direito penal aula 07
DESCRIPTION
DSDTRANSCRIPT
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
AULA 07: DOS CRIMES CONTRA A FE PUBLICA
SUMRIO PGINAApresentao da aula e sumrio 01I - Crimes contra a f pblica 02Lista das Questes 43Questes comentadas 55Gabarito 85
Ol, meu povo!
Hoje vamos analisar os crimes contra a f pblica.
A aula de hoje possui alguns posicionamentos jurisprudenciais
importantes (um deles de maio de 2014), ento, muita ateno!
Alm disso, nossa aula contm muitas questes
interessantes, algumas delas bem recentes!
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 1 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
i"-" DOSCRIMESCONTRAAFPBLICA
Os crimes contra a f pblica so crimes praticados tanto por
particulares quanto por agentes pblicos, e o bem jurdico lesado a
f pblica, ou seja, a sensao de credibilidade que as pessoas em geral
tm em relao aos documentos e outros objetos que possuam esta
caracterstica, sejam eles pblicos ou privados.
Existem diversos tipos penais previstos, dividindo-se basicamente
em:
MOEDA FALSA;
FALSIDADE DE TTULOS E OUTROS PAPIS PBLICOS;
FALSIDADE DOCUMENTAL;
OUTRAS FALSIDADES;
FALSIDADES EM CERTAMES DE INTERESSE PBLICO
(Includo pela Lei 12.550/2011)
Vamos estudar cada um deles. Vou fazer o seguinte para a aula no
ficar cansativa. Vou transcrever o artigo do CP e apresentar, abaixo, um
quadro esquemtico, contendo informaes sobre quem pode ser sujeito
ativo e passivo do crime, o bem jurdico tutelado, o objeto material do
delito, o tipo objetivo e subjetivo do delito, bem como algumas
consideraes que forem pertinentes!
A) Moeda Falsa
O art. 289 do CP prev o crime de moeda falsa propriamente dito,
que assim caracterizado:
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 2 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metlica ou
papel-moeda de curso legal no pas ou no estrangeiro:
Pena - recluso, de trs a doze anos, e multa.
1 - Nas mesmas penas incorre quem, por conta prpria ou alheia, importa
ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na
circulao moeda falsa.
2 - Quem, tendo recebido de boa-f, como verdadeira, moeda falsa ou
alterada, a restitui circulao, depois de conhecer a falsidade, punido com
deteno, de seis meses a dois anos, e multa.
3 - E punido com recluso, de trs a quinze anos, e multa, o funcionrio
pblico ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emisso que fabrica, emite
ou autoriza a fabricao ou emisso:
I - de moeda com ttulo ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior autorizada.
4 - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda,
cuja circulao no estava ainda autorizada.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum)
SUJEITO PASSIVO A ^coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar ou
alterar.
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No se
admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL A moeda alterada ou falsificada.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 3 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
CONSUMAO
TENTATIVA
CONSIDERAES
IMPORTANTES
E Consuma-se no momento em que a
moeda fabricada ou alterada, no no
momento em que ela entra em
circulao. Admite-se tentativa, pois no
se trata de crime que se perfaz num
nico ato (pode-se desdobrar seu iter
criminis - caminho percorrido na
execuo).
A Doutrina entende que se a
falsificao for grosseira, no h crime,
por no possuir potencialidade lesiva
(no tem o poder de enganar ningum).
A forma qualificada prevista no
3 s admite como sujeitos ativos
aquelas pessoas ali enumeradas
(crime prprio);
O 4 estabelece crime de
circulao de moeda ainda no
autorizada a circular. Pode ser praticado
por qualquer pessoa (crime comum),
mas a pena prevista a do 3;
Os 1 e 2 do artigo trazem
outras hipteses nas quais tambm
ocorre o crime (outras condutas
assemelhadas), sendo que no caso do
2, a pena diferenciada, em razo do
menor desvalor da conduta. No 2, o
agente deve ter recebido a moeda falsa
de boa-f (sem saber que era falsa). Se
recebeu de m-f, responde pelo crime
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 4 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
do 1.
Importante ressaltar, ainda, que os Tribunais Superiores entendem
ser inaplicvel ao delito de moeda falsa o princpio da
insignificncia.
Vejamos o seguinte julgado do STJ:
Jurisprudncia
(...) 3. Em se tratando do crime de falsificao de moeda, esta Corte,
acompanhamento a orientao do Supremo Tribunal Federal, firmou
entendimento no sentido de que no se aplica ao delito do art. 289 do Cdigo
Penal o princpio da insignificncia.
4. Impetrao no conhecida.
(HC 257.421/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA,
julgado em 22/04/2014, DJe 06/05/2014)
O art. 290 do CP prev condutas que se assemelham falsificao de
moeda prevista no art. 289:
Art. 290 - Formar cdula, nota ou bilhete representativo de moeda com
fragmentos de cdulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota,
cdula ou bilhete recolhidos, para o fim de restitu-los circulao, sinal
indicativo de sua inutilizao; restituir circulao cdula, nota ou
bilhete em tais condies, ou j recolhidos para o fim de inutilizao:
Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa.
Pargrafo nico - O mximo da recluso elevado a doze anos e multa, se
o crime cometido por funcionrio que trabalha na repartio onde o
dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fcil ingresso, em razo do
cargo. (Vide)
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 5 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
Entretanto, se quem cometer o crime for
funcionrio pbico que trabalha no local,
ou tem fcil acesso a ele em razo do
cargo, a pena aumentada para at 12
aos, conforme previsto no nico.
Nessa hiptese, o crime prprio.
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de formar cdula
com fragmentos de outras cdulas,
suprimir sinal de inutilizao de cdula
ou recolocar em circulao cdula
inutilizada.
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No se
admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL A moeda que foi formada, teve seu sinal
de inutilizao suprimido ou foi
recolocada em circulao.
CONSUMAO E
TENTATIVA
Consuma-se no momento em que a
moeda formada, tem seu sinal
inutilizado ou entra em circulao, a
depender de qual das condutas se trata.
Admite-se tentativa, pois no se trata de
crime que se perfaz num nico ato
(pode-se desdobrar seu iter criminis -
caminho percorrido na execuo).
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 6 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
CONSIDERAES
IMPORTANTES
A Doutrina entende que se a
falsificao for grosseira, no h
crime, por no possuir
potencialidade lesiva (no tem o
poder de enganar ningum). O poder de
iludir (imitatio veri) indispensvel.
Caso no haja esse poder, poderemos
estar diante de estelionato, no mximo,
caso haja obteno de vantagem
indevida em detrimento de algum
mediante esta fraude.
Jurisprudncia
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. MOEDA FALSA. FALSIFICAAO
GROSSEIRA. PRINCPIO DA INSIGNIFICNCIA. CONDUTA ATPICA. ORDEM
CONCEDIDA. 1. O crime de moeda falsa exige, para sua configurao, que a
falsificao no seja grosseira. A moeda falsificada h de ser apta circulao como se
verdadeira fosse. 2. Se a falsificao for grosseira a ponto de no ser hbil a ludibriar
terceiros, no h crime de estelionato. 3. A apreenso de nota falsa com valor de cinco
reais, em meio a outras notas verdadeiras, nas circunstncias fticas da presente impetrao,
no cria leso considervel ao bem jurdico tutelado, de maneira que a conduta do paciente
atpica. 4. Habeas corpus deferido, para trancar a ao penal em que o paciente figura como
ru.
(HC 83526, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Primeira Turma, julgado em
16/03/2004, DJ 07-05-2004 PP-00025 EMENT VOL-02150-02 PP-00271)
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 7 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
O art. 291 prev o crime de "petrechos para falsificao de moeda",
assim descrito:
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a ttulo oneroso ou gratuito, possuir ou
guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
especialmente destinado falsificao de moeda:
Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser qualquer dos
"verbos" previstos no art. 291 (fabricar,
adquirir, etc.).
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No se
admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL O maquinrio ou equipamento destinado
falsificao de moeda.
CONSUMAO E
TENTATIVA
Consuma-se no momento em que o
agente pratica a conduta descrita no
ncleo do tipo (verbo), seja adquirindo,
fornecendo ou fabricando o equipamento
destinado falsificao de moeda;
CONSIDERAES
IMPORTANTES
O equipamento deve ter como finalidade
precpua a falsificao de moeda. Assim,
se algum fornece, por exemplo,
equipamento que se destina a inmeras
funes, e dentre elas, pode ser usado
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 8 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
para esse fim, no h a prtica do crime,
que exige que o equipamento se destine
precipuamente a essa finalidade
criminosa;
J o artigo 292 encerra o captulo relativo aos crimes de
moeda falsa, estabelecendo como crime a conduta de "emisso de
ttulo ao portador sem permisso legal":
Art. 292 - Emitir, sem permisso legal, nota, bilhete, ficha, vale ou ttulo que
contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte
indicao do nome da pessoa a quem deva ser pago:
Pena - deteno, de um a seis meses, ou multa.
Pargrafo nico - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos
documentos referidos neste artigo incorre na pena de deteno, de quinze
dias a trs meses, ou multa.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO Caracteriza-se na "emisso" de
documento ao portador (aqueles
documentos descritos no artigo).
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No se
admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL A moeda que foi formada, teve seu sinal
de inutilizao suprimido ou foi
recolocada em circulao.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 9 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
CONSUMAO E Consuma-se no momento em que o
TENTATIVA agente emite o documento ao portador,
no sendo necessrio que seja
apresentado a terceiros;
B) Da Falsidade de Ttulos e outros papis pblicos
Aqui o CP incrimina condutas diversas, relativas falsificao, em
todas as suas formas, de papis pblicos.
O art. 293 prev:
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I - selo destinado a controle tributrio, papel selado ou qualquer papel de
emisso legal destinado arrecadao de tributo; (Redao dada pela Lei n
11.035, de 2004)
II - papel de crdito pblico que no seja moeda de curso legal;
III - vale postal;
IV - cautela de penhor, caderneta de depsito de caixa econmica ou de
outro estabelecimento mantido por entidade de direito pblico;
V - talo, recibo, guia, alvar ou qualquer outro documento relativo a
arrecadao de rendas pblicas ou a depsito ou cauo por que o poder
pblico seja responsvel;
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada
pela Unio, por Estado ou por Municpio:
Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa.
Io Incorre na mesma pena quem: (Redao dada pela Lei n
11.035, de 2004)
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 10 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
I - usa, guarda, possui ou detm qualquer dos papis falsificados a
que se refere este artigo; (Includo pela Lei n 11.035, de 2004)
II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda,
fornece ou restitui circulao selo falsificado destinado a controle
tributrio; (Includo pela Lei n 11.035, de 2004)
III - importa, exporta, adquire, vende, expe venda, mantm em
depsito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de
qualquer forma, utiliza em proveito prprio ou alheio, no exerccio de
atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: (Includo
pela Lei n 11.035, de 2004)
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributrio,
falsificado; (Includo pela Lei n 11.035, de 2004)
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislao tributria determina a
obrigatoriedade de sua aplicao. (Includo pela Lei n 11.035, de 2004)
2 - Suprimir, em qualquer desses papis, quando legtimos, com o
fim de torn-los novamente utilizveis, carimbo ou sinal indicativo de
sua inutilizao:
Pena - recluso, de um a quatro anos, e multa.
3 - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado,
qualquer dos papis a que se refere o pargrafo anterior.
4 - Quem usa ou restitui circulao, embora recibo de boa-f,
qualquer dos papis falsificados ou alterados, a que se referem este
artigo e o seu 2, depois de conhecer a falsidade ou alterao,
incorre na pena de deteno, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou
multa.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 11 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO As condutas (tipos objetivos) previstos
para este crime so inmeras, podendo
ser praticado o crime quando o agente
realizar quaisquer das atividades
previstas no ncleo do tipo.
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No se
admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL Qualquer dos documentos previstos no
artigo, que tenha sido alterado,
inutilizado recolocado circulao, etc.
CONSUMAO E
TENTATIVA
Consuma-se no momento em que o
agente pratica a conduta, seja
recolocando em circulao o documento
retirado de circulao, alterando o
documento, etc., variando conforme o
tipo previsto;
O 5 do art. 293, por sua vez, traz um dispositivo importante:
5o Equipara-se a atividade comerciai, para os fins do inciso III do 1o,
qualquer forma de comrcio irregular ou clandestino, inclusive o
exercido em vias, praas ou outros logradouros pblicos e em
residncias. (Includo peia Lei n 11.035, de 2004)
Vejam que a inteno do legislador foi abarcar qualquer tipo de
atividade comercial, inclusive aquela no regulamentada, como a
atividade dos camels, por exemplo.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 12 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
J o art. 294 prev o crime de "petrechos de falsificao", que
so, basicamente, as condutas relacionadas aos objetos destinados
falsificao, podendo consistir na guarda, fornecimento, fabricao, etc.,
destes equipamentos:
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto
especialmente destinado falsificao de qualquer dos papis referidos no
artigo anterior:
Pena - recluso, de um a trs anos, e multa.
Art. 295 - Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo-
se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser qualquer das
previstas no tipo, seja fabricar, adquirir,
fornecer, possuir ou guardar estes
objetos destinados falsificao.
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No se
admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL O equipamento destinado falsificao.
CONSUMAO E
TENTATIVA
Consuma-se no momento em que o
agente pratica a conduta prevista no
ncleo (verbo) do tipo. Admite-se
tentativa, pois no se trata de crime que
se perfaz num nico ato (pode-se
desdobrar seu iter criminis - caminho
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 13 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
percorrido na execuo).
No entanto, se o agente funcionrio pblico e comete o crime
valendo-se do cargo, a pena aumentada em 1/6. Vejamos:
Art. 295 - Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
Percebam, assim, que ns temos um crime COMUM, ou seja, um
crime que pode ser praticado por qualquer pessoa. Entretanto, caso
venha a ser praticado por funcionrio pblico VALENDO-SE DO
CARGO, a pena ser aumentada.
CUIDADO COM ISSO, GALERA!
C) Da Falsidade documental
O art. 296 prev o crime de falsificao de selo ou sinal pblico:
Falsificao do selo ou sinal pblico
Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I - selo pblico destinado a autenticar atos oficiais da Unio, de Estado ou de
Municpio;
II - selo ou sinal atribudo por lei a entidade de direito pblico, ou a
autoridade, ou sinal pblico de tabelio:
Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa.
1 - Incorre nas mesmas penas:
I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 14 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuzo de
outrem ou em proveito prprio ou alheio.
III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou
quaisquer outros smbolos utilizados ou identificadores de rgos ou
entidades da Administrao Pblica. (Includo pela Lei n 9.983, de 2000)
2 - Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo-se
do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Isso
significa que qualquer pessoa pode
praticar o delito, no sendo exigida
nenhuma caracterstica especial.
Porm, o 2 estabelece que se o
agente for funcionrio pblico
prevalecendo-se do cargo, a pena
aumentada em 1/6.
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre. Entretanto,
possvel que alm da coletividade, seja
vtima deste delito, tambm, um
eventual terceiro que seja lesado pela
conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser a de fabricao ou
adulterao dos documentos
previstos, ou, ainda, a utilizao
destes, conforme o 1 do art. 296.
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No se
admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL O documento, utilizado, alterado ou
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 15 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
fabricado.
CONSUMAO E
TENTATIVA
Consuma-se no momento em que o
agente fabrica, adultera ou utiliza o
documento. No ltimo caso o documento
deve ser levado ao conhecimento de
terceiros. Admite-se tentativa, pois no
se trata de crime que se perfaz num
nico ato (pode-se desdobrar seu iter
criminis - caminho percorrido na
execuo).
O art. 297, por sua vez, trata da falsificao de documento
pblico:
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento pblico, ou alterar
documento pblico verdadeiro:
Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa.
1 - Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
2 - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento pblico o
emanado de entidade paraestatal, o ttulo ao portador ou transmissvel por
endosso, as aes de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento
particular.
3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Includo pela Lei
n 9.983, de 2000)
I - na folha de pagamento ou em documento de informaes que seja
destinado a fazer prova perante a previdncia social, pessoa que no possua
a qualidade de segurado obrigatrio;(Includo pela Lei n 9.983, de 2000)
II - na Carteira de Trabalho e Previdncia Social do empregado ou em
documento que deva produzir efeito perante a previdncia social, declarao
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 16 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Includo pela Lei n 9.983,
de 2000)
III - em documento contbil ou em qualquer outro documento relacionado
com as obrigaes da empresa perante a previdncia social, declarao falsa
ou diversa da que deveria ter constado. (Includo pela Lei n 9.983, de 2000)
4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados
no 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remunerao, a vigncia
do contrato de trabalho ou de prestao de servios.(Includo pela Lei n
9.983, de 2000)
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
Entretanto, se o crime cometido por
funcionrio pblico prevalecendo-se do
cargo, a pena aumentada em 1/6, nos
termos do 1 do art. 297.
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar
documento pblico falso ou alterar
documento pblico verdadeiro ou at
mesmo inserir informao errnea, no
cabo do 3. Vejam que se trata de
hiptese ( 3) que mais se assemelha
falsidade ideolgica, mas que a lei
considera como falsidade de documento
pblico;
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No se
admite na forma culposa.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 17 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
OBJETO MATERIAL O documento fabricado, alterado ou no
qual foi inserida a informao falsa.
CONSUMAO E
TENTATIVA
Consuma-se no momento em que o
agente fabrica o documento falso ou
altera o documento verdadeiro, ou,
ainda, quando insere a informao
inverdica nos documentos previstos no
3 do art. 297, no sendo necessria sua
efetiva apresentao perante a
Previdncia Social. Admite-se tentativa,
pois no se trata de crime que se perfaz
num nico ato (pode-se desdobrar seu
iter criminis - caminho percorrido na
execuo).
CONSIDERAES
IMPORTANTES
O 2 traz um rol de documentos
que so equiparados a documentos
pblicos, embora elaborados por
particulares. Cuidado! Trata-se de um
rol taxativo, ou seja, no se pode
ampli-lo por analogia, pois a
falsificao de documento pblico mais
grave que a falsificao de documento
particular, gerando sano tambm mais
grave. Desta forma, aplicar a
analogia aqui seria fazer analogia in
malam partem, o que, como ns j
vimos, vedado no Direito Penal.
O STJ e o STF entendem que se o
documento falso fabricado para a
prtica de estelionato, e a sua
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 18 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
potencialidade lesiva se esgota nele, o
crime de falso fica absorvido pelo crime
de estelionato. Caso a potencialidade
lesiva do documento no se esgote no
estelionato praticado, o agente responde
por ambos os delitos, em concurso
formal.
Jurisprudncia
Ementa: EXTRADIO INSTRUTRIA. REPBLICA DA POLNIA.PROMESSA DE RECIPROCIDADE DE TRATAMENTO. APROPRIAO INDBITA, ESTELIONATO, FALSIFICAO DE DOCUMENTO PARTICULAR E FALSIDADE IDEOLGICA. DUPLA TIPICIDADE. INDEFERIMENTO DO PEDIDO QUANTO AOS CRIMES DE APROPRIAO, FALSIFICAO E DE FALSIDADE. INCIDNCIA DO PRINCPIO DA CONSUNO. PRESCRIO DA PRETENSO PUNITIVA EM RELAO A TODOS OS FATOS DELITUOSOS, SEGUNDO A LEGISLAO BRASILEIRA. EXTRADIO INDEFERIDA. (...)III - Quanto aos crimes de falso, devido ao fato de sua potencialidade lesiva ter se exaurido quando da prtica das fraudes, so absorvidos pelos delitos de estelionato. O mesmo ocorre em relao infrao de apropriao indbita, que tambm foi utilizada como crime meio para a consumao de uma das fraudes. Incide, na espcie, o princpio da consuno. (...).(Ext 1206, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 28/06/2011, DJe-20g DIVULG 28-10-2011 PUBLIC 03-112011 EMENT VOL-02618-01 PP-00001)
Entretanto, a falsificao de documento particular tambm
crime, possuindo, porm, pena mais branda. Nos termos do art. 298 do
CP:
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar
documento particular verdadeiro:
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 19 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar
documento particular falso ou adulterar
documento particular verdadeiro.
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No se
admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL O documento fabricado ou alterado.
DETALHE: O nico do art. 298
(includo pela Lei 12.737/12),
equiparou o carto de crdito a
documento particular, para os fins
deste delito.
CONSUMAO E
TENTATIVA
Consuma-se no momento em que ocorre
a fabricao ou adulterao. Admite-se
tentativa, pois no se trata de crime que
se perfaz num nico ato (pode-se
desdobrar seu iter criminis - caminho
percorrido na execuo).
CONSIDERAES A Doutrina entende que se a
IMPORTANTES falsificao for grosseira, no h
crime, por no possuir potencialidade
lesiva (no tem o poder de enganar
ningum). O poder de iludir (imitatio
veri) indispensvel. Caso no haja esse
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 20 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
poder, poderemos estar diante de
estelionato, no mximo;
O art. 299 estabelece o crime de falsidade ideolgica, que,
diferentemente do que a maioria das pessoas imagina, no est
relacionado falsidade de identidade (prevista em outro crime). A
falsidade ideolgica est relacionada alterao do contedo de
documento pblico ou particular (embora no mesmo artigo, as
penas so diferentes!):
Art. 299 - Omitir, em documento pblico ou particular, declarao que dele
devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declarao falsa ou diversa
da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigao ou
alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa, se o documento pblico, e
recluso de um a trs anos, e multa, se o documento particular.
Pargrafo nico - Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime
prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificao ou alterao de
assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
Porm, o nico prev que se o agente
funcionrio pblico valendo-se da
funo ou a falsidade recai sobre
assentamento de registro civil, a pena
aumentada de 1/6.
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de omitir ou inserir
informao falsa em documento (pblico
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 21 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
TIPO SUBJETIVO
OBJETO MATERIAL
CONSUMAO
TENTATIVA
ou particular).
Dolo. Entretanto, aqui a lei exige uma
especial finalidade de agir. Isto se
revela quando o tipo diz "com o fim de".
Assim, no basta que o agente insira
informao falsa, ele deve fazer isto com
o fim de prejudicar direito, criar
obrigao ou alterar a verdade
sobre fato juridicamente relevante.
No se admite na forma culposa.
O documento no qual foi omitida a
informao ou inserida a informao
falsa.
E Consuma-se no momento em que o
agente omite a informao que deveria
constar ou insere a informao falsa,
no sendo necessrio que o
documento seja levado ao
conhecimento de terceiros. Admite-se
tentativa, pois no se trata de crime que
se perfaz num nico ato (pode-se
desdobrar seu iter criminis - caminho
percorrido na execuo);
Os Tribunais entendem que o crime no
se caracteriza se o documento falsificado
est sujeito reviso por autoridade,
pois a reviso impediria que o crime
chegasse a ter qualquer potencialidade
lesiva;
E a insero de contedo em
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 22 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
documento em branco assinado? A
Doutrina entende que se o agente
recebeu o documento em branco
mediante confiana, a fim de que
nele inserisse determinado
contedo, e o fez de maneira
diversa, h o crime de falsidade
ideolgica. No entanto, se o agente se
apodera do documento (por qualquer
outro meio) e ali insere contedo falso, o
crime no o de falsidade ideolgica,
mas o de falsidade material, pois este
documento (que prev obrigaes
perante o signatrio e o agente) nunca
existiu validamente. Assim, o crime de
falsidade na forma, na existncia do
documento.
O art. 300 do CP traz o crime de "falso reconhecimento de firma
ou letra":
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exerccio de funo pblica,
firma ou letra que o no seja:
Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa, se o documento pblico; e de
um a trs anos, e multa, se o documento particular.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Somente o funcionrio pblico, no
exerccio da funo, pode cometer o
crime. Portanto, trata-se de crime
prprio.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 23 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta s pode ser a de reconhecer
como verdadeira, firma ou letra que seja
falsa.
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No se
admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL O documento reconhecido como
verdadeiro.
CONSUMAO E Consuma-se no momento em que o
TENTATIVA agente reconhece a veracidade da firma
ou letra falsa. Admite-se tentativa, pois
no se trata de crime que se perfaz num
nico ato (pode-se desdobrar seu iter
criminis - caminho percorrido na
execuo).
O art. 301 trata do crime de "certido ou atestado
ideologicamente falso":
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razo de funo pblica,
fato ou circunstncia que habilite algum a obter cargo pblico, iseno de
nus ou de servio de carter pblico, ou qualquer outra vantagem:
Pena - deteno, de dois meses a um ano.
1 - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certido, ou alterar o
teor de certido ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou
circunstncia que habilite algum a obter cargo pblico, iseno de nus ou
de servio de carter pblico, ou qualquer outra vantagem:
Pena - deteno, de trs meses a dois anos.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 24 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
2 - Se o crime praticado com o fim de lucro, aplica-se, alm da pena
privativa de liberdade, a de multa.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO No caso do caput do artigo, o crime
prprio, pois s pode ser praticado
pelo funcionrio pblico no exerccio
da funo. J no 1, a
jurisprudncia entende que se trata
de crime comum, pois a lei criou um
fato tpico novo (possui nova previso de
conduta e de pena), e no exige que
seja praticado por funcionrio pblico.
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de atestar ou
certificar circunstncia falsa, quando este
fato habilitar o beneficiado a obter cargo
pblico, iseno de nus ou servio de
carter pblico ou outra vantagem.
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. Embora a
maioria da Doutrina entenda isso,
acredito que este artigo, na verdade,
estabelece um fim especfico de agir, que
a vontade de colaborar para a
obteno da vantagem ilcita pela pessoa
que recebe o atestado ou certido. Em
provas discursivas, vale a pena se
alongar nisso. No se admite na forma
culposa.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 25 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
OBJETO MATERIAL O atestado ou certificado produzido pelo
agente.
CONSUMAO E A Doutrina se divide. Uns entendem
TENTATIVA que o crime se consuma com a mera
fabricao do atestado ou certido
falsa. Outros entendem que
necessria a entrega pessoa que
ir utilizar o documento (embora no
se exija o efetivo uso). Admite-se
tentativa, pois no se trata de crime que
se perfaz num nico ato (pode-se
desdobrar seu iter criminis - caminho
percorrido na execuo).
J o art. 302 estabelece o crime de "falsidade de atestado
mdico":
Art. 302 - Dar o mdico, no exerccio da sua profisso, atestado falso:
Pena - deteno, de um ms a um ano.
Pargrafo nico - Se o crime cometido com o fim de lucro, aplica-se
tambm multa.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Somente o mdico poder praticar o
crime. Portanto, trata-se de crime
prprio.
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser somente a de
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 26 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
fornecer atestado falso.
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. Entretanto,
se houver a finalidade especial de
agir, consistente na obteno de
lucro, h previso de pena de multa
cumulada com a privativa de
liberdade, conforme o nico do art.
302. No se admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL O atestado falsamente emitido.
CONSUMAO E Consuma-se no momento em que o
TENTATIVA mdico FORNECE o atestado falso.
Assim, se o mdico elabora o atestado
falso, mas se arrepende e deixa de
entregar pessoa, no est cometendo
crime. Admite-se a tentativa.
O art. 303 do CP incrimina a conduta de "reproduo ou
adulterao de selo ou pea filatlica":
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou pea filatlica que tenha valor para
coleo, salvo quando a reproduo ou a alterao est visivelmente
anotada na face ou no verso do selo ou pea:
Pena - deteno, de um a trs anos, e multa.
Pargrafo nico - Na mesma pena incorre quem, para fins de comrcio,
faz uso do selo ou pea filatlica.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 27 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
SUJEITO PASSIVO
TIPO OBJETIVO
TIPO SUBJETIVO
OBJETO MATERIAL
CONSUMAO
TENTATIVA
A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
A conduta somente pode ser a de
reproduzir ou alterar selo ou pea
filatlica QUE TENHA VALOR PARA
COLEO. Entretanto, o nico prev a
criminalizao da conduta de utilizao,
para fins de comrcio, da pea filatlica
ou selo alterado.
Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. Entretanto, o
nico prev a criminalizao da
conduta de utilizao, para fins de
comrcio, da pea filatlica ou selo
alterado. Nesse caso, h a especial
finalidade de agir ("para fins de
comrcio"), pois se o agente usa a pea
alterada para sua prpria coleo, por
exemplo, no comete crime. No se
admite na forma culposa.
O selo, ou pea filatlica, adulterado ou
reproduzido irregularmente.
E Consuma-se no momento em que o
agente adultera ou reproduz ilicitamente
o selo ou pea filatlica, no se exigido
que o material chegue a circular.
Admite-se tentativa, pois no se trata de
crime que se perfaz num nico ato
(pode-se desdobrar seu iter criminis -
caminho percorrido na execuo).
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 28 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
O art. 304, por sua vez, dispe sobre o uso de documento falso,
assim considerado qualquer dos documentos enumerados nos arts. 297 a
302 do CP:
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papis falsificados ou alterados, a que
se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada falsificao ou alterao.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum), ainda
que o crime resultante da fabricao ou
adulterao do documento seja prprio.
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser fazer uso dos
documentos produzidos nos crimes
previstos nos arts. 297 a 302.
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No
necessrio que o agente tenha a
finalidade de obter vantagem ilcita,
por exemplo. No se admite na forma
culposa.
OBJETO MATERIAL O documento utilizado pelo agente.
CONSUMAO E Consuma-se no momento em que o
TENTATIVA agente leva o documento ao
conhecimento de terceiros, pois a se
d a leso credibilidade, f pblica.
NO SE ADMITE A TENTATIVA! Pois
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 29 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
se trata dede crime que se perfaz num
nico ato (no se pode desdobrar seu
iter criminis - caminho percorrido na
execuo), ou seja, crime
unissubsistente.
O art. 305, por fim, trata do crime de "supresso de documento".
Na verdade, o crime deveria ser de "supresso, destruio ou
ocultao" de documento, pois estas trs condutas so previstas
neste tipo penal (so trs tipos objetivos, trs condutas incriminadas):
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefcio prprio ou de outrem,
ou em prejuzo alheio, documento pblico ou particular verdadeiro, de que
no podia dispor:
Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa, se o documento pblico, e
recluso, de um a cinco anos, e multa, se o documento particular.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de destruir, suprimir
ou ocultar documento do qual o agente
no poderia dispor.
TIPO SUBJETIVO Dolo, exigindo-se a especial
finalidade de agir, consistente na
vontade de obter benefcio ou prejudicar
algum. No se admite na forma
culposa.
OBJETO MATERIAL O documento suprimido, destrudo ou
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 30 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
ocultado.
CONSUMAO E
TENTATIVA
Consuma-se no momento em que o
agente pratica qualquer das condutas
previstas no ncleo do tipo (destri,
suprime ou oculta o documento).
Admite-se tentativa, pois no se trata de
crime que se perfaz num nico ato
(pode-se desdobrar seu iter criminis -
caminho percorrido na execuo).
D) Outras falsidades
Este captulo cuida de hipteses diversas de falsidades, que no se
enquadram perfeitamente em nenhum dos tipos penais at ento
estabelecidos.
O art. 306 traz o crime de "falsificao de sinal empregado no
contraste de metal precioso ou na fiscalizao alfandegria, ou
para outros fins":
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado
pelo poder pblico no contraste de metal precioso ou na fiscalizao
alfandegria, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por
outrem:
Pena - recluso, de dois a seis anos, e multa.
Pargrafo nico - Se a marca ou sinal falsificado o que usa a autoridade
pblica para o fim de fiscalizao sanitria, ou para autenticar ou encerrar
determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade
legal:
Pena - recluso ou deteno, de um a trs anos, e multa.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 31 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar ou alterar
marca ou sinal. Alm disso, o tipo penal
tambm incrimina que faz uso destes
sinais ou marcas falsificados. O nico
estabelece a forma privilegiada (pena
reduzida) em relao ao caput, se o
crime for praticado sobre marca ou sinal
utilizado para fins de fiscalizao
sanitria ou para o encerramento ou
autenticao de objetos, ou ainda, para
sinalizar o cumprimento de formalidade
legal.
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No se
admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL A marca ou sinal falsificado ou utilizado
pelo agente.
CONSUMAO E
TENTATIVA
Na primeira conduta (falsificar,
fabricando ou alterando), o crime se
consuma no momento em que o agente
modifica o objeto (a marca ou sinal
utilizado pelo poder pblico). Aqui se
admite tentativa.
Na segunda conduta (usar), o crime se
consuma no momento em que o agente
faz uso do objeto, no sendo suficiente
que ele apenas carregue consigo. Aqui
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 32 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
no se admite tentativa.
J os arts. 307 e 308 preveem o crime de "falsa identidade", que
a maioria das pessoas acredita ser o crime de "falsidade ideolgica".
Cuidado com isso, meu povo!
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter
vantagem, em proveito prprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - deteno, de trs meses a um ano, ou multa, se o fato no constitui
elemento de crime mais grave.
Art. 308 - Usar, como prprio, passaporte, ttulo de eleitor, caderneta de
reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem,
para que dele se utilize, documento dessa natureza, prprio ou de terceiro:
Pena - deteno, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato no
constitui elemento de crime mais grave.
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de atribui a si ou
terceiro falsa identidade, que consiste,
basicamente, em se fazer passar por
outra pessoa. O art. 308 prev
modalidade especfica de falsa
identidade, que ocorrer quando o
agente se fizer passar por outra pessoa
mediante a utilizao de quaisquer dos
documentos ali enumerados. Frise-se,
inclusive, que a pena, neste caso, mais
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 33 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
severa.
TIPO SUBJETIVO Dolo, exigindo-se, no caso do art.
307, especial finalidade de agir,
consistente na vontade de obter
alguma vantagem ou causar prejuzo
a algum. No caso do art. 308 no se
exige esse dolo especfico de obter
vantagem ou causar prejuzo.
CUIDADO COM ISSO, POVO! No se
admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL O documento utilizado para ludibriar
terceiros, fazendo com que creiam que o
agente outra pessoa.
CONSUMAO E
TENTATIVA
Consuma-se no momento em que o
agente se faz passar por outra
pessoa. Assim, imprescindvel que o
agente exteriorize a conduta. Admite-se
tentativa, MAS SOMENTE NA
EXECUO POR ESCRITO, pois, nesse
caso, no se trata de crime que se
perfaz num nico ato (pode-se
desdobrar seu iter criminis - caminho
percorrido na execuo).
CONSIDERAES
IMPORTANTES
A efetiva obteno da vantagem
pelo agente, ou o dano visado por ele,
so irrelevantes, pois o crime, como
vimos, se consuma com a mera
atribuio falsa de identidade,
independente (no caso do art. 307)
de o agente vir a obter a vantagem
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 34 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
visada ou causar o dano almejado.
Os arts. 309 e 310 do CP trazem as figuras tpicas de "fraude de
lei sobre estrangeiro", estabelecendo duas condutas
completamente distintas. Uma delas refere-se a uma modalidade
especial de falsa identidade (art. 309).
A segunda, por sua vez, uma hiptese no de falsa identidade
especial, mas de falsidade ideolgica ou material especial, pois o
brasileiro (tem que ser brasileiro) se faz passar por dono de ao, ttulo
ou valor pertencente a estrangeiro, para fins de fraudar a lei, pois o
estrangeiro no poderia ser proprietrio delas. Trata-se do famoso
"testa-de-ferro", o "laranja", que age desta forma para que o
estrangeiro possa continuar sendo proprietrio de algo que a lei brasileiro
o probe de ser:
Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no territrio
nacional, nome que no o seu:
Pena - deteno, de um a trs anos, e multa.
Pargrafo nico - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a
entrada em territrio nacional: (Includo pela Lei n 9.426, de 1996)
Pena - recluso, de um a quatro anos, e multa. (Includo pela Lei n 9.426,
de 1996)
Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietrio ou possuidor de ao, ttulo
ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este vedada por lei
a propriedade ou a posse de tais bens: (Redao dada pela Lei n 9.426, de
1996)
Pena - deteno, de seis meses a trs anos, e multa. (Redao dada pela Lei
n 9.426, de 1996)
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 35 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
SUJEITO ATIVO No caso do art. 309, somente o
estrangeiro, incluindo o aptrida (aquele
que no possui ptria, que no cidado
de nenhum pas), pode praticar este fato
tpico. No caso do art. 310 exatamente
ao contrrio, somente os brasileiros
podem praticar o crime. Tratam-se,
portanto, de crimes prprios.
Entretanto, se, um brasileiro no primeiro
caso, ou um estrangeiro no segundo,
colaboram para a prtica do crime,
podem responder por ele, em coautoria
(ou participao).
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de atribuir falsa
identidade ou qualidade a estrangeiro
(no caso do art. 309). No caso do art.
310, a conduta que se pune a do
"testa-de-ferro", a de algum que se faz
passar por proprietrio ou possuidor de
algo pertencente a estrangeiro, de forma
a burlar a lei.
TIPO SUBJETIVO Dolo. No primeiro crime se exige a
finalidade especfica (dolo especfico) de
fazer com que o agente ingresse ou
permanea no territrio nacional. N
segundo caso, porm, a Doutrina se
divide, alguns entendendo no haver
finalidade especfica, outros
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 36 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
entendendo que o agente deve ter a
finalidade especfica de fraudar a lei.
No se admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL Eventuais documentos utilizados para
enganar terceiros, como os documentos
que indicam a propriedade dos bens do
estrangeiro (fraudulentamente), ou o
documento de identidade falsa utilizado
pelo estrangeiro, etc.
CONSUMAO E No primeiro caso se consuma
TENTATIVA quando o agente (estrangeiro)
atribui a si falsa identidade para
ingressar no territrio nacional ou
aqui permanecer, independente de
obter ou no sucesso na empreitada
criminosa No segundo caso, o crime se
consuma quando o brasileiro passa a
figurar como proprietrio ou
possuidor dos bens do estrangeiro.
Admite-se a tentativa SOMENTE NO
SEGUNDO CASO (ART. 310), por no
ser possvel, no primeiro, o
fracionamento da conduta.
O caso do art. 310 pode ocorrer, por exemplo, nos casos em que a
Constituio veda que estrangeiro sejam proprietrios de empresa
jornalstica ou de radiodifuso de sons e imagens. Conforme art. 222 da
Constituio:
Art. 222. A propriedade de empresa jornalstica e de radiodifuso sonora e de
sons e imagens privativa de brasileiros natos ou naturalizados h
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 37 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
mais de dez anos, ou de pessoas jurdicas constitudas sob as leis
brasileiras e que tenham sede no Pas.
Assim, se um brasileiro aceita se fazer passar por dono de uma
emissora de TV (que na verdade de um estrangeiro), estar cometendo
o crime previsto no art. 310 do CP.
Finalizando o captulo, o art. 311 estabelece o crime de
"adulterao de sinal de veculo automotor":
Art. 311 - Adulterar ou remarcar nmero de chassi ou qualquer sinal
identificador de veculo automotor, de seu componente ou equipamento:
(Redao dada pela Lei n 9.426, de 1996))
Pena - recluso, de trs a seis anos, e multa. (Redao dada pela Lei n
9.426, de 1996)
1 - Se o agente comete o crime no exerccio da funo pblica ou
em razo dela, a pena aumentada de um tero. (Includo pela Lei n
9.426, de 1996)
2 - Incorre nas mesmas penas o funcionrio pblico que contribui
para o licenciamento ou registro do veculo remarcado ou adulterado,
fornecendo indevidamente material ou informao oficial. (Includo pela Lei
n 9.426, de 1996)
BEM JURDICO TUTELADO F pblica
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
Entretanto, os 1 e 2 trazem
hipteses de condutas que devem ser
praticadas por funcionrio pblico no
exerccio da funo, sendo a primeiro,
ainda, uma causa de aumento de pena.
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual
lesado pela conduta.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 38 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de adulterar sinal
identificador de veculo, ou, no caso do
2 do artigo, contribuir para o
licenciamento deste veculo (crime
prprio, s podendo ser praticado por
funcionrio pblico).
TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma
especial finalidade de agir. No se
admite na forma culposa.
OBJETO MATERIAL O veculo que teve chassi ou outro sinal
identificador adulterado ou remarcado.
CONSUMAO E
TENTATIVA
Consuma-se no momento em o agente
realiza a adulterao ou remarcao do
chassi ou sinal identificador. No caso do
2 (forma equiparada), o crime se
consuma com o licenciamento do
veculo anteriormente remarcado ou
adulterado e que foi facilitado pelo
funcionrio pblico. Admite-se
tentativa, pois no se trata de crime que
se perfaz num nico ato (pode-se
desdobrar seu iter criminis - caminho
percorrido na execuo).
E) Das fraudes em certames de interesse pblico
E, meu povo, se algum de vocs acreditava que dava pra conseguir o
cargo sem estudar, agora j era (risos). Foi publicada a lei 12.550/11,
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 39 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
que acrescentou o art. 311-A ao CP, prevendo a figura tpica da
fraude em certame pblico ou de interesse pblico.
A conduta (tipo objetivo) , basicamente, relativa divulgao de
informaes sigilosas, que possam comprometer a credibilidade do
certame. Na prtica, est muito relacionada ao "vazamento" de questes
e gabaritos de provas de concursos. Vamos ao nosso quadro
esquemtico:
Art. 311 -A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a
si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame,
contedo sigiloso de: (Includo pela Lei 12.550. de 2011)
I - concurso pblico; (Includo pela Lei 12.550. de 2011)
II - avaliao ou exame pblicos; (Includo pela Lei 12.550. de 2011)
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Includo pela Lei
12.550. de 2011)
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Includo pela Lei 12.550.
de 2011)
Pena - recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Includo pela Lei
12.550. de 2011)
1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer
meio, o acesso de pessoas no autorizadas s informaes
mencionadas no caput. (Includo pela Lei 12.550. de 2011)
2o Se da ao ou omisso resulta dano administrao pblica: (Includo
pela Lei 12.550. de 2011)
Pena - recluso, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Includo pela Lei
12.550. de 2011)
3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um tero) se o fato cometido por
funcionrio pblico. (Includo pela Lei 12.550. de 2011)
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 40 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
BEM JURDICO TUTELADO F pblica, neste caso especfico, relativa
credibilidade dos certames pblicos e
de interesse pblico.
SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum).
Entretanto, o 1 prev a equiparao
da conduta daquele que permite o
acesso de pessoa no autorizada aos
dados sigilosos. Nesta hiptese, a lei
estabelece um crime prprio, pois
somente quem tem o dever de impedir o
acesso de outras pessoas aos dados
sigilosos que pode cometer o crime. O
3 traz hiptese de aumento de pena
se o crime for praticado por funcionrio
pblico no exerccio da funo. Embora
a lei no diga "no exerccio da
funo", isso se extrai da lgica do
sistema, pois o simples fato de
algum ser funcionrio pblico no
pode ser causa de aumento de pena
se essa circunstncia no
influenciou na prtica do delito.
SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, alm de eventual
lesado pela conduta.
TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de utilizar ou
divulgar indevidamente. Percebam que
este termo "indevidamente" o que se
chama de elemento normativo do tipo
penal, pois ele estabelece que a conduta
do agente deve estar desamparada pela
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 41 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
lei. Assim, aquele funcionrio pblico que
coloca o gabarito do concurso na internet
no comete crime, pois no o faz
indevidamente. Entretanto, se o fizer
antes do horrio determinado, e com a
finalidade de obter vantagem ou
prejudicar algum, cometer o crime.
TIPO SUBJETIVO Dolo, exigindo-se a especial
finalidade de agir, consistente na
vontade de beneficiar a si ou a terceiro,
ou, ainda, comprometer a credibilidade
do certame. No se admite na forma
culposa.
OBJETO MATERIAL A informao utilizada ou divulgada
indevidamente.
CONSUMAO E
TENTATIVA
Consuma-se no momento em o
agente utiliza a informao ou a
divulga indevidamente. Admite-se
tentativa, pois no se trata de crime que
se perfaz num nico ato (pode-se
desdobrar seu iter criminis - caminho
percorrido na execuo).
EXEMPLO: Mauro, funcionrio de uma empresa contratada para realizar
um concurso pblico, divulga, INDEVIDAMENTE, o contedo da prova
para Ana, uma semana antes da prova. Ana, burra que s ela, mesmo
assim no consegue fazer, sequer, 50 pontos. Nesse caso, embora o
resultado visado no tenha ocorrido (beneficiar Ana), o crime J SE
CONSUMOU, pois a consumao ocorre no momento em que o agente
divulga indevidamente o contedo sigiloso.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 42 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
CUIDADO: No s em concurso pblico que esta norma se aplica,
aplicando-se, tambm, em quaisquer outros processos seletivos de
interesse pblico previstos nos incisos II, III e IV, como o ENEM,
por exemplo, e o exame da OAB.
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
LISTA DAS QUESTES
HORA DE
praticar!01 - (CESPE - 2009 - BCB - PROCURADOR)
Quanto aos crimes contra a f pblica e contra a administrao pblica,
assinale a opo correta.
A) No crime de falsificao de documento pblico, o fato de ser o agente
funcionrio pblico um indiferente penal, ainda que esse agente cometa
o crime prevalecendo-se do cargo, tendo em vista que tal delito contra
a f e no contra a administrao pblica.
B) No crime de falsidade ideolgica, o documento materialmente
verdadeiro, mas seu contedo no reflete a realidade, seja porque o
agente omitiu declarao que dele deveria constar, seja porque nele
inseriu ou fez inserir declarao falsa ou diversa da que devia ser escrita.
C) No crime de prevaricao, a satisfao de interesse ou sentimento
pessoal mero exaurimento do crime, no sendo obrigatria a sua
presena para a configurao do delito.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 43 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
D) No haver o crime de condescendncia criminosa quando faltar ao
funcionrio pblico competncia para responsabilizar o subordinado que
cometeu a infrao no exerccio do cargo.
E) A ocorrncia de prejuzo pblico como resultado do fato no influencia
a pena do crime de abandono de funo.
02 - (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE
INTELIGNCIA)
Julgue o prximo item com base no que estabelece o Cdigo Penal sobre
falsidade documental e crimes praticados por funcionrio pblico.
A omisso, em documento pblico, de declarao que dele deveria
constar, ou a insero de declarao falsa ou diversa da que deveria ter
sido escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigao ou alterar a
verdade sobre fato jurdico relevante, sujeita o funcionrio pblico a pena
de recluso de um a cinco anos e multa, se o documento for pblico; e de
um a trs anos e multa, se o documento for particular. A pena ser
aumentada em um sexto se a falsificao ou alterao for de
assentamento de registro civil.
03 - (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE
INTELIGNCIA)
Com base nos delitos em espcie, julgue o prximo item.
Um agente que tenha adquirido cinco cdulas falsas de R$ 50,00 com o
intuito de introduzi-las no comrcio local deve responder pelo tipo de
moeda falsa, visto que, nessa situao, no se aplica o princpio da
insignificncia como causa excludente de tipicidade.
04 - (CESPE - 2010 - AGU - PROCURADOR FEDERAL)
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 44 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
Acerca dos crimes relativos a licitao, crimes contra a f pblica e crimes
contra as relaes de consumo, julgue o item a seguir.
atpica a conduta do agente que desvia e faz circular moeda cuja
circulao ainda no estava autorizada, pois constitui elementar do crime
de moeda falsa a colocao em circulao de moeda com curso legal no
pas ou no exterior.
05 - (CESPE - 2012 - TC/DF - AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO)
A respeito dos crimes contra a f pblica, dos crimes previstos na Lei de
Licitaes, bem como dos princpios e conceitos gerais de direito penal,
julgue o item a seguir.
crime prprio, que somente pode ter como sujeito ativo o servidor
pblico, falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certido, ou alterar o
teor de certido ou atestado, para produzir prova de fato que habilite
algum a obter cargo pblico.
06 - (CESPE - 2012 - TC/DF - AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO)
A respeito dos crimes contra a f pblica, dos crimes previstos na Lei de
Licitaes, bem como dos princpios e conceitos gerais de direito penal,
julgue o item a seguir.
A falsificao de moeda e a falsificao de documento particular, bem
como a falsidade ideolgica e a falsidade de atestado mdico, so crimes
contra a f pblica. Os dois primeiros dizem respeito forma do objeto
falsificado, que criado ou alterado materialmente pelo agente; os dois
ltimos referem-se falsidade do contedo da declarao contida no
documento, que, entretanto, materialmente verdadeiro.
07 - (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO DA UNIO)
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 45 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
Julgue o item a seguir acerca dos crimes contra a f pblica.
No crime de falsificao de documento pblico, a circunstncia de ser o
sujeito ativo funcionrio pblico, independentemente de ter ele se
prevalecido do cargo e, com isso, obtido vantagem ou facilidade para a
consecuo do crime, um indiferente penal.
08 - (CESPE - 2011 - DPU/MA - DEFENSOR PBLICO)
Acerca dos crimes contra a f pblica e contra a administrao pblica,
assinale a opo correta.
A) A incidncia da circunstncia agravante relativa ao abuso de poder ou
violao de dever inerente a cargo, ofcio, ministrio ou profisso no se
mostra incompatvel com o delito de peculato.
B) Caracteriza o delito de moeda falsa a fabricao de instrumento ou de
qualquer objeto especialmente destinado falsificao de moeda.
C) Reconhecer como verdadeira, no exerccio de funo pblica, firma ou
letra que no o seja caracteriza o delito de falsificao de documento
particular.
D) Destruir, em benefcio prprio ou de outrem, documento pblico ou
particular verdadeiro de que no se pode dispor configura o delito de
falsidade ideolgica.
E) A consumao do crime de pek ulato-apropriao ocorre no momento
em que o funcionrio pblico, em virtude do cargo, comea a dispor do
bem mvel de que se tenha apropriado, como se proprietrio dele fosse.
09 - (CESPE - 2012 - AGU - ADVOGADO DA UNIO)
Julgue o item a seguir, que versa sobre crimes relacionados s licitaes e
delitos contra a f pblica e as relaes de consumo.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 46 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
O agente que falsificar e, em seguida, usar o documento falsificado
responder apenas pelo crime de falsificao.
10 - (CESPE - 2012 - TJ/BA - JUIZ ESTADUAL)
Considerando o que dispe o CP a respeito dos crimes contra a
incolumidade, a paz, a f e a administrao pblicas, assinale a opo
correta.
A) No integram o tipo penal perigo de desastre ferrovirio os veculos de
trao mecnica por meio de cabo areo.
B) Considere que Joo, Pedro, Antnio e Joaquim, todos maiores de
idade, associem-se com a finalidade de falsificar um nico ingresso de
evento esportivo. Nessa situao, a conduta dos agentes se amolda ao
crime de quadrilha.
C) Suponha que Maria, de dezenove anos de idade, receba, de boa-f, de
um desconhecido passe falso de transporte de empresa administrada pelo
governo e o utilize imediatamente aps ser alertada, por seu irmo, da
falsidade do bilhete. Nessa situao, a conduta de Maria caracteriza-se
como atpica.
D) Responde criminalmente o funcionrio pblico que, em razo da
funo, e mesmo antes de assumi-la, aceita promessa de vantagem
indevida, ainda que no venha a receb-la.
E) No prevista a modalidade culposa para o crime de desabamento.
11 - (CESPE - 2012 - AGU - ADVOGADO DA UNIO)
Julgue o item a seguir acerca dos crimes contra a f pblica.
De acordo com o STJ, a falsificao nitidamente grosseira de documento
afasta o delito de uso de documento falso, haja vista a inaptido para
ofender a f pblica.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 47 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
12 - (CESPE - 2013 - TRE/MS - ANALISTA JUDICIRIO - REA
JUDICIRIA)
Silas, maior e capaz, foi abordado por policiais militares e, ao ser
questionado acerca do documento de identificao, apresentou, como
sendo seu, o nico documento que carregava, um ttulo de eleitor,
autntico, pertencente a terceira pessoa. Nessa situao hipottica,
A) a conduta de Silas ajusta-se ao crime de uso de documento de
identidade alheio.
B) Silas praticou o crime de falsidade ideolgica.
C) configurou-se o delito de uso de documento falso.
D) Silas perpetrou o crime de falsa identidade.
E) a conduta de Silas foi atpica, pois ele exibiu o documento apenas por
exigncia dos policiais.
13 - (CESPE - 2004 - AGU - ADVOGADO)
Maria inseriu, falsamente, em sua carteira de trabalho e previdncia
social, visando adquirir alguns bens a crdito, um contrato de trabalho
por meio do qual exercia funo de secretria-executiva, com salrio de
R$ 1.800,00 mensais, na empresa Transportadora J&G Ltda.
Posteriormente, Maria fez uso da carteira de trabalho em uma loja de
eletrodomsticos, ao adquirir, a credirio, um televisor e um
videocassete. Nessa situao, consoante orientao do STJ, Maria
praticou os crimes de falsidade de documento pblico e uso de
documento falso.
14 - (CESPE - 2012 - TER/RJ - ANALISTA JUDICIRIO - REA
JUDICIRIA)
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 48 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
A conduta consistente na emisso de ttulo ao portador sem permisso
legal constitui crime contra a f pblica.
15 - (CESPE - 2012 - AGU - ADVOGADO)
O agente que falsificar e, em seguida, usar o documento falsificado
responder apenas pelo crime de falsificao.
16 - (CESPE - 2012 - PF - AGENTE DA POLCIA FEDERAL)
Luiz, proprietrio da mercearia Pague Menos, foi preso em flagrante por
policiais militares logo aps passar troco para cliente com cdulas falsas
de moeda nacional de R$ 20,00 e R$ 10,00. Os policiais ainda
apreenderam, no caixa da mercearia, 22 cdulas de R$ 20,00 e seis
cdulas de R$ 10,00 falsas. Nessa situao, as aes praticadas por Luiz
guardar e introduzir em circulao moeda falsa configuram crime
nico.
17 - (CESPE - 2012 - PC/CE - INSPETOR DE POLCIA - CIVIL)
Considere que, em uma batida policial, um indivduo se atribua falsa
identidade perante autoridade policial com o intento de ocultar seus
maus antecedentes. Nessa situao, conforme recente deciso do STF,
configurar-se- crime de falsa identidade, sem ofensa ao princpio
constitucional da autodefesa.
18 - (CESPE - 2012 - PC/CE - INSPETOR DE POLCIA - CIVIL)
Se um indivduo adquirir, gratuitamente, maquinismo para falsificar
moedas e alcanar o seu intento, ento, nesse caso, ele responder pelo
crime de moeda falsa em concurso com o delito de petrechos para
falsificao de moeda.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 49 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
19 - (CESPE - 2008 - SEMAD/ARACAJU - PROCURADOR
MUNICIPAL)
Considere a seguinte situao hipottica.
Ktia, proprietria de uma lanchonete, recebeu, de boa-f, uma moeda
falsa. Aps constatar a falsidade da moeda, para no ficar no prejuzo,
Ktia restituiu a moeda circulao. Nessa situao, a conduta de Ktia
atpica, pois ela recebeu a moeda falsa de boa-f.
20 - (CESPE - 2008 - SEMAD/ARACAJU - PROCURADOR
MUNICIPAL)
No crime de falsificao de documento pblico, se o agente funcionrio
pblico e comete o delito prevalecendo-se do cargo, sua pena ser
aumentada em um sexto.
21 - (CESPE - 2008 - SEMAD/ARACAJU - PROCURADOR
MUNICIPAL)
No comete o crime de falsidade ideolgica o agente que declara
falsamente ser pobre, assinando declarao de pobreza para obter os
benefcios da justia gratuita, pois a declarao no pode ser
considerada documento para fins ffle consumar o crime mencionado.
22 - (CESPE - 2008 - SEMAD/ARACAJU - PROCURADOR
MUNICIPAL)
O crime de falsidade material de atestado ou certido prev pena de
deteno ao agente que o pratica. No entanto, se o crime for praticado
com o fim de lucro, aplica-se, alm da pena privativa de liberdade, a
pena de multa.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 50 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
23 - (CESPE - 2009 - SEAD/SE (FPH) - PROCURADOR)
atpica a conduta de quem restitui circulao cdula recolhida pela
administrao pblica para ser inutilizada.
24 - (CESPE - 2009 - SEAD/SE (FPH) - PROCURADOR)
O direito penal no pune os atos meramente preparatrios do crime,
razo pela qual atpica a conduta de quem simplesmente guarda
aparelho especialmente destinado falsificao de moeda sem
efetivamente praticar o delito.
25 - (CESPE - 2011 - PC/ES - DELEGADO DE POLCIA -
ESPECFICOS)
Em crimes de moeda falsa, a jurisprudncia predominante do STF no
sentido de reconhecer como bem penal tutelado no somente o valor
correspondente expresso monetria contida nas cdulas ou moedas
falsas, mas a f pblica, a qual pode ser definida como bem intangvel,
que corresponde, exatamente, confiana que a populao deposita em
sua moeda.
26 - (CESPE - 2009 - SECONT/ES - AUDITOR DO ESTADO -
DIREITO)
A conduta de quem se declara falsamente pobre visando obter os
benefcios da justia gratuita subsume-se ao delito de falsificao de
documento particular.
27 - (CESPE - 2010 - EMBASA - ANALISTA DE SANEAMENTO -
ADVOGADO)
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 51 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
Segundo o STJ, no caso de crime de falsificao de moeda, a norma
penal no busca resguardar somente o aspecto patrimonial, mas
tambm, e principalmente, a moral administrativa, que se v
flagrantemente abalada com a circulao de moeda falsa. No entanto, a
pequena quantidade de notas ou o pequeno valor de seu somatrio
suficiente para quantificar como pequeno o prejuzo advindo do ilcito
perpetrado, a ponto de caracterizar a mnima ofensividade da conduta
para fins de excluso de sua tipicidade.
28 - (CESPE - 2009 - DPE/ES - DEFENSOR PBLICO)
A apresentao de documento falso autoridade incompetente, aps
exigncia desta, no configura o crime de uso de documento falso.
29 - (CESPE - 2009 - DPE/ES - DEFENSOR PBLICO)
Se, ao ser abordado por policiais militares, em procedimento rotineiro no
centro da cidade onde mora, um indivduo se identificar com outro nome,
a fim de esconder antecedentes penais, esse indivduo praticar o delito
de falsa identidade, segundo o STJ.
30 - (CESPE - 2013 - POLCIA FEDERAL - DELEGADO)
A falsa atribuio de identidade s caracterizada como delito de falsa
identidade se feita oralmente, com o poder de ludibriar; quando
formulada por escrito, constitui crime de falsificao de documento
pblico.
31 - (CESPE - 2013 - DPE-DF - DEFENSOR PBLICO)
Julgue os seguintes itens, relativos aos crimes de porte ilegal de arma de
fogo, roubo e falsificao.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 52 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
O agente que falsificar carto de crdito ou dbito cometer, em tese, o
crime de falsificao de documento particular previsto no CP.
32 - (CESPE - 2013 - PC-BA - ESCRIVO DE POLCIA)
Julgue os prximos itens, relativos a crimes contra a f pblica.
A consumao do crime de atestar ou certificar falsamente, em razo de
funo pblica, fato ou circunstncia que habilite algum a obter cargo
pblico, iseno de nus ou de servio de carter pblico, ou qualquer
outra vantagem ocorre no instante em que o documento falso criado,
independentemente da sua efetiva utilizao pelo beneficirio
33 - (CESPE - 2013 - PC-BA - ESCRIVO DE POLCIA)
Julgue os prximos itens, relativos a crimes contra a f pblica.
Considere a seguinte situao hipottica. Celso, maior, capaz, quando
trafegava com seu veculo em via pblica, foi abordado por policiais
militares, que lhe exigiram a apresentao dos documentos do veculo e
da carteira de habilitao. Celso, ento, apresentou habilitao falsa.
Nessa situao, a conduta de Celso considerada atpica, visto que a
apresentao do documento falso decorreu de circunstncia alheia sua
vontade.
34 - (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO)
A insero, em assentamento de registro civil, de declarao falsa com
vistas alterao da verdade sobre fato juridicamente relevante
configura crime de falsidade ideolgica, com aumento de pena em razo
da natureza do documento.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 53 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
35 - (CESPE - 2013 - CNJ - ANALISTA JUDICIRIO)
Crime de falsificao de documento pblico, quando cometido por
funcionrio pblico, admite a modalidade culposa hiptese em que a
pena reduzida.
36 - (CESPE - 2013 - TCDF - PROCURADOR)
O crime de uso de documento falso formal, consumando-se com a
simples utilizao do documento reputado falso, no se exigindo a
comprovao de efetiva leso f pblica, o que afasta a possibilidade
de aplicao do princpio da insignificncia, em razo do bem jurdico
tutelado.
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 54 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
EXERCCIOS COMENTADOS
01 - (CESPE - 2009 - BCB - PROCURADOR)
Quanto aos crimes contra a f pblica e contra a administrao
pblica, assinale a opo correta.
A) No crime de falsificao de documento pblico, o fato de ser o
agente funcionrio pblico um indiferente penal, ainda que esse
agente cometa o crime prevalecendo-se do cargo, tendo em vista
que tal delito contra a f e no contra a administrao pblica.
B) No crime de falsidade ideolgica, o documento materialmente
verdadeiro, mas seu contedo no reflete a realidade, seja porque
o agente omitiu declarao que dele deveria constar, seja porque
nele inseriu ou fez inserir declarao falsa ou diversa da que devia
ser escrita.
C) No crime de prevaricao, a satisfao de interesse ou
sentimento pessoal mero exaurimento do crime, no sendo
obrigatria a sua presena para a configurao do delito.
D) No haver o crime de condescendncia criminosa quando
faltar ao funcionrio pblico competncia para responsabilizar o
subordinado que cometeu a infrao no exerccio do cargo.
E) A ocorrncia de prejuzo pblico como resultado do fato no
influencia a pena do crime de abandono de funo.
COMENTRIO: O crime de falsidade ideolgica um crime contra a f
pblica, consistente na alterao do contedo de determinado
documento, com vistas a alterar a verdade sobre fato juridicamente
relevante. Tem, por finalidade, portanto, o contedo do documento, no
sua forma, diferentemente do crime de falsidade documental.
crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, e somente
pode ser praticado na forma dolosa, por no haver previso de sua
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 55 de 86
-
punio a ttulo culposo.
Falsidade ideolgica
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
Vejamos o art. 299 do CP:
Art. 299 - Omitir, em documento pblico ou particular, declarao que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declarao falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigao ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa, se o documento pblico, e recluso de um a trs anos, e multa, se o documento particular.
Assim, a alternativa B est correta.
As demais alternativas esto erradas, eis que no crime de falsificao de
documento pblico, o fato de o agente ser funcionrio pblico causa de
aumento de pena, art. 297, 1 do CP. No crime de prevaricao a
satisfao de sentimento pessoal elementar do crime e no mero
exaurimento, nos termos do art. 319 do CP. O crime de condescendncia
criminosa pode ser praticado pelo superior hierrquico, ainda que este
no tenha competncia para punir o subordinado, j que deve levar o fato
a conhecimento de quem tenha competncia, nos termos do art. 320 do
CP.
Por fim, a ocorrncia de prejuzo pblico causa qualificadora no crime de
abandono de cargo ou funo pblica, nos termos do art. 323, 1 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA B.
02 - (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TCNICO DE
INTELIGNCIA)
Julgue o prximo item com base no que estabelece o Cdigo Penal
sobre falsidade documental e crimes praticados por funcionrio
pblico.
A omisso, em documento pblico, de declarao que dele deveria
constar, ou a insero de declarao falsa ou diversa da que
deveria ter sido escrita, com o fim de prejudicar direito, criar
obrigao ou alterar a verdade sobre fato jurdico relevante,
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 56 de 86
-
Direito Penai - POLCIA FEDERAL (2014) AGENTE DE POLCIA FEDERAL
Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo - Aula 07
sujeita o funcionrio pblico a pena de recluso de um a cinco
anos e multa, se o documento for pblico; e de um a trs anos e
multa, se o documento for particular. A pena ser aumentada em
um sexto se a falsificao ou alterao for de assentamento de
registro civil.
COMENTRIO: A afirmativa est CORRETA, eis que a conduta narrada
pela questo se amolda perfeitamente ao tipo penal do art. 299, qual
seja, o crime de falsidade ideolgica. Vejamos:
Art. 299 - Omitir, em documento pblico ou particular, declarao que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declarao falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigao ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa, se o documento pblico, e recluso de um a trs anos, e multa, se o documento particular.
Pargrafo nico - Se o agente funcionrio pblico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificao ou alterao de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
Portanto, a afirmati