direito penal - principios

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DIREITO PENAL – PARTE GERAL Ponto 03 – Princípios penais. __________________________________________________________________________________ A) PRINCÍPIO GERAI DO DIREITO PENAL !CONTIT"CIONAI)# Podem ser divididos em quatro grupos: Princípios re$aciona%os co& a &iss'o ( n%a&enta$ %o Direito Pena$ 1) princípio da exclusiva proteção dos bens jurídicos; 2) princípio da intervenção mínima. Princípios re$aciona%os co& o (ato %o a*ente 1) princípio da exterioriação ou materialiação do !ato; 2) princípio da legalidade; ") princípio da o!ensividade ou lesividade. Princípios re$aciona%os co& o a*ente %o (ato 1) princípio da responsabilidade pessoal; 2) princípio da responsabilidade subjetiva; ") princípio da culpabilidade; #) princípio da igualdade; $) princípio da presunção de inoc%ncia ou não&culpa. Princípios re$aciona%os co& a pena 1) princípio da proibição da pena indigna; 2) princípio da 'umanidade das penas; ") princípio da proporcionalidade; #) princípio da pessoalidade ou personaliação da pena; $) princípio da vedação do bis in idem. +, GR"PO# PRINCÍPIO RELACIONADO CO- A -I O /"NDA-ENTAL DO DIREITO PENAL# +) PRINCÍPIO DA E CL"I1A PROTE2 O DE EN 4"RÍDICO : nen'uma criminaliação ( legítima se não visa evitar a lesão ou o per lesão a um bem juridicamente determin vel. *em jurídico + conceito + todos os dados que são pressupostos de um convívio pací,co entreos 'omens- !undado na liberdade e igualdade /oxin). 0al princípio impede que o stado utilie o ireito Penal para a pro interesses ilegítimos. 5) PRINCÍPIO DA INTER1EN2 O -ÍNI-A : o ireito Penal s3 deve ser aplicado quando estritamente necess rio- mantendo&se subsidi rio e !ragment rio subsidiariedade e !ragmentariedade são característ intervenção mínima). 4ejamos: a) subsidiariedade + a sua intervenção ,ca condicionada ao !racasso d demais es!eras de controle + ultima ratio; b) !ragmentariedade + observa somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

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Principios DP

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DIREITO PENAL PARTE GERAL

Ponto 03 Princpios penais.______________________________________________________________________________________________

A) PRINCPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL (CONSTITUCIONAIS):

Podem ser divididos em quatro grupos:

Princpios relacionados com a misso fundamental do Direito Penal1) princpio da exclusiva proteo dos bens jurdicos;

2) princpio da interveno mnima.

Princpios relacionados com o fato do agente1) princpio da exteriorizao ou materializao do fato;

2) princpio da legalidade;

3) princpio da ofensividade ou lesividade.

Princpios relacionados com o agente do fato1) princpio da responsabilidade pessoal;

2) princpio da responsabilidade subjetiva;

3) princpio da culpabilidade;

4) princpio da igualdade;

5) princpio da presuno de inocncia ou no-culpa.

Princpios relacionados com a pena1) princpio da proibio da pena indigna;

2) princpio da humanidade das penas;

3) princpio da proporcionalidade;

4) princpio da pessoalidade ou personalizao da pena;

5) princpio da vedao do bis in idem.

1 GRUPO: PRINCPIOS RELACIONADOS COM A MISSO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL:

1) PRINCPIO DA EXCLUSIVA PROTEO DE BENS JURDICOS: nenhuma criminalizao legtima se no visa evitar a leso ou o perigo de leso a um bem juridicamente determinvel.

Bem jurdico conceito todos os dados que so pressupostos de um convvio pacfico entre os homens, fundado na liberdade e igualdade (Roxin).

Tal princpio impede que o Estado utilize o Direito Penal para a proteo de interesses ilegtimos.

2) PRINCPIO DA INTERVENO MNIMA: o Direito Penal s deve ser aplicado quando estritamente necessrio, mantendo-se subsidirio e fragmentrio (subsidiariedade e fragmentariedade so caractersticas da interveno mnima). Vejamos:

a) subsidiariedade a sua interveno fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle ultima ratio;

b) fragmentariedade observa somente os casos de relevante leso ou perigo de leso ao bem jurdico tutelado.

Princpio da Insignificncia desdobramento lgico da fragmentariedade critrios de aplicao STF/STJ:

1) mnima ofensividade da conduta do agente;

2) nenhuma periculosidade social da ao;

3) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;

4) inexpressividade da leso provocada.

Consideraes Jurisprudncia:

( h julgados do STF analisando a realidade econmica do pas;

( o STJ analisa o significado do bem jurdico para a vtima;

( o STF admite o princpio da insignificncia nos delitos contra a Administrao Pblica;

( o STJ, em regra, no admite o princpio da insignificncia em crimes contra a Administrao Pblica;

( STF e STJ no aplicam tal princpio no delito de moeda falsa bem jurdico tutelado a f pblica;

( temos decises no STF e STJ no aplicando o princpio quando se trata de ru reincidente ou criminoso habitual crtica: a insignificncia est no fato e no no agente. Passa a trabalhar com o Direito Penal do Autor. Assim, os antecedentes do agente no devem ser levados em conta no princpio da insignificncia, sob pena de restaurao do Direito Penal do Autor posio do TJPR;

( STF e STJ admitem o princpio da insignificncia no crime de descaminho. Cuidado: a 1 Turma do STF, no dia 31/05/11, no aplicou o princpio no crime de descaminho (HC 100.986);

( no se aplica o princpio da insignificncia na apropriao indbita previdenciria (STF). Considera o carter supraindividual do bem jurdico.

Princpio da Bagatela Prpria

Princpio da Bagatela Imprpria

No h relevante leso ou perigo de leso ao bem jurdico tutelado. Exclui a tipicidade.

Ex: furto de caneta Bic.

Apesar de haver relevante leso ou perigo de leso ao bem jurdico, a pena mostra-se desnecessria.

Ex: perdo judicial no homicdio culposo.

2 GRUPO: PRINCPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE:1) PRINCPIO DA EXTERIORIZAO OU MATERIALIZAO DO FATO: o Estado s pode incriminar penalmente condutas humanas voluntrias (fatos). Ningum pode ser castigado por seus pensamentos, desejos, por meras cogitaes ou estilo de vida (Direito Penal do Fato repudia-se o Direito Penal do Autor art. 2, CP por fato).

Mendicncia contraveno penal art. 60, LCP foi revogado por tratar-se de aplicao do D. Penal do Autor.

Vadiagem deveria ter sido revogado tambm por espelhar, da mesma forma, o Direito Penal do Autor (art. 59, LCP).

2) PRINCPIO DA LEGALIDADE: [tpico prprio ao final fls. 14]3) PRINCPIO DA OFENSIVIDADE: para que ocorra o delito, imprescindvel leso ou perigo de leso ao bem jurdico tutelado. Acaba reforando a caracterstica da fragmentariedade. Coloca em cheque os crimes de perigo abstrato.

Crimes de Perigo

AbstratoConcreto

O perigo advindo da conduta absolutamente presumido por lei.O perigo advindo da conduta deve ser comprovado.

Questiona-se, assim, a constitucionalidade do crime de perigo abstrato, considerando o princpio da ofensividade.

3 GRUPO: PRINCPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE DO FATO:1) PRINCPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL: probe-se o castigo penal pelo fato de outrem. No existe no Direito Penal responsabilidade coletiva.

2) PRINCPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: no basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, s podendo ser responsabilizado se foi querido, aceito ou previsvel. No h responsabilidade sem dolo ou culpa.

Exceo hipteses de responsabilidade penal objetiva:

a) embriaguez voluntria e completa (actio libera in causa);

b) rixa qualificada no importa saber quem foi o autor da leso ou morte.

3) PRINCPIO DA CULPABILIDADE: s pode o Estado punir agente imputvel com potencial conscincia da ilicitude quando dele exigvel conduta diversa.

4) PRINCPIO DA IGUALDADE: o legislador e o juiz devem tratar todos de maneira igual e os desiguais de forma desigual, na medida da desigualdade (igualdade material, substancial) art. 24, CADH.

Obs.: o STF, com base no princpio da isonomia, concedeu HC em favor de estrangeiro irregular no pas, permitindo a substituio da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, no lugar de ficar preso at ser deportado.

5) PRINCPIO DA PRESUNO DE INOCNCIA OU NO-CULPA:

( art. 5, inciso LVII, CF ningum ser considerado culpado;

( art. 8, 2, CADH afirma a presuno de inocncia de forma expressa.

Assim, deste princpio, decorrem trs concluses:

a) qualquer restrio liberdade do acusado somente se admite aps a condenao definitiva (priso cautelar somente quando imprescindvel).

Obs.: art. 312, CPP expresso por convenincia expresso infeliz no convive com a caracterstica da imprescindibilidade da priso cautelar.

b) cumpre acusao o dever de demonstrar a responsabilidade do ru e no este comprovar sua inocncia;

c) a condenao deve derivar da certeza do julgador (in dubio pro reo).

4 GRUPO: PRINCPIOS RELACIONADOS COM A PENA:1) PRINCPIO DA PROIBIO DE PENA INDIGNA: ningum pode ser imposta uma pena ofensiva dignidade humana.

2) PRINCPIO DA HUMANIDADE DAS PENAS: nenhuma pena pode ser cruel, desumana e degradante.

Vale observar que os dois princpios acima configuram desdobramento lgico da dignidade da pessoa humana art. 5, CADH.

3) PRINCPIO DA PROPORCIONALIDADE: desdobramento do princpio da individualizao da pena. A pena deve ser proporcional gravidade da infrao penal (sem se desconsiderar as condies pessoais do agente). Deve ser observado em trs momentos:

a) legislativo quando da cominao da pena em abstrato;

b) sentena aplicao da pena;

c) execuo: cumprimento da pena.

4) PRINCPIO DA PESSOALIDADE OU PERSONALIZAO DA PENA: chamado tambm de intransmissibilidade da pena a pena no passa da pessoa do condenado (art. 5, inciso XLV, CF).

Trata-se de princpio absoluto ou relativo? H excees? 2 correntes:

a) relativo, admitindo exceo prevista na prpria CF, qual seja, a pena de confisco;

b) absoluto, j que confisco no pena, efeito da condenao a que prevalece, coincidindo com o art. 5, 3, CADH.

5) PRINCPIO DA VEDAO DO BIS IN IDEM probe a dupla punio, processo ou exceo. Possui trs significados:

( processual ningum pode ser processado duas vezes pelo mesmo fato (crime);

( tem o significado material ningum pode ser condenado pela segunda vez em razo do mesmo fato;

( execucional ningum pode ser executado duas vezes por condenao do mesmo fato.

A lei penal, nem a CF vedam expressamente. Trata-se de um princpio implcito. Mas est expresso no Estatuto de Roma, art. 20 TPI.

Vejam o exemplo abaixo:

SPBH

Condenado A por roubo de B.

Pena: 4 anosCondenado A por roubo de B.

Pena: 5 anos

STF duas correntes:

a) prevalece condenao mais benfica (Ministro Luiz Fux);

b) prevalece a condenao do primeiro processo, pois o segundo jamais deveria ter sido instaurado (Ministro Marco Aurlio de Mello).

PRINCPIO DA LEGALIDADE:Princpio da legalidade ou da reserva legal? 3 correntes:

( sinnimo de princpio da reserva legal;

( no se confunde com o da reserva legal o princpio da legalidade toma expresso lei no sentido amplo. Reserva legal toma expresso lei no sentido restrito;

( o princpio da legalidade a soma do princpio da reserva legal com o princpio da anterioridade. a corrente que prevalece.

- Est previsto no art. 5, inciso XXXIX, da CF no h crime sem lei anterior que o defina;

- previsto tambm no art. 9, do CADH;

- previsto tambm no art. 22, do Estatuto de Roma (TPI);

- previsto no art. 1, do CP no h crime sem lei (reserva legal) anterior (anterioridade).

Conceito constitui uma real limitao ao poder estatal de interferir na esfera de liberdade individuais.

Fundamentos do princpio da legalidade:

( fundamento poltico exigncia de vinculao do Executivo e do judicirio a leis formuladas de forma abstrata impede o poder punitivo com base no livre arbtrio;

( fundamento democrtico respeito ao princpio da separao de poderes (o Parlamento deve ser o responsvel pela criao de crimes);

( fundamento jurdico uma lei prvia e clara possui importante efeito intimidativo.

Princpio da legalidade destrinchando:

Pergunta: possvel medida provisria em matria penal? Medida provisria incriminadora est vedada pelo princpio da legalidade. J no que se refere a medida provisria no-incriminadora a doutrina divergente correntes:

( diante do art. 62, 1, inciso I, letra b, CF, conclui-se que a proibio de medida provisria em matria penal, seja incriminadora, seja no-incriminadora;

( o art. 62, 1, inciso I, letra b, CF, deve ser interpretado de modo a proibir a medida provisria incriminadora.

Vejamos a tabela abaixo:

Art. 62, 1, inciso I, letra b, CF

EC 32/01

AntesDepois

O STF, no RE 254.818/PR, discutindo os efeitos benficos extintivos da punibilidade trazidos pela MP 1571/97 proclamou sua admissibilidade em favor do ru.A MP 417/08 (convertida na Lei 11.706/08) autorizou a entrega espontnea de arma de fogo, afastando a ocorrncia do crime de posso ilegal de arma.

Assim, percebe-se a admissibilidade de medida provisria no-incriminadora, em favor do ru.

Subprincpios do Princpio da Legalidade:

1) ANTERIORIDADE probe a retroatividade malfica a retroatividade benfica garantia fundamental do cidado;

2) ESCRITA probe-se o costume incriminador, lembrando que possvel o costume interpretativo;

3) ESTRITA probe-se a analogia incriminadora. A analogia benfica possvel;

4) CERTA princpio da taxatividade ou da determinao exige dos tipos penais clareza, ou seja, tipos de fcil compreenso. Probe-se tipo incriminador genrico, ambguo, poroso, de contedo incerto ex: art. 41-B, Estatuto do Torcedor promover tumulto;

5) NECESSRIA desdobramento lgico do princpio da interveno mnima.

Pergunta: porque o princpio da legalidade ponto basilar do Garantismo? Vejam o quadro:

Poder punitivoGarantias do cidado

No h crime ou pena sem lei

LeiNeces.

AnteriorCerta

EscritaEstrita

EstritaEscrita

CertaAnterior

Neces.Lei

E ainda, no confundir:

Legalidade FormalLegalidade Material

Obedincia ao devido processo legislativo lei vigente no significa lei vlida afirma-se a vigncia da lei.Respeito aos direitos e garantias fundamentais insculpidos na CF lei vlida afirma-se a validade da lei.

Pergunta: a norma penal em branco em sentido estrito fere o princpio da legalidade? Existem duas correntes, vejamos:

1C essa espcie de norma penal ofende o princpio da reserva legal, visto que seu contedo poder ser modificado sem que haja uma discusso amadurecida da sociedade a seu respeito (fere o fundamento democrtico do princpio da legalidade);

2C essa espcie de norma penal em branco no viola o princpio da reserva legal. Existe um tipo penal incriminador que traduz os requisitos bsicos do delito (verbo do tipo, objeto do crime, sujeitos, etc). O que a autoridade administrativa pode fazer explicitar um dos requisitos tpicos dados pelo legislador (explicitar um objeto material). a corrente que prevalece.

Trata-se do mesmo fato.