direito financeiro iii

123
1 DIREITO FINANCEIRO III UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 2012 (Noite) – AULA 1 Temas tratados em Direito Financeiro III Livro segundo do Código Tributário Nacional (normas gerais de direito tributário) Legislação tributária Obrigação tributária (fato gerador, sujeitos na tributação) Infrações em matéria tributária Crédito tributário (constituição, suspensão, extinção e exclusão) Garantias e privilégios do crédito tributário Administração tributária Processo administrativo tributário Processo judicial tributário Sugestão de bibliografia – temas abordados em D. Financeiro III - Ricardo Lobo Torres. Curso de direito financeiro e tributário. Renovar. - Luís Eduardo Schoueri. Direito Tributário. Saraiva. - Luciano Amaro. Direito tributário brasileiro. Saraiva. - Aliomar Baleeiro. Direito tributário brasileiro (atualização de Misabel Derzi). Forense. - Sacha Calmon Navarro Coelho. Curso de direito tributário brasileiro. Forense.

Upload: marcus-vinicius

Post on 25-Jul-2015

179 views

Category:

Documents


24 download

TRANSCRIPT

Page 1: Direito Financeiro III

1

DIREITO FINANCEIRO III

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2012 (Noite) – AULA 1

Temas tratados em Direito Financeiro III

Livro segundo do Código Tributário Nacional (normas gerais de direito tributário)

Legislação tributária

Obrigação tributária (fato gerador, sujeitos na tributação)

Infrações em matéria tributária

Crédito tributário (constituição, suspensão, extinção e exclusão)

Garantias e privilégios do crédito tributário

Administração tributária

Processo administrativo tributário

Processo judicial tributário

Sugestão de bibliografia – temas abordados em D. Financeiro III

- Ricardo Lobo Torres. Curso de direito financeiro e tributário. Renovar.

- Luís Eduardo Schoueri. Direito Tributário. Saraiva.

- Luciano Amaro. Direito tributário brasileiro. Saraiva.

- Aliomar Baleeiro. Direito tributário brasileiro (atualização de Misabel Derzi). Forense.

- Sacha Calmon Navarro Coelho. Curso de direito tributário brasileiro. Forense.

Legislação tributária

“Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.”

Expressões “Legislação tributária” X “Lei” no CTN

Page 2: Direito Financeiro III

2

Legislação tributária – reserva relativa de lei (matéria pode ser tratada por lei ou atos normativos secundários como decretos e normas complementares)

Lei – reserva absoluta de lei (matéria só admite tratamento por lei formal – ato emanado do Legislativo ou Medida Provisória)

Legislação tributária – Exame OAB 2010.1

Suponha que um decreto trate integralmente sobre relações jurídicas pertinentes aos tributos e que uma lei disponha parcialmente sobre tributos. Nessa situação, de acordo com o CTN

A - nem o decreto nem a lei se inserem no conceito de legislação tributária.

B - o decreto insere-se no conceito de legislação tributária; a lei, não.

C - tanto o decreto quanto a lei se inserem no conceito de legislação tributária. (CORRETO)

D - a lei se insere no conceito de legislação tributária; o decreto, não.

Legislação tributária x Lei

 

“Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, (...)

IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, (...)

V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;

VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.”

Page 3: Direito Financeiro III

3

Legislação tributária

O CTN usa as expressões “legislação tributária” e “lei” em diversos dispositivos

Pagamento – matéria de “legislação tributária”

“Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo.

Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento.”

Legislação tributária

Pagamento – matéria de “legislação tributária”

“TRIBUTARIO. ICMS. PAGAMENTO. FIXAÇÃO DE PRAZO ATRAVES DE DECRETO. NO SISTEMA DO CODIGO TRIBUTARIO NACIONAL (ART. 96), A EXPRESSÃO "LEGISLAÇÃO TRIBUTARIA" CARACTERIZA UM GENERO, DO QUAL A LEI E O DECRETO SÃO ESPECIES; ATRIBUINDO A "LEGISLAÇÃO TRIBUTARIA" FORÇA PARA FIXAR O TEMPO DO PAGAMENTO DOS TRIBUTOS, O ARTIGO 160 AUTORIZOU QUE ISSO SE FIZESSE, INDIFERENTEMENTE, POR QUAISQUER DE SUAS ESPECIES, RESPEITADA, POR OBVIO, A HIERARQUIA EXISTENTE ENTRE ELAS (V.G., UM PRAZO FIXADO POR LEI NÃO PODE SER ALTERADO POR DECRETO). (...)”

(STJ, EDcl no REsp85.409/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, DJ 03/02/1997)

Legalidade tributária – obrigações acessórias e penalidades

CTN

“Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.”

Submetida à legalidade em sentido amplo (regulamentos podem instituir obrigações acessórias)

Legislação tributária – obrigações acessórias

Page 4: Direito Financeiro III

4

“(...)

1. As Turmas que integram a Primeira Seção/STJ firmaram entendimento no sentido de que as regras contidas no Decreto Estadual 11.803/2005 (do Estado do Mato Grosso do Sul) (...) não ofendem a LC 87/96 nem a Constituição Federal, pois a existência de imunidade ou de isenção não impede que a legislação tributária (em sentido amplo) estabeleça operações acessórias destinadas a auxiliar a fiscalização.

(...)”

(RMS 27.243/MS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe 15/04/2011)

Legalidade tributária – obrigações acessórias e penalidades

“Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;”

Reserva de lei formal

Obrigações acessórias e penalidades

‘(....).

5. O art. 57, I, da MP 2.158-34/2001 estabeleceu a multa por descumprimento de obrigações acessórias em R$ 5.000,00 por mês-calendário.

6. Na hipótese dos autos, tem aplicação a Instrução Normativa da SRF 71/2007, que instituiu obrigação tributária acessória consistente na apresentação da DIF-Papel Imune à Secretaria da Receita Federal, que deverá ser feita até o último dia útil dos meses de janeiro, abril, julho e outubro, em relação aos trimestres civis imediatamente anteriores.

7. A literal redação dos dispositivos legais de regência não deixa dúvida de que a entrega da declaração deve se dar a cada trimestre (art. 11 da IN/SRF n. 71/2007) e que a multa pelo inadimplemento desse dever há de ser aplicada a cada mês de atraso na sua apresentação (art. 57, I, da MP n. 2.158-34/2001).

(...)

(REsp 1222143/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 16/03/2011)

Legislação tributária

IN/SRF n. 71/2007

Art. 12. A não apresentação da DIF - Papel Imune, nos prazos estabelecidos no artigo anterior, enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 57 da Medida Provisória nº 2.158-34, de 27 de julho de 2001.

Page 5: Direito Financeiro III

5

MP 2158-34/01

Art. 57.  O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 1999, acarretará a aplicação das seguintes penalidades:

I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados;”

Lei 9779/99

“Art. 16. Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para o seu cumprimento e o respectivo responsável.”

Legislação tributária, obrigações acessórias e penalidades

Instrução Normativa RFB nº 1.052, de 5 de julho de 2010

“Art. 1º Fica instituída a Escrituração Fiscal Digital da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) - (EFD-PIS/Cofins), para fins fiscais, de acordo com o disposto nesta Instrução Normativa.

Art. 7º A não-apresentação da EFD-PIS/Cofins no prazo fixado no art. 5º acarretará a aplicação de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário ou fração.”

Legalidade tributária – Exame da OAB 2010.2

Em Direito Tributário, cumpre à lei ordinária:

(A) estabelecer a cominação ou dispensa de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos. (ALTERNATIVA CERTA)

(B) estabelecer a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos em matéria de ISS.

(C) estabelecer normas gerais em matéria tributária, especialmente sobre adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.

Page 6: Direito Financeiro III

6

(D) estabelecer normas gerais em matéria tributária, especialmente sobre a definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e empresas de pequeno porte.

Legislação tributária X Lei

Matérias que o CTN exige “lei” – reserva absoluta de lei

Matérias do Art. 97 do CTN e outras

SOLIDARIEDADE – “Art. 124. São solidariamente obrigadas: (...) II - as pessoas expressamente designadas por lei.”

MORATÓRIA – “Art. 153. A lei que conceda moratória (...)”

COMPENSAÇÃO - “Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários (...)”

TRANSAÇÃO – “Art. 171. A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação (...)”

ISENÇÃO - “Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão (...)” (De acordo com o art. 150, §6º da CF)

Responsabilidade tributária – matéria de “lei”

“Art. 121. .......

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:(...)

II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.”

Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação (...)”

Correção monetária não é matéria sob reserva de lei formal

 

“Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

Page 7: Direito Financeiro III

7

II - a majoração de tributos, ou sua redução, (...)”

§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.”

Súmula 160 do STJ: ‘E DEFESO, AO MUNICIPIO, ATUALIZAR O IPTU, MEDIANTE DECRETO, EM PERCENTUAL SUPERIOR AO INDICE OFICIAL DE CORREÇÃO MONETARIA.’ (1996)

Reserva de lei - Exame da OAB 2008

Não constitui matéria tributária exclusiva de lei a:

A – atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.

(ALTERNATIVA CORRETA)

B – hipótese de exclusão tributária.

C – definição do fato gerador da obrigação tributária principal.

D – cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a dispositivos de lei.

Legislação tributária

Fontes do Direito Tributário

Constituição

Emendas constitucionais

Lei Complementar

Lei ordinária

Medida provisória

Lei delegada

Resolução

Tratados Internacionais

Decreto legislativo

Decreto

Page 8: Direito Financeiro III

8

Legislação tributária – normas complementares

CTN – “normas complementares” – estão incluídas no conceito de legislação tributária

Não confundir normas complementares com Lei Complementar

“Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:

I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;

II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;

III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;

IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

CESPE - 2008 - OAB-SP - Exame de Ordem

Segundo o Código Tributário Nacional (CTN), são normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos

a) os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas. (AFIRMATIVA CORRETA)

b) todas as decisões dos órgãos coletivos de jurisdição administrativa.

c) as práticas acidentalmente observadas pelas autoridades administrativas.

d) os ajustes firmados entre os entes tributantes e pessoas jurídicas de direito privado.

VUNESP - 2009 - CETESB – Advogado

Considerando as disposições do Código Tributário Nacional acerca das normas complementares, assinale a alternativa que contempla uma delas.

a) Constituição Federal.

b) Lei Delegada criada pelo Presidente da República.

c) Medida Provisória editada pelo Presidente da República.

Page 9: Direito Financeiro III

9

d) Ato normativo expedido pela autoridade administrativa. (ALTERNATIVA CORRETA)

e) Lei Complementar criada pelo Congresso Nacional.

Legislação tributária – normas complementares art. 100 CTN

“Art.100..............................................

Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.”

NÃO HÁ EXCLUSÃO DA EXIGÊNCIA DO TRIBUTO

A solução do parágrafo único do art. 100 já era sustentada por Amílcar Falcão em 1959 (“Introdução do Direito Tributário”)

Exemplo de solução de juízo de ponderação a favor da proteção da confiança legítima em relação ao princípio da legalidade

Legislação tributária – normas complementares art. 100 CTN

“TRIBUTÁRIO. INSUMOS. DRAW BACK. EXPORTAÇÃO NÃO REALIZADA. INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA COM MULTA DE MORA, JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. ARTS. 100, PARÁGRAFO ÚNICO, E 146, AMBOS DO CTN. (...)

2. O art. 100, parágrafo único, do CTN afasta não apenas a incidência de juros e correção monetária, mas também a aplicação de qualquer penalidade quando cumpridas as normas complementares referidas nos seus incisos I a IV.

(...)

(REsp 887.145/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJ 08/11/2007)

Lei Complementar

“Art. 146. Cabe à lei complementar:

Page 10: Direito Financeiro III

10

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, (...)”

Lei complementar

FAE - 2008 - TJ-PR – Juiz

Assinale a alternativa correta:

a) não se inclui entre os tópicos reservados à lei complementar o estabelecimento de normas gerais em matéria de legislação tributária que tratem tanto de lançamento quanto de prescrição e decadência tributários.

b) cabe à lei complementar a definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. (CORRETA)

c) a lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, restando vedado à União, por via de lei, o estabelecimento de normas de igual objetivo.

d) não se inclui entre as matérias reservadas à lei complementar, a regulação das limitações ao poder de tributar.

CTN – normas gerais de direito tributário – recepcionado com status de Lei Complementar pela CF 1988

Editado na vigência da CF 1946 (com alterações da Emenda 18/65), a denominação “Código Tributário Nacional” ocorreu pelo Ato Complementar no. 36/67

Page 11: Direito Financeiro III

11

Logo as alterações no CTN são efetuadas por LC (LC 24/75, LC 104/01, LC 118/05)

O CTN já tinha status de Lei Complementar na vigência da CF 67/69 – manteve tal condição com a CF 1988

PUC-PR - 2011 - TJ-RO – Juiz

Dadas as assertivas abaixo, assinale a única CORRETA.

a) O Código Tributário Nacional foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 como lei complementar, porque sua natureza era, antes dela, de lei ordinária. (AFIRMATIVA ERRADA)

b) O Código Tributário Nacional denomina de “normas complementares” as leis complementares do artigo 146 da Constituição Federal em vigor.

c) A observância das práticas, reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas, livra o contribuinte da imposição de penalidades, da cobrança de juros de mora e da atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. (Correta)

d) Medidas provisórias podem ser utilizadas, atualmente, para criar tributos, desde que ela tenha-se convertido em lei no ano de sua publicação e, nesse caso, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte.

e) Os princípios de direito privado são determinantes para a definição do conteúdo e efeitos tributários dos institutos privados empregados pela legislação tributária.

Lei complementar que institui tributos

Além das funções atribuídas pelo art. 146 da CF, a Lei Complementar pode ser o veículo constitucional escolhido para instituição de determinados tributos:

Exercício da competência residual pela União (art. 154, I – impostos e art. 195, §4º - contribuições sociais)

Empréstimos compulsórios – art. 148 CF

Imposto sobre grandes fortunas – art. 153, VII

Outras funções da Lei complementar

“Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.”

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

“Art. 195....

§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar .”

Page 12: Direito Financeiro III

12

Lei Complementar – caráter exaustivo das matérias designadas pela CF

Lei Complementar – apenas nas hipóteses previstas pela CF é exigida lei complementar para tratar da matéria

Logo: se a LC dispõe sobre matéria que poderia ter sido regulada por lei ordinária – lei ordinária posterior PODE modificar a lei complementar nesse ponto

Inexistência de hierarquia entre lei complementar e lei ordinária – diferença nos campos de atribuição de cada uma delas

Lei Complementar – caráter exaustivo das matérias designadas pela CF

Caso prático atual: isenção de COFINS concedida pela LC 70/91 a sociedades civis prestadoras de serviços, revogada por lei ordinária (Lei 9.430/96)

STJ: Súmula 276 de 2003 (cancelada em 2008)

STF: a revogação foi legítima pois a matéria não estava sujeita à reserva de lei complementar (RE 377457 – Informativo 520 de 2008)

Informativo STF 520 de 2008

“Em conclusão, o Tribunal, por maioria, desproveu dois recursos extraordinários, e declarou legítima a revogação da isenção do recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social sobre as sociedades civis de prestação de serviços de profissão legalmente regulamentada, prevista no art. 6º, II, da LC 70/91, pelo art. 56 da Lei 9.430/96 (...)

Considerou-se a orientação fixada pelo STF no julgamento da ADC 1/DF (DJU de 16.6.95), no sentido de:

a) inexistência de hierarquia constitucional entre lei complementar e lei ordinária, espécies normativas formalmente distintas exclusivamente tendo em vista a matéria eventualmente reservada à primeira pela própria CF (...)”

Page 13: Direito Financeiro III

13

DIREITO FINANCEIRO III

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2012 (Noite) – AULA 2

Legislação tributária

Fontes do Direito Tributário

Constituição

Emendas constitucionais

Lei Complementar

Lei ordinária

Medida provisória

Lei delegada

Resolução

Tratados Internacionais

Decreto legislativo

Decreto

NORMAS COMPLEMENTARES – ART. 100 CTN

Legislação tributária – normas complementares

Não confundir normas complementares com Lei Complementar

Page 14: Direito Financeiro III

14

“Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:

I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;

II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;

III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;

IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Legislação tributária – normas complementares (art. 100 CTN)

CTN – art. 100 “normas complementares” – estão incluídas no conceito de “legislação tributária”

“Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.”

Normas complementares – atos normativos com hierarquia inferior ao decreto

Legislação tributária – normas complementares (art. 100 CTN)

“Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.”

Decreto (ato emanado do Chefe do Executivo) não está compreendido no conceito de “norma complementar” do art. 1000

Normas complementares – atos normativos com hierarquia inferior ao decreto

Legislação tributária – normas complementares (art. 100 CTN)

“(...) 4. A análise conjunta dos arts. 96 e 100, I, do Codex Tributário, permite depreender-se que a expressão "legislação tributária" encarta as normas complementares no sentido de que outras normas jurídicas também podem versar sobre tributos e relações jurídicas a esses pertinentes. Assim, consoante mencionado

Page 15: Direito Financeiro III

15

art. 100, I, do CTN, integram a classe das normas complementares os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas - espécies jurídicas de caráter secundário - cujo objetivo precípuo é a explicitação e complementação da norma legal de caráter primário, estando sua validade e eficácia estritamente vinculadas aos limites por ela impostos.

(...)”

(REsp 724.779/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJ 20/11/2006)

Legislação tributária – normas complementares

EXEMPLO: Imposto sobre a renda

CF 88 - art. 153, III, CF

Lei Complementar (art. 146, III, “a” CF) – art. 43 a 45 do CTN

Leis ordinárias (Lei 9.249/95, Lei 9.250/95 e outras)

Decreto (Dec. 3000/99) – Regulamento do IR

Instruções normativas da Receita Federal do Brasil – incluídas no conceito de normas complementares (art. 100 CTN)

Legislação tributária – normas complementares art. 100 CTN

“Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:

I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;”

Instruções normativas, Ordens de serviço, Resoluções Ministeriais, Avisos, Portarias, Portarias Interministeriais etc...”

Legislação tributária – normas complementares art. 100 CTN

“Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:

II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;”

Page 16: Direito Financeiro III

16

Legislação tributária – normas complementares art. 100 CTN

“Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:

III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;

Praxe administrativa ou costume

Legislação tributária – normas complementares art. 100 CTN

“TRIBUTARIO. PRATICAS ADMINISTRATIVAS. SE O CONTRIBUINTE RECOLHEU O TRIBUTO A BASE DE PRATICA ADMINISTRATIVA ADOTADA PELO FISCO, EVENTUAIS DIFERENÇAS DEVIDAS SO PODEM SER EXIGIDAS SEM JUROS DE MORA E SEM ATUALIZAÇÃO DO VALOR MONETARIO DA RESPECTIVA BASE DE CALCULO (CTN, ART. 100, III C/C PAR. UNICO). RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO, EM PARTE.”

(REsp 98.703/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, DJ 03/08/1998)

Legislação tributária – normas complementares art. 100 CTN

CESPE - 2004 - Polícia Federal - Delegado de Polícia

Considere a seguinte situação hipotética.

Após reiteradas vezes e pelo período de quatro anos, a autoridade administrativa fiscal deixou de exigir os juros incidentes sobre o atraso de até dez dias no pagamento da taxa anual de alvará de funcionamento para o setor de distribuição de autopeças, apesar de não existir previsão legal.

Nessa situação, os contribuintes na mesma condição têm direito à referida dispensa, em virtude de as práticas reiteradas observadas pela autoridade administrativa constituírem normas complementares da legislação tributária.

(Art. 100, III, CTN – Afirmativa correta)

Page 17: Direito Financeiro III

17

Legislação tributária – normas complementares art. 100 CTN

TJ-SC - 2009 - TJ-SC - Juiz

Assinale a alternativa INCORRETA:

a) O serviço de limpeza de logradouros públicos efetivamente prestado pelo Município pode ser remunerado por taxa. (incorreta)

b) Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente poderá aplicar a equidade, desde que não resulte na dispensa do pagamento de tributo devido.

c) São normas complementares das leis, dos tratados, das convenções internacionais e dos decretos as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas. (AFIRMATIVA CORRETA)

d) As taxas de serviço são tributos vinculados a uma atuação estatal específica e dirigida a contribuinte e podem ser cobradas independentemente do uso efetivo do serviço público pelo contribuinte.

Legislação tributária – normas complementares art. 100 CTN

“Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:

IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.”

Convênios de cooperação ou assistência entre entes políticos

Normas complementares art. 100 CTN

CTN

“Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou convênio.”

“Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União.”

Page 18: Direito Financeiro III

18

Normas complementares art. 100 CTN

CF 88

“Art. 37...................................

XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.”

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

Legislação tributária – normas complementares art. 100 CTN

Convênios de cooperação – art. 100, IV, CTN

Não se confundem com Convênios de ICMS que a própria CF 88 atribui força de ato normativo primário (art. 155, XII, “g” CF)

Legislação tributária – normas complementares art. 100 CTN

CF 88 ICMS

“Art. 155 CF... .............

XII - cabe à lei complementar:

g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.”

Lei Complementar 24/75

“Art. 1º - As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias serão concedidas ou revogadas nos termos de convênios celebrados e ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta Lei.”

Page 19: Direito Financeiro III

19

Legislação tributária – normas complementares art. 100 CTN

“Art.100..............................................

Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.”

NÃO HÁ EXCLUSÃO DA EXIGÊNCIA DO TRIBUTO

Legislação tributária – Medida provisória

“Art. 62..........

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.” (Incluído pela EC nº 32/01)

EC 32/01 – consagrou expressamente a possibilidade de MP em matéria tributária – Posição do STF desde o advento da CF 1988, apesar da polêmica doutrinária

Medida provisória

STF já considerou constitucional adoção de medida provisória por Estados – ADI 2391

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 51 E PARÁGRAFOS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. ADOÇÃO DE MEDIDA PROVISÓRIA POR ESTADO-MEMBRO. POSSIBILIDADE. ARTIGOS 62 E 84, XXVI DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. EMENDA CONSTITUCIONAL 32, DE 11.09.01, QUE ALTEROU SUBSTANCIALMENTE A REDAÇÃO DO ART. 62. REVOGAÇÃO PARCIAL DO PRECEITO IMPUGNADO POR INCOMPATIBILIDADE COM O NOVO TEXTO CONSTITUCIONAL. SUBSISTÊNCIA DO NÚCLEO ESSENCIAL DO COMANDO EXAMINADO, PRESENTE EM SEU CAPUT. APLICABILIDADE, NOS ESTADOS-MEMBROS, DO PROCESSO LEGISLATIVO PREVISTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE VEDAÇÃO EXPRESSA QUANTO ÀS MEDIDAS PROVISÓRIAS. NECESSIDADE DE PREVISÃO NO TEXTO DA CARTA ESTADUAL E DA ESTRITA OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS E LIMITAÇÕES IMPOSTAS PELO MODELO FEDERAL.”

(ADI 2391, Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 16/08/2006)

Page 20: Direito Financeiro III

20

Outro precedente: ADI 425/TO (2002)

Medida Provisória não pode tratar de matéria reservada a LC

“Art. 62....................

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

III - reservada a lei complementar;”

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

Medida provisória e anterioridade – EC 32/01

“Art. 62..........

§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.” (Incluído pela EC nº 32/01)

Inovação relevante da EC 32/01 – instituição e majoração de IMPOSTOS por MP não pode ser aplicada de imediato e só produzirá efeitos em relação ao exercício seguinte se a MP for convertida em lei até o final do exercício em que foi editada

Se a MP não for convertida em lei no exercício em que foi editada – a instituição ou majoração do imposto só pode ocorrer no ano seguinte ao da conversão em lei

Exceções – II, IE, IPI, IOF, Impostos extraordinários (art. 154,II)

DIREITO FINANCEIRO III

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2012 (Noite) – AULA 3

Legislação tributária

Fontes do Direito Tributário

Constituição

Emendas constitucionais

Lei Complementar

Lei ordinária

Page 21: Direito Financeiro III

21

Medida provisória

Lei delegada

Resolução

Tratados Internacionais

Decreto legislativo

Decreto

NORMAS COMPLEMENTARES – ART. 100 CTN

Lei delegada

“Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.

§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:

III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

LEI DELEGADA

Polêmica na doutrina tributária acerca de sua compatibilidade da lei delegada com a legalidade tributária

Paulo de Barros Carvalho – admite

José Eduardo Soares de Melo - considera contrário ao princípio da legalidade

Resolução

Ato legislativo do Congresso ou de uma de suas casas (Senado ou Câmara)

Direito Tributário – relevância das resoluções do Senado Federal

Page 22: Direito Financeiro III

22

Resolução

Impostos Estaduais – ICMS, IPVA e ITCD

A CF atribuiu à Resolução do Senado Federal papel de dispor acerca de alíquotas em hipóteses determinadas

ISS – Imposto Municipal – matéria de Lei Complementar fixar as suas alíquotas máximas e mínimas (art. 156, §3º CF)

Resolução do Senado - ICMS

“Art. 155......................... ICMS

IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação;

V - é facultado ao Senado Federal:

a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros;

b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros;

Resolução do Senado - ITCD

“Art. 155. Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos

§ 1.º O imposto previsto no inciso I

IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;”

CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem Unificado

Assinale a opção correta a respeito do ITCMD.

a) Incidirá ITCMD sobre os honorários do advogado contratado pelo inventariante.

Page 23: Direito Financeiro III

23

b) A cobrança de ITCMD relativamente aos bens móveis e imóveis competirá ao estado onde se processar o inventário.

c) O ITCMD é estabelecido com base na alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão. (Afirmativa Correta)

d) Compete ao Senado Federal fixar as alíquotas mínimas e máximas do ITCMD. (AFIRMATIVA ERRADA)

Resolução do Senado - IPVA

“Art. 155................

§ 6º O imposto previsto no inciso III: (IPVA)

I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;”

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

MPE-MS - 2011 - MPE-MS - Promotor de Justiça

É incorreto afirmar, em relação ao imposto de competência estadual sobre a propriedade de veículos automotores, que:

a) pode ser instituído pelo Distrito Federal, nos termos do artigo 155 da CF;

b) as alíquotas são fixadas pelo Estado que aprovar a lei instituidora do imposto;

c) pode ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização dos veículos;

d) as alíquotas mínimas são fixadas pelo Senado Federal; (AFIRMATIVA CORRETA)

e) as bases de cálculo devem ser as mesmas em todos os Estados brasileiros para idênticos veículos. (Afirmativa incorreta)

DECRETO

“Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

Page 24: Direito Financeiro III

24

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;”

DECRETO

“Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

IV - produtos industrializados;

V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;”

§ 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.”

Mitigação da legalidade tributária – alíquotas serão fixadas por decreto, obedecidos os limites e condições estabelecidos em lei

Legislação tributária - decreto

Lei 8.894/94

“Art. 1º O Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos e Valores Mobiliários será cobrado à alíquota máxima de 1,5% ao dia, sobre o valor das operações de crédito e relativos a títulos e valores mobiliários.

Parágrafo único. O Poder Executivo, obedecidos os limites máximos fixados neste artigo, poderá alterar as alíquotas do imposto tendo em vista os objetivos das políticas monetária e fiscal.”

Legislação tributária - decreto

DECRETO Nº 7.698, DE 9 DE MARÇO DE 2012

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe conferem os arts. 84, inciso IV, e 153, § 1º, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 5.143, de 20 de outubro de 1966, no Decreto-Lei nº 1.783, de 18 de abril de 1980, e na Lei nº 8.894, de 21 de junho de 1994,

DECRETA:

Page 25: Direito Financeiro III

25

“(...) nas liquidações de operações de câmbio contratadas a partir de 12 de março de 2012, para ingresso de recursos no País, inclusive por meio de operações simultâneas, referente a empréstimo externo, sujeito a registro no Banco Central do Brasil, contratado de forma direta ou mediante emissão de títulos no mercado internacional com prazo médio mínimo de até mil e oitocentos dias: seis por cento.”

Legislação tributária - decreto

CF 88

“Art. 177§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos:

I - a alíquota da contribuição poderá ser:

b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)”

Mitigação da legalidade tributária – CIDE-combustíveis

FCC - 2008 - TCE-AL – Procurador

O Chefe do Poder Executivo poderá, através de

a) decreto, dentro dos limites legais, majorar a alíquota da CIDE combustível. (AFIRMATIVA ERRADA)

(...)A CF só admite que o decreto reduza ou restabeleça

alíquota da CIDE-combustíveis

(....)

d) decreto, dentro dos limites legais, majorar a alíquota do imposto sobre operações de crédito, câmbio, seguro e valores mobiliários. (AFIRMATIVA CORRETA)

(...)

DECRETO

Decreto pode atuar em matérias que não estão sujeitas à reserva de lei:

1) Obrigações acessórias (art. 113 do CTN)

2) Atualização monetária da base de cálculo do tributo (art. 97, §2º do CTN)

3) Dispor sobre regras de pagamento (art. 160 do CTN)

Page 26: Direito Financeiro III

26

DECRETO

“Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;”

DECRETO – art. 99 CTN

“Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei.”

Doutrina brasileira majoritária – regulamentos não podem inovar e se limitam a explicitar os conceitos já contidos na lei tributária

DECRETO

Críticas à postura majoritária da doutrina em relação à função restrita dos decretos regulamentares:

1) Regulamentos como forma de esclarecimento dos conceitos indeterminados previstos na lei;

2) Asseguram que matérias técnicas de alta complexidade seja tratadas por órgãos dotados de expertise

3) Garantem a uniformidade da interpretação da lei pelos diversos órgãos da Administração Tributária

Decreto regulamentar – o caso SAT

“CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO: SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO - SAT. (...) As Leis 7.787/89, art. 3º, II, e 8.212/91, art. 22, II, definem, satisfatoriamente, todos os elementos capazes de fazer nascer a obrigação tributária válida. O fato de a lei deixar para o regulamento a complementação dos conceitos de "atividade preponderante" e "grau de risco leve, médio e grave", não implica ofensa ao princípio da legalidade genérica, C.F., art. 5º, II, e da legalidade tributária, C.F., art. 150, I. IV. – (...)”

(RE 343446, Relator Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, DJ 04-04-2003)

Page 27: Direito Financeiro III

27

DIREITO FINANCEIRO III

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2012 (Noite) – AULA 4

Vigência da Legislação tributária

“Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvado o previsto neste Capítulo.

Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União.”

Legislação tributária

Vigência, eficácia e aplicação da legislação tributária – diferença entre vigência, validade e eficácia

Vigente – norma capaz de produzir efeitos

Page 28: Direito Financeiro III

28

Válida – norma que pertence ao ordenamento jurídico

Eficaz – norma que no plano fático irradia efeitos

 

Norma válida, mas não vigente – norma já publicada durante o período da vacatio legis

Legislação tributária

Norma vigente, mas que não é válida –

Exemplo: art. 144 do CTN – o lançamento reporta-se a data do fato gerador e é regido pela lei então vigente, ainda que já tenha sido revogada – fenômeno da ultra-atividade da lei tributária – aplicação de lei que já não é mais válida

Legislação tributária

“Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.

§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.”

Vigência da legislação tributária

“Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor:

I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação;

II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação;

III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data neles prevista.”

Page 29: Direito Financeiro III

29

Vigência da legislação tributária

“Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda:

I - que instituem ou majoram tais impostos;

II - que definem novas hipóteses de incidência;”

Compatível com a CF 1946 (redação da EC 18/65) – anterioridade limitada a impostos sobre o patrimônio e a renda

Incompatível com a CF 1988 – anterioridade se aplica a todos os tributos

ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA – CF 1988

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

III - cobrar tributos:

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;

Vigência da legislação tributária

Código Tributário Nacional

“Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda:

III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.”

Discussão acerca da compatibilidade do dispositivo com a CF 88

Vigência da legislação tributária

Código Tributário Nacional (1966)

“Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda:”

Artigo redigido de acordo com art. 2º da EC 18/65 (CF 1946):

“Art. 2º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

Page 30: Direito Financeiro III

30

II - cobrar impôsto sôbre o patrimônio e a renda, com base em lei posterior à data inicial do exercício financeiro a que corresponda;”

Vigência da legislação tributária

Divergência – a regra do art. 104, III, do CTN que determina a observância da anterioridade na revogação de isenções é limitada aos “impostos sobre o patrimônio ou a renda”, considerando que a CF 1988 dispõe que a anterioridade é aplicável a todos os tributos?

Vigência da legislação tributária

Súmula 615 do STF

“O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ANUALIDADE (§ 29 DO ART. 153 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL) NÃO SE APLICA À REVOGAÇÃO DE ISENÇÃO DO ICM.” (1984)

Vigência da legislação tributária

“Se a revogação da isenção implica na reaquisição da eficácia da norma impositiva, essa reaquisição da eficácia se subordina ou não ao princípio da anterioridade? O Supremo Tribunal Federal disse (Súmula 615) que, se se tratasse de ICM, não ficava sujeita ao princípio da anterioridade. Não examinou o Supremo essa questão da concorrência e da eficácia das normas, tendo trabalhado apenas com o art. 104 do CTN. Ora, o art. 104 do CTN foi redigido na vigência da Emenda constitucional 18, de dicção autoritária, que restringia o princípio da anterioridade aos impostos sobre patrimônio e renda. Posteriormente a Constituição de 1967/69 estendeu o princípio da anterioridade também aos impostos sobre a produção e a circulação. Logo, todos os impostos, inclusive o ICMS e com a ressalva apenas daqueles excepcionados pela própria Constituição, estão sujeitos ao princípio da anterioridade, transferindo-se a eficácia da norma que revoga a isenção para o dia 1º de janeiro do ano seguinte.”

Ricardo Lobo Torres. Curso, Renovar,

Anterioridade – revogação de isenção – STF – hipótese de ISS

Aplicação da Lei Tributária - CTN

“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;”

CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem Unificado

Constitui hipótese de lei tributária irretroativa

Page 31: Direito Financeiro III

31

a) lei instrumental que regule formalidades aplicáveis ao lançamento.

b) lei expressamente interpretativa.

c) lei que deixe de definir certo ato como infração, desde que se trate de ato não definitivamente julgado.

d) lei que majore as alíquotas do imposto sobre serviços. (ALTERNATIVA CORRETA)

Aplicação da Lei Tributária - CTN

“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:

a) quando deixe de defini-lo como infração;

b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;

c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.”

Aplicação da Lei Tributária - CTN

Qual a interpretação da expressão “ato não definitivamente julgado”?

Posição minoritária - a decisão definitiva em âmbito do processo administrativo tributário (lançamento tributário já definitivamente constituído na esfera administrativa).

Posição majoritária na doutrina (Aliomar Baleeiro) e no Superior Tribunal de Justiça - “ato definitivamente julgado” não se limita ao processo administrativo, devendo também abranger o processo judicial.

Aplicação da Lei Tributária

CF 88

“Art. 5º................

Page 32: Direito Financeiro III

32

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;”

Aplicação da Lei Tributária - CTN

Ricardo Lobo Torres – interpretação do dispositivo do CTN que determina a aplicação da lei mais benéfica ao ato “não definitivamente julgado”: tal restrição é inconstitucional, pois a retroatividade da lei punitiva mais benéfica está em sede constitucional, como direito individual (art. 5º), de forma que não pode sofrer a limitação mencionada no artigo

Código Penal (parte geral redação original de 1940, art. 2º) – regra semelhante limitando a retroatividade da lei penal benéfica – afastando a aplicação quando houve coisa julgada

Nelson Hungria – considerava a limitação inconstitucional em virtude do princípio constitucional da retroatividade da lei penas mais benéfica

CÓDIGO PENAL (REDAÇÃO ATUAL)

“Art. 2º......

Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.

(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)”

Aplicação da Lei Tributária - CTN

Art. 106 CTN “ato não definitivamente julgado”

Jurisprudência do STJ - já admitiu a retroatividade de lei mais benéfica em matéria de penalidade tributária mesmo em hipótese de execução fiscal, independentemente da existência de embargos ou embargos já julgados, o que na prática acaba diminuindo a relevância da limitação

Aplicação da Lei Tributária - CTN

Superior Tribunal de Justiça - regra da retroatividade da lei mais benéfica ao contribuinte se aplica apenas na hipótese de cominação de penalidades (art. 106)

Page 33: Direito Financeiro III

33

Contribuinte não pode alegar a retroatividade com fulcro no art. 106 de uma lei que institua isenção (que diz respeito ao próprio tributo).

REsp 647.518/SP, DJ 05/11/2008

Aplicação da Lei Tributária - CTN

Superior Tribunal de Justiça

A retroatividade da lei mais benéfica em matéria de penalidade (art. 106) é limitada aos créditos de natureza tributária, sendo inaplicável aos créditos públicos que não ostentem tal natureza (por exemplo, multas administrativas)

RECURSO ESPECIAL Nº 1.176.900 – SP, DJ 3/5/2010

DIREITO FINANCEIRO III

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2012 (Noite) – AULA 5

Legislação tributária - Tratados

CTN

“Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.”

Legislação tributária - tratados

Expressão “revogam” do art. 98 – crítica da doutrina

Page 34: Direito Financeiro III

34

Relação entre tratado e lei interna é de especialidade – a norma especial do tratado excepciona a norma geral da lei interna

Superveniência do tratado regulando questão tributária não “revoga” a legislação interna – se houver denúncia do tratado a lei interna volta a regular o tema específico

Tratados e leis internas – relação de especialidade

Lei 8.212/91 – Lei de Custeio da Previdência Social

“Art. 85-A. Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpretados como lei especial.”

(Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999)

Legislação tributária

Art. 98 – sentido da expressão “serão observados pela que lhes sobrevenha”

Lei interna posterior ao tratado pode dispor de modo diverso?

Doutrina majoritária – art. 98 do CTN consagra o postulado da prevalência do direito internacional

Norma geral de direito tributário (art. 146 da CF)

BETINA TREIGER GRUPENMACHER – Os Tratados Internacionais em Matéria Tributária e Ordem Interna, S. Paulo : Dialética, 1999, p. 114.

STF – ADI 1480 (1997)

Hipótese especial - Tratados sobre direitos humanos

CF

“Art. 5º.........

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.”

Page 35: Direito Financeiro III

35

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Hipótese especial - Tratados sobre direitos humanos

RE 349.703 (2008) – negativa da prisão civil do depositário na alienação fiduciária em garantia – Pacto São Jose da Costa Rica – EC 45/2004 e art. 5º, §3º - prevalência de tratados que versem sobre direitos humanos

Legislação tributária

Art. 98 – sentido da expressão “serão observados pela que lhes sobrevenha”

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – precedentes aplicando o art. 98 do CTN para reconhecer que a regra do tratado deve prevalecer em face de lei interna superveniente

Legislação tributária

“TRIBUTÁRIO. - IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO - VITAMINA "E" - DERIVADOS - GATT - ALÍQUOTA ZERO.

1 - A importação da vitamina - "E", assim como de seus derivados, recebem o benefício da alíquota zero, conforme resta contemplado no Acordo Geral de Tarifas Aduaneiras e Comércio - GATT.

2 - Prevalência do acordo do GATT, sobre legislação tributária superveniente (art. 98 do CTN).

(...)”

(REsp 1021267/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe 26/02/2009)

Tratados e isenção de tributos estaduais e municipais - possibilidade - STF

“DIREITO TRIBUTÁRIO. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988 DO ACORDO GERAL DE TARIFAS E COMÉRCIO. ISENÇÃO DE TRIBUTO

Page 36: Direito Financeiro III

36

ESTADUAL PREVISTA EM TRATADO INTERNACIONAL FIRMADO PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. ARTIGO 151, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ARTIGO 98 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE ISENÇÃO HETERÔNOMA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. 1. A isenção de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de Tarifas e Comércio para as mercadorias importadas dos países signatários quando o similar nacional tiver o mesmo benefício foi recepcionada pela Constituição da República de 1988. 2. O artigo 98 do Código Tributário Nacional "possui caráter nacional, com eficácia para a União, os Estados e os Municípios" (voto do eminente Ministro Ilmar Galvão). 3. No direito internacional apenas a República Federativa do Brasil tem competência para firmar tratados (art. 52, § 2º, da Constituição da República), dela não dispondo a União, os Estados-membros ou os Municípios. O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido.”

(RE 229096, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 16/08/2007)

Interpretação e Integração da Legislação Tributária

CTN

“Art. 107. A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste Capítulo.”

Influência do Código tributário alemão de 1919 (Código de 1977 já não trouxe capítulo com normas específicas de interpretação)

Amílcar Falcão (Introdução ao D. Tributário – 1959) – a lei tributária não dispõe de atributos peculiares que justifiquem regras especiais de interpretação

Ricardo Lobo Torres – a inutilidade das normas que pretendem regular o exercício da interpretação

Interpretação e Integração da Legislação Tributária

CTN

“Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:

I - a analogia; II - os princípios gerais de direito tributário; III - os princípios gerais de direito público; IV - a eqüidade.”

Page 37: Direito Financeiro III

37

Interpretação e Integração da Legislação Tributária

“Art. 108............

§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.

§ 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido.”

Interpretação e Integração da Legislação Tributária

“Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:

I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;

II - outorga de isenção;

III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.”

Sentido da expressão “literalmente” – interpretação restritiva

Interpretação e Integração da Legislação Tributária

“Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:

I - à capitulação legal do fato;

II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos;

III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;

IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.”

Page 38: Direito Financeiro III

38

Interpretação e Integração da Legislação Tributária

“Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários.

Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.”

Interpretação e Integração da Legislação Tributária

Relação entre o direito privado e o direito tributário

Reconhecido o conceito de direito privado:

Se for uma norma de atribuição de competência tributária pela CF (art. 110 do CTN) o legislador não pode se desviar dos efeitos civis daquele instituto

Se não for caso de norma de competência, o legislador pode atribuir “efeitos tributários” ao instituto de direito privado, diversos dos “efeitos civis”

Interpretação e Integração da Legislação Tributária

Competência tributária em relação aos impostos –

A CF de 88 não definiu de forma acabada os pressupostos de fato dos impostos. Limitou-se a enunciar o “núcleo significativo” desses pressupostos (“importação”, “renda”)

Cabe ao legislador complementar a tarefa de dar nitidez aos contornos do fato gerador (art. 146 da CF)

Interpretação e Integração da Legislação Tributária

Institutos típicos de direito privado mencionados nas normas de competência tributária:

Alguns fatos mencionados pela CF são típicos do direito privado: “operações de seguro” (IOF - art. 153, V, CF), “direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia” (ITBI – art. 156, II, CF) – aplicação do art. 110 do CTN

Page 39: Direito Financeiro III

39

Há fatos mencionados na CF que não correspondem a conceitos típicos de direito privado – “renda e proventos de qualquer natureza (IR, art. 153, I, CF); “produtos industrializados” (IPI, art. 153, IV, CF) – legislador complementar terá maior liberdade para a concretização de tais conceitos

Interpretação e Integração da Legislação Tributária

Ministro do STF Luiz Gallotti (1973):

“Se a lei pudesse chamar de compra o que não é compra, de importação o que não é importação, de exportação o que não é exportação, de renda o que não é renda, ruiria todo o sistema tributário inscrito na Constituição.”

Art. 110 do CTN e Supremo Tribunal Federal

O Supremo Tribunal Federal já utilizou diversas vezes o art. 110 do CTN para limitar o exercício de competências tributárias:

1) Caso da expressão “folha de salários” do art. 195 da CF (redação anterior à EC 20/98) (RE 166772)

2) ISS e locação de bens móveis (RE 116.121)

3) COFINS – Faturamento, receita bruta e art. 195 na redação anterior à EC 20/98 (RE 346.084)

DIREITO FINANCEIRO III

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2012 (Noite) – AULA 6

Obrigação tributária - CTN

Page 40: Direito Financeiro III

40

“Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.”

Obrigação tributária

Obrigação principal – “tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária”

Descumprimento de obrigação acessória pode gerar uma “penalidade pecuniária” que será exigida com o valor do tributo – sentido da expressão “converte-se em principal relativamente à penalidade pecuniária” do art. 113, §3° do CTN.

Art. 3° do CTN – tributo é por definição valor que não decorre de prática de ato ilícito

Obrigação tributária

Efeito prático relevante do art. 113, §3º – possibilitar que o valor do tributo e da penalidade pecuniária decorrente de descumprimento de obrigação acessória sejam exigidas no mesmo ato

Exemplo: contribuinte que deixa de recolher tributo devido e não emite nota fiscal

O lançamento tributário feito pela Administração exigirá o valor do tributo que deixou de ser recolhido e o valor da penalidade pecuniária decorrente do descumprimento da obrigação acessória (emissão de nota fiscal)

PUC-PR - 2010 - COPEL - Advogado Júnior

Sobre a obrigação tributária principal, assinale a alternativa CORRETA:

Page 41: Direito Financeiro III

41

a) Extingue-se, com o pedido de parcelamento acompanhado do recolhimento da primeira prestação.

b) Decorre da legislação tributária e tem por objeto prestações positivas ou negativas, previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

c) Surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto o pagamento do tributo ou penalidade pecuniária. (AFIRMATIVA CORRETA)

d) Pelo simples fato de seu não adimplemento suscita imediata inscrição em dívida ativa, independentemente de abertura de prazo para impugnação do lançamento, por parte do interessado.

e) Suspende-se, com o devido lançamento, nas três modalidades previstas pelo Código Tributário Nacional.

FGV - 2011 - SEFAZ-RJ - Auditor Fiscal da Receita Estadual

O objeto da obrigação tributária se traduz em uma prestação, de cunho patrimonial ou não, devida pelo contribuinte ou responsável. Em relação à obrigação tributária, é correto dizer que

a) a obrigação tributária de conteúdo patrimonial é chamada de obrigação principal, ao passo que a acessória se caracteriza pela prestação de conteúdo não patrimonial, consubstanciada em obrigações de fazer e não fazer. Entretanto, a não observância da obrigação acessória tem o condão de convertê-la em principal relativamente à penalidade pecuniária. (AFIRMATIVA CORRETA)

b) a obrigação tributária principal, representada por uma obrigação de dar, surge no momento do lançamento do tributo que, por sua vez, constitui o crédito tributário. Esta obrigação decorre de legislação tributária específica e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

c) a obrigação tributária, seja ela principal ou acessória, é sempre uma obrigação de cunho patrimonial quando se refere a uma obrigação de fazer ou não fazer.

d) de modo análogo à obrigação civil, a obrigação tributária acessória decorre da obrigação principal. Nesse diapasão, também pode se dizer que, extinta a obrigação principal, extinta está a obrigação acessória, mas a extinção da obrigação acessória não implica, necessariamente, a extinção da obrigação principal.

e) a obrigação acessória, caracterizada por obrigações de fazer e não fazer tais como emitir notas fiscais, manter a escrituração dos livros em dia, entregar as declarações de acordo com as instruções do fisco, não impedir o livre acesso da fiscalização à

Page 42: Direito Financeiro III

42

empresa, etc., decorre de legislação tributária específica, no interesse exclusivo de arrecadação dos tributos.

Obrigação acessória

Crítica da doutrina ao nome “obrigação acessória”

O termo “acessória” pode levar ao ENTENDIMENTO EQUIVOCADO de que a obrigação acessória dependeria da existência da obrigação principal

Sistema do CTN – pode haver obrigação acessória mesmo na inexistência de obrigação principal

Doutrina prefere o termo “deveres instrumentais” (Paulo de Barros Carvalho. Direito tributário, linguagem e método. Noeses)

Obrigação acessória

CTN

“Art.9º... (entidades que possuem imunidade tributária – art. 150, VI, CF 88)

§ 1º O disposto no inciso IV não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros.”

Obrigação acessória

CTN

“Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação.

Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal.”

Page 43: Direito Financeiro III

43

Obrigação tributária

CTN

“Art. 175. Excluem o crédito tributário: I - a isenção;

II - a anistia.

Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela conseqüente.”

Obrigação acessória

“(...)

3. A relação jurídica tributária refere-se não só à obrigação tributária stricto sensu (obrigação tributária principal), como ao conjunto de deveres instrumentais (positivos ou negativos) que a viabilizam.

4. Os deveres instrumentais (obrigações acessórias) são autônomos em relação à regra matriz de incidência tributária, aos quais devem se submeter, até mesmo, as pessoas físicas ou jurídicas que gozem de imunidade ou outro benefício fiscal, ex vi dos artigos 175, parágrafo único, e 194, parágrafo único, do CTN.(...)”

(REsp 1040578/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJe 05/08/2009)

Obrigação acessória

“Art. 113...............................................................

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.”

“(...)... no território das imposições tributárias, são estipulados inúmeros deveres, que possibilitam o controle, pelo Estado-Administração, sobre a observância do cumprimento das obrigações estatuídas com a decretação dos tributos. Esses deveres são, entre muitos, o de escriturar livros, prestar informações, expedir notas fiscais, fazer declarações, promover levantamentos físicos, econômicos ou financeiros, manter dados e documentos à disposição da autoridades administrativas, aceitar a

Page 44: Direito Financeiro III

44

fiscalização periódica de suas atividades, tudo com o objeto de propiciar ao ente que tributa a verificação do adequado cumprimento da obrigação tributária.(...)”

(Paulo de Barros Carvalho. Curso de Direito Tributário. Saraiva)

CESPE - 2008 - MPE-RO - Promotor de Justiça

Assinale a opção correta a respeito da obrigação tributária.

a) A obrigação acessória surge com a ocorrência do fato gerador.

b) A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador ou em decorrência da legislação tributária.

c) A obrigação tributária nasce com a publicação da lei instituidora do tributo.

d) A obrigação principal refere-se ao pagamento de tributo, mas não de uma penalidade pecuniária.

e) Inscrever-se no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) antes de iniciar a atividade econômica é uma obrigação acessória (AFIRMATIVA CORRETA)

Obrigação acessória e razoabilidade – Primeira Seção do STJ – Recurso repetitivo

“(...)1. O ente federado legiferante pode instituir dever instrumental a ser observado pelas pessoas físicas ou jurídicas, a fim de viabilizar o exercício do poder-dever fiscalizador da Administração Tributária, ainda que o sujeito passivo da aludida "obrigação acessória" não seja contribuinte do tributo ou que inexistente, em tese, hipótese de incidência tributária, desde que observados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade ínsitos no ordenamento jurídico.

(...)

10. Isto porque, ainda que, em tese, o deslocamento de bens do ativo imobilizado e de material de uso e consumo entre estabelecimentos de uma mesma instituição financeira não configure hipótese de incidência do ICMS, compete ao Fisco Estadual averiguar a veracidade da aludida operação, sobressaindo a razoabilidade e proporcionalidade da norma jurídica que tão-somente exige que os bens da pessoa jurídica sejam acompanhados das respectivas notas fiscais(...)”

(REsp 1116792/PB, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 14/12/2010)

Page 45: Direito Financeiro III

45

Obrigações acessórias – matéria de legislação tributária

CTN

“Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.”

Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.”

Penalidades – matéria submetida à reserva de lei

“Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;”

Logo, se o descumprimento de uma obrigação acessória for associado a uma penalidade – é preciso que a penalidade tenha previsão em lei

Obrigação acessória

Estudo divulgado pela FIESP

(“Carga extra na indústria brasileira”) – Setembro de 2011

“Os custos que as empresas industriais arcam para se manter em acordo com a legislação tributária representam 1,16% do seu faturamento, o que significa R$ 19,7 bilhões por ano.”

(...)

“As pequenas empresas são as que apresentam maiores custos para se manter em acordo com a legislação proporcionalmente às suas vendas: os custos do sistema tributário representam em média 3,13% do faturamento das pequenas, (...)”

Obrigação acessória

Incremento das obrigações acessórias está diretamente ligado ao fenômeno da mudança do perfil da Administração Tributária

Page 46: Direito Financeiro III

46

Fiscalização “porta a porta” substituída pela “transferência da fiscalização tributária para o contribuinte” – aumento do número de declarações e informações exigidas das empresas, especialmente pela internet

Posição minoritária na doutrina – Leandro Paulsen (Curso de Direito Tributário. Livraria do advogado):

Modificou seu entendimento para considerar que a instituição das obrigações acessórias é matéria de lei em sentido estrito em virtude do princípio geral da legalidade (art. 5º, II, CF).

Crítica ao pensamento convencional de que a instituição das obrigações acessórias seria matéria de “legislação tributária”, enquanto a cominação de penalidades decorrentes do descumprimento daquelas seria matéria de lei em sentido estrito (art. 97 do CTN).

Paulsen destaca que, se o consequente da norma jurídica (penalidade) está sujeito a reserva de lei, não faz sentido que o seu antecedente (o dever instrumental) seja matéria que possa ser tratada por meio de atos infralegais, emanados do Executivo.

DIREITO FINANCEIRO III

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2012 (Noite) – AULA 7

Obrigação tributária - CTN

Page 47: Direito Financeiro III

47

“Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.”

CESPE - 2010 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 1 - Primeira Fase (Jun/2010)

Um fiscal federal, em processo de auditoria, verificou que uma empresa estava em dívida para com o fisco em relação ao imposto de renda. Ao autuar a empresa para pagamento do imposto, o fiscal impôs-lhe, ainda, uma multa por atraso no pagamento e outra, por não ter entregue a declaração anual de rendimentos da pessoa jurídica. Nessa situação hipotética,

a) todas as obrigações são consideradas principais. (AFIRMATIVA CORRETA)

b) a obrigação de pagar o imposto de renda é considerada principal; a de pagar as multas, não.

c) a obrigação de pagar o imposto de renda e a de pagar a multa de mora são consideradas principais; a de pagar a multa por atraso na entrega da declaração, não.

d) a obrigação de pagar o imposto de renda e a de pagar a multa por atraso na entrega da declaração são consideradas principais; a de pagar a multa de mora, não.

Obrigação tributária principal

Vínculo estabelecido entre o Estado e o sujeito passivo para o pagamento do tributo

É relação jurídica submetida à reserva de lei

CTN

“Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;

Page 48: Direito Financeiro III

48

VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.”

Obrigação tributária principal

Obrigação tributária é “ex lege”, natureza de direito público, a vontade do sujeito passivo não é relevante para sua formação (ao contrário da regra do direito privado).

Crítica do termo “obrigação” (típico do direito privado) para designar a relação tributária – explicação histórica – o termo indica que o contribuinte possui garantias em face do Estado (consolidação do Estado de Direito/Estado Fiscal) e sua relação com o Estado não é de mera sujeição ao poder soberano

Fato Gerador

CTN

“Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.”

Fato Gerador

A expressão “fato gerador” (Gaston Jèze)

Acolhida pela doutrina brasileira contemporânea ao CTN – Rubens Gomes de Sousa, Amílcar Falcão e Gilberto de Ulhôa Canto

Geraldo Ataliba – crítica à expressão pois pretende designar duas realidades distintas: previsão hipotética da lei e ocorrência no mundo dos fatos da previsão – adoção da expressão “Hipótese de incidência tributária”

Paulo de Barros Carvalho – prefere a expressão “fato jurídico tributário” para designar a ocorrência real do evento previsto na hipótese da norma

Page 49: Direito Financeiro III

49

Fato Gerador

A CF de 1988 consagrou a expressão “fato gerador”:

“Art. 146........ III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;”

Art. 150..................III - cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;”

CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz

Assinale a opção correta no que concerne ao fato gerador da obrigação tributária.

a) As obrigações principais e acessórias estão sujeitas ao princípio constitucional da legalidade estrita.

b) A obrigação do pagamento tributário decorre da adequação da situação fática (fato gerador) à previsão normativa abstrata instituidora do tributo, fenômeno denominado incidência tributária. As situações não previstas na norma abstrata correspondem à não incidência. (AFIRMATIVA CORRETA)

c) A obrigação tributária de pagamento de tributo não admite que em sua base de cálculo seja inserido o valor de outro tributo.

d) A inadimplência das vendas a prazo é condição resolutiva da hipótese de incidência tributária.

e) A hipótese de incidência depende da origem lícita da renda auferida, máxime quando incidir sobre o lucro.

Fato Gerador – situação de fato e situação jurídica

“Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:

I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;

Page 50: Direito Financeiro III

50

II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.”

Fato Gerador – situação de fato

Sentido de “situação de fato” – pode ser eleito como fator gerador uma situação que NÃO seja relevante para o aperfeiçoamento do negócio jurídico subjacente à tributação

Exemplo – fato gerador do ICMS é a saída da mercadoria do estabelecimento comercial. Tal situação não é determinante para o negócio jurídico de compra e venda.

Fato Gerador

Fato gerador como “situação de fato” - se a lei estabelece que, para a configuração de determinado fato gerador, são necessárias as práticas de vários atos, o fato gerador só nascerá quando o conjunto de fatos que convergem para a consolidação daquela situação de fato estiver completado.

Logo, não se pode falar propriamente em “fato gerador pendente”

Crítica da doutrina ao art. 105 do CTN: “Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116.”

Fato Gerador – precedente do STJ

Caso da taxa de saúde suplementar exigida pela ANS para registro de produto – lei editada em 2000 fixou como momento do fato gerador da taxa o protocolo do requerimento pelo contribuinte. A ANS pretendeu exigir a taxa mesmo dos contribuintes que haviam efetuado o protocolo antes da entrada em vigor da lei, mas que ainda não estavam com seus pleitos decididos. Alegou que se aplicaria a regra do art. 105 do CTN, que determina a aplicação da lei nova aos “fatos geradores pendentes”.

O Superior Tribunal de Justiça negou a tese e afirmou a impossibilidade de exigência da taxa aos pedidos protocolados antes da lei, invocando as lições da doutrina tributária de que é impróprio falar de “fato gerador pendente”, pois na hipótese

Page 51: Direito Financeiro III

51

considerou que o fato gerador da taxa estaria consumado no momento do protocolo do requerimento.

Fato Gerador

“(...)

3. A Taxa de Registro de Produto - art. 20, II, da Lei n. 9.961/2000 - tem como fato gerador o momento da protocolização do registro, conforme disposto no § 3º daquele mesmo diploma. Não há fato gerador pendente.

4. Incidência da Taxa de Registro de Produto somente sobre os registros protocolizados a partir de 1º de janeiro de 2000.

(...)”

(REsp 1162283/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 25/05/2011)

Fato Gerador – situação jurídica

“Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:

II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.”

Ex. Incidência do ITCD na doação

“doação” – “situação jurídica” regulada pelo direito privado

Fato Gerador – situação jurídica

“Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados:

I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;

II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio.”

Page 52: Direito Financeiro III

52

Fato Gerador

“Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:

I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;

II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.”

Fato Gerador – interpretação do art. 118 do CTN

Caso do ICMS nos serviços de comunicação e inadimplemento do consumidor

As concessionárias sustentavam que não seria devido ICMS em relação a prestações de serviços de comunicações (telefonia móvel) em que o consumidor não tivesse efetuado o pagamento.

O Superior Tribunal de Justiça negou pedido com base no art. 118 do CTN - fato gerador do ICMS é a prestação do serviço de comunicação, o inadimplemento do consumidor não seria relevante para sua caracterização, não sendo permitido que a concessionário pudesse repassar o ônus da inadimplência ao poder público, devendo adotar medidas necessárias para a recuperação de seus créditos

(REsp 1189924/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 07/06/2010)

Fato Gerador

“TRIBUTÁRIO – ICMS – SERVIÇO DE TELEFONIA MÓVEL – INADIMPLÊNCIA DOS USUÁRIOS – FURTO DE SINAL (CLONAGEM) – INCIDÊNCIA DO TRIBUTO.

1. O fato gerador do ICMS na telefonia é a disponibilização da linha em favor do usuário que contrata, onerosamente, os serviços de comunicação da operadora. A inadimplência e o furto por "clonagem" fazem parte dos riscos da atividade econômica, que não podem ser transferidos ao Estado.

2. Nos termos do art. 118 do Código Tributário Nacional, o descumprimento da operação de compra e venda mercantil não tem o condão de malferir a ocorrência do fato gerador do ICMS.

Page 53: Direito Financeiro III

53

3. Inexiste previsão legal que permita a compensação tributária de ICMS em serviços de telefonia móvel inadimplidas, ou cujo sinal foi furtado por "clonagem" do aparelho celular.

4. "A exigência tributária não está vinculada ao êxito dos negócios privados." (REsp 956.842/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, julgado em 20.11.2007, DJ 12.12.2007, p. 408.) 5. Não compete ao Estado zelar pelo cumprimento da obrigação dos consumidores; cabe, no caso, à prestadora dos serviços buscar, pela via própria, o recebimento de seus créditos.

(...)”

(REsp 1189924/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/05/2010, DJe 07/06/2010)

Fato Gerador

LC 87/96 (Lei Kandir) - ICMS

"Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:

VII - das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza;”

Fato Gerador

PIS E COFINS – vendas a prazo inadimplidas, valores que foram “faturados”, mas não foram recebidos em razão do inadimplemento do contratante – devem integrar a base de cálculo das contribuições?

STF – Informativo 649/2011

Fato Gerador

Lei 9.717/98

Page 54: Direito Financeiro III

54

“Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei.

Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica.

§ 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluem-se da receita bruta:

I - as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, (...)”

PIS/Cofins vendas inadimplidas – Informativo STF 649

“A contribuição ao Programa de Integração Social - PIS e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS são exigíveis no que se refere a vendas a prazo inadimplidas, ou seja, cujos valores faturados não tenham sido recebidos. (...)

Reputou-se que o Sistema Tributário Nacional fixara o regime de competência como regra geral para apuração dos resultados da empresa, e não o regime de caixa. Pelo primeiro, haveria o reconhecimento simultâneo das receitas e das despesas realizadas, como conseqüência natural do princípio da competência do exercício, considerando-se realizadas as receitas e incorridas as despesas no momento da transferência dos bens e da fruição dos serviços prestados, independentemente do recebimento do valor correspondente. Afirmou-se que essa sistemática seria confirmada pelos artigos 177 e 187, § 1º, a, da Lei 6.404/76, bem como pelo art. 9º da Resolução 750/93, do Conselho Federal de Contabilidade. Nesse contexto, aduziu-se que as mutações patrimoniais decorreriam de relações jurídicas integrantes do ativo ou do passivo da pessoa jurídica, representativas, respectivamente, de direitos ou de obrigações para com terceiros. Ocorreriam, pois, quando o vendedor fizesse a entrega para o comprador, passando, então, a ter jus ao recebimento do respectivo preço. Esse evento deveria ser vertido em linguagem competente, registrado o direito de crédito que o vendedor passaria a deter em face do comprador, equivalente ao preço estipulado quando da celebração do contrato. Frisou-se ser esse o momento em que nasceria a relação jurídica, juntamente com a ocorrência do fato jurídico tributário. (...)”

PIS/Cofins vendas inadimplidas – Informativo STF 649

“(...)

Quanto ao aspecto temporal da hipótese de incidência da COFINS e da contribuição para o PIS, ter-se-ia, desse modo, que o fato gerador da obrigação ocorreria com o

Page 55: Direito Financeiro III

55

aperfeiçoamento do contrato de compra e venda, e não com o recebimento do preço acordado, isto é, com a disponibilidade jurídica da receita, que passaria a compor o aspecto material da hipótese de incidência das contribuições em questão.

(...)

Não caberia ao intérprete, assim, excluir as vendas inadimplidas da base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS, sob a alegação de isonomia, por resultar hipótese de exclusão de crédito tributário, cuja interpretação deveria ser restritiva, a teor do art. 111 do CTN. O Min. Ricardo Lewandowski destacou que, quando uma empresa vende a prazo, assumiria os riscos da inadimplência, e a legislação preveria a denominada provisão para devedores duvidosos, a permitir que determinada empresa, ao fim de cada exercício social, pudesse lançar como perda do período eventuais vendas atingidas por insolvências. (...)”

Fato Gerador

Caso ITBI, compra e venda regular que depois foi anulada e descabimento de pedido de restituição do ITBI

Superior Tribunal de Justiça deu provimento a recurso de Município contra acórdão local que havia sustentado o cabimento da devolução do ITBI ao argumento de que a compra e venda teria sido anulada depois, desaparecendo portanto o negócio jurídico. Considerou o Tribunal na época do recolhimento do ITBI o negócio seria válido, e que a anulação do ato não poderia atingir tal momento, pois produziria efeito apenas após a sentença, de acordo com o código civil. Neste caso, caberia ao prejudicado reaver o valor do ITBI de quem deu causa à anulação do ato e não do Município.

(REsp 1175640/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 11/05/2010)

Fato Gerador

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS. ITBI. REGULAR COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. SUPERVENIÊNCIA DE ANULAÇÃO JUDICIAL. CANCELAMENTO DO REGISTRO. VENDEDOR QUE, ANTERIORMENTE, ADQUIRIU O IMÓVEL POR MEIO DE NEGÓCIO SIMULADO. FATO GERADOR REGULARMENTE OCORRIDO. ART. 118 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. ABSTRAÇÃO DA VALIDADE JURÍDICA DOS ATOS EFETIVAMENTE PRATICADOS.

1. Trata-se de recurso especial no qual se discute se a anulação judicial da compra e venda de imóvel dá origem ao direito de restituição do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis - ITBI.

Page 56: Direito Financeiro III

56

2. "A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença" (art. 177, Código Civil), de tal sorte que, à época do recolhimento do ITBI, a transmissão da propriedade imóvel se deu de forma regular. Assim, o fato de uma decisão judicial, superveniente ao regular recolhimento do ITBI, ter anulado a compra e venda não induz o raciocínio de que o tributo foi recolhido indevidamente.

3. Isso, porque "a definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos", nos termos do art. 118 do Código Tributário Nacional.

4. A pretensão de recuperação dos valores pagos a título de ITBI deve-se dar em ação indenizatória movida contra aquele que deu causa à anulação do negócio, e não contra a Fazenda do Município.

5. Recurso especial provido.

(REsp 1175640/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/05/2010, DJe 11/05/2010)

Fato Gerador

Hugo de Brito Machado – crítica a tal decisão do STJ, pois na hipótese teria ocorrido, no mundo dos fatos, o esvaziamento da situação (transmissão da propriedade) que originou a cobrança do ITBI

Analogia com hipótese semelhantes relativas ao IPI e o ICMS, cujas legislações possibilitam o creditamento correspondente na hipótese de devolução de produto industrializado e de mercadoria

(Direito à restituição do ITBI em face do anulamento da venda do imóvel. Revista Dialética de Direito Tributário. N. 183, p. 63)

Fato Gerador – art. 118 e non olet

“Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:

I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;”

Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

Princípio non olet

Page 57: Direito Financeiro III

57

Rubens Gomes de Sousa e Amílcar de Araújo Falcão - mesmo antes da edição do CTN, já advogavam a necessidade de submeter os efeitos dos atos ilícitos à tributação.

Amílcar Falcão dissertou acerca do assunto em “Fato gerador da obrigação tributária”, aduzindo que seria contrário à igualdade deixar de tributar a renda proveniente de atividades ilícitas, quando a tributação abrangia pessoas que tinham auferido renda por meios lícitos.

Fato Gerador – art. 118 do CTN e non olet

NON OLET já foi acolhido expressamente pelo STF em dois julgados:

HC 77530 (Relator Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, DJ 18-09-1998)

Denegou a ordem a acusado de tráfico de entorpecentes, que queria obstar o prosseguimento de ação penal relativa a crime de sonegação fiscal ao argumento de que a conduta seria ilícita.

HC 94240 (Relator Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, DJe 11-10-2011)

Denegou a ordem a paciente que alegou que a ação penal do crime de sonegação fiscal não poderia prosseguir, pois os rendimentos foram oriundos de meios ilícitos, no caso, a prática da contravenção do “jogo do bicho”.

Voto vencido do Ministro Marco Aurélio - considerou que não seria possível o surgimento de obrigação tributária proveniente de atividade que o próprio Estado qualifica como crime, traçando um paralelo com o dinheiro recebido por extorsão mediante seqüestro.

Fato Gerador - art. 118 do CTN e non olet

“Habeas corpus. Penal. Processual penal. Crime contra a ordem tributária. (...)

2. A jurisprudência da Corte, à luz do art. 118 do Código Tributário Nacional, assentou entendimento de ser possível a tributação de renda obtida em razão de atividade ilícita, visto que a definição legal do fato gerador é interpretada com abstração da validade jurídica do ato efetivamente praticado, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Princípio do non olet. Vide o HC nº 77.530/RS, Primeira Turma, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 18/9/98. 3. Ordem parcialmente conhecida e denegada.

(HC 94240, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, Dje 11-10-2011)

Page 58: Direito Financeiro III

58

Fato Gerador - art. 118 do CTN e non olet

Misabel Derzi (atualização de Direito Tributário Brasileiro de Aliomar Baleeiro. Editora Forense) e Luís Eduardo Schoueri (Direito Tributário. Editora Saraiva)

Misabel Derzi – descabida a tributação dos atos ilícitos, especialmente nas situações em que o próprio ordenamento jurídico determina o perdimento dos bens e valores dos autores de crimes. A própria CF admite, no art. 5º, a possibilidade da pena de perdimento de bens. A Lei 9.613/98 que disciplina o crime de lavagem de dinheiro determina como efeito da condenação a perda dos bens e valores. Em tais hipóteses, se a União se apropria dos bens ou valores provenientes de crimes, não se pode cogitar de tributação.

Luís Eduardo Schoueri – adota a mesma posição de Misabel Derzi, destacando que se não ocorrer a pena de perdimento de bens pela ineficácia do processo penal (exemplo: prescrição) e restar configurado o fato gerador, pode haver tributação.

Fato Gerador - art. 118 do CTN e non olet

Decreto-lei 37/66 (Imposto de Importação)

“Art. 1º......§ 4º. O imposto não incide sobre mercadoria estrangeira:

III - que tenha sido objeto de pena de perdimento, exceto na hipótese em que não seja localizada, tenha sido consumida ou revendida.

(Incluído pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)”

Fato Gerador - art. 118 do CTN e non olet

CF 88

art. 5º XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

b) perda de bens;

Lei 9.613/98 – crimes de “lavagem”

Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal:

Page 59: Direito Financeiro III

59

I - a perda, em favor da União, dos bens, direitos e valores objeto de crime previsto nesta Lei, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;”

Fato Gerador - art. 118 do CTN e non olet

CÓDIGO PENAL

“Art. 43. As penas restritivas de direitos são:

II - perda de bens e valores (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

§ 3o A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto - o que for maior - o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em conseqüência da prática do crime.”

(Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)

DIREITO FINANCEIRO III

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2012 (Noite) – AULA 8

Fato Gerador – elementos ou critérios

Critério material – descrição dos elementos essenciais do fato

Paulo de Barros Carvalho: núcleo é composto de verbo e complemento (ex. auferir renda)

Critério temporal - Fatos geradores instantâneos ou fatos geradores periódicos

Critério espacial

Critério quantitativo – base de cálculo e alíquota

Critério pessoal – sujeito ativo e sujeito passivo

Fato Gerador – critério quantitativo

Base de cálculo – “medida legal da grandeza do fato gerador” (Luciano Amaro)

Page 60: Direito Financeiro III

60

A escolha deve guardar coerência lógica com a materialidade do tributo

Ex. ISS – fato gerador é a prestação de serviços

Base de cálculo – regra: preço do serviço

Fato Gerador – critério quantitativo

Alíquota ad valorem: percentual aplicado à base de cálculo que determina o montante devido

Ex. ISS – 5% do preço do serviço

Alíquota específica: valor fixo em reais por unidade de medida adotada pela lei

Ex. Cide combustíveis

Lei 10.336/01

“Art. 5º. A Cide terá, na importação e na comercialização no mercado interno, as seguintes alíquotas específicas:

I – gasolina, R$ 860,00 por m³;

II – diesel, R$ 390,00 por m³;

III – querosene de aviação, R$ 92,10 por m³;

(...)”

Competência tributária – poder de instituir tributos

CTN

“Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei.”

Competência tributária

CF 88

“Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:”

Competência tributária

CF 88

Page 61: Direito Financeiro III

61

“Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas (...)”

Competência tributária

CTN

“Art. 6º ...........................................

Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.”

Participação de Estados e Municípios no produto da arrecadação tributária (art. 157 a 159 da CF) NÃO modifica a competência tributária

Competência tributária

“Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra (...).”

Competência tributária x capacidade tributária ativa

Competência tributária x capacidade tributária ativa

Competência tributária – poder de instituir tributos - indelegável (só União, Estados, DF e Municípios)

Capacidade tributária ativa – poder de exercer a administração tributária (cobrar, fiscalizar) – pode ser exercido por pessoa de direito público

Capacidade tributária ativa

CTN

“Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento.”

Competência tributária

CTN

“Art. 7º..................

§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos.”

Page 62: Direito Financeiro III

62

Simples atribuição de receber o pagamento do tributo – instituições financeiras

Competência tributária

CTN

Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.

§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir.

§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.

Competência tributária

Caso Embrafilme e União Federal

Superior Tribunal de Justiça - A Lei 8.029/1990, que determinou a liquidação da Embrafilme, não modificou a imposição tributária. A União, detentora da competência tributária para instituição do tributo em questão apenas delegou a atividade de cobrança e fiscalização da contribuição à Embrafilme. Com a extinção da entidade, pela Lei 8.029/1990, a delegação foi revogada, determinando o diploma que a União seria a sucessora daquela. A extinção da Embrafilme, por lei, equivale, no âmbito tributário, ao término da delegação, nos termos do art. 7º, § 2º, do CTN.

Resp 785941/RJ (DJ 19/02/2010)

Competência tributária

“DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA CRIADA PELA LEI 6.281/1975. LEGITIMIDADE DE COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO PELA UNIÃO FEDERAL COM O ADVENTO DA LEI 8.029/90.

1. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 149, determina a competência da União Federal para instituir "contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas". Dessarte, a Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica, criada pela Lei 6.281/1975, foi recepcionada pela Carta Magna.

2. A Lei 8.029/1990, que determinou a liquidação da Embrafilme, não modificou a imposição tributária. A União, detentora da competência tributária para instituição do tributo em questão, mediante lei, apenas delegou a atividade de cobrança e fiscalização da contribuição à Embrafilme.

3. Com a extinção da entidade, pela Lei 8.029/1990, a delegação foi revogada, determinando o diploma que a União seria a sucessora daquela "nos seus direitos e

Page 63: Direito Financeiro III

63

obrigações decorrentes de norma legal, ato administrativo ou contrato, bem assim nas demais obrigações pecuniárias" (art. 23 da Lei 8.029/1990), voltando a ser sujeito ativo do tributo.

4. A extinção da Embrafilme, por lei, equivale, no âmbito tributário, ao término da delegação, nos termos do art. 7º, § 2º, do CTN. O fim da instituição não afeta a exigibilidade da contribuição.

5. Recurso Especial não provido.”

(REsp 785.941/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 19/02/2010)

Competência tributária - classificação

Competência exclusiva

Impostos federais - art. 153,

Impostos estaduais - art. 155

Impostos municipais - art. 156

Empréstimos compulsórios - art. 148

Contribuições (art. 149)

Contribuição para custeio de sistema próprio de previdência (art. 149, §1º)

Contribuição de iluminação pública (art. 149-A)

Competência tributária

COMPETÊNCIA COMUM – União, Estados, DF e Municípios

Taxas

Contribuição de melhoria

Contribuição para custeio de sistema próprio de previdência (art. 149, §1º)

Competência tributária

COMPETÊNCIA RESIDUAL – UNIÃO

IMPOSTOS

“Art. 154. A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;”

Contribuições - União

Page 64: Direito Financeiro III

64

CF 88

“Art. 195. § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.”

DIREITO FINANCEIRO III

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2012 (Noite) – AULA 9

Fato Gerador – elementos ou critérios

Critério material – descrição dos elementos essenciais do fato

Critério temporal

Critério espacial

Critério quantitativo – base de cálculo e alíquota

Critério pessoal – sujeito ativo e sujeito passivo

Sujeito passivo

“Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;

II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.”

Sujeito passivo

“Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituam o seu objeto.”

Sujeito passivo

Page 65: Direito Financeiro III

65

“Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.”

Sujeito passivo

Lei 8.245/91 (Lei de Locações)

“Art. 22. O locador é obrigado a:

VIII - pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato;”

CTN – Sujeito passivo do IPTU

“Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título.”

Sujeito passivo

“TRIBUTÁRIO. IPTU, TAXAS DE ILUMINAÇÃO E LIMPEZA E CONSERVAÇÃO PÚBLICAS. ILEGITIMIDADE ATIVA DO LOCATÁRIO. TERMO A QUO DO PRAZO PRESCRICIONAL.

1. Não se pode imputar ao locatário a condição de sujeito passivo direto do IPTU ou das taxas de limpeza e conservação de logradouros públicos, pois "contribuinte do imposto", preceitua o art. 34 do CTN, "é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título", sendo certo que esse último (possuidor a qualquer título) volta-se apenas para as situações em que há posse ad usucapionem, e não para o caso de posse indireta exercida pelo locatário. Nem mesmo o contrato de locação, no qual é atribuída ao locatário a responsabilidade pela quitação dos tributos inerentes ao imóvel, tem o condão de alterar o sujeito passivo da obrigação tributária, consoante dispõe o art. 123 do CTN. Diante disso, carece o locatário de legitimidade para postular a declaração de inexigibilidade das exações, sendo parte legítima para tanto o proprietário-locador do imóvel. (...)”

(REsp 757.897/RJ, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, DJ 06/03/2006)

FGV - 2010 - SEAD-AP - Fiscal da Receita Estadual

Assinale a alternativa correta.

a) A capacidade tributária passiva depende da capacidade civil das pessoas naturais.

b) Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considerase como tal o local em que tenha ocorrido o fato gerador do tributo.

Page 66: Direito Financeiro III

66

c) O sujeito passivo da obrigação principal diz-se responsável quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador.

d) Havendo solidariedade tributária, e salvo disposição de lei em contrário, a isenção do crédito exonera a todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo do tributo.

e) O Código Tributário Nacional veda expressamente a possibilidade de que as convenções particulares relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos possam ser opostas à Fazenda Pública para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias. (AFIRMATIVA ERRADA)

Sujeito passivo

SUJEITO PASSIVO – art. 121 do CTN

Contribuinte - relação pessoal e direta com o fato gerador

Responsável – não sendo contribuinte, obrigação de pagar o tributo decorre de disposição expressa de lei

Sujeito passivo – responsável – matéria sob reserva de lei

“Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.”

COPS-UEL - 2011 - PGE-PR - Procurador - do Estado

Dentre as alternativas abaixo, aponte aquela que estiver correta:

a) a lei, e excepcionalmente as normas complementares, podem atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação tributária, excluindo a responsabilidade tributária do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação; (AFIRMATIVA INCORRETA)

b) o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro são pessoalmente responsáveis pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, independentemente do montante do quinhão, do legado ou da meação;

c) a pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra não é considerada responsável pelos tributos devidos pelas pessoas jurídicas fusionadas, transformadas ou incorporadas;

d) o inventariante é pessoalmente responsável pelos tributos devidos pelo espólio nas hipóteses de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei;

Page 67: Direito Financeiro III

67

e) a pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra não é considerada responsável pelos tributos devidos pelas pessoas jurídicas fusionadas, transformadas ou incorporadas; a pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra não é considerada responsável pelos tributos devidos pelas pessoas jurídicas fusionadas, transformadas ou incorporadas;

Sujeito passivo - responsável

Sentido da expressão “terceira pessoa, vinculada ao fato gerador” – art. 128 do CTN

Exigência que pode ser extraída do próprio sistema constitucional - em qualquer relação tributária, quem demonstra a riqueza que procura ser capturada parcialmente, em obediência ao princípio da capacidade contributiva, é o contribuinte, que possui relação direta com o fato gerador

Terceiro designado responsável tributário deve possuir relação negocial com o contribuinte que possa permitir a consideração do ônus de tributo que precisou adimplir em nome de outrem,

O responsável pode ainda ser chamado a pagar o tributo se deixou de cumprir algum dever imposto pela lei (exemplo: retenção do valor do imposto quando do pagamento)

Sujeito passivo

Sentido da expressão “terceira pessoa, vinculada ao fato gerador” – art. 128 do CTN

Exemplo de Substituição tributária - se a lei atribui ao comerciante (substituto) a obrigação de recolher o ICMS relativo à operação praticada pelo agricultor (substituído), como ambos travam uma relação econômica será possível que na composição do preço pago ao agricultor o comerciante leve em consideração o imposto pago em razão da manifestação de capacidade contributiva do agricultor.

Responsabilidade tributária

O próprio CTN possui dispositivo que estabelece certa diferença de tratamento entre o débito oriundo de obrigação própria (prática do fato gerador) e o débito oriundo de responsabilidade tributária

Imputação do pagamento

“Art. 163. Existindo simultaneamente dois ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito passivo para com a mesma pessoa jurídica de direito público, relativos ao mesmo ou a diferentes tributos ou provenientes de penalidade pecuniária ou juros de mora, a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, obedecidas as seguintes regras, na ordem em que enumeradas:

I - em primeiro lugar, aos débitos por obrigação própria, e em segundo lugar aos decorrentes de responsabilidade tributária;”

Sujeito passivo

Page 68: Direito Financeiro III

68

Responsabilidade tributária em sentido amplo deve ser classificada em:

Substituição tributária – hipótese em que a lei ao descrever determinada conduta praticada pelo contribuinte (substituído) já define que o sujeito passivo da obrigação será terceiro vinculado ao fato gerador (substituto) a quem caberá recolher o tributo.

Responsabilidade tributária em sentido estrito – o legislador define o sujeito passivo do tributo, mas também estabelece que em virtude de outro fato (que não é o fato jurídico tributário), pessoa diversa se tornará responsável pelo tributo devido pelo primeiro – responsabilidade tributária por transferência

Substituição tributária

Substituição tributária – hipótese em que a lei ao descrever determinada conduta praticada pelo contribuinte (substituído) já define que o sujeito passivo da obrigação será terceiro vinculado ao fato gerador (substituto) a quem caberá recolher o tributo.

Substituição tributária

Luís Cesar Queiroz:

“(...)

O instituto da substituição tributária tem por fundamento o atendimento do interesse da chamada “Administração Tributária”. Muitas vezes é difícil para a Administração efetuar a arrecadação e a fiscalização dos tributos. Daí surgir o regime jurídico da substituição tributária que se justifica, basicamente, por três importantes motivos:

a) pela dificuldade em fiscalizar contribuintes extremamente pulverizados;

b) pela necessidade de evitar, mediante a concentração da fiscalização, a evasão fiscal ilícita; e

c) como medida indicada para agilizar a arrecadação e, conseqüentemente, acelerar a disponibilidade dos recursos.”

(Sujeição Passiva Tributária. Forense, 1998, p. 199) grifos no original

CESPE - 2009 - MPE-RN - Promotor de Justiça

A lei pode atribuir a terceiro responsabilidade tributária originária pelo cumprimento da obrigação tributária como sujeito passivo direto, a fim de facilitar a fiscalização e o recolhimento do tributo devido. A respeito desse assunto, é correto afirmar que

a) o enunciado corresponde a responsabilidade por sucessão.

b) o enunciado cuida de responsabilidade por solidariedade.

c) a lei não pode impor a terceiro a referida responsabilidade.

d) o enunciado trata de responsabilidade por substituição, cujas modalidades são de substituição para frente e substituição para trás. (AFIRMATIVA CORRETA)

Page 69: Direito Financeiro III

69

e) a atribuição de responsabilidade a terceiro, pelo pagamento de obrigação tributária, pode ser instituída por ato administrativo, desde que haja previsão de todos os fatos que a geraram.

Substituição tributária “para trás”

Substituição tributária “para frente”

Substituição tributária

“CF 88

Art. 150.....................................

§ 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.”

(Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

Substituição tributária

Doutrina tributária majoritária – considerou inconstitucional a introdução do §7º ao art. 150 da CF por ofensa ao art. 60, §4º, IV da CF (Luís Cesar Queiroz, Roque Antônio Carrazza, Ives Gandra da Silva Martins, Hugo de Brito Machado)

Ricardo Lobo Torres – considerou constitucional a inovação: antecipação de tributo prevista pela regra ocorre no plano do “tempo do pagamento” e não no plano do “tempo de ocorrência do fato gerador”. Ademais, substituto e substituído estão em uma mesma cadeia econômica, o substituto conseguirá recompor a equação econômica da incidência do tributo em sua relação com o substituído, sem que se possa cogitar de ofensa à capacidade contributiva.

Substituição tributária

Supremo Tribunal Federal reconheceu a constitucionalidade da EC 3/93 na parte em que introduziu o §7º do art. 150

(RE 213.396, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 1/12/2000)

Fundamentação de voto do Ministro Ilmar Galvão: utilizados parâmetros de controle semelhantes aos previstos pelo princípio da proporcionalidade (adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) para fundamentar a constitucionalidade da inovação.

Substituição tributária

STF decidiu que o contribuinte não teria direito à restituição da diferença do imposto na hipótese de ocorrência futura do fato gerador por valor menor do que o presumido (ADIN 1851-4 AL, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 22/11/2002)

Page 70: Direito Financeiro III

70

Todavia, o Supremo Tribunal Federal retomou o julgamento da questão relativa à possibilidade de obtenção da diferença do imposto pago a maior, que ainda aguarda solução definitiva da corte (ADI 2675 e 2677 – Informativo 455 do STF)

– Posição atual: cinco votos x cinco votos (aguarda o voto do Min. Ayres Britto)

Substituição tributária – Informativo STF 455 de 2007

Substituição Tributária e Restituição - 14

O Tribunal retomou julgamento de duas ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas pelos Governadores dos Estados de Pernambuco e de São Paulo contra o art. 19 da Lei 11.408/96 e art. 66-B, II, da Lei 6.374/89, com a redação dada pela Lei 9.176/95, respectivamente dos referidos Estados, que asseguram a restituição do ICMS pago antecipadamente no regime de substituição tributária, nas hipóteses em que a base de cálculo da operação for inferior à presumida - v. Informativos 331, 332, 397 e 443. O Min. Cezar Peluso, em relação à ADI 2675/PE, também votou pela improcedência do pedido, reiterando os fundamentos de seu voto na ADI 2777/SP. Em seguida, após o voto-vista do Min. Eros Grau e dos votos dos Ministros Gilmar Mendes, Sepúlveda Pertence e Ellen Gracie, acompanhando a divergência iniciada pelo Min. Nelson Jobim, pela procedência dos pedidos formulados em ambas as ações diretas, e, ainda, dos votos dos Ministros Joaquim Barbosa, Marco Aurélio e Celso de Mello, que acompanhavam o voto dos relatores pela improcedência dos pedidos, o julgamento foi suspenso para colher o voto de desempate do Min. Carlos Britto. Não vota, na ADI 2675/PE, o Min. Ricardo Lewandowski, por suceder ao Min. Carlos Velloso, e não vota, em ambas as ações diretas, a Min. Cármen Lúcia, por suceder ao Min. Nelson Jobim.

ADI 2675/PE, rel. Min. Carlos Velloso, 7.2.2007. (ADI-2675)

ADI 2777/SP, rel. Min. Cezar Peluso, 7.2.2007. (ADI-2777)

CESPE - 2008 - PGE-PB - Procurador de Estado

Com referência aos aspectos legais da responsabilidade tributária, assinale a opção correta.

a) No caso de infrações tributárias que também configurem ilícitos penais, a responsabilidade pela multa eventualmente aplicada é pessoal e pertence à pessoa que tenha praticado o ato ilícito, respondendo, solidariamente, a pessoa jurídica pelo valor a ser pago.

b) Considere-se que João tenha adquirido em hasta pública uma casa cujo proprietário anterior deixara de pagar, em vários exercícios, o IPTU. Nessa situação, os créditos tributários decorrentes de impostos cujo fato gerador seja a propriedade de bens imóveis sub-rogam-se na pessoa do adquirente.

c) Antes da conclusão de procedimento de transformação de uma empresa limitada em sociedade anônima, deve-se quitar a dívida tributária, haja vista a impossibilidade legal de esta vir a ser cobrada da nova empresa.

Page 71: Direito Financeiro III

71

d) Considere-se que um contribuinte, ao preencher sua declaração de imposto de renda, tenha omitido rendimentos auferidos no exercício e que, ao receber pedido de esclarecimentos formulado pela administração tributária, tenha preferido corrigir a declaração inicial e pagar o valor do imposto apurado com os acréscimos legais. Nessa situação, o fisco não pode aplicar qualquer sanção ao contribuinte, haja vista a caracterização da denúncia espontânea.

e) A extinta CPMF é exemplo de responsabilidade tributária por substituição, visto que, embora o fato gerador do tributo fosse a movimentação bancária e o contribuinte, era o correntista que movimentava os próprios recursos financeiros, a lei determinava às instituições financeiras o dever de recolher o tributo. (CORRETA)

DIREITO FINANCEIRO III

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2012 (Noite) – AULA 10

Art. 123 do CTN

“Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.”

CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem Unificado

Duas pessoas físicas, maiores e capazes, celebram contrato de locação de imóvel residencial no qual é estipulado que a responsabilidade pelo pagamento do imposto sobre a renda incidente sobre o aluguel será do locatário, que o descontará do valor pago pela locação.

Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) O contrato é absolutamente ineficaz e inválido, por transferir a outra pessoa, que não a legalmente responsável, a obrigação pelo pagamento de imposto.

b) O contrato é válido, e a responsabilidade tributária, no caso, passa a ser solidária, podendo a fazenda pública exigir o imposto de qualquer das partes contratantes.

c) O contrato é válido e produz efeitos entre as partes, mas é ineficaz perante a fazenda pública, pois as convenções particulares, salvo disposições de lei em

Page 72: Direito Financeiro III

72

contrário, não podem definir a responsabilidade pelo pagamento de tributo de modo diverso do previsto na lei tributária. (AFIRMATIVA CORRETA – art. 123 do CTN)

d) O contrato é válido e eficaz até mesmo perante a fazenda pública, pois o imposto de renda admite a retenção na fonte, havendo transferência da responsabilidade tributária para quem efetua o pagamento.

MPE-PB - 2010 - MPE-PB - Promotor de Justiça

São pessoalmente responsáveis pela obrigação tributária, perante a Fazenda Pública, exceto:

a) o cônjuge meeiro.

b) o locatário, cujo contrato prevê a responsabilidade tributária. (Resposta correta – art. 123 do CTN)

c) o sucessor a qualquer título.

d) o adquirente.

e) o remitente.

Substituição tributária

Hipótese em que o substituto não recolhe imposto em função de decisão judicial que depois é revogada

O Superior Tribunal de Justiça possui vários precedentes em que afasta a pretensão do Fisco de exigir o ICMS do substituto nas hipóteses em que o substituído possuía decisão judicial em seu favor (que foi posteriormente revogada) que foi cumprida pelo substituto e depois foi revogada.

Entender de maneira diversa seria subverter o disposto o art. 128 do CTN, para exonerar o contribuinte e onerar exclusivamente o responsável tributário, violando o princípio da capacidade contributiva (art. 128 do CTN)

REsp 1028716/RS, DJe 03/05/2010

REsp 887585/RS, DJe 13/3/2009

Substituição tributária

“(...)

4. A partir do momento em que foi notificada da concessão do provimento liminar em favor da substituída, a ora recorrente (fabricante), obrigada a cumprir a determinação judicial que lhe foi comunicada, ficou impedida de realizar o recolhimento do ICMS na qualidade de substituta tributária, o que configura a irreversibilidade da situação.

5. Em atenção ao Princípio da Capacidade Contributiva, o substituto tributário, ainda que seja o responsável pelo recolhimento do tributo (no caso, o ICMS no regime

Page 73: Direito Financeiro III

73

antecipado), deve ter a possibilidade de repassar o seu ônus ao verdadeiro contribuinte, mediante a inclusão do valor do imposto no preço das mercadorias.

Por tal motivo, o substituto apenas poderá ser cobrado pelo Fisco se, por culpa ou dolo, deixar de proceder ao recolhimento do tributo, ocasião em que passará a figurar na posição de devedor principal, por desrespeito à determinação legal de proceder ao recolhimento de acordo com a sistemática da substituição.

6. Não havendo dolo ou culpa do substituto tributário, considerando que o comando legal que determinava o recolhimento do tributo pelo regime da substituição tributária foi substituído pela determinação judicial que autorizou o recolhimento pelo próprio contribuinte, não há como responsabilizá-lo pelo inadimplemento do tributo, sob pena de locupletamento do contribuinte substituído.

7. Nessas hipóteses "exigir o ICMS do substituto, como pretende o fisco, é subverter o princípio da capacidade contributiva, exonerando o contribuinte do imposto por ele devido e onerando exclusivamente o responsável“ (REsp 887585/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 18/12/2008, DJe 13/3/2009).

8. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido.”

(REsp 1028716/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 03/05/2010)

Exame da OAB – prova específica – 12/2011

A concessionária de veículos Carros Ltda. impetra mandado de segurança em face da Fazenda Pública do Estado de Goiás objetivando que fosse considerado na base de cálculo adotada para fins de substituição tributária o valor dos descontos promocionais concedidos pela empresa Ford quando da venda dos veículos à Carros Ltda. O juiz concedeu a liminar pleiteada e determinou que a Ford promovesse o recolhimento do ICMS-ST com base no valor de venda diminuído dos descontos promocionais. Quando da prolação da sentença, a liminar foi revogada e restabelecida a base de cálculo anterior, tendo sido intimada a Ford para que voltasse a proceder ao recolhimento com base no valor integral de venda. O processo atualmente encontra-se em trâmite perante o Superior Tribunal de Justiça, tendo sido mantida a sentença monocrática.

Em fiscalização realizada junto à Ford, o Fisco Estadual decidiu por exigir desta o recolhimento do montante que deixou de ser recolhido durante o período de vigência da medida liminar, acrescido das penalidades previstas. Na condição de advogado da Ford, quando consultado, avalie:

a) a legitimidade passiva da Ford para suportar a autuação realizada; (Valor: 0,60)

b) a possibilidade de tal exigência sobre o período abrangido pela medida liminar. (Valor: 0,65)

Substituição tributária/retenção

Haveria distinção entre substituto tributário e agente de retenção na fonte?

Page 74: Direito Financeiro III

74

A doutrina diverge, mas prevalece o entendimento de que as duas situações seriam equiparáveis

Mecanismos econômicos

Substituição tributária – substituto exige na relação econômica com o substituído um “valor a mais” que deverá recolher ao Estado a título de tributo

Agente de retenção – substituto retém parcela do pagamento que entregaria ao substituído para cumprir a obrigação tributária

Substituição tributária

Jurisprudência também costuma equiparar substituição tributária e retenção

“(...)

1. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.036.375, na sistemática do art. 543-C do CPC, sedimentou entendimento de que "a retenção de contribuição previdenciária determinada pela Lei 9.711/98 não configura nova exação e sim técnica arrecadatória via substituição tributária, sem que, com isso, resulte aumento da carga tributária. A Lei 9.711/98, que alterou o artigo 31 da Lei 8.212/91, não criou nova contribuição sobre o faturamento, tampouco alterou a alíquota ou a base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento".

(...)

(AgRg no Ag 1329842/BA, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 02/02/2011)

Retenção – art. 11 da Lei 8.212/91

Lei 8.212/91

“Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei.” (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009).

§ 1o O valor retido de que trata o caput deste artigo, que deverá ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, poderá ser compensado por qualquer estabelecimento da empresa cedente da mão de obra, por ocasião do recolhimento das contribuições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a folha de pagamento dos seus segurados. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)”

Ausência de retenção na fonte não exclui responsabilidade do contribuinte - STJ

Page 75: Direito Financeiro III

75

“(...)

1. A Primeira Seção do STJ pacificou o entendimento de que a falta de retenção do imposto de renda pela fonte pagadora não isenta o contribuinte do pagamento do tributo, pois é ele quem tem relação direta e pessoal com a situação que configura o fato gerador da exação. Precedentes: ERESP 644.223/SC e 380.081/SC.

(...)”

(REsp 830.609/RJ, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe 23/09/2008)

ESAF - 2009 - Receita Federal - Auditor Fiscal da Receita Federal

Sobre a responsabilidade tributária, assinale a opção correta.

a) O transportador, ao firmar termo de responsabilidade por determinada mercadoria, pode ser considerado, por ato da autoridade administrativa, responsável pelo pagamento do ICMS.

b) O espólio, até a data da abertura da sucessão, e o sucessor, até a data da partilha, no que se refere aos tributos devidos pelo de cujus, podem ser considerados, respectivamente, responsável tributário e contribuinte.

c) Sabendo-se que a fonte pagadora é responsável pela retenção do imposto de renda, não pode ser imputada ao contribuinte a obrigação pelo pagamento do tributo, caso o imposto não tenha sido recolhido. (AFIRMATIVA ERRADA)

d) Na substituição tributária progressiva, o dever de pagar o tributo recai sobre o contribuinte que ocupa posição posterior na cadeia produtiva.

e) Na substituição tributária para frente não há recolhimento de imposto ou contribuição antes da ocorrência do fato gerador, mas apenas a antecipação de seu pagamento por responsável definido por lei. (CORRETA)

Responsabilidade tributária por transferência

Responsabilidade tributária POR TRANSFERÊNCIA

– o legislador define o sujeito passivo do tributo, mas também estabelece que em virtude de outro fato que não é o fato jurídico tributário (sucessão pessoa física ou jurídica, alienação de bens, etc.) pessoa diversa se tornará responsável pelo tributo devido pelo primeiro

Responsabilidade tributária por sucessão

CTN

“Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a

Page 76: Direito Financeiro III

76

taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.

Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço.”

Responsabilidade tributária por sucessão

Art. 130 do CTN - Os créditos tributários “subrogam-se” na pessoa dos respectivos adquirentes

Logo, o adquirente passa a ocupar o pólo passivo da relação tributária sozinho ou de modo solidário com o alienante?

Acórdãos do STJ – o adquirente responde de modo solidário com o alienante pelas dívidas tributárias

Responsabilidade tributária por sucessão

“(...)

3. Se a transferência da propriedade é ultimada sem que se tenha exigido a prova da quitação dos tributos do antigo proprietário, na forma do art. 130 do CTN, a responsabilidade pelo pagamento é transferida para o novo proprietário, que se torna sujeito passivo da exação, em solidariedade com o anterior proprietário. Nesse passo, pode o credor cobrar os valores devidos de qualquer um dos obrigados à satisfação do crédito.

(...)”

(REsp 1048138/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe 05/11/2008)

Responsabilidade tributária por sucessão

“(...)

2. O fato gerador ocorreu quando o vendedor era proprietário do imóvel, o que o torna contribuinte do ITR. O novo titular do bem, que o adquire sem comprovação de recolhimento dos tributos imobiliários, torna-se responsável solidário pelo débito, nos termos do art. 130 do CTN.

(...)”

(AgRg no REsp 643.846/CE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 17/06/2009)

Responsabilidade tributária – art. 130 do CTN - exceção

CTN

Page 77: Direito Financeiro III

77

“Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.”

Hugo de Brito Machado – a ressalva constante de certidões fiscais da possibilidade de descoberta posterior de débitos não retira a exoneração da responsabilidade do adquirente na hipótese do art. 130 do CTN

Responsabilidade tributária – art. 130 do CTN

“PROCESSUAL CIVIL. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. SIMILITUDE FÁTICA. JUNTADA DO INTEIRO TEOR. DEFICIÊNCIA. TRIBUTÁRIO. ITR. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. ALIENANTE OU ADQUIRENTE. TÍTULO TRANSLATÍCIO DA PROPRIEDADE. PROVA DE QUITAÇÃO. ART. 130 DO CTN.

(...)

2. O art. 130 do CTN foi claro ao ressalvar a responsabilidade do adquirente de bem imóvel em relação aos créditos tributários quando conste do título de transferência a prova de sua quitação, o que se faz pela apresentação de certidões de quitação das Fazendas Públicas federal, estadual e municipal.

3. Nos termos do art. 205 do CTN, a certidão negativa de débito é o meio de que dispõe o adquirente para fazer prova da quitação de tributos incidentes sobre o imóvel adquirido, o que não afasta a possibilidade de posterior constituição do crédito tributário cujo fato gerador já tenha ocorrido. Desse modo, subsiste a responsabilidade tributária do alienante, antigo proprietário.

(...)”

(REsp 1073702/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJe 14/04/2009)

CESPE - 2009 - BACEN – Procurador

João adquiriu de Júlio um imóvel por meio de simples escritura pública de compra e venda, na qual não havia referência a qualquer quitação de IPTU e de contribuição de melhoria. Contudo, não havia crédito constituído na época da lavratura daquele instrumento.

Nessa situação, considerando que havia créditos dos dois tributos em fase de constituição quando da compra, é correto afirmar que a responsabilidade pelo pagamento

a) do IPTU será de João e da contribuição de melhoria, de Júlio.

Page 78: Direito Financeiro III

78

b) do IPTU será de João e a contribuição de melhoria será 50% para cada um.

c) do IPTU será de Júlio e da contribuição de melhoria, de João.

d) dos dois tributos será de Júlio.

e) dos dois tributos será de João (resposta correta – art. 130 do CTN)

CESPE - 2008 - OAB-SP - Exame de Ordem

Em cada uma das opções abaixo, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com relação ao sujeito passivo tributário e à responsabilidade tributária. Assinale a opção em que a assertiva está correta.

a) Pedro estava sendo executado por dívida tributária, em virtude do não-recolhimento de imposto de renda, quando veio a falecer. Nessa situação, o espólio do de cujus responderá pelos respectivos débitos, não havendo qualquer responsabilidade dos sucessores no que se refere ao patrimônio pessoal deles. (AFIRMATIVA CORRETA)

(...)

d) Patrícia celebrou, por escritura pública, contrato de compra e venda de imóvel pertencente a Joaquim. No ato da lavratura do instrumento, Joaquim apresentou certidão negativa de débitos tributários relativos ao imóvel objeto do contrato, tendo sido esse fato consignado na própria escritura pública. Entretanto, posteriormente, a fazenda municipal constatou a existência de débitos, anteriores à alienação do bem a Patrícia, de imposto predial e territorial urbano (IPTU) relativo ao respectivo imóvel. Nessa situação, Patrícia é responsável tributária pelo pagamento do referido crédito tributário. (AFIRMATIVA ERRADA)

Responsabilidade tributária por sucessão – exceção do parágrafo único do art. 130 do CTN

CTN

“Art. 130.......................................................

Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço.”

Superior Tribunal de Justiça – em regra, o arrematante adquire o bem livre de dívidas tributárias, que devem ser suportadas pelo preço – porém há vários julgados admitindo a responsabilidade tributária do arrematante se os débitos tributários constaram do edital de leilão (tese da renúncia do parágrafo único do art. 130 do CTN)

Responsabilidade tributária – art. 130 do CTN

“(...)

Page 79: Direito Financeiro III

79

1. O crédito fiscal perquirido pelo fisco deve ser abatido do pagamento, quando do leilão, por isso que, finda a arrematação, não se pode imputar ao adquirente qualquer encargo ou responsabilidade tributária. (...)”

2. Os débitos tributários pendentes sobre o imóvel arrematado, na dicção do art. 130, parágrafo único, do CTN, fazem persistir a obrigação do executado perante o Fisco, posto impossível a transferência do encargo para o arrematante, ante a inexistência de vínculo jurídico com os fatos jurídicos tributários específicos, ou com o sujeito tributário. (...)

3. Assim, é que a arrematação em hasta pública tem o efeito de expurgar qualquer ônus obrigacional sobre o imóvel para o arrematante, transferindo-o livremente de qualquer encargo ou responsabilidade tributária.

(...)”

(AgRg no Ag 1246665/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJe 22/04/2010)

Responsabilidade tributária – art. 130 do CTN

“(...)

1. Examinando-se o art. 130 do CTN, pode-se afirmar que, em regra, o adquirente do imóvel é responsável pelos débitos tributários incidentes sobre o imóvel. Contudo, não será responsável quando: 1) conste do título a prova de quitação de tais débitos (art. 130, caput, parte final); 2) ocorrer arrematação em hasta pública (art.

130, parágrafo único). Não obstante sejam hipóteses de afastamento da responsabilidade do adquirente do imóvel, cumpre esclarecer que no primeiro caso há a transferência voluntária do imóvel — o antigo proprietário figura como alienante — e, no segundo, a perda da propriedade ocorre de modo compulsório. Impende ressaltar que tanto a transferência voluntária da propriedade imóvel quanto a arrematação em hasta pública, isoladamente consideradas, não configuram hipóteses de extinção do crédito tributário.

2. (...) Assim, não obstante o Código Tributário Nacional afaste a responsabilidade do adquirente, não há falar em extinção do crédito tributário, subsistindo a responsabilidade do antigo proprietário.

3. De igual modo, quando o imóvel é arrematado em hasta pública, se a arrematação não enseja a quitação dos débitos fiscais — como ocorre no caso dos autos —, não há falar em extinção do crédito tributário. Especificamente em relação a esta hipótese, impende ressaltar que o parágrafo único do art. 130 do CTN traz uma exceção de responsabilidade oponível apenas pelo adquirente do imóvel em hasta pública, ou seja, não beneficia o antigo proprietário, como bem observou o Tribunal de origem.

(...)”

(REsp 1087275/SP, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, DJe 10/12/2009)

Page 80: Direito Financeiro III

80

Responsabilidade tributária – art. 130 do CTN – renúncia à regra do parágrafo único

“(...)

I - Em regra, o preço apurado na arrematação serve ao pagamento do IPTU e de taxas pela prestação de serviços incidentes sobre o imóvel (art. 130 e 130, parágrafo único, do CTN);

II - Contudo, havendo expressa menção no edital acerca da existência de débitos condominiais e tributários incidentes sobre o imóvel arrematado, a responsabilidade pelo seu adimplemento transfere-se para o arrematante;

(...)”

(REsp 1114111/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, DJe 04/12/2009)

Responsabilidade tributária – art. 130 do CTN

“RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU. ARREMATAÇÃO. EDITAL DO LEILÃO QUE PREVÊ A RESPONSABILIDADE DO ARREMATANTE POR DÍVIDAS TRIBUTÁRIAS. OBSERVÂNCIA. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 130 DO CTN. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.”

(REsp 716.438/PR, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, DJe 17/12/2008)

Responsabilidade tributária – art. 130 do CTN

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

“Art. 686. Não requerida a adjudicação e não realizada a alienação particular do bem penhorado, será expedido o edital de hasta pública, que conterá:

(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006)

V - menção da existência de ônus, recurso ou causa pendente sobre os bens a serem arrematados.”

Responsabilidade tributária – art. 130 do CTN

“(...)

1. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento no sentido de que o arrematante recebe o imóvel livre de quaisquer ônus, porquanto, havendo alienação em hasta pública, transfere-se ao credor o saldo após dedução dos impostos, no limite da arrematação.

2. No caso de expressa menção da existência de ônus sobre o bem levado à venda pública, em estrita observância ao disposto no artigo 686, inciso V, da Lei Adjetiva

Page 81: Direito Financeiro III

81

Civil, caberá ao arrematante a responsabilidade pela quitação dos impostos devidos. Precedentes.

(...)”

(REsp 799.666/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, DJe 14/09/2009)

“(...)

1. Autos decorrentes de decisão que determinou o levantamento do produto da arrematação e a sub-rogação dos créditos tributários sobre o preço depositado pelos arrematantes.

2. No caso em foco, o acórdão embargado decidiu que a jurisprudência do STJ é firme no sentido de que os débitos tributários pendentes sobre o imóvel arrematado sub-rogam-se sobre o preço depositado pelo adquirente no momento da arrematação deste em hasta pública, não sendo possível atribuir ao arrematante os débitos fiscais pendentes sobre o imóvel arrematado.

(...)”

4. Na espécie, não foi considerada tese articulada pelos embargantes de que houve renúncia dos arrematantes à regra do art. 130, parágrafo único, do CTN, o que, segundo afirmam, alteraria a responsabilidade sobre os débitos fiscais do imóvel arrematado.

(...)

6. Embargos de declaração acolhidos para prover o agravo de instrumento e determinar a subida do recurso especial.”

(EDcl no AgRg no Ag 1137529/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 13/12/2010)

Responsabilidade tributária – art. 130 do CTN – arrematação x adjudicação

“(...)

1. Discute-se nos autos se o credor-exequente (adjudicante) está dispensado do pagamento dos tributos que recaem sobre o imóvel anteriores à adjudicação.

2. Arrematação e adjudicação são situações distintas, não podendo a analogia ser aplicada na forma pretendida pelo acórdão recorrido, pois a adjudicação pelo credor com dispensa de depósito do preço não pode ser comparada a arremate por terceiro.

3. A arrematação em hasta pública extingue o ônus do imóvel arrematado, que passa ao arrematante livre e desembaraçado de tributo ou responsabilidade, sendo, portanto, considerada aquisição originária, de modo que os débitos tributários anteriores à arrematação sub-rogam-se no preço da hasta. (...)”

4. O adquirente só deixa de ter responsabilidade pelo pagamento do débitos anteriores que recaiam sobre o Bem, se ocorreu, efetivamente, depósito do preço, que se tornará

Page 82: Direito Financeiro III

82

a garantia dos demais credores. De molde que o crédito fiscal perquirido pelo fisco é abatido do pagamento, quando da praça, por isso que, encerrada a arrematação, não se pode imputar ao adquirente qualquer encargo ou responsabilidade.

5. Por sua vez, havendo a adjudicação do imóvel, cabe ao adquirente (credor) o pagamento dos tributos incidentes sobre o Bem adjudicado, eis que, ao contrário da arrematação em hasta pública, não possui o efeito de expurgar os ônus obrigacionais que recaem sobre o Bem.

6. Na adjudicação, a mutação do sujeito passivo não afasta a responsabilidade pelo pagamento dos tributos do imóvel adjudicado, uma vez que a obrigação tributária propter rem (no caso dos autos, IPTU e taxas de serviço) acompanha o Bem, mesmo que os fatos imponíveis sejam anteriores à alteração da titularidade do imóvel (arts. 130 e 131, I, do CTN).

(...)”

(REsp 1179056/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/10/2010, DJe 21/10/2010)

Responsabilidade tributária – art. 130 do CTN

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

“Art. 647. A expropriação consiste:

I - na adjudicação em favor do exeqüente ou das pessoas indicadas no § 2o do art. 685-A desta Lei;

(..)

III - na alienação em hasta pública;

(Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006).

Responsabilidade tributária por sucessão e promessa de compra e venda

Art. 130 do CTN – aplicação ao caso de promessa de compra e venda - reconhece a possibilidade de a Fazenda exigir do promitente vendedor ou do promitente comprador – ITR e IPTU

Recurso repetitivo - (REsp 1073846/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 18/12/2009)

Responsabilidade tributária

Recurso repetitivo - (REsp 1073846/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 18/12/2009)

“(...)

Page 83: Direito Financeiro III

83

Conseqüentemente, a obrigação tributária, quanto ao IPTU e ao ITR, acompanha o imóvel em todas as suas mutações subjetivas, ainda que se refira a fatos imponíveis anteriores à alteração da titularidade do imóvel, exegese que encontra reforço na hipótese de responsabilidade tributária por sucessão prevista nos artigos 130 e 131, I, do CTN.

(...)”

“É que, nas hipóteses em que verificada a "contemporaneidade" do exercício da posse direta e da propriedade (e não a efetiva sucessão do direito real de propriedade, tendo em vista a inexistência de registro do compromisso de compra e venda no cartório competente), o imposto sobre o patrimônio poderá ser exigido de qualquer um dos sujeitos passivos ‘coexistentes’,”

Responsabilidade tributária – art. 130 e 131, I, do CTN

“Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:

I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;”

Doutrina: art. 130 – seria regra aplicável aos bens imóveis

art. 131, I – seria regra aplicável aos bens móveis

STJ não adota tal distinção – aplicação das regras do art. 130 do CTN aos bens móveis (casos de alienação de automóveis e responsabilidade pelo IPVA)     

Responsabilidade tributária – art. 130 do CTN

“RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. IPVA. ARREMATAÇÃO. VEÍCULO AUTOMOTOR. SUBROGAÇÃO. PREÇO.

1. Na arrematação de bem móvel em hasta pública, os débitos de IPVA anteriores à venda subrogam-se no preço da hasta, quando há ruptura da relação jurídica entre o bem alienado e o antigo proprietário.

Aplicação analógica do artigo 130, parágrafo único, do CTN.

Precedentes.

(...)”

(REsp 1128903/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJe 18/02/2011)

Page 84: Direito Financeiro III

84

Responsabilidade tributária – art. 130 do CTN – arrematação x adjudicação

“(...)

I - O credor que arremata veículo em relação ao qual pendia débito de IPVA não responde pelo tributo em atraso. O crédito proveniente do IPVA subroga-se no preço pago pelo arrematante. Alcance do Art. 130, parágrafo único, do CTN).

II - Se, entretanto, o bem foi adjudicado ao credor, é encargo deste, depositar o valor correspondente ao débito por IPVA.”

(REsp 905.208/SP, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, TERCEIRA TURMA, DJ 31/10/2007)

Responsabilidade tributária – art. 131 do CTN – sucessão pessoa física

“Art. 131. São pessoalmente responsáveis:

II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação;

III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.”

Responsabilidade tributária

Responsabilidade art. 131 do CTN – espólio e sucessores – sentido da expressão “tributos” diferente da expressão “crédito tributário” utilizada no art. 130 do CTN

Expressão “Tributos” – não abrangeria penalidades pecuniárias

Expressão “Crédito tributário” – expressão abrange tributo e penalidades pecuniárias

Apesar da diferença das expressões, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça considera que a responsabilidade do art. 131 do CTN abrange tributos e penalidades penalidades pecuniárias

Nesta linha, na doutrina: Luís Eduardo Schoueri (Direito Tributário, Saraiva, 2010)

Responsabilidade tributária

“TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. SUCESSÃO. MULTA.

1. Responde o espólio pelos créditos tributários, inclusive multas, até a abertura da sucessão.

2. Aplica-se a multa em razão de tributo não recolhido e regularmente inscrito na dívida ativa antes do falecimento do devedor.

Page 85: Direito Financeiro III

85

(...).”

(REsp 86.149/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, DJ 27/09/2004)

CESPE - 2008 - OAB-SP - Exame de Ordem

Em cada uma das opções abaixo, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com relação ao sujeito passivo tributário e à responsabilidade tributária. Assinale a opção em que a assertiva está correta.

a) Pedro estava sendo executado por dívida tributária, em virtude do não-recolhimento de imposto de renda, quando veio a falecer. Nessa situação, o espólio do de cujus responderá pelos respectivos débitos, não havendo qualquer responsabilidade dos sucessores no que se refere ao patrimônio pessoal deles. (AFIRMATIVA CORRETA)

(...)”

DIREITO FINANCEIRO III

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2012 (Noite) – AULA 11

Responsabilidade tributária – sucessão pessoa jurídica – art. 132 do CTN

“Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.”

Não há referência à cisão (art. 229 da Lei 6.404/76), mas a regra também se aplica no caso

 

CTN “Art. 124. São solidariamente obrigadas: I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;”

Page 86: Direito Financeiro III

86

Responsabilidade tributária – art. 132 do CTN – aplicação à cisão

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. CISÃO DE EMPRESA. HIPÓTESE DE SUCESSÃO, NÃO PREVISTA NO ART. 132 DO CTN. REDIRECIONAMENTO A SÓCIO-GERENTE. INDÍCIOS SUFICIENTES DE FRAUDE.

(...)”

2. Embora não conste expressamente do rol do art. 132 do CTN, a cisão da sociedade é modalidade de mutação empresarial sujeita, para efeito de responsabilidade tributária, ao mesmo tratamento jurídico conferido às demais espécies de sucessão (REsp 970.585/RS, 1ª Turma, Min. José Delgado, DJe de 07/04/2008).

(...)”

(REsp 852.972/PR, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, DJe 08/06/2010)

Responsabilidade tributária – art. 132 do CTN

Apesar da expressão “tributos” utilizada no art. 132 do CTN - há jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça considerando que a responsabilidade do art. 132 do CTN abrange tributos e penalidades pecuniárias

Recurso repetitivo - (REsp 923.012/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 24/06/2010)

Responsabilidade tributária

“TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. SUCESSÃO DE EMPRESAS. ICMS. BASE DE CÁLCULO. VALOR DA OPERAÇÃO MERCANTIL. INCLUSÃO DE MERCADORIAS DADAS EM BONIFICAÇÃO. DESCONTOS INCONDICIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. LC N.º 87/96. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1ª SEÇÃO, NO RESP 1111156/SP, SOB O REGIME DO ART. 543-C DO CPC.

A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão.

(...)”

(REsp 923.012/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, Dje 24/06/2010)

Informativo 438 do STJ

FGV - 2011 - OAB - Exame de Ordem Unificado

Page 87: Direito Financeiro III

87

A Empresa ABC Ltda. foi incorporada pela Empresa XYZ Ltda., em 15/06/2011, sendo que os sócios da empresa incorporada se aposentaram 7 (sete) dias após a data da realização do negócio jurídico. Em 30/06/2011, a Fiscalização da Secretaria da Receita Federal apurou crédito tributário, anterior à data da incorporação, resultante do não recolhimento de IRPJ, CSLL, entre outros tributos devidos da responsabilidade da Empresa ABC Ltda. Pelo exposto, o crédito tributário deverá ser cobrado

a) da Empresa XYZ Ltda. (AFIRMATIVA CORRETA – art. 132 do CTN)

b) da Empresa ABC Ltda.

c) dos sócios da Empresa ABC Ltda.

d) solidariamente da Empresa ABC Ltda. e da Empresa XYZ Ltda.

Responsabilidade tributária – art. 132 CTN

“ Art. 132. .............................

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual.”

Hipótese de “sucessão de fato” de pessoa jurídica

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

“Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:

I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;

II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.”

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

Objetivos do art. 133 do CTN

- assegurar que o adquirente que se beneficia da continuidade da atividade desenvolvida (clientela, ponto comercial, estrutura já montada pelo alienante) possa responder pelos tributos devidos até a data da sucessão.

Page 88: Direito Financeiro III

88

- assegurar que a continuidade da produção da riqueza pelo estabelecimento possa possibilitar o pagamento das dívidas tributárias.

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

Há polêmica doutrinária em torno da expressão “integralmente” contida no art. 133, I, do CTN

Luciano Amaro, Alberto Xavier e Luis Eduardo Schoueri – a expressão afasta a responsabilidade do alienante, de modo que apenas o adquirente responderá pelos débitos.

Aliomar Baleeiro, Misabel Derzi e Hugo de Brito Machado - admitem a possibilidade de o alienante ser chamado a responder de modo solidário ou subsidiário.

CESPE - 2008 - OAB - Exame de Ordem Unificado

Considere que um estabelecimento empresarial seja alienado e que o adquirente continue a exploração da mesma atividade, mas sob outra razão social, e o alienante volte a ter atividade empresarial somente após 6 meses, contados da data da alienação. Nessa situação hipotética,

a) a responsabilidade pelos tributos devidos até a data da alienação é exclusiva do alienante.

b) o alienante terá responsabilidade integral pelo pagamento dos tributos devidos, caso, dentro dos 6 meses, contados da data de alienação, inicie outra atividade empresarial.

c) a responsabilidade do adquirente pelo pagamento dos tributos devidos é subsidiária, visto que a dívida foi contraída antes da alienação.

d) o adquirente terá responsabilidade integral pelo pagamento dos tributos devidos até a data da alienação. (RESPOSTA CORRETA)

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

Apesar da expressão “tributos” utilizada no art. 133 do CTN - há jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça considerando que a responsabilidade do art. 133 do CTN também abrange tributos e penalidades pecuniárias

Recurso repetitivo - (REsp 923.012/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 24/06/2010)

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

Recurso repetitivo REsp 923.012/MG – responsabilidade abrange tributos e penalidades – uma das justificativas foi evitar fraudes: caso de empresa A, com

Page 89: Direito Financeiro III

89

grande passivo de dívidas de multas tributárias, poderia ser incorporada por uma empresa B, dos mesmos proprietários da empresa A, apenas para que o passivo de multas de A fosse sanado

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

Expressão “responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido” do art. 133 do CTN

Responsabilidade limitada aos tributos que tenham relação com o estabelecimento adquirido (exemplo: IPTU)

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

Responsabilidade do art. 133 é limitada à hipótese de aquisição de “estabelecimento comercial ou fundo de comércio”

Código Civil

“Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.”

“complexo de bens” - composto de vários elementos (ativos, ponto comercial, carteira de clientes, bens corpóreos e incorpóreos)

Logo – a aquisição isolada de apenas um dos componentes desse complexo (por exemplo, o imóvel) não configura a hipótese do art. 133 do CTN.

FGV - 2008 - TJ-MS – Juiz

De acordo com o Código Tributário Nacional, a pessoa jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responderá pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato, de forma:

a) integral se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade. (RESPOSTA CORRETA)

b) integral, se este prosseguir na exploração ou iniciar, dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

c) subsidiária com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar, após seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

d) subsidiária com o alienante, independentemente se este prosseguir ou na exploração ou iniciar, dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

Page 90: Direito Financeiro III

90

e) exclusiva do alienante, não havendo responsabilidade do adquirente, já que as dívidas tributárias são daquele.

CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem Unificado

AB Alimentos Ltda. adquiriu, em 5/1/2009, o estabelecimento empresarial da CD Laticínios Ltda. e continuou a exploração da respectiva atividade, sob outra razão social.

Nessa situação hipotética, a responsabilidade pelo pagamento de tributos relativos ao estabelecimento empresarial, devidos até 5/1/2009, é

a) integralmente de AB Alimentos Ltda., em qualquer hipótese.

b) integralmente de AB Alimentos Ltda., se CD Laticínios Ltda. continuar a exploração da respectiva atividade econômica.

c) solidária, entre AB Alimentos Ltda. e CD Laticínios Ltda., em qualquer hipótese.

d) subsidiária, de AB Alimentos Ltda. com CD Laticínios Ltda., se a alienante prosseguir na exploração da atividade econômica ou iniciar nova atividade dentro de seis meses, a contar da data da alienação. (AFIRMATIVA CORRETA)

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

Sentido da expressão “continuar a respectiva exploração” – art. 133 CTN

É pressuposto da responsabilidade que ocorra a “continuidade da exploração do negócio” pelo adquirente, explorando as mesmas atividades negociais praticadas pelo antigo estabelecimento, para que se caracterize a responsabilidade.

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

Superior Tribunal de Justiça já decidiu que para configurar a hipótese do art. 133 do CTN é necessária verdadeira sucessão empresarial do estabelecimento ou fundo de comércio,

Não caracteriza a hipótese do art. 133 do CTN mera celebração de contrato de locação relativo ao imóvel ocupado pelo estabelecimento, ainda que mantida a mesma atividade exercida pelo locador.

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. INCLUSÃO NO PÓLO PASSIVO.SUCESSÃO TRIBUTÁRIA. ART. 133, DO CTN. REVISÃO DA PREMISSA FIRMADA PELO ACÓRDÃO DE ORIGEM. SÚMULA 7 DO STJ. PRECEDENTES.

Page 91: Direito Financeiro III

91

1. O art. 133 do Código Tributário Nacional disciplina que a pessoa jurídica ou natural que adquire fundo de comércio ou estabelecimento comercial responde pelos tributos da sociedade empresarial sucedida, até à data do ato.

2. Na hipótese, o Tribunal de origem, com apoio no conjunto fático, assentou: "Exsurge, portanto, a conclusão de que pelo fato de as duas empresas possuírem o mesmo objeto social e o Supermercado SENDAS ter se instalado no mesmo local da empresa executada, utilizando o acervo material, o ponto, além da clientela, revelam a ocorrência de sucessão empresarial, o que autoriza a citação da ora recorrente, como sucessora da devedora originária.".

3. A revisão do entendimento firmado pelo acórdão de origem de que ocorreu a sucessão empresarial encontra óbice na Súmula 7 do STJ.

(...)”

(AgRg no AREsp 33.223/RJ, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe 26/10/2011)

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

“TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE. SUCESSÃO. MERA UTILIZAÇÃO DO IMÓVEL. ART. 133 DO CTN. INAPLICABILIDADE. NECESSIDADE DA COMPROVAÇÃO DA AQUISIÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL OU DO FUNDO DE COMÉRCIO.

1. A responsabilidade do artigo 133 do Código Tributário Nacional surge em decorrência da aquisição do fundo de comércio ou estabelecimento, fato que não está caracterizado no caso dos autos.

(...)”

(AgRg no Ag 1321679/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/10/2010, DJe 05/11/2010)

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

AgRg no Ag 1321679/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES

“No caso sub judice, como ponderado pela Corte de origem, o que está demonstrado no autos é a mera utilização do imóvel anteriormente ocupado pela empresa executada, sem que se saiba a que título isso ocorreu. Não há, dessarte, a comprovação da aquisição do fundo de comércio ou do estabelecimento comercial, essencial para a incidência do art. 133 do Código Tributário Nacional.”

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

“TRIBUTÁRIO - RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA - SUCESSÃO POR AQUISIÇÃO

Page 92: Direito Financeiro III

92

DE ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL OU FUNDO DE COMÉRCIO - ART. 109 DO CTN - LOCAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE.

1. A responsabilidade do art. 133 do CTN ocorre pela aquisição do fundo de comércio ou estabelecimento, ou seja, pressupõe a aquisição da propriedade com todos os poderes inerentes ao domínio, o que não se caracteriza pela celebração de contrato de locação, ainda que mantida a mesma atividade exercida pelo locador. Precedente: REsp 108.873/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/03/1999, DJ 12/04/1999 p. 111.

2. O Direito tributário utiliza-se dos institutos, conceitos e formas de Direito privado tal qual utilizados nos ramos jurídicos específicos, sendo-lhe vedado modificar-lhes o conteúdo, sentido e alcance.

3. Recurso especial não provido.”

(REsp 1140655/PR, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe 19/02/2010)

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

“TRIBUTÁRIO E EXECUÇÃO FISCAL – REDIRECIONAMENTO – NOVO SÓCIO – INGRESSO NA SOCIEDADE POSTERIORMENTE A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR – IMPOSSIBILIDADE – RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA – ART. 133 DO CTN – SUCESSÃO INEXISTENTE.

1. O ingresso de novo sócio no quadro societário não configura a sucessão de empresas.

2. Se a empresa continuou a sua atividade, com alteração de alguns sócios que ingressaram na sociedade adquirindo cotas, não houve sucessão a justificar a aplicação do art. 133 do CTN.

(...)”

(REsp 988.509/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/08/2008, DJe 22/09/2008)

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

“Art.133......................................................

§ 1º. O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial: (Parágrafo incluído pela LC nº 118/05)

      

  I – em processo de falência;  

II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial.”

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

Page 93: Direito Financeiro III

93

“Art. 133..............................................

§ 2o Não se aplica o disposto no § 1o deste artigo quando o adquirente for: (Parágrafo incluído pela LC nº 118/05)

I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial;

II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consangüíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou

III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária.”

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

Lei 11.101/05 (Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária)

Recuperação judicial

“Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado o disposto no art. 142 desta Lei.

Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei.”

Responsabilidade tributária – art. 133 CTN

Lei 11.101/05 (Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária)

Falência

“Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo:

II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho.

§ 1o O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o arrematante for:

Page 94: Direito Financeiro III

94

I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido; II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consangüíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou III – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão.”

Sujeito passivo

VUNESP - 2007 - OAB-SP - Exame de Ordem -

De acordo com o que dispõe o Código Tributário Nacional, a responsabilidade dos sucessores deve ser

a) excluída na alienação de ativos, na recuperação judicial e na falência. (ALTERNATIVA CORRETA)

b) aplicada somente na recuperação judicial.

c) aplicada na recuperação judicial e na falência.

d) excluída, na alienação de ativos, somente no que se refere à recuperação judicial.

FGV - 2009 - SEFAZ-RJ - Fiscal de Rendas

A respeito da aquisição, a qualquer título, de fundo de comércio, estabelecimento comercial, industrial ou profissional, para fins de responsabilidade tributária, é correto afirmar que:

a) implicará sempre, para o adquirente, responsabilidade integral.

b) não haverá responsabilidade do adquirente na hipótese de se tratar de alienação judicial de filial ou unidade produtiva isolada em processo de recuperação judicial. (ALTERNATIVA CORRETA)

c) a extensão da responsabilidade do adquirente não se altera em função do fato de o alienante (do estabelecimento) cessar a exploração de comércio, indústria ou atividade.

d) nos casos de aquisição de mero estabelecimento, não há que se falar em responsabilidade por sucessão, o que apenas ocorre nos casos de aquisição da própria pessoa jurídica titular do estabelecimento.

e) o contrato firmado com o alienante, pelo qual este assume a responsabilidade pelos débitos gerados durante sua gestão, poderá ser oposto, pelo adquirente, ao Fisco.