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DANIEL BUCHMÜLLER DIREITO PENAL - PARTE GERAL SOLDADO PMMG

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DANIEL BUCHMÜLLER

DIREITO PENAL - PARTE GERAL

SOLDADO PMMG

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DIREITO PENAL

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

1 – Manual de Direito Penal

Autor: Rogério Sanches

Editora: JUSPODIVM.

2 – Direito Penal

Autor: Cleber Masson

Editora: Gen Método

3 – Curso de Direito Penal

Autor: Rogério Greco.

Editora: Impetus

4 – Direito Penal

Autores: Marcelo André de Azevedo e Alexandre Salim

Editora: JUSPODIVM (Coleção Sinopses para Concurso)

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Conteúdo Programático

1 – Princípios do Direito Penal

2 – Lei penal: No tempo e no espaço; Interpretação da lei Penal

3 – Infração Penal: Espécies

4 – Sujeito Ativo e Sujeito Passivo da Infração Penal

5 – Teoria do Crime, Excludentes da Ilicitude e Culpabilidade, Imputabilidade Penal

6 – Concurso de Pessoas

7 – Das Penas

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DIREITO PENAL

MISSÃO DO DIREITO PENAL:

1 – Missão Mediata: Controle Social e a limitação ao poder de punir do Estado.

2 – Missão Imediata: Proteger bens jurídicos.

DIREITO PENAL OBJETIVO x SUBJETIVO:

1 – Direito Penal Objetivo: Conjunto de leis em vigor.

2 – Direito Penal Subjetivo: É o direito de punir do Estado.

FONTES DO DIREITO PENAL

FONTES MATERIAIS: O órgão de produção da lei. (Art. 22, I, CF)

FONTES FORMAIS: O modo como se exterioriza o Direito Penal.

FONTES FORMAIS IMEDIATAS: (DOUTRINA MODERNA)

- Lei

- Constituição Federal

- Tratados Internacionais de Direitos Humanos

- Jurisprudência

- Princípios

- Atos normativos

FONTES FORMAIS MEDIATA:

- Doutrina

O QUE SÃO OS PRINCÍPIOS?

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Os princípios gerais são as regras que, embora não estejam escritas, servem como

mandamentos que informam e dão apoio ao direito, utilizados como base para a

criação e integração das normas jurídicas, respaldados pelo ideal de justiça.

O QUE SÃO OS COSTUMES? O costume se consubstancia em uma conduta

socialmente aceita que se repete ao longo do tempo.

PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL

1 – Princípio da Intervenção Mínima:

O Direito Penal só deve intervir na vida das pessoas quando estritamente

necessário, mantendo-se subsidiário e fragmentário aos outros ramos do direito.

(ULTIMA RATIO)

1.1 – Fragmentariedade: O Direito Penal somente deve se importar com alguns

comportamentos contrários ao ordenamento jurídico, se preocupando apenas com os

casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado

1.2 – Subsidiariedade: O Direito Penal só deve atuar quando houver o fracasso dos

demais ramos do direito, ou seja, quando os demais meios estatais de controle social

se mostrarem impotentes para o controle da ordem pública.

2 – Princípio da Insignificância (Bagatela):

O princípio da insignificância é uma causa de exclusão da tipicidade, e tem por

finalidade restringir a qualificação de condutas que provoquem uma ínfima lesão ao

bem jurídico tutelado. (Decorre da FRAGMENTARIEDADE)

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TIPICIDADE PENAL

-TIPICIDADE FORMAL (adequação do fato à norma)

-TIPICIDADE MATERIAL (relevante lesão ou perigo de

lesão ao bem jurídico tutelado)

Requisitos estipulados pelo STF para aplicação deste princípio:

- mínima ofensividade da conduta do agente;

- nenhuma periculosidade social da ação;

- reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;

- inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Diante do que expõe os tribunais superiores, NÃO se aplica o Princípio da

Insignificância:

- para reincidentes ou criminoso habitual;

- os furtos qualificados, diante da reprovabilidade de sua conduta;

- aos crimes de roubo, tendo em vista ser praticado com violência ou grave ameaça à

pessoa;

- aos crimes praticados por funcionários públicos contra a Administração Pública,

pois esses crimes atentam contra a moralidade administrativa;

- aos crimes contra a fé pública (ex: moeda falsa);

- crimes contra a Previdência Social, pois atinge o bem jurídico de caráter

Supraindividual;

- Crimes ambientais e lei de drogas (exceção).

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3 – Ofensividade ou Lesividade:

Para que ocorra o delito é necessário que haja uma lesão ou perigo de lesão ao bem

jurídico tutelado. Temos uma exceção quanto aos crimes de perigo abstrato, que é

aceito pelo STF.

Temos a seguinte distinção na doutrina quanto aos crimes:

Crime de dano: a consumação pressupõe efetiva lesão ao bem jurídico tutelado.

Ex.: homicídio, furto, roubo, estupro, etc.

Crime de perigo: para a sua consumação, basta apenas o perigo de lesão ao bem

jurídico tutelado. Ex.: crime de periclitação da vida e da saúde (art. 130, 131, 132,

133, etc.). Subdivide-se em:

- Crime de perigo abstrato: o perigo de lesão oriundo da conduta é absolutamente

presumido por lei, bastando apenas comprovar a conduta que a lei já presume o

perigo de forma absoluta. Ex.: embriaguez ao volante (STF/STJ); porte de arma;

- Crime de perigo concreto: o perigo de lesão oriundo da conduta deve ser

comprovado.

4 – Princípio da Legalidade:

Previsto no artigo 5º, XXXIX da Constituição Federal, bem como no artigo 1º do

Código Penal, também conhecido por Princípio da Reserva Legal, este princípio

resume uma verdadeira limitação ao poder punitivo do Estado, e está diretamente

relacionado ao Princípio da Anterioridade, (nullum crimen nulla poena sine lege).

Art. 1º, CP: “Não há crime sem lei (reserva legal) anterior (anterioridade) que o

defina. Não há pena (reserva legal) sem prévia cominação legal (anterioridade).”

Este princípio pressupõe que a lei deve ser:

- Estrita: Proíbe a analogia contra o acusado;

- Escrita: Proíbe o costume incriminador;

- Certa: Proíbe a criação de tipos penais vagos e indeterminados;

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- Prévia: Proíbe a aplicação da lei penal a fatos praticados anteriores à sua entrada

em vigor.

5 – Princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica:

A lei penal só irá retroagir nos casos em que for mais benéfico ao acusado,

reduzindo sua pena, ou abolindo a sua conduta criminosa (ABOLITIO CRIMINIS).

A exceção a este princípio ocorre com as LEIS EXCEPCIONAIS e

TEMPORÁRIAS, previstas no artigo 3º do Código Penal, pois estas leis são

consideradas ULTRA-ATIVAS, e continuam produzindo seus efeitos para os crimes

praticados no período de sua vigência, mesmo que esta não esteja mais em vigor.

Ex: Lei 12.663/12 (Lei da Copa do Mundo 2014) criou crimes temporários no Brasil

– art. 30 a 35.

6 – Princípio da Responsabilidade Pessoal (Intranscendência):

De acordo com o artigo 5º, XLV da Constituição Federal, nenhuma pena passará da

pessoa do condenado, podendo apenas a obrigação de reparar o dano e a decretação

de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos seus sucessores e contra

eles executadas, até o limite do patrimônio transferido.

7 – Princípio da Responsabilidade Penal Subjetiva:

Este princípio dispõe que não há responsabilidade penal sem dolo ou culpa, ou seja,

o agente só pode ser responsabilizado se o fato foi querido, aceito ou previsível.

8 – Princípio da Presunção de Inocência (Não culpabilidade):

De acordo com o art. 5º, LVII, CF, este princípio pressupõe que qualquer cidadão só

poderá ser considerado culpado, e consequentemente cumprir uma sanção criminal,

após uma sentença condenatória com trânsito em julgado.

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ATENÇÃO: Este princípio não afasta a possibilidade de prisão cautelar, desde que

imprescindível e de acordo com os ditames legais.

9 – Princípio da Humanidade ou Humanização da Pena:

Não pode haver no Brasil pena de caráter cruel, desumana ou degradante, sendo que

este princípio decorre do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, previsto no

art. 5º, XLVII, “e” da Constituição Federal.

10 - Princípio da Vedação do “bis in idem”:

Este princípio pressupõe que ninguém pode ser processado ou condenado duas vezes

pelo mesmo fato praticado.

Ainda, também não pode ser aplicado ao infrator duas circunstâncias sobre o mesmo

fato, por exemplo, quem é condenado pelo crime de homicídio qualificado por

motivo fútil (artigo 121, §2º, II do Código Penal), não pode ter sua pena agravada

pela agravante genérica do motivo fútil (artigo 61, II, “a” do CP).

11 – Princípio da Exclusiva Proteção do Bem Jurídico:

O Direito Penal se destina apenas à tutela de bens jurídicos, não podendo ser

aplicado para resguardar questões morais, éticas, ideológicas, religiosas ou políticas,

não devendo se preocupar com as intenções, modo de viver ou pensamentos das

pessoas.

12 – Princípio da Adequação Social:

Temos elencadas no Direito Penal condutas que, a princípio, seriam tipificadas como

crimes, porém, diante de sua comum e reiterada aplicação pela sociedade, pode-se

considerar como socialmente aceitas, não afrontando o sentimento social de justiça.

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Exemplos: circuncisão realizada pelos judeus e a colocação de brincos em crianças,

que a princípio poderia caracterizar o crime de lesão corporal, mas pela sua

adequação social, não são consideradas crime.

13 – Princípio da Individualização da Pena:

Previsto no artigo 5º, XLVI da Constituição da República, pressupõe que deve ser

dado a cada indivíduo a pena que lhe cabe, levando-se em consideração as

circunstâncias específicas do seu comportamento.

Este princípio se desenvolve no plano LEGISLATIVO, quando o legislador define o

crime e a sua pena; no plano JUDICIAL, quando há a imposição de uma pena pelo

juiz a um indivíduo determinado; e no plano EXECUTIVO, no momento em que o

condenado receberá uma reprimenda estatal de acordo com os seus antecedentes e a

sua personalidade, para orientar a execução penal, conforme artigo 5º da Lei de

Execuções Penais.

14 – Princípio da Culpabilidade:

Este princípio pressupõe que o Estado só pode impor uma sanção penal a um

indivíduo quando ele for IMPUTÁVEL (plenamente capaz), com POTENCIAL

CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE (com capacidade de compreender a ilicitude de

seus atos) e quando dele for EXIGÍVEL CONDUTA DIVERSA (quando for

possível esperar outra atitude que não seja criminosa).

Oriundo deste princípio temos a Teoria da Co-culpabilidade, onde traz a

responsabilidade conjunta do Estado quanto aos atos praticados por um cidadão que

sofreu um menosprezo em seus Direitos Fundamentais por parte do Estado, que foi

omisso no campo social. Para alguns autores, esta teoria deveria ser utilizado como

atenuante para diminuir a pena do réu, com base no artigo 66 do Código Penal.

Em sentido oposto temos a Teoria da Co-culpabilidade às avessas, onde teríamos

uma punição mais severa aos infratores com elevado poder econômico. Mas esse

princípio não pode ser utilizado como agravante genérica por falta de previsão legal

e por não ser permitida a analogia in malan partem.

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- LEI PENAL: (FONTE FORMAL IMEDIATA)

A lei penal é a regra escrita que dispõe sobre determinadas condutas qualificando-as

como criminosas, sendo esta composta pelo seu preceito primário, que é a

definição da conduta criminosa, dirigida a todas as pessoas, e o seu preceito

secundário, que é a sanção penal descrita àquela conduta, caso venha a ser praticada

por algum indivíduo.

A lei penal também poderá ser completa, quando dispensar qualquer complemento

normativo (dado por outra norma) ou valorativo (dado pelo juiz), e poderá ser

incompleta, onde haverá a necessidade de um complemento normativo por parte de

outra norma (norma penal em branco) ou pelo juiz (tipo aberto).

- CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS PENAIS:

a) Incriminadoras – Criam crimes e cominam penas; (Parte Especial do CP)

b) Não-incriminadoras – NÃO criam crimes e não cominam penas. Estas podem ser:

Permissivas: São as que excluem a ilicitude de algumas condutas (estado de

necessidade, legitima defesa, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular

de direito).

Exculpantes: São as que tratam de excludente de culpabilidade do agente ou de

punibilidade de condutas típicas e ilícitas. Art. 26, caput e 27 do CP.

Explicativas: São as que explicam e interpretam o conteúdo da norma. Ex. Conceito

de funcionário público e casa.

Diretivas: Estabelece um princípio de determinada natureza. Art. 1,CP que traz o

princípio da reserva legal.

Finais Complementares: Aplicação da Lei penal no tempo e espaço.

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- Leis penais integrativas:

São leis penais de ampliação ou extensão (normas de adequação típica indireta ou

mediata) atuando complementando a tipicidade penal (Tentativa; Participação...).

São institutos previstos na parte geral que complementam a tipicidade prevista

na parte especial do Código Penal.

NORMA PENAL EM BRANCO:

É uma espécie de lei penal incompleta que depende de complemento normativo

(dado por outra norma), sendo que o seu preceito primário é indeterminado.

- Norma penal em branco heterogênea (em sentido estrito): o complemento

normativo não emana da mesma instância legislativa. (Art. 33, da lei 11.343/06

completada pela portaria 344/98 da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério

da Saúde).

- Norma penal em branco homogênea (em sentido amplo): o complemento

normativo emana da mesma instância legislativa. (art. 327 do CP diz o que é

Funcionário Público, completando o artigo 312 do CP).

- Norma penal em branco homovitelina ou homóloga: o complemento emana do

mesmo ramo do direito. Ex.: Lei penal complementada por lei penal.

- Norma penal em branco heterovitelina ou heteróloga: o complemento emana de

outro ramo do direito diverso do direito penal. (art. 237, Código Penal c/c art. 1521,

Código Civil).

TIPO ABERTO: Essa é uma espécie de lei penal incompleta que depende de um

complemento valorativo, ou seja, um juízo de valor que é feito pelo juiz na análise

do caso concreto.

Ex.: Nos crimes culposos é o juiz quem analisa a negligência, imprudência ou

imperícia, sendo que estas hipóteses não são trazidas pelo legislador.

- Interpretação extensiva: amplia-se o significado de uma palavra para se chegar

ao real alcance da norma. (Ex: “Arma” no art. 157, §2º, I, do CP).

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- Interpretação analógica: o significado que se busca é extraído do próprio

dispositivo, levando-se em conta uma cláusula genérica utilizada pelo legislador. O

legislador dá exemplos e depois encerra com uma norma genérica (Ex: “mediante

paga, promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe”).

- Analogia: Na analogia, não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo

pelo qual se socorre daquilo que o legislador previu para outro similar. Só admite-se

analogia in bonam partem no Direito Penal.

As principais características da LEI PENAL são:

- Imperatividade: a prática da conduta nela descrita gera uma pena;

- Generalidade: destina-se a todos, indiscriminadamente;

- Impessoalidade: não se refere a pessoas determinadas;

- Exclusividade: somente a lei poderá definir crimes e cominar penas;

- LEI PENAL NO TEMPO:

Teoria da Atividade: considera praticado o crime no momento da conduta (ação ou

omissão) ainda que outro seja o momento do resultado.

Teoria do Resultado: considera praticado o crime no momento da produção do

resultado, não importando o momento da conduta.

Teoria Mista ou da Ubiquidade: considera praticado o crime tanto momento da

conduta quanto o momento do resultado.

O Brasil adotou a Teoria da Atividade - art. 4º do Código Penal:

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que

outro seja o momento do resultado.

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- CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO:

Este conflito ocorre quando uma conduta tiver sido praticada durante a vigência de

uma determinada lei e esta for posteriormente modificada por outra.

Essa é a aplicação prática da Teoria da Atividade. Como decorrência do Princípio

da Legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da realização da

conduta.

Obs: A imputabilidade do agente é aferida ao tempo da conduta, e em regra, a lei

penal posterior só retroage aos atos praticados anteriormente quando de alguma

forma favorece a situação do acusado.

Quando da criação de uma nova lei penal, podem ocorrer as seguintes situações:

- Abolitio Criminis: é a lei nova que revoga um tipo penal, fazendo com que a

conduta não seja mais considerada crime.

- Novatio Legis in Mellius: é a lei nova que, mantendo a incriminação do fato,

melhora a situação do acusado, que irá aproveitar a lei nova mesmo que sua sentença

já tenha sido transitada em julgado, ou seja, esta lei retroage.

- Novatio Legis in Pejus: é a lei nova que, mantendo a incriminação do fato, agrava

a situação do acusado. Essa lei não irá retroagir.

- Novatio Legis Incriminadora: é a lei nova que cria um novo tipo penal.

Atenção à Súmula 711 do STF:

A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a

sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.

No caso de um CRIME PERMANENTE (Ex: sequestro), ou de um CRIME

CONTINUADO (Ex: vários furtos em seguida, nas mesmas condições de tempo,

lugar e modo de execução), caso uma lei mais gravosa entre em vigor durante a

prática do crime permanente ou durante a continuidade delitiva, essa lei será

aplicada ao caso, tendo em vista que a conduta do agente se perdurou no tempo,

sendo atingida pela lei mais gravosa.

Obs: A continuidade delitiva, por uma ficção jurídica, é tratada como crime único.

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LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIAS:

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua

duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato

praticado durante sua vigência.

A LEI EXCEPCIONAL é aquela que tem a sua vigência estipulada durante uma

situação transitória emergencial, não sendo fixado um tempo certo de vigência,

sendo que esta irá perdurar enquanto estiver ocorrendo a situação emergencial. (Ex:

Calamidade pública, guerra, inundação). Já a LEI TEMPORÁRIA é aquela que

possui a sua vigência previamente determinada pela lei (Ex: Lei X com vigência do

dia 12/01/2016 até 12/07/2015).

Essas leis são criadas para determinadas situações anômalas e são

AUTORREVOGÁVEIS e ULTRATIVAS, ou seja, praticado o fato durante sua

vigência, elas se aplicam mesmo após a cessação de sua vigência (revogação).

CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS:

1) Princípio da Especialidade:

No caso de um conflito entre um tipo penal genérico e outro tipo penal específico,

prevalece o tipo específico, sendo que este possui todos os elementos do tipo

genérico, porém, com maiores detalhes e especialidades que se adequa melhor ao

caso concreto.

Ex: O crime de infanticídio (art. 123, CP) é mais específico do que o crime de

homicídio (art. 121, CP) embora ambos tenham o mesmo elemento “MATAR

ALGUÉM”.

2) Princípio da Subsidiariedade:

O crime da lei subsidiária está inserido na lei primária (+ grave) como elemento

constitutivo, qualificadora, causa aumento, agravante genérica, meio de execução.

São estágios ou graus diversos de ofensa a um mesmo bem jurídico (Ex: Roubo =

Furto + Ameaça ou Lesão).

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A lei subsidiária é menos grave e será sempre excluída pela lei primária, que é mais

grave. A lei subsidiária, segundo o doutrinador Nelson Hungria, é conhecido como

“SOLDADO DE RESERVA”.

3) Princípio da Consunção:

Neste princípio ocorre a absorção de um delito por outro, ou seja, fatos mais amplos

e graves absorvem fatos menos amplos e graves.

- Crime Progressivo: o agente deve necessariamente praticar um delito menos

grave para se chegar ao delito mais grave, que é a sua intenção final. (Ex: para se

praticar um crime de homicídio, deve-se necessariamente praticar o crime de lesão

corporal antes, sendo este absorvido por aquele).

- Progressão criminosa: o agente pratica o crime pretendido, mas no curso de sua

empreitada criminosa resolve praticar um crime mais grave. (Ex: o agente pratica

uma lesão corporal grave na vítima, mas durante o crime muda de ideia e resolve

matá-la).

- Crime meio x Crime fim: O crime meio é aquele praticado para se atingir outra

finalidade. Observe-se que, diferente do crime progressivo, neste caso o crime meio

não é um caminho necessário para se chegar ao crime fim.

Ex: Crime de falso (crime meio) e crime de estelionato (crime fim), conforme

Súmula 17 do STJ que expõe: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais

potencialidade lesiva, é por este absorvido”.

- Princípio da Alternatividade: Este princípio se aplica nos tipos mistos

alternativos, ou seja, aqueles que apresentam um crime de ação múltipla, onde,

mesmo havendo vários verbos, o agente que pratica apenas um crime, mesmo tendo

praticado mais de um verbo descrito no tipo. (Ex: No crime de tráfico de drogas,

mesmo que o autor venda e tenha em depósito a droga, pratica apenas um crime).

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LEI PENAL NO ESPAÇO:

No Brasil adotamos o Princípio da Territorialidade Temperada de acordo com o

artigo 5º, onde se aplica a lei penal brasileira aos crimes praticados no Brasil, porém,

há exceções.

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de

direito internacional, ao crime cometido no território nacional.

Obs: Há casos em que a lei penal brasileira será aplicada em crimes praticados no

exterior (extraterritorialidade), e também há casos em que a lei penal estrangeira

será aplicada em crime praticados no Brasil (intraterritorialidade).

- Território nacional: Espaço Geográfico + Espaço Jurídico.

Espaço Geográfico: Solo brasileiro, espaço aéreo correspondente e mar territorial

(12 milhas náuticas).

Obs: Zona Econômica Exclusiva: 200 milhas náuticas.

Espaço Jurídico: Art. 5º, §§ 1º e 2º do CP.

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional

as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do

governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as

embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,

respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves

ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em

pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em

porto ou mar territorial do Brasil.

Obs: Zona econômica exclusiva, 200 milhas náuticas, não faz parte do território

brasileiro.

Obs: Embaixada estrangeira no Brasil é território brasileiro, embora seja inviolável.

Obs: Diante do Princípio da Reciprocidade, temos que as embarcações e aeronaves

estrangeiras de natureza pública ou a serviço do governo estrangeiro, mesmo que

estejam em território nacional, são considerados território estrangeiro.

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Obs: A chamada PASSAGEM INOCENTE é trazida pelo artigo 3º da lei 8.617/93 e

dispõe que é reconhecido aos navios estrangeiros o direito de passagem inocente no

mar territorial brasileiro, desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à

segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida.

LUGAR DO CRIME:

Para esse adota-se a Teoria da Ubiquidade (Art. 6º, CP), considerando a prática do

crime tanto o local da ação ou omissão, quando o local onde se produziu o resultado,

ou seja, onde ele se consumou.

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,

no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

Obs: Essa teoria é importante para os crimes à distância entre jurisdições diferentes,

pois evita o conflito negativo de jurisdição. Todavia, pode gerar o bis in idem.

Lugar do crime: Ubiquidade // Tempo do crime: Atividade (LUTA).

EXTRATERRITORIALIDADE:

É a aplicação da lei penal brasileira fora do território nacional.

Extraterritorialidade Incondicionada:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

I - os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de

Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,

autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

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§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que

absolvido ou condenado no estrangeiro.

Obs: Crime de latrocínio não é crime contra a vida, portanto não se enquadra no

artigo 7, I, “a” do CP.

Obs: Crimes contra o patrimônio da administração pública direta e indireta

obedecem à extraterritorialidade.

Extraterritorialidade Condicionada:

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

II - os crimes:

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

b) praticados por brasileiro;

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade

privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das

seguintes condições:

a) entrar o agente no território nacional;

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a

extradição;

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar

extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.

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§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra

brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição;

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Obs: Em regra, a competência para julgamento é da Justiça Comum Estadual, salvo

quando presentes as hipóteses do art. 109 da Constituição da República.

INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL:

Formas de interpretação:

1) Quanto ao sujeito que interpreta (ou quanto à origem):

- Autêntica ou legislativa: feita pela própria lei. Ex.: art. 327 do CP, conceito de

funcionário público;

- Doutrinária ou científica: interpretada pelos estudiosos do Direito;

- Jurisprudencial: oriunda de decisões reiteradas dos Tribunais. Hoje a interpretação

jurisprudencial pode ter caráter vinculante. (Ex: Súmulas Vinculantes do STF).

2) Quanto ao modo:

- Gramatical (ou literal): leva em conta o sentido literal das palavras;

- Teleológica: busca a vontade ou intenção objetivada na lei (finalidade da lei); -

Histórica: busca a origem da lei;

- Sistemática: a lei é interpretada com o conjunto de leis que compõem o

ordenamento jurídico;

- Progressiva, adaptativa ou evolutiva: atualização dos diplomas normativos com o

avanço da ciência.

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3) Quanto aos resultados:

- Declarativa: quando há a exata correspondência entre o que está na lei e àquilo que

o legislador quis dizer. TEXTO = NORMA.

- Restritiva: quando houver a restrição do alcance das palavras para corresponder à

vontade do texto. TEXTO > NORMA.

- Extensiva: quando há a ampliação do alcance das palavras para corresponder à

vontade do texto (mens legis). TEXTO < NORMA.

INFRAÇÃO PENAL: ESPÉCIES

A legislação brasileira adota o sistema bipartido, havendo duas espécies de

infrações penais, que são: o CRIME, considerado o mesmo que delito, e a

CONTRAVENÇÃO PENAL, sendo que seus conceitos são bem parecidos,

diferenciando-se apenas na gravidade da conduta e no tipo (natureza) da sanção ou

pena.

Veja o que traz p artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Penal:

Art. 1º - Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou

de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena

de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, penas

de prisão simples ou de multa, ou ambas. Alternativa ou cumulativamente.

Obs: Até 1997, o porte ilegal de arma de fogo era uma mera contravenção, porém,

esta infração passou a ser considerada crime/delito com a lei 9.437/97,

posteriormente revogada pela lei 10.826/03.

Algumas diferenças práticas entre crimes e contravenções:

a) Tentativa: no crime/delito a tentativa é punível, enquanto que na contravenção,

por força do Art. 4º do Decreto-Lei 3.688/41, a tentativa não é punível.

b) Extraterritorialidade: no crime/delito, nas situações do Art. 7º do Código Penal, a

extraterritorialidade é aplicada, enquanto que nas contravenções a

extraterritorialidade não é aplicada.

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c) Tempo máximo de pena: no crime/delito, o tempo máximo de cumprimento de

pena é de 30 anos, enquanto que nas contravenções, por serem menos graves, o

tempo máximo de cumprimento de pena é de 5 anos.

SUJEITOS DO CRIME:

Sujeito ativo é aquele que direta ou indiretamente pratica a conduta criminosa.

(autor, coautor, partícipe). Frise-se que o autor do delito pode ser tanto pessoa física

quanto à pessoa jurídica, se diante de crimes ambientais.

O sujeito passivo, porém, divide-se em:

- Sujeito passivo imediato = vítima direta, titular do bem jurídico violadoSujeito

passivo imediato pela prática da conduta. (quem sentiu na pele o resultado do

delito).

- Sujeito passivo mediato = quem sofre indiretamente os efeitos da conduta

delituosa, ou seja, a sociedade como um todo. (repercussão social da pratica de um

crime). Via de regra, o sujeito passivo mediato de qualquer crime é o ESTADO.

Obs: Cadáver não poderá ser sujeito passivo de crime. No delito de vilipêndio a

cadáver (art. 212 do CP), o sujeito passivo é a coletividade; e no crime de calúnia

contra os mortos (art. 138, § 2º, do CP), sua família.

Obs: Animais não podem ser sujeitos passivos de crime, pois o direito não lhes

reconhece a titularidade de bens jurídicos. Podem, por óbvio, ser objeto material,

como no furto de animal doméstico e em alguns crimes ambientais.

• É possível uma pessoa ser sujeito ativo e passivo de um mesmo crime?

Em regra não, uma vez que todo crime pressupõe a lesão a um bem alheio, contudo,

a única exceção encontra-se no art. 137 do CP (rixa), em que, muito embora cada

contendor seja autor das lesões que produz e vítima daquelas que sofre, há um só

crime (logo, o rixoso é sujeito ativo e passivo da rixa da qual participa).

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ITER CRIMINIS:

Trata-se do caminho pelo qual se percorre até a consumação do delito. Etapas de

realização dos crimes dolosos, sendo algumas obrigatórias e outras facultativas.

São quatro as etapas do iter crimines:

1ª Cogitação – Trata-se da etapa psíquica em que o agente raciocina quanto ao

cometimento do delito e seu modus operandi, etapa de planejamento. É uma etapa

presente em todos os delitos, visto que o dolo é formado pelo elemento cognoscível

e volitivo.

Trata-se de uma etapa absolutamente impunível por não ultrapassar a esfera do

próprio agente, em função do princípio da lesividade ou ofensividade.

2ª Preparação – A preparação é uma fase física, onde há a instrumentalização e

organização objetivando a pratica do crime, sendo uma fase facultativa e, em regra,

impunível por não ultrapassar a esfera do próprio agente. Não obstante a regra,

meros atos preparatórios podem configurar crimes autônomos, como é o caso do

crime de associação criminosa, do artigo 288 do CP.

3ª Execução – Trata-se de fase onde o agente dá início a prática do crime, momento

no qual o agente começa a interferir na esfera do bem jurídico alheio, permitindo a

punição, no mínimo, a título de tentativa visto que já há lesividade ao bem alheio.

Trata-se de uma fase obrigatória de todo e qualquer delito.

4ª Consumação - A consumação se dá quando presentes todos os elementos do

tipo, sendo que isto ocorre quando:

- Crimes materiais: O tipo penal descreve a conduta e o resultado naturalístico

exigido para a consumação do delito. (art. 121, 155,157)

- Crimes formais: Se dá com a completa pratica da conduta formalmente proibida,

independentemente da materialização, do resultado naturalístico previsto. São

chamados de crimes de consumação antecipada. Ex: Extorsão mediante sequestro.

- Crime de mera conduta ou mera atividade: Pune-se a mera conduta, sem que o

tipo preveja qualquer resultado advindo desta conduta. Dá-se a consumação com a

mera conduta proibida, não havendo sequer a previsão de resultados naturalísticos a

título de exaurimento. Ex: Invasão de domicílio; desobediência, tráfico de drogas,

uso de drogas, porte de armas e omissão de socorro.

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Exaurimento – Trata-se de um instituto que pode ou não acontecer, não fazendo

parte das etapas do iter crimines. O exaurimento é o esgotamento do crime, não

havendo mais nenhum resultado a ocorrer no caso concreto.

Tanto no crime material quanto no de mera conduta o exaurimento ocorre no

mesmo momento da consumação do delito. Ao revés, nos crimes formais, a

prática da conduta caracteriza a consumação, mas há um especial fim de agir

que pode ser alcançado.

Ex: No sequestro a consumação ocorre com o arrebatamento da vítima. O

pagamento do resgate é mero exaurimento do crime.

Obs: Embora o exaurimento possa ocorrer em qualquer crime somente é relevante

falar sobre ele em crimes formais.

TEORIA DO CRIME

1) FATO TÍPICO

CRIME 2) ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE)

3) CULPABILIDADE

Esses são os elementos do crime para a TEORIA TRIPARTITE, que prevalece na

doutrina.

1) FATO TÍPICO

O fato típico é composto por:

a) conduta;

b) resultado;

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c) nexo causal;

d) tipicidade.

A) CONDUTA:

Para a Teoria Finalista, que de acordo com a doutrina majoritária foi adotada pelo

Código Penal, conduta é todo comportamento humano (ação ou omissão),

voluntário, psiquicamente (consciente) dirigido a um fim (ilícito).

Obs: Com essa teoria, o DOLO e a CULPA que eram analisados

CULPABILIDADE, passaram para o FATO TÍPICO.

Hipóteses de exclusão da conduta:

- Caso fortuito ou força maior: movimentos imprevisíveis ou inevitáveis, não

dominados pela vontade. Não há crime porque não há conduta; não há conduta

porque não há voluntariedade.

- Estados de inconsciência (completa): sonambulismo e hipnose – apesar de haver

movimento humano, não é voluntario.

- Movimentos reflexos: são movimentos impulsionados simplesmente por ação

corporal, desprovidos de voluntariedade.

- Coação física irresistível: o agente é impossibilitado de determinar sua conduta de

acordo com a sua vontade.

Obs: coação moral irresistível não exclui a conduta, mas a culpabilidade

(inexigibilidade de conduta diversa).

CONSCIÊNCIA VONTADE

Dolo direto Prevê o resultado Quer o resultado

Dolo eventual Prevê o resultado Não quer o resultado, mas

assume o risco

Culpa consciente Prevê o resultado Não quer, não assume o

risco e pensa poder evitar

o resultado

Culpa inconsciente Não prevê o resultado

(mas era previsível)

Não quer e não aceita o

resultado

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B) RESULTADO:

- Resultado naturalístico onde da conduta resulta alteração física no mundo exterior.

Ex: morte, diminuição patrimonial, etc.

- Resultado normativo (ou jurídico) onde da conduta resulta lesão ou perigo de lesão

ao bem jurídico tutelado.

Classificação do crime quanto ao resultado naturalístico:

- Crime material: o tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico, sendo este

último indispensável para a sua consumação. Ex.: homicídio – o evento morte é

indispensável; furto – a transferência do patrimônio;

- Crime formal (de consumação antecipada/de resultado cortado): o tipo penal

descreve a conduta e o resultado naturalístico, sendo que neste o resultado

naturalístico é dispensável, ou seja, é um mero exaurimento do crime. Ex.: calúnia,

difamação, injúria (ofensas à honra), extorsão – art. 158, Súmula 96, STJ;

- Crime de mera conduta: o tipo penal descreve uma mera conduta, sem resultado

naturalístico. É com a conduta descrita que ocorre a consumação. Ex.: omissão de

socorro (art. 135, CP); violação de domicílio (art. 150, CP).

C) NEXO DE CAUSALIDADE:

Este é o vínculo existente entre a conduta e o resultado. Segundo a Teoria da

Causalidade Simples (teoria da equivalência dos antecedentes causais ou conditio

sine qua non), prevista no Artigo 13, caput do CP, todo fato humano sem o qual o

resultado não teria ocorrido é causa.

Teoria da eliminação hipotética dos antecedentes causais: no campo mental o

aplicador deve proceder a eliminação da conduta do sujeito ativo para concluir pela

persistência ou desaparecimento do resultado. Persistindo o resultado, a conduta não

é causa; desaparecendo, é causa.

Para limitar esta situação, não basta a causalidade física, é preciso também analisar

a causalidade psíquica, ou seja, o agente deve agir ao menos com dolo ou culpa.

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Imputação do crime = causalidade física/objetiva (mera relação de causa/efeito)

+ causalidade psíquica (dolo/culpa).

D) TIPICIDADE:

1º Momento 2º Momento (Roxin)

Crime:

Fato típico: Conduta

Resultado

Nexo causal

Tipicidade penal =

tipicidade formal (mera operação de

ajuste fato/tipo penal)

Crime:

Fato típico: Conduta

Resultado

Nexo causal

Tipicidade penal =

tipicidade formal + tipicidade material

(relevante lesão ou perigo de lesão ao

bem jurídico tutelado).

Para Roxin o princípio da insignificância

exclui o próprio fato típico.

2) ILICITUDE (ANTINORMATIVIDADE):

Conceito: é a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico

como um todo, inexistindo qualquer norma determinando (estrito cumprimento do

dever legal), fomentando (exercício regular de um direito), ou permitindo a conduta

típica (legítima defesa e estado de necessidade). Trata-se de conduta típica não

justificada.

CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE:

a) Estado de necessidade;

b) Legítima defesa;

c) Estrito cumprimento de um dever legal;

d) Exercício regular de um direito.

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a) Estado de necessidade – arts. 23, I e 24, CP:

Conceito: considera-se em estado de necessidade quem pratica um fato típico,

sacrificando um bem jurídico, para salvar de perigo atual direito próprio ou de

terceiro, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

Obs1: Se há dois bens em perigo de lesão, o Estado permite (não determina, nem

incentiva) que seja sacrificado um deles, pois, diante do caso concreto, a tutela penal

não pode salvaguardar a ambos.

Obs2: O perigo não tem destinatário certo (ao contrário da legítima defesa, em que

há destinatário certo), podendo advir de conduta humana, comportamento de animal

ou fato da natureza (legítima defesa só pode advir de conduta humana).

Obs3: Se o perigo é imaginário, temos o estado de necessidade putativo (art. 20, §1º

- descriminante putativa) que não exclui a ilicitude, mas isenta de pena ou pune a

título culposo.

Obs4: Não pode alegar Estado de Necessidade aquele que DOLOSAMENTE causou

o perigo, mas o provocador CULPOSO pode (corrente que prevalece).

Obs5: Inevitabilidade do comportamento lesivo: é preciso que o único meio para

salvar o direito em perigo seja sacrificando o bem jurídico alheio (inevitável), e

inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado: analisa-se a proporcionalidade

entre bem protegido x bem sacrificado.

Obs6: Não pode alegar o Estado de Necessidade quem tem o dever legal de

enfrentar o perigo, enquanto o perigo puder ser enfrentado. (Art. 24, §1º, CP)

Obs7: Quando o bem jurídico protegido vale menos que o bem jurídico sacrificado,

não é Estado de Necessidade, mas pode gerar diminuição de pena (Art. 24, §2º, CP).

b) Legítima Defesa - art. 23, II e art. 25, CP:

Requisitos da legítima defesa:

1. Agressão injusta: Agressão caracterizada por uma conduta humana que ataca

ou coloca em perigo bem jurídico de alguém, podendo ser comissiva ou omissiva.

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Obs: a agressão injusta deve ser conhecida pelo agredido, não importando a

consciência do agressor, e pode se dar contra fato atípico, por exemplo, furto de uso.

2. Agressão atual (presente) ou iminente (prestes a ocorrer): A agressão passada

não autoriza legítima defesa, caracterizando mera vingança. Também a agressão

futura não autoriza legítima defesa, configurando mera suposição.

3. Uso moderado dos meios necessários: Por meio necessário entende-se o menos

lesivo dentre os meios capazes de repelir injusta agressão à disposição do agredido

no momento do ataque.

4. Proteção de direito próprio e de outrem: A legítima defesa no resguardo de um

bem jurídico pode ser própria ou de terceiros.

5. Conhecimento da situação de fato justificante: É necessário que o agente saiba

que está agindo diante de uma agressão injusta, atual ou iminente.

Obs: é possível legítima defesa sucessiva, que ocorre diante da repulsa contra o

excesso abusivo do agente (temos duas legítimas defesas, uma depois da outra).

c) Estrito Cumprimento do Dever Legal - art. 23, III, 1ª parte, CP:

Conceito: os agentes públicos, muitas vezes, no desempenho de suas atividades,

devem agir interferindo na esfera privada dos cidadãos, exatamente para assegurar o

cumprimento da lei (lei em sentido amplo), podendo redundar em agressão a bens

jurídicos. Dentro de limites aceitáveis, tal intervenção é justificada pelo estrito

cumprimento de um dever legal.

Obs: É necessário que o agente público tenha conhecimento de que está praticando o

fato em face de um dever imposto pela lei (em sentido amplo).

d) Exercício regular de direito - art. 23, III, 2ª parte, CP:

Conceito: o exercício regular de direito é destinado ao cidadão comum, sendo as

ações autorizadas pela existência de direito definido em lei e condicionada à

regularidade do exercício desse direito. Ex.: esportes violentos.

O Exercício Regular do Direito pressupõe:

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a) indispensabilidade, isto é, impossibilidade de recurso útil aos meios coercitivos

normais;

b) proporcionalidade;

c) conhecimento da situação de fato justificante;

e) Consentimento do ofendido:

O consentimento do ofendido pode servir como causa supralegal de exclusão da

ilicitude (sem previsão legal), desde que presentes os seguintes requisitos:

- O dissentimento da vítima não pode figurar como elementar do tipo, caso

contrário, seria uma exclusão da tipicidade e não a ilicitude (ex.: violação de

domicílio, estupro);

- Ofendido deve ser capaz, e o seu consentimento deve ser livre e consciente;

- Consentimento deve ser sobre bem jurídico próprio e disponível;

- Consentimento deve ser expresso, e deve se antes ou durante a execução (não pode

ser posterior);

Obs: se o consentimento ocorrer depois de consumada a lesão ao bem jurídico, não

exclui a ilicitude, mas pode extinguir a punibilidade pela renúncia ou perdão do

ofendido nos crimes de ação penal de iniciativa privada.

3) CULPABILIDADE:

Conceito: vai depender da teoria adotada. Pode ou não ser substrato do crime.

1ª corrente: TEORIA BIPARTITE: Para essa teoria a culpabilidade não integra o

crime, sendo o crime apenas o fato típico e ilícito. A culpabilidade, portanto, seria

mero pressuposto de aplicação da pena, juízo de reprovação.

2ª corrente: TEORIA TRIPARTITE: (PREVALECE) A culpabilidade é o terceiro

substrato do crime. Juízo de reprovação extraído da análise de como o sujeito ativo

se posicionou no episódio.

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Elementos da culpabilidade:

- Imputabilidade;

- Potencial consciência da ilicitude;

- Exigibilidade de conduta diversa.

a) Imputabilidade:

1. Conceito: É o conjunto de condições pessoais que conferem ao agente a

capacidade de discernimento e compreensão para entender seus atos ou determinar-

se conforme este entendimento.

- Sistemas de imputabilidade:

Sistema biológico: leva-se em consideração o desenvolvimento mental do autor do

crime. (Art. 27, CP)

Sistema psicológico: considera apenas se o autor tinha capacidade de entendimento e

autodeterminação ao tempo da conduta, independente de sua condição mental ou

idade. Não precisa ser louco para ser inimputável.

Sistema biopsicológico: considera inimputável aquele que, em razão de sua condição

mental, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de

determinar-se de acordo com este entendimento ao tempo da conduta. É inimputável

somente o louco que não sabe o que está fazendo. (Art. 26, CP)

Obs: O Código Penal adota como regra o sistema biopsicológico, porém, quanto aos

menores de 18 anos, adota-se o critério biológico.

Inimputabilidade em razão da embriaguez acidental e completa:

Previsão legal: art. 28, §1º, CP.

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos

análogos.

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§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de

caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente

incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse

entendimento.

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,

proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da

omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se

de acordo com esse entendimento.

Adota-se o sistema biopsicológico - embriaguez acidental + complet. (eliminando a

capacidade de entendimento ou de autodeterminação).

b) Potencial Consciência da Ilicitude:

A potencial consciência da ilicitude representa a consciência do agente de que atua

em contrariedade ao ordenamento jurídico.

Obs: não se exige que o sujeito compreenda o enquadramento jurídico da sua

conduta (conhecimento técnico-jurídico), mas que possa perceber que seu

comportamento não encontra respaldo no direito, sendo por ele reprovado.

O Erro de Proibição exclui a potencial consciência da ilicitude (art. 21, CP)

O erro de proibição pode ser:

Inevitável – isenta o agente de pena, porque não há consciência da ilicitude (nem

atual, nem potencial).

Evitável – reduz a pena. Apesar de não haver consciência atual da ilicitude,

permanece a consciência potencial da ilicitude e é o que basta para a culpabilidade.

c) Exigibilidade de Conduta Diversa:

Além dos dois primeiros elementos, exige-se que nas circunstâncias o autor tivesse

possibilidade de realizar outra conduta, de acordo com o ordenamento jurídico.

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a) Inexigibilidade de conduta diversa em razão de coação moral irresistível:

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação (MORAL) irresistível ou em estrita

obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível

o autor da coação ou da ordem. (Grifo nosso)

b) Inexigibilidade de conduta diversa em razão da obediência hierárquica:

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a

ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da

coação ou da ordem. (Grifo nosso)

Elementos (ou Pressupostos) da

Culpabilidade

Dirimentes/Causas de Exclusão

Imputabilidade Roltaxativo:

- Anomaliapsíquica;

- Menoridade;

- Embriaguezacidentalcompleta;

Potencial Consciência da Ilicitude Rol taxativo:

Erro de proibição inevitável;

Exigibilidade de Conduta Diversa Rol exemplificativo:

- Coação moral irresistível

- Obediência hierárquica

4) PUNIBILIDADE:

Conceito: é o direito que tem o Estado de aplicar a pena e de executá-la, contra

quem praticou a conduta descrita no tipo incriminador. É o direito penal subjetivo.

Obs: o direito de punir não é absoluto, ilimitado, incondicionado, eterno.

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Limites à punibilidade:

a) quanto ao tempo – prescrição do direito de punir;

b) quanto ao modo – princípio da dignidade da pessoa humana (proíbem-se penas

cruéis, degradantes, indignas, etc.);

c) quanto ao espaço – princípio da territorialidade (Art. 5º à 7º do CP);

Art. 107, CP – rol exemplificativo de causas extintivas da punibilidade. Este rol é

exemplificativo, já que temos outras possibilidades:

- O art. 312, §3º, CP, - no peculato culposo, se o agente repara o dano antes da

sentença irrecorrível extingue a punibilidade.

- Lei 9.099-95 – cumprimento da transação penal;

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES:

a) Crime consumado:

Previsão legal -art. 14, I, CP:

Conceito: considera-se crime consumado quando há realização do tipo penal por

inteiro (“reúne todos os elementos de sua definição legal”). Faltando um elemento,

não se considera consumado.

Obs: A consumação é ato que encerra o iter criminis. O exaurimento retrata os

acontecimentos posteriores ao término do iter criminis.

Obs: Crime permanente: sua consumação se protrai no tempo, perdurando até que

cesse o comportamento do agente. Ex.: extorsão mediante sequestro, tráfico de

drogas.

Momento consumativo do crime:

Crime Material: o tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico (que, para a

consumação, é indispensável). Ex.: art. 121, art. 155, CP.

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Crime Formal (ou de consumação antecipada ou de resultado cortado): o tipo penal

descreve conduta + resultado naturalístico (é dispensável).

Crime de mera conduta: o tipo penal descreve conduta sem resultado naturalístico.

Com a conduta se dá a consumação.

b) Crime tentado:

Previsão legal: art. 14, II, CP

Elementos do crime tentado:

- Início da execução;

- Não consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente;

- Dolo de consumação (direto ou eventual, de acordo com a maioria da doutrina). O

dolo de consumação é extraído do trecho “alheias à vontade”.

- Resultado possível (distingue do crime impossível);

Formas de tentativa:

a) Quanto ao iter criminis percorrido:

Tentativa imperfeita (ou inacabada) – o agente é impedido de prosseguir no seu

intento, deixando de praticar todos os atos executórios à sua disposição. Não

consegue executar todos os atos que pretendia. Ex.: autor efetua um disparo de arma

de fogo, e quando ainda restavam 5 munições, é surpreendido pela polícia.

Tentativa perfeita (ou acabada ou crime falho) – o agente, apesar de esgotar

todos os atos executórios à sua disposição, não consegue consumar o crime por

circunstâncias alheias à sua vontade (tudo o que o agente pretendia fazer, foi feito).

Ex.: efetuou todos os tiros do revólver, sem acertar nenhum.

b) Quanto ao resultado produzido na vítima:

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Tentativa não cruenta (ou tentativa branca) – o golpe desferido não atinge o

corpo da vítima (não há lesão efetiva).

Tentativa cruenta (ou tentativa vermelha) – o golpe atinge o corpo da vítima (há

efetiva lesão).

c) Quanto à possibilidade de alcançar o resultado

Idônea – o resultado era possível de ser alcançado.

Inidônea (ou crime oco ou quase-crime ou crime impossível) – o resultado era

absolutamente impossível de ser alcançado. É sinônimo de crime impossível. (Art.

17 do CP).

Crimes que não admitem tentativa:

- Culposo

- Contravenção Penal – Art. 4, DL 3.688/41.

- Habituais – Conduta isolada é fato atípico.

- Omissivos Próprios – A própria lei descreve a omissão.

-Unissubsistentes – Crimes de apenas um ato (de mera conduta)

- Preterdolosos – Dolo na conduta e culpa no resultado.

C C H O U P

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ:

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução

(desistência voluntária) ou impede que o resultado se produza (arrependimento

eficaz), só responde pelos atos já praticados.

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Desistência Voluntária:

Conceito: o sujeito ativo abandona a execução do crime quando ainda lhe sobra, do

ponto de vista objetivo, uma margem de ação.

Obs: Se a causa que determina a desistência é circunstância exterior, uma influência

objetiva externa (toque de alarme, sirene de polícia, etc.) que compele o agente a

renunciar, haverá tentativa.

Arrependimento Eficaz:

Conceito: ocorre quando o agente, desejando retroceder na atividade delituosa,

desenvolve nova conduta, após terminada a execução criminosa (é o que diferencia

da desistência voluntária), evitando a consumação.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ

Início da execução. Início da execução.

Não consumação por circunstâncias

inerentes à vontade do agente.

Não consumação por circunstâncias

inerentes à vontade do agente.

Abandono do dolo de consumação. Abandono do dolo de consumação.

O agente responde pelos atos até

então praticados.

O agente responde pelos atos até

então praticados.

Há desistência quando ainda tinha

atos executórios a serem praticados.

O AGENTE NÃO TERMINA OS

ATOS EXECUTÓRIOS.

Abandona depois de esgotados os

atos executórios e passa a agir de

forma inversa. Esgotou os atos

executórios, mas consegue evitar a

consumação.

O AGENTE TERMINA OS ATOS

EXECUTÓRIOS.

Arrependimento posterior

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o

dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato

voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

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Requisitos do arrependimento posterior:

1 - Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa.

2 - Reparação do dano ou restituição da coisa. (reparação integral)

3 - Até o recebimento da denúncia – termo final do arrependimento.

4 - Por ato voluntário do agente - dispensa espontaneidade. Voluntário: Praticado

com vontade / Espontâneo: Praticado de bom grado.

Crime Impossível (tentativa inidônea):

Art. 17 do CP – Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou

por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

No Crime Impossível o resultado é absolutamente impossível de ser alcançado, e

ocorre por:

Inidoneidade absoluta do meio – falta potencialidade causal, pois os instrumentos

postos a serviço da conduta são absolutamente ineficazes.

Ex.: querer praticar aborto com reza.

Inidoneidade absoluta do objeto material – a pessoa ou coisa que representa o ponto

de incidência da conduta não serve à consumação.

Ex.: praticar manobras abortivas em mulher que apresenta gravidez psicológica.

CONCURSO DE PESSOAS:

Conceito: número plural de pessoas concorrendo para o mesmo evento.

Classificação do delito quanto ao concurso de pessoas:

I) concurso eventual (monossubjetivo) – pode ser cometido por uma ou várias

pessoas. É a regra no CP. Ex.: homicídio, furto, roubo, estupro, etc.

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II) concurso necessário (plurissubjetivo) – só pode ser praticado por número plural

de agentes. O concurso passa a ser elementar do tipo. Subdivide-se em:

- De condutas paralelas – as várias condutas auxiliam-se mutualmente – ex:

quadrilha ou bando – art. 288, CP

- De condutas contrapostas – as condutas são praticadas umas contra as outras. Ex:

crime de rixa (art. 137, CP).

- De condutas convergentes – as condutas se encontram e desse modo nasce o crime.

Ex: bigamia (art. 235).

Requisitos para o Concurso de Agentes:

1) Liame subjetivo (pessoas unidas para o mesmo fim): Os agentes, para caracterizar

o liame subjetivo, devem atuar com vontade homogênea, convergindo para o mesmo

resultado.

2) Relevância Causal: Não basta querer participar, é fundamental que seja

demonstrada a relevância causal da participação do agente para com a pratica

delituosa.

3) Unidade Infracional: Os coautores respondem pelo mesmo crime.

4) Pluralidade de Agentes: Dois ou mais agentes.

AUTORIA:

Autor é quem (1) realiza o verbo núcleo do tipo (Código Penal) ou aquele que,

embora não realize o verbo, (2) tem o domínio final do fato (STF e DOUTRINA).

COAUTORIA:

A coautoria é marcada pela divisão de tarefas e presença de liame subjetivo.

Existe coautoria quando dois ou mais agentes, em conjunto, praticam um mesmo

crime. Todos aqueles que, ajudando-se uns aos outros para atingir o mesmo fim,

praticam ou não a conduta principal são co-autores.

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PARTÍCIPE:

Entende-se por partícipe o coadjuvante do crime.

Espécies de partícipe:

- Partícipe moral - induzir (fazer nascer a ideia) ou instigar (reforçar a ideia já

existente);

- Partícipe material - auxiliar, dar assistência.

Obs: De acordo com a Teoria da acessoriedade limitada, para se punir o partícipe,

a conduta principal deve ser típica + ilícita.

AUTORIA MEDIATA:

Considera-se autor mediato aquele que, sem realizar diretamente a conduta prevista

no tipo, comete o fato punível por meio de outra pessoa, usada como seu

instrumento.

Principais hipóteses de autoria mediata no CP:

1ª) Erro determinado por terceiro (art. 20, §2º, CP) – quem determina o erro é autor

mediato. Quem errou é seu instrumento. Neste caso, seria autoria mediata valendo-

se de agente culpável.

2ª) Coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte, CP) – o coator é autor mediato. O

coato (ou coagido) é seu instrumento.

3ª) Obediência hierárquica (art. 22, 2º parte, CP) – o superior é o autor mediato. O

subordinado é seu instrumento.

4ª) Instrumento impunível (art. 62, III, CP) – ex: agente que se vale de um incapaz

para praticar um delito.

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AUTORIA COLATERAL (SEM LIAME SUBJETIVO):

Fala-se em autoria colateral quando dois agentes, embora convergindo suas condutas

para a prática de determinado fato criminoso, não atuam unidos pelo liame

subjetivo.

Atenção: o agente responsável pelo resultado responde por crime consumado. O

outro, pela tentativa.

AUTORIA INCERTA (SEM LIAME SUBJETIVO):

Nada mais é do que espécie de autoria colateral (sem liame subjetivo), porém, não se

consegue determinar qual dos comportamentos causou o resultado. Ex.: os dois

atiram, um deles mata e o outro erra o tiro, mas não se sabe afirmar quem matou.

Atenção: na dúvida, os dois concorrentes respondem por tentativa – aplicação do in

dubio pro reo.

Participação de menor importância - art. 29, §1º

É causa geral de diminuição de pena.

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um

sexto a um terço.

“Menor importância” – participação de pequena eficiência para a execução do

crime.

Atenção: não se aplica para o caso de coautoria, mas só participação.

Cooperação dolosamente distinta - art. 29, §2º

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á

aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido

previsível o resultado mais grave.

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TEORIA DA PENA: CONCEITO:

A pena é uma consequência da prática de uma infração penal, sendo ela uma espécie

de sanção penal, que tem como característica a privação de determinados direitos e

bens jurídicos. A sua imposição depende de um devido processo legal, onde se apura

a autoria e materialidade de um delito praticado.

São espécies de SANÇÃO PENAL a PENA, aplicadas aos imputáveis, e as

MEDIDAS DE SEGURANÇA, que são aplicadas aos inimputáveis ou aos semi-

imputáveis. Nesta última temos uma sentença absolutória imprópria.

A PENA possui como pressuposto a CULPABILIDADE do agente, enquanto as

MEDIDAS DE SEGURANÇA possuem como pressuposto a PERICULOSIDADE

deste.

FINALIDADES DA PENA:

A doutrina traz algumas finalidade para a pena, entre elas:

a) RETRIBUTIVA: Para esta, a pena seria uma forma de retribuição pela prática de

um delito. Portanto, não há fim socialmente útil para a pena, funcionando apenas

como um castigo para o criminoso.

b) PREVENTIVA: Para esta, a finalidade da pena é a de prevenção do delito. Ela se

divide em prevenção geral e especial.

b.1) Prevenção geral: Esta visa intimidar a sociedade antes da prática do crime,

sendo que, ao ver a possibilidade de aplicação da pena, o agente não cometeria o

crime. Essa prevenção geral é observada no momento da criação do tipo penal.

b.2) Prevenção especial: Esta tem a finalidade de buscar a ressocialização e a

reeducação do autor do crime.

CLASSIFICAÇÃO DAS PENAS:

O artigo 5º, XLVI da Constituição Federal traz que a lei regulará a individualização

da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

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a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

O artigo 32 do Código Penal por sua vez traz que:

As penas são:

I - privativas de liberdade;

II - restritivas de direitos;

III - de multa.

Ainda, a Lei de Contravenções Penais (DL nº 3688/41) elenca a possibilidade de

aplicação das penas de prisão simples e multa.

E por fim, o artigo 5º, XLVII da Constituição Federal diz que não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE:

O Código Penal prevê, como penas privativas de liberdade, a RECLUSÃO e a

DETENÇÃO.

Art. 33, CP - A pena de RECLUSÃO deve ser cumprida em regime fechado, semi-

aberto ou aberto. A de DETENÇÃO, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo

necessidade de transferência a regime fechado.

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Os regimes de cumprimento de pena previstos no art. 33, § 1º do Código Penal são:

a) regime fechado: a execução da pena se dará em estabelecimento de segurança

máxima ou média;

b) regime semi-aberto: a execução da pena se dará em colônia agrícola, industrial ou

estabelecimento similar;

c) regime aberto: a execução da pena se dará em casa de albergado ou

estabelecimento adequado.

O art. 33, §2º do Código Penal diz que as penas privativas de liberdade deverão ser

executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, e elenca que a

fixação do regime inicial de cumprimento de pena se dará da seguinte forma:

a) pena superior a 8 (oito) anos: o condenado deverá começar a cumpri-la em regime

fechado;

b) pena superior a 4 (quatro) anos e que não exceda a 8 (oito): o condenado, se não

for reincidente, poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;

c) pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos: o condenado, se não for reincidente,

poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.

Obs: Diante do artigo 33, § 3º do Código Penal, a determinação do regime inicial de

cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59

deste Código.

REGIME FECHADO:

Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame

criminológico de classificação para individualização da execução.

§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante

o repouso noturno.

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§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das

aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a

execução da pena.

§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras

públicas.

REGIME SEMI-ABERTO:

Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie

o cumprimento da pena em regime semi-aberto.

§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em

colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar.

§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos

profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou superior.

REGIME ABERTO:

Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do

condenado.

§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar,

frequentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido

durante o período noturno e nos dias de folga.

§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como

crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo, não pagar a multa

cumulativamente aplicada.

REGIME ESPECIAL DAS MULHERES:

Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os

deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber, o

disposto neste Capítulo.

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DETRAÇÃO:

Esta é o abatimento da pena privativa de liberdade, do tempo cumprido de prisão

provisória no Brasil ou em outro país, e do tempo de internação em hospital de

custódia e tratamento psiquiátrico.

Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o

tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro (art. 8, CP), o de prisão

administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no

artigo anterior.

APLICAÇÃO DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE:

O Código Penal previu que o juiz deverá aplicar as penas adotando o CRITÉRIO

TRIFÁSICO previsto no artigo 68, do Código Penal.

Assim, serão três fases a serem observadas na aplicação da pena, quais sejam:

- 1ª fase: fixação da pena base, observando-se o artigo 59 do Código Penal:

- 2ª fase: aplicação das circunstâncias agravantes e atenuantes (Arts. 61 e 65 do

Código Penal):

- 3ª fase: aplicação das causas de aumento e diminuição de pena:

Obs: O rol das agravantes é um rol taxativo e o rol das atenuantes é um rol

exemplificativo. 10 2

REINCIDÊNCIA:

Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de

transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado

por crime anterior.

Art. 64 - Para efeito de reincidência:

I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção

da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco)

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anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se

não ocorrer revogação;

II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.

Obs: A medida de segurança não gera reincidência, pois não é pena.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO:

Essas são penas alternativas, estabelecidas pelo legislador visando à

descarcerização do apenado, estando previstas no artigo 43 do CP:

Art. 43. As penas restritivas de direitos são:

I – prestação pecuniária;

II – perda de bens e valores;

III – (VETADO) IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;

V – interdição temporária de direitos;

VI – limitação de fim de semana.

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de

liberdade, quando:

– aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for

cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena

aplicada, se o crime for culposo;

II – o réu não for reincidente em crime doloso;

III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do

condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa

substituição seja suficiente.

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PENA DE MULTA:

Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia

fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no

máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.

§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um

trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a

5 (cinco) vezes esse salário.

§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de

correção monetária.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA

Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos,

poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:

I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente,

bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício;

III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código.

§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício.

§ 2 o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá

ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta

anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.

LIVRAMENTO CONDICIONAL

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena

privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:

I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime

doloso e tiver bons antecedentes;

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II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;

III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom

desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria

subsistência mediante trabalho honesto;

IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela

infração;

V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime

hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e

terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.

Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou

grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à

constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a

delinqüir