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  • Direito Tributrio para o SEFAZ/PI

    Teoria e exerccios comentados

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    Nessa aula iremos tratar do seguinte tema:

    x Princpios Tributrios. Os princpios constitucionais so um dos temas preferidos pelas bancas

    organizadoras de concursos, em especial a FCC, que sempre aborda o tema

    em suas provas de direito tributrio.

    Qualquer dvida que surgir, peo que me envie o mais breve possvel um e-

    mail, ou coloquem suas dvidas no nosso frum, para que no ocorram

    atrasos nos seus estudos. Seguem os meus dois e-mails:

    [email protected]

    [email protected]

    http://www.facebook.com/aluisioalneto

    Boa sorte! E bons estudos! Vamos em frente!

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    Limitaes Constitucionais ao Poder de Tributar

    O poder de tributar dos entes polticos no absoluto e irrestrito. Pelo

    contrrio, existem limitaes impostas pela prpria CF/88. Essas limitaes

    impem restries ao exerccio da competncia tributria dos entes polticos,

    que devem estrita obedincia quelas quando da criao de seus tributos, sob

    pena de incorrer em inconstitucionalidade, fulminando a imposio tributria.

    A CF/88 define duas espcies de limitaes ao poder de tributar:

    x Os princpios Constitucionais Tributrios; x As imunidades Tributrias.

    Essas limitaes regulam a chamada incompetncia tributria, ou

    competncia tributria negativa, uma vez que, ao serem observadas as

    hipteses nelas previstas, os Entes polticos ficam impossibilitados de fazer

    incidir os tributos previstos nas suas respectivas competncias tributrias

    outorgadas expressamente pela CF/88.

    As disposies relativas s limitaes constitucionais ao poder de tributar

    esto contidas principalmente nos artigos da nossa CF/88 destinados ao

    Sistema Tributrio Nacional, o qual abrange os artigos 145 a 162. As

    limitaes constitucionais ao poder de tributar, por sua vez, esto capituladas

    principalmente nos artigos 150 a 152 da CF/88. O artigo 150 possui a

    seguinte redao em seu caput:

    $UW6HPSUHMXt]RGHRXWUDVJDUDQWLDVDVVHguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito

    Federal e aos Municpios:

    Desse modo, no s esse artigo traz limitaes impostas aos entes polticos,

    mas outros presentes no texto da CF/88 e que visam a proteo do sujeito

    passivo frente ao poder do Estado. Logo, o rol de garantias tributrias no

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    possui um rol exaustivo nos artigos 150 a 152 da CF/88, existindo outros ao

    longo do texto da Carta Federal, como comentamos.

    Vista essa pequena introduo, vamos ao que interessa nessa aula, caro

    aluno. Iniciaremos nosso estudo das limitaes constitucionais ao poder de

    tributar pelos princpios constitucionais. Na aula seguinte estudaremos

    imunidades tributrias, outro tema que d gua na boca dos elaboradores de

    questes da FCC.

    Bons estudos! Vamos em frente!

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    Princpios Gerais Tributrios

    Veremos agora os seguintes princpios constitucionais tributrios, todos

    presentes, expressa ou implicitamente, no texto da Carta Federal de

    1988:

    x Princpio da Irretroatividade; x Princpio da Legalidade Tributria; x Princpio da Anterioridade Anual; x Princpio da Anterioridade Nonagesimal; x Princpio da Isonomia; x Princpio da Capacidade Contributiva; x Princpio do No-Confisco; x Princpio da Liberdade de Trfego; x Princpio da Uniformidade Geogrfica; x Princpio da Tributao Isonmica das Rendas das Obrigaes da Dvida

    Pblica e dos Vencimentos dos Agentes Pblicos dos Estados, Distrito

    Federal e Municpios;

    x Princpio da Proibio de Concesso de Isenes Heternomas; x Princpio da Progressividade; x Princpios da Generalidade e da Universalidade; x Princpio da no-discriminao quanta procedncia ou ao destino; x Princpio da Territorialidade; x Princpio da Seletividade; x Princpio da No-Cumulatividade; x Princpio da Transparncia Fiscal;

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    Princpio da Irretroatividade

    No primeiro princpio da nossa aula de hoje, iremos tratar do princpio da

    irretroatividade, o qual est presente no grupo dos princpios relativos

    segurana jurdica, protegendo o sujeito passivo de atos contrrios aos

    ditames do chamado Estado de Direito. Esse princpio simples: quando

    falamos de instituio ou cobrana de tributos, a lei s se aplica ao que vier

    aps a sua publicao. Sem exceo. Atente bem, Virgulino!

    Esse princpio est relacionado ao fato de as leis tributrias somente

    alcanarem os fatos geradores surgidos aps a sua entrada em vigor, no

    podendo alcanar fatos pretritos. J ia esquecendo, caro aluno: o

    princpio da irretroatividade tambm uma CLUSULA PTREA da

    nossa CF/88, no podendo ser abolida por meio de Emenda Constitucional.

    Por exemplo, caso determinada lei institua o imposto sobre a realizao de

    concursos, de competncia da Unio (uma vez que um imposto no previsto

    expressamente na CF/88, fazendo parte da chamada competncia tributria

    residual quanto aos impostos, exclusiva desse Ente Federativo),

    estabelecendo como fato gerador o momento de entrega da prova ao

    candidato, essa lei somente surtir efeitos em relao aos concursos

    realizados aps a data de vigncia da respectiva lei.

    Logo, os candidatos que fizeram concurso antes do incio da vigncia da lei

    no sero obrigados a pagar qualquer tipo de imposto. (Ainda bem, pois eu j

    fiz muitos concursos antes de me aposentar... j estava imaginando quanto

    que eu iria ter que pagar de imposto sobre a realizao de concursos..., e

    mais um para a RFB fiscalizar). A irretroatividade da lei tributria,

    QUANTO INSTITUIO E EXTINO DE TRIBUTOS, NO

    COMPORTA NENHUM TIPO DE EXCEO. Guarde isso!!

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    (VVHSULQFtSLRHVWiLQVFXOSLGRQRDUWLJR,,,DGD&)FXMRWH[WRp o seguinte:

    $UW6HPSUHMXt]RGHRXWUDVJDUDQWLDVDVVHJXUDGDVDRcontribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito

    Federal e aos Municpios:

    (...)

    III - cobrar tributos:

    a) em relao a fatos geradores ocorridos antes do incio da

    vigncia da lei TXH RV KRXYHU LQVWLWXtGR RX DXPHQWDGR(Grifos nosso)

    Antes de prosseguirmos, atente bem para o que est presente no enunciado

    do inciso III: TRIBUTOS. Assim, a regra vlida para todo tipo de

    tributo, e no apenas para impostos, como muitas bancas costumam cobrar

    em suas provas, tentando confundir e arrancar pontos preciosos dos

    candidatos menos atentos. O mesmo vale para as taxas e as contribuies de

    melhoria, bem como contribuies especiais e emprstimos compulsrios. A

    regra ampla.

    O princpio da irretroatividade relaciona-se diretamente como o inciso XXXVI

    do artigo 5 da CF/88, que trata da segurana jurdica de modo amplo:

    ;;;9, - a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato MXUtGLFRSHUIHLWRHDFRLVDMXOJDGD

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    Assim, a lei tributria, regra geral, no retroagir. Quanto instituio

    ou extino de tributos, JAMAIS RETROAGIR, conforme comentamos.

    Em relao a outros temas, como aplicao de penalidades tributrias e

    aplicao de leis meramente interpretativas, teremos situao em que a lei

    tributria poder ter efeitos retroativos, os quais estudaremos quando

    estivermos tratando da aplicao da legislao tributria, a ser vista em aula

    posterior.

    Essas disposies constam no artigo 106 do CTN, o qual, nesse momento,

    apenas transcrevo para ilustrao da possvel retroatividade da lei tributria

    em relao a leis que no criem ou extinguem tributos. Em momento

    posterior, estudaremos cada palavra e conjuno do texto do artigo abaixo:

    $UW$OHLDSOLFD-se a ato ou fato pretrito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente

    interpretativa, excluda a aplicao de penalidade infrao

    dos dispositivos interpretados;

    II - tratando-se de ato no definitivamente julgado:

    a) quando deixe de defini-lo como infrao;

    b) quando deixe de trat-lo como contrrio a qualquer

    exigncia de ao ou omisso, desde que no tenha sido

    fraudulento e no tenha implicado em falta de pagamento de

    tributo;

    c) quando lhe comine penalidade menos severa que a

    SUHYLVWDQDOHLYLJHQWHDRWHPSRGDVXDSUiWLFD $QWHV TXH R VHQKRU ILQDOL]H SURIHVVRU H TXDQWR DRV FDVRV GH UHGXomR RXextino de tributos? O que acontecH" A CF/88 no fala sobre essas duas situaes. Mas, uma vez que se traduz

    num benesse ao contribuinte, ao passo que a instituio e a majorao numa

    obrigao nova, as leis que extinguem ou reduzem tributos tem

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    aplicao imediata, conforme doutrina dominante, a menos que a lei

    determine em contrrio. Ora, no h porque esperar determinado prazo para

    reduzir ou eliminar a carga tributria imposta a determinado grupo de

    sujeitos passivos. A surpresa, diferentemente do que acontece no caso da

    instituio ou majorao de um tributo, maravilhosa para o sujeito passivo,

    devendo ser usufruda de imediato.

    Veja algumas decises do STF quanto irretroatividade tributria:

    $ &RUWH ILUPRX HQWHQGLPHQWR VHJXQGR R TXDO D UHYLVmR RXextino de um benefcio fiscal, que por se tratar de poltica

    econmica que pode ser revista a qualquer momento pelo

    Estado, no est restrita observncia dos princpios

    constitucionais da anterioridade e da irretroatividade.

    (AI 783509 AgR/SP, de 19/01/2010). $PXGDQoDQRVtQGLFHVGH correo monetria, com base em legislao superveniente, no constitui ofensa ao princpio do

    direito adquirido ou da irretroatividade tributria. (RE 395981

    $J5')GH $ QRUPD OHJDO TXH simplesmente altera o prazo de recolhimento de tributo no se sujeita ao princpio da

    anterioridade especial (CF, art. 195, 6). II - No h

    falar em "direito adquirido" ao prazo de recolhimento

    anteriormente previsto, pois, como se sabe, o STF no

    reconhece a existncia de direito adquirido a regime jurdico.

    III - A circunstncia de o fato disciplinado pela norma - isto

    , o pagamento do tributo - haver de ocorrer aps a sua

    edio suficiente para afastar a alegada violao ao

    princpio da irretroatividade (CF, art. 150, III, a)(RE 219878

    PE, de 13

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    Para o STF, na ltima deciso transcrita, a alterao do prazo de recolhimento

    de tributo no importa em aumento da carga tributria, bem como de

    reduo desta. Esse prazo, diante da sua natureza, pode ser fixado, inclusive,

    por ato infralegal, uma vez que a fixao de prazo de pagamento no est

    entre os temas a serem regulados por lei em sentido estrito, conforme

    prescreve o artigo 97 do CTN. Estudaremos esse artigo posteriormente.

    (ESAF/SEFAZ-MG/Auditor Fiscal/2005) Assinale a opo correta. O

    princpio segundo o qual vedado cobrar tributos em relao a fatos

    geradores ocorridos antes do incio da vigncia da lei que os houver institudo

    RXDXPHQWDGRDUW,,,DGD&5)%pRGD a) anterioridade.

    b) irretroatividade.

    c) anualidade.

    d) imunidade recproca.

    e) legalidade.

    Questo gua com acar. A proibio de cobrar tributos em relao a fatos

    geradores ocorridos antes do incio da vigncia da lei que os houver institudo

    ou aumentado caracterstica do princpio da irretroatividade. Veremos todos

    os demais princpios logo adiante.

    Assim, resta como correta a alternativa "b", gabarito da questo.

    Quando estivermos tratando da aplicao da legislao tributria, tema a ser

    visto em aula posterior do nosso curso, estudaremos o artigo 105 do CTN, o

    qual est intimamente ligado, didaticamente, ao princpio da irretroatividade.

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    Veremos tambm a irretroatividade prpria e a imprpria, bem como a

    famosa Smula STF 584, que versa sobre a aplicao da lei nova a fatos

    geradores ocorridos anteriormente sua publicao, relativamente ao

    imposto sobre a renda.

    Quanto ao princpio da irretroatividade, era apenas isso, caro aluno. Outros

    temas mais especficos que tambm tratam do princpio de algum modo sero

    visto no decorrer das aulas.

    Vamos agora ao princpio da legalidade outro importante princpio para a sua

    prova de direito tributrio!

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    Princpio da Legalidade Tributria

    O princpio da legalidade um dos princpios basilares do nosso ordenamento

    jurdico tributrio, por meio do qual se impe ao ente tributante instituir ou

    majorar tributos, ou extinguir ou reduzir tributos, apenas por meio de lei em

    sentido estrito, no podendo ser utilizado outro normativo infraconstitucional

    que no esse, regra geral. outro princpio intrinsecamente relacionado ao

    princpio da segurana jurdica, sendo ainda uma garantia individual do

    contribuinte e CLUSULA PTREA da nossa atual CF/88.

    Esse princpio est presente de forma genrica no inciso II do artigo 5 da

    Carta Federal, cujo texto o seguinte:

    Art. 5 (...) II - ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma

    FRLVDVHQmRHPYLUWXGHGHOHL Esse princpio, como comentei, est diretamente relacionado segurana

    jurdica, a qual, por sua vez, exige do Estado a previsibilidade e o

    conhecimento prvio, por parte dos cidados, das normas tributrias a que

    sero submetidos, no sendo pego desprevenido por uma nova ordem

    jurdica ou de maneira arbitrria por parte dos seus governantes.

    O princpio da legalidade tributria se traduz no fundamento de validade de

    todo o ordenamento jurdico tributrio e da tributao por ele estabelecida,

    sem o qual inexiste o prprio direito tributrio, j que este fundado no

    Estado democrtico de direito proclamado por nossa Carta Federal de 1988.

    Esse princpio est contido expressamente no texto constitucional em seu

    artigo 150, I, da CF/88, cujo texto o seguinte:

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    $UW6HPSUHMXt]RGHRXWUDVJDUDQWLDVDVVHJXUDGDVDRcontribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito

    Federal e aos Municpios:

    I - exigir ou aumentar tributo sem lei TXHRHVWDEHOHoD Todo tributo exigido por lei, conforme vimos ao estudar o artigo 3 do CTN:

    tributo toda prestao pecuniria compulsria, institudo em lei... 6H pcompulsrio, deve estar previsto em lei, conforme mandamento extrado j

    no artigo 5, II da CF/88, corroborado pelo que contm o artigo 150, I, da

    mesma Carta. Assim, o artigo 3 est diretamente relacionado ao princpio da

    legalidade.

    Quanto criao de tributos (e, por meio do princpio do paralelismo das

    formas, tambm quanto extino e reduo), somente lei em sentido

    estrito poder institu-los, no se admitindo nenhuma exceo. Como

    veremos mais adiante, para outros temas tributrios, a regra da legalidade

    poder ser atenuada em relao, por exemplo, majorao de tributos por

    meio do aumento de sua alquota. Mas esse tema trataremos mais adiante.

    Nesse momento, devemos ter em mente apenas que toda instituio ou

    extino de tributos somente pode ser feita por lei em sentido estrito, ou

    outro instrumento normativo que faa as vezes deste. Desse modo, nada

    impede que um tributo venha a ser institudo, regulado e extinto por uma

    medida provisria ou por uma lei delegada. Exceto nos casos de temas

    adstritos regulao por lei complementar, e obedecendo as restries

    constitucionais, a utilizao desses dois instrumentos normativos

    perfeitamente possvel em matria tributria.

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    Antes de continuarmos, temos que fazer meno ao que determina o artigo

    62, 1, III, da CF/88, relativamente s medidas provisrias (MP) e o

    confronto de competncias atribudas a este instituto e lei complementar:

    $UW 1 vedada a edio de medidas provisrias sobre

    matria: (...)

    III UHVHUYDGDDOHLFRPSOHPHQWDU Assim, os tributos sujeitos a criao ou extino por meio de lei

    complementar jamais podero ser regulados por medida provisria, o mesmo

    ocorrendo para as leis ordinrias, cuja medida provisria ter fora a esta

    equivalente. O que uma lei complementar deve regular por disposio

    expressa na CF/88, nem a lei ordinria nem a medida provisria podem fazer

    sem incorrer em vcio formal.

    Nada impediria, por exemplo, que o ITR viesse a ser institudo por meio de

    MP, desde que atendidos os requisitos exigveis para a edio desta

    (relevncia e urgncia). O mesmo no aconteceria, por exemplo, para os

    emprstimos compulsrios, que exigem lei complementar para a sua criao,

    extino, reduo ou majorao.

    Outro tema relativo medidas provisrias e bastante cobrado em provas o

    2 do mesmo artigo 62 da CF/88, que possui a seguinte redao:

    $UW 2 Medida provisria que implique instituio ou majorao

    de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e

    154, II, s produzir efeitos no exerccio financeiro seguinte

    se houver sido convertida em lei at o ltimo dia daquele em

    TXHIRLHGLWDGD Desse modo, exceto quanto ao II, ao IE, ao IOF, ao IPI e ao IEG, a medida

    provisria que implique em instituio ou majorao de tributo somente

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    produzir efeitos no exerccio financeiro seguinte se houver sido convertida

    em lei at o ltimo dia daquele em que foi editada.

    Desse modo, caso uma MP publicada em 20 de agosto de 2012 venha a

    majorar as alquotas do ITR, por exemplo, a alterao somente surtir efeitos

    em 2013 se a MP for convertida em lei at o dia 31 de dezembro de 2012, em

    obedincia que consta no artigo 62, 2, da CF/88.

    A regra presente no artigo 62, 2, da CF/88, como se pode notar na sua

    redao, somente se aplica aos impostos. Quanto s demais espcies

    tributrias, a regra da anterioridade plena, devendo ser completamente

    observada pelos entes polticos. Para esses casos (demais espcies tributrias

    que no os impostos), deve ser levado em considerao a data da publicao

    da MP, e no a data de sua converso em lei.

    Quanto s contribuies para a seguridade social, a medida provisria que

    institua essa espcie tributaria e publicada at 31 de dezembro de um ano

    poder ser plenamente aplicada j no ano seguinte, devendo ser contado

    apenas os noventa dias exigidos pelo princpio da noventena, iniciando-se

    esse prazo na data da publicao da medida provisria, e no na data desta

    em lei, como acontece para os impostos. Somente nos caso em que a medida

    provisria sofre alteraes substanciais que um novo prazo ser

    estabelecido. Caso no, conta-se da publicao da MP.

    Outro ponto importante sobre as medidas provisrias e de relevncia para o

    direito tributrio o artigo 246 da CF/88, acrescentado pela emenda

    constitucional n 32, de 2001. Sua redao a seguinte:

    $UW e YHGDGD D DGRomR GH PHGLGD SURYLVyULD QDregulamentao de artigo da Constituio cuja redao tenha

    sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1 de

    MDQHLURGHDWpDSURPXOJDomRGHVWDHPHQGDLQFOXVLYH Os temas principais regulados por emenda constitucional publicada no perodo

    especificado no artigo 246 so:

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    x Autorizao para a progressividade fiscal do IPTU (Emenda constitucional n 29, de 2002);

    x Possibilidade de diferenciao de alquotas do IPTU em razo do uso e da localizao do imvel urbano (Emenda constitucional n 29, de

    2002);

    x Temas relativos s contribuies para financiamento da seguridade social (Emenda constitucional n 20, de 1998).

    Vamos em frente com o princpio da legalidade!

    Quanto lei em sentido formal, a lei que cria ou extingue tributos ser, EM

    REGRA, lei ordinria. Por sua vez, para a maioria dos tributos, ser necessria

    lei formal tambm para a reduo ou majorao destes (logo adiante

    veremos que alguns tributos podem ser majorados ou reduzidos por atos

    infralegais). Por sua vez, para alguns casos previstos na CF/88, a criao ou

    extino se dar por lei complementar.

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    Por sua vez, ao instituir um tributo, cabe lei criadora definir com clareza os

    elementos que o caracterizam e o definem, adequando determinada conduta

    do sujeito passivo ao que consta na norma tributria, hiptese em que

    falamos do princpio da tipicidade da lei tributria. A tipicidade se relaciona

    obrigatoriedade de o legislador definir em lei todos os elementos que

    delimitam a incidncia do tributo institudo. Esses elementos so,

    principalmente, os seguintes:

    9 Fato Gerador (elemento material);

    9 Local de ocorrncia do fato gerador (elemento espacial);

    9 Base de clculo e alquota(s) (elementos quantificadores do tributo);

    9 Sujeitos passivos (elemento pessoal);

    9 Momento da ocorrncia do fato gerador (elemento temporal).

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    A necessidade de previso legal para os elementos que acabamos de

    enumerar decorrente do que determina o artigo 97 do CTN, que assim nos

    diz sobre a adoo do princpio da legalidade e a determinao dos elementos

    nucleares do tributo:

    $UWSomente a lei pode estabelecer: I - a instituio de tributos, ou a sua extino;

    II - a majorao de tributos, ou sua reduo, ressalvado o

    disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

    III - a definio do fato gerador da obrigao tributria

    principal, ressalvado o disposto no inciso I do 3 do artigo

    52, e do seu sujeito passivo;

    IV - a fixao de alquota do tributo e da sua base de

    clculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e

    65;

    V - a cominao de penalidades para as aes ou

    omisses contrrias a seus dispositivos, ou para outras

    infraes nela definidas;

    VI - as hipteses de excluso, suspenso e extino de

    crditos tributrios, ou de dispensa ou reduo de

    penalidades*ULIRVQRVVR Assim, uma vez que a definio de vencimento do prazo para

    pagamento de tributos, bem como a instituio de obrigaes

    tributrias acessrias, no est elencada no artigo 97, no estando,

    assim, submetidas ao princpio da legalidade, podendo ser livremente

    estipuladas por normativos infralegais, como Decretos do Poder

    Executivo. Veja o que nos diz o STF sobre o tema da fixao do prazo de

    recolhimento de tributos:

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    6HJXQGR RULHQWDomR ILUPDGD SRU HVWD 6XSUHPD &RUWH Dfixao do prazo de recolhimento de tributo pode ser

    realizada por norma infraordinria, isto , sem o rigor

    do processo legislativo prprio de lei em sentido

    estrito. Se a reduo abrupta do prazo de recolhimento

    implicou a majorao artificial do montante real devido,

    eventual violao constitucional ocorreria em relao

    capacidade contributiva (equilbrio base de clculo ' critrio

    material), segurana jurdica e proibio do uso de tributo

    com efeito confiscatrio, mas no em relao regra da

    OHJDOLGDGH5($J563GH ,PSURFHGrQFLDGDDOHJDomRWHQGRHPYLVWDQmRVHHQFRQWUDUsob o princpio da legalidade estrita e da anterioridade a

    fixao do vencimento da obrigao tributria; j se

    havendo assentado no STF, de outra parte, o entendimento

    de que a atualizao monetria do dbito de ICMS

    vencido no afronta o princpio da no-cumulatividade.

    5($J50*GH Quanto ltima deciso, o STF entende que a simples atualizao monetria

    de valores de crditos tributrios no se confunde com majorao de tributos.

    Essa a previso constante tambm no artigo 97, 2, do CTN, que possui a

    seguinte redao:

    $UW 2 No constitui majorao de tributo, para os fins do

    disposto no inciso II deste artigo, a atualizao do valor

    PRQHWiULRGDUHVSHFWLYDEDVHGHFiOFXOR Na mesma linha temos a Smula STJ n 160, que nos diz o seguinte em seu

    texto:

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    6~PXOD 67- Q e GHIHVR DR 0XQLFtSLR DWXDOL]DU RIPTU, mediante decreto, em percentual superior ao ndice

    RILFLDOGHFRUUHomRPRQHWiULD Por sua vez, o princpio da tipicidade no um princpio autnomo, estando

    umbilicalmente ligado ao princpio da legalidade, sendo decorrente deste,

    definindo os elementos caracterizadores do tributo institudo. Enquanto que o

    princpio da legalidade est relacionado forma como sero impostos os

    normativos tributrios (lei em sentido estrito), o princpio da tipicidade est

    relacionado ao contedo que estes tero, o que devem tratar o texto da lei.

    Fazendo um paralelo dos dois princpios (legalidade e tipicidade) com uma

    certido de nascimento, teramos que a certido em si seria o princpio da

    legalidade, uma vez que uma pessoa natural somente tem existncia jurdica

    com essa formalizao. J o princpio da tipicidade est relacionado s

    informaes constante nessa certido e que definem a natureza da pessoa

    natural (sexo, dia de nascimento, pais, local de nascimento, entre outras)

    (FCC/2011/TCM-BA - Procurador Especial de Contas) O grupo criou

    XPDUHGHGHHPSUHVDVGHIDFKDGDWRGDVregistradas em nome de laranjas. As empresas importavam produtos qumicos, mas no pagavam

    nenhum tributo sobre as operaes. (...) Os produtos importados eram

    UHYHQGLGRVHPRSHUDo}HVILFWtFLDVDRXWUDVHPSUHVDVGRJUXSRHVSDOKDGDVpor vrios estados. A partir da, o bando revendia os produtos a seus clientes

    normalmente, usando empresas reais (...), mas sem arcar com o custo dos

    impostos. A quadrilha tambm fraudava os fiscos estaduais: nessas

    operaes cruzadas, acumulava crditos tributrios, mesmo sem nunca

    recolher ICMS. Nessa outra fraude, pode ter sonegado mais de 1 bilho de

    reais. (Revista Veja. Editora Abril. Edio 2231, Ano 44, no 34, 24/08/2011, p. 76)

    O texto acima est se referindo ao princpio explcito da:

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    a) legalidade.

    b) irretroatividade da lei tributria.

    c) anterioridade da lei tributria.

    d) segurana jurdica.

    e) igualdade.

    Observe que em todas as situaes apresentadas, a quadrilha em questo

    burlou o que dizia a lei, sonegando, abrindo empresas fantasmas, realizando

    operaes fictcias, entre outras. O que faz com que as operaes sejam

    ilegais?? Isso! A presena de lei estipulando o contrrio, ou o que deve ser

    feito corretamente. Logo, estamos diante do princpio da legalidade, o que

    nos leva a ter como gabarito a aOWHUQDWLYDD

    Vamos agora s atenuaes do princpio da legalidade, conhecidas tambm

    como excees ou mitigaes ao princpio, de grande importncia para as

    provas de concursos de direito tributrio. As bancas adoram esse tema, caro

    aluno. Muita ateno!

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    EXCEES AO PRINCPIO DA LEGALIDADE

    Inicialmente temos que fixar que, quanto criao ou extino de

    tributos, o princpio da legalidade no comporta excees, devendo ser

    sempre por meio de lei em sentido estrito, formal. Ou outro normativo que

    faa as vezes desta, como as medidas provisrias e as leis delegadas, e desde

    que o tema no seja exclusivo de regulao por lei complementar.

    Por sua vez, quase que regra absoluta, as excees dizem respeito s

    alteraes de alquotas de determinados tributos, as quais veremos agora.

    Nenhuma das excees diz respeito a fatos geradores e sujeitos

    passivos.

    01 Alterao das alquotas dos seguintes impostos federais, todos revestidos de carter extrafiscal (nesse carter, a funo primordial do

    tributo a regulao da economia ou situaes de mercado, e no a funo

    arrecadatria):

    Imposto de Importao (II);

    Imposto de Exportao (IE);

    Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

    Imposto sobre operaes de crditos, cmbio e seguros (IOF).

    Essas quatro excees ao princpio da legalidade esto previstas no artigo

    153, 1, da CF/88, cuja redao a seguinte:

    $UW&RPSHWHj8QLmRLQVWLWXLULPSRVWRVVREUH I - importao de produtos estrangeiros;

    II - exportao, para o exterior, de produtos nacionais

    ou nacionalizados;

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    III - renda e proventos de qualquer natureza;

    IV - produtos industrializados;

    V - operaes de crdito, cmbio e seguro, ou relativas

    a ttulos ou valores mobilirios;

    VI - propriedade territorial rural;

    VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

    1 - facultado ao Poder Executivo, atendidas as condies

    e os limites estabelecidos em lei, alterar as alquotas dos

    LPSRVWRV HQXPHUDGRV QRV LQFLVRV , ,, ,9 H 9 (Grifos nosso)

    Diante do que consta na redao da Carta Federal, a alterao das alquotas

    dos impostos anteriormente enumerados pode ser feita por ato do poder

    executivo federal, no necessitando de lei formal. Em geral, essas alquotas

    so alteradas por meio de decreto presidencial ou portaria do Ministrio da

    Fazenda.

    Entretanto, as alteraes devem ser apenas para reduzi-las ou restabelec-

    las, jamais para superar os valores previstos na lei instituidora do tributo.

    Assim, caso a lei que institui o IE fixe para determinado produto uma alquota

    de 30%, o poder executivo poder reduzi-la para 5%, mas, ao restabelec-la,

    dever fix-la, no mximo, em 30%, no podendo superar esse valor, a

    menos que haja previso na prpria lei.

    Veja o que dispe o Decreto-Lei n 1.578, de 1977, que regula o imposto de

    exportao:

    $UW R $ alquota do imposto de trinta por cento, facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aument-la, para

    atender aos objetivos da poltica cambial e do comrcio

    exterior.

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    Pargrafo nico. Em caso de elevao, a alquota do

    imposto no poder ser superior a cinco vezes o

    percentual fixado neste artigo*ULIRVQRVVR 3RU ILP a competncia para a fixao das alquotas do imposto de exportao de produtos nacionais ou nacionalizados no exclusiva do

    presidente da Repblica; pode ser exercida por rgo que integre a estrutura

    do Poder Executivo FRQIRUPH FLWDGR HP SURYD UHDOL]DGD SHOR &(63( HP2010. /RJR HPERUD D WH[WR FRQVWLWXFLRQDO VH UHILUD DR 3RGHU ([HFXWLYRessa atribuio (alterao de alquotas dos impostos previstos no artigo, 153,

    1, da CF/88) pode ser exercida por rgo integrante da estrutura desse

    Poder, como o caso da CAMEX (Cmara de Comrcio Exterior), a qual

    possui a competncia para, por ato prprio, alterar as alquotas do II e do IE.

    02 Definio das alquotas do ICMS incidente sobre combustveis e lubrificantes em relao incidncia monofsica desse tributo

    (chamado de ICMS monofsico, ou unifsico, ou de tributao nica).

    Para esses casos, cabe aos convnios celebrados pelos Estados e pelo Distrito

    Federal, por meio de seus representantes, a fixao de alquotas do imposto

    para essas situaes, as quais tero eficcia em todo o territrio nacional,

    no sendo utilizada lei em sentido formal.

    Ou seja, para o ICMS incidente uma nica vez, e relativo a combustveis e

    lubrificantes, as alquotas do imposto sero fixadas por meio de Convnio

    celebrados pelos Estados e pelo Distrito Federal, assinado pelos

    representantes do poder executivo no mbito do chamado CONFAZ

    (Conselho Nacional de Poltica Fazendria), regulado pela lei

    complementar federal n 24, de 1975.

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    No CONFAZ esto presentes representantes das Fazendas Estaduais e do

    Governo Federal, que deliberam, principalmente, sobre a concesso e

    revogao de isenes, incentivos e benefcios fiscais relativos ao ICMS. As

    decises tomadas no mbito do CONFAZ, por sua vez, sero externadas por

    meio de Convnios ICMS, os quais tero fora de lei quanto aos temas que

    regulam, devendo ser adotados por todas as Unidades Estaduais.

    A previso quanto alterao das alquotas do ICMS monofsico pelo

    CONFAZ, e por meio de convnio celebrado em seu mbito (portanto, sem a

    necessidade de lei em sentido estrito), consta no artigo 155, 4, IV, da

    CF/88:

    1DKLSyWHVHGRLQFLVR;,,KREVHUYDU-se- o seguinte: (...)

    IV - as alquotas do imposto sero definidas mediante

    deliberao dos Estados e Distrito Federal, nos termos do

    2, XII, g, observando-se o seguinte: (...)

    Por sua vez, o 2, XII, g e h, nos diz o seguinte:

    ;,,- cabe lei complementar: (...) g) regular a forma como, mediante deliberao dos Estados e

    do Distrito Federal, isenes, incentivos e benefcios fiscais

    sero concedidos e revogados.

    h) definir os combustveis e lubrificantes sobre os quais o

    imposto incidir uma nica vez, qualquer que seja a sua

    finalidade, hiptese em que no se aplicar o disposto no

    LQFLVR;E Nessa situao, temos representantes dos poderes executivos estaduais e

    distrital regulando temas que, em regra, seria de competncia do poder

    legislativo, expedindo atos com fora de lei e de cumprimento pelos

    subordinados nas vinte e sete unidades federativas estaduais.

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    03 As alquotas da CIDE-combustveis podero ser alteradas (reduzidas e restabelecidas) por ato do poder executivo federal, no

    necessitando de lei em sentido estrito.

    A CIDE (Contribuio de Interveno no Domnio Econmico) somente poder

    ter suas alquotas reduzidas e restabelecidas, no podendo seus valores

    ser majorados alm dos previstos na lei que a regula.

    (VVDSUHYLVmRFRQVWDQRDUWLJR,EGD&) $ OHL TXH LQVWLWXLU FRQWULEXLomR GH LQWHUYHQomR QRdomnio econmico relativa s atividades de importao ou

    comercializao de petrleo e seus derivados, gs natural e

    seus derivados e lcool combustvel dever atender aos

    seguintes requisitos:

    I - a alquota da contribuio poder ser: (...)

    b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo,

    QmR VH OKH DSOLFDQGR R GLVSRVWR QR DUW ,,, E *ULIRV nosso)

    O poder executivo no pode alterar as alquotas alm do limite permitido em

    lei, cabendo ao poder legislativo fixar outro limite mximo. Ao poder

    executivo, por ato infralegal, somente permitido reduzir a alquota

    inicialmente prevista ou restabelec-la ao patamar inicial.

    04 Tambm por meio de convnios interestaduais podero ser concedidos benefcios fiscais em matria de ICMS (iseno, concesso

    de crditos resumidos, remisses, anistias, redues de base de

    clculo).

    Essa previso consta no artigo 150, 6, juntamente com o artigo 155, 2,

    XII, g, ambos da CF/88:

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    4XDOTXHU VXEVtGLR RX LVHQomR UHGXomR GH EDVH GHclculo, concesso de crdito presumido, anistia ou remisso,

    relativos a impostos, taxas ou contribuies, s poder ser

    concedido mediante lei especfica, federal, estadual ou

    municipal, que regule exclusivamente as matrias acima

    enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuio,

    sem prejuzo do disposto no art. 155, 2., XII, g XII - cabe lei complementar: (...)

    g) regular a forma como, mediante deliberao dos Estados e

    do Distrito Federal, isenes, incentivos e benefcios fiscais

    VHUmRFRQFHGLGRVHUHYRJDGRV Assim, as decises adotadas no mbito do CONFAZ, regulando a concesso e

    a revogao de isenes, incentivos e benefcios fiscais no necessitam (e

    porque no dizer que no podem) de lei em sentido estrito,a qual, em regra,

    produzida por um rgo legislativo. Os convnios, que materializam as

    decises tomadas no CONFAZ, tm fora de lei quanto s matrias que

    regulam, embora sejam editados por representantes do poder executivo e,

    quase que em sua totalidade, completamente desvinculados do poder

    legislativo.

    Quanto s excees legalidade tributria, veja a figura ilustrativa abaixo:

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    Uma caracterstica marcante das regras acima , com exceo do ICMS-

    monofsico, todos os tributos possuem o carter extrafiscal, ou seja, a funo

    primordial no a arrecadao, mas sim a interveno no mercado ou na

    economia, regulando situaes em que se mostra necessria a interveno do

    Estado.

    Para finalizar esse princpio, vamos a algumas decises proferidas pelo STF

    quanto ao tema:

    6~PXOD 67) Q 'HFLVmR TXH GHFODUD LQGHYLGD Dcobrana do imposto em determinado exerccio no faz

    coisa julgada em relao aos posteriores (VWD &RUWH FRQVROLGRX HQWHQGLPHQWR QR VHQWLGR GHcaracterizar como taxa a cobrana pecuniria pela SUFRAMA

    para anuir aos pedidos de guias de importao de insumos e

    bens de capital e aos pedidos de desembarao aduaneiro e

    do controle dos internamentos na Zona Franca de Manaus. 2.

    A cobrana de taxa por meio de portaria viola o

    princpio da legalidade tributria. (RE 599450 AgR/AM,

    GH $Vcontribuies anualmente devidas aos conselhos de fiscalizao profissional possuem natureza tributria e,

    desse modo, sujeitam-se ao princpio da legalidade

    tributria, previsto no art. 150, I, da Lei Maior. II O Plenrio desta Corte, no julgamento da ADI 1.717/DF, Rel.

    Min. Sidney Sanches, declarou a inconstitucionalidade de

    dispositivo legal que autorizava os conselhos de fiscalizao

    profissional a fixar suas contribuies anuais. (ARE 640937

    $J535GH

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    $ instituio dos emolumentos cartorrios pelo Tribunal de Justia afronta o princpio da reserva legal.

    Somente a lei pode criar, majorar ou reduzir os valores das

    taxas judicirias. Precedentes. 4. Inrcia da Unio Federal em

    editar normas gerais sobre emolumentos. Vedao aos

    Estados para legislarem sobre a matria com fundamento em

    sua competncia suplementar. (ADI 1709/MT, de

    Quanto ltima deciso, os emolumentos cartorrios, como vimos em aula

    passada, so tributos. Logo, sujeitos aos princpios constitucionais tributrios,

    uma vez que as taxas no so excees a nenhum deles. Assim, sujeitam-se

    ao princpio da legalidade, devendo ser criados, majorados, reduzidos ou

    extintos apenas por meio de lei formal.

    (FCC/2008) A competncia tributria, assim entendida como o poder que os

    entes polticos Unio, Estados- Membros, Distrito Federal e Municpios tm para instituir tributos, no ilimitada. Ao contrrio, encontra limites na

    Constituio Federal, entre os quais destacamos o princpio da legalidade

    tributria, segundo o qual nenhum tributo poder ser institudo ou majorado a

    no ser por lei. Porm, a prpria Constituio Federal excetua da

    obrigatoriedade de ser majorados por lei (podendo s-lo por ato do Poder

    Executivo) alguns tributos. So exemplos desses tributos:

    a) imposto sobre renda e proventos / imposto sobre importao de produtos

    estrangeiros / contribuio para o PIS/PASEP.

    b) imposto sobre produtos industrializados / CIDE combustvel / contribuio

    para o PIS/PASEP.

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    c) imposto sobre importao de produtos estrangeiros / imposto sobre

    exportao de produtos nacionais ou nacionalizados / imposto sobre renda e

    proventos.

    d) CIDE combustvel / imposto sobre produtos industrializados / imposto

    sobre operaes de crdito, cmbio e seguros.

    e) contribuio para o PIS/PASEP / imposto sobre operaes de crdito,

    cmbio e seguros/ imposto sobre produtos industrializados.

    Os tributos que so excees ao princpio da legalidade, seja em relao s

    alteraes de alquotas seja em relao aos convnios do CONFAZ, so os que

    seguem:

    Imposto de Importao (II);

    Imposto de Exportao (IE);

    Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

    Imposto sobre operaes de crditos, cmbio e seguros (IOF);

    ICMS monofsico;

    CIDE-combustveis

    'LDQWHGLVVRVRPHQWHDDOWHUQDWLYDGDWHQGHDHQXPHUDomRDFLPDVHQGRRgabarito da questo apresentada.

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    (ESAF/SRF/ Auditor Fiscal do Tesouro Nacional/1996) O princpio da

    legalidade no se aplica, em toda a sua extenso:

    a) aos impostos de importao e exportao, imposto sobre produtos

    industrializados e imposto extraordinrio decorrente de guerra.

    b) aos impostos de importao e exportao, ao imposto sobre produtos

    industrializados e ao impostos sobre operaes financeiras.

    c) s taxas e contribuies de melhoria.

    d) aos impostos de importao e exportao, imposto sobre produtos

    industrializados e imposto extraordinrio de guerra.

    e) s taxas e contribuies sociais.

    Questo repetida, exigindo apenas os tributos aos quais no se aplica o

    princpio da legalidade em sua integralidade, sendo assim excees a este.

    Conforme vimos na questo anterior, so excees ao princpio:

    Imposto de Importao (II);

    Imposto de Exportao (IE);

    Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

    Imposto sobre operaes de crditos, cmbio e seguros (IOF);

    ICMS monofsico;

    CIDE-combustveis

    Diante dissoVRPHQWHDDOWHUQDWLYDEDWHQGHDHQXPHUDomRDFLPDVHQGRRgabarito da questo apresentada.

    Vamos agora ao princpio da anterioridade anual.

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    Princpio da Anterioridade Anual

    Esse outro princpio relacionado ao princpio da segurana jurdica, e visa

    dotar os sujeitos passivos de um tempo mnimo para se ajustarem

    aos efeitos de uma nova lei ou imposio tributria. tambm

    conhecido como princpio da no surpresa tributria, juntamente com o

    princpio da anterioridade nonagesimal, a ser visto logo adiante, sendo

    conceituado ainda como uma garantia individual dos contribuintes, possuindo

    status de CLAUSULA PTREA na nossa atual CF/88.

    O princpio da anterioridade anual, do exerccio financeiro ou comum,

    HVWiSUHYLVWRQRDUWLJR,,,EGD&)FXMRWH[WRpRVHJXLQWH $UW6HPSUHMXt]RGHRXWUDVJDUDQWLDVDVVHJXUDGDVDRcontribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito

    Federal e aos Municpios: (...)

    III - cobrar tributos: (...)

    b) no mesmo exerccio financeiro em que haja sido publicada

    DOHLTXHRVLQVWLWXLXRXDXPHQWRX Como podemos observar no texto constitucional, esse postulado se volta para

    todos os Entes Federativos, e em relao a todos os tributos por eles

    institudos, RESSALVADAS AS EXCEES EXPRESSAMENTE PREVISTAS

    NA CF/88. Logo em seguida veremos essas importantes ressalvas, bastante

    cobradas em provas de concurso.

    Conforme o princpio, uma lei publicada no ano X (lei plenamente vigente), e

    que institua ou majore tributos, somente surtir efeitos (ter eficcia) no

    exerccio financeiro X + 1. vedado aos Entes polticos cobrar tributos dentro

    do mesmo exerccio financeiro em que tenha sido publicada a lei que os

    instituiu ou majorou, somente podendo fazer isso no exerccio financeiro

    seguinte ao da publicao. Ressalvadas as excees expressas na CF/88.

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    Assim, uma lei publicada em 20 de setembro de 2011, e que majora

    determinado tributo federal (e desde que no seja uma exceo ao princpio)

    j possui plena vigncia no mundo jurdico. Entretanto, sua eficcia (produo

    dos efeitos junto aos sujeitos passivos) somente se dar, regra geral, em 1

    de janeiro de 2012, atendendo o princpio da anterioridade anual.

    Por sua vez, por exerccio financeiro devemos entender o perodo

    compreendido entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de um mesmo ano do

    calendrio civil, conforme consta na lei federal n 4.320, de 1964.

    Com efeito, o princpio tem como finalidade evitar a surpresa tributria, como

    falamos anteriormente, preparando o sujeito passivo para a nova tributao

    ou majorao desta, de modo que ele possa organizar suas finanas para

    DFRPRGDURQRYR{QXVWULEXWiULR O princpio da anterioridade anual impede que Virgulino seja pego desprevenido, j que ele costuma gastar todo seu

    suado vencimento. Com a publicao de uma nova lei onerando

    tributariamente seu oramento, Virgulino vai ter que adequar suas finanas,

    mas o Estado ir dar um tempo para ele fazer isso.

    &HUWR SURIHVVRU $FRPRGDU R QRYo nus tributrio para no ser pego de surpresa. O princpio veda que sejam cobrados ou majorados tributos no

    mesmo exerccio financeiro. Mas e se essa lei for publicada em 31 de

    dezembro, prevendo que a sua eficcia se d j a partir de 1 de janeiro do

    ano seguinte? O princpio ser atendido, mas teremos uma surpresa tributria

    GRPHVPRMHLWRQmR" 0XLWREHP FDURDOXQR3DUDHYLWDU LVVRR OHJLVODGRU FRQVWLWXLQWH HODERURXtambm o princpio da noventena, que veremos logo em seguida na nossa

    aula de hoje. Resumidamente, ele nos diz que, exceto quanto s excees ao

    princpio da noventena, os tributos somente podero ser cobrados depois de

    decorridos 90 dias aps a data da publicao da lei que os houve institudo ou

    aumentado. Ou seja, em regra, na pior das hipteses, os sujeitos passivos

    tero 90 dias antes de terem de pagar mais tributos. Repito: exceto se o

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    tributo for uma exceo ao princpio da noventena, que veremos mais

    adiante. Vamos em frente.

    Quanto ao princpio da anterioridade, no devemos confundir este com outro

    princpio anteriormente presente no nosso texto magno: o princpio da

    ANUALIDADE tributria.

    Ateno, caro aluno: no confunda o princpio da ANTERIORIDADE

    anual, presente na nossa Carta de 1988, como o princpio da

    ANUALIDADE tributria, no mais vigente nosso ordenamento

    constitucional.

    O princpio da anualidade rezava que um tributo somente poderia ser cobrado

    em um determinado exerccio caso autorizado em oramento anual, sendo

    autorizada a cobrana do tributo em um ano e permitida a cobrado no

    exerccio seguinte. Esse princpio, repito, no mais se aplica aos dias

    atuais! Cuidado, as bancas costumam cobra-lo como se fosse o princpio da

    anterioridade tributria.

    O aumento ou a majorao de tributos, como vimos, submete-se ao princpio

    da anterioridade tributria. Ok. Mas e a diminuio ou a extino de um

    tributo? Submetem-se?

    Nenhuma das duas se submete, podendo ter aplicao imediata para os

    sujeitos passivos, se a lei no dispuser em contrrio, claro. O princpio se

    aplica apenas quando h SUHMXt]Rpara o contribuinte, aumentando a carga tributria, e no para benefici-lo.

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    Por sua vez, a revogao de uma iseno INCONDICIONADA TAMBM

    NO SE SUBMETE AO PRINCPIO DA ANTERIORIDADE, uma vez que o

    tributo j era existente ao tempo da concesso, sendo conhecido do

    contribuinte que passar a suportar o nus tributrio advindo com a

    revogao da iseno. Assim, passa a ser imediatamente exigido o tributo

    outrora isentado pelo legislador, caso a lei no preveja de outro modo. Esse

    entendimento est presente em deciso do STF, a qual transcrevo abaixo,

    futuro servidor:

    (0(17$ CONSTITUCIONAL. TRIBUTRIO. ISENO. REVOGAO. PRINCPIO DA ANTERIORIDADE. I. Revogada a

    iseno, o tributo volta a ser imediatamente exigvel. Em

    caso assim, no h de se observar o princpio da

    anterioridade, dado que o tributo j existente. (RE

    (6GH*ULIRVQRVVR Por sua vez, a reduo ou extino de desconto para o pagamento de

    tributo previsto em lei no ofende o princpio da anterioridade, tendo

    tambm aplicao imediata. Veja o que diz o STF sobre o tema:

    $OHJDGDYLRODomRDRDUW,,,DOtQHDFGD&RQVWLWXLomRFederal. 5. A reduo ou a extino de desconto para

    pagamento de tributo sob determinadas condies previstas

    em lei, como o pagamento antecipado em parcela nica, no

    pode ser equiparada majorao do tributo em questo, no

    caso, o IPVA. No-incidncia do princpio da anterioridade

    tributria. 6. Vencida a tese de que a reduo ou supresso

    de desconto previsto em lei implica, automtica e

    aritmeticamente, aumento do valor do tributo devido. (ADI

    0&35GH

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    $ UHJUD OHJLVODWLYD TXH VH OLPLWD VLPSOHVPHQWH D PXGDU Rprazo de recolhimento da obrigao tributria, sem qualquer

    repercusso, no se submete ao princpio da anterioridade.

    5(6&GH Diante do que consta acima, o STF editou a seguinte Smula:

    6~PXOD 67) Q 1RUPD OHJDO TXH DOWHUD R SUD]R GHrecolhimento da obrigao tributria no se sujeita ao

    SULQFtSLRGDDQWHULRULGDGH Outras decises nos dizem o seguinte quanto anterioridade:

    $ PRGLIicao dos fatores de indexao, com base em legislao superveniente, no constitui desrespeito a

    situaes jurdicas consolidadas (CF, art. 5, XXXVI), nem

    transgresso ao postulado da no-surpresa,

    instrumentalmente garantido pela clusula da anterioridade

    tributria (CF, art. 150, III, "b"). (RE 200844, de

    (0(17$,$omRGLUHWDGHLQFRQVWLWXFLRQDOLGDGH/GREstado do Amap, publicada no DOE de 30.12. 2006, que

    dispe sobre custas judiciais e emolumentos de servios

    notariais e de registros pblicos, cujo art. 47 - impugnado -

    determina que a "lei entrar em vigor no dia 1 de janeiro de

    2006": procedncia, em parte, para dar interpretao

    conforme Constituio ao dispositivos questionado e

    declarar que, apesar de estar em vigor a partir de 1 de

    janeiro de 2006, a eficcia dessa norma, em relao aos

    dispositivos que aumentam ou instituem novas custas e

    emolumentos, se iniciar somente aps 90 dias da sua

    publicao. II. Custas e emolumentos: serventias judiciais e

    extrajudiciais: natureza jurdica. da jurisprudncia do

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    Tribunal que as custas e os emolumentos judiciais ou

    extrajudiciais tem carter tributrio de taxa. III. Lei

    tributria: prazo nonagesimal. Uma vez que o caso

    trata de taxas, devem observar-se as limitaes

    constitucionais ao poder de tributar, dentre essas, a

    prevista no art. 150, III, c, com a redao dada pela EC

    42/03 - prazo nonagesimal para que a lei tributria se torne

    HILFD]$',$3GH Por sua vez, temos outra importante deciso do STF, j cobrada literalmente

    em provas de concurso, que dispe sobre a simples prorrogao de prazo de

    aplicao de alquota anteriormente publicada e j vigente, no sendo

    necessria obedincia ao princpio da anterioridade para que seja novamente

    aplicvel. Segue a sua transcrio:

    75,%875,2 ,&06 0$-25$d2 '( $/4827$PRORROGAO. INAPLICABILIDADE DO PRAZO

    NONAGESIMAL (ARTIGO 150, III, C, DA CONSTITUIO

    FEDERAL). RECURSO EXTRAORDINRIO CONHECIDO E

    PROVIDO. 1. A Lei paulista 11.813/04 apenas prorrogou a

    cobrana do ICMS com a alquota majorada de 17 para 18%,

    criada pela Lei paulista 11.601/2003. 2. O prazo

    nonagesimal previsto no art. 150, III, c, da

    Constituio Federal somente deve ser utilizado nos

    casos de criao ou majorao de tributos, no na

    hiptese de simples prorrogao de alquota j

    aplicada anteriormente. 3. Recurso extraordinrio

    conhecido e provido para possibilitar a prorrogao da

    cobrana do ICMS com a alquota majorada. (RE 584100/SP,

    GH

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    (...). 2. O Supremo Tribunal Federal possui entendimento segundo o qual a prorrogao da data originariamente

    prevista para vigorar o tributo no equivale a sua instituio

    ou majorao, razo pela qual a anterioridade nonagesimal

    no incide nessa hiptese. (RE 537688 AgR/RS, de

    Ora, prorrogar o prazo de aplicao de uma alquota mais gravosa j

    existente no altera em nada a carga tributria que j vinha sendo suportada

    pelo contribuinte. Logo, a prorrogao de uma alquota j previamente

    existente no necessita obedincia ao princpio da anterioridade.

    Na mesma linha, o STF entende que a reduo ou extino de determinado

    desconto legalmente previsto no deve obedincia ao princpio da

    anterioridade, uma vez que no se configura como um aumento da carga

    tributria.

    Por sua vez, como toda e boa regra, o princpio da anterioridade comporta

    algumas excees, que veremos agora. Elas so de extrema importncia para

    a sua prova, uma vez que so bastante cobradas em provas de concurso que

    tratam do princpio da anterioridade.

    O princpio da anterioridade tributria nos diz que nenhum ente poltico

    poder cobrar tributos no mesmo exerccio financeiro que em tenha sido

    publicada a lei que os instituiu ou aumento. Excepcionado essa regra, temos

    alguns tributos, que, ao serem institudos ou majorados, j podem ser

    cobrados no mesmo exerccio financeiro em que essas mudanas forem

    impostas aos sujeitos passivos.

    Observe a figura a seguir, onde constam as excees ao princpio da

    anterioridade, bem como aos da legalidade e ao da anterioridade

    nonagesimal, a ser visto logo adiante na aula:

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    Assim, temos como excees ao princpio da anterioridade os seguintes

    tributos:

    Alterao das alquotas do II, IE, IOF e IPI (os chamados impostos com funo extrafiscal) Artigo 153, I, II, IV e V;

    Instituio dos impostos Extraordinrios de Guerra (IEG) Artigo 154, II;

    Instituio de emprstimos compulsrios nos casos de calamidade pblica, guerra externa ou sua iminncia Artigo 148, I;

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    Instituio das Contribuies parafiscais para a seguridade social, ou alterao de suas alquotas Artigo 195, 6;

    Alterao (reduo e restabelecimento) das alquotas da CIDE-Combustveis $UWLJR,E

    Alterao (reduo e restabelecimento) das alquotas do ICMS - Monofsico, relativo aos combustveis e lubrificantes Artigo 155, 4, IV.

    A previso das excees est contida nos artigos 150, 1, 148, I, 195, 6,

    ,,EH,9TXHDVVLPQRVGL]HP $UWLJR 1 A vedao do inciso III, b, no se aplica aos

    tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e

    154, II; e a vedao do inciso III, c, no se aplica aos

    tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154,

    II, nem fixao da base de clculo dos impostos previstos

    QRVDUWV,,,H, $UW 6 - As contribuies sociais de que trata este artigo s

    podero ser exigidas aps decorridos noventa dias da data da

    publicao da lei que as houver institudo ou modificado, no

    se lhes aplicando o dLVSRVWRQRDUW,,,E $UW 4 A lei que instituir contribuio de interveno no domnio

    econmico relativa s atividades de importao ou

    comercializao de petrleo e seus derivados, gs natural e

    seus derivados e lcool combustvel dever atender aos

    seguintes requisitos:

    I - a alquota da contribuio poder ser: (...)

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    b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, no se

    OKHDSOLFDQGRRGLVSRVWRQRDUW,,,E $UW1DKLSyWHVHGRLQFLVR;,,Kobservar-se- o seguinte: (...)

    IV - as alquotas do imposto sero definidas mediante

    deliberao dos Estados e Distrito Federal, nos termos do

    2, XII, g, observando-se o seguinte: (..)

    c) podero ser reduzidas e restabelecidas, no se lhes

    aplicando o GLVSRVWRQRDUW,,,E Assim, por exemplo, caso o poder executivo federal majore as alquotas da

    CIDE-combustveis no dia 14 de maro de 2010, a alterao j poder surtir

    efeito no mesmo exerccio financeiro, qual seja, 2010. Para tanto, dever

    observar apenas o prazo de 90 dias contados da data da publicao da lei que

    a majorou, em obedincia ao princpio da anterioridade nonagesimal, o qual

    veremos no item seguinte da aula.

    Somente para constar, a alterao das alquotas j poderia produzir efeitos

    para os contribuintes em 13 de junho de 2010, noventa dias aps o dia 14 de

    maro de 2010.

    Antes de irmos para o princpio da anterioridade nonagesimal, vamos ver

    agora como esse tema foi cobrado em prova. Vejas as seguintes questes.

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    (FCC/Auditor fiscal/2009) Quanto ao princpio da anterioridade, pode-se

    dizer que:

    a) probe que se tributem fatos geradores que ocorreram antes do incio da

    vigncia da lei que houver institudo ou aumentado um tributo.

    b) no se aplica ao Imposto de Importao, ao Imposto sobre Operaes

    Financeiras e s Taxas decorrentes do exerccio do poder de polcia.

    c) no se aplica ao Imposto de Importao, ao Imposto sobre Operaes

    Financeiras e ao Imposto de Exportao.

    d) se aplica aos emprstimos compulsrios, qualquer que seja o pressuposto

    de sua instituio.

    e) se aplica s contribuies para seguridade social da mesma forma que s

    outras espcies tributrias.

    Alternativa a) Incorreta. Essa definio est relacionada ao princpio da

    irretroatividade, e no ao da anterioridade, que probe, exceto em relao s

    excees ao princpio, que se tributem fatos geradores no mesmo exerccio

    financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumento.

    Alternativa b) Incorreta. O princpio realmente no se aplica aos dois

    primeiros impostos, mas se aplica integralmente s taxas devidas em razo

    do exerccio do poder de polcia.

    Alternativa c) Correta. Essas so algumas das excees ao princpio da

    anterioridade, que so os seguintes:

    II, IE, IOF e IPI (os chamados impostos com funo extrafiscal) Artigo 153, I, II, IV e V;

    Impostos Extraordinrios de Guerra (IEG) Artigo 154, II; Instituio de emprstimos compulsrios nos casos de calamidade

    pblica, guerra externa ou sua iminncia Artigo 148, I; Instituio ou majorao de alquotas das Contribuies parafiscais para

    a seguridade social Artigo 195, 6;

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    Alterao (reduo e restabelecimento) das alquotas da CIDE-Combustveis AUWLJR,E

    Alterao (reduo e restabelecimento) das alquotas do ICMS - Monofsico, relativo aos combustveis e lubrificantes Artigo 155, 4, IV.

    Alternativa d) Incorreta. Quanto aos emprstimos compulsrios, o

    princpio no se aplica nos casos de instituio destes em razo de

    calamidade pblica, guerra externa ou sua iminncia. Porm, ser aplicado

    nos casos de investimento publico de carter urgente ou de relevante

    interesse nacional. Artigo 148, I e II, da CF/88.

    Alternativa e) Incorreta. 9DOHDPHVPDH[SOLFDomRGDGDQDDOWHUQDWLYDF

    (FCC/2010/AL-SP/Agente Tcnico Legislativo Especializado)

    Submete-se integralmente aos princpios da legalidade, anterioridade anual e

    anterioridade nonagesimal o imposto sobre:

    a) os produtos industrializados.

    b) a renda e proventos de qualquer natureza.

    c) a transmisso de bens causa mortis e doao.

    d) a propriedade de veculos automotores.

    e) a propriedade territorial urbana.

    Consultando a figura apresentada anteriormente, fica fcil encontrar a

    UHVSRVWDDTXDOVHDSUHVHQWDQDDOWHUQDWLYDFXPDYH]TXHR,7%,QmRse apresenta como uma exceo a esse princpio.

    Vamos ao princpio da anterioridade nonagesimal!

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    Princpio da Anterioridade Nonagesimal

    O princpio da anterioridade nonagesimal foi acrescentado CF/88 pela

    Emenda Constitucional n 42, de 2003, proibindo a cobrana de tributos

    antes de decorridos noventa dias da data em que tenha sido

    publicada a lei que os instituiu ou aumentou, conforme o artigo 150, II,

    FFXMRWH[WRpVHJXLQWH $UW6HPSUHMXt]RGHRXWUDVJDUDQWLDVDVVHJXUDGDVDRcontribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito

    Federal e aos Municpios: (...)

    III - cobrar tributos: (...)

    c) antes de decorridos noventa dias da data em que

    haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou,

    observado o disposto na alnea b*ULIRVQRVVR Esse princpio, tambm conhecido como princpio da anterioridade

    privilegiada, mitigada ou qualificada, veio a reforar ainda mais a

    segurana jurdica dos contribuintes contra o aumento inesperado da carga

    tributria, uma vez que muitos tributos poderiam ter suas alquotas alteradas

    no dia 31 de dezembro de 2010, por exemplo, e j produzirem efeitos em 1

    de janeiro de 2011, obedecendo estritamente o que determina o princpio da

    anterioridade anual.

    Assim, ressalvadas as excees noventena previstas expressamente

    na CF/88, os tributos, na sua majorao ou instituio, estaro submetidos

    observncia dos dois princpios: anterioridade anual e nonagesimal.

    Por exemplo, caso a Unio venha a alterar a alquota do ITR (imposto

    submetido aos dois princpios) por meio de lei publicada em 20 de dezembro

    de 2011, as alteraes somente surtiro efeito em 21 de maro de 2012, 90

    dias aps a data da publicao, atendendo ao princpio da anterioridade e da

    noventena.

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    Caso a mesma lei do ITR seja publicada em 20 de maro de 2011, esta

    somente produzir efeitos em 1 de janeiro de 2012, uma vez que o prazo de

    90 se encerrar ainda dentro do ano de 2011, hiptese em que no ser

    observado o princpio da anterioridade anual.

    Caso a mesma lei agora seja publicada em 1 de outubro de 2011, depois de

    decorridos 90 dias aps a data da publicao, chegaremos ao dia 31 de

    dezembro, sendo atendido o princpio da noventena, mas no o da

    anterioridade anual. Assim, os efeitos da lei somente se daro um dia depois,

    em 1 de janeiro de 2012.

    Por fim, caso publicada a lei em 02 de outubro de 2011, depois de decorridos

    90 dias aps a data da publicao, chegaremos exatamente ao dia 1 de

    janeiro de 2012, no limiar que atende conjuntamente aos dois princpios:

    anterioridade e noventena.

    Com isso, chegamos a duas regras bsicas para a contagem dos prazos,

    considerando que a lei, quanto ao prazo da noventena, somente entre em

    vigor no 91 dia aps a data de publicao da lei que institui ou majora o

    tributo, uma vez que o WH[WRGD&)IDODdepois de decorridos 90 dias aps DGDWDGDSXEOLFDomRGDOHL As regras so (GUARDE BEM, CARO ALUNO):

    Caso a lei seja publicada entre 1 de janeiro e 1 de outubro de um ano, invariavelmente, e desconsiderando as excees, sua vigncia

    somente se dar em 1 de janeiro do ano seguinte, uma vez que deve

    atender aos dois princpios tributrios;

    Caso a lei seja publicada entre 02 de outubro e 31 de dezembro de um determinado ano, basta, para atendimento dos dois princpios,

    estabelecer o 91 dia da contagem, sendo este o dia em que a lei

    produzir efeitos junto aos contribuintes.

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    Assim como o princpio da anterioridade anual, o da noventena tambm

    possui excees constitucionalmente previstas, presentes no artigo 150, 1,

    da CF/88:

    $UWLJR 1 A vedao do inciso III, b, no se aplica aos tributos

    previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a

    vedao do inciso III, c, no se aplica aos tributos

    previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II,

    nem fixao da base de clculo dos impostos

    previstos nos arts. 155, III, e 156, I Para fixao das excees noventena, trago novamente a figura

    apresentada anteriormente quando do estudo do princpio da anterioridade:

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    Por sua vez, as duas ltimas excees quanto CIDE-combustveis e ao ICMS

    monofsico dizem respeito s ALTERAES DE ALIQUOTAS. Apenas

    alquotas. Aqui no cabe a alterao da base de clculo. ATENO!

    OUTRA OBSERVAO MUITO IMPORTANTE PARA CLCULOS: 90 DIAS NO

    IGUAL A TRS MESES, REGRA GERAL. A coincidncia somente se dar para a

    sequencia dezembro-janeiro-fevereiro e janeiro-fevereiro-maro, e desde que

    o ano considerado no seja bissexto. -

    Vamos agora ao que nos diz a CF/88 em relao s medidas provisrias e os

    princpios da anterioridade anual e da noventena.

    MEDIDAS PROVISRIAS

    O artigo 62, 2, da CF/88, nos diz o seguinte:

    0HGLGD SURYLVyULD TXH LPSOLTXH LQVWLWXLomR RXmajorao de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I,

    II, IV, V, e 154, II, s produzir efeitos no exerccio

    financeiro seguinte se houver sido convertida em lei at o

    ~OWLPRGLDGDTXHOHHPTXHIRLHGLWDGD A previso acima foi instituda pela EC n 32, de 2003, permitindo

    expressamente a edio de MP para a instituio e majorao de IMPOSTOS.

    ATENAO, CARO ALUNO: O TEXTO DA CF/88 FALA APENAS EM IMPOSTOS!

    Entretanto, recentes decises do STF tm estendido a previso tambm s

    taxas e contribuies sociais, antes mesmo da citada EC, como podemos

    notar abaixo:

    (0(17$5HFXUVRH[WUDordinrio. 2. Medida provisria. Fora de lei. 3. A Medida Provisria, tendo fora de lei,

    instrumento idneo para instituir e modificar tributos e

    FRQWULEXLo}HVVRFLDLV5(0*GH

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    Quanto MP, os tributos por ela criados devem obedincia aos princpios da

    anterioridade anual e da noventena, assim como os criados por meio de lei,

    exceto nos casos em que se observam excees j estudadas por ns

    anteriormente.

    Por sua vez, para que possam surtir efeitos no exerccio financeiro seguinte,

    as medidas provisrias devem ter sido CONVERTIDAS EM LEI at o

    LTIMO DIA DO EXERCCIO EM QUE FORAM EDITADAS, sem o qual

    somente produziro efeitos no exerccio seguinte ao da converso da medida

    provisria. Essa regra vlida apenas para os impostos, e ressalvadas as

    excees previstas no texto do artigo 62, 2, da CF/88, quais sejam:

    IMPOSTO DE IMPORTAO (II);

    IMPOSTO DE EXPORTAO (IE);

    IMPOSTO SOBRE OPERAES FINANCEIRAS (IOF);

    IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI);

    IMPOSTO EXTRAORDINRIO DE GUERRA (IEG).

    Assim, caso uma MP venha a instituir ou majorar tais impostos, a incidncia

    se dar de imediato, sem que seja necessria a converso da MP em lei no

    exerccio da publicao da lei para tanto. Entretanto, para o IPI, dever ser

    observado o prazo da noventena, de 90 dias aps a data de publicao da

    MP. Logo, editada e publicada um MP majorando as alquotas do IPI, somente

    podero ser cobradas noventa dias aps a data de publicao da referida MP.

    Quanto s taxas e contribuies de melhoria, devem ser observados,

    SEMPRE, os dois princpios: anterioridade e noventena. Quanto a essas

    espcies, no h qualquer exceo.

    Para os emprstimos compulsrios, o imposto sobre grandes fortunas e os

    impostos e contribuies residuais a serem institudos pela Unio, estes no

    podero ser institudos ou majorados por meio de MP, uma vez que exigem

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    lei complementar, a qual no pode ter temas a ela conferidos tratados por MP

    por expressa proibio constitucional (artigo 62, 1, III).

    Por fim, quanto s contribuies sociais, o STF entende que o prazo de

    90 dias deve ser contado a partir da edio originaria da MP. Logo,

    publicada a MP majorando ou instituindo contribuio, esta comear a ter

    eficcia a partir do 91 seguinte ao da publicao da MP, INDEPENDENTE

    DO DIA DA CONVERSO EM LEI.

    Veja os seguintes julgados do STF, caro aluno:

    (0(17$ $*5$92 5(*,0(17$/ (0 5(&8562EXTRAORDINRIO. COFINS. MEDIDA PROVISRIA

    1.724/1998, CONVERTIDA NA LEI 9.718/1998. ALQUOTA

    FIXADA EM 3% (TRS POR CENTO). ANTERIORIDADE

    NONAGESIMAL. 1. A jurisprudncia do Supremo Tribunal

    Federal, que me parece juridicamente correta, firme no

    sentido de que o prazo nonagesimal de que trata o 6

    do art. 195 da Constituio Federal contado a partir

    da publicao da Medida Provisria 1.724/1998, e no

    a partir da publicao da Lei 9.718/1998. (RE

    63GH (0(17$$*5$925(*,0(17$/75,%875,23,60(','$PROVISRIA 1.212/95. REEDIES. ART. 62, P. NICO, DA

    CF/1988. CONSTITUCIONALIDADE. O Pleno do Supremo

    Tribunal Federal, por ocasio do julgamento do RE 232.896

    (rel. min. Carlos Velloso, DJ de 01.10.1999), entendeu que

    medida provisria reeditada dentro de seu prazo de validade

    no perde sua eficcia em funo de sua no-apreciao pelo

    Congresso Nacional. Decidiu-se, tambm, que o prazo

    nonagesimal a que se refere o art. 195, 6, nos casos de

    reedio de medida provisria, conta-se a partir da

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    veiculao da primeira medida provisria. (RE 577923

    $J5%$GH PORM, A PREVISO ACIMA SOMENTE SE D EM CASO DE APROVAO DA

    LEI SEM QUE HAJA ALTERAO SIGNIFICATIVA EM RELAO AO TEXTO

    ORIGINAL DA MP.

    CASO HAJA ALTERAO SUBSTANCIAL DO TEXTO DA MP NO

    CONGRESSO NACIONAL ANTES DE SUA CONVERSO EM LEI, O PRAZO

    DE 90 DIAS SER CONTADO A PARTIR DA PUBLICAO DO NOVO

    TEXTO, E NO DA DATA DA PUBLICAO DA MP.

    Antes de passarmos para o prximo princpio tributrio, vamos ver algumas

    questes de provas passadas que versaram sobre o princpio da noventena.

    (FCC/2006/SEFAZ-PB/Auditor Fiscal de Tributos Estaduais/Prova 2)

    Aplica-se o princpio da anterioridade nonagesimal (noventena criada pela

    Emenda Constitucional no 42 de 19/12/2003) ao imposto sobre:

    a) operaes de crdito, cmbio e seguro ou relativas a ttulos ou valores

    mobilirios.

    b) renda e proventos de qualquer natureza.

    c) importao de produtos estrangeiros.

    d) exportao, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados.

    e) operaes relativas circulao de mercadorias e sobre prestaes de

    servios de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicao.

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    So excees ao princpio da noventena os seguintes tributos:

    II, IE, IOF e IR Artigo 153, I, II, III e IV; Impostos Extraordinrios de Guerra (IEG) Artigo 154, II; Emprstimos compulsrios nos casos de calamidade pblica, guerra

    externa ou sua iminncia Artigo 148, I; Fixao da base de clculo do IPVA Artigo 155, III; Fixao de base de clculo do IPTU Artigo 156, I.

    Assim, resta como correta a alternativa "e", gabarito da questo, uma vez

    que o princpio da anterioridade nonagesimal se aplica integralmente ao

    ICMS, imposto de competncia estadual.

    (FMP 2007 - Adjunto de Procurador do Ministrio Pblico Especial junto ao Tribunal de Contas do RS) Quanto anterioridade tributria,

    (A) h duas regras de anterioridade: a anterioridade de exerccio para os

    impostos e a anterioridade nonagesimal para as contribuies.

    (B) as contribuies no esto sujeitas anterioridade de exerccio.

    (C) as contribuies sociais destinadas ao financiamento da seguridade social

    no esto sujeitas anterioridade de exerccio.

    (D) as taxas no esto sujeitas anterioridade nonagesimal mnima prevista

    no art. 150, III, c, da CF.

    (E) a anterioridade nonagesimal mnima s aplicvel aos impostos sobre o

    patrimnio.

    Alternativa a) Incorreta. O princpio da anterioridade, seja ele do exerccio

    ou nonagesimal, aplicado tanto a impostos quanto a contribuies,

    indistintamente, e desde que determinada hiptese no seja uma exceo a

    um ou a outro princpio, ou a ambos.

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    Alternativa b) Incorreta. Exceto nos casos expressamente previstos na

    CF/88, as contribuies esto sujeitas ao princpio da anterioridade. Como

    exemplo, temos as contribuies de melhoria, as contribuies para o custeio

    do servio de iluminao pblica, entre outras.

    Alternativa c) Correta. o que nos diz o artigo 195, 6, da CF/88, o qual

    determina que as contribuies sociais ficaro sujeitas apenas ao princpio da

    anterioridade nonagesimal. Ou seja, ainda que a lei de instituio de uma

    contribuio seja publicada em 2011, esse tributo j poder ser exigido

    dentre deste mesmo ano, desde que j tenham sido decorridos noventa dias

    a partir da publicao da lei de instituio.

    Alternativa d) Incorreta. As taxas so tributos que obedecem aos dois

    princpios da anterioridade previstos na nossa CF/88. Tanto o da

    anterioridade anual quanto o da anterioridade nonagesimal, no comportando

    excees.

    Alternativa e) Incorreta. A anterioridade nonagesimal aplicada

    especificamente a cada tributo, no comportando regra que englobe esse ou

    aquele grupo de tributos em razo de uma caracterstica comum, como o so

    os impostos sobre o patrimnio (IPTU, IR, ITR). O princpio da anterioridade

    nonagesimal, por exemplo, aplicado tambm aos impostos sobre a

    circulao, como o ICMS, regra geral.

    (ESAF/SEFIN-Natal/Auditor Fiscal /2008) O Governador do Estado de

    Minas Gerais fez publicar, em 6 de novembro de 2007, em ateno s

    Constituies Estadual e Federal, medida provisria visando majorao de

    imposto estadual. A norma entrou em vigor na data de sua publicao. O

    Poder Legislativo Estadual, porm, somente converteu a medida provisria

    em lei no dia 20 de fevereiro de 2008. Em face da situao hipottica e

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    considerando os parmetros de vigncia e aplicao da legislao tributria,

    aponte em que data o aumento poder ser efetivamente cobrado.

    a) 1 de janeiro de 2008.

    b) 4 de fevereiro de 2008.

    c) 20 de maio de 2008.

    d) 1 de janeiro de 2009.

    e) 31 de maro de 2009.

    A regra presente no artigo 62, 2, da CF/88 clara, dispondo que, salvo no

    caso das excees expressamente previstas (II, IE, IPI, IOF, IEG), as

    medidas provisrias que impliquem em instituio ou majorao de impostos

    s produzir efeitos no exerccio financeiro seguinte se houver sido convertida

    em lei at o ltimo dia daquele em que foi editada.

    Uma vez que as excees dizem respeito a tributos federais, a medida

    provisria editada pelo poder estadual somente poderia surtir efeitos no ano

    de 2008 se houvesse sido convertida em lei at o ultimo dia de 2007, o que

    no ocorreu no caso.

    Uma vez que a medida provisria somente foi convertida em lei no dia 20 de

    fevereiro de 2008, e atendendo aos princpios da anterioridade e da

    noventena, o referido tributo somente poder ser cobrado no dia 1 de

    janeiro de 2009.

    Assim, resta como correta a alternativa "d", gabarito da questo.

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    Princpio da Isonomia

    Tributar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida da sua desigualdade(VVDpDIDPRVDIUDVHHPTXHVHEDVHLDRprincpio da isonomia tributria, que visa estabelecer parmetros de

    tributao justa e equnime entre os diferentes tipos de contribuintes.

    A isonomia, ou igualdade, est prevista genericamente no caput do artigo 5

    da CF/88:

    $UWTodos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

    estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito

    vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade,

    nos termos seguintes: (...)

    Por sua vez, o princpio da isonomia, no mbito tributrio, encontra-se

    insculpido no artigo 150, II, da CF/88, que assim nos diz:

    $UW50. Sem prejuzo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, vedado Unio, aos Estados, ao Distrito

    Federal e aos Municpios: (...)

    II - instituir tratamento desigual entre contribuintes

    que se encontrem em situao equivalente, proibida

    qualquer distino em razo de ocupao profissional ou

    funo por eles exercida, independentemente da

    GHQRPLQDomR MXUtGLFD GRV UHQGLPHQWRV WtWXORV RX GLUHLWRV(Grifos nosso)

    Estabelecer uma s regra para todos os contribuintes no aplicar

    corretamente o princpio da isonomia, uma vez que a lei tributria deve

    considerar as diferenas que existem entre cada uma das classes de sujeitos

    passivos, rendas, patrimnios e demais fatores pertinentes capacidade

    contributiva de cada um.

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    Por exemplo, caso a lei que regula o imposto sobre a Renda estabelecesse

    uma alquota nica de 10% para todos os contribuintes, estaria atingindo

    frontalmente o princpio da isonomia, uma vez que aqueles que dispem de

    pouca renda seriam tributados igualmente aos milionrios, que dispem de

    maior patrimnio e renda.

    Tirar, por exemplo, R$ 100,00 de quem ganha R$ 1.000,00 por ms no

    parece ser to justo quanto tirar R$ 1.000,00 de quem ganha R$ 10.000,00.

    Os que ganham mais participam do financiamento da sociedade com valores

    maiores do que aqueles que ganham menos. Isso sem levar em considerao

    os que nada ganham, ou ainda os atuais isentos do IR.

    Diante disso que, por exemplo, foi institudo, para o imposto de renda,

    alquotas progressivas, visando tributar com uma parcela maior dos

    rendimentos aqueles que ganham mais renda, cuja alquota mxima,

    atualmente, 27,50%. Observe a seguinte tabela de rendimentos e

    respectivas alquotas de IR para o ano-calendrio 2010, sendo um timo

    exemplo de aplicao do princpio da isonomia:

    Na esteira de tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, surge

    para o princpio da isonomia duas acepes: a vertical e a horizontal. A

    acepo vertical se refere s pessoas que esto em situaes diferentes,