direito internacional privado

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FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 1. Fazer um paralelo entre as fontes do DIPr e as dos demais ramos do Direito. Resposta: No Direito Internacional Privado, a grande fonte é a lei interna de cada país: as fontes formais, estas não se afastam substancialmente das dos demais ramos das ciências jurídicas. Os Estados dispõem as fontes de maneira que lhe parece adequada, para solução de conflitos, independentemente das regras adotadas por outros povos. Apesar das divergências dos estudiosos quanto às fontes, em essência elas se classificam em fontes internas (as leis de cada país) e as fontes externas (os tratados), nas duas classificações encontramos os costumes, a doutrina e a jurisprudência. Assim podemos concluir que a lei interna é a grande fonte do Direito, pela qual suas regras se manifestam no corpo da ciência jurídica e principal fonte do Direito Internacional Privado. Segundo Haroldo Valladão, com referência aos sistemas de produção jurídica, em Direito Internacional Privado e nos demais ramos do Direito, constata-se que ela varia conforme a necessidade de emprego em cada espécie: em matérias clássicas, codificadas, predomina a lei; nas modernas contemporâneas, os tratados; crescendo a influência da jurisprudência e da doutrina, nas menos legisladas; enquanto nas que acatam a

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FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

1. Fazer um paralelo entre as fontes do DIPr e as dos demais ramos do Direito.Resposta:No Direito Internacional Privado, a grande fonte a lei interna de cada pas: as fontes formais, estas no se afastam substancialmente das dos demais ramos das cincias jurdicas. Os Estados dispem as fontes de maneira que lhe parece adequada, para soluo de conflitos, independentemente das regras adotadas por outros povos. Apesar das divergncias dos estudiosos quanto s fontes, em essncia elas se classificam em fontes internas (as leis de cada pas) e as fontes externas (os tratados), nas duas classificaes encontramos os costumes, a doutrina e a jurisprudncia. Assim podemos concluir que a lei interna a grande fonte do Direito, pela qual suas regras se manifestam no corpo da cincia jurdica e principal fonte do Direito Internacional Privado. Segundo Haroldo Vallado, com referncia aos sistemas de produo jurdica, em Direito Internacional Privado e nos demais ramos do Direito, constata-se que ela varia conforme a necessidade de emprego em cada espcie: em matrias clssicas, codificadas, predomina a lei; nas modernas contemporneas, os tratados; crescendo a influncia da jurisprudncia e da doutrina, nas menos legisladas; enquanto nas que acatam a autonomia da vontade os acordos e convenes so as fontes mais importantes.

2. Tecer comentrios sobre a fonte principal do Direito Internacional Privado no Brasil.Resposta:A LEI a principal fonte do Direito Internacional Privado. No Brasil, ela detm essa primazia como fonte de DIPr, contida em vrias normas jurdicas.Na Constituio Federal/88, temos postulados referentes aos estrangeiros nos artigos 5o, 12, 14 e 22, bem como a extradio (artigo 102, I, g) e sobre homologao de sentena estrangeira (artigo 105, I, i). No cdigo Tributrio Nacional (artigos 98 e 100), Cdigo de Processo Civil (artigos 88 e 337), Cdigo Civil de 1916 e Cdigo de 2002 existem dispositivos de Direito Internacional Privado. A maioria das normas sobre conflitos de leis no espao se encontra na Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro (LINDB), em seus artigos 7o a 19. O Estatuto do Estrangeiro, com grande relevncia no ordenamento jurdico brasileiro, com amplo e rico conjunto de normas de Direito Internacional Privado.

3. Apresentar a sua classificao das fontes de DIPr, justificando-a.Resposta: As fontes do Direito Internacional privado classificam em fontes: interna que so as leis de cada pas No estado atual da Cincia Jurdica, o Direito Internacional Privado Direito Privado, Direito Nacional de cada pas. Suas normas, seus princpios esto formulados na legislao positiva de cada Estado; fontes externas: os tratados tm grande importncia ante a ausncia de leis supranacionais, possuindo natureza jurdica dupla: obrigam nos planos interno e internacional na soluo de conflitos. Nos dois polos encontramos os costumes, a doutrina e a jurisprudncia.

4. Por que os tratados so to importantes como fonte de DIPr?Resposta:Os tratados assumem excepcional importncia, que tende a crescer com o aumento das relaes internacionais. Porque na impossibilidade de uma lei supranacional com poder de coero sobre os pases, uma vez aprovado pelas partes signatrias e promulgado, passa a ter fora de lei. A sua natureza jurdica, a partir de ento, dupla, pois obriga tanto internamente, quanto no plano internacional.

5. Defender o emprego da doutrina e da jurisprudncia como fontes de DIPr.Resposta:Deve-se reconhecer a notvel importncia da doutrina na soluo de conflitos de leis no espao, quando h omisso da lei e inexiste tratado. Mesmo convenes assinadas, mas no ratificadas ou promulgadas, oferecem subsdios para doutrinadores, em cuja obra o magistrado poder encontrar a soluo do conflito em julgamento. Nas cincias jurdicas como um todo, e na rea do Direito Internacional Privado em particular, a doutrina indica caminhos que conduzem a solues adequadas e justas; a jurisprudncia vem-se constituindo verdadeira fonte do Direito Internacional Privado, ante a lacuna da lei e ausncia de outras fontes, socorrer-se de julgados reiterados das Cortes maiores do Pas. O intenso intercmbio entre pessoas de diferentes pases, firmando negcios, unindo-se por casamentos, contratando pacotes tursticos e interagindo com pessoas das mais diversas nacionalidades, tem ocasionado o surgimento de litgios entre pessoas regidas por legislaes diversas. As decises a respeito de tais litgios, at pela semelhana decisria em casos anlogos, j que muitos conflitos se repetem, acabam ensejando valiosos precedentes para o julgador. Trata-se da fonte mais importante na Gr-Bretanha, Estados Unidos e Frana.

6- Comentar sobre os costumes como fonte do Direito Internacional Privado no Brasil. Resposta:Reconhecidos como fonte de Direito Internacional Privado, os costumes podem ser no plano interno ou internacional. No Brasil, so empregados na falta ou na omisso da lei, conforme estabelece a Lei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro.

TEORIA DAS QUALIFICAES1. Conceituar qualificao e justificar sua importncia na soluo de lides de Direito Internacional Privado.Resposta:Qualificao a operao pela qual o juiz, antes de decidir, verifica a que instituio jurdica corresponde os fatos realmente provados. A qualificao deve anteceder a escolha da lei aplicvel, sendo sempre processual; se qualificam apenas questes jurdicas, nunca simples fatos, que no tm qualificao jurdica em si mesma. Diferenas de entendimento entre legislaes de pases distintos impem a necessidade de qualificar. A qualificao excepcionalmente necessria, pois estamos diante de conflitos no espao e de legislaes de Estados diferentes. Fato tipificado como crime no Brasil, pode no ser em outro pas.

2. Dissertar sobre cinco institutos jurdicos que necessitam de qualificao para um perfeito julgamento da lide.Resposta:a) Em um pas a capacidade civil plena adquirida aos 16 anos, em outros, como ocorre no Brasil, aos 18 anos (art. 5,caput, CC/02), e ainda pode ocorrer aos 21, podendo variar ainda mais tal critrio. b) Para uns o incio da personalidade jurdica comea com a concepo, para outros com o nascimento com vida, como o caso do Brasil (art. 2, CC/02), e para outros se exige a viabilidade ou que sobreviva por um determinado perodo de tempo, aps o nascimento. c) Alguns pases admitem a poligamia, outros no, como o Brasil, que dentre os deveres conjugais, impe-se a fidelidade (art. 1.566, inc. I, CC/02), evidenciando um modelo de relao conjugal monogmica;d) As pessoas jurdicas devem obedecer lei do Estado em que se constiturem, portanto de seu domiclio. e) Relao matrimonial constituda no exterior, em conformidade com a forma estabelecida pela lei local de celebrao do casamento, ser reconhecida como vlida no ordenamento brasileiro, salvo naqueles casos em que o ato realizado violar a ofensa ordem pblica ou fraudar a lei nacional. Portanto, alude-se de acordo com a expresso latina dolex loci celebrationis.f) Os direitos reais se distinguem dos direitos pessoais, sendo necessrio qualificar os diversos atos e contratos para saber em qual das duas categorias enquadr-los.

3. Apresentar e defender a teoria de Etienne Bartin sobre as qualificaes.Resposta:A teoria das Qualificaes desenvolvida por Etienne Bartin, a soluo est em aplicar a lei do foro, lex fori: o julgador devia preocupar-se apenas em qualificar o instituto com base em sua prpria lei. Com notria prevalncia da lexi fori, como critrio de qualificao. As justificativas para essa postura da legislao e da doutrina so variadas e consistentes:a) ausncia de linguagem jurdica comum entre os pases;b) presuno de coeso interna nos ordenamentos jurdicos;c) dificuldade de o sistema do foro compreender e empregar autenticamente as qualificaes estrangeiras;d) carter interno das normas de conflito, que torna mais adequada a qualificao por esse Direito;e) incongruncia de utilizar a lex cause para qualificar norma de conflito eventualmente aplicvel quando ainda desconhecida a prpria lei estrangeira a ser aplicada.

4. Explicar e justificar a posio da legislao e da doutrina sobre as qualificaes adotadas no Brasil.Resposta:Na doutrina brasileira predomina a qualificao pela lei do foro, assim como, a legislao. O Brasil, adota no silncio de suas regras, a qualificao pela lex fori, deixando, pois, toda liberdade ao juiz nacional para resolver a questo. As justificativas para posio da legislao e da doutrina so , ausncia de linguagem jurdica entre os pases; presuno de coeso interna nos ordenamentos jurdicos; dificuldade de o sistema do foro compreender e empregar autenticamente as qualificaes estrangeiras; carter interno das normas de conflito, que torna mais adequada a qualificao por esse Direito; e incongruncia de utilizar a lex causae para qualificar norma de conflito eventualmente aplicvel quando ainda desconhecida a prpria lei estrangeira a ser aplicada.

5. Tecer consideraes sobre os casos clssicos de qualificao e sua importncia no estudo atual do tema.Resposta:Os casos clssicos demonstram na prtica a importncia da Teoria das Qualificaes, atravs de jurisprudncias francesas bem sucedidas. No caso da sucesso do malts, houve um conflito de normas entre a Arglia ento sob legislao francesa e a legislao aplicada na ilha de Malta, sendo matrimnio realizado na Ilha de Malta e ltimo domiclio a Arglia, Bartin, advogado da viva defendeu a tese de que a soluo se encontrava no direito de famlia, devendo ser buscada no regime matrimonial de bens, tratando-se de um caso de qualificao: direito de famlia ou direito sucessrio. Venceu a tese de Bartin, recebendo a viva sua parte. Segundo caso do testamento holgrafo do holands, que faleceu na Frana, o testamento dependia da qualificao: estatuto pessoal ou forma dos atos jurdicos. A justia francesa entendeu que prevalecia a forma do ato, tendo o testamento produzido seus efeitos. Terceiro caso, casamento do grego com mulher francesa, sem a cerimnia religiosa obrigatria pela legislao grega, ensejou um problema de qualificao: condio de fundo ou condio de forma. Prevaleceu a forma, sendo reconhecido o casamento. Lembrando que o casal tinha seu domiclio na Frana. Atravs dos trs casos verificamos a importncia da qualificao no caso concreto, para soluo de conflitos entre normas de diferentes pases.

ELEMENTOS DE CONEXO1. Conceituar a conexo no Direito Internacional Privado, identificando seu objeto e elemento, e os analisando em um caso concreto (lei ou relao jurdica).Resposta:Conexo significa ligao unio, ponte, encontro, vnculo, entroncamento, nexo, ponto comum. O elemento de conexo como a parte da norma de Direito Internacional Privado que determina o direito aplicvel, seja o nacional (do julgador), seja o estrangeiro. A norma do de DIPr contm trs partes: objeto, elemento e consequncia jurdica. O objeto da conexo a matria a que se refere uma norma indicativa ou indireta de Direito Internacional Privado, ocupando-se de questes jurdicas vinculadas a fatos ou elementos de fatores sociais com conexo internacional; como capacidade jurdica, nome de uma pessoa ou pretenses jurdicas decorrentes. Analisando o caso concreto: A sucesso por morte ou por ausncia ( objeto de conexo- requer qualificao) obedece a lei do pas em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido (elemento de conexo domiclio). A consequncia jurdica ser a aplicao do direito indicado.

2. Apresentar cinco elementos de conexo, destacando sua importncia e aplicabilidade no ordenamento jurdico brasileiro.Resposta:a) Domiclio o elemento de conexo predominante no Direito Internacional Privado, sendo adotado pelo Brasil e pelos pases da Amrica Latina. O conceito varivel, podendo haver pluralidade de domiclios ou, a sua ausncia (admide).b) Nacionalidade definida pela lex fori. Mesmo o anacional poder utilizar-se dela. A nacionalidade elemento de conexo de profunda importncia. No Brasil, a nacionalidade foi conexo usada na Introduo ao Cdigo Civil de 1916. Conexo centrada na pessoa, soluciona a ampla maioria dos problemas do DIPr.c) O lugar da constituio das obrigaes est inserido em nosso direito positivo (artigo 9o da LINDB), sua aplicao ampla no direito das obrigaes.d) Reais, lex rei sitae, lei da situao da coisa (imveis): aceita universalmente e determinada no artigo 8o da LINDB.e) Normativos: lexi fori, lex cause ( que abarca todas as normas de conexo que no so lex fori) e lei mais favorvel.f) Delituais ou penais: lugar do ilcito, domiclio ou nacionalidade do infrator ou da vtima, natureza da infrao e lei do dano, de grande relevncia e aplicabilidade no ordenamento jurdico brasileiro.