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DIREITO PENAL I Prof. Dr. Urbano Félix Pugliese Histórico e introdução ao Direito Penal

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Page 1: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

DIREITO PENAL I

Prof. Dr. Urbano Félix PuglieseHistórico e introdução ao

Direito Penal

Page 2: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Ciências Criminais:1) Política criminal;2) Criminologia; e3) Dogmática penal (Direito Penal e Direito Processual Penal). Estruturação: Direito penal: Código Penal (parte geral e especial) e legislação extravagante; e Sistematização do CP e microssistemas penais.

Page 3: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Código Penal:1) Parte geral (VII títulos); e2) Parte Especial (XI títulos).Divisão da parte geral: Títulos: falam das

estruturas teóricas; Capítulos: Especificam as teorizações; Seções (optativas): Dividem os capítulos com mais especificações; e Artigos: Especificam as normas

Page 4: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Artigos:

1) Explicação do assunto abordado;2) Podem ocorrer ainda parágrafos: Tomam

formato ordinais (quando são únicos são escritos por extenso);

3) Podem ocorrer ainda incisos: Lidos cardinalmente em romanos; e

4) Podem ocorrer ainda alíneas referentes aos incisos: Letras em itálico.

Page 5: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Nomes do Direito Penal: Direito Penal e Direito Criminal são sinônimos

utilizados de maneira diferente nos países. No BR falamos mais DP e nos EUA, p. ex. Direito Criminal;

DP formal: Conjunto de normas mediante as quais o Estado proíbe comportamentos e ameaça através de sanções; e

DP social: Forma de controle social autônomo.

Page 6: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Nomes do Direito Penal:

DP objetivo: Normas penais; DP subjetivo: Direito de punir do Estado; DP da culpabilidade: Leva-se em

consideração a questão da reprovabilidade da conduta, relevando-se os fatos; e

DP da perigosidade: Leva-se em consideração o pensamento da pessoa perigosa para a sociedade.

Page 7: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Nomes do Direito Penal: DP do fato: Leva-se em conta apenas o fato e

não as circunstâncias pessoais do autor no afã punitivo;

DP do autor: Leva-se em conta as circunstâncias pessoais do autor no ensejo punitivo; e

DP do fato do autor: Leva-se em conta o fato mesclado com as circunstâncias pessoais do autor no intento punitivo.

Page 8: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Nomes do Direito Penal: DP primário: Clássico, codificado, sem modificações

e microssistemas; DP secundário: Com modificações, levando-se em

consideração os microssistemas e princípios próprios; e

DP de velocidades: 1ª: DP clássico cheio de garantias; 2ª: DP sem tantas garantias; 3ª: DP do inimigo (Günther Jacobs); e 4ª: Daniel Pastor: Réu detentor de poder estatal que violou os Direitos Humanos.

Page 9: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Nomes do Direito Penal: DP de emergência: Utilizado cada vez que há algum alarme

social; DP simbólico: Visa somente solidificar símbolos sociais e

não efetivar as verdadeiras funções do DP; DP promocional: Quando o DP é utilizado para promover a

manutenção do poder por algumas pessoas; DP paralelo: DP tolerado e utilizado por grupos isolados

(como os índios, ciganos); e DP subterrâneo (cripto direito penal): DP assistemático

utilizado por grupos.

Page 10: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Fases do Direito Penal:

1) Vingança privada; 2) Vingança divina; 3) Vingança Pública; e4) Período humanitário. As fases se interpenetram; Até os dias atuais temos todas as fases mescladas nos diversos

Direitos Penais do mundo; e Enquanto no Brasil é proibida pena de morte (salvo em guerra

declarada) em mais de 70 (setenta) países pune-se a homossexualidade.

Page 11: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

1) Vingança Privada: Não há regulamentações (escritas ou de

costumes); Cada pessoa/grupo/família deve se vingar dos

acontecimentos cotidianos; Fase anterior à fase mágica (início da

transcendentalidade na mente humana); e Não há limite à vingança (não há razoabilidade ou

proporcionalidade).

Page 12: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

2) Vingança Divina: Os grupos começam a impor às pessoas ordenações

(Código de Hamurábi, Livros Divinos e Lei das XII Tàbuas);

Há um mais forte (Deus/Deuses) capaz de agregar os grupos;

O Direito mescla-se com a religião; Há tribunais eclesiásticos punitivos; e Há um início de proporcionalidade/razoabilidade.

Page 13: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

3) Vingança Pública: O Direito se separa da religião (não sem muita

luta); O Estado passa a ser o centro da vida humana; Ainda não há, plenamente, proporcionalidade ou

razoabilidade; e Não se visa o ser humano mas o Estado.

Page 14: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

4) Período humanitário: Aberto pela obra: Dos delitos e das penas (1764),

Marquês de Beccaria; O ser humano passa à centralidade dos

pensamentos/atividades estatais (iluminismo/racionalismo);

A pena não pode mais ser cruel; e Há razoabilidade e proporcionalidade como postulados

de todo o Direito (sempre escrito, para garantia).

Page 15: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Histórico da legislação penal Brasileira:1) Portugal tinhas as Ordenações do Reino: Afonsinas (1447-

1521), Manuelinas (1521-1603) e Filipinas (1603-1830);2) CP do império de 1830;3) CP da república de 1890;4) CP de 1940;5) Reformado em 1984 na parte geral; e6) Mudanças em recortes até os dias atuais com diversas

inclusões e exclusões.

Page 16: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Funções do DP:

1) Proteção de bens jurídicos;2) Garantia de vigência da norma (Günther Jakobs);3) Prevenir a vingança privada;4) Garantística de proteção contra o Estado;5) Simbólica; e6) Promocional.

Page 17: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Objetos do delito:O objeto do crime pode ser de duas formas: a)Jurídico: bem jurídico tutelado; e b)Material: Coisa atingida com o crime (pode ser o corpo humano; pode acontecer de haver crime sem objeto material)

Page 18: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Bem jurídicos: O bem jurídico na atualidade é a função primordial do DP; Antes da Revolução Francesa o delito/crime era sinônimo

de pecado; Foi somente Birnbaum (1834) quem disse que os crimes

ofendem bens jurídicos; Feuerbach dizia que os delitos ferem direitos subjetivos; Quais são os bens jurídicos penais?; ePodemos criar quaisquer tipos penais?

Page 19: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Mandados de incriminação: Direitos elencados no ordenamento jurídico como

fundamentais devem ser protegidos; Saúde, educação, moradia, meio ambiente, honra; Explícitos (Art. 5º., XLII - a prática do racismo constitui

crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;) ou implícitos (combate à corrupção); e

Quando violados precisam ser devidamente tutelados.

Page 20: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Normas constitucionais:Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão

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Page 21: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Proteção deficiente: Direitos fundamentais precisam ser bem

protegidos; Não se deve permitir a violação aos bens

jurídicos mais importantes para a sociedade; e

Deve-se levar em consideração o princípio da intervenção mínima (lesividade, fragmentariedade e subsidiariedade).

Page 22: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Constitucionalização do DP:Os teóricos constitucionais dizem que o DP deve

ser reflexo da CF; Teorias Restritas: Os bens jurídicos penais devem

ser buscados na CF; Teorias amplas: Podem ser escolhidos bens

jurídicos fora da CF; e Reflexo com punições de crimes de perigo sem

violar o princípio da lesividade.

Page 23: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Tipos penais cumulativos:

A pessoa é punida não pela lesão que efetivamente faz;

Uma ação pequena somada à outra gera a necessidade punitiva; e

Delitos contra o meio ambiente são exemplos clássicos.

Page 24: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Tipos penais cumulativos:

Page 25: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Sociedade de risco: Defesa de bens jurídicos supra individuais (ecológicos, econômicos); Doutrinadores defendendo um

espiritualização/dinamização/liquefação dos bens jurídicos penais; Crimes de perigo abstrato são criados e defendidos como

constitucionais; e Transforma-se o DP em um DP administrativado (Winfried Hassemer

cria o Direito de Intervenção entre o DP e o Dir. Administrativo com as seguintes características: Sanção não penal, flexibilização das garantias processuais com julgamentos judiciais e não administrativos).

Page 26: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Sujeitos do delito:O bem jurídico se relaciona com os sujeitos do delito. O sujeito ativo do delito é a pessoa física ou jurídica (no caso dos crimes ambientais) que realizam o comportamento tido como delituoso. O STF indica que não precisa ter a dupla imputação (pessoa física e pessoa jurídica) nos crimes ambientais. Sujeito passivo (que se diferencia de vítima [quem diretamente sofre], prejudicado [quem de qualquer maneira tem refletida a conduta]) é quem tem o bem jurídico afetado pela conduta delituosa.

Page 27: Direito penal i   histórico e introdução ao direito penal

Axiomas de Ferrajoli: 1º. Nulla poena sine crimine (só há pena se houver havido o crime);

2º. Nullum crimem sine lege (Sem lei penal anterior não há crime); 3º. Nulla lex (poenalis) sine necessitate (Sem necessidade não se criam leis penais); 4º. Nulla necessitas sine injuria (sem lesão não há necessidade do emprego da lei penal); 5º. Nulla injuria sine actione (Se não há exteriorização da conduta, não há lesão); 6º. Nulla actio sine culpa (Não há ação típica sem culpa); 7º. Nulla culpa sine judicio (A culpa há de ser verificada em regular juízo); 8º. Nulla acusatio sine accusacione (a acusação não pode ser feita pelo próprio juiz); 9º. Nulla accusatio sine probatione (a acusação é que deve ser provada, não a inocência); e 10º. Nulla probatio sine defensione (Sem defesa e contraditório não há acusação válida).