que 36 horas.Sabemos também que FRE é um fator preditivoindependente para a perda de enxerto renal. Mesmoisoladamente, a presença de FRE se associa amenor sobrevida de enxerto após um ano (88%vs. 74%; p<0,001), implicando num risco relativode perda de 1,53, IC=1,46-1,60, (p<0,001).Enxertos renais têm menor sobrevida aos cincoanos quando o TIF é maior do que 12 horas,quando comparados aos com TIF menor do que12 horas (52% vs. 61%, p<0,001)2(B).

O papel da isquemia fria atinge umarelevância ainda maior naqueles transplantesrealizados com doadores limítrofes por outras

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6 Doadores Limítrofes no Transplante de Rim: Quanto à Função

causas. TIF maior do que 42 horas se associacom sobrevida em quatro anos, 5% menor emdoador com critério expandido do que comdoadores ideais, quando comparados comaqueles transplantados com menos de 12 horasde isquemia fria13(B).

Analisando rins pareados de doadoreslimítrofes transplantados em receptores comdois tempos diferentes de isquemia fria (TIF:5,5± 2,0 h vs. 11,7± 3,1 h, p <0,01),observa-se que, mesmo em grupos com TIFmenores do que 12 horas, aqueles com tempode isquemia menor apresentam mais diureseno primeiro dia, menos necessidade de diálise,e menor tempo de hospitalização14(B).

A necessidade de uma alocação especial derins provenientes de doadores limítrofes, como objetivo de diminuir o tempo de isquemiafria (proporcionando menos complicações emelhor sobrevida) foi avaliada comparando-se transplantes realizados com doadoreslimítrofes, em dois momentos diferentes, comcinco anos de intervalo, antes e após aaplicação de uma sistemática especial dealocação para doadores limítrofes. Na regiãoem que ocorreu o estudo, após a instalaçãodo novo processo de alocação, o tempo deisquemia fria caiu de 16,4 para 7,4 horas (p< 0,001), e a frequência de FRE caiu de 43%para 15% (p = 0,031). Esse sistema dealocação específico, para doadores limítrofes,inclui distribuição por lista específica, levandoem conta somente o tempo de espera em lista,e desconsiderando a melhor compatibilidadeHLA, exceto para os pares idênticos, sempreobjetivando um tempo menor de isquemiafria15(B).

IMPACTO DAS ALTERAÇÕES

HEMODINÂMICAS

Cerca de 90% dos pacientes em morteencefálica apresentam quadros de hipotensão,causada por hipovolemia, lesão do centrovasomotor, disfunção cardíaca e falênciaendócrina, comuns nesses pacientes18(B).

No entanto, observa-se que as taxas defunção retardada do enxerto são semelhantes emreceptores de rins de doadores que apresentaramhipotensão mantida na sua evolução (26,4% deFRE) e naqueles receptores que nãoapresentaram hipotensão mantida (28% deFRE). O uso de vasopressores também nãoimplica em diferentes taxas de função retardadado enxerto (20,9% vs. 26,4%)19(B).

A parada cardíaca ocorre aproximadamenteem 25% de todos os doadores durante a fase demanutenção, mas não altera significativamentea evolução do transplante renal. Entretanto,comparando-se doadores com coração parado ecoração batendo, em que o tempo de isquemiafria não foi diferente, uma diferença significativanas taxas de FRE é observada (62% vs. 32%,p=0,0001), provavelmente decorrente dagrande diferença entre os tempos de isquemiaquente entre esses dois grupos (29 contra 0horas). A presença de isquemia quente maiordo que 45 minutos associada à TIF maior doque 22 horas é importante fator de risco para aperda do enxerto renal (38% vs. 90% aos cincoanos, com risco relativo = 6,8)20(B).

Um grande estudo realizado pelo UNOS(“United Network of Organ Sharing”) comparoutransplantes renais realizados com rins de

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7Doadores Limítrofes no Transplante de Rim: Quanto à Função

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doadores em que a retirada foi feita comcoração batendo (N=75865) com um grupode doadores com coração parado. Nessesegundo grupo, avaliou os que apresentaramparada cardíaca controlada (N=1814) e outro,não controlada, ou seja, com parada cardíacanão esperada e não revertida antes dodiagnóstico de morte encefálica (N=216).Observou que a incidência de função retardadado enxerto nos receptores de rins de doadorescom parada controlada foi de 42% e nosreceptores de rins de doadores com parada nãocontrolada foi de 51% (NS), o dobro da queocorre com receptores de doadores com coraçãobatendo (24%), p < 0,001. Apesar dasdiferenças nas taxas de função retardada noenxerto, não se observaram diferenças nassobrevidas de paciente e de enxertos com um ecom cinco anos nesse tipo de transplante21(B).

IMPACTO DAS ALTERAÇÕES ELETROLÍTICAS

Hiponatremia é incomum em pacientes emmorte encefálica e quando ocorre deve-seprincipalmente à hiperglicemia, esta relativamentecomum a esses pacientes. A hipernatremia éanormalidade muito frequente, causada pordesidratação, administração de sódio, e perda deágua livre induzida pelo uso de diuréticos ou pelapresença de diabetes insípido, causas seguramentetratáveis. O impacto da hipernatremia na funçãodo enxerto pós-transplante é mal conhecido.

Noventa por cento dos pacientes em morteencefálica desenvolvem hipercalemia, e muitosdesenvolvem hipocalcemia, hipofosfatemia, ehipomagnesemia, mas não existem estudos queanalisem o impacto dessas alterações naevolução do enxerto renal22(D).

IMPACTO DA SOLUÇÃO DE PRESERVAÇÃO

A solução de preservação da Universidadede Wisconsin (UW), desenvolvida por Belzer etal., é a solução mais utilizada na preservação deórgãos abdominais e tem sido utilizada comopadrão para a preservação de rins de doadoresfalecidos nos Estados Unidos e na maioria dospaíses europeus. Esta preferência é baseadaprincipalmente em estudo randomizado europeuque comparou a solução UW com a solução deEuro-Collins e mostrou que a utilização dasolução UW reduz em 10% a incidência defunção retardada do enxerto, além deproporcionar queda mais acentuada dos níveisde creatinina nos primeiros sete dias após otransplante e melhorar a sobrevida do enxertono primeiro ano de transplante em 5,7%23(A).Embora a maioria dos doadores incluídos tivesseidade inferior a 50 anos, o estudo realizousubanálise de grupos de doadores limítrofes, comidade superior a 50 anos e em condiçõeshemodinâmicas ruins no momento da doação.Nestes doadores, a incidência de funçãoretardada do enxerto também foi significati-vamente menor no grupo preservado comsolução UW comparada à solução de Euro-Collins23(A).

As soluções de HTK (histidine-tryptophan-ketoglutarate) e a solução de Celsior têm sidoutilizadas com sucesso semelhante ao dasolução UW na preser vação de rins dedoadores falecidos. Em dois estudos realizadossimultaneamente, a solução HTK foicomparada à solução UW e à solução de Euro-Collins na preservação de doadores de rim edoadores de rim e coração24(A). A incidênciade função retardada do enxerto foi semelhante

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na comparação entre os rins preservados comUW e HTK (33% nos dois grupos). Noestudo comparando HTK e Euro-Collins, aincidência de função retardada foi 43% entreos pacientes que receberam o rim preservadocom Euro-Collins comparado a 29% nogrupo com solução HTK24(A). Resultadosbenéficos com a utilização da solução HTKtambém foram relatados na preservação derins de doadores com tempo de isquemiamaior do que 24 horas25(B).

A solução de Celsior, inicialmentedesenvolvida para preservação de coração epulmão, também tem sido utilizada napreservação renal com sucesso. Quandocomparada à solução UW, o uso da solução deCelsior levou à incidência de função retardada de31,3%, semelhante aos 33,9% observados napreservação com a solução UW26(A). Embora oestudo tenha avaliado doadores falecidos ideais,uma subanálise de rins com tempo de isquemiamaior do que 17 horas mostrou incidência defunção retardada semelhante entre as duassoluções.

USO DE MÁQUINA DE PERFUSÃO

Nos últimos anos, o interesse pelapreservação com a perfusão contínua ressurgiuprincipalmente pela necessidade de optimizaçãoda preservação de um número cada vez maiorde enxertos renais provenientes de doadoreslimítrofes27,28(B).

A utilização da perfusão contínua commáquina reduz em média 20% a incidência defunção retardada do enxerto29(A). Esta reduçãoé verificada tanto em rins provenientes dedoadores ideais como em rins de doadores

limítrofes, sendo mais marcante entre os rinsde doadores limítrofes29(A)30,31(B).

Existe uma associação entre resistênciaintrarrenal e fluxo do perfusato com aocorrência de função retardada doenxerto30(B). As medidas de fluxo, resistênciae marcadores bioquímicos contribuem para amonitoração do órgão durante a perfusão, masnão existe evidência que estes parâmetrospossam identificar com acurácia os rins nãoviáveis.

Apesar de reduzir a incidência de funçãoretardada do enxerto e melhorar oaproveitamento dos rins de doadores limítrofes,a perfusão contínua não modifica a sobrevidado enxerto em longo prazo quando comparadaà perfusão convencional29(A)27(B). Rinsprovenientes do mesmo doador e preservadosde forma convencional ou por máquina deperfusão tiveram sobrevida de um ano igual a88,4% e 89,8%, respectivamente, e sobrevidano 6º ano após o transplante de 62% e 64,4%,respectivamente.

A relação de custo/benefício da perfusãocontínua é a questão complexa que ainda nãotem uma resposta definitiva.

IMPACTO DAS DOENÇAS RENAIS NO DOADOR

A presença de hipertensão arterial de longadata no doador afeta a sobrevida do enxertorenal. Principalmente, quando associada aoutros fatores de risco:

• Idade acima de 55 anos1(B);

• Diabetes Mellitus32(B);

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9Doadores Limítrofes no Transplante de Rim: Quanto à Função

Projeto DiretrizesAssociação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina

• Instabilidade hemodinâmica33(D) (usode altas doses de aminas vasopressorase oligoanúria);

• Alteração da função renal1(B)(creatinina > 2 mg% ou depuração dacreatinina inferior a 60ml/min);

• Tempo prolongado de isquemiafria2(B) (>36 horas).

São consideradas medidas importantes paraa decisão da aceitação desses órgãos paratransplante: o esclarecimento junto aos fami-liares sobre o tempo de hipertensão arterial e onúmero de medicamentos anti-hipertensivos, oexame do fundo do olho, a observação dosgrandes vasos durante a remoção dos órgãos e aanálise da biopsia renal. A função do enxertorenal é inversamente proporcional à gravidadedas alterações histológicas encontradas nodoador9(B).

É considerada indicação para transplanterenal duplo, a presença de esclerose glomerularà biopsia renal entre 15% a 30% compresença de fibrose intersticial leve edepuração da creatinina entre 40 a 60 ml/min33(D). Um percentual de mais de 30% deesclerose glomerular contraindica a utilizaçãodesses rins9(B).

A insuficiência renal crônica é consideradacomo contraindicação absoluta para a doaçãode rins, entretanto, foram utilizados, emsituações especiais, com relativo sucesso, rinscom função normal provenientes de doadorescom nefropatia IGA34(C), com nefritelúpica35(C) e com doença policística doadulto36(C). Ainda não há uma base

estabelecida para a utilização de rins dedoadores com nefropatia e função renalpreser vada. Estas situações devem seranalisadas caso a caso, por equipes experientese, se forem utilizados, os rins poderiam serconsiderados para pacientes com pequenaexpectativa de vida ou em situaçõesextremas35(C).

Rins de doadores com diabetes mellitus tipo1 ou 2 podem ser utilizados sem aumento dorisco de sobrevida do paciente e doenxerto4,32(B)5,37,38(C). Sabemos que rinsprovenientes de pacientes diabéticos com lesõeshistológicas compatíveis com a doença podemapresentar regressão e até desaparecimento dasmesmas após o transplante39(C).

Receptores de rins provenientes de doadoresdiabéticos com lesões histológicas decorrentesda doença podem apresentar uma frequênciamaior de proteinúria, de comprometimento dafunção renal e intolerância à glicose no pós-transplante4(B).

UTILIZAÇÃO DA BIOPSIA RENAL

Enquanto alguns defendem a necessidadede biopsias pré-implante para determinar aviabilidade do órgão40,41(B), outros nãoencontram correlação entre os achadoshistológicos e a evolução do enxerto42,43(B).Outros grupos sugerem que a realização debiopsia retardar ia o procedimento detransplante, aumentando o tempo deisquemia fria e de retardo de função doenxerto, propondo outros métodos nãoinvasivos, em especial o cálculo da depuraçãoda creatinina, para a determinação do riscodos doadores15(B).

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10 Doadores Limítrofes no Transplante de Rim: Quanto à Função

Também há controvérsia sobre quaisdoadores limítrofes deveriam ser biopsiados(todos ou apenas aqueles com depuração decreatinina inferior a 60 ml/minuto e/oudoadores com mais de 60 anos)40,41,43(B)15(B).Por outro lado, o risco de perda de enxerto émaior para implante isolado, com rim dedoador com mais de 60 anos, sem avaliaçãohistológica, comparado a rins de doadores commais de 60 anos, com avaliação histológicaprévia (RR 3,68, IC95% 1,29-10,52,p=0,02)44(B).

A biopsia em cunha fornece mais tecidopara análise do que a biopsia por agulha,porém pode apresentar um índice maior deglomérulos esclerosados, por representar maisa região subcortical43(B). A biopsia por agulhapermite a análise de tecido renal maisprofundo, porém em amostra menor45(C).Não existem estudos comparando as duastécnicas.

A avaliação histológica da biopsia do rim aser implantado pode ser realizada pelaclassificação de Banff46(D) ou pela graduaçãoproposta por Remuzzi et al.47(B), avaliandoprincipalmente o comprometimento deglomérulos.

O número mínimo de glomérulos paraavaliação histológica adequada é de 10glomérulos46(D). Entretanto, para biopsias emcunha, sugere-se um mínimo de 25 glomérulos,para que ocorra uma boa correlação entre oachado histológico e o prognóstico dotransplante41,43(B) e de pelo menos 14glomérulos para a correlação histológica com orim contralateral48(B).

ANÁLISE DAS ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS

COMPROMETIMENTO GLOMERULAR

Uma análise univariada mostra que apresença de glomeruloesclerose isolada (menordo que 20% dos glomérulos) não afeta asobrevida do enxerto. Porém, a associação entreglomeruloesclerose e depuração de creatininamenor do que 80 ml/minuto tem impactonegativo na sobrevida de enxerto em umano40,42(B).

COMPROMETIMENTO VASCULAR

O grau de comprometimento vascular a serconsiderado não foi definido, já que a maioriadas avaliações limita-se à avaliação deglomeruloesclerose40,41(B).

COMPROMETIMENTO TÚBULO-INTERSTICIAL

Não existem estudos com número adequadode biopsias correlacionando o grau deacometimento túbulo-intersticial (fibrose eatrofia) com a evolução do transplante.

ÍNDICE DE GRAVIDADE DE LESÃO

A soma dos escores da classificação deRemuzzi et al.47(B) poderia determinar quaisos rins viáveis para implante isolado (grau leve– zero a 3), para implante em bloco (moderado,4 a 6) ou aqueles que deveriam ser descartados(grau severo, acima de 7).

A análise histológica dos rins limítrofes,avaliando todos os compartimentos (glomerular,vascular e túbulo-intersticial), auxilia na

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definição do implante de órgão único (escore0-3), transplante dual (escore 4-6) ou pela nãoutilização desses órgãos (escore >7)47(B).

Não há evidência da necessidade de serealizar biopsia em ambos os rins doados. Emtermos de glomeruloesclerose, a concordânciavaria de 57%42(B) a 88%41,43(B), sendo de 80%a 99%43,48(B) quando são avaliados vasos,utilizando o escore semiquantitativo propostopor Remuzzi et al.47(B).

A decisão de se implantar 1 ou os 2 rinsdoados é baseada em 3 pontos: idade do doador,taxa de filtração glomerular e achadoshistológicos encontrados. A sobrevida de enxertode rins de doadores limítrofes implantados embloco é comparável à sobrevida de implante derim único de doador < 60 anos44(B).

O risco relativo (RR) de perda de enxerto,para rins de doadores com mais de 50 anos edepuração de 50 ml/min é de 1,35(IC95%:1,01 – 1,79), comparado a um RRde 1,18 (IC95%: 0,93 – 1,5) para depuraçãode 80 ml/min40(B). Se for considerada apenasa análise histológica, com ponto de corte de 20%de glomeruloesclerose, obtém-se o risco relativode 1,22 (IC95%: 0,71 – 2,12) para doadorescom depuração de creatinina de 50 ml/min,comparado a RR 1,15 (IC95%: 0,73 – 1,79)para uma depuração de 80 ml/min40(B).

DOADOR PEDIÁTRICO

Apesar de pequeno em tamanho, o rimde um doador pediátrico tem a capacidadede melhorar sua função com o tempo emanter no longo prazo uma melhor filtração

glomerular do que quando comparados comrim de adulto49(B).

Doador falecido pediátrico com peso inferiora 15 kg e ou idade menor do que cinco anosdeve ser considerado para transplante de rins embloco. Nessa faixa etária, a sobrevida do enxertorenal em bloco mostrou-se superior aotransplante de rim único. Em doadores comidade entre 6-11 anos, a melhora da sobrevidado enxerto esteve diretamente relacionada aoaumento progressivo na idade dosdoadores50,51(B).

DOADORES LIMÍTROFES PARA USO

PEDIÁTRICO

Crianças têm perspectiva de uma longasobrevida e para que tenham um desenvolvimentopondero-estatural adequado necessitam de boafunção do enxerto52(B), o que nos leva a evitar ouso de doadores limítrofes para estes receptores.

Devemos considerar também algumasparticularidades do transplante renalpediátrico. As complicações vasculares emreceptores de doador pediátrico são maisfrequentes quando comparadas com receptoresde doadores adultos e são da ordem de 6% a12%49,53,54(B).

A incidência de trombose por faixa etária dodoador é de 10% (idade menor do que cincoanos), 6% (entre 6 e 11 anos) e 5% (de 12 a 17anos). Fatores do doador (peso menor do que15 kg e isquemia fria superior à 24 h) e doreceptor (retransplante e cor negra) estãorelacionados com maior incidência detrombose50(B).

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Há equivalência de sobrevida de doadoresabaixo de cinco anos55(B) transplantados embloco ou isoladamente (85% vs. 87%) e aincidência de trombose vascular, que é maiorno grupo em bloco (12% vs. 0%), ocorreu comdoadores com menos de seis meses de idade. Naanálise de 1599 doadores com menos de 15 kg,transplantados em bloco ou isolados, o riscoabsoluto de perda em cinco anos foi de 5% parao rim em bloco51(B). A separação de rins dedoadores pediátricos pode ser consideradaquando o enxerto mede mais de 6 cm e o pesodo doador é superior a 14 kg com resultados desobrevida de 93% com o uso de rinsisolados56(B). A experiência dos centros detransplante certamente deve ser levada emconsideração.

Na maioria das casuísticas, os rins retiradosem bloco foram destinados para receptoresadultos51-53,56,57(B).

Enxertos em bloco apresentam melhor funçãorenal em cinco anos quando comparados aotransplantes de doadores falecidos adultos (89 ml/min/m2 x 61 ml/min/1,73m2, p=0,0001)53(B),e com rins provenientes de doadores vivos (71 x43 ml/min/1,73m2, p<001)54(B).

No Brasil, está em uso o critério dedistribuição priorizando receptores crianças(<18 anos) quando o doador tem menos do que18 anos. Rins de doadores pediátricosfuncionam bem, tanto em receptores pediátricosquanto em adultos58(B). Em análise de doadorescom idade inferior a 18 anos, a idade do receptornão foi fator de risco para perda do enxerto50(B).O uso de doadores pediátricos (menos de 16

anos) em receptores pediátricos está associado amelhor função renal ao final de cinco anosquando comparado com doadores adultosfalecidos (65 x 50 ml/min/1,73m2)58(B).

A utilização de rins pediátricos em receptorespediátricos demonstra que os enxertos crescemjunto com a criança, melhorando a função nodecorrer do tempo, ao contrário de rins dedoadores adultos58(B). Rins pediátricos embloco, em receptores adultos apresentamcrescimento rápido nos primeiros seis meses pós-transplante (aumento em três vezes do volumee cinco vezes da filtração glomerular)59(B).

A avaliação de doadores pediátricosmenores de 21 kg (1993 a 2002) detectou queé possível empregar pelo menos um dos rins de42,9% dos doadores com peso abaixo 10 kg e90,8% dos doadores com peso entre 10 e21 kg51(B).

CONFLITO DE INTERESSE

Manfro RC: Recebeu honorários pararealização de pesquisas patrocinado pelasempresas Novartis, Wyeth e Bristol MeyersSquib; Pereira LM: Recebeu honorários porparticipação em congresso patrocinado pelasempreses Novartis Biociências e Wyeth; LasmarEP: Recebeu hororários por apresentação depalestra patrocinado pela empresa Wyeth; DavidNeto E: Recebeu honorários por compare-cimentos a simpósio, apresentação de palestras,organização de atividade de ensino, realizaçãode pesquisa, membro de equipe e consultoria,patrocinado pelas empresas Novartis, Cellofarm,Roche, Astellas, Wyeth e Jansen-Cilag.

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