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  • Direito Tributrio para o SEFAZ/PI

    Teoria e exerccios comentados

    Prof. Aluisio Neto Aula 00

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    O curso visa trazer at voc o conhecimento necessrio para fazer uma boa

    prova quanto disciplina Direito Tributrio, que engloba um contedo

    bastante extenso e de extrema importncia para a sua prova e,

    principalmente, para a sua aprovao. Vamos detonar geral as questes que

    vierem. Sem pena da banca! Vamos para cima da FCC (caso ela venha a ser

    HVFROKLGDDQRVVDLQLPLJD! Como veremos logo adiante, o contedo, alm de grande, trata de assuntos

    os mais variados possveis: desde a competncia tributria, que veremos na

    aula de hoje e que todo candidato ao cargo de fiscal j est acostumado, at

    temas como a suspenso da exigibilidade do crdito tributrio.

    AsVLPFRPHoDUSUDYDOHURVHVWXGRVRXDSURIXQGDURTXHMiIRLHVWXGDGRpde fundamental importncia para lograr xito em um concurso da rea Fiscal,

    ainda mais to difcil, concorrido e disputado quanto o de Auditor Fiscal da

    Fazenda do Piau. Gente de todo canto do Brasil ir invadir Teresina atrs da

    sua to sonhada vaga!

    Certamente a concorrncia ser da melhor qualidade possvel. E voc, amigo

    concurseiro, tem que estar preparado para enfrentar um certame que exigir

    bastante conhecimento, e de disciplinas as mais variadas possveis.

    Vamos ao contedo do nosso curso, muito embora ele j tenha sido

    apresentado anteriormente. Em frente!

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    Contedo do curso

    O contedo a ser visto no nosso curso ser aquele normalmente cobrados nos

    concursos da rea fiscal estadual, e conter os seguintes temas:

    1. Sistema Tributrio Nacional na Constituio Federal.

    2. Dos Princpios Gerais.

    3. Das Limitaes do Poder de Tributar.

    4. Dos Impostos da Unio.

    5. Dos Impostos dos Estados E Do Distrito Federal.

    6. Dos Impostos dos Municpios.

    7. Da Repartio das Receitas Tributrias.

    8. Cdigo Tributrio Nacional - Sistema Tributrio Nacional no CTN.

    9. Disposies Gerais.

    10. Competncia Tributria: Disposies Gerais; Limitaes da

    Competncia Tributria: Disposies Gerais, Disposies Especiais.

    ,PSRVWRVGHQLomR- Disposies Gerais. 12. Taxas.

    13. Contribuio de Melhoria.

    14. Cdigo Tributrio Nacional - Normas Gerais de Direito Tributrio.

    15. Legislao Tributria: Disposies Gerais: disposio preliminar; leis,

    tratados e Convenes Internacionais e Decretos; Normas

    Complementares. Vigncia da Legislao Tributria. Aplicao da Legislao

    Tributria. Interpretao e Integrao da Legislao Tributria.

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    16. Obrigao Tributria: Disposies Gerais, Fato Gerador, Sujeito Ativo.

    Sujeito Passivo: disposies gerais, solidariedade, capacidade tributria,

    domiclio tributrio. Responsabilidade Tributria: disposio geral,

    responsabilidade dos sucessores, responsabilidade de terceiros,

    responsabilidade por infraes.

    17. Crdito Tributrio: Disposies Gerais. Constituio de Crdito

    Tributrio: lanamento, modalidades de lanamento. Suspenso do Crdito

    Tributrio: disposies gerais, moratria. Extino do Crdito Tributrio:

    modalidades de extino, pagamento, pagamento indevido, demais

    modalidades de extino. Excluso de Crdito Tributrio: disposies

    gerais, iseno, anistia. Garantias e Privilgios do Crdito Tributrio:

    disposies gerais, preferncias.

    18. Administrao Tributria: Fiscalizao, Dvida Ativa, Certides

    Negativas.

    Caso o edital regulador do concurso venha a solicita algum tema no previsto

    acima nem no nosso cronograma a seguir, ele ser adicionado sem qualquer

    custo para os que j tiverem adquirido o curso. Caso outra banca seja

    escolhida, iremos adaptar o curso banca escolhida, ok? No se preocupem.

    No prximo item, veremos o nosso cronograma de aulas e algumas outras

    informaes! Vamos em frente!

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    Cronograma do Curso e Informaes Adicionais

    Feitas as apresentaes iniciais, vamos ao que interessa: como ser o nosso

    curso on-line, carga horria, assuntos a serem abordados, entre outros.

    Como veremos logo adiante, o contedo a ser apresentado no curso, alm

    de extenso, trata de assuntos variados: competncia tributria, impostos de

    competncia dos entes polticos, domiclio tributrio, entre outros.

    Diante do grande contedo a ser estudado, indispensvel a

    objetividade no trato da matria a ser estudada. E a isso o que se

    prope o curso. Espero trazer a matria direito tributrio da forma mais

    objetiva e clara possvel, na esperana de poder ajud-lo na sua preparao

    para esse certame, que bastante atrativo, tanto em termos profissionais

    quanto em termos remuneratrios. Sempre que possvel, utilizaremos

    grficos, figuras e outros recursos didticos para o melhor aprendizado e

    memorizao da matria proposta na aula.

    Alm disso, complementares o texto da aula com vrias decises

    jurisprudenciais adotadas pelos tribunais superiores do nosso pas (STF e

    STJ), complementando o contedo e o aprendizado com temas que podem

    vir a ser cobrados em prova. Cada vez mais as decises dos tribunais

    superiores so cobradas em prova. E voc no pode deixar escapar nada,

    ou ento a FCC pode surpreender voc, tenha certeza disso.

    Teremos ainda muitas questes comentadas e propostas relativas ao tema,

    cobradas pela FCC, principalmente, e por outras bancas, para

    complementao do aprendizado sempre que necessrio.

    Nosso curso ser organizado em quinze aulas, j contando essa aula

    demonstrativa, divididas da seguinte forma:

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    Antes de iniciarmos essa aula demonstrativa, peo um pequeno espao para

    fazer uma rpida apresentao pessoal e contar um pouco da minha histria

    como concurseiro.

    0HXQRPHp$OXLVLRGH$QGUDGH/LPD1HWRVRXSHUQDPEXFDQRGDJHPDapaixonado por meu Estado e por tudo que nasce nele ou dele provm. Falo

    oxnte, mainha, Ricifi e cumpadre, como todo bom e autntico

    pernambucano. Tenho muito orgulho de dizer que pertencem minha terra

    o Galo da Madrugada, a praia de Porto de Galinhas, o frevo que s

    cantado l, Olinda, Petrolina, Capiba, Lampio, Luiz Gonzaga e tantos outros

    cones que identificam Pernambuco em qualquer lugar do nosso imenso

    %UD]LO]mR &RQWR 32 anos de idade e sou Engenheiro Eltrico de Telecomunicaes, formado pela Escola Politcnica da Universidade de

    Pernambuco, tendo concludo o curso no fim do ano de 2006.

    Apesar de ser formado em Engenharia, nunca cheguei a exercer a profisso,

    nem mesmo como estagirio. O motivo simples: virei concurseiro ainda no

    6 perodo da faculdade, em 2004. Estava muito longe para desistir e

    FRPHoDU XP FXUVR PHQRU H PHQRV GLItFLO HQWmR D VROXomR IRL DFDEDU Rque eu j fazia e conseguir meu diploma. Desde ento, vivi quase que

    apenas para os concursos. E no me arrependi um s segundo disso.

    Felizmente tomei a deciso e o rumo certo para a minha vida. Sempre digo

    que engenharia muito bonita, desafiadora, mas nunca seria feliz como

    engenheiro. Parabns aos que a adotaram como profisso!

    &RPRKDYLDGLWRFRPHFHLPLQKDFDUUHLUDGHFRQFXUVHLURHPFRPRconcurso do MPU. Desde ento fiz concurso para os mais variados cargos e

    rgos, como, por exemplo, INCRA, ANTT, UFPE, ANTAQ, AFTM-Natal,

    AFTM-Teresina, DNIT, SERPRO, MP-PE, TJ-PE, TRE-PB, IBGE, MPU

    (novamente), Petrobras, STN, CGU, MDIC, MTE e finalmente para a RFB. Sei

    que essa lista poderia ter mais rgos, mas no consegui lembrar todos

    eles. E certamente ainda existem muitos outros. -

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    Consegui ser aprovado pela primeira vez e exercer o cargo apenas em

    2006, como Tcnico em Redes, do SERPRO. Ainda em 2006, fui aprovado

    para o cargo de Tcnico Ministerial Administrativo, do Ministrio Pblico de Pernambuco, ficando no rgo at o inicio de 2009, quando fui novamente

    aprovado em outro concurso pblico. Dessa vez, para o cargo de Analista de

    Comrcio Exterior (ACE), do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e

    Comrcio Exterior (MDIC), deixando minha querida e bela Recife e indo

    morar em Braslia, a capital de todos os brasileiros. Fui aprovado tambm

    para os cargos de Tcnico em Infra-estrutura de Transportes Terrestres, da

    ANTT; Analista, da Petrobras; e Auditor Fiscal de Tributos Municipais, da

    Prefeitura de Natal, mas no cheguei a assumir em nenhum deles.

    Atualmente exero o cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil

    (AFRFB), tendo sido aprovado no ltimo concurso realizado em 2009, na

    posio 245. Estou lotado atualmente na Delegacia da Receita Federal em

    Feira de Santana, no belssimo Estado da Bahia.

    Posso dizer, sem receio, que hoje sou realizado profissionalmente e

    bastante satisfeito com meu trabalho e por ser servidor pblico, ainda mais

    de um rgo to vital para o meu pas e para os brasileiros. Sei que esse

    ser o sentimento a ser percebido por todos vocs, amigos e alunos, ao se

    tornarem servidores federais, em breve.

    Ao passar para AFRFB, consegui, em trs anos, alcanar meu objetivo

    traado em janeiro de 2007, quando acabei a faculdade definitivamente e

    decidi estudar exclusivamente para a Receita Federal. Deixei de lado a

    WiWLFD ID]HU WRGRVTXHDEULUHP4XDQGR UHVROYL HVWXGDU DSHQDVSDUD um concurso, estabelecendo foco e disciplina, comecei a ser aprovado, trocando

    R TXDVH SHOR DWp TXH HQILP &RP LVVR ganhei tranquilidade e estabilidade para seguir o caminho que levaria at a to sonhada vaga no

    cargo de AFRFB.

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    Assim, deixo minha experincia como concurseiro de longas datas,

    aconselhando a todos estabelecer um foco, acreditarem que vai d certo e

    estudar. Estudar muito! Grandes conquistas exigem grandes preos. E

    tenho certeza que ao final da empreitada, tudo valer a pena! Assim como

    valeu para mim. Todo centavo ou minuto investido retornar. E com a

    diferena de ter uma bela quantia no contracheque todo ms.

    Feitos os esclarecimentos, vamos aula! Bons estudos! Grande abrao e

    tudo de bom!

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    Competncia Tributria

    Nessa aula demonstrativa estudaremos os seguintes tpicos relativos

    competncia tributria dos Entes Federativos previstos na Constituio

    Federal de 1988:

    Definio;

    Competncia Legislativa e sua classificao;

    Caractersticas da Competncia tributria;

    Classificao da Competncia Tributria;

    %LWULEXWDomRH%LVLQLGHP; Competncia Exclusiva do Presidente da Repblica em matria

    tributria.

    Definio

    A competncia tributria pode ser definida como o poder conferido pela

    Constituio Federal de 1988 (CF/88) Unio, aos Estados, ao Distrito

    Federal e aos Municpios (e somente estes entes federativos, tambm

    conhecidos como pessoas polticas) para que instituam os tributos nela

    previstos, atendendo ao processo legislativo contido no texto constitucional.

    Ou seja, somente estes quatro entes possuem o poder de instituir,

    legislar, fiscalizar e cobrar tributos, uma vez que possuem a titularidade plena

    conferida pela Carta de 1988. Somente eles possuem a competncia

    legislativa, gnero ao qual pertence a competncia tributria.

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    Os territrios, ainda pertencentes Unio, no possuem competncia

    tributria, j que so apenas entes administrativos, e no entes polticos.

    Atualmente, no h nenhum territrio federal, existindo apenas territrios

    estaduais, como Fernando de Noronha, pertencente ao Estado de

    Pernambuco. Guarde bem: os territrios no possuem competncia tributria!

    Do mesmo modo que os territrios, tambm no possuem competncia

    tributria outras pessoas jurdicas alm dos entes polticos. Logo, inexiste

    atribuio de competncia tributria a autarquias, empresas pblicas,

    sociedades de economia mista e fundaes pblicas.

    Cada Ente Federativo, em razo da competncia tributria a ele conferida,

    poder instituir os tributos expressamente outorgados no texto constitucional,

    possuindo cada um deles poderes exclusivos (sendo, assim, indelegvel

    a funo de instituir e legislar sobre tributos), no podendo, exceto nos

    casos expressamente previstos na CF/88, serem invadidos pela competncia

    tributria atribuda a outro Ente.

    Se um ente competente para instituir um tributo, ele competente tambm

    para isentar, fiscalizar, arrecadar, conceder remisses, parcelamentos, entre

    outros institutos. Cada um no seu quadrado, Virgulino! Se o IPVA, um dos

    impostos estaduais, foi conferido ao Estado do Piau, somente esse ente pode

    legislar sobre ele, e nos pontos que entender necessrio. Claro, sem ir de

    encontro ao que prev os ditames estabelecidos na CF/88.

    Ao definir a competncia tributria, a CF/88 delimitou o campo de incidncia

    de cada tributo a ser criado pelos entes federativos, impedindo a invaso da

    competncia de um ente pelos demais, como comentei. a velha histria:

    dentro do seu quadrado, faa o que quiser e at a onde a CF/88 deixar. S

    no venha mexer no espao do outro, por favor. Vamos em frente!

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    Um ponto muito importante que costuma pegar candidatos

    menos desatentos e bastante cobrado em provas: a CF/88 NO

    CRIA NENHUM TRIBUTO, APENAS OUTORGA COMPETNCIA

    PARA QUE CADA ENTE, POR MEIO DE SUAS PRPRIAS LEIS

    INTERNAS, CRIEM OS TRIBUTOS PREVISTOS EXCLUSIVAMENTE

    EM SUA COMPETNCIA TRIBUTRIA CONSTITUCIONAL.

    A competncia tributria , assim, a aptido privativa constitucionalmente

    conferida para criar tributos, decorrendo diretamente do princpio do

    federalismo, em que cada ente possui competncias que lhes so prprias.

    Somente o ente competente para criar ou instituir determinado tributo por

    meio de sua legislao interna tambm competente para editar normativos

    regulando o tributo, ressalvados os casos previstos na prpria CF/88, como,

    por exemplo, a definio de normas gerais sobre os tributos, a serem

    editadas pela Unio por meio de lei complementar (artigo 146, III, da CF/88).

    Essa previso ser vista mais adiante no curso.

    Vou falar mais uma vez para voc nem ousar ser pego em uma questo de

    prova por ai: a CF/88 no cria qualquer tributo! Ela tambm no regula

    nenhum deles, nem mesmo os da Unio. No estabelece alquotas, nem

    contribuintes, nem fatos geradores, nada! Ela apenas confere (outorga)

    competncia tributria a cada um dos entes polticos!

    Por sua vez, a competncia tributria est DIRETAMENTE RELACIONADA

    COMPETNCIA LEGISLATIVA, QUAL SEJA, O PODER DE EDITAR LEIS.

    Todo e qualquer tributo deve ser criado por meio de lei ou instrumento

    normativo que faa as vezes de lei, tendo a mesma fora normativa desta.

    Assim, a competncia est relacionada a uma caracterstica de natureza

    poltica, uma vez que existe o poder de editar leis definidoras do tributo.

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    Por fim, temos que a destinao legal a ser dada ao produto da

    arrecadao tributria no altera, em nenhuma hiptese, a

    competncia tributria atribuda a um ente poltico. Expliquemos

    melhor.

    A CF/88, em seus artigos 157 a 159, definiu a repartio das competncias

    tributrias, dispondo que o produto da arrecadao dos entes maiores seja

    distribudo com os entes menores. Assim, por exemplo, temos que o produto

    total da arrecadao do imposto sobre a renda (IR) pago pelos servidores

    pblicos estaduais e municipais ser destinado aos cofres estaduais ou

    municipais, respectivamente, no cabendo nenhum centavo sequer Unio,

    ainda que sendo este um imposto previsto em sua competncia tributria.

    Ainda que diante dessa situao, toda e qualquer regulao legal de matria

    relativa ao IR ser de competncia tributria exclusiva da Unio, nada sendo

    WRPDGRSHORVGHPDLVHQWHV Assim, a competncia tributria independe da forma como se dar a

    repartio da respectiva receita do tributo.

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    Competncia Legislativa e sua Classificao

    A competncia tributria est diretamente relacionada competncia

    legislativa do Ente ao qual a CF/88 outorgou poderes para instituir os tributos

    nela previstos.

    A competncia legislativa abrange, entre outras competncias, a competncia

    tributria, uma vez que somente por meio de lei em sentido estrito que

    podero ser CRIADOS os tributos, tendo em vista o princpio da legalidade, a

    ser visto em aula posterior do nosso curso. Esse princpio, quanto criao

    ou extino de tributos, no comporta excees.

    Veja o que nos diz o artigo 6 do CTN, caro aluno:

    $UW A atribuio constitucional de competncia tributria compreende a competncia legislativa plena,

    ressalvadas as limitaes contidas na Constituio

    Federal, nas Constituies dos Estados e nas Leis Orgnicas

    do Distrito Federal e dos Municpios, e observado o disposto

    nesta Lei.

    Pargrafo nico. Os tributos cuja receita seja distribuda, no

    todo ou em parte, a outras pessoas jurdicas de direito pblico

    pertencer competncia legislativa daquela a que tenham

    VLGRDWULEXtGRV*ULIRVQRVVR Antes de prosseguirmos, vamos ver o que dispe o pargrafo nico do artigo

    6, transcrito acima. Esse pargrafo nos diz que, mesmo que determinada

    receita tributria obtida por meio da arrecadao de determinado tributo seja

    repartida com outro ente poltico, em nada ser alterada a competncia

    tributria.

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    Por exemplo, o artigo 157, III, da CF/88 nos diz que pertencem aos

    municpios cinquenta por cento do produto da arrecadao do imposto do

    Estado sobre a propriedade de veculos automotores licenciados em seus

    territrios. Embora essa receita seja repartida com os Municpios, a

    competncia tributria para a instituio e cobrana do IPVA sempre

    pertencer os Estados e ao Distrito Federal. Nada transferido ao Municpio

    que receber parcela da arrecadao do IPVA.

    Visto isso, vamos em frente com o nosso assunto!

    Observao importante relativa competncia legislativa, contudo, deve ser

    feita. A competncia legislativa bem mais ampla do que a competncia

    tributria, uma vez que esta est relacionada ao poder de instituir tributos,

    enquanto aquela, ao de editar leis em todas as matrias em que o ente

    detm o poder de legislar, inclusive o relativo ao direito tributrio.

    A competncia para legislar sobre direito tributrio genrica, sendo

    prevista no artigo 24 da CF/88, podendo dispor sobre a instituio de

    tributos, obrigaes acessrias, isenes tributrias, regimes diferenciados de

    tributao, entre outros. Enquanto isso, a competncia tributria para

    instituir tributos especfica, relacionada apenas a esse poder, e

    conferida de maneira exclusiva aos entes polticos da nossa federao, dentro

    dos campos de incidncia de cada tributo previsto na CF/88.

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    Separe bem os conceitos, caro aluno. A competncia para legislar sobre

    direito tributrio diferente da competncia tributria. Enquanto o

    primeiro se traduz na possibilidade de os entes polticos editarem leis que

    regulam tributos e relaes jurdicas a eles relativas, a competncia tributria

    se refere ao poder de instituir tributos previstos na CF/88, e outorgados

    exclusiva e expressamente a cada um dos entes polticos da nossa federao.

    O artigo 24 da CF/88 nos diz o seguinte:

    $UWCompete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

    I - direito tributrio, financeiro, penitencirio, econmico e

    XUEDQtVWLFR*ULIRVQRVVR Veja que a competncia legislativa concorrente, sendo (ou podendo ser)

    exercida por todos os Entes polticos, inclusive os Municpios, que no so

    citados expressamente no texto do artigo 24. Os Municpios, quanto ao poder

    de legislar sobre assuntos tributrios, tem sua competncia legislativa

    tributria prevista no artigo 30, III, da CF/88.

    $UW&RPSHWHDRV0XQLFtSLRV (...)

    III - instituir e arrecadar os tributos de sua competncia,

    bem como aplicar suas rendas, sem prejuzo da

    obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos

    SUD]RVIL[DGRVHPOHL Por sua vez, cada ente ir legislao sobre os tributos presentes em sua

    competncia tributria. Por sua vez, a competncia tributria somente pode

    ser exercida por aquele expressamente determinado na CF/88.

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    (ESAF/SEFAZ-MG/Auditor Fiscal da Receita Estadual/2005) Sobre a

    competncia para legislar sobre Direito Tributrio, assinale a opo correta.

    a) Somente a Unio pode legislar a respeito.

    b) O Estado pode legislar a respeito, mas estar sujeito s regras gerais que

    a Unio expedir sobre a matria em lei federal.

    c) Nessa matria, o Estado goza de competncia legislativa exclusiva.

    d) Tanto o Estado como a Unio podem legislar livremente a respeito, mas,

    em caso de conflito entre as disposies normativas, prevalecer

    invariavelmente a legislao federal.

    e) A competncia para legislar, no caso, concorrente, sendo que somente a

    Unio pode legislar sobre normas gerais, estando vedada a legislao

    suplementar por parte do Estado.

    Alternativa a) Incorreta. A competncia legislativa para legislar sobre

    direito tributrio concorrente, dispondo que todos os entes polticos,

    respeitando os limites impostos na CF/88, podem legislar sobre a matria.

    Unio cabe apenas a definio de normas gerais, as quais podero vir a ser

    institudas pelos Estados e pelo DF caso esta no exera a sua competncia

    constitucionalmente prevista.

    Alternativa b) Correta. A edio de normas gerais pela Unio deve ser

    realizada por meio de lei complementar expedida por esse ente poltico,

    conforme nos diz o artigo 146, III, da CF/88, a ser visto em aula posterior.

    3RUpPXPHUURTXHSRGHULDWHUVLGRVHQWLGRSHORFDQGLGDWRpRGHTXHQHPsempre os Estados esto sujeitos ao que determinam as leis de normas

    gerais da Unio, uma vez que esta, em alguns casos, pode no chegar a

    editar a referida lei, o que no impedir o Estado ou o DF de editar leis

    prprias para regular o tema no mbito do seu territrio, conforme nos diz o

    artigo 24, 3. Entretanto, a questo, sob certo ponto de vista, correto.

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    $UW&RPSHWHj8QLmRDRV(VWDGRV e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

    (...)

    1 - No mbito da legislao concorrente, a

    competncia da Unio limitar-se- a estabelecer

    normas gerais.

    2 - A competncia da Unio para legislar sobre normas

    gerais no exclui a competncia suplementar dos Estados.

    3 - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados

    exercero a competncia legislativa plena, para atender a

    suas peculiaridades.

    4 - A supervenincia de lei federal sobre normas gerais

    suspende a eficcia da lei HVWDGXDOQRTXHOKHIRUFRQWUiULR Alternativa c) Incorreta. Nenhum ente goza de competncia legislativa

    exclusiva em matria de direito tributrio. Entretanto, quanto a alguns temas

    desse ramo do direito, como a instituio de emprstimos compulsrios pela

    Unio, h sim competncias legislativas exclusivas, diferente da competncia

    exclusiva em matria de direito tributrio.

    Alternativa d) Incorreta. No existe hierarquia entre leis federais,

    estaduais e municipais, sendo cada uma autnoma na matria ao qual esto

    afetas. A hierarquia no se verificada nem mesmo entre leis ordinrias e

    complementares, que se diferenciam apenas em razo da matria que

    regulam (aspecto material) e no quorum de aprovao (aspecto formal).

    Logo, eventual conflito de competncia, caso no sanado, dever ser levado

    apreciao do STJ, guardio das leis do nosso ordenamento jurdico.

    Alternativa e) Incorreta. Ainda que existindo lei de normas gerais, os

    Estados podero livremente editar leis para suplementar a legislao federal

    e atender s suas peculiaridades, conforme o artigo 24, 2.

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    Antes de prosseguirmos com os pargrafos do artigo 24, temos que estudar,

    sucintamente, as classificaes da competncia legislativa, que poder ser:

    a) EXCLUSIVA;

    b) PRIVATIVA;

    c) CONCORRENTE;

    d) SUPLEMENTAR;

    e) COMUM;

    f) RESIDUAL; ou

    g) LOCAL.

    A competncia exclusiva aquela que somente pode ser exercida por um

    ente especfico determinado na CF/88, impossibilitando qualquer tipo de

    delegao para outro ente, bem como tambm a impossibilidade de edio de

    legislao suplementar. Com a competncia exclusiva, todos os demais entes

    ao qual esta no foi conferida ficam excludos do poder de legislar sobre

    determinado assunto.

    Esses casos esto previstos, por exemplo, no artigo 21 da Carta Federal, que

    confere Unio o poder, dentre outros, de emitir moeda e administrar as

    reservas cambiais do pas, no podendo essas atribuies ser delegadas pela

    Unio a outros entes polticos.

    $UW&RPSHWHj8QLmR VII - emitir moeda;

    VIII - administrar as reservas cambiais do Pas e fiscalizar as

    operaes de natureza financeira, especialmente as de

    crdito, cmbio e capitalizao, bem como as de seguros e de

    SUHYLGrQFLDSULYDGD

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    A competncia privativa aquela conferida apenas a um Ente poltico, mas

    que pode vir a ser delegada ou suplementada pelos demais, sendo uma

    amenizao da competncia exclusiva. Como exemplo, temos o artigo 22 da

    CF/88, dispondo que compete Unio legislar sobre seguridade social,

    podendo lei complementar federal autorizar os Estados e o Distrito federal (e

    apenas estes) a legislar sobre questes especficas quanto s matrias

    relativas seguridade social.

    $UW&RPSHWHSULYDWLYDPHQWHj8QLmROHJLVODUVREUH I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,

    agrrio, martimo, aeronutico, espacial e do trabalho; (...)

    XXIII - VHJXULGDGHVRFLDO A competncia concorrente se refere possibilidade de mais de um Ente

    poltico legislar sobre o mesmo assunto, podendo a edio de leis a ele

    relativa ser realizada ao mesmo tempo e com a mesma fora legislativa

    quanto aos seus subordinados. Um exemplo dessa competncia a relativa

    ao direito tributrio, contida no artigo 24, I, da CF/88.

    $UW&RPSHWHj8QLmRDRV(VWDGRVHDR Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

    (...)

    I - direito tributrio, financeiro, penitencirio, econmico e

    urbanstico;

    (...)

    IV - FXVWDVGRVVHUYLoRVIRUHQVHV ( p WmR EDJXQoDGR DVVLP SURIHVVRU" 9LUJXOLQR SRU IDYRU H[SOLTXH LVVR DL melhor. s chegar e legislar sobre o que der na telha, desde que esteja

    QHVVHWDOGHDUWLJR"

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    Todos os entes podem legislar sobre direito tributrio, genericamente falando.

    O que no pode a Unio e o Estado do Piau, por exemplo, legislar sobre

    uma iseno relativa ao Imposto de renda, um dos impostos previstos na

    competncia tributria da Unio, e que veremos na aula 12. Cada macaco

    comendo banana que d no seu galho, por favor!

    Por sua vez, como veremos adiante aos estudarmos os 1 a 4 do artigo

    24, a competncia da Unio, em matria de legislao concorrente, ficar

    limitada a edio de normais gerais, no excluindo a competncia

    suplementar dos Estados. Espere um pouco apenas. Vamos ver agora essa tal

    competncia suplementar.

    A competncia suplementar relativa possibilidade dos Estados e do

    Distrito Federal editarem normas que detalhem as normas gerais editadas

    pela Unio, bem como preenchendo as ausncias normativas desta, conforme

    preveem os 2 e 3 do artigo 24 da CF/88, a serem vistos logo adiante.

    Alm da competncia suplementar dos Estados e do DF, temos ainda o que

    consta no artigo 30 da CF/88, mais especificamente em seu inciso II,

    atribuindo aos Municpios o poder de suplementar a legislao federal e a dos

    Estados nas matrias que especfica:

    $UW&RPSHWHDRV0XQLFtSLRV I - legislar sobre assuntos de interesse local;

    II - suplementar a legislao federal e a estadual no que

    couber;

    III - instituir e arrecadar os tributos de sua competncia, bem

    como aplicar suas rendas, sem prejuzo da obrigatoriedade de

    prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em

    OHL*ULIRVQRVVR

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    Ou seja, com exceo da Unio, que edita as normas gerais, todos os demais

    entes polticos possuem competncia suplementar. So eles que iro dispor

    sobre aquilo que a lei federal no dispuser, e desde que no ultrapassem os

    limites por esta estabelecidos.

    A competncia local a contida no inciso I do artigo 30 acima, prevista

    para os Municpios e para o Distrito Federal (no exerccio de sua competncia

    municipal). Cabe apenas a esses entes dispor sobre os assuntos de interesse

    local, como abertura e fechamento do comrcio, leis de postura municipal,

    entre outras. Como exemplo, veja o que nos diz a Smula 645 do STF:

    e FRPSHWHQWH R PXQLFtSLR SDUD IL[DU R KRUiULR GHIXQFLRQDPHQWRGHHVWDEHOHFLPHQWRFRPHUFLDO

    Por fim, temos a competncia residual ou implcita, conferida aos Estados

    e ao Distrito Federal (este, no exerccio de sua competncia estadual),

    prevista no artigo 25, 1, da CF/88:

    $UW 1 - So reservadas aos Estados as competncias que no

    OKHVVHMDPYHGDGDVSRUHVWD&RQVWLWXLomR Assim, tudo o que no for expressamente previsto como de competncia da

    Unio ou dos Municpios, ser dos Estados, podendo ser livremente exercidas

    por esses entes polticos, atendidas as limitaes da CF/88.

    Vamos finalmente ao artigo 24? Ele muito importante para o estudo do

    tema dessa aula de hoje. Aprenda com cuidado, muito embora esse tema

    seja visto tambm em direito constitucional. Caso j tenha visto, basta pular

    para o prximo item da aula, que relativo s caractersticas da competncia

    tributria. Vamos em frente!

    Quanto ao artigo 24, temos o que nos dizem seus 1 a 4:

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    - No mbito da legislao concorrente, a competncia da Unio limitar-se- a estabelecer normas gerais.

    2 - A competncia da Unio para legislar sobre normas

    gerais no exclui a competncia suplementar dos Estados.

    3 - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados

    exercero a competncia legislativa plena, para atender a suas

    peculiaridades.

    4 - A supervenincia de lei federal sobre normas gerais

    VXVSHQGHDHILFiFLDGDOHLHVWDGXDOQRTXHOKHIRUFRQWUiULR O 1 j foi estudado por ns, prevendo a competncia da Unio quanto

    competncia concorrente (no confunda com outra espcie), que ser

    limitada a apenas estabelecer normas gerais. Essa competncia a que

    ocorre, por exemplo, quanto ao ISS, quando a Unio editou a lei

    complementar n 116, de 2003, dispondo sobre as normas gerais relativas ao

    imposto e de observncia obrigatria por todos os Municpios e pelo Distrito

    Federal ao editarem suas leis internas relativas ao imposto.

    Cabe lei de normas gerais tributrias, a ser editada pela Unio, entre outros

    temas, e relativamente aos impostos, definir a base de clculo, os

    contribuintes e os fatos geradores. Assim, atente bem: no ser a lei de

    normais gerais que fixar as alquotas do(s) imposto(s) nela regulado(s), mas

    sim as leis internas de cada ente competente para instituir o tributo

    respectivo. De onde tirei isso? Do artigo 146, III, da CF/88. Veja a sua

    redao, que contempla ainda outros temas:

    $UW Cabe lei complementar: (...) III - estabelecer normas gerais em matria de legislao

    tributria, especialmente sobre:

    a) definio de tributos e de suas espcies, bem como, em

    relao aos impostos discriminados nesta Constituio, a

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    dos respectivos fatos geradores, bases de clculo e

    contribuintes;

    b) obrigao, lanamento, crdito, prescrio e decadncia

    tributrios;

    c) adequado tratamento tributrio ao ato cooperativo

    praticado pelas sociedades cooperativas.

    d) definio de tratamento diferenciado e favorecido para as

    microempresas e para as empresas de pequeno porte,

    inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do

    imposto previsto no art. 155, II, das contribuies previstas

    no art. 195, I e 12 e 13, e da contribuio a que se

    refere o art. 239

    Como tambm vimos, a competncia suplementar dos Estados no pode ser

    afastada pela competncia da Unio para legislar sobre normas gerais.

    Quanto ao ISS, novamente, o Distrito Federal, por exemplo, livre para

    estabelecer regras suplementares s previstas na LC n 116/03, inclusive

    suprindo eventuais lacunas deixadas pela lei federal. O que no pode inovar

    ou criar disposies diferentes das previstas na lei de normas gerais.

    Se a lei complementar diz que apenas determinadas situaes do origem

    possibilidade de cobrana do ISS, o Municpio no poder estipular outras no

    previstas na norma geral. Tambm, se a lei complementar determinou que

    apenas o prestado do servio a pessoa eleita para pagar o imposto

    (contribuinte), no poder a lei ampliar essa possibilidade pessoas

    diferentes.

    Por outro lado, havendo lacunas na lei de normas gerais editadas pela Unio,

    cabe aos Estados e a o Distrito Federal suplementar a lei federal para atender

    s suas peculiaridades. Essa a previso do 2.

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    A previso do 3, por sua vez, muito importante, uma vez que confere

    atribuies maiores aos Estados e ao Distrito Federal. Caso determinado

    assunto que deveria ser regulamentado por lei de normas gerais da Unio no

    venha a ser tratado, a competncia dos Estados e do Distrito Federal, antes

    suplementar, passa a ser plena, uma vez que inexistiro normas gerais

    nacionais.

    Veja o que decidiu o STF em seu RE 607546 AgR/PR, de 23 de agosto de

    2011:

    $QWH D RPLVVmR GR OHJLVODGRU IHGHUDO HP HVWDEHOHFHU DVnormas gerais pertinentes ao imposto sobre a doao de bens

    mveis, os Estados-membros podem fazer uso de sua

    competncia legislativa plena com fulcro no art. 24, 3, da

    &RQVWLWXLomRHDUWGR$'&7 Observe ainda o AI 167.777 AgR/SP, de 04 de maro de 1997; e a ADI

    2.355/PR, de 19 de junho de 2002, respectivamente:

    0RVWUD-se constitucional a disciplina do Imposto sobre Propriedade de Veculos Automotores mediante norma local.

    Deixando a Unio de editar normas gerais, exerce a unidade

    da federao a competncia legislativa plena - 3 do artigo

    24, do corpo permanente da Carta de 1988 -, sendo que, com

    a entrada em vigor do sistema tributrio nacional, abriu-se

    Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios, a via

    da edio de leis necessrias respectiva aplicao - 3 do

    artigo 34 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias

    GD&DUWDGH /HL HVWDGXDO TXH GHWHUPLQD TXH RV PXQLFtSLRV GHYHUmRaplicar, diretamente, nas reas indgenas localizadas em seus

    respectivos territrios, parcela (50%) do ICMS a eles

    distribuda - transgresso clusula constitucional da no-

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    afetao da receita oriunda de impostos (cf, art. 167, iv) e ao

    postulado da autonomia municipal (cf, art. 30, iii) - vedao

    constitucional que impede, ressalvadas as excees previstas

    na prpria constituio, a vinculao, a rgo, fundo ou

    despesa, do produto da arrecadao de impostos -

    inviabilidade de o estado-membro impor, ao municpio, a

    destinao de recursos e rendas que a este pertencem por

    direito prprio - ingerncia estadual indevida em tema de

    H[FOXVLYRLQWHUHVVHGRPXQLFtSLR Por sua vez, a Smula STF 69 nos diz que:

    $ FRQVWLWXLomR HVWDGXDO QmR SRGH HVWDEHOHFHU OLPLWH SDUD RDXPHQWRGHWULEXWRVPXQLFLSDLV

    Observe, por fim, que a edio de normas pelos Estados e pelo Distrito

    Federal, na falta de normas gerais da Unio, ser apenas para atender s

    suas peculiaridades, e no para impor algo aos demais Entes. A lei do IPVA

    do Piau, por exemplo, ser vlida apenas para o territrio do Estado, ainda

    que dispondo sobre todos os elementos do tributo, j que, at o momento,

    no h lei de normais gerais editada pela Unio. Essa lei, contudo, no pode

    ser aplicada, regra geral, ao Estado da Paraba, por exemplo (poderia se

    houvesse a celebrao de acordo prevendo a extraterritorialidade da lei

    piauiense no territrio do Estado da Paraba, o que no o caso).

    Por fim, temos a supervenincia de lei federal quando j existente lei estadual

    ou distrital. A lei federal, ao sobrevir, ir SUSPENDER A EFICCIA da lei

    estadual ou distrital no que lhe for contrria. Os dispositivos no conflitantes

    com a lei federal permanecero em vigor, paralelamente a esta. Sendo

    revogada a lei federal, a lei estadual ou distrital volta a ter fora normativa

    novamente. Atente bem: a lei federal no ir revogar a lei estadual, uma vez

    que no h hierarquia entre leis federais e estaduais. H APENAS A

    SUSPENSO DOS EFEITOS DA LEI ESTADUAL ENQUANTO PERDURAR NO

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    TEMPO A LEI FEDERAL. Veja uma questo para fixar bem o tema que

    acabamos de visualizar.

    (FCC/Auditor Fiscal/2010) Em matria de competncia para a instituio

    de impostos, correto afirmar-se que:

    a) os Municpios dos Territrios Federais so competentes para instituir seus

    prprios impostos, tal como nos Estados.

    b) nos Territrios Federais compete aos Estados dos quais foram

    desmembrados a instituio dos impostos estaduais.

    c) compete aos Territrios Federais a instituio de seus impostos, tanto

    estaduais quanto municipais.

    d) os Estados podem instituir impostos extraordinrios e temporrios, com

    arrecadao vinculada a fins especficos.

    e) os Municpios podem instituir novos impostos, alm daqueles

    expressamente previstos na Constituio Federal.

    Alternativa a) Correta. Os territrios federais no possuem autonomia

    poltica nem financeira, no sendo um dos entes polticos presentes na

    constituio da nossa federao. Assim, no podem instituir tributos,

    cabendo esse papel Unio, e desde que o territrio no seja dividido em

    municpios, diante do qual resta afastada a competncia tributria da mesma

    quanto instituio desses tributos. Por sua vez, os municpios presentes

    nos territrios federais possuem total autonomia, assim como os demais

    municpios presentes nos Estados, quanto instituio e cobrana dos

    impostos de competncia municipal.

    Alternativa b) Incorreta. Nos territrios federais, esse papel cabe Unio,

    uma vez que o territrio no possui competncia para a instituio de

    tributos estaduais nem municipais.

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    Alternativa c) Incorreta. Em nenhum caso ser competncia dos

    territrios federais a instituio de tributos. Esse papel caber

    exclusivamente Unio, caso o territrio no seja dividido em municpios.

    Caso sim, caber a cada municpio a instituio dos tributos municipais e

    Unio apenas os estaduais.

    Alternativa d) Incorreta. Cabe apenas Unio a instituio de impostos

    extraordinrios, e mesmo assim apenas em casos de guerra externa,

    iminente ou declarada, conforme o artigo 154, II, da CF/88. No h a

    previso de impostos temporrios no nosso atual ordenamento jurdico.

    Alternativa e) Incorreta. Somente a Unio possui competncia residual

    quanto a criao de impostos e contribuies. Esse tema ser visto mais

    adiante em nosso curso.

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    Caractersticas da Competncia Tributria

    A competncia tributria possui caractersticas muito importantes e que

    devem ser bem memorizadas por voc, caro aluno. De acordo com a melhor

    doutrina, e conforme o que solicitado em provas de direito tributrio, a

    competncia tributria pode ser classificada como:

    Indelegvel;

    Imprescritvel;

    Facultativa;

    Irrenuncivel;

    Inaltervel.

    Vamos a cada uma delas:

    Indelegvel a competncia atribuda pela CF/88, e somente por esta, no pode ser transferida a nenhum outro Ente federativo, seja por

    qual for o meio ou acordo. Uma vez atribuda a competncia tributria

    aos Municpios para a instituio, por exemplo, do Imposto sobre

    Operaes de Qualquer Natureza - ISS (Artigo 156, III, da CF/88),

    somente o Municpio poder institu-lo (ou no, caso no queira), no

    SRGHQGRD8QLmRHRV(VWDGRVHR')IXUWDUDFRPSHWrQFLDPXQLFLSDO, muito embora o DF tambm possua a competncia para a instituio do

    ISS.

    Por sua vez, a caracterstica da indelegabilidade nada tem a ver

    com a possibilidade de atribuio das funes de arrecadar ou

    fiscalizar tributos, ou de executar leis, servios, atos ou decises

    administrativas em matria tributria, do ente competente para a

    instituio do tributo para outra pessoa jurdica de direito pblico.

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    As funes de arrecadar e fiscalizar tributos esto compreendidos na

    chamada capacidade tributria ativa, a qual oriunda da competncia

    tributria. A capacidade tributria ser estudada com mais detalhes em aula

    posterior.

    Observe que tudo aquilo que est presente na capacidade tributria ativa est

    presente tambm dentro da competncia tributria. Desse modo, todo ente

    que possui a competncia tributria, possui tambm a capacidade tributria

    ativa. O contrrio, como veremos mais adiante, nem sempre possvel, j

    que uma pessoa jurdica de direito pblico pode ter a capacidade tributria

    ativa sem necessariamente ter a competncia tributria.

    Determinado ente federativo municipal (o Municpio de So Paulo, por

    exemplo) poder instituir o imposto sobre a propriedade predial e territorial

    urbana (IPTU), definir os elementos que definem e caracterizam o tributo,

    proceder sua fiscalizao e, por consequncia, sua arrecadao. Se ele

    institui, ele tambm possui a competncia tributria para arrecadar e

    fiscalizar, bem como de executar leis, atos, servios ou decises

    administrativas em matria tributria relativa a esse tributo. O mesmo vale

    para os demais tributos previstos na sua competncia tributria.

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    Porm, nada impede que o determinado ente atribua, a outra pessoa jurdica

    de direito pblico, as funes descritas acima, EXCETO A DE INSTITUIR

    O TRIBUTO, que, como vimos, indelegvel.

    3R[D SURIHVVRU 0DV R VHQKRU DFDERX GH GL]HU TXH XP HQWH Qmo pode instituir tributo pertencente competncia tributria de outro ente, mas pode

    ID]HUWXGRPDLVUHODWLYRDRWULEXWR$VVLPILFDGLItFLOHQWHQGHU , caro aluno. Mas isso mesmo. Exceto quanto funo de instituir tributos,

    todas as demais funes podem ser delegadas a OUTRO ENTE DE DIREITO

    PBLICO. Atente bem. Tudo isso no foi eu que inventei, est tudo no CTN.

    Veja:

    $UW $ FRPSHWrQFLD WULEXWiULD p LQGHOHJiYHO VDOYRatribuio das funes de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou

    de executar leis, servios, atos ou decises administrativas

    em matria tributria, conferida por uma pessoa jurdica de

    direito pblico a outra, nos termos do 3 do artigo 18 da

    &RQVWLWXLomR A competncia tributria permaneceu intocvel, como determina a CF/88.

    Tudo o mais pertence capacidade tributria ativa, essa, sim, DELEGVEL.

    Mais uma vez repito: a capacidade tributria se refere, como falamos

    anteriormente, ao poder de arrecadar, fiscalizar e cobrar tributos, bem como

    ao de executar leis, servios, atos ou decises administrativas em relao

    exao tributria, podendo ser exercida pelo ente que institui o tributo ou por

    outras pessoas jurdicas de direito pblico, desde que por delegao. o que

    chamamos de capacidade tributria ativa, estando relacionada natureza

    administrativa.

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    Veja essas duas assertivas sobre o tema que acabamos de ver. Elas falam

    sobre a possibilidade de delegao de competncia a outros entes.

    (ESAF/RFB/AFRFB/2005) A competncia tributria indelegvel,

    salvo atribuio das funes de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de

    executar leis, servios, atos ou decises administrativas em matria

    tributria, conferida por uma pessoa jurdica de direito pblico a

    outra.

    Conforme vimos, a delegao relativa CAPACIDADE TRIBUTRIA, E NO

    COMPETNCIA TRIBUTRIA, ESSA, INDELEGVEL. Ainda que o item tivesse

    tratado da capacidade tributria, essa pode compreender outros assuntos, e

    no apenas a funo de arrecadao de tributos, conforme o artigo 7 do

    CTN.

    Assim, resta correta a assertiva apresentada.

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    (CESPE/2011/EBC/Analista - Advocacia) Somente lcita a

    delegao de competncia tributria a pessoa jurdica de direito

    privado se a funo ou encargo referir-se a arrecadao de tributos.

    Vale a mesma explicao dada acima, uma vez que possvel a delegao da

    funo ou encargo de arrecadar os tributos, mas no da competncia

    tributria. Por sua vez, foi bem o legislador ao definir que a competncia

    tributria indelegvel. Assim, resta incorreta a assertiva apresentada.

    Atente bem para um ponto importante: todo ente que possui competncia

    tributria possui tambm a capacidade tributria, mas o inverso nem

    sempre verdadeiro, apenas se estivermos falando da prpria pessoa

    jurdica que instituiu o tributo (aquela que a titular da competncia

    tributria).

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    A atribuio da capacidade tributria, por sua vez, sempre feita por meio de

    lei, razo pelo qual no pode ser feita por outro ato normativo diferente desse

    ou que no faa s vezes deste. Essa atribuio encontra vrios exemplos no

    texto constitucional, os quais veremos quando estivermos estudando a

    capacidade tributria ativa.

    Para ilustrao, segue o que consta no artigo 153, 4, III, da CF/88, relativo

    ao Imposto Territorial Rural (ITR), de competncia da Unio, mas que pode

    vir a ser cobrado e fiscalizado pelos Municpios que assim optarem:

    2LPSRVWRSUHYLVWRQRLQFLVR9,GRFDSXW (ITR): (...)

    III - ser fiscalizado e cobrado pelos Municpios que assim

    optarem, na forma da lei, desde que no implique reduo do

    LPSRVWRRXTXDOTXHURXWUDIRUPDGHUHQ~QFLDILVFDO A Unio o ente que sempre editar as leis e normativos relativos ao

    imposto, no conferindo ao Municpio nenhuma competncia legislativa

    quanto a esse tributo federal. Eventuais questionamentos quanto cobrana

    ou no do ITR, por exemplo, continuaro sob a competncia da Unio. Aos

    Municpios cabe apenas fiscalizar e cobrar, apenas isso, ou seja, possuem

    apenas a capacidade tributria ativa. E a Unio? Possui a competncia

    tributria.

    Um dos tributos da Unio que repartido com os Estados e com os Municpios

    o imposto de renda cobrado na fonte dos respectivos servidores desses

    entes polticos, a quem cabe 100% da arrecadao. Ou seja, o imposto de

    renda devido pelos servidores efetivos do Estado do Piau, por exemplo, ter

    sua arrecadao totalmente destinada aos cofres desse ente poltico,

    conforme previso do artigo 158, I, da CF/88:

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    $UW3HUWHQFHPDRV(VWDGRVHDR'LVWULWR)HGHUDO I - o produto da arrecadao do imposto da Unio sobre

    renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte,

    sobre rendimentos pagos, a qualquer ttulo, por eles, suas

    autarquias e pelas fundaes que institurem e

    PDQWLYHUHP Uma vez que possuem a totalidade do produto da arrecadao, esses entes

    possuiro tambm a capacidade tributria ativa, conferida pela Unio. Essa

    previso est diretamente relacionada ao que determina o 1 do artigo 7

    do CTN:

    $DWULEXLomRFRPSUHHQGHDVJDUDQWLDVHRVSULYLOpJLRVprocessuais que competem pessoa jurdica de direito

    S~EOLFRTXHDFRQIHULU Ou seja, sempre que o ente possuidor da competncia tributria delegar a

    sua capacidade tributria ativa, ele tambm ir conferir ao delegatrio as

    garantias e os privilgios processuais que possui quanto ao tributo. Veja

    ainda o que nos diz a Smula 447 do STJ:

    6~PXOD: Os Estados e o Distrito Federal so partes legtimas na ao

    de restituio de imposto de renda retido na fonte proposta

    SRUVHXVVHUYLGRUHV

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    (FCC/TC-MT/Procurador do Estado/2011) Sobre competncia tributria

    e capacidade tributria ativa, correto afirmar:

    (A) A competncia tributria delegvel por lei.

    (B) A capacidade tributria ativa indica o sujeito ativo da obrigao tributria

    principal.

    (C) O Cdigo Tributrio Nacional fixa as competncias tributrias.

    (D) A capacidade tributria ativa exclusiva do ente poltico definido na

    Constituio Federal.

    (E) Somente o ente poltico competente para instituir o tributo pode ser

    titular da capacidade tributria ativa.

    Alternativa a) Incorreta. A competncia tributria sempre indelegvel,

    somente podendo ser delegada a capacidade tributria ativa, conforme

    determina o artigo 7 do CTN.

    Alternativa b) Correta. Conforme veremos em aula posterior, o sujeito

    ativo da relao tributria o ente competente para exigir o tributo devido,

    que poder ser tanto a prpria pessoa jurdica de direito pblico que instituiu

    o tributo (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios) quanto as demais

    pessoas jurdicas de direito pblico que tenham recebido delegao da

    capacidade tributria ativa. Assim, a capacidade tributria ativa indica o

    sujeito ativo da obrigao tributria principal, que a obrigao de pagar

    tributo ou penalidade pecuniria, conforme o artigo 113, 1, do CTN, a ser

    visto em aula posterior do nosso curso.

    Alternativa c) Incorreta. Quem fixa as competncias tributrias a CF/88

    em seu captulo I do ttulo VI da CF/88 destinado ao Sistema Tributrio

    Nacional, e no o CTN.

    Alternativa d) Incorreta. A competncia tributria que exclusiva das

    pessoas polticas determinadas na CF/88, podendo, por outro lado, a

    capacidade tributria ativa ser delegada a outras pessoas jurdicas de direito

    pblico, conforme o artigo 7 do CTN.

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    Alternativa e) Incorreta. A competncia tributria indelegvel, salvo

    atribuio das funes de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis,

    servios, atos ou decises administrativas em matria tributria, conferida

    por uma pessoa jurdica de direito pblico a outra, conforme o artigo 7 do

    CTN. Logo, outra pessoa jurdica de direito pblico tambm pode ser titular da

    capacidade tributria ativa, alm daquele que possui a competncia

    tributria.

    (VHRHQWHTXHGHOHJRXDFDSDFLGDGHWULEXWiULDDWLYDTXLVHUesta de volta, Virgulino? Tem como reaver? 2XSHUGHXSDUDVHPSUH" Com certeza h como reaver, futuro servidor. E fcil igual a tomar gua de

    coco debaixo de um guarda-sol em Porto de Galinhas. O artigo 7, 2, do

    CTN, diz o seguinte:

    $DWULEXLomRSRGHVHU revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurdica de direito pblico

    que a tenha conferido Na hora que o ente quiser pegar de volta a sua capacidade tributria, s

    editar um ato unilateral e pronto, est devolvida. E nem adianta aquele que

    recebeu chorar nada. O ATO UNILATERAL, ou seja, de vontade nica do

    ente poltico que concedeu, REVOGANDO o ato anterior de delegao.

    Um exemplo dessa delegao seria a conferida pela Unio aos Municpios no

    que diz respeito ao imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR),

    conferindo a estes entes polticos as funes, entre outras, de arrecadar e

    fiscalizar os tributos de competncia da Unio, regra geral. Procuradoria da

    Fazenda Nacional, rgo integrante da estrutura da Unio, por sua vez, cabe

    a cobrana dos tributos por meio da execuo fiscal, exercendo outra parte

    da capacidade tributria ativa da Unio, ente de direito pblico. Os

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    municpios, assim, possuiro a capacidade tributria ativa, enquanto a Unio,

    a competncia tributria. Tudo tranquilo at aqui, Virgulino?

    Veja ainda o que diz o artigo 84 do CTN sobre esse assunto de delegabilidade

    da capacidade tributria ativa:

    $UW $ lei federal pode cometer aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municpios o encargo de

    arrecadar os impostos de competncia da Unio cujo

    produto lhes seja distribudo no todo ou em parte.

    Pargrafo nico. O disposto neste artigo, aplica-se

    arrecadao dos impostos de competncia dos Estados, cujo

    produto estes venham a distribuir, no todo ou em parte, aos

    UHVSHFWLYRV0XQLFtSLRV (Grifos nosso) Ou seja, caso determinado tributo federal venha a ser repartido, no todo ou

    em parte, com um dos demais entes da federao, a Unio poder editar lei

    cometendo o encargo da funo de arrecadar o tributo ao respectivo ente. O

    mesmo vale para os Estados em relao aos seus Municpios, no caso de

    haver repartio das respectivas receitas oriundas da arrecadao dos

    tributos estaduais.

    Veja agora uma questo cobrada no ltimo concurso da RFB para o cargo de

    ATRFB.

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    (FCC/ISS-SP/Auditor Fiscal Tributrio/2012) Municpio Deixa pra L,

    no conseguindo, hipoteticamente, exercer sua competncia constitucional

    tributria para instituir o ITBI no seu territrio, celebrou acordo com o Estado

    federado em que se localiza, para que esse Estado passasse a exercer, em

    seu lugar, a competncia constitucional para instituir o referido imposto em

    seu territrio municipal e, ainda, para que exercesse as funes de fiscalizar e

    arrecadar esse tributo, recebendo, em contrapartida, um pagamento fixo

    anual, a ttulo de "retribuio compensatria". Relativamente a essa situao,

    o Municpio Deixa pra L

    (A) no pode delegar sua competncia tributria, nem suas funes de

    arrecadar e de fiscalizar tributos de sua competncia tributria a qualquer

    outra pessoa jurdica de direito pblico, mas pode delegar as funes de

    arrecadao s instituies bancrias pblicas e privadas.

    (B) pode delegar sua competncia tributria e suas funes de arrecadar e de

    fiscalizar tributos a outra pessoa jurdica de direito pblico.

    (C) no pode delegar sua competncia tributria a qualquer outra pessoa

    jurdica de direito pblico, embora possa delegar as funes de arrecadar e de

    fiscalizar tributos de sua competncia tributria.

    (D) no pode delegar sua competncia tributria, nem suas funes de

    fiscalizar tributos a qualquer outra pessoa jurdica de direito pblico, embora

    possa delegar suas funes de arrecadar tributos de sua competncia

    tributria.

    (E) no pode delegar sua competncia tributria, nem suas funes de

    arrecadar e de fiscalizar tributos de sua competncia tributria a qualquer

    outra pessoa jurdica de direito pblico.

    A competncia tributria indelegvel, conforme regra presente no artigo 7

    do CTN, o que no impede a delegao, por parte do Municpio de Deixa Pra

    L, das funes de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis,

    servios, atos ou decises administrativas em matria tributria, conferida

    por essa pessoa jurdica de direito pblico a outra. Ainda que a delegao se

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    der por meio de acordo entre os Municpios, aquele ser plenamente

    inconstitucional.

    Logo, o Municpio de Deixa Pra L no pode delegar sua competncia

    tributria a qualquer outra pessoa jurdica de direito pblico, embora possa

    delegar as funes de arrecadar e de fiscalizar tributos de sua competncia

    tributriaRTXHWRUQDFRUUHWDDDOWHUQDWLYDFJDEDULWRGDTXHVWmR

    (ESAF/RFB/ATRFB/2012) Analise as proposies a seguir e assinale a

    opo correta.

    I. Se a Constituio atribuir Unio a competncia para instituir certa taxa e

    determinar que 100% de sua arrecadao pertencer aos Estados ou ao

    Distrito Federal, caber, segundo as regras de competncia previstas no

    Cdigo Tributrio Nacional, a essas unidades federativas a competncia para

    regular a arrecadao do tributo.

    II. Embora seja indelegvel a competncia tributria, uma pessoa jurdica de

    direito pblico pode atribuir a outra as funes de arrecadar e fiscalizar

    tributos.

    III. permitido, sem que tal seja considerado delegao de competncia,

    cometer a uma sociedade annima privada o encargo de arrecadar impostos.

    a) As duas primeiras afirmaes so corretas, e errada a outra.

    b) A primeira correta, sendo erradas as demais.

    c) As trs so corretas.

    d) A primeira errada, sendo corretas as demais.

    e) As trs so erradas.

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    Item I) Incorreto. A repartio, total ou parcial, da arrecadao de

    determinado tributo com outro ente no importa na delegao da

    competncia tributria, uma vez que esta, como vimos, indelegvel no que

    diz respeito instituio e regulao do tributo. Assim, ainda que a Unio

    repasse 100% do produto da arrecadao da referida taxa, em nada

    alterada a sua competncia tributria, que permanece intocada. O mesmo

    acontece para o caso do ITR, em que a Unio, nos casos em que o Municpio

    opta pela sua fiscalizao e arrecadao, repassa 100% do produto da

    arrecadao do imposto, conforme artigo 153, 4, III, da CF/88.

    Item II) Correta. A delegao da capacidade tributria ativa, ao contrrio

    da competncia tributria, delegvel a outra pessoa jurdica de direito

    pblico, conforme determina o artigo 7 do CTN. Esse artigo nos diz que a

    competncia tributria indelegvel, salvo atribuio das funes de

    arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, servios, atos ou decises

    administrativas em matria tributria, conferida por uma pessoa jurdica de

    direito pblico a outra.

    Item III) Correta. Essa a previso do artigo 7, 3, do CTN, que nos diz

    que no constitui delegao de competncia o cometimento, a pessoas de

    direito privado, do encargo ou da funo de arrecadar tributos.

    Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questo. Veja agora

    uma questo cobrada no concurso para o cargo de Auditor Fiscal do Municpio

    de So Paulo, realizado no incio de 2012.

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    (CESPE/SEFAZ-ES/Auditor Fiscal da Receita Estadual/2013) O

    cometimento a pessoa de direito privado, como os bancos, do encargo de

    arrecadar tributos:

    A) constitui ato de delegao de competncia, de acordo com a legislao

    tributria vigente.

    B) constitui delegao da capacidade tributria passiva.

    C) constitui ato legal em que se atribui apenas a capacidade de arrecadar,

    no cabendo fiscalizao ou cobrana do tributo.

    D) no pode ser revogado unilateralmente.

    E) pode ser anulado, e no revogado, visto que a revogao tem de ser feita

    por mtuo consentimento

    Questo simples, que versou sobre a delegao da capacidade tributria

    ativa. De acordo com o artigo 7 do CTN, a competncia tributria

    indelegvel, salvo atribuio das funes de arrecadar ou fiscalizar tributos,

    ou de executar leis, servios, atos ou decises administrativas em matria

    tributria, conferida por uma pessoa jurdica de direito pblico a outra. Ou

    seja, o nosso CODEX ptrio somente admite a delegao da capacidade

    tributria ativa, jamais da competncia tributria.

    Entretanto, essa delegao somente pode ser feita a pessoas jurdicas de

    direito pblico, sendo vedada a delegao, ainda que da capacidade tributria

    ativa, a pessoas jurdicas de direito privado.

    Por sua vez, o 3 do mesmo artigo 7 do CTN estabelece que no constitui

    delegao de competncia o cometimento, a pessoas de direito privado, do

    encargo ou da funo de arrecadar tributos. Entre essas pessoas jurdicas de

    direito privado, por exemplo, temos os bancos comercias, que possuem a

    atribuio de arrecadar os valores pagos pelos sujeitos passivos, sendo um

    ato perfeitamente legal, no sendo delegada nem a competncia tributria

    nem a capacidade tributria ativa.

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    ( HVVH DWR GH GHOHJDomR GD IXQomR GH DUUHFDGDU WULEXWRV FRQIHULGD jVpessoas de direito privado, pode ser revogado pelo ente competente,

    SURIHVVRU" Perfeitamente. Pode ser revogado a qualquer tempo pelo ente concedente.

    Essa a previso do 2 do artigo 7 do CTN, que estabelece que a

    atribuio pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa

    jurdica de direito pblico que a tenha conferido.

    Logo, o cometimento a pessoa de direito privado, como os bancos, do

    encargo de arrecadar tributos constitui ato legal em que se atribui apenas a

    capacidade de arrecadar, no cabendo fiscalizao ou cobrana do tributo,

    que somente pode ser realizado por pessoas jurdicas de direito pblico.

    Assim, resta como correta a alternativa "c", gabarito da questo.

    Vamos ver agora outra caracterstica da competncia tributria: a

    imprescritibilidade.

    Imprescritvel E caso determinado ente municipal no se utilize do seu poder de instituir um tributo, professor? A sociedade no poder

    ficar sem os recursos oriundos da arrecadao do ISS, por exemplo.

    2XWUR HQWH SRGHUi ID]HU LVVR" Certamente no. Infelizmente a VRFLHGDGH HP TXHVWmR LUi ILFDU VHP XP WURFDGLQKR D PDLV QRoramento. O no exerccio da competncia tributria no permite que

    outro ente, diverso daquele a quem a CF/88 atribuiu a competncia

    tributria, venha a se utilizar de tal prerrogativa. Cabe ao Ente

    escolhido pela CF/88 utilizar ou no a competncia tributria a ele

    atribuda expressamente em seu texto, PODENDO EXERCE5NA HORA QUE O DER NA TELHA (GHRQGHRVHQKRUWLURXLVVRSURIHVVRU"'RXWULQD"

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    Quem nos diz isso o pai do direito tributrio (a CF/88 a me - - pais, sempre em segundo plano...): nosso querido CTN (Cdigo

    Tributrio Nacional). Seu artigo 8 nos diz o seguinte:

    Art. 8 O no-exerccio da competncia tributria no a defere a pessoa jurdica de direito pblico diversa daquela

    a que a Constituio a tenha atribudo.*ULIRVQRVVR Pernambuco, tu ainda no instituiu o IPVA nas tuas terras, cabra da peste! J que tu no o fez, eu vou fazer issoGLVVHR(VWDGRGD3DUDtEDLQGLJQDGR1DPHVPDKRUD3HUQDPEXFRUHWUXFRXLargue de besteira, homi! Voc no estudou competncia tributria, no? S eu posso fazer isso aqui nas minhas

    bandas. E nenhum caboclo mais 3DUDtED ILFRX FDODGD H IRL HVWXGDU SHODVaulas do Virgulino...

    Quer dizer ento que o direito dos entes polticos institurem os tributos previstos em sua competncia tributria no est sujeito decadncia,

    Virgulino"3HUIHLWR IXWXURVHUYLGRU2VLPSOHV IDWRGHQmR WHUH[HUFLGRQmRfaz com que o ente poltico perca seu direito de, a qualquer momento, vir a

    criar qualquer tributo previsto na CF/88. A competncia tributria no

    prescreve! Ela incaducvel!

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    O no exerccio da competncia tributria no a defere, em nenhuma

    hiptese, a outro ente que no a detenha. Por sua vez, cabe apenas ao ente

    competente definir o momento de exerccio (ou no) da competncia a ele

    atribuda, caracterstica relacionada facultatividade, a ser visto agora. A

    Unio no poder cobrar nenhum tributo de competncia dos Estados, ainda

    que estes no tenham exercido a sua competncia tributria conferida pela

    CF/88.

    Assim, restam incorretas as assertivas apresentadas. Vamos a mais uma

    caracterstica muito importante da competncia tributria? Em frente!

    Facultativa decorre diretamente da caracterstica anterior: cabe ao Ente munido da competncia tributria atribuda pela CF/88 definir dia,

    hora, lugar e prazo para instituir o tributo a ele conferido. Ou escolher

    no exerc-la. o que acontece, por exemplo, para o imposto sobre

    grandes fortunas (IFG), atribudo pela CF/88 Unio, mas que jamais

    chegou a ser institudo. Por qu? Bem...vamos continuar a aula. -

    Essa faculdade atualmente, no entanto, pode ter algumas

    consequncias se olharmos sobre a tica da responsabilidade na gesto

    fiscal, conforme nos diz o artigo 11 da Lei Complementar n 101, de

    2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), e relativamente aos impostos:

    $UW Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gesto fiscal a instituio, previso

    e efetiva arrecadao de todos os tributos da

    competncia constitucional do ente da Federao.

    Pargrafo nico. vedada a realizao de transferncias

    voluntrias para o ente que no observe o disposto no

    caput, no que se refere aos impostos*ULIRVQRVVR Muito embora exista essa previso no texto da lei complementar, em nada

    alterada a caracterstica de facultatividade da competncia tributria. Muitos

    Municpios brasileiros, em razo dos seus parcos recursos, no tm condies

    de manter uma mquina administrativa tributria, optando, muitas vezes, por

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    sobreviver com repasses tributrios constitucionais de outros entes polticos a

    instituir seus tributos.

    A melhor doutrina, ao enfrentar o tema, entende que se trata apenas de uma

    consequncia ao no exerccio da competncia tributria, e no uma

    obrigao ao exerccio desta (guarde bem isso!). Se a prpria CF/88 no

    impe essa obrigao, no seria uma lei complementar que o faria. Vamos

    prxima caracterstica da competncia tributria.

    Irrenuncivel 8PDYH]TXHQHQKXPRXWURHQWHSRGHXVXIUXLUGDcompetncia a outro ente atribuda, nenhum ente pode renunciar do

    seu poder de instituir um tributo constitucionalmente previsto para a

    sua competncia tributria. Por exemplo, Pernambuco no pode um dia

    dizer (L VDEH GH XPD FRLVD: no quero instituir o IPVA, nem tenho interesse em instituir um dia. Isso d um trabalho danado e ainda tenho

    que chamar Auditores para fiscalizar, fazer concursos peridicos de 20

    em 20 anos... Sabe do que mais: quem quiser, pode instituir ele e

    cobrar aTXL QR PHX WHUULWyULR )LTXHP j YRQWDGH Calma, Querido Estado, isso no possvel. O jeito fazer concurso mesmo.

    Por sua vez, a caracterstica da irrenunciabilidade est diretamente

    relacionada ao princpio da indisponibilidade do interesse pblico.

    Inaltervel Uma vez atribuda a competncia tributria, esta no poder ser alterada por vontade de um Ente poltico, por leis por ele

    PHVPR HGLWDGDV ( R YRFiEXOR DOWHUDGD DEUDQJH WDQWR D GLPLQXLomR(que seria a renncia, vista acima) quanto o aumento do campo da

    competncia. Somente por reforma constitucional, repito, poder a

    competncia tributria ser alterada, e desde que no prejudique a

    autonomia financeira do ente.

    (QWHQGLSURIHVVRU6RPHQWHRXWUDRUGHPFRQVWLWXFLRQDOHQWmRSRGHULDalterar a coPSHWrQFLDWULEXWiULDDWXDOeLVVR"

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    Calma, caro aluno. Tambm no seja to radical, muito menos ir para

    as ruas e pedir uma nova constituio s para poder ver se a

    competncia tributria pode ser mesmo alterada.

    A competncia tributria atual pode ser alterada sim, desde que pelo

    poder constituinte derivado, aquele visto em direito constitucional e que

    possui o poder de criar emendas CF/88. Caso voc tenha um livrinho

    com a CF/88 antes de 17 de maro de 1993, ano da publicao da

    Emenda Constitucional n 03/93, ver que a competncia tributria dos

    Estados e do DF, alm dos impostos previstos atualmente, previa ainda

    mais um: o Adicional ao Imposto sobre a Renda (AIR); enquanto que

    para os Municpios, era previsto ainda o Imposto sobre Vendas a Varejo

    de Combustveis Lquidos e Gasosos (IVVC).

    Entendeu? Poder, pode. O que no poder a deciso de aumentar a

    competncia tributria atribuda pela CF/88 ser realizada

    unilateralmente por qualquer dos Entes. Tem que est bonitinha na

    CF/88, do jeito que o legislador constituinte determinar.

    Outro ponto muito importante, e que deve ser atentado: as

    competncias tributrias esto estabelecidas no texto da Carta Magna

    de forma bastante rgida, no podendo ser modificadas livremente pelo

    constituinte derivado. Jamais a alterao na competncia tributria

    pode se dar em detrimento da autonomia financeira de um ente em

    benefcio dos demais. Seria o caso, por exemplo, de uma reforma na

    Constituio Federal vir a suprimir o ISS do campo de incidncia dos

    Municpios e do Distrito Federal, seja pela abolio do tributo, seja pela

    transferncia deste, por exemplo, aos Estados (O DF no seria

    prejudicado, uma vez que, em tese, passaria o ISS dele para ele

    mesmo. -).

    Segue um quadro resumo para melhor memorizao:

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    Em relao capacidade tributria, temos ainda o que dispem os 1 a 3

    do artigo 7 do CTN, que possuem a seguinte redao:

    $DWULEXLomR FRPSUHHQGHDVJDUDQWLDV H RVSULYLOpJLRVprocessuais que competem pessoa jurdica de direito

    pblico que a conferir.

    2 A atribuio pode ser revogada, a qualquer tempo, por

    ato unilateral da pessoa jurdica de direito pblico que a

    tenha conferido.

    3 No constitui delegao de competncia o cometimento,

    a pessoas de direito privado, do encargo ou da funo de

    DUUHFDGDUWULEXWRV Quanto ao 1, a atribuio da capacidade tributria leva consigo todas as

    garantias e privilgios processuais que competem pessoa jurdica de direito

    pblico que a conferir.

    Por exemplo, ao conferir a capacidade tributria ativa aos Municpios para

    arrecadar e fiscalizar o imposto sobre a propriedade territorial rural, regra

    geral, todas as garantias e os privilgios processuais que pertencem Unio

    so conferidos aos Municpios.

    Por sua vez, o 2 nos diz que toda atribuio de capacidade tributria

    poder ser revogada, e a QUALQUER TEMPO pela pessoa jurdica que a tenha

    conferido. Esse ato unilateral, e independe da vontade ou aceitao da

    pessoa que tenha recebido a capacidade tributria.

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    Repeti esses pargrafos, primeiramente, para que voc possa tentar

    memoriz-los mais uma vez e, segundo, porque, aps tudo que ns

    dissemos, vem o STJ e edita a seguinte Smula:

    6~PXOD : A Confederao Nacional da Agricultura (CNA) tem legitimidade ativa para a cobrana da

    contribuiomRVLQGLFDOUXUDO A CNA uma pessoa jurdica de direito privado, o que leva embora tudo o

    que ns vimos? No. apenas uma deciso isolada da Corte Superior,

    dispondo que uma pessoa jurdica de direito privado pode ser sujeito ativo da

    uma relao tributria, ou seja, possuidor de capacidade tributria ativa.

    Desse modo, no esquea essa smula ao responder suas questes sobre a

    capacidade tributria ativa.

    Se a questo nada pedir ou falar expressamente sobre essa Smula, ou o

    entendimento sumulado do STJ, nem se lembre dela quando for responder

    uma questo de prova que venha a solicitar se a capacidade tributria pode

    ser delegada a pessoa jurdica de direito privado. Se solicitar, lembre-se dela

    com carinho, e seja cauteloso ao responder a questo apresentada. -

    Por fim, a simples funo de arrecadar tributos no se configura como uma

    delegao da capacidade tributria. Por exemplo, a funo atribuda aos

    bancos de arrecadar os tributos dos entes polticos no constitui delegao.

    H apenas a simples funo ou encargo de arrecadar tributos. Tanto assim

    que, qualquer restituio ou compensao por pagamento a maior ser feita,

    SEMPRE, junto ao ente competente para instituir e cobrar o tributo. Observe

    ainda que, fora desses casos, no pode haver delegao a pessoa de direito

    privado de nenhuma outra atribuio relacionada competncia tributria,

    como, por exemplo, da funo de fiscalizar os tributos.

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    Classificao da Competncia tributria

    Vejamos agora a classificao da competncia tributria, a qual pode ser:

    x COMUM; x CUMULATIVA; x EXCLUSIVA; x EXTRAORDINRIA; e x RESIDUAL.

    A competncia comum aquela que pode ser exercida por todos os

    Entes, indiferentemente, tambm chamada de competncia concorrente, j

    que os vrios entes podem exerc-la ao mesmo tempo, sem que haja

    invaso da competncia de um pelos demais. Essa competncia est

    intimamente relacionada instituio de tributos denominados de

    vinculados, em que h a uma contraprestao do Estado junto ao sujeito

    passivo para a arrecadao desses.

    Essa competncia est presente quanto instituio das taxas (tanto de

    polcia quanto de servios), das contribuies de melhoria e das

    contribuies previdencirias (esta cobrada dos servidores de cada Esfera

    de Federao, dentro do que prev a sua autonomia poltico-administrativa)

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    No significa, porm, que, por exemplo, a Unio e o Municpio podero

    instituir uma taxa sobre a prestao do mesmo servio pblico. Cada um,

    dentro de sua respectiva rea de atuao, instituir o tributo, obedecendo

    aos limites impostos pela CF/88.

    Veja o que diz o seguinte enunciado.

    (FCC/2011) Compete Unio e aos Estados a instituio de

    contribuies de interveno no domnio econmico.

    Conforme podemos ver na figura relativa competncia comum, mostrada

    anteriormente, a instituio de contribuio de interveno no domnio

    econmico no faz parte das hipteses previstas. Ademais, conforme

    veremos mais adiante, esse tributo pertence competncia tributria

    exclusiva da Unio.

    Assim, a alternativa incorreta.

    Por sua vez, a competncia cumulativa se refere quela conferida

    Unio, quanto aos territrios federais (hoje inexistentes na atual diviso

    poltico-administrativa do nosso pas), e ao Distrito Federal, diante da sua

    natureza anmala.

    Quanto determinado territrio federal for dividido em Municpios, cada

    um desses, no exerccio da competncia municipal, institura os tributos a

    eles previstos, cabendo Unio a instituio dos tributos de natureza

    estadual. Caso o territrio no seja dividido em Municpios, caber

    Unio, alm dos tributos estaduais, a instituio, tambm, dos tributos

    previstos na competncia municipal. As duas situaes esto reguladas no

    artigo 147 da CF/88. Nesse ltimo caso, a Unio ter a competncia

    tributria plena, uma vez que, alm da capacidade de instituir os impostos

    federais, instituir tambm os impostos estaduais e municipais.

    Observe a figura para poder visualizar melhor o que falamos, caro aluno.

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    Por sua vez, diante de sua natureza anmala, ao Distrito Federal cabe, alm

    dos tributos estaduais, a instituio e cobrana dos tributos de natureza

    municipal, uma vez que o Ente acumula as duas funes federativas. Desse

    modo, o Distrito Federal possui competncia para a instituio de seis

    impostos, que veremos quais so mais adiante. Esta previso tambm est

    contida no artigo 147 da CF/88:

    $UW &RPSHWHP j 8QLmR HP 7HUULWyULR )HGHUDO RVimpostos estaduais e, se o Territrio no for dividido em

    Municpios, cumulativamente, os impostos municipais; ao

    'LVWULWR)HGHUDOFDEHPRVLPSRVWRVPXQLFLSDLV A mesma previso consta no artigo 18 do CTN:

    $UW&RPSHWH I - Unio, instituir, nos Territrios Federais, os impostos

    atribudos aos Estados e, se aqueles no forem divididos em

    Municpios, cumulativamente, os atribudos a estes;

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    II - ao Distrito Federal e aos Estados no divididos em

    Municpios, instituir, cumulativamente, os impostos

    DWULEXtGRVDRV(VWDGRVHDRV0XQLFtSLRV Embora o texto faa meno apenas aos impostos, plenamente aceitvel a

    extenso s demais espcies tributrias: taxas e contribuies de melhoria.

    Se assim no fosse, no existiria ente competente para institu-los nos

    territrios federais. -

    ( VH WLYHUPRV GLDQWH GH XP territrio estadual, como acontece com o WHUULWyULR SHUQDPEXFDQR GH )HUQDQGR GH 1RURQKD" Se o territrio estadual, cabe ao Estado de Pernambuco, por exemplo, instituir

    normalmente os impostos estaduais a serem cobrados dentro do territrio.

    Os municipais, aos respectivos Municpios presentes dentro do territrio,

    assim como para os demais Municpios pernambucanos, para o nosso

    exemplo especfico de Fernando de Noronha. Bateu agora aquela vontade

    de estudar forte para passar mais rpido e poder fazer uma viagem a

    Fernando de Noronha, caro aluno? Muita HBC ento! Vamos em frente.

    Para complementar, o poder de instituir tributo, no exerccio da

    competncia cumulativa, est intim