FADISMA

Luciana Manica Gssling

Ubi homo ibi societas; ubi societas, ibi jusAssim referiaUlpianono"Corpus Iuris Civilis. Ou seja: onde est o Homem, h sociedade; onde h sociedade, h direitoConsiderando que cada pas regula o direito das pessoas e a situao jurdica dos bens, essas leis variam de um Estado para outroDa surge o direito internacional privado fenmeno jurdico constitudo pela pluralidade de ordenamentos jurdicos e da relao que entre eles se estabelece

(...) Se existe um conjunto jurdico que assegura os direitos do homem dentro de uma soberania local, preciso que exista tambm um conjunto de regras, uma organizao jurdica, um cincia que zele pelos direitos do homem, que abandone aquela soberania e que o acompanhe naquela peregrinao pelo mundo, que mantenha e garanta seus direitos, em qualquer parte que pretenda faz-los valer. (Irineu Strenger)

Duas ou mais leis divergentes concorrem para resolver a mesma relao jurdica.

Dir. Internacional Privado: conjunto de princpios que determinam a lei aplicvel s relaes jurdicas entre pessoas pertencentes a Estados ou Territrios diferentes, aos atos praticados em pases estrangeiros e, em suma, a todos os casos em que, POR VEZES, devemos aplicar a lei de um Estado no Territrio de outro (extraterritorialidade das leis).

Dir. Internacional Pblico: estuda as relaes internacionais, qual seja, os direitos dos Estados, enquanto soberanos, nas suas relaes de uns frente aos outros.

Regras criadas para determinadas categorias de situaes conectadas a mais de um sistema jurdico = regras de conexo ou normas indiretas, INDICAM O DIREITO MATERIAL A SER APLICADO, A LEI (a lei processual ser o do local do foro em que se encontra o litgio)

Mtodo conflitual aplicado na Europa e Am. Latina na soluo de uma questo de direito contendo um conflito de leis, consiste na designao da lei aplicvel, atravs dos elementos de conexo

CF X lei estrangeira CF > lei estrangeiraArt. 4 do Cdigo de Bustamante assevera que os preceitos constitucionais so de ordem pblicaArt. 17, LINDB.As leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes de vontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes.

NacionalidadeDomiclioLocal da execuo do contrato, da assinatura do contrato, da situao dos bens, etc.

Um italiano falecido com parte dos seus bens na Itlia e outra no Brasil, sendo imveis os ltimos onde correr o inventrio? Nos dois pases? Pode haver litispendncia de aes?

Ingls, conhecedor das maravilhas brasileiras, adquiriu casa em Jurer Internacional para l fugir do inverno londrino, onde veio a falecer. a) Qual o foro competente para processar o inventrio? b) Qual a lei aplicvel?

Art. 5, XXXI, CF - a sucesso de bens de estrangeiros situados no Pas ser regulada pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do "de cujus";LINDB, art. 10.A sucesso por morte ou por ausncia obedece lei do pas em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situao dos bens. - 1 A sucesso de bens de estrangeiros, situados no Pas, ser regulada pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do de cujus (mas apenas quanto aos bens situados no Brasil) - 2oA lei do domiclio do herdeiro ou legatrio regula a capacidade para suceder.CPC, art. 89. Competncia exclusiva do Brasil - I - conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil; - II - proceder a inventrio e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herana seja estrangeiro e tenha residido fora do territrio nacional.

Art. 88. competente a autoridade judiciria brasileira quando: (competncia concorrente)I - o ru, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigao;III - a ao se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.Pargrafo nico. Para o fim do disposto no noI, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurdica estrangeira que aqui tiver agncia, filial ou sucursal.Art. 89. Compete autoridade judiciria brasileira, com excluso de qualquer outra: (competncia exclusiva)I - conhecer de aes relativas a imveis situados no Brasil;II - proceder a inventrio e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herana seja estrangeiro e tenha residido fora do territrio nacional.Art. 90. A ao intentada perante tribunal estrangeiro no induz litispendncia, nem obsta a que a autoridade judiciria brasileira conhea da mesma causa e das que Ihe so conexas.

UNITARISTA (lei pessoal do de cujus domiclio ou nacionalidade)Savigny : lei do domiclio do de cujus, desconsiderando a lei do local da situao dos bensMancini:idem, mas a lei da nacionalidade do mortoBrasil: lei do ltimo domiclio do de cujus ou desaparecido (art. 10, LINDB).

Excees: Capacidade para suceder: lei do domiclio do herdeiro ou legatrioBens de estrangeiros situados no Brasil: pela lei brasileira em benefcio do cnjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que no lhes seja mais favorvel a lei pessoal do "de cujus

PLURALISTA (sistema da fragmentao sucessria)Aplicar tantas leis quantas sejam necessrias em razo:Da localizao dos imveis sero abertos tantos juzos sucessrios quanto os bens situados fora do local do ltimo domiclio do de cujus (lex rei sitae)Da nacionalidadeDo ltimo domiclio do falecido/desaparecidoDo local onde faleceu PROBLEMAS: Mesmo herdeiro pode renunciar herana num pas e aceitar noutra; ser herdeiro aqui e no ali; partilhar diversamente as dvidas; testamento ser nulo num local e no noutro

Princpio da universalidade sucessria, sucesso se rege por lei nica, qualquer que seja a situao dos bensTeoria da Unidade Sucessria: a sucesso causa mortis dever ser regida pela lei dodomicliodo de cujus, desprezando-se a nacionalidade do autor da herana e a de seu sucessor e a natureza e a situao dos bens, unificando a jurisdio do ltimo domiclio do de cujus para apreciao de todas as questes relativas sucessoFINADO com mais de um domiclio: competente ser o foro onde o inventrio foi requerido primeiro (art. 71, CC. Se, porm, a pessoa natural tiver diversas residncias, onde, alternadamente, viva, considerar-se- domiclio seu qualquer delas.)

Instituio e substituio da pessoa sucessvel Ordem de vocao hereditria (sucesso legtima);Alcance dos direitos atribudos aos herdeiros e legatrios;Limites liberdade de testar;Quotas reservadas aos herdeiros necessrios na constituio da legtima;Causa determinante da deserdao;Colao de bens;Reduo das disposies testamentrias;Partilha e pagamento de dvidas contradas pelo esplio.

Validade extrnseca quanto forma (locus regit actum)- Lei do local da realizao do ato (juiz analisa a forma legal e se foi lavrado por autoridade competente, de acordo com o direito local)Ex: testamento da cantora lrica Gabriela B. Lage (fez em Roma testamento de prprio punho sem testemunhas referindo bens imveis no BR)Validade intrnseca quanto substncia- Local do ltimo domiclio do testador (juiz observa o contedo das disposies de ltima vontade, clusulas, admissibilidade e efeitos delas decorrentes, de acordo com a lei do local do ltimo domiclio do testador)

Art. 10, 2o, LINDB: A lei do domiclio do herdeiro ou legatrio regula a capacidade para suceder.

- Fundamento: proteo dos herdeiros

- Condio de herdeiro (possibilidade de ser herdeiro) regulada pelo lei do ltimo domiclio do falecido

aptido para exercer o direito de suceder reconhecida pela LEI DOMICILIAR DO AUTOR DA HERANA e regido pela LEI PESSOAL DO HERDEIRO, e no a capacidade para ter direito de sucessor, que se rege pela LEI DOMICILIAR DO FALECIDO.

Um filho natural reconhecido ou adotivo, cuja lei pessoal seja diversa da do falecido pai, ter seu direito sucesso regido pela lei do falecido (caput art. 10), mesmo que a sua lei no admita tal direito sucessrio. Apenas dever averiguar se o reconhecimento ou a adoo, em sua forma extrnseca, se deu de acordo com a lei competente e se o herdeiro tem aptido para herdar, isto , p. ex., se no indigno, segundo sua lei pessoal.

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. ART. 10, PARAG. 2., DO CODIGO CIVIL. CONDIO DE HERDEIRO. CAPACIDADE DE SUCEDER. LEI APLICAVEL. CAPACIDADE PARA SUCEDER NO SE CONFUNDE COM QUALIDADE DE HERDEIRO. ESTA TEM A VER COM A ORDEM DA VOCAO HEREDITARIA QUE CONSISTE NO FATO DE PERTENCER A PESSOA QUE SE APRESENTA COMO HERDEIRO A UMA DAS CATEGORIAS QUE, DE UM MODO GERAL, SO CHAMADAS PELA LEI A SUCESSO, POR ISSO HAVERA DE SER AFERIDA PELA MESMA LEI COMPETENTE PARA REGER A SUCESSO DO MORTO QUE, NO BRASIL, "OBEDECE A LEI DO PAIS EM QUE ERA DOMICILIADO O DEFUNTO." (ART. 10, CAPUT, DA LICC). RESOLVIDA A QUESTO PREJUDICIAL DE QUE DETERMINADA PESSOA, SEGUNDO O DOMICILIO QUE TINHA O DE CUJUS, E HERDEIRA, CABE EXAMINAR SE A PESSOA INDICADA E CAPAZ OU INCAPAZ PARA RECEBER A HERANA, SOLUO QUE E FORNECIDA PELA LEI DO DOMICILIO DO HERDEIRO (ART. 10, PARAG. 2., DA LICC). RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (REsp 61434 / SP, RECURSO ESPECIAL 1995/0008701-4, 17.06.1997).JU RI SPRUDNCIA

Falecimento de pessoa domiciliada no estrangeiro com bens situados no Brasil1: Competncia jurisdicional exclusiva do BR (art. 89, II, CPC)2: Lei aplicvel (art. 10, LINDB) - Em no havendo filhos ou cnjuge brasileiro, o bem imvel aqui localizado ser regido pelas regras da lei estrangeira se o ltimo domiclio do de cujus for no exterior; - Em havendo filho ou cnjuge brasileiro, a sucesso seguir as normas brasileiras, a menos que a lei estrangeira seja mais benfica.

HOMOLOGAO DE SENTENA ESTRANGEIRA. INVENTRIO E PARTILHA. RENNCIA DE HERDEIRA. COMPETNCIA EXCLUSIVA DA AUTORIDADE JUDICIAL BRASILEIRA. PRECEDENTE.1. A jurisprudncia desta Corte e do STF autoriza a homologao de sentena estrangeira que, decretando o divrcio, convalida acordo celebrado pelos ex-cnjuges quanto partilha de bens situados no Brasil, assim como na hiptese em que a deciso aliengena cumpre a vontade ltima manifestada pelo de cujus e transmite bens tambm localizados no territrio nacional pessoa indicada no testamento. 2. No caso que se examina, o testamento legou bens nica e exclusivamente filha do falecido a qual, por sua vez, renunciou herana sem ressalvas. 3. Diante disto, a autoridade judicial helvtica promoveu a liquidao da herana conforme as normas jurdicas estrangeiras e, na sequncia, cedeu ao ora requerente bens deixados pelo de cujus em troca do valor de CHF 20.000,00 (vinte mil francos suos). 4. A situao estampada nos autos no se confunde com a mera transmisso de bens em virtude de desejo manifestado em testamento, j que, recusada a herana pela pessoa indicada pelo falecido, a autoridade judiciria estrangeira transferiu de forma onerosa a propriedade de bem localizado no Brasil a terceiro totalmente estranho ltima vontade do de cujus, isto , disps sobre bem situado em territrio nacional em processo relativo sucesso mortis causa, o que vai de encontro ao art. 89, II, do CPC. 5. Pedido de homologao indeferido.(SEC 3532 /2011/0104173-3, 01.08.2011).JU RI SPRUDNCIA

Quando os bens estiverem no Brasil;Quando houver cnjuge ou filhos brasileiros, ou quem os represente;Quando a lei pessoal do de cujus no lhes for mais favorvel.Regra do 1: quando os bens estiverem no Brasil, houver cnjuge e filhos brasileiros, e a lei brasileira for mais vantajosa, APLICA-SE A LEI BRASILEIRA.Exceo do 1: ainda que os bens estejam no Brasil, haja cnjuge e filhos brasileiros, mas a lei pessoal do de cujus (estrangeiro) for mais favorvel, APLICA-SE A LEI ESTRANGEIRA.

DE CUJUS BRASILEIRO IMVEIS SITUADOS NO URUGUAI E NO BRASIL INVENTRIO NO URUGUAI COMPUTAO NA QUOTA HEREDITRIA A SER PARTILHADA NO BRASIL INADIMISSIBILIDADE APLICAO DO ART. 89, II DO CPC. (STF RE 99.230-8).

INVENTRIO. HERANA DE ESTRANGEIRO. BENS IMVEIS SITUADOS NO BRASIL E EM PORTUGAL. INDECLINVEL A JURISDIO BRASILEIRA PARA INVENTARIAR OS PRIMEIROS, MAS DEVEM SER INVENTARIADOS NO FORO DA SITUAO OS BENS DE PORTUGAL (TJRJ).JU RI SPRUDNCIA

DIREITOS INTERNACIONAL PRIVADO E CIVIL. PARTILHA DE BENS. SEPARAO DE CASAL DOMICILIADO NO BRASIL. REGIME DA COMUNHO UNIVERSAL DE BENS. APLICABILIDADE DO DIREITO BRASILEIRO VIGENTE NA DATA DA CELEBRAO DO CASAMENTO. COMUNICABILIDADE DE TODOS OS BENS PERSENTES E FUTUROS COM EXCEO DOS GRAVADOS COM INCOMUNICABILIDADE. BENS LOCALIZADOS NO BRASIL E NO LIBANO. BENS NO ESTRANGEIRO HERDADOS PELA MULHER DE PESSOA DE NACIONALIDADE LIBANESA DOMICILIADA NO BRASIL. APLICABILIDADE DO DIREITO BRASILEIRO DAS SUCESSES. INEXISTNCIA DE GRAVAME FORMAL INSTITUDO PELO DE CUJUS. DIREITO DO VARO MEAO DOS BENS HERDADOS PELA ESPOSA NO LIBANO. RECURSO DESACOLHIDO. (REsp 275985 / SP RECURSO ESPECIAL, 2000/0089891-0, 13.10.2003)JU RI SPRUDNCIAf. 01

(...) III - Tratando-se da sucesso de pessoa de nacionalidade libanesa domiciliada no Brasil, aplica-se espcie o art. 10, caput, da Lei de Introduo, segundo o qual "a sucesso por morte ou por ausncia obedece lei em que era domiciliado o defunto ou desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situao dos bens". IV - No h incomunicabilidade dos bens da herana em tela, sendo certo que no Brasil os bens da herana somente comportam incomunicabilidade quando expressa e formalmente constitudo esse gravame pelo de cujus, nos termos dos arts. 1.676, 1.677 e 1.723 do Cdigo Civil, complementados por dispositivos constantes da Lei de Registros Pblicos.V - No h como afastar o direito do recorrido meao incidente sobre os bens herdados de sua me pela recorrente, na constncia do casamento sob o regime da comunho universal de bens, os que se encontram no Brasil e os localizados no Lbano, no ocorrendo a ofensa ao art. 263, do Cdigo Civil, apontada pela recorrente, uma vez inexistente a incomunicabilidade dos bens herdados pela recorrente no Lbano.f. 02

VII - O art.89-II, CPC, contm disposio aplicvel competncia para o processamento do inventrio e partilha, quando existentes bens localizados no Brasil e no estrangeiro, no conduzindo, todavia, supresso do direito material garantido ao cnjuge pelo regime de comunho universal de bens do casamento, especialmente porque no atingido esse regime na espcie por qualquer obstculo da legislao sucessria aplicvel. VIII - Impe-se a concluso de que a partilha seja realizada sobre os bens do casal existentes no Brasil, sem desprezar, no entanto, o valor dos bens localizados no Lbano, de maneira a operar a equalizao das cotas patrimoniais, em obedincia legislao que rege a espcie, que no exclui da comunho os bens localizados no Lbano e herdados pela recorrente, segundo as regras brasileiras de sucesso hereditria.f. 03

REGRA GERAL (Art. 10): sucesso obedece lei do pas de domiclio do de cujus ou do desaparecido.EXCEO REGRA GERAL ( 1): havendo bens no Brasil, cnjuge e filhos brasileiros, aplica-se a lei brasileira (apenas quanto aos bens brasileiros).EXCEO DA EXCEO ( 1): se a lei do pas do de cujus (estrangeiro) for mais benfica ao cnjuge e filhos, aplica-se a lei estrangeira e no a brasileira (inclusive quanto aos bens brasileiros).

Inventrio. Esboo de partilha. Falecido e ascendentes portugueses. Cnjuge meeira. CF, art. 5, XXXI. (...) In casu, sendo o falecido e seus pais portugueses e a cnjuge sobrevivente brasileira, aplica-se o art. 2.142 do CC Portugus, por ser ente mas favorvel ao cnjuge, qual ser beneficiada com 2/3 dos bens, e os pais do falecido 1/3. (Ap. Cvel 14.153/98, 3 Cmara Cvel, 20.09.99)JU RI SPRUDNCIA

Tero os herdeiros que se conformar com as duas leis, a italiana e a brasileira. Isso porque, sero ser abertos dois inventrios, um aqui e outro na Itlia.Se o processo italiano incluir os bens imveis situados no Brasil, a deciso que aprovar a partilha no ser homologada pelo STJ, pois fere o art. 89, II do CPC.Poder no foro brasileiro ser aplicada a lei italiana, MESMO QUE L NO TENHA SIDO O LTIMO DOMICLIO do de cujus, se mais benfica ao cnjuge e aos filhos.

a) Foro brasileiro, porque h imvel no Brasilb) Lei inglesa (ltimo domiclio do ingls, ele tinha residncia na praia).

CASTRO, Amlcar de. Direito Internacional Privado. 6 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.STRENGER, Irineu. Direito Internacional Privado. 6 ed. So Paulo: LTr, 2005.DINIZ, Maria Helena. Lei de Introduo ao Cdigo Civil Brasileiro Interpretada. 16 ed. So Paulo: Saraiva, 2011.

(+55) 55 3027 5588www.manicaemanica.com.brluciana@manicaemanica.com.brSkype: lumanicamsn: lumanica@hotmail.com

Luciana Manica Gssling, 2012

Sucesso por Ausncia: desaparecimento sem deixar vestgios, sem dar notcias do seu paradeiro e sem deixar quem a represente. Uma vez declarada judicialmente a ausncia, d-se a sucesso provisria nos seus bens, tornando-se definitiva depois de certo tempo, diante da morte presumida do ausente.**Herdeiro legtimo o que figura na ordem de vocao hereditria (cnjuge)Herdeiro necessrio o que tem necessariamente direito a uma parte dos bens do testador (ascendentes e descendentes)*Este dispositivo reger, portanto, apenas a qualidade para herdar do sucessvel, no disciplinando as condies de que depende a situao de herdeiro relativamente herana do de cujus, tampouco a extenso dos direitos sucessrios.***I - Tratando-se de casal domiciliado no Brasil, h que aplicar-se o direito brasileiro vigente na data da celebrao do casamento, 11.7.1970, quanto ao regime de bens, nos termos do art. 7- 4 da Lei de Introduo. II - O regime de bens do casamento em questo o da comunho universal de bens, com os contornos dados poca pela legislao nacional aplicvel, segundo a qual, nos termos do art. 262 do Cdigo Civil, importava "a comunicao de todos os bens presentes e futuros dos cnjuges e suas dvidas passivas", excetuando-se dessa universalidade, segundo o art. 263-II e XI do mesmo Cdigo "os bens doados ou legados com a clusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar", bem como "os bens da herana necessria, a que se impuser a clusula de incomunicabilidade". III - Tratando-se da sucesso de pessoa de nacionalidade libanesa domiciliada no Brasil, aplica-se espcie o art. 10, caput, da Lei de Introduo, segundo o qual "a sucesso por morte ou por ausncia obedece lei em que era domiciliado o defunto ou desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situao dos bens". IV - No h incomunicabilidade dos bens da herana em tela, sendo certo que no Brasil os bens da herana somente comportam incomunicabilidade quando expressa e formalmente constitudo esse gravame pelo de cujus, nos termos dos arts. 1.676, 1.677 e 1.723 do Cdigo Civil, complementados por dispositivos constantes da Lei de Registros Pblicos. V - No h como afastar o direito do recorrido meao incidente sobre os bens herdados de sua me pela recorrente, na constncia do casamento sob o regime da comunho universal de bens, os que se encontram no Brasil e os localizados no Lbano, no ocorrendo a ofensa ao art. 263, do Cdigo Civil, apontada pela recorrente, uma vez inexistente a incomunicabilidade dos bens herdados pela recorrente no Lbano. VII - O art.89-II, CPC, contm disposio aplicvel competncia para o processamento do inventrio e partilha, quando existentes bens localizados no Brasil e no estrangeiro, no conduzindo, todavia, supresso do direito material garantido ao cnjuge pelo regime de comunho universal de bens do casamento, especialmente porque no atingido esse regime na espcie por qualquer obstculo da legislao sucessria aplicvel. VIII - Impe-se a concluso de que a partilha seja realizada sobre os bens do casal existentes no Brasil, sem desprezar, no entanto, o valor dos bens localizados no Lbano, de maneira a operar a equalizao das cotas patrimoniais, em obedincia legislao que rege a espcie, que no exclui da comunho os bens localizados no Lbano e herdados pela recorrente, segundo as regras brasileiras de sucesso hereditria.***