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Prof. Francisco Menezes www.aprovaconcursos.com.br Página 1 de 75 Prof. Francisco Menezes Noções de Direito Penal p/ PF: Agente de Polícia Federal Aulas 01 a 24 Noções de Direito Penal - PF: Agente de Polícia Federal - 2014 Professor: Francisco Menezes Aulas 01 a 24

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Aulas 01 a 24

Noções de Direito Penal - PF: Agente de Polícia Federal - 2014

Professor: Francisco Menezes

Aulas 01 a 24

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Aulas 01 a 24

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

AULA 01

1. Princípio da legalidade:

Código penal: Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem

prévia cominação legal.

Constituição Federal:Art. 5º XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem

pena sem prévia cominação legal

A legalidade é um princípio constitucional explícito (art. 5º, XXXIX, CF) ratificado no

Código Penal (art. 1º, CP). Em um Estado democrático de direito exigi-se a subordinação

de todos perante a lei e a faceta penal deste princípio assegura uma série de garantias a

todos os cidadãos perante o poder de punir do Estado.

Existem várias garantias ou corolários (ou subprincípios) que advêm do Princípio da

Legalidade:

Princípio da anterioridade (lex praevia): a lei penal incriminadora deve ser

anterior ao fato que se quer punir. É aplicado para todas as normas de direito material

penal. Só considera uma atitude como criminosa se for praticada durante a vigência da lei

que a incrimina. Assim, tanto a lei quanto a pena devem existir antes do fato. Exemplo:

uma alteração do código penal que aumentasse a pena de crimes como peculato (artigo

312 do Código penal) ou corrupção passiva (artigo 317 do mesmo código) não será

aplicável aos condenados na ação penal 470 do Supremo Tribunal Federal (o popular

processo do “mensalão”).

Princípio da reserva legal (lex scripta): somente a lei em sentido estrito pode

veicular crimes ou penas. A lei é a única fonte formal da norma incriminadora, mais

especificamente, a lei ordinária é o veículo próprio para a tipificação de condutas e

sanções penais.

Esta garantia proíbe a incriminação pelos costumes, pois, insiste-se, somente a lei

ordinária pode prever crimes ou penas. A separação entre moral e direito é um dos

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corolários da legalidade: uma atitude moralmente duvidosa só será objeto do direito punir

do Estado quando a lei assim o disser.

Veda-se, ainda a proibição da analogia em desfavor do réu. É a chamada analogia

in malam partem. A analogia é método de integração da norma jurídica que consiste no

preenchimento de uma lacuna legislativa, com a utilização de regra que serve para

situação semelhante.

Ex.: se o indivíduo utiliza arma de brinquedo durante a prática do crime de roubo,

não se aplica a causa de aumento de pena do art. 157, §2º, I, CP, pois esta majorante se

refere ao uso de arma e aplicá-la para o uso de brinquedos ou simulacros é uma clara

analogia em desfavor do réu.

Roubo

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça

ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à

impossibilidade de resistência:

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma. (...)

A Súmula 174 do Superior Tribunal de Justiça foi cancelada para se preservar este

princípio, pois o verbete previa justamente o contrário.

É preciso salientar que a analogia em favor do réu é possível, tendo em vista que

o princípio da legalidade visa agregar garantias ao indivíduo e, portanto, não pode acabar

prejudicando-o.

OBSERVAÇÂO: Não confunda analogia com interpretação analógica. A

analogia (método de integração) pressupõe ausência de lei, já a interpretação analógica

ocorre quando a própria lei traz uma fórmula casuística seguida de uma forma genérica

permitindo a ampliação interpretativa de suas hipóteses de aplicação. A interpretação

analógica é perfeitamente aceita, pois autorizada pela própria lei.

Exemplo: art. 121, §2º, I, CP: “ou por outro motivo torpe”.

Homicídio simples

Art. 121. Matar alguem:

Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe.(...)

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Princípio da taxatividade (lex certa): exige clareza na definição do tipo penal, que não

pode ser vago ou extremamente abrangente. O tipo penal deve definir de forma

pormenorizada a conduta delituosa. Os tipos penais vagos, abertos, violam o princípio da

legalidade. Assim, a lei não pode tipificar condutas como: “realizar atos que ofendem a

ordem nacional” ou ainda, “condutas que atentem contra o direito do consumidor”. É

necessário descrever de forma clara e precisa a ação ou omissão que se quer criminalizar.

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AULA 2

Lei penal no tempo.

Conceito: trata-se do estudo acerca da sucessão de leis penais no tempo e seus efeitos

nos crimes praticados.

Anterioridade da norma incriminadora: O art. 1º do Código Penal (já estudado na

primeira aula) traz o princípio da legalidade, que por sua vez exige a anterioridade da

norma incriminadora. Esta regra é aplicável a qualquer norma de direito material penal que

é desfavorável ao acusado.

Código penal:

Anterioridade da Lei

Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia

cominação legal.

Constituição Federal:Art. 5º XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem

pena sem prévia cominação legal

Retroatividade da lei benéfica: a lei penal que traz benefícios ao acusado retroage para

reger condutas anteriores à sua vigência. É um princípio que mitiga a exigência da

anterioridade da lei penal. Assim, nova lei que diminui a pena de um delito, ou deixe de

considerar um fato como criminoso, retroage para reger todos os atos anteriores.

Constituição Federal

Art. 5º XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Código Penal

Lei penal no tempo

Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,

cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se

aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em

julgado.

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Conclusão: A lei penal maléfica (lex gravior) é estática, só é aplicada aos crimes

praticados durante sua vigência e só enquanto ela estiver em vigor. Já a lei benéfica (lex

mitior) possui dois atributos que a lex gravior não possui:

Retroatividade: pois ela retroage para reger os atos anteriores a sua vigência.

Ultratividade: a lex mitior ultra-agirá para reger os atos praticados durante sua vigência,

sempre que for sucedida por uma lex gravior.

Observação: Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal:

Súm. 711, STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime

permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da

permanência.

A melhor interpretação para a súmula é a de que se aplica a última lei que entra em

vigor durante a permanência ou continuidade do crime, ainda que mais grave, ou seja: se

durante a permanência ou continuidade do crime houver a sucessão de leis, aplica-se a

última.

Crime permanente: é aquele cuja consumação se prolonga no tempo e o agente

controla a permanência.

Exemplos:

Extorsão mediante sequestro (art. 159, CP), pois enquanto a vítima está sequestrada, o

crime está se consumando

Extorsão mediante sequestro

Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem,

qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:

Pena - reclusão, de oito a quinze anos.

Crime de posse ilegal de arma (Art. 12, Lei 10.826/03).

Posse irregular de arma de fogo de uso permitido

Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição,

de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior

de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde

que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:

Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

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Crime de tráfico de drogas (art. 33, Lei 11.343/06).

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,

expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,

prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que

gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a

1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

Atenção: crime permanente é o contrário de crime instantâneo, que é aquele que se

consuma em um momento específico, portanto não possui consumação que se prolonga

no tempo. Existem crimes instantâneos que são de efeitos permanentes. São aqueles

cujos efeitos não são reversíveis pela vontade do agente. (exemplo: homicídio). A Súmula

711 não se aplica aos crimes instantâneos, ainda que com efeitos permanentes.

Crime continuado: é uma regra de aplicação de pena (art. 71, CP) na qual várias

infrações são consideradas como um só crime. Essa ficção jurídica só tem efeitos na

aplicação da pena. De acordo com a Súmula 711, caso ocorra uma sucessão de leis

penais curante uma continuidade delitiva, quando o juiz considerar todas as infrações

como continuação da primeira, aplicará a pena de acordo com a última lei.

Crime continuado

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois

ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de

execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como

continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a

mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.

Lei temporária e excepcional – art. 3º do código penal.

Lei excepcional ou temporária

Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração

ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado

durante sua vigência.

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Lei penal temporária é aquela que possui data determinada de vigência, ou seja,

possui um período específico na qual ela faz parte do ordenamento. Exemplo: Lei que

prevê crimes para o período da Copa do Mundo no Brasil.

Lei penal excepcional (temporária em sentido amplo): é aquela que possui vigência

condicionada a uma situação de anormalidade. Exemplo: estado de sítio, estado de

defesa, guerra externa.

Ambas possuem ultratividade maléfica, ou seja, aplicam-se aos fatos praticados

durante a sua vigência, mesmo depois que deixam o ordenamento.

Tempo e Lugar do crime: O Código Penal adotou a teoria da atividade para

determinar o momento do crime, que será o da ação ou omissão, independentemente do

momento do resultado.

Exemplo: em 02/10/10, Tício, de 17 anos, comete homicídio, com pena de 6 a 20

anos. No dia 03/11/10 altera-se a lei aumentando a pena para 12 a 30 anos e no dia

04/12/10 a vítima morre e Tício completa 18 anos. Considera-se que o crime foi praticado

no dia 02/10/10, de forma que Tício só poderá receber medidas sócio-educativas, por ser

inimputável no momento da atividade.

No que tange ao lugar do crime, o código adotou a teoria da ubiquidade, de forma

que o delito ocorre tanto no local onde se dá a conduta quanto naquele em que ocorreu ou

ocorreria o resultado.

Exemplo: Tício recebe um tiro na Argentina, mas morre no Brasil. O crime ocorreu

tanto lá quanto aqui, sendo aplicáveis ambos os ordenamentos jurídicos.

Tempo do crime

Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que

outro seja o momento do resultado.

Lugar do crime

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,

no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

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Questão de prova

Prova: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia Federal

Julgue os itens a seguir com base no direito penal.

O fato de determinada conduta ser considerada crime somente se estiver como tal

expressamente prevista em lei não impede, em decorrência do princípio da anterioridade,

que sejam sancionadas condutas praticadas antes da vigência de norma excepcional ou

temporária que as caracterize como crime.

( ) Certo ( ) Errado

Gabarito: errado

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AULA 3

Combinação de leis penais

Conceito: trata-se da utilização simultânea de dois institutos pertencentes a leis

penais distintas, que se sucedem no tempo, em benefício do réu (exemplo: causa de

aumento de uma lei em escala penal de outra).

A lei antiga de Drogas (Lei 6.368/76) previa, no art. 12, a pena de 3 a 15 anos para

Tráfico de ilícito de entorpecentes. Já a Lei 11.343/06 entrou em vigor prevendo, no seu

art. 33, a pena de 5 a 15 anos para este mesmo delito. Caso o crime fosse praticado na

vigência da lei antiga, em tese, aplicar-se-ia a esta, por ser mais benéfica. No entanto, a

Lei 11.343/06 traz, no §4º do mesmo artigo, uma hipótese de redução que pode chegar a

2/3 da pena, podendo vir a ser mais benéfica no caso concreto.

A combinação de leis penais consistiria na aplicação da escala penal da lei antiga

(3 a 15 anos) com a causa de diminuição de pena da lei nova (1/6 a 2/3) para os crimes

que são praticados ainda na vigência da lei antiga.

Lei 11343/06

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,

expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,

prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que

gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a

1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

Lei 6368/76

Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,

expor à venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito,

transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer

forma, a consumo substância entorpecente ou que determine dependência física ou

psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar;

Pena - Reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360

(trezentos e sessenta) dias-multa.

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Quanto à possibilidade de combinação, existem 2 correntes de pensamento:

1ª corrente: diz que não é possível a combinação de leis, pois criar-se-ia uma terceira lei

através de decisão judicial, violando a separação dos poderes.

2ª corrente: é possível, pois estaria promovendo a integração do ordenamento jurídico.

De acordo com essa corrente, em respeito aos princípios da legalidade e retroatividade da

lei penal benéfica, a combinação promove a integração do ordenamento penal jurídico.

Para eles não está criando uma lei nova, está integrando a leis que foram criadas

legitimamente pelo Poder Legislativo.

Ótica jurisprudencial: o STJ, na Súmula 501, se posicionou de acordo com a 1ª corrente.

Recentemente, o STF também se posicionou assim, defendendo que não é possível a

combinação de leis. Esta será a resposta em provas de concurso.

Súm. 501, STJ - É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o

resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu

do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de

leis.

OBSERVAÇÃO: a abolitio criminis (lei que deixa de considerar fato como crime) não

apaga os efeitos extrapenais do crime ou da sentença. Então, uma sentença penal

transitada em julgado de crime que não existe mais ainda pode ser utilizada como título

executivo na esfera civil.

A Súmula 611 STF diz ainda que o juiz da execução é competente para aplicar a lei penal

benéfica, se já houver trânsito em julgado.

Súm. 611, STF - Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo

das execuções a aplicação de lei mais benigna.

LEI PENAL NO ESPAÇO

Conceito: trata-se do estudo acerca da aplicabilidade da lei brasileira aos crimes

cometidos dentro e fora do país. No que tange a essa aplicabilidade, é importante citar o

art. 6º que a teoria da ubiquidade. O lugar do crime é tanto o local da ação quanto o local

onde ocorreu ou deveria ter ocorrido o resultado.

Princípio da territorialidade: O art. 5º trata da territorialidade da lei brasileira,

adotando o princípio da territorialidade mitigada (ou temperada). A lei brasileira é aplicada

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nos crimes cometidos no território brasileiro, permitindo-se exceções de direito

internacional.

A estas exceções dá-se o nome de intraterritorialidade e um bom exemplo seria as

imunidades diplomáticas..

Pela regra geral firmada no citado artigo 5º (se o crime ocorre no território brasileiro,

via de regra, aplica-se a lei brasileira) é importante saber o que é o território nacional.

Território em sentido estrito: engloba todo o espaço no interior das fronteiras,

incluindo solo, subsolo e as águas interiores, o mar territorial (12 milhas náuticas a partir da

costa) e todo o espaço aéreo correspondente.

Se um crime é praticado desse território, aplica-se a lei brasileira, a não ser que existam

tratados internacionais que afirmem o contrário.

Território nacional por extensão: art. 5º, §§ 1º e 2º.

Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de

direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei

nº 7.209, de 1984)

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as

embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo

brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações

brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no

espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.

§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves

ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso

no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto

ou mar territorial do Brasil.

Considera-se território nacional por extensão:

Embarcações (em sentido amplo) ou aeronaves brasileiras públicas ou a serviço do

governo, em qualquer lugar.

Ex.: Se o crime é praticado em um navio de guerra do Brasil, aplica-se a lei brasileira ainda

que a embarcação esteja no mar territorial da França.

Embarcações ou aeronaves privadas ou mercantes, brasileiras, quando estão em

alto mar ou no espaço aéreo corresponde ao alto mar.

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Ex.: Em um crime praticado em iate brasileiro privado navegando em alto mar, aplica-se a

lei brasileira, não importa a nacionalidade de seus passageiros. Se esse mesmo iate

privado entra no território francês, não há mais aplicação da lei brasileira.

Embarcações ou aeronaves estrangeiras privadas, em território brasileiro.

Observação 1: embarcações e aeronaves estrangeiras públicas não são consideradas

com extensões territoriais do Brasil, mesmo quando estão em território nacional no sentido

estrito.

Observação 2: embaixadas não são extensão territorial. Havia um tratado internacional

que dizia que seriam, mas atualmente não mais.

Observação 3: destroços ou fragmentos de embarcação mantêm a sua bandeira para a

aplicação do princípio da territorialidade, então a lei brasileira será aplicável se nos

destroços acontecer um crime.

Exemplo: um iate brasileiro privado bate em um iceberg e um argentino e um espanhol

constroem uma jangada com os destroços do navio. O argentino mata o espanhol. Aplica-

se a lei brasileira ao crime.

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AULA 4

Extraterritorialidade

A extraterritorialidade da lei brasileira é excepcional e só ocorre nos casos

expressos em lei. O código penal possui, em seu artigo 7º, diversas hipóteses de

extraterritorialidade em seu artigo 7º. Podemos dividi-las em condicionadas e

incondicionadas.

Extraterritorialidade incondicionada: Nas seguintes hipóteses, previstas no artigo

7º I do código penal, a lei brasileira é aplicável independentemente de qualquer condição,

mesmo que o réu seja condenado ou absolvido no estrangeiro.

Extraterritorialidade

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

I - os crimes:

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado,

de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,

autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira,

ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.

A alínea “a” refere-se aos crimes contra a vida e a liberdade do presidente da

república. Assim, se a presidente do Brasil sofrer um atentado contra a sua vida em

território venezuelano, a lei brasileira poderá ser aplicada independentemente de qualquer

condição, mesmo que o autor seja efetivamente absolvido pelo poder judiciário da

Venezuela, por se tratar de extraterritorialidade incondicionada.

A alínea “b” refere-se aos crimes contra o patrimônio (artigos 155 a 183 do código

penal) ou fé pública (artigo 289 a 311 do código penal) de ente da administração pública

brasileira direta ou indireta. Assim, caso o agente pratique um crime de estelionato (artigo

171 do CP) em desfavor da Petrobrás (sociedade de economia mista brasileira) em solo

americano, a lei brasileira será aplicável ao delito, independentemente de qualquer

condição.

A alínea “c” refere-se aos crimes contra a administração pública por quem está a

seu serviço. São os crimes do artigo 312 a 326 do código penal. Exemplo: se funcionário

público brasileiro recebe vantagem indevida em razão de seu cargo (crime de corrupção

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passiva do artigo 317 do código penal) em território francês, a lei brasileira é aplicável

independentemente de qualquer condição.

Cada uma das hipóteses supracitadas se fundamenta no princípio da defesa real ou

da proteção, que afirma: aplica-se a lei do país a que pertencer o bem jurídico violado.

A alínea “d” refere-se ao delito de genocídio, previsto na lei 2889/56, em seus

artigos 1º, 2º e 3º. O princípio que fundamenta esta hipótese é chamado de princípio da

universalidade, justiça universal ou ainda cosmopolita. Tal postulado prega um dever

universal de solidariedade na persecução de crimes gravosos.

O inciso II do artigo 7º dispõe acerca das hipóteses de extraterritorialidade

condicionada. Nestas, a lei brasileira só é aplicável quando todas as condições descritas

no § 2º deste artigo estiverem presentes.

Extraterritorialidade

Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

II - os crimes:

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

b) praticados por brasileiro;

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de

propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.

§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda

que absolvido ou condenado no estrangeiro.

§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso

das seguintes condições:

a) entrar o agente no território nacional;

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a

extradição;

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;

no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei

mais favorável.

Na alínea “a” a aplicação da lei brasileira pode ocorrer nos crimes que, por tratado o

Brasil o se obrigou a reprimir. A hipótese também se fundamenta no princípio da

universalidade ou justiça universal. Na alínea “b”, temos os crimes praticados por

brasileiro, hipótese bem cobrada em prova. O princípio fundamentador é o da

nacionalidade ativa: aplica-se a lei do Estado aos seus nacionais.

Por fim, a lei traz os crimes praticados em embarcações ou aeronaves brasileiras

privadas ou mercantes no estrangeiro, quando lá não são julgadas. Percebe-se aqui uma

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integração do ordenamento jurídico penal, pois não temos mais a extensão do território

nacional nas hipóteses descritas nesta alínea “c”, havendo extraterritorialidade

condicionada para se evitar a impunidade. O princípio é o da bandeira ou da representação

que dispõe: é aplicável a lei do país a que pertencer o meio de transporte privado.

É preciso notar que as condições descritas no § 2º são cumulativas, portanto, todas

devem estar presentes para que a lei brasileira seja aplicada nas hipóteses do inciso II.

Entretanto, nas hipóteses do inciso I nenhuma condição é necessária.

O § 3º do artigo 7º traz mais uma hipótese extraterritorialidade condicionada

fundamentada pelo princípio da nacionalidade passiva.

Art. 7º § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro

contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo

anterior:

a) não foi pedida ou foi negada a extradição;

b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Por derradeiro, é preciso lembrar a hipótese de extraterritorialidade incondicionada

trazida no artigo 2º da de lei de tortura (lei 9455/97), muito cobrada em concursos policiais.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido

em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local

sob jurisdição brasileira.

Questão de prova resolvida em aula:

Prova: CESPE - 2012 - Polícia Federal

Julgue os itens a seguir com base no direito penal.

Será submetido ao Código Penal brasileiro o agente, brasileiro ou não, que cometer, ainda

que no estrangeiro, crime contra administração pública, estando a seu serviço, ou cometer

crime contra o patrimônio ou a fé pública da União, de empresa pública ou de sociedade

de economia mista. A circunstância de a conduta ser lícita no país onde foi praticada ou de

se encontrar extinta a punibilidade será irrelevante para a responsabilização penal do

agente no Brasil.

( ) Certo ( ) Errado

Gabarito: Certo

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AULA 05

Conflito aparente de normas

Conceito: ocorre quando duas normas incriminadoras são aparentemente

aplicáveis ao mesmo fato e ao mesmo tempo, ou seja, quando há, simultaneamente, dois

tipos penais aplicáveis ao mesmo fato.

O direito penal moderno rechaça a dupla punição pelo mesmo crime (princípio da

proibição do bis in idem), havendo 4 princípios penais que resolvem o citado conflito

aparente.

Princípio da especialidade: norma especial afasta a aplicação de norma geral.

Considera-se especial a norma que possui um elemento que especifica e individualiza a

conduta no caso concreto.

Exemplo: art. 334 do código penal prevê o crime de contrabando ou descaminho:

contrabando é importar ou exportar mercadoria proibida. O art. 33 da Lei 11.343/06 traz a

conduta de importar e exportar droga. Como droga também é mercadoria proibida, é

preciso resolver o conflito através do princípio da especialidade. O art. 33 é norma

especial, afastando a incidência do art. 334, pois de todas as mercadorias proibidas que se

pode importar, aquele só tratou do entorpecente.

Contrabando ou descaminho

Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte,

o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo

de mercadoria:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,

vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,

prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que

gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500

(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

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Princípio da subsidiariedade: Norma primária afasta a aplicação da norma

subsidiária. Considera-se primária a norma que prevê ofensa mais ampla e grave ao

mesmo bem jurídico. Este princípio leva em consideração a gravidade do crime, enquanto

o da especialidade só se preocupa com elementos que trazem especialização ao caso

concreto.

O princípio da subsidiariedade pode ter aplicação expressa ou tácita.

Subsidiariedade expressa: o próprio tipo penal se declara subsidiário. Exemplo:

art. 132, CP: exposição de perigo à vida. O próprio tipo penal afirma que só haverá o

crime previsto, se a conduta não resultar em delito mais grave. Também percebemos a

aplicação do princípio no artigo 15 do estatuto do desarmamento.

Perigo para a vida ou saúde de outrem

Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:

Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais

grave.

Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da

vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a

prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com

as normas legais.

Disparo de arma de fogo

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em

suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não

tenha como finalidade a prática de outro crime:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Subsidiariedade tácita: ocorre quando um tipo penal serve como causa de

aumento, qualificadora ou elemento constitutivo de outro. A norma penal mais grave vai

prevalecer, afastando a menos grave. Exemplo: o artigo 163 traz o crime de dano que

consiste na destruição ou deterioração de coisa alheia. Por sua vez, o crime de furto

possui uma qualificadora que consiste justamente no rompimento ou destruição de

obstáculo (artigo 155 § 4º I) que, no caso concreto, afastará o crime de dano por ser norma

mais ampla e grave.

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Dano

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Furto qualificado

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

Princípio da consunção: O crime que serve como meio de preparação, execução

ou mero exaurimento de outro é por este absolvido.

Princípio da consunção (ou princípio da absorção):

O crime que serve como meio de preparação, execução ou mero exaurimento de

outro é por este absolvido. Existem 3 situações em que o princípio se aplica:

- Ante-fato impunível: Ocorre quando um crime serve como meio de preparação

necessária para outro. Exemplo: Súmula 17 do STJ descreve situação na qual o agente

falsifica um documento para praticar o crime de estelionato. Neste contexto, caso a

falsificação não tenha qualquer outra potencialidade nociva, somente o crime de

estelionato prevalecerá no caso concreto.

Súmula 17

Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este

absorvido.

- Pós-fato impunível: ocorre quando o agente pratica dois crimes que violam o

mesmo bem jurídico, num contexto no qual o segundo só é praticado para se obter a

vantagem desejada com o primeiro. Este absorverá aquele. Exemplo: agente falsifica

moeda para coloca-la em circulação. Responderá apenas pelo primeiro crime.

Moeda Falsa

Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-

moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:

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Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou

exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação

moeda falsa.

- Crime progressivo: o agente pratica um tipo penal que passa necessariamente

por um delito menos grave que fica absorvido como num delito de passagem. Exemplo:

Para se praticar homicídio (artigo 121 do CP) é necessário praticar lesão corporal (artigo

129 do CP).

Homicídio simples

Art. 121. Matar alguem:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Lesão corporal

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

Princípio da Alternatividade: Ocorre nos chamados tipos mistos alternativos, que

são os crimes que possuem vários verbos núcleos. A prática de vários desses verbos,

dentro do mesmo contexto fático, gera crime único. Exemplo: O já mencionado delito do

artigo 289 § 1º do código penal. Guardar moeda falsa e depois coloca-la em circulação

gera crime único.

Questões resolvidas em sala:

Prova: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia

Julgue os itens a seguir com base no direito penal.

Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da

consunção, ou absorção. De acordo com esse princípio, quando um crime constitui meio

necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime, aplica-se a norma

mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do crime de falsificação de

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documento para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva, este

absorve aquele.

( ) Certo ( ) Errado

Prova: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia Federal

Luiz, proprietário da mercearia Pague Menos, foi preso em flagrante por policiais militares

logo após passar troco para cliente com cédulas falsas de moeda nacional de R$ 20,00 e

R$ 10,00. Os policiais ainda apreenderam, no caixa da mercearia, 22 cédulas de R$ 20,00

e seis cédulas de R$ 10,00 falsas. Nessa situação, as ações praticadas por Luiz —

guardar e introduzir em circulação moeda falsa — configuram crime único.

( ) Certo ( ) Errado

Gabarito:

Certo

Certo

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AULA 06

Conceito analítico de crime: Em seu conceito analítico, crime é conduta típica,

ilícita e culpável. Estes 3 substratos compõem o conceito moderno de delito e podem ser

decompostos da seguinte forma:

FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE

Conduta humana (ação ou

omissão)

Dolo ou culpa

Resultado (material ou

meramente jurídico)

Nexo causal

Tipicidade (formal e material)

Causas de exclusão da

ilicitude (art.23, CP)

Imputabilidade

Potencial consciência da

ilicitude

Exigibilidade de conduta

diversa

Analisaremos cada um dos substratos citados acima.

Conduta: comportamento humano voluntário psicologicamente dirigido a um fim. É

possível perceber que nosso Código adotou o conceito finalista de conduta. Hoje, no

conceito finalista, o dolo e culpa são elementos subjetivos pertencentes à conduta humana.

Causas de exclusão da conduta

- Movimentos reflexos: a reação nervosa e muscular automática a determinado

estímulo. Nesse caso não há conduta penalmente relevante, uma vez que não existe

comportamento voluntário destinado a um fim. Exemplo: pessoa toma um choque elétrico e

derruba alguém.

- Momentos de inconsciência: Também são desprovidos de conduta, mas tem

que ser momento de completa inconsciência. Exemplo: hipnose e sonambulismo.

Nesse contexto, importante lembrar que a embriaguez é classificada pelo Código

Penal, no art. 28, §§1º e 2º do CP, como causa de exclusão da imputabilidade quando ela

for involuntária (aquela que acontece por caso fortuito ou força maior). Ou seja, o

embriagado não está em momento de inconsciência, a conduta é penalmente relevante,

mas tem causa de exclusão da imputabilidade, não sendo fato culpável. Excluiria a

conduta, apenas a embriaguez comatosa excluiria a conduta.

- Coação física irresistível: ocorre quando uma força física externa atua no corpo

do agente, movendo-o contra a sua vontade. Exemplo: “A” quer lesionar “C”, e para isso

ele move o corpo de “B” contra “C”.

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Já na coação moral irresistível, não há uma força física externa, existe uma

ameaça. É a situação na qual o coator ameaça o coagido, obrigando-o a praticar crimes

(de acordo com o art. 22, CP, é causa de excludente de culpabilidade).

Elementos subjetivos da conduta

Dolo

Conceito: dolo é a vontade consciente de praticar os elementos do tipo penal.

Toda conduta criminosa, via de regra, pressupõe o dolo. O comportamento criminoso é

aquele realizado de forma consciente e voluntária.

Art. 18 - Diz-se o crime:

Crime doloso

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

Crime culposo

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência

ou imperícia.

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato

previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

Espécies de dolo: O código penal adotou as teorias da vontade e do assentimento

para classificar uma conduta como dolosa. Assim, podemos dividir as espécies de dolo em:

Dolo direto:

De 1º grau: a vontade consciente está diretamente voltada para a prática do crime.

Ou seja, o agente vai realizar sua conduta querendo diretamente produzir o crime.

De 2º grau: traduz vontade consciente referente às consequências necessárias da

conduta realizada, ou seja, aos efeitos colaterais da conduta.

Ex.: o agente quer matar uma pessoa colocando uma bomba no carro, sabendo que

mulher e filha do indivíduo estão no veículo. O artefato explode, o homicídio da pessoa

pretendida é em dolo direito de 1º grau e da mulher e filhos de segundo..

Dolo indireto:

Dolo eventual: ocorre quando o agente prevê possível resultado, mas mantém sua

conduta, assumindo o risco de produzi-lo. Não existe vontade relacionada ao resultado,

existe aceitação de risco, de uma probabilidade. O agente aceita o resultado como

possível, provável.

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Aulas 01 a 24

Dolo alternativo: ocorre quando o agente prevê uma pluralidade de possíveis

resultados, e dirige sua conduta como vontade de praticar qualquer um deles.

Culpa

Conceito: é a inobservância de um dever objetivo de cuidado, que gera um

resultado indesejado, porém objetivamente previsível.

Elementos do conceito de culpa:

- Inobservância de dever objetivo de cuidado: trata-se do desrespeito a uma

norma que visa a pacífica coesão social. Suas formas: a imprudência, negligência e

imperícia.

.

Imprudência: inobservância ativa do dever de cuidado. É fazer o que não se deve.

Exemplo: desobedecer a um semáforo fechado.

Negligência: inobservância passiva do dever de cuidado. É não fazer o que se deve. Está

muito mais ligado à omissão. Exemplo: técnico de segurança não toma todas as

prevenções necessárias na manutenção de uma máquina.

Imperícia: é a falta de habilidade de quem exerce arte, ofício ou profissão. Exemplo:

médico age com imperícia em uma operação.

Resultado material indesejado: todo crime culposo é material, possui resultado

naturalístico gerado de forma involuntária. Não existem crimes culposos formais ou de

mera conduta. Resultado natural: resultado perceptível no mundo dos fatos.

Previsibilidade objetiva: o resultado gerado pela conduta culposa deve se mostrar

previsível para a consciência média da sociedade. O resultado não precisa ter sido previsto

pelo agente, mas precisa ser previsível para o homem médio.

.

Culpa inconsciente: ocorre quando o agente atua sem prever o resultado, embora este

seja previsível. Como não é necessária a previsão para a culpa, mas apenas a

previsibilidade, o agente vai responder. Exemplo: o chefe de segurança se esquece de

vistoriar certos equipamentos, ele não previu que poderia ocorrer um resultado, mas é

previsível que pode ocorrer.

Culpa consciente: ocorre quando o agente prevê possível resultado, mas mantém sua

conduta, acreditando na não ocorrência deste resultado.

Atenção para a diferença entre culpa consciente e dolo eventual: na culpa

consciente o agente prevê o resultado advindo da sua conduta, mas ele acredita

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Aulas 01 a 24

sinceramente que não vai ocorrer. No dolo eventual ele prevê o resultado e também

continua agindo, mas assumindo o risco do resultado. Exemplo: indivíduo sai, domingo de

manhã de uma casa de show, completamente embriagado, e prevê que nesta condição

pode atropelar e matar alguém. Se ele assume o risco de matar, está agindo com dolo

eventual; já se ele acredita sinceramente que não vai acontecer nada, ele esta agindo com

culpa inconsciente.

Observação 1: o art.18, parágrafo único, exige a previsão expressa da modalidade

culposa em todos os tipos penais em que este elemento estiver presente. Via de regra,

todo crime é doloso, a responsabilidade por culpa é exceção, por isso deve ser prevista de

forma expressa.

Art. 18 - Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido

por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.

Observação 2: Crimes preterdolosos são aqueles em que há dolo na conduta e culpa no

resultado. O agente opera com dolo, mas o resultado é atingido culpa. O criminoso acabou

obtendo um resultado mais grave do que queria.

Ex.: o agente queria lesionar, mas acabou matando.

Questões resolvidas em aula:

Prova: CESPE - 2009 - DPF - Agente da Polícia Federal

Quanto a tipicidade, ilicitude, culpabilidade e punibilidade, julgue os itens a seguir.

São elementos do fato típico: conduta, resultado, nexo de causalidade, tipicidade e

culpabilidade, de forma que, ausente qualquer dos elementos, a conduta será atípica para

o direito penal, mas poderá ser valorada pelos outros ramos do direito, podendo configurar,

por exemplo, ilícito administrativo.

( ) Certo ( ) Errado

Gabarito:

Errado.

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Aulas 01 a 24

AULA 7

1. Consumação e tentativa.

Os conceitos de consumação e tentativa estão, no artigo 14, incisos I e II do código

penal.

Art. 14 - Diz-se o crime:

Crime consumado

I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição

legal;

Tentativa

II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias

alheias à vontade do agente.

Pena de tentativa

Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a

pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Para a compreensão dos institutos, é necessário verificar o conceito de Iter Criminis.

2. Iter criminis

Conceito: É o caminho do crime. O itinerário percorrido pelo agente desde a concepção

do delito até sua consumação. É composto de várias fases.

- Cogitação: É a elaboração mental do crime. É fase interna impunível em nome do

princípio da lesividade (o direito penal não deve cuidar de condutas que não ultrapassam o

indivíduo, ou seja, que não afetam concretamente interesse de terceiro).

- Preparação: forma de atuar que cria condições prévias para a prática do delito.

Inaugura a fase externa do iter criminis e, via de regra, é impunível, como pode-se concluir

a partir da análise dos artigos 31 e 14 parágrafo único do CP. Entretanto, atos

preparatórios podem resultar em crimes autônomos. Um dos exemplos é o delito de porte

ilegal de armas, crime autônomo que pode servir como ato preparatório para o crime de

homicídio.

Casos de impunibilidade

Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição

expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser

tentado.

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Aulas 01 a 24

Art. 14 Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a

pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,

ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda

ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e

em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

- Execução: Conduta diretamente voltada para a prática do delito. Inicia-se quando o

agente pratica conduta capaz de gerar o verbo núcleo do tipo penal (teoria objetiva-formal).

- Consumação: Ocorre quando todos as elementares do crime se encontram

realizadas no mundo dos fatos.

Classificação quanto ao resultado material.

Quanto à presença de um resultado material (e também quanto ao momento

consumativo do crime) é possível dividir os delitos em:

- Crimes materiais: São aqueles que necessitam de um resultado naturalístico – ou

seja, material, perceptível no mundo dos fatos - para a consumação. Exemplo: Homicídio,

artigo 121 do código penal.

Homicídio simples

Art. 121. Matar alguem:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

- Crimes formais: Também chamados crimes de consumação antecipada. Nestes, o

tipo penal prevê um resultado que é desnecessário para a consumação. Exemplo:

extorsão, artigo 158 do código penal.

Extorsão

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o

intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,

tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:

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Aulas 01 a 24

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

- Crimes de mera conduta: O tipo penal não prevê qualquer resultado naturalístico.

Incrimina-se uma simples ação ou omissão. Ex: porte ilegal de armas, artigo 14 da lei

10.826/03.

Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar,

ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda

ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e

em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Consequências do crime tentado:

Conforme o artigo 14 parágrafo único do código penal, a tentativa ocorre quando o

agente inicia a execução e não chega à consumação por motivos alheios à sua vontade. O

crime tentado recebe a pena da consumação reduzida de 1/3 a 2/3, salvo disposição em

contrário. Adotou-se a teoria objetiva, que afirma que a pena da tentativa deve se

fundamentar no grau de exposição de perigo ao bem jurídico tutelado pela lei.

Entretanto, a teoria foi adotada em sua versão mitigada ou temperada, pois permite

que a lei disponha em sentido contrário. Como exemplo, temos o artigo 352 do CP que

pune a tentativa com a pena da consumação. São crimes de atentado ou empreendimento.

Critério para a escolha da fração de diminuição.

O superior tribunal de justiça possui entendimento pacífico no sentido deque a fração de

diminuição no crime tentado deve variar conforme a progressão no Iter Criminis. Quanto

maior a progressão após o início da execução, menos se diminui.

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Aulas 01 a 24

AULA 8

Classificações da tentativa: O crime tentado pode ser classificado conforme

vários critérios. Vejamos os principais.

- Critério da progressão no Iter criminis. Divide a tentativa em:

Tentativa perfeita/tentativa acabada/ crime falho: O agente finaliza todos os atos

de execução conforme inicialmente pretendia, mas mesmo assim não consegue consumar

o crime

Tentativa imperfeita/Tentativa inacabada: o agente sequer termina os atos de

execução, por ser interrompido.

- Critério da violação do bem jurídico

Tentativa cruenta/vermelha: O agente consegue atingir a vítima (ou o objeto

material do crime)

Tentativa incruenta/branca: O agente não consegue sequer atingir a vítima.

- Critério da possibilidade de consumação.

Tentativa inidônea/inacabada/ quase- crime: A consumação não pode ocorrer

por absoluta impropriedade do objeto ou absoluta ineficácia do meio. É sinônimo de crime

impossível.

Tentativa idônea ou propriamente dita: A consumação poderia ocorrer, mas não

acontece por motivos alheios à vontade do agente.

Crimes que não permitem tentativa:

Culposos: não há vontade tangente ao resultado criminoso. Assim, não pode haver

tentativa.

Contravenções penais: não cabe tentativa de contravenção, conforme artigo 4º do

decreto-lei 3688/41.

Condicionados: são aqueles nos quais o resultado descrito se apresenta como

condição objetiva de punibilidade. Caso o resultado não ocorra, não haverá conduta

punível. Exemplo: artigo 122 do código penal.

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio

Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o

faça:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um

a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

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Habituais: o tipo penal exige habitualidade na prática de determinada atividade. O

crime se perfaz com a prática reiterada e habitual da conduta e não com uma simples ação

ou omissão. Assim, não há crime quando o agente tenta praticar a conduta delitiva uma

vez só e não a consuma por circunstancias alheias à sua vontade. Exemplo: curandeirismo

do artigo 284 do código penal.

Curandeirismo

Art. 284 - Exercer o curandeirismo:

I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância;

II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;

III - fazendo diagnósticos:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica

também sujeito à multa.

Omissivos próprios: O tipo penal prevê uma conduta omissiva. São delitos de

mera conduta e unissubsistentes (não há como fracionar os atos de execução). Exemplo:

omissão de socorro.

Unissubsistentes: Não há como fracionar os atos de execução. Com um só ato a

execução se conclui e o crime já está consumado. Exemplo: Artigo 135: omissão de

socorro. Artigo 158: extorsão (quando praticada verbalmente).

Extorsão

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito

de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se

faça ou deixar fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

Preterdolosos: Não há vontade com relação ao resultado.

Empreendimento ou de atentado: O tipo penal pune a tentativa com a pena da

consumação. Portanto, tentar também é consumar. Exemplo: artigo 352 do código penal.

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Aulas 01 a 24

Evasão mediante violência contra a pessoa

Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida

de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa:

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à

violência.

Desistência voluntária/Arrependimento eficaz.

São espécies do gênero “tentativa abandonada” descritas no artigo 15 do código

penal.

Desistência voluntária e arrependimento

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou

impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

Na desistência voluntária no agente abandona a execução após inicia-la, de forma

que a consumação não ocorre. No arrependimento eficaz, os atos de execução são

finalizados, mas o autor do delito age para impedir a consumação.

Em ambos os casos, o agente só responde pelos crimes já praticados e não pela

tentativa do que inicialmente desejava.

Importante afirmar que os institutos dependem de voluntariedade, mas não

necessariamente espontaneidade. Assim, o agente pode ser convencido a abandonar a

execução, contanto que a escolha ainda seja dele. Da mesma forma, caso o agente fuja

por medo de uma sirene, haverá tentativa, pois intervenções objetivas que convençam o

agente da impossibilidade de consumação, resultam em tentativa.

Arrependimento posterior

É causa de redução de pena cujos requisitos estão no artigo 16 do código penal.

Arrependimento posterior

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado

o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato

voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

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Aulas 01 a 24

Também depende de voluntariedade e conforme entendimento majoritário, a

reparação do dano deve ocorrer integralmente. A redução, conforme corrente

predominante, deve respeitar a velocidade na reparação do dano.

Crime impossível

É uma hipótese de atipicidade da tentativa que ocorre nas hipóteses descritas no

artigo 17 do código penal.

Crime impossível

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por

absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Absoluta ineficácia do meio: os instrumentos e modo de execução escolhidos para

a prática do crime são inadequados para realização do resultado. Exemplo: tentar matar

com uma arma de brinquedo.

Absoluta impropriedade do objeto: o objeto sobre o qual recai a conduta do agente

é inadequado para gerar o resultado. Exemplo: tentar matar cadáver.

O código adotou, de forma clara, a teoria objetiva que afirma que a punição do

crime impossível só se fundamentaria pela exposição de perigo ao bem jurídico e, como

esta inexiste, não há qualquer punição.

Há países que adotam a teoria subjetiva, que fundamenta a punição na vontade do

agente (e se ele tem vontade de praticar o delito, o crime impossível seria punível com a

pena da tentativa). Ainda existe a teoria sintomática, que afirma que o crime impossível

seria punível quando a conduta for um sintoma da periculosidade social do agente, caso

contrário, não haveria punição.

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Aulas 01 a 24

AULA 09

Concurso de pessoas

Consiste na pluralidade de agentes que coopera para a produção do mesmo

resultado criminoso.

Consequência jurídica

Há 3 teorias que explicam a consequência jurídica do concurso de agentes:

- Teoria Pluralista: Haverá tantos crimes quanto forem os concorrentes.

- Teoria dualista: haverá dois delitos: um para os autores e outro para os partícipes.

- Teoria monista ou unitária: haverá apenas um crime pelo qual todos responderão

integralmente.

O código penal, no artigo 29, adotou a teoria monista mitigada ou temperada, pois

prevê que todos os concorrentes responderão pelo mesmo crime, porém na medida de sua

culpabilidade. O sentido de culpabilidade neste contexto é: juízo de reprovação pessoal.

Assim, se Tício, Mévio e Caio concorrem para o homicídio de Pedro, haverá apenas um

crime, pelo qual cada um responderá na medida da sua colaboração.

Regras comuns às penas privativas de liberdade

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a

este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

Requisitos do concurso de pessoas

- Pluralidade de agentes e de condutas: É necessário que cada concorrente

colabore com uma ação ou omissão. Cumpre ressaltar que o concurso de pessoas é

instituto que se aplica apenas aos crimes unissubjetivos (ou de concurso eventual), que

são aqueles que podem ser praticados por um ou mais agentes. Não se aplica o artigo 29

aos delitos plurissubjetivos (ou de concurso necessário) que são aqueles cuja pluralidade

de agentes faz parte do próprio tipo penal. Por exemplo: artigo 288 do código penal.

Associação Criminosa

Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de

cometer crimes:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

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- Relevância causal de cada conduta: Caso a conduta não tenha qualquer

relevância para o desdobramento causal, não haverá concurso por parte do respectivo

agente.

- Liame subjetivo: é a união de vontades relativa à colaboração para o mesmo

resultado. É necessário que todos tenham consciência e vontade tangente ao concurso de

pessoas. Assim, não cabe colaboração dolosa em crime culposo ou colaboração culposa

em crime doloso. Entretanto, não é necessário ajuste prévio, bastando a concorrência

voluntária.

Autoria colateral: ocorre quando duas ou mais pessoas colaboram para o

mesmo resultado sem que haja liame subjetivo. Cada um responderá pelo resultado que

causar. Caso seja impossível determinar quem deu causa ao resultado, haverá autoria

incerta, na qual ambos respondem por tentativa.

- Unidade de infração penal: todos os concorrentes devem colaborar para a

prática do mesmo tipo penal. Existem, no código penal e em leis penais especiais,

exceções pluralistas à teoria monista, nos quais dois ou mais agentes colaboram para o

mesmo resultado, mas não para o mesmo tipo penal. Nestes casos, não haverá concurso

de pessoas. Exemplo: corrupção ativa e passiva – artigos 333 e 317 do código penal.

Corrupção ativa

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para

determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Corrupção passiva

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,

ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem

indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Circunstâncias incomunicáveis: O artigo 30 do código penal afirma que as

circunstâncias de caráter pessoal não se comunicam, salvo quando elementares do crime.

Assim, uma majorante ou agravante de caráter pessoal não será aplicada ao concorrente,

mas a circunstâncias pessoais que fazem parte do tipo penal se comunicam com todos os

coautores e partícipes. Exemplo: caso um particular ajude um funcionário público a subtrair

bem público utilizando da facilidade que sua função lhe proporciona, ambos responderão

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Aulas 01 a 24

por peculato do artigo 312 do código penal, pois ser funcionário público é circunstância

pessoal que é elementar do tipo.

Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter

pessoal, salvo quando elementares do crime.

Peculato

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer

outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou

desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

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Aulas 01 a 24

AULA 10

Autoria e participação.

O autor é o protagonista da ação penal, enquanto o partícipe é seu coadjuvante,

possuindo um juízo de reprovação menor.

Existem 3 teorias para identificar o autor de uma ação penal.

- Teoria extensiva: afirma que não há diferenças objetivas entre autoria e

participação.

-Teoria restritiva: afirma que autor é aquele que pratica o verbo núcleo do tipo,

enquanto o partícipe é aquele que colabora com a infração, induzindo, instigando e

auxiliando sem nunca praticar o verbo núcleo. Muitos doutrinadores ainda afirmam que

esta foi a teoria adotada pelo nosso código.

-Teoria do domínio final do fato: para esta teoria, autor é não só aquele que

pratica a conduta descrita no tipo, mas também o indivíduo que possui poder de decisão (é

o significado do termo domínio final) sobre tarefa imprescindível à execução do crime. É

aquele que pode decidir como, quando, onde e por que a execução ocorrerá. Assim,

amplia-se o conceito de autoria para incluir o autor intelectual e o autor mediato. O

Supremo Tribunal Federal utiliza esta teoria em seus julgados.

Autoria mediata.

Ocorre quando o agente se utiliza de uma pessoa que está em erro, ou é isenta de

pena, como instrumento para praticar crimes. Os principais exemplos do código penal são:

o erro determinado por terceiro, a coação moral irresistível e a obediência hierárquica, que

estão no artigo 20 § 2º e 22 do código penal, respectivamente.

Art. 20 (...)

Erro determinado por terceiro

§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.

Coação irresistível e obediência hierárquica

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a

ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da

coação ou da ordem.

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Aulas 01 a 24

Autoria sucessiva.

Ocorre quando um agente se alia à execução de um crime que já começou. É

possível até a consumação.

Participação

O partícipe é aquele que colabora com o delito sem praticar o verbo núcleo ou ter

poder de decisão sobre a prática do crime. São modalidades de participação:

- Induzimento: fazer nascer a ideia.

- Instigação: fomentar a ideia que já existe.

- Auxílio: Contribuir com instrumentos ou serviços fora dos casos de coautoria.

Seja qual for a modalidade, a participação é sempre acessória, de forma que a

responsabilidade do partícipe depende da tentativa de crime pelo autor, conforme prevê o

artigo 31 do código penal.

Casos de impunibilidade

Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição

expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser

tentado.

O ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria da acessoriedade limitada da

participação, pela qual o partícipe só responderá pelo crime, quando colaborar com a

prática de um fato típico e ilícito, sendo desnecessária a culpabilidade. Assim, caso o

partícipe auxilie o autor em uma legítima defesa, não haverá conduta punível por parte

daquele (a legítima defesa é uma excludente de ilicitude), entretanto, caso induza um

doente mental a praticar um crime, poderá ser regularmente punido (a doença mental pode

excluir a culpabilidade, mas não a ilicitude).

Cooperação dolosamente distinta

Ocorre quando um dos concorrentes quis colaborar com infração menos grave,

respondendo por ela, conforme artigo 29 § 2º do CP. Exemplo: Tício permanece vigiando

enquanto Mévio subtrai coisa alheia móvel de uma agência da caixa econômica federal.

Ambos querem praticar crime de furto, mas Mévio utiliza grave ameaça para render um

dos vigias do local, praticando crime de roubo. Neste contexto, Tício responderá pelo crime

para o qual queria colaborar (furto) com causa de aumento de até ½ se o resultado mais

grave for previsível. Prevalece que esta regra se aplica a caos de coautoria ou

participação.

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Aulas 01 a 24

Regras comuns às penas privativas de liberdade

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a

este cominadas, na medida de sua culpabilidade.

(...)

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-

lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de

ter sido previsível o resultado mais grave.

Questões resolvidas em aula

CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia Federal

Julgue os itens a seguir com base no direito penal.

No que diz respeito ao concurso de pessoas, o sistema penal brasileiro adota a teoria

monista, ou igualitária, mas de forma temperada, pois estabelece graus de participação do

agente de acordo com a sua culpabilidade, inclusive em relação à autoria colateral ou

acessória, configurada quando duas ou mais pessoas produzem um evento típico de modo

independente uma das outras.

( ) Certo ( ) Errado

Gabarito: errado

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Aulas 01 a 24

AULA 11

Tipicidade Formal

É o juízo de adequação entre conduta e os elementos do tipo penal. Existe

tipicidade penal, quando a ação ou omissão se subsumi ao tipo penal praticado. Este

elemento do fato típico consagra o princípio da legalidade e protege o indivíduo.

Elementares do tipo

-Núcleo: é o verbo que descreve a conduta. Existem tipos mistos ou plurinucleares

que possuem uma pluralidade de núcleos. Dividem-se em tipos mistos alternativos, nos

quais a prática de vários verbos no mesmo contexto fático gera crime único (são a regra) e

tipos mistos cumulativos, nos quais a prática de dois ou mais núcleos sempre gera dois ou

mais crimes distintos.

-Sujeito ativo: é o agente ou omitente que pratica a conduta criminosa. Quanto ao

sujeito ativo os crimes são classificados em: crime comum (praticáveis por qualquer

pessoa, como o homicídio), crimes próprios (praticáveis apenas por pessoas específicas,

mas que permitem concurso de pessoas na modalidade coautoria e participação como o

peculato do artigo 312) e crimes de mão própria (que descrevem conduta infungível e

que portanto só podem ser praticados e executados por pessoa específica. Permite-se

participação, mas não coautoria, como o falso testemunho do artigo 342 do CP).

Peculato

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer

outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou

desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Falso testemunho ou falsa perícia

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha,

perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,

inquérito policial, ou em juízo arbitral:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

-Sujeito passivo: é o titular do bem jurídico tutelado pela norma.

- Objeto material: é a pessoa ou coisa sobre a qual recar a conduta do agente.

- Objeto jurídico: É o bem jurídico tutelado pela norma.

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Aulas 01 a 24

- Elemento subjetivo especial: É o especial fim de agir que motiva a conduta do

agente. Está presente nos delitos de intenção, nos quais a norma descreve um dolo

específico, como no artigo 159 do CP.

Tipicidade material

É a violação relevante do bem jurídico tutelado pela norma penal. Sua ausência

leva ao princípio da insignificância.

Princípio da insignificância

É aplicado quando o bem jurídico tutelado pela norma não é violado de forma

relevante. É uma excludente de tipicidade material e possui 4 requisitos segundo o

STF:

-Mínima ofensividade da conduta

- Nenhuma periculosidade social da ação

- Reduzido grau de periculosidade do comportamento

- Inexpressividade da lesão jurídica.

Observações:

- Não se aplica insignificância em crimes cometidos com violência ou grave ameaça

à pessoa.

- Não se aplica o princípio em crimes de moeda falsa, pois este viola a fé pública e

a credibilidade do sistema financeiro nacional.

- Este princípio pode ser aplicado em crimes contra a ordem tributária. Aplicando-se

o patamar de R$ 10,000, conforme artigo 20 da lei 10522/02. O STF reconhece a aplicação

em débitos que não superam R$ 20,000, conforme a portaria 75/12 do ministério da

fazenda.

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Aulas 01 a 24

Aula 12

Ilicitude

É a contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico. É relativamente

presumida com a presença da tipicidade. Assim, o fato típico carrega um indício de

antijuridicidade que pode ser afastado com uma das causas de exclusão desta.

Causas de exclusão da ilicitude – artigo 23 do código penal

Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato

I - em estado de necessidade;

II - em legítima defesa;

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Excesso punível

Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,

responderá pelo excesso doloso ou culposo.

OBSERVAÇÃO: Toda descriminante (causa de exclusão da ilicitude) possui um requisito

subjetivo: a vontade consciente de agir amparado pela excludente. Portanto, haverá crime

se o agente desconhecer que está protegendo alguém de uma agressão iminente ao

disparar contra um desafeto.

ESTADO DE NECESSIDADE – artigo 24

Estado de necessidade

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para

salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo

evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável

exigir-se.

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de

enfrentar o perigo.

§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena

poderá ser reduzida de um a dois terços.

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Aulas 01 a 24

Conceito

Caracteriza-se pelo conflito entre interesses lícitos, no qual o agente sacrifica um

bem jurídico, para salvar outro de igual ou maio valor, de uma situação de perigo atual que

não provocou dolosamente. Exemplo: para a proteção da incolumidade física, pessoas

lesionam outros indivíduos ao fugir de uma casa de show em chamas.

Requisitos

- Situação de perigo atual não provocada dolosamente pelo agente: consiste

na exposição de um bem jurídico a uma probabilidade de dano, que pode ocorrer por

motivos humanos ou naturais. Necessário notar que, conforme entendimento majoritário,

caso o agente provoque o perigo dolosamente, não poderá se valer do estado de

necessidade. Ademais, prevalece que o perigo deve ser atual, ou seja, estar exercendo

efeitos no presente momento. A mera iminência do perigo, conforme entendimento

dominante, não pode fundamentar a excludente.

- Inevitabilidade do perigo por outros meios: o sacrifício em estado de

necessidade deve ser a “última ratio”, ou seja, a única possibilidade de salvar o bem

jurídico em perigo.

- Ausência de dever jurídico de enfrentar o perigo: os garantidores (artigo 13 §

2º do CP) não podem alegar estado de necessidade para deixar de enfrentar o perigo.

Entretanto, importante notar que o direito não exige o martírio, nem mesmo o auto

sacrifício fora das expectativas do seu dever.

- Salvamento de direito próprio e de terceiros: o estado de necessidade de

terceiros é possível, e prevalece que não existe a necessidade de qualquer autorização

por parte do titular do direito.

- Razoabilidade do sacrifício: O bem jurídico sacrificado não pode ter valor muito

superior ao bem salvo. Caso não haja razoabilidade, caberá aplicação da minorante do

artigo 24 § 2º do CP.

LEGÍTIMA DEFESA – Artigo 25

Legítima defesa

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos

meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de

outrem.

Conceito: É a reação que visa repelir uma agressão injusta e que seja atual ou iminente,

usando moderadamente os meios necessários.

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Aulas 01 a 24

Requisitos:

- Agressão humana. É a ofensa voluntária a bem jurídico. Ataques espontâneos

de animais não permitem esta excludente (mas apenas o estado de necessidade),

entretanto, se o animal for instigado por uma pessoa, a legítima defesa passa a ser

possível.

- Agressão injusta. É a ofensa ilícita, mas não necessariamente criminosa. Assim,

permite-se a legítima defesa de agressão de inimputável (já que a inimputabilidade exclui a

culpabilidade, mas não a antijuridicidade). Em contrapartida, não cabe legítima defesa

contra alguém que age protegido por uma causa de exclusão de ilicitude (não se permite

portanto, a legítima defesa recíproca), mas é perfeitamente possível defender-se do

excesso de quem opera sob o manto de qualquer descriminante (permite-se, portanto, a

legítima defesa sucessiva). Por fim, aceita-se a legítima defesa real contra a legítima

defesa putativa (legítima defesa de agressão imaginária), pois esta ainda é injusta.

- Agressão atual ou iminente. É necessário que a ofensa esteja acontecendo ou

esteja para acontecer em um futuro imediato. Não se permite a legítima defesa de

agressão futura, mesmo que esta seja certa. Neste último caso, pode-se falar, no máximo

em inexigibilidade de conduta diversa.

- Uso moderado dos meios necessários. O defensor deve utilizar-se do meio

menos lesivo dentre aqueles capazes de repelir a agressão. Não é necessário que haja

proporção mecânica (equivalência do potencial lesivo entre agressão e defesa), mas

apenas moderação e razoabilidade. Ademais, quem se defende deve fazê-lo com o único

propósito de afastar a agressão injusta, respondendo por qualquer excesso doloso ou

culposo.

Questão resolvida em sala:

Prova: CESPE - 2009 - DPF - Agente da Polícia Federal

Para que se configure a legítima defesa, faz-se necessário que a agressão sofrida pelo

agente seja antijurídica, contrária ao ordenamento jurídico, configurando, assim, um crime.

( ) Certo ( ) Errado

Gabarito: Errado.

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Aulas 01 a 24

Aula 13

Causas de exclusão de ilicitude:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade;

II - em legítima defesa;

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Excesso punível

Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá

pelo excesso doloso ou culposo.

Estrito cumprimento de dever legal

Compreende a prática de fatos típicos em razão da obediência a uma ordem

proveniente de uma obrigação legal. Prevalece que a obrigação não precisa advir de uma

lei em sentido estrito, mas do ordenamento jurídico amplamente considerado. Ex: a

violência utilizada por um agente de polícia na execução de uma prisão em flagrante.

Exercício regular de direito

Compreende a prática de fatos típicos em razão de uma atividade permitida ou até

fomentada pelo ordenamento jurídico. Exemplo: intervenção cirúrgica feita por um médico

ou a prática de esportes violentos. Eventuais excessos serão verificados, não pela

extensão do dano, mas pela regularidade do exercício da atividade. É possível a punição

de excessos quando o agente desrespeita as regras da própria atividade praticada.

Erro de tipo

Erro sobre elementos do tipo

Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas

permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

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Aulas 01 a 24

Ocorre quando, por falta percepção da realidade, o agente desconhece a presença

de elementos constitutivos do tipo penal. Exemplo: o agente mata um homem acreditando

que está matando um animal.

Consequência: caso o erro seja inevitável, exclui-se o dolo e a culpa. Caso seja

evitável, exclui-se apenas o dolo e permite-se a punição por culpa.

Erro de proibição

Erro sobre a ilicitude do fato

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se

inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

É o erro culturalmente condicionado do caráter proibitivo da norma. Ocorre quando

o agente não sabe que está praticando crime por motivos socioculturais. Exemplo:

Americano vem ao Brasil sem saber que portar um cartucho de munição é crime.

Consequência: quando inevitável (quando o conhecimento da ilicitude for

inacessível) exclui a culpabilidade. Quando evitável, permite a punição com causa de

redução de 1/6 a 1/3.

Descriminante putativa

Erro sobre elementos do tipo

Art. 20(...) Descriminantes putativas

§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,

supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção

de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo

É a causa de exclusão de ilicitude imaginária. Exemplo: legítima defesa putativa -

policial acredita que está diante de uma agressão injusta, atual e iminente, quando esta

inexiste. A consequência é a isenção de pena se inevitável e punição apenas por culpa se

evitável e se houver uma modalidade culposa para o crime.

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Aulas 01 a 24

AULA 14

Culpabilidade

Conceito: É um juízo de reprovação pessoal que recai sobre o fato típico e ilícito. É

composta da imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e exigibilidade de conduta

diversa.

Imputabilidade

É a capacidade biopsicológica de entender o caráter ilícito dos atos e de agir de

acordo com este conhecimento. As causas de inimputabilidade estão nos artigos 26 a 28

do código penal.

Doença mental

Inclui qualquer transtorno mental ou desenvolvimento mental retardado. Como por

exemplo, as doenças psiquiátricas ou síndromes que afetam o desenvolvimento intelectual.

Neste contexto, caso esta doença afaste completamente a capacidade, haverá

inimputabilidade, com isenção de pena. Abre-se aqui, a possibilidade de aplicação de

medida de segurança, conforme artigos 96 e seguintes. Caso afaste parcialmente a

capacidade, haverá semi-imputabilidade, aplicando-se causa de diminuição de pena de 1/3

a 2/3.

Inimputáveis

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou

desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da

omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-

se de acordo com esse entendimento.

Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente,

em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental

incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do

fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

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Aulas 01 a 24

Menoridade

O menor de 18 anos é absolutamente inimputável, respondendo por medidas

socioeducativas conforme o estatuto da criança ou adolescente.

Menores de dezoito anos

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis,

ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.

Embriaguez

Conforme o artigo 28 §§ 1º e 2º, a embriaguez involuntária ou acidental tem o

condão de afastar a imputabilidade quando completa e de servir como semi-

imputabilidade, permitindo redução de 1/3 a 2/3 da pena.

Emoção e paixão

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal

I - a emoção ou a paixão;

Embriaguez

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos

análogos.

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de

caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente

incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com

esse entendimento.

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez,

proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da

omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-

se de acordo com esse entendimento.

OBS: a lei 11343/06, em seu artigo 45 possui previsão especial quanto à

embriaguez involuntária relativa às drogas.

Exigibilidade de conduta diversa

Consiste na expectativa social acerca da adoção de uma conduta distinta daquela

que ele voluntariamente adotou. O artigo 22 do código penal possui duas causas legais de

inexigibilidade de conduta diversa. São elas: a obediência hierárquica e a coação moral

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Aulas 01 a 24

irresistível. Na primeira, importante notar que a maior parte da doutrina afirma que somente

se aplica a obediência hierárquica para os agentes públicos.

Coação irresistível e obediência hierárquica

Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a

ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da

coação ou da ordem.

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Aulas 01 a 24

AULA 15

Concurso de crimes

Conceito: consiste na pluralidade de infrações praticadas por um ou mais agentes.

Cada espécie de concurso gera uma consequência diferente para a aplicação da pena.

Concurso material

Concurso material

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica

dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas

privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de

penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.

Ocorre quando, através de uma pluralidade de condutas, o agente dá causa a uma

pluralidade de infrações. Exemplo: Tício mata Mévio e Caio, cada um com diversos

disparos de arma de fogo.

O critério de aplicação de pena será o do cúmulo material. Após a aplicação

individual, o juiz somará cada uma das sanções. As penas de reclusão serão executadas

primeiro que as de detenção no caso de aplicação conjunta.

Concurso formal

Concurso formal

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou

mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se

iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até

metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é

dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o

disposto no artigo anterior.

Ocorre quando, através de uma só conduta (ação ou omissão) o agente dá causa a

uma pluralidade de crimes. Exemplo: Tício, com um só disparo, mata Mévio e Caio.

O Critério de aplicação de pena dependerá da espécie de concurso:

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Aulas 01 a 24

Concurso formal próprio/perfeito: é aquele no qual não existe desígnios

autônomos entre as infrações. Ocorre quando, através de uma só conduta o agente gera

um resultado doloso e outro culposo, ou uma pluralidade de resultados culposos.

O critério de aplicação de pena é o da exasperação. Aplica-se a pena do crime

mais grave, aumentada de 1/6 à 1/2. A fração é escolhida conforme o número de infrações

praticadas.

Concurso formal impróprio/perfeito: é aquele no qual existe desígnios

autônomos entre as infrações, ou seja, através de uma só conduta, o agente pratica uma

pluralidade de infrações dolosas. A pena será aplicada pelo cúmulo material, assim como

no concurso material de crimes.

Cúmulo material benéfico: Caso a exasperação resulte em uma pena maior do

que o cúmulo material, o juiz deverá cumular em benefício do réu, pois uma regra que veio

para beneficiar não pode acabar prejudicando.

Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art.

69 deste Código.

Crime continuado

Crime continuado

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica

dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira

de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como

continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou

a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois

terços.

É uma ficção jurídica, a partir da qual vários crimes são considerados como um só

delito para fins de aplicação da pena.

Requisitos: Crimes da mesma espécie (que estão no mesmo tipo penal),

praticados nas mesmas condições de tempo (periodicidade entre as condutas; a

jurisprudência afirma que 30 dias entre as ações ou omissões seriam um bom parâmetro),

lugar (mesma comarca ou região metropolitana) e modo (a maneira de execução deve ser

semelhante, para que a última conduta seja considerada continuação da primeira).

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Aulas 01 a 24

O critério para aplicação da pena é, também, o da exasperação. Aplica-se a pena

do crime mais grave e aumenta-se de 1/6 a 2/3.

Elemento subjetivo: a jurisprudência do STJ defende que é necessário, para

aplicação do crime continuado, que todas as infrações estejam unidas por um vínculo

subjetivo, ou seja, uma motivação em comum (exemplo: Tício quer matar seus três irmãos

para ficar com a herança do pai e faz isso com as mesmas condições de tempo, lugar e

modo).

Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com

violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade,

os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os

motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou

a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do

art. 70 e do art. 75 deste Código.

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Aulas 01 a 24

AULA 16

Crimes contra a pessoa.

Homicídio Artigo 121

Homicídio simples

Art. 121. Matar alguem:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Conduta: Matar alguém. No direito, a morte da vítima é marcada pela cessação das

atividades encefálicas. É um delito de ação livre.

Sujeito Ativo: Crime comum. Não exige característica especial do sujeito ativo.

Sujeito Passivo: Qualquer pessoa já nascida.

Elemento subjetivo: Possui forma dolosa nos artigos 121 caput, 121 §§ 1º e 2º. Existe, no

entanto, forma culposa no § 3§, quando o homicídio ocorre por imprudência, negligência

ou imperícia. Caso ocorra na direção de veículo automotor, o crime será aquele tipificado

no artigo 302 da lei 9503/97 (código de trânsito brasileiro).

Consumação e tentativa: Consuma-se com a morte da vítima, classificando-se como

crime material e plurissubsistente (cabe tentativa).

Ação Penal: Pública incondicionada

Competência: será do tribunal do júri para a as modalidades dolosas e do juiz singular

para as demais.

Homicídio privilegiado:

Caso de diminuição de pena

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou

moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação

da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Relevante valor moral: diz respeito a sentimentos nobres pessoais. Exemplo: a

compaixão, a misericórdia.

Relevante valor social: diz respeito a interesses da coletividade. Exemplo: o

homicídio de um bandido violento.

O último privilégio relaciona-se com o estado anímico do agente. A provocação da

vítima deve ser injusta (ilícita, contrária ao direito, mas não necessariamente criminosa) e

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Aulas 01 a 24

deve ser capaz de retirar o autocontrole do agente. Aplica-se a minorante quando ocorre

reação imediata provocada pelo intenso choque emocional.

Homicídio qualificado:

Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

II - por motivo futil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso

ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que

dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro

crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Na hipótese do primeiro inciso, o homicídio será qualificado pela paga ou promessa de

recompensa. Prevalece nos tribunais superiores, que tanto o mandante quanto o executor

respondem pela qualificadora. A expressão “motivo torpe”, refere-se à motivação ignóbil,

vil, de alta reprovação. Usa-se aqui a técnica da interpretação analógica.

A vingança pode ou não ser torpe a depender do caso concreto.

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Aulas 01 a 24

AULA 17

Homicídio qualificado Art. 121 § 2º.

Homicídio simples

Art. 121. Matar alguem:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Caso de diminuição de pena

§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social

ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta

provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio qualificado

§ 2° Se o homicídio é cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

II - por motivo futil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio

insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que

dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;

V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de

outro crime:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

Motivo fútil é o desproporcional, pequeno, insignificante. Quando mata-se por muito

pouco aplica-se esta qualificadora.

O inciso III abandona os motivos e abraça os meios para a prática do delito. A

asfixia é qualquer forma de bloquear as funções respiratórias. Veneno, qualquer

substância capaz de destruir as funções fisiológicas da vítima, sendo necessário ainda que

o ofendido não saiba que está consumindo veneno. No que tange a tortura (imposição de

intenso sofrimento físico ou mental), a lei 9455/97 traz o delito de tortura qualificada pela

morte. A diferença entre os delitos está no elemento subjetivo. O homicídio é doloso,

enquanto a tortura qualificada é crime preterdoloso.

O inciso IV também cuida dos meios reprováveis pelos quais o crime é praticado.

Traição é o ataque pelas costas, emboscada presume o ocultamento do agente, enquanto

dissimilação refere-se à utilização de artifício para induzi-lo a erro.

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Aulas 01 a 24

O inciso V volta a tratar dos motivos para o crime. Não é necessário que o agente

tenha participado do outro crime, mas atenção: a outra infração deve ter natureza

criminosa, não havendo qualificadora no caso de contravenção.

É possível que o homicídio seja qualificado e privilegiado ao mesmo tempo?

A resposta é positiva quanto às qualificadoras objetivas (incisos III e IV), mas

negativa quanto às demais.

O § 5º dispõe acerca do perdão judicial em homicídios culposos. Trata-se de

sentença declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito

condenatório, conforme artigo 120 do código penal e súmula 18 do STJ.

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se

as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a

sanção penal se torne desnecessária.

O § 6º traz uma majorante concernente à constituição de milícia privada ou grupo

de extermínio. Cumpre destacar que o artigo 288-A não poderá ser aplicado

concomitantemente, para se evitar a dupla punição pelo mesmo fato (bis in idem).

§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado

por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por

grupo de extermínio.

Crimes hediondos

O artigo 1º, inciso I da lei 8072/90 dispõe acerca da hediondez no delito de

homicídio.

Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados

no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou

tentados:

I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de

extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121,

§ 2o, I, II, III, IV e V);

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Aulas 01 a 24

AULA 18

Furto

Furto

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Conduta: Subtrair significa retirar, surrupiar, inverter o animus da posse. É

necessário que o furtador não tenha a posse ou detenção do bem. Caso o tenha, haverá

apropriação indébita (artigo 168 do CP). Quando o funcionário público subtrai bem que

está sob a guarda da administração, utilizando a facilidade que a sua função lhe

proporciona, pratica o crime do artigo 312 do CP. Caso o agente tenha alguma pretensão

patrimonial lícita (esteja subtraindo para cobrar uma dívida por exemplo), o crime será o do

artigo 345 do CP.

Peculato

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer

outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou

desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a

posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em

proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade

de funcionário.

Apropriação indébita

Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a

detenção:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

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Aulas 01 a 24

Sujeito Ativo: crime comum.

Sujeito passivo: será o proprietário, o possuidor ou o detentor do bem.

Bem jurídico tutelado: é o patrimônio na figura da posse, propriedade ou detenção.

Elemento subjetivo: dolo + animus rem sibi habendi (vontade de se tornar dono do

bem. O chamado furto de uso não é crime).

Objeto material: coisa alheia móvel. Coisa móvel é aquela que pode ser movida

sem perder sua substância. O artigo 155 § 3º equipara a energia que possui valor

econômico.

Consumação: prevalece no STJ a teoria da Amotio, pela qual o furto se consuma

no momento em que o objeto material é retirado da esfera da disponibilidade da vítima.

Ação Penal: Pública incondicionada.

Competência: juiz singular, via de regra estadual.

Repouso Noturno: É verificado pelos costumes locais e, segundo o atual

entendimento do STJ, o local não precisa ser residencial ou habitado para a aplicação da

majorante.

§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso

noturno.

Furto privilegiado: primário é aquele que não é reincidente (o conceito de

reincidência está no artigo 63 do CP) e pequeno valor, segundo a jurisprudência, é

delimitado pelo salário mínimo.

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode

substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou

aplicar somente a pena de multa.

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Aulas 01 a 24

AULAS 19 a 22

Furto qualificado

Furto qualificado

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

III - com emprego de chave falsa;

IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo

automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior

Rompimento de obstáculo depende da destruição, ainda que parcial, de algo que

existe para proteger a coisa e é alheio a ela própria. Doutrina majoritária exige perícia.

O abuso de confiança é caracterizado por um vínculo pessoal entre autor e vítima.

Simples relação de emprego não configura a qualificadora. O exercício da posse

desvigiada do bem pode levar à apropriação indébita.

Fraude é o artifício utilizado para enganar a vítima, fazendo com que esta diminua a

vigilância sobre a coisa. Não se confunde com o estelionato (artigo 171 do CP), pois neste

a vítima enganada entrega o bem ao agente. Prevalece que saques pela internet

configuram furto mediante fraude.

Escalada é todo meio anormal de ingresso em determinado local. Basta provar que

o agente ingressou no local através de um esforço incomum. Exemplo: por um túnel,

através de um muro muito alto, etc.

Destreza é a habilidade manual que faz com que a vítima não perceba que está

sendo furtada. Deve ser analisada pela ótica da vítima e não por terceiro (caso a vítima

perceba, não haverá destreza, caso terceiro perceba, poderá haver). É necessário que a

vítima traga o bem junto a si.

Chave falsa é qualquer instrumento capaz de simular a função da chave verdadeira,

tenha ou não formato de chave.

O concurso de 2 ou mais pessoas inclui os inimputáveis e não é necessário que

todos participem da subtração, bastando a divisão de tarefas.

O § 5º exige o efetivo transporte do veículo para outro Estado ou para o exterior.

Caso este espaço não seja transposto, a aplicação da qualificadora fica impossibilitada.

Assim, é incabível a tentativa de furto qualificado na situação do § 5º, pois quando o

veículo é retirado da esfera de disponibilidade da vítima, o crime já está consumado. Por

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Aulas 01 a 24

fim, importante dizer que o parágrafo não inclui o Distrito Federal. Conforme a maior parte

da doutrina, a inclusão, por analogia, não é possível.

Roubo

Roubo

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave

ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à

impossibilidade de resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega

violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do

crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.

§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:

I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;

III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal

circunstância.

IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para

outro Estado ou para o exterior;

V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete

a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos,

sem prejuízo da multa.

Roubo próprio – artigo 157 caput. É aquele no qual o agente, antes de se apoderar

da coisa alheia móvel, emprega violência (agressão física que resulta em lesão corporal ou

vias de fato), grave ameaça (coação psicológica, promessa de causar um mal injusto,

grave e possível) ou outro meio que impossibilita a defesa da vítima, chamado pela

doutrina de violência imprópria. 1º.

Roubo impróprio – artigo 157 § 1º. Ocorre quando, após subtrair a coisa, o agente

constrange a vítima mediante violência ou grave ameaça para assegurar a impunidade ou

detenção do bem. É, originalmente, um crime de furto, elevado a roubo no caso concreto.

Sujeito ativo: Crime comum, praticável por qualquer pessoa.

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Aulas 01 a 24

Sujeito Passivo: É o proprietário, possuidor ou detentor do bem, bem como aquele

que sofre alguma violência ou grave ameaça.

Bem jurídico: é o patrimônio, bem como a integridade física e psicológica da vítima.

Assim, é um crime complexo que envolve vários atos ofensivos em um só tipo.

Consumação: ocorre quando a posse da coisa é retirada da disponibilidade da

vítima no roubo próprio e com o emprego de violência ou grave ameaça no impróprio. A

maioria dos autores admite a tentativa em ambas as hipóteses.

Elemento subjetivo: é o dolo, acrescido do desejo de se apoderar definitivamente o

item.

Ação penal: pública incondicionada.

Competência: juiz singular, via de regra estadual.

Majorantes e qualificadoras: arma é qualquer instrumento que possui potencial

lesivo. Afirma-se majoritariamente, hoje, que arma de brinquedo ou simulacros de armas

de fogo não geram a causa de aumento. A maioria entende que é necessário o efetivo

emprego da arma na violência ou ameaça, não bastando o porte do instrumento durante o

crime. O Superior Tribunal de Justiça afirma, hoje, ser desnecessária a apreensão da arma

para configuração da majorante, quando o uso desta for verificável por outros meios de

prova.

No que tange ao § 3º, percebe-se duas qualificadoras: a lesão grave (artigo 129 §1º

§2º) e a morte. São formas qualificadas pelo resultado (assim, aceitam dolo ou culpa) e

causadas apenas pela violência (e não pela grave ameaça). Importante mostrar que o

latrocínio (roubo com resultado morte) se consuma com o falecimento da vítima

independentemente da subtração (súmula 610 do STF) e é sempre julgado pelo tribunal do

júri. Por fim, importante notar que a pluralidade de vítimas mortas não indicará pluralidade

de latrocínios. A quantidade de crimes é determinada pela quantidade de patrimônios.

Extorsão:

Artigo 158 do CP

Extorsão

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o

intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,

tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de

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Aulas 01 a 24

arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.

§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do

artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa

condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de

reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal

grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,

respectivamente.

Conduta: constranger significa obrigar, forçar submeter. A extorsão se difere do

roubo na medida em que neste último crime, a colaboração da vítima é desnecessária para

a obtenção da vantagem. Ademais, o delito do artigo 158 é formal, consumando-se

quando a vítima recebe a violência ou grave ameaça, enquanto o roubo é material, sendo

necessário a efetiva subtração para a consumação.

Sujeito ativo: Crime comum, praticável por qualquer pessoa.

Sujeito Passivo: É o proprietário, possuidor ou detentor do bem, bem como aquele

que sofre alguma violência ou grave ameaça.

Bem jurídico: é o patrimônio, bem como a integridade física e psicológica da vítima.

Assim, é um crime complexo que envolve vários atos ofensivos em um só tipo.

Consumação: crime formal (súmula 96 do STJ).

Elemento subjetivo: é o dolo. É necessário a vontade de obter uma vantagem

Ação penal: pública incondicionada.

Competência: juiz singular, via de regra estadual.

A qualificadora presente no § 3º (nomeada pela ementa da lei como sequestro

relâmpago) refere-se à privação da liberdade da vítima. Conforma a maior parte da

doutrina, a diferença deste delito para aquele previsto no artigo 159 do CP está na

presença de uma terceira pessoa extorquida (aquela que é provocada a pagar o resgate

da pessoa sequestrada).

Apropriação indébita:

Apropriação indébita

Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a

detenção:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Aumento de pena

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Aulas 01 a 24

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:

I - em depósito necessário;

II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,

testamenteiro ou depositário judicial;

III - em razão de ofício, emprego ou profissão.

Conduta: Apropriar-se é assenhorar-se, tornar-se dolo, inverter o animus da posse.

Sujeito ativo: crime comum, praticável por qualquer pessoa a quem seja confiada

a posse ou a detenção de determinado bem móvel. Se funcionário público, apropriando-se

de coisa, pública ou particular, em seu poder em razão do ofício, caracteriza-se crime do

artigo 312 do CP.

Sujeito Passivo: É o proprietário, possuidor ou detentor do bem, bem como aquele

que sofre alguma violência ou grave ameaça.

Bem jurídico: é o patrimônio, bem como a integridade física e psicológica da vítima.

Assim, é um crime complexo que envolve vários atos ofensivos em um só tipo.

Consumação: Ocorre com a prática de qualquer ato incompatível com a condição

de mero possuidor.

Elemento subjetivo: é o dolo subsequente à posse da coisa.

Ação penal: pública incondicionada.

Competência: juiz singular, via de regra estadual.

Apropriação indébita previdenciária:

Apropriação indébita previdenciária

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas

dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:

I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à

previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados,

a terceiros ou arrecadada do público;

II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado

despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de

serviços;

III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores

já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa

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Aulas 01 a 24

e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as

informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,

antes do início da ação fiscal.

§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa

se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:

I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a

denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios;

ou

II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou

inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como

sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.

Conduta: Para a maioria, trata-se de crime omissivo, pois o núcleo é “deixar de

repassar”. Entretanto, são necessárias duas condutas: o recolhimento das contribuições

previdenciárias dos contribuintes e a segunda que é deixar de repassá-la à previdência

social.

Sujeito ativo: crime próprio praticável pelo responsável tributário.

Sujeito Passivo: é a previdência social.

Elemento subjetivo: prevalece na jurisprudência atual o dolo genérico, ou seja, não

exige-se dolo específico de fraudar a previdência social.

Consumação: Ocorre quando se exaure o prazo para repasse do valor da

contribuição ao órgão governamental, dispensando o dolo específico ou o efetivo prejuízo

ao erário.

Ação penal: pública incondicionada

Competência: juiz singular federal.

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Aulas 01 a 24

AULAS 23 e 24

Falsificação de documento público

Artigo 297

Falsificação de documento público

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar

documento público verdadeiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do

cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de

entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de

sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.

§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:

I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja

destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a

qualidade de segurado obrigatório;

II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em

documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa

ou diversa da que deveria ter sido escrita;

III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com

as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa

da que deveria ter constado.

§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no

§ 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do

contrato de trabalho ou de prestação de serviços

Conduta: Falsificar no todo é contrafazer totalmente, produzir do zero. Falsificar em parte

é preencher os espaços vazios, enquanto alterar é modificar o documento, substituindo

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dizeres. É imprescindível que a falsificação seja capaz de enganar um número

indeterminado de pessoas. A contrafação grosseira não resulta em crime.

Documento: é instrumento escrito, de autoria certa e com conteúdo juridicamente

relevante. Será público quando for produzido por funcionário público no exercício da sua

função. O artigo 297 § 2º traz uma lista de documentos equiparados aos públicos.

Sujeito Ativo: Crime comum, qualquer pessoa pode cometer. O funcionário público

também é sujeito ativo em potencial e recebe causa de aumento de pena.

Sujeito Passivo: É o Estado. Mais especificamente a administração pública.

Bem jurídico: Tutela-se a fé pública e a credibilidade dos documentos públicos.

Elemento subjetivo: é o dolo.

Consumação e tentativa: Consuma-se com a falsificação ou alteração do documento,

independentemente de qualquer vantagem. A tentativa é possível.

Ação penal: pública incondicionada.

Falsificação de documento particular.

Artigo 298 CP

Falsificação de documento particular

Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar

documento particular verdadeiro:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

Falsificação de cartão

Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento

particular o cartão de crédito ou débito.

Conduta: Falsificar no todo é contrafazer totalmente, produzir do zero. Falsificar em parte

é preencher os espaços vazios, enquanto alterar é modificar o documento, substituindo

dizeres. É imprescindível que a falsificação seja capaz de enganar um número

indeterminado de pessoas. A contrafação grosseira não resulta em crime.

Documento particular: é definido por exclusão. Será particular aquele que não for

público.

Sujeito Ativo: Crime comum, qualquer pessoa pode cometer. O funcionário público

também é sujeito ativo em potencial e recebe causa de aumento de pena.

Sujeito Passivo: É o Estado. Mais especificamente a administração pública.

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Bem jurídico: Tutela-se a fé pública e interesses particulares contidos nos documentos.

Elemento subjetivo: é o dolo.

Consumação e tentativa: Consuma-se com a falsificação ou alteração do documento,

independentemente de qualquer vantagem. A tentativa é possível.

Ação penal: pública incondicionada.

Falsidade ideológica

Artigo 299 CP

Falsidade ideológica

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele

devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que

devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a

verdade sobre fato juridicamente relevante:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e

reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular.

Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime

prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de

registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

Conduta: Omitir declaração (ao confeccionar o documento, público ou particular, o

omitente deixa de mencionar informação que nele deveria constar), inserir ou fazer inserir

declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita na redação do documento. Este

delito é diferente da falsificação material, pois o documento é formalmente verdadeiro, mas

a informação nele contida é falsa.

Sujeito Ativo: Crime comum, qualquer pessoa pode cometer. O funcionário público

também é sujeito ativo em potencial e receberá majorante.

Sujeito Passivo: É o Estado. Mais especificamente a administração pública.

Bem jurídico: Tutela-se fé pública.

Elemento subjetivo: é o dolo.

Consumação e tentativa: Consuma-se com uma das práticas previstas no artigo 299 do

CP, independentemente de dano ou vantagem. É crime formal. Cabe tentativa na

modalidade comissiva.

Ação penal: pública incondicionada.

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Uso de documento falso

Artigo 304 do CP.

Uso de documento falso

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se

referem os arts. 297 a 302:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Conduta: consiste em fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados a que se

referem os artigos 297 a 302 do CP, como se fossem verdadeiros. O uso deve ser

voluntário, mas não necessariamente espontâneo. Basta que o agente apresente o

documento quando solicitado, entretanto, portar documento falso é figura atípica.

Sujeito Ativo: Crime comum, qualquer pessoa pode cometer.

Sujeito Passivo: É o Estado. Mais especificamente a administração pública

Elemento subjetivo: é o dolo. Caso o agente não saiba que o documento é falso, não

haverá crime.

Consumação e tentativa: Consuma-se com a utilização do documento

independentemente de qualquer vantagem. A tentativa é possível.

Ação penal: pública incondicionada.

Peculato Desvio:

Peculato

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer

outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou

desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.

Conduta: Desviar é dar utilização imprópria de forma definitiva. Difere-se do crime

do artigo 315 do CP, pois neste as rendas públicas ainda ficam no patrimônio público.

Sujeito ativo: Crime próprio de funcionário público (artigo 327). É necessário que a

posse do bem se dê em virtude da função. Terceiro ainda pode colaborar como coautor ou

partícipe (artigo 30 do CP).

Sujeito passivo: Será o Estado

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Bem jurídico: É a moralidade administrativa e o patrimônio da administração (e

eventualmente de terceiro).

Elemento subjetivo: é o dolo.

Objeto material: bem público ou particular que esteja sob a guarda da

administração pública. É necessário o desvio definitivo, em proveito próprio ou alheio

(peculato de uso é figura atípica).

Consumação: Com o efetivo desvio independentemente de obtenção de

vantagem.

Ação Penal: pública incondicionada.

Peculato furto (impróprio)

§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse

do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em

proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade

de funcionário.

Conduta: subtrair é retirar, surrupiar.

Sujeito ativo: Crime próprio de funcionário público (artigo 327). É necessário que a

subtração se dê em virtude de facilidade proporcionada pela da função. Terceiro ainda

pode colaborar como coautor ou partícipe (artigo 30 do CP).

Sujeito passivo: Será o Estado.

Bem jurídico: É a moralidade administrativa e o patrimônio da administração (e

eventualmente de terceiro).

Elemento subjetivo: é o dolo.

Objeto material: bem público ou particular que esteja sob a guarda da

administração pública e não esteja na posse do funcionário público.

Consumação: Com a efetiva subtração.

Ação Penal: pública incondicionada.

Peculato culposo

Peculato culposo

§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano.

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Conduta: Concorrer culposamente é colaborar, com imprudência, negligência ou

imperícia para a prática de peculato por outro funcionário público.

Sujeito ativo: Crime próprio de funcionário público (artigo 327.

Sujeito passivo: Será o Estado

Bem jurídico: É a moralidade administrativa e o patrimônio da administração (e

eventualmente de terceiro).

Elemento subjetivo: é a culpa.

Objeto material: bem público ou particular que esteja sob a guarda da

administração pública e na posse do funcionário público.

Consumação: Com a prática da outra modalidade de peculato por parte de um

funcionário público.

Ação Penal: pública incondicionada.

Peculato mediante erro de outrem (peculato estelionato).

Peculato mediante erro de outrem

Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do

cargo, recebeu por erro de outrem:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Conduta: Apropriar-se (assenhorar-se tornar-se dono) de bem que o agente

recebeu em virtude de erro de outrem. É importante que o erro seja espontâneo, caso seja

provocado, haverá estelionato do artigo 171 do CP.

Sujeito ativo: Crime próprio de funcionário público (artigo 327). Terceiro ainda

pode colaborar como coautor ou partícipe (artigo 30 do CP).

Sujeito passivo: Será o Estado

Bem jurídico: É a moralidade administrativa e o patrimônio da administração (e

eventualmente de terceiro).

Objeto material: coisa alheia móvel que a agente obtenha por erro de outrem.

Consumação: Ocorre no momento em que o agente percebe o erro e não o

desfaz.

Ação Penal: pública incondicionada.

Peculato eletrônico (Art. 313-A)

Inserção de dados falsos em sistema de informações

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados

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falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados

ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem

indevida para si ou para outrem ou para causar dano:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa

Conduta: Inserir ou facilitar a inserção (de informações falsas), alterar ou excluir

(informações verdadeiras) dos sistemas informatizados da administração público.

Sujeito ativo: Crime próprio de funcionário público autorizado. Caso seja praticado

por funcionário não autorizado, haverá crime do artigo 313-B ou 299 do CP conforme o

caso.

Sujeito passivo: Será o Estado

Bem jurídico: É a moralidade administrativa.

Elemento subjetivo: é o dolo, aliado ao fim específico de obter vantagem para si

ou para outrem.

Objeto material: Dados e informações dos sistemas da administração.

Consumação: Com a inserção ou exclusão da informação, independentemente de

qualquer vantagem.

Ação Penal: pública incondicionada.

Peculato eletrônico (art. 313-B)

Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações

Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou

programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Conduta: Modificar ou alterar o próprio sistema de informações. A conduta não

recai sobre dados, mas sobre o próprio software.

Sujeito ativo: Crime próprio de funcionário público (artigo 327). Terceiro ainda

pode colaborar como coautor ou partícipe (artigo 30 do CP).

Sujeito passivo: Será o Estado

Bem jurídico: É a moralidade administrativa.

Elemento subjetivo: é o dolo genérico.

Objeto material: É o próprio sistema de informações.

Consumação: Com a modificação ou alteração, independentemente de qualquer

vantagem.

Ação Penal: pública incondicionada.

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Concussão (art. 316)

Concussão

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora

da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Conduta: Exigir é forma especial de extorsão É um pedido intimidatório, coercitivo,

realizado com abuso de autoridade. Pode ser realizado ainda que fora da função ou antes

de assumi-la, contanto que haja nexo causal entre a função praticada e o mal prometido.

Sujeito ativo: Crime próprio de funcionário público (artigo 327). Terceiro ainda

pode colaborar como coautor ou partícipe (artigo 30 do CP).

Sujeito passivo: Será o Estado

Bem jurídico: É a moralidade administrativa.

Elemento subjetivo: é o dolo.

Objeto material: vantagem indevida de qualquer natureza.

Consumação: Ocorre quando a exigência é recebida pelo particular, sendo

desnecessário qualquer pagamento de vantagem (crime formal). A tentativa é possível na

forma escrita.

Ação Penal: pública incondicionada.

Excesso de exação (artigo 316 §1º e 2º)

Excesso de exação

§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria

saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou

gravoso, que a lei não autoriza:

Conduta: Exigir tributo ou contribuição social que sabe (dolo direto) ou deveria

saber (dolo eventual) indevida, ou quando devido, empregar meio vexatório

(constrangedor) ou gravoso (violento, impróprio) na cobrança.

Sujeito ativo: Crime próprio de funcionário público responsável pela arrecadação

de tributos (parte da doutrina afirma que é próprio de qualquer funcionário). Terceiro ainda

pode colaborar como coautor ou partícipe (artigo 30 do CP).

Sujeito passivo: Será o Estado e o particular eventualmente lesado.

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Aulas 01 a 24

Bem jurídico: É a moralidade administrativa e o patrimônio da administração (e

eventualmente de terceiro).

Elemento subjetivo: é o dolo, direto ou eventual.

Objeto material: tributo ou contribuição social.

Consumação: Com a mera exigência ou cobrança. Crime formal.

Ação Penal: pública incondicionada.

Corrupção Passiva (artigo 317)

Corrupção passiva

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente,

ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem

indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Conduta: Solicitar é pedir, receber é obter materialmente. É necessário nexo de

causalidade entre o favor barganhado e a vantagem solicitada, recebida ou prometida. Por

fim, não é necessário que o agente esteja investido na função no momento da conduta,

mas que realize o crime em função dela.

Sujeito ativo: Crime próprio de funcionário público (artigo 327). Terceiro ainda

pode colaborar como coautor ou partícipe (artigo 30 do CP).

Sujeito passivo: Será o Estado.

Bem jurídico: É a moralidade administrativa.

Elemento subjetivo: é o dolo.

Objeto material: vantagem indevida de qualquer natureza.

Consumação: Ocorre quando a solicitação é recebida pelo particular (crime

formal), quando a vantagem é recebida (crime material) ou quando a promessa é aceita

(crime formal). A tentativa é possível na forma escrita, quando a solicitação não chega ao

sujeito.

Ação Penal: pública incondicionada.

Forma majorada: Art. 317 § 2º: Não se aplica se o agente pratica crime ao realizar

o ato de ofício barganhado.

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Corrupção ativa (artigo 333)

Corrupção ativa

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para

determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Conduta: Oferecer ou prometer vantagem indevida de qualquer natureza a

funcionário com o fim de que ele pratique, omite ou retarde ato de ofício. Necessário notar

que a conduta deve ser espontânea. Caso o funcionário solicite ou exija a conduta, e o

particular pague, não haverá crime por parte deste, pois dar ou pagar não é elemento do

tipo. Ademais é preciso perceber que não existe bilateralidade necessária entre corrupção

ativa e passiva.

Sujeito ativo: Crime comum praticável por qualquer pessoa.

Sujeito passivo: Será o Estado.

Bem jurídico: É a moralidade administrativa.

Elemento subjetivo: é o dolo.

Objeto material: vantagem indevida de qualquer natureza.

Consumação: Ocorre quando a vantagem é prometida ou oferecida (crime formal)

não sendo necessário o seu recebimento pelo funcionário.

Ação Penal: pública incondicionada.

Resistência

Artigo 329 do CP.

Resistência

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a

funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

Pena - detenção, de dois meses a dois anos.

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:

Pena - reclusão, de um a três anos.

§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à

violência.

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Conduta: Consiste em se opor, ativamente à execução de ato legal mediante violência

(emprego de força física) ou ameaça (violência psicológica, promessa de imposição de um

mal), contra a pessoa do funcionário público ou terceiro que o auxilia. A resistência

passiva, não gera este crime. Ademais, o ato resistido deve ser legal, entretanto, não se

pode discutir a justiça da decisão que ordenou sua execução. (Exemplo: é possível resistir

legalmente à uma prisão sem mandado e fora das hipóteses de flagrante, mas não é

possível resistir com fundamento no desrespeito, por parte da decisão do juiz, aos

fundamentos da prisão preventiva.

Sujeito Ativo: Crime comum. Qualquer pessoa, não necessariamente a pessoa a quem o

ato foi destinado.

Sujeito Passivo: É o Estado. Mais especificamente a administração pública.

Secundariamente, o funcionário executor da ordem e seus auxiliares.

Bem jurídico: Tutela-se a moralidade administrativa.

Elemento subjetivo: é o dolo.

Consumação e tentativa: Consuma-se com o ato de violência ou grave ameaça,

independentemente do impedimento do ato.

Ação penal: pública incondicionada.

Desobediência

Artigo 330

Desobediência

Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.

Conduta: Pune-se a conduta do agente que voluntariamente não atende, descumpre a

ordem legal de funcionário público. É necessário que não haja sanção civil ou

administrativa para o descumprimento, que o destinatário da ordem tenha o dever de

atende-la e que a ordem seja individualizada.

Sujeito Ativo: Crime comum, qualquer pessoa pode cometer. O funcionário público

também é sujeito ativo em potencial, contanto que a ordem recebida não se refira a suas

funções, pois neste caso teremos prevaricação.

Sujeito Passivo: É o Estado. Mais especificamente a administração pública.

Bem jurídico: Tutela-se a preservação do prestígio da autoridade inerentes às atividades

desempenhados pelos funcionários públicos.

Elemento subjetivo: é o dolo.

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Aulas 01 a 24

Consumação e tentativa: Consuma-se com a prática do ato proibido pela ordem, ou com

a omissão do ato ordenado. Cabe tentativa na modalidade comissiva.

Ação penal: pública incondicionada.

Desacato

Artigo 331

Desacato

Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão

dela:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

Conduta: Desacatar é menosprezar, diminuir, humilhar, menoscabar. É necessário que o

funcionário público esteja fisicamente presente. Por fim, o funcionário não precisa estar no

exercício da sua função, contanto que os atos difamatórios sejam em função dela.

Sujeito Ativo: Crime comum, qualquer pessoa pode cometer. Afirma-se que o funcionário

público também é sujeito ativo em potencial, contanto que não esteja no exercício da sua

função.

Sujeito Passivo: É o Estado. Mais especificamente a administração pública. Com sujeito

passivo secundário, temos o funcionário desacatado.

Bem jurídico: Tutela-se a preservação do prestígio da autoridade inerentes às atividades

desempenhados pelos funcionários públicos.

Elemento subjetivo: é o dolo.

Consumação e tentativa: Consuma-se quando o funcionário público toma conhecimento

direto do ato humilhante e ofensivo, pouco importa se o funcionário se sente ofendido.

Ação penal: pública incondicionada.